Banco Popular da China vai reduzir o número de instituições financeiras de alto risco

O Banco Popular da China (banco central) disse hoje que vai continuar a reduzir “ativa e sustentadamente” o número de instituições financeiras de alto risco no país.

“Os mecanismos de eliminação de riscos devem ser fortalecidos, bem como o monitoramento, alerta precoce e avaliação”, disse a instituição, num comunicado divulgado após a sua reunião anual sobre estabilidade financeira.

O banco central chinês afirmou que vai promover a “deteção, correção e rápida eliminação dos riscos financeiros” e apelou à aceleração da construção do sistema de garantia da estabilidade financeira, através da melhoria da legislação nesta matéria e de uma garantia da segurança dos depósitos.

O banco central vai seguir as orientações para “estabilizar a situação, coordenar e planear de uma forma geral, diferenciar políticas e desarmar ‘bombas’ com precisão”.

Os líderes da instituição disseram que o sistema financeiro da China é “geralmente estável” e que os seus riscos são “controláveis”.

Embora tenha destacado as classificações “sempre boas” nas análises de risco aos seus grandes bancos – entre os quais existem quatro de importância sistémica a nível mundial –, o banco central reconheceu que existem riscos num “pequeno número de instituições financeiras problemáticas de média e pequena dimensão”, embora tenha assegurado que foram feitos “progressos significativos” na sua redução ou eliminação.

Em 03 de março, o recém-reeleito governador do banco central, Yi Gang, especificou que o número destas pequenas e médias entidades de “alto risco” foi reduzida “para metade”, situando-se atualmente em pouco mais de 300.

Durante a sessão anual da Assembleia Popular Nacional (órgão máximo legislativo), que terminou na segunda-feira, foi aprovada uma reforma da estrutura do governo, que contempla a criação de um novo regulador, que vai substituir a entidade que até agora supervisionava bancos e seguradoras, com o objetivo de monitorar todo o setor financeiro, exceto os mercados de ações.

16 Mar 2023

Barcos-Dragão | Regatas em Junho com orçamento de 13 milhões

As Regatas Internacionais de Barcos-Dragão de Macau realizam-se a 17, 18 e 22 de Junho, com um orçamento de 13 milhões de patacas, anunciou ontem a organização.

O evento de três dias no Lago Nam Van acontece durante o Festival Duanwu (Festival do Barco do Dragão).
As regatas locais estão agendadas para 17 e 18 e as de nível internacional para 22 de Junho, disse o presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kun, numa conferência de imprensa.

A iniciativa é organizada pelo Instituto do Desporto, a operadora de casinos SJM e a Associação de Barcos-Dragão de Macau, prevendo-se a participação de um total de 168 equipas locais.

A organização disse que vai convidar equipas da China continental e do estrangeiro para participarem nas regatas “a fim de elevar o nível de competição e intensificar o intercâmbio desportivo entre as diferentes regiões”.
O barco-dragão é uma embarcação originária da região do Delta do Rio das Pérolas, no sul da província chinesa de Guangdong.

As regatas destas tradicionais embarcações a remos datam de há mais de dois mil anos e estrearam-se em Hong Kong como um evento desportivo internacional em 1976.

16 Mar 2023

ASEAN | Firmados acordo de cooperação no Mar do Sul da China

A China e os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) concordaram em realizar projectos de cooperação marinha e, em conjunto, manter a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China, anunciou na terça-feira o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin.

As observações de Wang formam proferidas após a 38.ª Reunião do Grupo de Trabalho Conjunto para a Implementação da Declaração sobre a Conduta das Partes no Mar do Sul da China (DOC, em inglês), que foi realizada em Jacarta, Indonésia, de 8 a 10 de Março, indica o Diário do Povo.

Wang revelou que a China e os países da ASEAN continuaram a avançar na consulta sobre o texto do Código de Conduta no Mar da China do Sul (COC) e tiveram uma profunda troca de opiniões sobre a implementação do DOC e a cooperação marítima.

“Concordaram em realizar múltiplos projectos de cooperação prática em campos como pesquisa científica marinha, protecção ambiental e operação de busca e salvamento no mar, intensificar o diálogo e a comunicação, aprofundar a cooperação mutuamente benéfica e defender conjuntamente a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China”, exaltou o dirigente.

Wang acrescentou que as partes também chegaram a um acordo sobre o plano de trabalho para este ano e concordaram em realizar múltiplas rondas da Reunião de Altos Oficiais sobre a Implementação do DOC.

16 Mar 2023

Taiwan | Honduras estabelece relações diplomáticas com Pequim

O país era um dos poucos a manter relações com Taiwan. A chegada ao poder de Xiomara Castro, no princípio do ano passado, veio corrigir a postura hondurenha

 

A Presidente das Honduras, Xiomara Castro, anunciou que o país vai estabelecer relações diplomáticas com Pequim, uma decisão que deve levar ao final das ligações com Taiwan.

“Dei instruções ao ministro [dos Negócios Estrangeiros] Eduardo Reina para gerir a abertura de relações oficiais com a República Popular da China”, anunciou Castro, na terça-feira, na rede social Twitter, sem mencionar o futuro das relações com Taipé.

Castro, que assumiu o cargo no início de 2022, anunciou antes de chegar ao poder a intenção de reconhecer imediatamente Pequim. No entanto, a dirigente pareceu reconsiderar a posição, depois de ter assistido à cerimónia de posse do vice-Presidente taiwanês, William Lai.

A 1 de Janeiro, o chefe da diplomacia hondurenha reuniu-se com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Xie Feng, à margem da cerimónia de posse do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Um mês depois, Eduardo Reina anunciou negociações com a China para a construção de uma hidro-eléctrica.
Pequim já tinha financiado outra barragem nas Honduras, no valor de 300 milhões de dólares inaugurada em 2021 pelo então Presidente Juan Orlando Hernández. As Honduras eram um dos últimos 14 países a manter relações diplomáticas com Taiwan.

Alianças contadas

Em Dezembro de 2021, Taiwan perdeu a Nicarágua como aliada diplomática, depois de o Presidente do país centro-americano, Daniel Ortega, ter sido reeleito. A Nicarágua afirmou então que ia passar a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China.

Embora, nos últimos anos, tenha perdido aliados, Taipé também intensificou os intercâmbios oficiais com países como a Lituânia e a Eslováquia, que não reconhecem formalmente Taiwan como um país.

16 Mar 2023

Festival de Artes de Macau volta ao formato pré-pandemia com bailado português

A 33.ª edição do Festival de Artes de Macau regressa em Abril ao formato pré-pandemia, com a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo a trazer ao território uma homenagem a Sophia de Mello Breyner. Ao longo de um mês, serão apresentados 20 espectáculos entre teatro, ópera chinesa, dança, música e artes virtuais

 

O Festival de Artes de Macau (FAM) está de volta à velha forma, com um cartaz preenchido por artistas internacionais, na 33.ª edição que se realiza entre 28 de Abril e 28 de Maio.

