Hoje Macau China / ÁsiaIA | Julgamento sobre utilização não autorizada de conteúdo gerado A utilização, com recurso à inteligência artificial, da voz de uma artista em audiolivros, sem que esta tenha dado autorização para tal, está a ser julgada após a artista vocal de apelido Yin ter apresentado queixa contra cinco empresas intervenientes no processo Um tribunal chinês iniciou esta semana um julgamento para decidir se a imitação da voz de uma pessoa com recurso à inteligência artificial (IA) pode ser considerada a sua voz original, determinando direitos de propriedade sobre conteúdo. A queixosa é uma artista vocal de apelido Yin, que descobriu, em Maio passado, que a sua voz estava a ser utilizada em muitos audiolivros que circulavam na Internet sem que ela tivesse assinado um contrato ou dado autorização para tal, informou o jornal oficial em língua inglesa China Daily. Uma investigação apurou que os infractores utilizaram uma aplicação de inteligência artificial para reproduzir a sua voz e vender os direitos sobre o conteúdo a várias plataformas, arrecadando lucros. Yin processou cinco empresas, incluindo o operador da aplicação, o fornecedor do programa de IA e uma empresa que tinha gravado a sua voz, alegando que a sua conduta e práticas violaram os direitos de propriedade sobre a sua própria voz. “Nunca autorizei ninguém a fazer negócios com a minha voz gravada, muito menos a processá-la com a ajuda de inteligência artificial, ou a vender o conteúdo gerado” através destes programas, disse Yin, em tribunal. A queixosa pediu à Justiça que ordene os arguidos a “pararem imediatamente” com a infração e imponha uma indemnização de 600.000 yuan. “Eu vivo da minha voz. Os audiolivros que utilizam a minha voz processada com inteligência artificial afectaram o meu trabalho e a minha vida normal”, afirmou. Os arguidos argumentaram que a voz processada por IA não é a mesma que a voz original de Yin e que as duas deviam ser distinguidas. Inteligência educada Citado pelo China Daily, Liu Bin, um advogado de Pequim, disse que os profissionais do Direito estão a “explorar melhores formas de resolver” os litígios relacionados com a IA. “A prática jurídica vai ajudar-nos a encontrar um equilíbrio entre os avanços tecnológicos e a protecção dos direitos”, afirmou. A China aprovou em Julho um regulamento provisório para regular os serviços de inteligência artificial generativa semelhantes ao ChatGPT, que estarão sujeitos aos “regulamentos existentes sobre segurança da informação, protecção de dados pessoais, propriedade intelectual e progresso científico e tecnológico”. Estes programas terão também de respeitar os “valores socialistas fundamentais”, a “moral social e a ética profissional” e serão proibidos de “gerar conteúdos que ameacem a segurança nacional, a unidade territorial, a estabilidade social ou os direitos e interesses legítimos de terceiros”. Vários gigantes tecnológicos chineses, como o Baidu, o Tencent e o Alibaba, introduziram serviços baseados na inteligência artificial nos últimos meses.
Hoje Macau EventosMAM acolhe exposição sobre budismo tibetano Será inaugurada este sábado a exposição “Eminência Dourada: Tesouros do Museu do Palácio e do Mosteiro de Tashi Lhunpo”, que pode ser vista no Museu de Arte de Macau (MAM) até ao dia 17 de Março do próximo ano. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), trata-se de uma mostra organizada pelo MAM em parceria com o Museu do Palácio, a Agência do Património Cultural da Região Autónoma do Tibete e o Mosteiro de Tashi Lhunpo, incluindo outros apoios. A apresentação conta com 137 peças de tesouros das colecções do Museu do Palácio e do Mosteiro de Tashi Lhunpo, sendo esta a “primeira exposição realizada fora do interior da China dedicada aos Panchen Lamas e à arte budista da corte imperial”. Segundo o IC, o budismo tibetano tem uma longa história e um papel importante na história chinesa desde o século XVII, sendo que o Mosteiro de Tashi Lhunpo, o templo representativo da linhagem Gelug do budismo tibetano é a sede tradicional dos Panchen Lamas, e também um centro da arte e da cultura da região do Tibete interior. Durante a dinastia Qing, estabeleceu-se uma estreita relação política entre os Panchen Lamas e a corte imperial, realizando-se frequentes trocas de ofertas entre as duas partes. Como resultado dessa ligação, o budismo tibetano foi gradualmente difundido e promovido na corte da dinastia Qing. Entre as relíquias do budismo tibetano guardadas no Museu do Palácio, permanecem objectos produzidos pelas Oficinas Imperiais Qing, assim como “oferendas de incalculável valor” originárias das regiões tibetanas e mongóis. Música e palestras A mostra patente no MAM é composta por três secções, nomeadamente “Do Mosteiro de Tashi Lhunpo ao Museu do Palácio”, “Arte do Mosteiro de Tashi Lhunpo” e “Tesouros do Sexto Panchen Lama”. O público poderá conhecer de perto “a interacção entre o Tibete e os Qing a nível de arte e técnica, bem como as contribuições dos sucessivos Panchen Lamas na unificação e na consolidação de um país multiétnico”. Além da mostra propriamente dita, serão realizadas actividades adicionais, nomeadamente o concerto “Música no Museu de Arte de Macau”, que se realiza no domingo pelas 15h30, bem como o “Momento Musical com Taças Tibetanas” que se organiza também domingo, às 17h30, e no dia 30 de Dezembro à mesma hora. “Falar com o Coração: Oficina de Taças Tibetanas” é outra das actividades promovida pelo IC que se realiza domingo pelas 19h e depois novamente no dia 30 à mesma hora. Neste evento, o público “poderá experimentar a cultura tibetana e a paz interior através do som das taças tibetanas”.
Hoje Macau EventosCentro Kun Iam | Cristina Leiria dá palestra este sábado Decorre este sábado, às 15h, no auditório do Museu de Arte de Macau (MAM) a palestra “Silêncio e Bem-Estar – O Projecto do Centro Ecuménico de Macau”, proferida pela escultora portuguesa Cristina Rocha Leiria. Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), a escultora “irá partilhar com o público uma explicação técnica sobre o processo de fundição da estátua de Kun Iam e apresentação sobre a concepção criativa que serviu de base para o desenho do Centro Ecuménico Kun Iam”. O plano do Centro Ecuménico Kun Iam teve início em 1997. A obra foi inaugurada em 21 de Março de 1999. Composta por uma grande estátua de bronze da Deusa Kun Iam e uma base em forma de flor de lótus, a escultura tem 32 metros de altura e logo após a sua inauguração, recebeu o apoio da UNESCO, que elogiou o Centro como um símbolo que promove o respeito e a compreensão mútua entre diferentes povos e civilizações. Cristina Rocha Leiria concebeu a estátua de Kun Iam e o Centro Ecuménico Kun Iam com base no conceito de “silêncio e bem-estar”, a fim de “proporcionar um espaço tranquilo e repousante para o público, num contexto urbano que se encontra em constante movimento”. O IC descreve ainda que o rosto da estátua de Kun Iam “foi meticulosamente esculpido”, procurando “transmitir uma mensagem de universalidade e de coexistência pacífica entre todos os povos”. Uma vez que o Centro Ecuménico Kun Iam celebra 25 anos de existência, a escultora foi convidada para proferir esta palestra, a fim de o público poder “recordar e redescobrir uma vez mais a concepção criativa que está por detrás desta obra inspirada na Deusa Kun Iam”, além de poderem “conhecer melhor a filosofia de uma vida pacífica e pura, que está implícita no conceito deste espaço”. A sessão decorre em inglês, contando com interpretação simultânea em cantonense. As inscrições podem ser feitas no sistema da Conta Única de Macau.
