FAM | Cartaz assinala bicentenário do nascimento de Karl Marx

 

Foi ontem apresentado o cartaz do Festival de Artes de Macau (FAM) que vai decorrer entre 27 de Abril e 31 de Maio. Do teatro, à música, passando pela dança, a programação deste ano tem um pouco de tudo. Os bilhetes vão ser postos à venda a partir do próximo Domingo

É com a peça de teatro “Das Kapital”, uma nova versão do clássico de Karl Marx, que abre o pano do XXIX Festival de Artes de Macau (FAM). O espectáculo, levado à cena pelo Centro de Artes Dramáticas de Xangai, foi escolhido para assinalar o bicentenário do nascimento do filósofo alemão. A peça contem “elementos próprios de Macau, ilustrando as duas faces do capital, com recurso ao humor negro.”

O cartaz do FAM deste ano, apresentado ontem pelo Instituto Cultural (IC), é subordinado ao tema “origem”, como simbolismo de “fonte de vida” e apresenta 26 propostas de uma dezena de países e territórios, incluindo Reino Unido, Portugal, Alemanha, Israel, Japão ou Coreia do Sul, num total de mais de 100 eventos.

O FAM abre com teatro e fecha com dança. “13 Línguas” foi o espectáculo escolhido para o encerramento. Originalmente uma encomenda do Festival Internacional de Artes de Taiwan de 2016, “13 Línguas” chega este ano ao público de Macau pelas mãos da companhia Cloud Gate 2.

Entre os principais destaques do cartaz figuram “Mulheres de Tróia”, uma peça do mestre de teatro contemporâneo Tadashi Suzuki que mostra a miséria e a desolação do Japão no pós-guerra, bem como a adaptação d’ “O Processo”, a obra clássica de Franz Kafka, apresentada pela companhia sul-coreana Sadari Movement Laboratory. No mesmo domínio artístico, sobressai a “Acompanhante”, obra de Eisa Jocson, uma coreógrafa e bailarina das Filipinas, que explora o corpo feminino e a política de género.

A companhia Subject_to Change, do Reino Unido, apresenta o premiado “Lar Doce Lar”, desafiando os participantes a construir casas em cartão e a edificar uma cidade.

Outras propostas incluem uma adaptação da obra “A Noite Antes da Floresta”, do famoso dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès, apresentada pela Associação de Arte Teatral Dirks, em colaboração com uma encenadora irlandesa e a sua equipa internacional de actores; ou a co-produção “Júlia Irritada”, baseada na peça do dramaturgo sueco August Strindberg e representada, com um toque sarcástico, por actores de Macau e Singapura, que foi, aliás, um encomenda do FAM ao grupo de Singapura Nine Years Theatre.

Estaleiros e Migrantes em foco

Com Macau como pano de fundo, destaque para duas peças de teatro: “Pôr-do-Sol nos Estaleiros”, uma proposta da Dream Theater Association, que conta a história da indústria de construção naval do território, e “Migrações”, criada pelo Teatro Experimental que tem como protagonistas trabalhadores indonésios.

Há também, como é habitual, Teatro em Patuá, com o Grupo de Teatro Dóci Papiáçam di Macau a apresentar este ano “Qui di Tacho?” (Que é do Tacho?), à boleia da recente designação de Macau como “cidade gastronómica”, para ver nos dias 19 e 20 de Maio.

O teatro tem, de resto, lugar de relevo, em diferentes formatos: há teatro físico, por via do “Rua Vandenbranden, 32”, do conceituado grupo belga Peeping Tom; teatro-dança e instalação em “Murmúrio de Paisagem”, a cargo da Associação de Artes e Cultura Comuna de Pedra. De Portugal, chega “Parasomnia”, teatro imersivo com recurso a instalações de imagens e sons de Patrícia Portela que se baseou no ensaio incompleto “Sobre o sono, o despertar e a ausência de sonhos”, da autoria de Acácio Nobre. Ao programa do FAM junta-se ainda a nova produção da coreógrafa local Tracy Wong, “As Franjas Curiosas – Explosão da Caverna”, que combina dança, artes visuais e instalação.
“Esponja”, da companhia “Turned On Its Head” (Reino Unido) e “Quando Tudo Era Verde”, da The Key Theatre (Israel) entram na secção dos programas para a toda a família, a par com “À Procura da Memória”, da associação artística local Cai Fora, e a “Mostra de Espectáculos Ao Ar Livre”, que junta uma série de grupos, entre os quais a Casa de Portugal.

O FAM também revisita, como sempre, os clássicos das artes tradicionais: “O Sonho da Câmara Vermelha”, peça de ópera cantonense clássica, é uma das principais sugestões, a par com a “Mostra de Clássicos Chineses Quyi”, que apresenta os destaques dos últimos 200 anos da história da arte Quyi de Guangdong através de canções narrativas naamyam e da percussão baatyam.
O cartaz inclui ainda dois concertos (um do maestro escandinavo Henning Kraggerud e a Orquestra de Macau; e outro, de Fado, que junta o maestro Liu Sha e a Orquestra Chinesa de Macau) e uma exposição dedicada a Marc Chagall, um dos principais nomes do Modernismo.

“O Festival de Artes de Macau está mais diversificado e mais em contacto com a realidade, tendo expandido a escala do público-alvo, intensificando mais produções locais, manifestando ainda um papel mais relevante na cooperação e intercâmbio artístico, bem como na formação de talentos locais”, afirmou a presidente do IC, Mok Ian Ian.

O FAM conta com um orçamento de 22 milhões de patacas, menos três por cento relativamente à edição anterior. No entanto, Mok Ian Ian desvalorizou o corte. “Para aderir à política de utilização racional dos recursos financeiros, assumimos uma atitude prudente na gestão. Não obstante, a qualidade não será influenciada”.

Paralelamente ao festival propriamente dito decorre uma série de actividades, como ‘workshops’, palestras com artistas ou projecções de filmes. Ambos os programas encontram-se disponíveis em www.icm.gov.mo/fam

7 Mar 2018

Yang Yankang retrata o budismo tibetano em Lisboa

[dropcap style=’circle’] D [/dropcap] esde o passado dia 1 de Março que a Galeria Fidelidade Chiado 8, em Lisboa, acolhe a exposição de fotografia de Yang Yankang, intitulada “Espelhos de Alma”. A curadoria é do advogado e fotógrafo João Miguel Barros, que fala de uma obra que revela uma grande dimensão de religiosidade

 

Depois de ter levado o trabalho de Lu Nan a Portugal, João Miguel Barros voltou a apostar num outro fotógrafo chinês que, pela primeira vez, expõe em Lisboa e que promete mostrar aos portugueses as facetas do budismo tibetano. A exposição “Espelhos de Alma” estará patente até ao dia 4 de Maio na Galeria Fidelidade Chiado 8, em Lisboa.

Depois de ter levado o trabalho de Lu Nan a Portugal, João Miguel Barros voltou a apostar num outro fotógrafo chinês que, pela primeira vez, expõe em Lisboa e que promete mostrar aos portugueses as facetas do budismo tibetano. A exposição “Espelhos de Alma” estará patente até ao dia 4 de Maio na Galeria Fidelidade Chiado 8, em Lisboa.

A mostra reúne 40 fotografias a preto e branco, “ampliadas analogicamente e que estão centradas no budismo tibetano”, explicou João Miguel Barros ao HM.

As imagens “retratam diversos aspectos do quotidiano dos monges tibetanos, na sua fé e nos seus tempos livres. Mostram, ainda, aspectos vários de peregrinos nas suas viagens espirituais”. Na visão do curador, Yang Yankang “é um fotógrafo fantástico, com uma visão orientada para o culto e a fé”. “Refiro genericamente o culto, e não apenas na fé budista, porque ele tem um outro trabalho de grande fôlego centrado no Catolicismo na China, que espero ter a oportunidade de ajudar a divulgar”, acrescentou.

João Miguel Barros não tem dúvidas de que “a arte chinesa tem tido um crescendo de aceitação no ocidente, se bem que em Portugal, ao contrário de outros países europeus, não esteja nos lugares cimeiros de maior valorização”.

Abertura mútua

Em Portugal há ainda muitas ideias feitas em relação ao que é considerado arte chinesa. “Pensa-se quase sempre na porcelana ou nas pinturas a tinta da china, muita dela seguindo as mesmas técnicas e estruturas narrativas dos clássicos. Mas não é essa a que eu me refiro. Estou a pensar na arte contemporânea chinesa quer seja a pintura, a escultura, as instalações e, particularmente no que mais me interessa, a fotografia”, esclarece o curador e fotógrafo. “A arte contemporânea chinesa começou o seu processo de afirmação em décadas mais recentes, fruto da política de abertura das autoridades chinesas nos anos 70 do século passado, e que tem vindo a ter uma expressão enorme junto do público”, acrescenta.

No que diz respeito à fotografia contemporânea, “teve um nascimento mais tardio e não é ainda a forma de expressão artística mais significativa”.

João Miguel Barros garante que a mostra de Lu Nan “teve maior repercussão em Portugal, no sentido da sensibilização para a importância da fotografia chinesa”.

 

“O Espelho da Alma”

 

Uma conversa entre o artista Yang Yankang e o curador João Miguel Barros

 

Quando começou a fazer fotografia de forma continuada e profissional?

Comecei a entender fotografia através da revista “Fotografia Moderna”, em 1985, em Shenzhen, e tornei-me fotógrafo profissional em 1992.

 

Nos seus primeiros tempos como fotógrafo quais eram os objectivos que ambicionava concretizar? Eram já projectos relacionados com a fé e a religião?

Nessa altura queria apenas tirar as melhores fotografias; eu não tinha ambição nem objectivos a longo prazo. Através do sentimento e experiência adquiridos durante a minha jornada na fotografia, encontrei pessoas e motivos religiosos, que gradualmente fortaleceram a minha própria convicção. Ao obter alguns resultados, decidi concentrar-me em fotografar as 3 religiões principais. Utilizo a fotografia para interpretar a vida e o espírito de pessoas religiosas e, ao mesmo tempo, encontrar a minha própria fé.

 

Quem o influenciou nos seus primeiros trabalhos?

No início, fui influenciado por fotógrafos chineses como Hou Dengke, Hu Wugong, Pan Ke e outros grupos de Shaanxi. Com a abertura da fotografia na China, fui fortemente influenciado por fotógrafos de países estrangeiros, como Sebastião Salgado, Marc Riboud, Diane Arbus, Sally Mann.

