Emmy’s | “Succession”, “The Bear” e “Rixa” levam maiores prémios

Decorreu na madrugada desta terça-feira em Los Angeles, EUA, mais uma noite dos Emmy’s, os grandes prémios de produções televisivas, tendo saído vencedores a série “Succession”, transmitida na HBO, bem como “The Bear” e “Rixa”

 

A série “Succession”, transmitida na HBO, foi a grande vencedora da 75ª edição dos Emmy’s, principais prémios da indústria televisiva e de streaming, que decorreu na madrugada desta terça-feira em Los Angeles, nos EUA. A série da HBO tinha 27 nomeações e venceu seis das principais categorias de drama, incluindo Melhor Série, Melhor Actriz para Sarah Snook, Melhor Actor para Kieran Culkin, Melhor Actor Secundário para Matthew Macfadyen, Melhor Realização para Mark Mylod e Melhor Escrita para Jesse Armstrong.

“Esta é uma série sobre família e também sobre o que acontece quanto política partidária e cobertura noticiosa se misturam com política divisionista de direita”, disse o criador Jesse Armstrong. “Depois de quatro anos de sátira, este é um problema que creio que resolvemos”, ironizou.

“Rixa”, da plataforma rival Netflix, foi outra das grandes vencedoras da noite. Levou quase tudo o que importava na categoria de Minissérie ou Série de Antologia: Melhor Série, Melhor Actriz para Ali Wong, Melhor Actor para Steven Yeun, Melhor Realização e Melhor Escrita para Lee Sung Jin.

“Quando me mudei para LA, a minha conta bancária ficou negativa em 63 cêntimos e tive de depositar um dólar para evitar ficar a descoberto”, contou Lee Sung Jin, lembrando que o sucesso que conquistou não estava garantido. Quando voltou a subir ao palco, agradeceu aos fãs que partilharam com ele histórias pessoais, inspirados pela série que criou.

“Vivemos num mundo desenhado para nos manter separados”, afirmou. “Quando vivemos num mundo assim, alguns de nós começam a pensar que não há maneira de alguém nos entender, gostar de nós, ou sermos amados”, continuou. “A maior alegria de fazer ‘Rixa’ foi trabalhar com estas pessoas que amaram tão incondicionalmente”.

O urso da comédia

Foi também de amor e família que falaram os protagonistas de “The Bear”, a série que varreu múltiplos prémios na categoria de comédia. Foi a Melhor Série, deu a Jeremy Allen White o prémio de Melhor Actor, rendeu a Ayo Edebiri a Melhor Actriz Secundária e a Ebon Moss-Bachrach Melhor Actor Secundário.

Chris Storer também foi distinguido pelo trabalho na série da FX com Melhor Escrita e Melhor Realização, elevando para seis os Emmys atribuídos esta noite. “Esta é uma série sobre a família que se encontra e também a família real”, disse Ayo Edebiri, agradecendo a presença dos pais na cerimónia. “Obrigada por me amarem e me deixarem sentir linda e negra e tudo isso”.

Apesar do domínio destas três séries, houve prémios individuais que distinguiram os trabalhos noutros títulos. Ainda em comédia, Quinta Brunson quebrou a espiral de vitória de “The Bear” ao vencer o Emmy de Melhor Actriz, pelo papel em “Abbott Elementary”.

Em drama, Jennifer Coolidge foi a Melhor Actriz Secundária por “The White Lotus”, uma vitória consecutiva para o papel de Tanya McQuoid. “Eu tinha um sonho na minha pequena cidade que todos me disseram ser impraticável”, disse Coolidge no discurso de aceitação. “Mas aconteceu, por isso não desistam dos vossos sonhos”.

Na categoria de minissérie ou antologia, foi Niecy Nash-Betts quem levou o Emmy de Melhor Actriz Secundária, pelo papel na série “Monstro: A história de Jeffrey Dahmer”, da Netflix. “Quero agradecer a mim própria por acreditar em mim e fazer o que disseram que eu não podia fazer”, afirmou Nash-Betts num discurso de aceitação entusiasmado, em que gritou “Sou uma vencedora, baby!”.

Também nesta categoria, Paul Walter Hauser venceu o seu primeiro Emmy ao ser distinguido como Melhor Actor Secundário por “Black Bird”, da Apple TV+. A 75.ª cerimónia de entrega dos prémios Emmy pela Academia de Televisão decorreu no Peacock Theater, em Los Angeles. Tinha sido adiada em Setembro passado devido às greves dos argumentistas e actores.

16 Jan 2024

AIPIM | Conferência sobre gestão dos media dia 20

A AIPIM – Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau promove no próximo dia 20, sábado, às 16h, a palestra “Gestão dos Media na Actualidade – as Indústrias Criativas como mais-valia”, que decorre na Creative Macau. A abertura da palestra estará a cargo do presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), José Luís de Sales Marques, sendo os oradores convidados Paulo Faustino, professor da Universidade do Porto, e Margarida Saraiva, fundadora e directora da Babel – Cultural Organization.

“Gestão dos Media na Actualidade – as Indústrias Criativas como mais-valia” é uma iniciativa contará com moderação do jornalista Paulo Barbosa e realiza-se com o apoio de entidades como a Creative Macau – Centro de Indústrias Criativas, o departamento de Comunicação e Media da Universidade de São José, a IMMAA – Associação Internacional Académica de Gestão de Media e a BABEL – Organização Cultural.

A ideia, com esta conferência, é “analisar o actual panorama dos media a nível global, em especial na RAEM, no que respeita aos modelos de gestão em vigor ou por adoptar”. Assim, “os oradores irão destacar a importância das indústrias criativas para o sector da comunicação social, enquanto geradoras de mais-valias para os media em termos de oferta de conteúdos, novas fontes receitas e, no caso de Macau, como agente diversificador da economia”.

16 Jan 2024

IIM | “Retratos de Luso-Asiáticos na Índia” lançado quinta-feira

Será lançado esta quinta-feira o livro, com a chancela do Instituto Internacional de Macau (IIM), “Retratos de Luso-Asiáticos da Índia”, da autoria do arquitecto João Palla Martins. O livro inclui textos da professora emérita do departamento de Antropologia do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Rosa Maria Perez, e de Delfim Correia da Silva, director do Centro de Língua Portuguesa do Instituto Camões em Goa.

A obra reúne cerca de 100 imagens de rostos captados pelo autor junto das comunidades de luso-descendentes da Índia, contando com apoios do Núcleo de Animação Cultural de Goa, Damão e Diu, o Instituto Camões e a Fundação Oriente. Este é o quinto número da colecção de Retratos de Luso-Asiáticos, depois do álbum relativo a Macau publicado em 2020, do Myanmar e do Sri Lanka em 2021, e da Malásia em 2022.

Duas exposições sobre o tema foram igualmente realizadas em 2019, nomeadamente na galeria da Universidade de Aveiro, integrada no II Congresso Internacional “Diálogos Interculturais Portugal-China” e, em seguida, na galeria da Universidade de Macau. Desde 2017 que o arquitecto João Palla Martins percorre vários países, fotografando os rostos das comunidades Luso-Asiáticas com o objectivo de oferecer um olhar sobre estas fisionomias tão peculiares. As fotografias são acompanhadas de ensaios teóricos ou científicos por autores convidados a reflectirem sobre temas como identidade, miscigenação e memória. A sessão de quinta-feira tem início às 18h30 contando com a moderação de Jorge Rangel, presidente do IIM.

16 Jan 2024

CONTEMPO | Primeira edição do festival japonês entre Fevereiro e Março

A primeira edição do CONTEMPO – Festival da Primavera do Japão de Macau decorre entre os dias 1 de Fevereiro e 30 de Março com diversas iniciativas culturais, que passam por uma aposta na música, arte e gastronomia. Apoiado pelas autoridades locais e de Quioto, e organizado por diversas empresas, este festival pretende criar uma nova dinâmica de intercâmbio cultural

 

Celebrar as várias valências da cultura japonesa em Macau é aquilo a que se propõe o CONTEMPO – Festival da Primavera do Japão de Macau, que terá a primeira edição a decorrer entre os dias 1 de Fevereiro e 30 de Março em vários locais e salas de espectáculos. A ideia, segundo um comunicado, é que este novo evento de cariz anual possa “combinar turismo e cultura para criar uma nova plataforma de intercâmbio cultural”.

O CONTEMPO é organizado pela empresa Silk Entertainment Limited e por diversas empresas locais, nomeadamente a Macau Beer ou a Air Macau, recebendo não só apoio da Direcção dos Serviços de Turismo e da Sands China como também das próprias autoridades da cidade de Quioto, no Japão. O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) está também envolvido no evento.

Pretende-se que este seja “um grande evento anual durante a época da Primavera”, celebrando “a uma escala sem precedentes o turismo e a cultura japonesa”, construindo-se, assim, “uma ponte cultural entre Macau e o Japão, mostrando ao mundo o rico património cultural, as tendências, a moda, a música, as artes culinárias e o património cultural” japonês.

O cartaz do CONTEMPO promete incluir “famosos grupos de ídolos japoneses, colecções únicas de arte contemporânea de galerias de renome e experiências gastronómicas”, revelando-se ainda “o cativante património cultural de Quioto”, cidade conhecida pelas tradicionais gueixas e pelas árvores em flor que desabrocham precisamente na Primavera.

Serão, assim, convidados vários representantes de “marcas japonesas bem conhecidas, bem como empresas, coleccionadores e investidores para virem a Macau”, existindo o objectivo de “atrair muitos turistas japoneses para experienciarem esta festa cultural”.

Música no Londoner

O programa do CONTEMPO arranca logo no dia 1 de Fevereiro com a cerimónia de abertura a ser marcada pelo espectáculo “CONTEMPO Volume 1”, com o grupo musical Takane No Nadeshiko, formado em Agosto de 2022 e que fez a sua estreia no Festival Toky Idol 2022. Durante todo o festival irá decorrer uma exposição com peças de arte contemporânea seleccionadas pela galeria UG5, apresentada na Sands Gallery.

Entre os dias 24 e 25 de Fevereiro, o grupo musical Karen Na Ivory irá actual no Londoner Theatre, seguindo-se uma experiência gastronómica no restaurante HIRO, no Venetian, comissariada pelo proprietário e chefe do Hyotei1, um restaurante em Quioto com mais de 400 anos de existência e detentor de estrelas Michelin.

Também no Venetian, acontece uma outra actividade entre os dias 15 e 30 de Março que mistura arte, moda, cultura e artes culinárias de Quioto, apresentando-se os mais característicos quimonos e a cultura muito própria das gueixas. Entre os dias 22 e 24 de Março decorre o evento “Art Japan @ Macao 2024” com a presença do embaixador da Agência de Turismo do Japão e diversas personalidades japonesas.

Finalmente, o cartaz encerra com o concerto “CONTEMPO Volume 2”, com dois espectáculos entre os dias 23 e 24 de Março no Venetian Theatre, novamente com os Takane No Nadeshiko, tendo em conta a “sua ascensão astronómica no Japão”, potenciada pela nova editora discográfica, a HMV/Victor Entertainment.

Citada pelo comunicado sobre o evento, Helena de Senna Fernandes, directora da Direcção dos Serviços de Turismo, considerou que o Japão “é um destino turístico popular em todo o mundo”, além de que o festival “irá atrair os residentes locais e os turistas que gostam da cultura japonesa”.

Tendo em conta que a DST pretende divulgar o turismo de Macau além-fronteiras, este festival “irá promover o intercâmbio e a compreensão mútua dos recursos turísticos do Japão e de Macau, o que poderá reforçar a publicidade e a promoção no futuro, fomentar o intercâmbio de fontes turísticas e optimizar a estrutura diversificada de visitantes”, rematou.

Adrian Ngan, co-presidente e director-executivo da Silk Entertainment, disse que o CONTEMPO foi criado “para unir a cultura cativante do Japão com o palco global de Macau, encantando os visitantes de todo o mundo”.

