Joking Case com nova música e desejo de pisar mais palcos 

Chamam-se Joking Case e apresentam-se como uma banda de música alternativa que, no fundo, quer experimentar todos os géneros, desde o pop ao funk. Depois de um recente concerto no espaço Live Music Association, Vickie Cheong, vocalista e compositora, assume que a banda quer pisar novos palcos assim que a pandemia o permitir e fala de “Dualism”, o novo single

 

Tudo começou em 2017 com a participação numa competição de bandas, na qual os Joking Case ficaram em primeiro lugar. Depois disso, a composição do grupo mudou, mas a vontade de fazer música não diminuiu. Prova disso, é o lançamento recente de “Dualism”, o novo single da banda disponível nas plataformas digitais, cujo videoclip foi feito em parceria com Kawai Ho, estudante do Instituto Politécnico de Macau.

Trata-se de uma música “mais ligada à sonoridade funk”, baseada na história de uma pessoa “com várias mentalidades numa só” contou ao HM Vickie Cheong, vocalista e compositora da banda. “Vamos aproximar-nos do formato de pequeno álbum. Esta estudante interessou-se pela nossa música e daí nasceu uma colaboração.

Queremos tocar em diferentes locais e ir a outros países, para que outras pessoas conheçam a nossa música. Mas primeiro queremos lançar mais canções, para podermos ter mais espectáculos”, contou.

Além de Vickie Cheong, fazem parte dos Joking Case Ronald, baterista, Brian, guitarrista e Ethan, baixista. “Sou vocalista e escrevo muitas letras para as composições feitas pelo guitarrista [Brian]. Consideramo-nos como um grupo de música alternativa, porque a música que fazemos actualmente tem diferentes estilos e sonoridades.”

Vickie Cheong confessa que consegue transmitir melhor as suas ideias em inglês do que em chinês. “Esta é a primeira banda na qual participo e passamos bons momentos a compor novas canções. Todos nós temos pensamentos semelhantes na hora de compor, sobre os temas, trabalhamos muito bem nesse aspecto. Diria que escrevo mais em inglês porque é mais fácil expressar o sentido daquilo que quero que seja escrito. Em chinês seria mais desafiante para mim.”

No início, os Joking Case ouviam muitas bandas de Taiwan, e parte da inspiração para as letras veio daí. “Queríamos ter um estilo mais descontraído. Algumas partes estavam mais ligadas à música soul, enquanto que outras tinham uma sonoridade mais forte. A ideia era expressar o significado das nossas canções. As coisas que estávamos a escrever baseavam-se nos nossos próprios pensamentos. Muitas vezes escrevemos sobre histórias de amor, ligações entre rapazes e raparigas, coisas desse género.”

A vocalista frisa que os Joking Case buscam a competição, e isso passa por mostrar as suas músicas “em diferentes plataformas e a pessoas de diferentes países”. “Este foi um bom começo e não queremos parar. Mesmo que alguns membros tenham saído mas ainda queremos fazer mais experiências e criar canções diferentes”, acrescentou.

A experimentação é um dos objectivos dos Joking Case. “Queremos experimentar todos os géneros musicais de que gostamos. Na maior parte das vezes gostamos de compor em inglês, ouvimos diferentes géneros musicais e fazemos uma história para as nossas canções, e produzimo-las. É esse o nosso projecto.”

Problemas que são piada

O nome Joking Case nasce dos problemas que enfrentamos no nosso dia-a-dia que, no final de contas, se resolvem e se transformam nisso mesmo, em situações que acabam, muitas das vezes, por nos fazer rir.

“Escrevemos sobre a realidade e sobre situações que nem sempre são as melhores. Todos enfrentam dificuldades na vida, podemos passar por maus momentos às vezes. Queremos que o público saiba que há situações que, mesmo não sendo as melhores, podem durar apenas um período de tempo e depois fazem parte do passado, deixam de ser importantes. É apenas uma coisa engraçada na tua vida, foi um desafio. É um caso encerrado que pode ser considerado uma piada.”

Assumindo-se como uma “banda independente”, em que tudo o que fazem em termos musicais é pago do seu bolso, os Joking Case querem “tomar as melhores decisões” com base no orçamento de que dispõem. “Esta é a parte mais difícil”, conta Vickie Cheong. Ainda assim, fazer música em Macau é cada vez mais desafiante, defende.

“As bandas de Macau estão cada vez melhores, porque há mais bandas a fazer videoclips, por exemplo. Nos últimos quatro anos aprendemos mais sobre como produzir músicas e agora há mais espectáculos, em espaços como o LMA, e há mais público a aproximar-se destes projectos. O panorama em Macau está a melhorar, há mais bandas com mais géneros musicais, como hip-hop ou música electrónica.”

2 Jun 2021

Joalharia | Exposição “O Novo Mundo” inaugurada esta quinta-feira 

Além da exposição sobre o azulejo português, a Casa de Portugal em Macau (CPM) inaugura também, esta quinta-feira, uma outra mostra, mas desta vez sobre joalharia. Intitulada “O Novo Mundo”, esta exposição acontece na Casa de Vidro, na praça do Tap Siac, e conta com curadoria de Cristina Vinhas, também monitora da CPM.

Segundo um comunicado da CPM, “esta exposição pretende celebrar a portugalidade revelando ao público a arte de trabalhar metais nobres”, como é o caso da filigrana portuguesa. “Esta arte artesanal seduz, não pelo valor do metal mas pelo delicado rendilhado, pela variedade das formas de expressão ou figuração comparado a um ‘sonho leve’”, lê-se ainda.

O nome da exposição parte das incertezas geradas pela pandemia da covid-19. Com esta mostra de joalharia, o objectivo é “perspectivar um mundo melhor para todos”. Com portas abertas até ao dia 27 de Junho, podem ver-se peças de Cristina Gomes da Silva, Emily Leong, Filipa Didier, Lúcia Lemos e Maria Paulina Lourenço.

1 Jun 2021

Azulejo português | Casa de Portugal inaugura nova exposição no jardim Lou Lim Ieoc 

A 7 de Junho é inaugurada a “Mostra Didáctica do Azulejo Português”, uma iniciativa da Casa de Portugal em Macau com curadoria de José Matos. A ideia é mostrar ao público que há mais vida além do tradicional e mais conhecido azulejo português azul e branco, bem como mostrar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nas oficinas da associação

 

“Mostra Didáctica do Azulejo Português” é a nova exposição promovida pela Casa de Portugal em Macau (CPM) que abre portas no Pavilhão Che Chou Tong, no Jardim Lou Lim Ioc, na próxima segunda-feira, dia 7 de Junho. Com curadoria de José Matos, o objectivo desta mostra é revelar os segredos e detalhes do azulejo português além do modelo mais conhecido, com as cores azul e branca.

“Vamos ter algumas técnicas de azulejaria portuguesa, a começar pelas técnicas hispano-mouriscas que chegaram à Península Ibérica, primeira a Sevilha e depois a Portugal, como o azulejo aresta ou azulejo de corda seca. Vamos ter a explicação visual de todo o material envolvido na fabricação e concepção de cada azulejo até ter um exemplo de trabalho final”, adiantou ao HM José Matos.

Mas no espaço expositivo haverá também a possibilidade de conhecer mais sobre o azulejo de estampilha, “representativo da reconstrução de Lisboa depois do terramoto de 1755, quando se começou a fazer uma produção diferente”. Além disso, a mostra conta com exemplos do “azulejo figurado, também contemporâneo dessa altura”, bem como da pintura “de vários tipos de temas, desde os jarrões até às carrancas, depois coisas mais ou menos figurativas”. “Temos vários exemplos de tudo o que é pintura de azulejo”, frisou o curador.

Segundo José Matos, “existe muito a ideia, e é o que é mais conhecido cá, de que o azulejo português é o azul e branco, o azulejo barroco”. No entanto, em Portugal, “produziram-se diferentes tipos de azulejo com técnicas diferentes”.

“Também temos representado o estilo figuras de convite, ensinado num curso que terminamos na semana passada, em que foram abordadas várias técnicas, e esses trabalhos também vão estar expostos”, acrescentou o curador.

Das escolas

Os azulejos expostos são fruto do trabalho dos alunos dos cursos que a CPM tem organizado nos últimos anos e, por isso, não têm assinaturas especiais. José Matos focou-se, por isso, mais nas técnicas utilizadas ao invés dos autores na hora de fazer a curadoria.

“É difícil destacar um trabalho em especial. Todas as técnicas têm um trabalho concluído. O que está mais representado será na pintura de azulejo feita em cima do vidrado cru. Temos uns painéis feitos nos últimos anos e serão os trabalhos com um pouco mais de destaque.”

“O principal objectivo da exposição é mostrar as várias técnicas e formas de fazer azulejo e os vários trabalhos finalizados que temos”, adiantou o curador, que falou também do trabalho que será desenvolvido com a comunidade escolar.

“Temos algumas visitas marcadas com as escolas e nessas visitas vou tentar exemplificar, na prática, como se desenvolvem essas técnicas. Vamos ter também todos os fins-de-semana duas pintoras da escola a executar trabalhos ao vivo”, concluiu.

A exposição tem entrada livre e fecha portas a 20 de Junho. Esta iniciativa conta com o apoio de entidades como a Fundação Macau e o Consulado-geral de Portugal em Macau, entre outras.

