Hoje Macau China / ÁsiaPresidente diz que novo Governo timorense deve tomar posse a 18 de Junho O Presidente timorense disse ontem que gostaria que o IX Governo constitucional tome posse a 18 de junho, considerando “natural” a aliança entre o CNRT e o PD, terceira força, para a formação de uma maioria parlamentar. “A aliança entre o CNRT [Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT)] e o PD [Partido Democrático )PD)] era de esperar. É uma coligação natural, uma aliança natural”, disse José Ramos-Horta em declarações à Lusa em Jeju, na Coreia do Sul, onde está em visita. “Não via alguma outra opção para o CNRT, dado o historial das relações entre o CNRT e os outros partidos no parlamento”, disse. O chefe de Estado referia-se à aliança entre o CNRT, que conquistou 31 cadeiras nas eleições legislativas de 21 de Maio, e o PD, que conquistou seis, formando uma ampla maioria de 37 dos 65 lugares do parlamento nacional. Na oposição, nesse cenário, ficam as outras três forças com assento parlamentar, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), o Partido Libertação Popular (PLP) e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), que sustentam o actual executivo. Ramos-Horta destacou o facto do PD ter já “grande experiência acumulada” ao longo dos últimos 20 anos, tanto em vários Governos, como no parlamento, referindo-se aos laços entre os quadros médios e superiores dos dois partidos. “Os quadros superiores e médios do PD são praticamente da mesma geração que os do CNRT. Cresceram no tempo indonésio, estudaram na Indonésia, alguns fizeram parte da Renetil [ala juvenil da resistência] e da rede clandestina”, notou. Antes que o processo de formação do Governo seja concluído, é ainda necessária a validação dos resultados eleitorais pelo Tribunal de Recurso, processo que pode estar concluído ainda esta semana e, posteriormente, a tomada de posse dos novos deputados. Este último processo tem estado a causar alguma polémica com as bancadas do actual executivo Governo a defenderem que os novos deputados só deveriam tomar posse em Setembro, data que marcaria o final da actual legislatura. Em causa estão diferentes interpretações da Constituição, de outros diplomas e do regimento do Parlamento Nacional, documento que não tem a força de lei. Ramos-Horta rejeita a posição da actual maioria de que os deputados só poderão tomar posse em Setembro e remete para as eleições de 2018, notando que as eleições decorreram a 12 Maio e a legislatura começou a 12 de Junho. “O presidente do Parlamento é uma pessoa com sentido de estado e responsabilidade. Sabe que é necessário a nova legislatura começar o mais rapidamente possível e haver uma transição, para que o parlamento possa começar o seu trabalho o mais rapidamente possível. Uma transição com dignidade, sobretudo face à mensagem muito clara do eleitorado. Não se pode esperar mais”, disse ontem Ramos-Horta à Lusa. Tudo a postos “A expectativa é que a tomada de posse do governo ocorra muito rapidamente. Logo a seguir à tomada de posse dos deputados, tenho que receber o líder do partido mais votado, ou da maioria parlamentar. E logo a seguir quero o governo formado”, afirmou. “Antes de 18 de junho temos o Governo formado”, disse. O chefe de Estado manteve na semana passada uma reunião preliminar com o líder do CNRT e próximo primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que disse estar já “preparado”, incluindo com “muito trabalho de várias semanas no programa do Governo, que começou antes mesmo das eleições”. “Que eu saiba, não quer um Governo grande. Talvez com um máximo 30 pessoas entre ministros e vices e secretários de Estado. E está seriamente comprometido a fazer transformações positivas. Está animado para dialogar com todos”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaIndústria transformadora | Actividade voltou a contrair em Maio A actividade da indústria transformadora da China voltou a contrair em Maio, de acordo com dados oficiais divulgados ontem, ilustrando a recuperação débil da segunda maior economia mundial, após o fim da estratégia ‘zero covid’. O índice de gestores de compras, elaborado pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) da China, fixou-se nos 48,4 pontos, em Maio. Quando se encontra acima dos 50 pontos, este indicador sugere uma expansão do sector, enquanto abaixo dessa barreira pressupõe uma contração da actividade. O índice é tido como um importante indicador da evolução da segunda maior economia do mundo. Trata-se da segunda vez este ano que aquele indicador regista uma contração da actividade, depois de se ter fixado nos 49,2 pontos em Abril. A indústria chinesa foi prejudicada pela queda na procura global, depois de os bancos centrais dos Estados Unidos, Europa e países asiáticos terem subido as taxas de juro, visando travar a inflação galopante. O GNE publicou ainda o índice de gestores de compras para o sector não transformador, incluindo construção e serviços. Os gastos dos consumidores chineses recuperaram em Maio, impulsionados pelos três dias de feriado, por ocasião do Dia do Trabalhador. Os subsectores dos transportes ferroviário e aéreo, alojamento e restauração mantiveram-se em expansão, enquanto a actividade no mercado imobiliário caiu. A recuperação do consumo foi impulsionada pelo fim da política de ‘zero casos’ de covid-19, que vigorou ao longo de quase três anos na China. Mas a recuperação do consumo foi mais fraca do que o esperado e os analistas estão a rever em baixa as suas expectativas para a economia. Os bancos de investimento Nomura e Barclays cortaram já as previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da China em 2023.
Hoje Macau China / ÁsiaMNE | Pequim vai manter “medidas necessárias” após manobras com caça A China vai continuar a tomar as “medidas necessárias” para “salvaguardar a sua segurança”, após o Pentágono ter revelado que um caça chinês realizou manobras consideradas desnecessárias e agressivas para interceptar um avião de reconhecimento norte-americano. “As operações de reconhecimento dos EUA acontecem há muito tempo e violam a segurança e a soberania da China. Estas acções são a fonte dos problemas de segurança marítima”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Mao Ning, em conferência de imprensa. Mao acrescentou que a China vai continuar a “tomar todas as medidas necessárias” para “salvaguardar resolutamente a sua soberania e segurança”. Nos vídeos difundidos pelo Comando para o Indo-Pacífico dos Estados Unidos, o avião chinês, um J-16, é visto a voar nas proximidades do avião norte-americano, um RC-135, modelo normalmente utilizado para vigilância. O evento ocorreu no dia 26 de Maio, quando o piloto chinês se posicionou bem à frente do RC-135, que foi forçado a voar através da turbulência provocada pelo caça chinês. Segundo os EUA, o seu avião “estava a realizar operações seguras e de rotina no espaço aéreo internacional sobre o Mar do Sul da China, de acordo com o direito internacional”. Na mesma nota, o Comando para o Indo-Pacífico dos Estados Unidos assegurou que os EUA “vão continuar a voar, navegar e operar com segurança e responsabilidade onde quer que os regulamentos internacionais o permitam”, incluindo na região do Indo-Pacífico.
Hoje Macau China / ÁsiaPCC alerta para riscos da inteligência artificial O Partido Comunista Chinês (PCC) alertou ontem para os riscos inerentes aos avanços na inteligência artificial (IA) e pediu um reforço das medidas de segurança nacional. Durante uma reunião com altos quadros do Partido, o secretário-geral, Xi Jinping, pediu “esforços dedicados para salvaguardar a segurança política e melhorar a governação da segurança dos dados da Internet e da inteligência artificial”, de acordo com um despacho difundido pela agência noticiosa oficial Xinhua. Xi, que é também o chefe de Estado da China, o comandante das Forças Armadas e o líder da Comissão de Segurança Nacional do PCC, pediu às autoridades chinesas que se “mantenham profundamente cientes das complexas circunstâncias e dos desafios que a segurança nacional enfrenta”. A China precisa de um “novo padrão de desenvolvimento, com uma nova arquitectura de segurança”, afirmou Xi, citado pela Xinhua. As declarações do líder chinês surgem um dia depois de um alerta feito por cientistas e líderes da indústria tecnológica nos EUA, incluindo executivos da Microsoft e Google, sobre os perigos que a inteligência artificial representa para a humanidade. “Mitigar o risco de extinção pela IA deve ser uma prioridade global, em conjunto com outros riscos, como pandemias e guerra nuclear”, afirmou o comunicado. Mantendo o controlo O Governo chinês lançou também uma campanha regulatória, visando reafirmar o controlo político sobre o sector tecnológico, mas, como outros países, está a ter dificuldades em encontrar formas de regular novas tecnologias em rápido desenvolvimento. A reunião do PCC enfatizou a necessidade de “avaliar riscos potenciais, tomar precauções, salvaguardar os interesses do povo e a segurança nacional e garantir a segurança, fiabilidade e capacidade de controlo da IA”, noticiou o jornal oficial Beijing Youth Daily. As preocupações suscitadas pela perda de controlo sobre sistemas de inteligência artificial intensificaram-se com o surgir de uma nova geração de programas projectados para simular conversas humanas, como o ChatGPT. Sam Altman, director executivo da OpenAI, que desenvolveu o ChatGPT, e Geoffrey Hinton, um cientista da computação conhecido como o padrinho da inteligência artificial, estão entre as centenas de figuras importantes que assinaram a declaração emitida na terça-feira. A China alertou já em 2018 sobre a necessidade de regular a IA, mas mesmo assim financiou uma vasta expansão do sector como parte dos esforços para desenvolver as indústrias do futuro.
