Japão | Autoridades apanham e matam urso que atacou empregado de supermercado

Um urso negro asiático foi ontem capturado e morto em Akita, no nordeste do Japão, depois de no sábado ter entrado num supermercado onde atacou e feriu um funcionário, disse a polícia local. O animal foi apanhado ontem de manhã (hora local) numa das armadilhas com mel, maçãs e pão que as autoridades montaram numa área de armazenamento da loja.

Cerca de 20 empregados do supermercado foram surpreendidos no sábado pela entrada do urso, com cerca de um metro de altura, quando se preparavam para o início do dia, antes da abertura ao público. O animal atacou um dos trabalhadores, de 47 anos, que sofreu ferimentos na testa e nas orelhas, embora sem perigo de vida, indicou a polícia e os meios de comunicação locais.

As autoridades japonesas pediram ao público para se manter vigilante neste Outono, antes de os ursos entrarem em hibernação, tanto nas zonas rurais como nas urbanas, devido ao número recorde de avistamentos de ursos em zonas povoadas este ano.

Perante o aumento do número de avistamentos e ataques de ursos negros asiáticos nos últimos anos, vários municípios japoneses implementaram sistemas de vigilância digital para localizar os ursos que vagueiam em zonas habitadas por humanos.

O sistema de monitorização da cidade de Akita registou quatro avistamentos na sexta-feira, numa cidade com cerca de 300 mil residentes.

Especialistas disseram acreditar que o número crescente de encontros com ursos no Japão se deve aos efeitos das alterações climáticas, que estão a tornar escassos alimentos, empurrando os animais a procurar frutos e insectos em zonas povoadas.

Poluição | Acordo global sobre plásticos falhou

Mais de 170 países procuraram, durante cerca de uma semana, na Coreia do Sul, chegar a um acordo para a redução do plástico no planeta. As negociações acabaram por fracassar completamente e desconhece-se, para já, se haverá lugar a uma nova tentativa em 2025

 

As negociações para um tratado global contra a poluição de plásticos fracassaram domingo ao fim de uma semana de discussão em Busan, na Coreia do Sul, perante a oposição de um grupo de países produtores de petróleo.

“Várias questões críticas ainda nos impedem de chegar a um acordo geral. Estas questões não resolvidas continuam espinhosas e será necessário mais tempo para resolvê-las de forma eficaz”, declarou o embaixador equatoriano Luis Vayas Valdivieso, que preside os debates.

Durante uma semana, representantes de mais de 170 países tentaram encontrar uma solução para reduzir a poluição de plásticos que invade os oceanos, os solos e se infiltra no corpo humano.

Se nada for feito, a poluição por plástico poderá triplicar em todo o mundo até 2060, depois de a produção global ter triplicado para 1,2 mil milhões de toneladas, em comparação com as 460 milhões de toneladas em 2019, segundo um cálculo da OCDE.

Ao abrir a última sessão plenária das negociações, o diplomata apontou três pontos de bloqueio e de divergência: um princípio de redução da produção global de plástico, o estabelecimento de uma lista de produtos ou moléculas consideradas perigosas para a saúde e o financiamento da ajuda aos países em desenvolvimento.

Após dois anos de conversações, os delegados representados na quinta e supostamente última reunião do Comité Intergovernamental de Negociação para um Tratado Contra a Poluição Plástica (INC-5) tinham até domingo para chegar a um acordo.

Mas, desde que os debates começaram em 25 de Novembro, as discussões transformaram-se num diálogo inconsequente entre uma maioria de países que querem um acordo ambicioso e um grupo de Estados produtores de petróleo liderados pela Rússia, Arábia Saudita e Irão.

Um diplomata europeu que participou nas negociações descreveu à agência AFP intermináveis reuniões dentro dos vários grupos de contacto, que se prolongaram até às primeiras horas da manhã sem o mínimo progresso.

“Vimos até 60 intervenções de cinco minutos cada para alterar uma simples frase”, lamentou o diplomata, para quem é preferível “sair sem acordo do que com um mau acordo”.

Sem solução

A frustração cresceu, ao longo da semana, no seio da “Coligação de Altas Ambições”, que reúne países a favor de um tratado forte que aborde todo o “ciclo de vida” do plástico, desde a produção de polímeros à base de produtos petrolíferos até à recolha, triagem e reciclagem.

Esta coligação opôs-se aos países produtores de petróleo, que defendem que o futuro acordo deve apenas dizer respeito à gestão de resíduos e à reciclagem de resíduos plásticos. “O problema é a poluição, não o plástico em si”, justificou o delegado saudita, Abdulrahmane Al Gwaiz, durante a última conferência plenária.

Este atraso está a ter “consequências desastrosas para as pessoas e para o planeta, sacrificando implacavelmente aqueles que estão na linha da frente desta crise”, alertou o delegado da organização ambientalista Greenpeace, Graham Forbes. A data e o local da próxima ronda de negociações, em 2025, ainda não foram anunciados.

Lituânia | China ameaça retaliar expulsão de funcionários da sua embaixada

A China anunciou ontem que se reserva o direito de tomar “contramedidas” depois de a Lituânia ter expulso três funcionários da embaixada chinesa em Vílnius.

“A China condena veementemente e rejeita com firmeza esta acção gratuita e provocatória”, declarou um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, em comunicado. Na semana passada, Vílnius anunciou que três funcionários da embaixada chinesa eram “indesejáveis no país”.

A Lituânia não deu razões precisas para esta decisão, mas referiu-se a “actividades que violam a Convenção de Viena e a lei da República da Lituânia”. As relações entre Pequim e Vílnius deterioraram-se desde 2021, devido à abertura de um “Gabinete de Representação de Taiwan” na Lituânia.

Na mesma declaração, a China acusou a Lituânia de “minar a soberania e a integridade territorial da China” e de “minar” as relações entre os dois países durante “três anos”.

As relações entre as duas capitais deterioraram-se ainda mais em meados de Novembro, depois de terem sido cortados cabos submarinos no Mar Báltico, incluindo um que ligava a ilha sueca de Gotland à Lituânia.

As suspeitas recaem sobre um navio chinês, o Yi Peng 3, que passou por cima dos cabos quando estes se romperam, segundo os portais de controlo do tráfego marítimo.

A Suécia abriu uma investigação sobre a sabotagem e a Lituânia anunciou a criação de uma equipa conjunta de investigadores com a Suécia e a Finlândia, com a assistência da Eurojust, a agência da União Europeia responsável pela cooperação judicial.

Síria | China apoia os esforços de Damasco para manter estabilidade

A China assegurou ontem que “apoia os esforços da Síria para manter a sua segurança nacional e estabilidade”, após a ofensiva lançada por grupos insurrectos, que ocuparam grande parte da cidade de Alepo.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lin Jian disse em conferência de imprensa que a China está “profundamente preocupada com a situação no noroeste da Síria”. Lin afirmou que a China, “como país amigo da Síria”, está “disposta a fazer esforços positivos para evitar uma maior deterioração da situação” no país árabe.

Uma coligação de insurgentes, liderada pela aliança islamista Organização de Libertação do Levante – que se separou em 2016 do ramo sírio da Al-Qaeda – juntamente com outras facções apoiadas pela Turquia, lançou uma ofensiva contra o governo sírio na quarta-feira e assumiu o controlo total da província de Idlib, no noroeste do país, de grande parte da cidade de Alepo e de partes do norte de Hama, no centro da Síria.