1 Jun 2021

Literatura | Livro sobre Camilo Pessanha apresentado em Lisboa 

“Clepsydra 1920-2020 – Estudos e revisões” foi lançado este sábado em Lisboa, na Livraria da Lapa, depois de uma primeira apresentação em Macau, em Dezembro. Trata-se de um projecto que faz “a releitura da obra” de Camilo Pessanha “mais do que o foco no seu autor”, lembrou Catarina Nunes de Almeida, coordenadora da obra

 

“Faz sentido começarmos com as palavras do poeta”. E estas foram lidas por Raquel Marinho, com a sua própria edição da Clepsydra, tendo-se ouvido versos como “Eu vi a luz num país perdido” ou “Floriram por engano as rosas bravas”.

Estava assim dado o mote para o lançamento de mais uma obra sobre Camilo Pessanha, o poeta português falecido em Macau em 1926 e um dos expoentes máximos do Simbolismo na literatura portuguesa. Clepsydra seria lançado em 1920, graças aos esforços de Ana Castro Osório.

“Clepsydra 1920-2020 – Estudos e revisões”, com edição da Documenta e coordenada por Catarina Nunes de Almeida, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), reúne uma série de textos que olham não apenas para o poeta mas também “para o Pessanha sinólogo e jurista”. O lançamento aconteceu este sábado na Livraria da Lapa, em Lisboa, depois de ter sido feito uma primeira apresentação do livro em Macau, em Dezembro do ano passado. “Faz todo o sentido que esteja disponível para aquele universo de leitores, porque é o espaço de Pessanha”, adiantou Catarina Nunes de Almeida.

Esta obra, que teve o patrocínio do jornal Hoje Macau, contém textos de vários académicos, como Paulo Franchetti, Duarte Drumond Braga, Rogério Miguel Puga ou Carlos Morais José, entre outros, que se debruçaram sobre a vida e obra de Pessanha, profundamente ligada a Macau.

Catarina Nunes de Almeida frisou o facto de este trabalho propor-se fazer “a releitura da sua obra, mais do que colocar o foco no seu autor”, fazendo “não apenas uma análise estrita dos poemas, mas contribuindo com novos dados para futuras leituras”.

A coordenadora do livro destacou a importância que os escritos de Pessanha tiveram nas gerações seguintes de autores portugueses mais contemporâneos. “É a geração de Orpheu a primeira a reconhecer o estatuto de mestre [de Pessanha]”, embora os seus escritos tenham “continuado a ecoar em poetas mais recentes”.

Vida e quezílias

Camilo Pessanha viajou para Macau em 1894, quando este era um “território minúsculo”, lembrou Daniel Pires, um dos autores do livro e responsável pelo inventário da biblioteca pessoal de Pessanha.

Foi “o fundador da Maçonaria em Macau”, um “jurista temido” e um “fumador de ópio”, sem esquecer a amizade que o ligou a diversas personalidades, incluindo Sun Yat-sen e o Governador de Macau Carlos da Maia.

Houve, no entanto, “pessoas que o combateram firmemente, até com calúnias”, como Manuel da Silva Mendes, intelectual português em Macau e muito ligado à cultura chinesa.

Silva Mendes “era o grande rival de Pessanha no domínio da colecção de arte chinesa” e dizia “que a sua poesia não rimava, e que coleccionava bugigangas”. No entanto, Daniel Pires destacou o facto de Manuel da Silva Mendes se ter referido a Pessanha como “um bom advogado e professor”.

“A sua vivência em Macau continua a ter muitas lacunas”, frisou, “e o que de mais puro nos restou para aceder à verdade dessa figura é a sua escrita”. “Se não fossem essas lacunas certamente não teríamos tido um aproveitamento ficcional da personagem de Camilo Pessanha em obras como ‘A Quinta Essência’, de Augustina Bessa Luís, ou ‘O Mar’, de Paulo José Miranda”, lembrou Catarina Nunes de Almeida.

A China na prosa

Duarte Drumond Braga, também investigador da FLUL, é autor do capítulo “Para ler Camilo Pessanha sem sair de Macau”, lugar primordial para se entender a obra do poeta.

“A China mal está representada na Clepsydra, temos apenas dois poemas”, lembrou. Esta está “na prosa, que devemos ler em conjunto”, e que neste momento se encontra em Macau. “Merecia uma reedição”, sugeriu Drumond Braga.

É, sobretudo, fundamental combater a “ideia tola de que Camilo Pessanha não sabia nada sobre a China”. “Se estivermos à procura do bambu e da chinesinha não vamos encontrar nada, vemos outras coisas”, exemplificou.
Ricardo Marques, que analisou a publicação de escritos inéditos de Pessanha em revistas, considerou que existe a ideia da Clepsydra “como uma coisa definida”, mas Pessanha, “como outros poetas, fazia circular inéditos pelas revistas literárias, e isso é importante ver 100 anos depois”.

31 Mai 2021

Duarte Braga aborda referências à China n’O Livro do Desassossego de Fernando Pessoa

Duarte Drumond Braga, investigador da Universidade de Lisboa, tem estudado a ligação ténue entre a obra de Fernando Pessoa e a China, nomeadamente as referências ao mundo pictórico chinês n’O Livro do Desassossego. Este assunto foi abordado numa palestra promovida pelo departamento de português e espanhol da universidade UC Santa Barbara

 

Decorreu ontem a palestra online intitulada “O Oriente e o Orientalismo em Fernando Pessoa”, promovida pela universidade UC Santa Barbara e em que participou o investigador Duarte Drumond Braga, da Universidade de Lisboa, como orador. Duarte Braga, que há muito se debruça sobre a presença do oriente nos escritos do poeta português, disse ao HM que tem analisado a presença da China em algumas das suas obras.

“Não há nenhum projecto pessoano de escrita sobre a China, mas há referências do Pessoa leitor, escritor, poeta, à China. Há momentos muito interessantes da obra pessoana em que a China aparece, como por exemplo n’O Livro do Desassossego, em que se presta muita atenção à questão da ideia da paisagem impossível, como chama Bernardo Soares, a paisagem da porcelana, dos leques, desse mundo pictórico chinês. Essa paisagem é valorizada por ser demasiado perfeita, irreal, impossível, que é muito a tónica d’O Livro do Desassossego.”

No entanto, estão sempre em causa “referências esporádicas”, uma vez que “quando aparece a China nesse livro é por causa da paisagem representada na porcelana, falar sobre a China não é a primeira ideia”.

Além disso, “há uma carta de Fernando Pessoa para Camilo Pessanha, pedindo a colaboração, e que foi enviada para Macau”. Há também “uma referência de Álvaro de Campos a Macau”.

Na palestra, apoiada pelo Instituto Camões, Duarte Braga falou também do trabalho de alguns investigadores sobre incursões de Fernando Pessoa no Japão, nomeadamente a tentativa do poeta de tentar a poesia do tipo Haiku, tema já abordado no número 9 da revista Pessoa Plural, organizado por Duarte Braga.

Ainda relativamente ao orientalismo na obra de Pessoa, há que destacar a Índia “que se confunde com a ideia do Império português, porque é centrado lá”. Coloca-se “a questão das índias espirituais, porque para Pessoa é necessário descobrir uma outra Índia, que já não estaria nos mapas”.

O português pelo mundo

Na conversa de ontem, Duarte Drumond Braga falou também “de um Pessoa esotérico, onde entra a Ásia”. Há também referências ao mundo árabe e à Pérsia.

O investigador, que viveu em Macau e que colabora com o HM, tem um novo projecto no centro de estudos comparatistas da UL, sobre a literatura em português nos quatro continentes, em zonas como o Brasil, Moçambique, Goa, Macau e Portugal, com um foco nos Açores.

“Esse projecto tem a ver com uma perspectiva não nacionalista sobre as várias tradições de escrita em português, e a Ásia mostra bem isso, com Goa e Macau. São sítios onde há escrita em português, mas não são nações de língua portuguesa, são outros formatos”, remata.

28 Mai 2021

Tradução | Livro sobre história da Faculdade de Direito de Coimbra agora em mandarim

O livro “A Faculdade de Direito de Coimbra em Retrospectiva”, da autoria de Rui Figueiredo Marcos, acaba de ser editado em mandarim. Segundo a imprensa da Universidade de Coimbra (UC), a nova edição foi lançada esta terça-feira e conta com o nome “科英布拉大学法学院历史回顾”, que corresponde “ao espraiar das relações que a Universidade de Coimbra (UC) tem com a China”, disse Rui Figueiredo Marcos, director da Faculdade de Direito da UC.

“Sendo a FDUC um polo irradiador no campo jurídico entre o Oriente o Ocidente, com uma participação muito ativa na elaboração dos elementos jurídicos de Macau, tem todo o interesse revelar o modo como foi sempre ensinado o Direito na Universidade portuguesa, na UC e na FDUC, com menção a tantos e tantos professores que também ensinaram em Macau”, acrescentou o autor.

A apresentação desta obra, que foi lançada pela primeira vez, na sua versão em português, em 2016, foi organizada pela Academia Chinesa de ciências Sociais e pelo centro de Estudos Chineses da Universidade de Coimbra, em colaboração com a Academia Sino-Lusófona da UC.

