Hoje Macau EventosAutomobilismo | Desenvolvimento do karting em Macau contado em livro Na próxima segunda-feira, será lançado, no Museu do Grande Prémio, o livro da autoria de Carlos Barreto e Pedro Dá Mesquita que conta a história do karting no território. A obra intitula-se “História do Karting em Macau” e o seu lançamento inclui ainda um encontro com alguns pilotos. Eis a possibilidade de descobrir mais sobre uma modalidade do desporto automóvel que remonta aos anos 60 A história do karting em Macau já está contada em livro pelas mãos de Carlos Barreto e Pedro Dá Mesquita. A obra, que tem edição da Praia Grande Edições, será lançada na próxima segunda-feira no Museu do Grande Prémio, numa sessão que promete ser especial, pois contará com a presença de alguns pilotos que se aventuraram nas pistas locais de karting. “História do Karting em Macau” conta a história de um desporto automóvel que tem marcado as pistas locais desde os anos 60, “passando das vias públicas para pistas temporárias, sem as melhores condições para a prática da modalidade”. Mais tarde, as corridas passaram a fazer-se numa “pista permanente considerada uma estrutura de desporto automóvel de classe mundial”, disponível em Coloane. Segundo a nota de apresentação do livro, este desenvolvimento em termos de infra-estruturas “permitiu que jovens pilotos iniciassem as suas carreiras de piloto desde o início dos anos 90, competindo nos campeonatos ao mais alto nível da FIA (Federação Internacional do Automóvel”, sendo dois deles vencedores no Grande Prémio de Macau, FIA Fórmula 3 (2000) e Fórmula 4 (2020 e 2021). Este livro explica, assim, a “evolução da modalidade ao longo de décadas e destaca alguns dos pilotos locais que honraram o nome de Macau no mundo do desporto automóvel”. A cerimónia de lançamento começa às 18h na sala multifunções do Museu do Grande Prémio. Quem é quem Os autores da história do karting em Macau são figuras com bastante ligação ao mundo do desporto automóvel. No caso de Pedro Dá Mesquita, licenciado em comunicação social, teve o primeiro contacto com Macau ainda nos anos 80, tendo trabalhado no Gabinete de Comunicação Social (GCS). Foi depois colaborador das revistas “Sábado”, “Nam Van” e ainda do semanário “Oriente”. Pedro Dá Mesquita prosseguiu a sua carreira como jornalista em Macau a partir de 1987, tendo sido repórter, chefe de redacção e director do extinto jornal “Comércio de Macau”. Enveredou depois pelo mundo da televisão já nos anos 90 na Teledifusão de Macau (TDM), mais concretamente do Canal 1 (Português) onde foi jornalista e editor do Telejornal e Últimas Notícias. Em 1993, faz parte dos corpos gerentes do Clube de Jornalistas de Macau. A partir de 1999, Pedro Dá Mesquita passou a colaborar com diversos títulos de imprensa, nomeadamente O Clarim, Ponto Final, de que foi um dos fundadores; e ainda os diários Jornal Tribuna de Macau, Hoje Macau e revista Macau. O autor colaborou na edição do “Dicionário da História de Macau”, da responsabilidade do Instituto de Estudos Portugueses da Universidade de Macau. Já depois da transição, em 2000, Pedro Dá Mesquita entrou para o Instituto para os Assuntos Municipais, tendo escrito, em Dezembro de 2008, o livro “Memórias de Um Campo Santo”, editado para comemorar os 150 anos do Cemitério de S. Miguel Arcanjo. Carlos Barreto, o outro autor do livro lançado na segunda-feira, é natural de Moçambique, mas está em Macau desde 1985. Segundo a mesma nota, o desporto motorizado é uma das suas grandes paixões, tendo Carlos Barreto feito parte, a partir de 1991, da direcção do Automóvel Clube de Macau. Com uma forte ligação ao Grande Prémio, Carlos Barreto foi director de provas nos Campeonatos de Karting e Motociclos de Macau entre 1991 e 1996, e depois entre 2004 e 2008. Foi ainda presidente do colégio de comissários desportivos desses campeonatos entre 2009 e 2010. Carlos Barreto foi também director de prova do Grande Prémio Internacional de Kart de Macau, de 2004 a 2016, incluindo o 46.º Campeonato do Mundo de SKF da CIK-FIA (2009), o 49.º Campeonato Mundial de KF1 da CIK-FIA (2012) e os campeonatos da Ásia-Pacífico em KF3 da CIK-FIA, além de ter sido adjunto do director da corrida do Grande Prémio Internacional de Kart de Macau de 2017.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Seul não exclui envio de armas para Kiev O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, disse ontem que o país não exclui a possibilidade de entregar armas directamente à Ucrânia, num eventual ajustamento da política de Seul neste domínio. A decisão foi anunciada na sequência de informações que dão conta do possível envolvimento de soldados da Coreia do Norte na guerra na Ucrânia. “Dependendo do nível de envolvimento norte-coreano, ajustaremos gradualmente a nossa estratégia de apoio em várias fases. Isto significa que não estamos a excluir a possibilidade de fornecer armas”, declarou o chefe de Estado, em conferência de imprensa em Seul. O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou na quarta-feira “os primeiros combates” das tropas ucranianas contra soldados norte-coreanos que se juntaram ao Exército russo na frente de batalha. O responsável ucraniano voltou a pedir à comunidade internacional para que “faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que este passo russo para expandir a guerra falhe”. O G7 – grupo das sete nações mais industrializadas do mundo -, a Nova Zelândia e a Austrália anunciaram na terça-feira que estão a preparar uma resposta coordenada à entrada de efectivos norte-coreanos na guerra russo-ucraniana.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Lucro líquido da Nissan caiu 93,5% entre Abril e Setembro O lucro líquido do fabricante japonês Nissan caiu 93,5 por cento entre Abril e Setembro, para 19.223 milhões de ienes, sobretudo devido à quebra nas vendas e ao ajustamento da produção. No mesmo período, que corresponde à primeira metade do ano fiscal japonês, o lucro operacional caiu 90,2 por cento, para 32.908 milhões de ienes, anunciou a empresa. A Nissan Motor não publicou ontem a estimativa de lucro líquido para todo o ano fiscal, que terminará em Março de 2025, devido a “dificuldades em calculá-lo num ambiente de negócios em rápida mudança”, segundo disse o presidente e director executivo da empresa, Makoto Uchida, em conferência de imprensa. Entre Abril e Setembro, o volume de vendas caiu 1,3 por cento, para 5,9 biliões de ienes. Cortes a direito A quebra nas vendas levou ontem a Nissan a anunciar um corte de 9.000 postos de trabalho em todo o mundo, assim como um ajustamento na sua capacidade de produção O responsável da Nissan Motor anunciou ainda que haverá mudanças na liderança da empresa, nos próximos meses, bem como cortes na remuneração dos seus executivos de topo, fruto dos resultados negativos ontem apresentados. “Não vamos tornar a nossa empresa mais pequena, mas sim torná-la mais ágil e adaptável a um ambiente de negócios em rápida mudança”, disse Uchida, que também admitiu que a Nissan Motor “não foi capaz de se adaptar aos tempos” ou “capaz de ser rápida o suficiente.” O responsável aludiu especificamente a “um mercado cada vez mais difícil e com mais concorrentes”, ao aumento do preço das matérias-primas, à escassez de semicondutores ou a um plano de vendas da empresa “excessivamente esticado” como factores para o agravamento da saúde financeira da Nissan.