Hoje Macau China / ÁsiaAutomóveis | Ministro da Indústria e Musk falam sobre futuro Jin Zhuanglong e Elon Musk estiveram à conversa, ontem em Pequim, para abordar em conjunto o desenvolvimento do sector de veículos eléctricos com ligação a redes inteligentes O ministro da indústria da China, Jin Zhuanglong, e o director executivo da Tesla, Elon Musk, “trocaram opiniões” sobre o desenvolvimento de veículos eléctricos e conectados a “redes inteligentes”, durante um encontro realizado ontem em Pequim. A reunião decorreu numa altura em que o Partido Comunista Chinês está a tentar reavivar o interesse dos investidores estrangeiros no país, face à recuperação da economia chinesa, após o fim da estratégia ‘zero covid’. As empresas estrangeiras dizem estar preocupadas com a falta de clareza, depois de a polícia ter realizado incursões aos escritórios de consultoras, e com a crescente tensão entre Pequim e Washington. Um inquérito da Câmara de Comércio Britânica na China revelou que cerca de 70 por cento das empresas “estão à espera para ver” como a situação política no país se desenvolve antes de tomarem decisões sobre novos investimentos. Jin Zhuanglong e Musk “trocaram opiniões sobre o desenvolvimento de novos veículos movidos a energia eléctrica e veículos inteligentes conectados em rede”, de acordo com um comunicado difundido pelo ministério da Indústria e Tecnologia de Informação da China. O comunicado não adiantou mais detalhes. No ano passado, foram vendidos na China quase seis milhões de carros eléctricos – mais do que em todos os outros países do mundo juntos. A dimensão do mercado chinês propiciou a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng, que ameaçam agora o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas. A China foi também o local da primeira fábrica da Tesla fora dos Estados Unidos. Gémeos siameses Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, disse a Musk que o mercado de veículos eléctricos da China “tem amplas perspectivas de desenvolvimento”, de acordo com um comunicado do ministério. “A modernização da China traz potencial de crescimento e procura sem precedentes, e isso inclui a indústria de veículos movidos a nova energia. A China vai continuar a promover a abertura de alto nível e permanecerá comprometida em criar um ambiente de negócios internacional, com base na lei e orientado para o mercado, para empresas de todo o mundo, incluindo a Tesla”, acrescentou Qin Gang. A Tesla abriu a primeira fábrica de automóveis de propriedade totalmente estrangeira na China em 2019, depois de Pequim ter levantado algumas restrições à propriedade, visando impulsionar a concorrência e acelerar o desenvolvimento da indústria. Segundo o comunicado do ministério, Musk disse que a Tesla está disposta a expandir os seus negócios na China e que “se opõe à desassociação”, numa referência aos receios de que o mundo se divida em vários mercados, com produtos incompatíveis, como resultado das crescentes fricções entre Pequim e Washington. “Os interesses dos EUA e da China estão entrelaçados como gémeos siameses”, disse Musk, durante o encontro com Qin Gang. A fábrica da Tesla em Xangai produziu mais de 710 mil veículos, em 2022, representando pouco mais de metade das vendas globais da empresa. Em Abril, a Tesla anunciou que ia abrir uma nova fábrica em Xangai para produzir os seus “Megapacks”, as baterias de armazenamento de energia usadas para estabilizar redes eléctricas e evitar apagões.
Hoje Macau Via do MeioXunzi 荀子 – Elementos de ética, visões do Caminho Da Nomeação Correcta, Parte VIII A vida é aquilo que as pessoas mais desejam e a morte é aquilo que as pessoas mais desprezam. No entanto, quando as pessoas desistem da vida e concretizam a sua própria morte, tal não é por não desejarem a vida e, ao invés, preferirem a morte. Ao contrário, tal se deve a não apreciarem viver em certas circunstâncias, mas aceitarem morrer nelas. Assim, quando o desejo é excessivo, mas a acção não lhe corresponde, tal resulta de o coração o impedir. Se aquilo que o coração aprecia se conforma com os padrões apropriados, mesmo que os desejos sejam muitos, como poderia isso perturbar a boa ordem? Quando o desejo está ausente, mas a acção o ultrapassa, tal resulta de o coração a compelir. Se aquilo que o coração aprecia é falho de padrões apropriados, então, mesmo que os desejos sejam poucos, como impedi-lo de cair no caos? Assim, ordem e desordem residem naquilo que o coração aprecia, não nos desejos que decorrem das nossas disposições. Se não as procurares onde residem e as procurares onde não estão presentes, então, mesmo que dissesses “Compreendi-as”, simplesmente lhes terias passado ao lado. A natureza humana é a realização do Céu. As disposições são a disposição da natureza. Os desejos são as respostas das disposições às coisas. Ver os objectos de desejo como sendo permissíveis de obter e buscá-los são coisas que as disposições não conseguem evitar. Considerar algo permissível e capaz de nos guiar é o que o entendimento deve fornecer. Assim, mesmo que fossemos um porteiro [dos sentidos], os desejos não poderiam ser eliminados, porque são o necessário equipamento da natureza. Mesmo que fossemos o Filho do Céu, os nossos desejos não poderiam ser completamente satisfeitos. Apesar dos desejos não possam ser completamente satisfeitos, é possível chegarmos perto da satisfação completa. Apesar dos desejos não poderem ser eliminados, a nossa busca [por eles] pode ser regulada. Apesar de aquilo que é desejado não poder ser completamente obtido, o buscador poder aproximar-se da satisfação completo. Quando o Caminho avança, é quando nos aproximamos da satisfação completa. Quando [o Caminho] recua, então regulamos o nosso buscar. Nada há comparável [ao Caminho] entre a totalidade das coisas debaixo do Céu. Ninguém deixa de seguir o que aprecia e de abandonar aquilo que não aprecia. Saber que nada há maior que o Caminho e mesmo assim não seguir o Caminho – não se conhecem casos disso. Imaginemos uma pessoa que não tem muito desejo de seguir para sul, mas tem não pouca aversão de seguir para norte. Como se daria que, por causa da impossibilidade de seguir completamente para sul, partisse do sul para seguir para norte? Ora, no caso das pessoas que não têm grande desejo por uma coisa, mas têm não pouca aversão por outra coisa, como fariam, na impossibilidade de satisfazerem completamente os seus desejos, para abandonar o modo de satisfazer os seus desejos e, em vez disso, aceitarem aquilo de que não gostam. Assim, para quem aprecia o Caminho e o segue, como poderia o diminuir das coisas conduzir à desordem? E, para quem não aprecia o Caminho, como podia o aumentar das coisas conduzir à ordem? Assim, aqueles que são sábios ajuízam o Caminho e isso é tudo – e as coisas a que as escolas inferiores almejam nas suas preciosas doutrinas entrarão todas em declínio. Nota Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE – 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.
Hoje Macau Via do MeioFalando sobre as raízes da sabedoria – Cai Gen Tan 菜根譚 Tradução de André Bueno (continuação) 261. Quem vive na margem de um rio se acostuma com o barulho da água, e não o escuta mais; assim, é possível ter tranqüilidade perto da confusão. As montanhas são altas, mas não impedem a passagem das nuvens; assim, se aprecia o mistério da transformação das coisas. 262. As montanhas e os bosques são paisagens belíssimas, mas quando as pessoas se encantam com elas, se transformam em feiras. Livros e pinturas são objetos apreciáveis, mas quando as pessoas os valorizam, se transformam em mercadorias. Um coração, livre dos desejos de fama e riqueza, transforma a Terra numa residência imortal; Mas um coração, sempre cheio de desejos, faz com que até um paraíso seja um mar de lágrimas. 263. No meio do barulho e da confusão, a tranqüilidade da mente se dispersa e se perde; Em meio à paz e a tranqüilidade, o que se perdeu regressa, e o que foi esquecido é lembrado; Entre a calma e a agitação há pouca diferença, mas entre a ignorância e a sapiência, há uma diferença enorme. 264. Deitado na minha cabana nas montanhas, a neve cai, as nuvens voam ao meu redor no ar da noite; apenas com meu copo de vinho na mão, recitarei poemas ao vento, sob a luz da lua, e estarei longe de tudo*. *[No Original: ‘Estarei a dez mil Zhang (丈= aprox. 3, 3 metros) de toda poeira vermelha’.] 265. Se entre todos os oficiais paramentados, surge um montanhês rude com seu bastão, a cerimônia adquire importância; Se pescadores ou lenhadores fossem acompanhados por um oficial vestido de gala, o grupo ficaria muito estranho; O exagero não é melhor que o simples, o vulgar não é tão bom quanto o refinado. 266. Só é preciso estudar e experimentar o Caminho para se realizar no mundo; não é necessário afastar-se das pessoas, ou fugir da civilização. Para que o coração se realize, use suas habilidades ao máximo, não transforme sua mente em cinzas, nem deprecie o mundo. 267. Se minha vida não está em conflito com o mundo; glória ou desonra, êxito ou fracasso, quem pode me dar ou tirar tais coisas? Se meu coração permanece em paz e sossego; bem ou mal, ganho ou perda, quem poderá me enganar ou confundir com essas coisas? 268. Perto da cerca de bambu, ouço o cão ladrar, e a galinha cacarejar, e me sinto como se estivesse num mundo de nuvens; Da minha sala de estudo, escuto o som dos grilos e dos patos, e me dou conta que, dentro do silêncio, há um outro mundo. 269. Se não cobiço honras e riquezas, que favores ou ganhos podem tentar-me? Se não compito por altos cargos, que problemas oficiais podem incomodar-me? 270. Passeando pelas montanhas e bosques, pelas fontes e rochedos, a agitação do coração gradualmente desaparece. Há uma calma prazerosa na poesia e na pintura, que faz os pensamentos vulgares desaparecerem. Assim, o sábio não se apega aos prazeres, nem perde suas aspirações, e sempre encontra formas de cultivar a si mesmo. 271. Na primavera, a paisagem é toda florida, e as pessoas se enchem de felicidade; Mas o melhor é o outono, com suas nuvens brancas e seu vento fresco, suas orquídeas cheirosas e ramos frondosos, a água e o Céu com a mesma cor. Acima e abaixo, tudo brilha, dando leveza e purificando o corpo e o espírito. 272. Uma pessoa sem conhecimento, mas que fala com um sentimento poético, pode ter compreendido a poesia; Uma pessoa que não estudou as escrituras budistas, mas que fala sabiamente, pode ter despertado para a sabedoria das coisas. 