Nissan Motor | Tribunal confirma condenação de ex-director

O norte-americano Greg Kelly, ex-director da Nissan Motor, foi ontem novamente condenado no Japão por colaborar nas irregularidades financeiras cometidas pelo ex-presidente Carlos Ghosn, fugido da justiça japonesa.

O Supremo Tribunal de Tóquio manteve a decisão tomada em Março de 2022 por um outro tribunal da capital, que foi objeto de recurso por parte do arguido, após ter recebido uma pena suspensa de seis meses de prisão.

Kelly, outrora braço direito de Ghosn, foi considerado culpado de conspirar com o antigo presidente da empresa para não declarar futuras remunerações acordadas entre a Nissan e o dirigente máximo da fabricante de automóveis.

A pena de prisão suspensa significava que Kelly não tinha de cumprir pena de prisão desde que não se envolvesse em qualquer actividade criminosa ao longo de três anos, e na prática permitiu-lhe regressar aos Estados Unidos.

Kelly alegou no recurso a absolvição de todas as acusações de que foi considerado culpado. A acusação pediu até dois anos de prisão para o executivo norte-americano, detido no Japão em Novembro de 2018, na mesma altura da detenção de Ghosn.

O jurista norte-americano trabalhou na Nissan como director representante, uma das posições mais elevadas no topo da empresa, e acabou por ser o único executivo da Nissan a ser julgado depois de outros responsáveis japoneses terem chegado a acordos judiciais.

A sentença de 2022, ontem confirmada, foi a primeira no processo de 2018 contra Ghosn, que abalou a indústria automóvel, por tratar-se de um dos executivos mais respeitados entre os maiores fabricantes de automóveis do mundo.

Óbito | Escritora Maria Teresa Horta morre aos 87 anos

A escritora Maria Teresa Horta, a última das “Três Marias”, morreu ontem, aos 87 anos, em Lisboa, anunciou a editora Dom Quixote.

“Uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida”, pode ler-se no comunicado enviado pela editora à Lusa.

No mesmo texto, a Dom Quixote lamenta “o desaparecimento de uma das personalidades mais notáveis e admiráveis” da literatura portuguesa, “reconhecida defensora dos direitos das mulheres e da liberdade, numa altura em que nem sempre era fácil assumi-lo, autora de uma obra que ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores”.

Em Dezembro, Maria Teresa Horta foi incluída numa lista elaborada pela estação pública britânica BBC de 100 mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo, que incluía artistas, activistas, advogadas ou cientistas.

Em 2022, nos 50 anos da obra “Novas Cartas Portuguesas”, escrita com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta afirmava, em entrevista à Lusa, que o livro sempre foi desconsiderado em Portugal e confessava-se “perplexa” com o interesse suscitado cinco décadas depois da publicação.

“Novas Cartas Portuguesas”, escrita por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, a partir das cartas de amor dirigidas a um oficial francês por Mariana Alcoforado, constituiu-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril, que denunciava a guerra colonial, as opressões a que as mulheres eram sujeitas, um sistema judicial persecutório, a emigração e a violência fascista.

Começou a ser escrita em Maio de 1971 e foi publicada em Abril de 1972, tendo sido banida pela ditadura e as suas autoras levadas a julgamento.

Até ao fim, as três recusaram-se a revelar e ninguém conhece individualmente a autoria de cada texto, como salientou à Lusa Maria Teresa Horta, que contestava uma ideia algo difundida de que a maioria seria obra de Maria Velho da Costa. “Foram escritas pelas três. Ninguém vai dizer [quem escreveu cada texto]. Elas já estão mortas e eu nem morta nem viva digo quem escreveu, porque nós fizemos uma jura”, afirmou, em 2022.

Vida activa

Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente do ABC Cine-Clube, militante activa nos movimentos de emancipação feminina, jornalista do jornal A Capital e dirigente da revista Mulheres.

Como escritora, estreou-se no campo da poesia em 1960, mas construiu um percurso literário composto também por romances e contos. Com livros editados no Brasil, em França e Itália, Maria Teresa Horta foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal e é considerada um dos expoentes do feminismo da lusofonia.

Foi amplamente premiada ao longo da sua carreira literária, destacando-se, só nos últimos anos, o Prémio Autores 2017, na categoria melhor livro de poesia, para “Anunciações”, a Medalha de Mérito Cultural com que o Ministério da Cultura a distinguiu em 2020, o Prémio Literário Casino da Póvoa que ganhou em 2021 pela obra “Estranhezas”, e a condecoração, em 2022, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, pelo Presidente da República.

Refrescantes vulvares e a Vergonha

Recentemente, uma celebridade em Portugal lançou um produto que tem dado que falar, gerado inúmeros posts e até feito correr alguma tinta. Trata-se de uma bruma íntima, sugestivamente chamada Pipy, disponível por 29,90 euros. O objetivo? Refrescar e, de algum modo, empoderar as mulheres a sentirem-se bem com os seus corpos.

Desconfio sempre do mediatismo de certos produtos. Este foi, sem dúvida, criado “a pedi-las”. Seguiram-se as críticas habituais: as feministas com os argumentos do costume – muitos dos quais subscrevo de alma e coração –, apoiadas pelos profissionais de saúde. São discursos recorrentes, porque a realidade persiste: há toda uma indústria que prospera à custa da insegurança feminina. A sociedade insiste em gerar um sentimento de desadequação em relação a processos corporais normais. Se queres refrescar a tua vulva, lava-a com água – o efeito será provavelmente o mesmo.

Além disso, produtos como este, criados a partir de uma necessidade artificial, podem trazer mais problemas do que soluções. A vagina possui um sistema de limpeza sofisticado e não precisa de novas fórmulas para “se limpar melhor”. Interferir nesse equilíbrio pode causar desequilíbrios no pH, tornando a zona íntima mais suscetível a infeções como candidíase e vaginose bacteriana. E aí, sim, o cheiro e o desconforto tornam-se um problema clínico.

 O que me incomoda é a dança discursiva em torno destes temas. De um lado, há quem veja a existência de um produto como um ato de empoderamento; do outro, há quem, incansavelmente, tente educar para uma relação mais saudável com o corpo. Ora umas acham que existir um produto é empoderar as vulvas, enquanto outras tentam vezes sem conta educar para vulvas felizes. E ficamos assim. As últimas pregam para os surdos, e as primeiras pregam estupidez.

Qual é a oportunidade discursiva destes refrescantes vaginais, que oportunidades pedagógicas estamos a desperdiçar? Uma conversa sincera sobre o mau-estar das pessoas. Porque é que as pessoas sentem a necessidade de comprar produtos para esconder o cheiro natural das suas partes íntimas? Ainda que fabricada, a insegurança e o desconforto não deixam de ser reais, tocando num ponto sensível de existência: a vergonha.

A vergonha é um sistema emocional complexo, assente em crenças que têm vindo a culpabilizar as vulvas por serem como são. Assentes também em tradições discursivas milenares. Na Grécia antiga explicavam que os homens tinham um cheiro menos pungente que as mulheres, e por isso precisavam de perfumes mais delicados, e as mulheres perfumes que melhor cobrissem o seu aroma natural.

Lidar com a vergonha não é fácil – exige delicadeza. Explicar que se trata de uma vergonha fabricada não a faz desaparecer por magia. São necessárias experiências contínuas de compreensão para que a vergonha se dissolva e se transforme num verdadeiro estado de empoderamento. O Pipy é pseudo-empoderador porque funciona como um penso rápido, um alívio temporário para uma insegurança mais profunda. As discussões que temos assistido também perpetuam capelinhas ideológicas, de fácil previsão, sem grande profundidade emocional e empática.

Este será apenas um de muitos artigos escritos sobre o Pipy, mas talvez o único com o modesto objetivo de afirmar que a vergonha está a ser vista e compreendida. Fomos ensinadas a ter vergonha da vulva. Para desaprender, para alcançar um empoderamento real, temos de olhar para essa vergonha com carinho e compreensão. Esse reconhecimento seria um primeiro passo para uma libertação colectiva. Só assim deixaremos as vulvas finalmente em paz.

Música | Gisela João edita álbum “Inquieta” em defesa da Liberdade

A fadista portuguesa Gisela João está de regresso aos discos com “Inquieta”, um trabalho que celebra a Liberdade e que é uma homenagem ao 25 de Abril. O trabalho discográfico, com muitas músicas de Zeca Afonso, sai para as lojas esta sexta-feira

 

O novo álbum de Gisela João, “Inquieta”, a sair na sexta-feira, homenageia Abril, é pela Liberdade e sobre o impacto da Liberdade na vida quotidiana.

“Quero deixar bem claro que a minha intenção com este disco é maior que a data em si, é maior que isso tudo, é lembrar as pessoas que a nossa Liberdade”, a liberdade “de cada um de nós”, impõe “cuidar da Liberdade” que “é nossa e do nosso vizinho”, que a Liberdade “tem um impacto de forma directa na vida e na liberdade das outras pessoas”, disse a fadista em entrevista à agência Lusa.