16 Jan 2024

Bienal de Veneza | Maria Madeira é a primeira artista timorense a participar

O papel da mulher durante a ocupação da Indonésia sobre Timor-Leste é o tema da instalação que a artista timorense Maria Madeira levará à Bienal de Veneza, que decorre em Abril. Maria Madeira é a primeira artista timorense a participar num dos maiores eventos de artes a nível mundial

 

Maria Madeira é a primeira artista de Timor-Leste a representar o país na Bienal de Veneza e a Itália leva uma instalação sobre a luta da mulher timorense na ocupação Indonésia, durante a qual “usaram o corpo”.

Para Maria Madeira, o convite para estar na Bienal de Veneza, que se realiza em Abril, apoiado pelo Governo timorense, foi um “orgulho” e uma “honra”, mas tem também outro significado. “Para mim, um timorense estar na Bienal demonstra que Timor-Leste já está pronto para estar no mundo internacional da arte e cultura. É um passo para a Maria, mas um ‘big leap’ [grande salto] para a arte e cultura de Timor-Leste”, afirmou à Lusa a artista timorense.

Na visão de Maria Madeira, o que falta em Timor-Leste não é talento, mas “pontos de referência”, o conhecimento da arte no mundo, e a presença na Bienal vai “abrir as portas para a futura geração de artistas timorenses”.

A instalação que vai apresentar em Veneza conta a história das mulheres timorenses e da sua luta durante a ocupação indonésia, através dos símbolos, métodos e materiais da cultura timorense. “Na Bienal vou fazer uma instalação que fala do que aconteceu às mulheres timorenses durante a ocupação indonésia, as atrocidades, os abusos, a luta da mulher timorense. Os homens timorenses, os guerrilheiros, usaram as armas para lutar, a mulher usou o corpo e vou mostrar isso na bienal”, explicou.

Defender direitos

Defensora dos direitos das mulheres, a artista considerou que em Timor-Leste o papel da mulher, tradicionalmente associado ao trabalho doméstico, está a mudar.

“Temos muita força, às vezes somos o motor atrás da família e muitos não reconhecem. A situação está a mudar, porque a nova geração está a dar mais atenção às raparigas, porque estão a notar que as mulheres estão mais envolvidas com a arte, que é uma coisa pública”, explicou. “Muitos rapazes estão a ver mulheres timorenses a cantar, a pintar, a jogar futebol, no parlamento, e isso é uma coisa positiva”, salientou a artista timorense.

Maria Madeira falava na Fundação Oriente onde está patente a sua última exposição “Conversa Floreada”, que representa também as mulheres. “Queria falar da conversa floreada. A mulher timorense é considerada a flor e o timorense gosta muito de conversa floreada. Faz uma pergunta em três segundos, mas faz um discurso de 10 minutos antes de fazer a pergunta”, explicou a artista, salientando, com humor, que aquela conversa tem aumentado à medida que os timorenses conhecem o mundo.

Mas, a conversa floreada fala também da mulher e da ligação entre mães e filhas, irmãs e amigas. “Mostra que as mulheres falam mais entre elas e aprendem muito mais juntas”, porque “com os homens há sempre uma barreira que indica uma maneira de falar, de sentar, de estar em público”, disse. “Com raparigas há um baile, a nossa conversa floreada, floresce”, sublinhou Maria Madeira.

Um futuro positivo

A artista vê o futuro da arte de Timor-Leste como positivo, mas defende que é preciso meios para desenvolver e progredir o trabalho dos artistas e uma escola de artes.

“Quando se pensa na arte timorense pensa-se no tradicional, na dança, no artesanato, ninguém pensa na nossa linguagem contemporânea. Eu gosto muito de arte, gosto da minha cultura e de tudo o que é tradicional, mas estou no mundo contemporâneo e tenho de comunicar o que vejo e sinto agora”, afirmou Maria Madeira e por isso usa o tradicional para comunicar com o mundo.

“Com a Bienal, com mais exposições, e espero que venham mais artistas internacionais fazer exposições em Timor, as portas estão a abrir pouco, a pouco, a luz está entrar, está tudo mais visível e penso que depois da bienal vai haver um ‘boom’ para a arte em Timor-Leste”, concluiu.

Maria Madeira foi retirada de Díli juntamente com a sua família pela Força Aérea portuguesa em 1976, durante a ocupação indonésia, e viveu durante quase oito anos num campo de refugiados da Cruz Vermelha nos subúrbios de Lisboa. Em 1983, a família emigrou para a Austrália, país onde Maria Madeira vive e estudou artes, ciência política e tirou o doutoramento em filosofia da arte. A artista já expôs na Austrália, Portugal, Brasil, Macau, Indonésia e Timor-Leste.

14 Jan 2024

Magnus Wennman, fotojornalista: A verdade numa imagem

Natural da Suécia, Magnus Wennman é fotojornalista, com uma carreira iniciada aos 17 anos no jornal sueco DalaDemokraten. Ao HM, à margem da última edição do festival de fotografia português Êxodus, em Aveiro, Magnus falou das imagens que fez sobre o despejo de roupas da H&M em países pobres, com um enorme impacto ambiental, ou do projecto “Where The Children Sleep”, que expõe um lado emotivo da guerra

 

Porque decidiu tornar-se fotógrafo, focando-se em contar este tipo de histórias através da imagem?

Tenho duas respostas para estas perguntas. Tornei-me fotógrafo quando era muito jovem, e nunca tive de pensar muito sobre aquilo que queria ser quando crescesse porque decidi muito cedi que queria tornar-me fotógrafo. Não sei porque gostava tanto de desenhar e de arte quando era mais novo, e descobri a câmara quando tinha cerca de 16 ou 17 anos. Simplesmente meti na cabeça que queria ser fotógrafo e fotojornalista. Essa é basicamente a minha história e comecei a trabalhar pouco tempo depois de ter terminado a escola secundária. Comecei literalmente a trabalhar no dia seguinte a terminar a escola, num jornal local do local de onde sou.

Então nunca foi para a universidade ou fez um curso de fotografia?

Nunca fui para a universidade, pode-se dizer que sou um auto-didacta. Estava muito apaixonado por esta área, e gastei grande parte do meu tempo a tentar aprender a melhor maneira de contar histórias e tirar fotografias.

Aprendeu tudo o que sabe na redacção.

Sim, no jornal da minha cidade, com todos os fotógrafos que lá trabalhavam. Tenho 44 anos e quando comecei era um tempo diferente para os jornais, pois havia muitos fotógrafos na equipa, em que se usava a máquina analógica. Era um tempo diferente, um trabalho diferente, talvez mais técnico do que é hoje. Mesmo que eu nunca me tenha interessado muito pela técnica, era de facto um trabalho mais árduo do ponto de vista técnico do que é hoje. Comecei a trabalhar na área do desporto e ao longo de dez anos fotografei muito essa área. Os tempos mudaram, envelheci, e o fotojornalismo desportivo já não era a mesma coisa.

Deixou de ser desafiante?

Sim, pode-se dizer isso. Foi nessa altura que comecei a focar-me mais nas questões sociais, em projectos de longo prazo. Passaram a enviar-me para trabalhos cada vez maiores, tal como conflitos e problemáticas a nível mundial.

Fale-me sobre o projecto fotográfico que fez no Gana, após ter descoberto que a marca de roupa H&M colocava roupa no lixo enviada para África.

Tudo começou com uma reportagem no jornal. O repórter com quem trabalhei recebeu uma queixa anónima sobre o facto de as roupas recolhidas pela H&M nas lojas da marca terminarem em terrenos de vários países como depósito de lixo, e isso tornava-se num enorme desastre natural. Não acreditámos dada a imagem que a marca tem, e a ideia que era transmitida era de que a marca se preocupa com a produção de roupa, sabendo que esse é um grande problema para a indústria da moda. Muitas pessoas usam uma peça de roupa sete vezes e depois põe-na de lado. Então a marca desenvolveu esta iniciativa de recolher roupas que já não são usadas pelos seus clientes nas lojas, prometendo que iriam reciclá-las de uma forma ecológica. A queixa que recebemos indicou-nos que isso não era verdade.

Como começaram então a investigar?

Colocámos etiquetas de ar em dez peças de vestuário que comprámos e devolvemo-las às lojas H&M em Estocolmo, para que pudéssemos acompanhar o seu destino. Percebemos que essas roupas são vendidas a outras empresas que as coleccionam e seleccionam, sendo que parte fica na Europa e outra parte simplesmente desaparece, aparecendo meses depois em países como África do Sul, Benim ou Índia. Quando olhamos para muitos dos países onde estas roupas acabam depositadas, percebemos que existem muitos problemas.

Pode dar exemplos?

No caso do Benim é um país com imensos problemas [sociais e económicos], onde são compradas toneladas de roupa que depois são vendidas às pessoas nas ruas. Mas apenas se consegue vender ou usar cerca de 50 por cento da roupa que é enviada, e a restante simplesmente fica junto às praias ou em terrenos vazios, em lixeiras. Pudemos comprovar isso mesmo quando nos deslocámos a estes lugares. Vimos que as roupas que a H&M recolhe nas lojas acaba em lixeiras de vários países, tornando-se num problema ambiental enorme.

Quais as consequências deste projecto, qual foi a reacção da marca?

A publicação da reportagem gerou, de facto, algum debate. Todos falaram desse assunto durante um tempo e tornou-se algo em grande. A H&M não mostrou muita disponibilidade para falar sobre o assunto, tendo tentado, claro, proteger a marca. Consigo compreender a sua frustração porque estavam a fazer algo que consideravam bom. O problema maior é que não se trata apenas da H&M, mas sim de toda a indústria da moda produzida muito rapidamente. De certeza que há muitas marcas e lojas que têm um comportamento pior do que a H&M. Acontece que nós trabalhamos na Suécia e a H&M é uma das maiores empresas de moda do mundo, tendo a responsabilidade de garantir que as roupas terminam num bom lugar ou são tratadas da forma mais ecológica possível.

Quanto tempo demorou até concluírem este projecto?

Viajámos muito e é preciso referir que fomos dois a trabalhar nisto, eu e o jornalista, que tem uma mente brilhante. Sem dúvida que não fui só eu. Ele adorou acompanhar esta história, percorrendo todos os detalhes, e eu pude contar com a sua experiência. Primeiro viajámos até ao Benim e depois fomos ao Gana, que é ainda um país pior onde se pode despejar roupas que já não são usadas.

Pior em que sentido?

Não viajámos assim tanto para este projecto, apenas fomos até Benim e ao Gana porque vimos que foram os locais para onde foram enviadas as roupas que nós depositámos. Mas o Gana é famoso por isso, é um país onde a situação do despejo de roupa é muito má. Quando lá chegámos, percebemos que o cenário era muito pior do que aquele de que estávamos à espera, destruindo zonas costeiras e a indústria pesqueira. É algo que tem enormes consequências para o ambiente.

Como é o dia-a-dia das pessoas que vivem esta situação?

Afecta a população porque há demasiadas roupas a chegar, e estas pessoas não conseguem usar todas as toneladas de roupa que chegam ao país com frequência, é pura e simplesmente impossível. Como não têm infra-estruturas para fazer a gestão das roupas que chegam, estas vão parar a rios, oceanos, nas zonas costeiras, tornando-se um problema social. Há lixo nas ruas, enormes mercados onde vendem as roupas, e todas as semanas se compra um fardo, tipo com 500 peças de roupa, e não se sabe o que vai lá dentro, que tipo de peças contém. Abre-se o fardo e pode, por exemplo, só ter roupa de criança, e grande parte das peças de roupa não servirem, e metade da roupa não pode ser vendida. As roupas que não são vendidas não se conseguem armazenar, então são deitadas fora, e as autoridades não conseguem fazer nada quanto a isso. São mesmo muitas quantidades de roupa, tornando-se um enorme problema para eles. Não existem recursos para lidar com isso. É todo um sistema, não é um problema de uma só pessoa.

