FRC | Debate sobre “UNESCO – Cidades MIL” amanhã

Decorre amanhã, a partir das 18h30, na Fundação Rui Cunha (FRC), uma conferência sobre o conceito de “Cidades MIL” da UNESCO com a presença de Felipe Chibas Ortiz, académico e co-líder, a nível internacional, do Grupo de Inovação da UNESCO Mil Alliance. A moderação da palestra estará a cargo do professor Adérito Fernandes Marcos, decano da Escola Doutoral da Universidade de São José, entidade parceira da FRC nesta iniciativa.

O programa “Cidades MIL”, ou “Paradigma da Literacia da Informação Mediática” foi criado pela UNESCO em 2018, sendo focado na evolução e sinergias criadas em torno de cidades inteligentes, criativas e educativas, sem esquecer o lado sustentável. Trata-se de uma iniciativa que tem por objectivo “integrar as tecnologias digitais emergentes de forma inovadora e ética com as necessidades dos municípios, bairros e organizações”, sem esquecer a sua diversidade.

A ideia é “aumentar literacia mediática e informacional da população, colocando o indivíduo no centro através da educação formal e não formal na compreensão desta nova realidade híbrida (física e digital) que está a ser construída de forma acelerada e algo caótica”, descreve um comunicado da FRC.

Assim, o programa “Cidades MIL” da UNESCO pretende “promover espaços urbanos mais humanos construídos a partir da gestão participativa dos seus líderes e cidadãos através da integração de dados e ciências sociais”, recorrendo a “indicadores e métricas que facilitam práticas transdisciplinares quotidianas que integram plataformas digitais e espaços urbanos de forma participativa”.

Desta forma, a palestra na FRC pretende abordar “os principais conceitos da abordagem da literacia dos media e da informação e a sua evolução para o paradigma das ‘Cidades MIL’, ao mesmo tempo que apresentará alguns casos concretos de ‘cenários MIL’ que estão a ser implementados em todo o mundo”.

12 Jun 2024

FRC | Académico José Manuel Simões lança romance “A Chave”

É hoje lançado na Fundação Rui Cunha o novo romance do académico José Manuel Simões, responsável pelo curso de comunicação na Universidade de São José. “A Chave”, com a chancela da editora Media XXI, traz personagens de outros livros do mesmo autor, com novas vivências, em que se abrem portas à literatura de viagens

 

José Manuel Simões, ex-jornalista e actual coordenador do curso de Comunicação e Media da Universidade de São José (USJ), lança hoje na Fundação Rui Cunha (FRC) o seu novo romance, intitulado “A Chave” e editado pela Media XXI. Trata-se, segundo um comunicado, de um romance que “mistura a realidade de lugares exóticos com romanceadas relações à distância e surpreendentes teias construídas de incisivos diálogos”. É uma obra descrita como “actual, vibrante e com uma arrebatadora linguagem”, que “abre fascinantes portas à literatura de viagens”.

A sessão de apresentação começa hoje às 19h e conta com a presença do editor, Paulo Faustino, Jerusa Antunes, relações públicas, e ainda João Francisco Pinto, jornalista.

“A Chave” vai buscar personagens ao último livro de José Manuel Simões, intitulado “O Sétimo Sentido”, que conta com Glória, médica, como protagonista da história. No novo livro, Glória chega mais cedo a casa, na cidade de Frankfurt, e encontra o companheiro com Mia.

No dia seguinte, a médica deixa um bilhete com a mensagem “Adeus, vou para a Índia”, partindo e deixando de comunicar com o companheiro. “Para aliviar a perda, Marcos Corte Real decide ir de férias para Marrocos. Durante o périplo magrebino até ao deserto do Saara, o professor de Belas-Artes, via redes sociais, envolve-se com quatro mulheres: Mia, sedutora; Babel, excêntrica artista sueca que mora em Rabat com o marido jornalista; a obsessiva Ana, anos antes colega de turma em Lisboa; e Isabela, carioca, sonhadora, esposa do seu melhor amigo que, com 33 anos, morre subitamente de covid”, destaca ainda o comunicado sobre a história do livro.

O “Sétimo Sentido” relata, por sua vez, a “fascinante viagem espiritual de uma médica em busca de um sentido para a sua vida pela Índia”, neste caso Glória.

Vida de escrita

Este é o 12.º livro de José Manuel Simões, que já escreveu, nos anos 90, as biografias de Cesária Évora, David Byrne, Delfins e Júlio Iglésias, assim como os livros “HC”. Nos anos mais recentes lançou o livro “Índios Potiguara – Memória, Asilo e Poder”, trabalho que resulta da sua tese de doutoramento que, metodologicamente, é uma típica investigação transdisciplinar em que as metódicas da História Cultural, da Antropologia e da Teoria da Comunicação se combinam num “tríplice itinerário transdisciplinar raro”.

José Manuel Simões lançou também “Ponto de Luz”, livro de viagens que percorre todas as capitais de estado do Brasil, relatando “as insólitas aventuras de Duarte Camões”.

“Deus Tupã”, outro livro do autor, desta vez dentro do género do romance histórico, é um livro que “penetra no seio das vivências da civilização aborígene”, enquanto “Jornalismo Multicultural em Português – Estudo de Caso em Macau” é já uma obra mais académica fruto do pós-doutoramento do autor.

Trata-se de uma obra focada “nos fenómenos da comunicação social, contribuindo para a complexificação do pensamento sobre o jornalismo e para uma sociedade mais participada, esclarecida e inclusiva”.

Destaque ainda para o lançamento, em parceria com o cartunista Rodrigo de Matos, de “IE – Na intimidade com as estrelas da música”, lançado em Macau, e uma obra onde o autor “expõe crónicas íntimas com músicos com quem privou ao longo de 17 anos enquanto jornalista de música”.

José Manuel Simões é pós-doutorado em Ciências da Comunicação na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, tendo já publicado diversos artigos académicos. Actualmente é coordenador de programas académicos e director do departamento de “Media, Art & Technology” na USJ. É licenciado em Jornalismo Jornalismo Internacional na Escola Superior de Jornalismo do Porto e foi jornalista em Portugal e Macau durante alguns anos.

12 Jun 2024

IC | Festival Internacional de Artes para Crianças traz grupo português

O Instituto Cultural apresentou na sexta-feira a primeira edição do Festival Internacional de Artes para Crianças, evento que terá um orçamento de 30 milhões de patacas, suportado por três operadoras de jogo. O cartaz do festival irá contar com o grupo português WeTumTum

 

O grupo português WeTumTum vai participar na edição inaugural do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau, marcada para os dias entre 4 de Julho e 25 de Agosto, anunciou na sexta-feira o Instituto Cultural (IC).

O WeTumTum vai apresentar, entre 19 e 22 de Julho, o espectáculo de circo contemporâneo “Crassh_DuoCircus”, em que dois artistas criam música a partir de utensílios de cozinha comuns como baldes, panelas de aço inoxidável, copos, frigideiras, bolas e “uma maçã meio comida”.

O grupo, com sede em Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro, venceu o Prémio do Público do Teatro Castilla-Leon em 2013 e o Prémio de Melhor Espectáculo ao Vivo no Festival de Artes Ibéricas em 2020. O programa conta ainda com a participação de grupos locais e vindos de Espanha, Argentina, Estados Unidos, assim como de Hong Kong e da China continental, disse a presidente do IC, numa conferência de imprensa.

O festival inclui 55 actividades, entre actuações em palco, um festival com mais de 20 filmes, exposições, uma feira do livro, instalações ao ar livre, um acampamento artístico, workshops e o primeiro musical infantil criado pelo Museu do Palácio de Pequim.

Outro destaque do programa será “Annie, o Musical” que, segundo um comunicado do IC, é “um musical clássico da Broadway para famílias que reinterpreta as exaltantes aventuras de uma pequena e corajosa menina órfã, encenado ao som de músicas memoráveis como ‘Tomorrow’ e ‘It’s the Hard Knock Life'”.

O espectáculo de encerramento do festival será “O Primeiro Musical para Crianças do Museu do Palácio Lu Duan”, constituindo “uma viagem imersiva pelas relíquias históricas do Palácio Imperial através de uma integração inovadora e perfeita entre artes teatrais, cultura tradicional e tecnologia moderna”.

Mestres de marionetas

No caso do espectáculo oriundo de Espanha, “Laika”, produzido pela companhia Xirriquiteula Teatre, irá proporcionar ao público “uma experiência maravilhosa de estética visual cativante através de várias formas de expressão artística, como jogos de sombras, marionetas e montagem de filmes”.

Também de Espanha chega “A Lua numa Caçarola”, uma produção que combina música, dança, teatro e efeitos especiais, criada pela companhia La Petita Malumaluga. Trata-se de um espectáculo que “levará os mais pequenitos e seus acompanhantes adultos aos cantinhos emocionais de uma lua, convidando-os a passarem um bom bocado juntos”.

Da Argentina chega o espectáculo de marionetas não-verbais “Tic Tac: O Herói do Tempo”, da Companhia de Artes de Marionetas Omar Alvarez Titeres. Esta produção propõe “uma análise subtil dos sentimentos humanos com uma combinação de marionetas delicadas feitas a partir de objectos do quotidiano, incluindo projecções em stop-motion”.

O cartaz do festival irá também brindar o público com o concerto familiar “Sinfonia Mágica”, em que o “famoso apresentador de televisão para crianças de Hong Kong, Harry, irá juntar-se à Orquestra de Macau para transformar o auditório num alegre parque de diversões repleto de melodias mágicas”, descreve o IC.

O público infanto-juvenil poderá ainda desfrutar de uma ópera cantonense para adolescentes, intitulada “A Lanterna de Lótus Mágica”, com interpretação dos alunos da Escola de Teatro do Conservatório de Macau do Instituto Cultural.

Destaque também para o espectáculo “O Bosque dos Sonhos”, criado pela produtora local Chan Si Kei e pelas coreógrafas, também de Macau, Wendy Choi e Annette Ng. Esta iniciativa para bebés convida ao convívio com “cada criatura incrível que habita uma floresta mágica através do movimento físico”.

Eventos à parte

O primeiro Festival Internacional de Artes para Crianças traz ainda a exposição “Mundo Fantástico da Arte do Centro Pompidou”, situado em França. Apresentam-se “exposições e funções educativas que levarão as crianças a embrenharem-se na exploração e criação artísticas através de meios interactivos, permitindo-lhes assim desfrutar do prazer da criatividade e introduzindo-as à arte contemporânea”.

