Hoje Macau SociedadeArquitectura | Nuno Soares eleito secretário-geral da CIALP Nuno Soares foi eleito secretário-geral do Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa (CIALP) para o triénio 2023-2026. A eleição aconteceu durante a Assembleia Geral do CIALP no 25º Encontro do Conselho, em Foz do Iguaçu, Brasil, a 17 de Novembro de 2023. Também Francisco Ricarte foi escolhido membro do Conselho Fiscal, para o triénio 2023-2026. Anteriormente, Rui Leão desempenhou as funções de presidente do Conselho Directivo nos anos 2017-2019 e 2019-2023. O CIALP serve de plataforma para mais de 250,000 arquitectos de língua portuguesa, representados pelos delegados das associações profissionais dos respectivos países e territórios, um universo que engloba cerca de 250 milhões de falantes de português. A organização conta com membros espalhados por quatro continentes, em nove países e territórios, nomeadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Goa, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, e São Tomé e Príncipe, e Macau.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSuncity | Ellute Cheung perde recurso em que pedia nulidade da condenação A defesa de Ellute Cheung, que foi condenado a 10 anos de prisão, defendia a nulidade da decisão por violação do princípio do contraditório. O TSI considerou que no caso concreto seria impossível violar esse princípio Ellute Cheung, ex-membro do Departamento de Planeamento de Desenvolvimento de Negócios da Suncity, perdeu um recurso em que argumentava a nulidade da decisão do julgamento que envolveu a maior empresa junket do território. A informação sobre a decisão foi revelada na semana passada pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI), e o acórdão foi disponibilizado ontem no portal dos tribunais. Segundo os argumentos da defesa de Ellute Cheung Yat Ping, em causa esteve o facto de o TSI, na decisão sobre o recurso da primeira sentença, não ter “respeitado os princípios da iniciativa das partes e do contraditório”, no que diz respeito “ao destino a dar a coisas ou objectos relacionados com o crime”. Na decisão da primeira instância, vários arguidos foram condenados a pagar indemnizações ao Governo e às concessionárias do jogo. Nessa altura, Ellute Cheung não fazia parte do grupo condenado ao pagamento. No entanto, no final de Outubro, quando o TSI proferiu a decisão sobre o caso, o arguido passou a ser incluído no grupo de condenados ao pagamento de 17,67 mil milhões de dólares de Hong Kong à RAEM. Agora, o colectivo de juízes, composto por Chan Kuong Seng, Tam Hio Wa e Chao Im Peng, recusou o argumento da defesa e indicou que a decisão foi tomada com base nas provas produzidas durante o julgamento na primeira instância. Os juízes indicaram também que à luz do artigo 297 do Código Processo Penal, que define as condições de contestação e arrolamento de testemunhas, os arguidos tiveram a oportunidade para apresentar o contraditório. “Era impossível para o Tribunal de Segunda Instância ter violado o princípio de contestação quando elaborou o acórdão mencionado”, pode ler-se na decisão tornada pública ontem. “Não havia qualquer forma, ao longo dos procedimentos deste caso, de ter sido gerada qualquer nulidade ou até o vício que foi alegado pelo arguido”, foi acrescentado. 10 anos de prisão Cheung Yat Ping Ellute, o terceiro arguido do caso Suncity, foi condenado ao cumprimento de uma pena de 10 anos de prisão, a segunda mais baixa entre os nove arguidos que recorreram das sentenças decididas na primeira instância. No acórdão de finais de Outubro, o TSI deu como provado que Ellute Cheung cometeu o crime de associação ou sociedade secreta, em conjunto com os outros arguidos, como Alvin Chau, e ainda um crime de exploração ilícita de jogo. Em relação à prática do crime de exploração ilícita de jogo, Ellute Cheung, assim como a maior parte dos arguidos, foi condenado ao pagamento solidário de 17,67 mil milhões de dólares de Hong Kong à RAEM.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCaso Obras Públicas | TSI reduz penas e deixa cair alguns crimes O Tribunal de Segunda Instância reduziu penas de empresários e antigos dirigentes das Obras Públicas, falando de “interpretação errada da lei” por parte do Tribunal Judicial de Base quando este acusou os arguidos da prática do crime de associação secreta e Li Canfeng pela prática dos crimes de corrupção passiva e activa para acto ilícito O Tribunal de Segunda Instância (TSI) reduziu as penas de prisão da maioria dos acusados no processo em que entre os arguidos constaram antigos dirigentes das Obras Públicas e empresários da construção. Segundo a TDM – Rádio Macau, que teve acesso ao acórdão em chinês, os juízes deixaram cair o crime de associação ou sociedade secreta de que estavam acusados vários arguidos, incluindo Jaime Carion, que foi director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes entre 1998 e 2014, e a sua mulher, Lei Wai Cheng, condenada a 12 anos de prisão efectiva. Segundo um comunicado sobre a decisão, divulgado em português após o fecho da edição, não ficou provado “de forma suficiente e razoável que os empresários por Sio Tak Hong, Kuan Vai Lam, Ng Lap Seng, Si Tit Sang, e também outros membros da família parceiros nos negócios”, bem como Jaime Roberto Carion e Li Canfeng “pertenciam à mesma sociedade secreta”. O TSI entendeu não existirem “factos objectivos concretos do acordo de vontades com esforços comuns entre os arguidos”, pelo que os factos considerados provados [pelo TJB] “são insuficientes para satisfazer plenamente os elementos constitutivos do tipo de crime de associação criminosa”. Entende o TSI que o TJB, ao decidir “pela pertença dos mesmos [arguidos] à mesma sociedade secreta, incorreu em errada aplicação da lei”, o que levou igualmente “ao erro na comprovação dos actos dos arguidos Ng Kei Nin, Huang Qijun, Siu Ka Kuen, Wu Ka I Miguel, Lau Pou Fong, Kuong Wan Si, Lei Wai Cheng, Man Lai Chung e Li Han”, lê-se no mesmo comunicado. Uma questão de conceitos O TSI entendeu ainda que à data dos acontecimentos, Li Canfeng, antigo dirigente das Obras Públicas acusado de receber “interesses oferecidos” pelos empresários, “não tinha qualquer das qualidades do conceito de funcionário” ao abrigo do artigo 336º do Código Penal, que define o “conceito de funcionário” público. O TSI explica que tal artigo “não tem previsto [o conceito] de indivíduo que vai ser funcionário”, pelo que “não está preenchido o requisito subjectivo do crime de corrupção passiva para acto ilícito” previsto na mesma legislação. O TSI entende, portanto, que “não existe destinatário de corrupção, sendo manifesto que não se pode ter os actos praticados por Li Canfeng e outros como integrando o crime de corrupção passiva para acto ilícito ou o crime de corrupção activa para acto ilícito”. Desta forma, é também considerado, neste caso, que houve, da parte do TJB, uma “errada aplicação da lei ao condenar os recorrentes pela prática dos crimes de corrupção passiva e corrupção activa”, isto “relativamente aos actos de transmissão de interesses realizados antes de Li Canfeng assumir o cargo de funcionário”. Relativamente ao crime de branqueamento de capitais, de que foi acusado Li Canfeng na primeira instância, entende o TSI que existe uma ligação ao crime de corrupção passiva, tendo Li Canfeng já sido absolvido, por este tribunal, de sete crimes deste tipo. Desta forma, o acórdão determina que “deve ser o arguido absolvido dos crimes de branqueamento de capitais relativos a estes crimes de corrupção passiva”. Houve, assim, uma grande redução das penas pesadas aplicadas pelo TJB em Abril. Li Canfeng, que foi director dos Serviços de Obras Públicas entre Janeiro de 2015 e Janeiro de 2020, viu a pena de prisão ser reduzida de 24 para 17 anos. Já o empresário Sio Tak Hong, que tinha sido condenado pelo Tribunal Judicial de Base a 24 anos de prisão, viu a redução da moldura penal para 12 anos, enquanto o também empresário William Kuan passou de 18 anos de prisão para cinco anos e seis meses. Por sua vez, o empresário Ng Lap Seng terá de cumprir quatro anos e seis meses ao invés dos 15 anos de prisão a que foi originalmente condenado, enquanto Si Tit Sang passa de 20 anos de prisão para apenas oito anos atrás das grades. Como não apresentou recurso, a pena de Jaime Carion permanece em 20 anos de prisão.
