PCC | IFT organiza sessão de partilha do espírito das duas sessões

O Instituto de Formação Turística de Macau juntou-se ontem ao vasto número de instituições que organizaram palestras no território com o objectivo de partilhar o espírito das duas sessões da Assembleia Popular Nacional e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). A sessão de foi conduzida pela presidente do instituto Fanny Vong.

A também membro da CCPPC transmitiu à audiência a importância de apreender o espírito das duas sessões por professores e estudantes. Numa mensagem dirigida aos alunos, Fanny Vong demonstrou esperança de que os jovens de Macau se dediquem aos estudos e trabalhem com afinco, de forma a aproveitarem as oportunidades facultadas pelo desenvolvimento do país.

A responsável descreveu as duas sessões como momentos de grande significado histórico, não apenas por ser o primeiro ano em que se “implementa o espírito do 20º Congresso Nacional, mas também por ser um ano importante de aplicação do 14º plano quinquenal”, segundo descreve um comunicado divulgado ontem pelo IFT.

Fanny Vong referiu que “a resposta do Governo Central face aos desafios sem precedentes num século” foi positiva, enumerando conquistas nacionais como “o desenvolvimento económico, erradicação da pobreza, avanços científicos e tecnológicos e optimização da estrutura económica nacional”.

Além disso, a responsável destacou a promoção da equidade e qualidade educativa do sistema de ensino nacional e sublinhou as repetidas expressões de apoio do Governo Central às economias e ao bem-estar das populações de Macau e Hong Kong.

22 Mar 2023

Ucrânia | Putin diz que plano de paz chinês poderá ser a base para resolver conflito

No segundo dia de conversações, Xi Jinping e Vladimir Putin deram uma conferência imprensa conjunta onde apostaram no reforço da relação bilateral nas áreas da economia e energia. Putin diz que plano de paz chinês pode servir de base a uma eventual resolução do conflito ucraniano. NATO pede diálogo da China com Zelensky. Visita chegou ontem ao fim com a assinatura de mais acordos

 

O Presidente russo, Vladimir Putin, admitiu esta terça-feira que o plano de paz para a Ucrânia apresentado pela China pode servir de base para uma resolução do conflito quando o Ocidente estiver preparado para isso.

“Muitas das disposições do plano de paz apresentado pela China são consonantes com as abordagens russas”, disse Putin, citado pela agência russa TASS. O líder russo afirmou que tais disposições “podem ser tomadas como base para um acordo pacífico quando estiverem prontas para ele no Ocidente e em Kiev”.

Mas, “por enquanto, não vemos tal disposição” do outro lado, disse Putin ao lado do líder chinês, Xi Jinping, após assinar vários acordos no Kremlin, em Moscovo.

“A Rússia e a China podem encontrar uma solução até para os problemas mais complicados”, acrescentou, citado pela agência espanhola EFE.

Xi Jinping assegurou que a China está empenhada na paz e no diálogo, e “apoia activamente a reconciliação e o reinício das negociações”, que foram suspensas na Primavera de 2022, após mediação da Turquia.

“Gostaria de sublinhar que na busca da resolução do conflito ucraniano confiamos invariavelmente nos estatutos da ONU e temos a uma posição objectiva e imparcial”, disse Xi, citado pela EFE.

O plano de paz chinês foi discutido ao detalhe nas reuniões. Entre os pilares da iniciativa chinesa estão o respeito pela “soberania de todos os países” e a “sua integridade territorial” e o abandono da “mentalidade da guerra fria” e o respeito pelas “legítimas preocupações de segurança dos países”, algo que Pequim tem reiterado desde o início do conflito, em referência à Rússia.

Pequim defende um cessar-fogo e um apelo à “contenção” para “evitar que a crise se agrave ainda mais ou até mesmo saia do controlo” e a retoma das conversações de paz, já que “o diálogo e a negociação são a única saída viável para resolver a crise”.

O plano de paz da China pretende também a resolução da crise humanitária, “protegendo eficazmente a segurança dos civis” e “estabelecendo corredores humanitários para a sua evacuação das zonas de guerra” e apoiar a “troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia”.

A China pede também a cessação dos “ataques a instalações civis”, a protecção da segurança das centrais nucleares e a cessação de “ataques armados contra centrais nucleares” ou a “redução do risco estratégico”, que inclui uma ênfase de que “a guerra nuclear não deve e não pode ser combatida”.

Defende ainda a garantia da exportação de cereais, na qual as Nações Unidas devem “desempenhar um papel importante” e a cessação das “sanções unilaterais” por “não resolverem os problemas, podendo mesmo criar novos”.

Pequim pede também a protecção da estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento, o que inclui um pedido a todas as partes para “se oporem” à politização e instrumentalização da economia mundial e o apoio à reconstrução da Ucrânia após a guerra, algo para o qual a China está disposta a “ajudar”.

O plano chinês foi divulgado em 24 de Fevereiro, no dia do primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia. A Rússia rejeitou inicialmente o plano chinês, alegando que não estavam ainda reunidas as condições necessárias para uma solução pacífica do conflito. Sobre a iniciativa chinesa, Kiev exigiu a retirada das tropas russas do território ucraniano antes de qualquer negociação e observou que o plano de Pequim não aborda a questão das regiões ucranianas anexadas pela Rússia.

O Kremlin afirmou que Putin e Xi falaram sobre a Ucrânia durante as conversações informais na segunda-feira, primeiro dia da visita do Presidente chinês na capital russa, um diálogo que se prolongou por quatro horas e meia. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês indicou que Xi transmitiu a Putin que “a maioria dos países apoia o abrandamento das tensões” entre Moscovo e Kiev.

“Querem que a paz e as conversações sejam promovidas, e opõem-se a que se atire mais lenha para a fogueira”, disse o ministério chinês, segundo a EFE.

Amigo energético

Vladimir Putin garantiu ao seu homólogo chinês que a Rússia está em condições de satisfazer as crescentes necessidades energéticas da China. “As empresas russas são capazes de satisfazer a crescente procura de energia da China”, disse Putin a Xi durante as conversações entre as duas delegações oficiais no Kremlin, segundo a agência francesa AFP.

Putin salientou que o objectivo é fornecer à China pelo menos 98 mil milhões de metros cúbicos de gás e 100 milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL) até 2030.

A Rússia é alvo de sanções por parte dos aliados ocidentais que têm penalizado a economia do país, incluindo as exportações de gás e petróleo. Desde o início do conflito na Ucrânia que cerca de 120 empresas ocidentais, de uma vasta gama de sectores, cessaram temporariamente as actividades na Rússia ou saíram definitivamente do país, afectando a economia russa, que procura alternativas.

Putin ofereceu apoio às empresas chinesas que desejam preencher os nichos deixados pelas empresas ocidentais. “Estamos prontos a apoiar as empresas chinesas para substituir a produção das empresas ocidentais que deixaram a Rússia”, disse Putin, citado pela agência espanhola EFE.

Xi reiterou querer “reforçar a cooperação e a coordenação” entre a China e a Rússia, dois membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas com poder de veto. “Estou pronto a elaborar convosco um plano para reforçar as relações bilaterais”, disse também o líder chinês, de acordo com a tradução oficial russa das suas observações.

Citado pela Xinhua, o Presidente chinês adiantou que com “esforços de ambos os lados”, as relações entre os dois países “têm mantido um momento de desenvolvimento vigoroso, saudável e estável”. “Os dois países têm aprofundado a confiança política, convergindo interesses e continuado a cooperação avançada nas áreas da economia, comércio, investimento, energia, intercâmbio de pessoas e cultural”, adiantou o governante.

Referindo os princípios definidos no XX Congresso do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping apontou que o país vai procurar sempre “atingir um novo paradigma de desenvolvimento com maior rapidez, promovendo um desenvolvimento de alta qualidade e avançar na modernização chinesa em todos os aspectos”.

Após as conversações, Putin e Xi assinaram duas declarações conjuntas, uma das quais sobre o aprofundamento da parceria global e da cooperação estratégica entre os dois países, noticiou a agência oficial russa TASS.

A outra declaração, visa desenvolver áreas-chave da cooperação económica entre a Rússia e a China até 2030. No total, como resultado da visita de Xi, está prevista a assinatura de mais de dez documentos sobre o desenvolvimento da cooperação entre Moscovo e Pequim em vários domínios, segundo a TASS.