Hoje Macau EventosFRC | Exposição de Fortes Pakeong Sequeira apresentada hoje “Moltirange: Quem é Solace?” é o nome da nova exposição do conhecido artista de Macau Fortes Pakeong Sequeira, e pode ser vista a partir de hoje na galeria da Fundação Rui Cunha. A mostra conta com um total de 30 obras com curadoria de Heidi Ng, com destaque para a presença da personagem fictícia “Solace” É hoje apresentada, na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 18h30, a exposição “Moltirange: Who is Solace?”, com novos trabalhos do conhecido artista local Fortes Pakeong Sequeira. Segundo um comunicado, trata-se de 30 obras, que vão desde a pintura a instalações de arte digital, com curadoria de Heidi Ng. Esta iniciativa é co-organizada pela FRC e pela Fortes Solo Workshop Lda, tendo ainda o apoio da Associação Comercial da Indústria da Propriedade Intelectual de Macau e da Associação Promotora de Grandes Eventos Internacionais de Macau. A mostra divulga “os trabalhos mais recentes de Fortes Sequeira, que se debruçam sobre o crescimento pessoal, a transformação e a exploração do desconhecido e da incerteza. Fortes Pakeong Sequeira utiliza a personagem fictícia “Solace” como “um modelo para revelar o seu mundo interior”, revela a curadora sobre este universo da animação e do imaginário infantil de Pakeong, que funciona como um alter-ego artístico. “Na exposição, Fortes Sequeira apresenta a sua arte num estilo inovador. Sequeira utiliza ilustrações que contam histórias e integra elementos em espelho para manifestar as suas reflexões sobre o crescimento pessoal, proporcionando aos espectadores a oportunidade de se comoverem com as suas peças inspiradoras e impactantes”, acrescentou a curadora. Com esta exposição, pretende-se “inspirar todos a enfrentarem corajosamente o desconhecido e a descobrirem a sua resiliência interior, seja perante a adversidade ou na busca das suas aspirações”. Arte multifacetada Heidi Ng destaca ainda, segundo o mesmo comunicado da FRC, que Fortes Pakeong Sequeira é “um artista multifacetado, que se destaca na composição musical e tem um estilo visual único na pintura”. “As suas obras exalam o ritmo e a melodia da música heavy metal, o que cativa o seu público. Nos últimos anos, revitalizou o espaço artístico ‘A Porta da Arte’ em Macau, proporcionando um refúgio para quem procura um momento de tranquilidade. O espaço é um lugar humano, onde os visitantes podem saborear um café enquanto apreciam cada pormenor da casa histórica. É aí que Sequeira estabelece conversas profundas com o seu público, inspirando a sua contemplação artística”, apontou ainda. Fortes Pakeong Sequeira estreou-se no mundo das artes em 2005, quando realizou, no Armazém do Boi, a primeira exposição individual, intitulada “Louco! Louco! Louco!”. Em 2008, passou a trabalhar como artista a tempo inteiro, dedicando-se também ao mundo da música com a banda “Blademark”. Em 2015, o artista lançou a sua biografia em livro com o nome “Experienciar. Fortes” que inclui também uma colecção das obras mais importantes da sua carreira. A exposição “Moltirange: Who is Solace” vai estar patente na FRC até ao dia 6 de Janeiro.
Hoje Macau SociedadePensões ilegais | Fechados 85 espaços até Novembro Desde o início do ano, até 12 de Novembro, as autoridades desmantelaram 85 pensões ilegais que funcionavam em apartamentos privados. A informação foi revelada pela directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, em resposta a uma interpelação do deputado Ma Io Fong. Ao longo do ano, a DST participou em 107 operações interdepartamentais e inspeccionou 213 fracções suspeitas de hospedar clientes ilegalmente. Em relação à hotelaria normal, Helena de Senna Fernandes indicou que a DST recebeu pedidos para início de operação de dois hotéis de três estrelas e inferiores e de quatro alojamentos de baixo custo, com capacidade para oferecerem 348 quartos. Comparando com 2019, a taxa de ocupação em hotéis de duas estrelas e em alojamentos de baixo custo até Setembro deste ano foi de 84,1 por cento e 73,7 por cento, apresentando um aumento de 10,2 pontos percentuais e 9,4 pontos percentuais, respectivamente. A directora da DST considera que os dados mostram que existe no mercado procura por este tipo de acomodação.
Hoje Macau SociedadeInvestigação | Macau e Lisboa negoceiam financiamento O Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) de Macau anunciou ontem que está a negociar com a congénere de Portugal uma nova ronda de financiamento para investigação científica conjunta O presidente do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), Che Weng Keong, disse que “vai prosseguir contactos activos com a Fundação para a Ciência e Tecnologia [FCT] de Portugal (…) para apoiar cooperação entre investigadores científicos nos dois lados e reforçar os intercâmbios”, de acordo com um comunicado. As duas entidades assinaram em Fevereiro de 2017 um acordo, válido por três anos, para financiar de forma conjunta projectos de cooperação científica que juntassem universidades ou instituições científicas de Macau e de Portugal. No entanto, a implementação do acordo ficou a aguardar a fixação de um orçamento e a selecção de temas para avançar, algo que só aconteceu no início de 2019. O orçamento foi fixado em 300 mil euros, com um financiamento máximo de 100 mil euros por projecto, para as áreas de poluição marinha, “incluindo os efeitos de plásticos”, e biotecnologia marinha, incluindo o “desenvolvimento de produtos comercializados”. Em Fevereiro de 2019, Cheang Kun Wai, membro do conselho de administração do FDCT, disse que entre os temas escolhidos estavam a medicina tradicional chinesa, “informática e questões marítimas”. O fundo de Macau só abriu candidaturas uma vez, em Junho de 2019, oferecendo um financiamento máximo de um milhão de patacas, antes do acordo expirar. De Lisboa a Hengqin Che Weng Keong falava durante uma cerimónia para assinalar os 30 anos de um acordo sobre cooperação científica e tecnológica entre a China e Portugal, realizada em Lisboa, na semana passada. O dirigente lembrou a criação, anunciada em Novembro de 2022, da Centro de Ciência e Tecnologia Sino-Lusófono, em cooperação com a cidade vizinha de Zhuhai, na Zona de Cooperação Aprofundada. Che disse que “a China e Portugal esperam poder construir uma cadeia industrial completa nas áreas da ciência e tecnologia”, naquela zona especial gerida por Macau em conjunto com a província de Guangdong em Hengqin (ilha da Montanha). A cerimónia contou ainda com a presença do presidente da Agência Nacional de Inovação portuguesa, António Grilo. A agência tem capital subscrito em partes iguais pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através da FCT (50 por cento), e pelo Ministério da Economia, através do IAPMEI (50 por cento). No mesmo comunicado das autoridades de Macau, Grilo disse, na cerimónia, que Portugal dá grande importância e quer reforçar a cooperação com a China no que toca à inovação científica e tecnológica “de benefício mútuo”. Além de participar na cerimónia, a delegação do FDCT visitou em Portugal, entre 4 e 7 de Dezembro, várias universidades, instituição de investigação científica e farmacêuticas, incluindo a Fundação Champalimaud.
Hoje Macau PolíticaCoutinho denuncia discriminação de portugueses no acesso a Hengqin O deputado José Pereira Coutinho disse ontem que os portugueses residentes estão a ser alvo de discriminação no acesso à vizinha Ilha da Montanha. Numa declaração lida antes do plenário da Assembleia Legislativa, Pereira Coutinho disse ter recebido “muitos pedidos de apoio” de portugueses que enfrentam “dificuldades consideráveis devido à incerteza em relação ao acesso fronteiriço”. Ao contrário dos chineses de Macau, que podem utilizar máquinas automáticas para entrar na Ilha da Montanha, os portugueses têm de “apresentar passaportes diariamente, enfrentando longas filas e procedimentos burocráticos”, lamentou o deputado. O deputado afirmou que o problema tem afectado “pequenos e médios empresários, profissionais liberais, estudantes, idosos e deficientes”, dando como exemplo famílias que vivem em Hengqin, “cujos filhos estudam em Macau e cujos pais trabalham diariamente na cidade”. “Isso não apenas gera inconvenientes diários, mas também questiona a viabilidade de residir na ilha da Montanha”, disse o deputado português. Pereira Coutinho afirmou ainda que há portugueses interessados em adquirir habitações no Novo Bairro de Macau, em Hengqin. Novo Bairro As candidaturas para a venda, apenas a residentes de Macau, de quatro mil apartamentos no novo bairro, situado na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau, em Hengqin, abriram a 28 de Novembro. Apesar de sublinhar que a “iniciativa é louvável”, o legislador disse que “levanta sérias questões sobre a igualdade e acessibilidade para todos os residentes de Macau, especialmente os portugueses residentes permanentes”. Isto porque a empresa pública responsável pelo Novo Bairro “expressou a incapacidade de garantir que essas famílias possam cruzar a fronteira diariamente com a mesma facilidade que outros residentes”, indicou. A Sociedade de Renovação Urbana de Macau indicou que “essa é uma questão a ser resolvida pelas autoridades competentes”, disse. O deputado pediu ao Governo “medidas imediatas para resolver estas questões, assegurando que todos os residentes de Macau, independentemente da sua nacionalidade, possam usufruir de igualdade de oportunidades e condições de vida” em Hengqin.