Hoje Macau EventosBairros comunitários | Novos eventos a caminho O mês de Dezembro vai acolher novos eventos promovidos pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) a fim de promover a economia local. Segundo um comunicado, no contexto do lançamento do evento “Iluminar Macau 2023”, serão organizadas as actividades de extensão “Light Up! F’art for U” e “Iluminar o Paraíso de Gelo e Neve”. No próximo mês decorrem também o “Festival Cultural da Tailândia 2023 e ainda o “Creative Camp Marketplace”. O “Light Up! F’art for U” será “um novo modelo de passeios que vai transformar toda a região de Macau num parque de video mapping”. A actividade divide-se em três partes, nomeadamente “Flash Mob Opening”, “F’art for U” e “PO Art Studio”. Para dia 2 estão agendados os espectáculos de flash mob nos locais onde decorre o evento “Iluminar Macau 2023”, enquanto nos dias 9, 10, 16 e 17 de Dezembro decorre o espectáculo artístico “F’art for U”. Nos dias 6, 7, 13, 14, 20 e 21 de Janeiro será ainda instalado, na zona de lazer da Rua do General Ivens Ferraz, um local dos veículos exclusivos do “Iluminar Macau 2023” para a entrega de encomendas. Entre os dias 9 de Dezembro e 14 de Janeiro de 2024 decorre, aos sábados, a actividade “Iluminar o Paraíso de Gelo e Neve”, com a instalação de um campo de patinagem simulada no Canídromo de Macau, instalações luminosas, um parque de diversões, workshops para pais e filhos e jogos interactivos. Por sua vez o “Festival Cultural da Tailândia 2023” decorre entre os dias 9 e 10 de Dezembro na Rua de Abreu Nunes, incluindo actuações ao vivo, actividades de distribuição de arroz e várias tendinhas de gastronomia apresentadas por restaurantes tailandeses locais. Já o “Creative Camp Marketplace” decorre nos dias 15 a 17, 22 a 24, 30 e 31 de Dezembro, das 16h00 às 20h30, na Praça da Amizade. Tendo como tema o estilo de campismo, apresenta-se uma feira cultural, criativa e gastronómica, workshops de artesanato criativo, actividades de pintura artística e espectáculos.
Hoje Macau SociedadeInquérito | Cerca de 20 por cento dos pais deprimidos Cerca de 20 por cento dos pais afirma viver num estado de ansiedade e depressão. É este o resultado de um inquérito levado a cabo pelo Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau, que teve como objectivo avaliar a situação mental dos pais, no período pós-pandemia. Neste sentido, entre Maio e Setembro foram inquiridos 1.058 pais de crianças com idades entre os três e os 12 anos. Entre estes, 40 por cento, quase 500 pais, admitiram que se sentem extremamente cansados nos últimos três meses. Quando questionados sobre o que poderia melhorar a sua situação, os resultados indicam que os pais querem que as tarefas sejam melhor divididas em casa, entre os membros dos casais. Em relação aos apoios sociais para as famílias, 48 por cento apontaram que em Macau os apoios são “medíocres”. Por outro lado, 57 por cento dos inquiridos reconheceram que as pressões se devem principalmente ao facto de as crianças com idades entre os 6 e 12 anos utilizaram demasiado o telemóvel ou terem problemas na escola. Face aos resultados, Ip Mei Kuen, directora do Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau, acalentou o desejo de que o Governo, as escolas e a comunidade local se possam apoiar mutuamente, com mais serviços pós-aulas e serviços para as crianças durante o fim-de-semana. Por outro lado, face ao objectivo do Governo de promover a natalidade, Ip Mei Kuen espera que no próximo ano os pais estejam mais optimistas e menos cansados, para poderem ter mais crianças.
Hoje Macau Manchete PolíticaEducação | Portugal quer vincular docentes no estrangeiro, mas excluí Macau O Ministério da Educação admite a possibilidade de os professores que estão no estrangeiro ficarem vinculados em Portugal, mas recusa alargar a proposta à Escola Portuguesa de Macau, por considerar que existe “um quadro próprio” Ao contrário do que vai acontecer com outros professores de Portugal no estrangeiro, os docentes da Escola Portuguesa de Macau não vão ter a possibilidade de se vincularem com o Ministério da Educação. Alguns dos contornos do cenário de vinculação que está a ser negociado em Portugal foram revelados ontem, após uma reunião entre responsáveis do Ministério da Educação e representantes dos sindicatos. De acordo com a agência lusa, na reunião que decorreu ontem, o Ministério da Educação apresentou aos sindicatos uma proposta que permitirá vincular todos os professores que dão aulas nas escolas portuguesas no estrangeiro. Os requisitos para a vinculação não foram, no entanto, detalhados. “Este projecto de decreto-lei abrange as escolas que ainda não têm quadro, ou seja, todas as escolas portuguesas, à excepção da Escola Portuguesa de Macau e a de Luanda, porque já tem quadro próprio”, explicou João Costa, acrescentando que “são cerca de uma centena de professores que têm estado numa condição precária”. Ainda segundo o ministro da Educação, a proposta exposta naquela que pode ter sido a última ronda de negociações antes de Marcelo Rebelo de Sousa dissolver o Governo visa resolver o problema de cerca de cem professores que trabalham nas escolas a contrato. Ordenados ajustáveis Sobre os salários, João Costa explicou que os docentes que dão aulas lá fora “têm valores remuneratórios diferentes, até para fazer face às despesas inerentes a estar no estrangeiro”, mas se optarem por candidatar-se a dar aulas em Portugal terão “o vencimento correspondente ao reposicionamento da carreira”. A explicação aponta assim para que nos casos em que os professores no estrangeiro auferem um salário maior este é automaticamente reduzido quando regressam a Portugal, para se enquadrar com os valores praticados face aos restantes docentes. Em declarações aos jornalistas no final da reunião, o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), Pedro Barreiros, saudou a iniciativa que combate a precariedade dos professores espalhados pelos países de língua portuguesa, mas lembrou a urgência de aprovar o diploma. “Carece de muita urgência, por não se saber se o Governo em funções será destituído logo após a aprovação do Orçamento do Estado [no final do mês]”, afirmou, acrescentando que o diploma só pode ser publicado depois da “audição e parecer dos governos das regiões autónomas [dos Açores e da Madeira]”.
Hoje Macau PolíticaExposições | Governo quer mais eventos de “alto nível” O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, promete que Macau vai trabalhar “arduamente para construir uma plataforma de alta qualidade de convenções e exposições”. A promessa foi deixada, ontem, durante a cerimónia de abertura do Fórum da Indústria Global de Madeira Sustentável 2023, que decorre no território. O governante, que discursou perante o Chefe do Executivo, assumiu também o compromisso de “aprofundar a cooperação e os intercâmbios com as organizações internacionais, intensificar os esforços para a introdução de mais projectos de convenções e exposições especializadas, com vista à realização local de mais convenções e exposições internacionalmente conhecidas”. Lei Wai Nong destacou ainda que a RAEM vai “reforçar de forma incessante as capacidades de Macau na promoção de ‘ligação, cooperação e partilha’, aproveitando o posicionamento de Macau como janela importante que conecta o Interior da China, os países de língua portuguesa e os mercados integrantes da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’”. Sobre estas aposta, Lei indicou que “o objectivo é estimular o desenvolvimento da Grande Baía Guangdong–Hong Kong–Macau e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, aumentar a interacção entre as indústrias diferentes e alavancar novas oportunidades de negócio nestes mercados”.
Hoje Macau PolíticaFinanças | Activos cresceram um quarto desde 2019 No final do terceiro trimestre deste ano, o total de activos do sector financeiro em Macau atingiu 2.691,6 mil milhões de patacas, representando um aumento de 24,2 por cento em relação ao final de 2019, revelou ontem a Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Segundo o organismo público, o peso do sector financeiro tem aumentado nos últimos anos. Em 2020, o sector representava 17,2 por cento do valor acrescentado bruto de todos os ramos de actividade económica em Macau, proporção que correspondeu a um aumento de 10,3 por cento em relação aos 6,9 por cento verificados em 2019. Neste capítulo, a AMCM destaca que este ano o Ministério das Finanças da República Popular da China procedeu à terceira emissão de obrigações nacionais em Macau, e apoiou o Governo Popular da Província de Guangdong na terceira emissão das suas obrigações em Macau. Até ao final do Outubro deste ano, foram emitidas ou cotadas 343 obrigações em Macau, com um montante equivalente a 525,2 mil milhões de patacas, abrangendo obrigações soberanas, obrigações de governos provinciais, obrigações de empresas, obrigações verdes, obrigações financeiras e obrigações de suplemento de capital.
Hoje Macau PolíticaDSAL | Mais de 11 mil pessoas encontram emprego Nos primeiros 10 meses de 2023, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) diz ter assistido 11.561 pessoas a encontrar, com sucesso, emprego. Segundo um comunicado emitido ontem pela DSAL, este total de empregados foi 1,8 vezes superior ao verificado no ano passado, quando foram recrutados 6.288 candidatos nas feiras de emprego organizadas pelo Governo. A DSAL acrescenta que os trabalhadores contratados entre Janeiro e Outubro deste ano representam cerca de 4 por cento de toda a força laboral constante nos dados estatísticos relativos ao terceiro trimestre de 2023. Alargando o escopo temporal, a DSAL afirma ter apoiado quase 25 mil pessoas a encontrar emprego nos últimos quatro anos. Desde 2020, a DSAL organizou 261 feiras de emprego, 114 delas com vagas para as indústrias do turismo e entretenimento. No primeiro ano do período pós- pandémico, estes eventos multiplicaram-se, com 128 feiras de emprego realizadas nos primeiros 10 meses deste ano, quase metade de todos os eventos organizados em três anos. No que diz respeito ao início de carreira, desde 2020 até hoje, 1.564 jovens participaram em estágios profissionais, 723 conseguiram emprego através do programa e 55 foram promovidos.