Resposta da NATO

Após a conferência de imprensa conjunta dos dois líderes, a NATO reagiu, defendendo que a China deve dialogar directamente com o Presidente da Ucrânia para, de facto, construir um acordo de paz duradouro, reconhecendo pontos positivos no plano de Pequim.

“A Ucrânia é que tem de decidir o que são condições aceitáveis para uma resolução pacífica”, sustentou Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa no quartel-general da Organização do Tratados do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas, na Bélgica.

Questionado sobre a visita de Xi Jinping a Moscovo, e a consideração por parte do Kremlin do plano de paz que Pequim apresentou, Stoltenberg considerou que primeiro a “China tem de perceber a perspectiva ucraniana e falar com o Presidente Zelensky se, de facto, está comprometida com a paz”.

“É preciso lembrar que a China ainda não condenou a agressão russa”, completou Stoltenberg. No entanto, o plano apresentado por Pequim tem “elementos positivos” que o secretário-geral da NATO apoia, nomeadamente, o respeito pela integridade e soberania territoriais da Ucrânia, a “importância da segurança nuclear e a da protecção de civis”.

Estas partes, acrescentou, também estão no plano apresentado há meses por Volodymyr Zelensky, mas com o qual a Rússia não concordou. E alertou que menos do que isto só vai ‘empurrar’ o conflito: “Qualquer solução que não respeite a soberania da Ucrânia só vai ser uma maneira de congelar a guerra e de fazer com que a Rússia possa reconstituir-se, reagrupar-se e voltar a atacar.”

Interpelado também sobre a decisão de avançar com uma reunião com as autoridades ucranianas, apesar das objecções de Budapeste, Stoltenberg desvalorizou a questão. O formato da reunião ainda não está decidido, mas Stoltenberg confirmou que está prevista a participação de Volodymyr Zelensky.

“Quero sempre que haja consenso entre os Estados-membros [da NATO], mas quando não há é sempre a minha prerrogativa fazer reuniões com quaisquer Estados que importem”, afirmou.

Sobre a possibilidade de a China enviar armamento e munições para a Rússia, o secretário-geral da NATO respondeu que não há confirmações, mas “há sinais de que a Rússia fez esse pedido” e que “está a ser considerado em Pequim”. “A nossa mensagem é clara: a China não deve fazê-lo”, completou. A presidência russa não poupou em recursos para receber o líder chinês Xi Jinping.

Ainda na segunda-feira, Putin ofereceu a Xi um jantar privado de sete pratos, e que durou quatro horas e meia, antes do jantar de Estado de terça-feira, no antigo palácio imperial, que serviu para conversações que envolveram altos funcionários de ambos os países. Na terça-feira, numa cerimónia fortemente coreografada e cheia de grandeza imperial, os dois líderes entraram na enorme sala com lustres e apertaram as mãos, ao som dos hinos nacionais russo e chinês.

Zelensky aguarda “resposta da China”

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou na terça-feira a visita a Kiev do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, um “poderoso defensor da ordem internacional” e disse aguardar “uma resposta da China” para um diálogo sobre o conflito na Ucrânia.

“Estou feliz por acolher em Kiev o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, um defensor verdadeiramente potente da ordem internacional e um amigo de longa data da Ucrânia”, declarou em mensagem no Telegram após um encontro entre os dois dirigentes. Pouco depois, e no decurso de uma conferência de imprensa, Zelensky anunciou ter “convidado” a China a dialogar e disse “aguardar uma resposta”.

“Propusemos à China que se torne num parceiro” para a busca de uma solução do conflito na Ucrânia, indicou Zelensky. “Convidamo-lo ao diálogo, aguardamos a vossa resposta”, acrescentou, ao indicar que até ao momento “recebeu sinais, mas nada de concreto”.

O Presidente ucraniano também anunciou que vai participar, através de videoconferência, na cimeira do G7 prevista para Maio em Hiroxima, no Japão. “Aceitei o convite (…) e participarei na cimeira do G7 em Hiroxima num formato ‘on line’”, declarou Zelensky no decurso da conferência de imprensa conjunta com Fumio Kishida.

22 Mar 2023

Alexandre Leitão espera mais parcerias com visita de Ho Iat Seng

O cônsul-geral português em Macau disse ontem esperar que a visita do Chefe do Executivo a Portugal permita “procurar vias ambiciosas” para desenvolver e aprofundar a parceria existente entre os dois lados. “Espero que aproveitemos este momento e circunstância para trabalhar em assuntos concretos e procurar vias ambiciosas de desenvolvimento e aprofundamento da parceira que existe” entre Macau e Portugal, considerou Alexandre Leitão sobre a visita de Ho Iat Seng a Lisboa, a decorrer entre 18 e 22 do próximo mês.

As datas da visita, anunciada pelo Governo de Macau em 17 de Fevereiro depois de um encontro com Alexandre Leitão, foram agora divulgadas em comunicado.

Além de simbólica, por ser a primeira visita de Ho ao estrangeiro e ter escolhido Portugal, o diplomata acrescentou esperar que seja “um momento quase instrumental neste processo de recuperação económica dos dois lados”, depois da pandemia de covid-19.

O cônsul-geral considerou que Portugal tem “trunfos na área da diversificação, empresas jovens em formação, em aceleração, bons centros de investigação (…) e uma economia com grande incorporação de inovação”.

Um bom acordo

Alexandre Leitão falava aos jornalistas no final da assinatura de renovação de um protocolo na área da promoção e ensino da língua portuguesa no interior da China entre a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e o Camões-Instituto da Cooperação e da Língua. Este acordo, que visa a promoção “do ensino do português como língua estrangeira”, assegura “a presença de um leitor em Pequim”, o que é de “enorme importância” para Portugal e para o “trabalho de natureza cultural” que se pretende desenvolver na China, na Área da Grande Baía, em Macau e em Hong Kong, afirmou.

“Esta é uma das nossas principais missões aqui: a valorização e a promoção da língua portuguesa e da cultura portuguesa e da cultura dos países lusófonos que formaram esta mistura, esta identidade específica de Macau, que importa preservar, não apenas em nome do seu valor histórico, da sua referência histórica, mas também de tudo aquilo que pode representar em termos da diversificação económica que todos procuram, seja na área do turismo, seja na utilização do português como língua de contacto, de negócios e de relações entre povos”, salientou.

A presidente da SJM, Daisy Ho, manifestou satisfação em continuar esta segunda fase do protocolo, indicando estar disponível para novas possibilidades de cooperação. Através de um fundo criado pela SJM, que vai ser renovado por mais quatro anos, a concessionária de jogo “reforça, assim, o seu contributo para a valorização da língua portuguesa como língua internacional na República Popular da China”, de acordo com um comunicado divulgado na terça-feira pelo Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

22 Mar 2023

EUA | Ida de Blinken e duas secretárias à China em equação

Os EUA pretendem que o chefe da diplomacia norte-americana retome a visita à China, suspensa em Fevereiro, e estão a “discutir activamente” com Pequim a visita de dois ministros para realizar um diálogo económico, adiantou fonte da Casa Branca.

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da presidência norte-americana, explicou ontem que a secretária das Finanças, Janet Yellen, e a secretária do Comércio, Gina Raimondo, esperam visitar a China para “discutir questões económicas”.

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, cancelou em Fevereiro, ‘em cima da hora’, uma viagem à China, após a descoberta de um balão chinês a sobrevoar território norte-americano, e que, segundo Washington, estava a realizar operações de espionagem. “Esta visita foi adiada, não cancelada”, garantiu ontem John Kirby, acrescentando que o Governo de Joe Biden pretende que Blinken “vá a Pequim”.

O chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, tinha indicado recentemente que manteria um encontro com o seu homólogo chinês, mas este ainda não foi oficializado até ao momento, adiantou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

Maus momentos

As relações entre os EUA e a China passaram por um período de tensão durante o governo de Donald Trump (2017-2021), quando ambas as nações se envolveram numa guerra comercial com a imposição mútua de taxas.
Estas tensões pareceram diminuir depois de uma reunião em Novembro que Biden e Xi realizaram à margem do G20 em Bali, na qual concordaram em trabalhar juntos em algumas áreas, incluindo as alterações climáticas.