João Luz Manchete SociedadeZona A | Entrega de habitação económica pode começar em 2025 Os três prédios de habitação económica na Zona A dos novos aterros cujo período de candidatura terminou em 2020 deverão estar concluídos no próximo ano e a entrega das chaves pode arrancar em 2025. Ainda assim, o secretário para os Transportes e Obras Públicas apela à paciência porque a zona ainda parece um “estaleiro” Os três edifícios destinados à habitação económica que estão a ser construídos na Zona A dos novos aterros podem estar prontos no próximo ano, indicou ontem o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. À margem da cerimónia da tomada de posse de Iam Lei Leng como presidentes do Instituto de Habitação, Raimundo do Rosário fez um ponto de situação sobre os edifícios para cujas fracções as candidaturas abriram em 2019, com a atribuição das casas decidida a meio de 2020. O governante adiantou que, em princípio, haverá condições para começar a entregar chaves para os apartamentos em 2025, mas apelou à calma dos candidatos escolhidos para estas habitações. “A distribuição das fracções pode começar no início de 2025. Vamos decidir os preços brevemente e dar início aos procedimentos, como a assinatura dos contratos e a entrega das chaves, mas precisamos de tempo. Mas as pessoas deviam ter paciência, porque a Zona A é um enorme estaleiro e as condições de habitabilidade ainda não são as melhores”, indicou o governante. Raimundo do Rosário acrescentou que devido às muitas obras de construção em curso na Zona A, a qualidade do ar é má, com muitas poeiras no ar e sugeriu aos vencedores do concurso às habitações económicas que não tenham pressa em ocuparem os novos apartamentos. “Mas se não se importarem com as condições, podem ocupar as fracções depois de receberem as chaves”, ressalvou o secretário, citado pelo canal chinês da Rádio Macau. Cidade nova Ho Iat Seng sublinhou durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa que irá manter a quantidade de fracções de habitação económica planeada para a Zona A dos novos aterros pelo Governo de Chui Sai On, “por se tratar de um pilar para a estabilização do mercado”. Assim sendo, está prevista a construção de 28 mil fracções de habitação pública e 4.000 de habitação privada na Zona A. A questão foi levantada por vários actores políticos e académicos na sequência do arrefecimento do mercado imobiliário e da descida da procura. Em relação ao concurso para habitação económica cujo período de candidatura está agora em vigor, até ao dia 27 de Dezembro, Raimundo do Rosário revelou que o número de candidaturas é de 1.800, o que indica um “leve declínio” em comparação com o concurso lançado em 2021. Face à questão se estaria a ponderar prolongar o prazo de candidatura, o governante indicou que ainda estava a pensar no assunto.
Hoje Macau PolíticaImobiliário | Ella Lei pede regras de venda mais exigentes A deputada Ella Lei defendeu ontem critérios mais apertados sobre as construtoras que vendam fracções habitacionais em primeira mão ou que ainda estão em construção. Segundo a legisladora ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), em causa está o facto de vários lesados do empreendimento Pearl Horizon e de um outro caso de falência, que não foi identificado, aguardarem há mais de oito anos e 10 anos, respectivamente, por uma solução na justiça local sobre o pagamento das respectivas compensações, por nunca terem recebido as casas prometidas. “Como a lei não estipula claramente que as pessoas que se encontram em situação de falência têm de assumir as despesas de registo do levantamento da apreensão e o grande proprietário se recusou a pagá-las, o caso continua por resolver”, atirou Ella Lei. “Então, afinal, quais são as responsabilidades das pessoas alvo de casos de falência? Quando é que os referidos pequenos proprietários, inocentes envolvidos no processo, vão conseguir ter as suas propriedades de volta? A lei ou os procedimentos em causa não merecem ser revistos?!”, questionou. “Exorto mais uma vez o Governo […] a aperfeiçoar o regime de fiscalização da venda de fracções em primeira mão ou em construção, incluindo a melhoria das condições para a autorização da venda antecipada de fracções e a definição expressa sobre o uso exclusivo das verbas provenientes da venda das fracções em construção para despesas com a construção do edifício”, indicou a deputada. Desta forma, Ella Lei considera que se evita que “as obras fiquem abandonadas por falta de capital por parte dos promotores”.
João Luz Manchete PolíticaAdministração | Iam Lei Leng vai presidir ao Instituto de Habitação Depois de mais de duas décadas no Instituto de Habitação, Iam Lei Leng foi ontem empossado como presidente do organismo, preenchendo o cargo deixado vago pela morte de Arnaldo Santos. No Instituto para os Assuntos Municipais, o mandato de António Tavares como presidente foi renovado por mais um ano Iam Lei Leng foi ontem empossado com presidente do Instituto de Habitação, numa cerimónia dirigida pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. De acordo com o despacho assinado pelo secretário, a nomeação de Iam Lei Leng terá um período de um ano, a contar desde ontem. Iam Lei Leng, que dirigia o Departamento de Estudos do Instituto de Habitação desde 2015, subsistiu Arnaldo Santos, que faleceu no dia 16 de Novembro. No despacho publicado ontem no Boletim Oficial, Raimundo do Rosário justifica a nomeação com a competência profissional e aptidão para o exercício das funções demonstrada pelo percurso académico e profissional de Iam Lei Leng. O novo líder do organismo que implementa as políticas de habitação pública entrou no Instituto de Habitação, para a posição de técnico, em Abril de 1999, ficando no cargo cerca de um ano. Entre Junho de 2002 e Janeiro de 2006, Iam Lei Leng passou para categoria de técnico superior. Finda esta missão, chegou ao primeiro cargo de chefia nos Assuntos Jurídicos do Instituto de Habitação, onde ficou até 2015. Em Março do mesmo ano foi nomeado chefe do Departamento de Estudos do Instituto de Habitação, onde ficou até à data. Renovação no IAM Ontem, foi também dia de renovar mandatos no Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), através de um despacho do Chefe do Executivo publicado no Boletim Oficial. Assim sendo, José Tavares continuará a presidir ao Conselho de Administração do IAM por mais um ano, a partir de 1 de Janeiro, assim como os vice-presidentes Lo Chi Kin e O Lam. Também Isabel Celeste Jorge, Mak Kim Meng, Ung Sau Hong e To Sok I vão continuar como administradores do Conselho de Administração do IAM. Ho Iat Seng renovou também a nomeação por um ano, em regime de comissão eventual de serviço, de Mok Ian Ian para desempenhar o cargo de presidente do conselho de administração do Centro de Ciência de Macau.
João Santos Filipe PolíticaSalário mínimo | Subida para 7.072 patacas por mês A Assembleia Legislativa aprovou ontem na especialidade a subida do salário mínimo para as 7.072 patacas por mês, face às actuais 6.656 patacas por mês. O diploma foi votado e alguns pontos tiveram a abstenção de Ron Lam, que criticou o facto de não ter havido qualquer actualização desde 2020, apesar do poder de compra ser cada vez menor. Também os deputados ligados à Federação das Associações de Operários de Macau se mostraram inconformados com o facto da actualização não ter sido feita em 2022, como estava previsto. No caso de o salário ser pago à semana, sobe de 1.536 patacas para 1.632 patacas, se for pago por dia aumenta para 272 patacas por dia, face às actuais 256 patacas. No caso do pagamento à hora, o montante sobe para 34 patacas por hora, quando agora é de 32 patacas por hora. O salário mínimo não é universal, uma vez que deixa de fora trabalhadoras domésticas e pessoas com deficiências.
João Santos Filipe PolíticaOrçamento para 2024 aprovado, apesar de críticas na área da educação A Assembleia Legislativa aprovou ontem na especialidade o orçamento proposto pelo Governo que prevê um resultado positivo de 1,17 mil milhões de patacas, e a primeira vez desde 2020 a que não se recorre à reserva da RAEM. Contudo, a proposta foi alvo de críticas do deputado Ron Lam, que votou contra alguns artigos, por considerar o investimento na educação escasso. “Vou votar contra alguns aspectos da lei. Acho que o Governo devia ponderar se a discussão, agora, no Plenário e da comissão, na especialidade, foi suficiente para esclarecer a população”, afirmou Ron Lam. “Temos mais de 540 mil milhões de patacas na reserva e o Governo diz que não vai haver redução no bem-estar e na educação. Só que os documentos fornecidos pelo Governo parecem confirmar a redução, mesmo que ligeira”, acusou Lam. “Se calhar daqui a 15 anos, o tempo que a falta de investimento leva a reflectir-se, os resultados do PISA vão mostrar a falta de investimento, mesmo que ligeira”, acrescentou. Secretário recusa desinvestimento Por sua vez, o secretário da Economia e Finanças, Lei Wai Nong, negou a redução. “O Governo tem mantido o investimento na área, sem qualquer redução. São mais ou menos 7,6 mil milhões de patacas para a educação, incluindo os subsídios pagos às escolas. Se considerarmos outros apoios, até podemos falar de gastos de 7,7 mil milhões de patacas”, vincou. Ron Lam respondeu indicando que grande parte do investimento vai para o ensino superior, ao contrário da promessa de “mercantilização”. Sobre o ensino não-superior, o deputado considerou haver menos investimento, porque o número de alunos vai aumentar, sem que os apoios acompanhem essa evolução. O legislador queixou-se ainda das respostas do secretário, por considerar que evitaram os pontos focados. “O Governo está a fugir às questões, se não quer ouvir não oiça. Eu faço as perguntas para esclarecer as pessoas. Se quer fugir, continue”, desabafou. Outra das críticas de Ron Lam visou a falta de medidas de apoio para os quadros qualificados desempregados e a saúde.