João Luz PolíticaIPIM | 155 empresas aproveitaram plataforma sino-lusófona Entre Janeiro e Outubro, 155 empresas e instituições “aproveitarem as vantagens de Macau enquanto plataforma sino-lusófona”, para explorarem oportunidades de negócio. O IPIM indica que vinhos lusófonos entraram no mercado chinês e que empresas do Interior e Macau investiram em energia solar e produtos agrícolas nos mercados lusófonos Um total de “238 apoios a 155 empresas e instituições” foram prestados nos primeiros 10 meses do ano, afirmou, em comunicado, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), que “ajuda as empresas a aproveitarem as vantagens de Macau enquanto plataforma sino-lusófona e reforça o investimento comercial entre as empresas do Interior da China, dos países de língua portuguesa e de Macau”. Na nota, o departamento governamental referiu que, através de Macau, vinhos lusófonos entraram “com sucesso nas cadeias de lojas do Interior da China”, além de empresas portuguesas terem estabelecido sucursais em Macau para expandir os seus negócios. Da China continental e de Macau, continuou o IPIM, veio investimento em projectos de energia solar e na aquisição de produtos agrícolas nos mercados lusófonos. Paragem em Hengqin Nos primeiros dez meses do ano, o serviço ‘one-stop’ do IPIM – que presta assistência abrangente aos investidores – recebeu um total de 292 novos projectos de investimento, sendo que 213 foram concretizados e criaram um total de 805 postos de trabalho. Ao todo, o investimento alcançou 1,29 biliões de patacas, “ultrapassando os dados globais do ano de 2022”, referiu o comunicado do IPIM. O IPIM acrescenta que mais de 40 por cento dos projectos de investimento concretizados e acompanhados (ou seja, 91) são das indústrias inseridas no conceito “1+4”. Entre 2020 e 2022, período durante o qual Macau implementou rigorosas medidas de prevenção anti-pandémica, o serviço ‘one-stop’ recebeu 820 novos projectos de investimento, dos quais 552 foram concretizados, num investimento total de 2,1 biliões de patacas, que levou à criação de 1.600 postos de trabalho. No que diz respeito a Hengqin, desde a entrada em funcionamento do órgão de gestão da Zona de Cooperação, em Setembro de 2021, o IPIM refere ter ajudado empresas de Macau a fazer o registo comercial na Zona de Cooperação Aprofundada. Até ao fim de Outubro deste ano, foram tratados 37 casos de registo comercial na Zona de Cooperação Aprofundada para os investidores de Macau. Ao mesmo tempo, o IPIM recebeu 44 projectos de investimento recomendados pela Zona de Cooperação Aprofundada, e auxiliou 16 destes para constituir empresas em Macau. Com Lusa
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteAssociações | Com recursos limitados, internacionalização faz-se com parcerias Um estudo da Universidade Politécnica de Macau conclui que as associações locais, apesar de numerosas, têm “dimensão e recursos humanos limitados” e que a sua internacionalização se faz através de acordos com entidades congéneres de fora. O estudo destaca o aumento de associações ligadas à lusofonia e à política “Uma Faixa, Uma Rota” Uma das características de Macau é a imensa profusão de associações, para todos os gostos e sensibilidades, representativas da diversidade cultural e social do território. Lou Shenghua, docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Politécnica de Macau (UPM), publicou recentemente o estudo “Internacionalização local: O trajecto da internacionalização das associações de Macau”. A análise académica foi publicada na última edição da revista “Administração”, publicada pela Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública. Traçando uma análise sobre o perfil de algumas associações criadas antes e após a transferência de administração de Macau, o académico concluiu que a internacionalização das associações locais tem acontecido através de acordos ou parcerias assinadas com entidades internacionais congéneres, fazendo-se, assim, de forma indirecta e local. Ou seja, as associações não estabelecem ramos de actividade fora do território. “Embora as associações de Macau sejam numerosas, a dimensão e os recursos humanos da maioria são limitados. Mesmo que tenham extensas ligações com o estrangeiro e capitais relativamente abundantes, não possuem condições de recursos humanos para desenvolver grandes projectos e actividades internacionais, especialmente no que diz respeito à constituição de instituições físicas no estrangeiro. Por isso, para a internacionalização das associações populares de Macau, é escolhida a forma indirecta”, lê-se no estudo. Desta forma, “a internacionalização das associações de Macau faz-se localmente”, aproveitando-se a existência de “políticas flexíveis de associação”, pois estas têm sido criadas “sem autorização, sendo autónomas nas suas actividades”. “Muitas organizações associativas internacionais foram constituídas em Macau”, enquanto “as associações locais, mediante a adesão a organizações internacionais e a organização de eventos internacionais em Macau, a participação na prestação de serviços internacionais e o reforço das ligações com associações estrangeiras expandem o seu grau de internacionalização”, descreve Lou Shenghua. Tal cenário leva a concluir que “a internacionalização das associações de Macau não se faz directamente com a constituição de entidades ou a oferta de projectos internacionais no estrangeiro, mas sim de forma indirecta, com a internacionalização local”. O autor defende que “o posicionamento e características demográficas de Macau conferem extensas ligações internacionais a associações locais”, além de que “as políticas flexíveis de associação e as características próprias das associações locais permitem que a sua internacionalização se faça localmente”. Desporto com mais ligações Lou Shenghua recorda outro aspecto particular do associativismo em Macau, pois “embora muitas associações de Macau tenham funções políticas, raramente são registadas directamente como associações políticas”. Desta forma, aponta o autor, quando as autoridades procederam à revisão da Lei relativa à defesa da segurança do Estado, cuja primeira versão datava de 2009, foram incluídas não apenas as associações políticas, mas “todas as organizações associativas”, tendo sido clarificado “as situações de ‘ligações’ estabelecidas com organizações, associações ou indivíduos de fora da RAEM”. Lou Shenghua concluiu também que as associações da área desportiva são as que mais ligações internacionais têm. Segundo os registos do Instituto do Desporto, são 28 as entidades com ligações a associações congéneres do exterior. “As associações desportivas de Macau são as que mais se associam às organizações internacionais congéneres”, sendo “os seus intercâmbios e cooperações internacionais mais frequentes do que os de outras associações”, é descrito. Um dos exemplos é a Associação Geral de Atletismo de Macau que está ligada à Asian Athletics Association e a International Association of Athletics Federations, ou ainda a Associação Geral de Automóvel de Macau-China, que se uniu à União Asiática de Motociclismo ou à Federátion Internationale de Motocyclisme. “Após o retorno de Macau à Pátria, o Governo tem vindo a apoiar as entidades desportivas de Macau a participarem nas federações desportivas asiáticas e internacionais, desenvolvendo as suas próprias actividades. Actualmente, as associações desportivas individuais reconhecidas pelo Instituto do Desporto são, na sua maioria, membros das federações desportivas asiáticas e internacionais”, descreveu o autor do estudo. ONU e companhia Outro exemplo apontado no estudo está relacionado com contributos de algumas associações tradicionais nas avaliações e actividades da Organização das Nações Unidas (ONU). Destaca-se o caso da Associação Geral das Mulheres que, em 2008, ganhou o estatuto de negociadora especial do Conselho Económico e Social da ONU. “Desde então, a Associação Geral das Mulheres de Macau tem participado em várias reuniões da Comissão sobre a Condição Jurídica e Social da Mulher do Conselho Económico e Social das Nações Unidas e no Exame Periódico Universal do Conselho dos Direitos do Homem das Nações Unidas”, é descrito. Outro exemplo é o da Federação da Juventude de Macau, que em Julho de 2021 ganhou o estatuto consultivo no Conselho Económico e Social das Nações Unidas. Na área do apoio social, o exemplo mais emblemático é o da Caritas, anteriormente reconhecida como Centro de Serviços Sociais Ricci, fundado em 1951 pelo padre Luís Ruiz Suárez que requereu um espaço à Casa Ricci da Diocese de Macau. Este centro trabalhou com refugiados, sobretudo no período do pós-II Guerra Mundial, além de fornecer “alojamento temporário a famílias com dificuldades, pagando propinas escolares e despesas médicas dos filhos provenientes das referidas famílias, entre outros. Em 1971, o Centro de Serviços Sociais Ricci tornou-se, oficialmente, uma instituição de caridade subordinada à Diocese de Macau, juntando-se à Caritas Internacional, que passou a chamar-se Caritas de Macau, hoje gerida por Paul Pun. Actualmente, é membro da Caritas Internationalis”, da Caaritas Ásia e da Asia Partnership For Human Development. Ligações a Pequim Uma das novidades em matéria associativa dos últimos anos passa pela criação de entidades ligadas às políticas de Pequim. Destaque para a existência de 31 associações sobre a política “Uma Faixa, Uma