No entanto, as relações bilaterais voltaram a ‘azedar’ em Fevereiro, depois dos EUA terem derrubado um alegado balão espião chinês que sobrevoava território norte-americano e que levou ao cancelamento da viagem de Blinken.
Washington está a acompanhar de perto a visita do Presidente Xi Jinping à Rússia e o anúncio sobre a disponibilidade de governantes norte-americanos visitarem a China ocorre durante esta viagem.

Vários membros do governo dos EUA, incluindo Blinken e o próprio Kirby, demonstraram cepticismo sobre esta reunião e expressaram dúvidas sobre o papel que a China pode desempenhar na guerra na Ucrânia.

Em conferência de imprensa, Blinken acusou ontem Xi de não querer que Putin responda pela invasão da Ucrânia, depois do Tribunal Penal Internacional (TPI) ter um mandado de detenção contra o líder russo na sexta-feira.

Já Kirby, tal como fez na sexta-feira, expressou ontem a oposição dos Estados Unidos a um cessar-fogo na Ucrânia, considerando que isso “consolidaria” os avanços que a Rússia tem feito no campo de batalha.

Além disso, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional encorajou Xi a falar por telefone com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, para obter a perspectiva de Kiev sobre o conflito e não apenas a de Putin.

21 Mar 2023

Tailândia com eleições marcadas para 14 de Maio

A comissão eleitoral da Tailândia marcou ontem as eleições gerais para 14 de Maio, um dia após o primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha, ter dissolvido a Assembleia Nacional. A coligação liderada por Prayut, um antigo general que chegou ao poder num golpe de Estado de 2014, tem dominado o parlamento desde as eleições de 2019.
Prayut, 68 anos, enfrentará uma oposição reforçada pela sua impopularidade à frente do Governo, segundo a agência francesa AFP.

As sondagens mais recentes dão a vitória ao principal partido da oposição, Pheu Thai, liderado por Taetongtarn Shinawatra, filha do influente bilionário e antigo primeiro-ministro (2001-2006) Thaksin Shinawatra.

O Pheu Thai obteria quase metade dos votos, contra 17 por cento do partido Move Forward, também da oposição, e 12 por cento do Nação Unida Tailandesa, de Prayut, segundo uma sondagem citada pela agência espanhola EFE.
Taetongtarn Shinawatra, 36 anos, tem de lidar com uma Constituição redigida pela junta militar em 2017, que favorece os candidatos próximos das forças armadas e, por conseguinte, Prayut.

O Move Forward, a surpresa nas urnas em 2019 graças ao seu eleitorado jovem, espera conseguir o apoio de eleitores que participaram nas manifestações pró-democracia em 2020.

Em campanha

A dissolução do parlamento deu oficialmente início à campanha eleitoral, que tinha começado informalmente há algumas semanas, com comícios e acções de rua.

O primeiro-ministro é indicado pelos deputados e por 250 senadores nomeados pelo Governo, que tendem a favorecer um candidato próximo dos militares. O reino da Tailândia, antigo Sião, tem uma história política repleta de golpes militares, com 12 bem-sucedidos desde o fim da monarquia absoluta em 1932.

O país do Sudeste Asiático, com mais de 67 milhões de habitantes, tem como chefe de Estado o rei Maha Vajiralongkorn, que sucedeu ao pai, Bhumibol Adulyadej, no trono entre 1946 e 2016.

21 Mar 2023

Taiwan | Primeira visita ministerial alemã em 26 anos

A ministra da Educação da Alemanha viajou ontem para Taiwan para a primeira visita em 26 anos de um ministro alemão à ilha, para assinar uma parceria tecnológica. A China opõe-se regularmente às visitas trocas oficiais entre Taiwan e os seus parceiros internacionais.

A ministra alemã Bettina Stark-Watzinger disse que o acordo, celebrado com o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia de Taiwan (NSTC), visa “melhorar a cooperação com base em valores democráticos, transparência, abertura, reciprocidade e liberdade científica”.

Bettina Stark-Watzinger considerou um “grande prazer e honra” tornar-se o primeiro membro de um governo alemão a visitar a ilha em mais de duas décadas. Questionada sobre a presença de chineses contrários à sua visita, a Stark-Watzinger não quis responder. A China aumentou a sua pressão diplomática e militar sobre Taiwan em retaliação com uma série de visitas de autoridades dos Estados Unidos, Europa, entre outros.

De acordo com a imprensa, a gigante de tecnologia taiwanesa TSMC, a maior fabricante de chips do mundo, está actualmente em negociações para construir a sua primeira fábrica europeia na Alemanha. Em Dezembro, a empresa tinha dito que “não tinha planos concretos” para montar uma unidade de produção na Alemanha.

21 Mar 2023

Economia | Fórum de Desenvolvimento acontece presencialmente em Pequim

O Fórum de Desenvolvimento da China 2023 (FDC) acontecerá presencialmente na Casa de Hóspedes Estatais Diaoyutai, em Pequim, de 25 a 27 de Março.

Com o tema “Recuperação Económica: Oportunidades e Cooperação”, o FDC deste ano concentrar-se-á nas oportunidades no mercado chinês, na estabilização das cadeias industriais globais e na transição verde, revelou Zhang Laiming, vice-director do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento (CPD) do Conselho de Estado em conferência de imprensa esta segunda-feira.

Mais de 100 delegados estrangeiros participarão no fórum, incluindo executivos das principais multinacionais, académicos estrangeiros e representantes de organizações internacionais, apontou Zhang, citado pelo Diário do Povo, acrescentando que oficiais dos departamentos do governo central chinês apresentarão a orientação política da China no fórum.

“A construção de um consenso contribuirá para a recuperação económica global”, explicou.
Organizado pelo CPD, o FDC é uma conferência internacional anual de alto nível comprometida em “Engajar-se com o Mundo para a Prosperidade Comum”.

21 Mar 2023

Timor-Leste | China e Indonésia lideram contratos de aprovisionamento público

No top 5 dos contratos de projectos de aprovisionamento com o governo timorense, surgem ainda países como a França e Portugal com negócios no valor de 168,6 milhões de dólares e 51,59 milhões de dólares, respectivamente

 

Empresas da China e da Indonésia obtiveram o maior número de projectos de aprovisionamento do Governo timorense entre firmas estrangeiras entre 2011 e 2023, com um valor total de mais de 1.200 milhões de dólares, segundo dados oficiais.

Os dados de aprovisionamento foram apresentados por responsáveis da Comissão Nacional de Aprovisionamento (CNA) num seminário sobre infraestruturas em Díli, em que detalharam dados das nacionalidades das empresas a quem foram atribuídos contratos.

A informação indica que entre 2011 e o final de Fevereiro de 2023 empresas de nacionalidade timorense obtiveram um total de 2.351 contratos, no valor total de mais de 2.124 milhões de dólares. Empresas da China obtiveram 44 contratos no valor total de mais de 714,6 milhões de dólares e empresas da Indonésia conseguiram 72 contratos no valor de quase 499 milhões de dólares.

No topo

O top cinco inclui ainda a França, com nove contratos no valor de 168,6 milhões de dólares e Portugal, com 30 contratos num valor total de 51,59 milhões de dólares. Globalmente, e ao longo desse período, a CNA registou um total de 2.598 contratos de aprovisionamento, com um valor total de cerca de 3.781 milhões de dólares.

Em termos regionais, e excluindo os contratos atribuídos a empresas de Timor-Leste, empresas da Ásia obtiveram contratos no valor de 1.364 milhões de dólares. Fora destas únicas regiões o único país no top 15 com contratos foi o Canadá, com 12 projectos no valor total de 28 milhões de dólares.

O seminário de três dias de “reflexão sobre 20 anos de desenvolvimento de infraestruturas em Timor-Leste, qualidade, resiliência e sustentabilidade”, foi organizado pelo Conselho de Administração do Fundo de Infraestruturas (CAFI).

21 Mar 2023

Português | SJM e Instituto Camões renovam parceria

A SJM e o Instituto Camões renovaram o protocolo que visa apoiar o desenvolvimento da língua portuguesa na República Popular da China. O anúncio foi feito ontem, através de um comunicado emitido pelo secretariado do Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong-Kong.