Hoje Macau China / ÁsiaChina/UE | Negociações intensas sobre tarifas de veículos eléctricos A China e a União Europeia (UE) estão actualmente empenhadas em consultas intensivas sobre os detalhes específicos do plano de compromisso de preços de veículos eléctricos chineses, revelou o Ministério do Comércio. A porta-voz da pasta, He Yongqian, fez as observações em conferência de imprensa esta quinta-feira, em resposta a uma pergunta sobre a imposição de tarifas da UE sobre veículos eléctricos da China, indica a Xinhua. A equipa técnica da UE chegou a Pequim a 2 de Novembro e as consultas entre os dois lados seguem os princípios de “pragmatismo e equilíbrio”, disse He. Ao anunciar a imposição de tarifas em 29 de Outubro, o lado europeu disse também que continuará com as negociações sobre preços com o lado chinês. Após uma discussão por videoconferência em 25 de Outubro entre o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, e o vice-presidente executivo e comissário do Comércio da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, ambos os lados reiteraram a sua vontade política de resolver as diferenças através do diálogo e comprometeram-se a discutir os preços para solucionar o diferendo.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Antigo vice-ministro da Justiça detido após anúncio de “inspecções disciplinares” A China anunciou ontem que o antigo vice-ministro da Justiça Liu Zhiqiang foi detido por alegadamente ter aceitado subornos, dias após Pequim lançar nova ronda de “inspecções disciplinares” no seio do Partido Comunista e do Estado. O caso de Liu Zhiqiang (2016-2023) está agora nas mãos da Procuradoria Popular Suprema, para ser examinado e subsequentemente processado, depois de a Comissão Nacional de Supervisão – o principal organismo estatal anticorrupção da China – ter concluído a investigação, informou a instituição num breve comunicado. A Procuradoria Popular Suprema também comunicou na quarta-feira a detenção do antigo vice-presidente da Câmara Municipal de Pequim, Gao Peng, por suspeita de suborno e negligência no exercício das suas funções. Ambas as detenções ocorreram depois de o Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), a liderança máxima do partido, ter lançado nova ronda de “inspecções disciplinares de rotina”, que irá examinar as práticas de 34 departamentos centrais do PCC e do Estado. De acordo com a agência de notícias oficial Xinhua, os inquéritos vão centrar-se no “desempenho das funções” das organizações do Partido, em particular na implementação de “planos de reforma”, na prevenção e mitigação de “grandes riscos” e na promoção de uma governação interna “rigorosa e abrangente”. Os inspectores permanecerão nos departamentos acima mencionados durante cerca de dois meses, período durante o qual serão criadas linhas telefónicas e caixas de correio “para receber relatórios sobre violações disciplinares e outros problemas envolvendo funcionários do partido”, disse a Xinhua. Plano de limpeza Após ascender ao poder em 2012, o actual Presidente da China e secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping, lançou uma campanha anticorrupção que resultou na condenação de milhares de altos funcionários chineses, tanto institucionais como de empresas públicas. A 9 de janeiro, o Presidente instou o PCC a avançar com a “auto-reforma” e a redobrar a luta contra a corrupção, que, segundo ele, continua a representar uma situação “grave e complexa”. Cerca de 470.000 casos de corrupção foram investigados pelas agências de supervisão e disciplinares do país nos primeiros nove meses de 2023 e resultaram em acusações contra 45 funcionários do Comité Central do PCC, o número mais elevado dos últimos dez anos.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia chinesa | Exportações crescem em ritmo acelerado Há mais de dois anos, que os números do comércio externo chinês não cresciam tão rapidamente. O mês de Outubro trouxe um aumento de quase 13 por cento nas exportações do país, superando por larga margem as melhores expectativas dos analistas As exportações da China aumentaram 12,7 por cento, em Outubro, em termos homólogos, o crescimento mais rápido em mais de dois anos, de acordo com dados divulgados ontem pelas alfândegas do país asiático. Os dados mostram que as importações caíram 2,3 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, enquanto o excedente comercial da China fixou-se em 95,7 mil milhões de dólares em Outubro, acima do valor de Setembro, de 81,7 mil milhões de dólares. As exportações superaram em muito as estimativas dos analistas, que previam uma taxa de crescimento de cerca de 5,5 por cento. O valor supera também o crescimento de Setembro, de apenas 2,4 por cento. Foi a expansão mais rápida desde Julho de 2022. As perspectivas para o comércio externo da China tornaram-se mais incertas depois da vitória de Donald Trump na eleição de terça-feira. Trump prometeu aumentar as taxas alfandegárias sobre as importações da China para 60 por cento. O crescimento das exportações em Outubro sinaliza uma procura sustentada por produtos chineses no exterior, enquanto a procura no mercado interno permanece moderada. Os economistas afirmaram que o efeito de taxas alfandegárias mais elevadas sob a égide de Trump só produziria efeitos no próximo ano. “Embora as taxas propostas por Trump possam prejudicar o sector das exportações, o seu impacto será menos significativo do que muitos receiam – pensamos que poderão reduzir os volumes de exportação em cerca de 3 por cento – e poderá não se fazer sentir até ao segundo semestre de 2025”, afirmou Zichun Huang, da consultora Capital Economics, num relatório. “Enquanto isso, o retorno de Trump pode criar um impulso de curto prazo para as exportações chinesas, já que os importadores americanos aumentam as suas compras para se anteciparem às tarifas”, disse. Pacote surpresa Espera-se que Pequim revele um pacote de estímulo há muito aguardado hoje, após uma reunião do órgão máximo legislativo do país, com o objectivo de revitalizar a economia, face a pressões deflaccionárias e fraca procura interna. Os dirigentes chineses têm-se esforçado por relançar a economia desde o fim da pandemia da covid-19. Os Estados Unidos e a Europa aumentaram recentemente as taxas alfandegárias sobre as exportações chinesas de veículos eléctricos e outros produtos, o que obscureceu as perspectivas do comércio chinês como motor de crescimento. A queda prolongada do sector imobiliário também continua a ser um grande entrave à economia chinesa. Os decisores políticos chineses já anunciaram uma série de medidas para impulsionar a economia, incluindo a antecipação de 200 mil milhões de yuan do orçamento do próximo ano para despesas e projectos de construção.
Hoje Macau SociedadeCartões de crédito | Dívidas crescem 30 milhões O débito não pago ligado aos cartões de crédito registou um aumento de 30 milhões de patacas no espaço de um ano, de acordo com as “Estatísticas relativas ao pagamento móvel e a cartões de pagamento – 3.º Trimestre 2024” publicadas pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Entre Julho e Setembro o valor total das dívidas relacionadas com cartões de crédito atingiu 2,72 mil milhões de patacas, um aumento de 1,4 por cento face ao montante de 2,69 mil milhões de patacas do período homólogo. No entanto, entre o segundo trimestre, as dívidas ligadas aos cartões de crédito tiveram uma redução de 1,9 por cento, dado que entre Abril e Junho o crédito atingiu 2,78 mil milhões de patacas. No domínio dos pagamentos móveis, o número de transacções no terceiro trimestre desse ano aumentou 2,9 por cento face ao trimestre anterior, com 88,1 milhões transacções. O valor das transacções foi de 7,6 mil milhões de patacas, um crescimento de 6 por cento.
Hoje Macau SociedadeMassagens | Realizadas rusgas em oito casas Duas detenções por excesso de permanência. Foi este o balanço feito pelas autoridades policiais depois de oito rusgas a casas de massagens locais, que tiveram como objectivo, de acordo com o jornal Ou Mun a “purificação do ambiente de segurança pública” no território. A iniciativa decorreu entre as 20h e 23h de quarta-feira, integrada na Operação Trovada 2024, e envolveu 25 agentes criminais, que entraram em oito casas de massagens da área central de Macau onde interceptaram 102 pessoas. As duas pessoas que ficaram detidas foram conduzidas ao departamento de migração, que deverá tratar dos procedimentos legais para que sejam expulsas de Macau e eventualmente proibidas de entrar durante um espaço temporal. No balanço apresentado, as autoridades comprometeram-se a “prestar atenção às tendências da segurança pública, a ajustar e a reforçar os esforços de aplicação da lei em tempo útil e a garantir a segurança e a estabilidade das comunidades de Macau”.
João Luz Manchete SociedadeCrime | PJ alerta para “desafios” perigosos a circular online A Polícia Judiciária lançou ontem um alerta para o regresso às redes sociais de conteúdos que desafiam jovens a participar em jogos que implicam lesões auto-infligidas, corte de respiração ou circulação sanguínea. As autoridades pedem atenção a pais e escolas O “Sonho de volta à Dinastia Tang” ou “Desafio de morte em três segundos” são nomes de um jogo que lança desafios perigosos a jovens através das redes sociais. Estes fenómenos tão depressa desaparecem como ressurgem e, segundo um alerta emitido ontem pela Polícia Judiciária (PJ), voltaram a circular recentemente com publicações nas redes sociais. O “jogo” instiga os jovens a praticar acções específicas como pressionar o peito, afectando os sistemas respiratório e cardiovascular. O fenómeno é global e assume várias formas, mas o resultado é fazer a pessoa perder os sentidos ou entrar em estado de asfixia. No comunicado divulgado ontem pela PJ, apenas em chinês, é salientado que quem participa nestes desafios arrisca um episódio de isquemia, ou hipoxia, ou seja, o corte de fornecimento sanguíneo ou baixa concentração de oxigénio em tecidos orgânicos. Esta condição é particularmente grave se afectar as células cerebrais, muito sensíveis à falta de oxigénio no cérebro, “podendo provocar danos cerebrais graves, falhas de funcionamento órgãos vitais ou mesmo morte”, referem as autoridades. Com o regresso deste tipo de conteúdos perigosos, as autoridades apelam aos jovens para darem prioridade à sua segurança e para terem em consideração as consequências destes desafios. A PJ sublinha que a busca de excitação temporária, ou a prática de comportamentos maliciosos, através da imitação de acções perigosas, pode colocar em perigo a vida e conduzir a tragédias. Portanto, quem encorajar outros a participar nos “desafios” pode incorrer em responsabilidade criminal. Vigilância constante A PJ também apelou “fortemente” aos pais e responsáveis de estabelecimentos escolares para aumentarem a atenção e vigilância ao comportamento dos jovens, aumentando a consciencialização para a segurança e respeito pela lei. Na última década, o fenómeno dos desafios perigosos, por vezes letais, correu as redes sociais. Alguns mais aparentemente inócuos, como o “planking”, os desafios de pimentos e molhos picantes, ou o desafio para comer uma colherada de canela, inundaram as plataformas online com vídeos que angariaram milhões de visualizações. Porém, surgiram desafios mais perigosos, envolvendo asfixia e desmaios, com o desafio da “Baleia Azul” a ser o mais insidioso, provocando os jovens a cometer suicídio, depois de se submeterem a desafios progressivamente mais perigosos ao longo de 50 dias.