 

E depois? Há algum nome que considere ser um mestre e que se tenha mantido ao longo dos anos como fonte importante de inspiração para o seu trabalho?

Nas minhas fotografias posteriores, considero Josef Koudelka e Sebastião Salgado os fotógrafos mestres, que continuam a ser fontes importantes de inspiração para o meu trabalho e que me conduziram para a maturidade e profissionalismo.

 

A sua opção é pela fotografia a preto e branco. Porquê?

A fotografia a preto e branco é uma maneira directa de ilustrar o tema, não estando sujeita à tentação de interferências das cores. As imagens a preto e branco são tradicionais, clássicas, mas cheias de encanto, mostrando a realidade do que está a ser capturado pela imagem.

 

Acha que a cor é menos rigorosa para os objectivos que pretende alcançar?

Sim, a imagem a cores não é capaz de expressar o meu tema religioso. Transformei as cores das objectivas numa emoção subjectiva e numa visão única. Utilizo a fotografia a preto e branco para alcançar os meus objectivos, para expressar com precisão os meus pensamentos.

 

Já registou o modo como as comunidades católicas expressaram a sua fé no interior da China. No trabalho que agora expõe em Lisboa, centra-se no Budismo e no Tibete. E o projecto que está neste momento a desenvolver é sobre as comunidades chinesas que professam a religião islâmica. Porquê essa opção?

Os Chineses não têm fé, não existe um conceito tradicional de crenças religiosas, as pessoas entendem a gratidão, o temor, não vão contra a moralidade. A fé permite que as pessoas conheçam o amor e o carinho. Depois de me confrontar com o catolicismo, budismo tibetano e o islamismo na China, fiquei profundamente tocado pela fé. Eu também me converti ao catolicismo e ao budismo tibetano, sou uma pessoa de duas religiões. Com fé, tenho a coragem de acreditar, mas também explorar profundamente e fotografar imagens íntimas. Capturá-los em fotografia é como capturar a minha própria vida religiosa. Isso toca-me a mim, como toca os outros.

 

É um homem religioso?

Sou uma pessoa de duas religiões. Qualquer crença é humana, cheia de amor. A nossa alma é como um copo, podemos enchê-lo com café, chá ou água. Afinal, trata-se de uma alma. Uma forte crença conduz a uma fé forte.

 

Qual é a sua fé? Em que é que acredita?

Já respondi a isso na pergunta anterior. Mas a fotografia também é a minha fé. Utilizo a fotografia para expressar a humanidade, para expressar amor, louvar a rectidão, louvar a bondade! E repreender a maldade.

 

O seu trabalho está centrado numa forte dose de espiritualidade. A espiritualidade e a fé são momentos individuais. Essa opção pode levar a pensar que se interessa menos, enquanto objecto do seu trabalho, pelas dinâmicas sociais e pelas relações materiais entre as pessoas. É uma opção deliberada?

As minhas fotografias focam-se mais na espiritualidade da vida religiosa; é uma forma de fotografia espiritual. Entre o material e o espiritual, eu escolheria o espiritual. É perigoso se as pessoas gananciosas não forem conduzidas espiritualmente no mundo material. O que é uma sociedade? Qual é a dinâmica social? Qualquer sociedade civilizada necessita de ter fé. A fé direcciona a alma para se aperfeiçoar. Quanto mais desenvolvida a sociedade e mais dinâmica é, mais precisamos do consolo e do calor da fé. Quando eu estava a fotografar a vida religiosa no Tibete, foi o brilho da tranquilidade e a calma que a sociedade chinesa necessita ver e sentir. Estas são as imagens poéticas que procuro.

As suas fotografias demonstram uma enorme relação entre a natureza, a fé e o sagrado. Qual é o seu método de trabalho para captar estes momentos de tanta intimidade?

Na importante relação entre a natureza e a fé religiosa, misturo-me na vida pessoal das pessoas religiosas com respeito e crença para registar e capturar os momentos. Fico com elas e aguardo pacientemente pelos melhores momentos. As pessoas religiosas têm um coração aberto, são muito gentis e amigáveis. Elas também precisam de espalhar a sua fé e fazer com que as pessoas entendam a sua vida religiosa, aproximando-se delas e senti-las. Isso torna a fé um elemento muito vívido e comovedor na natureza.

 

Qual a foi metodologia que utilizou para concretizar o projecto sobre o Budismo e o Tibete?

Coloco sangue, suor e lágrimas para capturar o Tibete. Num ano, eu passo 8 meses a tirar fotografias no Tibete. Mantive-me no Tibete durante dez anos. Utilizo filmes tradicionais e a máquina fotográfica Leica para trabalhar. Revelo e escolho as minhas próprias fotografias. Eu ando sozinho, escolho uma imagem entre milhares, e tento apresentar os melhores clássicos!

 

Quanto tempo demorou a concluir o projecto “The Reflections of Soul”?

Passei 80 meses em 10 anos para completar “Xin Xiang” (“O Espelho da Alma”).

 

Já agora, porque razão escolheu esse nome para o livro que publicou?

A tua aparência reflecte quem realmente és, “Xin Xiang” é o espelho da tua alma, capta-te a ti, e captura os outros. Uso o meu coração, os meus olhos, e para me completar e sentir-me realizado, trago riquezas espirituais valiosas para a sociedade e para as pessoas.

6 Mar 2018

Óscares: Jimmy Kimmel diz que Hollywood deve ser um exemplo no combate ao assédio

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] apresentador da 90.ª cerimónia dos Óscares, Jimmy Kimmel, disse, no monólogo de entrada, que o combate ao assédio sexual a ocorrer hoje no meio cinematográfico há muito tardava e que Hollywood deve ser um exemplo.
Kimmel, que apresenta a cerimónia pelo segundo ano consecutivo, disse que a noite deve ser marcada pela “positividade”, chamando a atenção para o trabalho a ser desenvolvido pelas ativistas de movimentos como o Me Too, Time’s Up e Never Again.
“O que aconteceu com o Harvey [Weinstein] e o que está a acontecer por todo o lado era há muito devido. Não podemos continuar a deixar passar o mau comportamento. O mundo está a olhar para nós, precisamos de ser um exemplo”, afirmou o comediante, que recordou que, em Hollywood, se fez um filme chamado “O que as mulheres querem”, protagonizado por Mel Gibson, o que dizia “tudo o que havia a dizer” sobre como o meio encarava as mulheres.
Num monólogo em que abordou diversas das polémicas recentes, com direito a menção ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Kimmel afirmou que se se conseguir pôr fim ao assédio sexual no local de trabalho, “então as mulheres só terão de lidar com assédio em todos os outros sítios onde forem”.
Harvey Weinstein, já expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que atribui os Óscares, foi afastado da sua produtora em outubro do ano passado, no seguimento de várias denúncias públicas de assédio e abuso sexual por dezenas de mulheres no meio cinematográfico.
Dezenas de mulheres, incluindo as atrizes Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Ashley Judd, Léa Seydoux, Asia Argento e Salma Hayek denunciaram uma série de episódios diferentes, que vão desde presumíveis comportamentos sexuais abusivos a acusações de violação por parte do produtor Harvey Weinstein, galardoado com um Óscar pela produção de “A Paixão de Shakespeare” (1998).
Desde que foi divulgado o caso, vários escândalos relacionados com acusações de assédio, agressão sexual e até mesmo de violação foram denunciados em vários países do mundo.
5 Mar 2018

Óscares: Sam Rockwell e Allison Janney vencem melhor actor e actriz secundários

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]am Rockwell venceu hoje o Óscar de melhor ator secundário pela sua interpretação em “Três Cartazes à Beira da Estrada”, enquanto Allison Janney arrecadou o de melhor atriz secundária, pelo papel em “Eu, Tonya”.
Nomeado pela primeira vez aos 49 anos, Sam Rockwell conquistou o galardão pelo seu desempenho como polícia racista e violento no filme “Três Cartazes à Beira da Estrada”, de Martin McDonagh.
Por sua vez, Allison Janney, que também recebeu um Óscar pela primeira vez, foi distinguida pelo seu papel de mãe exigente no filme “Eu, Tonya”, de Craig Gillespie.
Sam Rockwell agradeceu, entre outros, ao ator Christopher Plummer – o mais velho entre os nomeados para a mesma categoria –, à atriz Frances McDormand, com quem contracena, e ao pai, que promoveu o seu amor pelo cinema.
“Fiz tudo sozinha”, brincou Allison Janney no início do seu discurso, sem poupar elogios à equipa de “Eu, Tonya” e a Joanne Woodward, “pelo incentivo e generosidade” que a atriz de 88 anos teve na luta de Janney por uma carreira como atriz.
Sam Rockwell competia com Christopher Plummer por “Todo o Dinheiro do Mundo”, Woody Harrelson por “Três Cartazes à Beira da Estrada”, Richard Jenkins por “A Forma da Água” e Willem Dafoe por “Projeto Florida”.
Allison Janney tinha como ‘rivais’ Laurie Metcalf por “Lady Bird”, Lesley Manville por “Linha Fantasma”, Octavia Spencer por “A Forma de Água” e Mary J.Blige por “Mudbound”.
Além dos prémios para melhor ator e atriz secundários, foram entregues mais seis óscares.
Sem surpresas, “A Hora Mais Negra” venceu na categoria de melhor caracterização e “Linha Fantasma” na de melhor guarda roupa.
Para a categoria de melhor guarda roupa estava nomeado o luso-canadiano Luís Sequeira, que venceu o prémio do sindicato dos figurinistas, em fevereiro, pelo seu trabalho no filme “A Forma da Água”.
A grande surpresa até ao momento foi o Óscar para melhor documentário, com “Icarus” a destacar-se como a primeira longa metragem da Netflix a vencer qualquer prémio da academia.
Emocionados, os realizadores Bryan Fogel e Dan Cogan sublinharam “a grande importância de dizer a verdade”, fazendo referência aos movimentos #TimesUp e #MeToo.
“Dunkirk”, de Christopher Nolan, nomeado para oito óscares, levou o prémio de melhor montagem de som e melhor mistura de som.
O Óscar de melhor filme de animação foi para “Coco”, de Lee Unkrich.
O filme que lidera as nomeações desta edição, “A Forma da Água”, arrecadou o Óscar de melhor cenografia.
“Una Mujer Fantastica”, um filme chileno, ganhou o Óscar para melhor filme estrangeiro. A longa metragem de Sebastián Lelio, que conta a história de uma jovem transexual, já havia sido premiado em Berlim.
5 Mar 2018