Serão ainda realizados 20 workshops temáticos em torno do mundo da arte, num total de 60 sessões, bem como acampamentos de artes “Misterioso Campo de Jogos – Acampamento Criativo para Crianças” e “Fantástico Portal Criativo – Acampamento Artístico Familiar”, que decorrem no Centro Cultural de Macau. Estas iniciativas são descritas pelo IC como workshops interactivos que irão proporcionar a experiência de “contar histórias num pequeno teatro e desfrutar do prazer da arte”.

O festival inclui ainda cinema, convidando “as crianças a explorar o mundo cinematográfico e vivenciar o calor da família a partir de histórias”. A sétima arte será representada no cartaz com o “Festival Internacional de Cinema para Crianças de Macau” uma selecção de 20 filmes distribuídos em quatro secções. Será feita a reposição de filmes como “Shrek” e “Eu Não Sou Estúpido”, ou ainda os filmes clássicos “Os Quatrocentos Golpes”, “O Espírito da Colmeia” e diversas curtas-metragens locais.

O programa inclui ainda a master class “Acampamento Musical” com a presença de Joshua Bell, violinista vencedor de um Grammy, e ainda vários músicos da Academy of St Martin in the Fields do Reino Unido. Desta forma, os participantes “terão a oportunidade de actuar com os mestres no palco”, além de que estes irão oferecer “orientações pessoalmente a alguns participantes”.

Palavra de presidente

Leong Wai Man, presidente do IC, disse que os eventos, pensados para crianças e jovens de diferentes faixas etárias, vão decorrer no Centro Cultural (CCM) e no vizinho Museu de Arte. Além de cultivar os interesses artísticos desde cedo e alargar os horizontes das crianças e dos jovens de Macau, o festival pretende ainda atrair mais visitantes, sublinhou a presidente do IC.

O evento, com um orçamento de 30 milhões de patacas, vai ser organizado pelo IC em conjunto com três operadoras de casinos. O cartaz não está ainda fechado, mas traz também uma livraria para crianças, em formato pop-up, aberta aos fins-de-semana, durante todo o mês de Julho, no espaço “DOT ART”, no primeiro andar do CCM. Haverá aí um parque de diversões e mais de 200 livros infanto-juvenis à venda. Haverá também dispositivos para fotografias e uma área de leitura para pais e filhos, onde pequenos e graúdos poderão desfrutar juntos da leitura.

Não faltará também o “Dia de Diversão MICAF – Artes em Festa”, que decorre na praça do CCM nas noites de 23 a 25 de Agosto, onde se irão realizar espectáculos de rua com dança urbana, palhaços ou teatro de marionetas.

Os bilhetes para o festival estão à venda deste domingo, e as inscrições para actividades complementares podem ser feitas na plataforma da Conta Única de Macau. Destaque para a parceria com a Cinemateca Paixão no que diz respeito à exibição dos filmes do festival de cinema.

10 Jun 2024

Clube Militar | Festival de gastronomia e vinhos de Portugal arranca hoje

O Clube Militar de Macau vai receber, entre hoje e o dia 16 de junho, dois chefs portugueses para o Festival de Gastronomia e Vinhos de Portugal – “Primavera-2024”, integrado no programa do mês de Portugal. “Sentimo-nos muito honrados e felizes de organizar este festival (…), já com uma tradição de mais de duas décadas”, disse ontem, num comunicado, o presidente da direcção do clube, Ambrose So Shu Fai.

Tal como acontece desde 2015, o festival faz parte do programa Junho – Mês de Portugal na RAEM, um mês de comemorações do dia 10 de junho no território.

O festival, que se prolonga durante dez dias, está também integrado nas celebrações do 154.º aniversário do Clube Militar, “uma das mais antigas associações sociais de Macau”, sublinhou Ambrose So.

A gastronomia portuguesa estará representada pelo chef alentejano José Júlio Vintém e por António Loureiro, o chef do A Cozinha, um restaurante de Guimarães com uma estrela Michelin e o primeiro restaurante europeu certificado como zero resíduos.

O programa Junho – Mês de Portugal na RAEM inclui ainda o segundo roteiro gastronómico, a decorrer durante todo o mês, que reúne 28 restaurantes portugueses em Macau, mais do dobro da primeira edição, em 2023.

Este ano, o programa vai ficar marcado pelas comemorações do centenário da primeira viagem aérea entre Portugal e Macau, efectuada por Sarmento de Beires, Brito Pais e Manuel Gouveia, que partiram de Vila Nova de Milfontes, concelho de Odemira, a 7 de Abril de 1924.

O consulado-geral de Portugal vai receber a 20 de Junho uma exposição e uma conferência sobre a viagem, com o director do Museu do Ar da Força Aérea Portuguesa, Carlos Mouta Raposo, e o presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro.

7 Jun 2024

Novo filme de Luís Filipe Rocha “O teu rosto será o último” estreia hoje

O realizador português Luís Filipe Rocha, que chegou a filmar em Macau, acredita que “o território da família chega e sobra para contar a história da Humanidade”. Exemplo disso é o filme “O teu rosto será o último”, que estreia hoje em Portugal.

A longa-metragem de ficção chega agora aos cinemas mais de uma década depois de Luís Filipe Rocha ter lido o romance “O teu rosto será o último”, do escritor João Ricardo Pedro, e de ter comprado os direitos de adaptação.

“Fiquei absolutamente fascinado, arranjei um encontro com o escritor num café no Rossio, conversámos quatro horas. Parecia o [filme] ‘Casablanca’, o princípio de uma bela amizade”, lembrou o realizador em entrevista à agência Lusa.

Luís Filipe Rocha demorou a encontrar financiamento e a escrever o argumento a partir daquele romance de estreia, que valeu a João Ricardo Pedro o Prémio Leya 2011, mas o que o fez “tragar o anzol” da narrativa foi “a fascinante dificuldade” de alguém em não conseguir lidar com um dom.

Esse alguém é uma das personagens do romance e o protagonista do filme, Duarte, que nasceu com uma capacidade extraordinária de tocar piano, para a qual não estava preparado, e que renegou também pelas circunstâncias familiares em que cresceu, com um pai a lidar muito mal com os traumas da Guerra Colonial.

“Em todos os filmes que vi sobre artistas dotados, sobretudo na música, todas as histórias, a história do artista dotado, [o que sobressai] é o sacrifício, o martírio, a luta para impor o seu talento. O que me puxou foi essa fascinante dificuldade, a desarmonia entre um artista que recebe o dom de ser o maior ‘beethoviano’ do seu tempo, e o não-querer progressivo desse dom”, afirmou.

A vida de Duarte

A história situa-se, sobretudo, entre a revolução de 25 de Abril de 1974 e os anos 1990, acompanhando o crescimento de Duarte, entre a infância e a idade adulta, e a relação com os pais, na cidade, e com os avós paternos, no campo.

“O tema central é a luta do miúdo que aos 7 anos descobriu a música num piano sem som, uma espécie de epifania que o aterroriza, e depois o seu crescimento no seio da família; e há a História de Portugal que apanha a memória da ditadura, a guerra colonial e o pós-25 de abril”, disse o realizador.

O elenco integra Vicente Wallenstein, Nuno Nunes, Rita Durão, Adriano Luz, Pompeu José e Teresa Madruga, além dos jovens pianistas e actores Jaime Távora e Alexandre Carvalheiro.

Para o realizador, este “não é, de forma nenhuma, um filme sobre a Guerra Colonial”, mas ela está presente por circunstâncias da narrativa e como um dos “elementos de perturbação” do percurso do protagonista.

“Há uma tensão, para mim, narrativamente sempre, sempre exaltante que é a História e o indivíduo. Como é que individualmente todos nós, mesmo que não nos demos conta, estamos muito dependentes da História em que vivemos e morremos. [Por isso] defendo que para contar bem uma história podemos não sair do universo familiar. O território familiar chega e sobra para contar a história da Humanidade toda”, sublinhou o realizador.

Luís Filipe Rocha tem 76 anos e mais de 50 de percurso no cinema, desde que entrou, como actor, em “O recado” (1971), de José Fonseca e Costa. O primeiro filme, “Barronhos – Quem teve medo do poder popular?”, surgiria em 1976, seguindo-se “A Fuga” (1977), “Cerromaior” (1980), “Amor e dedinhos de pé” (1991), filmado em Macau com base no romance, com o mesmo nome, de Henrique de Senna Fernandes; “Camarate” (2000) ou “A outra margem” (2007), entre outros.

Também assinou duas obras de ficção que, tal como “O teu rosto será o último”, abordam “momentos decisivos” e transformadores na vida de alguém: “Adeus, pai” (1996), de transição da infância para adolescência, e “Sinais de Fogo” (1995), de passagem da adolescência para a idade adulta.

6 Jun 2024

Exposição | O regresso do pintor Diogo Muñoz a uma terra que tanto ama

“Macau Forever” é o nome da nova exposição do pintor português Diogo Muñoz inteiramente dedicada a Macau, aos seus personagens e figuras por vezes tão peculiares. A mostra, inaugurada hoje no Albergue SCM, é um tributo a uma terra que continua a fascinar o artista que, para este projecto, se inspirou em figuras da literatura, sociedade e política, como Henrique de Senna Fernandes, Camilo Pessanha ou Carlos D’Assumpção

 

Diogo Muñoz já expôs várias vezes em Macau, mas nunca antes tinha realizado uma obra inteiramente dedicada a um território que continua a apaixoná-lo como da primeira vez que o pisou. A exposição hoje inaugurada, “Macau Forever” [Macau para Sempre], no Albergue da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCM), é uma ode a um território com uma secular presença portuguesa que foi criando figuras ímpares, bem conhecidas de todos.

“A ideia de fazer esta exposição foi lançada há uma série de anos por Carlos Marreiros”, declarou Diogo Muñoz ao HM já em Macau, para onde levou esquissos e tintas para criar novos projectos durante a estadia por terras orientais.

“Sou apaixonado por Macau desde o primeiro dia e [Carlos Marreiros] pensou na possibilidade de dedicar uma exposição a Macau, aos seus costumes e tradições. A primeira ideia era fazer algo monumental, muito maior, mas não me foi possível porque temos quase 500 anos de história. É difícil pegarmos em toda a gente e há muitos que ficam pelo caminho.”