273. Uma pessoa inquieta vê sombras de serpentes, e suspeita de todos; vê tigres na espreita, onde há rochas paradas; enfim, tudo lhe parece sinistro e fatal. Uma pessoa tranqüila vê gaivotas nas pedras em que os outros vêem tigres; ouve canções nos ramos que se mexem, e tudo que vê lhe parece ter um aspecto benéfico. 274. O corpo é como um bote desamarrado, bóia na corrente até topar numa margem; O coração é como madeira queimada, não se pode cortá-lo, nem fazer dele incenso. 275. As pessoas escutam o canto do papa-figo e acham-no agradável, ouvem o coaxar das rãs e acham-no repulsivo. Ao verem flores, querem cultivá-las, ao verem ervas-daninhas, querem arrancá-las. Essas são manifestações de personalidade, de aversão ou repulsão por uma coisa ou outra. Se pudermos reconhecer o princípio do Céu, não haverá som animal incômodo, e todas as plantas nascerão livremente, seguindo naturalmente sua natureza original. 276. O cabelo e os dentes caem, é o declínio natural do corpo físico; Mas no canto dos pássaros e na beleza das flores, podemos perceber a vitalidade essencial da natureza. 277. Um coração cheio de desejos cria ondas num lago gelado, e não encontra paz, nem nas montanhas, nem nos bosques; Um coração calmo encontra frescor no verão mais quente, e nem nota o alvoroço no mercado. 278. Quem acumula riqueza, multiplica cuidados; os ricos e poderosos têm, assim, mais preocupações que os pobres. Quem alçou um alto cargo vacila e cai; e quem se preocupa com isso, nunca descansa como as pessoas comuns. 279. Ao amanhecer, lendo o Tratado das Mutações debaixo da janela, môo a pedra de pigmento e uso orvalho dos pinheiros para fazer tinta, e sublinhar passagens de sabedoria. Ao meio dia, comentando as escrituras budistas sobre a mesa, ouço tocar os sinos de jade pelo vento, e deixo que ele leve esses sons para o bosque de bambus. 280. Uma flor pode crescer num vaso, mas sua força natural logo se esgota; Um pássaro pode cantar numa gaiola, mas nunca será um canto naturalmente livre; Não são os pássaros e as flores da montanha que estão misturados na paisagem rica de cores, mas sim, é a liberdade que permite compreender a sua existência, sem grilhões, em meio à natureza. 281. A pessoa vulgar pensa demais em si mesmo, e por isso também se preocupa demais com tudo. Os antigos diziam: ‘se você conhece a si mesmo, como pode se preocupar tanto com as coisas?’. Também disseram: ‘se você sabe que seu corpo não é você mesmo, porque deixa que tantas preocupações entrem em seu coração?’ Essas palavras dizem toda a verdade! 282. Ao ver um velho triste e solitário, pense que talvez ele possa ter passado sua vida lutando por bens e fortuna; Ao ver uma pessoa que acabou com sua fortuna, pense no fato de que toda sua riqueza se foi, sem deixar nada atrás de si. 283. Os Caminhos humanos e das formas naturais mudam, num piscar de olhos, de dez mil maneiras diferentes, mas isso não deve ser levado ao pé da letra. Disse Yaofu*: ‘o que nos tempos passados se chamava ‘Eu’, no presente se chama ‘Ele’; mas não sei no que se converterá, no futuro, o que hoje se chama ‘Eu’.’ Reflita com cuidado nessa afirmação, e se livrará de toda a angústia e ansiedade. *Poeta que viveu durante a dinastia Song (960-1127) 284. Em meio à algazarra, considere as coisas com um olhar sóbrio, eliminando da mente o que lhe incomoda. Em meio à desolação, conserve a alegria do espírito, e encontrará as causas da felicidade verdadeira. 285. Onde há alegria, há tristeza; onde há prazer, há desgosto; Numa vida comum, em sua própria casa, comendo de maneira simples, se pode encontrar as coisas mais belas, tendo o conforto e a segurança de um ninho. 286. Abra as cortinas, veja as montanhas verdes e as águas azuis envoltas em bruma, e entenderá o quão livres são o Céu e a Terra. Veja os bambus e as árvores que acolhem os pardais, anunciando a nova estação, e esquecerá a diferença entre você e o mundo. 287. Sabendo que existe a mutação, e que tudo um dia declina, o desejo de obter sucesso já não é tão forte; Sabendo que existe vida, e que tudo um dia morre, não desperdice mais tanta energia querendo ser imortal. 288. Um monge budista de grande virtude disse: ‘A sombra das folhagens do bambu varre os passos, e não larga poeira; o reflexo da lua, na lagoa, não deixa marcas na água’. Um estudioso confucionista comentou: ‘Ainda que as águas fluam com violência, permanecem tranqüilas; ainda que caiam pétalas de rosa em ti, permaneces o mesmo’ Uma pessoa que cultivar esse tipo de atitude conseguirá obter a liberdade do corpo e da alma. 289. Escuta o som dos pinheiros no bosque, ou o murmúrio das fontes nas rochas, e poderá admirar os sons do Céu e da Terra; Observe a névoa por cima dos pastos, e o reflexo das nuvens na água, e poderá contemplar o belíssimo idioma da natureza. 290. Quando a Dinastia Jin estava prestes a acabar, um par de camelos de bronze reais foi roubado, e largado no meio do mato, cumprindo uma antiga profecia sobre o fim do reino; ainda assim, eles se orgulhavam de seu garboso exército. Mesmo que seus corpos estivessem prontos para servir de pasto para os cães e as raposas do norte, ainda assim, se preocupavam em acumular ouro. Um provérbio diz: ‘bestas ferozes podem ser domadas, mas o coração humano é difícil de dominar; vales profundos podem ser preenchidos, mas a ganância humana é insaciável’. Palavras verdadeiras! 291. Se dentro de sua mente não houver nem vento nem ondas, então, em todo o lugar, você estará em meio a montanhas e águas azuis. Se seu espírito alcançou o florescimento da consciência perfeita, então, em todo o lugar você verá peixes saltando, e pássaros cantando. 292. Quando alguém bem vestido vê a felicidade de um pobre em suas roupas humildes, ele suspira desconcertado, e pensa em suas pesadas responsabilidades; Quando alguém rico, em meio a um suntuoso banquete, vê a alegria do humilde em seu próprio canto, sente um tanto de inveja; Porque as pessoas fazem bois correrem com fogo? Porque tentam cruzar touros com cavalos? Porque as pessoas vivem de aparências, ao invés de simplesmente seguirem suas naturezas? 293. Quando um peixe nada, não tem consciência da água em que se move; Quando um pássaro voa, não tem consciência do ar em que se move; Quem se der conta disso, pode superar as aparências, e adentrar os mistérios da natureza. 294. As raposas dormem nas ruínas, e os coelhos em terraços desolados; ambos já foram, antes, salões de baile e de festa; Os campos de lírios molhados de orvalho, e cobertos agora de erva e bruma, foram os lugares onde lutaram os heróis; A prosperidade e a decadência são eternas; onde estão aqueles que eram fortes, e onde estão os que eram fracos? Esse pensamento faz com o que o coração se aflija! 295. Não importam os favores ou os insultos que você receba; em seu posto, nunca mude de conduta. Na calmaria, observe a Corte como as flores, que se abrem e depois murcham. Não importa que você permaneça, ou seja retirado de seu posto; que isso não seja nada para você. Apenas observa o Céu, serenamente, e veja como as nuvens se juntam e se dispersam logo. 296. No Céu claro iluminado pela lua não há um espaço enorme para voar? E assim mesmo, a mariposa se lança contra a luz da vela. Entre as fontes puras e os frutos silvestres, não há o que beber e comer? No entanto, a coruja não insiste em seu vício pela carne podre dos ratos? Ah! Quantas pessoas no mundo não são como as mariposas e as corujas? 297. Quem tomou uma balsa para atravessar o rio, e depois se esqueceu dela, é alguém que já não está no Caminho das aparências. Quem está montado num burro, e pensa nos burros que vai montar, não compreendeu nada, ainda, do Caminho Chan. 298. Quem é rico e poderoso, com porte de dragão voador, herói destemido, que luta com tigres; Para o Educado, ele é como uma formiga ao redor de carne podre, ou como uma mosca disputando uma gota de sangue. As perguntas sobre bem e mal, que incomodam como um enxame de abelhas, e as discussões sobre perda e ganho, que espetam como um porco espinho, não devem incomodar um espírito tranqüilo; assim, elas se fundirão como ouro no forno, ou como a neve na água fervente. 299. Quem leva a vida, acorrentado aos desejos, pensa que ela é ruim. Quem chega à morada do conhecimento em si mesmo, pensa que a vida é boa. Reconheça a origem da aflição, elimine-a, e seu espírito se acalmará. Ao saber a razão das alegrias, se chega à morada dos sábios. 300. Se no coração não houver mais desejos materiais, ele é como a neve numa estufa, ou o gelo que derrete debaixo do sol. Se os olhos vêem um pedaço de brilho na vastidão, sabem que é a lua do Céu, refletida nas ondas do lago. (continua) * O Cai Gen Tan菜根譚foi escrito no século XVI pelo erudito Hong Yingming 洪應明 (ou Hong Zicheng洪自誠, 1572-1620), próximo ao final da dinastia Ming大明 (1368-1644). (…) Hong buscava estabelecer uma analogia entre as três grandes correntes do pensamento chinês em sua época: Confucionismo, Daoísmo e Budismo Chan (Zen). O livro de Hong é uma apresentação de trezentos e sessenta aforismos sobre os mais diversos aspectos da vida, sempre baseado nos ensinamentos das três grandes linhas
Hoje Macau SociedadeDSAL | TNR queixam-se de falta de tradução Cerca de uma dezena de antigos trabalhadores não residentes (TNR) da empresa “Serviços de Limpeza Tai Koo” queixa-se de que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) apresentou apenas documentos em chinês ou português no caso relativo ao não pagamento, por parte da empresa em questão, de indemnizações por despedimento, horas de trabalho extraordinárias e subsídio de férias. O caso foi julgado em tribunal. Uma das antigas funcionárias, Mariel, citada pelo jornal All About Macau, disse que a maioria dos documentos e contratos fornecidos pelo Governo estavam nas duas línguas oficiais, sem tradução para inglês ou língua nativa dos funcionários. Os trabalhadores chegaram a pedir ajuda à DSAL, mas, no final, tiveram de recorrer à tradução informal. Mariel disse ainda que, apesar das sessões de julgamento terem decorrido em chinês com tradução para inglês, algumas testemunhas não falam bem inglês, tendo havido incompreensão da parte de algumas das tabelas de cálculo das indemnizações fornecidas pela DSAL, pelo que foram necessárias explicações adicionais da parte de representantes do Ministério Público e do próprio juiz. Em Julho do ano passado, a DSAL recebeu queixas destes TNR, tendo o representante da DSAL, inspector laboral, declarado em tribunal que a empresa não conseguiu apresentar provas legítimas do despedimento destes trabalhadores.