O exército sírio é apoiado por aviões russos e efectuou dezenas de bombardeamentos contra posições rebeldes. Os ataques de Damasco e Moscovo intensificaram-se para repelir o avanço dos rebeldes islamitas, que lançaram na quarta-feira uma ofensiva contra o governo do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

O líder sírio visitou a China no ano passado, onde se encontrou com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e anunciou o estabelecimento de uma “parceria estratégica” entre Damasco e Pequim.

Inaugurado novo gasoduto entre Moscovo e Pequim

Um novo gasoduto que liga a Rússia à China através de uma conduta de 5.111 quilómetros, capaz de transportar até 38 mil milhões de metros cúbicos de gás natural por ano, começou ontem a funcionar, avançou a imprensa chinesa.

O gasoduto, a partir da província chinesa de Heilongjiang, foi concebido para fornecer até 38 mil milhões de metros cúbicos de gás natural por ano, uma capacidade que deve satisfazer a procura de várias regiões importantes da China, incluindo as três províncias do nordeste, a região Pequim-Tianjin-Hebei e o delta do rio Yangtsé.

De acordo com a televisão estatal CCTV, o fornecimento vai satisfazer as necessidades anuais de gás de aproximadamente 13 milhões de agregados familiares urbanos nestas áreas.

O lançamento do projecto visa a cooperação energética entre os dois países, numa altura em que a Rússia tem aumentado as exportações para a Ásia, visando compensar as perdas causadas pelas sanções ocidentais, e os danos causados às infra-estruturas de abastecimento à Europa.

Em Outubro, o gigante russo do gás Gazprom e a empresa petrolífera chinesa China National Petroleum Corporation chegaram a novos acordos para aumentar o volume de fornecimentos. Este ano, a empresa russa fornecerá à China mais mil milhões de metros cúbicos de gás, afirmou Vitali Markelov, vice-presidente do consórcio russo, durante o Fórum Internacional do Gás, em São Petersburgo.

As duas empresas concordaram também em maximizar os fornecimentos diários através do gasoduto Siberian Force, que começou a funcionar em 2019 e transporta actualmente até 38 mil milhões de metros cúbicos por ano.

Boa vizinhança

Após a eclosão da guerra na Ucrânia, a sabotagem dos gasodutos Nord Stream, que fornecem gás à Alemanha através do leito do Mar Báltico, e a imposição de sanções ocidentais, a Rússia procurou diversificar as exportações de gás e de petróleo bruto, virando-se para a Ásia e, em particular, para a China e a Índia.

A parceria estratégica entre China e Rússia aprofundou-se ainda mais desde o início da invasão russa da Ucrânia, que a China nunca condenou.

Pequim apresenta-se como parte neutra no conflito e diz não estar a fornecer armas a nenhum dos lados. Mas os Estados Unidos e a Europa acusam regularmente a China de oferecer à Rússia um apoio económico crucial para o seu esforço de guerra.

O comércio entre China e Rússia registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3 por cento, para 240 mil milhões de dólares.

Ucrânia | MNE chinês diz que Pequim está empenhada em promover conversações de paz

A responsável pela diplomacia alemã esteve de visita a Pequim para participar na sétima ronda do Diálogo Estratégico China – Alemanha sobre Diplomacia e Segurança. Pequim e Berlim manifestaram a intenção de procurar soluções que ajudem a pôr fim ao conflito na Ucrânia e às disputas comerciais

 

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, garantiu ontem à sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, que a China está empenhada em “promover as conversações de paz na Ucrânia”, apelando à cooperação entre Pequim e Berlim.

Na sétima ronda do Diálogo Estratégico China – Alemanha sobre Diplomacia e Segurança, Wang disse a Baerbock que “as divergências e diferenças entre a China e a Alemanha não devem ser um obstáculo” à cooperação entre os dois países.

“A China está a responder a todas as incertezas externas com base nas suas próprias convicções”, apontou o ministro, em Pequim.

“O mundo está a enfrentar múltiplos desafios e os factores de incerteza, instabilidade e imprevisibilidade aumentaram significativamente. Quanto mais turbulento é o mundo, mais as grandes potências devem manter a sua compostura. A relação entre as grandes potências deve permanecer estável”, disse.

O diplomata acrescentou que a China e a Alemanha devem “aderir a um tom de diálogo e cooperação”, pondo de lado as “mentalidades de confronto da Guerra Fria”.

“Temos de responder conjuntamente aos desafios globais, esforçarmo-nos por promover a cooperação prática e defender o desenvolvimento multilateral. A China e a Alemanha devem mostrar a sua responsabilidade enquanto países importantes”, acrescentou.

Transparência total

De acordo com o comunicado das autoridades chinesas, Baerbock manifestou esperança de que a China, enquanto parceiro da Europa, possa “desempenhar um papel mais activo” para pôr fim à guerra na Ucrânia, embora tenha assegurado, numa conferência de imprensa posterior, que “o apoio crescente da China” à agressão militar da Rússia contra a Ucrânia “teve impacto” nas relações entre Berlim e Pequim.

“O apoio crescente da China à guerra da Rússia contra a Ucrânia tem um impacto nas nossas relações, uma vez que os interesses fundamentais de segurança da Alemanha e da Europa foram afectados”, afirmou Baerbock.

O Presidente russo, Vladimir Putin, “não só está a destruir a ordem de paz europeia com a sua guerra, como também está a deslocar-se para a Ásia através da Coreia do Norte”, afirmou.

A diplomata acrescentou que discutiu com o seu homólogo chinês Wang Yi a forma de “iniciar um processo de paz justo”, sublinhando que os membros do Conselho de Segurança da ONU têm “a responsabilidade pela paz no mundo”.

“Estamos aqui para deixar claro, com total transparência, por que razão estamos tão preocupados com a segurança da nossa própria paz na Europa”, afirmou.

Questão comercial

A chefe da diplomacia alemã apelou ainda a Pequim para que trabalhe “de forma construtiva” para “encontrar uma solução” para os atritos comerciais com a União Europeia, que impôs taxas punitivas sobre os automóveis eléctricos chineses.

“A China é o nosso segundo parceiro comercial mais importante. 5.000 empresas alemãs mantêm mais de um milhão de postos de trabalho na China. E o inverso também é verdade: a União Europeia continua a ser o mercado mais importante para a China. Temos interesses complementares”, afirmou Baerbock.

No entanto, a ministra afirmou que “existem regras comuns” que devem ser respeitadas, “especialmente numa altura em que algumas pessoas querem derrubar pontes no comércio internacional”.

“O que nos une é que nem a China nem nós, na Europa, somos a favor de uma guerra comercial”, afirmou. Wang reiterou a posição da China de que as taxas alfandegárias da UE “violam os princípios da concorrência leal e do comércio livre”.

Venetian | Mangal de Macau em destaque em mostra da USJ

Será inaugurada este sábado a mostra “Gota a Gota”, uma exposição de fotografia sobre a biodiversidade nas zonas húmidas de Macau, nomeadamente o mangal da Taipa, numa iniciativa da Universidade de São José (USJ). As imagens podem ser vistas no Circle Hall, terceiro piso do Venetian, até ao dia 9 deste mês.

A mostra é organizada pelo Instituto de Ciências e Ambiente da USJ em colaboração com o Departamento de Media, Artes e Tecnologia da mesma universidade, além de contar com o apoio do projecto “Drop by Drop”, da WASH Foundation. A mostra “destaca os esforços de colaboração do público para promover a sensibilização para os ecossistemas únicos de Macau”, descreve uma nota, sendo que estas imagens são resultado de um concurso de fotografia sobre a biodiversidade no mangal realizado entre Janeiro e Agosto.

As imagens revelam “o delicado equilíbrio do ecossistema e a necessidade de o preservar”, podendo o público ver uma centena de fotografias, resultado de mais de 500 submissões.