Ao contrário das últimas edições, condicionadas pela pandemia da covid-19, o festival recebe este ano grupos do exterior, como é o caso da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, com o espectáculo “Na substância do tempo”, em que “os coreógrafos portugueses de renome internacional Vasco Wellenkamp e Miguel Ramalho transformam versos de Sophia de Mello Breyner Andresen em coreografias”, refere um comunicado à imprensa do Instituto Cultural (IC) de Macau.

Mas, apesar do regresso dos grupos artísticos estrangeiros, a próxima edição do FAM tem este ano um orçamento inferior ao do ano passado: cerca de 22 milhões de patacas face aos 24 milhões da edição passada, limitada pelas restrições da pandemia.

“No ano passado, a envergadura dos programas e leque eram maiores, por isso [o orçamento] era mais para a estadia dos artistas e o transporte”, justificou ontem, em conferência de imprensa, a presidente do IC, Leong Wai Man. Questionada sobre se a redução revela um desinvestimento do Governo nas artes, a responsável respondeu: “Estamos dentro da média do que temos feito”.

Gregos e macaenses

Com um total de 20 programas, entre teatro, ópera chinesa, dança, música e artes virtuais, a 33.ª edição do FAM, que se realiza entre 28 de Abril e 28 de Maio, arranca com “A Sagração da Primavera”, um espectáculo da autoria da bailarina e coreógrafa chinesa Yang Liping. O evento traz a palco também o trabalho do encenador chinês Liu Fangqi, com a adaptação do romance do autor japonês Higashino Keigo “Os Milagres dos Armazéns Namiya”.

O programa inclui ainda “Electra”, com base no clássico do poeta da Grécia Antiga Sófocles, um trabalho conjunto do Centro de Artes Dramáticas de Xangai e de uma equipa de produção grega, e “Xiao Ke”, colaboração de dança entre a bailarina independente chinesa Xiao Ke e o coreógrafo francês Jérôme Bel, pretende ilustrar a evolução da dança e da cultura chinesas ao longo das últimas quatro décadas.

A celebrar o 30.º aniversário, o Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, um dos vários grupos locais e presença habitual no cartaz do evento, encerra o festival com a peça em patuá “Chachau-Lalau di Carnaval” (Oh, Que Arraial). Está prevista ainda a inauguração da mostra “Doci Papiaçam di Macau – 30 anos no Palco da Multiculturalidade: Uma Exposição Fotográfica”.

Como é habitual, o FAM volta este ano com o Festival Extra, extensão da iniciativa principal, com um total de 22 programas, entre sessões com artistas, visitas aos bastidores, palestras, oficinas, exposições e projecções de espectáculos internacionais.

15 Mar 2023

Segunda fase da mostra das Ruínas de S. Paulo em realidade virtual dia 24

A nova versão da exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo” poderá ser vista a partir do dia 24 deste mês, sendo que os bilhetes já se encontram à venda. Esta mostra, promovida pelo Instituto Cultural (IC), apresenta a reconstrução virtual das características históricas da antiga Igreja da Madre de Deus antes de ter sido destruída por um incêndio, permitindo ao público apreciar uma conjectura interpretativa sobre a tipologia arquitectónica barroca da Igreja, com base em dados históricos relativos a um período de cerca de 400 anos.

Assim, podem ser vistos “aspectos adicionais relativos ao restauro virtual do exterior e do ambiente envolvente da Igreja” bem como “o panorama interior e exterior da antiga Igreja de forma mais abrangente e tridimensional”. Além disso, o público poderá aceder a duas novas cenas de realidade virtual, nomeadamente a “Procissão e Missa” e “A missa e a dança do caranguejo”.

História digital

A primeira fase experimental da exposição foi lançada na segunda quinzena de Dezembro do ano passado e, segundo o IC, atraiu “um grande número de visitantes”. Até ao dia 28 de Fevereiro, quando terminou a primeira fase da exposição, já a tinham visitado cerca de 13 mil pessoas.

A antiga Igreja da Madre de Deus era o principal do antigo Colégio de S. Paulo. Fundado em 1594 e encerrado em 1762, o Colégio de S. Paulo foi a primeira instituição de ensino superior de modelo ocidental na China e até na Ásia, tendo oferecido um contributo histórico importante para o intercâmbio económico, tecnológico e cultural entre o Oriente e o Ocidente.

Construída em 1640, a Igreja da Madre de Deus foi outrora reconhecida como um marco arquitectónico único no Extremo Oriente. O Colégio e os edifícios principais da antiga igreja foram destruídos por um incêndio, em 1835, sobrevivendo apenas a fachada principal da igreja, a maior parte das fundações e a escadaria de granito, que milagrosamente resistiram ao longo de cerca de 400 anos, fazendo com que este monumento seja um dos mais importantes marcos culturais do Património Mundial de Macau hoje em dia.

15 Mar 2023

Conto de Saramago inspira peça da companhia Dirks Theatre

A companhia de teatro de Macau Dirks Theatre está a apresentar a peça “Echoes in Dreams” (“Ecos em Sonhos”), inspirada no conto “Centauro”, do escritor português e Prémio Nobel da Literatura José Saramago (1922-2010).

O co-director artístico do Dirks Theatre, Ip Ka Man, disse à Lusa que, após ler o conto, incluído num dos primeiros livros de Saramago, “Objecto Quase” (1978), e durante a criação da peça, tinha “uma pergunta em mente: o que é a minha terra”.

“O conceito de terra pode ser dividido em duas partes: uma é a física e a outra é a nossa história, os nossos sentimentos, a nossa experiência. E de alguma forma têm de estar juntas. Senão, é como o centauro, sempre metade humano, metade cavalo”, disse.

A personagem principal de “Ecos em Sonhos”, apesar de já ter deixado a sua terra natal há algum tempo, continua assombrada por uma voz interior que, em cantonês, “continua a perguntar-lhe por que não volta a casa”, revelou Ip.

“Há muitas pessoas, em todo o lado no mundo, que têm de partir das suas terras, seja à força ou por vontade própria, sobretudo nesta altura”, disse à Lusa a codirectora artística do Dirks Theatre, Mable Wu May Bo, referindo-se à pandemia de covid-19.

De acordo com dados oficiais, Macau perdeu 24.200 pessoas durante a pandemia, devido à subida do desemprego e às restrições impostas para controlar o novo coronavírus.

“Sentíamo-nos seguros, mas por outro lado sabíamos que havia tantas coisas que estavam fora do nosso controlo, que qualquer coisa podia acontecer a qualquer momento. Isso criou muita incerteza”, disse Mable.
Ip Ka Man admitiu que a pandemia levou também o duo a questionar o seu futuro artístico. “Durante estes três anos por vezes tivemos algumas dificuldades, até para formular planos”, explicou.