Óscares: “Foge” e “Chama-me Pelo Teu Nome” vencem melhores argumentos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] argumentista e realizador de “Foge”, Jordan Peele, recebeu hoje o Óscar de melhor argumento original, enquanto James Ivory venceu na categoria de melhor argumento adaptado por “Chama-me pelo teu nome”, a partir da história de André Aciman.
É o primeiro Óscar atribuído a “Chama-me pelo Teu Nome”, filme que explora o despertar da sexualidade, protagonizado pelo nomeado a melhor ator principal Thimotée Chalamet.
James Ivory começou por reconhecer o escritor André Aciman, também presente na cerimónia, e a sua “história sobre a beleza do primeiro amor, seja ele heterossexual, gay ou algo no meio”.
Agradeceu também ao “sensível” realizador” Luca Guadagnino e aos atores, “sem os quais não estaria naquele palco”.
“Get Out” é o primeiro filme de Jordan Peele, o primeiro negro em 90 anos nomeado a três Óscares com o mesmo filme, feito referido no início da cerimónia pelo anfitrião Jimmy Kimmel.
“Isto significa muito para mim”, disse no início do discurso, admitindo que parou de escrever o argumento mais de 20 vezes por achar que “não resultaria”, mas que, se alguém acreditasse nele, “poderia levantar a sua voz”, e assim o fez.
O filme, que é também uma sátira, aproveita-se do horror para abordar a questão racial.
5 Mar 2018

Óscares: Gary Oldman e Frances McDormand vencem melhor ator e melhor atriz

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] actor Gary Oldman foi hoje distinguido com o Óscar de melhor ator principal, pela interpretação em “A hora mais negra”, e Frances McDormand venceu na categoria feminina, por “Três Cartazes à Beira da Estrada”.
“Obrigado pelo teu amor e apoio. Põe a chaleira a aquecer. Vou levar o Oscar para casa”, disse Gary Oldman à sua mãe, durante o discurso de aceitação de melhor ator.
“Olhem à vossa volta, senhoras e senhores, porque todos temos histórias para contar”, afirmou Frances McDormand.
A atriz já tinha vencido o prémio em 1997, pela interpretação em “Fargo”. Por outro lado, Gary Oldman, que foi nomeado para o prémio em 2012 – pela sua atuação no filme “A Topeira” – vence pela primeira vez.
Normalmente o vencedor do Óscar de Melhor Ator na edição passada entrega o galardão de Melhor Atriz no ano seguinte — e vice-versa. Contudo, a tradição foi quebrada, já que Casey Affleck, que ganhou o prémio com a sua prestação em “Manchester by the Sea”, não compareceu este ano.
5 Mar 2018

Óscares: “A Forma de Água” vence nas categorias de Melhor Filme e Melhor Realizador

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] realizador Guillermo Del Toro conquistou hoje o Óscar de melhor realizador com o filme “A Forma da Água”, confirmando a sua condição de favorito. Guillermo Del Toro é o terceiro cineasta mexicano a vencer nesta categoria, depois de Alejandro Iñarritu e Alfonso Cuarón.

“O melhor que a arte faz, e que a nossa indústria faz, é apagar as linhas na areia”, disse Del Toro, aludindo à sua carreira internacional. É o terceiro galardão para a fábula “A Forma da Água”, o filme mais nomeado da noite.

O filme “A forma da água”, de Guillermo del Toro, venceu hoje o Óscar de melhor filme na 90.ª edição dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, para o qual entrou como o título mais nomeado.

Minutos antes, o mexicano del Toro já havia recebido o Óscar de melhor realização, tendo “A forma da água” sido também distinguido por melhor banda sonora, de Alexander Desplat, e melhor desenho de produção.

“A forma da água” recebeu 13 nomeações para os Óscares deste ano, entre as quais as de dois canadianos de origem portuguesa, Luís Sequeira e Nelson Ferreira, nas categorias de melhor guarda-roupa e de montagem de som, respetivamente.

 

Lista completa dos vencedores da 90.ª edição dos Óscares:

Melhor filme:

“A forma da água”

Melhor realização:

Guillermo del Toro – “A forma da água”

Melhor ator:

Gary Oldman – “A hora mais negra”

Melhor ator secundário:

Sam Rockwell – “Três cartazes à beira da estrada”

Melhor atriz:

Frances McDormand – “Três cartazes à beira da estrada”

Melhor atriz secundária:

Allison Janney – “Eu, Tonya”

Melhor fotografia:

“Blade Runner 2049”

Melhor argumento adaptado:

“Chama-me pelo teu nome”

Melhor argumento original:

“Foge”

Melhor filme estrangeiro:

“Uma mulher fantástica”

Melhor filme de animação:

“Coco”

Melhor documentário:

“Icarus”

Melhor documentário em curta-metragem:

“Heaven Is a Traffic Jam on the 405”

Melhor curta-metragem:

“The Silent Child”

Melhor curta-metragem de animação:

“Dear Basketball”

Melhor cenografia:

“A forma da água”

Melhor montagem:

“Dunkirk”

Melhor caracterização:

“A hora mais negra”

Melhor guarda-roupa:

“Linha fantasma”

Melhor banda sonora original:

“A forma da água”

Melhor canção:

“Remember Me” – “Coco”

Melhor montagem de som:

“Dunkirk”

Melhor mistura de som:

“Dunkirk”

Melhores efeitos visuais:

“Blade Runner 2049”

5 Mar 2018

Óscares: Documentário “Ícaro” dá à Netflix primeiro galardão por longa-metragem

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] documentário “Ícaro” venceu o Óscar para melhor documentário, na 90.ª cerimónia dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, sendo a primeira longa-metragem da Netflix a conquistar tal galardão.

Em 2017, o documentário “Os Capacetes Brancos”, também da Netflix, venceu o Óscar para melhor curta-metragem documental, tendo a empresa de ‘streaming’ já tido nomeações para melhor documentário nos cinco anos anteriores.

“Ícaro”, de Bryan Fogel, foi comprado pela Netflix no festival de Sundance, no ano passado, e conta a história de “um ciclista norte-americano [que] é envolvido num escândalo de ‘doping’, em que está implicado um cientista russo a quem Putin quer silenciar”.

No discurso de aceitação do Óscar, Fogel dedicou o prémio ao médico Grigory Rodchenkov, fonte principal do documentário, que “transforma a sua história de uma experiência pessoal num ‘thriller’ geopolítico que envolve urina falsificada, mortes por explicar e o maior escândalo desportivo da história”, segundo a sinopse existente no iMDB.

Fogel disse esperar que “Ícaro” seja uma chamada de alerta para a Rússia, mas que, além disso, sirva de aviso sobre “a importância de dizer a verdade, hoje mais do que nunca”.

“Ícaro” tinha como adversários “Abacus: Small Enough to Jail”, “Olhares, Lugares”, de Agnès Varda, que, aos 89 anos, marca presença na cerimónia dos Óscares como a nomeada mais velha dos prémios, o sírio “Last Men in Aleppo” e “Strong Island”.

5 Mar 2018

Hong Kong | Art Basel vai ter 26 painéis de debate este ano

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois do cinema, a elegia da palavra toma conta da nova edição da Art Basel. Já é conhecido o programa de debates sobre o mundo da arte, que estará aberto ao público durante a realização da exposição Art Basel, de 28 a 31 de Março no Centro de Convenções e Exposições de Hong Kong.

A Art Basel é uma das feiras de arte mais conhecidas em todo o mundo, estando presente em vários países e regiões. Em Hong Kong, acontece há cinco anos.

De acordo com o comunicado divulgado pela organização do evento, os 26 painéis de debate, com entrada gratuita, vão versar sobre “assuntos bastante relevantes para a indústria da arte como o futuro das colecções públicas e privadas, os modelos alternativos de negócio para as galerias, os actuais desenvolvimentos do mercado da arte na Ásia, tal como as políticas do género no mundo da arte”.

Nomes de “proeminentes artistas de todo o mundo”, como é o caso de Sophia Al-Maria, Rasheed Araeen, Astha Butail, Samuel Fosso, Guerrilla Girls, Antony Gormley ou He Xiangyu, entre outros, vão estar presentes nestas sessões.

O programa de debates é organizado, pelo quarto ano consecutivo, por Stephanie Bailey, escritora e editora. Quarta-feira, dia 28 de Março, os debates arrancam com a presença de Clare McAndrew, fundadora da Arts Economics, que se junta ao escritor na área da cultura Enid Tsui. Ambos vão falar sobre o estado do mercado da arte, “com um especial foco nas tendências do coleccionismo na Ásia verificadas o ano passado”.

Haverá também um debate sobre a carreira do artista Rasheed Araeen, que vai falar sobre a sua transformação “de um pintor que cria obras em Karachi num escultor pós-minimalista em Londres”. Já Gabriel Orozco vai protagonizar um debate com Doryun Chong, director e curador chefe da M+, sobre a forma como o estilo de vida nómada e o facto de viver na Ásia tem vindo a influenciar o seu mais recente trabalho.

No debate intitulado “Feminist Aesthetics? | Movements and Manifestations’ será abordada a ligação entre o género e a arte com a presença de Guerrilla Girls, Yurie Nagashima, Nilima Sheikh e Yu Hong. Há ainda um painel com o nome “The Collecting Institution | Acquisitions and Representations”, em que será discutida a forma como as instituições devem responder aos seus papéis não só como curadores mas também enquanto promotores de conhecimento cultural, sem esquecer ainda o facto de também serem colecionadores com direitos próprios. Aqui participam nomes como Agustín Pérez Rubio, director artístico do Museu de Arte Latino-americano de Buenos Aires, Juan Andrés Gaitán, director do Museu Contemporâneo Tamayo Arte e Eve Tam, directora do Museu de Arte de Hong Kong. De frisar que os debates estarão disponíveis em inglês, cantonês e mandarim.

5 Mar 2018

Música | MACA assina parceria com Sociedade Portuguesa de Autores

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) e a MACA (Macau Association of Composers, Authors and Publishers) vão produzir em conjunto o álbum “MACA Album Volume 7”, que celebra o décimo aniversário da associação local.