Karen Araño Tagulao, ecologista marinha e uma das académicas da USJ que se tem dedicado a estudar o ecossistema dos mangais, descreveu que este concurso de fotografia “destaca a biodiversidade escondida das zonas húmidas de Macau, ao mesmo tempo que envolve activamente a comunidade nos esforços de conservação, promovendo uma ligação significativa entre a ciência e a comunidade”. Karen Tagulao tem coordenado também o projecto “Drop by Drop”, algo que considera “fundamental para aumentar a sensibilização para o valor e a importância dos ecossistemas locais”.

CCM | Ópera chinesa sobe ao palco esta sexta-feira

Chama-se “Yang Silang visita a mãe” e é o espectáculo de ópera chinesa que sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), em jeito de celebração dos 25 anos da RAEM. Trata-se de uma “série de estórias embebidas em história, amor e intriga” da autoria da Companhia Nacional da Ópera de Pequim.

Esta é uma “ópera de renome” que conta a história de uma família reunida em tempo de guerra. Quando Yang Yanhui (Yang Silang), o quarto filho da família Yang, é levado pelos inimigos do reino de Qidan, acaba por casar com Tiejing, a princesa do reino. Quinze anos depois, Yang Yanhui fica a saber que a sua mãe está a chegar à frente de combate. Desejoso de a ver, contará com a ajuda secreta da sua mulher para preparar o tão aguardado reencontro.

No sábado decorre, a partir das 19h30, o espectáculo “Excertos de ‘A Espada do Cosmos e Reconciliação entre o General e Primeiro-Ministro”, também no grande auditório. Esta peça “retrata uma rixa entre dois blocos políticos durante a dinastia Qin e que arruína o casamento feliz de um jovem casal”.

Fundada em 1955, nascida da dedicação de Mei Lanfang, a Companhia Nacional Chinesa de Ópera de Pequim é aplaudida tanto no país como no estrangeiro. Nos últimos anos Macau tem desfrutado regularmente do vasto repertório desta companhia e, desta vez, mantendo a tradição, a trupe traz-nos mais uma emocionante série de óperas clássicas que divulgam este precioso património cultural.

Fotografia | Novo livro de Gonçalo Lobo Pinheiro lançado sábado

Gonçalo Lobo Pinheiro, fotojornalista português há muito radicado em Macau, lança este sábado um novo livro de fotografia. Trata-se de “Poética Urbana”, com uma centena de imagens captadas no dia-a-dia de Macau, revelando-se o lado contemporâneo e urbano da cidade. A sessão de lançamento, que começa às 18h30, decorre na Livraria Portuguesa

 

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há 14 anos, prepara-se para lançar o seu mais recente livro, intitulado “Poética Urbana”, no próximo dia 7, sábado, pelas 18h30, na Livraria Portuguesa.

Segundo um comunicado, trata-se de um livro que é resultado de um projecto iniciado há cinco anos, “três dos quais em plena pandemia”, em que o fotógrafo divagou pelas ruas de Macau e descobriu o lado mais urbano do território.

“De manhã à noite, com sol ou com chuva, com mais ou menos luz, estas 100 fotografias representam a escolha final da minha visão do quotidiano contemporâneo citadino do território que me acolheu há mais de 14 anos”, disse Gonçalo Lobo Pinheiro, citado na mesma nota.

Com design de Marta Gregório, a obra contém a centena de imagens que “revelam o olhar sensível e artístico do autor sobre a vida urbana do território chinês”, além de que o prefácio do livro, da autoria da reconhecida fotojornalista norte-americana Andrea Star Reese, descreve o trabalho de Gonçalo Lobo Pinheiro como “uma exploração poética do quotidiano”.

“O Gonçalo Lobo Pinheiro é um homem incondicionalmente apaixonado pelas ruas que percorre e pelas pessoas que descobre. Todos os fotojornalistas contam histórias, mas alguns fotografam com uma graça lírica. Gonçalo Lobo Pinheiro é um poeta visual. Em ‘Poética Urbana’, ele leva-nos a um lugar que guarda pedaços de vidas que nos lembram de nós mesmos, de outros que vimos ou conhecemos, de sentimentos que temos, tivemos, desejamos ter ou esquecemos”, escreveu.

Em simultâneo ao lançamento, será inaugurada uma exposição fotográfica com 20 imagens seleccionadas do livro, também na galeria da Livraria Portuguesa. A exposição estará patente ao público até ao dia 29 de Dezembro de 2024.

Lançamento em Lisboa

O fotojornalista destaca ainda que “Poética Urbana” é um livro que reúne “momentos diversos, maioritariamente vividos e captados nos bairros antigos do território, onde ainda se consegue sentir aquele pulsar especial de uma Macau que pouco ou quase nada existe, mas que, ainda assim, teima, e bem, em desaparecer por completo”.

Numa altura em que a RAEM celebra 25 anos de existência, Gonçalo Lobo Pinheiro descreve que esta obra é também um sinal do seu “amor pelo território”.

Após o lançamento em Macau, o livro e a exposição terão também expressão em Portugal, com um evento agendado para Fevereiro do próximo ano, na Galeria Malangatana do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, Lisboa.

“Poética Urbana” representa uma “celebração do instante capturado na rua, do quotidiano transformado em arte e do diálogo entre a fotografia e a emoção”, sendo que o seu autor convida “o público a descobrir a beleza inesperada da vida urbana através da sua lente”.

Gonçalo Lobo Pinheiro tem uma carreira na área do fotojornalismo há mais de 20 anos, colaborando actualmente com a agência de notícias Lusa, tendo trabalhado inclusivamente com a imprensa desportiva portuguesa.

Festival de Gastronomia | Negócios caíram apesar de descontos

O Festival de Gastronomia, que acabou no domingo, gerou menos 10 por cento do volume de negócios em comparação com o ano passado. Preços mais baratos e alguns dias de chuva foram explicações avançadas por Chan Chak Mo para a redução dos negócios

 

Em fase de digestão do 24.º Festival de Gastronomia, o deputado e presidente da comissão organizadora do evento, Chan Chak Mo, apontou que o volume de negócios dos restaurantes presentes no festival este ano caíram cerca de 10 por cento em comparação o festival de 2023.

Segundo o jornal Ou Mun, Chan Chak Mo indicou as possíveis razões que levaram à quebra. “Em primeiro lugar, tivemos alguns dias com chuva. Em segundo lugar, apelámos aos comerciantes para baixarem os preços este ano. Portanto, apesar de por vezes as filas de espera serem grandes, os preços mais em conta podem ter levado à descida do volume dos negócios”, avançou o deputado e empresário.

Face à questão se a redução dos negócios poderia ter sido afectada pelo declínio da capacidade de consumo dos visitantes, Chan Chak Mo afastou esse cenário, indicando não ter sentido diferente na vontade de consumir.

Coincidências de calendário

Este ano, o Festival de Gastronomia não contou com restaurantes de fora da Macau, circunstância que Chan Chak Mo justificou com os elevados custos para participar e a falta de espaço. O deputado salientou também que se tivessem vindo restaurantes de fora, os locais iriam perder oportunidades.

O deputado salientou ainda que Festival de Gastronomia coincidiu com o Grande Prémio de Macau, situação que beneficiou os negócios.

Outro aspecto positivo, foram os shuttles providenciados pelas concessionárias de jogo que passaram pela Torre de Macau, trazendo visitantes para o festival. Chan Chak Mo considera que estas ligações de autocarro são uma opção de transportes a explorar melhor na edição de 2025 do Festival de Gastronomia.