Maior ligação

Ip diz que o Dirks Theatre quer agora “ligar-se mais à comunidade local” e “inspirar a audiência a ter a imaginação para questionar a vida, o ambiente”. Com o fim das restrições pandémicas, “toda a gente está sempre a falar da importância do crescimento económico, mas a verdade é que sacrificamos muito para conseguir isso”, sublinhou o co-director. “A relação entre as pessoas de Macau é tão íntima, tão complicada. Isso afecta e muito a capacidade das pessoas de se expressarem”, lamentou Ip Ka Man.

“As pessoas de Macau não são tão francas sobre como se sentem”, acrescentou Mable Wu, que nasceu na vizinha Hong Kong. “Sinto que nos anos mais recentes elas têm vontade de se expressarem, mas talvez não saibam como se dirigirem a pessoas fora da sua zona de conforto”, disse a co-directora do Dirks Theatre.

“Ecos em Sonhos”, que mistura cenas teatrais e a projecção de vídeos, vai estar em cena no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2 entre hoje e sábado.

15 Mar 2023

Futebol | Rússia vai participar no campeonato da Ásia Central

A Rússia vai participar no campeonato inaugural da Associação de Futebol da Ásia Central em Junho, juntamente com outras sete selecções nacionais masculinas, anunciou na segunda-feira a Associação de Futebol do Tajiquistão.

As equipas russas têm sido impedidas de participar em competições europeias e da FIFA desde a invasão da Ucrânia, em Fevereiro do ano passado.

A selecção russa vai participar no novo torneio regional juntamente com as antigas repúblicas soviéticas Tajiquistão, Uzbequistão, Turquemenistão e Quirguistão. Afeganistão, Irão e outro país, ainda por confirmar, completam o alinhamento para os jogos agendados para Bishkek, Quirguistão, e Tashkent, Uzbequistão.

A Associação de Futebol da Ásia Central foi formada em 2014 como uma das cinco regiões da confederação de futebol asiática e tem a sede no Tajiquistão. De acordo com a Associação de Futebol do Tajiquistão, a Rússia já aceitou o convite para o evento em Junho.

A iniciativa pode reacender o debate sobre uma possível entrada russa na Confederação Asiática de Futebol (CAF, na sigla em inglês), com o país a procurar regressar às competições internacionais de futebol.

A selecção nacional masculina da Rússia jogou apenas três amigáveis internacionais em 2022, contra o Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão. A selecção tem jogos agendados com Irão e Iraque no final do mês.

15 Mar 2023

EUA | Biden falará com Xi quando novo Governo tomar posse

A Casa Branca anunciou na segunda-feira que o Presidente norte-americano, Joe Biden, falará por telefone com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, quando os novos membros do Governo chinês tomarem posse.

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, não forneceu uma data específica para a conversa telefónica, dizendo apenas que ocorrerá depois de ser encerrada a legislatura da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China e o novo Governo entrar em funções.

Durante a ANP, Xi, secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), consolidou o seu poder ao ser nomeado para um terceiro mandato presidencial de cinco anos, algo inédito entre os seus antecessores. A continuidade de Xi não estava em causa, mas havia expectativas sobre a remodelação do executivo e dos principais órgãos estatais.

15 Mar 2023

Análise | Xi põe fim a Era reformista com ênfase na auto-suficiência e controlo

Analistas internacionais consideram que a segunda década de Xi Jinping no poder representa o fim da ‘reforma e abertura’ da China, com Pequim a privilegiar agora a auto-suficiência, controlo político e elevação do estatuto global do país.

Durante a sessão plenária da Assembleia Popular Nacional (APN), que terminou na segunda-feira, Xi reforçou a liderança do Partido Comunista (PCC) em vários aspectos da governação do país e alargou o seu domínio nos sectores financeiro e tecnológico.

“A separação entre Partido e Estado foi uma característica fundamental da Era de reformas na China”, observou Richard McGregor, investigador do Lowy Institute, um grupo de reflexão (‘think tank’) com sede em Sydney, citado pelo The Wall Street Journal. “Xi há muito que considera essa separação redundante. Agora, estamos a ver a sua visão a ser posta em prática”.

O órgão máximo legislativo da China aprovou também uma reformulação do ministério de Ciência e Tecnologia, depois de Xi ter pedido um aumento das capacidades do país, face às crescentes tensões com Washington, que passou a restringir o fornecimento de ‘chips’ semicondutores avançados ao país asiático.

“A chave (…) é a integração”, apontou Xi, num encontro com representantes do Exército, na semana passada. “O êxito de uma alocação integrada de recursos e coordenação sob uma liderança unificada vai decidir se podemos maximizar as nossas capacidades estratégicas gerais”, disse.

No discurso de encerramento da sessão anual da APN, o líder chinês afirmou que a “segurança é a base do desenvolvimento” e que a “estabilidade é um pré-requisito para a prosperidade”.

Isto contrasta com a retórica oficial das últimas décadas, que apontava o desenvolvimento económico como a “tarefa central”. O termo “reforma e abertura” era então omnipresente nos discursos oficiais, que destacavam ainda a importância de atribuir às forças de mercado um “papel decisivo” na alocação de recursos.

A “segurança e controlo” parecem agora orientar as decisões políticas de Pequim, numa altura de crescentes tensões com os Estados Unidos e vários países vizinhos, suscitadas por disputas territoriais, comerciais e tecnológicas.

“A China deve trabalhar para alcançar maior auto-suficiência tecnológica”, apontou Xi, na segunda-feira.
Citada pelo portal japonês Nikkei Asia, Mary Gallagher, professora de ciências políticas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, afirmou que o líder chinês está a fazer duas coisas ao mesmo tempo: centralizar o poder dentro do Partido Comunista e expandir o poder do Partido, em detrimento dos órgãos do Estado. “É algo sem precedentes na Era da reforma”, notou.

Posição exterior

A nível externo, o país asiático passou também a reclamar a posição de grande potência. Em 2017, Xi anunciou já o início de uma “Nova Era”, em que a China “erguer-se-á entre todas as nações do mundo”.

Reflectindo o crescente papel da China em questões externas, Irão e Arábia Saudita anunciaram, na sexta-feira, em Pequim, um acordo, mediado pela diplomacia chinesa, para restabelecer as relações diplomáticas cortadas por Riade em 2016, após os ataques às suas sedes diplomáticas no país persa.

Xi Jinping vai visitar Moscovo na próxima semana para um encontro com o homólogo russo, Vladimir Putin, e depois terá um encontro virtual com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “A China vai trazer para o mundo moderno a sua sabedoria milenar e recuperar a grandeza de outrora. Vai oferecer ao mundo uma solução chinesa”, disse à agência Lusa David Kelly, director de pesquisa do grupo de reflexão China Policy, sobre a nova narrativa do regime chinês.