João Santos Filipe Manchete PolíticaQuadros | Leong Hong Sai alerta para médicos que trabalham como estafetas O deputado argumentou que Macau desperdiça quadros qualificados que não encontraram oportunidades de trabalho na RAEM. Sem pais ricos ou hipótese para abrirem clínicas privadas, a saída de Macau é inevitável Leong Hong Sai alertou ontem o Governo para a situação vivida por vários licenciados em medicina que não conseguem encontrar emprego além de estafeta de distribuição de comida. As declarações foram prestadas ontem na Assembleia Legislativa, durante uma intervenção antes da ordem do dia, em que abordou o processo de contratação de pessoal médico pelo Peking Union Medical College Hospital para o Hospital das Ilhas. De acordo com o deputado ligado à Associação dos Moradores de Macau, por ano, há cerca de 500 licenciados em diferentes áreas de saúde. Entre estes, indicou Leong, 100 licenciados em medicina fazem os estudos no exterior e depois regressam a Macau. Contudo, é a partir do momento do regresso que a situação fica complicada, com a falta de opções profissionais e a imigração como um dos cenários mais frequentemente concretizados: “Devido ao desenvolvimento social desequilibrado de Macau, muitos licenciados em medicina não conseguem encontrar emprego correspondente à sua especialidade, alguns conseguiram, graças aos seus recursos familiares, criar as suas próprias clínicas, depois de obtida a respectiva licença, e outros optaram por deixar Macau e estabelecer-se noutros locais”, afirmou o deputado ligado aos Operários. “Para assegurarem a sua subsistência, muitos licenciados em medicina só podem mudar de profissão ou trabalhar como empregados de take-away, sendo, de facto, lamentável desperdiçar estes talentos formados após anos de estudo e trabalho árduo”, acrescentou. Recrutamentos insuficiente Neste sentido, o deputado lamentou também o facto de o processo de recrutamento do Hospital das Ilhas ser demasiado reduzido, para o que diz que são as necessidades reais. “No mês passado, ocorreu a primeira fase de recrutamento para cerca de 90 profissionais: 5 médicos gerais, 50 enfermeiros, 3 farmacêuticos, 6 técnicos de radiologia, 6 ajudantes técnicos de farmácia, 10 auxiliares de enfermagem e 10 recepcionistas, portanto, 7 tipos de funções”, indicou o legislador. “Desta vez, o Hospital das Ilhas vai recrutar apenas 5 médicos gerais e 50 enfermeiros, o que, segundo alguns finalistas da área da saúde, é muito pouco, portanto, esperam que na próxima fase de recrutamento haja mais vagas, para os residentes qualificados terem oportunidades para se desenvolverem e contribuírem para a comunidade”, declarou. Por isso, Leong Hong Sai apelou ao Governo para que na próxima fase de contratação seja dada prioridade aos médicos residentes, apesar da gestão estar a cargo do Peking Union Medical College Hospital, instituição do Interior.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteLiteratura | “Poemas de Su Dongpo” lançado hoje em Lisboa É hoje lançado no Centro Científico e Cultural de Macau um novo livro de poesia chinesa com tradução, introdução e notas de António Graça de Abreu. Editado em Portugal com a chancela da Grão-Falar, “Poemas de Su Dongpo” é uma compilação de escritos do poeta da dinastia Song, que pela primeira vez foi traduzido para português A história da China está repleta de poetas. Depois de se debruçar sobre grandes nomes da poesia chinesa clássica do período da dinastia Tang, como Li Bai ou Wang Wei, António Graça de Abreu está de regresso às traduções, desta vez com a poesia de Su Dongpo, um dos grandes poetas do período da dinastia Song (960 a 1278). “Poemas de Su Dongpo” é o nome do novo livro lançado hoje no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), com a chancela da Grão-Falar, nova editora lançada em Portugal por Carlos Morais José, director do HM. Pela primeira vez será possível ler, em língua portuguesa, os poemas do poeta muito amado na China e bastante estudado no país e no estrangeiro. Dos mais de mil poemas que Su Dongpo escreveu em vida, António Graça de Abreu escolheu 170 para esta obra. “Ele escreveu cerca de 1300 poemas e eu escolhi aqueles que me pareceram mais fáceis de traduzir para língua portuguesa, garantindo alguma qualidade literária. É sempre a minha preocupação, que os poemas traduzidos para língua portuguesa possam soar bem e tenham essa qualidade. Mas estamos sempre longe da maravilha do poema em chinês, porque lê-lo só seja possível a quem sabe muito da língua e quem entende bem a cultura chinesa”, contou ao HM. António Graça de Abreu diz estar “satisfeito” com o livro que é hoje lançado, por ter conseguido “dar um lado chinês a estes poemas em português”. “Poemas de Su Dongpo” tem “a qualidade necessária para que qualquer pessoa consiga ler e entrar dentro da China clássica, e isso para mim é o mais importante nas traduções”. António Graça de Abreu não traduziu os poemas de Su Dongpo directamente do chinês, tendo recorrido a algumas traduções deste poeta já existentes em inglês. “Tenho sempre ferramentas que me ajudam a traduzir os poemas. Comecei a estudar chinês com 30 anos, muito tarde, e tenho algumas dificuldades, pois não conheço todos os caracteres. Além disso, falamos de um chinês clássico, do período da dinastia Song. Os próprios chineses têm dificuldade em perceber a poesia chinesa do passado.” Graça de Abreu, que viveu em Pequim nos anos 70, destaca que é sempre “difícil traduzir directamente dos originais chineses”, fazendo-se sempre acompanhar de dicionários e de outras traduções para línguas ocidentais. “Muitas vezes não entendemos a sequência dos caracteres e há poemas que funcionam em chinês, mas que são intraduzíveis para português ou outra língua ocidental.” Um mandarim peculiar Nascido em 1137, Su Dongpo foi um mandarim, ou seja, um funcionário público que se destacou em algumas funções oficiais, mas que também caiu em desgraça. Viveu na dinastia Song, que se caracteriza como sendo o “período áureo da poesia chinesa”, dando-se a “consolidação cultural do império”. Era um período dos “exames imperiais que privilegiavam a meritocracia”, ou seja, o subir na hierarquia pública mediante o conhecimento dos candidatos, e Su Dongpo “vai ser um dos homens mais brilhantes deste período como funcionário estatal a governar várias regiões da China”, a função que os mandarins desempenhavam à época. Su Dongpo “esteve também sujeito a algo que era muito vulgar na China que era a despromoção de mandarim, que poderia cair facilmente em desgraça”. “Quando isso acontecia era marginalizado e colocado noutra região com postos insignificantes, quase numa espécie de degredo intelectual. Isso aconteceu com Su Dongpo. Os mandarins caíam muitas vezes em desgraça porque contestavam as ordens que vinham de cima. Era a política, que passava por estas subidas e descidas de quem manda, e a China tem uma longa tradição nisso”, conta António Graça de Abreu. Adversidades na poesia Apesar de caído em desgraça, tendo inclusivamente recebido uma condenação à morte, Su Dongpo nunca viveu de forma amarga. “Este homem também teve os seus problemas ao longo da vida. É curioso que Su Dongpo era um homem muito sábio e conseguiu transformar essas descidas, em que caiu em desgraça e passou a ter menos importância, em períodos de paz e de tranquilidade pessoal, dedicando-se mais à poesia e ao entendimento do homem com a natureza”. Essa temática “é fundamental na sua poesia”, sobretudo para um homem que esteve tão ligado ao budismo. “Ele não transformou essas quedas políticas em coisas más, e isso nota-se na sua poesia. Su Dongpo tem muitos poemas sobre a ideia de saber viver e de envelhecer, uma coisa que é muito útil nos dias de hoje, se estivermos atentos à filosofia e modo chinês de ver o mundo.” Falecido com 67 anos e viúvo três vezes, Su Dongpo tem também poemas sobre as mulheres que amou, colocando-as num pedestal. “Ele foi casado três vezes e todas as mulheres morreram antes dele. É impressionante. Ele descreve o que sentia quando as esposas faleceram, faltou-lhe o apoio feminino, e ele levou as mulheres a um patamar que não era comum na China, em que eram subjugadas ao homem. Para Su Dongpo não era assim, ele tinha uma adoração pelas mulheres.” Além de ter escrito um poema sobre o filho falecido, Su Dongpo compôs também diversos escritos sobre um irmão, de quem era muito próximo. “Tinha ainda poemas de crítica, além de ser também um bom escritor de prosa. Ele explica muito bem a época em que viveu e o que lhe aconteceu. Explica muito bem a China dessa altura que é, se calhar, a China de sempre”, acrescenta o autor. Dedicado ao sogro António Graça de Abreu descreve que Su Dongpo é, ainda hoje, “um poeta querido pela maioria dos chineses”, tendo ficado surpreendido quando percebeu a forte presença da poesia na música ou no cinema que são feitos no país. “Têm sido feitos filmes e canções sobre este poeta na China, faz-se um aproveitamento, nos dias de hoje, por parte de cantores chineses de alguns dos seus poemas. E isso porque ele escreve sobre a arte de saber viver, a ideia do ying e do yang, de coisas que têm de correr bem e mal. É um homem que nos reconforta a vida, e é um nome que me tem acompanhado.” António Graça de Abreu dedica “Poemas de Su Dongpo” ao seu sogro, falecido este ano com 93 anos. “O meu pai chinês foi o meu companheiro na ligação à China nestes últimos anos. E ele era tão parecido com Su Dongpo, aprendi muito com ele. Ele era o bom chinês, que sabia aproveitar as vicissitudes da vida para transformá-las num pequeno ou grande conforto, esquecendo-se das maldades que os homens têm dentro de si próprios.” Com esta obra, António Graça de Abreu pretende chamar a atenção para um período do império chinês, e da própria poesia chinesa, muito pouco conhecidos em Portugal. “É um poeta muito pouco conhecido em Portugal e vale a pena chamar mais a atenção para o período da dinastia Song. Infelizmente a nossa sinologia é pequenina, temos poucos sinólogos portugueses”, lamenta. A sessão de apresentação do livro acontece hoje no CCCM a partir das 17h30, contando com a presença de Ana Cristina Alves, coordenadora do serviço educativo do CCCM.