Reduzir o consumo de roupa nova é uma das soluções.

Sim, cada um de nós tem responsabilidade em relação à indústria da moda e ao consumo. Trabalhei na área do jornalismo ambiental muitos anos, de diferentes formas, e sei que esta é uma área com a qual as pessoas se preocupam, porque se sentem culpadas. Eu, você, é todo um sistema. O nosso trabalho coloca o dedo na ferida em relação a um problema que não percebemos que existe. Não é sustentável continuar a comprar novas roupas que vestimos apenas uma vez ou duas, e que são muito baratas. Claro que toda a indústria da moda reconhece isso, mas acabam por encontrar novas formas de nos fazer comprar roupa.

Outro projecto que desenvolveu foi “Where The Children Sleep”. O que aprendeu com esta experiência?

Tudo aconteceu durante a guerra na Síria e durou cerca de cinco anos. No jornal questionávamo-nos porque é que as pessoas na Suécia não estavam a prestar a devida atenção a este conflito, porque não havia muitas coisas escritas sobre ele. Tratava-se de um conflito muito difícil de compreender. Quem eram os maus da fita? Não sabíamos muito bem. Na Suécia era de facto difícil termos pessoas preocupadas com o conflito. Decidimos então ir para os países vizinhos da Síria e contar a história da guerra através do olhar das crianças, porque são as mais vulneráveis, as que mais sofrem com o conflito, independentemente de quem são os maus ou os bons da fita. Na altura, o meu filho de cinco anos tinha muitos pesadelos e vinha frequentemente para a nossa cama. No jornal discutíamos a melhor forma de fazer este projecto, e pensei como é que as crianças poderiam escapar da guerra, onde dormiam, se é que dormiam. Quais seriam os seus sonhos. Essa ideia começou a surgir na minha cabeça e pensei em fotografar os sítios onde as crianças dormiam. O primeiro país onde fomos foi o Líbano.

Antes da explosão que destruiu parte de Beirute?

Sim. Parámos o táxi e começámos a falar com as famílias enquanto as crianças dormiam, e foi aí que tirei as primeiras fotografias. Aí é que percebi que poderia ser um projecto bastante interessante, e comecei a procurar crianças a dormir em vários locais, tentando diferentes foto-reportagens, histórias diferentes, passei a ter a minha própria agenda. Trabalhei nessa história seis ou sete meses, e depois a situação dos refugiados explodiu na Europa, em meados de 2015, e muitas pessoas queriam ir para a Alemanha, a Suécia e diferentes países no norte da Europa. De repente todos se preocupavam, porque passava também a ser um problema nosso, as pessoas queriam entrar no nosso país. Foi quando comecei a ter um poderoso corpo de trabalho com cerca de 30 crianças a dormir em vários locais na Europa. Obtivemos com “Where The Children Sleep” reacções bastante extremas. Quando vemos imagens de refugiados a escapar nas fronteiras, não nos relacionamos com elas, mas se virmos uma criança a dormir numa floresta, todos se relacionam com a situação ou têm sentimentos sobre ela. Da minha parte nunca me preocupei em estar na linha da frente, fotografar bombardeamentos, por exemplo. O desafio, para mim, era encontrar formas de os nossos leitores compreenderem o que se estava a passar. É mais poderoso encontrar alguém num determinado ambiente do que ver o desastre como um todo.

12 Jan 2024

Livro | Publicação relata propaganda do Estado Novo em Macau através do cinema

“Vento Leste – ‘Lusoorientalismo (s)’ nos filmes da ditadura” é o novo livro da académica Maria do Carmo Piçarra sobre a utilização do cinema pelo Estado Novo para propaganda nos antigos territórios ultramarinos a Oriente, nomeadamente a Índia portuguesa, Timor e Macau. Eis a história dos primeiros filmes que ilustravam o lado bom de Macau, face às películas internacionais que retratavam a região como uma terra de jogo, ópio e sexo

 

Acaba de ser editado em Portugal, com a chancela da Tinta da China, o livro “Vento Leste – ‘Lusoorientalismo (s)’ nos filmes da ditadura”, da autoria de Maria do Carmo Piçarra, que aborda a propaganda do regime do Estado Novo em Portugal, que vigorou entre 1933 e 1974, feita através do cinema nas antigas colónias portuguesas a Oriente, nomeadamente a Índia portuguesa (Goa, Damão e Diu), Macau e Timor.

Maria do Carmo Piçarra, estudiosa da história do cinema português, já com trabalhos publicados sobre o cinema usado como máquina de propaganda, relata nesta obra o caso concreto de Macau, tida como “uma cidade aberta ao cinema”, com “escassez e reactividade”. Revelam-se exemplos da produção portuguesa de filmes no território com maior ênfase a partir dos anos 50 e da preocupação do regime de Salazar em promover uma imagem de Macau “luso-tropical” em contraste com a “imagem do ‘inferno do jogo'” tão espelhada em filmes internacionais feitos à época, como Macao, realizado em 1952 por Josef von Sternberg.

Macau nunca foi uma terra de grande produção cinematográfica, ao contrário de Hong Kong. Mas desde cedo que se revelou como um território de exibições cinematográficas, tendo 12 salas de cinema, um número bastante elevado se considerarmos que Díli, por exemplo, tinha apenas uma.

“A produção de cinema no território é muito tardia e só acontece na década de 20 do século XX com Antunes Amor, que vai trabalhar para Macau no ensino e que chega a ser contemporâneo de Camilo Pessanha. Ainda na década de 20 há uma tentativa da parte da família de Tancredo Borges de produzir cinema e de registar a actualidade da cidade, mas acabou por não conseguir manter o exclusivo da produção cinematográfica que, a dada altura, tiveram”, conta Maria do Carmo Piçarra ao HM.

Depois dessas primeiras produções, dá-se um interregno sem produções cinematográficas em Macau até à década de 50. O fim da II Guerra Mundial, em 1945, e o surgimento do debate mundial sobre o colonialismo e a descolonização, numa altura em que Salazar tentava a todo o custo manter o império ultramarino português (com a Guerra Colonial a começar em 1961), obrigam o regime fascista português a repensar a sua propaganda. É então que se começa a recorrer ao cinema para contar o lado bom das colónias portuguesas a Oriente.

“Até à década de 50 não há registos de produção portuguesa de cinema, mas isso muda por causa da emergência da República Popular da China, e também porque são exibidos filmes internacionais em que Macau é projectada de uma maneira negativa, como uma cidade de jogo, de prostituição, de consumo de ópio, em que os funcionários portugueses eram preguiçosos”, adianta a académica.

O surgimento da China comunista traz “alguma tensão” relativamente a Macau, que era administrada por portugueses, mas Portugal não reconhecia o novo regime de Mao Tsé-tung, não mantendo relações diplomáticas com o país.

“Procurava-se mostrar que não havia problemas semelhantes aos que poderiam estar a acontecer na China comunista. Portugal vai conseguindo esgrimir a sua posição muito por causa disso. À China interessava ter Macau e Hong Kong como locais para exportar produtos chineses e para o Ocidente a existência desses territórios era importante, pois servia para manter a proximidade ao comunismo, que via com alguma desconfiança.”

Além disso, “relativamente a Timor, a independência da Indonésia dita que haja algumas subelevações, que não eram conhecidas na metrópole [em Portugal], e dá-se ainda, em 1961, a perda da Índia portuguesa. Isso faz com que o regime tenha de estar mais atento às colónias a Oriente e, progressivamente, passe a usar o cinema para mostrar essas colónias e afirmar a sua portugalidade”.

Maria do Carmo Piçarra descreve estes filmes de cariz mais documental como sendo “muito diferentes entre si, com uma narração que esbate essas diferenças”. “É curioso que há sempre essa imagem de cada colónia é sempre a província mais portuguesa do Oriente. Em relação a Macau não se diz tanto isso, mas em relação à Índia portuguesa e Timor diz-se sempre.”

O investimento de Pedro Lobo

Além dos filmes que relatam o lado de Macau onde o jogo, prostituição e consumo de ópio não aparecem, o regime de António de Oliveira Salazar preocupa-se em fazer filmes “científicos” com um foco sobretudo económico. A Agência Geral do Ultramar encomendava e financiava os filmes, mas na maioria houve poucos apoios financeiros das entidades locais.

O livro relata ainda que, no período do movimento “1,2,3”, a expressão da Revolução Cultural em Macau, que durou de Dezembro de 1966 aos primeiros meses de 1967, o motim nunca foi revelado em nenhum filme de propaganda portuguesa.

Uma das primeiras produções do Estado Novo sobre Macau data do início da década de 50 e é da autoria de Ricardo Malheiro, que acompanha o então ministro das Colónias, Sarmento Rodrigues, numa viagem ao Oriente português, devidamente documentada em filme.

Relata-se ainda no livro de Maria do Carmo Piçarra o caso do investimento feito em cinema por Pedro José Lobo, importante empresário e político de Macau, que presidiu ao Leal Senado e que chefiou os Serviços de Economia e Estatística Geral de Macau”. Pedro José Lobo fazia também composições musicais nas horas vagas, tendo estado ligado à criação da rádio Vila Verde.

Esta personalidade contratou o realizador Miguel Spiegel para fazer filmes sobre Macau, passando este a ser “o realizador radicado em Portugal que mais filmou o Oriente português”.

Maria do Carmo Piçarra descreve um dos filmes por si realizado, graças à encomenda de Pedro José Lobo, intitulado “Os Pescadores de Macau”, exibido na oitava edição do Festival de Cinema de Berlim.

“Existem várias versões desse filme, uma delas com composição musical de Pedro Lobo, tendo uma narração típica da propaganda portuguesa. Mostra uma outra Macau, com as pessoas que viviam às centenas em juncos e em barcos”, recorda a autora.

Projecção e imagem

Após concluir o doutoramento, também na área da história do cinema, Maria do Carmo Piçarra compreendeu que em Portugal “não se dava importância à relação com o chamado ‘Oriente Português'”, sendo esta uma designação criada a partir do século XIX para designar os territórios que, no século XX, se limitavam a Goa, Damão, Diu, Macau e Timor.

Assim, este livro “apresenta vários estudos relativos a cada um destes casos que são novos”, sendo influenciado pelo estudo anterior da autora, de como o Estado Novo usou o cinema para se representar e projectar.

De destacar que, logo a partir de 1933, e apesar do país estar a atravessar uma crise financeira, “a preocupação é mandar equipas para filmarem as colónias portuguesas para, de algum modo, projectar o regime português”. Depois, quando o cinema passa gradualmente de mudo para sonoro, começam a ser feitos novos filmes, com novas equipas enviadas para os territórios ultramarinos. “Depois da II Guerra Mundial houve um novo esforço para fazer documentários com um foco sobretudo económico”, conclui Maria do Carmo Piçarra.

11 Jan 2024

Cinemateca Paixão | Novo ano traz último filme de Wim Wenders

Com a primeira exibição a acontecer hoje, às 19h30, a Cinemateca Paixão traz ao público de Macau o novo filme do realizador alemão Wim Wenders. “Dias Perfeitos”, realizado no Japão e já aclamado pela crítica, faz parte do cartaz “Encantos de Janeiro”, que inclui ainda “May December”, com Natalie Portman e Julianne Moore

 

“Perfect Day”, de Lou Reed, é uma daquelas músicas que apetece ouvir vezes sem conta. É ela que dá o mote à banda sonora do novo filme de Wim Wenders, “Dias Perfeitos”, exibido hoje na Cinemateca Paixão às 19h30, e também este sábado às 19h.