De acordo com um comunicado divulgado pela SPA, “a cooperação entre ambas as congéneres estender-se-á à semana cultural da relação dos países da Lusofonia com a China, na qual a SPA foi convidada a participar, facto que muito honra a cooperativa dos autores portugueses”.

As parcerias com a MACA surgem numa altura em que “a SPA tem vindo a reforçar a sua presença internacional e as sinergias em rede, destacando-se actualmente a proposta da Confederação Lusófona de Sociedades de Autores . A parceria visa uma maior solidariedade, à escala global, na prossecução dos únicos e fundamentais objectivos comuns: a cada vez maior proteção dos direitos dos autores e a garantia de uma justa remuneração pela exploração das suas obras”.

5 Mar 2018

Cinemateca Paixão | “Histórias de Macau 1” em exibição a partir de Sábado

A Cinemateca Paixão vai revisitar a primeira edição da série “Histórias de Macau”. As sessões arrancam no próximo Sábado e prolongam-se até ao final do mês

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Cinemateca Paixão exibe, a partir do próximo Sábado, a primeira edição da série “Histórias de Macau”, rodada há dez anos na cidade. “Os Melhores e os Piores Tempos” (de Ho Ka Cheng), “Incerteza” (de Chan Ka Keong), “Avião de Papel” (de Vincent Hoi), “O Momento Certo” (de Albert Chu) e “Rua de Macau” (de Sérgio Perez) são as curtas que formam a longa-metragem que tem como fio condutor os bairros da cidade.

Sérgio Perez recorda como “Rua de Macau” foi parar ao “Macau Stories”, como é mais conhecida a série realizada por Albert Chu. “O filme estava em finais de pós-produção nos finais de 2008, mas ainda estávamos a pensar como o lançar, mas soubemos que o Albert Chu e outros realizadores locais estavam a fazer o ‘Macau Stories’. Foram ver, gostaram e acharam que fazia todo o sentido que a curta integrasse o Macau Stories. Eu também achei que sim e fiquei muito sensibilizado”, recorda o realizador.

“É uma história que não sei como a justificar à audiência”, tem uma narrativa “aparentemente simples, feita num determinado momento da história de Macau, que aborda temas como o encontro de culturas, de pessoas com diferentes perspectivas do mundo e, de alguma maneira, uma Macau que se está também a descobrir ou a redescobrir”, descreve o realizador ao HM. Sérgio Perez explica ainda que as duas personagens em torno das quais gira a narrativa acabam por “carregar um pouco em si algumas Macau que se procuram encontrar, reencontrar ou descobrir o seu espaço”.

Uma década depois

Apesar de a experiência ter sido feita por um Sérgio Perez que hoje “será um bocadinho diferente”, o facto de o filme ainda ser exibido mostra que esforço valeu a pena. “Foi um filme feito com várias limitações, completamente financiado por mim, com o meu próprio equipamento, com voluntariedade de amigos – alguns profissionais, outros nem tanto”, conta. Na altura, o processo de produção era muito diferente” comparativamente com os restantes realizadores, com “muitos fins-de-semana” e que se estendeu “por mais de um ano”.

Embora remonte a 2008, a história “acaba, de certa forma, por “ainda ser intemporal, porque não ficou datada”, apesar de numa década se terem operado mudanças no cenário. “O restaurante onde foi filmado parte do filme já não existe. Aliás, muitos dos espaços já não existem e a pessoa que nos concedeu o espaço também já cá não está”, exemplifica o cineasta.

“Fiz o ‘Rua de Macau’ para ser visto no grande ecrã e sempre que vejo que pegam nele e lhe dão exposição na tela fico muito contente”, diz Sérgio Perez, dando conta de que a curta-metragem ainda recentemente foi exibida pelo Instituto Confúcio em Barcelona, o que o deixou “surpreso”.

“Espero que o filme agarre o público, que consigam vê-lo de forma agradável, do princípio ao fim, e que tirem as suas próprias conclusões”, realça o realizador.

A primeira edição da série de “Histórias de Macau” vai ser exibida na Cinemateca Paixão aos sábados e aos domingos. A entrada é livre.

5 Mar 2018

Cinemateca Paixão celebra aniversário ciclo de cinema sobre comida

[dropcap style≠‘circle’]“B[/dropcap]eber-Beber, Comer-Comer!” é um ciclo de filmes totalmente dedicado à gastronomia. O evento, que começa no dia 16, serve de mote à celebração do primeiro aniversário da Cinemateca Paixão. Quem estiver interessado pode adquirir os bilhetes que vão estar disponíveis para venda já a partir de amanhã.

De acordo com um comunicado, o ciclo “Beber-Beber, Comer-Comer” é composto por seis filmes “dedicados à gastronomia”, estando também prevista a realização de seis “workshops de sabores”. O objectivo é “expandir a inspiração [dos espectadores] do sabor do cinema para o sabor do mundo lá fora”.

O programa contém três documentários e três longas-metragens, tais como “Kampai! Pelo Amor do Sakê”, que revela “o declínio e o renascimento da indústria japonesa do sakê”. Um outro documentário que poderá ser visionado na Cinemateca Paixão chama-se “Cidade do Ouro”, que conta a história do crítico Jonathan Gold, vencedor de um prémio Pulitzer.

O terceiro documentário inserido neste ciclo de cinema intitula-se “Formigas num Camarão”, a obra mostra os bastidores “do processo de mudança do melhor restaurante nórdico do mundo, o NOMA, para Tóquio”. No capítulo das longas-metragens, destaque para “Tampopo”, “uma obra prima japonesa clássica” que foi considerada o primeiro “Ramen Western”. Outro dos filmes a ter em atenção é “A Marmita”, uma obra premiada “que inverte a percepção geral do cinema indiano” e ainda “Tostas”, uma adaptação de um filme televisivo baseado na autobiografia do premiado escritor culinário inglês, Nigel Slater.

Para acompanhar o cinema estão também programados seis “workshops de sabores”, pensados “para levar o público para fora do cinema, numa exploração de diversos restaurantes únicos da cidade”.

“O crítico gastronómico local, OB, levar-nos-á a um restaurante nepalês, onde provaremos os exóticos momos. Chakra Space, um fantástico café vegan, que enfatiza uma cozinha minimalista, preparará um menu especial para nós.”

Outros estabelecimentos participam também neste evento, como é o caso da Old House Bakery, que “criará toda a espécie de pastelaria para um delicado chá da tarde”. Já o restaurante de ramen Furu Furu e o restaurante indiano Taste of Índia prometem servir “pratos únicos”.

No dia da abertura do ciclo de cinema que celebra o primeiro aniversário da Cinemateca Paixão, haverá uma festa, onde Eric Leong, “amante e perito de sakê” irá “partilhar o seu profundo conhecimento e paixão por aquela bebida”.

A Cinemateca Paixão, no seu primeiro ano de existência, “tem oferecido uma selecção única de cinema não comercial ao público de Macau”, assim como uma “séries de palestras, festivais de cinema e workshops”. “Temo-nos empenhado em promover continuamente o cinema, os documentários e os filmes de animação locais”, referiu a organização da Cinemateca Paixão.

2 Mar 2018

Exposição “Shaping Dream” inaugurada hoje no Clube Militar

A dias de arrancar a primeira edição da Photo Macau Fair, o Clube Militar acolhe uma exposição que é quase uma experiência daquilo que poderá ser visto no Venetian. “Shaping Dream” é o nome da exposição que é hoje inaugurada e que estará patente apenas até domingo

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] fotógrafo Gonçalo Lobo Pinheiro é dos participantes na exposição “Shaping Dream”, que é hoje inaugurada no Clube Militar e que dura apenas três dias. A exposição tem como resultado uma competição de imagens artísticas, cujo prazo terminou no passado dia 31 de Janeiro, e que antecede a primeira edição da Photo Macau Fair, organizada, entre outras figuras e entidades, pela artista Cecília Ho.

Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há alguns anos, trabalha sobretudo nas áreas do fotojornalismo e documentário, mas resolveu arriscar com três trabalhos.

“Enviei cinco imagens, três foram seleccionadas. São três retratos, e penso que um deles já foi exposto. Com um dos retratos recebi uma menção honrosa numa exposição”, contou ao HM.

Apesar de não trabalhar com a fotografia artística, Gonçalo Lobo Pinheiro tentou fazer com que o seu trabalho se adequasse ao que era pedido nesta competição. O sonho e a imaginação foram o mote para a escolha das imagens.

“Duas fotos são com crianças e, logo aí, há sempre um sonho implícito. Uma delas é de Macau, outra foi tirada no Myanmar. A curadoria procura uma abordagem mais artística da foto, que é uma coisa que eu não faço, mas dentro daquilo que é o meu trabalho procurei imagens que fizessem esse compromisso artístico”, acrescentou o fotógrafo.

“Penso que a feira é mais virada para a fotografia enquanto arte. As vertentes de fotojornalismo, documentário ou reportagem, que são as vertentes com as quais trabalho mais, talvez não sejam bem o público-alvo da feira em si. Dentro do tema, decidi ir para a categoria do retrato, que também mostrassem alguma ilusão e sonho das pessoas que estão a ser retratadas”, referiu Gonçalo Lobo Pinheiro.

De acordo com um comunicado, a exposição é organizada pela Art Beyond Walls Association e visa “descobrir os trabalhos dos talentosos fotógrafos de Macau”. “Além de promovermos a fotografia enquanto meio queremos, ao mesmo tempo, mostrar o trabalho dos fotógrafos vencedores”, reforça o comunicado.

Um júri de fora

A competição estava aberta a profissionais e amadores e desafiava os participantes a serem inovadores e criativos. O júri que vai seleccionar as melhores obras é composto por Alvin Yip, curador independente e que esteve ligado à organização do pavilhão de Hong Kong presente na Bienal de Veneza, em 2006, entre outros projectos.

Joerg Bader é outro nome presente no júri, tendo no currículo o cargo de director do Geneva Center for Photography desde 2001. Johann Nowak, curador independente e fundador de uma galeria, é outro dos nomes presentes no painel de júris.

Cecilia Ho, artista de Macau e curadora, completa o painel dos júris. Cecilia foi a primeira artista chinesa a marcar presença na Real Academia de Artes de Londres, tendo participado em múltiplas exposições de Verão nos anos de 1996, 1997, 1998 e 1999).