Hoje Macau China / ÁsiaEx-soldados condenados a pena de prisão suspensa por abuso sexual no Japão Um tribunal no Japão condenou ontem três ex-soldados a penas de prisão suspensas de dois anos de prisão por abuso sexual de uma colega em 2021, um caso que se tornou um novo símbolo do movimento #MeToo no país. O veredicto de um tribunal de primeira instância de Fukushima, no nordeste do Japão, é bastante mais leve do que o pedido pelo Ministério Público, que tinha solicitado dois anos de prisão efectiva para os três arguidos. Em 2022, a ex-soldado Rina Gonoi, agora com 24 anos, disse nas redes sociais ter sido regularmente assediada e abusada sexualmente quando estava no exército, perante a inação da hierarquia militar e o indeferimento de uma primeira queixa perante os tribunais. A declaração pública, algo extremamente raro no Japão, levou o Ministério da Defesa a reabrir o caso e a dar razão a Gonoi, após uma investigação interna que levou à abertura de julgamentos civis e criminais. A vertente criminal do caso, agora decidido, tinha como alvo três ex-soldados acusados de terem simulado relações sexuais com Gonoi sob coação em 2021, mantendo-a deitada e com as pernas abertas, enquanto outros colegas do sexo masculino observavam a cena, rindo. Numa entrevista à agência de notícias France-Presse (AFP), no início de 2023, Gonoi garantiu que ir a público foi uma solução de “último recurso”, dizendo que estava mais “desesperada do que corajosa”. As acusações públicas da ex-soldado levaram mais de mil outras vítimas, homens e mulheres, a denunciar, posteriormente, actos de assédio ou violência sexual no exército japonês. Ângulos trocados Gonoi foi apontada como a figura japonesa do #MeToo, movimento que até agora teve relativamente pouco eco no arquipélago, e foi alvo de assédio e insultos nas redes sociais japonesas. “Há algo errado no Japão: as pessoas atacam as vítimas e não os autores” dos crimes, lamentou Gonoi na entrevista à AFP. Críticos argumentaram que no Japão as vítimas são frequentemente responsabilizadas por não oferecerem resistência suficiente e salientam que as pessoas que são agredidas podem não ter capacidade para se defender. Um dos pontos mais criticados da legislação japonesa em matéria de violação é a exigência de o Ministério Público ter de provar que o acusado usou “violência e intimidação”. Em Junho, o parlamento japonês aprovou o aumento da idade de consentimento sexual de 13 anos, uma das mais baixas do mundo, para 16 anos, no âmbito de uma reforma legislativa contra agressões sexuais. A reforma também clarifica os pré-requisitos para processos por violação e criminaliza o voyeurismo. Em 2019, uma série de absolvições em casos de violação desencadearam protestos em todo o país.
Hoje Macau VozesDireito de resposta de Rita Santos Excelentíssimo Senhor Dr. Carlos Morais José Director do Jornal Hoje Macau Pátio da Sé, Nº 22, Edf. Tak Fok, R/C, Macau Assunto: Pedido de publicação de um Direito de Resposta acerca do artigo “Comunidades | Secção do PS nega envio de abaixo-assinado por Rita Santos”, da autoria da jornalista Andreia Sofia Silva – Jornal Hoje Macau 12 de Dezembro de 2023 Exmo. Senhor Director, Ao abrigo do Direito de Resposta consignado na Lei de imprensa, e enquanto membro do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas, e Presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia do CCP, para os devidos efeitos concernente à publicação mencionada no assunto em epígrafe, venho por esta via solicitar a publicação deste esclarecimento relativamente ao conteúdo do artigo “Comunidades | Secção do PS nega envio de abaixo-assinado por Rita Santos”, da autoria da jornalista Andreia Sofia Silva – Jornal Hoje Macau, 12 de Dezembro de 2023. Ontem, fui informada pela jornalista Andreia Sofia Silva que iria ser publicado hoje, no jornal Hoje Macau, um artigo em que a Secção do PS em Macau, por iniciativa do seu coordenador, faria afirmações atentatórias da minha integridade moral e do meu bom nome, solicitando, caso fosse o meu desejo, que as comentasse, permitindo assim o princípio do contraditório. Embora grata pela oportunidade, optei for enviar um relato dos factos, e das actividades, inerentes à minha breve visita a Lisboa, entre 8 e 14 de Novembro de 2023, no âmbito da última reunião do Conselho Permanente do CCP, antes da realização das eleições para o Conselho das Comunidades Portugueses, que tiveram lugar no dia 26 de Novembro de 2023, que, contrariamente ao que foi anunciado no artigo, não foi motivo de publicação em comunicados de imprensa, e do qual venho por este meio reproduzir na íntegra: “Rita Santos, na qualidade de Conselheira e membro do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portugueses, e Presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia, realizou uma breve visita a Lisboa, entre 8 e 14 de Novembro de 2023, no âmbito da última reunião, na Assembleia da República Portuguesa, do Conselho Permanente do CCP, antes da realização das eleições para o Conselho das Comunidades Portugueses, que se realizaram a 26 de Novembro de 2023. O programa da visita incluiu reuniões internas com o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. Paulo Cafôfo, onde foram abordados temas como a discussão do orçamento do CCP para 2024 e o plano estratégico para as Comunidades, uma reunião com o Director Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Dr. Embaixador Luís de Almeida Ferraz, para tratar de assuntos relacionados com os Postos Consulares, Apoios Sociais, e Apoios às Associações, no decorrer da qual Rita Santos aproveitou a oportunidade para entregar os abaixo-assinados dirigidos aos Secretário de Estado das Comunidades, e ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. João Gomes Cravinho, relativos ao atraso na renovação de documentação, através do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, uma reunião com a (COREPE), da Comissão Nacional de Eleições, sobre os atos eleitorais nas Comunidades, incluindo procedimentos e questões a melhorar para a participação cívica, e encontros com a Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, e com os grupos parlamentares dos diversos partidos. Após a última reunião com o SEC, Dr. Paulo Cafôfo, e durante a sessão de encerramento dos trabalhos, na Sala do Protocolo do Palácio das Necessidades, Rita Santos voltou a dar conhecimento da entrega das missivas que solicitavam os seus bons ofícios e do MNE, no sentido de serem resolvidos os problemas de falta de pessoal e dos atrasos na renovação dos documentos a cidadãos Portugueses no Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, tendo este respondido que estavam a ser diligenciados todos os esforços para a resolução daquelas preocupações. Actualmente, e após o resultado positivo da lista que liderou às eleições ao novo mandato do Conselho das Comunidades Portuguesas, pelo Círculo da China, Tóquio, Banguecoque, Seul e Singapura, Rita Santos salientou que o enfoque dos membros eleitos é o da implementação do plano de acção do programa eleitoral a que se propuseram, e que recebeu o apoio inequívoco dos cidadãos e das instituições e associações de matriz Portuguesa, com quem mantiveram contactos, e que se manifestou através da participação inusitada da comunidade Portuguesa local no recente plebiscito ao CCP, a 26 de Novembro de 2023.” Esta opção não visou, portanto, e conforme a minha informação à jornalista Andreia Silva, constituir qualquer resposta ao teor das informações do coordenador da Secção do PS em Macau, porquanto depreendi que fossem a título particular, uma vez que, de acordo com a informação que me foi referida por responsáveis do PS, em Portugal, elas não representavam a posição do Partido. Neste contexto, solicitava, que ao abrigo deste Direito de Resposta, fosse publicada na íntegra a informação que enviei à jornalista Andreia Silva, referente ao assunto em questão, porquanto nele está esclarecido o assunto relativo aos abaixo-assinados. Foi o que tinha solicitado anteriormente, precisamente para que a informação não aparecesse descontextualizada, o que infelizmente se veio a verificar. Quanto às acusações contidas no artigo, não sei qual o seu fundamento, intenção ou motivação, pelo não poderei formular conjecturas sobre o seu teor, porquanto é necessário saber diferenciar o que é uma opinião de um eventual “achincalhamento” ou “ataque gratuito”, que apesar de ser enunciado de forma personalizada, acaba também por envolver, de forma lamentável, o nome e a reputação insuspeitas, de cidadãos Portugueses legitimamente eleitos para representar os interesses das Comunidades Portuguesas, através do Círculo da China, Tóquio, Banguecoque, Seul