Hoje Macau SociedadeWynn Macau | Fitch destaca redução da dívida A Fitch Ratings considera que a concessionária de jogo Wynn Macau “fez um trabalho sólido na redução da dívida”, ao aproveitar a recuperação do mercado do jogo no pós-pandemia. A indicação surge no relatório mais recente da Fitch, assinado pelos analistas David Bussey e Kyle Morgan, e citado pelo portal GGR Asia. A redução da dívida da concessionária também foi destacada pela empresa de serviços de investimento Lucror Analytics que apontou que no espaço de um ano a Wynn diminuiu a dívida em cerca de 5 por cento, para 6,4 mil milhões de dólares americanos. No final de Setembro, a Wynn Macau anunciou ter chegado a um acordo com os credores para atrasar o prazo de devolução de um empréstimo de 1,5 mil milhões de dólares. O prazo do cumprimento foi adiado para Setembro de 2028. De acordo com a Lucror Analytics, face aos resultados da concessionária, é esperada uma redução da dívida gradual nos próximos anos.
Hoje Macau SociedadeBNU | Encerradas duas agências em Macau e Taipa O Banco Nacional Ultramarino (BNU) vai encerrar, a partir do próximo ano, duas agências em Macau e Taipa, nomeadamente junto ao Mercado Vermelho e Parque Central da Taipa. Segundo um comunicado divulgado nas redes sociais, também o serviço de aluguer de cofre não estará disponível depois dessa data. O encerramento deve-se “à evolução do panorama bancário e introdução de mais serviços digitais”, sendo que todas as contas bancárias dos clientes “serão transferidas para outra agência do BNU”, a fim de garantir que os serviços para quem prefere deslocar-se ao balcão não serão afectados. O BNU explica ainda, em relação ao serviço de aluguer de cofres, que os pertences devem ser recolhidos até ao dia 31 de Dezembro, sendo que as mensalidades serão reembolsadas. Os clientes irão também receber um vale oferta.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGalaxy | Receitas crescem 11% no terceiro trimestre A casa ganha sempre, mas às vezes ganha menos. Foi o que aconteceu no terceiro trimestre do ano à concessionária Galaxy, que registou uma redução das receitas de 165 milhões de dólares de Hong Kong devido à sorte dos jogadores Entre Julho e Setembro, as receitas da concessionária Galaxy cresceram 11 por cento, para 10,7 mil milhões de dólares de Hong Kong, em comparação com o período homólogo. Os indicadores financeiros do terceiro trimestre do grupo foram divulgados ontem, e a empresa admite que os lucros antes de impostos foram afectados porque os jogadores tiveram mais sorte nas mesas dos casinos. Apesar do factor sorte, o terceiro trimestre do ano viu as receitas da empresa registarem uma melhoria face ao período homólogo, quando as receitas tinham sido de 9,7 mil milhões e dólares de Hong Kong. Se a comparação for feita com o segundo trimestre deste ano, houve uma redução de 2 por cento, dado que entre Abril e Junho as receitas tinham atingido os 10,9 mil milhões de dólares de Hong Kong. Em relação aos lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA ajustado) houve um crescimento de 6 por cento face ao período homólogo para 2,9 mil milhões de dólares de Hong Kong, o que significa que a empresa se tornou mais lucrativa nas suas operações. O EBITDA ajustado é um indicador financeiro que permite avaliar a capacidade de uma empresa de gerar lucros operacionais, não tendo em consideração despesas que não advêm das operações principais. Quando o EBITDA ajustado mais recente é comparado com o segundo trimestre do ano, o desempenho também sofreu um decréscimo, neste caso de 7 por cento. E a diferença foi explicada com a maior sorte dos jogadores no casino com o mesmo nome da empresa, que terá reduzido os ganhos em 165 milhões de dólares de Hong Kong. “O azar dos jogadores no terceiro trimestre fez com que o nosso EBITDA ajustado tivesse uma redução de aproximadamente 165 milhões de dólares de Hong Kong”, reconheceu Lui Che Woo, presidente do grupo em comunicado. Olhos no futuro Com a publicação de alguns indicadores das operações da empresa foi igualmente elaborado um ponto de situação sobre o desenvolvimento do Galaxy Macau e do empreendimento StarWorld. No que diz respeito às fases 3 e 4 do hotel-casino Galaxy, a abertura do novo hotel de luxo Capella Macau está prevista para meados do próximo ano. Quanto à fase 4, a empresa espera que todos as obras fiquem completas até 2027. Ainda de acordo com a informação divulgada, a companhia está a preparar alterações no hotel e casino StarWorld, na península de Macau, principalmente ao nível de uma maior oferta de restaurantes e bares. Também no terceiro piso deste edifício, foram instalados terminais digitais de jogo.
João Luz PolíticaNick Lei denuncia “círculo vicioso” que prende companhias locais de teatro O Governo da RAEM nas últimas Linhas de Acção Governativa estabeleceu a meta de “facilitar o desenvolvimento sustentável da indústria das artes performativas em Macau”, enquanto parte integrante do plano de diversificação económica, apostando no turismo cultural. O deputado Nick Lei considera que estes objectivos têm deixado de lado artistas locais, em especial as companhias de teatro. Numa interpelação escrita divulgada ontem, o legislador ligado à comunidade de Fujian dá voz às frustrações de artistas locais que se queixam de falta de espaço para desenvolverem a sua carreira em Macau, situação que dificulta a retenção de talentos locais. Entre as razões para este cenário, Nick Lei elenca a falta de palcos no território e a dependência das companhias de teatro face à programação do Centro Cultural de Macau. Além disso, as taxas de utilização dos espaços, salários de actores e de toda a produção “são despesas rígidas” que colocam companhias e artistas numa situação permanente de luta pela sobrevivência. Nick Lei cita estatísticas de especialistas do sector que indicam que para a sustentação financeira de uma companhia de teatro são necessários pelo menos 20 espectáculos por mês. Sem experiência, poucos espectáculos, popularidade e receitas de bilheteira, as companhias de teatro ficam numa posição de insustentabilidade financeira e caem num círculo vicioso que impede o seu desenvolvimento. Portanto, Nick Lei não estranha que muitos artistas locais que procuram formação fora de Macau não regressem ao território para prosseguir carreira. Aspirações vs Realidade Em 2014, os currículos escolares dos vários graus de ensino passaram a incluir artes. Neste aspecto, o deputado cita dados da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude que demonstram a crescente popularidade de estudos artísticos entre alunos que escolhem seguir estudos dessa área. Entre as cinco áreas mais populares na altura de escolher um curso superior (licenciatura ou bacharelato), as artes e humanidades ficaram em terceiro lugar no ano lectivo 2022/2023, com 13,6 por cento dos candidatos ao ensino superior. Face a estas estatísticas, Nick Lei defende que o Governo deve prestar atenção ao planeamento de carreiras artísticas, não bastando organizar a eventos culturais internacionais em Macau, impulsionando a participação de grupos locais nos eventos de larga escala. Como tal, o deputado acha fundamental intensificar esforços políticos no desenvolvimento das artes performativas e aumentar o investimento e recursos para potenciar os diferentes tipos de cultura e arte em Macau.