“Isto vai ser atribuído a Xi, por ter criado o seu próprio pensamento” afirmou. “A ele será atribuído uma inovação teorética ao nível de Mao Zedong, ou mesmo superior”, referiu.

15 Mar 2023

Portugal a acompanhar “o que se está a passar” com capela portuguesa em Damão

O Governo português assegurou ontem que está a acompanhar “o que efectivamente se está a passar” com a ameaça de demolição pelas autoridades indianas de Damão de uma capela portuguesa do século XVI, muito rica enquanto património histórico.

“Através da embaixada na Índia, temos tido informação sobre o que efectivamente se está a passar”, garantiu em declarações à comunicação social o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, à margem da sessão de apresentação da Ação Cultural Externa (ACE) para 2023, que decorreu segunda-feira de manhã no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa.

“Há aqui um lado que temos que aguardar e esperar o desenvolvimento, mas temos tido a informação através da embaixada [de Portugal] na Índia, assim que surgiram os primeiros relatos de que podia haver um tema com essa capela”, disse o governante, acrescentando que Lisboa tentou sensibilizar as autoridades indianas, assim que “teve notícia de que poderia estar em risco essa capela, que é muito significativa para uma comunidade muito pequena no contexto da Índia, mas com grande significado”.

A notícia, divulgada pela Lusa no início de Fevereiro, deu conta dos esforços da comunidade católica de Damão, na Índia, para impedir a demolição da Capela de Nossa Senhora das Angústias, com mais de 400 anos, ainda local activo de culto, que o administrador provincial, Praful Kodhabai Pratel, membro do Bharatiya Janata Party (BJP, Partido do Povo Indiano, nacionalista conservador hindu, no poder desde 2014), quer transformar num campo de futebol.

A comunidade católica de Damão está a “preparar-se” para a eventualidade de ter que levar o caso até à decisão do Supremo Tribunal em Bombaim, disse à Lusa o pároco da capela, Brian Rodrigues.

Processo em curso

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, igualmente presente no evento, admitiu que o Governo português “ainda não” obteve resposta das autoridades indianas, mas garantiu que “é um trabalho que está em curso”.

“Há um diálogo próximo com as autoridades indianas e vamos procurar soluções”, acrescentou o chefe da diplomacia portuguesa.

A intenção de aquisição da Capela da Nossa Senhora das Angústias – enquadrada pela lei indiana de Aquisição de Propriedades, Reabilitação e Reinstalação, de 2013 – tem como propósito o alargamento de um campo de futebol contíguo ao monumento e o “embelezamento” do local, de acordo com o governo provincial, que administra os municípios de Dadra e Nagar Haveli e Damão e Diu, fundidos desde 2020.

De acordo com o advogado da comunidade católica, Mário Lopes, a intenção de compra é sustentada por fundamentos “muito frágeis”, afirmou à Lusa em fevereiro.

“Não há qualquer fundamento legal para adquirir a capela e demoli-la com o propósito de ampliar um pequeno campo de futebol. E também não se percebe o argumento de tudo ser para tornar o lugar mais bonito. O que é que isso significa? Embelezamos um local destruindo uma igreja?”, acrescentou o causídico que defende os interesses da Igreja Católica no processo.

“A capela tem mais de 400 anos, tem muito valor arquitectónico, histórico e cultural, e é um local de culto, venerado não apenas pela comunidade católica, mas também pelos não-católicos de Damão, ininterruptamente, desde há mais de quatro séculos”, sublinhou ainda.

Se o processo não for travado, entretanto, na previsão de Mário Lopes, deverá demorar “um ano” até chegar ao Supremo de Bombaim, que terá a decisão final.

15 Mar 2023

FRC | Palestra sobre Grande Baía amanhã ás 18h30

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe hoje, às 18h30, a palestra “O Presente e o Futuro da Grande Baía e a integração de Macau-Hengqin-Hong Kong-Shenzhen” que contará com a participação de Sonny Lo, professor de Ciência Política na Hong Kong University Space.

A conferência, organizada pela revista Macau Business e agência Macau News Agency, será moderada pelo jornalista José Carlos Matias e director destas plataformas de media.

Na palestra, será debatido “o novo impulso” ganho pela Grande Baía, projecto político de cooperação e integração regional definido por Pequim com o final da pandemia. Uma nota da FRC dá conta de que “o desenvolvimento conjunto da Zona de Cooperação aprofundada de Guangdong-Macau, em Hengqin, assumirá um lugar de destaque com a adopção de um conjunto de incentivos e de medidas adicionais já em preparação”. Além disso, agilizam-se também processos na Zona de Cooperação de Qinghai, a fim de facilitar a actividade financeira, logística e de serviços informáticos entre Shenzhen e Hong Kong.

Sonny Lo, habitual comentador da situação sócio-política de Macau, Hong Kong e China, vai analisar “até que ponto, e a que velocidade, o território irá integrar-se regionalmente nos próximos anos”. O académico é ainda autor de diversas obras, nomeadamente “Casino Capitalism, Society and Politics of China’s Macau”, que ganhou o primeiro prémio atribuído pela Fundação Macau, em 2009. Publicou ainda “Macau in the Second World War, 1937-1945”, “Political Development in Macau” [Desenvolvimento Político em Macau], “The Politics of Cross-Border Crime in Greater China”, “Hong Kong’s Indigenous Democracy” e “The Politics of Democratization in Hong Kong”. Está já no prelo a obra “The Politics of District Elections and Administration in Hong Kong”. Sonny Lo é, igualmente, colunista sénior da Macau News Agency/Macau Business.

15 Mar 2023

Energia | Novo impulso no investimento em carvão

A construção de novas centrais energéticas a carvão quase estagnou desde o Acordo de Paris para combater as alterações climáticas, mas a tendência é ameaçada por um novo impulso a este tipo de energia na China, revela um estudo publicado ontem.

Segundo o grupo de reflexão E3G, em Janeiro de 2023 estavam planeados a nível mundial 347 gigawatts (GW) de capacidade de produção de energia com recurso a carvão, dos quais a China representa 72 por cento, um aumento relativamente aos 66 por cento em Julho de 2022.

Os outros países com centrais a carvão planeadas são a Índia e a Indonésia. A capacidade de produção de centrais a carvão projectadas fora da China diminuiu 84 por cento para menos de 100 GW pela primeira vez desde 2015.

Para este cenário, contribui o facto de não existirem novas centrais de carvão propostas na América do Norte ou na União Europeia. Mas a China reagiu ao aumento do custo do gás natural dos últimos meses com uma nova aposta na energia carbonífera na segunda metade de 2022.

Belinda Schäpe, uma das autoras do estudo, desafiou Pequim a dar o exemplo no combate às alterações climáticas e à transição para as energias renováveis.

“Garantir a segurança energética da China através de mais capacidade de carvão é uma ilusão. À medida que o mundo vira as costas ao carvão, a China tem pouco a ganhar em se agarrar ao mais sujo dos combustíveis fósseis”, avisou.