Rota”, nomeadamente a Associação para a Promoção da Indústria de Medicina Tradicional Chinesa e de Big Health “Uma Faixa, Uma Rota”, criada este ano, ou a Associação de Caridade de Macau de Uma Faixa Uma Rota, estabelecida em 2021. Descreve o autor que “com a estratégia ‘Uma Faixa, Uma Rota’ promovida pela China e o empenho de Macau em transformar-se numa plataforma comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, as relações e os contactos de Macau com o exterior têm vindo a reforçar-se gradualmente”. Destaque também para a existência de 23 associações ligadas ao universo da plataforma e comércio com países de língua portuguesa e mundo lusófono, tal como a Associação em Macau para a Cooperação Científica entre a China e os Países de Língua Portuguesa ou a Associação Plataforma Sino-Lusófona de Macau para o Desenvolvimento Sustentável de Macau. TNR unidos Lou Shenghua dá conta da crescente criação, nos últimos anos, de associações ligadas aos trabalhadores não-residentes (TNR). “Sendo Macau uma cidade internacional, os trabalhadores provenientes do exterior constituem um dos grupos que complementam a falta de mão-de-obra local. Muitos trabalhadores não-residentes, vindos do exterior, para confraternizar e proteger os seus próprios direitos e interesses, criaram muitas associações constituídas por comunidades estrangeiras.” A primeira associação constituída por TNR foi criada em Maio de 2002, data da instituição da Associação dos Conterrâneos de Quezon das Filipinas, para “servir, de forma diversificada, a população filipina residente em Macau, nomeadamente da província de Quezon, promovendo solidariedade e ajuda mútua entre a sociedade filipina e a sociedade de Macau”. Outro exemplo de internacionalização passa pela participação de Macau sempre que há acidentes ou ocorrências de cariz global. É dado o exemplo, no estudo, do sismo ocorrido na Turquia, em Fevereiro deste ano, que levou a Cruz Vermelha de Macau a enviar um donativo de 50 mil dólares americanos para a parte turca e um donativo urgente de socorro de 50 mil dólares americanos para a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Lou Shenghua destaca ainda as sete associações com ligações à comunidade macaense que contactam com entidades da diáspora macaense, as chamadas “Casas de Macau”, a fim de promover a preservação e a transmissão do patuá e a cultura macaense. O académico recorda que “antes do retorno de Macau à Pátria, as diferentes forças políticas vindas de fora existiram no território de forma intermitente, sob a forma de associação e exercício de actividades influentes”. Após 1999, Macau tornou-se numa “região administrativa especial contígua do continente com um alto grau de autonomia, pelo que “as funções das associações populares relativas ao intercâmbio e à comunicação com o exterior, em vez de desaparecerem, tornaram-se mais activas, revelando uma característica mais forte de autonomia”.
Hoje Macau China / ÁsiaTrabalhadores presos em túnel que desabou na Índia receberam refeições quentes Os 41 trabalhadores da construção civil presos num túnel que desabou no norte da Índia há mais de uma semana receberam hoje refeições quentes, enquanto as equipas de resgate continuam a trabalhar num plano alternativo para os retirar. As refeições – arroz e lentilhas – foram fornecidas através de um tubo de aço de 15,24cm instalado através dos escombros na noite de segunda-feira, disse Deepa Gaur, porta-voz do Governo. Nos últimos nove dias, os trabalhadores sobreviveram com comida seca enviada através de um tubo mais estreito. O oxigénio está a ser fornecido através de um outro tubo. As autoridades divulgaram na terça-feira um vídeo, depois de terem conseguido fazer chegar uma câmara aos trabalhadores. As imagens mostravam os trabalhadores com os capacetes colocados, movendo-se pelo túnel bloqueado, enquanto comunicavam com as equipas de resgate por ‘walkie-talkies’. As famílias estão cada vez mais preocupadas e frustradas à medida que a operação de resgate se arrasta. O túnel desabou no estado de Uttarakhand, uma região montanhosa que se revelou um desafio para a máquina de perfuração, que avariou enquanto as equipas de resgate tentavam cavar horizontalmente em direção aos trabalhadores presos. As vibrações de alta intensidade da máquina também causaram a queda de mais destroços, levando as autoridades a suspender os esforços de resgate. Atualmente, as equipas estão a fazer uma estrada de acesso ao topo da montanha, de onde farão a escavação na vertical. A perfuração do túnel levará alguns dias e poderão cair detritos durante os trabalhos, segundo disseram as autoridades na segunda-feira. Será necessário escavar 103 metros para alcançar os trabalhadores presos, quase o dobro da distância da perfuração horizontal anteriormente tentada. Contudo, as autoridades disseram que continuariam a escavar horizontalmente, desde a boca do túnel, em direção aos trabalhadores. Os trabalhadores estão presos desde 12 de novembro, quando um deslizamento de terra fez com que uma parte do túnel de 4,5 quilómetros que estavam a construir desabasse a cerca de 200 metros da entrada. A região de Uttarakhand é repleta de templos hindus e a construção de rodovias e edifícios tem sido constante para acomodar o fluxo de peregrinos e turistas. O túnel faz parte da estrada para Chardham, um projeto emblemático que abarca um conjutno de quatro locais de peregrinação hindu.
Hoje Macau China / ÁsiaGaza | MNE promete trabalho para “restabelecer paz” A China quer trabalhar para “restabelecer a paz” no Médio Oriente, declarou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, a uma delegação de diplomatas de países árabes ou de população maioritariamente muçulmana. “Vamos trabalhar juntos para acalmar rapidamente a situação em Gaza e restaurar a paz no Médio Oriente o mais rapidamente possível”, disse Wang, no discurso de abertura da reunião em Pequim. “Uma catástrofe humanitária está a desenrolar-se” na Faixa de Gaza, disse Wang aos ministros dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Indonésia, Egito, Arábia Saudita e Jordânia, assim como o secretário-geral da Organização de Cooperação Islâmica. “A situação em Gaza afecta todos os países do mundo, pondo em causa a noção do correcto e do errado e os princípios fundamentais da humanidade”, acrescentou o chefe da diplomacia chinesa. “A comunidade internacional deve agir urgentemente e tomar medidas eficazes para evitar que esta tragédia se espalhe”, acrescentou Wang. “A China sempre estará ao lado da causa justa dos direitos legítimos”, disse o ministro. O homólogo palestiniano, Riyad al-Maliki, agradeceu o convite para uma reunião que considerou ser “em nome do mundo árabe e islâmico pelos crimes cometidos por Israel em Gaza”. “Para Israel, esta é a guerra derradeira que acaba com todas as guerras (…). Eles querem eliminar todos os palestinianos”, acrescentou o ministro dos negócios estrangeiros da Autoridade Palestiniana, que controla a Cisjordânia, mas não Gaza. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan, exigiu “um cessar-fogo imediato”, algo a que a China tinha apelado após o início da guerra no mês passado. Historicamente, Pequim é bastante favorável aos palestinianos e a favor da solução de dois estados para resolver o conflito israelo-palestiniano.
Andreia Sofia Silva PolíticaIp Sio Kai exige maior protecção de investidores O deputado Ip Sio Kai fez ontem um apelo para que o Governo altere várias leis para dar maior confiança aos investidores. “As leis de Macau não conseguem dar uma maior protecção e garantia aos investidores”, disse ontem durante o debate sectorial sobre as Linhas de Acção Governativa para a área da Administração e Justiça. Segundo Ip Sio Kai, os casos mais paradigmáticos ocorrem nos sectores imobiliário e na banca. “Os bancos não têm alguns produtos porque consideram que as leis não dão garantias em termos de obrigações. Quanto às obrigações relativas às habitações em construção, é feito o registo dos edifícios, mas se a pessoa fizer uma hipoteca junto do banco, mesmo com o registo, não há prioridade aquando do pedido de crédito. Quando não se pagam as amortizações, os bancos perdem juros, e isso está relacionado com as limitações que existem no Código Civil.” Além disso, “quando há a venda de um imóvel em hipoteca, não há necessidade de comunicar ao banco, podendo a pessoa receber o sinal da venda do imóvel, saindo do território e o banco nem sabe da situação”. Ip Sio Kai lembrou que os processos judiciais relacionados com o sector imobiliário são muito morosos, demorando entre quatro e cinco anos para se ter uma decisão e dez se for um caso de falência. “Noutras regiões é mais fácil e célere resolver estas questões. Não se dão garantias aos investidores porque as situações arrastam-se por muito tempo.” Muita envergadura O secretário André Cheong frisou que rever os códigos trata-se de um “trabalho de grande envergadura”. “Temos vindo a aperfeiçoar o nosso sistema jurídico através da Lei da Fidúcia e outras leis na área financeira, mas é óbvio que há ainda muitos trabalhos a fazer”, disse. Sobre os casos de hipoteca de imóveis, o secretário explicou que a lei em vigor exige que qualquer hipoteca ou crédito à habitação esteja registado, “sendo que só assim se podem usufruir dos privilégios dos créditos”, explicando que há muitas situações em que meras instruções regulam a compra de habitações ainda em construção.