O álbum reflecte a série de espectáculos que a cantora apresentou pelo país no ano passado, na celebração dos 50 anos do 25 de Abril. À Lusa, a fadista afirmou que sentiu “necessidade de gravar estas músicas, de cantar a Liberdade”, a Liberdade com maiúscula.

Sobre o alinhamento do álbum, maioritariamente, composto por canções do repertório de José Afonso, Gisela João afirmou que “foi feito a olhar para o mundo”, para o que está a acontecer à sua volta e, “sentindo quase como um espírito de missão, de cantar a Liberdade de a defender, de dar estas palavras de novo ao público”, porque “são letras muito necessárias e precisamos de as ouvir”.

Gisela João gravou repertório de José Afonso com novos arranjos musicais, canções como “Vejam Bem”, “A Morte saiu à Rua”, “Que Amor Não me Engana”, mas também de Paulo de Carvalho, “E Depois do Adeus” – canção que foi uma das senhas para o ainda golpe de 25 de Abril de 1974 -, de Sérgio Godinho, “Que Força é essa Amigo”, de Fernando Lopes-Graça, “Acordai!”, que o compositor estreou com o Coro das Academia Amadores de Música, e de José Mário Branco, “Inquietação”.

Lutar sempre

A cantora defendeu a necessidade de “uma luta constante” e de “uma defesa muito concreta da Liberdade que é um direito por nascença”. “O direito de qualquer um que nasce à Liberdade, à Liberdade de se ser o que se quer ser, e de se ser quem se deseja e quem se sonha”, argumentou.

Gisela João realçou a actualidade do repertório que gravou e dos seus criadores, que marcaram a música portuguesa nas últimas décadas. “Estes autores – José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto – podiam ter escrito estas canções hoje”, afirmou.

“Se ouvirmos as notícias e sairmos à rua e olharmos com olhos de ver o que se passa à nossa volta, é muito fácil encaixar frases destes autores ou as canções inteiras e cantá-las, pois adequam-se ao tempo que nós vivemos”.

Gisela João alertou para a necessidade de uma vigilância, pois “a Liberdade não é um dado adquirido” “A Liberdade – sermos todos livres – permite que se oiçam e se vejam coisas que não deviam acontecer. E quem defende essa Liberdade? Temos de ser nós, todos os dias, a defender a nossa Liberdade e a dos outros”, defendeu. “Uma situação complexa”, referiu, “mas um debate necessário e constante”.

Zeca, o génio

Reconhecendo a importância da intervenção cívica e política de José Afonso, autor da maioria das canções de “Inquieta”, Gisela João realçou a “genialidade” da sua criatividade musical, à qual se referiu como “impressionante”.

“A qualidade das melodias que ele fez, [todas] têm algo que é do mais difícil de fazer; fazer coisas que parecem tão simples e são de uma profundidade imensa. É por isso, que, garantidamente, posso dizer que não conheço ninguém a quem essas melodias não toquem, não conversem com as pessoas”.

“São melodias muito simples, mas não o são na verdade, são muito densas, e tocam nas pessoas, é isso que faz as pessoas sentir alguma coisa na pele”, acrescentou, realçando que “há uma assinatura muito portuguesa nestas músicas”.

“Há ali [naquelas canções] — nem, sei explicar como — qualquer coisa que me faz sentir muito portuguesa, como no fado”, disse Gisela João que confidenciou que quando as ouve, parece que está a fazer um mantra consigo própria: “Uma cantilena em repetição que me vai acalmando a alma”.

Questionada sobre a responsabilidade que sente ao interpretar estas canções, a fadista disse que quando começa a cantar é como se não estivesse ali. “O que está ali é o poema; e quem me dera poder levar as pessoas para o lugar para onde vou quando estou a cantar”.

“A verdade é que os poemas são muito maiores que eu, e junto-os com as melodias perfeitas para eles, para as palavras soarem como precisam de soar. São muito maiores que eu. Sinto que fico em segundo plano. Apenas me sinto como veículo para dar às palavras aquilo que elas precisam, e para [as] fazer chegar às pessoas”, disse à Lusa.

A intérprete destacou os arranjos musicais, “mais arejados”. E entre as dez canções que constituem o alinhamento, referiu a sua dificuldade em encontrar a forma como cantar “E Depois do Adeus” (José Niza/José Calvário), para se distanciar da interpretação do seu criador, Paulo de Carvalho.

Gisela João defendeu que “cada um é único” e que quando canta, tem de “saber falar”. O que canta, tornar seu. “Eu tenho de sentir aquilo”, enfatizou.

Para a intérprete, “E Depois do Adeus”, na interpretação do Paulo de Carvalho, “está perfeito, está redondinho, é aquilo é assim”, o que a deixava “muito inquieta”, pois “não queria cantar igual a ele, nem a fazer à Paulo de Carvalho”.

“De repente, de tanto ler o poema e, relacionado com a fase da vida em que me encontro, precisava de cantá-la para mim, desconstruindo o poema e não falando de uma relação de amor com o outro; olhar de uma maneira diferente e falar da relação de amor que eu tenho comigo própria, onde eu estou, onde eu quero ir, quem é que eu sou, quantas de mim deixei pelo caminho, quais de mim é que eu quero resgatar”, contou.

“Desculpem-me a ousadia e a imodéstia, mas esta canção, gravei-a para mim, e vou ficar muito feliz de saber se alguém, ao ouvi-la, quiser fazer um ponto de situação de si próprio”. “Os Bravos”, “Balada de Outono” e “Canção de Embalar” fazem também parte do alinhamento de “Inquieta”, com arranjos de Luís ‘Twins’ Pereira, Gisela João, Carles Rodenas Martinez, e produção executiva e gravação de Luís ‘Twins’ Pereira.

EUA | Trump cria fundo soberano que pode vir a comprar a Tiktok

Donald Trump assinou na segunda-feira uma ordem executiva que determina que os departamentos do Tesouro e do Comércio criem um “fundo soberano”, afirmando que este pode vir a adquirir a rede social TikTok.

“Acredito que Scott e eu vamos criar um fundo soberano incrível. Outros países muito mais pequenos já os têm e não são os EUA. Temos um potencial incrível neste país”, disse, aludindo ao seu nomeado para secretário do Tesouro, Scott Bessent, em declarações prestadas na Casa Branca.

Ao falar sobre este fundo, Trump avançou o exemplo da Tiktok, abrindo a porta à sua aquisição. “Vamos fazer alguma coisa. Talvez com a Tiktok ou talvez não. Podemos colocá-la no fundo soberano”, disse, acrescentando que há “um monte de coisas” que podem ser incluídas no fundo.

Esta plataforma continua a funcionar nos EUA, graças à prorrogação por 75 dias assinada por Trump, a 21 de Janeiro, um dia depois de ter sido empossado presidente. O decreto de Trump ordenou ao procurador-geral e ao Departamento de Justiça que não aplicassem sanções nem uma lei do anterior presidente, Joe Biden, nos próximos 75 dias.

A lei de Biden obrigava esta plataforma de vídeos a separar-se da sua ‘holding’ chinesa, ByteDance, e a encontrar um comprador de um país que não fosse considerado “um adversário” antes de 19 de Janeiro.

Apesar de o Supremo Tribunal ter aprovado a lei, a plataforma não mudou de empresa. Pelo que deixou de funcionar, durante um dia, até que Trump assinou a ordem. Há semanas, Trump escreveu na sua rede social, alusão ao futuro da Tiktok, que “gostaria que os EUA tivessem 50 por cento de uma empresa conjunta”. Desta forma, escreveu, “salvamos a TikTok, mantemo-la em boas mãos e permitimos que continue a crescer”.

Rota da Seda | Pequim considera “lamentável” retirada do Panamá

A China considerou na segunda-feira “lamentável” a retirada do Panamá da iniciativa da Rota da Seda, a qual classificou como uma plataforma de cooperação económica para os países do “sul global”, rejeitando qualquer “agenda política” nessa iniciativa.

“Eu acho que é uma decisão lamentável, porque, antes de tudo, (…) é uma iniciativa económica. O objectivo é construir uma plataforma para os países, especialmente do Sul Global, terem uma cooperação económica entre si. Não está relacionada com nenhuma agenda política”, afirmou o embaixador da China junto das Nações Unidas (ONU), Fu Cong, numa conferência de imprensa em Nova Iorque.

De acordo com o diplomata, a cooperação económica em causa “é mutuamente benéfica”, admitindo esperar que o Panamá “veja isso da maneira correcta”. “Qualquer campanha de difamação que é lançada pelos Estados Unidos e alguns outros países ocidentais” sobre a iniciativa da Rota da Seda “é totalmente infundada”, frisou ainda.

Ao mesmo tempo, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, considerou na segunda-feira que o Panamá deu “um grande passo” ao não renovar o acordo de cooperação comercial com a China sobre a iniciativa da Rota da Seda.