Hoje Macau PolíticaZona de Cooperação | Aprovados regulamentos para farmacêuticos Foram aprovados, na última sexta-feira, dois regulamentos que regularizam a actividade dos técnicos farmacêuticos na Zona de Cooperação Aprofundada de Guangdong e Macau em Hengqin. Os diplomas “Regulamento sobre a gestão do exercício da profissão dos profissionais de saúde da RAEM na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” e “Regulamento sobre a gestão de registo do exercício da profissão dos técnicos farmacêuticos da RAEM nas unidades de venda a retalho de produtos farmacêuticos na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” foram aprovados, “por unanimidade”, pelo comité permanente da Assembleia Popular Municipal de Zhuhai. Com esta aprovação, permite-se que os profissionais farmacêuticos de Macau exerçam a profissão nas unidades de venda a retalho de produtos farmacêuticos, ou seja, farmácias comunitárias, e nas instituições médicas na Zona de Cooperação Aprofundada. Os residentes de Macau que sejam titulares do certificado de acreditação profissional de farmacêutico, farmacêutico de medicina tradicional chinesa, médico de medicina tradicional chinesa ou ajudante técnico de farmácia, não necessitam de ser aprovados no exame ou avaliação de qualificação nacional relevante, passando a ter o mesmo estatuto profissional que os profissionais do interior da China. Basta, para isso, que preencham condições específicas, tal como terem sido aprovados na formação pré-trabalho e exame organizados pelo serviço de supervisão e administração de produtos farmacêuticos da Zona de Cooperação Aprofundada e estejam aí registados.
Hoje Macau Manchete PolíticaReserva financeira | Arrecadado quase 8 mil milhões em Março A Reserva Financeira de Macau ganhou perto de oito mil milhões de patacas em Março, voltando a terreno positivo após uma queda de 4,5 mil milhões de patacas em Fevereiro O passado mês de Março marcou o regresso a resultados positivos da Reserva Financeira da RAEM, que ganhou quase oito mil milhões de patacas, cifrando-se em 569,7 mil milhões de patacas no final de Março, de acordo com a informação publicada ontem no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Após uma queda de 4,5 mil milhões de patacas em Fevereiro, a reserva financeira voltou a terreno positivo, acumulando uma subida de 10,5 mil milhões de patacas no primeiro trimestre de 2023. Apesar do melhor arranque de ano desde o início da pandemia, o valor da reserva financeira permanece longe do recorde de 669,7 mil milhões de patacas, atingido em Fevereiro de 2021. O valor da reserva extraordinária no final de Março era de 404,4 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para 2022, era de 152,1 mil milhões de patacas. A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 265,1 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 125 mil milhões de patacas e até 175 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados. Feridas a sarar A reserva financeira tinha terminado 2022 com 559,2 mil milhões de patacas, o valor mais baixo desde Janeiro de 2019, justificado pela AMCM com “a crise geopolítica, o bloqueio de cadeia global de fornecimentos causado pela epidemia e a subida significativa das taxas de juros”. Mesmo no cenário de crise económica criada pela pandemia, a reserva financeira de Macau tinha crescido em 2020 e 2021, apesar de o Governo ter injectado mais de 90 mil milhões de patacas no orçamento. No ano passado, o Governo da RAEM voltou a transferir 68,2 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público, que incluiu dois planos de apoio pecuniário à população.
Hoje Macau EventosLivraria Portuguesa | O lugar das letras nas artes visuais em livro A Livraria Portuguesa acolhe, no próximo dia 8 de Junho, a partir das 18h30, o lançamento do livro “A letra como elemento de expressão artística”, da autoria de Flávio Tonnetti e Cláudio Rocha. Esta obra “apresenta um olhar sensível para as letras no contexto das artes visuais”, propondo “uma abordagem estética da mensagem enquanto imagem: além de ser lida, a palavra foi feita para ser vista”. Assim, na apresentação da obra, serão analisados diversos exemplos de obras artísticas, desde a pintura à poesia visual e à colagem, sem esquecer as vanguardas europeias do século XX. Os conceitos e ideias abordados neste evento foram originalmente abordados pelos autores do livro num evento em São Paulo, Brasil, em 2018, tendo sido transformados numa obra em formato digital. O evento será apresentado por Roberval Teixeira da Silva, docente da Universidade de Macau, e por Sara Augusto, docente do Instituto Português do Oriente. Sobre os autores, Cláudio Rocha nasceu em São Paulo em 1957, sendo artista visual e designer. Por sua vez, Flávio Tonnetti nasceu na mesma cidade brasileira, em 1982, estando actualmente no território a fazer um programa de pós-doutoramento na Universidade de Macau nas áreas da arte e cultura, além de colaborar com o HM. Antes do lançamento do livro, os interessados poderão participar, às 17h30, numa oficina conduzida pelo tipógrafo e calígrafo macaense Aquino da Silva, membro da Sociedade de Design e Tipografia de Macau. Nesta oficina os participantes vão desenvolver letras a partir de placas e sinalizações dos prédios históricos de Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Lançamento de satélite espião em Junho confirmado A Coreia do Norte vai lançar um satélite de reconhecimento militar em Junho, para “enfrentar as perigosas acções militares dos Estados Unidos”, divulgou na segunda-feira a agência de notícias estatal KCNA. O “satélite de reconhecimento militar n.º 1” será “lançado em Junho” para “lidar com as perigosas acções militares dos Estados Unidos e dos seus vassalos”, referiu Ri Pyong Chol, vice-presidente da comissão militar central do partido, citado pela agência de notícias estatal. O Japão anunciou na segunda-feira que foi informado pela Coreia do Norte sobre o próximo lançamento de um satélite, um projecto que o governo japonês considera que irá ocultar o lançamento de um míssil balístico. De acordo com Tóquio, Pyongyang disse à Guarda Costeira japonesa que lançaria um foguete entre 31 de Maio e 11 de Junho e que este deveria pousar numa área próxima ao Mar Amarelo, Mar da China Oriental e leste da China, Ilha de Luzon, nas Filipinas. A Coreia do Norte já testou mísseis balísticos em 2012 e depois em 2016, que qualificou como lançamentos de satélites e que sobrevoaram o departamento insular de Okinawa, no sul do Japão. Em meados de Maio o líder norte-coreano inspeccionou o satélite de reconhecimento militar que o regime já tinha anunciado que iria lançar este ano, referindo que estava “pronto a ser instalado”. Kim Jong-un visitou com a filha o comité criado na capital do país, Pyongyang, para o lançamento do aparelho, de acordo com imagens divulgadas a 17 de Maio pela agência de notícias estatal KCNA. As imagens divulgadas mostravam o satélite deliberadamente desfocado, colocado numa plataforma e ligado a cabos, enquanto Kim e a filha, de toucas, batas brancas e com umas capas a cobrir os sapatos para evitar a entrada de sujidade no recinto, recebem explicações de cientistas. Têm surgido dúvidas quanto à capacidade deste satélite, com alguns analistas sul-coreanos a afirmarem que nas fotografias que vieram a público este parece demasiado pequeno e mal concebido para suportar imagens de alta resolução. As fotografias que meios de comunicação norte-coreanos divulgaram de lançamentos de mísseis anteriores eram de baixa resolução. Autodefesa e soberania Kim aprovou na altura “o futuro plano de acção do comité preparatório”, referindo que “o lançamento bem-sucedido do satélite de reconhecimento militar é uma exigência urgente, dado o actual ambiente de segurança no país” e acrescentou que seria também “um claro passo em frente” no “campo da investigação espacial” para a Coreia do Norte, notou a agência. O líder norte-coreano afirmou ainda na altura que, “à medida que os imperialistas norte-americanos e os bandidos fantoches sul-coreanos intensificam desesperadamente a campanha de confrontação com a República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte], esta exercerá de forma mais digna e ofensiva a sua soberania e direito de autodefesa para os impedir resolutamente e defender o Estado”. No final do ano passado, o regime norte-coreano lançou, a bordo de um projéctil desconhecido, um dispositivo de teste que terá supostamente tirado fotos da capital sul-coreana, Seul, e da cidade portuária vizinha de Incheon, e afirmou que o objectivo era ter o satélite concluído até Abril. Recentemente, foram retomados os trabalhos de modernização da base de lançamento espacial de Sohae, no noroeste do país, embora os peritos considerem que ainda há muito trabalho a fazer antes de poder ser lançado um satélite a partir do local. Alguns peritos, citados pela agência de notícias Efe, não excluem a possibilidade de o regime optar por lançar este satélite de reconhecimento a partir de uma plataforma móvel.
Hoje Macau China / ÁsiaSaúde | Equipas de apoio médico chinesas premiadas no estrangeiro A China continuará a prestar assistência aos países em desenvolvimento e a melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas em todo o mundo, com equipas de assistência médica em 115 locais de 56 países em todo o mundo, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, esta segunda-feira, indica a Xinhua. Mao fez as observações numa conferência de imprensa quando solicitada a comentar as equipas de assistência médica chinesas no exterior. Recentemente, muitos países elogiaram o trabalho das equipas médicas chinesas. Uma delas foi agraciada com a Medalha da Ordem Nacional de Mérito, Cooperação e Desenvolvimento pelo presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo. Já uma equipa de medicina tradicional chinesa (MTC) anti-COVID recebeu a Medalha de Cavaleiro do Reino do Camboja do Ministério da Saúde do Camboja. “A China enviou a sua primeira equipa de assistência médica ao exterior há 60 anos”, disse Mao, acrescentando que, desde então, um total de 30.000 profissionais da área médica tratou mais de 290 milhões de pacientes locais em 76 países e regiões, incluindo África e Ásia, com conquistas amplamente reconhecidas. Mao disse que, como um país em desenvolvimento, a China sempre compartilhou momentos bons e maus com outros países em desenvolvimento. “Os 60 anos de assistência médica internacional demonstram que o povo chinês ama a paz, valoriza a vida e tem a aspiração original de ajuda mútua e busca comum da felicidade com outros países em desenvolvimento”, disse ela.