Leo Roberts, outro dos autores, congratulou-se por quase todos os países e regiões do mundo terem abandonado planos para novas centrais eléctricas a carvão. “Este é um enorme passo para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 Celsius”, afirmou.

O Acordo de Paris determinou como meta limitar o aquecimento global a 2 graus celsius (ºC), e se possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.

15 Mar 2023

Alargada concessão de vistos após quase três anos de bloqueio

A China vai alargar a concessão de vistos a estrangeiros a partir de hoje, depois de quase três anos de suspensão na sequência da pandemia de covid-19, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país.

Turistas com vistos válidos emitidos antes de 28 de Março de 2020, data em que foi decretado o encerramento quase total das fronteiras chinesas a estrangeiros, vão voltar a poder entrar no país asiático, informou, em comunicado, o departamento de assuntos consulares daquele ministério.

Nos últimos meses, a China voltou a atribuir vistos a alguns turistas de negócios, estudantes e pessoas com familiares na China. “Com o objectivo de facilitar ainda mais o intercâmbio entre a China e o exterior”, as agências “vão voltar a processar vários tipos de vistos”, referiu o comunicado.

As autoridades chinesas também anunciaram a retoma das políticas de entrada sem visto para quem viaje até à ilha de Hainão, no sul do país, ou que entrem na cidade de Xangai, no leste chinês, num navio de cruzeiro.

As embaixadas chinesas em vários países, incluindo Estados Unidos, Luxemburgo, Canadá, Argentina e Coreia do Sul, especificaram que os “vários tipos de vistos” citados pelo departamento incluem vistos de viagem.

Águas passadas

A China, o maior emissor de turistas do mundo, manteve as fronteiras encerradas durante quase três anos, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19, que foi desmantelada, em Dezembro passado, após protestos ocorridos em várias cidades do país.

No âmbito daquela política, quem chegava ao país tinha que cumprir um período de quarentena, que chegou a ser de três semanas, em instalações designadas. O número de voos internacionais foi reduzido até 2 por cento face ao período anterior à pandemia.

A ligação aérea directa entre Portugal e a China passou a ser feita apenas uma vez por semana. Até ao início da pandemia, o voo realizava-se três vezes por semana.

14 Mar 2023

Nuclear | China adverte Austrália, EUA e Reino Unido após acordo sobre submarinos

A China avisou ontem que os Estados Unidos, Austrália e Reino Unido continuam num “caminho errado e perigoso”, após Camberra anunciar a compra de submarinos norte-americanos movidos a energia nuclear para modernizar a sua frota.

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Wang Wenbin disse que o acordo, designado AUKUS – acrónimo para Austrália, Reino Unido e Estados Unidos – é resultado de uma “mentalidade típica da Guerra Fria” que “vai apenas motivar uma corrida armamentista, prejudicar o regime internacional de não-proliferação nuclear e prejudicar a estabilidade e a paz regional”.

“A última declaração conjunta emitida pelos EUA, Reino Unido e Austrália mostra que os três países estão a seguir um caminho errado e perigoso para os seus próprios interesses geopolíticos, ignorando completamente as preocupações da comunidade internacional”, disse Wang, em conferência de imprensa.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, voou para San Diego, no estado da Califórnia, para se encontrar com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak.

Os três líderes saudaram a parceria nuclear que vai dar à Austrália acesso a submarinos movidos a energia nuclear, que são mais furtivos e mais capazes do que navios movidos convencionalmente.

A medida é vista como resposta ao crescente músculo militar da China na região da Ásia Pacífico.
Biden enfatizou que os navios não vão transportar armas nucleares de nenhum tipo. Albanese disse que não acha que o acordo seja susceptível de azedar o relacionamento entre a Austrália e a China.

Wang repetiu as alegações da China de que o AUKUS representa um “grave risco de proliferação nuclear” e uma “violação do objecto e propósito do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares”.

“Os três países afirmam que cumprirão os mais altos padrões de não-proliferação nuclear, o que é puro engano”, disse Wang, acusando os três de “coagir” a Agência Internacional de Energia Atómica a dar a sua aprovação.

Pactos desagradáveis

O AUKUS é um dos vários acordos e parcerias de segurança liderados pelos Estados Unidos que provocaram a ira da China.

Juntamente com a Rússia, a China denunciou também o Quad, uma aliança militar que inclui Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos, cujos ministros dos Negócios Estrangeiros afirmaram, no início deste mês, que pretendem ser uma alternativa à China.

A China também foi abalada por um acordo entre Washington e as Filipinas, que dá às forças dos EUA maior acesso às bases filipinas ao longo do que é designada “primeira cadeia de ilhas”, a chave para a China projectar o seu poder na região.

Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, alertou Washington para possíveis “conflitos e confrontos”, se os EUA não mudarem de rumo.

14 Mar 2023

Oncologia | Tumores ginecológicos afectam mulheres mais jovens

Os cancros ginecológicos estão a afectar cada vez mulheres mais novas. O alerta foi deixado por Yao Shixian, médico do Departamento de Ginecologia Oncológica do Hospital Kiang Wu, que apelou à população feminina para realizar exames regularmente.

O apelo foi feito na segunda-feira, durante o Encontro de Ginecologia Oncológica do Hospital Kiang Wu 2023, que reuniu em Macau médicos locais, de Hong Kong e do Interior. Ao avaliar as tendências deste tipo de cancro que afecta o sistema reprodutor feminino, Yao reconheceu que as pacientes são cada vez mais jovens. Porém, indicou ainda que os tumores tendem a ser detectados em fases preliminares, o que contribui para uma maior taxa de sucesso no tratamento das doenças.

Ainda assim, Yao Shixian deixou o aviso que no caso de as jovens detectarem um fluxo anormal de sangue no sistema reprodutor devem deslocar-se a uma unidade hospitalar o mais depressa possível para serem examinadas.

Por sua vez, Chan Tai Ip, vice-director do Hospital Kiang Wu, vincou que o problema dos tumores ginecológicos não são apenas um drama para a paciente, mas que também afectam toda a família ao terem impacto na “harmonia familiar” e poderem impedir a função reprodutora.

Mesmo sem apresentado dados, de acordo com a informação citada pelo jornal Va Kio, Chan indicou ainda que nos últimos anos, apesar de ter havido um aumento do número de pacientes com tumores ginecológicos, os resultados dos tratamentos são cada vez mais assinaláveis.

14 Mar 2023

Haitong Bank | Sucursal em Macau “importante” nos lucros

O Haitong Bank anunciou ontem que, no ano passado, triplicou os lucros, que atingiram os 11,2 milhões de euros. O banco sublinhou que a sucursal de Macau e o escritório de representação em Paris, aberto recentemente, registaram “uma contribuição importante” para a criação de novos negócios. Em comunicado, o Haitong Bank – antigo Banco Espírito Santo Investimento – revelou que o resultado líquido conseguido, tendo em conta os 3,6 milhões alcançados em 2021, confirma “a consistência de resultados positivos no difícil período de 2020-2022”.