João Santos Filipe Manchete PolíticaIlha Verde | Novo plano prevê remoção de edifícios industriais Segundo os planos do Governo, que ainda vão ser alvo de consulta pública, o objectivo passa por tirar da Ilha Verde quase metade das 23 mil pessoas que ali habitam e criar mais zonas verdes Uma área com mais espaços verdes, cultura e maior destaque para as zonas costeiras. É esta a principal direcção do Planeamento de Ordenamento Urbanístico da Ilha Verde, de acordo com a apresentação de quarta-feira do Governo ao Conselho do Planeamento Urbanístico. Segundo o Canal Macau, o plano prevê, numa primeira fase, a relocalização do matadouro, assim como de outros edifícios e armazéns que funcionam naquela zona. “Vamos também fazer a remoção de armazéns, do matadouro […] Por outro lado, quanto à parte Sul da colina vamos tentar desenvolver a política de diversificação da economia 1+4, para transformá-la noma zona cultural dinâmica”, afirmou Leong Io Hong, chefe do Departamento de Planeamento Urbanístico da Direcção de Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU). “Vamos também tentar melhorar o ambiente do bairro, reduzir a densidade populacional, aumentar os equipamentos de utilização colectiva, os espaços verdes e públicos abertos, assim como a rede viária”, acrescentou. Ideal para habitação Em termos de metas concretas, Leong Io Hong revelou que a densidade populacional da Ilha Verde é actualmente de 23 mil pessoas, e que o objectivo passa por proceder a uma redução para 13 mil pessoas, o que equivale a tirar 43,5 por cento da população daquela zona. “Temos uma descida em termos da densidade populacional, por isso vai ser uma área mais ideal para habitação”, destacou o responsável. O plano prevê também a criação de corredores visuais para a Colina da Ilha Verde, hotéis, espaços desportivos e comerciais e novos acessos para veículos e peões. Apesar da apresentação do projecto, nesta fase ainda não há uma data prevista para o início das operações de realocação do matadouro e das fábricas da Ilha Verde. Antes das mudanças avançarem, a próxima etapa passa por integrar o projecto no Plano de Pormenor, que depois vai ser alvo de uma consulta pública. “De acordo com a lei temos de fazer uma consulta pública”, reconheceu Lai Weng Leong, director da DSSCU. O projecto inclui também centros comunitários para idosos e crianças, e instalações culturais e desportivas. Por sua vez, os conselheiros pediram um maior acesso a trilhos, para que as pessoas possam caminhar para a Colina Verde, como acontece com as Colinas de Mong Há e da Guia.
Hoje Macau PolíticaAgências de viagem | Sector queixa-se de aumento de multas Os deputados da segunda comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL), que analisa na especialidade a proposta de lei que regula a actividade das agências de viagens e da profissão de guia turístico, dizem ter recebido várias queixas do sector. Segundo o jornal Ou Mun, o assunto foi discutido na reunião de quarta-feira e o deputado Chan Chak Mo referiu que entidades como a Associação de Promoção de Guia Turismo de Macau, União dos Guias Turísticos de Macau e a Associação de Guias Turísticos do Património Cultural de Macau entregaram uma carta conjunta com queixas sobre o aumento das penalizações para quem não tem licença de guia turístico. Actualmente, a multa é de 10 mil patacas, mas com a nova lei pode variar entre as 10 e 20 mil. Segundo Chan Chak Mo, alguns deputados também consideram o aumento excessivo. O deputado e presidente da comissão revelou que os representantes do Governo asseguraram que vão reavaliar a situação e, possivelmente, reduzir parte das multas. Até Maio deste ano, estavam licenciadas 194 agências de viagem, sendo que, segundo a proposta de lei em análise, dez não correspondem às regras de operação. Assim, o Governo deverá permitir um período de transição para que se legalizem, tendo em conta que já foram emitidas licenças.
João Santos Filipe Manchete PolíticaJornalismo | Associação denuncia deterioração da liberdade de imprensa Meios de comunicação barrados de conferências de imprensa, pressões políticas para remover artigos publicados, e a realização de cada vez menos conferências de imprensa. É este o cenário traçado pela Associação de Jornalistas de Macau, que pede a Sam Hou Fai medidas para alterar a situação A Associação de Jornalistas de Macau (AJM) denunciou ontem a existência de sinais de uma “séria deterioração da liberdade imprensa”, devido ao novo sistema de bloqueio do acesso de jornalistas a conferências de imprensa, e por causa da existência de cada vez mais “pressões políticas” para a remoção de artigos publicados. “A Associação de Jornalistas de Macau está profundamente preocupada com vários casos recentes que revelam sinais de uma grave deterioração da liberdade de imprensa na cidade”, pode ler-se no comunicado divulgado ontem. “Enquanto Macau celebra o seu 25º aniversário da transferência de soberania, a rápida deterioração da liberdade de imprensa e de expressão na cidade tem-se tornado cada vez mais preocupante”, foi acrescentado. Em causa está o facto de o Governo ter começado a bloquear algumas publicações com menor periocidade de aceder a conferências de imprensa da Administração, ou outras entidades controladas pela Administração, com a desculpa de falta de espaço ou meios. Os critérios da escolha de convite para eventos não foram tornados públicos, mas há casos de meios de comunicação social na mesma situação em que alguns são convidados e outros são bloqueados. “Esta situação é claramente contrária à ‘liberdade de acesso às fontes de informação’ dos jornalistas, um direito consagrado na Lei de Imprensa de Macau”, foi defendido pela AJM. Propósitos contrários A Associação de Jornalistas de Macau defende também que qualquer sistema de registo para participar nas conferências de imprensa deve ser feito com vista a facilitar o contacto entre jornalista e governantes, mas nunca como instrumento de obstrução do acesso à informação. “Apelamos ao Governo da RAEM que explique publicamente a sua política de tratamento dos direitos de informação dos órgãos de comunicação social. Também esperamos que o Governo da RAEM possa rectificar os métodos que, como se viu nos casos mais recentes, constituem uma ameaça à liberdade de imprensa e ao espírito da lei de imprensa”, foi pedido. Face às queixas, a associação solicitou ao futuro Chefe do Executivo, Sam Hou Fai uma alteração de paradigma. “Apelamos ao Chefe do Executivo Eleito para reforçar a comunicação com a imprensa e o respeito pela liberdade de imprensa legalmente consagrada. Acreditamos que esta seria uma importante forma para provar ao mundo o sucesso de Macau na implementação de ‘Um País, Dois Sistemas’”, foi requerido. Muita procura Entre os eventos mencionados em que algumas publicações mensais e online começaram a ser barradas constam a Abertura Oficial do Ano Judiciário 2024/2025, o Fórum do Património Cultural da Área da Grande Baía, as conferências de imprensa do Conselho Executivo e a cerimónia de abertura da Linha de Seac Pai Van do Metro Ligeiro. A justificação que tem sido utilizada pelas autoridades aponta para um excesso de procura por parte de órgãos de comunicação social. No entanto, a associação refere que esta prática nunca se verificou nos 25 anos após a transição, e que em vários eventos os jornalistas participantes não foram mais de 10. Além disso, a AJM indica que o Governo tem recursos que permitem realizar conferências em salas com maior capacidade. Ao mesmo tempo, a associação refere que “observou um número crescente de casos em foi pedido a órgãos de comunicação social a eliminação de artigos por pressões políticas”. Um dos artigos visados abordava a campanha de Sam Hou Fai, embora a origem da pressão política não surja identificada. Entre as queixas, a associação também aponta que o Governo recorre cada vez mais a comunicados de imprensa para comunicar eventos e acontecimentos importantes, em vez de realizar conferências de imprensa. Esta prática, indica a associação, impede que sejam feitas perguntas e reduz o papel dos jornalistas a meros meios de propaganda.