27 Mai 2021

Bienal de Veneza | MAM acolhe propostas para exposição

O Museu de Arte de Macau (MAM) está a acolher propostas para 59ª da Bienal de Veneza, que se realiza em Abril de 2022 na cidade italiana. As propostas que vão integrar o Pavilhão de Macau-China na bienal podem ser entregues até 13 de Agosto. As equipas candidatas a este projecto devem ser constituídas por, pelo menos, dois membros, devendo integrar também um curador.

Além disso, todos os membros da equipa concorrente deverão ter mais de 18 anos e pelo menos um dos membros deve ter já participado em exposições de arte contemporânea, ou ter formação na área artística. Os resultados serão anunciados em setembro.

A curadora-chefe da exposição é Cecilia Alemani. A Bienal de Veneza – Exposição Internacional de Arte foi fundada em 1895 é a bienal mais antiga e uma das três maiores exposições de arte do mundo, sendo também a maior plataforma internacional de intercâmbio de arte contemporânea.

Esta é a sétima vez que o MAM participa sob a designação “Macau-China” neste evento artístico, desde 2007. Um total de 17 artistas participou na exposição em representação de Macau, com o objectivo de “promover a arte contemporânea de Macau no palco internacional” e “dar ao público de todo o mundo a oportunidade de compreender a actual situação da arte de Macau”.

27 Mai 2021

Cinemateca Paixão | Programação de Junho reúne 12 películas de todo o mundo

Da Europa ao Médio Oriente, passando pelos Estados Unidos e Ásia, a programação de Junho da Cinemateca Paixão inclui uma extensa selecção de obras cujos temas vão desde um ensaio sobre uma pandemia que causa amnésia (Apples), a maternidade (Asia), o surrealismo das peripécias de uma mosca gigante (Mandibules) ou de psicadélicos seres lendários (Cryptozoo)

 

Durante o mês de Junho, a Cinemateca Paixão irá projectar 12 filmes oriundos de todo mundo. Entre nomeados e galardoados nas principais mostras dedicadas à sétima arte, o drama, surrealismo de animação e ensaio sobre uma pandemia que faz perder a memória, há opções para todos os gostos a partir do dia 1 de Junho, na Travessa de Paixão.

Fruto de uma co-produção grega, polaca e eslovena, “Apples” pretende ser uma exploração sobre a identidade e a perda, que assenta nos efeitos de uma hipotética pandemia que provoca amnésia um pouco por todo o mundo. Ari, um dos afectados que, como tantos outros, foi esquecido pela sociedade por não saber quem é, acaba acolhido num programa de recuperação dedicado à construção de novas identidades e memórias dos pacientes. Munido de uma nova identidade e memórias registadas em vídeo, Aris regressa à vida quotidiana e conhece Anna, também ela em processo de recuperação. Contudo, ao longo da auto-descoberta fica a dúvida sobre de que matéria são afinal feitas as pessoas.

“Apples” é realizado pelo grego Christos Nikou e será exibido na Cinemateca Paixão nos dias 1, 9 e 18 de Junho.
De Israel chega “Asia”, uma obra focada no tema da maternidade, em particular sobre a forma desprendida como mãe e filha podem conviver ao longo de vários anos, como resultado de uma vida dedicada à carreira profissional. No entanto, tudo muda quando o estado de saúde de Vika, a filha, se deteriora rapidamente e Asia desenvolve uma outra forma de ser mãe e de abordar qualquer assunto sem tabus. A obra foi realizada por Ruthy Pribar.
“Asia” será exibido nos dias 10, 15 e 20 de Junho.

Outro destaque na selecção de Junho é “Mandibules”. Este filme francês realizado por Quentin Dupieux parte da simples e alucinante premissa de enriquecer à custa de uma mosca gigante que foi encontrada no porta-bagagens de um carro, depois de ter lá ficado esquecida durante vários anos. Jean-Gab e Manu são os felizardos proprietários do insecto, que vão tentar amestrar para ganhar uma tonelada de dinheiro. “Mandibules” será exibido na Cinemateca Paixão nos dias 9, 12 e 16 de Junho.

Das sombras ao psicadélico

Por sua vez, “Notturno” transporta os espectadores para uma noite que parece não ter fim sob o jugo do Estado Islâmico. Apesar da destruição, das atrocidades da guerra e dos filhos feitos prisioneiros em nome do fundamentalismo religioso, os dias acabam por correr sem grande luz, apesar de o humanismo e a solidariedade acabar sempre por encontrar forma de aparecer.

“Notturno” é uma coprodução italiana, francesa e alemã e será exibida na Cinemateca Paixão nos dias 3, 12, 23 de Junho.

Dos Estados Unidos da América chega “Cryptozoo”, uma obra de animação, no mínimo, peculiar, que explora a demanda dos guardiões de uma espécie de jardim zoológico povoado com criaturas híbridas, em busca de capturar Baku, um lendário que se alimenta de sonhos. Pelo meio de uma concepção visual original e arrojada, o dilema do enredo passa pelo direito ou não de exibir estas criaturas ao público. “Cryptozoo” pode ser visto na Cinemateca Paixão nos dias 2, 13 e 17 de Junho.

O cartaz de Junho da Cinemateca Paixão é completado ainda pelos filmes “Drifting”, uma produção de Hong Kong sobre um grupo de sem-abrigos despejados do local onde vivem, “Persian Lessons”, obra que retrata a ocupação nazi em França e ainda “Tiong Bahru Social Club” (Singapura), pelicula sobre um jovem tímido que procura desenvolver capacidades de socialização, numa instituição dedicada à busca de felicidade.

“We Made a beautifull bouquet” (Japão), Martin Eden (Itália e França), Supernova (Reino Unido) e “Bulbul Can Sing” (Índia) completam a programação de Junho da Cinemateca Paixão.

27 Mai 2021

Associação Halftone quer acolher todos os amantes da fotografia

Chama-se Halftone e é a nova associação de fotografia que pretende revelar trabalhos de fotógrafos profissionais e amadores, e também organizar formações, tertúlias e debates. O pontapé de saída para o novo projecto é dado amanhã com a inauguração de uma exposição na Livraria Portuguesa

 

O mote foi dado por João Miguel Barros: e se a fotografia unisse um grupo de pessoas para fazer coisas e mostrar o que se vai fotografando no território, seja de forma profissional ou amadora? Foi assim que 18 associados se juntaram para formar a Halftone, uma nova associação de fotografia, que será oficialmente apresentada amanhã às 18h30 na Livraria Portuguesa, com a inauguração de uma exposição.

João Miguel Barros, advogado e fotógrafo, contou ao HM que os associados fundadores depressa perceberam que poderiam fazer muito mais do que simplesmente editar uma revista de fotografia. Esse é um dos objectivos, editar uma publicação três vezes por ano com portfólios de fotografias de associados. Mas existem mais ideias em cima da mesa.

“Fomos ambiciosos e este grupo criou uma dinâmica muito grande”, disse. “O site vai começar a crescer e vai ser alimentado com trabalhos dos associados. Vamos tentar criar um blogue para se falar de fotografia. Estamos a apostar muito nesta dinâmica de fazer coisas e uma das partes do programa que vai ser muito desenvolvido é a formação”, adiantou.

A ideia é “promover o debate em torno da fotografia e arranjar programas que possam ser pequenos workshops, dirigidos aos jovens e às escolas”, contou João Miguel Barros. Sobre a exposição que abre portas amanhã, o responsável adiantou que não tem um tema específico e que cada associado enviou uma imagem da sua autoria.

Aposta na diversidade

A Halftone, apesar de ser fundada por 18 associados portugueses, quer ser totalmente abrangente. “O nosso grande objectivo é fazer participar fotógrafos, artistas e pessoas interessadas da comunidade chinesa e macaense. Esta não é uma associação de portugueses e já temos um conjunto de pessoas que estão interessadas em participar. Temos vontade de crescer.”

Esta é, portanto, “das associações mais abertas e inclusivas que se possa imaginar”. “Hoje em dia é muito simples a facilidade da fotografia, pois qualquer bom telefone faz fotografias maravilhosas. A ideia é, dentro das tertúlias, falar de outros fotógrafos já consagrados, e isto pode ser um abrir de olhos”, considerou João Miguel Barros.

Criar a associação e não apenas lançar uma revista permite ao grupo “ter uma estrutura institucional para fazer outro tipo de coisas”. A Halftone pode, assim, “ter uma representação e aceitação junto da sociedade de Macau e ter uma maior credibilidade em relação aos seus próprios projectos”.

A diversidade é uma das ideias centrais por detrás da iniciativa. “Há uma identidade grande relativamente a objectivos comuns, apesar de os associados fundadores terem práticas profissionais completamente diferentes. Há fotógrafos profissionais, amadores, pessoas que gostam do preto e branco, outras que gostam da cor. Há quem goste de fotografia mais documental. Esta associação acaba por ser um ponto de encontro de muita diversidade”, rematou João Miguel Barros.

Além de João Miguel Barros, são membros fundadores da Halftone André Ritchie, António Duarte Mil-Homens, António Sotero, Catarina Cortesão, David Antunes, Francisco Ricarte, Gonçalo Lobo Pinheiro, João Palla Martins, João Rato, José Sales Marques, Nuno Martins, Nuno Sardinha da Mata, Nuno Tristão, Nuno Veloso, Pedro Benjamim, Ricardo Pinto e Sara Augusto.