2 Mar 2018

Exposição | Bienal de Mulheres Artistas inaugurada dia 8 no MAM

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já no próximo dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, que o Museu de Arte de Macau (MAM) acolhe, em parceria com o Albergue SCM e o Instituto Cultural (IC), a exposição colectiva “Mulheres Artistas – I Bienal Internacional de Macau”. A mostra estará patente até ao dia 13 de Maio.

A mostra incluiu, além do trabalho da reconhecida pintora portuguesa Paula Rêgo, um total de 142 obras de 132 mulheres realizadas desde os anos 70 até aos dias de hoje. Estas artistas representam um total de 23 países, e estão incluídos trabalhos que vão desde a pintura à serigrafia, desenho, escultura, instalação e vídeo.

De acordo com um comunicado do Instituto Cultural, “esta exposição tem como objectivo elevar a visibilidade das mulheres artistas contemporâneas e dar a conhecer a sua influência criativa na sociedade e cultura, bem como revelar os diversos papéis da identidade feminina, as diferentes interpretações do feminino e as práticas artísticas que transcendem as diferenças de género”.

Vindas de regiões tão diferentes como o Interior da China, Macau, Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul, Japão, Timor-Leste, Rússia, Índia ou Irão, as artistas integrantes desta exposição “pertencem a diferentes épocas, regiões e contextos culturais, tendo cada qual emoções e métodos criativos individuais, e as suas obras revelam ao público o mundo artístico único das mulheres”.

A mostra “Mulheres Artistas – I Bienal Internacional de Macau” será dividida em duas partes. A primeira “é composta por 41 peças da colecção do MAM, produzidas entre a década de 1970 e os dias de hoje, dispostas por períodos de dez anos, dando a conhecer ao público os êxitos do MAM no seu estudo de obras de mulheres artistas de vanguarda e da história da arte de Macau”.

“As obras expostas incluem obras seleccionadas de séries de trabalhos produzidos pelas artistas bem como obras de grande escala de artistas convidadas. Na segunda secção são expostas obras de 101 mulheres artistas activas nos círculos artísticos internacionais provenientes da colecção do Albergue SCM”, acrescenta o comunicado.

Esta não é a primeira vez que tanto o IC como o Albergue SCM exploram o universo feminino da arte. O ano passado decorreu, no Albergue, a exposição “28 Artistas + 28 Obras em Feminino”, onde foram reveladas obras de 28 mulheres de Macau e de países de língua portuguesa. Foi esta a génese da bienal que agora se inicia.

“Ambas as exposições focaram a sua atenção na posição da mulher no mundo da arte contemporânea bem como em outros elementos complementares. Neste contexto, estas duas entidades contribuíram com ideias e perspectivas diferenciadas para lançar a mais abrangente “Mulheres Artistas – I Bienal Internacional de Macau”, remata o comunicado.

1 Mar 2018

Paula Rego em destaque na Tate em mostra coletiva com Freud e Bacon

Cinco obras de Paula Rego figuram, num espaço dedicado à pintora portuguesa, na exposição coletiva “All Too Human – Bacon, Freud and a Century of Painting Life”, que abriu ontem no museu Tate Britain, em Londres

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] exposição reúne cerca de cem obras de 22 pintores, entre os quais alguns dos mais célebres artistas britânicos modernos, com destaque para Lucian Freud e Francis Bacon, mas também Walter Sickert, Stanley Spencer, Michael Andrews, Frank Auerbach, Francis Newton Souza ou Leon Kossoff.

A exposição tem por objetivo mostrar como artistas de diferentes gerações ao longo do século XX e XXI conseguiram retratar pessoas, locais, eventos ou relações pessoais e transmitir as respetivas experiências e sensações através da tinta e das diferentes técnicas.

Mais de metade das obras em exposição são emprestadas por colecionadores privados ou outras instituições, algumas foram raramente vistas em público, e várias não eram expostas há décadas.

A curadora Elena Crippa disse à agência Lusa acreditar existir uma tradição britânica no uso de modelos vivos e de paisagens, para os artistas se exprimirem e retratar a atmosfera social e pessoal em que viviam, atravessando mesmo correntes artísticas.

Por exemplo, Francis Bacon e Alberto Giacometti são reconhecidos por criarem, nos anos de 1950, quadros com figuras em estado de isolamento e angústia, transmitindo, de certa forma, o ambiente de ansiedade após a Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, acrescentou, também quis promover uma mensagem simples numa Era de excesso de informação cada vez menos relevante para as pessoas enquanto seres humanos.

“Sinto que o que estes pintores nos dão através deste trabalho é esta afinidade com o que nos interessa como indivíduos no quotidiano: é sobre tu e eu, é sobre o espaço onde vivemos, é sobre o grupo de pessoas com quem interagimos e com quem nos relacionamos. Espero que as pessoas se identifiquem com este desejo de restabelecer uma ligação simples à natureza humana”, resumiu.

Paredes meias

Lucian Freud é um dos artistas britânicos mais proeminentes e está representado em dois períodos, o primeiro influenciado por William Coldstream, no olhar analítico da cena e das pessoas, e um segundo, após os anos 1960.

Trocando pincéis finos por outros mais grossos e a posição sentada pela postura em pé resultou em perspectivas que enfatizam os volumes dos corpos e a carga psicológica dos retratos, vários dos quais de pessoas completamente nuas, como o amigo David Dawson.

Amigo e assistente entre 1990 até morte de Freud, em 2011, foi protagonista de “David and Eli”, onde é retratado deitado junto com o cão de estimação.

“Estar em frente a este quadro, que eu já não via há tantos anos, é muito emocionante. Traz à memória a altura em que foi pintado, em 2003. Ao todo, posei para nove quadros. Acho que já não via este quadro há pelo menos uns dez anos, mas reconheço-me perfeitamente nele”, contou Dawson à Lusa.

Sobre o espaço dado às cinco obras de Paula Rego, uma das quais um tríptico, Elena Crippa defende o papel que a artista portuguesa tem na arte não só britânica, mas a nível internacional, por ter rompido com o domínio até então masculino na pintura.

Telas no feminino

“Ela é uma artista que, numa altura em que a pintura ainda era uma actividade dominada por homens, surgiu como uma pintora feminina que conseguia produzir quadros de grande dimensão, de forma confiante, com composições lindíssimas, e de certa forma deu às mulheres pintoras a oportunidade de dizer que a pintura não está reservada a um género”, salientou.

A curadora da Tate elogia a forma como a portuguesa usa, nos seus quadros, personagens femininas, sejam vítimas ou culpadas ou retratadas de uma forma sexualizada em composições encenadas, criando um novo estilo. “De certa forma, sinto que são mulheres que apenas uma artista mulher poderia conceber. E ela tem não só este toque de mulher, mas um toque feminino, que foi muito importante para outras pintoras de gerações mais jovens”, vincou.

Uma das telas de Paula Rego em exposição é “A Família”, de 1988, em que um homem é dominado por duas figuras femininas, enquanto uma terceira observa, num ambiente doméstico, no qual se lêem sentimentos como amor, ressentimento e dor.

A cena retrata alegadamente os momentos derradeiros do marido de Rego, Victor Willing, antes da morte por doença degenerativa, a ser ajudado pela pintora e pela filha, mas a cena torna-se complexa e ambígua, devido à presença de referências a Joana d’Arc, São Jorge e à fabula do Corvo e da Raposa.

Num texto publicado no jornal The Guardian, na semana passada, a propósito da abertura desta exposição, Paula Rego disse estar sempre a contar uma história nos seus quadros, mesmo que essa história vá mudando ou que só seja descoberta no final do processo de criação.

“As histórias têm pessoas nelas”, escreveu, então desenha pessoas a fazer coisas umas às outras, lembrando que recorre a contos do folclore português e a histórias como as de Eça de Queirós.

A exposição “All Too Human” mantém-se no museu Tate Britain até 27 de agosto, viajando depois para o Museu de Belas Artes de Budapeste, no final deste ano.

1 Mar 2018

Feira de Arte em Hong Kong revela 59 filmes com curadoria de Li Zhenhua

No quinto ano de presença em Hong Kong, a Art Basel traz também uma extensa mostra de cinema. O público poderá ver, de forma gratuita, um total de 59 filmes, sete deles “exibições especiais”, com curadoria do artista e cineasta Li Zhenhua. A sétima arte estará patente entre 29 e 31 de Março

 

[dropcap style≠‘circle’]É[/dropcap] considerada uma das maiores feiras de arte em todo o mundo e, pela quinta vez consecutiva, volta a marcar presença em Hong Kong. A Art Basel regressa ao Centro de Convenções e Exposições de Hong Kong entre os dias 29 e 31 de Março e, além de trazer obras de diversos artistas, tem também um programa destinado ao cinema, revelado ontem.

O público poderá ver, de forma totalmente gratuita, um total de 59 filmes “inspirados pelo actual clima sociopolítico” e apresentados pelas 38 galerias que terão presença na Art Basel. Há também sete “exibições especiais” escolhidas a dedo por Li Zhenhua, um artista multimédia e também produtor de cinema.

Está prevista uma colaboração com a Videotage, uma organização não-governamental de Hong Kong especializada na área do vídeo e novos media.

É graças a esta organização que serão exibidos os trabalhos de vídeo de Nam June Paik, bem como de outros artistas de Hong Kong e da China cujo trabalho tem vindo a ser influenciado por este artista.

A película “The Future is in the Past” traça um retrato das colecções de vídeo-arte que foram iniciadas por esta ONG e também pelo Centro de Arte Nam June Paik, entidade que homenageia o artista nascido em 1932 e falecido em 2006.

“Futuro Imaginado’ vai revelar os trabalhos de vídeo feitos em Hong Kong e inspirados por Paik. A exibição será seguida de ‘Imaginaries Beyond the Past’, que apresenta uma nova geração de jovens artistas do continente e de Hong Kong que trabalham com vídeo ou com imagens em movimento”, aponta um comunicado.

Sete filmes, três dias

‘Days Gone By – Yu Hong’, feito em 2009 pelo cineasta Wang Xiaoshuai, abre o programa dedicado aos setes filmes, que arranca na quarta-feira, dia 28 de Março. A película conta a história da artista contemporânea chinesa com o mesmo nome.