“O anúncio feito ontem [domingo] pelo Presidente José Raúl Mulino de que o Panamá deixará caducar a sua participação na Iniciativa da Cintura e da Rota do PCC [Partido Comunista da China] é um grande passo em frente para as relações entre os EUA e o Panamá e para um Canal do Panamá livre”, afirmou Rubio na rede social X.

Pequim abre investigação contra Google e impõe tarifas a produtos dos EUA

A China anunciou ontem a abertura de uma investigação à Google e impôs novas tarifas sobre uma série de produtos norte-americanos, horas depois de o Presidente Donald Trump ter aplicado uma tarifa de 10 por cento aos produtos chineses.

A China vai investigar o gigante tecnológico norte-americano por alegada violação das leis ‘antitrust’ (práticas de monopólio) chinesas, de acordo com um comunicado da Administração Estatal para a Regulação do Mercado do país.

Pequim anunciou também a aplicação de taxas de 15 por cento sobre o carvão e o gás natural liquefeito (GNL) e de 10 por cento sobre o petróleo e o equipamento agrícola provenientes dos Estados Unidos.

“A imposição unilateral de direitos aduaneiros por parte dos Estados Unidos viola gravemente as regras da Organização Mundial do Comércio”, declarou o Ministério das Finanças chinês num comunicado em que anunciou a imposição das tarifas retaliatórias.

“Não só é inútil para resolver os seus próprios problemas, como também prejudica a cooperação económica e comercial normal entre a China e os Estados Unidos”, acrescentou o Governo chinês.

As medidas da China foram tomadas quase imediatamente após a aplicação das tarifas norte-americanas.

A decisão de Washington em relação à China contrasta com as situações do México e do Canadá, em que ambas as nações obtiveram um adiamento da imposição de tarifas de 25 por cento por um mês, depois de chegarem a acordos separados com Donald Trump.

Moedas sofrem

No passado sábado, Trump apelou através de uma ordem executiva ao Partido Comunista da China para que impedisse as organizações criminosas de facilitarem o fluxo de drogas ilícitas para dentro dos Estados Unidos.

A reabertura da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China repercutiu-se no desempenho da moeda chinesa nos mercados ‘offshore’, onde o yuan caiu 0,3 por cento para 7,3340 dólares, na sequência do anúncio da retaliação. As negociações do yuan no mercado ‘onshore’ estão fechadas devido ao feriado do Ano Novo Lunar.

Se o dólar norte-americano recuperou em relação à moeda chinesa, já as moedas australiana e neozelandesa, que têm fortes ligações comerciais com a China, caíram quase 1 por cento. Outras moedas asiáticas, como o baht tailandês e a rupia indonésia, reduziram ganhos.

Os serviços de pesquisa e de Internet da Google para os consumidores estão indisponíveis na China desde 2010, embora a empresa mantenha operações no país, principalmente em torno do seu negócio de publicidade. Os Estados Unidos forneceram cerca de 6 por cento das importações de GNL da China no ano passado, de acordo com os dados de localização de navios.

No fim de semana, o líder da Administração norte-americana ordenou a aplicação de uma taxa geral sobre as importações chinesas, que entrou em vigor a partir da meia-noite de ontem nos Estados Unidos, devido ao que Trump justificou como o fracasso de Pequim em impedir o fluxo de drogas ilegais.

As ordens executivas do novo inquilino da Casa Branca incluíam cláusulas de retaliação que aumentariam os direitos aduaneiros se os países respondessem da mesma forma.

ONU | China preside em Fevereiro ao Conselho de Segurança

A presidência chinesa já deu indicações de que pretende promover o multilateralismo e melhorar a governação global apelando à participação construtiva de todas as partes

 

A China, que preside este mês ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, vai organizar uma reunião de nível ministerial que visa “reformar e melhorar a cooperação global”, encontro que contará com a presença do MNE (Ministro dos Negocios Estrangeiros) chinês.

O representante permanente da China junto às Nações Unidas (ONU), Fu Cong, apresentou na segunda-feira à imprensa a sua agenda para Fevereiro, tendo indicado que o MNE da China, Wang Yi, presidirá, a 18 de Fevereiro, um debate aberto sob o tema “Praticar o multilateralismo, reformar e melhorar a governação global”.

O convite para participar no debate foi feito a ministros dos Negócios Estrangeiros ou altos funcionários de outros países, incluindo a Estados que não integram o Conselho de Segurança da ONU, disse Wang Yi.

De acordo com o diplomata chinês, esta será uma “boa oportunidade” para o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, se encontrar com o homólogo chinês, caso aceite o convite para se deslocar a Nova Iorque para participar na reunião do Conselho de Segurança.

“Ao assinalarmos este ano o 80.º aniversário da fundação da ONU e à medida que o mundo entra num período muito turbulento, este debate aberto visa encorajar os países a revisitarem as aspirações originais da ONU, reafirmarem o seu compromisso com o multilateralismo e a importância do papel das Nações Unidas, incluindo o Conselho de Segurança, e explorar formas de reformar e melhorar a governação global”, explicou o representante de Pequim.

“O objectivo é construir um sistema de governação global mais justo e equitativo, que aborde o défice de governação global e garanta que os seus benefícios são partilhados por todos”, acrescentou.

De acordo com Fu Cong, a solidariedade e a cooperação estão a ser substituídas pela divisão e pelo confronto, admitindo que, “muitas vezes o Conselho não conseguiu fazer nada perante grandes crises de segurança”.

Diferenças à parte

Questionado sobre se a deterioração das relações entre Pequim e Washington poderão afectar o trabalho do Conselho de Segurança – órgão do qual os Estados Unidos e China são membros permanentes -, o diplomata chinês afirmou que espera poder cooperar com a sua homóloga norte-americana, Elise Stefanik, apesar dos “preconceitos e ideias erradas” que tem expressado publicamente sobre Pequim.

“No geral, acredito que a China e os EUA (…) têm muito em comum e podemos cooperar nisso. Por exemplo, dentro da estrutura da ONU existem questões globais que exigem esforços conjuntos de toda a comunidade internacional e, em particular, de países como a China e os Estados Unidos, como o combate ao terrorismo, às drogas ou à não-proliferação. E também, na minha opinião, a questão das alterações climáticas deve ser uma questão em que os dois países podem cooperar entre si”, salientou.

“Espero que, apesar de toda a retórica que ouvimos dos políticos americanos, possamos adoptar uma abordagem construtiva e, sublinho, profissional no nosso trabalho aqui na ONU”, frisou. Durante a presidência chinesa do Conselho de Segurança, a situação no Médio Oriente continuará em foco, estando já agendados ‘briefings’ sobre a questão palestiniana, mas também sobre a Síria e o Iémen.

“Em relação a Gaza, há agora um cessar-fogo, mas a situação continua frágil. O Conselho necessita de acompanhar de perto os acontecimentos e tomar medidas, se necessário, para garantir que o acordo de cessar-fogo é implementado de forma plena e eficaz, e que o acesso humanitário se mantém aberto e desimpedido”, explicou Fu Cong.

“É evidente que a situação na Cisjordânia também merece a nossa atenção. Ainda ontem [domingo], ouvimos relatos de ataques militares das Forças de Defesa de Israel contra blocos residenciais nos campos de Jenin e Tulkarem”, disse.

Nesse sentido, o embaixador chinês reuniu-se na manhã de segunda-feira com o representante da missão palestiniana junto à ONU, Riyad Mansour, que por sua vez pediu ao Conselho de Segurança que adote medidas rápidas para pôr fim à situação e convoque uma reunião para abordar esses ataques.

Na falta de palavras Wan Shouqi retratou a sua morada

Fei Zhangfang, uma personalidade semi-lendária que terá vivido na dinastia Han Oriental (25-220), foi um guarda no mercado da sua cidade que se tornou num imperfeito discípulo de um velho que lá vendia poções chamado Hugong, que ele logo percebeu ser um imortal que terminava o seu exílio na terra. Dele recebeu um bastão que de modo surpreendente lhe permitia viajar, como voando, incríveis distâncias.

Fei tentou aprender do mestre os seus segredos, mas falhou ao terceiro teste. Quando Hugong o enviou para casa, disse-lhe para deitar o bastão num lago ali próximo chamado Gebei. Ao atirá-lo, Fei Zhangfang notou como este se transformava num dragão azul. A lenda que, nos seus múltiplos sentidos, aludia à capacidade daoísta do espírito efectuar espantosas mudanças e inéditas deslocações no espaço, seria um tema recorrente em pinturas figurativas no fim da dinastia Ming.

Um pintor de Xuzhou (Jiangsu) chamado Wan Shouqi (1603-1652), que viveu na transição dinástica Ming-Qing, terá acrescentado ainda um outro sentido à figuração ao fazer, em 1650, uma representação de Fei Zhangfang maravilhado na margem do lago presenciando a emergência do dragão azul, sobre um leque (tinta e cor sobre papel, 20,9 x 46,6 cm, no Instituto de Arte de Minneapolis).