Sobre a possibilidade de realizar o evento no novo recinto para espectáculos de grande envergadura no Cotai, Chan Chak Mo não se mostrou motivado, indicando que para tal seria necessário aperfeiçoar o trânsito na zona e fazer um novo planeamento do festival, apesar de permitir o convite a mais comerciantes.

Economia | Emperor com perdas de 225 milhões

Nos últimos seis meses que terminaram em Setembro, o grupo Emperor Entertainment Hotel registou um aumento de receitas para 407 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), face aos 371 milhões de HKD no mesmo período de 2023.

Porém, feitas as contas às despesas e receitas, os resultados não auditados apresentados pelo grupo à Bolsa de Valores de Hong Kong revelam um prejuízo líquido de 225 milhões de HKD durante o período em análise, contra um lucro de 12 milhões HKD no ano anterior.

A empresa afirmou que a subida de 9,7 por cento nas receitas foi apoiada pelo “aumento contínuo do número de visitantes”. Apesar do aumento de 17,3 por cento das receitas de jogo, a perda de valor em propriedade de investimento de 263,9 milhões de HKD foi citada pelo grupo na nota enviada à bolsa de valores como uma das razões para o registo de prejuízos líquidos, que resultaram na queda de 0,15 HKD por acção.

Inquérito | Cerca de 80% pede mais apoios económicos

A Federação das Associações dos Operários de Macau apresentou ontem os resultados de um inquérito onde se revela que mais de 60 por cento dos inquiridos considera que a recuperação económica não chegou à sua família. Problemas financeiros relacionados com despesas correntes, hipotecas e filhos são factores que levam a maior stress

 

O stress financeiro é uma realidade transversal às famílias de Macau, que motiva a necessidade de alargamento dos apoios do Governo, é o que revela um estudo apresentado ontem pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Os resultados do inquérito, expostos por representantes da FAOM, incluindo o deputado Leong Sun Iok, revela que mais de 60 por cento dos inquiridos afirmaram que as suas famílias não foram beneficiadas pela recuperação económica. Para quase 62 por cento, os factores económicos foram as maiores fontes de stress. As despesas do dia-a-dia foram indicadas como o fardo mais pesado na economia familiar de quase 67 por cento dos inquiridos. O pagamento de empréstimos hipotecários foi destacado por quase 46 por cento, enquanto as despesas e dificuldades para educar os filhos foram apontados por 43 por cento dos entrevistados como factor motivador de stress na família.

Face a este panorama, não surpreende que quase 80 por cento dos inquiridos “apelem fortemente” ao Governo para introduzir mais medidas de apoio económico, como subsídios, para aliviar as pressões do quotidiano.

Fruto com bicho

A falta de igualdade na distribuição dos “frutos da recuperação económica” tem sido um chavão muito ouvido no discurso político em Macau. Leong Sun Iok apelou à implementação de políticas que favoreçam um maior equilíbrio. “A estrutura económica tem de ser melhorada, para garantir o desenvolvimento equilibrado de todos os sectores. Além disso, é preciso investir em educação e formações tecnológicas de forma a reforçar a adaptabilidade de trabalhadores no mercado”, afirmou Leong Sun Iok.

O deputado apelou ainda ao lançamento de mais medidas de apoio económico, como subsídios para cobrir “as despesas do dia-a-dia, como cartões do consumo, apoios à habitação e saúde”.

Além das questões directamente económicas, mais de 70 por cento dos entrevistados revelaram sentir stress devido à necessidade de cuidar de menores e idosos. A vice-presidente da FAOM, Leong Meng Ian, sugeriu o limite do horário de trabalho semanal para 48 horas, a unificação dos dias de licença de maternidade entre os sectores privado e público, bem como aumentar a licença de paternidade. A responsável apelou ainda à criação de uma licença para acompanhamento médico de familiar e licença para actividades entre pais e filhos. O inquérito foi realizado entre Junho e Novembro deste ano e teve respostas de 1.100 pessoas.

Sinergia de Macau | Ex-candidato à AL pede fim de monopólios

Johnson Ian, antigo candidato às eleições e presidente da Associação de Sinergia de Macau, pede que haja, com o novo Executivo de Sam Hou Fai, o fim de alguns monopólios em Macau que criam obstáculos a empresas e população.

Num artigo de opinião publicado no jornal Sou Pou, Johnson Ian deu o exemplo verificado na área das telecomunicações com a Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM), que antes da transição já era a única concessionária do sector.

O responsável, que já foi jornalista, refere que mesmo que a RAEM tenha aberto o mercado a outras operadoras, a verdade é que os activos das concessões se mantêm sobre domínio da CTM, cujo contrato tem sido renovado de forma consecutiva pelo Governo, enquanto outras operadoras dependem do arrendamento das linhas da CTM. Johnson Ian destacou ainda o exemplo da Livraria Eslite, de Taiwan; ou Vincent Lo Hong-sui, criador do projecto imobiliário “XinTianDi·Shanghai”, que desistiram de investir no mercado local.

O líder da Sinergia de Macau recordou que, quando era jornalista, entrevistou os responsáveis da Eslite que tentaram abrir em Macau a primeira sucursal do projecto, que já existe em Hong Kong, tendo estes referido que o ambiente de negócios em Macau não permitiu o investimento, tendo optado pela abertura de uma livraria em Suzhou, interior da China. Johnson Ian entrevistou ainda Vincent Lo, com o empresário a admitir que não quis trazer o seu projecto imobiliário para Macau por desconhecer as melhores formas de dar andamento ao investimento.

Song Man Lei nomeada presidente do Tribunal de Última Instância

Após vários meses a desempenhar a função como substituta, Song tornou-se a segunda pessoa durante os quase 25 anos da RAEM a desempenhar o cargo de presidente do Tribunal de Última Instância, sucedendo a Sam Hou Fai

 

A juíza Song Man Lei foi nomeada presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) de Macau, tornando-se na primeira mulher a ocupar o cargo, substituindo Sam Hou Fai. Num despacho publicado ontem no Boletim Oficial, Ho Iat Seng, nomeou Song Man Lei para um mandato com a duração de três anos, que se prolonga quase até ao final de 2027.

Este é mais um marco para a juíza, que em 2012 foi a primeira mulher a ser nomeada para o TUI, depois de também ter sido a primeira mulher a exercer o cargo de delegada do Procurador do Ministério Público, em 1996.

Durante grande parte da carreira, Song fez parte dos quadros do MP, subindo na hierarquia até chegar a Procuradora-Adjunta, a segunda posição mais alta da hierarquia do órgão judiciário.

Nascida em 1966, Song completou a licenciatura e mestrado em Direito na Universidade de Pequim, tendo frequentado posteriormente um curso de língua portuguesa na Universidade de Coimbra.

Este ano, Song foi a presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo, que organizou a selecção do novo líder de Macau, que será precisamente o anterior presidente do TUI Sam Hou Fai.

Ho Iat Seng tinha escolhido a juíza como presidente substituta do TUI depois de Sam Hou Fai se ter demitido, em 26 de Setembro, para concorrer ao cargo de chefe do Executivo.

De acordo com a Lei Básica de Macau, o presidente do TUI tem de ser escolhido entre os juízes do tribunal.

Ip Son Sang à vista?

Com a saída de Sam Hou Fai, o TUI ficou apenas com dois juízes: Song Man Lei e José Maria Dias Azedo. No entanto, a Lei de Bases da Organização Judiciária de Bases (LBOJ) prevê que o TUI tem na sua composição três juízes.

Esta exigência decorre também de necessidades práticas, dado que as decisões do TUI decorrem na maior parte das vezes de um colectivo de juízes, pelo que existe a necessidade de ter um número ímpar por motivos de “desempate”, quando as opiniões estão divididas.