Hoje Macau China / ÁsiaEspaço | Pequim enviou primeiro astronauta civil para estação Tiangong A missão chefiada por um veterano de 56 anos que efectua a sua quarta viagem espacial, acolhe o professor de 36 anos, Gui Haichao, especialista em ciências e engenharia espacial que se torna no primeiro civil chinês no espaço A China enviou ontem três novos astronautas para a sua estação espacial Tiangong, incluindo, pela primeira vez, um astronauta civil, procurando reforçar a sua posição face aos Estados Unidos e à Rússia. O trio de astronautas partiu a bordo de um foguetão pouco depois das 09:30 locais do centro de lançamento de Jiuquan, no deserto de Gobi, no noroeste do país, segundo a agência espacial chinesa responsável pelos voos espaciais tripulados (CMSA). A viagem insere-se na estratégia de enviar um astronauta chinês à Lua até 2030, um dos principais objectivos de um programa espacial no qual o país já investiu milhares de milhões de euros. O comandante da missão, o veterano Jing Haipeng, realiza o seu quarto voo espacial e é acompanhado pelo engenheiro Zhu Yangzhu, e por Gui Haichao, professor e primeiro civil chinês no espaço, ambos com 36 anos. Especialista em ciências e engenharia espaciais, Haichao será o responsável pelas experiências na estação e não vem das Forças Armadas, como sempre aconteceu até agora. Representantes do programa espacial chinês garantiram na segunda-feira que a mudança de requisitos se deve “à nova fase em que entrou a estação espacial de Tiangong, durante a qual vai albergar um grande número de experiências científicas”. A estação irá acolher investigação sobre o cultivo de plantas, criação de peixes, testes de comportamento de fluidos em gravidade zero e estudos de células animais e vegetais, bem como a instalação do relógio atómico mais preciso de sempre. Os três astronautas são os primeiros a chegar à Tiangong, onde irão passar os próximos cinco meses, depois da conclusão da construção da estação espacial chinesa, no final de 2022. O vice-director da CMSA, Lin Xiqiang, disse na segunda-feira que o país “espera e dá as boas-vindas” à participação de astronautas estrangeiros em missões chinesas. Feitos e afazeres A China já tem actualmente projectos de cooperação com a Agência Espacial Europeia e o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Espaciais Exteriores, que podem vir a aumentar, tendo em conta que a Tiangong pode em breve tornar-se a única estação espacial operacional. Em 2019, o país pousou uma nave espacial no lado mais distante da Lua, tornando-se a primeira nação do mundo a fazê-lo, e em 2020, trouxe de volta amostras lunares e finalizou o Beidou, o seu sistema de navegação por satélite. Em 2021, a China fez aterrar um pequeno robô em Marte, e o próximo passo é garantir o lançamento de duas missões espaciais tripuladas por ano, segundo a CMSA. A próxima será a Shenzhou-17, cujo lançamento está previsto para Outubro. O país quer ainda lançar em 2030 a missão espacial Tianwen-3, para recolher e trazer de volta para a Terra amostras do solo de Marte, disse à Lusa no início do mês o cientista português André Antunes, responsável pela unidade de astrobiologia do Laboratório de Referência do Estado para a Ciência Lunar e Planetária da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).
Hoje Macau SociedadeComércio | Exportações lusófonas sobem 78,6% até Abril As exportações de mercadorias dos países de língua portuguesa para Macau subiram 78,6 por cento nos primeiros quatro meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022, indicaram dados oficiais divulgados ontem. O valor exportado pelos países lusófonos para o território fixou-se em 508,9 milhões de patacas entre Janeiro e Abril, de acordo com a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) de Macau. A maioria veio do Brasil, no valor de 418,7 milhões de patacas, sendo composta sobretudo por carne, peixe e marisco. Macau comprou ainda a Portugal mercadoria no valor de 87,5 milhões de patacas, nomeadamente vestuário e acessórios, bebidas alcoólicas e aparelhos eléctricos. Nos primeiros quatro meses do ano, o bloco de países de língua portuguesa comprou a Macau mercadorias no valor de 107 mil patacas, menos 86,7 por cento do que em igual período de 2022. As exportações de mercadorias por Macau entre Janeiro e Abril foram de 4 mil milhões de patacas, menos 20,9 por cento, comparativamente ao mesmo período do ano passado, enquanto o valor importado de mercadorias foi de 47,3 mil milhões de patacas, ou seja, menos 7,8 por cento, em termos anuais, indicou a DSEC. O défice da balança comercial de Macau nos primeiros quatro meses deste ano fixou-se em 43,3 mil milhões de patacas, menos 6,4 por cento relativamente a igual período de 2022.
Hoje Macau SociedadeBurla | Detidos por suspeita de desfalque de 50 milhões A vontade de lucrar na bolsa de valores de Hong Kong levou cerca de três dezenas de residentes de Macau a serem burlados em 48,883 milhões de dólares de Hong Kong. O caso culminou a com detenção nos dias 17 e 18 de Maio de um homem e uma mulher, suspeitos de terem montado um esquema fraudulento de investimento entre 2017 e Março de 2021. Segundo o jornal Ou Mun, os suspeitos criaram várias empresas offshore com nomes semelhantes a empresas conhecidas de Hong Kong, convencendo as vítimas a comprar as acções com aliciantes margens de lucro. As vítimas terão idades entre os 27 e 68 anos, com as perdas a variarem entre 40 mil dólares de Hong Kong e 29 milhões de dólares de Hong Kong. A Polícia Judiciária (PJ) começou a receber denúncias em Janeiro do ano passado e a investigação levou as autoridades a uma loja no NAPE, onde a alegada empresa de investimento teria escritório. A polícia de Hong Kong está a procurar o paradeiro de possíveis cúmplices.
Hoje Macau SociedadeHotéis | Mais vagas e salários, menos trabalhadores Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que, no primeiro trimestre deste ano, o sector da hotelaria disponibilizou mais vagas de trabalho e salários mais elevados, mas contou com menos trabalhadores em serviço. Assim, no final dos primeiros três meses do ano trabalhavam nos hotéis um total de 45.801 pessoas, menos 3,3 por cento face ao primeiro trimestre do ano passado. A remuneração média destes trabalhadores era de 19.960 patacas, mais 3,7 por cento em termos anuais. Relativamente ao número de vagas, 2.611, houve um aumento de 2.066 em termos anuais, “pois a recuperação estável da economia impulsionou o aumento da procura de mão-de-obra”, aponta a DSEC.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Arranca julgamento de 13 alegados envolvidos em ataque a parlamento O julgamento de 13 pessoas alegadamente envolvidas no ataque ao parlamento de Hong Kong, em 2019, começou ontem, na região administrativa chinesa. O episódio foi o mais violento dos primeiros dias dos protestos que abalaram Hong Kong nesse ano, com milhões de manifestantes a organizarem marchas e concentrações durante várias semanas. Na noite de 1 de Julho de 2019, quando se assinalava o 22.º aniversário da transferência de Hong Kong do Reino Unido para a China, manifestantes atacaram o Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento de Hong Kong, depois de forçarem a entrada e exibirem a bandeira da era colonial britânica. Os manifestantes partiram janelas e pintaram as paredes com graffiti. As 13 pessoas que estão a ser julgadas enfrentam acusações de participarem num motim, um crime punível com uma pena de prisão de até dez anos. Sete dos suspeitos declararam-se culpados no início da audiência, em troca da retirada de outras acusações. “Nunca me arrependi da minha luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia”, disse Althea Suen, que se declarou culpada, numa mensagem publicada na rede social Facebook, no início do julgamento. “Os meus pensamentos continuarão a ser livres quando estiver na prisão”. Os seis arguidos que não se declararam culpados de participarem num motim enfrentam outras acusações, como entrada ilegal no parlamento e “danos criminais”, crimes que podem implicar uma pena de prisão perpétua. O julgamento deverá ter uma duração de 44 dias. Mais de dez mil pessoas foram detidas na sequência dos protestos de 2019, um dos maiores desafios às autoridades de Pequim desde a transferência de poder em 1997, que levou a China a impor na região, em 2020, uma lei de segurança nacional. Cerca de 2.900 pessoas foram acusadas por crimes relacionados com os protestos.
Hoje Macau China / ÁsiaTóquio | Pyongyang alerta para lançamento de satélite A Coreia do Norte informou o Japão que planeia lançar um satélite nos próximos dias, disseram ontem as autoridades nipónicas, informando que o projecto deverá implicar o lançamento de um míssil balístico. A guarda costeira do Japão disse que o aviso das autoridades marítimas norte-coreanas aponta para o período entre 31 de Maio e 11 de Junho e que o lançamento pode afectar as águas do Mar Amarelo, Mar da China Oriental e leste da ilha Luzon, nas Filipinas. Por isso, as autoridades nipónicas já emitiram um alerta de segurança para os navios que passem pela área marítima afetada. O gabinete do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, afirmou na rede social Twitter que deu instruções relativamente à “notificação da Coreia do Norte sobre o lançamento de um míssil balístico descrito como um satélite”. Kishida instruiu as autoridades para fazerem o possível para recolherem e analisarem informações relacionadas com o lançamento, apelando à vigilância e à cooperação com os aliados do Japão, nomeadamente os Estados Unidos e a Coreia do Sul. Pyongyang disse no início do mês que o primeiro satélite espião militar estava pronto para ser lançado. Este lançamento implicaria o uso de tecnologia proibida por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Hoje Macau China / ÁsiaAviação | Primeiro avião de construção chinesa fez voo inaugural entre Xangai e Pequim A primeira viagem de uma aeronave completamente fabricada no país foi coroada de êxito. O voo entre Xangai e Pequim, com 128 passageiros a bordo, durou duas horas O avião C919, de fabrico chinês, completou no domingo com sucesso o seu primeiro voo comercial entre as cidades de Xangai e a capital, Pequim, numa rota operada pela companhia China Eastern. O voo, designado MU9191, descolou do Aeroporto Shanghai Hongqiao às 10:32, horário local, e pousou no Terminal 2 do Aeroporto Internacional da Capital de Pequim após uma viagem de duas horas às 12:31, quase 40 minutos antes do horário anunciado anteriormente. De acordo com as autoridades aeronáuticas chinesas, a aeronave, desenvolvida pela Commercial Aviation Corporation of China (COMAC), foi certificada pela Civil Aviation Administration of China (CAAC) após mais de 14 anos de desenvolvimento. No seu primeiro voo comercial, o C919, transportou 128 passageiros. “Este voo marca uma cerimónia de maioridade para a nova aeronave e o C919 vai melhorar se passar no teste de mercado”, disse Zhang Xiaoguang, director do departamento de marketing e vendas da COMAC, em declarações à agência de notícias estatal chinesa Xinhua. Com capacidade para 164 passageiros, o C919 pretende concorrer com os modelos Airbus A320 Neo e Boeing 737 MAX. Conquista aérea A China Eastern, que assinou um acordo de compra para cinco C919, pretende operar os voos com estes aviões principalmente na metrópole de Xangai. Segundo Zhang Xiaoguang, a companhia aérea tem programado introduzir gradualmente os C919 na sua frota nos próximos dois anos, com possibilidade de expansão com base no desempenho e na procura das suas rotas. O lançamento do C919 reflecte a ambição da China de fortalecer sua posição no mercado de aviação comercial, com o Governo chinês a ter como objectivo atingir 10 por cento de participação no mercado doméstico com este modelo até 2025. A companhia aérea realizou programas de treino para o seu pessoal e voos experimentais para garantir a segurança e a operação do C919. A companhia aérea recebeu sua primeira aeronave C919 no final de 2022 e, posteriormente, iniciou uma série de voos de teste, num total de 100 horas. A COMAC recebeu mais de 1.200 pedidos para o C919 e pretende atingir uma capacidade de produção anual de 150 aeronaves nos próximos cinco anos, adiantam as fontes. O C919 representa o esforço da China para reduzir a sua dependência dos fabricantes ocidentais em termos de tecnologia de aeronaves. Embora use alguns componentes ocidentais, o objectivo de longo prazo é desenvolver uma cadeia de componentes totalmente chinesa.