Hoje Macau Grande Plano MancheteEUA | Com Trump na Casa Branca, China espera reconciliação O receio de uma nova guerra comercial existe, mas Xi Jinping espera a reconciliação com os Estados Unidos durante o novo mandato de Donald Trump. O presidente chinês deseja “uma relação sino-americana estável”, com benefícios para os dois países Donald Trump está de regresso à Casa Branca para um segundo mandato como presidente dos Estados Unidos da América (EUA), o que coloca diversas questões sobre o futuro, a começar pelo relacionamento com outra grande potência, a China. Recorde-se que no primeiro mandato de Trump, os dois países protagonizaram uma guerra comercial. Porém, para já, as palavras de Pequim são de felicitações e esperança de um bom relacionamento nos próximos quatro anos. Ontem, o presidente Xi Jinping felicitou Donald Trump pela vitória nas eleições presidenciais norte-americanas, apelando ao entendimento entre os dois países, após anos de tensões bilaterais, informou a imprensa oficial. “A história demonstra que a China e os Estados Unidos beneficiam com a cooperação e perdem com a confrontação”, disse Xi Jinping ao presidente eleito dos EUA, citado pela televisão estatal chinesa CCTV. “Uma relação sino-americana estável, saudável e duradoura está em conformidade com os interesses comuns dos dois países e com as expectativas da comunidade internacional”, sublinhou Xi. Estes foram os primeiros comentários do presidente chinês desde a vitória do candidato republicano. Donald Trump e a rival democrata Kamala Harris prometeram durante a campanha conter a ascensão da China. O magnata republicano prometeu impor taxas de 60 por cento sobre todos os produtos chineses que entram nos EUA. No entanto, Xi Jinping espera que os dois países “defendam os princípios do respeito mútuo, da coexistência pacífica e da cooperação vantajosa para todos”. Washington e Pequim devem “reforçar o diálogo e a comunicação, gerir adequadamente as suas diferenças, desenvolver uma cooperação mutuamente benéfica e encontrar forma correcta de a China e os Estados Unidos se entenderem nesta nova Era, para benefício de ambos os países e do mundo”, acrescentou. Xi Jinping e Donald Trump já se encontraram quatro vezes e o presidente eleito dos EUA gabou-se recentemente da sua “relação muito forte” com o líder chinês. Mas a vitória de Donald Trump abre um período de incerteza para as relações económicas sino-americanas, que foram fortemente abaladas durante o primeiro mandato do presidente eleito (2017-2021), quando este desencadeou uma guerra comercial e tecnológica contra Pequim. A China está a braços com uma recuperação pós-covid difícil, sobrecarregada por fracos níveis de consumo interno e uma grave crise imobiliária, com muitos promotores endividados e preços a cair a pique nos últimos anos. Os principais líderes da Assembleia Popular Nacional (APN), o órgão máximo legislativo da China, estão reunidos esta semana em Pequim, para elaborar um plano de relançamento económico. Muitos analistas acreditam que a vitória de Donald Trump poderá levar os dirigentes chineses a reforçar este programa de medidas, nomeadamente para compensar futuras taxas aduaneiras prometidas pelo republicano. Uma questão de respeito Outra reacção do Governo chinês também surgiu na quarta-feira, através de Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. “Respeitamos a decisão do povo americano e felicitamos Trump pela sua eleição como presidente”, reagiu o ministério, num curto comunicado. Um dia antes da vitória do candidato republicano sobre a democrata Kamala Harris, Pequim reafirmou a sua posição de respeito pelo processo eleitoral norte-americano, que considera “um assunto interno” dos EUA. “A nossa política em relação aos Estados Unidos é coerente. Defendemos a gestão das nossas relações com base nos nossos interesses comuns e na cooperação mutuamente benéfica”, sublinhou Mao Ning. Alguns especialistas sublinharam que o regresso de Trump ao poder pode levar a dimensão do pacote de estímulo fiscal que está a ser negociado pelos legisladores chineses esta semana, no contexto da reunião da APN, até 20 por cento maior do que estava previsto. Chee Meng Tan, professor de economia empresarial no ‘campus’ da Universidade de Nottingham na Malásia e especialista em política externa chinesa, disse à agência Lusa que apesar de Trump ser mais susceptível de impor um custo económico à China, a postura isolacionista do republicano favorece Pequim a nível geopolítico, particularmente na questão de Taiwan. Trump acusa Taipé de “roubar” a indústria de semicondutores dos EUA e defende que o território deve pagar a Washington pela sua defesa. A ilha é a principal fonte de fricção entre China e EUA. Renminbi desvaloriza Amizades à parte, o que é certo é que a moeda chinesa, o renminbi, caiu ontem para o valor mais baixo desde o início de Agosto face ao dólar norte-americano. O forte movimento da taxa de câmbio não se deve tanto à fraqueza do renminbi, mas à forte subida do dólar, que reflecte os efeitos de uma segunda presidência de Trump, que prometeu baixar os impostos e subir as taxas sobre as importações. A taxa de câmbio ‘offshore’, que reflecte as transações nos mercados internacionais como Hong Kong, era de 7,1980 yuan por um dólar, às 10h30 locais. A moeda chinesa perdeu cerca de 1,5 por cento do seu valor face à moeda norte-americana desde a manhã de quarta-feira, quando começaram a ser conhecidos os primeiros resultados das eleições. Trata-se também de uma descida de 3,17 por cento em relação ao seu último pico, que foi atingido depois de Pequim anunciar um pacote de estímulos económicos, no final de Setembro. É também a primeira vez que o renminbi desceu abaixo das sete unidades face ao dólar, pela primeira vez desde Maio de 2023. A taxa de câmbio ‘onshore’, que reflecte as transações nos mercados domésticos, acumulou uma queda de 1,07 por cento desde a manhã de quarta-feira, e de 2,34 por cento face ao seu pico mais recente, que remonta igualmente ao final de Setembro. Nessa altura, estava a ser negociada a cerca de 7,1782 por dólar. O Banco Popular da China (banco central) reduziu ontem em 0,93 por cento, para 7,1659 yuan por dólar, a taxa de câmbio oficial que fixa todos os dias e que é fundamental para a cotação da taxa ‘onshore’, que só pode oscilar num intervalo máximo de 2 por cento. Uma das possíveis manobras de Pequim, no caso de Trump agravar as taxas sobre produtos chineses, é precisamente permitir a desvalorização do renminbi, o que tornaria mais atractiva as importações chinesas com moedas mais fortes. As reacções asiáticas Na Ásia as reacções à vitória de Trump têm-se sucedido. No caso do Japão, o primeiro-ministro confirmou que teve ontem uma conversa telefónica com o vencedor das eleições norte-americanas e que os dois concordaram reunir-se “o mais rápido possível” e fortalecer a aliança. Durante a conversa de cinco minutos, o líder japonês, Shigeru Ishiba, disse que os dois vão combinar encontrar-se o mais rápido possível. Donald Trump, por sua vez, disse esperar falar com Ishiba “cara a cara”. Além disso, concordaram continuar a discutir activamente o reforço da aliança entre o Japão e os EUA “de muitos pontos de vista”, porque esta não abrange apenas aspectos económicos, referiu Ishiba. O porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi, sublinhou que a aliança é “a base da diplomacia e da segurança do Japão”, referindo-se à política externa japonesa e à aliança militar em vigor desde 1960, que permite a presença de bases militares norte-americanas em solo japonês, além do compromisso de defesa mútua. “Continuaremos a nossa cooperação em vários domínios e como parceiros globais com um papel fundamental na manutenção de uma ordem internacional livre e aberta, reforçando simultaneamente a capacidade de dissuasão da nossa aliança”, afirmou Hayashi. Ishiba, que tomou posse a 1 de Outubro, descreveu o líder republicano como amigável, no final da conversa. “Desejámos um ao outro o melhor para o nosso trabalho”, notou Ishiba aos meios de comunicação social. A conversa telefónica aconteceu depois de, na quarta-feira, Ishiba ter felicitado Trump pela boa prestação nas eleições contra a democrata Kamala Harris. “Os meus sinceros parabéns a Donald Trump. Estou realmente ansioso para trabalhar em estreita colaboração consigo para fortalecer ainda mais a aliança Japão-EUA e promover um Indo-Pacífico livre e aberto”, disse o primeiro-ministro japonês na rede social X. O regresso de Trump à Casa Branca pode significar que o líder republicano volte a exigir que o Japão aumente as contribuições por acolher bases norte-americanas. Destaque ainda para a reacção da Coreia do Sul, com o presidente, Yoon Suk-yeol, a felicitar Trump. “Sob a sua forte liderança, o futuro da aliança entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos da América será melhor,”, reagiu Yoon nas redes sociais, segundo a agência francesa AFP. “Aguardo com expectativa a continuação da nossa estreita cooperação no futuro”, acrescentou. Em ruptura com o antecessor Moon Jae-in, Yoon adoptou uma linha mais dura com a Coreia do Norte, que possui armas nucleares, ao mesmo tempo que melhorou os laços com Washington, um dos aliados de Seul em matéria de segurança. No seu primeiro mandato, Trump encontrou-se com o presidente norte-coreano três vezes, começando com uma cimeira histórica em Singapura, em Junho de 2018, mas sem fazer grandes progressos nos esforços para desnuclearizar a Coreia do Norte. Desde o fracasso de uma segunda cimeira em Hanói, em 2019, Pyongyang abandonou a diplomacia e redobrou os esforços para desenvolver o arsenal militar, rejeitando as propostas de diálogo de Washington. Trump também se encontrou com Kim na fronteira entre as duas Coreias, no final de Junho de 2019, e deu 20 passos em território da Coreia do Norte. Do lado da Índia, outra grande potência mundial e um protagonista económico a ter em conta, as felicitações chegaram logo no dia da eleição americana. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, felicitou Donald Trump pela “vitória histórica” nas eleições. “Estou ansioso por renovar a nossa colaboração para reforçar ainda mais a (…) parceria global e estratégica” entre a Índia e os Estados Unidos, declarou Modi nas redes sociais, segundo a agência francesa AFP. “Vamos trabalhar juntos para melhorar a condição dos nossos povos e promover a paz, a estabilidade e a prosperidade no mundo”, acrescentou o chefe do governo ultranacionalista hindu. Ucrânia | Nato quer discutir com Trump ligações a países O secretário-geral da NATO anunciou ontem querer discutir com o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, o reforço de laços da Rússia com a Coreia do Norte, o Irão e a China contra a Ucrânia. “Estou ansioso por me sentar com o Presidente Trump e ver como vamos fazer enfrentar conjuntamente esta ameaça”, disse Mark Rutte à chegada à cimeira da Comunidade Política Europeia, que reúne cerca de 40 líderes em Budapeste para debater “as crises” europeias, num contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos. “Agora que os [militares] norte-coreanos estão destacados na Rússia, vemos que cada vez mais a Coreia do Norte, o Irão, a China e, claro, a Rússia estão a colaborar e a trabalhar em conjunto contra a Ucrânia”, acrescentou. Rutte manifestou preocupação pelo facto de a Rússia ter recorrido ao apoio da Coreia do Norte em troca de fornecer tecnologia a esse país, o que, na sua opinião, “ameaça o futuro” tanto da Europa como dos Estados Unidos e dos países do Indo-Pacífico. “Estes são novos desenvolvimentos realmente perigosos e temos de falar sobre eles hoje”, reiterou. O responsável da NATO alertou ainda que, “muito em breve, os próprios Estados Unidos também estarão sob a ameaça destes últimos avanços tecnológicos graças ao facto de a Rússia ter dado os seus mais recentes conhecimentos e tecnologia à Coreia do Norte”.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA/Eleições: Laços ancestrais indianos de Usha Vance e de Harris entre orgulho e desilusão Nos antípodas das ruidosas celebrações que eclodiram nos Estados Unidos, a aldeia indiana de Vadluru (sul) saudou hoje sem alarde a vitória de Donald Trump, orgulhosa da promoção da sua descendente mais ilustre ao posto de “segunda-dama”. Filha de imigrantes indianos, Usha Vance, 38 anos, é a mulher de JD Vance, futuro vice-Presidente. O contraste acontece em Thulasendrapuram, 730 quilómetros mais a sudoeste de Vadluru, na aldeia do avô da candidata democrata derrotada nas presidenciais norte-americanas, onde a família da mãe de Kamala Harris tem laços ancestrais e onde as pessoas acabaram por sentir grande desilusão. Na aldeia de Vadluru, os sorrisos, porém, são muitos por verem JD Vance na vice-presidência. Considerado um brilhante advogado, formado pelas universidades norte-americana de Yale e pela britânica de Cambridge, JD Vance nasceu nos subúrbios de San Diego (Califórnia), filho de uma pai cuja família é natural de Vadluru, no estado de Andhra Pradesh. “Estamos felizes”, sorri um dos moradores da aldeia, Srinivasa Raju, 53 anos, ao anunciar o regresso de Donald Trump à Casa Branca. “Estamos orgulhosos”, acrescenta, entre as casas brancas e as palmeiras da pequena cidade, Venkata Ramanayy, 70 anos. “Todos os indianos, não só eu, mas todos os indianos, estão orgulhosos de Usha por causa das suas origens indianas”, insistiu, afirmando esperar que a ‘segunda-dama’ “não se esqueça da aldeia e a beneficie”. Os moradores de Vadluru rezaram para que Trump vencesse Harris, diz o padre hindu Appaji, 43 anos, vestido com uma túnica cor de açafrão. “Apoio Usha Vance e, portanto, apoio Trump”, explica depois de colocar uma vela para o Presidente eleito em frente à estátua do deus hindu com cabeça de elefante, Ganesh. Appaji não esconde agora a esperança de um retorno mais concreto. “Se ela puder lembrar-se das suas raízes e fazer algo de bom pela aldeia, seria ótimo”, sublinhou o padre hindu, repetindo as palavras de Venkata Ramanayy. No entanto, Usha Vance, que disse ainda praticar a religião hindu, nunca visitou Vadluru. Mas o mesmo Appaji garante que o seu pai esteve lá há cerca de três anos e que aproveitou para perguntar sobre o estado do templo. Depois de o seu bisavô ter deixado a aldeia, o pai de Usha, Chilukuri Radhakrishnan, foi criado em Chennai (antiga Madras), antes de se mudar para os Estados Unidos para estudar. Tal como ele, milhões de indianos optaram por partir para os Estados Unidos. Tornaram-se, de acordo com as estatísticas oficiais mais recentes, a segunda maior comunidade de origem asiática, com 4,8 milhões de representantes em 2020. A atmosfera era um pouco menos alegre 730 quilómetros mais a sudoeste, na aldeia do avô de Harris, que, apesar da derrota, os residentes de Thulasendrapuram afirmaram estar orgulhosos da democrata. “Ela é uma fonte de inspiração para a aldeia”, garante T.S. Anbarasu, 63 anos, sublinhando que “todas as escolas da região conhecem Kamala Harris”. Nascida na Califórnia, a ainda vice-presidente norte-americana visitou várias vezes a aldeia indígena da sua família com a sua mãe. Os residentes da aldeia, que seguiram atentamente os resultados das eleições nos seus ‘smartphones’, ficaram em silêncio quando o entusiasmo inicial se desvaneceu, pouco depois de começaram a ser noticiados os primeiros resultados que davam vantagem a Trump. Os habitantes de Thulasendrapuram esperavam uma vitória de Harris e, na terça-feira, organizaram orações hindus especiais num templo local onde o nome da candidata democrata está gravado numa lista de doadores. Alguns planeavam também lançar fogo de artifício e distribuir doces se ela ganhasse. “Estamos tristes com isso. Mas o que é que podemos fazer? Estava nas mãos dos eleitores daquele país. Foram eles que fizeram Trump ganhar. Só nos resta desejar o melhor a Trump”, disse J. Sudhakar. À medida que os resultados se tornavam mais claros, um grupo de repórteres indianos que se encontrava no exterior do templo da aldeia também se dispersou rapidamente. A aldeia – palco de um breve espetáculo mediático e de euforia desde terça-feira – ficou então quase deserta.
Hoje Macau China / ÁsiaMonte Fuji | Registada primeira queda de neve mais tardia em 130 anos O icónico vulcão e pico mais alto do Japão, o monte Fuji, registou ontem a primeira queda de neve da estação, sendo o momento mais tardio do ano em 130 anos. O cume do Fuji, com 3.776 metros e situado entre as prefeituras de Shizuoka e Yamanashi, a oeste de Tóquio, costuma mostrar as primeiras manchas brancas no início de Outubro. No entanto, as temperaturas extremamente quentes dos últimos meses fizeram com que não caísse neve até agora. O tempo quente persistiu nas últimas semanas, com uma temperatura média no cume de 1,6º C durante o mês passado, a mais elevada para Outubro desde que se iniciaram os registos em 1932, e 3,6°C acima da média. Em 2023, a primeira vez que se viu neve na montanha foi a 05 de Outubro, enquanto o antigo recorde de atraso deste fenómeno meteorológico no local foi estabelecido em 1955 e 2016, quando nevou a 26 de Outubro em ambos os anos. O Japão viveu este ano o Verão mais quente de que há registo, com temperaturas superiores a 40°C nos dias mais extremos, entre Junho e Agosto. Em Setembro, as temperaturas continuaram mais elevadas do que o habitual, com cerca de 1.500 zonas do país a registarem dias “extremamente quentes” acima dos 35°C. O monte Fuji é um dos marcos naturais ou culturais do Japão onde se começou recentemente a implementar medidas para travar o impacto do excesso de turismo. A vista do monte coberto de neve é uma das maiores atracções do país ao longo de todo o ano, um pico que é visível da capital japonesa em dias claros e que também aparece com destaque em obras de arte japonesas.