Hoje Macau EventosÓbito | Morreu cantora portuguesa Sara Tavares com 45 anos Sara Tavares, cantora portuguesa que venceu o Festival da Canção em 1994 com “Chamar a Música”, morreu aos 45 anos. A notícia refere que a cantora, diagnosticada com um tumor no cérebro há mais de 10 anos, morreu este domingo no Hospital da Luz, em Lisboa. Fonte da família confirmou a morte à agência Lusa. Sara Tavares nasceu em 1978, em Lisboa. De ascendência cabo-verdiana, manteve sempre essas origens nas suas músicas. A cantora ganhou a primeira edição do concurso Chuva das Estrelas, em 1994, e depois foi convidada a participar no Festival da Canção da RTP, que acabou por vencer com “Chamar a Música”. Ficou em 8.º lugar na Eurovisão. Dois anos depois, em 1996, Sara Tavares estreou-se com o álbum “Sara Tavares & Shout!”. Nas duas décadas seguintes, Sara Tavares editou vários álbuns que a aproximaram das raízes cabo-verdianas, com destaque para “Balancê” (2005), que lhe valeu um disco de platina e uma nomeação como Artista Revelação os prémios BBC Radio 3 World Music. Em 2011, recebeu Prémio de Melhor Voz Feminina nos Cabo Verde Music Awards e no ano seguinte deu continuidade à digressão internacional “Xinti”, título do álbum editado em 2009, que lhe valeu o Prémio Carreira do África Festival na Alemanha. Em 2018, esteve nomeada para os Grammy Latino com o quinto álbum, “Fitxadu” (2017), no qual aprofundou a relação com a música cabo-verdiana, contando com Manecas Costa, Nancy Vieira, Toty Sa’Med e Kalaf Epalanga entre os convidados. A par da carreira em nome próprio, Sara Tavares colaborou com vários nomes da música portuguesa e lusófona, nomeadamente Ala dos Namorados, Dany Silva, Paulo Flores, Buraka Som Sistema e Carlão. Ao longo do último ano, Sara Tavares tinha vindo a divulgar alguns temas novos, ao fim de cinco anos de silêncio. O mais recente tema, intitulado “Kurtidu”, saiu em Setembro passado pela Sony Music.
Hoje Macau EventosCCM | Arquitecta Francine Houben dá palestra na próxima semana A arquitecta de renome internacional Francine Houben dará uma palestra no próximo dia 28, às 19h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) a fim de apresentar a sua obra arquitectónica. A palestra, organizada pelo Instituto Cultural (IC), intitula-se “Pessoas, Lugar, Propósito e Poesia”, e está sujeita a inscrições que decorrem desde sábado. Francine Houben é directora criativa e sócia fundadora do atelier de arquitectura Mecanoo Architecten, responsável pelo design do projecto da Nova Biblioteca Central de Macau. Houben foi professora de estética da mobilidade na Universidade de Tecnologia de Delft, tendo também leccionado na Universidade de Harvard, na Universidade de Yale e na Academia de Arquitectura de Mendrisio. Recebeu vários prémios internacionais, como o “Prix des Femmes Architectes” [Prémio de Mulheres Arquitectas] em 2019 e o Prémio Europeu de Arquitectura em 2021. Segundo um comunicado do IC, Houben partilhará na palestra “os seus conceitos criativos únicos através das suas obras e explicará como criar espaços urbanos vivos e inovadores que cumpram as exigências funcionais da arquitectura e exemplifiquem o conceito de busca de harmonia entre o elemento humano e o espaço”. Além disso, Houben irá também partilhar a sua experiência de grandes projectos arquitectónicos de cariz cultural e projectos de construção que integram as funções dos espaços urbanos. A palestra é aberta a maiores de 15 anos de idade e será proferida em inglês, sendo disponibilizado o serviço de tradução simultânea para cantonense e mandarim. As inscrições terminam esta quinta-feira às 18h.
Hoje Macau EventosBienal de Taipé | Museu de Belas Artes acolhe eventos até Março O Museu de Belas Artes de Taipé, em Taiwan, acolhe até ao dia 24 de Março a 13.ª edição da Bienal de Taipé que convida vários artistas, como Nadim Abbas, de Hong Kong, a expôr novos trabalhos. Sob o tema “Pequeno Mundo”, o evento multidisciplinar remete para ideias sobre a nossa própria vida e o sentido de comunidade Está dado o pontapé de saída para a 13.ª edição da Bienal de Taipé deste ano, que decorre no Museu de Belas Artes de Taipé [Taipé Fine Arts Museum], Taiwan, até 24 de Março do próximo ano. Com o tema “Small World” [Pequeno Mundo], pretende-se apresentar obras que remetem “tanto para uma promessa como para uma ameaça”. Promessa no sentido de “maior controlo sobre a nossa própria vida” e uma ameaça “de isolamento de uma comunidade maior”. Em comunicado oficial, a organização entende que este evento pode dar novas visões sobre a forma como o nosso mundo “se pode tornar mais pequeno à medida que nos aproximamos uns dos outros, mas, à medida que nos afastamos, o ‘Pequeno Mundo’ decorre desse estado de suspensão”. A bienal inclui exposições de obras de arte em galerias, espectáculos musicais, residências artísticas, workshops e programas públicos, sem esquecer um programa próprio de cinema e concertos ao vivo que decorrem ao longo das várias actividades. O cartaz apresenta nomes de artistas como Dj Sniff, Julian Abraham “Togar” & Wok the Rock e TingShuo Hear Say. No fundo, “Small World” não é mais do que “um convite a reordenar a nossa relação com o que nos rodeia”, aponta a organização. O evento conta com curadoria independente de Freya Chou, mas também do escritor e editor Brian Kuan Wood e ainda de Reem Shadid. Estes entendem que a bienal expõe também a ideia de “o mundo pequeno perguntar se o nosso medo e desconfiança uns dos outros é, na verdade, um desejo oculto de uma outra coisa”. Na 13.ª edição da bienal vários artistas foram convidados para produzir ou estrear novas obras, nomeadamente Pio Abad, de Londres; Nadim Abbas, de Hong Kong; Nesrine Khodr, de Beirute; Jacqueline Kiyomi Gork, de Los Angeles; Lai Chi Sheng, de Taipei; Li Yi Fan, também de Taipei; ou Jen Liu, de Nova Iorque. Questões existenciais Quanto à essência desta bienal, os três curadores entendem que este conjunto de actividades artísticas ajudam também a fazer uma reflexão dos últimos tempos do pós-pandemia. “Independentemente do inferno por que passámos nos últimos anos, é muito provável que tenhamos sentido e visto finais tornarem-se inícios e inícios a terminarem abruptamente. Talvez nos tenha ocorrido a ideia de abrigo no espaço mais próximo, apenas para encontrar uma cápsula encolhida feita de câmaras e ecrãs alimentando os nossos olhos e drenando a nossa energia.” Mas, apontam os curadores, esta é a altura de olhar para tudo isto e “perguntar como podemos transformar o ameaçador zumbido da automação em música, como explorar o poder desconhecido do solo debaixo dos nossos pés, o que pode possibilitar dum novo e mais lírico tipo de vida e de criação”. Os visitantes e amantes de arte poderão desfrutar, nesta bienal, de “um espaço de escuta, reunião, improvisação e exploração” e diversas “formas de perceber e navegar em lições aprendidas sobre a vida que realmente queremos”. Em 2018, o tema da Bienal de Taipé foi “Pós-Natureza: Um Museu como Ecossistema” e em 2020 foi “Tu e Eu Não Vivemos no Mesmo Planeta”. Esta 13.ª edição é um pouco um produto desses dois eventos, apresentando “as experiências e tensões profundas do quotidiano dos indivíduos, regulado pelo algoritmo da mudança do mundo, questionando se existe capacidade para novas visões poéticas”. Jun-Joeh Wang, director do Museu de Belas Artes de Taipé, considera que está a ser traçado um novo caminho para a bienal, estando “expectante” quanto à sua realização. “[A bienal] dá um leve toque às questões que enfrentamos na sociedade contemporânea, mas, ao mesmo tempo, questiona profundamente a forma como nos situamos quando as condições temporais e espaciais são constantemente redefinidas”.