O primeiro protocolo tinha sido assinado em 2019, altura em que a SJM – Sociedade de Jogos de Macau se tornou a primeira empresa na Ásia a receber o estatuto de Empresa Promotora da Língua Portuguesa. Através do protocolo foi criado o Fundo SJM para a Língua Portuguesa, um projecto de promoção e ensino de Português Língua Estrangeira (PLE) em Pequim, gerido pelo IPOR, como entidade que representa o Camões I.P. na região.

O posto de docência do IPOR em Pequim, após levantamento de potenciais interessados, arrancou em Maio de 2020 com cursos de curta duração de PLE, em formato online, tendo até ao momento, promovido 32 acções de formações de carácter geral, 6 cursos de preparação para exame CAPLE em colaboração com a Maxdo College da Universidade Normal de Pequim e leccionado 5 tutorias personalizadas.

21 Mar 2023

Direitos Humanos | Governo atribui “segundas intenções” a relatório americano

O Governo da RAEM contesta o relatório, acusa os EUA de difamação e defende que “o Governo Central tem implementado de forma firme, plena e correctamente os princípios ‘Um País, Dois Sistemas’ e ‘Macau governado pelas suas gentes’”

 

O relatório anual sobre direitos humanos elaborado pelo Departamento de Estado norte-americano aponta “restrições graves à liberdade dos jornalistas” e ainda à “interferência substancial no direito de reunião pacífica” em Macau. O relatório, disponibilizado ontem no portal do Departamento de Estado, foi imediatamente contestado pelo Governo da RAEM.

O documento, que avalia a situação dos direitos humanos em 2022, destaca ainda a “incapacidade dos cidadãos [da RAEM] de mudarem o seu Governo pacificamente através de eleições livres e justas, restrições graves e não razoáveis à participação política, incluindo a desqualificação de candidatos pró-democracia nas eleições, e tráfico de pessoas”.

No relatório, o departamento governamental nota que as autoridades de Macau adoptaram “medidas para perseguir e punir os funcionários que cometeram abusos de direitos humanos ou se envolveram em corrupção”. Na secção relativa ao “Respeito pelas liberdades civis – Liberdade de Expressão, incluindo para membros da Imprensa e Outros Meios de Comunicação”, é considerado que “o Governo usurpou este direito”, embora sinalize que a legislação prevê a liberdade de expressão, incluindo para os membros da imprensa e outros meios de comunicação.

“O Governo restringiu de forma significativa quaisquer declarações públicas que defendia que prejudicariam a ‘harmonia social’ ou que ‘ameaçavam’ o interesse nacional ou ‘público’”, acrescenta-se no relatório.

Relatos de censura

“Houve relatos de aumento da censura, especialmente sobre temas relacionados com as autoridades da RAEM, China, e os incidentes da Praça Tiananmen de 1989. Altos funcionários governamentais declararam esperar que a imprensa aderisse a um ‘amor pela pátria e amor por Macau’”, é detalhado.

A este respeito, o documento do Departamento de Estado norte-americano recorda que em Outubro de 2021, o portal electrónico pró-democracia Macau Concealers, “que publicava regularmente notícias satíricas, suspendeu as operações, citando um agravamento do panorama político e restrições orçamentais”.

Na secção relativa à liberdade de participação em actividades políticas, o relatório salienta que a lei “limita a capacidade de os eleitores mudarem o seu governo através de eleições periódicas livres e justas porque não houve sufrágio universal nas eleições para a maioria dos cargos eleitos”.

Segundas intenções

Horas depois, o Governo da RAEM reagiu ao comunicado e saiu em defesa do Governo Central. “Desde o regresso de Macau à Pátria, o Governo Central tem implementado de forma firme, plena e correctamente os princípios ‘Um País, Dois Sistemas’ e ‘Macau governado pelas suas gentes’ com alto grau de autonomia, insistindo na governação de Macau de acordo com a lei”, pode ler-se num comunicado do Gabinete de Comunicação Social. Foi ainda defendido que os “residentes de Macau gozam dos direitos e liberdades conferidas pela Constituição e pela Lei Básica”.

O Governo de Macau considerou ainda que a RAEM se opõe à posição assumida por Washington. “O Relatório sobre Práticas de Direitos Humanos por País relativo ao ano de 2022, publicado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, tem segundas intenções, ignora a realidade e difama Macau e a sua situação de direitos humanos, interferindo de forma arbitrária nos assuntos de Macau e nos assuntos internos da China, por essa razão, a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) manifesta o seu mais firme repúdio e oposição”, foi acusado. “O sucesso do desenvolvimento histórico de Macau não pode ser difamado”, foi acrescentado.

21 Mar 2023

Ucrânia | Xi diz a Putin que “maioria dos países apoia alívio das tensões”

A visita de três dias de Xi Jinping a Moscovo prosseguiu ontem com apelos para “encontros regulares” entre os primeiros-ministros dos dois países e um convite a Vladimir Putin para estar presente na terceira cimeira sobre o projecto “Uma Faixa, Uma Rota”. Sobre o conflito na Ucrânia, o Presidente chinês disse a Putin que o “alívio das tensões” é a palavra de ordem para a maioria dos países. Editorial do Global Times fala do caso bem-sucedido das relações sino-russas

 

No primeiro dia de visita oficial de Xi Jinping a Moscovo, a reunião com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, durou quatro horas e dela saíram algumas palavras em prol de uma tentativa de pacificação em relação ao conflito na Ucrânia. Num comunicado difundido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) chinês, surge a informação de que Xi Jinping informou Putin que a “maioria dos países apoia um reduzir das tensões” na Ucrânia.

Além disso, Xi enfatizou que “há cada vez mais vozes racionais e pacíficas” e que a “maioria dos países apoia um aliviar das tensões”. Estes países “querem que a paz e as negociações sejam promovidas e opõem-se a que seja atirada mais lenha para a fogueira”, apontou Xi.

Segundo o líder chinês, “historicamente, os conflitos sempre foram resolvidos com base no diálogo e na negociação”. Xi lembrou que a China emitiu um plano para a paz na qual apelou a “uma solução política” e se opôs a sanções unilaterais.

“Acreditamos que quanto mais difícil é, mais espaço deve ser deixado para a paz. Quanto mais complexo o conflito, mais esforços devem ser feitos para não abandonar o diálogo”, defendeu.

O líder chinês enfatizou também que a China está disposta a “continuar a desempenhar um papel construtivo na promoção de uma solução política para o conflito”. Num artigo escrito por Xi e publicado por um jornal russo, o líder chinês descreveu a sua deslocação à Rússia como uma “visita de amizade, cooperação e paz”. De frisar que, depois de visitar Moscovo, Xi Jinping deverá falar por telefone com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Ontem, Xi Jinping apelou à realização de “encontros regulares” entre os primeiros-ministros de ambos os países, tendo convidado Mikhail Mishustin, primeiro-ministro russo, para uma visita à China, escreveu a Xinhua. Além disso, Vladimir Putin recebeu um convite formal para participar, este ano, na terceira edição do Fórum Uma Faixa, Uma Rota para a Cooperação Internacional, noticiou também a Xinhua. O Presidente russo participou nas duas primeiras edições do evento em 2017 e 2019.

De frisar que o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, resolveu fazer ontem uma visita surpresa à Ucrânia. Segundo o canal televisivo NBC, Kishida reuniu com Volodymyr Zelensky, sendo esta a segunda vez que um líder asiático visita o país, depois de Joko Widodo, Presidente da Indonésia, ter visitado a Ucrânia em Junho do ano passado. A visita do governante japonês foi antecipada antes da reunião do G7, que irá decorrer no Japão em Maio.
Kishida, que viajou para Kiev, capital ucraniana, de comboio a partir da Polónia, deveria ter regressado ontem a Tóquio depois de se ter reunido com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em Nova Deli na segunda-feira.

Em Janeiro, Kishida disse no parlamento japonês que visitaria a Ucrânia “se as condições fossem adequadas”. O primeiro-ministro japonês “expressará o seu respeito a Zelensky pela coragem e perseverança do povo ucraniano”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
“Como membro do G7, o primeiro-ministro transmitirá directamente a nossa solidariedade e apoio inabalável à Ucrânia”, acrescentou a diplomacia japonesa.

A imprensa japonesa referiu que a viagem a Kiev não podia ser programada com grande antecedência ou tornada pública devido a preocupações de segurança. A China manifestou ontem a esperança de que a viagem de Kishida à Ucrânia sirva para “arrefecer a situação” e não o contrário.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, disse que a comunidade internacional deve “promover conversações que criem as condições necessárias para uma solução política para a ‘crise’ na Ucrânia”.