O novo filme de Wim Wenders marca o regresso do realizador ao país depois de ter produzido, há cerca de 40 anos, o documentário de homenagem a Yausjiro Ozu. Esta é uma história que fala da beleza das coisas simples, contando com a participação do conhecido actor Koji Yakusho, que já participou em filmes como “Babel”, de Alejandro González Iñárritu, e que, com este papel, ganhou o prémio de Melhor Actor no Festival Internacional de Cinema de Cannes.

“Dias Perfeitos” gira em torno da vida de Hirayama, personagem de Koji Yakusho, um empregado de limpeza em casas de banho públicas que leva uma vida tranquila pautada pelo trabalho, apesar de sujo, e pelo desfrutar da sua colecção de música e livros. O filme leva-nos a descobrir as escolhas de vida deste japonês e as suas razões de ser.

O novo filme de Wim Wenders, autor de outros grandes filmes premiados, como “Paris, Texas”, integra o cartaz de Janeiro da Cinemateca Paixão, intitulado “Encantos de Janeiro”. Já com uma nova empresa gestora, o espaço dedicado aos amantes do cinema independente e de autor apresenta ainda um outro filme aclamado a nível internacional: “May December”, com as actrizes Natalie Portman e Julianne Moore.

Este filme retrata a história verídica de uma professora, Mary Kay Letourneau que, nos EUA, se apaixonou pelo seu aluno menor de idade, com apenas 13 anos, tendo com ele tido filhos e uma relação longa, não sem antes ser condenada pelas autoridades por envolvimento sexual com um menor. Este filme será exibido este sábado às 21h30 e na quinta-feira dia 18 às 19h30.

Outras histórias

“Anatomy of a Fall” é mais um dos filmes integrantes de “Encantos de Janeiro”, sendo exibido amanhã pela primeira vez às 19h30, repetindo no domingo às 21h e sábado, dia 20, às 18h30. Este filme da realizadora Justine Triet, venceu a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes no ano passado e conta a história de Sandra, uma escritora alemã, e do seu marido francês Samuel, que, juntamente com o seu filho Daniel de 11 anos, vivem numa cidade remota nos Alpes franceses. A morte de Samuel e o facto de Sandra ser considerada a principal suspeita do crime dá início a um processo de redescoberta sobre a relação que ambos mantinham.

“Evil Does Not Exist” é ainda outro dos filmem em cartaz em que o ideário japonês marca presença. Vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival de Cinema de Veneza no ano passado, a película de Ryusuke Hamaguchi conta a história de Takumi e a sua filha Hana, que vivem na aldeia de Mizubiki, perto de Tóquio, numa vida semelhante à de gerações anteriores, marcada pela modéstia, com ligação à natureza. Até que a ideia de edificar um projecto na aldeia muda para sempre a sua vida, pois põe em causa a preservação ambiental do local.

A primeira exibição de “Evil Does Not Exist” acontece esta sexta-feira às 21h30, seguindo-se exibições no domingo, quinta-feira, 18, quarta-feira, 24, e domingo, 28. A versão restaurada de “Cidade de Deus”, filme brasileiro de 2002, é exibida pela primeira vez na próxima quarta-feira, dia 17, e depois no sábado, dia 20.

O trabalho de Fernando Meirelles e Kátia Lund, que mudou a política de segurança pública no Brasil, esteve nomeado para vários Óscares da Academia e para um Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro no ano de estreia. Com este filme, o público pode conhecer de perto o perigoso mundo das favelas do Rio de Janeiro através da favela, ou bairro de lata, chamado “Cidade de Deus”, que foi crescendo a partir dos anos 60.

Do Vietname, chega-nos “Inside the Yellow Cocoon Shell”, cuja primeira exibição acontece no dia 23 de Janeiro. Este trabalho do realizador Thien An Pham explora o momento da morte da cunhada de Thien, que morreu num estranho acidente de mota em Saigão. Thien tem de levar o corpo da familiar, bem como o seu filho de cinco anos, Dao, sobrevivente do acidente, para a sua cidade natal no campo.

Thien começa a procurar o seu irmão mais velho, que desapareceu há anos, para lhe entregar Dao. Na estrada, Thien tem uma série de sonhos sublimes e encontros fascinantes que reacendem memórias reprimidas e desejos proibidos. No labirinto dessas buscas fantasmas, Thien luta com sua própria crise existencial sobre o que vale a pena viver. Este filme volta a ser exibido nos dias 27 e 31 de Janeiro.

10 Jan 2024

“Oppenheimer” e “Pobres Criaturas” vencem Globos de Ouro

Os filmes “Oppenheimer” de Christopher Nolan e “Pobres Criaturas” de Yorgos Lanthimos, foram os grandes vencedores da 81ª edição dos Globos de Ouro, entregues na madrugada de segunda-feira em Los Angeles. A cerimónia também fez história ao premiar Lily Gladstone por “Assassinos da Lua das Flores”, a primeira indígena a receber o Globo de Ouro de Melhor Actriz.

“Oppenheimer” triunfou ao receber cinco das principais estatuetas nas categorias de cinema. Foi considerado o Melhor Filme Dramático, deu a Christopher Nolan o globo de Melhor Realizador, levou Cillian Murphy a obter o prémio de Melhor Actor, deu a Robert Downey Jr. o de Melhor Actor Secundário e ainda consagrou o compositor Ludwig Göransson com a Melhor Banda Sonora.

“É uma incrível obra-prima”, declarou Robert Downey Jr., que venceu uma categoria onde também estavam nomeados Robert De Niro, Ryan Gosling, Willem Dafoe, Charles Melton e Mark Ruffalo. O actor sublinhou o facto de o filme, que conta a história do criador da bomba atómica, ter chegado aos mil milhões de dólares em receitas de bilheteira.

Para Christopher Nolan, foi a primeira vitória depois de seis nomeações. O realizador recordou que a única vez que tinha estado naquele palco foi para receber o Globo de Ouro póstumo atribuído a Heath Ledger, uma tarefa dolorosa. “Pensei que seria mais simples aceitar o prémio para mim”, afirmou, “mas aceito em nome de todos”, continuou, homenageando o trabalho de equipa que deu origem ao ‘blockbuster’ da Universal Pictures.

Barbie, a decepção

Na categoria de Melhor Filme Musical ou Comédia, o destaque foi “Pobres Criaturas”, e não “Barbie”, como muitos esperavam. O filme de Yorgos Lanthimos recebeu o Globo de Ouro de Melhor Filme e Emma Stone a estatueta de Melhor Actriz nesta categoria.

“Yorgos, estarei para sempre grata por nos termos conhecido”, disse Emma Stone ao receber o prémio. Este foi o quarto filme em que trabalharam juntos, havendo já um quinto em produção. “Interpretar a Bella foi inacreditável”, disse Emma Stone, sobre a sua personagem nada convencional Bella Baxter.

“Vejo isto como uma comédia romântica, no sentido em que a Bella se apaixona pela própria vida, em vez de por uma pessoa”, afirmou a atriz. “Ela aceita o bom e o mau na mesma medida. Tudo é importante”, considerou. Stone disse que esta personagem mudou a sua perspectiva sobre a vida e que permanece com ela até hoje.

O realizador Yorgos Lanthimosnnão só agradeceu aos actores e disse que Emma Stone “é a melhor” mas também aproveitou para dizer olá ao cantor Bruce Springsteen, que disse ser responsável por ter crescido como cresceu.

Com duas estatuetas, mas uma sensação de derrota ficou “Barbie”, o maior ‘blockbuster’ de 2023. O título da Warner Bros. tinha nove nomeações, mais que “Oppenheimer”, mas só conquistou a categoria de Melhor Canção — uma vitória de Billie Eilish e Finneas O’Connell por “What Was I Made For” — e pela novíssima categoria de conquista cinemática e de bilheteira.

Este novo prémio deu à actriz Margot Robbie e à realizadora Greta Gerwig a oportunidade de subirem ao palco e dizerem algumas palavras de agradecimento. “Fizemos este filme com amor. Obrigada por retribuírem”, disse Robbie. Destaque ainda para “Anatomia de uma Queda”, de Justine Triet, que venceu Melhor Argumento e Melhor Filme em Língua Estrangeira. “Maestro” de Bradley Cooper, uma grande aposta Netflix, saiu de mãos a abanar.

9 Jan 2024

Creative Macau | Carmen Lei apresenta novas obras esta quinta-feira

É inaugurada esta quinta-feira a nova exposição de Carmen Lei Ka Man. Patente na galeria da Creative Macau, esta mostra, intitulada “Narrativas Abstractas”, revela obras que fazem a junção entre a pintura e a poesia, a arte visual e a literatura

A galeria da Creative Macau inaugura, esta quinta-feira, a exposição da artista local Carmen Lei Ka Man, inaugurada “Narrativas Abstractas”, patente até ao dia 17 de Fevereiro. Trata-se, segundo um comunicado da Creative Macau, de uma exposição “que mistura perfeitamente os domínios da arte visual e da literatura”, contando com curadoria da própria artista.

Celebra-se ainda “a profunda ligação entre a literatura clássica e as pinturas abstractas, entrelaçando a beleza das palavras e a profundidade das emoções transmitidas pela arte abstracta”.

Desta forma, o público é convidado “a mergulhar num mundo hipnotizante de cores vibrantes, pinceladas intrincadas e formas evocativas”, sendo que cada quadro da colecção tem como nome uma citação literária, tratando-se de uma forma de a artista homenagear as “obras intemporais da literatura clássica”.

Além das pinturas, os poemas seleccionados por Carmen Lei Ka Man “fornecem uma narrativa lírica que complementa e melhora a experiência visual, permitindo que o público mergulhe numa viagem multissensorial de expressão artística”. Esta mostra, “ao fundir arte abstracta e poesia”, acaba por “transcender as fronteiras tradicionais, criando um espaço onde a imaginação e a interpretação fluem livremente”.

Carmen Lei Ka Man convida, assim, o público “a explorar a relação simbiótica entre arte e literatura, ecoando o profundo impacto que a literatura clássica tem na nossa consciência colectiva”. Celebra-se, em “Narrativas Abstractas” a criatividade, fazendo-se “um tributo ao poder das palavras e explorando as possibilidades ilimitadas que surgem quando a arte e a literatura se entrelaçam”.

Arte e ensino

Professora de inglês e uma apaixonada pela literatura inglesa, Carmen Lei Ka Man é mestre em Comunicação pela Universidade Baptista de Hong Kong, interessando-se não só pela escrita de poesia em inglês como pelo abstraccionismo na pintura. Já expôs fotografia em Hong Kong e enveredou pelo cinema experimental, através da realização de curtas-metragens.

Carmen Lei Ka Man já orientou os seus alunos a escreverem mais de uma centena de poemas em inglês, editados em livro. Realizou a sua primeira exposição individual de poesia e pintura no ano passado.

O comunicado da Creative Macau dá ainda conta de que a artista “gosta de explorar as relações entre o tempo, o espaço e as pessoas”, bem como da solidão, “mas não da impotência”. “Gosta de seguir a multidão, mas não gosta de ir com a corrente; gosta de aproveitar ao máximo o seu tempo – mesmo que seja um segundo -, mas não gosta de estar presa ao trabalho; sente-se confiante na luz, mas confiante na escuridão. O seu amor podia ser indulgente, mas ao mesmo tempo amava com desânimo. Os seus poemas e pinturas ilustram plenamente as contradições do seu amor e da sua vida”, pode ler-se.

9 Jan 2024

Fringe | IC aceita trabalhos para exposição até dia 12

Quem estiver interessado em apresentar trabalhos artísticos na “Exposição de Arte para Todos” pode submetê-los até esta sexta-feira junto do Instituto Cultural (IC). De frisar que esta mostra integra-se no cartaz da 22.ª edição do Festival Fringe da Cidade de Macau, que decorre entre os dias 17 e 28 deste mês, sendo que a “Exposição de Arte para Todos” estará patente ao público entre os dias 17 e 22 de Janeiro na antiga Fábrica de Panchões Iec Long e de 23 a 28 de Janeiro no Parque Urbano da Areia Preta, perto do Centro de Saúde.