Nas decisões tomadas na semana passada, além dos pareceres de Song Man Lei e José Maria Dias Azedo, os casos do TUI foram igualmente decididos por Vasco Fong, juiz que integra o Tribunal de Segunda Instância (TSI).

A nomeação de Chan Tsz King para Procurador da RAEM criou vários rumores de que Ip Son Sang pode ser nomeado juiz do TUI nos próximos dias. Isto porque no caso de se manter no MP, o actual Procurador enfrenta uma situação de despromoção. Contudo, a nomeação coloca vários problemas, dado que Ip lidera desde 2014 o MP, estando ligado a vários dos casos sobre os quais se pode ter de pronunciar. O ainda Procurador pode assim encontrar-se na posição em que vai decidir os casos sobre os quais se pronunciou no passado, ou sobre os quais os seus subordinados se pronunciaram, o que pode levantar dúvidas sobre a sua independência na hora de decidir.

Em alternativa, Ip pode pedir escusa dos vários processos, para evitar polémicas. No entanto, estas escusas podem arrastar-se durante anos. A transferência de membros do MP directamente para o TUI não é nova, aconteceu em 2012 com Song Man Lei, porém, na altura, a nova presidente do TUI não ocupava a posição mais alta da hierarquia do MP. Com Lusa

Educação | Governo coopera com Interior para ensinar história

De forma a ensinar a história da China os alunos de Macau, as autoridades estão a cooperar com as congéneres do Interior. A informação foi adiantada ontem pela secretária Elsie Ao Ieong U na Assembleia Legislativa, que defendeu que a promoção da cultura local faz parte do objectivo de tornar Macau numa “base”.

“O Governo da RAEM tem organizado, em colaboração com o Interior da China e a RAEHK, diversos projectos juvenis e desenvolvido recursos pedagógicos sobre a história de Macau, permitindo que os estudantes e jovens aprofundem os seus conhecimentos sobre a história e cultura chinesas, semeando assim as bases para a transmissão do património cultural”, afirmou.

“O Governo da RAEM, através da promoção da transformação e do aproveitamento dos recursos históricos e culturais e da criação de projectos de exposições e espectáculos emblemáticos, tem aumentado a influência dos festivais artísticos e culturais para construir uma plataforma de desenvolvimento diversificado para o sector cultural de Macau”, afirmou a governante perante os deputados.

Desporto | Grandes eventos custam 620 milhões

Os três grandes eventos desportivos que irão realizar-se em Macau no próximo ano terão um custo global de 620 milhões de patacas. Os eventos em questão são os Jogos Nacionais de 2025, a 12ª edição dos Jogos Nacionais para Pessoas com Deficiência, também organizados por Hong Kong e Guangdong, e ainda os 9º Jogos Olímpicos Especiais.

A informação foi avançada pelos deputados Lam Lon Wai e Chan Chak Mo, da segunda comissão permanente da Assembleia Legislativa, que está a analisar na especialidade o Orçamento de 2025. Os Jogos Nacionais, organizados a cada 4 anos desde 1959, decorrem entre 9 e 21 de Novembro do próximo ano, coincidindo com o Grande Prémio de Macau. Prevê-se que sejam recrutados cerca de 6.000 ajudantes para os três eventos desportivos, com uma dotação de 123 milhões de patacas.

O alojamento em hotéis poderá custar 70 milhões de patacas e os transportes 29 milhões de patacas. Os deputados adiantaram também que a venda de bilhetes poderá gerar uma receita de cerca de cinco milhões de patacas.

Novo Governo | Sam Hou Fai confiante no futuro

O Chefe do Executivo eleito, Sam Hou Fai, disse à CCTV que está confiante no desenvolvimento de Macau no futuro com a nova equipa de secretários.

Em entrevista ao canal nacional, o governante assegurou que vai fazer todos os esforços para servir a população, tendo referido que o Chefe do Executivo é responsável por liderar todo o território da RAEM e não apenas decidir políticas do foro económico.

Para Sam Hou Fai, para liderar o Governo da RAEM é preciso ter uma perspectiva macro e compreender todos os âmbitos sociais, políticos e económicos de Macau.

O Chefe do Executivo eleito, que tomará posse no dia 20 de Dezembro, descreveu que, na área da justiça, o Código do Procedimento Administrativo está em vigor há 30 anos e deveria ser alterado. Caso contrário, poderá impedir o desenvolvimento da sociedade.

Turismo | Governo não sabe efeitos de mais visitantes na economia

Apesar dos “mais de 750 espectáculos” nas zonas históricas, Elsie Ao Ieong U não revelou aos deputados o montante investido pelo Governo e concessionárias, assim como o impacto económico nas zonas revitalizadas. A secretária atirou as explicações para o futuro Governo

 

Apesar de o Governo e as concessionárias do jogo terem organizado “mais de 750 espectáculos artísticos e culturais” que terão resultado em “mais de 1,7 milhões de visitas” nas zonas históricas, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, não conseguiu responder às perguntas sobre o impacto económico no consumo naquelas zonas, nem sobre os gastos realizados nos projectos.

A secretária foi ontem à Assembleia Legislativa para responder às questões dos deputados, e Ella Lei pediu-lhe um balanço sobre o programa de revitalização das seis zonas históricas, que incluem a Barra (investimento da MGM China), Rua da Felicidade (Wynn Macau), Avenida de Almeida Ribeiro e Ponte-Cais n.º 16 (SJM), Zona das Pontes-cais nº 23 e 25 (Melco), Rua das Estalagens, zona da Fábrica de Panchões Iec Long e Casas da Taipa (Sands China) e Estaleiros Navais de Lai Chi Vun (Galaxy).

Num primeiro momento, com base na resposta preparada de antemão, Elsie Ao Ieong U afirmou que os “mais de 750” espectáculos atraíram “mais de 1,7 milhões de visitas” de “forma bem-sucedida”.

Os problemas para a secretária começaram quando foi questionada por Lo Choi In, deputada ligada à comunidade de Jiangmen, sobre o impacto económico dos espectáculos no consumo, os planos futuros para a revitalização das zonas ou a criação de autocarros entre os casinos e os bairros comunitários. Ao contrário das perguntas da deputada Ella Lei, que tinham sido enviadas de antemão à secretária, estas não foram, e não tiveram resposta.

Também Ron Lam pediu ao Governo para revelar os custos dos investimentos feitos na revitalização das zonas históricas e afirmou que sem se saber os montantes gastos e o impacto económico não era possível fazer um balanço sobre as iniciativas.

Sem guião não dá

Sem respostas, a secretária considerou que as perguntas dos deputados eram “opiniões”, e ainda acrescentou que deveriam ser respondidas pelo futuro Governo, que toma posse a 20 de Dezembro. “Espero que o Governo futuro estude as suas opiniões”, limitou-se a responder, ignorando todos os assuntos levantados pelos deputados.

Apesar das limitações da exposição dos projectos, Elsie Ao Ieong U afirmou que os espectáculos “contribuíram para um aumento significativo do fluxo de pessoas nos bairros comunitários, atraindo, de forma bem-sucedida, mais residentes e visitantes a experienciarem a diversidade cultural e aumentando assim a vitalidade do turismo cultural dos bairros comunitários”.

Ben Lee, analista de jogo, sobre as novas concessões: “Precisamos de algo grandioso”

O analista de jogo e consultor Ben Lee acredita que é preciso fazer muito mais para diversificar a economia de Macau para lá do jogo, sobretudo tendo em conta o tipo de eventos organizados ao abrigo das novas concessões. O analista acha que Macau poderia olhar para dois resorts no Vietname como exemplos a seguir para atrair turistas internacionais

 

Que balanço faz dos dois anos de novas concessões de jogo?