Assim, os quadros desta mostra estão repletos de algumas das personagens favoritas do pintor. “Tive de me cingir ao meu gosto pessoal. Macau tem uma história tão rica que as pessoas, muitas vezes, nem se dão conta disso. É curioso, porque não é um território muito grande. É um enclave metido na Ásia para onde de repente tanta gente foi, em alguns períodos da história, por sentirem segurança, procurando uma espécie de abrigo. Há tantas histórias e mitos. Recebi muito encanto de alguns escritores, por exemplo, Henrique de Senna Fernandes, que tem [nos romances] algo de tão colorido, que me levou para o mito e a imaginação.”

Diogo Muñoz confessa que esta “foi a exposição mais difícil” que fez até à data, tendo demorado “muito tempo” até que ficasse pronta. Confessa que bloqueou, ainda no atelier em Lisboa, quando já tinha uma série de trabalhos feitos. Tantos que foi o próprio Carlos Marreiros que lhe disse: “Tens a exposição feita”.

Além dos rostos

“Não queria ofender, longe disso, quis ser agradável. Há duas culturas que não são iguais, e não queria que fosse meramente uma galeria de retratos, como o que vemos nos corredores do edifício da Presidência da República portuguesa, algo que me chateia imenso.”

Assim, em “Macau Forever”, Diogo Muñoz apresenta “abordagens completamente distintas, entre as cores planas aos retratos propriamente ditos”. “Para mim, Macau é isso. Quando falo dela falo aos meus olhos, por constituir um manancial de informação, exotismo, história e diferença, ou mesmo deslumbramento. Visualmente, é impressionante.”

“Macau Forever” apresenta referências a Sun Yat-sen, o republicano que exerceu medicina em Macau e que foi um dos responsáveis pela revolução republicana de 1911, na China, o monsenhor Manuel Teixeira, José Vicente Jorge, Chui Tak Kei, Ho Yin ou George Chinnery, “um pintor com tantas coisas bonitas”.

“Isolei algumas figuras de quadros que fui pintando, que foram transeuntes. Macau também é pessoas, e quando venho cá tenho a sensação de que há coisas que se vão passando que não vemos”, referiu.

Paixão ancestral

Diogo Muñoz gosta tanto do território que acredita, quase como uma superstição, que “a relação com Macau é anterior a mim, uma coisa quase ancestral”. “Tenho sempre a sensação de ‘dejá vu’. Talvez porque a minha avó tivesse uma grande amiga macaense, houve sempre histórias na minha família, porque os meus avós e bisavós conheciam bem Macau. Talvez tenha sido essa a primeira informação que se entranhou em mim.”

Diogo Muñoz deixou que Macau se entranhasse nele: prova comidas desconhecidas “à confiança”, tem uma rede de amigos de todas as comunidades, vai a sessões de karaoke. “Macau é sempre diferente. Vou trabalhar imenso aqui porque é informação a mais para eu desperdiçar. Vou desenhando, pintando. Há dias em que simplesmente fico no jardim a olhar”, confessou.

Para o artista, “Macau Forever” é “uma homenagem, um abraço, um beijo, um tributo” ao território. “Não tenho pretensões de fazer um retrato, pois trata-se de uma coisa muito mais pessoal do que isso. São escolhas muito pessoais as que fiz para a exposição, por isso seria um retrato incompleto”, conclui.

A exposição pode ser visitada a partir das 18h30 de hoje na galeria A2 do Albergue SCM, estando patente até ao dia 15 de Julho. A iniciativa insere-se nas comemorações oficiais do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.

6 Jun 2024

Halftone | Exposição de fotografia foca-se na matriz portuguesa

“A presença da matriz portuguesa em Macau, nas imagens entre tempos” é o nome da exposição de fotografia da responsabilidade da associação Halftone inaugurada este sábado. A mostra, integrada no cartaz das comemorações oficiais do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas, mostra imagens de 12 artistas e fotógrafos, revelando a presença lusa no território

 

É inaugurada este sábado, às 17h, na residência oficial consular, no edifício Bela Vista, mais uma iniciativa cultural desenvolvida pela comunidade portuguesa para celebrar o 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, cujo feriado se celebra esta segunda-feira em Portugal.

Trata-se da mostra “A presença da matriz portuguesa em Macau, nas imagens entre tempos” e conta com imagens da autoria de 12 pessoas que integram a associação Halftone, com mais ou menos experiência na fotografia. A mostra, que pode ser visitada gratuitamente até ao dia 30 de Junho, na galeria da residência consular, visa “aprofundar o conhecimento do contributo secular da Matriz Portuguesa na RAEM”, descreve-se num comunicado.

Com esta exposição colocam-se questões sobre a presença portuguesa e macaense há vários séculos. “Sob o prisma do olhar da fotografia enquanto prática de arquivo diacrítico, subordinado ao tema da memória e identidade, faz sentido olhar a cidade hoje e reflectir sobre os seus traços identitários de Matriz Portuguesa? Quais os marcos históricos e patrimoniais, os registos culturais e persistências humanas nela existentes?”

As imagens pretendem ainda responder à forma como “as diversas comunidades têm olhado para a presença do ‘outro’ neste território em constante transição e transformação” e que marcas são essas, “físicas ou imagéticas, entendidas por outras comunidades”. Será que “essas marcas também parte integrante da sua memória coletiva e individual, ou apresentam-se como extemporâneas?”.

Mudanças constantes

Criada em 2021, a associação de fotografia Halftone pretende mostrar o trabalho dos que adoram estar atrás da lente a capturar traços, vivências e cenários de Macau ou de outros locais, mostrando o trabalho de profissionais e amadores das várias comunidades.

Esta é mais uma iniciativa da associação que traz outro olhar de Macau como um lugar que “historicamente é um território em transição”. “Na sua cartografia constrói lugares novos, desdobra-se, aprofunda, concentra novas camadas de memórias colectivas no mapa da cidade. Estas ‘imagens entre tempos’ revelam-se na afirmação da identidade do exercício da memória individual de cada um de nós”, descreve a associação.

Revela-se uma “memória colectiva” que todos vivenciam, mesmo “de forma subjectiva, através do exercício da “pós-memória”, bem como “as memórias e registos visuais que outros nos convocam”. Macau é, assim, “o dragão aparentemente tranquilo, mas sempre acordado”, destaca a organização.

4 Jun 2024

Museu Rijksmuseum identifica quem é quem nos retratos de Frans Hals

O museu Rijksmuseum de Amesterdão descobriu a verdadeira identidade de um casal retratado pelo pintor neerlandês Frans Hals, em 1637, como o autarca da capital dos Países Baixos Jan van de Poll, e a sua mulher, Duifje van Gerwen.

Anteriormente acreditava-se que o retrato era de um cervejeiro neerlandês e a sua mulher, mas os investigadores da galeria de arte descobriram a verdadeira identidade dos protagonistas das duas pinturas, que são propriedade do Rijksmuseum, noticiou na segunda-feira a agência Efe.

“Este é o único par de retratos de casamento de um casal de Amesterdão pintado por Frans Hals. “Jan e Duifje viajaram para Haarlem por volta de 1637 para posar para a pintura”, explicou o museu.

Jan van de Poll (1597-1678) foi presidente da Câmara de Amesterdão sete vezes. Em 1650 alcançou o posto mais alto – coronel – na milícia de cidadãos e aparece nesta função em dois retratos, um pintado pelo artista alemão Johann Spilberg, em 1650, e outro pelo neerlandês Bartholomeus van der Helst, em 1653, ambas pinturas propriedade da coleção do Museu de Amesterdão.

Por sua vez, Duifje van Gerwen (1618-1658) era a filha mais nova de um rico comerciante de vinhos em Warmoesstraat, uma das ruas mais antigas de Amesterdão, e casou-se com o autarca em 1637. O retrato duplo em questão foi criado por Hals pouco depois do casamento.

Uma recomendação

O Rijksmuseum acredita que Hals foi recomendado para estes dois retratos pelo tio de Duifje, Willem Warmond, que aparece como capitão num retrato de grupo da milícia de Haarlem que o artista neerlandês pintou dez anos antes. “Hals começou ‘The Meager Company’, o seu único retrato de grupo de uma milícia de Amesterdão, em 1633. Vários membros da milícia não queriam viajar para
Haarlem para serem retratados por Hals, e foi o pintor de ‘Amesterdão Pieter Codde’ quem terminou o trabalho em 1637.

Mas Jan e Duifje estavam dispostos a ir para Haarlem e aparentemente aproveitaram esta vaga na agenda de Hals”, explicou o Rijksmuseum, com base na sua investigação.

Estes dois retratos entraram na colecção do museu neerlandês em 1885 e o então director, Frederik Obreen, identificou os temas da pintura como Nicolaes Hasselaer (1593-1635), um cervejeiro neerlandês da Idade de Ouro, e sua mulher, Sara Wolfphaerts van Diemen (1594-1667). Porém, desde 2007, a identidade dos retratados foi questionada.
Um curador do Rijksmuseum, Jonathan Bikker, conseguiu agora estabelecer que esta identificação é incorrecta, com base nos testamentos dos netos e bisnetos de Van Diemen, que revelaram ser impossível que os retratos tenham feito parte da herança da família.

O curador também comparou o retrato do autarca feito por Hals com aqueles feitos por outros artistas, embora não existam outras pinturas conhecidas da sua mulher Duifje. O Rijksmuseum lembrou que Jan e Duifje são ascendentes directos de Jonkheer Jan Stanislaus Robert van de Poll, que doou as pinturas à galeria em 1885.

4 Jun 2024

Abertas inscrições para apoios financeiros nas áreas de moda e cultura

O Instituto Cultural (IC) aceita candidaturas para dois planos financeiros na área da moda e cultura, nomeadamente o “Plano de Apoio Financeiro para a Promoção de Marcas – Exposições e Espectáculos Culturais 2024” e ainda o “12º Plano de subsídio à criação de amostras de design de moda”. O objectivo, segundo um comunicado, é “promover o desenvolvimento das indústrias de Macau, nomeadamente, as artes do espectáculo e área do design de moda”.