e Singapura, do Conselho das Comunidades Portuguesas. Finalmente e em jeito de conclusão não preciso de mentir para poder sobreviver ou obter quaisquer dividendos dos partidos políticos portugueses. Grata pela atenção dispensada, aproveito a oportunidade para apresentar a V. Exa., Sr. Director do Jornal Hoje Macau, os meus melhores cumprimentos. Macau, aos 12 de Dezembro de 2023 A Presidente do Conselho Regional das Asia e Oceânia das Comunidades Portuguesas Rita Santos Relativamente ao direito de resposta apresentado por Rita Santos, cumpre-me responder o seguinte: Rita Santos foi contactada no final da tarde desta segunda-feira a propósito das declarações prestadas a este jornal por parte de Vítor Moutinho, coordenador da secção do Partido Socialista (PS) em Macau, para efeitos de contraditório, em prol do cumprimento das regras jornalísticas e do equilíbrio da informação. Desde o início que Rita Santos foi devidamente informada, em mensagens escritas via Whatsapp, do teor das declarações de Vítor Moutinho e que as mesmas eram feitas na qualidade de coordenador da secção, como é facilmente comprovável através da visualização das mensagens trocadas, não havendo, portanto, fundamento para que Rita Santos venha dizer que pensou que as declarações foram dadas “a título particular” como refere. Além disso, nunca me informou que falou com membros do PS e que estes defenderam que a posição de Vítor Moutinho “não representava a posição do partido”. De frisar ainda que a resposta escrita de Rita Santos, e que surge citada neste direito de resposta, é uma cópia de dezenas de comunicados de imprensa enviados às redacções. Só depois é que a visada foi novamente confrontada se tinha, ou não, enviado o referido abaixo-assinado ao Governo português, tendo respondido que sim, refutando as acusações de Moutinho. Sobre esta resposta escrita, nada me obriga a citá-lo na íntegra, pois como jornalista cabe-me seleccionar a informação que melhor explica o contexto e as posições dos visados nos artigos jornalísticos. Foi isso que foi feito com a resposta de Rita Santos. Andreia Sofia Silva
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesLicenças de maternidade e paternidade Recentemente, surgiram boas notícias para os casais de Hong Kong que estão a planear ter filhos. Para além dos cinco dias de licença de paternidade e das 14 semanas de licença de maternidade estipuladas pela Lei Laboral de Hong Kong, podem ainda desfrutar de um subsídio contemplado no Orçamento para 2023. Cada um dos progenitores pode receber 20.000 dólares de Hong Kong (HKD). Mas os empregados a tempo inteiro do H Bank receberam ainda melhores notícias. A partir de 1 de Janeiro de 2024, a licença de maternidade para as trabalhadoras a tempo inteiro deste banco passa de 16 para 20 semanas e a licença de paternidade de 10 para 40 dias. Criar uma criança implica muitos gastos de tempo e de dinheiro, bem como muito esforço. Até que o filho complete a sua formação, os pais despendem grandes somas em alimentação, vestuário, alojamento, transportes, educação, etc. O subsídio que vão passar a receber pode dar apoio financeiro às famílias para ajudar a reduzir os encargos. Na verdade, não representa uma grande ajuda, mas é melhor do que nada. Acredita-se que ninguém vá ter filhos só para receber o subsídio. No entanto, do ponto de vista social, a concessão deste apoio era inevitável. Segundo dados estatísticos de 2022, em Hong Kong, cada mulher tem em média 0,7 bebés. Se esta tendência se mantiver, a população de Hong Kong vai sofrer uma diminuição acentuada. Agora, o H Bank aumentou significativamente as licenças de maternidade e de paternidade para os empregados a tempo inteiro. Acredita-se que com esta medida o banco pode atrair trabalhadores competentes, com um aumento de custos operacionais limitado e cumprindo a sua responsabilidade social. O declínio da taxa de natalidade em Hong Kong, combinado com o aumento da emigração reduziram a força de trabalho na cidade, pelo que os bancos têm mais dificuldade de contratar funcionários. Embora possam aumentar os salários para tornar os lugares disponíveis mais atractivos, se o fizerem só aumentam os encargos. Além disso, o preço dos terrenos em Hong Kong é elevado e as rendas são caras e por isso as despesas operacionais dos bancos já são muito altas. Acresce ainda outro factor, os Estados Unidos subiram significativamente as taxas de juro das poupanças. Com o dólar de Hong Kong e o dólar dos EUA indexados, as taxas de juro das poupanças em Hong Kong também precisam de subir significativamente. A subida das taxas de juro das poupanças fará subir os custos operacionais dos bancos, e vários factores não vão ser conducentes à capacidade dos bancos para competir no mercado. Segundo a comunicação social, cerca de 52 por cento dos trabalhadores do H Bank são mulheres. Embora as notícias não tenham mencionado a percentagem que está em idade fértil, acredita-se que nem todas as trabalhadoras irão beneficiar destas novas medidas. Pela lógica, o mesmo se aplica aos homens. Por aqui pode ver-se que o aumento das licenças de maternidade e de paternidade implicará um aumento limitado de custos operacionais para os bancos. O aumento das licenças de maternidade e de paternidade dá aos empregados mais tempo para se ocuparem das suas famílias. Para além disso, este tipo de benefício faz com que os trabalhadores sintam que o banco se preocupa com o bem-estar das suas famílias e que toma conta delas, o que está de acordo com os valores tradicionais chineses de respeito à família. Estas medidas também farão com que os empregados trabalhem mais libertos de pressões familiares e o banco passa a receber em troca benefícios não quantificáveis. Outra mais-valia que este benefício traz ao banco, é o cumprimento da responsabilidade social. A responsabilidade social é um dos vectores da administração empresarial. Os bancos não podem apenas procurar a maximização dos lucros, também têm de ter em conta as questões sociais. No contexto actual de declínio da taxa de natalidade, o H Bank aumentou a licença de maternidade e de paternidade dos seus empregados. Isto não só permite que eles tenham mais tempo para se ocuparem das suas famílias, como também beneficia Hong Kong. Este procedimento será certamente reconhecido pelos accionistas do banco. Actualmente em Macau, cada um dos pais de um recém-nascido recebe 5,418 patacas. O Artigo 54.º, n.º 1, da Lei Laboral de Macau estipula que a mãe pode desfrutar de 70 dias de licença de maternidade, o que representa 10 semanas. O n.º 1 do artigo 56.º-A estipula que os pais têm direito a cinco dias úteis de licença de paternidade. Estas condições, quando comparadas com as de Hong Kong, são menos vantajosas. Em 2022, nasceram 4.344 bebés em Macau, e a taxa de natalidade estava nos 6.4 por cento. Embora este seja um mínimo histórico desde que os registos começaram em 1985, representa uma taxa de natalidade muito mais elevada do que a de Hong Kong. De acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, o número de pessoas com mais de 65 anos vai aumentar dos 12.2 por cento, registado em 2021, para 14.2 por cento em 2023 e para 20.9 por cento em 2041. A população de Macau está a envelhecer e a cidade tem de lidar com as questões demográficas. Partindo do princípio que Macau está a passar por alterações demográficas, irão as grandes empresas de Macau seguir o exemplo do H Bank para beneficiarem a cidade e ganharem o reconhecimento dos seus accionistas? O H Bank também tem uma sucursal em Macau. Ainda não se sabe se as medidas que o banco implementou em Hong Kong serão extensíveis à sucursal de Macau. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Hoje Macau EventosAlbergue SCM | Obras de seis artistas para ver até Fevereiro A partir de hoje será possível visitar, na galeria do Albergue SCM, a exposição “Intercâmbio Intercultural da Área da Grande Baía – Exposição de Jovens Artistas Femininas U38”. A mostra, com curadoria de Carlos Marreiros e Angela Li Zhenxiang, revela os trabalhos de quatro artistas da China, Huang Yin, Lu Beimei, Mengyao Guo e Xie Lisi, e duas de Macau, nomeadamente Kit Lei Ka Ieong e Weng Io Wong A Galeria A2 do Albergue da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCM) acolhe, a partir das 18h30 de hoje, uma nova exposição que revela alguma da arte feita no feminino. Trata-se da mostra “Greater Bay Area Intercultural Exchange – U38 Young Female Artists Exhibition” [Intercâmbio Intercultural da Área da Grande Baía – Exposição de Jovens Artistas Femininas U38″, com curadoria do arquitecto Carlos Marreiros e de Angela Li Zhengxiang, e que revela 20 trabalhos de quatro artistas da China, Huang Yin, Lu Beimei, Mengyao Guo e Xie Lisi, e duas de Macau, nomeadamente Kit Lei Ka Ieong e Weng Io Wong. Destaque para o facto de todas as artistas terem menos de 38 anos de idade. A mostra, organizada pelo CAC – Círculo dos Amigos da Cultura de Macau, visa também celebrar o 24.