Hoje Macau DesportoSelecção portuguesa fecha qualificação para Euro2024 com 10 vitórias Portugal fechou domingo só com vitórias o apuramento para o Euro2024 de futebol, vencendo a Islândia (2-0) no fecho do Grupo J, enquanto a Sérvia selou a qualificação na ‘poule’ G e a Bélgica goleou o Azerbaijão (5-0). No Estádio José Alvalade, a selecção lusa, orientada por Roberto Martínez, marcou o primeiro por intermédio de Bruno Fernandes, aos 37 minutos, e ampliou a vantagem na segunda parte, com um golo de Ricardo Horta, aos 66. Foi a exibição dominadora que se esperava, mesmo com seis ‘mudanças’ na equipa titular, com João Mário (FC Porto) em estreia a titular, e o resultado até podia ser mais avultado, numa campanha que culminou em 36 golos marcados e apenas dois sofridos, ambos marcados pela segunda classificada, e também apurada, Eslováquia. Portugal, que marcou presença em todas as fases finais de Europeus e Mundiais desde 2000, fechou pela primeira vez uma qualificação só com vitórias e venceu o grupo com 30 pontos, enquanto a Eslováquia, também apurada, ficou em segundo com 22, tendo ganho em casa da Bósnia e Herzegovina (2-1). Marcar presença Antes, a Sérvia tornou-se na 17.ª selecção a confirmar presença na fase final, mas não por mérito próprio, uma vez que não foi além do empate ante a Bulgária, em casa, a duas bolas, beneficiando antes do triunfo da invicta Hungria contra Montenegro (3-1). A Hungria, que se apurou em primeiro lugar e sem derrotas, à semelhança de Portugal e Bélgica, além da França que ainda tem um jogo a disputar, ‘deu a mão’ aos sérvios no Grupo G, apesar do tento inaugural de Rubezic para os montenegrinos, aos 36. Um ‘bis’ de Szoboszlai, aos 66 e 68, e outro tento de Nagy, aos 90+2, operaram a reviravolta e apuraram os sérvios para o Euro2024, em que vão participar enquanto Sérvia, a primeira vez que tal acontece após cinco presenças como Jugoslávia e República Federal da Jugoslávia. Ronaldo tramado Romelu Lukaku fez história no fecho da qualificação da Bélgica, solidificando a ‘provável’ conquista do título de melhor marcador da fase europeia de qualificação ao chegar aos 14 golos, mais quatro que Ronaldo, os quatro que fez ao Azerbaijão. Foi a primeira vez que um jogador fez quatro golos na primeira parte de um jogo da qualificação, e o avançado da Roma nem precisou de todo esse tempo: em Bruxelas, marcou aos 17, 26, 30 e 37 minutos.
Hoje Macau DesportoMotoGP | Miguel Oliveira admite que época acabou O piloto português Miguel Oliveira (Aprilia) admitiu domingo que a sua temporada no Mundial de MotoGP terminou no sábado, com a queda sofrida no GP do Qatar, que lhe provocou uma fratura na omoplata direita. Em declarações divulgadas pela assessoria de imprensa da RNF Aprilia, o piloto português revelou que ainda não sabe “a extensão da lesão”. “Foi um incidente de corrida. Infelizmente, uma queda com um colega da Aprilia [o espanhol Aleix Espargaró], o que me deixa mesmo triste”, sublinhou o piloto português natural de Almada. Miguel Oliveira recordou que fez “um bom arranque” pelo que pensou em “continuar a ganhar posições”. “Mas, na curva seis, travei um pouco tarde e o Aleix terá talvez travado demasiado. Quando vi que lhe iria acertar, endireitei a mota e tentei evitá-lo, mas já não consegui evitar a roda traseira dele. Infelizmente, caímos os dois”, contou Miguel Oliveira. O piloto luso sublinhou que foi “um erro de cálculo”, que acabou com os dois “no chão e lesionados”. Miguel Oliveira diz que só quando regressar a casa é que vai perceber “a extensão da lesão e qual o tempo de recuperação”. “Parece que não vai ser preciso cirurgia, mas vai necessitar de algum tempo para recuperar. Infelizmente, vou falhar o resto da temporada, pelo que esta foi a minha última volta”, garantiu. O piloto da RNF Aprilia sublinhou que esta temporada teve “um pouco de tudo”. “Isto poderá ajudar a fortalecer-me para a próxima temporada. Estou satisfeito por ter sobrevivido a tudo isto e espero que o próximo ano corra melhor”, concluiu o piloto de 28 anos. A temporada do Mundial de MotoGP termina no domingo, com o GP da Comunidade Valenciana, em Espanha. Miguel Oliveira é 16.º classificado, com 76 pontos.
Hoje Macau DesportoF4 | Tiago Rodrigues conquista título chinês Depois de cinco eventos e vinte corridas, Tiago Rodrigues sagrou-se Campeão da China de Fórmula 4 no pretérito fim de semana em Ningbo, no Interior da China. O piloto lusófono tornou-se o terceiro piloto de Macau a conquistar o ceptro da competição nacional chinesa de monolugares, sucedendo assim a Charles Leong (2017) e a Andy Chang (2021). Uma semana depois da sua estreia no Grande Prémio de Macau, onde obteve um muito positivo sexto lugar na corrida de Fórmula 4 do Circuito da Guia, o jovem piloto de 16 anos viajou até à província de Zhejiang para discutir o título do Campeonato da China de Fórmula 4. O único representante lusófono na competição chinesa chegou à jornada quadrupla do Ningbo International SpeedPark com uma liderança confortável do campeonato para o seu principal rival, Liu Kai Shun. No entanto, metade desta vantagem esfumou-se quando Tiago Rodrigues abandonou na primeira corrida, no sábado, e o seu directo adversário venceu. Obrigado a vencer, Liu Kai Shun voltou a ganhar na segunda corrida de sábado, mas o segundo lugar obtido por Tiago Rodrigues nesta contenda permitiu-lhe encarar as últimas duas corridas com alguma tranquilidade. O título chinês praticamente ficou garantido, quando o piloto da RAEM venceu categoricamente a primeira corrida de domingo, sendo que a consagração fez-se na última corrida da temporada. Com 25 pontos de avanço sobre o rival de Hong Kong, Tiago Rodrigues precisava apenas de completar a corrida para se sagrar campeão, algo que conseguiu com um merecido terceiro lugar. Após ter feito a sua formação no karting em Macau, esta foi a primeira temporada de Tiago Rodrigues nos automóveis.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Número de nascimentos cai pelo sétimo ano consecutivo Especialistas chineses em demografia prevêem que o número de nascimentos na China vai continuar a cair em 2023, pelo sétimo ano consecutivo, face à contração no número de matrimónios e a casamentos tardios. De acordo com estatísticas oficiais do país asiático, 10,51 milhões de pessoas casaram-se pela primeira vez na China, em 2022, menos 9,16% do que no ano anterior e o nível mais baixo desde 1980. A idade média do primeiro casamento situou-se nos 28,67 anos, quase quatro anos acima da média registada em 2010. Citado pelo jornal oficial Global Times, o demógrafo He Yafu disse que o número de nascimentos em 2023 deve situar-se “entre 8 e 9 milhões”, em comparação com os 9,5 milhões registados em 2022, embora tenha notado que é possível que, após o fim da política dos ‘zero casos’ de covid-19, no início deste ano, o número de nascimentos “recupere” em 2024. No entanto, ele previu que a “tendência de declínio contínuo do número de nascimentos vai continuar, a menos que sejam implementadas políticas fortes de apoio à natalidade”. O declínio do número de pessoas que casam pela primeira vez no país asiático é “o resultado de vários factores”, incluindo a “diminuição da população em idade de casar”, “a mudança de atitudes em relação ao casamento e às relações” e “a falta de políticas de apoio”, acrescentou. “A geração mais jovem já não considera o casamento e a paternidade como uma experiência de vida obrigatória”, afirmou o especialista. A China registou um declínio oficial de 850.000 pessoas em 2022 e fechou o ano com 1.411,75 milhões de habitantes. O país asiático aboliu a política de filho único em 2016, mas a decisão não surtiu grande efeito, devido aos custos com educação e saúde dos filhos e à prioridade dada pelos jovens às carreiras profissionais. Durante o 20º Congresso do Partido Comunista Chinês, há um ano, o partido no poder sublinhou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da educação dos filhos”. Em abril passado, as projeções da ONU indicavam que a vizinha Índia se tornaria o país mais populoso do mundo, depois de ter ultrapassado a China.