O leque, o adereço de Zhongli Quan, um dos Ba Xian (os Oito imortais), que quando o abanava tinha, entre outros segundo a sua vontade, o poder de ressuscitar mortos. Percebe-se a vontade de Wan Shouqi de fazer regressar a antiga dinastia num dos «nomes de pincel», hao, que ele escolheu: Mingzhi daoren, que de maneira característica pode ter várias leituras, como por exemplo «o daoísta com um brilhante ideal» ou «o daoísta que recorda os Ming». Da sua biografia ressalta o facto de em 1628, quando ainda não tinha obtido o grau jinsi, ter participado num grande banquete oferecido pelo imperador Chongzhen (r.1627-1644) aos mais ilustres letrados do Império.

Wan Shouqi aderiu em 1632 à literária e política «Sociedade da Renovação», Fushe, que se opunha ao poder dos eunucos do Palácio e se propunha eliminar os estéreis estilos literários dos exames imperiais, fazendo reviver as lições dos antigos com temas mais úteis.

No período de desordem que se seguiu à queda dos Ming, Wan vagueou no território até se fixar numa quinta, perto da sua cidade natal. Aí, em 1651, num rolo de pintura em que é claro o seu conhecimento dos grandes mestres (tinta sobre papel, 20 x 289 cm, no Museu Guimet), pintou a sua residência em resposta ao pedido de um amigo, como se fora um convite. Nele escreveu: «Eis a minha Xixi caotang. Mestre Jin fez-me prometer que lhe dedicaria um poema, mas o poema não aparece; então, pintei este rolo para meu próprio prazer. Os antigos diziam: “em todas as pinturas há um poema”. Mestre Jin estará no interior ou no exterior da pintura?»

Gripe | Uma morte e dois doentes em estado crítico

Durante o mês passado, os Serviços de Saúde registaram cinco casos graves de gripe, que resultaram numa morte e em dois doentes ainda a necessitar de ventilador. As autoridades esperam um aumento de doentes a recorrer às urgências esta semana

 

Com o pico da época da gripe a continuar até ao fim de Fevereiro, as autoridades de saúde esperam um aumento de doentes nas urgências hospitalares e centros de saúde ao longo desta semana. Em declarações ontem à comunicação social a chefe do Centro de Saúde da Areia Preta, Chou Mei Fong, afirmou que durante a semana passada, com os feriados do Ano Novo Lunar, o número de pacientes que procuraram tratamento médico desceu ligeiramente para cerca de 1.200, em relação à semana anterior.

Durante o mês de Janeiro, os Serviços de Saúde registaram cinco casos severos de gripe que obrigaram ao uso de ventilador, quatro dos quais com um historial clínico de doenças crónicas e um fumador.

Destes cinco casos, dois continuam em estado grave ainda a necessitar de auxílio respiratório através de ventilador e houve o registo de um morto, um idoso de 86 anos que faleceu na segunda-feira. Entre os cinco pacientes, três não eram vacinados.

Depois de uma semana marcada por muitas viagens, ajuntamentos e multidões, as autoridades alertaram a população para prestar atenção à gripe, continuar a usar máscara e a não descurar a higiene pessoal. Caso os sintomas, como dificuldades respiratórias e febre, se agravarem os Serviços de Saúde recomendam o recurso imediato às urgências hospitalares.

As autoridades alertaram novamente para a especial atenção de pessoas que pertençam a grupos de risco, como crianças, idosos e doentes crónicos, por correrem o risco de sofrer sintomas mais severos.

Picas e Hong Kong

A chefe do Centro de Saúde da Areia Preta, Chou Mei Fong, indicou ainda que o Governo comprou 214 mil doses da vacina contra a influenza para a época da gripe 2024/2025. Até ontem, tinham sido administradas mais de 186 mil doses da vacina, o que representa um crescimento de cerca de 13 por cento face ao mesmo período do ano passado.

Com a situação da gripe dentro do controlo em Macau, em Hong Kong as autoridades de saúde enfrentam um panorama diferente.

O Centro de Protecção da Saúde da região vizinha divulgou na semana passada dados alarmantes. Numa semana, entre 19 e 25 de Janeiro, morreram 46 pessoas e em dois dias (26 e 27 de Janeiro) morreram mais 10 pessoas. Desde 9 de Janeiro até ao fim desse mês, 88 pessoas morreram em Hong Kong na sequência complicações com gripe, o pior registo dos últimos cinco anos.

Habitação | Custo por metro quadrado cai 17 por cento

Pela primeira vez, desde Setembro de 2024, o custo médio das habitações ficou abaixo das 70 mil patacas por metro quadrado. Os preços na Taipa ultrapassaram os praticados em Coloane

 

Na primeira metade do mês de Janeiro, o preço médio das transacções de habitações sofreu uma redução de 17 por cento face ao ano anterior, de acordo com os dados mais recentes na Direcção dos Serviços de Finanças (DSF).

Segundo a informação oficial, no início de Janeiro o preço médio da compra e venda de habitação foi de 69.882 patacas por metro quadrado, uma redução de 17 por cento, em comparação com o preço da primeira metade de Janeiro de 2024. Nessa quinzena, a média do metro quadrado atingiu as 84.325 patacas.

Pela primeira vez, desde Setembro do ano passado, o preço médio da habitação por metro quadrado ficou abaixo das 70.000 patacas.

Em comparação com os preços da primeira metade de Dezembro do ano passado, quando o metro quadrado era comercializado a uma média de 82.383 patacas, Janeiro representa uma redução de 15,17 por cento do valor das casas.

Na primeira metade de Janeiro deste ano, o preço médio por metro quadrado mais elevado foi registado na Taipa, com uma média de 79.474 patacas por metro quadrado. Em Coloane, o local onde tradicionalmente o preço atinge os valores mais altos, o valor médio não foi além das 72.252 por metro quadrado. Na Península de Macau, o preço médio foi de 66.753 patacas por metro quadrado.

Aumento reduzido

Ao mesmo tempo que os preços do imobiliário ficaram mais baratos, registaram-se mais transacções de habitação. Na primeira quinzena deste ano, houve 125 compras e vendas, o que representou um aumento de 20 transacções, ou 19,05 por cento, em comparação com o período homólogo, quando tinha sido contabilizadas 105 compras e vendas de habitação.

Quando a comparação é feita tendo em conta a primeira metade de Dezembro de 2024, houve mais 31 transacções, dado que nesse período tinha havido um total de 94 compras e vendas de habitação.

Em termos de transacções, o maior número de compras e vendas de habitações aconteceu na Península de Macau, com 96 transacções, seguido pela Taipa onde tiveram lugar 20 negócios. Finamente, em Coloane registaram-se nove transacções. O início de Janeiro confirmou as tendências do final de Dezembro, quando também na Península tinha ocorrido o maior número de transacções, com 53 compras e vendas, seguido pela Taipa, com 37 transacções, e por Coloane, onde aconteceram seis operações.

Ano Novo Lunar | Cheung Kin Chung elogia desempenho do turismo

O presidente da direcção da Associação das Agências de Turismo de Macau e da Associação dos Hoteleiros de Macau, Cheung Kin Chung, considerou que o turismo local teve um desempenho “bom” durante os dias do Ano Novo Lunar.

Em declarações citadas pelo jornal Ou Mun, o também deputado nomeado justificou a boa performance do sector com o aumento do número de excursões a visitarem o território e a taxa de ocupação dos quartos dos hotéis acima de 90 por cento.

As declarações do deputado surgem num contexto em que a média de visitantes ao longo dos feriados do Ano Novo Lunar está a ficar abaixo das expectativas da Direcção de Serviços de Turismo. No final de Janeiro, Helena de Senna Fernandes tinha previsto uma média diária de 185 mil turistas durante os dias do Ano Novo Lunar. Até ao final do sétimo dia das festividades tinham entrado em Macau 1.172.355 pessoas, o que representava uma média diária de 167,5 mil turistas.

Como parte do balanço positivo do desempenho do turismo, o deputado e empresário indicou que os preços ficaram apenas ligeiramente mais caros do que no ano passado, mas vincou que não se pode falar de preços excessivos, tendo em conta a oferta dos hotéis. Ao mesmo tempo, destacou que não houve problemas nem queixas sobre os serviços prestados.

Cheung Kin Chung afirmou ainda, de acordo com o jornal Ou Mun, que a “qualidade” dos turistas aumentou, porque visitam mais locais culturais, históricos e experimentam diferentes tipos de comida.

Desporto | Au Kam San critica encerramento da Piscina Estoril

O ex-deputado Au Kam San criticou o encerramento da Piscina Estoril, devido às obras de construção da Nova Biblioteca Central. As críticas foram publicadas num comentário online.

Com um tempo de encerramento que pode variar entre três e cinco anos, dependendo da conclusão do projecto, Au considerou que a Administração devia ter optado por uma solução diferente, que mantivesse as instalações abertas. O ex-deputado argumentou ainda ser incompreensível que a única piscina na zona mais central do território tenha sido encerrada durante um período tão longo.