Relativamente ao “Plano de Apoio Financeiro para a Promoção de Marcas – Exposições e Espectáculos Culturais 2024”, a finalidade é fazer com que as entidades da área de exposições e espectáculos culturais de Macau se possam expandir para fora do território, tendo em conta o contexto de integração regional e o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a iniciativa “uma faixa, uma rota”.

Pretende-se “aumentar a visibilidade e popularidade das marcas locais nos mercados fora de Macau”, dando-se apoio à realização de espectáculos de Macau nas áreas da ópera chinesa, teatro, dança, música e magia.

O projecto candidato deve ser um espectáculo comercial e realizar-se em cidades fora de Macau “pelo menos três vezes”, sendo que o candidato “pode obter uma parte proporcional das receitas de bilhetes vendidas”. O espectáculo não pode ter uma duração inferior a 60 minutos, devendo decorrer num local público com 100 ou mais lugares.

O IC irá conceder um subsídio que cobre 50 por cento das despesas previstas para o projecto, até um máximo de 800 mil patacas, para um grupo máximo de 10 beneficiários. Para este apoio em concreto, as candidaturas devem ser feitas entre hoje e 31 de Julho. Segundo o mesmo comunicado, o candidato “deve ser empresário comercial, pessoa singular, empresário comercial ou pessoa colectiva”, devendo ainda “ser o titular dos direitos de autor ou titular dos direitos de uso em relação ao conteúdo do espectáculo e dos eventuais produtos derivados”.

Moda comercial

Quando ao “12.º Plano de subsídio à criação de amostras de design de moda”, as candidaturas decorrem até ao dia 12 de Julho, pretendendo-se “incentivar a investigação e desenvolvimento do design de moda local”, bem como “impulsionar os designers a definir planos de marketing viáveis” para as criações de moda.

Os candidatos podem participar de forma individual ou em grupo, devendo ser apresentadas o mínimo de oito amostras de criações de moda. Os projectos financiados devem participar, pelo menos, numa actividade de moda durante o prazo de apoio financeiro.

4 Jun 2024

FRC | Livro e exposição sobre os “padrões” do património

Eva Bucho, designer, apresenta hoje na Fundação Rui Cunha um livro intitulado “Macau Patterns”, que revela alguns dos padrões mais bonitos e icónicos dos edifícios e demais património do território. O público poderá também visitar, até ao dia 15, a exposição com o mesmo tema

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura hoje, a partir das 18h30, a exposição de fotografia “Macau Patterns” [Padrões de Macau], dedicada a mostrar o olhar da designer Eva Bucho sobre as cores e os formatos de azulejos, paredes ou demais elementos arquitectónicos e decorativos de edifícios e monumentos do território.

O projecto, que conta com o apoio do Instituto Internacional de Macau (IIM), Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a cafetaria Cuppa Coffee, integra-se no cartaz das comemorações oficiais do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, e traz ainda ao público uma exposição com o mesmo nome e com algumas das imagens que estão no livro. A mostra ficará patente na galeria da FRC até ao dia 15 de Junho.

Segundo um comunicado da organização, Eva Bucho recolheu para este projecto fotográfico uma diversidade de imagens que retratam o seu interesse especial em “padrões” encontrados no património local, nomeadamente em edifícios, na arquitectura, nos azulejos, nos ornamentos, e nos pavimentos distribuídos pelas freguesias de Macau, nomeadamente a Sé, São Lourenço, São Lázaro, Santo António e Nossa Senhora de Fátima.

Relativamente ao livro, este será editado em três línguas (português, inglês e chinês), pelo IIM e apoiado pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) e pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU).

Trata-se de uma edição que “incorpora os trabalhos registados ao longo de dois anos”, sendo “uma compilação de módulos e padrões recolhidos não só em fotografias, mas também em desenhos vectoriais”.

Um olhar de memórias

Citada pelo mesmo comunicado, Eva Bucho realça que este livro “é uma memória fotográfica através do meu olhar”. “Embora tenha chegado a Macau apenas em 2016, ao longo dos anos tenho-me encantado com o padrão cultural de Macau, nomeadamente com os seus pequenos padrões, na medida em que conservam uma presença permanente em Macau”, destacou.

O programa das celebrações do 10 de Junho inclui diversas iniciativas culturais. Esta semana, quinta-feira, será inaugurada a exposição do pintor Diogo Muñoz no Albergue SCM, enquanto na sexta-feira é dia do lançamento, a título póstumo, da obra “Vulgaridades Chinesas”, de J.J. Monteiro, uma edição do IIM. Nesse mesmo dia decorre o concerto dos portugueses Capitão Fausto, que se juntam no palco do MGM Cotai a David Huang.

4 Jun 2024

“Hold On To Hope” acolhe “Traçando Raízes Portuguesas”

Foi ontem inaugurada na galeria “Hold On To Hope”, na vila de Ka-Hó, em Coloane, a exposição “Traçando Raízes Portuguesas”, mostra integrada no cartaz das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. A galeria, que é um projecto da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), conta com a apresentação de trabalhos artísticos variados, da autoria de António Monteiro, Catarina Cottinelli da Costa, Cristina Vinhas, Francisco Ricarte, Gonçalo Lobo Pinheiro, Isabela Loba, Lúcia Lemos, Luísa Petiz, Raul Martins, Ricardo Meireles e Tchusca Songo.

“Traçando Raízes Portuguesas” é “uma exposição extraordinária que apresenta artistas de ascendência portuguesa ou indivíduos que residem na vibrante cidade de Macau”, descreve uma nota sobre a exposição.

Assim, quem visita a exposição é convidado a “embarcar numa jornada de exploração cultural, onde cada artista revelará a sua própria e única obra de arte que reflecte intimamente a sua identidade”. Trata-se ainda de um incentivo a “mergulhar na tapeçaria cultural que entrelaça a ascendência portuguesa e o espírito vibrante desse canto único do mundo”, nomeadamente Macau.

Variedade artística

O território é descrito como “uma mescla cativante de influências chinesas e portuguesas, serve como cenário perfeito para esta colecção diversificada”.

Os artistas convidados a participar, arquitectos, fotógrafos ou artistas plásticos, “abraçaram a sua herança portuguesa partilhada e criaram obras de arte requintadas que falam das suas experiências pessoais, tradições e da fusão dinâmica de culturas que se encontraram”.

A mostra está patente até ao dia 30 deste mês. Revela-se nela “uma variedade de expressões artísticas, cada uma infundida com a voz e o estilo criativo distintos dos artistas”. Em “Traçando Raízes Portuguesas”, “cada obra de arte ressoa com um profundo sentido de pertença e celebra a herança partilhada”.

“Esta não é apenas uma exposição, mas sim um testemunho da conexão duradoura entre o povo português e a encantadora cidade de Macau”, destaca a mesma nota.

3 Jun 2024

Cinema | “The Ballad of a Small Player”, de Edward Berger, será rodado em Macau

É uma das grandes notícias para o cinema local: o realizador Edward Berger resolveu pegar no romance do britânico Lawrence Osborne, “The Ballad of a Small Player”, e fazer um filme em Macau, onde os casinos são peça principal da trama. As rodagens começam este Verão e contam com estrelas maiores da sétima arte como Colin Farrell e Tilda Swinton

 

Macau vai receber, a partir deste Verão, as rodagens do filme que será uma das estreias da plataforma de streaming “Netflix”. Nada mais nada menos do que “The Ballad of a Small Player”, algo como “A Balada do Pequeno Jogador”, projecto do realizador Edward Berger que resolveu pegar no romance, com o mesmo nome, do romancista britânico Lawrence Osborne, e lançado em 2014. A escrita do argumento do filme está a cargo de Rowan Joffé.

A produção, que arranca ainda este mês e que se deverá prolongar até Agosto, conta com estrelas maiores de Hollywood como Tilda Swinton, que ganhou o Óscar para Melhor Actriz Secundária pelo filme “Michael Clayton”, ou Colin Farrell, actor irlandês detentor de um Globo de Ouro e protagonista do filme “Minority Report”, de Steven Spielberg.

A notícia é avançada pelo portal “Tudum”, ligada à “Netflix”, e já foi avançada pelos media locais. Além das estrelas internacionais bem conhecidas dos amantes do cinema, “The Ballad of a Small Player” contará ainda com a actriz Fala Chen, actriz sino-americana nascida em Chengdu.

A produção do filme, a cargo da “Lumiere Film Production”, lançou ainda uma campanha para a escolha de figurantes para papéis tão variados como dealers, croupiers, hóspedes de hotel, jogadores em casinos e paquetes. Dá-se preferência a quem tenha experiência no sector hoteleiro e de jogo.

Apostas e fuga

“The Ballad of a Small Player” conta a saga de um advogado inglês que foge para Macau depois de ser acusado por corrupção. Este advogado chama-se “Lord Doyle” e, em Macau, dedica-se a jogar no seu casino favorito, passando as noites como fugitivo, a beber e a apostar tudo o que tem, assombrado pelo passado.

O destino deste advogado é decidido conforme ganha ou perde dinheiro, até que tudo muda quando conhece a chinesa Dao-Ming, que parece rondar as mesas de jogo tal como ele o faz. O que, à partida, parecia o nascer de uma relação verdadeira, depressa se transforma em algo complexo.

Sobre o livro, Neel Mukherjee, da New Statesman, disse ser um “thriller existencial escrito na perfeição”, com “uma leitura assustadora, arrebatadora, que nos deixa com o coração na boca e que tem coisas profundas a dizer sobre o único deus que governa os assuntos humanos – o acaso”. Já o jornalista Paul French, também autor de muitos livros sobre a história da China, defendeu, no Los Angeles Times Book Review, que o livro de Osborne “é o melhor romance contemporâneo sobre a China desde o tempo de Malraux”.

A história de Lawrence Osborne está, assim, repleta de ingredientes de suspense e com uma atmosfera bastante rica com o exotismo próprio de Macau e do Oriente.

Um dos trabalhos mais conhecidos de Edward Berger é o filme “All Quiet on the Western Front”, filme também realizado para a “Netflix” que recebeu vários prémios, incluindo quatro Óscares.