Ainda há muito trabalho a fazer. Pelo que pudemos ver até agora, as concessionárias concentraram-se em projectos mais ligeiros, como galerias de arte locais, eventos culturais, a realização de concertos e pequenas reabilitações de bairros culturais. Os grandes projectos, como o parque de diversões de alta tecnologia, o Conservatório ou novos hotéis ainda não foram vistos. Uma vez que já passaram dois dos dez anos [de concessão], e tendo em conta que a construção de alguns destes projectos deverá demorar vários anos, parece que será necessário adiá-los. As receitas do segmento não-jogo, em percentagem de receita bruta obtida pelas concessionárias, parecem ser superiores às de 2019, mas diminuíram nos últimos dois anos. É possível que voltem nos próximos dois anos a situar-se entre os 10,5 e 11 por cento verificados em 2019.

Recentemente, Ho Iat Seng agradeceu às concessionárias o cumprimento dos contratos e a colaboração no desenvolvimento do segmento não-jogo, reiterando que conseguiram obter alguns lucros durante a pandemia. Acha que foi justo nas suas palavras?

Os casinos estão a fazer esforços para desenvolver o segmento não-jogo, mas, mais uma vez, a maior parte desses esforços estão focados em eventos mais ligeiros, de menor nível. Não vemos grandes ideias como a esfera de investimentos de 2,3 mil milhões de dólares que vemos em Las Vegas, por exemplo. Se tal acontecesse, iria enquadrar-se facilmente nos compromissos de 15 mil milhões de dólares prometidos pelas concessionárias [aquando da assinatura dos novos contratos]. Poderíamos falar também da ideia de fazer uma competição de Fórmula 1 na rua, como se viu em Singapura e recentemente também em Las Vegas.

Como analisa a recuperação das operadoras em termos de receitas do jogo nos últimos meses?

A recuperação do jogo em Macau tem sido extremamente boa, prevendo-se que o sector recupere para cerca de 78 ou 79 por cento dos níveis registados em 2019.

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM), por exemplo, foi uma das operadoras de jogo com maiores dificuldades em termos de cash flow durante a pandemia. Considera que a sua recuperação, em comparação com os outros cinco, foi positiva?

A SJM teve dificuldades no início, mas parece estar, finalmente, a fazer alguns progressos. Mas ainda terão alguns desafios para reposicionar o seu “hardware” [instalações e demais empreendimentos] no futuro.

O que podemos esperar do novo Governo de Sam Hou Fai para a área do jogo?

O Chefe do Executivo eleito parece estar a tentar garantir que as operadoras honrem os seus compromissos. Os seus dois mandatos irão, provavelmente, cobrir os próximos oito anos das novas concessões. Penso que, em última análise, tudo se vai resumir a saber se ele consegue motivar os vários aparelhos governamentais a executar a sua visão e missão.

No âmbito dos novos contratos, como vê a evolução global do sector do jogo?

Em 2019, a percentagem das receitas do segmento não-jogo em comparação com as receitas do jogo atingiu 10,5 por cento. Essa percentagem subiu para 22 por cento durante a covid-19, e desde então tem caído gradualmente para 13,5 por cento, segundo dados do terceiro trimestre deste ano. Essa percentagem vai continuar a diminuir à medida que as receitas de jogo continuarem a crescer. Nos últimos tempos, temos visto os residentes de Macau e Hong Kong a dirigirem-se para o norte [China] para pouparem dinheiro. A questão que se coloca é porque é que os habitantes do continente iriam descer e fazer o inverso? A solução, tal como prevista pelas autoridades, é que Macau precisa de diversificar o mercado [de turistas e jogadores] que vem do continente. Isso faz todo o sentido em termos de lógica, mas a realidade é que os nossos esforços parecem estar a regredir. Os visitantes provenientes de fora da grande China representavam 7,8 por cento do total de visitantes de Macau, mas diminuíram para 6,5 por cento até final de Setembro deste ano. Isto remete para os eventos de cariz ligeiro que têm sido organizados que, de longe e em grande parte, são realmente orientados para os chineses que, afinal, constituem a maior parte da nossa fonte de receitas.

Como se pode dar a volta a esse panorama?

Voltando ao início, penso que precisamos realmente de algo grande, icónico, semelhante à esfera que se vê em Las Vegas ou até mesmo algo parecido com o projecto da “Ponte Dourada” em Da Nang, digna de aparecer no Instagram, ou a “Ponte do Beijo”, em Phu Quoc, ambos no Vietname. O facto de estes projectos terem sido construídos por um grupo local ligado ao sector hoteleiro, sem qualquer ligação aos lucros provenientes do jogo, demonstra criatividade e perspectiva de longo prazo em termos de planeamento.

Luta de classes

Ben Lee alertar para o perigo de mercado de massas “fugir” de Macau

A conversa com Ben Lee surge no contexto de uma palestra que protagonizou, recentemente, sobre os dois anos das novas concessões de jogo. Promovida pela Câmara de Comércio França-Macau, a sessão teve como nome “Macau New Gaming Landscape: Two years into concessions, what now?”, tendo o analista e sócio-gerente da IGamiX Management & Consulting defendido, segundo o portal Asian Gaming Brief (AGBrief), que o jogo VIP não terminou por completo, estando assim a ser alvo de uma nova classificação.

Segundo o AGBrief, citando palavras de Ben Lee, “o jogo de massas incorporou o mesmo escalão [de jogadores] que foi tão abertamente criticado pelo Governo”, mas que as operadoras “estão a mudar o seu foco para o acomodar”.

O analista realçou o “recente foco na transformação de quartos de hotel mais antigos e pequenos em opções de luxo, com todas as operadoras a compreender a necessidade de obter qualidade em vez de quantidade”.

Porém, defendeu que “o foco no segmento de luxo continua a criar um impasse”, pois “há muito que Macau se concentra em aumentar o número de visitantes para poder aumentar as receitas”, mas o modelo de negócio “vai contra a necessidade de aumentar as despesas por pessoa”.

Ben Lee alertou também para o facto de muitos turistas poderem, de facto, começar a optar por outros destinos com preços mais em conta. O analista defendeu que os jogadores de massas “não podem ser ignorados”, pois continuam a ser “o principal motor” do sector. “Os preços exorbitantes dos quartos de hotel podem constituir uma ‘barragem’ para o aumento de visitantes”, pois, conforme sugeriu, “os apostadores podem ir para outros locais de férias, como a Tailândia, se o preço não for bom”. Este país asiático “está a crescer e espera-se que ultrapasse Singapura em termos de receitas brutas”, numa altura em que os tailandeses trabalham na nova legislação sobre o jogo.

“Esperam aprovar a sua lei do jogo em Maio do próximo ano. Partindo do princípio que isso acontece, há três a cinco anos para construir um resort integrado ou empreendimento. Poderão estar a funcionar consideravelmente antes da abertura do Japão”, indicou Ben Lee.

Ainda em relação ao mercado de jogo na Ásia, o analista destacou que os apostadores asiáticos irão concentrar-se nos futuros mercados de jogo da Tailândia e Japão “enquanto aproveitam as actuais ofertas em Macau, Singapura e Filipinas”, escreveu o AGBrief.

Patuá | Antigo crioulo de Macau sobrevive em grupo de teatro que recusa contos de fadas

Proibido nas escolas pela administração portuguesa e confinado às casas macaenses, o patuá, crioulo de Macau, sobrevive hoje no palco, pelas mãos dos Dóçi Papiaçam. Contam histórias de escárnio, para fazer rir, e recusam contos de fadas.