Por outro lado, deixou ainda no ar a possibilidade de a decisão de encerramento ter sido evitada, caso as instalações fossem exploradas por um particular, em vez de serem geridas pelo Instituto do Desporto. “Vamos imaginar que se tratava de um comerciante que explorava a piscina e que ao lado desta ia ser construído um edifício. O Governo alguma vez teria sugerido a esse comerciante a suspensão do funcionamento da piscina? Como o comerciante responderia?”, perguntou.

Au Kam San opinou que encerramento não era a única solução disponível e que a piscina poderia estar a funcionar, desde que fossem tomadas as medidas de segurança.

O ex-deputado afirmou ainda que a decisão resulta do desenvolvimento de uma cultura burocrática na Administração de fazer o menor esforço, para evitar assumir responsabilidades caso ocorram erros. “O mais importante é não ter de assumir responsabilidades, não importando para isso que as pessoas tenham de deixar de nadar ou que as instalações sejam abandonadas. O encerramento só deveria ter sido ponderado como solução de último recurso,” lê-se na publicação.

Concertos | Chan Iek Lap quer mais segurança na venda de bilhetes

Chan Iek Lap está preocupado com o mercado negro e pede o reforço da fiscalização e do combate ao fenómeno. O deputado sugere que o Governo solicite às redes sociais a remoção de publicações a vender bilhetes

 

O deputado Chan Iek Lap defende a necessidade de implementar sistemas de segurança contra fraudes na venda de bilhetes para concertos. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita, em que o membro da Assembleia Legislativa se mostra preocupado com o aumento das burlas e vendas de ingressos no mercado negro.

De acordo com os dados apresentados pelo deputado, só nos tempos mais recentes, as autoridades policiais receberam queixas de vários residentes e cidadãos do Interior da China que foram enganados, quando tentavam comprar bilhetes para concertos no território. Os valores das burlas mais recentes ultrapassaram 110 mil patacas.

Em Macau, à imagem do que acontece em Hong Kong, os bilhetes disponibilizados para venda ao público são em número reduzido e esgotam rapidamente, por estarem antecipadamente reservados, ou devido à utilização de software por parte de vendedores do mercado negro que inundam os sites de venda.

Como consequência, os interessados acabam por comprar os bilhetes no mercado negro, onde pagam preços mais elevados ou são alvos de burlas, o que acontece quando pagam por bilhetes que nunca recebem.

“Esta situação tornou-se numa preocupação generalizada da população, em especial o problema do cada vez maior mercado negro”, escreve Chan Iek Lap. “Face ao número crescente de fraudes na venda de bilhetes, o Governo tem intenção de fazer uma revisão do sistema de gestão de bilhetes e reforçar o sistema jurídico da compra e venda de bilhetes de concertos, de modo a evitar a ocorrência de mais fraudes semelhantes?”, questiona o deputado.

Actualmente, segundo o deputado, a venda ilegal de bilhetes pode ser punida com uma pena de prisão até três anos ou multa não inferior a 120 dias.

Linha para denúncias

Como parte do esforço de combate ao mercado negro, o deputado quer ainda saber se a polícia vai criar pontos de contacto exclusivamente para receber denúncias sobre o mercado negro.

Por outro, Chan Iek Lap questiona se existe a possibilidade de o Governo interceder junto das empresas donas das redes sociais para impedir a venda no mercado negro. “O Governo tem a intenção de reforçar a cooperação com as plataformas de redes sociais e exigir-lhes que examinem informações sobre bilhetes e apaguem mensagens ilegais?”, pergunta.

O deputado também pergunta se o Governo está a planear medidas para evitar o recurso ao mercado negro, onde os consumidores ficam fragilizadas, e organizar campanhas de sensibilização para alertar o público.

Bairros | Pedidos mais apoios para comerciantes

Lei Choi Hong, vice-presidente da Associação Industrial e Comercial da Zona Norte de Macau defendeu mais apoios para as pequenas e médias empresas (PME) em bairros comunitários, apontando que estas não foram beneficiadas o suficiente durante o período do Ano Novo Chinês.

Segundo o Jornal do Cidadão, Lei Choi Hong exemplificou que as PME tiveram dificuldades em manter o funcionamento durante os feriados e muitas evitaram mesmo abrir portas nos feriados obrigatórios devido aos custos elevados inerentes ao negócio, o que leva a vice-presidente a pedir subsídios governamentais às PME para operar nestes dias.

Recentemente, o secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, confirmou que as autoridades estão a trabalhar na preparação de um plano de três níveis para promover o desenvolvimento das PME e que pretende preservar as lojas de comércio históricas. Desta forma, Lei Choi Hong sugeriu que o Governo pode continuar a disponibilizar recursos nas plataformas de comércio electrónico de apoio, como cupões com acesso através do WeChat Pay e Alipay.

Conta Única | Quase 90% das provas de vida feitas por via electrónica

A Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública revelou ontem, em comunicado, que até domingo tinham sido tratadas cerca de 162 mil provas de vida deste ano, das quais 142 mil foram efectuadas por via electrónica (através da Conta Única de Macau e dos quiosques de auto-atendimento). Feitas as contas, as duas vias electrónicas foram usadas para processar 87,8 por cento das provas de vida.

No mesmo comunicado, o Governo reiterou o incentivo aos para usarem a Conta Única para fazer prova de vida, evitando “deslocação pessoal aos balcões de atendimento e o tempo de espera em filas”.

Até à presente data, 98 mil pessoas efectuaram a sua prova de vida mediante a Conta Única de Macau, representando 69,1 por cento, proporção que o Governo destaca “tem vindo a aumentar de ano para ano, resultado da divulgação eficaz da utilização de serviços electrónicos junto dos idosos”.

Mais de 634 mil pessoas aderiram à Conta Única de Macau, a aplicação para telemóvel que disponibiliza mais de 440 modalidades de serviços públicos.

Cheques | Ron Lam pede cortes para quem não vive em Macau

A natureza, objectivos e limites à distribuição de cheques pecuniários voltaram à ordem do dia. Duas semanas depois de Lo Choi In ter sugerido o fim da atribuição dos cheques a quem está fora de Macau, Ron Lam partilha a mesma opinião e questiona se a medida é um apoio ou uma repartição de dividendos

 

Menos de um mês e meio depois da tomada de posse de Sam Hou Fai como Chefe do Executivo, voltou à ordem do dia a questão do corte na distribuição de cheques pecuniários. Ron Lam entende que o Governo deve explicar qual a intenção original e definição do programa de comparticipação, esclarecendo se a medida é um apoio financeiro ou distribuição de dividendos. As declarações de Ron Lam a pedir esclarecimentos conceptuais, publicadas ontem no jornal Ou Mun, foram prestadas tendo em conta possíveis “ajustes posteriores” à medida.

O deputado defende que, à semelhança do apoio aos beneficiários do regime de previdência central não obrigatório, a distribuição dos cheques pecuniários deve ficar limitada a quem permanece no território, pelo menos, 183 dias num ano.

Recorde-se que o “Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico” tem sido apresentado pelo Governo como uma forma de “partilhar com a população os frutos do desenvolvimento económico”.

Independentemente do objectivo referido todos os anos pelos sucessivos Executivos, desde 2008, Ron Lam afirma que as políticas públicas precisam ter objectivos e direcções concretas para assegurar a sua execução eficiente e ajustes com precisão científica. Estas são as prioridades apontadas pelo deputado, antes de se decidir alterações ao montante atribuído e se a distribuição é cortada aos residentes que vivem fora de Macau. Porém, sublinha que o cancelamento do programa não é realista.

A idade dos porquês

Se o cheque pecuniário diz respeito à partilha dos frutos do desenvolvimento económico, o que explica a sua distribuição durante a pandemia quando o território mergulhou numa crise económico e em défice orçamental? O deputado salienta que durante os três anos de pandemia, o Governo não fez as habituais injecções de capital nas contas individuais do regime de previdência central não obrigatórios. Apesar de dizer que não concordou com a suspensão das injecções de capital, Ron Lam indicou que o Governo deve esclarecer claramente a natureza das suas políticas.

Ron Lam recordou que cerca de 100 mil residentes que não moram em Macau beneficiam do cheque pecuniário.

Segundo os dados das propostas orçamentais para o ano económico de 2025, citados pelo deputado, o erário público poupou 79,32 milhões de patacas com cheques que não foram depositados dentro do prazo de três anos. Ron Lam apontou que o Governo deve verificar se os destinatários que não trocaram o cheque ainda estão vivos.

Ricardo Clara Couto, autor do documentário sobre Francisco de Pina | O peso da culpa que persiste

“Francisco de Pina – O português que escreveu o futuro do Vietname” conta a história do padre jesuíta, nascido na Guarda em 1586, que fez a romanização do alfabeto vietnamita. O documentário, da autoria de Ricardo Clara Couto foi financiado pela RTP2 e exibido no Centro Científico e Cultural de Macau

Como se deparou com esta personagem da história portuguesa no Oriente?