Olavo Rasquinho VozesPrós e contras da transição energética ou presos por ter cão e presos por não ter Para quem segue com atenção os problemas associados às alterações climáticas, a transição energética é um assunto de primordial importância. É, sem dúvida, uma das maiores preocupações dos decisores políticos, pois a tomada de decisões nesta área afeta a vida quotidiana dos cidadãos e é frequentemente motivo de protestos contra o custo de vida, em grande parte devido ao aumento dos preços dos combustíveis. Por vezes esse aumento não está relacionado com custo na origem, mas sim com a aplicação de taxas tendo em vista incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e promover a transição para uma economia mais sustentável e neutra em carbono. Nos países democráticos a taxa de carbono é frequentemente tema de crítica por parte dos partidos da oposição. Quando um dos partidos alternantes nos governos das democracias sobe ao poder, recorre a esse tipo de taxas não só para o fim para que foram criadas, mas também para equilibrar as finanças do Estado. Quando na oposição, esses partidos voltam a criticar o aumento do preço dos combustíveis. Sem dúvida que os combustíveis fósseis deram, desde meados do século XVIII, forte impulso ao progresso da humanidade. No entanto, passados pouco mais de 250 anos, desde o início da revolução industrial, é discutível que o balanço entre os benefícios do uso desses combustíveis e os prejuízos seja positivo. Os prós são muitos, mas os contras poderão ser mais significativos, considerando que a sua utilização tem sido a causa do aquecimento global e do aumento da poluição da atmosfera, dos recursos hídricos e dos oceanos, levando à degradação do ambiente, pondo em causa a sustentabilidade do nosso planeta. Através da história da Terra, o sistema climático tem sofrido alterações significativas. Na realidade, durante muitos milhares de anos ocorreram vários períodos glaciais intercalados com períodos interglaciais, devido a vários fatores, tais como variações na inclinação do eixo da Terra, movimentos tectónicos, vulcanismo, variações do albedo (reflexão da radiação solar). Na transição dos períodos glaciais para os interglaciais a temperatura média do ar subiu alguns graus, mas essa transição demorou milhares de anos. A grande diferença entre as alterações que então ocorreram e as que estão a decorrer, consiste no facto que o aquecimento global estar a acontecer desde há menos de 300 anos, não restando dúvidas de que tal se deve ao aumento de concentração dos gases de efeito de estufa devido a causas antropogénicas. Quanto mais quente está a atmosfera, maior quantidade de vapor de água pode conter, o que implica maior quantidade de precipitação em algumas regiões. Noutras regiões, a evaporação é mais intensa, o que é a causa de perda de humidade do solo, o que facilita períodos de seca mais longos e frequentes. Por outro lado, a circulação geral da atmosfera não distribui essa maior quantidade de vapor de água de maneira equilibrada. Estamos, na realidade, perante uma situação de extremos – excesso de água e água a menos. Segundo o relatório da OMM “Estado dos Recursos Hídricos Globais” (“State of Global Water Resources”), os caudais dos grandes rios têm sofrido forte diminuição, o que implica redução da água disponível para as comunidades, agricultura e ecossistemas. Também os glaciares têm sofrido grande perda de massa. Tudo isto pode ser o reflexo do aquecimento global que continua a não abrandar. O ano transato, 2023, foi o mais quente à escala global, desde que há registos, e o segundo ano consecutivo em que os glaciares sofreram maior degelo. Foi também um ano de contrassensos, caracterizado por secas em extensas regiões e por inundações severas noutras. A transição de La Niña para El Niño contribuiu provavelmente para que tivessem ocorrido esses extremos hidrológicos. Perante esta realidade, os governos estão a tomar consciência de que é necessária a aceleração da transição energética, de modo a diminuir as emissões dos GEE. No entanto, apesar do Protocolo de Quioto, do Acordo de Paris e das já 28 Conferências das Nações Unidas sobre o clima (COP), a concentração na atmosfera desses gases não deixa de aumentar. As medidas já tomadas e as que são imprescindíveis a breve trecho, não são populares. Os movimentos populistas, essencialmente negacionistas, estão a aproveitar o descontentamento das populações menos esclarecidas. Provavelmente o avanço da extrema-direita à escala mundial tem sido, e poderá continuar a ser, potenciado pela necessidade de acelerar a transição energética. Esses movimentos aproveitam as legítimas preocupações dos cidadãos para propagandearem que as alterações climáticas são uma falácia e que, consequentemente, não é necessária a mudança de paradigma no que se refere aos combustíveis fósseis. Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas 2023/2024, cerca de 25% dos países estão sob regimes com características que se podem classificar como populistas. As Nações Unidas, através de algumas das suas agências especializadas e programas, tais como a Organização Meteorológica Mundial (World Meteorological Organization – WMO) e o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (United Nations Environment Programme – UNEP), continuam a insistir na necessidade de acelerar as medidas de mitigação das alterações climáticas e de adaptação a essas alterações. Mas as dificuldades são imensas. Os governos assinam acordos no sentido da redução dos GEE, mas, na realidade, continuam a autorizar novas explorações de petróleo. Também os atuais conflitos constituem obstáculos à transição energética, pondo em risco o cumprimento da Agenda 2030 da ONU, cuja concretização tem em vista alcançar um mundo mais sustentável e próspero. Esses conflitos atuam como um travão à sustentabilidade. Outro obstáculo consiste nos danos colaterais inerentes à exploração de energias renováveis sobre a natureza, nomeadamente no que se refere à biodiversidade, agricultura, exploração florestal, paisagem, etc. Por exemplo, o impacto dos geradores eólicos sobre as aves, o abate de árvores ou a utilização de terrenos agrícolas para a instalação de painéis solares contribuem para a degradação do ambiente. Outro exemplo de interesses que se chocam consiste nas altas taxas impostas pela União Europeia aos veículos elétricos exportados pela China. Em princípio até seriam bem-vindos, atendendo a que são significativamente mais baratos, o que ajudaria na transição energética. Mas os interesses dos fabricantes europeus de veículos elétricos seriam seriamente afetados, pois a mão de obra europeia é muito mais cara, o que implicaria uma queda drástica no seu fabrico e, consequentemente, o despedimento de largos milhares de trabalhadores da indústria automóvel. Por outro lado, as energias renováveis não são exploráveis ininterruptamente. Por exemplo, à noite não é possível a captação de energia solar; quando não há vento os geradores eólicos não funcionam; em situações de seca hidrológica a produção de energia hidroelétrica é escassa, etc. É, portanto, necessário o recurso a baterias. Estas, por sua vez, requerem para a sua fabricação minerais críticos, tais como lítio, cobalto, níquel, manganésio, grafite e terras raras, cuja extração e processamento podem implicar impactos ambientais significativos, com graves consequências sociais. Em Portugal já há projetos de extração de lítio, nomeadamente o Projeto Barroso, no norte do país, que tem levantado grande oposição por parte da população, devido aos impactos ambientais. Perante esta situação, os líderes políticos têm de decidir entre optar pela continuação da exploração dos combustíveis fósseis ou pela extração mineira dos minerais críticos. No primeiro caso, estarão em conflito com os movimentos ambientalistas e contribuindo para o aquecimento global, contrariando os compromissos assumidos em acordos internacionais (Protocolo de Quioto, Acordo de Paris, etc.). No segundo caso, terão a oposição das populações, agricultores, e ainda dos ambientalistas. Ou seja, presos por ter cão e presos por não ter. Na China dir-se-ia “进退两难” (jìn tuì liǎng nán). Meteorologista