O festival Fringe apresenta este ano um total de 17 espectáculos e uma série de actividades do Festival Extra. Esta exposição pretende dar resposta ao mote “Todos ao redor da Cidade, os nossos palcos, os nossos espectadores, os nossos artistas”. Além de poderem submeter os seus trabalhos junto do IC, os interessados podem ainda criar as suas obras artísticas nos dois locais de exposição. Segundo uma nota do IC, nos locais da exposição haverá “uma zona criativa para permitir que o público possa manifestar o seu potencial criativo de forma improvisada, promovendo a ideia de que todos podem ser artistas”.

Destaque ainda para a realização, nos dias 13 e 14 deste mês, de três sessões da iniciativa “Workshops Criativos para Todos”, nomeadamente o “Workshop Criativo de Plasticina para Crianças”, “Workshop Criativo de Carpintaria para Famílias” e o “Workshop Criativo de Electrónica”. Os trabalhos produzidos nos workshops podem ser expostos na “Exposição de Arte para Todos”.

8 Jan 2024

Fotografia | “Somos!” inaugura sexta-feira nova exposição

Francisco Ricarte é o curador da nova exposição de fotografia da “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa”, que será inaugurada esta sexta-feira. “Somos Imagens da Lusofonia 2022 – Na Solidão dos Dias” é o nome da mostra patente na Casa Garden que nasce de um concurso organizado pela associação

A “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP) inaugura esta sexta-feira, 12, a partir das 18h30, a exposição “Somos Imagens da Lusofonia 2022 – Na Solidão dos Dias”, que estará patente até ao dia 28 deste mês na Casa Garden.

A mostra conta com curadoria do arquitecto Francisco Ricarte, apresentando as fotografias vencedoras do concurso lançado em Julho do ano passado, assim como as menções honrosas e outras imagens que o júri considerou relevantes por promoverem a comunicação em língua portuguesa e a disseminação das tradições e características lusófonas.

A quarta edição deste concurso de fotografia, organizado anualmente pela “Somos!”, teve como mote “uma autorreflexão fotográfica sobre a solidão vivida nos dias de restrições impostas globalmente pelas autoridades sanitárias, medidas que causaram medo, solidão e deixaram-nos órfãos de afectos”, esclarece a associação em comunicado. Assim, as imagens seleccionadas “transbordam o que sentiram as comunidades dos países de língua portuguesa e de Macau nesse período”, pretendendo-se agora, “com o devido distanciamento, dar uma visão de como se vai fechando esse ciclo de solidão”.

Dos vencedores

O brasileiro Raphael Alves foi o grande vencedor do concurso com a fotografia intitulada “Insulae”, arrecadando, desta forma, o primeiro prémio, no valor de dez mil patacas. A imagem foi captada num cemitério em Manaus, no Brasil. Na memória descritiva, Raphael Alves refere que a fotografia retrata as desigualdades socioeconómicas e a “falta de políticas para a região mostraram a fragilidade do maior estado brasileiro, o Amazonas”. “Durante a pandemia de covid-19, apenas três familiares de cada vítima podiam comparecer aos enterros nos cemitérios de Manaus. Uma morte isolada”, acrescentou.

O segundo prémio, no valor de cinco mil patacas, foi atribuído ao português Jorge Meira, que apresentou a fotografia “Safe Distance”, tirada em Julho de 2020 em Vila Praia de Âncora, depois do plano de desconfinamento do Governo português que previa um distanciamento de 1,5 metros entre veraneantes. “Alguns fizeram marcações na areia para garantirem o cumprimento das medidas governamentais.

Por sua vez, Dário Paraíso arrecadou o terceiro prémio, de 3.500 patacas, com uma imagem de São Tomé, captada no Mercado de Bobo Forro em 2020. A “Espera”, descreve a paragem no tempo há muito conhecida de São-Tomé e Príncipe que “após a sua independência, as estruturas físicas e matérias pararam no tempo de mãos dadas com as estruturas imateriais (…) Aqui já se sabia o seu significado. Isolamento. Insularidade. Distâncias. Separação.”

Outras distinções

Este ano foram também atribuídas três menções honrosas, nomeadamente a Bruno Taveira com a fotografia “Em busca do essencial”, que retrata uma fila de pessoas na busca incessante de bens alimentares, de primeira necessidade, nos supermercados no Concelho de Cascais, logo após o Governo português decretar o estado de emergência.

Por sua vez, Rodrigo Cabrita foi distinguido com “Solidão Colectiva”, uma imagem descritiva do dia-a-dia da sua própria família, o “eu” inserido numa espécie de solidão colectiva, esbatida pelas ,tecnologias. Já o moçambicano Marcos Júnior destacou-se com a fotografia “Distância”, onde o fotógrafo refere nunca ter imaginado que uma doença pudesse impedir os afectos, sobretudo de alguém que saiu do seu ventre.

O concurso fotográfico foi aberto a todos os cidadãos dos países e regiões da Lusofonia e residentes de Macau, com fotografias tiradas em qualquer um destes locais: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste ou Goa, Damão e Diu.

O painel de jurados foi composto por um grupo de fotojornalistas de Macau, Brasil e Portugal, designadamente Gonçalo Lobo Pinheiro, presidente do júri e representante da Somos – ACLP, Rui Miguel Pedrosa; Francisco Ricarte; Marcio Pimenta e Henry Milleo.

8 Jan 2024

Óbito | Morreu o fotógrafo que captou a intimidade de John Lennon e Yoko Ono

O fotógrafo japonês Kishin Shinoyama, conhecido pelas imagens do músico John Lennon e da sua mulher, Yoko Ono, entre outras personalidades, morreu na quinta-feira, aos 83 anos, informaram na sexta-feira os meios de comunicação social do seu país.

Nascido em Tóquio, Japão, em Dezembro de 1940, Shinoyama estudou fotografia na Faculdade de Artes da Universidade do Japão e, pouco depois, entrou para uma agência de publicidade, antes de iniciar uma carreira como ‘freelancer’. O seu trabalho mais marcante encontra-se nas icónicas fotografias do casal John Lennon e Yoko Ono, que mais tarde foram utilizadas nos seus álbuns “Double Fantasy” e “Milk and Honey”.

Também se destacou com as fotografias da cantora japonesa Saori Minami, com quem viria a casar-se em 1979, e de quem teve um filho. Publicou um livro de nus da actriz Rie Miyazawa, em 1991, e cunhou o conceito de “nu capilar”, que alcançou grande fama na altura, realçando a importância do cabelo nas fotografias.

A época mais polémica da sua carreira aconteceu quando Shinoyama publicou numerosos livros de raparigas menores de idade sem roupa e em poses ou situações de sedução. Em 2009, a sua casa e escritório foram revistados por suspeita de indecência pública, depois de ter fotografado mulheres nuas nas ruas de Tóquio.

Em 26 de Maio de 2010, um tribunal de Tóquio considerou Shinoyama culpado de indecência pública e de profanação de um local de culto por fotografar no cemitério de Aoyama, e multou-o em 300 mil ienes (cerca de 1.900 euros).

7 Jan 2024

Marionetas |”A Lagartinha Muito Comilona” no CCM em Fevereiro

O pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) recebe nos dias 3 e 4 de Fevereiro o espectáculo infantil de marionetas “A Lagartinha Muito Comilona”, uma peça inspirada num dos livros infantis mais populares de todos os tempos da autoria de Eric Carle.

“A Lagartinha Muito Comilona” consiste “num desfile de mais de 70 marionetas, todas elas personagens imaginadas pelo ilustrador americano ao longo de uma carreira que durou mais de meio século”, descreve o Instituto Cultural (IC), em comunicado.

O livro que lançou Carle vendeu mais de 50 milhões de cópias e foi criado com uma mistura de colagens em papel e desenhos, técnica que também utilizou para produzir êxitos de vendas como “Urso Castanho”, “Urso Castanho, o que vês aqui?”, “10 Patinhos de Borracha” ou “Um Pirilampo Muito Solitário”.

Levando todas estas personagens das páginas de papel para o palco, esta história de marionetas para crianças a partir dos dois anos foi criada pelo conhecido produtor australiano e americano Jonathan Rockefeller e é agora produzida por uma companhia sediada em Xangai. “A Lagartinha Muito Comilona” sobe aos palcos com legendas em chinês, sendo um espectáculo apresentado em inglês. Os bilhetes começam a ser vendidos no domingo, 7.

5 Jan 2024

FRC | Cristina Vinhas expõe novas peças de joalharia

“Quando o Ocidente Encontra o Oriente” é o nome da nova exposição patente na Fundação Rui Cunha (FRC) em que o trabalho da joalheira Cristina Vinhas é protagonista. Trata-se de uma mostra com novas peças de joalharia da profissional ligada à Casa de Portugal em Macau, inspiradas no elemento madeira

 

A Fundação Rui Cunha apresenta na próxima terça-feira, 9, a partir das 18h30, a exposição de joalharia “When West Meets East” [Quando o Ocidente Encontra o Oriente], da autoria de Cristina Vinhas, joalheira que já realizou diversas exposições em Macau e que é ainda monitora de alguns cursos na Casa de Portugal.

Esta mostra reúne trabalhos da artista inspirados na madeira, um dos cinco elementos da natureza, criados a partir de texturas e formas orgânicas como troncos e pedaços de madeira reclamada ao mar, aqui reutilizados e fundidos com metais nobres que ganham novo significado criativo.

Exibe-se, assim, uma colecção de 12 peças de joalharia em madeira e prata. O conjunto inclui colares, pulseiras, pregadeiras e outros objectos de adorno, cujas formas remetem para imagens livres da natureza, como as montanhas, rios, cascatas, estuários, penhascos e outras referências das terras do Oriente, que têm sido fonte de inspiração para a obra da artista na última década e meia.

Influência chinesa

Citada por um comunicado da FRC, Cristina Vinhas entende que esta exposição “reflecte a marcante influência da cultura chinesa” no seu trabalho. “A representação da paisagem, dos elementos da natureza, continua a ser a minha grande fonte de inspiração, onde vou carregar e revitalizar energias. A influência da natureza, de uma energia masculina por ela emanada que atrai e transforma. Ou o deslumbre representado através do uso da madeira e da prata, e a forma como interpreto essa natureza, combinado com a energia feminina proveniente do instrumento de corda chinês, Erhu, pelo músico Lio Un, é o que proponho visitar”, disse ainda.

A artista fez estas peças depois de realizar uma viagem às montanhas de Lushan, na província de Jiujiang, em Outubro. Destaque ainda para o facto de a inauguração contar com uma pequena apresentação de música tradicional chinesa.

Cristina Vinhas é uma joalheira profissional nascida em Vila do Conde, Portugal. Iniciou a sua carreira em 2003, após terminar o curso no CINDOR – Centro de Formação Profissional da Indústria do Ouro e da Relojoaria. Em 2007 mudou-se para Macau e tornou-se formadora e coordenadora das oficinas de joalharia na Casa de Portugal em Macau, que tem apoiado a artista na cedência do atelier para a execução das suas obras de arte. Em paralelo, tem continuado a desenhar e a criar colecções próprias para a indústria portuguesa de joalharia. Além de inúmeras exposições individuais e colectivas, a artista participa regularmente em feiras e festividades para as comunidades locais, onde aproveita a oportunidade para contactar com o público. As suas obras encontram-se também, desde 2010, à venda na loja do Museu de Arte de Macau. A mostra vai estar aberta ao público até ao dia 20 de Janeiro.

5 Jan 2024

Número de visitantes do Louvre no nível pré-pandemia e Prado bate recordes

O Museu do Louvre, em Paris, regressou em 2023 a um nível próximo do pré-covid, com 8,9 milhões de visitantes, enquanto o Museu do Prado, em Madrid, bateu o seu próprio recorde, com 3,2 milhões de entradas. Com este número, o Louvre, o museu mais visitado do mundo, regressou a um nível próximo do de 2019, antes da crise sanitária, indicou na quarta-feira aquela entidade à AFP.