Hoje Macau Via do MeioLivro VII – Shue Er 7.1. O Mestre disse: “Por transmitir e não criar, por amar os antigos e neles confiar, sou comparável ao velho Peng.”125 7.2. O Mestre disse: “Silencioso memorizar, não me cansar de estudar, infatigavelmente encorajar os outros – o que é isso para mim?” 7.3. O Mestre disse: “Falhar no cultivo da virtude, falhar em praticar o que aprendo, falhar em fazer o que é apropriado depois de o ter discernido e ser incapaz de corrigir os meus defeitos – estas são as coisas que me preocupam.”126 7.4. Ao descansar em casa o Mestre mantinha a compostura e permanecia bem disposto e agradável.127 7.5. O Mestre disse: “Que extrema decadência! Já há muito tempo não encontro em sonhos o duque de Zhou.”128 7.6. O Mestre disse: “Atentem na Via, mantenham a virtude (µÂ de), apoiem-se na benevolência e distraiam-se nas artes.”129 7.7. O Mestre disse: “Dos estudantes que só me podiam oferecer um presente de carne seca aos de mais posses, nunca recusei instrução a ninguém.”130 7.8. O Mestre disse: “Não ensino os que não são movidos por fome de aprender; não forneço vocabulário aos que não tentam encontrar palavras. Se lhes mostrar um ângulo de um quadrado e não me responderem com os outros três, não me repetirei.”131 7. 9. Ao tomar uma refeição na presença de alguém que estivesse de luto, o Mestre não comia as suas quantidades habituais. 7.10. Num dia em que tivesse chorado, o Mestre não cantaria. 7. 11. O Mestre fez notar a Yan Hui: “Costuma dizer-se: ‘Quando te oferecerem um posto, avança. Quando te destituírem de um posto, mantém a reserva.’ Será que só tu e eu somos capazes disto?” Zilu contrapôs: “Se tu, Mestre, recebesses o comando dos Três Exércitos, quem gostarias que te acompanhasse?” O Mestre respondeu: “Alguém que lute de mãos nuas com um tigre ou que atravesse a pé o Rio Amarelo, indo sem remorsos em direcção à sua morte, esse não levaria. Teria de ser alguém cauteloso em cada situação e que, através de estratégias, alcançasse a vitória.”132 7. 12. O Mestre disse: “Se a riqueza fosse um objectivo desejável, mesmo que fosse um letrado (Ê¿shi), segurando um mata-moscas serviria no mercado. Mas como não é um objectivo desejável, só farei o que me agrada.” 7.13. Havia três coisas que o Mestre considerava com especial cuidado: o jejum, a guerra e a doença.133 7.14. Quando o Mestre se encontrava no reino de Qi, escutou a música Shao e, durante três meses, não saboreou carne. Depois disse: “Não sabia que a música podia atingir tal perfeição”!134 7.15. Ranyou disse: “Será que o Mestre toma o partido do soberano de Wei?” Zigong disse: “Terei de lhe perguntar.” E foi ver o Mestre e perguntou-lhe: “Que tipo de pessoas foram Bo Yi e Shu Qi?” O Mestre respondeu: “Foram pessoas de carácter em tempos que já lá vão.” O discípulo continuou: “Eram pessoas de guardar rancor?” O Mestre replicou: “Sendo pessoas benevolentes atingiam sempre os seus objectivos – por que guardariam rancor?” Zigong regressou da entrevista dizendo: “O Mestre não toma o partido do soberano de Wei.”135 7.16. O Mestre disse: “Comer comida simples, beber apenas água e usar um braço dobrado como almofada – há prazer na descoberta destas coisas. Riqueza e posição obtidas por meios incorrectos (²»義 bu yi) são para mim como nuvens passageiras.”136 17. O Mestre disse: “Dêem-me mais alguns anos. Quando completar cinquenta anos de estudo das Mutações, talvez deixe de cometer negligências graves.”137 7.18. Os casos em que o Mestre insistia numa pronúncia correcta prendiam-se com o recitar das “Odes” e dos “Documentos” e na observância da propriedade ritual. Em todas essas ocasiões, o Mestre cuidava de usar a pronúncia correcta. 7.19. O Duque de She perguntou a Zilu acerca de Confúcio, mas Zilu não respondeu. O Mestre disse: “Por que não te limitaste a dizer – como pessoa, Confúcio é guiado por uma tal ânsia de ensinar e aprender que se esquece de comer, o seu tempo é tão bem passado que esquece as preocupações e nem sequer se apercebe da velhice que chega.”138 7.20. O Mestre disse: “Não sou o género de pessoa que adquiriu sabedoria através de uma propensão natural. Outrossim, amando a antiguidade, dedico-me a procurá-la.”139 7.21. O Mestre nada tinha a dizer sobre prodígios, feitos de força, conduta desordeira ou os seres espirituais.140 7. 22. O Mestre disse: “Se formos três a passear, é certo que num deles encontrarei um mestre. O que nele for bom, imito; o que nele for mau, evito.”141 7.23. O Mestre disse: “Se o Céu colocou em mim esta força que me dá a virtude, o que pode Huan Tui contra mim!”142 7.24. O Mestre disse: “Dois ou três jovens pensam que escondo qualquer coisa, mas não o faço. Nada faço que não partilhe com esses dois ou três jovens – esta é a pessoa que eu sou.”143 7.25. O Mestre ensinou segundo quatro categorias: cultura (ÎÄ wen), conduta adequada (ÐÐ xing), lealdade (ÖÒ zhong) e confiança (ÐÅ xin). 7.26. O Mestre disse: “Um homem santo (聖ÈËshanren), nunca consegui encontrar nenhum, mas uma pessoa exemplar (¾©×Ójunzi) isso é possível. O Mestre disse: “Um homem bom (ÉÆÈËshenren), nunca consegui encontrar nenhum, mas uma pessoa constante, isso é possível. Numa época em que o nada passa por substancial, o vazio pelo cheio e a miséria por abundância, como é difícil ser constante!”144 7.27. O Mestre pescava com linha, mas não usava rede; usava uma flecha e fio, mas não atirava sobre pássaros no ninho.”145 7.28. O Mestre disse: “Existem os que pretendem inovar mesmo sem antes adquirir conhecimento, mas eu não sou um deles. Muito oiço, escolhendo aquilo que se verifica funcionar e só depois actuo em conformidade. Muito observo e faço por o recordar. É apenas um grau menor de sabedoria.”146 7.29. As gentes da aldeia de Hu são difíceis, por isso, quando um jovem dessas paragens pediu uma audiência com Confúcio, os discípulos hesitaram. O Mestre disse: “Aprovar uma audiência com ele não é, desde logo, aprovar aquilo que fará quando se retirar. Por quê ser tão exigente? Quando uma pessoa se purifica para vir até nós, devemos aprovar a sua pureza actual e não considerar de onde vem, qual o seu passado e o que fará no futuro.” 7.30. O Mestre disse: “Será a benevolência de algum modo remota? Basta-me desejá-la para descobrir que ela já aqui está.” 7.31. O ministro da Justiça do Estado de Chen perguntou: “Será que o teu falecido Duque Zhao de Lu sabia como observar a propriedade ritual?” E Confúcio respondeu: “Sim, sabia” e retirou-se. O ministro fez uma vénia a Wuma Qi e disse-lhe que se aproximasse: “Ouvi o teu Mestre dizer que a pessoa exemplar não toma partido e, no entanto, não será que Confúcio está agora a tomar o partido dos seus? O senhor de Lu tomou uma esposa do reino de Wu que tinha, como ele, o apelido Ji e deu-lhe o nome de Wu Mengzi. Se ele sabia respeitar a conduta ritual, então todos sabem!” Wuma Qi relatou a conversa ao Mestre e o Mestre disse: “Sou deveras afortunado. Quando erro, logo outros mo fazem saber.”147 7.32. Quando o Mestre se encontrava com outros que estivessem a cantar e o fizessem bem, pedia sempre que cantassem de novo para se lhes juntar.148 7.33. O Mestre disse: “Quanto à cultura valho, talvez, tanto como qualquer outro. Mas quanto ao sucesso como pessoa exemplar (¾©×Ójunzi), pouco alcancei.”149 7.34. O Mestre disse: “Como poderia atrever-me a considerar que sou sábio ou benevolente? Tudo quanto de mim pode ser dito é simplesmente que prossigo os meus estudos sem cessar e ensino os outros sem me fatigar.” Gonxi Hua disse: “É precisamente este compromisso que nós, os discípulos, somos incapazes de aprender.” 7.35. O Mestre estava gravemente doente e Zilu pediu para ir rezar em seu nome. O Mestre disse: “Como assim?” Zilu respondeu: “Sim, temos uma prece que diz – Por ti rezamos aos deuses dos céus e da terra.” O Mestre disse: “Então significa que tenho vindo a rezar por mim próprio desde há muito.”150 7.36. O Mestre disse: “A prodigalidade leva à imodéstia, a frugalidade leva à parcimónia. Ainda assim melhor ser parciomonioso do que imodesto.”151 7.37. O Mestre disse: “A pessoa exemplar é calma e imperturbável; a pessoa menor está sempre agitada e ansiosa.”152 7.38. O Mestre era sempre gracioso embora sério, cheio de autoridade mas não severo, deferente mas sempre à vontade. Notas 125. O velho Peng era um personagem semi-lendário, que viveu durante a dinastia Shang, cerca de 800 anos antes de Confúcio, e ficou conhecido como contador de histórias antigas, portanto um transmissor da tradição. O Mestre assume-se também como um mero transmissor da tradição dos Zhou, que considerava suficientemente perfeita para estabelecer a harmonia entre os homens, e não um criador de novas ideias. Segundo Huang Kan, assim se considerava pelo facto de não ocupar um lugar de poder: logo não teria estatuto social nem autoridade para inovar ou criar novas instituições. Confúcio via-se, portanto, como um editor e divulgador, não um autor, de uma sabedoria antiga que no seu tempo se encontrava em risco de desaparecimento. 