26 Mai 2021

Arquitectura | “Interligações” é o projecto de Macau na Bienal de Veneza

Macau volta a estar representado, pela quarta vez, na Bienal de Arquitectura de Veneza, que ano chega à 17ª edição. O Pavilhão de Macau-China foi inaugurado no último sábado e trata-se de um projecto da autoria de quatro arquitectos locais, Ho Ting Fong, Che Chi Hong, Lao Man Si e Chan Ka Tat. A curadoria esteve a cargo do arquitecto Carlos Marreiros.

O tema deste ano da Bienal de Arquitectura é “Como iremos viver juntos?”, tendo a equipa de Macau apresentado “quatro obras de diferentes estilos” sob a temática “Interligações – Vida Transfronteiriça na Grande Baía”. A ideia do projecto é “traçar o panorama urbano da futura cidade de Macau e reflectir sobre a simbiose e os desafios decorrentes da profunda integração da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

O Pavilhão de Macau-China pode ser visitado até 21 de Novembro deste ano no espaço em frente ao Arsenal, o edifício principal da Bienal, em Campo della Tana. Criada em 1980, a Bienal de Arquitectura de Veneza é um dos mais importantes eventos no âmbito da arquitectura e das artes. A edição deste ano estava agendada para Maio do ano passado, mas foi adiada devido à pandemia. Um total de 112 entidades, oriundas de 46 países e regiões, participam na bienal.

O Instituto Cultural esclarece que, com o objectivo de “aprofundar o conhecimento do público sobre a arte arquitectónica de Macau”, as obras estarão disponíveis para visita online, além de serem posteriormente expostas no território.

25 Mai 2021

Creative Macau | Exposição de Zheng Yu para visitar a partir de quinta-feira

Zheng Yu é um pintor que explora o desejo humano recorrendo à maçã como o seu principal símbolo. Em “The Endless Desire”, exposição que estará patente na Creative Macau a partir desta quinta-feira, o pintor nascido em Hainan e a residir em Macau explora técnicas de pintura ocidentais com caligrafia chinesa. A exposição reúne uma dezena de quadros e uma instalação

 

Desde sempre tido como símbolo de desejo e tentação, a maçã é a protagonista principal da nova exposição patente no espaço Creative Macau. “The Endless Desire” é o nome da mostra de Zheng Yu, artista e arquitecto, que será inaugurada esta quinta-feira. A exposição fica patente até 26 de Junho.

O público poderá ver os seus mais recentes trabalhos, num total de dez pinturas, onde as emoções humanas são o foco. No espaço da exposição estará também uma instalação onde a maçã volta a ser a essência.

“Uso a maçã como símbolo do desejo humano, porque as pessoas gostam de recorrer à maçã como esse símbolo. É algo que surge na bíblia e que revela o desejo humano perante a sociedade”, contou Zheng Yu ao HM.

O artista garante que o público irá sentir-se “feliz” quando vir as suas obras, devido ao uso da cor. “Quero traduzir a cultura e a filosofia chinesas usando técnicas ocidentais. Esse é o meu objectivo principal com a exposição. Recorro à técnica de caligrafia chinesa na minha pintura, mas uso contextos ocidentais para criar toda a imagem”, contou ainda.

Os vários desejos

Lúcia Lemos, directora do espaço Creative Macau, falou do fruto enquanto conceito central do imaginário manifestado pelo artista, a maçã como “um símbolo do desejo, mas também religioso, no sentido cristão”. “Tem esse símbolo da Eva que tem vindo a ser explorado por diversos pintores ao longo de várias épocas, desde o [período] bizantino e também antes e depois do Renascimento”, explicou ao HM.

Para a responsável, o facto de Zheng Yu ser também arquitecto faz com que “esteja muitas vezes nessa situação de confronto ou de escuta dos desejos dos clientes”. “O desejo humano também é isso, não estou a pensar no desejo carnal. Ele tem também um lado humanista, no sentido de ser sensível à natureza e ao mundo animal”, acrescentou.

Nesse sentido, parte do valor angariado com a venda das obras reverte a favor de uma associação de defesa dos direitos dos animais “que está a passar por dificuldades”, disse Lúcia Lemos.

Nascido em Hainan, Zheng Yu é membro da Sociedade de Artistas de Macau e sempre prestou atenção ao desenvolvimento da arte contemporânea e da sua ligação com a sociedade dos dias de hoje. O artista expôs no evento Art Next Expo, em Hong Kong, além de ter participado em outras mostras patentes no território.

25 Mai 2021

Impromptu Storefront | Galeria nasce no estúdio de João Ó e Rita Machado

Chama-se Impromptu Storefront e é um novo espaço cultural concebido pelos arquitectos João Ó e Rita Machado dentro do seu próprio estúdio de trabalho. A inauguração está marcada para esta quarta-feira com a apresentação do livro “Macau. Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade”, transformado em instalação, pela mão da BABEL

 

“A ideia é fazer aquilo que nos apetece, porque o espaço é nosso”. É desta forma que João Ó, arquitecto, fala da Impromptu Storefront, uma nova galeria de arte que desenvolveu em parceria com Rita Machado no estúdio onde ambos trabalham, na Travessa de Inácio Baptista, perto da Igreja de São Lourenço.

Inaugurado esta quarta-feira às 18h30, o espaço será porto de abrigo para trabalhos de artistas internacionais, aberto 24 horas por dia e sete dias por semana.

O novo lugar de exposições e debates terá também uma vertente de aposta no vitrinismo. “A montra não se vende, o objecto artístico é uma apresentação formal de alguém que nunca esteve em Macau. É um estímulo visual e estético para quem passa na rua, é uma surpresa”, adiantou João Ó. A apresentação da edição em português do livro “Macau. Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade”, pela associação BABEL Organização Cultural, é o pontapé de saída do projecto.

A aposta no vitrinismo, uma área criativa muito explorada pelas grandes marcas do mundo da moda, faz deste projecto algo único em Macau, acrescentou João Ó, que nunca quis estar num espaço onde só pudesse trabalhar.

“Somos pessoas jovens e criativas e pareceu-nos interessante retirar parte do espaço para possibilitar mais este lado criativo. Tínhamos um projecto para a montra que era convidar só artistas internacionais que não tivessem hipótese de vir a Macau, mas que quisessem mostrar o seu trabalho.”

A Impromptu Storefront consiste, assim, “num modelo de exposição inovadora para mostrar intervenções comissariadas a artistas estrangeiros”, e pretende “provocar e estimular a consciência pública, abordando questões locais e globais”.

Instalar um livro

Lançado em 2019 em Portugal, o livro “Macau. Diálogos sobre Arquitectura e Sociedade”, editado por Tiago Quadros e Margarida Saraiva, fundadores da BABEL, é agora apresentado no território num formato diferente. “Colocámos a nós próprios a questão: como é que se expõe um livro?”, disse ao HM Margarida Saraiva. “Transformámos a obra num livro-objecto, e ele é exibido como uma obra de arte. O que se vê na micro-galeria é uma instalação composta por livros-objecto.” Além disso, os sons das entrevistas utilizadas para a obra serão usados numa instalação sonora, da autoria de Rui Farinha, e que apenas poderá ser ouvida na inauguração de amanhã.

O livro reúne um conjunto de entrevistas a figuras como Hendrik Tieben, Thomas Daniell, Mário Duque ou Wang Weijen, entre outros, e apresenta “abordagens retroactivas e prospectivas” acerca da arquitectura e do urbanismo em Macau. Traz também temáticas “importantes que não são exclusivas de Macau, mas que aqui se vivem de uma forma muito importante”, tal como a circulação de pessoas entre fronteiras, a história, a memória ou a representação. A instalação estará patente até 15 de Julho.

24 Mai 2021

Arte contemporânea | Exposição de Judy Lei até 27 de Maio no espaço 10 Fantasia

Da confusão e perdas provocadas pela pandemia surgiu a procura e reflexão por um caminho de vida. O ideal de busca é o conceito que está no centro da mais recente exposição a solo de Judy Lei, intitulada “O que queres agarrar?”, onde são apresentados trabalhos de fotografia e vídeo

 

A pandemia como perda e tempo para reflexão é a ideia subjacente à exposição da artista Judy Lei Iok Kuan que decorre no Espaço 10 Fantasia, até 27 de Maio, com o nome “O que queres agarrar?”. Ao contrário do habitual, a artista trocou a arte performativa pela fotografia, vídeo e texto e apresenta várias obras para promover o tipo de arte em que tem focado a carreira.

“A ideia para o tema ‘O que queres agarrar?’ nasceu nos últimos dois anos. Acho que neste período, fiquei mais confusa, mas também o mundo ficou mais confuso, devido à pandemia e a outros factores”, começou por explicar Judy Lei, ao HM. “As pessoas estão mais confusas, houve um momento de reflexão motivado por sentimentos de perda, com a pandemia, que levou a que as pessoas voltassem a ponderar de novo nos seus objectivo”, acrescentou.

Contudo, para Judy Lei esta é igualmente uma oportunidade para promover as partes performativas, foi por isso que o material em exposição reflecte o processo por trás dos trabalhos antigos e também os resultados.