Depois de um primeiro semestre de 2022 “marcado pela incerteza”, a actividade do Banco registou uma recuperação durante o segundo semestre, “com a contribuição das áreas de Fixed Income e M&A, resultante do ressurgimento da actividade de renda fixa no Brasil e do aumento da actividade com clientes chineses”, explica.

O Produto Bancário Total alcançou os 74 milhões de euros, o que representou uma queda homóloga de 17 por cento face aos 89 milhões de euros de 2021.

Os custos operativos subiram para 61 milhões de euros, refere o Haitong Bank, acrescentando que “o estrito controlo” dos custos permitiu que o banco alcançasse um resultado operacional de 13 milhões de euros em 2022, apesar da descida da receita líquida.

O activo total cresceu 24 por cento, para 3,4 mil milhões de euros e a carteira de crédito aumentou 24 por cento face a Dezembro de 2021, atingindo 772 milhões de euros. Na nota de divulgação de resultados, o Haitong Bank referiu ainda que tomou medidas adicionais para diversificar as suas fontes de financiamento, aumentando a maturidade do passivo e reduzindo o seu custo.

14 Mar 2023

Autocarros | Recusada isenção de pagamento de tarifa

O Governo recusa a hipótese de reduzir para 60 anos a idade de isenção do pagamento da tarifa dos autocarro públicos. A possibilidade foi afastada por Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), em resposta a uma interpelação do deputado Nick Lei.

“O ajustamento dos benefícios das tarifas de autocarros para as pessoas com idades de 60 a 64 anos envolve o consenso da sociedade, o uso do erário público e a definição de políticas, sendo que o Governo da RAEM não tem, neste momento, qualquer plano em concreto nesse sentido”, respondeu Lam Hin San na resposta a Nick Lei.

O legislador ligado à comunidade de Fujian tinha defendido a redução da idade de isenção, na sequência de um estudo elaborado em Hong Kong que sugeria uma medida semelhante. Actualmente, a isenção aplica-se às pessoas a partir dos 64 anos idade, que através de um passe de autocarro cor-de-rosa deixam de pagar o bilhete.

Nick Lei pretendia igualmente saber se o Grupo Interdepartamental do Mecanismo de Protecção dos Idosos tinha discutido o assunto. A questão ficou por responder: “O IAS salientou que o Governo da RAEM criou um Grupo Interdepartamental do Mecanismo de Protecção dos Idosos, composto por membros de vários serviços públicos”, limitou-se a escrever o director da DSAT, sem revelar o conteúdo de trabalho do grupo.

14 Mar 2023

Covid-19 | Japão deixa de recomendar uso da máscara

O Japão retirou ontem a recomendação para o uso da máscara em locais fechados, uma das últimas medidas impostas desde o início da pandemia de covid-19, mas a maioria da população continua a utilizar máscaras.

“A partir de hoje, o uso de máscara é deixado a uma decisão individual. Não estamos a forçar ninguém a usá-la ou tirá-la”, disse o primeiro-ministro, Fumio Kishida, aos jornalistas ao chegar ao seu escritório, sem máscara.

Apesar de reconhecer que “haverá mais ocasiões” em que não irá usar máscara, Kishida pediu aos japoneses que coloquem máscaras perto de pessoas vulneráveis para protegê-las dos riscos de infecção. O uso de máscara nunca foi legalmente obrigatório no país e o fim da recomendação para a sua utilização em locais fechados surge numa altura em que o governo do Japão pretende estimular a economia.

No entanto, num país onde a pressão social é extremamente forte, a maioria da população continua a utilizar máscara, mesmo em locais abertos, uma recomendação abandonada pelas autoridades no Verão de 2022.
Restaurantes, lojas e companhias aéreas removeram sinais que pediam aos clientes que usassem máscaras, mas muitos funcionários continuam a utilizar máscaras para mostrar consideração pelos clientes e outras pessoas que precisam de proteção.

Já presente no arquipélago antes da pandemia, sobretudo em períodos de gripes sazonais ou alergias, a máscara tornou-se indispensável desde o início de 2020, quando o novo coronavírus foi detectado no país.

O Japão registou cerca de 73 mil mortos desde o início da pandemia, para uma população de 125 milhões, um número inferior ao de muitos outros países, que alguns peritos atribuem ao uso generalizado de máscaras e ao encerramento prolongado das fronteiras.

14 Mar 2023

Assédio sexual | Mais de vinte denúncias na indústria do cinema japonês

Um total de 22 pessoas, a maioria mulheres, sofreram agressões ou assédio sexual por parte de produtores ou realizadores da indústria cinematográfica no Japão, segundo uma investigação ontem publicada.

Os dados da pesquisa, divulgados pela organização Japanese Film Project – que se dedica a investigar questões de género e condições de trabalho na indústria cinematográfica japonesa -, foram recolhidos entre Março e Junho de 2022.

Foi recebido um total de 658 respostas de diferentes trabalhadores da indústria de diversos sectores, como gestão, produção e actuação e das quais 22 pessoas relataram ter sofrido assédio sexual ou outros tipos de abuso. Na secção de comentários, algumas pessoas afirmaram terem sido apalpadas durante as festas por membros mais velhos da equipa, chegando a ter “relacionamentos forçados” e medo de sofrer ameaças em caso de recusa. Outras pessoas disseram que tiveram de fazer gravações de conteúdo sexual sob coação.

A maioria das mulheres entrevistadas descreveram casos em que as próprias ou outras colegas sofreram, enquanto os homens relataram casos que testemunharam ou sobre os quais foram informados.

“São muitos casos para poder contá-los. Isso é aceite no meio e sinto que funciona como uma corrente: as pessoas que sofrem abuso de poder continuam a exercê-lo depois”, explicou outro profissional.

Várias organizações de profissionais do sector têm criticado o domínio masculino da cena cinematográfica japonesa, argumentando que não há mulheres em cargos de decisão.

Em Abril do ano passado, várias actrizes acusaram o cineasta japonês Sion Sono de assediar e tentar obter favores sexuais da maioria das suas protagonistas femininas durante anos, forçando-o a desculpar-se publicamente, embora negasse os factos.

As acusações contra Sono foram reveladas um mês depois de várias mulheres fazerem acusações semelhantes contra outro proeminente cineasta japonês, Hideo Sakaki, na revista Shukan Bunshun, e contra o actor Houka Kinoshita.

14 Mar 2023

Óbito | Nobel da Literatura japonês Kenzaburo Oe morre aos 88 anos

O escritor Kenzaburo Oe morreu na madrugada de 3 de Março de causas naturais, anunciou ontem a editora japonesa do Prémio Nobel da Literatura, Kodansha. Num comunicado, a editora sublinhou que Oe “morreu de velhice” e que a família já realizou, entretanto, o funeral do escritor, um ícone japonês progressista e inconformista.