126. Se em 7.2. o Mestre descreve aquilo que em si é positivo e que lhe é fácil cumprir, nesta passagem confessa aquilo em si que teme não corresponder aos seus alto ideais. Mêncio comenta: “A pessoa exemplar tem preocupações durante toda a sua vida, mas nunca se inquieta nem por um único momento. O tipo de preocupações que ele tem são deste tipo: Shun era uma pessoa. Eu também sou uma pessoa. Shun serviu de modelo ao mundo, que vale a pena transmitir às gerações posteriores, enquanto eu ainda não consigo ser mais do que um aldeão comum. Isto é, de facto, algo com que vale a pena preocupar-se. O que deve ser feito em relação a esta preocupação? Dever-se-ia apenas tentar ser como Shun, é tudo. Desta forma, o cavalheiro nunca se inquieta. Se algo não é benevolente, ele não o faz; se algo não é ritualmente correcto, ele não o pratica. Assim, mesmo que surja algum tipo de problema externo, a pessoa exemplar não se inquieta com ele”. 127. A pessoa exemplar não descuida, mesmo na privacidade, o seu comportamento, e caracteriza-se pela afabilidade e alegria com que enfrenta a vida. 128. O duque de Zhou, irmão mais novo do rei Wu, regente de Lu e responsável pelo estabelecimento dos ritos de Zhou, é um dos exemplos máximos, para Confúcio, de benevolência e propriedade ritual. Não o encontrar em sonhos poderá significar que não tem estudado tão fervorosamente quanto o necessário. Lu Buwei comenta: “Diz-se que Confúcio e Mo Zi passavam dias inteiros a recitar, memorizar e praticar as suas lições, ao ponto de, à noite, poderem ver pessoalmente o rei Wen e o duque Dan de Zhou [em sonhos] e fazer-lhes perguntas.” 129. Em primeiro lugar, deverá sempre estar a rectificação moral. As artes são vistas como um complemento, não como uma prática prioritária. Wang Yangming comenta: “Se atentar na Via, então tornar-se-á um estudioso da Via e da Virtude, mas se atentar nas artes, tornar-se-á um mero esteta tecnicamente competente. (…) Aquilo a que os antigos se referiam como “artes” eram o ritual, a música, o tiro com arco, a cartografia, a caligrafia, e a aritmética. Todas eram partes integrantes da sua vida quotidiana, mas os antigos não focalizavam a sua vontade nelas – sentiam que deviam primeiro estabelecer o básico e depois o resto seguia-se. Aquilo a que as pessoas hoje em dia se referem como “artes” são meramente literatura, caligrafia e pintura. O que podem estas coisas ter a ver com as necessidades da vida quotidiana?” 130. Era hábito compulsivo que o aluno oferecesse ao mestre um presente na primeira aula. Dez tiras de carne seca era considerado o mais pobre dos presentes. Daí que, segundo Legge, o salário dos professores fosse chamado “o dinheiro da carne seca”. Nesta passagem, Confúcio refere que nunca recusaria um aluno, independentemente da sua condição social. 131. Os alunos terão de possuir as referidas qualidades para que o professor possa exercer a sua profissão ou assim o entende o Mestre. 132. Aceitar o cumprimento do seu dever, não ter atitudes precipitadas, sobretudo na desgraça, e preferir uma boa estratégia à coragem inconsequente, eis a lição desta passagem. Confúcio elogia Yan Hui para, no fundo, tentar ensinar Zilu, mas este, conhecido pela sua coragem, tenta redimir-se criando uma situação em que ele seria o escolhido. Contudo, o Mestre não só não realiza as suas expectativas como ainda o repreende. 133. Devemos ser cautelosos com o que, na realidade, nos ultrapassa e não podemos controlar. O jejum refere-se à preparação dos rituais, que deve ser encetada com todas as cautelas possíveis e seguindo cuidadosamente as regras, pois a sua realização incorrecta pode trazer consequências imprevisíveis, já que podem estar em acção forças invisíveis. A guerra trata-se de um grave problema colectivo, enquanto que a doença remete para o foro individual. 134. A música Shao fora composta nos tempos do rei Shun para celebrar a sua ascensão pacífica ao trono, unicamente devido ao seu mérito. De tal modo o Mestre se sentiu enlevado com a música que a carne, comida favorita do seu tempo, deixou de ter importância para ele. 135. Sobre Bo Yi e Shu Qi, ver 5.23. Em 499 a.E.C., o príncipe Kuai Kui, filho do Duque Ling de Wei, fez uma tentativa falhada contra a vida da consorte Nanzi (ver nota 122) e foi forçado a fugir do país, abandonando o seu direito à sucessão. No Verão de 493 a.E.C., o Duque Ling morreu e Zhe, filho de Kuai Kui, foi nomeado governante, assumindo o título de Duque Chu de Wei. Kuai Kui, a viver no exílio no reino de Jin, arrependeu-se da sua decisão anterior e começou a manobrar para se instalar como governante de Wei, mas o seu filho resistiu e agarrou-se ao poder (Comentário de Zuo, Duque Ai, 2º ano). Confúcio residia, nesta altura, em Wei a expensas públicas e não estava em posição de comentar directamente o comportamento do seu anfitrião, Duque Chu, razão pela qual Zigong lhe coloca indirectamente a questão. O elogio de Confúcio Bo Yi e Shu Qi é entendido por Zigong como uma crítica indirecta ao indecoroso conflito de poder entre pai e filho que se desenrolava em Wei. Zheng Xuan comenta: “Esta luta entre pai e filho pelo controlo do reino foi um caso de má conduta. Ao elogiar Bo Yi e Shu Qi como sendo ambos dignos e bons, Confúcio está a deixar claro que não tinha qualquer intenção de ajudar o actual Duque de Wei”. 136. É muito interessante como o Mestre insiste nas vantagens da frugalidade e como essa mesma frugalidade é fonte de bem-estar e alegria da pessoa exemplar. Pressente-se, em todas estas sentenças, um remoque aos endinheirados do seu tempo que primavam pela ostentação e a luxúria, ao invés de através do cultivo de si atingirem um elevado grau de perfeição moral. 137. Há quem veja nestas palavras um exercício de ironia, pois Confúcio não é conhecido pelo estudo do Livro das Mutações (Ò×經 Yi Jing). Portanto, o que o Mestre, nesta altura já de idade avançada, quer dizer é que nem mais que uma vida é suficiente para ser sempre benevolente e respeitar a Prática do Meio. 138. Os comentadores antigos afirmam que o Duque She era sedento de poder e tentava atrair Confúcio para o seu serviço. Zilu estava hesitante em encorajá-lo nos seus esforços. Segundo esta interpretação, um dos objectivos da resposta de Confúcio é indicar que ele não está interessado em aceitar uma posição moralmente questionável por causa de um salário ou outras recompensas materiais. Contudo, comentadores posteriores, incluindo Zhu Xi, retratam o Duque como uma figura simpática que admira Confúcio, e vêem o fracasso de Zilu em responder como resultado da percepção da inefabilidade da virtude sublime e misteriosa de Confúcio. Neste caso, a reacção de Confúcio é simples: ele está longe de ser misterioso, sendo apenas um homem comum possuído por um grande amor pela Via dos antigos. A única coisa que o diferencia dos outros é o objecto do seu amor. Wang Yangming comenta: “As paixões das pessoas comuns não se estendem para além da paixão por recompensas, fama, riqueza e honra… A natureza da sua paixão não é diferente, é apenas o objecto da sua paixão que é diferente”. 139. Os comentadores interpretam esta passagem como uma forma de estimular os seus alunos. 140. Wang Bi comenta: “Prodígios refere-se a acontecimentos estranhos ou invulgares; feitos de força refere-se a coisas como a capacidade de Ao de manusear navios de guerra ou o facto de Wu Huo conseguir levantar mil libras; conduta desordeira refere-se a um ministro que mata o seu senhor ou um filho que mata o seu pai; e sseres espirituais refere-se ao serviço dos fantasmas e espíritos. Estas coisas em nada contribuem para a educação moral de alguém, ou são simplesmente coisas que o Mestre acha de mau gosto para falar.” Para Confúcio, estas coisas desviam a atenção do seu objectivo principal: o cultivo de si e o aperfeiçoamento moral. Sobre elas nada tem a dizer. 141. Podemos sempre tirar uma lição do comportamento de alguém, imitanmdo o que é bom e usando o que é mau como, de forma confrontacional consigo mesmo, detectar se em si mora algum daquele comportamento e alterá-lo. 142. Huan Tui era ministro no reino de Song e desejava fazer mal a Confúcio. De acordo com Sima Qian, quando Confúcio e os seus discípulos estavam em Song a praticar um ritual sob uma grande árvore, Huan Tui, numa tentativa de o matar, cortou a árvore. A tentativa de assassinato falhou. Quando os discípulos exortaram o Mestre a escapar do reino, ele terá produzido a sentença aqui relatada. 143. Wang Yuanming comenta: “Quando se trata de ensinar discípulos, há duas abordagens: ensino teórico (ÑÔ½Ì yanjiao ; lit. “ensinar através das palavras”) e ensino pelo exemplo (Éí½Ì shenjiao ; lit. “ensino pessoal”). O ensino teórico é certamente útil para ensinar a agir, mas não pode corresponder ao tipo de efeito profundo que se pode alcançar através do ensino através do exemplo… Com o seu comportamento, o Mestre forneceu aos estudantes um modelo a imitar, mas havia discípulos que só estavam interessados no ensino teórico. Foi por isso que o Mestre teve de deixar claro que, de facto, não lhes estava a esconder nada. Isto servia como um aviso aos discípulos.” Mais à frente, em 17.19., o Mestre diz: “Será que o Céu fala? E, ainda assim, as quatro estações sucedem-se e uma miríade de coisas nasce e cresce no seu seio. Será que o Céu fala?” 144. Huang Kan comenta: “A era de Confúcio era corrupta e caótica. As pessoas eram dadas à ostentação e ao exagero, apontando para nada e dizendo que era algo, tendo prazer no vazio como se fosse substância, e ostensivamente disfarçadas de ricas mesmo que as suas famílias fossem pobres. Tudo isto representa o oposto de constância, e é por isso que o Mestre lamenta que a constância será difícil de encontrar.” 