“O objectivo da exposição também é divulgar a arte performativa, porque em Macau não há muitas pessoas a trabalhar nesta área. O objectivo é mostrar o meu conceito criativo, que foca a relação entre indivíduos e a sociedade”, indicou.

Regresso ao passado

Este conceito transparece igualmente nos trabalhos passados da artista. “A mostra tem fotografias, textos e vídeos. As fotografias surgiram do processo de criação dos trabalhos de performance arte. Os vídeos são fragmentos da gravação da arte performativa e os textos descrevem o conceito dos processos de concepção”, afirmou.

Numa exposição que foca perdas provocadas pela pandemia, também o sector da arte foi afectado, com as limitações e menos participações em eventos internacionais. “Todos os anos antes da covid-19, realizava-se em Macau o festival de artes performativas, e os artistas estrangeiros eram convidados para participar, de onde nascia intercâmbio com os artistas locais”, explicou. “Nestes dois anos durante a pandemia, só os artistas do Interior da China podem ser convidados, porque a circulação de pessoas no mundo está limitada. E claro isso teve um impacto”, adicionou.

Judy Lei é uma artista local, que se licenciou no Instituto de Artes Plásticas da Universidade Nacional de Artes de Tainan e na Academia de Cantão de Belas Artes, em Design de Exposições. Além de ter exposto em Macau, já participou em exposições em Taiwan e em Zhuhai.

21 Mai 2021

Museu do Grande Prémio | Entradas à venda a partir de hoje

Os bilhetes para o Museu do Grande Prémio estão à venda a partir de hoje, uma vez que o espaço abre oficialmente portas em Junho. O sistema de venda antecipada de bilhetes online foi optimizado, para facilitar as visitas de residentes e visitantes.

Os bilhetes podem ser adquiridos para o dia seguinte ou até 30 dias antes da visita. A partir de 2 de Junho deixa de haver interrupção à hora de almoço, sendo acrescentada a venda de bilhetes para o dia no local do museu. A partir do próximo mês as entradas serão vendidas ao preço original, deixando de haver divisão de sessões de entrada, e será acrescentada a venda para o dia no local, excepto terça-feira, dia de encerramento do museu.

No dia 1 de Junho, o horário de abertura ao público será excepcionalmente das 14h às 18h, sendo que, a partir do dia 2 de Junho o museu abre das 10h às 18h, sem interrupção à hora de almoço.

21 Mai 2021

FRC | Arlinda Frota dá amanhã aula de pintura em porcelana

A ceramista Arlinda Frota dá amanhã uma masterclass de pintura em porcelana na Fundação Rui Cunha (FRC), às 16h, com entrada gratuita, sem necessidade de inscrição prévia. A iniciativa surge no contexto da exposição “Padrões de Vida”, patente na galeria da FRC até 31 deste mês. Arlinda Frota vai abordar “a história da pintura em porcelana e demonstrar ao vivo as técnicas e materiais no espaço da galeria, dado o interesse geral do público pelo tema e a afluência de visitantes durante esta mostra”, descreve a FRC.

Arlinda Frota aponta que “a intenção deste programa é transmitir a consciência das diferentes técnicas de pintura em porcelana, a compreensão do ambiente de trabalho e do estado de espírito necessário à criação de uma obra, e de todos os cuidados inerentes aos diferentes passos da sua produção, desde a escolha da peça a pintar, à definição do desenho pretendido e adaptado à peça, das cores a escolher e sua preparação, dos cuidados relativos à queima das peças”.

A artista pretende também “dar a conhecer uma revisão histórica da porcelana e da pintura em porcelana desde a sua criação, durante a dinastia Han, no período 220 a 206 A.C., e desde a chamada Proto-Porcelana”. A artista é professora na Casa de Portugal em Macau desde 2014, tendo frequentado, nos últimos cinco anos, diversos cursos de livres e ateliers de pintura e cerâmica. Arlinda Frota desenvolveu, entretanto, diversas técnicas de pintura em tintas acrílicas e óleos, bem como azulejaria de matriz portuguesa.

20 Mai 2021

Albergue SCM | “Profound”, exposição de David Sheekwan, abre hoje portas

A segunda parte da exposição “Profound”, do artista David Sheekwan, é inaugurada hoje na galeria do Albergue SCM, ao mesmo tempo que a primeira parte se mantém de portas abertas na galeria At Light. No total, o público pode disfrutar de 14 pinturas a óleo do artista de Hong Kong

 

“Profound – Works by David Sheekwan” abre hoje portas na galeria A2 do Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) às 18h30. Um total de 14 pinturas a óleo do artista serão exibidas até 4 de Julho, ao mesmo tempo que continua patente a primeira parte da mesma exposição já patente na galeria At Light, da associação Arts Empowering Lab, até ao dia 26 de Junho.

A curadoria está a cargo de Joey Ho que, num texto intitulado “Entre a Ilusão e o Sonho”, descreve o trabalho de David Sheekwan como “profundo, simples e abstracto”, quer seja em fotografia, pintura a óleo ou caligrafia chinesa.

“David tem uma grande capacidade de organizar cores profundas e frias, como o cinzento, preto, azul e verde escuro, na tela de uma forma delicada. Com esta organização, as cores frias apresentam uma atmosfera pacífica e amável”, escreveu ainda Joey Ho.

Natural de Hong Kong, David Sheekwan é um artista multifacetado. Formado em cerâmica e pintura pelo Instituto de Arte de São Francisco em 1955, com o apoio de uma bolsa de três anos, David fez as malas e partiu depois para Paris, onde abriu um estúdio de design. Em 1972 regressou a Hong Kong onde começou a marca de roupa David & David.

Coube à David & David a concepção do guarda-roupa do espectáculo “A Story of White Serpent”, dirigido por Rebecca Pan Dihua, entre outros. Nos anos 80, David Sheekwan tornou-se professor na Parson’s School of Design, ao mesmo tempo que começou a estudar fotografia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. A primeira obra que assinou nesta área seria publicada em 1999, com o nome “Photographs by David Sheekwan”.

Uma nota descreve o artista como alguém curioso “sobre o cosmos desde a infância”, um tema recorrente no seu trabalho actual. “A sua caligrafia abstracta e pinturas revelam uma observação única das cores, linhas e proporções. O seu estilo de pintura é simples mas misterioso – as suas obras deixam sempre espaço para as pessoas pensarem”, lê-se.

Arte sem explicação

Joey Ho destaca a importância do trabalho de David Sheekwan na indústria da moda em Hong Kong e a postura que este assume perante a arte. “Falar com o David é um verdadeiro prazer. Quando discutimos os trabalhos artísticos, os seus olhos brilham com pureza e clarividência, afirmando ‘Quando pinto, o meu cérebro está vazio e não penso em nada. Se a arte pode ser explicada, não existe de todo”, descreveu a curadora.

Quando estudou fotografia, em Los Angeles, David Sheekwan já tinha 60 anos de idade, e voltou a pintar com 80. “Estou grata por, graças a um acaso do universo, ter conhecido David Sheekwan, um perfeito exemplo de um fantasma. Através das suas experiências e da criação artística, agarrei um verdadeiro vislumbre entre a ilusão e o sonho”, rematou Joey Ho.

20 Mai 2021

10 de Junho | Celebrações incluem concerto de homenagem a Carlos do Carmo

As cerimónias oficiais do 10 de Junho – que este ano voltam a incluir a romagem à gruta de Camões – vão ser complementadas por um concerto de homenagem a Carlos do Carmo. As actividades de celebração do “mês de Portugal” abrangem áreas que variam do cinema à gastronomia, e de acordo com o cônsul-geral Paulo Cunha Alves são as iniciativas “possíveis” em contexto internacional de pandemia

 

Junho volta a contar com um programa para celebrar “o mês de Portugal” na RAEM, com actividades entre os dias 3 e 27 de Junho. “Foram incluídas as actividades possíveis ainda neste contexto internacional de pandemia, com limitações de viagem e de congregação em público”, descreveu o cônsul-geral Paulo Cunha Alves.

As celebrações oficiais do 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, iniciam-se com a cerimónia do hastear da bandeira no jardim do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, pelas 9h, que volta a contar com a banda da PSP. “Vai existir a presença da banda da polícia, não sabemos ainda com quantos elementos, poderá ser em formato mais reduzido. E estará também presente o grupo de escuteiros aqui de Macau”, descreveu o cônsul-geral na apresentação do programa das festas.

Além disso, regressa a romagem à gruta de Camões, que arranca às 10h. “Os moldes desta romagem serão mais limitados ou reduzidos do que aconteceu até 2019. Como se lembram em 2020 não houve romagem, e este ano estamos limitados a uma presença máxima de 100 pessoas, ao uso de máscara e medição de temperatura para todos aqueles que participarem no evento”, disse ontem Paulo Cunha Alves. Será dada prioridade às escolas e entidades ligadas à organização da romagem.

Às 18h segue-se a tradicional recepção na residência consular, que este ano acontece num formato diferente, integrando apenas os discursos oficiais e a entoação dos hinos nacionais português e chinês. O Chefe do Executivo vai marcar presença.

Neste mesmo dia, decorre ainda um concerto de homenagem a Carlos do Carmos, às 20h na Casa Garden, que conta com a banda da Casa de Portugal em Macau. “As emblemáticas canções interpretadas por Carlos do Carmo vão ser recriadas num concerto de música ligeira com arranjos originais num tributo ao carismático fadista português”, descreve a sinopse do evento.