O Governo de Kishida aprovou uma série de sanções contra a Rússia, incluindo o congelamento dos bens de altos funcionários governamentais, como o primeiro-ministro, Mikhail Mishustin.

“Rejeitaremos firmemente qualquer mudança unilateral do ‘status quo’ através de agressão e força por parte da Rússia”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês sobre a visita de Kishida a Kiev. “Reafirmaremos a nossa determinação em manter a ordem internacional baseada no Estado de direito”, acrescentou.
Kishida era o único líder do G7 que ainda não se tinha deslocado à Ucrânia, depois das visitas dos líderes dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Itália e França.

O Japão preside actualmente ao grupo que reúne os sete países mais industrializados do mundo, em que também participa a União Europeia. Após a visita à Ucrânia, Fumio Kishida regressará à Polónia para uma visita oficial na quarta-feira, para coordenar com Varsóvia os esforços para prestar ajuda humanitária à Ucrânia, segundo o ministério japonês.

Boas relações

Entretanto, um editorial do Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), apontou, esta segunda-feira, que os laços sino-russos são um “exemplo vivo de sucesso” de um novo tipo de relações internacionais, que “exclui a formação de alianças ou confrontação” com terceiras partes.

O mesmo editorial destacou o “enorme valor” da relação entre Pequim e Moscovo, face à “confrontação entre blocos” e à “nova tempestade de uma Guerra Fria impulsionada pelos Estados Unidos”.

A relação sino-russa “ultrapassa completamente” as “pequenas cliques formadas por divisões ideológicas e grupos de países ocidentais” e “transcende os antigos paradigmas de divisão de poder, troca de interesses e relações entre dominador/submisso”, pode ler-se.

A deslocação de Xi Jinping a Moscovo, numa altura em que o conflito na Ucrânia já dura há cerca de um ano, surge num período de crescente isolamento de Putin no cenário internacional e em que Xi, o líder chinês mais forte das últimas décadas, tenta projectar uma imagem de estadista global, à medida que reclama para a China um “papel central” na governação das questões internacionais.

Em particular, o líder chinês avançou com a Iniciativa de Segurança Global, que visa construir uma “arquitectura global e regional de segurança equilibrada, eficaz e sustentável”, ao “abandonar as teorias de segurança geopolíticas ocidentais”.

A China considera a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão, marcada por disputas em torno do comércio e tecnologia ou diferendos em questões de Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong ou Taiwan e a soberania dos mares do Sul e do Leste da China.

“Uma vez que a China e a Rússia se dão bem, outros países também podem fazer o mesmo”, destacou o Global Times. “Pode-se imaginar que, quanto mais países construírem um novo tipo de relações internacionais, mais pacífico o mundo se tornará”, lê-se no editorial.

O jornal afirmou que, “por outro lado, os preconceitos, a obsessão ideológica e o egoísmo geopolítico que existem [nas relações] entre países constituem obstáculos para alcançar o estado ideal das relações internacionais”.
O jornal acusou ainda “alguma opinião pública” nos EUA e no Ocidente de “pequenez de espírito”, ao “exagerarem maliciosamente” as “trocas normais entre China e Rússia”, tentando “distorcê-las como uma espécie de má conduta”.

A viagem de Xi segue ainda o anúncio surpresa do restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, após uma reunião, em Pequim, numa vitória diplomática para a China.

Num plano para a paz, proposto no final de Fevereiro, Pequim destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, mas apelou também para o fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica implícita ao alargamento da NATO. A China pediu ainda o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia. Putin e Xi já se encontraram cerca de 40 vezes desde que o líder chinês assumiu o poder, em 2012.

Recordar o Iraque

O primeiro dia da visita de Xi Jinping a Moscovo aconteceu no vigésimo aniversário da invasão do Iraque pelos EUA, apoiados por outros países ocidentais, em busca de armas nucleares após o 11 de Setembro de 2001. Num comentário publicado ontem pela agência noticiosa Xinhua, é feita uma análise que fala de uma “invasão descarada” por parte dos norte-americanos, cujos “crimes contra o Iraque continuam sem punição”.

“Apesar de terem passado 20 anos desde que os EUA lançaram uma invasão descarada no Estado soberano do Iraque, a justiça ainda não foi feita pelo Iraque e a sua população. Muitas pessoas estão ainda a sofrer da dor criada por uma guerra injusta. Durante uma guerra que durou mais de oito anos mais de 200 mil civis foram mortos e houve mais de nove milhões de refugiados. Muitas das infra-estruturas do país foram também destruídas pelas implacáveis bombas lançadas pela coligação liderada pelos EUA”, pode ler-se.

O comentário da Xinhua aponta ainda que o Iraque, “um país rico antes da invasão, degenerou rapidamente num Estado pobre que é ainda afectado pela pobreza e caos devido à instabilidade política e dificuldades económicas causadas pelo impacto da invasão dos EUA”.

21 Mar 2023

Tailândia | PM dissolve Parlamento e antecipa legislativas

O primeiro-ministro tailandês, Prayut Chan-O-Cha, dissolveu ontem o Parlamento, uma medida que abre caminho para eleições parlamentares antecipadas, em Maio. Esta votação, a segunda desde o golpe de 2014, deve ocorrer entre 45 e 60 dias após a dissolução do Parlamento. Provavelmente será marcada para 7 ou 14 de Maio, de acordo com a imprensa tailandesa. O órgão encarregado de fiscalizar as eleições na Tailândia divulgará a data nos próximos dias.

A votação coloca o impopular Prayut, que chegou ao poder através de um golpe militar, contra a filha do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, um desafecto do Exército que apesar de um exílio de mais de 10 anos continua a animar a vida política tailandesa.

Prayut, de 68 anos, legitimado no poder em 2019 através de eleições legislativas polémicas, tem uma longevidade rara para um líder na Tailândia, cuja história política é repleta de golpes [12 bem-sucedidos desde o fim da monarquia absoluta em 1932].

Sangue novo

A dois meses das eleições, Prayut está atrás do principal partido da oposição, Pheu Thai, que obteve metade das intenções de voto, contra 12 por cento para o partido do primeiro-ministro [United Thai Nation Party], segundo uma sondagem realizada com 2.000 pessoas e publicada no domingo.

A líder do partido de oposição, Paetongtarn Shinawatra, de 36 anos, é o novo rosto da família cuja oposição ao poderoso Exército, autoproclamado defensor da monarquia, estrutura a vida política tailandesa há mais de vinte anos.

O seu pai Thaksin serviu como primeiro-ministro entre 2001 e 2006, antes de ser derrubado, enquanto a sua tia Yingluck liderou o governo de 2011 a 2014 até o golpe de Prayut. O partido Move Forward [17 por cento das intenções de voto], a surpresa nas urnas em 2019 graças ao seu jovem eleitorado, espera capitalizar os eleitores que participaram nas manifestações pró-democracia em 2020.

O primeiro-ministro é indicado tanto pelos deputados quanto pelos 250 senadores, indicados pelo governo, que tendem a favorecer um candidato próximo aos militares.

21 Mar 2023

Pyongyang | Kim Jong-Un dirigiu simulação de contra-ataque nuclear

O líder norte-coreano Kim Jong-Un dirigiu durante dois dias exercícios militares “simulando um contra-ataque nuclear” e envolvendo um lançamento de míssil balístico equipado com uma “ogiva nuclear falsa”.

A informação foi avançada domingo pela agência estatal da Coreia do Norte, KCNA, recebida em Seul.
Kim Jong-Un afirmou-se satisfeito depois dos exercícios do fim de semana, segundo a KCNA.

Foi a quarta demonstração de força de Pyongyang numa semana, ao mesmo tempo que Seul e Washington conduzem os maiores exercícios militares conjuntos em cinco anos.

A Coreia do Norte considera todos os exercícios do género como ensaios para uma invasão do seu território e tem advertido repetidamente que responderá de forma “esmagadora”. “O míssil foi equipado com uma ogiva que simulava uma ogiva nuclear”, disse a KCNA.