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Candidato William Lai escolhe Hsiao Bi-khim como aliada para eleições William Lai, que é candidato a governar Taiwan, escolheu a representante de longa data de Taipé nos Estados Unidos como a sua candidata para o cargo de vice. O actual vice-líder Lai anunciou ontem, na sua página na rede social Facebook, a nomeação de Hsiao Bi-khim – nascida no Japão, filha de pai taiwanês e mãe norte-americana – como a sua aliada mais próxima para as eleições de Janeiro. A medida deve reforçar o apoio a William Lai entre os membros do Partido Democrático Progressista, actualmente no poder. Lai e Hsiao enfrentam uma oposição dividida, liderada pelo Partido Nacionalista, também conhecido como Kuomintang, que tem procurado atrair candidatos independentes para a sua candidatura. Lai é o actual vice de Taiwan. A actual líder, Tsai Ing-wen, está prestes a terminar o seu segundo mandato de quatro anos. O exercício do cargo no território está limitado a dois mandatos. Na sua publicação no Facebook, Tsai disse que Hsiao foi crucial para a cooperação com os EUA, o principal aliado e fornecedor de armamento de Taiwan. “Esta equipa, após oito anos no poder da líder Tsai, está completamente preparada para enfrentar todos os desafios, tanto internos como da China”, afirmou Lai. Hsiao Bi-khim, de 52 anos, ocupa o cargo de representante de Taipé nos Estados Unidos desde 2020. Ela é considerada uma diplomata astuta e com bons contactos, que tem conseguido navegar entre as tensões geopolíticas que dividem Washington e Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim felicita Milei e afirma disposição para colaborar com a Argentina A China felicitou ontem o vencedor das eleições presidenciais argentinas, Javier Milei, e afirmou que está disposta a trabalhar com a Argentina para “continuar a amizade entre os dois países”. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse que o seu país e a Argentina “procuraram benefícios mútuos” e “trataram-se com igualdade e respeito” nas últimas décadas. O desenvolvimento das relações entre Pequim e Buenos Aires “trouxe benefícios tangíveis para ambos os povos”, apontou. Apesar de a China ser actualmente o segundo maior parceiro comercial da Argentina e o segundo maior destino das exportações argentinas, Milei chegou a afirmar durante a campanha que, se ganhasse, continuariam a ser parceiros comerciais do sector privado chinês, mas que o Estado não negociaria com Pequim, por ser um “regime comunista”. Mao assegurou que a China “atribui grande importância ao desenvolvimento dos laços com a Argentina” numa “perspectiva estratégica a longo prazo” e que as relações bilaterais mostraram recentemente uma “boa dinâmica de desenvolvimento”. “Os laços China – Argentina tornaram-se um consenso em ambas as sociedades”, acrescentou. Mao também garantiu que “não está ciente” dos planos do presidente eleito de paralisar a entrada da Argentina no bloco de economias emergentes BRICS, uma possibilidade que Milei aventou durante a sua candidatura. Há dois anos, Milei, que obteve cerca de 55% dos votos nas eleições presidenciais de domingo, garantiu que “não faria negócios com a China” e afirmou que o corte de relações com o país asiático “não seria uma tragédia macroeconómica”. Em Agosto passado, a China recomendou a Milei que “visitasse” o país para “observar” a realidade chinesa, depois de o candidato libertário ter afirmado que os chineses “não são livres”. A posição de Milei em relação à China contrasta com a do seu rival, Sergio Massa, que se deslocou a Pequim em junho passado, na qualidade de ministro da Economia da Argentina, onde afirmou que Buenos Aires considerava o país asiático um parceiro económico e comercial importante e manifestou vontade de reforçar a cooperação em várias áreas. Pequim e Buenos Aires mantiveram boas relações nos últimos anos: a Argentina aderiu no ano passado à Iniciativa Faixa e Rota, o gigantesco projecto internacional de infraestruturas lançado por Pequim. A China tem investimentos na Argentina em áreas estratégicas como desenvolvimento de infraestruturas e exploração mineira, e um acordo para pagar as suas importações da Argentina na moeda chinesa, o yuan, e não em dólares norte-americanos. Muitas empresas chinesas estão interessadas no país sul-americano, especialmente no setor agrícola e em recursos naturais como o lítio, matéria prima fundamental para a indústria chinesa de carros elétricos, do qual a Argentina é o quarto maior produtor do mundo.
Ana Cristina Alves Via do MeioAlém da Grande Muralha I Um Pouco de História A Grande Muralha (长城 Chángchéng), estendendo-se por mais de cinco mil quilómetros entre Jieshi, Liaodong a Leste, e Lintao, atual distrito de Minxian em Gansu, a Oeste, nasceu em 214 a.C por ordem do Primeiro Imperador, Qin Shihuang (秦始皇), o unificador da China, que pôs termo ao período dos Estados Combatentes (战國, 476-221 a.C), fundando a dinastia Qin (秦, 221-206 a.C). Esta teve um propósito histórico-geográfico definido, separar os chineses, sobretudo os sedentários Han (汉), constituídos por uma população agrícola e pacífica, das tribos nómadas das estepes mongóis e da Manchúria. Ergueu-se como uma enorme fortaleza, com tropas estacionadas em posições estratégicas. Muitos foram os chineses que pagaram com o seu sangue, a construção da muralha e por sinédoque do próprio país em cada guerreiro que caía no combate aos invasores vindos de além da Grande Muralha como os mongóis, que fundaram a dinastia Yuan (元, 1206-1368) ,e os manchus da dinastia Qing (清 1644-1911), apenas para citar os casos de invasão mais persistente. A Grande Muralha tem o sentido figurativo imediato de inexpugnável, apesar de sabermos que não o foi. Representa ainda, pelo lado positivo, a heroicidade em louvor de todos os que contribuíram para este feito notável, que implicou a proteção da civilização e cultura chinesas por muito tempo, mas, pelo lado negativo, recorda quanto sofrimento e dor implicou a sua construção e a defesa da própria China. Por exemplo na expressão proverbial, aqui traduzida literalmente, “A Construção da Grande Muralha por Qin Shihuang será avaliada pelas gerações futuras” (秦始皇修长城-功过后人评Qínshǐhuáng xiū Chángchéng-gōngguò hòurén píng), surgindo este provérbio associado às lágrimas amargas da Menina Mengjiang (孟姜女Mèng Jiāng Nǚ), que protagoniza uma das mais belas e tristes histórias de amor da China. Resumindo, a menina de nascimento mágico, já que vem ao mundo dentro de um melão, é partilhada por duas famílias vizinhas muito amigas, a família Meng e a Jiang, do Sul da China, de Songjiang (松江). Ostenta no próprio nome a junção das duas famílias, cresce feliz por entre carinhos e abastanças até certo dia se cruzar com um garboso rapaz, Fan Xiliang (范喜良), estudante dedicado que procurava escapar ao triste destino de recrutamento para trabalhar na construção da Grande Muralha, que já havia sacrificado muitas vidas, dadas as péssimas condições de trabalho. Foi recebido pelo casal Meng e em breve conquistava toda a gente da família, incluindo a Menina Mengjiang. Denunciado por um criado ambicioso que almejava à mão de Mengjiang, vieram os soldados que o forçaram a ir trabalhar para a Grande Muralha. Mengjiang viu-o partir inconsolável e, adiante, conseguiu convencer os pais a visitar o marido para lhe levar agasalhos, a fim de o proteger do agreste Inverno do Norte. Quando chegou à Passagem de Shanghai (山海关), contaram-lhe que o marido sucumbira aos trabalhos forçados, engrossando assim o número de mortos. O seu desgosto foi tal, que o Céu se compadeceu: “De repente, ouviu-se um enorme estrondo, a que se seguiu o desmoronamento de uma parte da muralha, numa extensão de 400 quilómetros, revelando o cadáver do noivo, entre muitos outros” (Wang, Alves, 2009:119). Enfim, o imperador ficou muito zangado com o sucedido, mas logo quis perdoar à donzela, ao ver a sua beleza, transformando-a em concubina. Ela não aceitou e acabou por se deitar ao mar, morrendo afogada. Se a história nos fala de tanto sacrífico por amor ao país, o provérbio aponta também para uma outra dimensão, em que serão as gerações vindouras a julgar os aspetos positivos e negativos desta obra imperial, na qual os seres humanos são sacrificados à comunidade, ou melhor, ao labor em prol da colectividade. De acordo com a tradição da China, a Grande Muralha deu confiança aos chineses, sobretudo da maioria étnica Han, sentiam-se protegidos por ela, muito embora tivessem consciência do que era pedido a quem a construísse e aos que continuaram pelos séculos a defendê-la, pelo que ela se transformaria num dos símbolos fundamentais da civilização chinesa ao longo dos tempos: para os nacionais, ela representa positivamente a nação e a condição de possibilidade do próprio país; para muitos estrangeiros, figura negativamente a China como um espaço fechado, hermético, cujos habitantes são muito difíceis de entender. 