Lusofonia | Miguel de Senna Fernandes aponta cancelamento como “falta de senso”

Encomendas para o lixo, perdas financeiras para associações e frustrações para quem fica sem qualquer escape para fazer face ao isolamento causado pelas medidas de controlo da pandemia. Foi este o cenário traçado por Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses (ADM), num comentário deixado na rede social Facebook.
Segundo o presidente da associação, o peso do cancelamento não só se faz sentir ao nível económico, mas também para quem ficou privado de um dos poucos escapes para fazer face ao isolamento imposto nos últimos três anos.
“Trata-se de um evento em que as associações, apertadas com imensos problemas de sobrevivência, se esmeraram por fazer da Lusofonia um evento bem sucedido, de orgulho para a RAEM, para as nossas culturas. Trata-se de um evento que veio para afogar as amarguras da frustração, da erosão comunitária, da perda de tino e do isolamento quase doentio”, afirmou. “Sim, muito se esperou desta Lusofonia, para que pudéssemos respirar e desforrar do sacrifício em prol de todos. E retiram-nos isso”, considerou.
Porém, Miguel de Senna Fernandes também lamentou as perdas para as associações, que nos últimos anos foram privadas do financiamento dos anos anteriores. “É verdade, estávamos no último dia, e gozámos sexta e sábado; é verdade que nos subsidiaram; mas bolas, o que cada associação envolveu para isso vai muito além do que um subsídio. Muitos de nós empataram mais do que um subsídio, tudo a bem da Lusofonia. E retiram-nos isso. Encomendas feitas, para o lixo, expectativas tidas, para o lixo”, desabafou.

Dualidade de critérios
Outro dos aspectos apontados pelo macaense prende-se com a dualidade de critérios que impera, entre os eventos públicos que tiveram de ser cancelados, por decisão do Governo, e os privados, que puderam continuar a realizar-se.
“Não, isto não é birra nem amuo de quem não vê o seu desejo satisfeito. Isto é ira de quem já não entende a falta de senso disso tudo. É ira de quem sabe de uma festa de Halloween ainda em curso na Doca dos Pescadores, sem ser cancelada, só porque é feita num local privado”, argumentou.
O também advogado questionou ainda se o Governo teria a coragem de cancelar outros eventos públicos, no caso de ocorrerem situações semelhantes. “Só falta saber se cancelariam o Festival da Gastronomia e o Grande Prémio, nas mesmas condições”, indicou.
Por último, Senna Fernandes admitiu haver um apoio à governação e medidas pandémicas que aparenta não ser correspondido. “ASSIM NÃO DÁ! Se estamos todos com a RAEM, como temos estado sem reservas e com indubitável sentido cívico e de solidariedade, a RAEM também tem que estar connosco…sem reservas”, finalizou.
Além de Miguel de Senna Fernandes, também Amélia António, presidente da Casa de Portugal, se tinha mostrado desiludida com a decisão do Governo de cancelar o último dia da Lusofonia.

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