Na quinta-feira, Pyongyang disparou um míssil balístico intercontinental (ICBM) Hwasong-17, o mais poderoso do seu arsenal, na presença do líder Kim Jong-Un e da filha, pouco antes de uma visita ao Japão do Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol.

Este foi o segundo teste ICBM de Pyongyang este ano, que a KCNA descreveu na altura como uma resposta aos exercícios militares “frenéticos” da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.

21 Mar 2023

República Centro-Africana | Nove cidadãos chineses mortos em ataque

A China confirmou ontem a morte de nove cidadãos chineses, num ataque ocorrido, este domingo, na República Centro-Africana, e pediu “punição severa” para os autores do crime.

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês explicou, em comunicado, que o país “activou imediatamente um mecanismo consular de emergência” e que o Presidente, Xi Jinping, atribui “grande importância” a este incidente.
Xi pediu “punição severa” e disse que a segurança dos cidadãos chineses deve ser garantida, de acordo com o ministério.

O ataque, que também causou ferimentos graves a dois cidadãos chineses, ocorreu numa mina administrada pela firma de capital chinês Gold Coast Group, a 25 quilómetros da cidade de Bambari. Um grupo de homens armados abriu fogo contra as instalações da empresa.

O ministério dos Negócios Estrangeiros alertou para um “risco extremamente alto” na República Centro-Africana, excepto na capital, Bangui, e pediu aos cidadãos chineses para serem “muito cautelosos”.

O ministério anunciou que vai pedir às embaixadas do país asiático em África que “tomem mais medidas para garantir a segurança dos cidadãos e das empresas chinesas”.

A República Centro-Africana sofre violência sistémica desde o final de 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes de maioria muçulmana – os Séléka – tomou Bangui e derrubou em Março de 2013 o Presidente, François Bozizé, após dez anos de governo (2003-2013), desencadeando uma guerra civil.

Nos últimos meses, foram registados vários ataques contra cidadãos chineses no exterior, o que levou as embaixadas do país a emitir alertas de segurança e realizar evacuações.

21 Mar 2023

Taiwan | Antigo líder na China na próxima semana

O antigo Presidente de Taiwan Ma Ying-jeou visita a China na próxima semana, foi ontem anunciado, numa iniciativa descrita como uma tentativa para aliviar tensões entre Taipé e Pequim.

Ma liderou Taiwan num período de laços mais amigáveis com Pequim, mas deixou o cargo após uma polémica sobre um acordo comercial com a China, o qual não conseguiu ser aprovado, em resultado dos maiores protestos registados na ilha desde os anos de 1990.

O ex-governante vai visitar Nanjing, Wuhan e Changsha, bem como outras cidades, avançou o director da Fundação Ma Ying-jeou, Hsiao Hsu-tsen, numa conferência de imprensa em Taipé, indicando que Ma não vai a Pequim.
Ma, que é membro do Partido Nacionalista (Kuomingtang, na oposição), vai liderar uma delegação de académicos e estudantes, mas também de antigos responsáveis governamentais, de 27 de Março a 7 de Abril.

O gabinete da actual líder, Tsai Ing-wen, disse que Ma tinha informado sobre a iniciativa, e acrescentou esperar que “Ma, no papel de antigo chefe de Estado (…) possa mostrar o valor da democracia e da liberdade de Taiwan e a posição de igualdade e dignidade nos intercâmbios” entre os dois lados. Durante o mandato de Ma, Taiwan e a China reforçaram os contactos. Ma negociou um pacto comercial com Pequim em 2010.

21 Mar 2023

Gravura | Exposição MYPA 2023 abre hoje ao público na FRC

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe a partir de hoje, e até ao dia 1 de Abril, a “Exposição Anual da MYPA 2023”, em parceria com a Associação Juvenil de Gravura. Apresenta-se, assim, um conjunto de 31 peças de 15 artistas membros da Associação Juvenil de Gravura de Macau, com destaque para as monogravuras, com “diferentes aparências e expressões criativas”.

Numa nota divulgada pela FRC, pode ler-se que a gravura “tem desempenhado um papel importante nos intercâmbios culturais entre a China e o Ocidente em Macau”. “Na história moderna, a tipografia, a gravura e a impressão litográfica foram introduzidas na China continental através de Macau. Até hoje, continua a influenciar a melhoria da tecnologia de impressão na China, ao mesmo tempo em que estimula o entusiasmo pela criação de gravuras”, revela o manifesto da exposição.

A Associação Juvenil de Gravura de Macau existe há mais de 20 anos. O objectivo desta associação é promover a arte gráfica junto da geração mais jovem, através da realização de exposições, workshops, promoções na escola, e outras actividades, de forma a fomentar junto da população jovem de Macau uma compreensão mais profunda da gravura e descobrir os talentos do printmaking.

O manifesto da mostra fala ainda da gravura “como um tipo de meio artístico replicável, que é mais propício à comunicação do que a pintura, permitindo que mais pessoas apreciem o trabalho original em diferentes lugares ao mesmo tempo”.

No caso de Macau, a gravura criativa começou a surgir com mais frequência no final dos anos 80. “Passados mais de 30 anos, foi estabelecendo gradualmente um percurso de criação, tendo a gravura como eixo principal. Embora a rotogravura seja muito atraente, ela precisa de equipamentos profissionais para mostrar o seu efeito. No entanto, as impressões em relevo, o stencil e a monotipia não exigem equipamentos sofisticados, e ainda ostentam uma aparência única”, lê-se ainda.

21 Mar 2023

IC | Fábrica de Panchões e Centro de Ciência acolhem artistas de rua

O Instituto Cultural (IC) decidiu criar dois novos locais para artistas de rua na antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na vila da Taipa, e no largo em frente ao Centro de Ciência de Macau, com o objectivo “de fortalecer a revitalização dos bairros comunitários, criar uma atmosfera cultural, proporcionar mais espaços de actuação aos profissionais das artes e promover actuações de rua de qualidade”.

Os artistas começam a actuar nestes espaços a partir de sexta-feira, podendo fazê-lo entre as 10h e as 18h de sexta-feira a domingo e também nos dias feriados. Actualmente, existem cinco locais no território onde os artistas de rua podem actuar, no âmbito do “Programa Excursionando pelas Artes” lançado pelo IC em 2016.

Até Fevereiro deste ano, mais de 1.200 artistas locais e não locais requereram o cartão para poder actuar, tendo mais de 170 mil espectadores assistido aos espectáculos do programa.

21 Mar 2023

PCP | “Se há alguém tem procurado soluções para a paz é o governo chinês”

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, manifestou ontem expectativas positivas quanto ao encontro entre os Presidentes chinês e russo, salientando que “se há alguém que tem procurado soluções para a paz” na Ucrânia tem sido o regime de Pequim.

O presidente chinês, Xi Jinping, já desembarcou na Rússia, onde vai reunir hoje e na terça-feira com o homólogo russo, Vladimir Putin, numa visita de Estado que visa reforçar a parceria entre os dois países, e nos quais os dois chefes de Estado discutir o plano proposto por Pequim para resolver o conflito na Ucrânia.

Questionado sobre estes encontros, à margem de uma conferência de imprensa do PCP sobre habitação, Paulo Raimundo considerou que “tudo o que seja abrir caminhos para a paz é positivo”.

“Se há coisa que acho que podemos afirmar com toda a certeza é que se há alguém que tem procurado soluções para a paz e investir em caminhos para a paz, até com propostas concretas, tem sido o governo chinês, em particular o Presidente chinês”, afirmou.

O líder do PCP disse que, apesar de ser incerto o que vai acontecer nesse encontro, “seria positivo que esses planos no caminho da paz” estejam presentes, salientando que os povos já não precisam “de mais guerra, mais gasolina”.

21 Mar 2023

TPI | China pede que se evite padrões duplos

A China pediu ontem ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que evite “dois pesos e duas medidas”, depois de este ter emitido um mandado de prisão contra o Presidente russo, Vladimir Putin, por crimes de guerra.

“O TPI deve adoptar uma postura objectiva e imparcial, respeitar a imunidade jurídica dos chefes de Estado (…) e evitar a politização e a duplicidade de critérios”, afirmou o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, poucas horas antes do início da visita de Estado do Presidente da China, Xi Jinping, à Rússia.

O Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, acusou Putin de ser pessoalmente responsável pelo rapto de milhares de crianças da Ucrânia. Os governos que reconhecem a jurisdição do tribunal vão ser assim obrigados a deter Putin se ele visitar o seu país.