145. Confúcio estendia a sua benevolência aos animais. Alguns comentadores sublinham que, se ele tratava assim as bestas, seria ainda mais benevolente para com os humanos. Hong Xingzu, por exemplo, de acordo com a mentalidade do seu tempo, sublinha que “uma vez que ele é assim quando se trata de assuntos menores, podemos imaginar como ele é quando se trata de assuntos importantes.” 146. O Mestre reconhece que não é o género de pessoa que usa a sua intuição, que talvez considere, ironicamente ou não, um grau superior de sabedoria. Mas realmente afirma aqui, com humildade, que uma acção baseada no estudo, na observação cuidada e reflectida é um grau menor de sabedoria. Giorgio Sinedino considera que esta passagem explica a recusa do improviso por parte dos povos orientais influenciados pelo confucionismo. 147. As linhagens reais tanto de Lu como de Wu partilhavam o nome de clã Ji. Tomar como esposa ou concubina alguém com o mesmo nome de clã era uma grave violação ritual. Portanto, quando o Duque Zhao casou com uma aristocrata de Wu, fez com que as pessoas se referissem a ela como “Filha mais velha de Wu” (Wu Mengzi), em vez de usar o seu nome próprio, esperando assim não chamar a atenção para a sua transgressão incestuosa. O ministro pretende embaraçar Confúcio, dando a entender que não pratica o que ensina. A resposta de Confúcio é irónica: embora o ministro critique o Duque Zhao por violar a conduta ritual, não percebe que pedir-lhe que critique um antigo senhor do seu reino natal é também uma grave violação do ritual, e que o elogio de Confúcio ao Duque Zhao é a única resposta ritualmente adequada. 148. Zhu Xi comenta: “O Mestre invariavelmente pediria aos outros para cantarem novamente porque desejava obter as nuances e aprender com as boas partes. Depois, harmonizar-se-ia com eles porque estava feliz por ter conseguido as nuances e ter aprendido com aquelas partes. Aqui vemos a disposição fácil do sábio: sincero na intenção e cordial ao mais alto grau, ao mesmo tempo humilde, perspicaz, e feliz por celebrar as excelências dos outros.” 149. Ao diminuir-se, por dizer que nem sempre a sua acção corresponde à de uma pessoa exemplar, o Mestre demonstra quão difícil é praticar a Via do Meio, apesar de em termos de aquisição de conhecimento e de cultura se poder comparar seja com quem for. 150. Numa bela asserção, o Mestre recusa, uma vez mais, imiscuir-se com seres sobrenaturais e apresenta o seu desempenho durante a vida como prestação suficiente, aceitando o destino que o Céu lhe conferir. 151. Kong Anguo comenta: “Ambas são falhas, mas a frugalidade é melhor do que a prodigalidade. A prodigalidade leva à usurpação de privilégios acima da sua posição na vida, enquanto a frugalidade faz com que se fique aquém da plena conduta ritual”. 152. Jiang Xi comenta: “A pessoa exemplar controla-se a si mesmo e está à vontade, relaxado e não é egoísta. A pessoa menor, por seu lado, está sempre a lutar pela glória e por ganho pessoal, constantemente ansiosa pelo sucesso ou pelo fracasso e, portanto, perpetuamente cheia de preocupações”.
Hoje Macau EventosGrande Prémio | Museu com entrada gratuita esta quinta-feira O Museu do Grande Prémio de Macau terá entrada gratuita esta quinta-feira a propósito do Dia Mundial da Criança. Neste dia os mais novos e as suas famílias terão oportunidade para tirar fotografias com a mascote turística “Mak Mak”, que estará vestido com fato de piloto de corridas, entre as 10h e as 14h. Às 15h30 haverá uma actividade de modelagem de balões no museu para distribuição gratuita aos visitantes. Além disso, entre quinta-feira e domingo o museu estará equipado com um vídeo booth 360, onde os visitantes poderão fazer vídeos com adereços interessantes e guardar os vídeos no formato de ficheiro electrónico. Também na quinta-feira, será lançado um novo simulador de corridas de motas. Através de um sistema de movimento avançado e profissional, de uma nova tecnologia de rastreamento do corpo, com controlo real de motociclos e configuração de capacete de realidade virtual, o simulador visa proporciona aos visitantes uma experiência de como conduzir no Grande Prémio de Motos no Circuito da Guia de Macau. O café do museu terá, também a partir de quinta-feira, dois novos menus temáticos, com o “hambúrguer vencedor” e um menu infantil com o tema “gato de corrida”. Continuam em exposições as estátuas de cera de alguns dos mais conhecidos pilotos de automobilismo que passaram pelo Grande Prémio, numa parceria com o museu Madame Tussaud de Hong Kong.
Hoje Macau EventosBienal de Veneza | Propostas apresentadas até 28 de Julho O Museu de Arte de Macau, sob égide do Instituto Cultural (IC), aceita, até 28 de Julho, propostas de arte para a representação de Macau na “60ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza – Evento colateral de Macau, China”, que decorre em Abril do próximo ano na cidade italiana. A ideia deste concurso é “promover a arte contemporânea de Macau junto do público internacional”. As propostas devem ser apresentadas por equipas compostas pelo mínimo de dois membros, incluindo um curador. Os membros da equipa devem ser todos residentes permanentes e ter mais de 18 anos, devendo ainda ter experiência em exposições abertas de arte contemporânea e licenciatura em artes. O júri de selecção das propostas será composto por especialistas nas áreas relevantes e representantes mandatários do IC. Os resultados da selecção serão anunciados em Setembro deste ano. O MAM participa neste evento em Itália desde 2007, com um total de 19 artistas. A edição deste ano da Bienal de Arte de Veneza tem como curador Adriano Pedrosa. Criado em 1895, o evento é a bienal de arte mais antiga e considerada como uma das três maiores exposições de arte do mundo. É também tida como a maior plataforma internacional de intercâmbio artístico contemporâneo, tendo atraído, no ano passado, mais de 800 mil turistas e amantes de arte de todo o mundo.
Hoje Macau EventosFRC | Exposição de pintura de Alley Leong abre hoje ao público Alley Leong apresenta hoje, na Fundação Rui Cunha, a exposição de pintura “Chakra Illusion Utopia”. Trata-se de uma mostra de pintura que vai buscar influências ao mundo espiritual, sem esquecer a vasta experiência da artista como tatuadora Pode ser vista hoje, a partir das 18h30, e até ao dia 10 de Junho, uma nova exposição de pintura na Fundação Rui Cunha (FRC). Trata-se da mostra “Chakra Illusion Utopia”, de Alley Leong, uma jovem artista de Macau que começou a trabalhar como tatuadora no território e em Hong Kong. Com a pandemia, Alley regressou a Macau e começou a pintar, descobrindo uma nova faceta da arte que já mostrava nos corpos humanos que tatuava. A mostra reúne 24 pinturas a óleo sobre tela, mas também aguarelas e tinta acrílica, no traço detalhado das tatuagens e nas cores vivas dos chakras, que transmitem a sua paixão pelo desenho cromaticamente saturado, evocando imagens oníricas do mundo fantástico e espiritual. A exposição conta com a curadoria de Heidi Ng, que explica que a primeira vez que conheceu a artista viu uma pele “coberta de várias tatuagens, como se fosse uma roupa a vestir o seu corpo”. “O corpo inato não afectou o seu potencial criativo e desempenho, mas preencheu cada um de seus gestos com energia vital e espiritualidade”, adiantou. Citada por uma nota da FRC, a curadora recorda uma infância de introspecção da artista por causa da sua aparência e da rebeldia vivida na adolescência, que “só depois de aprender a tatuar comecei a ter contacto com a arte e a transformar aos poucos a mentalidade”. Assim, “a pintura tornou-se uma forma de ela se expressar e explorar a vida”, frisou Heidi Ng. Através da tatuagem, a artista conseguiu perceber o seu dom para o desenho e pintura de cores vibrantes, “o que viria a ter um impacto profundo nas suas criações posteriores”. A pandemia foi, assim, fundamental para a artista perceber o seu potencial como pintora. Chakras e consciências Esta exposição marca a estreia da artista como pintora, tendo como tema as cores dos chakras humanos e da autoconsciência interior. Assim, são usadas sete cores para representar a energia das imagens ou objectos. “No processo criativo ela foi buscar inspiração ao subconsciente e transformou-a em símbolos e imagens nas suas obras. Esse estado, semelhante à meditação, permitiu que ela se aprofundasse no subconsciente e comunicasse com o seu mundo interior. A criatividade foi maximizada e ela adquiriu uma compreensão mais profunda das suas crenças, aprimorando assim o nível artístico”, considera ainda a curadora.