º aniversário da transferência da administração portuguesa de Macau para a China, e pode ser vista até ao dia 26 de Fevereiro. Um dos objectivos desta exposição é “promover o intercâmbio cultural” no contexto da Grande Baía, tendo o CAC colaborado novamente com a ART23, evento de Guangzhou, depois de uma primeira parceria feita em 2021, que levou à organização da exposição “U38 Macau – Jovens Artistas Femininas em Guangzhou”. Revelam-se, assim, trabalhos de seis artistas com uma “criatividade única”, abrangendo “vários meios e estilos”, o que, segundo um comunicado da organização, irá proporcionar junto do público “uma experiência visual distinta e inesquecível”. Segundo uma nota assinada pelos dois curadores, o trabalho de Mengyao Guo “reflecte a contemplação e a exploração da perspectiva feminina nas diversas áreas das artes plásticas, da comunicação e dos meios digitais”, enquanto Huang Yin “centra-se nas várias alienações provocadas pelas mudanças na sociedade de consumo de informação sob as ideologias existentes”. Por sua vez, Weng Io Wong “examina a complexa relação entre o ser humano e a tecnologia nas eras digital e pós-colonial”, e Kit Lei Ka Ieng “apresenta a vitalidade do mundo virtual através de formas multimédia”. No caso de Lu Beimei, o seu trabalho “reflecte continuamente o nosso verdadeiro eu através da representação do crescimento pessoal e da auto-consciência”, enquanto Xie Lisi “explora e analisa a realidade a partir de múltiplas dimensões através de métodos de observação como o olhar, o exame e a vigilância”. Criatividade internacional No mesmo texto, observa-se que esta mostra visa promover “um diálogo” cultural “a partir de uma perspectiva internacional”, tendo como foco a área da Grande Baía, que abrange as regiões de Macau e Hong Kong e ainda nove cidades do sul da China. Os curadores descrevem que “as jovens artistas femininas da China Continental e de Macau têm sido sempre o ponto focal das nossas observações sobre a comunicação intercultural”. Os nomes escolhidos para esta mostra, em particular, “abordam a sua criatividade com uma perspectiva internacional e ilustram o espírito feminino da nova era a partir de diferentes ângulos femininos”. Carlos Marreiros e Angela Li Zhengxiang descrevem também que, ao apresentar o trabalho de artistas femininas neste formato expositivo, é promovida, em Macau, “uma interacção de vários níveis e em vários campos, proporcionando ao público uma percepção diversificada da arte contemporânea”. Os curadores chamam ainda a atenção para a crescente importância da nova visão das mulheres artistas. “À medida que as mulheres de hoje continuam a subir na escala profissional, elas trazem consigo um espírito feminino refrescante. Este é também o tema que a exposição procura explorar e discutir. Estas jovens artistas excepcionais, nascidas nas décadas de 1980 e 1990, interiorizaram os seus anos de interação internacional e exploração artística, apresentando nas suas obras temas contemporâneos a partir de uma perspectiva feminina.”
Hoje Macau China / ÁsiaAviação | Avião C919 no primeiro voo para fora da China continental O avião C919, de fabrico chinês, completou ontem o seu primeiro voo para fora da China continental, ao aterrar em Hong Kong, numa altura em que o seu fabricante se prepara para competir com a Airbus e Boeing. O C919 e outro avião de fabrico chinês, um ARJ21, vão estar em exposição no aeroporto internacional de Hong Kong até domingo. O C919 deve efectuar um voo rasante sobre o cénico porto de Victoria, no sábado. O fabricante do C919, a Commercial Aircraft Company of China (COMAC), desenvolveu muitas das peças utilizadas no modelo, mas alguns dos principais componentes continuam a ser fornecidos pelo Ocidente, incluindo o motor. O avião de passageiros de fuselagem estreita esteve em desenvolvimento durante 16 anos e recebeu a certificação em 2022. Tem um alcance máximo de cerca de 5.630 quilómetros e foi concebido para transportar entre 158 e 168 passageiros. O C919 pretende concorrer com os modelos de corredor único Airbus A320 Neo e Boeing 737 MAX. O lançamento do C919 reflete a ambição da China de fortalecer a sua posição no mercado de aviação comercial, com o Governo chinês a ter como objectivo atingir 10 por cento de participação no mercado doméstico com este modelo até 2025. A COMAC recebeu mais de 1.200 pedidos para o C919 e pretende atingir uma capacidade de produção anual de 150 aeronaves nos próximos cinco anos, segundo anunciou anteriormente.
Hoje Macau China / ÁsiaArgentina | MNE diz que Milei valoriza laços com Pequim O novo líder argentino, Javier Milei, atribuiu “grande importância” às relações com Pequim num encontro com Wu Weihua, enviado especial do Presidente chinês à sua tomada de posse, disse ontem a diplomacia chinesa. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que Wu, vice-presidente do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China, transmitiu as felicitações de Xi a Milei. O novo Presidente argentino agradeceu ao homólogo chinês, Xi JInping, o facto de ter enviado um representante à sua tomada de posse, assegurando ao mesmo tempo ao seu interlocutor que o novo governo do país sul-americano “atribui grande importância” às suas relações com a China, afirmou Mao. Segundo a porta-voz, Milei, que afirmou nos últimos anos que “não faria negócios com a China” e que o corte de relações com o país asiático “não seria uma tragédia macroeconómica”, informou o enviado especial de Xi da sua vontade de “promover mais intercâmbios e cooperação” com Pequim “em vários domínios”. O Presidente argentino também garantiu que a Argentina “seguirá firmemente a política de ‘Uma só China'”, segundo Mao. Wu participou na inauguração de Milei em Buenos Aires na segunda-feira, a convite das autoridades argentinas. O ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse no mês passado que seria um “grande erro” para a Argentina cortar laços com “países tão grandes como o Brasil e a China”, uma possibilidade sugerida nos últimos meses por Milei e alguns de seus assessores.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | John Lee elogia afluência às urnas O chefe do Executivo de Hong Kong elogiou ontem a participação de 27,5 por cento dos eleitores na votação para os conselheiros distritais, na taxa mais baixa desde que o território regressou ao domínio chinês em 1997. As eleições de domingo foram as primeiras realizadas ao abrigo de novas regras introduzidas sob a direcção de Pequim. “A participação de 1,2 milhões de eleitores indicou que estes apoiaram as eleições e os princípios”, afirmou John Lee Ka-chiu, em conferência de imprensa. “É importante que concentremos a nossa atenção no resultado das eleições, e o resultado vai significar um conselho distrital construtivo, em vez do que costumava ser um conselho destrutivo”, afirmou. A participação de domingo foi bastante menor do que o recorde de 71,2 por cento dos 4,3 milhões de eleitores que participaram nas últimas eleições, realizadas em 2019. Lee disse que houve resistência às eleições de domingo por parte de candidatos rejeitados pelas novas regras, por não se terem qualificado ou não respeitarem o princípio de Hong Kong governado por patriotas. “Há algumas pessoas que, de alguma forma, ainda estão imersas na ideia errada de tentar fazer do conselho distrital uma plataforma política para os seus próprios meios políticos, alcançando os seus próprios ganhos em vez dos ganhos do distrito”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaÓbito | Internautas lamentam morte de médica e activista Gao Yaojie Internautas chineses prestaram ontem homenagem a Gao Yaojie, ginecologista que se tornou a mais famosa activista contra a SIDA na China antes de se exilar nos Estados Unidos, onde morreu no domingo, aos 95 anos. “Ela foi uma pessoa notável. É pena que, por razões políticas, não tenha podido morrer em casa, na China”, lamentou um utilizador da rede social Weibo, o equivalente ao X (antigo Twitter), no país asiático. Foi uma das primeiras médicas a tomar conhecimento da misteriosa doença que estava a matar aldeões em meados dos anos de 1990. Gao apercebeu-se de que um grande número de camponeses pobres tinha contraído o vírus da SIDA ao vender sangue. Os peritos estimam que, só na província de Henan, pelo menos um milhão de pessoas contraíram VIH (Vírus da imunodeficiência humana) através do comércio de sangue. Gao Yaojie tornou-se uma das activistas mais vocais sobre a situação dos doentes com SIDA na China, tendo recebido reconhecimento internacional pelo trabalho desenvolvido. Questionada sobre a morte da activista, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, afirmou apenas que “muitos profissionais de saúde deram um grande contributo para a luta e a prevenção da SIDA”.