3 Jun 2024

Livros | Martin Zeller e Debby Sou Vai Keng lançam “The Passenger” em Lisboa

“The Passenger” é um livro desdobrável de fotografias sobre a passagem do tufão Mangkhut sobre uma pequena ilha de Hong Kong. Ao lado dos cenários de destruição, capturados pelo fotógrafo Martin Zeller, revelam-se histórias ficcionadas e poemas de Debby Sou Vai Keng, artista e autora de Macau. A obra será lançada amanhã em Lisboa

 

No início nem era para ser um livro. Martin Zeller, fotógrafo alemão que durante muitos anos esteve radicado em Hong Kong, estava de visita à ilha de Peng Chau, na região vizinha, na companhia de Debby Sou Vai Keng, pintora e escritora natural de Macau. A trabalharem juntos na área das artes plásticas e fotografia há vários anos, enfrentaram, em 2018, a passagem do tufão Mangkhut por Hong Kong. Martin Zeller começou a fotografar a tempestade e o que dela restou. Depois, Debby Sou Vai Keng resolveu escrever histórias ficcionadas e poemas que remetem para a ideia de alguém de fora que observa a ilha com a natural curiosidade de um desconhecido.

Assim nasceu “The Passenger”, um pequeno livro de fotografias, textos e poemas, desdobrável, em inglês e chinês, que será lançado amanhã em Lisboa na galeria Imago.

Ao HM, Debby Sou explicou que esta obra é produto do acaso, porque quando foram para Peng Chau tinham um projecto diferente. “Pretendíamos desenvolver um projecto sobre montanhas e mares. Mas não tínhamos nenhuma ideia sobre o que queríamos fazer exactamente. Queríamos trabalhar juntos recorrendo à fotografia e, talvez, à pintura, com pequenos contos e poemas. Então, quando chegámos, enfrentámos o tufão.”

Na preparação da casa para enfrentarem juntos a tempestade em segurança, Martin Zeller começou, subitamente, a fotografar. “Estando em casa podíamos ver a tempestade, o que se tornou interessante, víamos o mar agitado, o vento. Fiquei muito entusiasmado e comecei a fotografar.”

Foi aí que os dois artistas decidiram avançar para a edição do livro, que não pretende ser um retrato documental de mais um tufão, de entre muitos que passam por esta zona do globo. Trata-se também de um retrato “da comunidade que vive na ilha, do que aconteceu”. “Não estávamos interessados em fazer algo documental”, recorda Martin Zeller.

Escrita da observação

Debby Sou descreve que, à medida que iam passeando pela ilha depois da passagem do Mangkhut, ajudando os moradores a recompor o que restou da destruição, lhe surgiram ideias para escrever. “Quando escrevo, escrevo ficção, não faço escrita documental. Misturo coisas e imagino-as. [O livro] tem uma espécie de passageiro e as histórias são totalmente ficcionais, com personagens criadas. Mas claro que baseio muitas das minhas histórias em experiências pessoais.”

A autora confessa que não escreve histórias como uma residente, mas sim revelando impressões como se fosse turista. Debby Sou referiu ainda que o facto de ser de Macau não lhe dá uma perspectiva de proximidade à realidade de Hong Kong. Ou seja, quando escreve, e quando escreveu para o “The Passenger”, conseguiu ter o distanciamento necessário.

“Tenho de dizer que, como alguém que é de Macau, sempre olhei para Hong Kong como se me fosse estranha. São vivências completamente diferentes. No caso desta ilha, as pessoas têm formas de comunicar completamente diferentes, e há até diferenças em termos de mentalidade. Em cada ilha de Hong Kong há uma vivência diferente. Por isso, para mim, foi fácil ver as coisas como se fosse mesmo uma passageira, uma verdade estranha”, disse.

Convidada a falar mais da sua escrita, a autora mostra-se retraída. “Não sou muito boa a descrever as minhas histórias. É algo difícil de expressar. Quando escrevo, o processo é semelhante do que quando pinto. Simplesmente pego num pedaço de papel e começo. Às vezes o papel e as cores dizem-me como continuar, e eu simplesmente prossigo. Quando decido, páro, e às vezes tenho de trabalhar no quadro. Com as histórias é um processo muito semelhante, simplesmente começo [a escrever].”

As inspirações para os textos de Debby Sou surgem-lhe das caminhadas que tanto gosta de fazer, e das observações que daí surgem. “Muitas vezes falo com pessoas, mas não sou muito boa nisso. Prefiro observar, simplesmente, e imaginar coisas.”

Um projecto diferente

“The Passenger” não tem rostos de pessoas. Não tem os moradores da ilha a braços com a destruição. Só um homem corajoso que decidiu sair de casa e correr bem junto à costa para observar a violência do mar. De resto, persistem imagens dos cacos caídos, das árvores dobradas. Havia uma ou duas fotografias de rostos, que Martin Zeller decidiu retirar por se afastarem do conceito original.

“Estava mais focado em captar o ambiente. Mas tenho a dizer que, hoje em dia, é difícil fotografar pessoas, que muitas vezes ficam ofendidas quando apontamos a câmara. Sobretudo numa situação especial como esta, com a passagem do tufão. Não querem lidar com fotografias e estão preocupadas em limpar as suas casas. Mas, para mim, foi muito interessante fazer este projecto, pois percebemos até que ponto o carácter documental se transforma em arte.”

Martin Zeller e Debby Sou estão habituados a criar juntos. Actualmente vivem em Almada, onde têm o estúdio “StudioZeller”, que recorrentemente desenvolve exercícios de arte multidisciplinar. Ele fotografa, ela escreve e pinta por cima das suas imagens, numa interconexão constante. Inspiram-se mutuamente. “The Passenger” é algo diferente de tudo o que já fizeram.

“O primeiro projecto que fizemos juntos foi em 2013, em que pintei por cima das fotografias dele, tiradas em Berlim, e que foram impressas em papel de arroz. Consegui pintar recorrendo a técnicas da pintura tradicional chinesa. Mas desta vez [com ‘The Passenger’] foi uma decisão bastante espontânea, porque há muito tempo que queríamos fazer algo e não sabíamos mesmo o que fazer com este material. Depois surgiu a covid e não conseguíamos ir a Hong Kong e pensei que seria uma pena deixar as imagens numa gaveta. Discutimos o formato da publicação, chegámos a pensar publicar em forma de mapa desdobrável, mas depois ficava algo complicado. Então ficou assim, como se fosse um acordeão”, explicou Debby Sou.

Lançar “The Passenger” em Lisboa foi fruto do acaso, mas os dois autores garantem que o projecto vai também ser lançado em Macau e Hong Kong, embora ainda não haja datas concretas. Martin Zeller e Debby Sou estão também a planear o regresso, por uma temporada, a Hong Kong, a fim de desenvolverem novos projectos.

31 Mai 2024

10 de Junho | Nova exposição de Francisco Ricarte inaugurada sábado

Francisco Ricarte, arquitecto e fotógrafo, está envolvido num novo projecto. Trata-se da exposição “Para os olhos dos jovens (de espírito)”, inaugurada este sábado na Casa Garden, a partir das 17h, numa iniciativa organizada pela CPM – Casa de Portugal em Macau e que se integra no programa de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas.

Segundo um comunicado da organização, a mostra “é dedicada a um público mais jovem, em termos de idade, mas também ‘jovens de espírito'”, sendo ainda complementada por dois workshops, a decorrer na CPM, onde será explorada “a prática da observação e registo visual” a partir das imagens expostas.

Segundo Ricarte, a fotografia possui “uma imensa abrangência e possibilidades criativas”, sendo “um instrumento fundamental no desenvolvimento das artes visuais”.

“Sob variadas abordagens estéticas e tecnológicas, esta forma de expressão artística tem-nos dado a conhecer facetas tão fascinantes e diversificadas, como o meio natural e construído que nos rodeiam, bem como das nossas aspirações e manifestações culturais, entre muitas outras facetas da condição humana”, refere ainda o mesmo comunicado.

Imagens com humor

A exposição inclui 22 imagens captadas em Macau “em situações inesperadas ou insólitas com uma certa ironia ou humor, e em performances de grande intensidade coreográfica e visual”. Estas imagens pretendem, assim, “cativar diversos níveis de público mais jovem (bem como os ‘jovens de espírito’) para apreciar imagens expressivas de mensagem inesperada e intensidade visual, que possam apelar à ‘frescura no olhar’ e cativar a sua observação e compreensão”.

Procura-se ainda “sensibilizar para a importância e valor da fotografia como meio de expressão e criação visual, procurando-se realçar a sua importância no registo e observação do quotidiano que nos rodeia”. É esse quotidiano que está cheio de “situações inesperadas e acontecimentos singulares” como os registados na exposição, e que “também pode ser visto de uma forma incomum e plena de ironia”.

Os workshops decorrem este domingo, com duas turmas. A primeira turma terá o workshop entre as 10h30 e as 12h30, com jovens dos 8 aos 11 anos, enquanto a segunda turma irá trabalhar das 15h às 17h, destinando-se a jovens com mais de 12 anos. As máquinas fotográficas disponibilizadas pela organização.

A CPM destaca que Francisco Ricarte “é arquitecto e fotógrafo residente em Macau, destacando-se por uma presença muito activa no cenário cultural e artístico do território e participando com regularidade em exposições de fotografia, quer num registo a solo, quer num formato colectivo”.

30 Mai 2024

IPOR | Ciclo de cinema sobre o 25 de Abril até Julho

No ano em que se celebram os 50 anos da chamada “Revolução dos Cravos”, o 25 de Abril de 1974, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe até ao dia 2 de Julho vários filmes sobre o golpe que derrubou a ditadura, os seus protagonistas e resistentes, onde se incluem nomes como Salgueiro Maia ou Álvaro Cunhal

 

Um momento tão marcante para a história de Portugal como o 25 de Abril de 1974, que acabou com a ditadura do Estado Novo, de Salazar e Marcelo Caetano, já marcou presença em muitas narrativas cinematográficas ao longo dos últimos anos. Tendo em conta que este ano se celebra meio século da revolução, o Instituto Português do Oriente (IPOR) exibe, até 2 de Julho, vários filmes, muitos do género documentário, no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

O ciclo de cinema “50 anos – 25 de Abril” arrancou no dia 21 com o filme “As Mãos Invisíveis”, de Hugo dos Santos, um documentário sobre as vivências numa casa em Paris que, nos anos 70, acolhia diversos portugueses que fugiram do regime fascista que então se vivia em Portugal. Foi também exibido esta terça-feira o filme “Cartas a uma Ditadura”, de Inês de Medeiros.