O meu irmão, que se chama Filipe Pires, viajou pelo Vietname durante algum tempo e quando chegou da viagem disse-me que tinha de conhecer a história incrível do jesuíta Francisco de Pina que tinha feito a romanização do alfabeto vietnamita, proporcionando liberdade e independência culturais tremendas. Fiquei um pouco céptico no início, pois achei estranho ninguém conhecer isto em Portugal, mas comecei a minha pesquisa sobre o tema e descobri um estudo universitário de uma professora franco-vietnamita que dá aulas na Madeira. Confirmei então que a ideia que o meu irmão tinha trazido do Vietname estava correcta. A partir daí, tentei descobrir a origem deste padre, o trabalho que tinha efectuado, e perceber porque havia tão pouco conhecimento sobre Francisco de Pina em Portugal.

Além de ter sido missionário jesuíta, pode destacar alguns pontos biográficos que ajudem a compreender o seu legado?

No documentário não tive o tempo para conseguir fazer uma abordagem biográfica mais exaustiva. Foquei-me meramente na parte em que ele chega ao Vietname. Falamos de um homem com uma cultura incrível e com uma vontade de aculturar e ser aculturado. Um homem que era músico e foi mais fácil, com isso, aprender o vietnamita, que é uma linguagem de seis tons. No fundo, apesar de ser um padre jesuíta, tinha como primeiro desígnio a cultura e não tanto a religião. Isso, para mim, é um motivo de enorme admiração. Para ele o objectivo essencial da evangelização era secundário, porque, para ele, se não conseguíssemos compreender a cultura do Vietname, não conseguiríamos ensinar o povo vietnamita. Era mais importante aprofundar a cultura e a língua locais, fazendo-se entender para poder, a partir daí, explorar a parte mais religiosa. Foi também um homem que teve muita dificuldade quando chegou ao Vietname.

Porquê?

Houve algumas guerras internas perante alguns senhores locais das regiões que não concordavam com a missão dos padres. Isso não está explorado no documentário, mas de facto Francisco de Pina chegou a fazer algumas diligências [para a missão jesuíta], pois os padres não eram totalmente aceites em todo o lugar. Acabou por se refugiar num bairro japonês e, a partir daí, construiu a sua base.

Francisco de Pina, à semelhança do que acontecia com muitos jesuítas na época, fez formação em Macau, no Colégio de S. Paulo. De que forma foi influenciado por esse período passado no território?

Não há muita informação sobre esse tempo. Sabe-se que se formou, de facto, nesse colégio, tal como acontecia com muitos padres jesuítas na época, mas depois foi para o Japão. Só depois vai para o Vietname. Até aí, não houve nada de grande relevo na vida de Francisco de Pina, que seguiu o caminho normal. O Japão já estava a expulsar os padres jesuítas e é nesse contexto que vai para o Vietname. A única coisa de maior relevo desse período é que os 14 navios que saíram de Portugal para chegar a Macau nesse ano restaram apenas três, e o navio onde ia Francisco de Pina foi um dos que sobreviveu à tempestade.

Considera que o seu grande legado terá sido a romanização do vietnamita? Quais os grandes contributos deste processo em termos linguísticos?

É um contributo gigante. Se pensarmos que até na romanização da língua, o Vietname estava muito dependente do alfabeto chinês, e não conseguia ter independência cultural, linguística e económica também. Depois da romanização do alfabeto foi possível ao Vietname crescer nesses domínios e ter a sua própria identidade. O país cresceu imenso até aos dias de hoje, pois sem a escrita uma língua passa apenas para as novas gerações de boca em boca, e o legado de Francisco de Pina também se mantém até hoje. O povo vietnamita é muito agradecido a isto, e a prova é que há dois anos uma delegação da Fundação Vietnammese Language Foundation veio a Portugal e ofereceu um monumento à Câmara Municipal da Guarda (ver caixa) em homenagem a Francisco de Pina. Porém, fiquei surpreendido pelo facto de os vietnamitas, e falamos de académicos catedráticos, conhecerem bem a história, a figura de Francisco de Pina, existindo no país várias referências. Mas em Portugal é uma figura pouco conhecida.

Como explica isso?

Penso que isso terá a ver com a necessidade que Portugal tem de fazer a sua catarse sobre esse período da história. Portugal foi um país completamente diferente de África para o Oriente, e completamente diferente de África para as Américas. Mas, no entanto, existe este peso da culpa. Portugal não consegue falar sobre esse período do tempo, apesar de ter uma história riquíssima entre África e o Oriente, mas essa época não é muito abordada porque o país ainda não assumiu o que aconteceu e, por isso, não pode falar desse período. Por isso, ainda tanta coisa da riquíssima história de Portugal é desconhecida pelos portugueses.

Como foi o processo de pesquisa para o documentário?

Rapidamente cheguei ao estudo da professora Minh Ha Nguyen Lo Cicero, da Universidade da Madeira, e com ela fomos às raízes da língua vietnamita. Quando a descobri foi incrível, porque ela faz parte do triângulo de romanização do alfabeto vietnamita, por ser franco-vietnamita. Até há pouco tempo, a versão oficial que existia era de que Alexandre de Rhodes, jesuíta francês, tinha romanizado o alfabeto, registando-o depois no Vaticano e dizendo que era um trabalho em homenagem ao seu mestre, Francisco de Pina. Porém, o nome de Francisco de Pina desapareceu. Passamos, a partir daqui, à narrativa oficial francesa, nacionalista, de que a romanização do alfabeto tinha sido feita por franceses pelo facto de o Vietname ter sido uma colónia francesa. Depois cheguei também ao professor António Morgado. Os restantes contactos foram feitos no Vietname, de linguistas, professores universitários e especialistas no idioma, sobretudo na escrita, que depois integraram o documentário.

Como descreveria o Vietname da época de Francisco de Pina?

Era muito fragmentado. Eles têm uma cultura muito própria que existia através de uma escrita com hieróglifos chineses, mas lida em vietnamita, o que levava a que apenas 1 a 3 por cento da população soubesse ler e escrever. Com a romanização essa percentagem aumentou exponencialmente, e com isso a cultura desenvolveu-se junto das populações, uniu-as mais em torno de uma escrita comum. Penso que isso tornou o Vietname mais moderno e preparado para se integrar no resto do mundo ao ter uma língua mais acessível.

Sente que vai ajudar a desvendar esta parte da história de Portugal, bem como a história da própria missão jesuíta?

Espero que sim. Portugal parece que tem um certo medo e pudor em falar desta época, e a prova disso é que este povo vietnamita veio à Guarda oferecer um monumento e praticamente não saíram notícias sobre o assunto. Além disso, os representantes da delegação do Vietname ficaram um pouco admirados por não serem recebidos a nível oficial, à excepção do presidente da Câmara Municipal da Guarda. Eu, que fui convidado por eles a estar presente, senti um bocado vergonha alheia, pelo facto de o Vietname ter vindo a Portugal oferecer um monumento e isso ser encarado como um evento secundário, que não é. Seria importante dar a conhecer este padre e este feito ao país e ao mundo, até porque Portugal e o Vietname têm uma história cultural muito próxima e rica, tal como com o Japão e a China. Mas esta é uma vertente pouco conhecida do povo português e [este documentário] pode ser uma boa oportunidade para o país fazer a sua catarse.

Escultura de artista vietnamita lembra Francisco de Pina na Guarda

Em Novembro de 2023, a Fundação da Língua Vietnamita ofereceu à cidade da Guarda a escultura “Nova Estela”, do artista vietnamita Nguyen Huy Anh. A obra pode ser vista no jardim da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço. Segundo uma notícia da agência Ecclesia, o evento decorreu no âmbito das celebrações do 824.º aniversário da atribuição de foral pelo Rei D. Sancho I à cidade. “Trata-se de uma homenagem, a título póstumo, ao padre Francisco de Pina, um sacerdote jesuíta nascido na Guarda, em 1586, cujo percurso religioso passou por uma missão no Vietname, onde viveu nove anos de intensa actividade missionária, de linguística e de interculturalidade”, referiu a Diocese da Guarda, em comunicado.

Segundo a mesma nota, o missionário Francisco de Pina foi o responsável pela introdução do alfabeto latino e sinais diacríticos na transcrição dos sons e dos tons da língua vietnamita, que utilizava, na escrita, caracteres chineses.

O padre embarcou há mais de 400 anos na Nau de Nossa Senhora do Vencimento do Monte do Carmo, tendo completado a formação no Colégio de São Paulo em Macau e recebido a ordenação sacerdotal em Malaca. Foi depois chamado para a recém-criada Missão dos Jesuítas da Cochinchina, zona que corresponde à parte central do Vietname actual. “Nunca mais veio à cidade onde nascera e regressou agora num barco esculpido em bronze por artistas vietnamitas trazido por mar do longínquo Vietname. A partir de agora, o Padre Francisco de Pina ficará na memória histórica da Guarda e dos seus habitantes, materializado neste barco que o trouxe de regresso à sua cidade, deixando lá bem longe o nome da Guarda, escrito também ele em letras de bronze”, concluiu a Diocese.