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Presidente Xi Jinping de visita ao Vietname O líder chinês está no Vietname, onde deverá assinar uma série de acordos de cooperação e reforçar as ligações com o vizinho asiático O Presidente chinês, Xi Jinping, chegou ontem ao Vietname para uma visita destinada a aprofundar os laços com o país vizinho, que se tem aproximado de nações alinhadas com o Ocidente. Na primeira visita desde 2017, Xi vai reunir com o secretário-geral do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong, o Presidente, Vo Van Thuong, e o primeiro-ministro, Pham Minh Chinh, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vietname. A parceria estratégica abrangente, a mais alta designação oficial para uma relação diplomática, entre Pequim e Hanói, foi estabelecida há 15 anos. O Vietname tem um papel estratégico cada vez mais importante na segurança e na economia do Sudeste Asiático. Em termos ideológicos, o Vietname é próximo de Pequim. É governado por um partido comunista com fortes laços com a China. No entanto, nos últimos anos, o Vietname tem vindo a estreitar as relações com países ocidentais. Em Setembro, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitou o Vietname, para assinalar a elevação da relação com os EUA ao mesmo estatuto diplomático que a China. Biden afirmou que os laços mais fortes não se destinam a contrariar a China, embora a diplomacia dos EUA na Ásia e no Pacífico se tenha concentrado em melhorar o relacionamento na área da defesa com os países precisamente com esse intuito. Em Novembro, Japão e Vietname reforçaram as relações económicas e de segurança, citando um “Indo-Pacífico livre e aberto”. Também o Japão passou a ter o mesmo estatuto diplomático que a China e os EUA. O Japão tem vindo a desenvolver rapidamente laços mais estreitos com o Vietname, sendo o terceiro maior investidor estrangeiro. Linhas de acordo Em Outubro, Xi disse ao Presidente vietnamita que, face a “paisagens internacionais em mudança”, as duas nações deviam manter-se fiéis ao progresso da “tradicional amizade”. É provável que o Vietname assine alguns acordos de infra-estruturas com Pequim, uma vez que tem prestado muita atenção ao desenvolvimento da linha ferroviária de alta velocidade construída pela China no Laos. “O primeiro-ministro vietnamita quer concentrar-se em mais infra-estruturas” por considerar “que é fundamental para o crescimento económico”, explicou Nguyen. A China tem sido o maior parceiro comercial do Vietname há vários anos, com um volume de negócios bilateral de 175,6 mil milhões de dólares, em 2022, e um excedente comercial favorável a Pequim. A China investiu mais de 26 mil milhões de dólares no Vietname, com mais de quatro mil projectos activos, de acordo com dados oficiais. A visita de Xi ao Vietname em 2017 foi para participar numa cimeira económica na cidade costeira de Danang.
Hoje Macau Via do MeioO Duque Ai – Xunzi Tradução de Rui Cascais O Duque Ai de Lu perguntou a Confúcio, “Desejo julgar na companhia dos homens bem-criados do meu estado para, junto com eles, o ordenar. Posso perguntar como devo fazer para os escolher?” Confúcio respondeu, “Viver no mundo de hoje, mas focar a nossa intenção na via dos antigos, viver com as roupas de hoje, mas envergar as vestes dos antigos – os que seguem isto e mesmo assim erram são muito poucos, certo?” O Duque Ai disse, “Se assim for, quem usar vestes da corte e sapatos da corte e puser no cinto uma placa oficial é uma pessoa exemplar?” Confúcio respondeu, “Não é necessariamente assim. Mas quem usa as vestes cerimoniais e anda na carruagem cerimonial não concentra as suas intenções no consumo de vitualhas [proibidas durante o jejum anterior aos sacrifícios]. Quem usa as vestes e sapatos do luto, se apoia numa bengala e come caldo de arroz não concentra as suas intenções em vinho e carne. Viver no mundo de hoje, mas focar a nossa intenção na via dos antigos, viver com as roupas de hoje, mas envergar as vestes dos antigos – são deveras poucos os que seguem isto, mas ainda assim há os que erram, certo?” O Duque Ai exclamou, “Bem dito!” Confúcio disse, “Existem cinco qualidades de pessoas. Há a pessoa vulgar, a pessoa bem-criada, a pessoa exemplar, a pessoa meritória e o grande sábio”. O Duque Ai disse, “Posso perguntar a que tipo de pessoa se chama vulgar?” Confúcio respondeu, “A boca da pessoa vulgar é incapaz de boas palavras e o seu coração não sabe controlar a expressão no seu rosto. Não sabe como escolher pessoas meritórias e homens de bem nos quais confiar, para que se preocupem por ela [com tarefas e assuntos]. Quando se esforça, não sabe onde aplicar o seu vigor nem no que deve trabalhar e, quando limita as suas inter-acções, não sabe onde tomar posição fixa. Nas suas escolhas diárias entre coisas, não sabe o que valorizar. Limita-se a vogar com as coisas como numa corrente sem saber onde regressar. Os seus cinco sentidos o governam e o seu coração obedece-lhes e se arruína. A alguém assim podemos chamar de pessoa vulgar.” O Duque Ai exclamou, “Bem dito! Posso perguntar a que tipo de pessoa se chama bem-criada?” Confúcio respondeu, “A pessoa bem-criada, mesmo que seja incapaz de praticar o Caminho e os seus métodos na totalidade, tem sempre um modelo apropriado para as suas acções e, mesmo sendo incapaz de bondade total, tem sempre ocasiões em que é capaz de o fazer. Por isso, não trabalha na aprendizagem de muitas coisas, mas labora em ser cuidadosa naquilo que compreende. Não labora em dizer muitas coisas, mas sim em ser cuidadosa naquilo que quer dizer. Não labora na prática de muitas coisas, mas sim em ser cuidadosa a respeito do padrão que segue. Assim, quando sabe algo é porque já o compreendeu. Quando diz alguma coisa é porque já a compreendeu. Quando pratica alguma coisa é porque já seguiu o seu padrão. Por isso, faz todas estas coisas com uma constância semelhante à de não podermos trocar a nossa natureza, vida e carne pelas de outrem. Assim, riqueza e um estatuto nobre nada lhe acrescentam. Um estatuto humilde e baixo não a diminuem em nada. A alguém assim podemos chamar de pessoa bem-criada”. O Duque Ai exclamou, “Bem dito! Posso perguntar a que tipo de pessoa se chama pessoa exemplar?” Confúcio respondeu, “A pessoa exemplar tem palavra e é leal, mas o coração não exibe a sua virtude. Tem ren [humanidade] e yi [justiça] na sua pessoa, mas a sua aparência não é arrogante. As suas reflexões e deliberações são penetrantes e claras, mas o seu discurso não é contencioso. Assim, aqueles que são hesitantes, como se estivessem prestes a ser capazes de alcançar [o Caminho], esses são pessoas exemplares”. O Duque Ai exclamou, “Bem dito! Posso perguntar a que tipo de pessoa se chama meritória?” Confúcio respondeu, “As acções da pessoa meritória conformam-se ao compasso e à linha de tinta, sem ferir as coisas fundamentais [com rigidez e inflexibilidade]. As suas palavras bastam para servir de modelo para todos debaixo do Céu, mas sem ferir a sua própria pessoa. Pode ser rico o bastante para possuir o mundo inteiro, mas ninguém sente ressentimento por isso. Pode espalhar a sua beneficência por todo o mundo sem se preocupar com ficar pobre. Alguém assim pode ser chamado de pessoa meritória”. O Duque Ai exclamou, “Bem dito! Posso perguntar a que tipo de pessoa se chama grande sábio?” Confúcio respondeu, “O grande sábio é alguém cujo entendimento abrange o grande Caminho, alguém que sempre responde às mudanças apropriadamente e distingue correctamente entre as disposições inatas e as naturezas da miríade de coisas. O grande Caminho é aquilo através do qual muda, transforma, emprega e aperfeiçoa a miríade de coisas. As suas disposições internas e naturezas são aquilo através do qual ordena o que é certo e o que não é, o que deve ser adoptado e o que deve ser rejeitado. Por esta razão, nas suas obras faz emergir grandes distinções sobre o Céu e a Terra, examinando atentamente o sol e a lua e compreendendo e dominando a miríade de coisas por entre ventos e chuvas. Misturadas e confusas As suas obras não podem ser seguidas. Verdadeiro descendente do Céu, É impossível reconhecer as suas obras. O povo comum é superficial, Incapaz sequer de o reconhecer como vizinho. A alguém assim podemos chamar de grande sábio”. O Duque Ai exclamou, “Bem dito!”