Putin ainda não comentou o anúncio, mas o Kremlin rejeitou a medida e considerou-a “escandalosa e inaceitável”.
Questionado se o mandado de prisão contra Putin ou a sua viagem – relâmpago à cidade de Mariupol vai afectar a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Moscovo, o porta-voz limitou-se a responder que Pequim “sempre defendeu o diálogo e a negociação para resolver a crise ucraniana”.

O líder chinês chega a Moscovo um dia depois de Putin visitar a Ucrânia, pela primeira vez – especificamente o porto de Mariupol (mar de Azov), na região de Donetsk – desde o início da invasão, em Fevereiro de 2022.

21 Mar 2023

Visita | Xi Jinping chega a Moscovo para visita de três dias

A visita do Presidente chinês tem como objectivo reforçar os laços de amizade e cooperação entre as duas nações e promover caminhos para a paz através do diálogo

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, desembarcou ontem na Rússia, onde vai reunir com o homólogo russo, Vladimir Putin, numa visita de Estado que visa reforçar a parceria entre os dois países. “A minha visita à Rússia visa fortalecer a amizade, cooperação e paz”, escreveu Xi, num artigo publicado por um jornal russo, antes de desembarcar em Moscovo.

A visita surge num período de crescente isolamento de Putin no cenário internacional desde o início da guerra na Ucrânia. A viagem segue também o anúncio surpresa do restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, após uma reunião, em Pequim, numa vitória diplomática para o governo de Xi.

O líder chinês mais forte das últimas décadas tem tentado projectar uma imagem de estadista global, à medida que reclama para a China um “papel central” na governação das questões internacionais. “Uma maneira razoável de resolver a crise” pode ser encontrada se “todas as partes abraçarem a visão de uma segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável”, referiu Xi no artigo publicado no jornal russo Russian Gazette.

Num plano para a paz, proposto no final de Fevereiro, Pequim destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, mas apelou também para o fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica implícita ao alargamento da NATO. A China pediu ainda o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia.

Manual de intenções

Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, através do seu porta-voz Wang Wenbin, indica que durante a visita Xi terá uma profunda troca de pontos de vista com Putin sobre as relações bilaterais, bem como sobre as principais questões internacionais e regionais de interesse comum, promoverá a coordenação estratégica bilateral e a cooperação prática e injectará um novo ímpeto no desenvolvimento das relações bilaterais.

A visita será uma jornada de amizade, o que aprofundará ainda mais a confiança e a compreensão mútuas entre a China e a Rússia e consolidará a base política e o apoio público à amizade entre os dois povos por gerações, disse Wang, citado pelo Diário do Povo.

A visita de Xi à Rússia será uma viagem de cooperação para promover e aprofundar a sinergia entre a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e a União Económica Eurasiática e ajudar os dois países a alcançar os respectivos objectivos de desenvolvimento e revitalização.

A visita também será uma viagem para promover a paz, disse Wang, observando que a China e a Rússia, com base no não alinhamento, não confrontação e não ter como alvo terceiros, praticarão o verdadeiro multilateralismo, promoverão um mundo multipolar e uma maior democracia nas relações internacionais, melhorarão a governança global e contribuirão para o desenvolvimento e o progresso mundiais.

“A China continuará a defender sua posição objectiva e justa sobre a crise na Ucrânia e desempenhará um papel construtivo na promoção de negociações de paz”, afirmou o porta-voz, segundo a publicação estatal. “O propósito da política externa da China é manter a paz mundial e promover o desenvolvimento comum”, disse Wang, observando que, na questão da Ucrânia, a China sempre esteve do lado da paz e do diálogo, e do lado certo da história.

“A posição da China resume-se a apoiar as negociações de paz. Sempre acreditamos que o diálogo político é a única maneira de resolver conflitos e disputas, enquanto atiçar as chamas e alimentar a luta, sanções unilaterais e pressão máxima só intensificarão as contradições e aumentarão as tensões, o que não está de acordo com os interesses e expectativas da maioria dos países do mundo”, disse.

Ao responder a uma pergunta sobre se a cimeira China-Rússia envolverá questões como fornecimento de vários tipos de assistência à Rússia pela China, Wang disse que a China sempre realizou uma cooperação económica e comercial normal com outros países, incluindo a Rússia, com base na igualdade e benefício mútuo.

“A cooperação entre a China e a Rússia é franca e sincera, pelo benefício dos dois povos e pelo desenvolvimento do mundo, e está livre de interferência e coerção de terceiros”, afirmou o porta-voz do MNE chinês.

Condenação em Haia

A reunião desta semana ocorre também após o Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, ter acusado Putin de ser pessoalmente responsável pelo rapto de milhares de crianças da Ucrânia. Os governos que reconhecem a jurisdição do tribunal vão ser assim obrigados a deter Putin se ele visitar o seu país. China e Rússia partilham uma fronteira com mais de quatro mil quilómetros de distância e Moscovo é um importante fornecedor de petróleo e gás para Pequim.

A China considera ainda a parceria com o país vizinho fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão. A reunião dá a ambos os líderes a oportunidade de mostrarem que têm “parceiros de peso” numa altura de relações tensas com Washington, disse Joseph Torigian, especialista em relações sino-russas na American University, em Washington, citado pela agência Associated Press. “A China pode sinalizar que, se as relações com os Estados Unidos continuarem a deteriorar-se, poderão fazer muito mais para ajudar a Rússia na sua guerra contra a Ucrânia”, apontou Torigian.

Armas negadas

A China voltou ontem a negar que tencione fornecer armamento à Rússia, depois de a imprensa norte-americana ter indicado que Pequim está a considerar enviar artilharia e munições para Moscovo. O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, afirmou que “não é a China” que fornece armas, mas sim os Estados Unidos, e aconselhou Washington a “parar de colocar lenha na fogueira e apontar o dedo a outros países e coagi-los”.

“Os Estados Unidos devem desempenhar um papel construtivo para encontrar uma solução política para o conflito na Ucrânia”, disse Wang, acrescentando que a “China sempre manteve uma posição objectiva e imparcial sobre a ‘questão’ ucraniana: exortar à paz e ao diálogo”.

Ucrânia na agenda

Xi Jinping e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, vão discutir o plano proposto por Pequim para resolver o conflito na Ucrânia durante a visita do líder chinês a Moscovo, anunciou ontem o Kremlin. “Os tópicos abordados no plano [chinês] para a Ucrânia vão fazer parte das negociações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em conferência de imprensa.

“A Ucrânia certamente estará na agenda” da reunião entre Xi e Putin, apontou. Peskov acrescentou que Putin vai explicar a Xi Jinping “minuciosamente” a posição de Moscovo sobre o conflito, para que o Presidente chinês possa “obter em primeira mão a visão que o lado russo tem do momento actual”.

21 Mar 2023

Golfe | Torneio internacional regressa em Outubro

O torneio de golfe Macau Open, que integra o circuito Asian Tour, vai regressar entre 12 e 15 de Outubro, após cinco anos de interrupção, de acordo com a organização. A 20.ª edição do torneio de golfe tum total de 144 jogadores inscritos que competem por um prémio monetário total de um milhão de dólares norte-americanos, de acordo com um comunicado da Asian Tour e da empresa ligada ao desporto IMG (International Management Group).

A concessionária de jogo SJM Resorts vai ser a patrocinadora principal das próximas três edições, revelou ainda a nota, referindo que o evento volta a realizar-se, este ano, em Coloane, no Macau Golf and Country Club, propriedade da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, empresa mãe da SJM.

“Historicamente tem sido um evento muito popular entre os nossos jogadores e sei que esta será uma notícia muito bem-vinda para todos”, disse, citado no comunicado, o comissário e director-executivo da Asian Tour, Cho Minn Thant.

Também o Instituto do Desporto, através do presidente, Pun Weng Kun, apontou que “trazer de volta a Macau este torneio de golfe de longa duração tem sido uma prioridade importante”. Já Daisy Ho, da SJM, notou que a operadora está “empenhada em trazer Macau para o palco mundial através da realização de eventos desportivos internacionais”.

“Como grande apoiante do ‘desporto + turismo’, pretendemos elevar a marca Macau como centro mundial de turismo e lazer, impulsionar as chegadas internacionais e trazer benefícios económicos para a comunidade”, informou a empresária.