“O filme não retrata apenas a vida de uma artista individual mas também mostra o crescimento do panorama artístico na China durante uma Era de mudanças dramáticas.”

Segue-se um conjunto de filmes que fazem uma “fusão de cortes tradicionais com experiências visuais em 3D”, tal como “Time Spy”, de Sun Xun, que será exibido ao público no dia 29 de Março, Quinta-feira.

A Sexta-feira, dia 30, é dia de ver “Deep Gold” de Julian Rosefeldt, e “Mrs. Fang”, de Wang Bing. Este documentário ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Filmes de Locarno o ano passado e conta a história da última fase da vida de uma camponesa que sofre de Alzheimer.

O público poderá ainda ver uma selecção de filmes onde se inclui “The War That Never Was”, uma selecção de obras de Edgardo Aragón, Bae Yoon Hwan, Chien-Chi Chang e Sutthirat Supaparinya.

Há também lugar à visualização de “Looking for Mushrooms”, de Bruce Conner, ou “A Sense of Warmth”, que incorpora um total de dez filmes que exploram relações sociais de autoria de Nevin Aladağ.

Em “How Happy a Thing Can Be” podem ser vistos filmes que mostram como objectos físicos e situações determinam “emoções e crenças”.

Além de fazer o trabalho de curadoria desta mostra, Li Zhenhua promove uma palestra no Sábado, dia 31 de Março, às 16 horas, com a presença de Isaac Leung, presidente da Videotage . O tema da conversa será “O conteúdo social na Era da distribuição digital”.

28 Fev 2018

Ex-primeira-dama dos EUA Michelle Obama lança livro de memórias em Novembro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama vai lançar um livro de memórias em novembro, divulgou a própria numa mensagem na rede social Twitter.
O livro, que terá o título original “Becoming”, é descrito por Michelle Obama como uma “experiência profundamente pessoal”.
Em 2017, Michelle Obama e o seu marido, o ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama, chegaram a acordo com o grupo editorial norte-americano Penguin Random House para a publicação dos seus livros. Informações divulgadas na altura indicaram que o acordo teria superado os 30 milhões de dólares (cerca de 24 milhões de euros).
As memórias das antigas primeiras-damas dos Estados Unidos são normalmente sucessos de vendas e o livro de Michelle Obama é aguardado com grande expectativa.
O único livro de Michelle Obama, com o título original “American Grown”, é datado de 2012 e é sobre jardinagem.
Barack Obama, que já escreveu dois ‘best-sellers’, “Dreams from My Father” (“A Minha Herança”, título da edição em português) e “The Audacity of Hope” (“Audácia da Esperança”), ainda não agendou a publicação das suas memórias.
Barack Obama (democrata), o primeiro Presidente dos Estados Unidos afro-americano, cumpriu dois mandatos presidenciais, de 2009 a 2017.
A National Portrait Gallery revelou em fevereiro os retratos oficiais do ex-casal presidencial. As obras, pintadas por dois artistas afro-americanos, figuram na ala presidencial desta galeria da rede de museus Smithsonian, em Washington.
27 Fev 2018

Produtora de cinema Weinstein Company vai declarar falência

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] empresa norte-americana Weinstein Company, de produção e distribuição de cinema, vai declarar falência depois de terem falhado negociações para venda de ativos a um grupo de investimento.
A decisão da administração foi revelada pelo jornal Los Angeles Times, depois de goradas as conversações para tentar salvar os ativos e os postos de trabalho da empresa, fundada em 2005 pelos irmãos Harvey e Bob Weinstein.
Harvey Weinstein foi afastado da empresa em outubro do ano passado no seguimento de várias denúncias públicas de assédio e abuso sexual por dezenas de mulheres no meio cinematográfico.
Segundo o Los Angeles Times, em discussão estava um acordo de 500 milhões de dólares que permitiria a um grupo de investimento, liderado por Maria Contreras-Sweet, ter o controlo total da empresa, alterar-lhe o nome e ter uma administração com um maior participação de mulheres.
O acordo incluiria ainda a criação de um fundo de 40 milhões de dólares para a empresa compensar as mulheres que acusaram Harvey Weinstein.
As negociações falharam no início de fevereiro depois de o procurador-geral de Nova Iorque ter apresentado uma ação judicial contra a empresa e os seus fundadores.
Os irmãos Bob e Harvey Weinstein, que em 1979 fundaram os estúdios Miramax, produziram dezenas de filmes e séries de ficção e entertenimento premiadas.
Entre os filmes com maior sucesso de bilheteira contam-se “Sacanas sem lei” (2009) e “Django libertado” (2012), ambos de Quentin Tarantino, “O discurso do rei” (2010), de Tom Hooper, “Guia para um final feliz” (2012), de David O. Russell, e “O mordomo” (2013), de Lee Daniels.
27 Fev 2018

Village Mall | Espaço de indústrias criativas com negócios por um fio

Há dois anos Window Lei, proprietário do centro comercial Broadway Center, na Rua do Campo, teve um sonho: dar um espaço aos negócios de Macau na área das indústrias criativas e criar o projecto Village Mall, com rendas apetecíveis. Contudo, há muitas lojas fechadas, poucos clientes durante a semana e vários negócios por um fio

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Broadway Center, no coração da Rua do Campo, é aquilo que todos os centros comerciais de Macau gostariam de ser: renovado, com uma grande aposta em produtos locais feitos por jovens empreendedores e cheio de vida cultural. Criado há dois anos por Window Lei, o projecto Village Mall ocupa apenas três pisos, dois deles destinados a lojas e um destinado à restauração. Todos os fins-de-semana organizam-se actividades para pais e filhos, alguns concertos e feiras onde o que de melhor se faz em Macau é exposto ao público.

Se aos sábados e domingos o velho centro comercial de cara lavada ganha uma nova vida, com vários clientes e visitantes, durante a semana a dura realidade instala-se: é difícil fazer negócio e os clientes são poucos. Durante a semana, o Village Mall transforma-se num qualquer centro comercial antigo, dos muitos que existem na península, e que há muito deixaram de atrair visitantes.

À hora em que esta reportagem é feita são poucos aqueles que circulam pelos corredores e há muitas lojas fechadas no primeiro andar. É aqui que conversamos com Vivian, proprietária do espaço “PaperCrafters”.

A “PaperCrafts” vende material de papelaria e de decoração feito na Coreia do Sul e no Japão, e que são bastante populares em Macau. Apesar de Vivian, a proprietária, ter seguido a moda que explodiu nos últimos anos, o negócio não corre de feição.

“Podemos conversar à vontade. Afinal de contas, não tenho nada para fazer, não há ninguém a passar aqui”, começa por confessar ao HM. “Não temos muitos clientes e quem está no rés-do-chão está melhor. Durante a semana temos poucas pessoas, mas ao fim-de-semana temos mais.”

A “PaperCrafts” nasceu há dois anos, tendo a mesma idade que o projecto Village Mall. “Tinha mais expectativas quando aqui cheguei, porque havia mais lojas, mas acabaram por mudar todas lá para cima. Há muito poucas estabelecimentos e isso não é muito atractivo para chamar para cá os clientes”, apontou.

Vivian não tem dúvidas. A continuar assim, o seu negócio não deve durar muito nos moldes em que existe actualmente.

“Acho que a loja vai fechar ainda este ano. Lá em baixo as rendas são mais altas. Tudo vai depender do valor da renda [se muda para uma outra loja no Village Mall ou se abandona o projecto].”

Conquistar pelo paladar

“Lá em cima”, como diz Vivian, existe um espaço de restauração, esse sim com mais pessoas e cheio de comidas que são de vários lugares da Ásia, desde o Japão a Taiwan. É este o espaço que acaba por atrair mais pessoas, conforme contou ao HM Bengie, funcionário da loja “Fortitude – Urban Art and Culture”. Até chegarem ao terceiro andar, os clientes acabam por passar por algumas lojas e, eventualmente, comprar alguma coisa. Contudo, as lojas parecem não constituir o principal motivo para uma visita.

“Aqui no primeiro andar só existem três lojas. No segundo andar não é tão mau, porque há uma maior diversidade de espaços. Há muitas lojas de acessórios e produtos feitos à mão, por exemplo. O mais importante é mesmo o terceiro andar, e é a principal razão pela qual as pessoas vêm aqui”, contou o funcionário da Fortitude.

Espaço de restauração do Village Mall

A Fortitude vende sobretudo t-shirts e malas de tecido personalizadas, cheias de mensagens, e também está aberta há dois anos. Bengie confessa que é difícil fazer deste um negócio rentável, apesar de trabalhar ali apenas há um ano.

“Tudo depende do contrato de arrendamento que se assina. Em termos de clientes, é 50/50”, defendeu.

“Todos os sábados e domingos há eventos de música, para famílias, há também actividades para caridade e isso atrai as pessoas que acabam por comprar alguma coisa.”

Online salva lojas

No segundo andar não se trata apenas de negócio. Num dos espaços funciona uma pequena biblioteca que é, ao mesmo tempo, um lugar de lazer. Um homem dorme num dos sofás. Há um piano à espera de ser tocado e estantes cheias de livros que podem ser lidos e partilhados.

No mesmo andar há muitas lojas vazias. Passam das 16 horas quando Dada vem abrir a sua loja, “Midnight”. Cartazes de filmes, um deles do cineasta Wong Kar-wai, povoam a porta, mas a “Midnight” não vende filmes, mas sim produtos decorativos vindos de Hong Kong e acessórios femininos feitos à mão.

Dada, proprietária da loja Midnight

Dada convida-nos a sentar e confessa que a loja só é rentável porque também vende os mesmos produtos online. “Até agora o negócio tem corrido bem porque também vendemos na internet, e isso faz com que esta loja seja rentável.”

“Tenho entre cinco a dez clientes por dia, mas não tenho muito mais escolhas em termos de locais para manter uma loja. O valor da renda é ok. Antes tinha a loja num espaço mais escondido e decidi mudar-me para aqui, para ter mais clientes. A oportunidade surgiu através de um amigo”, acrescentou Dada.

No Village Mall, a proprietária da “Midnight” confessa já ter visto muitas lojas como a sua a fecharem portas, mas, no seu caso, prefere não desistir, pelo menos por enquanto.