“Este aumento de 14% no número de visitantes em relação a 2022 (7,8 milhões de visitantes) está próximo do nível pré-pandémico” de 2019 (9,6 milhões de visitantes)”, precisou o museu. No entanto, o maior museu do mundo disse que “não estava a contar com um número recorde de visitantes como no passado – em 2018 recebeu 10,2 milhões de visitantes – porque decidiu manter uma capacidade diária de 30.000 visitantes”, a fim de garantir “melhores condições de recepção e visita” ao público.

“Esta capacidade diária será mantida durante os Jogos Olímpicos (de 26 de Julho a 11 de Agosto)”, apesar do afluxo esperado de visitantes de todo o mundo à capital francesa, acrescentou o museu.

Chineses marcam presença

Em 2023 o Louvre recebeu 32% de visitantes franceses e 68% de visitantes estrangeiros, incluindo 13% de americanos e muitos europeus de países vizinhos (7% de Itália, 5% do Reino Unido e da Alemanha, 4% de Espanha).
Os visitantes asiáticos (Japão, Coreia, China) representaram apenas 2,5% do total, ao passo que, em 2018, só os visitantes chineses representaram 8%.

Segundo o sector do turismo e as autoridades francesas, esta redução do número dos turistas chineses explica-se por uma “retoma muito gradual das ligações aéreas” com a China e por “dificuldades na emissão de vistos”, segundo a AFP.

Em Espanha, muitos dos museus nacionais e privados bateram recordes de entradas em 2023, nomeadamente o Museu Nacional do Prado, em Madrid, que recebeu 3.209.285 visitantes, um número que supera o alcançado em 2019, quando celebrou o seu bicentenário.

Por sua vez, outro dos mais visitados na capital espanhola – o Museu Rainha Sofia – recebeu 2.530.560 visitantes em 2023, dos quais 1.409.113 no edifício principal, o que representa um aumento de 20% em relação a 2022.
Por seu turno, o Património Nacional, que gere palácios mosteiros e espaços verdes em seis comunidades autónomas do país, anunciou terem sido ultrapassados os seus dados históricos, com mais de seis milhões de visitantes, segundo a agência EFE.

A entidade registou 6.370.770 entradas, sendo os monumentos mais visitados o Palácio Real (1.421.428), o Mosteiro de San Lorenzo de El Escorial (445.166) e, com apenas meio ano de existência, a Real Galeria de Coleções, que ocupa o terceiro lugar, com 336.058 entradas.

O Museu Nacional Thyssen-Bornemisza anunciou também esta semana que, pelo sétimo ano consecutivo, recebeu mais de um milhão de visitantes (1.012.660 entradas).

Do seu lado, o Museu Guggenheim de Bilbau anunciou ter vivido o “melhor ano da sua história” graças aos 1.324.221 visitantes recebidos (mais 35.074 que em 2022). O Guggenheim indicou ter recuperado o nível de visitantes estrangeiros anterior à pandemia, que ascendem a 60% do total geral (mais 10% do que em 2022).

4 Jan 2024

História | Jornalista João Botas descobre diário inédito com cerca de 200 anos

O jornalista João Botas, autor de diversas obras sobre a história de Macau, diz ter descoberto um diário de uma norte-americana, esposa de um comerciante que vinha a Macau e à China com frequência. O acesso a uma versão dactilografada, com muitos anos, permite descobrir relatos de uma época em que o comércio fervilhava no sul da China

 

Chamava-se Sarah, acompanhou o marido, comerciante, nas inúmeras viagens que realizou para fazer negócios em Cantão e deixou um diário que hoje tem cerca de 200 anos. O jornalista João Botas, autor de diversos livros sobre a história de Macau, diz ter descoberto uma versão muito antiga, dactilografada, do documento, graças às constantes pesquisas que realiza para o blogue Macau Antigo. Trata-se, no relato que fez ao HM, de “um diário inédito”, sendo que, até à data, “se desconhece o paradeiro do documento original”.

“Depois de múltiplas verificações posso garantir que se trata de um relato verídico”, conta João Botas, que chegou ao contacto com descendentes de Sarah e do marido que não querem dar o nome. O jornalista espera vir a poder publicar este diário que se revela muito semelhante a tantos outros escritos deixados por estrangeiros, incluindo esposas de comerciantes franceses, ingleses ou americanos que passaram por Macau, graças ao comércio que se praticava na altura com a China.

João Botas diz mesmo que o diário de Sarah se revela semelhante aos escritos já divulgados e estudados de Rebecca Kinsman e Harriet Low, datados das primeiras décadas do século XIX, “mas com informação mais rica a vários níveis”.

Segundo o autor do blogue, este diário “foi escrito com o objectivo de ocupar os tempos livres”, pois o marido de Sarah “passava muito tempo em Cantão”. “Esta não era a primeira vez que viajava até Macau, mas foi a primeira vez que decidiu escrever um diário. Ao todo a viagem, ida e volta, durou 317 dias! Quase um ano. Só em navegação passaram cerca de 200 dias, ida e volta.”

“A estadia em Macau é de cerca de um mês, período em que, além dos passeios diários, eram frequentes as visitas às residências de outros estrangeiros, para beber chá, conversar, ouvir alguém tocar piano ou para participar em jantares mais formais.”

Sarah gostava ainda de ler, referindo, nas páginas do diário, “inúmeros livros, obras históricas de referência sobre a Ásia, o Japão ou a Índia”.

Negócios florescentes

A época a que se remete o diário passa pelos anos em que a Companhia Britânica das Índias Orientais deixou de ter o exclusivo do comércio com a China e outras nações começaram a ter negócios no país, usando Macau como ponto de ligação. Era também a época dos cules, trabalhadores pouco qualificados da China que eram transportados quase como escravos para trabalhar na agricultura em diversos pontos do globo.

“A linguagem utilizada [no diário] é simples, mas o elevado número de pessoas mencionado obriga a muita pesquisa de contextualização, nomeadamente, sobre quem eram e o que faziam naquela época. É o que estou a fazer nesta altura, e está quase pronto”, relata João Botas, que diz estar em conversações com entidades públicas de Macau para a edição do livro.

Os escritos de Sarah permitem-nos “viajar até à Macau de meados do século XIX, com muitas descrições de espaços, ruas e edifícios, permitindo fazer o retrato da comunidade de estrangeiros ocidentais que viviam no território, que eram poucas dezenas” numa população que, à data, não tinha mais do que 35 mil pessoas, a maioria chineses, e com apenas 4.500 portugueses e macaenses.

“Como os estrangeiros ocidentais não podiam comprar propriedades no território, arrendavam casas aos portugueses e macaenses mais abastados. Esta era uma importante fonte de rendimentos numa altura em que já se fazia sentir algum declínio na actividade comercial fruto do surgimento de Hong Kong em 1842”, explica o jornalista.

Passear na rua

Sarah escreveu sobre os passeios que realizou em Macau, um deles bem perto da fortaleza do Bom Parto, no sopé da Colina da Penha. “Desde que aqui cheguei tenho-me divertido muito. Todos os dias, às cinco e meia, saímos para passear. (…). À tarde fomos todos para a baía do Bispo*, um lugar lindo, com praia para caminhar e muitas conchas. (…) No domingo fui com eles à igreja. Confundimos a hora e só chegamos lá mais de meia hora depois do início do culto. O regresso da igreja para casa foi encantador já passava um pouco das seis da tarde. Esta cidade de Macau é um local encantador, repleto de cenários pitorescos. (…)”, lê-se, segundo tradução feita pelo próprio João Botas de um excerto do diário.
Sarah descreve ainda um outro passeio, feito numa segunda-feira, quando jantaram e tomaram chá “na casa da Sra. Nye”.

“(…) Levei a minha cadeira até à Praia porque as ruas são estreitas demais para uma carruagem. Fizemos um passeio bastante longo e agradável, conhecemos vários grupos que andavam a cavalo e duas ou três outras carruagens. (…)”, escreveu ainda a americana.

Não falta ainda um relato da Casa Garden, onde hoje funciona a sede da Fundação Oriente (FO), e a Gruta de Camões. “À tarde visitamos a Casa Garden. É de facto um local encantador – abundância de belas árvores que sombreiam os belos passeios sinuosos e é constante o encontro com imensas rochas, por vezes isoladas, outras vezes empilhadas umas sobre as outras. A gruta de Camões, poeta português, é um local de grande atracção. É um sítio curioso, composto por três rochas imensas – duas em pé, a vários metros de distância uma da outra, a terceira repousando imediatamente sobre a abertura, formando uma divisão fresca e protegida, aberta em cada extremidade. (…)” À data, a Casa Garden pertencia ao comendador Lourenço Marques que a arrendava aos comerciantes estrangeiros.

A americana descreve ainda no diário o ambiente de Cantão, cidade do sul da China. “Chegamos a Cantão por volta das cinco da manhã. (…) Depressa desembarcamos e fomos até à residência dos Parker. (…) Passamos três dias e três noites muito agradáveis na casa do médico. Saí para fazer compras em Cantão, mas apenas uma vez e fui com a Sra. Parker. Estas compras perderam para mim muito da novidade. Este ano foi muito desagradável por causa das multidões nas ruas que se preparavam para duas das suas festas religiosas – o ‘Festival das Lanternas’ e uma outra, de que não me lembro o nome, embora a tenha testemunhado no ano passado, quando estive em Cantão. (…)”

Segundo João Botas, a referência feita a Parker remete para Peter Parker, nascido em 1804 e falecido em 1888, médico e missionário dos EUA. Este chegou à China em 1834 onde deu a conhecer pela primeira vez as técnicas da medicina ocidental, incluindo a anestesia. Em 1838 criou um hospital ligado à oftamologia em Macau, onde viveu durante algum tempo.

Por sua vez, Harriet Colby Webster Parker era esposa de Peter Parker, tendo sido a primeira mulher ocidental a viver na China.

4 Jan 2024

“Perestroika”, de João Cerqueira, premiado pela Historical Fiction Company

O livro “Perestroika: olho por olho, dente por dente”, do escritor português João Cerqueira, foi premiado pela Historical Fiction Company (HFC), projecto internacional que promove a ficção histórica em língua inglesa, anunciou o autor na segunda-feira.

O romance, editado em 2022 em Portugal pela Alêtheia Editores, conquistou a medalha de ouro de Livro do Ano na categoria Europa, deste prémio, entre as 12 categorias a concurso para o ano 2023. De acordo com a página ´online´ do HFC, “Perestroika: olho por olho, dente por dente” venceu o primeiro prémio, seguido de “The Road to Canossa”, de Lara Byrne, que venceu a medalha de prata, e o bronze foi para “A Dangerous Woman”, de Josie Wilson.

Os vencedores das 12 categorias ficam automaticamente nomeados para o Overall Grand Prize, no valor de mil dólares. O romance “Perestroika: olho por olho, dente por dente” já tinha sido distinguido com a Medalha de Bronze no Latino Book Awards e foi finalista do Eyeland Awards, e do Fiction Factory 2021.

Em Novembro deste ano, João Cerqueira, autor de nove livros, foi nomeado para o Pushcart Prize 2023, pelo conto “The Bottle of Milk”, candidatando-se a ser seleccionado para a prestigiada antologia norte-americana de editores independentes – editada pela prestigiada Pushcart Press – publicada desde 1976 com o “melhor da pequena imprensa”.

“The Bottle of Milk” – excerto adaptado do seu romance “Perestroika: olho por olho, dente por dente” – foi nomeado pela editora independente Great Weather of Media, que se dedica à poesia e prosa “imprevisível e experimental”.