Dinamarca | PM recusa vender Gronelândia

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, mostrou-se ontem disponível para dialogar com os Estados Unidos sobre a Gronelândia, frisando que o território autónomo “não está à venda”.

“Temos sido muito claros: todos temos de respeitar a soberania de todos os Estados no mundo – e a Gronelândia é hoje uma parte do reino da Dinamarca – não está à venda”, referiu. A líder dinamarquesa, falava à entrada do primeiro retiro de líderes da UE, iniciativa criada pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, para debates mais informais.

Concordo totalmente com os americanos que a região do Extremo Norte, a região do Ártico, é cada vez mais importante quando falamos de defesa e segurança e de dissuasão, e é possível encontrar uma forma de assegurar uma pegada mais forte [dos Estados Unidos] na Gronelândia, onde já estão”, referiu ainda Mette Frederiksen.

A chefe do governo de Copenhaga lembrou ainda que as tropas dinamarquesas combateram ao lado dos EUA durante muitas décadas. O Presidente dos EUA, Donald Trump, tem reivindicado um maior acesso ao Ártico e manifestou o interesse de adquirir a Gronelândia, um território autónomo gerido pela Dinamarca.

EUA | Trump vai impor taxas sobre produtos europeus “muito em breve”

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os produtos europeus vão ser sujeitos a taxas aduaneiras “muito em breve”, na sequência da imposição de tarifas à importação de produtos do Canadá, México e China.

“Estão realmente a aproveitar-se de nós, temos um défice de 300 mil milhões de dólares. Não levam os nossos automóveis nem os nossos produtos agrícolas, praticamente nada, e todos nós compramos, milhões de automóveis, níveis enormes de produtos agrícolas”, disse no domingo à imprensa.

A União Europeia lamentou no mesmo dia o aumento das taxas aduaneiras pelos Estados Unidos da América sobre produtos do Canadá, do México e da China, e disse que vai retaliar fortemente se for alvo de tarifas injustas.

“A UE acredita firmemente que direitos aduaneiros baixos promovem o crescimento e a estabilidade económica”, disse a Comissão Europeia em comunicado, através do qual considerou a imposição de mais tarifas pelos EUA como “nocivas para todas as partes”.

Já, se o bloco europeu for também alvo dessas medidas, o executivo comunitário vai “retaliar fortemente”. Donald Trump assinou no sábado a ordem executiva para a aplicação de taxas aduaneiras aos produtos provenientes do Canadá, do México e da China.

A assinatura, que oficializa a decisão que já tinha sido anunciada, determina a imposição de tarifas de 10 por cento à China, de 25 por cento ao México e de 25 por cento ao Canadá, excepto no petróleo canadiano, que terá tarifa de 10 por cento.

Trump tinha vindo a ameaçar a imposição de tarifas para garantir uma maior cooperação dos países para impedir a imigração ilegal e o contrabando de produtos químicos, como o fentanil, um opioide que está a provocar vagas de adição importantes nos Estados Unidos. Os três países prometem tomar medidas.

Sacrifício (des)necessário

Já no caso da União Europeia, ainda não foi tomada uma decisão, mas a preocupação é geral e a França defendeu no domingo uma “resposta mordaz” da Europa face às ameaças de novas tarifas aduaneiras pelo Presidente norte-americano.

Trump admitiu que as novas tarifas podem causar sofrimento ao povo norte-americano, mas garantiu que “tudo valerá a pena” porque vai “tornar a América grande de novo”.

“Haverá sofrimento? Sim, talvez (e talvez não). Mas vamos tornar a América grande de novo, e tudo valerá a pena”, escreveu Donald Trump, em letras maiúsculas, no perfil da rede social que fundou, a Truth Social, citado pela agência de notícias France-Presse.

Rússia | ONU denuncia aumento de execuções de prisioneiros

A ONU denunciou e condenou ontem o aumento do número de execuções de soldados ucranianos mantidos em cativeiro pelas forças russas nos últimos meses, fazendo eco de acusações de Kiev. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há quase três anos, Moscovo e Kiev têm-se acusado regularmente de matar prisioneiros de guerra, o que constitui um crime de guerra.

“Muitos soldados ucranianos que se renderam ou estavam sob custódia física das forças armadas russas foram mortos a tiro no local. Testemunhas descreveram também o assassínio de soldados ucranianos desarmados e feridos”, disse a ONU.

A Missão de Observação dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia (HRMMU, na sigla em inglês) afirmou ter “registado 79 execuções deste tipo em 24 incidentes separados” desde o final de Agosto. A informação baseia-se na “análise de material vídeo e fotográfico publicado por fontes ucranianas e russas” que mostra as execuções, disse a missão num comunicado citado pela agência francesa AFP.

As figuras públicas russas “apelaram explicitamente ao tratamento desumano, ou mesmo à execução, dos militares ucranianos capturados”, afirmou a chefe da missão da ONU, Danielle Bell. “Combinadas com as leis de amnistia geral, estas declarações podem incitar ou encorajar comportamentos ilegais”, acrescentou, citada no comunicado.

A missão explicou que, em 2024, também registou a execução de um soldado russo “ferido e incapacitado” pelas forças armadas ucranianas. O Provedor dos Direitos Humanos ucraniano, Dmytro Loubinets, solicita regularmente às Nações Unidas e ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) que investiguem as execuções extrajudiciais de soldados ucranianos em cativeiro.

Desconhece-se o número de vítimas civis e militares da guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia em Fevereiro de 2022, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será elevado.

Austrália interdita redes sociais a menores de 16 anos (I)

O Senado australiano aprovou a 28 de Novembro de 2024 a alteração à Lei de “Segurança na Internet (Idade Mínima para acesso a redes sociais), proibindo crianças menores de 16 anos de usar a maioria das redes sociais. A nova lei não prevê excepções para os utilizadores com menos de 16 anos. Por conseguinte, mal as alterações entrem em vigor, os menores de 16 anos devem parar imediatamente de usar as redes sociais, caso contrário, estarão a infringir a lei. Esta proibição estende-se aos jovens que têm autorização dos pais para usarem as redes.

A nova lei também exige que as empresas de redes sociais tomem medidas para impedir que os menores de 16 anos acedam às suas plataformas, e proíbe-as de obrigar as crianças a apresentarem documentos de identificação para verificação de idade. A multa máxima para as empresas que violarem a nova lei é de 50 milhões de dólares australianos (aproximadamente RMB $ 250 milhões ou HK$ 235 milhões de dólares). Prevê-se que a nova lei seja testada em 2025 e plenamente implementada em 2026.

Embora a nova lei não especifique quais as empresas que serão regulamentadas, a imprensa australiana avança que empresas como o Facebook, o Instagram e X serão muito afectadas.

O objectivo da nova lei é claro. As crianças podem ter acesso a todo o tipo de conhecimento científico e tecnológico através das redes sociais, o que lhes permite abrir horizontes e fazer amigos em toda a parte. No entanto, há também muitas desvantagens, como estar facilmente exposto a desinformação, contactar estranhos e colocar-se em perigo. Se os jovens ficarem irritados e ansiosos por passarem demasiado tempo na Internet, ou mesmo passarem a evitar a vida social, as consequências serão ainda mais graves. Uma vez que as crianças ainda estão a desenvolver-se mental e fisicamente, devem ser evitados quaisquer efeitos negativos da utilização da Internet.

O conteúdo da nova lei é simples, mas, do ponto de vista do seu funcionamento efectivo, há muitas questões que merecem ser discutidas.

Em primeiro lugar, a Austrália não é o primeiro país a promulgar legislação nesta matéria. Na Europa, muitos países já restringiram o acesso das crianças às redes sociais. Por exemplo, em França, as crianças com menos de 15 anos precisam do consentimento dos pais para criarem redes sociais, as crianças com menos de 11 anos estão proibidas de utilizar telemóveis e as crianças com menos de 13 anos não podem usar telemóveis com acesso à Internet. A Noruega estabeleceu os 15 anos como a idade mínima para os jovens usarem as redes sociais. Abaixo dos 15 anos é necessário o consentimento parental para o efeito.

Na Alemanha e na Bélgica o acesso das crianças às redes sociais só é permitido depois dos 13 anos, e na Itália depois dos 14. A Alemanha e a Itália também estabeleceram o consentimento parental, mas a Bélgica não.

Na Ásia, a 20 de Janeiro de 2025, a Indonésia anunciou que seguiria a Austrália e iria preparar uma legislação para restringir o uso das redes sociais a crianças dos 13 aos 17 anos, enquanto os pais de crianças entre os 13 e os 15 anos podem controlar as contas de redes sociais dos filhos. À medida que os telemóveis se tornam mais populares, a questão do acesso das crianças à Internet e às redes sociais tem atraído cada vez mais atenção. Provavelmente, mais países e regiões virão a legislar nesta área.