“Estamos convencidos que este será um programa multifacetado e equilibrado num contexto de pandemia que ainda vivemos e, portanto, seremos obrigados a cumprir todas as orientações emanadas pelos Serviços de Saúde da RAEM”, analisou Paulo Cunha Alves.

Da joalharia ao desporto

O programa do mês de Junho arranca no dia 3 com a exposição de joalharia “O Novo Mundo”, que abre ao público às 18h30 na Casa de Vidro. A comissão que organiza as actividades continua a ser constituída pela Casa de Portugal, Fundação Oriente, Instituto Português do Oriente e AICEP, além do Consulado Geral.

Estão previstas actividades ligadas a várias áreas. A nível literário realiza-se, por exemplo, na sexta-feira dia 11 um serão na Casa Garden, pelas 19h. “Um grupo de autores e outros amantes da literatura portuguesa reúnem-se para dizerem textos seus ou de autores portugueses”, pode ler-se na sinopse do evento. Já no dia 15 de Junho, decorre um lançamento de livros no auditório Dr. Stanley Ho, no Consulado Geral, em que serão apresentadas as últimas publicações editadas pelo Instituto Politécnico de Macau.

A Casa Garden acolhe também nos dias 17 e 18 o “New York Portuguese Short Film Festival”. O festival de curtas metragens mostra “o trabalho da nova geração de realizadores portugueses” e é a quinta vez que passa por Macau. A par desta iniciativa serão exibidas curtas metragens da CPLP. Também dividida em dois dias, está a iniciativa “Cinema Macau. Passado e Presente”, que tem lugar no auditório da Casa Garden nos dias 26 e 27 de Junho às 17h30. O ciclo de cinema tem como objectivo mostrar “a pluralidade de olhares sobre Macau durante e após o Estado Novo, assim como depois da transição para a administração do território pela China, em 1999”.

A gastronomia também tem lugar no calendário. O Restaurante D’Ouro vai acolher a actividade “Experimenta Portugal”, que apresenta cerca de 20 vinhos portugueses e pratos típicos da gastronomia lusitana. Decorre entre as 18h e as 20h dos dias 25 e 26 de Junho. Paralelamente, são organizados nesses dias duas masterclasses de vinhos. E o desporto não ficou esquecido: um torneio de futebol no campo de hóquei do estádio da Taipa no sábado, acontece dia 12, entre as 13h e as 16h.

Arraial com exposição

Amélia António, presidente da Casa de Portugal (COM), indicou ontem que ainda não se sabe se o Arraial de São João se realiza este ano. Mas o calendário integra um outro arraial, desta vez focado em Santo António. “Há muitos anos chegou-se a festejar o Santo António em Macau, mas foi (…) durante um período muito curto. Estando nós nesta situação de limitação, e sem saber inclusive se o Arraial de São João se faz ou não, pensámos que era boa ideia dar vida de novo ao Santo António de forma um bocadinho diferente”, descreveu Amélia António.

“Não é um arraial no verdadeiro sentido da palavra, mas é a aproximação possível, com música e alguns extras que as pessoas apreciam neste espaço de arraial”, descreveu a presidente da Casa de Portugal. Haverá música ao vivo com a banda da CPM, e está ainda a ser analisada a viabilidade de o evento incluir uma venda de artesanato a acompanhar uma exposição que reúne peças artísticas de professores e alunos de vários ateliers da Escola de Artes e Ofícios da CPM. Algo que contou com “uma adesão muito simpática” das pessoas. A exposição decorre dia 12 de Junho, às 18h30, na Casa Garden.

18 Mai 2021

“Out! Coloane Art Festival” acontece em Junho e promete diversidade

O grupo teatral Rolling Puppet, de Kevin Chio e Teresa Teng Teng, traz em Junho a segunda edição do “Out! Coloane Art Festival”, que acontece no espaço da companhia em Coloane, o “House of Puppets Macau”. A pandemia e o isolamento vivido por muitos no período de confinamento é o tema do espectáculo “Lone Together”. Mas nem só de teatro se fará este festival

 

No próximo mês de Junho, os amantes do teatro e das artes têm em Coloane, no espaço “House of Puppets Macau”, a oportunidade de desfrutarem de diversos espectáculos e assistirem às mais variadas representações artísticas. A companhia teatral “Rolling Puppet – Alternative Theatre” organiza a segunda edição de “Out! Coloane Art Festival”, uma iniciativa que ganha agora um nome diferente depois da edição inaugural que aconteceu no ano passado.

O cartaz deste ano inclui o espectáculo “Lone Together”, que acontece nos dias 19 e 20 de Junho e que tem o lado emocional da pandemia como tema de fundo, conforme contou ao HM Kevin Chio, um dos fundadores da companhia “Rolling Puppet”.

“O ano passado vivemos em confinamento e parámos todas as actividades sociais, deixamos de ver os nossos amigos. A certa altura sentimo-nos muito sozinhos e isolados, mas ao mesmo tempo houve pessoas que sentiram uma certa liberdade para poderem ser elas mesmas, sem multidões, para fazerem o que querem. Então este espectáculo é, ao mesmo tempo, sobre liberdade e isolamento.”

Este não será apenas um espectáculo de marionetas, mas terá outros elementos que ajudam a contar esta história. “Não vamos fazer o tradicional espectáculo de marionetas em que dizemos tudo. Em vez disso vamos ter sete narradores que precisam de parceiros em palco. Alguns deles vão recorrer às marionetas, aos seus corpos ou a alguns objectos. [Haverá números de] stand-up comedy, projecções. Alguns só fazem trabalho físico. Vamos, portanto, ter diferentes estilos”, frisou Kevin Chio.

Apesar de a linguagem base do espectáculo ser o cantonês, sem tradução ou legendas, Kevin Chio acredita que a mensagem poderá ser transmitida a um público estrangeiro.

Em nome da diversidade

Com o “Out! Coloane Art Festival”, Kevin Chio explica que a ideia é trazer diversas expressões artísticas ao público de Macau. A prova disso é que, além de “Lone Together”, que Kevin Chio descreve como uma forma de teatro alternativo, haverá também o “Art Soup Bazar”, com partilha de receitas de sopas ou outros elementos relacionados com este tema. “Teremos um espaço aberto, um bazar onde se pode fazer esta partilha”, de ideias e objectos, apontou.

Acima de tudo, Kevin Chio defende que, nesta segunda edição, o espectro das artes reveladas é maior. “Não nos focamos apenas no teatro com marionetas. Resolvemos apostar nas residências artísticas e temos outras iniciativas que não estão propriamente relacionadas com o teatro. Quisemos trazer uma maior diversidade para promover a arte e um estilo de vida ligado ao espaço que temos em Coloane.”

Kevin Chio recorda que “uma iniciativa destas nunca aconteceu em Coloane”, além de que a primeira edição do festival teve lugar semanas antes da pandemia, “numa fase estranha”. “As coisas agora estão melhores, começamos a ter o nosso próprio espaço, a ter mais pessoas a compreendê-lo. Temos um maior espectro ao nível das artes e do espectáculo”, frisou.

O “Out! Coloane Art Festival” é também o resultado de algumas residências artísticas que o grupo tem acolhido, nos últimos meses, no espaço “House of Puppets Macau”. A ideia era estabelecer um programa de intercâmbio com o grupo “Thinkers’ Studio”, de Taiwan, mas esse projecto foi adiado devido à pandemia.

“Partilhamos com eles o que fomos desenvolvendo. No próximo ano quando a pandemia terminar vamos ter este intercâmbio de artistas com Taiwan”, disse Kevin Chio.

A mudança para Coloane aconteceu em 2018, depois de o tufão Manghkut ter destruído o espaço que os Rolling Puppet tinham na península de Macau. Depressa o grupo conseguiu construir uma forte relação com a comunidade onde se inseriu.

“Temos um café e as pessoas podem vir e conhecer os artistas, em vez de estarmos escondidos num qualquer edifício industrial. [O público] compreende e apoia mais o teatro em Macau. Começámos a ter alguns amigos que nunca tinham ido ao teatro, mas depois de nos conhecerem começaram a ver os nossos espectáculos”, rematou.

17 Mai 2021

Morreu a actriz Maria João Abreu aos 57 anos

Morreu a actriz Maria João Abreu. A notícia foi avançada ontem pela SIC, onde trabalhava. A actriz de 57 anos encontrava-se internada no Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, depois de ter sofrido um AVC hemorrágico. A actriz, de acordo com a SIC, sentiu-se mal e desmaiou durante as gravações da novela que está a ser produzida para o canal. A actriz integra o elenco da telenovela “A Serra”, emitida pela SIC desde Fevereiro.

Maria João Abreu iniciou a carreira profissional no teatro, uma paixão que nunca abandonou, mas foi a televisão que lhe granjeou a popularidade, graças a produções como “Médico de Família”. A televisão foi o meio em que mais trabalhou e que lhe deu maior visibilidade, tendo participado em mais de 60 programas, entre telefilmes, séries e telenovelas.