Formação em História

João Cerqueira tem várias obras publicadas em Portugal, a mais recente das quais foi editada este ano, um romance inspirado em José Saramago, Vergílio Ferreira e Mário de Carvalho, e intitulado “O Pacto com o Diabo”. Com o romance “A Segunda Vinda de Cristo à Terra” venceu o Indie Reader Awards em 2020.

João Cerqueira é doutorado em História da Arte e a sua obra está publicada em Espanha, em Itália, na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Argentina e no Brasil.

3 Jan 2024

IC | Nova edição do festival Fringe de Macau arranca dia 17

São 17 programas de teatro, dança e música para o público desfrutar entre os dias 17 e 28 deste mês. O evento de cariz internacional, organizado em Macau pelo Instituto Cultural, e caracterizado este ano como um “parque de diversões artístico”, conta nesta 22.ª edição com um “Festival Extra”

O Festival Fringe de Macau, que oferece teatro, dança e música, conta na próxima edição com 17 programas e uma série de actividades de extensão, e quer levar o público a um “parque de diversões artístico”.

“Dedicado a criar um parque artístico com novas e divertidas produções e actividades para a comunidade, o evento apresentará 17 programas fascinantes e uma série de actividades do Festival Extra, levando o público a um parque de diversões novo, bizarro e divertido para encontrar a felicidade mais simples e directa”, lê-se num comunicado do Instituto Cultural (IC).

Entre os programas desta 22.ª edição do festival, que decorre entre 17 e 28 de Janeiro, está o espectáculo imersivo e interactivo de dança “25 Pés”, apresentado pela companhia The100hands, dos Países Baixos, e um par de bailarinos da More Production, de Xangai, levando “o público a explorar as influências de diferentes distâncias na relação interpessoal dentro de um quadrado com apenas 25 pés de lado”, lê-se no comunicado do IC.

Já “work.txt” é outro programa interactivo conduzido pelo público, criado pelo britânico Nathan Ellis e pela More Production, que transporta os espectadores “para um escritório sem restrições”.

O “concerto ao vivo: o gradiente de azul”, de “Kawo e os seus amigos músicos” explora, por sua vez, expressões artísticas musicais com actuações de vídeo e música inspiradas em quatro tons de azul.

Logo no primeiro dia do Fringe acontece o espectáculo de teatro, música e multimédia “Adeus e Até Breve”, de Lei Sam I. A descrição do mesmo remete para a relação com Taro, um gato vadio. “A vida é um caminho feito de encontros. Uma vez, no Natal, por um capricho do destino, conheci um gato vadio chamado Taro. Através da minha voz interior, gostaria de partilhar a nossa história com o público. Os animais de estimação têm uma vida curta e nós somos o mundo aos seus olhos”, lê-se.

IA como tema

Ainda de acordo com a nota do IC, “Olá, Bem-vindo, Adeus!”, de Cheang Hio Lam e Stanley Ma, apresenta “dois novos módulos de diálogo de IA [inteligência artificial], para simular conversas ao vivo entre cabeleireiros e clientes, mostrando um diálogo entre tecnologia e emoção”.

Com o lema “todos ao redor da cidade, os nossos palcos, os nossos espectadores, os nossos artistas”, acrescenta o IC, o Fringe volta nesta edição a incentivar a participação dos mais velhos.

No dia 21, domingo, está programado o espectáculo “Viagem à Porta de Casa” da Associação de Dança Ieng Chi. No Jardim da Flora, em duas sessões às 11h e às 15h, apresenta-se um espectáculo de dança e narração-áudio inspirado em “Excursões”, uma colectânea de textos da autoria de Henry David Thoreau.

Trata-se de uma iniciativa cultural que chama a atenção para o período da pandemia e para a “importância dos espaços verdes urbanos”. Assim, “guiado por narradores, o público passeará pelo Jardim da Flora, seguindo os passos das bailarinas para visitar a grande árvore sem nome juntamente com as memórias de um ‘velho amigo’ que há muito não vemos”.

Outro espectáculo que integra o cartaz do Fringe, é “Corpo-Específico!”, de yuenjie MARU, de Hong Kong e Centro Lustroso da Caritas Macau, que decorre nos dias 22 e 23 na Casa Garden. Trata-se de um espectáculo de dança em que “vários artistas, com características físicas únicas, irão realizar sequências de dança distintas”, com direcção de yuenjie MARU, um artista inclusivo de Hong Kong, que recorre ao método Danceability e elementos de dança simbiótica para esta produção. Os bailarinos pertencem ao Centro Lustroso da Caritas de Macau, criando e executando uma dança que inclui “uma abordagem pessoal das suas peculiares características físicas”.

Destaque ainda, para o Festival VeterARTES, da série “Crème de la Fringe”, com curadoria de Stella Ho, pretende “melhorar a compreensão e a comunicação entre diferentes gerações através de trabalhos criativos e de actuações artísticas”.

Este ano, o Fringe continua a levar a arte até aos bairros da cidade. Em “Teatro do Tribunal: Lei de Terras”, levado a palco pelo “The Funny Old Tree Theatre Ensemble”, o público é “convocado para integrar o júri e proferir um veredicto objectivo e razoável no Miradouro da Taipa Grande”.

Outro momento que aproxima fisicamente artistas e público, é o espetáculo de dança “Viagem à Porta de Casa”, em que a Associação Ieng Chi guia os presentes num passeio pelo jardim da Flora, “numa excursão mental” em que se seguem os passos das bailarinas.

3 Jan 2024

Banda portuguesa UHF celebra 45 anos de existência

“O rock nasceu em Almada”. Foi com este mote provocatório, ao seu estilo, que a banda portuguesa UHF arrancou as celebrações dos 45 anos de carreira no dia 18 de Novembro com um concerto e a bilheteira esgotada numa hora, dias depois de terem editado o novo álbum “Novas Canções de Bem Dizer”.

Em 1978, a banda de Almada, que hoje tem apenas António Manuel Ribeiro como único elemento da formação inicial, tinha dado nesse mesmo dia o seu primeiro concerto em Lisboa, na discoteca Brown’s.

Em entrevista à agência Lusa, António Manuel Ribeiro conta um pouco da história da banda, de como começaram a juntar-se no café Central em Almada ainda com o nome “À Flor da Pele” que acabou por ser abandonado porque alguém disse que “era psicadélico e já não se usava”, mas mesmo assim permaneceu na sua história, tornando-se o título do primeiro álbum do grupo.

“O que trouxemos à música pop rock pós-25 de Abril foi a capacidade de construir uma carreira sem saber que estávamos a construir uma carreira”, disse o músico, confidenciando que nunca pensou que chegaria aos 45 dias quanto mais aos 45 anos de carreira.

Almada começa a fervilhar em termos musicais por essa altura, recorda. Os jovens encontravam-se no café Central, após as aulas, e foi assim que alguns músicos se foram conhecendo. A banda formou-se desta forma espontânea e um dia foram tocar a Lisboa, ficando conhecida pela banda misteriosa porque tocava e desaparecia.

“Para nós era pragmatismo puro. Ninguém tinha carro, íamos de transportes, tínhamos de sair cedo porque se não chegássemos a horas ao barco em Lisboa, ficávamos a dormir ao relento. Saíamos porque tínhamos de apanhar o metro e o barco para este lado do rio”, explica, sorrindo.

O primeiro êxito

“Cavalos de Corrida” é o primeiro ‘single’ e a segunda gravação da banda, um tema que nasceu numa capela abandonada na Torre da Marinha, no Seixal, onde ensaiavam, e que atingiu nos primeiros meses de 1980 a liderança do top nacional de vendas, tornando-se no primeiro ‘single’ de rock português a receber um disco de prata.

Depois deste sucesso inicia-se um processo conturbado na relação com editoras. Hoje a banda tem uma discográfica própria. “Em 82, quando decidimos sair da Valentim, rompemos contrato, fomos transferidos de uma editora para outra através de pagamento de ‘luvas’ e entrámos numa editora que não existe neste momento e ainda bem. Vendíamos bem, mas nunca soubemos o que vendemos. Mais tarde saímos e entrámos [noutra] editora portuguesa, onde voltámos a ser enganados”, disse.

O que aconteceu com os UHF, afirmou, também aconteceu com outros músicos.

“Em 89 lançámos um maxi single ‘Hesitar’ que foi considerado o que mais vendeu em Portugal. Sabe quanto nos pagaram? Não chegou aos 1.700 exemplares. O estranho é que chegava a Bragança e as pessoas conheciam a canção e não seria só um fenómeno de rádio, era também de vendas”.

Face a estes contratempos, diz António Manuel Ribeiro, o que manteve os UHF foi a determinação de saber exactamente para onde ia e o que queria, caso contrário teria acabado como muitos grupos que desapareceram ao longo dos tempos.

“Há uma coisa que costumo dizer aos músicos novos: Em Portugal para se ser artista é preciso 50 por cento de inspiração e 50 por cento de organização. Se não houver essa capacidade de organizar isto desmorona”, revelou.

Fãs até hoje

António Manuel Ribeiro é peremptório em afirmar que se os UHF têm hoje fãs, um grupo consistente que os segue de norte a sul do país, é porque escreveram e escrevem boas e interessantes canções: “Sem canções e sem as pessoas que gostam das canções não havia hipótese”.

E as canções dos UHF contam histórias, assumem uma posição em relação a alguns temas da atualidade nacional e internacional como é o caso de “Sarajevo”, “Vernáculo”, “Ucrânia livre” e “O Indigente”, este último do novo álbum “Novas Canções de Bem Dizer”, tudo canções repletas de mensagens à maneira da música de intervenção inspirada em José Afonso e em tantos outros músicos da época.

“É a minha escola sabe, a do José Afonso. A censura portuguesa no tempo da nossa ditadura ajudou a criar a melhor poesia cantada do mundo”, defende a inconfundível voz da banda composta também por Antonio Côrte Real (guitarra), Ivan Cristiano (bateria e coros) e Nuno Correia (baixo).

Celebrar uma carreira de 45 anos é celebrar todo este legado musical e poético de que António Manuel Ribeiro fala com orgulho. “Acho que temos direito a celebrar com os nossos o que fizemos e trouxemos à música portuguesa”, vincou.

29 Dez 2023

Concerto | Lia Sophia traz sons da Amazónia na passagem de ano

Pela primeira vez em Macau e na China, a cantora brasileira Lia Sophia traz ao território um “show especial” na noite de passagem de ano junto à Torre de Macau. Conhecida por cantar o carimbó, género musical típico da região da Amazónia, povoado por influências africanas, Lia Sophia promete apresentar um concerto que homenageia essa região brasileira em risco de deflorestação

Tudo começou por acaso, porque, na verdade, Lia Sophia queria ser psicóloga. Mas o facto de estar ligada à música desde cedo e a necessidade de ganhar dinheiro fê-la começar a tocar em bares, e daí até construir uma carreira musical foi um passo. A artista brasileira, conhecida por cantar géneros musicais brasileiros tão diversos, assume-se como a mensageira das sonoridades do Carimbó, um estilo nascido na floresta da Amazónia, zona em risco de extinção pela intensa desflorestação de que tem sido vítima nos últimos anos.

Desta forma, o concerto de Lia Sophia em Macau, agendado para a noite de passagem de ano entre as 22h e as 00h10, junto à Torre de Macau, na praça do Lago Sai Van, promete chamar a atenção para a musicalidade tão própria dos povos indígenas que habitam este lugar.

“Esta é a primeira vez que actuo em Macau e fico muito feliz. Estou muito empolgada por poder levar um pouco da música que fazemos na Amazónia, com todas as referências afro, sobretudo neste momento em que se fala tanto da Amazónia e da preservação da floresta, e também dos povos indígenas que vivem neste lugar”, contou ao HM.

Lia Sophia diz ter preparado um “show especial” para Macau. “Vai ser um momento muito especial e levo comigo uma história, referências importantíssimas destes povos na música. Levo referências ao nível da repercussão, tendo escolhido músicas do meu repertório para que o povo de Macau entenda de onde eu venho.”