Na próxima terça-feira, será exibido o filme “O Jovem Cunhal”, do realizador João Botelho, datado de 2022. Trata-se de um retrato do mais carismático líder do Partido Comunista Português (PCP), Álvaro Cunhal, e da resistência ao fascismo que marcou toda a sua vida. Cunhal esteve preso várias vezes, estava sempre na mira da PIDE, a polícia política do Estado Novo, e foi central para definir a oposição política ao fascismo na clandestinidade.

Na sinopse da película pode ler-se que João Botelho conseguiu criar “um filme detectivesco, em que se exploram os primeiros anos da vida do histórico dirigente do PCP”, sendo que, pelo meio, são “encenados excertos dos seus próprios livros”.

Imagens e memórias

No dia 11 de Junho, é altura de exibir “Outro País”, de Sérgio Tréfaut, documentário de 1999 que relata a revolução, no período mais conturbado que se seguiu ao 25 de Abril, nos anos de 1974 e 1975. A sinopse revela que se trata de um filme baseado em muita documentação histórica guardada em arquivos, além de revelar os olhos e sonhos de fotógrafos e cineastas que, na época, testemunharam o evento.

“Salgueiro Maia, O Implicado”, da autoria de Sérgio Graciano, exibe-se no dia 18, mostrando a intervenção de um dos homens que ficou para a história como um dos “Capitães de Abril”, por ter ajudado, com outros militares, a planear e a fazer o golpe nas ruas de Lisboa.

Segundo a síntese do filme, trata-se do “primeiro retrato” do militar feito para cinema. “Fernando Salgueiro Maia, o anti-herói não ocasional, produto de uma formação académica e militar, foi um homem que soube pensar o futuro, seguir as ideias, contestando-as, vivendo uma vida cheia, alegre e fértil, solidária e sofrida – se não tem morrido prematuramente aos 47 anos, teria agora 75”.

O realizador fez, assim, “uma abordagem moderna, intimista e emocional” da vida deste militar, já falecido, sendo esta “uma história de ficção baseada em factos históricos, relatos pessoais, revelações íntimas, emoções reais de quem acompanhou o capitão ao longo de toda a vida”.

A 25 de Junho são apresentadas várias curtas-metragens na sessão “50 anos do 25 de Abril”, nomeadamente “Antes de Amanhã”, de Gonçalo Galvão Teles; “O Casaco Rosa”, de Mónica Santos; “Lugar em Parte Nenhuma”, de Bárbara Oliveira e João Rodrigues; “Estilhaços”, de José Miguel Ribeiro, e ainda “Menina”, de Simão Cayatte”.

O ciclo de cinema encerra-se a 2 de Julho com “48”, documentário de Susana de Sousa Dias. Este filme fala das histórias dos presos políticos do Estado Novo e de como sofreram as torturas às mãos da PIDE.

O filme, de 2010, vai revelando algumas das fotografias que a PIDE tirava a todos os presos, a preto e branco, de perfil ou com o rosto apontado para a câmara. Estão lá as imagens de Conceição Matos, antiga funcionária do PCP presa duas vezes e torturada, e de tantos outros homens e mulheres.

“São 16 imagens para contar 48 anos de fascismo – tudo fala da sociedade, os rostos, as roupas, a forma de estar. Não estão identificados por nomes nem idades porque valem por todos os presos políticos da ditadura”, refere a sinopse. As expressões eram de medo, as vozes que se ouvem em off traçam memórias negras de sofrimento e resistência na dor.

30 Mai 2024

Prémios Sophia premeiam João Canijo e Marco Martins

Os filmes “Mal Viver”, de João Canijo, e “Great Yarmouth – Provisional Figures”, de Marco Martins, foram os mais premiados na cerimónia dos prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, que decorreu no domingo no Casino Estoril, Cascais.

Na 13.ª edição dos Sophia, João Canijo recebeu o prémio de Melhor Realização e conquistou ainda o de Melhor Filme por “Mal Viver”. Este é um drama de uma família, de várias gerações de mulheres, que gere um hotel; uma obra que se conjuga num díptico com a longa-metragem “Viver Mal”, ambas produzidas por Pedro Borges, da Midas Filmes. Por conta ainda de “Mal Viver”, a Academia Portuguesa de Cinema atribuiu ainda o Sophia de Melhor Actriz Secundária a Madalena Almeida e o de Melhor Montagem a João Braz.

“Great Yarmouth – Provisional Figures”, de Marco Martins, retrato da emigração portuguesa no Reino Unido, somou também quatro prémios para Beatriz Batarda (Melhor Actriz Principal), Romeu Runa (Melhor Actor Secundário), João Ribeiro (Melhor Direcção de Fotografia) e Miguel Martins e Rafael Cardoso (Melhor Som).

“Viva a liberdade, mas sejamos estoicos e façamos da casa da nossa democracia um exemplo para todas as casas do nosso país. Xenofobia, misoginia, transfobia, discurso do ódio, não, não pode, seu ignorante”, disse o ator Romeu Runa no discurso de agradecimento.

“Amadeo”, de Vicente Alves do Ó, venceu três Sophia nas categorias de Guarda-Roupa, Direcção de Arte e Maquilhagem e Cabelos. O filme “Não Sou Nada – The Nothingness Club”, de Edgar Pêra, que era o mais nomeado desta edição, recolheu duas estatuetas, de Melhor Caracterização e Efeitos Especiais e para Melhor Actor Principal, para Miguel Borges.

Carlos Conceição conquistou o prémio de Melhor Argumento Original para o filme “Nação Valente”. Destaque ainda para prémios atribuídos no cinema de animação.

A longa-metragem “Nayola”, de José Miguel Ribeiro, venceu o Sophia de Melhor Argumento Adaptado, para Virgílio Almeida, “Sopa Fria”, de Marta Monteiro, venceu o de Melhor Curta-Metragem de Animação, e a longa-metragem “Os Demónios do Meu Avô”, de Nuno Beato, recebeu dois prémios, nas categorias de Melhor Canção e Melhor Banda Sonora.

“Rabo de Peixe” vencedor

O Sophia de Melhor Série ou Telefilme foi para a “Rabo de Peixe”, realizada por Augusto Fraga e Patrícia Sequeira, e produzida para a plataforma de ‘streaming’ Netflix. Joana Botelho venceu o Sophia de Melhor Curta-Metragem Documental com “Coney Island – As Primeiras Vezes”, Basil da Cunha venceu na categoria de curta-metragem de ficção, com “2720”, e “Viagem ao Sol”, de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias, obteve o Sophia de Melhor Documentário.

Durante a cerimónia, a Academia Portuguesa de Cinema atribuiu ainda os Sophia de Carreira ao músico e compositor Luís Cília e ao realizador Rui Simões.

28 Mai 2024

Livro | Filipa Simões lança guia que faz levantamento de arte urbana em Macau

É hoje lançado no CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo o livro “Guide to Street Art in Macau”, da autoria da designer Filipa Simões. A obra faz um mapeamento dos seis pontos do território onde existe arte urbana, como o graffiti, mas não só. A autora fala de um “crescente interesse” do Governo sobre esta área nos últimos anos

 

“Guide to Street Art in Macau” [Guia para a Arte de Rua em Macau] é o nome do livro da autoria de Filipa Simões, designer e docente, lançado hoje, a partir das 18h, no CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo, na Ponte 9. Trata-se da primeira obra que apresenta um mapeamento exaustivo, com curadoria, em seis zonas do território onde existe arte de rua, nomeadamente o graffiti. Trata-se de quatro zonas na península, uma na Taipa e outra em Coloane.

A arte de rua não é ainda algo banal em Macau, mas tem vindo a fazer-se notar nos últimos anos. Filipa Simões descreve ao HM que “o cluster mais prolífico e diverso centra-se à volta da Praça de Ponte e Horta, no Porto Interior, onde está sediado o ‘Outloud!’, o festival de graffiti de Macau”, cuja influência “se estende até à zona de A-Ma, que se divide entre becos na zona do Manduco e zona industrial do porto”.

Por sua vez, na zona central da península, “as obras encontram-se dispersas em pequenos grupos, com maior frequência nas zonas históricas”. Já na zona norte, em locais como o Fai Chi Kei ou Iao Hon, “as obras reflectem o carácter mais denso e opressivo da paisagem urbana”, enquanto nas ilhas são “mais bucólicas e pitorescas”.

Filipa Simões frisa que a publicação desta obra “é um convite para descobrir Macau através da ‘street art’, de forma mais atractiva e acessível para uma audiência abrangente”, além de ser “uma celebração do entusiasmo e interesse em Macau da parte dos artistas e promotores que estão por trás destas obras”. O livro não pretende ser “uma obra final, até pelo carácter transitório desta forma de arte, que está sempre em mutação”.

A ajuda do “Outloud!”

A autora dá conta de que este livro não apresenta “um levantamento exaustivo de toda a arte de rua de Macau, mas sim uma selecção curada”. “Começámos por fazer um levantamento abrangente das obras por todo o território. Estivemos também em contacto com artistas locais e organizadores do festival ‘Outloud!’, que nos ajudaram a descodificar o universo da ‘street art’ em Macau. Seguiu-se um trabalho de selecção, onde procurámos criar uma narrativa com as obras escolhidas, agrupando-as depois em percursos que fossem mais interessantes de descobrir”, acrescentou.

Filipa Simões destaca que a intenção foi “evidenciar cada obra, mas também mostrar o diálogo com a vida quotidiana da cidade”. As imagens são da autoria de David Lopo.

Se noutras cidades do mundo a arte de rua assume, muitas vezes, um carácter marginal, por ser realizada em locais proibidos, em Macau o posicionamento da “street art” é bem mais equilibrado, existindo “um diálogo forte com o mundo do graffiti na China Continental, mesmo pelas limitações de espaço no território”.

Assim, destaca Filipa Simões, “o modelo da obra encomendada é visto de uma forma mais positiva do que no panorama de ‘street art’ ocidental. Mesmo que na sua génese seja uma arte ‘marginal’, em Macau este equilíbrio entre a mensagem do artista e o interesse do Governo tem sido profícuo. No entanto, não é algo definidor do panorama de ‘street art’ local.”

A designer refere, neste ponto, o facto de já se encontrarem diversos exemplos de obras encomendadas por privados, além das iniciativas de grupos de artistas locais que têm fomentado esta área, nomeadamente a organização do festival “Outloud!”.