“Para já vou manter-me aqui até arranjar um lugar melhor. Aqui, o proprietário dá-nos a oportunidade de expor de forma gratuita nos mercados que são organizados aos fins-de-semana, e isso é bom para mostrarmos os nossos produtos. Só assim é que nos conseguimos manter, é muito difícil é ter lucros”, frisou.

Dada reconhece a aposta que o Governo tem vindo a dar à área das indústrias criativas, e destaca também o investimento feito por Window Lei. Contudo, apostar naquilo que é feito em Macau ainda não chega.

“Se abrirem lojas deste género é muito diferente do que se importarem algumas marcas para Macau. Assim pode correr bem, porque de outra forma é difícil apostar em produtos locais”, defendeu.

A artesã adiantou ainda que o mentor do projecto Village Mall poderia fazer uma maior promoção ao espaço, apesar da realização de actividades criativas e lúdicas ao fim-de-semana. “Sem essas actividades é difícil fazer com que os clientes venham aqui.”

Também Vivian, da “PaperCrafts”, partilha da mesma opinião. “O proprietário não faz muita publicidade a este espaço e muitas das pessoas não fazem ideia de que este espaço existe e é difícil procurar produtos aqui, porque as lojas têm horários de abertura e de fecho diferentes.”

Percorremos mais corredores, vazios a meio da tarde. Há várias máquinas de jogos espalhadas, a fazerem lembrar hábitos bem japoneses, mas ali não há ninguém a gastar tempo livre a tentar a sua sorte.

Bem perto das máquinas de jogo funciona a SDA Dance Complex, uma empresa de dança urbana que atrai muitos jovens, conforme contou Miva ao HM. Uma das responsáveis por um dos projectos que mais agita o dia-a-dia do Village Mall confirma que, de facto, o burburinho só se nota aos fins-de-semana.

“Há muitos jovens que vêm ao nosso estúdio, porque temos um projecto ligado à dança de rua, e é um projecto apropriado para os jovens. O terceiro andar oferece um espaço de restauração com diferentes comidas, e durante os fins-de-semana há mais pessoas a visitar, porque realizam-se actividades no Village Mall, para bebés e há várias competições para crianças.”

Um centro educativo na calha

O HM tentou, até ao fecho da edição, chegar à fala com Window Lei, mas não foi possível estabelecer contacto. No Village Mall, a sua secretária, Ruby, avançou com mais informações.

Desde a abertura do espaço, há dois anos, que ali se estabeleceram cerca de 30 lojas. Muitas delas já fecharam, mas Ruby não conseguiu precisar um número. “Talvez precisem de mais clientes”, apontou apenas.

Apesar disso, Ruby assegura que o Village Mall tem vindo a receber pessoas de vários lugares. “Há pessoas que vêm cá oriundas de lugares diferentes, até da China, e muitos turistas também. Temos vindo a fazer alguma publicidade e promovemos vários eventos. Temos também uma cooperação com a Wynn.” 

Os lojistas com quem o HM falou queixaram-se das rendas de um projecto que, em 2016, pedia candidatos que pagassem cerca de oito mil patacas mensais. Os lojistas confessam, no entanto, que os valores divergem consoante o andar em que estão localizados.

“Tentamos ser flexíveis ao nível das rendas, penso que este é um bom lugar para estas empresas estarem”, frisou. “Também temos eventos em que os lojistas podem participar de forma gratuita.”

Para este ano está prevista a abertura de um centro educativo. Depois da dança, da música e das artes, o Village Mall está pronto para abrir um espaço dedicado à área da educação. Resta esperar que as pessoas apareçam.

27 Fev 2018

Livros | “Cair para dentro” encerra trilogia de Valério Romão

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] o último volume da trilogia “Paternidades Falhadas” de Valério Romão. Depois de “Autismo” e de “O da Joana”, “Cair para dentro” conta a história de duas mulheres, Virgínia e Eugénia, unidas pela relação mãe-filha.

Eugénia, a filha, não foi educada para ser um adulto independente e, embora seja professora universitária, a mãe controla o seu dinheiro, o seu tempo, proibindo-a até de ter telemóvel. Quando Virgínia começa a desenvolver sintomas de demência, Eugénia vê-se obrigada, deixando aquela infância artificial construída pela sua mãe, a crescer e a cuidar de todos os aspectos práticos da vida de ambas. Até descobrir que, no estado em que a mãe se encontra, a vingança é uma possibilidade. “Cair para dentro” explora até ao limite as dificuldades das relações humanas e os dilemas morais que delas decorrem, refere o texto de apresentação da obra.

O autor publicou ainda três livros de contos: “Facas”, “Da Família” e “Dez razões para aspirar a ser gato”. Valério Romão escreve também peças de teatro e poesia, por enquanto inédita (mas está previsto, para breve, o lançamento do livro-cd “Poetas Portugueses de Agora”, que integra poemas seus).

Valério Romão, nasceu em 1974, licenciou-se em filosofia e é escritor, contista, dramaturgo, tradutor. Seleccionado como Jovem Criador nacional no início do século, tem diversos livros publicados e é um dos nomes sonantes da nova literatura em Portugal. Foi finalista do Prix Femina 2016.

26 Fev 2018

IPM | Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa arranca em Março

O Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa vai lançar, no próximo mês, o Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa. A iniciativa junta, pela primeira vez, docentes de todas as instituições de ensino superior onde se lecciona literatura

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 5 de Março abre-se o primeiro capítulo de mais um curso livre de literatura, iniciativa que tem vindo a ser promovida pelo Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP) do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Este ano com um novo fôlego graças à diversidade de temas e do painel que o lecciona.

“A grande novidade é que o curso vai ser leccionado, pela primeira vez, por professores de todas as instituições de ensino superior de Macau onde se ensina literatura”, afirmou o director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP), Carlos André, ao HM. O académico sublinha que apenas agora se conseguiu concretizar este projecto que corresponde a uma vontade antiga.

“Já há muito venho a entender que temos de colaborar mais. Quem cá está há anos deve ter reparado que tenho dito, muitas vezes, que é necessário haver mais cooperação. A lógica de cooperação tem de prevalecer sobre a lógica da concorrência”, apontou.

Em paralelo, o curso livre – que começou por ser ministrado por José Carlos Seabra Pereira, que exerceu funções de docente convidado no CPCLP e foi distinguido com o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, em 2016, pela obra “O Delta Literário de Macau” – alargou o espectro, apresentando-se agora “muito ligado às literaturas de língua portuguesa, que não são necessariamente portuguesas”, sublinha Carlos André.

O curso livre, que vai decorrer de 5 de Março a 28 de Maio, “pretende ser uma actividade aberta à comunidade académica e a todos os interessados nas literaturas de língua portuguesa, sendo “caracterizada por um espectro temático amplo, tanto na sua cronologia, como no que diz respeito ao género e ao espaço de produção”. Ou seja, o espectro geográfico é alargado aos países de língua portuguesa, refere uma breve apresentação da iniciativa.

“A relação da literatura com quotidiano” é um tema proposto que tem como principal objectivo por um lado, “descobrir aproximações diversas de textos e autores” e, por outro, “reflectir criticamente sobre a literatura enquanto expressão individual e expressão de um determinado tempo e circunstâncias”. Olhando à primeira vista, o programa “parece um tanto descosido” ou “um pouco desgarrado”, o que decorre do facto “de cada professor ser livre de escolher a unidade temática em que quer trabalhar”, explica Carlos André.

De Camões a Agualusa

O Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa desenrolar-se-á ao longo de dez sessões marcadas para as segundas-feiras entre as 18h30 e as 21h no IPM. As primeiras três vão ficar, precisamente, a cargo do director do CPCLP que irá abordar “O exílio na literatura portuguesa”.

“É um tema que atravessa a literatura desde os gregos, desde Ulisses, que é o primeiro exilado da literatura, até aos dias de hoje e que, no caso português, é pontuada por autores muito marcantes”, explica Carlos André. Nesse contexto, o académico propõe uma reflexão sobre a importância do tema e/ou condição de exílio em autores como Camões, Filinto Elísio, Marquesa de Alorna, padre António Vieira, Alexandre Herculano ou Manuel Alegre.

De acordo com o programa, segue-se Lola Xavier, também do Instituto Politécnico de Macau que, a 26 de Março, debruçar-se-á sobre a “Literatura angolana e construção de universos subjectivos”. Como o título indica, o módulo foca-se em autores angolanos, nomeadamente José Eduardo Agualusa, “naquilo que é a sua literatura menos comentada, mas mais rica, na criação de universos subjectivos e metafóricos”.

Já em Abril, o curso livre regressa à literatura portuguesa, desta feita, por via de Sara Augusto, que dedicar-se-á a uma área em que “se sente muito à vontade” que é, aliás, a da sua formação: a literatura barroca. “Parece-me interessante por ser uma área de estudos e da literatura muito desconhecida. As pessoas sabem mais do século anterior, o XVI, do que do XVII, em que acabam por conhecer o padre António Vieira e os Sermões e pouco mais”, observou a docente do CPCLP ao HM.

“A literatura barroca entre o quotidiano e a estética literária” titula as sessões de 9 e 16 de Abril, com Sara Augusto a destacar o particular interesse das “dicotomias” que a pautam e a capacidade de “conjugar os factos do dia-a-dia num período tão regido por regras”, em que se “cultivam géneros com códigos estilísticos tão fortes”, como o soneto.

A 23 de Abril, é a vez de Inocência Mata, professora do Departamento de Português da Universidade de Macau, dar o seu contributo, mas o programa ainda não se encontra fechado.

“O quotidiano no registo da poesia: intrusão ou pertença?” é a questão que Vera Borges lança na sua sessão a 14 de Maio. Segundo o programa, a coordenadora do Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de São José propõe discutir a oposição entre os conceitos de sublime e banal. Serão abordadas “as funções e efeitos da intrusão do quotidiano na dicção poética”, com comentário de textos, designadamente de Ruy Cinnatti, Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade, Mário Cesariny de Vasconcelos ou Ruy Belo.

Já Vânia Rego, professora da Escola Superior de Línguas e Tradução do IPM, vai buscar as “Galveias”, de José Luís Peixoto, para falar das histórias de um quotidiano português a 21 de Maio; enquanto Dora Gago, do Departamento de Português da Universidade de Macau, vai focar-se, uma semana depois, nas representações do quotidiano no Diário de Miguel Torga, fechando o Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa.