A cantora brasileira, que ficou surpreendida ao saber que no território persiste uma pequena comunidade brasileira, disse ainda que “Macau vai ser um momento especial” na sua carreira.

“Fico feliz em saber que existe essa semelhança, pois parte da população fala português. Vai ser bom demais encontrar compatriotas.”

Mescla de ritmos

Lia Sophia lançou o primeiro disco em 2005, “Livre”, seguindo-se “Castelo de Luz”, em 2009 e, mais recentemente, “Não Me Provoca”, com participações especiais de Ney Matogrosso, Paulinho Moska e Sebastião Tapajós. O single “Ai Menina”, de um outro álbum, fez parte da banda sonora da telenovela da Rede Globo “Amor, Eterno Amor”, catapultando a artista ainda mais para a fama.

“Nunca foi um projecto ou influência embarcar na música como profissão”, confessa. O violão começou a ser tocado aos nove anos de idade, mas depois foi tudo fruto do acaso. “Sou formada em psicologia na Universidade Federal do Pará, mas precisei de trabalhar, pois venho de uma família humilde e pobre, e comecei a tocar em bares, algo comum no Brasil. De repente, em 2005, lancei o meu primeiro álbum, que foi um sucesso. A minha vida seguiu esse rumo e sou muito feliz.”

A cantora descreve o Carimbó como “um ritmo tradicional com raiz no Belém do Pará, onde me situo”, e que mistura música africana com indígena. “Na dança desta música os pés arrastam-se como nas coreografias indígenas, usa-se um tambor enorme onde se senta em cima para tocar, batem-se palmas, mistura-se a dança, estilos de roupa e de vida. É uma cultura muito presente na Amazónia profunda”, descreveu.

O carimbó é ainda “uma dança em que as mulheres usam saias festivas, e quando se toca é irresistível em qualquer lugar”. “Estou levando um pouco do carimbó para Macau, tal como outros ritmos, como o brega, muito típico da região norte [do Brasil], ou a guitarrada. É importante que o povo de Macau conheça um pouco sobre estes géneros musicais e que eu possa projectar imagens da Amazónia, da sua exuberância e riquezas natural e humana.”

Lia Sophia diz esperar que, com este concerto, internacionalize mais a sua carreira, que já contou com espectáculos em Londres ou Nova Iorque. “É fantástico ter a chance de poder levar a nossa cultura para um lugar tão diferente de onde você vive”, rematou.

29 Dez 2023

Exposição mutante da BABEL dá primeiro passo em Alcobaça

A BABEL – Associação Cultural desenvolveu uma nova exposição “Que Mar se Vê Afinal da Minha Língua”, inaugurada no passado dia 16 em Alcobaça, Portugal, no Armazém das Artes e na Central-Periférica, onde fica patente até ao dia 3 de Março.

Trata-se de uma mostra com curadoria de Margarida Saraiva, co-fundadora da BABEL, e que reúne cerca de 50 obras de 20 artistas de territórios onde se fala português, incluindo nomes de artistas ligados a Macau, nomeadamente Aline Motta, Ana Battaglia Abreu, Ana Jacinto Nunes e Carlos Morais José, Bianca Lei, Catarina Simão, Cecília Jorge, Eliana N’Zualo, Eric Fok, Filipa César e Sónia Vaz Borges, José Aurélio, José Drummond, José Maçãs de Carvalho, Konstantin Bessmertny, Luigi Acquisto e Bety Reis, Mónica de Miranda, Nuno Cera, Peng Yun, Rui Rasquinho, Sofia Yala, Subodh Kerkar, Thierry Ferreira, Tiago Sant’Ana e Wong Weng Io.

Pretende-se que esta exposição seja depois itinerante, passando por diversos lugares onde se fala português, nomeadamente nas cidades do Mindelo, Luanda, Maputo e Macau.

Numa publicação na rede social Linkedin, Margarida Saraiva descreveu este projecto como tendo nascido de “um processo de investigação ainda em curso”, da sua autoria, “sobre práticas artísticas contemporâneas dos mundos de expressão portuguesa”. Apresentam-se, nesta exposição “obras no domínio dos cruzamentos disciplinares”, nas áreas da fotografia, vídeo, cinema, poesia, pintura, escultura e novos media.

Memória e futuro

Segundo o Jornal de Leiria, Margarida Saraiva explicou que “esta é a primeira de uma série de exposições mutantes”. “A pergunta [que lhe dá título] manter-se-á em aberto, e a mostra renovar-se-á a cada apresentação através da participação de artistas e autores locais”, adiantou.

No texto de apresentação da exposição, citado pelo portal “Comunidade Cultura e Arte”, descreve-se que a investigação que dá origem a este projecto explora questões como a memória e a história, a colonização e a descolonização, as identidades e a globalização no período do pós-25 de Abril de 1974. Colocam-se, no entanto, questões a partir do estudo do passado recente de Portugal e das suas antigas colónias, nomeadamente quanto à evolução do universo de expressão portuguesa.

“No espaço desta galeria, a exposição desenha-se justapondo contrastes, tensões, divergências, permitindo-se transgressões disciplinares e a criação de uma constelação relativamente inesperada da qual emerge o caráter ensaístico de uma proposta que entrelaça geografias, temporalidades e diversas disciplinas artísticas, como quem desenha, apaga e redesenha, já sem medo de errar”, descreve a curadora no mesmo texto.

A BABEL nasceu em Macau em 2013, tendo-se estabelecido na cidade portuguesa de Alcobaça no ano passado, e tem também como missão o apoio a artistas em situação de risco.

28 Dez 2023

Ano Novo Chinês | Cantora pop A-Lin actua em Macau em Fevereiro

O MGM Theatre acolhe nos dias 12 e 13 de Fevereiro um concerto de A-Lin, cantora pop de Taiwan. Oportunidade para ver, em “A-Lin Chinese New Year Music Show at MGM” um dos nomes mais sonantes da cena musical da Ilha Formosa, com destaque para os êxitos “Give Me a Reason to Forget” ou “Before, After”

 

A marcar a celebração de mais um Ano Novo Chinês, em Fevereiro, o MGM Theatre prepara-se para receber um concerto da estrela pop taiwanesa A-Lin, que actua em Macau nos dias 12 e 13 de Fevereiro no espectáculo intitulado “A-Lin Chinese New Year Music Show at MGM”.

A-Lin é conhecida do grande público com êxitos como “Lovelorn, Not Guilty”, “Before, After”, “Give Me a Reason to Forget” e “Happiness, and Then”. Um comunicado do MGM dá conta de que a cantora “cativou o público desde a sua estreia” graças “à sua voz poderosa”.

No terceiro e quarto dia do Ano Novo Lunar a sala de espectáculos MGM Theatre promete transformar-se “num cenário de tirar o fôlego, com imagens deslumbrantes e actuações sensacionais”. Espera-se que a cantora “embeleze o palco” durante os dois espectáculos, além de trazer “prosperidade e alegria” para a chegada do Ano do Dragão.

Prémios e cantorias

Nascida com o nome Lisang Pacidal Koyouan, em 1983, a cantora A-Lin foi descoberta por um agente com apenas 16 anos, tendo assinado o seu primeiro contrato quando já cantava regularmente num bar. A sua estreia no mundo da música aconteceu em 2006.

Contudo, depois de várias idas e vindas com editoras em termos contratuais, a artista assinou com a Sony Music, tendo lançado o seu primeiro álbum com a nova editora em Dezembro de 2014. Este disco obteve uma nomeação para a categoria de “Melhor Intérprete Feminina em Mandarim”, marcando a quarta nomeação que a cantora obtinha até à data sem, no entanto, conseguir vencer.

No ano seguinte A-Lin participou na terceira temporada de “I Am a Singer”, reality show que lhe deu o sexto lugar e promoveu a sua carreira, tornando-a conhecida de mais pessoas.

A-Lin já conta no currículo com inúmeros prémios, tendo obtido, em Julho deste ano, o prestigiado título de “Melhor Cantora em Mandarim” na 34.ª edição dos Golden Melody Awards, tendo, assim, cimentado o seu estatuto como “figura de proa” na indústria da música cantada em mandarim.

A cantora “também ganhou [ao longo da sua carreira] um grande número de seguidores através das suas impressionantes actuações em populares reality shows musicais”, descreve o MGM, que acredita que a “presença magnética em palco” de A-Lin, bem como a sua “voz poderosa” irá “criar uma experiência inesquecível” a quem assistir aos concertos da artista no MGM Theatre.

28 Dez 2023

Espectáculos de vídeo-mapping para ver até Fevereiro

Até ao dia 25 de Fevereiro, decorrem vários espectáculos de luzes e vídeo-mapping por toda a cidade no âmbito da iniciativa “Iluminar Macau 2023”, promovida pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). O calendário de eventos começou no passado dia 2 e decorre em 34 locais de sete zonas do território, sendo que o público terá acesso a 36 instalações luminosas e 20 dispositivos interactivos.

Relativamente aos espectáculos de vídeo-mapping, a DST decidiu convidar não apenas equipas de Macau, mas também de duas cidades que pertencem à Rede de Cidades Criativas da UNESCO da área de Design, Wuhan, na China, e Seul, capital da Coreia do Sul. No Centro de Ciência de Macau será exibido o espectáculo de vídeo-mapping “Unlock the Magic: Journey into Wonderland”, da autoria da equipa sul coreana.

Através de imagens de jogos e da imaginação de contos de fadas, a exibição divide-se em quatro partes, nomeadamente “Invitation”, “Adventure”, “Crisis” e “Celebration”. A ideia é que o Centro de Ciência se transforme “num local onde o mundo dos sonhos e o mundo real se encontram”.

Obras a concurso

No caso da participação de Wuhan, foi realizado um concurso público por parte da DST em parceria com o Departamento Municipal de Desenvolvimento Urbano-Rural de Wuhan para escolher os melhores espectáculos de vídeo-mapping, tendo sido seleccionados os três melhores a serem exibidos no Largo dos Bombeiros da Taipa.

“Enjoy Magic” é o nome de um dos espectáculos que será exibido ainda este mês. Divide-se em três partes, “Colorful World”, “Fantasy Seasons” e “Joyous Celebrations”, revelando “a magia de uma cidade de entretenimento com a dinâmica da cor, da luz, da estrutura e dos símbolos”.

Por sua vez, em Janeiro, também de Wuhan, será apresentado “Season Diffusion”, que se divide em duas partes, nomeadamente “Twenty-Four Solar Terms” e “Celebrating the Spring Festival”. Nesta exibição, recorre-se à tecnologia AIGC para produzir imagens, música e efeitos sonoros, “criando-se um processo inovador de produção de vídeo mapping”.

Em Fevereiro, será apresentado o espectáculo “A Dose of Lighting Dopamine”, com uma interpretação da palavra “dopamina” que irá exibir “os encantos de Wuhan, Macau e Portugal”.

Coloane não fica de fora do mapa deste evento, com a Igreja de São Francisco Xavier a acolher duas obras seleccionadas através de um concurso público. A obra vencedora, “A Beacon of Light in Macao’s Winter Night” será exibida entre este mês e Janeiro, “transportando o público numa viagem mágica de deslumbramento dos sentidos pela beleza de Macau”.

O trabalho classificado em segundo lugar, “Dazzling Winterland”, será apresentado ao público entre Janeiro e Fevereiro, trazendo “belas construções de gelo no Inverno que criam um parque de diversões deslumbrante e alegre, radiante de luz e amor”.

Todas as instalações do “Iluminar Macau 2023” podem ser vistas entre as 19h00 e as 22h00 durante o período do evento. Cada espectáculo de vídeo-mapping tem uma duração de cerca de oito minutos, sendo a última sessão exibida às 21h30.

27 Dez 2023