Potencial turístico

Filipa Simões entende que, nos últimos anos, se tem notado “maior abertura e interesse do Governo” em relação à arte de rua, pelo “potencial” que tem “na promoção cultural e do turismo”. “Vários sectores do Governo têm tirado vantagens disso, apropriando-se da narrativa de forma positiva. As iniciativas do Governo na qualidade de promotor ou financiador têm contribuído muito para a expansão da ‘street art’ em Macau”, disse ainda.

A designer não tem dúvidas de que a arte de rua “é uma ferramenta poderosa para promover a identidade cultural das cidades e activar zonas urbanas mais delapidadas e esquecidas”.

Neste sentido, nota-se que já existe “um interesse natural por parte dos turistas em fotografar as obras icónicas de graffiti”, o que demonstra que a arte de rua “adiciona mais uma ‘layer’ [camada] a Macau, que já de si é culturalmente muito densa e fascinante”.

Olhando para a história da arte de rua no território, a autora do livro refere que esta tem vindo a ser feita nos últimos 25 anos, apesar de estar ainda “numa fase inicial quando comparada com outras cidades da região ou mesmo internacionais”.

O facto de, no período da covid-19, Macau ter estado praticamente fechada ao mundo, com poucas saídas e entradas, espoletou a veia artística de muitos.

“A evolução nos últimos anos, mesmo em contexto condicionado pela covid-19, tem dado sinais de uma evolução muito rápida e positiva. O impacto é notório no ‘feedback’ que se obtém nas redes sociais, tanto da população local como de visitantes.”

28 Mai 2024

Dia da Criança | IPOR celebra efeméride com peça de teatro

O Instituto Português do Oriente (IPOR) acolhe, no próximo dia 1 de Junho, a peça de teatro infantil “Era uma vez (outra vez)”, encenada pela companhia de teatro ETCeterera, que virá a Macau de propósito para este espectáculo.

Segundo um comunicado do IPOR, a peça aborda “o imaginário dos irmãos Grimm e na relação entre dois irmãos que estão de férias numa aldeia sem acesso a novas tecnologias e, não sendo propriamente os melhores amigos, terão que conviver um com o outro para passar o tempo”. Desta forma, “os irmãos vão transformar os utensílios do dia-a-dia em marionetas para se divertirem e passar o tempo, acabando por descobrir que a amizade e o convívio são mais importantes do que as diferenças que os separam”.

A ETCetera é uma associação artística, criada e sediada em Vila Nova de Gaia e que tem vindo a trabalhar o teatro com actores profissionais, cujo trabalho assenta sob o lema “Teatro para Todos”. A companhia diz querer “proporcionar diferentes momentos teatrais a todo o tipo de grupo, género e idades”, bem como “experiências artísticas que não só se reflectem no crescimento enquanto alunos, mas também enquanto indivíduos ligados à arte tendo em conta que oferecemos o teatro como veículo de cultura e simultaneamente educação”.

28 Mai 2024

Humarish Club | Primeira exposição de Geng Defa em Macau

A galeria Humarish Club, no Lisboeta Macau, acolhe até 28 de Junho a exposição “All Things Bloom”, de Geng Defa, artista contemporâneo emergente que, pela primeira vez, expõe no território. Segundo um comunicado da organização, a mostra inclui 15 esculturas pintadas à mão e ainda 19 pinturas a óleo. A mostra é apresentada em Macau em colaboração com a galeria de arte chinesa JINSE.

Geng Defa é “um jovem artista imbuído de idealismo poético, cujas obras exalam uma fantasia surrealista romântica que transcende o mundo real”, descreve a organização do evento, que considera que as suas obras de arte “possuem uma qualidade curativa”, oferecendo “uma ‘habitação poética’ que permite ao público experimentar a vastidão do universo e o vazio da vida, captando também a essência do conceito Zen na filosofia chinesa”.

Os trabalhos de Geng Defa expressam ainda “uma energia explosiva e rápida que parece romper barreiras, construindo uma força externa depois de se libertar de constrangimentos”. O artista revela “um profundo respeito pelos atributos espirituais da natureza, da sociedade e da humanidade”.

Nascido em Lanling, província de Shandong, em 1986, Geng Defa é artista e docente. Doutorado, em 2020, pela Academia de Belas Artes de Xangai, ligada à Universidade de Xangai, Geng Defa é ainda membro da Associação de Artistas Chineses, membro da Sociedade Chinesa de Pintura a Óleo e director da Sociedade de Pintura a Óleo de Chongqing. Já realizou dezenas de exposições, sobretudo na China, sendo que as suas obras são também reveladas em diversos museus e galerias.

28 Mai 2024

10 de Junho | Lançado livro de J.J. Monteiro sobre “Vulgaridades Chinesas”

Será lançado no próximo dia 7 um novo livro de José Joaquim Monteiro, também conhecido por J.J. Monteiro. Já falecido, o autor, ou “poeta-soldado”, deixou muitos escritos por publicar, como é o caso de “Vulgaridades Chinesas”, apresentado agora no âmbito do cartaz de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas

 

Será publicado, a título póstumo, mais uma obra de José Joaquim Monteiro, também conhecido pelo nome de J.J. Monteiro ou como “poeta-soldado”. A apresentação de “Vulgaridades Chinesas”, obra nunca antes publicada do autor português que faleceu em Macau em 1988, decorre no próximo dia 7, às 18h30, no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

Este lançamento está integrado no cartaz das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas e contará com a presença de Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), que apoia a edição, do professor António Aresta e do filho mais novo do autor, José Joaquim Monteiro Júnior.

O livro, editado em português e cuja edição tem também o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC), é, segundo um comunicado, “uma narrativa, em versos populares, sobre a única viagem de J. J. Monteiro ao interior e sul do País do Meio [China], atravessando pela sua primeira vez as Portas do Cerco”.

Na obra, descrevem-se também “a ‘praxis’ em Macau, as máximas confucianas, as adivinhas, provérbios e rifões do Monsenhor André Ngan [sacerdote], dos tropos de Luís Gonzaga Gomes [escritor, sinólogo e tradutor], e as várias gírias e alguns calões no dialecto cantonense”.

J.J. Monteiro faleceu sem ver muitos dos seus escritos editados em livro, iniciativa que tem vindo a ser realizada pelos seus descendentes nos últimos anos. “Vulgaridades Chinesas” é, assim, mais uma obra que entra para o rol das edições póstumas.

No prefácio, assinado por Jorge Rangel, descreve-se que “o IIM deu prioridade à publicação das obras inéditas de J. J. Monteiro, tarefa que contou sempre com a empenhada e qualificada colaboração dos seus filhos e netos”.

Para Rangel, trata-se de um “contributo seguro e decisivo para uma mais ampla difusão da sua invulgar obra”. O presidente do IIM diz ainda no prefácio concordar com as palavras de António Aresta que, no primeiro volume de “Figuras de Jade – Os Portugueses no Extremo Oriente”, apontou que “omitir ou rasurar José Joaquim Monteiro da literatura de Macau seria uma injustiça e um enorme empobrecimento estético”.

Anedotas e afins

J.J. Monteiro nasceu pobre em Tabuaço, Viseu, em 1913, tendo vindo para Macau cumprir o serviço militar, onde casou e formou família e acabou por se dedicar às letras, apesar da pouca instrução escolar que possuía. Nos livros que deixou abordou sobretudo a gastronomia local, o patuá, os modos de vida da comunidade chinesa e tantas outras particularidades de Macau como terra multicultural que sempre acolheu portugueses, chineses e macaenses.

Falecido em 1988, já não assistiu ao lançamento de “Anedotas, Contos e Lendas”, lançado em 1989; os dois volumes de “Meio Século em Macau”, em 2010, e “Memórias do Romanceiro de Macau”, em 2013. Todas estas edições têm sido fomentadas e apoiadas pelos seis filhos.

O padre Benjamin Videira Pires, figura histórica do clero local, ligado à imprensa religiosa, e autor do prefácio da obra “Macau Vista por Dentro”, chegou a desafiar J.J. Monteiro, em 1984, a escrever um livro apenas sobre anedotas, “por saber que possuía uma colecção inédita de anedotas que encheriam um almanaque”.

Assim nasceu a obra editada em 1989, onde o autor, “por desconhecimento da língua chinesa, baseou-se em informações por um dos seus filhos que se dedicou nesta obra, particularmente no que diz respeito aos calões e gírias”.

O comunicado do IIM destaca que “Macau Vista por Dentro” é a “obra magna” de J.J. Monteiro, pois revela “um visível amadurecimento e conhecimento profundo das origens e do percurso dos portugueses no Oriente, assim como aspectos relevantes da cultura da China milenar”.

28 Mai 2024

“Grand Tour” consagra Miguel Gomes em Cannes como melhor realizador

O realizador português Miguel Gomes venceu o prémio de melhor realização do Festival de Cinema de Cannes, em França, pelo filme “Grand Tour”, foi sábado anunciado na cerimónia de encerramento. É a primeira vez que Miguel Gomes é distinguido na competição oficial do festival de Cannes.

Miguel Gomes recebeu o prémio das mãos do cineasta alemão Wim Wenders e num curto discurso agradeceu ao cinema português, sublinhando a raridade que é haver filmes portugueses na competição oficial, e estendeu o agradecimento a “grandes cineastas” como Manoel de Oliveira, que o inspiraram a fazer cinema.

Há 18 anos, em 2006, na competição de longas-metragens esteve “Juventude em Marcha”, de Pedro Costa. A história de “Grand Tour” segue um romance de início do século XX, com Edward (Gonçalo Waddington), um funcionário público do império britânico que foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela chega para o casamento.

“Contemplando o vazio da sua existência, o cobarde Edward interroga-se sobre o que terá acontecido a Molly… Desafiada pelo impulso de Edward e decidida a casar-se com ele, Molly segue o rasto do noivo em fuga através deste ‘Grand Tour’ asiático”, refere a sinopse.

Durante a semana, em conferência de imprensa em Cannes, Miguel Gomes, 52 anos, explicou que “Grand Tour” é um filme “sobre a determinação das mulheres e a cobardia dos homens” e tem ainda como ponto de referência um livro de viagens, “Um gentleman na Ásia”, de Sommerset Maugham.