Andreia Sofia Silva Eventos“28 Notas em Quarentena” | O “livro-catálogo” com imagens e textos sobre o Eu “28 Notas em Quarentena”, um “livro-catálogo” que acompanha uma exposição de fotografia e objectos de arte plástica, é um exercício sobre o Eu em quarentena, mas também um desfilar de memórias e de pensamentos em circuito fechado. Os textos são de Ana Saldanha, a fotografia de Yun Qiming e ilustração de Raquel Pedro Apresentado na última quinta-feira na Livraria Portuguesa, “28 Notas em Quarentena” é um “livro-catálogo” que acompanha o projecto tripartido entre a académica Ana Saldanha, o fotógrafo Yun Qiming e ilustrações de Raquel Pedro. Os três encontrando pontos de convergência entre o texto, imagem e criatividade artística, criando um projecto apresentado em Macau pela mão da Associação Cultural 10 Marias e que poderá, um dia, ver a luz do dia no formato de livro. Ao HM, Ana Saldanha, ex-docente universitária em Macau e actual docente na Universidade Normal de Hunan, China, é autora dos textos escritos no contexto particular de uma quarentena de 28 dias feita no final do ano de 2020. “Escrevia um texto todos os dias e ia partilhando com as pessoas que me eram mais próximas. Havia sempre uma comunicação, pois familiares e amigos iam-me respondendo. Alguns amigos também estavam em quarentena e íamos partilhando as experiências de estarmos encerrados e a forma como íamos partilhando as memórias”, contou Ana Saldanha. “28 Notas em Quarentena” é, acima de tudo, um exercício sobre o Eu, em que a pessoa, fechada no contexto de uma pandemia, se vê como que obrigada a olhar para dentro. Há ainda três textos escritos pela autora já fora da quarentena sobre o seu pai, falecido nesse período. “Penso que existe uma questão que atravessa todos os textos e também as obras de Yun Qiming e Raquel Pedro, algo transversal, que é o facto de estarmos encerrados e virarmo-nos para nós próprios. As consequências da quarentena em termos de produção escrita foram uma espécie de auto-reflexão do meu percurso de vida, um processo em que trabalhei muito a memória, tal como o Yun e a Raquel”, descreveu ainda Ana Saldanha. Diálogo permanente As imagens de Yun Qiming, que Ana Saldanha conheceu na Mongólia Interior, de onde este é natural, são todas de espaços exteriores. Porém, são fotografias “que nos enviam para algo muito interior”. Convidámos a autora a pensar sobre este exercício de escrita já vários meses depois. Para ela, “os textos são ficcionados a partir de vivências reais, mas outros não”. “Há sempre algo presente que caracterizou o meu passado. Estava fechada e esse estado levou a essa reflexão. Sem querer, estive muito centrada em mim e naquilo que ia acontecendo e que me ia lembrando. O que a quarentena me fez foi pensar que temos muitas vidas numa vida, e estar encerrada permitiu encerrar várias vidas numa só através da escrita.” Depois do contacto com Yun Qiming, surgiu a ideia de trabalhar com Raquel Pedro, com quem Ana Saldanha já tinha colaborado num livro em torno da América Latina. “Acabámos por nos juntar os três e criar este projecto em que a escrita comunica com a fotografia e com as artes plásticas, num triângulo em que há uma comunicação interartística.” O que se verifica neste projecto é um permanente “diálogo, tal como aconteceu na pandemia, mas com diferentes perspectivas da quarentena”. Podem ser vistos 28 imagens, 28 textos e 28 obras de artes plásticas em consonância na exposição patente na Livraria Portuguesa. Do lado do leitor não se espera um pensamento sobre aquilo que foi a quarentena durante a covid, pois trata-se de palavras que poderiam ter sido escritas em qualquer altura. “Há poucos textos que falem mesmo da quarentena. Estes são textos que poderiam ter sido escritos noutro contexto, e as pessoas podem ter uma visão um pouco distinta. Há histórias ficcionadas, textos que são memórias que se mesclam ao longo do tempo, um pouco confusas no espaço, porque vivi em diferentes países.” Ana Saldanha diz não querer deixar “nenhuma mensagem em particular sobre a quarentena”, pois, quando escreve, espera “que quem leia os textos retire prazer da leitura, e que a partir dela, construa imagens, percepções e entendimento do que esteve a ler”. Relativamente aos textos de homenagem ao pai, já falecido, Ana Saldanha recorda a “violência desse processo” numa altura em que teve de lidar com a questão de saúde dele e viver, à distância, devido à quarentena, os seus últimos momentos de vida. É aí que também está presente “a questão da memória”. Cada texto de “28 Notas em Quarentena” está numerado e, para a autora, os preferidos são o 15.º e o 16.º. São memórias de noites embaladas pelo tempo.
Hoje Macau China / ÁsiaGuiné-Bissau| Concedida à China prospecção e exploração de minério na zona de Boé A Guiné-Bissau e a China Aluminium Corporation (CAC) assinaram um “acordo de parceria estratégica” para prospecção e exploração de minas no território guineense de Boé, disse ontem à Lusa o ministro dos Recursos Naturais, Malam Sambu. À luz desse acordo, rubricado no início desta semana em Bissau, o Governo guineense cedeu à CAC parte de um território na localidade de Boé, no leste do país, onde se acredita existir um “importante jazigo” de bauxite, adiantou Sambu. “Vão iniciar os estudos brevemente para determinar a quantidade de bauxite existente naquela mina”, disse o ministro dos Recursos Naturais. O acordo assinado entre o Governo guineense e a CAC é o seguimento do memorando de entendimento rubricado aquando da visita do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, à China em Julho passado. Estudos geológicos apontam que a Guiné-Bissau terá na localidade histórica de Boé – onde foi proclamada, de forma unilateral, a independência do país, em 1973 -, mais de 113 milhões de toneladas de bauxite, a principal fonte natural de alumínio. Em 2007, o Governo guineense concedeu uma licença de exploração daquele minério à Bauxite Angola, uma empresa mista de direito angolano, que viria a interromper os trabalhos de prospecção, iniciados em Abril de 2012, na sequência de um golpe de Estado na Guiné-Bissau. Por diversas vezes, desde então, a Bauxite Angola ensaiou o seu regresso, mas o projecto nunca mais avançou, até que em Dezembro de 2022, o Governo guineense anunciou, em Conselho de Ministros, a rescisão do contrato ao abrigo do qual havia concedido licença de exploração àquela empresa. Em Março último, Malam Sambu anunciou que a licença de exploração de bauxite “está livre”, depois de o Governo guineense considerar que a Bauxite Angola abandonou a concessão.
Hoje Macau China / ÁsiaFitch | Economia chinesa em risco de entrar em espiral deflacionária A agência de notação financeira Fitch Ratings alertou ontem que a economia chinesa arrisca entrar numa espiral deflacionária, apesar das recentes medidas fiscais e monetárias anunciadas pelas autoridades do país, visando estimular a procura interna. Num relatório, a Fitch Ratings apontou que a “potencial exacerbação das actuais tendências de oferta e procura, juntamente com desafios demográficos e de sobre-endividamento, representa um risco de queda sustentada dos preços”. “A procura interna é fraca e um abrandamento do sector imobiliário mais prolongado do que o previsto constitui um risco significativo para as nossas previsões de crescimento”, lê-se na mesma nota. A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno, que reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento, é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias. Observando que “as despesas de capital estão a aumentar mais rapidamente nos sectores orientados para a exportação”, a agência de ‘rating’ afirmou que um abrandamento da economia mundial em 2025 vai “provavelmente limitar o crescimento das exportações”. “A evolução do lado da oferta vem agravar estas tendências. Os indicadores do mercado de trabalho sugerem que a oferta está a ultrapassar a procura. Os custos unitários do trabalho diminuíram em 2023 pela primeira vez desde 2000. Tudo isto indica um certo grau de folga na economia chinesa”, apontou. A voz dos números O índice de preços ao consumidor, principal indicador da inflação na China, subiu 0,4 por cento em Setembro, em termos homólogos. A inflação subjacente, que exclui os preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade, aumentou apenas 0,1 por cento. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), que mede os preços à saída das fábricas, afundou 2,8 por cento, em Setembro, reflectindo o excesso de oferta apontado pela Fitch. “Uma vasta gama de preços está a cair. Por exemplo, o PPI mantém-se em território negativo desde 2022”, afirmou o relatório. O excesso de oferta na China está já a suscitar uma escalada de medidas proteccionistas, à medida que vários parceiros comerciais acusam o país asiático de ‘dumping’ – venda a preço inferior ao custo de produção. A prática é susceptível de eliminar os concorrentes estrangeiros, incapazes de competir com os preços praticados pelos exportadores chineses. A Fitch espera, no entanto, que a política fiscal se torne mais favorável, após Pequim ter anunciado uma redução das taxas de juro e outras medidas que visam injectar liquidez no mercado e estimular o consumo doméstico. “Mas se a política orçamental se mantiver neutra, em vez de estimular a economia, isso constituirá outro risco fundamental para as perspectivas de crescimento e a dinâmica dos preços”, frisou.
Hoje Macau SociedadeCrime | Homem detido por burla com infiltrações Um homem do Interior da China foi detido pela suspeita da prática de burla, depois de ter cobrado dinheiro a dois residentes locais para resolver problemas de infiltrações, que ficaram por solucionar. O caso aconteceu em Julho do ano passado, quando o homem colocou um anúncio online e foi contactado por dois residentes para resolver problemas com infiltrações. No início, o detido apresentou um orçamento de 1.280 patacas e 3.000 patacas aos residentes. Porém, o homem de 41 anos acabou por aumentar os orçamentos para 25 mil patacas e 40 mil patacas, com a justificação de que precisava usar materiais mais caros do que o inicialmente previsto. Os residentes pagaram, mas dias depois verificaram que o problema das infiltrações não tinha sido resolvido, pelo que apresentaram queixa às autoridades, depois e terem perdido o contacto com o alegado burlão. Ontem, a polícia anunciou a detenção do homem quando tentava entrar em Macau.