Ainda José Carion Jr. era um miúdo, e o avô, vizinho no Largo da Companhia, centro de Macau, assomava à porta e gritava: “Vôs hóji ui-di janota, undi tá vai? Iou pensâ qui vôs tá vai caçâ a-mui” – numa tradução livre: “Estás muito janota, onde é que vais? Acho que vais à procura de namoradas”.

O patuá, crioulo de Macau, era então língua corrente na casa dos Carion, como acontecia, aliás, no lar de muitas famílias macaenses, nome dado a esta comunidade euro-asiática, com raízes em Macau, sendo a maioria dos membros lusodescendentes.

“O meu avô falava português, mas comunicava muitas vezes em patuá”, conta José, que veste uma ‘t-shirt’ da Liga dos Combatentes e tem ao pescoço um fio com uma “moeda comemorativa dos Descobrimentos”, comprada e mandada cortar em Lisboa, no Castelo de São Jorge. Ao lado, estão sentados o neto Hélio e a filha Paula.

No caso desta família, o patuá era utilizado também pela avó de José, chinesa que não falava português e que no crioulo encontrava manifestações da língua materna – ‘a-mui’, por exemplo, significa ‘menina’ em cantonês.

O patuá, estabelecido ao longo dos últimos 400 anos em Macau e derivado sobretudo da língua portuguesa – embora com outras influências, incluindo o concanim (Índia) ou o malaio – entrou em declínio devido à obrigação de aprendizagem do português nas escolas do território.

“Houve a adoção do português padrão como meio de comunicação entre as províncias ultramarinas. Nas escolas, proibia-se o patuá, porque era sinónimo de falar mal português, e isto pegou, ninguém gostaria de ser sujeito à chacota, estávamos num mundo em que falar bem português era sinal de estatuto”, lembra à Lusa Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses.

O patuá foi sobrevivendo entre quatro paredes e ainda hoje se fala à mesa dos Carion. Mas mais por casmurrice, confessam. Outras línguas cruzam os dias desta família: português, cantonês e inglês.

Agora é a vez de Paula Carion ‘botâ faladura’ (fazer uso da palavra): “Tento falar às vezes com o meu filho. Somos uma das famílias que tenta preservar o patuá, utilizando-o diariamente”, diz.

O único lugar onde esta língua suplanta todas as outras é mesmo no palco. Paula e José fazem parte do grupo de teatro Dóçi Papiaçam di Macau (doce linguajar de Macau), que através da sátira conta histórias da terra.

Os Dóçi nasceram em 1993, ano da morte do poeta e acérrimo defensor do patuá José dos Santos Ferreira. Senna Fernandes, hoje à frente do projeto, integrou o grupo desde o primeiro momento, quando subiu ao palco “Olâ Pisidénte” (Ver o Presidente), onde apresentaram a Mário Soares, de visita a Macau, as preocupações da comunidade macaense.

Passaram 31 anos, a maioria dos quais, 25, já após a criação da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), na sequência da transferência de administração do território para a China, em 1999.

“Com a RAEM, a língua fixou-se no palco, pelo facto de não ser utilizada como meio de comunicação normal”, nota Senna Fernandes, admitindo não saber quantas pessoas falam o crioulo, que atravessa atualmente um “estado mais dormente”.

O dramaturgo lembra as conquistas: as peças dos Dóçi começaram a integrar o cartaz do Festival de Artes de Macau em 1997 e, passados dez anos, subiram ao grande auditório do Centro Cultural, “de onde nunca mais saíram”. Em 2021, o teatro em patuá foi classificado património cultural imaterial pela China. E “o teatro não significa nada sem a língua”, diz, considerando esta uma homenagem ao próprio crioulo.

Mas o grupo foi apanhado de surpresa quando, este ano, pela primeira vez, as autoridades locais pediram o guião da peça antes desta estrear, dando a justificação, conta Senna Fernandes, de que é necessário para fazer a classificação etária do espetáculo.

“A alma do patuá é a capacidade de fazer rir”, frisa o macaense sobre o trabalho dos Dóçi que, ao longo dos anos, tocaram em temas como o sistema eleitoral – não existe sufrágio direto em Macau – ou a política restritiva durante a pandemia da covid-19.

Senna Fernandes espera que esta “não seja uma forma desvirtuada de exercer qualquer tipo de pressão”: “A partir do momento que começam a tirar isto ou aquilo, acabou. O que seria? Um teatro de contos de fadas? É o que se pretende? Pelo amor de Deus, eu não estaria aí para isto”, garante.

Já quanto ao futuro lugar do patuá, o macaense diz que não tem pretensões de fazer ressuscitar esta “estranha e bonita língua”. Antes fazê-la renascer e ser encarada pela juventude como “uma nova língua” a aprender, “despida do contexto sociocultural do passado”, ainda que parte inalienável da identidade macaense.

“É uma língua suscetível de abarcar a realidade moderna, (…) em que não existe uma lógica só de uma língua, mas uma lógica linguística que abarca outros elementos linguísticos. Isto tem muito a ver com os crioulos”, reflete.

Paula Carion admite que a produção de manuais e até a criação de cursos, nos níveis secundário ou superior, poderiam ser apostas locais.

“Iou já falâ, governo têm qui apoiâ. Nôm têm apoio, patuá já morê [“Já disse, o governo deve apoiar. Sem apoio, o patuá morre]”, sugere José. Paula responde que “apoio tamêm nôm sâm somente sapeca [não é apenas dinheiro]”, mas que são precisas mais pessoas a aprenderem a língua.

Há que trazer as novas gerações para o palco, todos concordam. Os Dóçi contaram este ano com novas apostas jovens e, além disso, também um teatro para crianças nasceu pelas mãos do encenador macaense Delfino Gabriel.

E Hélio, com quatro anos, mostra que o patuá pode mesmo ser para todos, ao cantar parte de uma música dos Dóçi, que também têm um coro: ‘”Sino-sino lôgo rapicâ/ Sâm Natal, Sâm Natal, Sâm Natal (Os sinos tocam/ É Natal, É Natal, É Natal).

Vistos | Residentes de Zhuhai com entradas facilitadas

O Conselho de Estado aprovou alargou as autorizações de entrada em Macau para residentes de Zhuhai que, a partir de 1 de Janeiro, podem visitar a RAEM uma vez por semana, com a duração da estadia até sete dias. Não serão impostos limites anuais ao número de vezes que o visto pode ser solicitado pelos moradores de Zhuhai.

Os objectivos da medida passam por consolidar a integração entre as regiões e o posicionamento de Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer. Também os titulares do registo de residência em Hengqin, ou de cartão de residência na zona, vão poder solicitar um visto sem limite semanal.

Minimaratona | Rosa Mota volta a ganhar em Macau

A portuguesa Rosa Mota repetiu ontem a vitória na minimaratona de Macau, aos 66 anos, no quarto triunfo da ex-campeã olímpica na distância. Rosa Mota já tinha vencido em 2018, 2019 e 2023 a minimaratona, de 6,3 quilómetros, prova que integra a Maratona Internacional de Macau.

O etíope Debele Fikadu Kebebe também repetiu a vitória do ano passado na maratona, com 02:12:16. Na prova feminina, a vitória foi da russa Alexandra Morozova, com 02:24:32.

Mandarim estimulado no ensino e cantonês com futuro incerto em Macau

O mandarim, falado pela maioria da população chinesa, é opção crescente do ensino em Macau. Não é só o futuro do cantonês, língua dominante no território, que está em causa, mas a cultura local, adverte uma linguista.

À hora do almoço, na Universidade Politécnica de Macau, ouvem-se grupos de estudantes a falar mandarim. Três alunos de doutoramento do interior da China dizem à Lusa que não estariam aqui hoje se o percurso académico fosse feito em cantonês, língua dominante em Macau.