Com uma forte da dependência da economia do sector do jogo, o Governo tem pedido às operadoras de jogo que diversifiquem a actividade, nomeadamente através do desporto.

21 Mar 2023

Morreu empresário Rui Nabeiro aos 91 anos

O empresário Rui Nabeiro, fundador do grupo Nabeiro – Delta Cafés morreu ontem aos 91 anos, vítima de doença, no hospital da Luz, em Lisboa. “A data e o programa das exéquias serão oportunamente comunicados”, indicou.

“É com profundo pesar que a família Nabeiro informa que faleceu hoje, dia 19 de março, o Comendador Manuel Rui Azinhais Nabeiro, presidente e fundador do Grupo Nabeiro — Delta Cafés”, pode ler-se num comunicado enviado ontem pelo grupo.

“O espírito empreendedor e a sua ética de trabalho estiveram sempre presentes nos momentos decisivos da sua vida. Em 1961, criou a Delta Cafés, dando origem a um grupo empresarial que hoje lidera o mercado dos cafés em Portugal e hoje em forte expansão nos mercados internacionais. Toda a família Delta está profundamente triste com esta perda e estende as sinceras condolências a todos aqueles que também hoje perderam um grande amigo.

Estamos todos empenhados em continuar o seu legado e honrar a sua visão, continuando a produzir o melhor café do mundo, apoiando as comunidades locais e promovendo a sustentabilidade”.

O Comendador Rui Nabeiro “encontrava-se hospitalizado no Hospital da Luz, devido a problemas respiratórios”, pode ler-se no mesmo comunicado, enviado pelo Grupo Nabeiro.

História de vida

Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu a 28 de Março de 1931 na vila alentejana de Campo Maior, no seio de uma família humilde. Começou a trabalhar por volta dos 12 anos. Aos 17 anos, após a morte do pai, assumiu os destinos da empresa da família, uma pequena torrefação. Apostou na venda de café em Espanha e constituiu, mais tarde, uma sociedade com os tios, a Torrefação Camelo, que mais tarde vendeu.

Em 1961, criou a Delta Cafés. “Na vila alentejana de Campo Maior, num pequeno armazém com 50 metros quadrados e sem grandes recursos, inicia a actividade com apenas duas bolas de torra de 30 kg de capacidade”, pode ler-se no site da empresa, hoje com 62 anos de história. “Um Cliente um Amigo” era a filosofia de gestão de Rui Nabeiro, incorporada no que a Delta escreve sobre si própria, “Uma Marca de Rosto Humano”.

Em 2007 inaugurou o Centro Educativo Alice Nabeiro para dar resposta às necessidades extra-escolares das crianças de Campo Maior. Com o patrocínio da Delta a Universidade de Évora criou, em 2009, a Cátedra Rui Nabeiro, destinada à promoção da investigação, do ensino e da divulgação científica na área da biodiversidade.

Recordação de Timor

O Presidente da República timorense lamentou a morte de Rui Nabeiro, um “homem bom e generoso”, recordando os esforços do empresário português para promover o café timorense no exterior.

“Uma vida longa de grandes iniciativas empresariais, de criar emprego, riqueza para Portugal, para as comunidades onde a Delta estava instalada”, disse José Ramos-Horta, em declarações à Lusa em Díli.

“Fez algumas tentativas de comprar café de Timor no início, mas o mercado na altura já era bastante orientado para outros países como os Estados Unidos. Ainda assim a sua passagem por Timor foi sentida”, recordou.

O chefe de Estado timorense disse que Nabeiro acabou por não poder voltar a Timor-Leste, apesar de a Delta continuar a promover café de Timor-Leste, e recorda uma viagem que fez com o empresário a um evento internacional em Nova Iorque.

“Falámos muito, falámos muito da Delta e do café de Timor. Tenho grata recordação dele. Uma pessoa boa, generosa para os trabalhadores e as suas famílias”, lembrou Ramos-Horta, que falava à margem da inauguração de um novo espaço multiúsos do grupo de media GMN, em Díli.

O lote “Timor” é hoje um dos que integra a coleção da Delta, descrito com “um blend harmonioso, exótico e de deliciosa plenitude”, com café da região de Ermera, a sul de Díli, e que se distingue segundo a empresa pelo seu “sabor cheio, acidez suave e traços doces de chocolate”, segundo a empresa.

No inicio de 2000 as autoridades transitórias timorenses chegaram a anunciar que Rui Nabeiro e a Delta Cafés pretendiam comprar todo o café do país então armazenado, com um programa de pretendia colaborar com o desenvolvimento do setor que emprega cerca de 70 mil famílias.

O apoio da Delta era essencial para travar o que era, na opinião das autoridades timorenses, o monopólio norte-americano que até então controlava quase toda a exportação de café de Timor-Leste. O empresário português visitou Timor-Leste em março de 2000.

20 Mar 2023

Análise | Influência chinesa no Médio Oriente fruto das limitações diplomáticas dos EUA

O crescimento da influência chinesa no Médio Oriente, impulsionado pela recente mediação no restabelecimento das relações diplomáticas entre Irão e Arábia Saudita, resulta das cada vez maiores limitações diplomáticas norte-americanas na região, segundo analistas.

Para Nic Robertson, editor diplomático internacional da CNN, a influência dos Estados Unidos no Médio oriente está “em declínio”, com a Arábia Saudita – e em particular o seu príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman – a ficarem frustrados “com a diplomacia cambaleante” dos Estados Unidos, nomeadamente em casos como o do alegado envolvimento do príncipe no assassínio do jornalista do Washington Post Jamal Khashoggi, ou quando a Casa Branca pediu que o país cortasse a produção de petróleo rapidamente, para em seguida pedir para aumentá-la.

A China garantiu no sábado passado que o seu papel na retoma das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita não tem uma agenda escondida e que não pretende preencher um vazio no Médio Oriente.

“A China não persegue qualquer interesse egoísta” e vai continuar a apoiar os países do Médio Oriente “a resolver as suas diferenças através do diálogo e em consultas para promover a paz e estabilidade duradouras em conjunto”, segundo uma declaração colocada no ‘site’ do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A intervenção de Pequim no reatamento das relações diplomáticas entre os dois países, incluindo a reabertura de embaixadas depois de sete anos, foi vista como uma grande vitória diplomática da China, com os países do Golfo a considerarem que os Estados Unidos reduziam a sua intervenção na região.

“Acho que este acordo demonstra que a influência e a credibilidade dos EUA naquela região diminuíram e que há um novo tipo de alinhamento regional internacional a ocorrer, que fortaleceu e deu à Rússia e à China uma nova influência e estatuto”, defendeu Aaron David Miller, membro do ‘Carnegie Endowment for International Peace’ e ex-assessor de política do Médio Oriente para o Departamento de Estado.

20 Mar 2023

China/Rússia | Xi e Putin almoçam hoje e reúnem formalmente amanhã

Os Presidentes chinês e russo vão ter um almoço informal hoje e reunir-se-ão amanhã, quando darão também uma conferência de imprensa conjunta, anunciou o Kremlin, na passada sexta-feira.

“A comunicação entre o Presidente [Vladimir Putin] e o líder da China [Xi Jinping] arranca no dia 20 de Março. Vai ser uma conversa cara a cara, um almoço informal”, disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, em conferência de imprensa.

Peskov acrescentou que terça-feira vai ser o “dia das negociações” e que os dois líderes vão dar uma conferência de imprensa conjunta no final da reunião. Xi Jinping vai visitar a Rússia entre os dias hoje e quarta-feira.

Os dois líderes reuniram-se pela última vez em Setembro passado, à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), no Uzbequistão. Xi expressou então a Putin “questões e preocupações” sobre a guerra na Ucrânia, de acordo com o Presidente russo.

Ambos os líderes expressaram, no entanto, o desejo de fortalecerem os seus laços, num período de tensões mútuas com o Ocidente. O país asiático considera a parceria com Moscovo fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos. As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se também rapidamente, nos últimos anos, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de direitos humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do mar do Sul da China.

Numa proposta para a paz com 12 pontos, divulgada no mês passado, Pequim destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia, e apelou ao fim da “mentalidade da Guerra Fria”, numa crítica implícita ao alargamento da NATO.

20 Mar 2023