Nascido em 1935, numa remota aldeia da ilha de Shikoku, no sudoeste do Japão, no meio de uma vasta floresta, cenário que utilizaria frequentemente no seu trabalho, Oe estudou literatura francesa na Universidade de Tóquio. Na sua obra, denunciou incansavelmente a violência infligida aos fracos e manifestou-se contra o conformismo da sociedade japonesa moderna.

Em 1958, ganhou o prestigiado prémio Akutagawa para jovens autores por “A Captura”. A trágica história de um piloto afro-americano capturado por uma comunidade japonesa durante a Segunda Guerra Mundial seria mais tarde adaptada para o cinema por Nagisa Oshima. Oe ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1994, tornando-se o segundo autor japonês a alcançar essa distinção.

Na altura o júri elogiou o escritor como alguém “que, com grande força poética, cria um mundo imaginário onde vida e mito se condensam para formar um quadro confuso da actual frágil situação humana”.

Pouco depois Oe recusou a Ordem da Cultura, uma distinção japonesa atribuída pelo imperador, algo que causou polémica. “Não posso reconhecer nenhuma autoridade, nenhum valor superior à democracia”, justificou.

O escritor foi um ardoroso defensor da causa antinuclear e da constituição pacifista adotada pelo Japão após a Segunda Guerra Mundial. Odiado pelos nacionalistas japoneses, Oe seria processado por difamação, mas absolvido, por ter lembrado no ensaio “Notas de Okinawa” (1970), que civis tinham sido levados ao suicídio por soldados japoneses durante a Batalha de Okinawa em 1945.

14 Mar 2023

Óscares | Michelle Yeoh faz história ao ganhar estatueta de melhor actriz

Pela primeira vez na história dos Óscares uma actriz asiática conquista o Óscar de Melhor Actriz principal. Michelle Yeoh, de origem malaia, ganhou o prémio pelo seu papel no filme “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, um dos grandes vencedores da noite, também considerado o Melhor Filme. Brendan Fraser, protagonista de “A Baleia”, foi o Melhor Actor

 

Foram precisos muitos anos para que uma actriz asiática subisse ao palco dos Óscares e se sagrasse vencedora na categoria de Melhor Actriz principal. Michelle Yeoh fê-lo na 95.ª edição dos Óscares, na noite deste domingo [hora dos EUA], pelo seu papel em “Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, destronando outros nomes favoritos, nomeadamente Cate Blanchett, que concorria pelo seu papel de Lydia Tár em “Tár”, Ana de Armas, em “Blonde”, Andrea Riseborough, em “Para Leslie”, e Michelle Williams, em “Os Fabelmans”, de Steven Spielberg.

No discurso de aceitação do Óscar, Michelle Yeoh dedicou o prémio “a todos os pequenos rapazes e raparigas que me estão a ver esta noite, isto é um farol de esperança e de possibilidades”. “É a prova de que os sonhos sonhados são grandes e que se tornam realidade. Dedico-o à minha mãe, a todas as mães do mundo, porque são verdadeiros super-heróis, e sem elas nenhum de nós estaria aqui esta noite”, acrescentou.

Brendan Fraser recebeu o Óscar de Melhor Actor pelo desempenho em “A Baleia”, de Darren Aronofsky, filme que já esteve em exibição na Cinemateca Paixão. A interpretação de Fraser já recebera este ano o prémio do Sindicato dos Actores, entre outras distinções. Para o Óscar de Melhor Actor estavam nomeados Austin Butler, por “Elvis”, Colin Farrell, por “Os Espíritos de Inisherin”, Paul Mescal, por “Aftersun”, e Bill Nighy, por “Viver”.

O grande vencedor

“Tudo ao Mesmo Tempo em Todo o Lado”, da dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert, conhecida como “Os Dois Daniéis”, teve 11 nomeações e venceu grande parte delas, nomeadamente a de Melhor Argumento, Melhor Filme, Melhor Actor Secundário, com Ke Huy Quan, o segundo asiático na história dos Óscares a ganhar nesta categoria, e Melhor Actriz Secundária, com Jamie Lee Curtis.

O filme foi o mais premiado desde “Quem Quer Ser Bilionário”, em 2008. Michelle Yeoh considerou, à saída da cerimónia, que este foi “um momento histórico que quebrou o tecto de vidro” com um movimento de Kung-Fu. “Isto é para todos os que foram identificados como minorias”, considerou a actriz. “Nós merecemos ser ouvidos, merecemos ser vistos e ter oportunidades iguais, para podermos ter um lugar à mesa”, continuou. “Deixem-nos provar que nós valemos a pena”.

Urgindo todos os que têm sonhos a “acender esse fogo na alma”, Yeoh, de 60 anos, também mandou um recado aos que têm preconceitos contra as mulheres após uma certa idade. “Não deixem que vos ponham dentro de uma caixa, que vos digam que já não estão no auge”, afirmou.

A importância da representação e reconhecimento de actores asiáticos também foi abordada por Ke Huy Quan, que ganhou um Óscar depois de andar afastado da indústria durante décadas por falta de oportunidades.

“Quando comecei a representar em criança, lembro-me de o meu agente me dizer que seria mais fácil se eu tivesse um nome que soasse americano”, disse Ke Huy Quan. Foi por isso que na fase inicial da carreira o seu nome aparecia como Jonathan Ke Quan. “Quando decidi voltar à representação há três anos, a primeira coisa que quis fazer foi regressar ao meu nome de nascimento”, explicou.

Quan foi o vencedor mais exuberante da noite na sala de entrevistas, para onde entrou aos saltos e a gritar de alegria. “Conseguem acreditar que estou a segurar uma [estatueta] destas na mão?”, perguntou. “Isto é tão surreal”.

Pelos bastidores também passaram os ‘dois Daniéis’, que levaram ainda para casa a estatueta Melhor Realização, batendo Steven Spielberg. “Estamos numa crise de saúde mental, em especial a geração mais jovem, que não tem muito por que ansiar”, disse o co-realizador Daniel Kwan. “Há uma desolação que se infiltra”, referindo que ele próprio passou por tempos muito difíceis na adolescência.

“O poder radical e transformador da alegria, do absurdo e de perseguir a nossa felicidade é algo que quero trazer às pessoas”, disse, “e este filme é um tiro de alegria, absurdo e criatividade”.

O produtor Jonathan Wang acrescentou que a intenção da equipa era que o filme culminasse num abraço caloroso, apesar de ser uma história de caos. “Decidimos dedicar a nossa vida a fazer filmes que são bons e que levam a algo bom, e não apenas a algo que vai obter atenção”, afirmou.