“Seria um desafio, porque não entendo cantonês”, complementa Liu Tiantao, da província de Zhejiang, no leste chinês.

Actualmente, 70 por cento (39.080) dos estudantes a frequentarem o ensino superior local vêm do interior da China, apontam dados da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ).

Nos “anos mais recentes”, tem chegado também “um número elevado” de professores do outro lado da fronteira, para leccionar nas universidades do território, indica a académica e presidente da Associação do Dialeto Yue (ou cantonês) de Macau, Tong Choi Lan.

E o mesmo acontece no ensino básico e secundário: “Na escola secundária [Hou] Kong, fala-se realmente mandarim, além de que há muitos alunos transfronteiriços [vivem no interior da China e atravessam a fronteira diariamente]. Quando passo pela escola ao meio-dia, ouço as crianças a comunicar em mandarim”, conta sobre a instituição de tradição patriótica.

Notando que as autoridades da Educação têm vindo a incentivar as escolas a usarem o mandarim para ensinar a disciplina de chinês desde cerca de 2011, a linguista refere que a maioria acabou por fazê-lo. Algumas, diz, optaram mesmo por adoptar o mandarim como língua veicular de ensino.

À Lusa, Chen Yiwen, professora de chinês na secundária de Talentos Anexa à Escola Hou Kong nota que o estabelecimento “utiliza o mandarim como meio de instrução”.

A lei da língua

Questionada pela Lusa sobre o assunto, a DSEDJ não respondeu quantas escolas leccionam actualmente a disciplina de chinês em mandarim, nem quantos professores do interior da China foram contratados pelos estabelecimentos educativos.

Os únicos dados disponíveis dizem respeito ao ano lectivo 2016/2017: 22 por cento das aulas de chinês no ensino primário e 26 por cento no ensino secundário eram dadas em mandarim, declararam as autoridades competentes em 2017, num programa da rádio chinesa da Teledifusão de Macau.

A ideia, referiu nesse mesmo ano a então directora da Educação, Leong Lai, é que “a taxa possa ser aumentada de forma estável”.

“As escolas de Macau podem escolher diferentes línguas de ensino, de acordo com as suas características escolares. A DSEDJ não obriga as escolas a utilizar o mandarim como meio de ensino da língua chinesa ou de outras disciplinas”, respondeu à Lusa aquela direcção.

A opção pelo mandarim no ensino, alerta Tong Choi Lan, pode vir a ter um forte impacto no próprio cantonês. “Se todas as escolas falarem mandarim, o cantonês vai alterar-se numa geração. Isto é do conhecimento geral da sociolinguística”, assume.

Leilão de candidatos presidenciais

A política é sem dúvida o refúgio de quem deseja ser poder, de quem pretende seguir uma carreira rentável, de quem aproveita o oportunismo e a ganância por dinheiro, de quem sobrevive com a corrupção, de quem afirma servir o povo sem sequer se preocupar com as suas dificuldades, de quem sonha em ser governante nacional, regional, deputado, eurodeputado e Presidente da República. É sobre este cargo que durante a semana passada não se falou em outra coisa nos canais televisivos e alguns jornais. De que modo? Falando de putativos candidatos ao cargo de Chefe do Estado.

Isto, quando teremos eleições presidenciais em Portugal só em 2026. A data é longínqua, mas os políticos com a enorme antecipação resolveram já iniciar toda a sua influência magistral nas mentes dos possíveis eleitores sobre o melhor candidato a suceder a Marcelo Rebelo de Sousa. Mais uma vez, assistimos a uma luta política, mais psicológica que prática, na tentativa de influenciar uma decisão futura do eleitorado.

Vejamos o inacreditável posicionamento das mais variadas fontes de informação sobre a matéria. Até ao momento, o cenário é quase caótico quanto aos nomes de possíveis candidatos ao cargo de Presidente da República. Para a praça pública já foram “atirados” os mais diversos nomes de personalidades conhecidas do eleitorado. António Guterres, Luís Marques Mendes, Rui Rio, Leonor Beleza, Pedro Passos Coelho, Rui Moreira, Pedro Santana Lopes, Carlos Moedas, Paulo Portas, José Pedro Aguiar-Branco, José Manuel Durão Barroso, António José Seguro, Mário Centeno, Carlos César, Augusto Santos Silva, Ana Gomes, António Filipe, António Vitorino, Marisa Martins, Henrique Gouveia e Melo e até André Ventura.

Afinal, o que leva a política a enveredar pelo lançamento de tantos nomes como candidatos a ocupantes do Palácio de Belém, se em análise profunda, se pode concluir que alguns dos nomes lançados não passam de políticos que se limitaram a desprezar o povo? Recordamos, por exemplo, o nome de Pedro Passos Coelho, que foi primeiro-ministro e que retirou benefícios aos pensionistas, que terminou com o subsídio de férias e de Natal e que levou a cabo uma política que desgostou a maioria dos portugueses. O que é que este senhor podia fazer no cargo de Presidente da República? Quanto a nós, nada. Ou simplesmente apoiar incondicionalmente um governo do Partido Social Democrata.

O que seria eleger Marques Mendes, um porta-voz de Cavaco Silva e de Luís Montenegro, que se tem limitado a exercer comentários na televisão mais díspares e disparatados com um único vector político, o da cor de quem ocupa actualmente o poder executivo. Para que serviria um Presidente chamado Mário Centeno, se teve a pouca vergonha de passar directamente de ministro das Finanças para o maior “tacho” que existe no nosso país, que é o cargo de Governador do Banco de Portugal.

Para quê lançar o nome de Carlos César, se no Partido Socialista existe uma facção quase maioritária preconceituosa relativamente a quem não é “doutor”. E nesse particular, justiça seja feita a Carlos César que sempre teve a humildade de esclarecer toda a gente que não é “doutor”. A que propósito Pedro Santana Lopes já admitiu que poderia vir a posicionar-se para eleições presidenciais? Se Pedro Santana Lopes foi o pior primeiro-ministro da história governamental em democracia e a sua passagem pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está repleta de interrogações de índole obscura? Surpreendente é a nova vontade de Marcelo Rebelo de Sousa em indirectamente ter lançado o apoio a Carlos Moedas, depois de ter concedido apoio esporádico a Marques Mendes para andar na berlinda das presidenciais.

Carlos Moedas? Um engenheiro que na Câmara Municipal de Lisboa apenas tem degradado a cidade em vários aspectos e que nem sequer ainda apresentou – publica e juntamente com outros intervenientes, ditos investidores – as contas globais gastas no Encontro Internacional da Juventude, com a presença do Papa Francisco. Como é que alguém tem a ideia descabida de propor certos nomes para chefiarem a Nação e as Forças Armadas, num tempo muito especial, em que ainda é uma incógnita se a guerra na Ucrânia se estende à Europa.

Amigos leitores, o que apetece escrever é que se realize um leilão… é verdade, juntavam-se todos estes nomes numa taça de prata e leiloavam-se os candidatos e quem desse mais dinheiro pela escolha de um nome entre os nomes avançados, teria direito a anunciar o novo Presidente da República, mas, o dinheiro recolhido teria de ser entregue a uma instituição de caridade.

Obviamente que os leitores dirão que isto não passa de algo absurdo. Obviamente. Contudo, com a caricata atitude de certos fazedores da opinião pública em lançar para o ar os mais variados nomes de possíveis candidatos a Presidente da República, só nos resta fazer humor… Rir com tudo isto, para não chorarmos pelo ponto degradado a que chegou a política portuguesa.