A sua carreira como actriz remonta, no entanto, a 1983, quando, com 19 anos, se estreou profissionalmente no Teatro Maria Matos, no musical “Annie”, de Thomas Meehan, dirigido por Armando Cortez. A este sucederam-se vários outros espectáculos de revista no Parque Mayer, até participar, na Casa da Comédia, em “O Último dos Marialvas”, de Neil Simon, peça estreada em 1991, que lhe daria visibilidade e reconhecimento como actriz de comédia.

Depois de várias actuações em espetáculos de revista, sobretudo no Teatro Maria Vitória e no antigo Variedades, Maria João Abreu passou pelo Teatro Aberto, onde trabalhou com João Lourenço em “As Presidentes”, de Werner Schawb, e com José Carretas, em “Coelho Coelho”, de Celine Serreau. Com Manuel Cintra e José Carretas, fez também “Bolero”, apresentado no Centro Cultural de Belém (CCB).

Mais recentemente, participou em filmes como “Call Girl”, de António-Pedro Vasconcelos, “Florbela” de Vicente Alves do Ó, “A Mãe é que Sabe”, de Nuno Rocha, e “Submissão”, de Leonardo António.

Ao longo dos seus mais de 35 anos de carreira, e apesar das muitas requisições para televisão, Maria João Abreu nunca deixou o teatro nem a revista, uma das suas paixões, tendo coprotagonizado, em 2004, “A Rainha do Ferro Velho”, de Garson Kanin, encenada por Filipe La Féria, no Teatro Politeama.

Perto do fim

A sua última participação no teatro aconteceu em 2019, quando protagonizou “Sonho de uma noite de verão”, no Tivoli, contracenando com José Raposo, de quem estava já divorciada, e com Miguel Raposo, um dos filhos do casal.
Era também com o ex-marido que contracenava na telenovela “A Serra” e na série “Patrões fora”, ambas actualmente em gravações e em exibição.

No dia 30 de abril – cinco meses depois da morte do pai e apenas 16 dias após ter feito 57 anos -, a actriz sentiu-se indisposta durante as gravações da telenovela “A Serra” e desmaiou, tendo sido internada de urgência no Hospital Garcia de Orta, em Almada, com diagnóstico de rotura de aneurisma cerebral.

14 Mai 2021

ARTM | “Hidden Gems” inaugurada este sábado no espaço “Hold on to Hope”

Alice Kok é a curadora da nova exposição promovida pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. “Hidden Gems” visa recolher fundos com a venda de obras doadas por artistas como Arlinda Frota, Cristina Vinhas ou Denis Murell, entre outros

 

Ajudar através da arte e, ao mesmo tempo, revelar ao grande público os talentos de quem saiu do vício da droga são alguns dos objectivos do novo projecto artístico da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM). É este sábado que é inaugurada uma nova exposição, intitulada “Hidden Gems” [Pedras Escondidas], com curadoria de Alice Kok, e que conta com trabalhos doados por mais de uma dezena de artistas de Macau.

A mostra estará patente na galeria de arte situada na antiga leprosaria de Ka-Hó, em Coloane, onde hoje funciona o mais recente projecto da ARTM, “Hold on to Hope”. Ao HM, Alice Kok falou da mensagem principal por detrás desta iniciativa. “O nome da exposição refere-se aos bonitos trabalhos que podemos encontrar na exposição e, ao mesmo tempo, à localização do espaço, uma vez que Ka Hó fica um pouco afastado da cidade e é um lugar cheio de amor, com uma história de pessoas marginalizadas pela sociedade”, disse, numa referência à antiga leprosaria.

Alice Kok destaca ainda os “talentos escondidos” dos antigos toxicodependentes que trabalham no café que funciona ao lado da galeria de arte. “Estas pessoas tentam desenvolver os seus talentos e o seu lado artístico.”

Muitos dos artistas foram convidados por Augusto Nogueira, presidente da ARTM, e tiveram total liberdade para escolher os trabalhos que vão estar patentes nesta mostra. “Demos-lhe total liberdade. Temos uma grande diversidade de trabalhos com diferentes formas artísticas, como fotografia, pintura, impressão, e também pintura chinesa, escultura, cerâmica”, frisou Alice Kok.

Uma missão

Alice Kok, ela própria artista e presidente da associação AFA – Art for All Society, tem estado ligada aos projectos artísticos da ARTM e assume-se satisfeita com esta colaboração. “Quando o Augusto [Nogueira] me convidou o ano passado para este projecto achei que tinha muito significado, porque através das actividades artísticas podemos convidar mais pessoas a estar envolvidas na missão da ARTM. Em nome da arte podemos ter um grande público e uma partilha da beleza e das capacidades, e como curadora estou muito feliz por poder contribuir com o meu conhecimento artístico para um trabalho com tal significado.”

O café e a galeria de arte abriram portas em Dezembro do ano passado e, desde então, tem sido um espaço muito procurado pelos residentes que não podem viajar neste momento. “De certa forma a pandemia está a ajudar [a desenvolver] este projecto, porque as pessoas estão mais dispostas a explorar os lugares de Macau. Nos fins-de-semana o lugar está cheio e penso que as pessoas estão dispostas a vir. É um lugar muito diferente de outros lugares artísticos em Macau, uma vez que Ka Hó tem um maior contacto com a natureza e é um bom lugar para as famílias”, rematou Alice Kok.

14 Mai 2021

Armazém do Boi | Experimentalismo multimédia em exibição até 30 de Maio

Arte performativa, videografia, instalação, fotografia, pintura e tudo o que estiver à mão de Wang Yan Xin pode ser veículo de expressão. Até 30 de Maio, o Armazém do Boi, na Rua Volong, tem exposto “Post-truth: Fool Others As Well As Oneself”, o resultado de um diálogo que Wang manteve com a cidade e consigo próprio durante um mês de residência artística

 

Imagine que Macau é uma mensagem que necessita de interpretação e que o artista é o meio para a exprimir. Wang Yan Xin tem exposto até 30 de Maio a mostra “Post-truth: Fool Others As Well As Oneself”, o resultado da digestão da cidade ao longo da residência artística que fez entre 4 de Abril e 3 de Maio. A mostra espelha a experiência de liberdade expansiva em termos de utilização de diversos meios de expressão artística.

O criador, originário de Lanzhou, capital da província de Gansu, utilizou elementos de videografia, instalação, fotografia, pintura e performance para discutir consigo próprio as possibilidades da criação artística. As obras acabam por ser o resultado da uma série de observações, consciência e admissão de vulnerabilidades e os limites do ego.

A jornada até ao fim da criação levantou questões a Wang Yan Xin, tais como o que faz uma pessoa querer aparentar dureza, e quais as origens do medo e do sentimento de impotência que levam à autocrítica e à autorreflexão. Citado num documento que apresenta “Post-truth: Fool Others As Well As Oneself”, Wang pega asserção perspectivista de Friedrich Nietzsche que estabelece que “não existem factos, apenas interpretações” para concluir que as emoções são mais influentes que a factualidade. Também as mentiras podem ser interpretadas como “um ponto de vista” ou “opinião”, porque “tudo é relativo” e “toda a gente tem a sua própria verdade. Apesar de ser uma abordagem muito actual, Wang admite que este projecto artístico é também uma experiência de reconstrução da verdade sobre ele próprio.

Visão de fora

Em resposta ao HM, a organização do Armazém do Boi refere que Wang interpretou Macau com um olhar de outsider, com a cidade a providenciar-lhe espaço para criar e interagir.

“Em vez de encontrar protagonistas ou actores, ele próprio representa e relaciona-se com o ambiente e com muitos elementos improvisados que lhe surgem pelo caminho”, explica a curadoria da exposição. O resultado é a entrega total, que dá ao público “100% de autenticidade”. Por exemplo, no trabalho “8 Hours of Searching for Death” Wang Yan Xin usou uma câmara GoPro na cabeça, enquanto deambulou pela cidade tirando fotografias de insectos mortos, registando todo o processo de busca com anotações da hora e local do achado.

Outra das obras, “Indelével”, tem como palco os estaleiros de Lai Chi Vun, onde o artista sente as superfícies, polindo e removendo ferrugem de pregos que encontrou no local. Com o pó de ferrugem escreveu a palavra que retrata o desaparecimento de uma indústria marcadamente artesanal.

A elevada exposição que as obras revelam sobre o processo de criação e o criador tocam no cerne da mostra: A verdade enquanto conceito abstracto. Assim sendo, o artista convida o público a descobrir o que é verdade no seu trabalho, julgando e questionando a genuinidade das obras.

13 Mai 2021

Teatro | Dança do Dragão Embriagado no Antigo Tribunal na sexta-feira

O espectáculo Dança do Dragão Embriagado sobe ao palco do Edifício do Antigo Tribunal na sexta-feira e sábado, com a interpretação da companhia local Four Dimension Spatial. Algures entre a dança e a performance teatral, a interpretação vai além da cultura tradicional, integrando aspectos contemporâneos

 

Na próxima sexta-feira e sábado, o Edifício do Antigo Tribunal recebe três espectáculos que aliam dança contemporânea e uma tradicional manifestação cultural bem enraizada no imaginário de Macau. A interpretação da companhia Four Dimension Spatial apresenta na sexta-feira, às 20h, Dança do Dragão Embriagado, seguido de uma conversa.

A performance volta a poder ser vista no sábado, com duas sessões, às 15h e 20h e faz parte do cartaz da 31.ª edição do Festival de Artes de Macau.