Périplo asiático

Na preparação deste filme, ainda antes da pandemia da covid-19, Miguel Gomes fez um arquivo de viagem pela Ásia – por exemplo, Myanmar (antiga Birmânia), Vietname, Tailândia, Japão -, para traçar o trajecto das personagens, recolhendo imagens e sons contemporâneos para uma longa-metragem de época de 1918.

Só depois desse périplo, Miguel Gomes rodou as cenas com os actores em estúdio, em Roma. O argumento é co-assinado pelo cineasta com Mariana Ricardo, Telmo Churro e Maureen Fazendeiro. “O que é interessante no cinema é que se pode viajar para um mundo alternativo, um mundo ficcional que contém todos os tempos; as memórias do tempo passado, o tempo actual em que vivemos, o presente”, disse Miguel Gomes na mesma conferência de imprensa.

“Grand Tour” foi produzido por Uma Pedra no Sapato, de Filipa Reis, em co-produção com Itália, França, Alemanha, China e Japão. Miguel Gomes já tinha estado anteriormente em Cannes, na Quinzena de Cineastas onde apresentou “Aquele querido mês de Agosto” (2008), “As mil e uma noites” (2015) e “Diários de Otsoga” (2021), correalizado com Maureen Fazendeiro.

Miguel Gomes soma vários prémios em festivais internacionais, nomeadamente o prémio da crítica do festival de Berlim com “Tabu” (2012), o prémio de melhor realizador (repartido com Maureen Fazendeiro) no Festival Mar del Plata (Argentina) com “Diários de otsoga” (2021) e o prémio especial do júri em Guadalajara (México) com “Aquele querido mês de Agosto” (2009). A 77.ª edição do Festival de Cinema de Cannes começou no dia 14 e terminou sábado.

26 Mai 2024

Junho celebra “Dia do Património Cultural e Natural da China”

Decorrem, desde o dia 23, as inscrições para as actividades comemorativas do “Dia do Património Cultural e Natural da China”, que acontecem a partir de 8 de Junho, organizadas pelo Instituto Cultural (IC). Irão ter lugar vários workshops sobre a cultura tradicional chinesa em diversos espaços culturais a partir de 1 de Junho, este sábado.

Um deles é o “Workshop de gravação de sinetes”, que acontece no Museu Memorial de Xian Xinghai, ou ainda o “Workshop de Pintura dos 24 Termos Solares”, organizado na Casa da Literatura de Macau. Destaque ainda para os workshops sobre “Criação de Candeeiros de Bambu” na antiga Fábrica de Panchões Iec Long, “Cianotipia” nas Ruínas do Colégio de S. Paulo, “Arte do Chá” na Casa de Lou Kau, o “Desenho do Património Cultural” no Jardim da Fortaleza do Monte, entre outros.

Entradas livres

Nos dias 8 e 9 de Junho a entrada no Farol da Guia será livre, permitindo ao público conhecer o seu interior, que “raramente está aberto ao público”, descreve o IC.

Além disso, a exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo” terá sessões experienciais gratuitas em Junho, com o objectivo de “elevar o conhecimento dos residentes e turistas sobre o património cultural de Macau”.

Este período de entradas gratuitas decorre aos sábados e domingos, entre as 10h e as 10h30, entre os dias 8 e 30 de Junho. Além disso, serão realizados os passeios “Visita Guiada a Pé pela Fortaleza do Monte” e “Visita Guiada a Pé em Família até à Fortaleza do Monte” nos dias 8 e 9 de Junho, respectivamente.

Destaque ainda para a entrada gratuita no Museu de Macau entre os dias 8 e 11 de Junho das 10h às 18h. Serão também disponibilizadas visitas gratuitas na Casa da Literatura de Macau entre as 15h e as 16h nos dias 8 e 9 de Junho.

O “Dia do Património Cultural e Natural” foi anteriormente designado como o “Dia do Património Cultural”, sendo celebrado desde 2006. A partir de 2017, o “Dia do Património Cultural” passou a ser designado “Dia do Património Cultural e Natural”, com o objectivo de reforçar a consciência social sobre a importância do património cultural e natural e da preservação do mesmo, aponta o IC.

26 Mai 2024

Magia | Macau é primeira paragem na digressão de Louis Yan

Louis Yan, natural de Hong Kong e um mágico mundialmente famoso, está na estrada com a digressão “My Faith Magic Tour 2024” e Macau será o primeiro ponto de paragem. Nos dias 7 e 8, e também 14 e 15 de Junho, o público local poderá desfrutar das artes mágicas do homem que detém um recorde do Guiness para a “Maior Lição de Magia”, ultrapassando o recorde de David Copperfield

 

Não canta, não dança, nem sequer representa. As artes de Louis Yan, natural de Hong Kong, são outras: ele faz magia e encanta quem o vê com o mistério associado a este tipo de espectáculo. Mundialmente conhecido e detentor de um recorde do Guiness, Louis Yan escolheu Macau para a primeira paragem da sua digressão, intitulada “My Faith Magic Tour 2024”. Assim, nos dias 7 e 8, bem como 14 e 15 de Junho, o público de Macau poderá ver de perto a “fé” do mágico, que actua no Wynn Palace, no Cotai.

Segundo um comunicado da operadora de jogo, que promove o evento, os dois espectáculos de Louis Yan prometem revelar as suas “extraordinárias habilidades, levando o público a uma viagem cativante cheia de transformações mágicas impressionantes”, numa experiência que promete ser “inesquecível”.

O tema da digressão, “A Minha Fé”, está relacionado com o facto de o mágico ter transformado a sua grande paixão numa “fé de vida”, que o tem guiado “numa viagem em todo o mundo que alcança milagres, um após o outro, e que deslumbra o público com magia e surpresa num piscar de olhos”.

Pelo mundo

Louis Yan obteve a distinção do Guiness com a “Maior Lição de Magia”, ultrapassando assim o recorde já atingido pelo mundialmente famoso David Copperfield. Ganhou ainda o “Merlin Award”, um importante prémio nesta área, que se pode considerar como os “Óscares da Magia”.

O mágico de Hong Kong já actuou ao lado dos actores chineses Leo Wu e Peng Yuchang, nomeadamente na gala do Festival da Primavera do canal de televisão CCTV, em 2020, além de ter realizado espectáculos em cidades como Los Angeles, Toronto e Sidney. Louis Yan foi também o primeiro mágico de Hong Kong a exibir as suas lides a solo em Las Vegas, uma das grandes capitais do jogo, a par de Macau. Os bilhetes para os espectáculos já estão à venda, sendo que uma mesa para quatro pessoas custa 1.688 patacas.

A viagem de Louis Yan pelo mundo da magia começou a sério em 2010, ano em que começou a conquistar os primeiros prémios da sua carreira. Nesse ano, tornou-se no primeiro profissional de magia de Hong Kong a vencer o concurso Abbott dos EUA, considerada a capital mundial da magia. Além disso, Louis Yan sagrou-se vencedor, também em 2010, do 6.º Concurso Internacional de Magia de Palco Joker Magic da Hungria.

No ano seguinte, Louis Yan actuou no “Magic Castle” em Hollywood, EUA, além de ter representado Hong Kong, a convite do Governo, em quatro cidades europeias, nomeadamente Paris, Bruxelas, Hamburgo e Haia. Em Junho de 2011, Louis Yan ficou ainda mais conhecido do grande público por prever com sucesso o resultado da lotaria do Mark Six.

Na estação televisiva TVB, da região vizinha, Louis Yan é uma presença constante, tendo sido juiz e convidado do programa “Magic Battle”, além de ter sido o mágico convidado do programa “King of Street Magic” entre os anos de 2013 e 2017. Louis Yan é também o primeiro e único mágico de Hong Kong que realizou um espectáculo de magia com venda de bilhetes no KITEC StarHall.

26 Mai 2024

FRC acolhe debates comemorativos dos dez anos do Plataforma

O semanário bilingue Plataforma, por ocasião da celebração do décimo aniversário de existência, promove na próxima semana, entre os dias 27 e 30, quatro debates na Fundação Rui Cunha (FRC), num ciclo especial de conversas intitulado “Plataforma Talks”. Todos os debates começam às 18h30 e contam com diversas personalidades locais, focando-se nas áreas do ensino superior, banca, diplomacia e Direito, sob o mote “Redes para a internacionalização de Macau”.

O primeiro debate, na segunda-feira, conta com os advogados Frederico Rato, sócio fundador da LEKTOU e Oriana Pun, sócia do escritório PCC Lawyers. Por sua vez, na terça-feira, o debate versará sobre “Redes Bancárias”, contando com Carlos Cid Álvares, CEO Banco Nacional Ultramarino e Ip Sio Kai, vice-presidente do BOC Macau e deputado.

Na quarta-feira, dia 29 de Maio, a conversa incidirá sobre “Redes Universitárias”, contando com a presença de Agnes Lam, Directora do Centro de Estudos de Macau da Universidade de Macau e ex-deputada, e ainda Priscilla Roberts, professora de História e Cultura na USJ – Universidade de São José.

Por último, quinta-feira, dia 30 de Maio, o debate será sobre “Redes Diplomáticas”, tendo como convidados o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, e Danilo Henriques, secretário-adjunto do Fórum Macau. Os moderadores dos debates serão os directores do jornal, Paulo Rego e Guilherme Rego.

Diversificar e flexibilizar

Segundo um comunicado da FRC, estes debates pretendem dissecar o tema da diversificação económica que, “por mais sucesso que tenha, não irá alterar de forma dramática o peso do jogo no Produto Interno Bruto de Macau”. Contudo, “pode e deve mudar significativamente o perfil do emprego e a relevância nacional e internacional; além da cultura de exigência digna de uma sociedade de serviços moderna, ágil, competente e global”.

“Este é o ADN do PLATAFORMA, que desde a sua primeira edição defende o bilinguismo, a livre circulação de pessoas, a massa crítica estrangeira, e do continente, a diversificação económica e flexibilidade na atribuição de Bilhetes de Identidade de Residente”, é descrito na mesma nota. Para o semanário, estes factores constituem “pilares do projecto lusófono e da afirmação internacional de Macau”, defendendo que “se deve promover, ao mesmo tempo, uma sociedade de serviços multicultural, multilingue, flexível e competente, capaz de criar redes institucionais e profissionais que liguem China e Lusofonia, Oriente e Ocidente”.

24 Mai 2024