A história de “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” oscila entre o absurdo e o fantástico, centrando-se numa imigrante chinesa de meia-idade (“Evelyn Wang”) que se vê atirada para uma aventura em múltiplos universos e linhas temporais.

Quase lá

A Melhor Longa-Metragem de Animação acabou por ser “Pinóquio”, de Guillermo del Toro, mas estes Óscares foram marcantes para o cinema português pelo facto de “Ice Merchants”, de João Gonzalez, ter sido o primeiro filme de sempre a ser nomeado. Guillermo Del Toro disse que o filme é uma afirmação da animação como arte e dos animadores como artistas. “Esta é uma forma de arte que tem sido mantida comercial e industrialmente na mesa das crianças por demasiado tempo”, disse Guillermo Del Toro nos bastidores dos Óscares, após vencer a estatueta.

“É na verdade uma forma de arte madura, expressiva, bonita e complexa”, afirmou o realizador, que estava extático com a vitória. Usando a técnica ‘stop motion’ e não ‘live action’, o filme da Netflix afirmou-se com uma história que diverge do conto infantil escrito por Carlo Collodi e das várias adaptações que se seguiram.

Del Toro disse, na sala de entrevistas, que o Óscar é um triunfo desta técnica, que considerou ser “uma das formas mais democráticas de animação”. “Era muito importante para mim ter a oportunidade de dizer que a realização, escrita, direcção de arte e design de produção, tudo o que fazemos na animação é análogo, tão ou mais complexo que ‘live action’”, referiu o cineasta.

Del Toro, que fez várias piadas e deu algumas respostas em espanhol na sala de entrevistas, também disse ser importante que a animação tenha sido feita por pessoas “a quem foi prometido serem tratadas como artistas e não como técnicos”.

Sobre o impacto da história em si, o cineasta mexicano disse que o filme tem vários aspectos reversos e significativos. “Um dos mais importantes é que não é uma criança a aprender a ser um menino de verdade, mas um pai a aprender um pai de verdade”, disse. “É uma lição urgente no mundo”.

O realizador acrescentou que o filme também mostra uma urgência de desobedecer. “Estamos a dizer que a desobediência não é apenas necessária, é uma virtude urgente no mundo”. É “um pai imperfeito e um filho imperfeito”, descreveu, que representam a forma como podemos amar-nos uns aos outros com “os nossos falhanços, defeitos e a nossa humanidade”.

14 Mar 2023

Xi Jinping enfatiza segurança e autossuficiência tecnológica

Xi Jinping enfatizou ontem a necessidade de fortalecer a segurança nacional e promover a “autossuficiência tecnológica”, no seu primeiro discurso após assumir um inédito terceiro mandato como presidente da China.

“A segurança é a base do desenvolvimento”, afirmou o líder chinês, no discurso de encerramento da sessão plenária da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China. “A estabilidade é um pré-requisito para a prosperidade”, acrescentou Xi, perante os quase três mil delegados reunidos no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Xi Jinping obteve, na sexta-feira, um inédito terceiro mandato como chefe de Estado. Foi nomeado sem nenhum voto contra dos delegados da APN. Analistas apontam para o culminar de uma era iniciada por Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que abriram a China ao mundo, nos anos 1980.

A “segurança e controlo”, em detrimento do desenvolvimento económico, parecem agora orientar as decisões políticas de Pequim, numa altura de crescentes tensões com os Estados Unidos e vários países vizinhos, suscitadas por disputas territoriais, comerciais e tecnológicas.

Sem dependências

O líder chinês disse que o país “deve trabalhar para alcançar maior autossuficiência tecnológica”, depois de os EUA, em coordenação com outros países, terem aumentado as restrições no fornecimento à China de componentes essenciais para a produção de alta tecnologia.

“A China deve criar um novo modelo de desenvolvimento” e “promover a transformação industrial”, defendeu Xi. O líder chinês pediu uma “implementação da estratégia para revitalizar a China através da ciência e tecnologia” e o “avançar na coordenação do desenvolvimento urbano e rural”.

Na semana passada, Pequim anunciou uma reforma do ministério da Ciência e Tecnologia, com o objectivo de “melhorar a eficiência e autossuficiência tecnológica”, visando combater a “contenção externa”. O órgão reformulado transferirá funções como a formulação de políticas tecnológicas para o sector agrícola para outros ministérios, a fim de “desempenhar um papel maior” na “conquista de avanços tecnológicos”, de acordo com a imprensa oficial.

14 Mar 2023

PM chinês promete “mais espaço” para sector privado

O novo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, prometeu ontem criar um “ambiente melhor” e um “espaço mais amplo” para as empresas privadas se desenvolverem, depois de uma campanha regulatória ter punido várias grandes tecnológicas do país.

“Vamos intensificar os esforços para promover um ambiente de negócios internacionalizado e orientado para o mercado”, afirmou Li, na sua primeira conferência de imprensa, após ser nomeado primeiro-ministro, durante a sessão plenária da Assembleia Popular Nacional, o órgão máximo legislativo da China.

“Todas as empresas vão ser tratadas como iguais e os direitos de propriedade e os direitos e interesses dos empresários vão ser protegidos, de acordo com a lei”, acrescentou.

A comunidade empresarial na China foi fortemente atingida, no ano passado, pela política de ‘zero casos’ de covid-19, que resultou no bloqueio de cidades inteiras, ao longo de semanas ou meses. A campanha de “propriedade comum”, que resultou na imposição de multas recorde a algumas das maiores empresas do sector privado, suscitou preocupações de que Pequim esteja a estatizar a economia.

A economia chinesa cresceu 3 por cento, em 2022, longe da meta inicial de 5,5 por cento, e o ritmo mais lento desde os anos 1970. “Os governos a todos os níveis devem desenvolver laços de amizade com os empresários e construir um bom ambiente de negócios”, disse Li Qiang.

Crescer com qualidade

Grupos empresariais estrangeiros queixam-se frequentemente da falta de acesso ao mercado, obstáculos regulatórios e concorrência desleal, face às firmas estatais chinesas. Em particular, apontam a existência de leis “diferentes” para as empresas estrangeiras e domésticas, o que resulta em “descriminação” e “tratamento desigual”.

De acordo com o novo primeiro-ministro, a China vai criar um “campo nivelado” para “todos os tipos de entidades empresariais”. O compromisso da China com o desenvolvimento do sector privado é “inequívoco e firme”, realçou.

Li Qiang garantiu que as autoridades vão esforçar-se por “garantir que o crescimento, o emprego e os preços permanecem estáveis” e que o país “vai conseguir novos avanços no desenvolvimento de alta qualidade”. O primeiro-ministro lembrou que o desenvolvimento da China é “apoiado por múltiplas vantagens”, como um “grande mercado, sistema industrial completo, recursos humanos abundantes, uma base sólida para o desenvolvimento e, o mais importante, a sua força institucional”.

14 Mar 2023