Em segundo lugar, a nova lei fixa a idade mínima de 16 anos para se poder aceder à Internet, o que não é o padrão mais rigoroso. Na Flórida, o limite etário estabelecido pela legislação é de 14 anos. Não é surpreendente que diferentes países estabeleçam diferentes idades para permitir o acesso às redes sociais. No entanto, a lei da Flórida restringe o uso das redes sociais aos menores de 13 anos, tendo sido acusada de limitar a liberdade de expressão, o que desencadeou um processo judicial. Após a nova lei ser implementada na Austrália, haverá processos semelhantes aos da Flórida?? Este é o risco que o Governo australiano pode ter que correr após a introdução da nova lei.

Na próxima semana, continuaremos esta análise.


Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.

Beyoncé conquista Grammy de álbum do ano com “Cowboy Carter”

Beyoncé ganhou o Grammy para o álbum do ano, pela primeira vez na carreira, por “Cowboy Carter”, anunciou a Recording Academy durante a 67.ª edição dos prémios, realizada na Crypto.com Arena, em Los Angeles.

“Já lá vão muitos anos”, afirmou no domingo à noite Beyoncé, referindo-se ao tempo que esperou para receber a ‘joia da coroa’ dos prémios das mãos do chefe dos bombeiros de Los Angeles, Anthony Marrone. Este Grammy faz de Beyoncé a primeira mulher negra em 26 anos a ganhar nesta categoria desde Lauryn Hill em 1999 e a sétima artista a ganhar o prémio para um álbum country.

Nomeados para o galardão máximo atribuído pela Academia Nacional de Artes e Ciências de Gravação dos Estados Unidos (mais conhecida por Recording Academy) estavam André 3000 (“New Blue Sun”); Sabrina Carpenter (“Short n’ Sweet”); Charli xcx (“brat”); Jacob Collier (“Djesse Vol. 4”); Taylor Swift (“The Tortured Poets Department”); Chappell Roan (“The Rise And Fall Of A Midwest Princess”) e Billie Eilish (“Hit Me Hard and Soft”).

“Cowboy Carter”, o oitavo álbum da carreira de Beyoncé, é o muito aguardado ‘segundo acto’ do trabalho “Renaissance”, lançado em 2022.

Além de Beyoncé, que contava com 11 nomeações, número que eleva para 99 o total na carreira e faz dela a artista com o maior número de nomeações da história, Kendrick Lamar, com os Grammys para a canção e o disco do ano por “Not Like Us”, Shakira, Billie Eilish, Chappell Roan, Doechii, Sabrina Carpenter e Charli xcx pontuaram entre as estrelas da noite, que contou com a presença de Will Smith, Stevie Wonder e Janelle Monáe numa homenagem ao falecido e lendário produtor Quincy Jones .

Shakira também festeja

Shakira dedicou o Grammy para melhor álbum pop latino com o seu 12.º álbum de estúdio, ‘Las mujeres ya no lloran’, à comunidade imigrante nos Estados Unidos, que a nova Administração norte-americana de Donald Trump trouxe novamente para as manchetes em todo o mundo.

“Quero dedicar este prémio a todos os meus irmãos e irmãs imigrantes deste país. Vocês são amados, vocês valem a pena e eu lutarei sempre convosco e com todas as mulheres que trabalham arduamente todos os dias para fazer avançar as suas famílias”, disse a cantora.

A surpresa da noite foi o cantor californiano Kendrick Lamar, o artista com mais prémios na 67.ª edição dos Grammy Awards ao receber cinco distinções da Recording Academy, com a canção “Not Like Us”: em duas das principais categorias, disco do ano e canção do ano, e melhor interpretação rap, melhor canção rap e melhor vídeo musical.

Taylor Swift saiu de mãos vazias, apesar das seis nomeações para o último álbum “The Tortured Poets Department”, tal como Billie Eilish, que era uma das favoritas do ano. A britânica Charli xcx ganhou três Grammys por “brat”.

O fenómeno Chappell Roan foi coroado melhor novo artista, numa lista que incluía também Sabrina Carpenter e o rapper Doechii.

Cinemateca Paixão | “A Substância”, com Demi Moore, estreia esta semana

A Cinemateca Paixão já tem disponível o cartaz de Fevereiro e a grande novidade é o filme “A Substância”, protagonizado por Demi Moore, que se revela também na cópia restaurada de “Ghost”. Além da exibição destes filmes, destaque ainda para películas como “Vive L’Amour”, “The Way We Talk”, de Hong Kong; ou o japonês “Cells at Work!”

 

Uma das actrizes dos anos 90 de Hollywood, Demi Moore parece ter voltado em grande ao protagonizar “A Substância”, filme que tem dado que falar em todo o mundo por espelhar o confronto permanente entre a imagem, o que somos e aquilo que esperam de nós. O filme será exibido em Macau este sábado na Cinemateca Paixão, tendo uma única sessão a partir das 19h30, por isso é melhor correr antes que os bilhetes esgotem.

Demi Moore é uma bela apresentadora de televisão que, subitamente, deixa de ser bela aos olhos dos produtores do programa. É então que decide começar a tomar uma substância ilegal que a faz ficar mais nova, colocando-se numa situação perigosa e desafiante. É então que Sue, personagem interpretada por Margaret Qualley, passa a substitui-la no programa, sendo uma cópia quase igual ao original, mas muito mais nova que a personagem envelhecida de Demi Moore. É então que o horror começa, com súbitas transformações nos corpos de ambas, categorizando-se este filme no género “horror corporal”.

“A Substância”, que já levou Demi Moore a uma nomeação como Melhor Actriz nos Globos de Ouro, faz parte do cartaz deste mês da Cinemateca Paixão, intitulado “Encantos de Fevereiro”. E a escolha dos programadores recai também nos clássicos, nomeadamente com a cópia restaurada de “Vive L’Amour”, filme de Taiwan de 1994, que será exibido no próximo domingo, e depois no sábado, dia 15, e na quarta-feira dia 19 de Fevereiro.

Com realização de Tsai Ming Liang, “Vive L’Amour” passa-se em Taipei, num apartamento onde três pessoas solitárias acabam por dividir o mesmo espaço, neste caso um condomínio de luxo, sem saber. É então que as intimidades de cada um se começam a entrelançar, numa história de melancolias e sentimentos.

Demi Moore a duplicar

Outro clássico exibido este mês na Cinemateca Paixão, traz uma Demi Moore jovem. Trata-se de “Ghost”, cuja cópia restaurada será exibida no sábado, a partir das 16h30, e depois na sexta-feira, dia 14 de Fevereiro. “Ghost” ganhou um Óscar em 1991 na categoria de “Melhor Argumento Original”, tendo batido todos os recordes de bilheteira nesse ano, com receitas na ordem dos 505 milhões de dólares.

Demi Moore é Molly Jensen, uma artista que está apaixonada por Sam Wheat, personagem do já falecido actor Patrick Swayze. Tudo muda quando Sam é assassinado por um amigo e parceiro de negócios corrupto, Carl Bruner, e começa a vaguear pela terra como um espírito sem poderes.

Já o japonês “Cells at Work!” estreia mais cedo, esta quarta-feira, e prossegue com sessões domingo, e depois nos dias 15 e 18. A película baseia-se numa história de Manga com o mesmo nome, da autoria de Akane Shimizu, remetendo para um mundo de ficção científica.

O enredo gira em torno dos 37 triliões de células existentes no corpo humano, com personagens a representar os glóbulos vermelhos e brancos. Mas há também a estudante de liceu Niko Urushizaki, que vive com o seu pai e que está sempre focada em ter uma alimentação exemplar para ter células saudáveis.

Mas o pai faz exactamente o contrário, o que faz com que tenham corpos completamente diferentes. Apesar de se darem bem no meio da vida agitada que levam, os agentes patogénicos estão prestes a invadir o corpo e a planear um próximo passo que irá culminar numa guerra de células, que mudará a vida desta família.

Outro clássico presente este mês na Cinemateca Paixão, é “Picnic at Hanging Rock”, de 1974, apresentando-se também uma cópia restaurada deste filme de Peter Weir e que ganhou um BAFTA em 1977 para “Melhor Cinematografia”. Além da exibição nesta quarta-feira, o filme repete na quinta-feira, dia 13, e depois no domingo, dia 16.

A história remete para o início do século XX, quando Miranda frequenta um colégio interno para raparigas na Austrália. No Dia dos Namorados, a directora da escola, bastante rigorosa, oferece às raparigas uma visita de estudo para um piquenique numa formação vulcânica invulgar, mas cénica, chamada Hanging Rock. Apesar de não poderem sair do percurso traçado pela escola, Miranda e várias amigas aventuram-se por outro caminho, percebendo-se no final do dia que as meninas e um professor desapareceram de forma misteriosa.

Da região vizinha de Hong Kong chega-nos também o filme “The Way We Talk”, do ano passado, que será exibido na próxima semana. Trata-se da nova película de Adam Wong, tendo já sido nomeado para três categorias dos Prémios Cavalo de Ouro do ano passado. A história gira em torno de jovens surdos e das suas vivências.