26 Fev 2018

Anoushka Shankar, intérprete: “A música pode fazer a diferença na defesa de causas”

A estrela do sitar Anoushka Shankar cresceu entre duas tradições culturais e concepções distintas. Catapultada ainda muito nova para um lugar de destaque no âmbito das músicas do mundo, depressa descobriu uma singularidade que funde as mais profundas raízes da música indiana com sons contemporâneos do ocidente. A poucas semanas do concerto da filha de Ravi Shankar em Macau, já no próximo dia 20 de Março, recolhemos algumas impressões breves da artista

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] que a atrai mais no sitar? Vê-o como uma escolha que fez muito nova ou foi sobretudo uma decisão do seu pai?
O sitar faz parte da minha vida desde as minhas memórias mais remotas, sempre adorei o seu som e claro que cresci a ir aos concertos do meu pai e a vê-lo com os seus estudantes a tocar em casa. Foi decididamente uma escolha minha mas, como disse, é algo que sempre esteve perto de mim desde o início, por isso influenciou a minha escolha.

Para além da música tradicional indiana, podemos saber que tipo de música ou músicos a influenciaram ou ainda a influenciam?
A música que faço reflecte aquilo que sou enquanto pessoa e o tipo de influências multiculturais que tive enquanto crescia, e que passou por ter trabalhado com uma diversidade de géneros incluindo música indiana clássica, jazz, electrónica e muitas outras.

O conceito de “Land of Gold” é bastante diferente dos seus trabalhos. Podemos saber algo mais sobre a ideia por detrás deste projecto?
As sementes de “Land of Gold” tiveram origem no contexto de uma crise humanitária de refugiados. Coincidiu com uma altura em tinha acabado de ter o meu segundo filho. Fiquei profundamente perturbada pelo intenso contraste entre a minha capacidade de proteger o meu bebé, e a situação de outros que lutavam desesperadamente para poder dar a mesma segurança às suas crianças mas sem sucesso. Foi uma comparação perturbante que me ficou na mente, alimentada por um crescente sentimento de revolta, que a deslocação maciça de uma maré vulnerável de pessoas tenha sido causada por decisões de política externa e actos de guerra isolados. É trágico pensar que vivemos num mundo onde a nossa capacidade de oferecer abrigo aos que são desterrados por circunstâncias violentas para além do seu controlo seja determinada por fronteiras geográficas.

Acredita mesmo que a música pode mesmo fazer a diferença quando se trata de defender causas?
Penso que a música pode fazer a diferença na defesa de causas, por vezes a diferença pode ser literal, por exemplo no caso de um enorme concerto de beneficência que consiga uma troca directa providenciando ajuda a quem necessite. Por vezes a diferença é mais subtil, pode ser em forma de sentimento, emoção ou empatia no espectador, que o leve a fazer algo de forma diferente. De qualquer forma vale a pena tentar.

A combinação de diferentes instrumentos no seu concerto “ Land of Gold” é bastante diferente do que aconteceu em concertos anteriores. Existe alguma razão especial por detrás desta escolha de músicos e instrumentos?
O desenho do som instrumental do álbum aconteceu logo no início da concepção de “Land of Gold”. O Manu Delago juntou-se logo de início como co-escritor e colaborador, por isso soube que estaríamos a trabalhar com o sitar e o hang com imensos sons de percussão muito específicos. Para abordar esse ponto eu escolhi de forma deliberada o shehnai enquanto instrumento indiano de sopro muito evocativo e depois acabei por sentir que era importante ter um instrumento de cordas para que me desse uma base de sustentação a todos os outros instrumentos. Enquanto quarteto, este som torna-se muito internacional, evocando muitas emoções e sentimentos no ouvinte.

Reconhece-se como herdeira exclusiva do legado musical de Ravi Shankar?
Não me parece que exista essa figura de herdeiro de um legado musical. Se olharmos para a carreira do meu pai, o ensino era muito importante para ele. Ele teve muitas dezenas de alunos ao longo da sua carreira musical. Por isso, se existe um legado musical é o mesmo que eu partilho com todos os seus discípulos.

Os seus concertos são recebidos de forma semelhante pelo público em todo o mundo? O que espera do público em Macau?
Sinto-me muito afortunada por ter uma resposta positiva do público em todo o mundo. Toquei praticamente em todos os continentes, sinto que tenho muita sorte em poder fazê-lo. Claro que há ligeiras variações culturais na forma como as pessoas respondem aos concertos. Por exemplo, em alguns países o público aplaude mais do que noutros. Mas quando sabemos dessas diferenças fica mais fácil perceber como as pessoas nos recebem. Não tenho expectativas especiais relativamente a Macau, espero apenas que apreciem a minha música.

23 Fev 2018

Fotojornalista Mário Cruz expõe nos Açores escravatura de crianças no Senegal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fotojornalista Mário Cruz expõe a partir de sábado no Centro de Artes Contemporâneas Arquipélago, em Ponta Delgada, um conjunto de fotos onde denuncia a exploração das crianças “talibés”, escravas de “falsos professores” corânicos no Senegal.

O vencedor do prémio World Press Photo 2016 – Assuntos Contemporâneos, Picture Of The Year International 2016 – Assuntos Contemporâneos, Estação Imagem 2016 e Magnum Photography Awards 2016, justamente com o tema “Talibes Modern Day Slaves”, explicou à Lusa que esta situação afeta mais de 50 mil crianças, que “deveriam ser estudantes”, mas são, “na verdade, escravas de falsos professores corânicos”.

No Senegal, existem centenas de escolas corânicas (daaras) onde se encontram aprisionados rapazes, dos 5 aos 15 anos, que são obrigados a mendigar nas ruas oito horas por dia para manter o seu marabout (professor).

Esta realidade extensiva aos países limítrofes do Senegal, como a Guiné Bissau, faz com que “muitas das crianças que hoje se encontram a mendigar nas ruas daquele país sejam da Guiné e do Mali”, estando a situação, segundo o fotojornalista da agência Lusa, “fora do controlo, apesar dos progressos dos últimos anos, que caem por terra com o passar do tempo e falta de atenção”.

“Esta exposição é feita para relembrar que o problema permanece e que estas fotografias são a prova disso mesmo, que os abusos acontecem e a prova de que a escravatura contemporânea existe no Senegal. Não podemos ficar indiferentes”, afirmou Mário Cruz.

Para este profissional da Lusa, o jornalista “tem o dever de denunciar estas situações, saindo à rua”, a par da disponibilidade de tempo, algo que “falta hoje nas redações, um pouco por todo o lado”.

De acordo com este profissional de comunicação, vivem-se dias em que “não se pensa muito sobre o que se escreve e fotografa devido à dimensão do fluxo noticioso, sendo tudo de última hora, urgente”, em detrimento dos trabalhos de fundo.

Mário Cruz está convicto de que este tipo de opção editorial “dá frutos” e exemplifica que o New York Times está a “voltar a apostar neste tipo de conteúdos e a duplicar os salários dos fotógrafos e jornalistas que escrevem reportagem, porque percebeu que os media não podem ficar reféns da notícia rápida, da estatística, dos números, do que se diz ao microfone”.

“O jornalista tem que dar muito mais porque tem essa responsabilidade, é um dever. Sem dúvida que isso tem que acontecer”, referiu.

Nascido em 1987, em Lisboa, Mário Cruz estudou fotojornalismo no Cenjor – Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas, começou a fotografar para a Lusa em 2006 e já recebeu vários prémios.

O seu trabalho tem sido publicado nos títulos Newsweek, LENS – New York Times Blog,International New York Times, CNN, Washington Post, El Pais, CTXT.es e Neue Zürcher Zeitung.

22 Fev 2018

Vhils inaugura exposição em Los Angeles e cria novo mural com Shepard Fairey

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] artista português Alexandre Farto (Vhils) inaugura, na quinta-feira, uma exposição em Los Angeles, nos Estados Unidos, cidade onde irá também criar três murais, um dos quais em parceria com o norte-americano Shepard Fairey.

“Annihilation”, que estará patente na galeria Over The Influence, é composta por 20 obras, “novas e criadas de raiz para a exposição, de vários tipos, de várias dimensões e em vários suportes”, explicou o artista em declarações à Lusa.

A maior parte das peças são retratos, “alguns gravados em velhas portas de madeira e em camadas de cartazes retirados da rua”, mas haverá também “peças com paisagens urbanas, peças em esferovite e esculturas em betão que fundem retratos e paisagens urbanas e uma instalação com cubos de metal gravados com ácido nítrico com composições que fundem retratos, paisagens urbanas e elementos gráficos e geométricos”.

Além disso, haverá “uma secção com vídeos de peças murais criadas com recurso a explosivos, e filmagens realizadas em Hong Kong, Macau, Pequim e Los Angeles”.

Fora da galeria, Vhils irá deixar três peças murais, “incluindo uma nova colaboração com Shepard Fairey”.

A primeira colaboração entre os dois artistas data de julho do ano passado, altura em que criaram em conjunto um mural em Lisboa, na parede lateral de um prédio de três andares, na rua Senhora da Glória, na Graça, a propósito da primeira exposição em Portugal de Shepard Fairey, na galeria Underdogs.

“Annihilation” será a exposição inaugural do espaço, em Los Angeles, da galeria Over The Influence de Hong Kong, onde o artista português já expôs.

A mostra estará patente de 23 de fevereiro a 01 de abril.

Depois, Alexandre Farto tem já na agenda uma exposição em Paris, a ser inaugurada a 19 de maio, no espaço Centquatre.

Esta será a terceira exposição de Vhils na capital francesa, mas “a primeira num contexto mais institucional, embora fazendo sempre a ponte com a rua”. Em Paris, tal como em Los Angeles, adiantou o artista, serão apresentadas apenas obras inéditas.

Entretanto, até 17 de março, está patente na Galeria Vera Cortês, em Lisboa, “Intrinseco”, exposição inaugurada a 01 de fevereiro, na qual Vhils utiliza pela primeira vez o plástico como suporte, numa instalação na qual faz uma “quase reflexão sobre a condição humana no espaço urbano”.

Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins.

Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo.

Além de várias criações em Portugal, tem trabalhos em países e territórios como a Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia, Macau e Brasil.

Em 2015, o seu trabalho chegou ao espaço, através da Estação Espacial Internacional, no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes.

22 Fev 2018