Seguindo a linha performativa da companhia local Four Dimension Spatial, que participou em várias edições do Festival Fringe, quem assistir à Dança do Dragão Embriagado terá apenas a manifestação tradicional como contexto para um espectáculo assente num conceito moderno de teatro de dança.

“O trabalho não procura explorar a cultura tradicional da dança do dragão embriagado, procura sim, descobrir que tipo de ‘ritual’ se obterá ao adaptar a formação dessa dança para os dias de hoje”, explica o Instituto Cultural (IC) em comunicado.

Segundo o IC, Dança do Dragão Embriagado é dirigido por Zé e Um Iat Hou, com coreografia de Hong Chan U.
O espectáculo tem a duração de cerca de uma hora, com diálogos ocasionais em cantonense, sem legendas, e o bilhete custa 180 patacas.

Teoria da evolução

As origens ancestrais das festividades do dragão embriagado dividem-se um pouco por toda a China, com manifestações bem diversas. Mais perto de Macau, na província vizinha de Guangdong, a lenda teve como palco o condado de Xiangshan, onde se diz uma epidemia terá deixado muitas pessoas às portas da morte.

O IC recupera o mito descrevendo que “quando os aldeões foram à montanha procurar uma boa receita para combater a epidemia, foram quase mordidos por uma cobra gigante”. Depois do encontro com a criatura, um monge conseguiu salvar os aldeões e cortou a cobra em três pedaços e aí estaria a cura.

O monge deu uma receita para o remédio, com uma mistura de folhas fervidas com água do rio com sangue da cobra. A partir daí, já curados, os aldeões consideraram a serpente gigante como sendo o deus dragão e passaram a realizar a dança do dragão embriagado todos os anos para agradecer a intervenção divina.

A tradição chegou a Macau e passou a ser celebrada pelos vendedores de peixe. Tradicionalmente, no final da tarde do sétimo dia do quarto mês do calendário lunar chinês, os residentes de Macau que se dedicavam à venda e comércio de pesca juntam-se no mercado, onde se sentam à volta de mesas para comer, tradição que se transformou na festividade da “longevidade do arroz”. Durante esta festividade, um dragão de madeira dançava na mesa onde se queima o incenso para pedir bênçãos.

A tradição da dança do dragão embriagado transformou-se mais tarde numa festividade regularmente celebrada e entrou oficialmente no final de Março na Lista Nacional do Património Cultural Imaterial.

12 Mai 2021

Pintura | Galeria At Light acolhe “Profound”, de David Sheekwan

A partir de sábado abre ao público a exposição de pintura “Profound”. Ao todo, serão expostas 25 obras de David Sheekwan, veterano estilista de Hong Kong, que não se coíbe de partir em busca, também na tela, do minimalismo e da exploração do cosmos, através de cores frias e profundas e da integração de elementos do quotidiano como madeira e areia

 

É inaugurada no próximo sábado a exposição de pintura “Profound” da autoria de David Sheekwan, uma mostra promovida pela associação Arts Empowering Lab na galeria At Light.

De acordo com um comunicado divulgado pela organização, poderão ser apreciadas, ao todo, 25 pinturas a óleo produzidas recentemente por David Sheekwan, na sua casa situada em Zhongshan. Natural de Hong Kong, Sheekwan queria ser arquitecto, mas acabou por ficar conhecido no mundo da moda, materializado na marca David & David, com espaços em Nova Iorque e Paris.

Tendo estudado cerâmica e pintura no San Francisco Art Institute, David Sheekwan desde cedo desenvolveu um gosto por diferentes texturas e tonalidades de cor que pode facilmente ser experienciado na mostra patente na galeria At Light.

Partindo de um estilo monocromático e que privilegia “cores suaves” e sempre com o cosmos em pano de fundo, as obras do artista incorporam elementos como ramos, pedaços de madeira e areia para aglomerar diferentes texturas e destacar “diferentes tonalidades de cor e luz”.

Pelo meio da integração de objectos do quotidiano na sua obra, inspiração cuja culpa é atribuída a Picasso e a Georges Braque, surge a exploração da “escuridão” e do “mistério” do universo, mais precisamente através da forma como “o ser humano existe no gigantesco cosmos”.

“As pinturas abstractas [de David Sheekwan] mostram uma visão única ao nível da observação de cores, traços e proporções. O seu estilo de pintura é simultaneamente simples e misterioso e as suas obras deixam sempre espaço para as fazer as pessoas pensar”, pode ler-se na mesma nota.

Etérea paz

De acordo com o curador da exposição, Joey Ho, o trabalho de David Sheekwan tem o condão de transmitir uma indescritível sensação de “profundidade” e tranquilidade, que parece não ter lugar nas experiências mundanas.

“Os trabalhos de David Sheekwan (…) são essencialmente profundos, simples e abstractos, tornando-os impossíveis de associar ao deslumbramento dos primeiros anos da sua vida. Não há qualquer vestígio mundano neles, ao invés, são capazes de destacar uma indescritível sensação de “profundidade”, referiu Joey Ho, de acordo com uma nota sobre a exposição.

No mesmo artigo, o curador destaca ainda que o artista é “muito habilidoso” e “delicado” na forma de tratar cores “frias e profundas”, como o cinzento, o preto, o azul e o verde escuro, criando uma atmosfera pacífica e amigável. “Ao ver as suas obras é possível ouvir um tranquilo e etéreo eco de um mundo sem limites, que nos leva de volta para a escuridão quente do ventre materno, deixando de lado opiniões e canalizando a consciência para a tranquilidade e a energia”, aponta Joey Ho.

Reportando uma situação em que teve a oportunidade de privar com o artista, Joey Ho partilhou ainda o que é a arte para David Sheekwan.

“Quando pinto, o meu cérebro está vazio e não penso em nada. Se a arte pode ser explicada, ela não existe de todo”, vincou David Sheekwan. A exposição “Profound” pode ser vista na galeria At Light até ao dia 26 de Junho.

11 Mai 2021

UM | Curtas-metragens de alunos exibidas quinta-feira

Seis curtas-metragens de alunos finalistas da licenciatura em Comunicação da Universidade de Macau podem ser vistas na quinta-feira, no Teatro da Associação dos Estudantes (E31). Os filmes em exibição reflectem sobre assuntos como a perda de contacto com a leitura, ou a influência de 21 dias de quarentena num hotel

 

O Departamento de Comunicação da Universidade de Macau (UM) vai acolher a exibição de filmes dos alunos do curso Workshop de Vídeo II. O evento decorre no Teatro da Associação dos Estudantes (E31), no dia 13 de Maio a partir das 18h. De acordo com um comunicado divulgado na página electrónica do Creative Media Lab da UM, vão ser projectadas seis curtas-metragens produzidas por alunos finalistas da licenciatura em Comunicação, com especialização em “Creative Media”.

O curso de workshop de vídeo – projectado com o objectivo de “desafiar os alunos a pensar de forma crítica e criativa” através da experiência prática – focou-se neste semestre no tema da ecologia. “Os alunos foram incentivados a terem uma abordagem ecológica nos seus filmes, mostrando personagens a interagir com o seu ambiente e a contar histórias que enfatizam como as pessoas se adaptam aos mundos naturais e construídos ao seu redor”, é descrito.

Entre as curtas, que vão ser exibidas na quinta-feira, encontra-se “Invisible Cage”. Neste filme, o comportamento de uma rapariga desperta no biblioterário Ian memórias de infância. Já o filme “Clouded over”, reflecte sobre um rapaz solitário que está numa cadeira de rodas e se habituou a viver no escuro. “Ele vai sair da situação difícil ou permanecer no escuro?”, questiona a descrição do trabalho.

A história de Zhou Qing, que costumava encontrar numa livraria antiga o seu espaço de leitura, vai também preencher o ecrã. “The Boat on the River” retrata como os livros desapareceram da vida de Zhou Qing com a mudança dos tempos, e como esta descobre “diferenças inesperadas” ao regressar a um lugar que lhe é familiar.

Da amizade à pandemia

A amizade é o tema principal da curta-metragem intitulada “Ei, velhos amigos!”. Aqui, são acompanhados três jovens que cresceram juntos mas que acabam por seguir caminhos diferentes, e que durante uma viagem para acamparem redescobrem a definição de amizade. “A essência da amizade é uma compreensão tácita ou apenas o poder de estarmos juntos?”, questiona a descrição do filme.

“GEI LOU” é outro dos trabalhos em apresentação, focado num jovem que trabalha como vendedor de máquinas de venda automática, e num estudante do ensino médio que costuma levar os seus amigos a comprar refrigerantes ali. Inicialmente frustrado com o trabalho, o vendedor acaba por encontrar o seu valor.

O contexto da saúde pública marcou também o processo criativo dos alunos. A curta-metragem intitulada “21 Days”, retrata o regresso a Macau de James Hydeon, influenciador de redes sociais, depois de ter estudado no estrangeiro através de um programa de intercâmbio. “Devido à pandemia covid-19, ele é submetido a uma quarentena de 21 dias num hotel e estadia de 21 dias leva-o a aprender a confiar em si mesmo”, revela a página do Creative Media Lab. Os filmes serão exibidos entre as 18h e as 21h.

10 Mai 2021