2 Literatura relativa à Grande Muralha Note-se o sentimento de muralha que nos é transmitido por Wang Wei ( 王維701-761) poeta, pintor, calígrafo, músico e eremita, traduzido por António Graça de Abreu em 1993. Na obra intitulada Poemas de Wang Wei, pode ler-se “Subindo à torre da muralha de Hebei”, um dos troços da Grande Muralha (Abreu, 1993: 46/47): Na aldeia, sobre a falésia de Fu o Pavilhão dos viajantes, entre bruma e nuvens. Do alto da muralha, contemplo o sol poente, o rio distante espelha as montanhas verdes. Nas águas uma luz brilha em barca solitária, anoitece, pescadores e aves de regresso. Adormecem os espaços do céu e da terra e meu coração em paz, como o grande rio. 登河北城樓作 井邑傅巌上 客亭雲霧間 高城眺落日 極浦映蒼山 岸火孤舟宿 漁家夕鳥遠 寂寥天地暮 心與廣川閒 A paisagem do alto da muralha transmite uma sensação de imenso bem-estar e paz ao poeta. Este sente-se bem e protegido, embora nunca utilize a primeira pessoa, como é de regra na poesia clássica chinesa, mas nós podemos intuir o seu sentir por meio dos traços que empresta à paisagem, ele é como a barca solitária deslizando suavemente pelo rio, e todo este cenário é recolhido, como que cuidado atentamente por aquele espaço fechado, onde até há lugar para os viajantes poderem descansar, eles próprios em movimento e transformação como o rio, que flui incessantemente sob o olhar fixo e vigilante das pedras que constituem a muralha. Já Li Bai ( 李白,701-762), o grande contemporâneo de Wang Wei, também traduzido por António Graça de Abreu, prefere destacar o simbolismo guerreiro da Grande Muralha em “Lutámos a sul das muralhas” (战成南)1 (Abreu, 2021: 184/185) : a sua história de violentas batalhas, os Qin que a construíram, os Han e os imensos combates, o sangue dos soldados, os cadáveres, terminando com o pensamento, citação do capítulo 31 do Clássico da Via e da Virtude (《道德經》) obra fundante do Taoismo atribuída a Laozi (老子): Para quê generais sem exército? Abomináveis e cruéis as guerras! O homem de bem só obrigado as faz. (士卒涂草莽,将军空尔为。 乃知兵者是凶器, 圣人不得已而用之。) Pela mesma linha vociferante contra guerras e muralhas se ergue Du Fu (杜甫, 712-770), outro dos expoentes poéticos da China, ainda traduzido por António Graça de Abreu, muito embora reconheça na Grande Muralha um dos principais marcos da civilização chinesa e por isso a refere, lingando-a a uma das grandes festividades do calendário lunar chinês, a da Pura Claridade em poema homónimo ( 清明 Qīngmíng), no qual o poeta se declara cansado, triste, velho, doente em viagem pela “Grande Muralha”, pelo “reino de Qin”, pelo “Império Han”. Neste poema, a imponente construção a simboliza a memória coletiva e a ligação aos antepassados, pelo que apresento a segunda parte do mesmo (Abreu, 2015: 464/465): O regresso pela estrada da Grande Muralha púrpura, Um dos meus acende o lume com ramos verdes do ácer. Nas vilas do reino de Qin, pavilhões, pagodes entre flores e fumo, No império Han montanhas e rios de brocado, Chuva da Primavera, mais cheio o lago Dongting, Claros os trevos de água, triste o coração do velho de cabelos brancos. (旅雁上雲歸紫塞 家人鑽火用青楓 秦城耬閣烟花裏 漢主山河錦繡中 風水春來洞庭闊 白頻愁殺白頭翁 Foram rolando os tempos até chegarmos ao aforismo hoje por todos os chineses conhecido, aqui numa tradução direta: “Só é um verdeiro Han, quem foi à Grande Muralha” (不到长城非好汉Bù dào Chángchéng fēi hǎohàn). Este surge no poema de Mao Zedong (毛泽东) escrito em outubro de 1935, significando que um verdadeiro chinês, representado pela maioria étnica Han, tem espírito de luta, é herói, já que é capaz de percorrer passo a passo os cerca de cinco mil quilómetros de muralha, que se estende no Norte da China, sendo este e outros feitos de carácter sobre-humano que o distinguem, em prol de ideais maiores. Não é inocente a alusão à Grande Muralha, já que constitui historicamente o marco de uma nova era, a de uma China unificada. 《清平乐·六盘山》 天高云淡,望断南飞雁。 不到长城非好汉,屈指行程二万。 六盘山上高峰,红旗漫卷西风。 今日长缨在手,何时缚住苍龙? Eis a minha tradução: Serenata à Alegria Pacífica na Cordilheira Liu Pan2 No Céu claro surgem nuvens auspiciosas, à distância, vislumbram-se gansos rumo ao Sul. Só é herói quem percorra de lés a lés a Grande Muralha. nos picos altaneiros da Cordilheira Liu Pan, Bandeiras vermelhas agitam-se ao vento Oeste. Agora que a Revolução é tecida pelo Partido comunista, não será altura de enrolar o Partido Nacionalista? A Grande Muralha, símbolo da defesa do país, contra forças estrangeiras e/ou nacionais aliadas a estrangeiros, teve lugar de destaque durante o Maoísmo mais exacerbado. Hoje em tempos de Reforma e Abertura, que foram inaugurados por Deng Xiaoping (邓小平,1904-1997), o presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês entre 1978 e 1983, lançou o plano de Reforma e Abertura da China (改革开放Gǎigé kāifàng), e manifestou uma vontade política muito diferente da expressa por Mao Zedong. Esta linha foi continuada por Xi Jinping (1953 -), nomeadamente no programa da Nova Rota da Seda (新丝绸之路 Xīn sīchóu zhī lù), que se viria a impor com a subida deste ao poder em 2013. É então introduzido um princípio directivo, “Uma Faixa, Uma Rota ” (一带一路Yīdài yīlù) que para se concretizar integralmente depende do sucesso de modernizações e de invenções, bem como da ligação entre a China e o resto do mundo, por onde se escoam pessoas e se comunicam conhecimentos, através de corredores terrestres e marítimos. É neste novo tempo que o poeta Yao Jingming (姚京明, 1958 – ), cujo nome artístico é Yao Feng (姚風), nascido em Beijing, mas a viver há muitos anos em Macau, onde é professor catedrático da Universidade de Macau, se tem distinguido por uma vasta obra poética e pela ligação entre as culturas e línguas portuguesa e chinesa, o que lhe valeu prémios e distinções como a Ordem Militar de Santiago da Espada. Na sua poesia mostra-se filho de um novo tempo, porém sem esquecer a importância do peso da história para a civilização chinesa. Em 長城隨想及其他, obra traduzida para inglês em 2014 por Kit Kelen (客遠文), Karen Kun (管婷婷) e Penny Fang Xia (房霞), sob o título de Great Wall and Other Poems, dedica alguns poemas inteiramente à Grande Muralha, logo no início do livro, recordando a sua importância enquanto esforço coletivo, que exigiu tanto aos chineses enquanto pessoas, conduzindo-os ao sacrifício extremo de pagaram com a sua própria vida a manutenção do país. Após lembrar repetidamente o papel deste importante símbolo nacional na história, na guerra e como monumento vivo à união nacional, e ao sofrimento causado nos que o construíram e por ele lutarem, termina com um poema muito bonito, numerado a 8, sinal de prosperidade na China e de infinito em todo o lado, onde se coloca junto aos arautos do novo tempo, que ultrapassam a Grande Muralha rumo às portas abertas, à liberdade (Yao, 2014: 25) e ao sentimento de pertença ao mundo inteiro, sem muros nem quaisquer divisões: 太陽脫掉夕陽 再次升起 我醒来了 從群山中醒来 從石頭中醒来 從一個個夢境中醒来 從一個個“我”中醒来 我再次开始行走 沿着這條起伏的大道 向著山海關 向著東方 我要走出長城 我要走向大海 走向遼闊自由的世界 Aqui fica a minha tradução para este belíssimo poema O sol deita-se Para de novo se erguer Eu despertei De cada cordilheira acordo De cada pedra acordo De cada sonho acordo De todos os eus acordo E torno a avançar Acompanhando as voltas do caminhar Rumo à Passagem de Shanhai3 Rumo ao Oriente Quero ir além da Grande Muralha Quero ir em direção ao mar E ao vasto mundo da liberdade Referências Bibliográficas Graça de Abreu, António (Trad.) 1993. Poemas de Wang Wei. Macau: Instituto Cultural de Macau. __________________2021. Cem Poemas de Li Bai 李白诗一百首. Póvoa de Santa Iria: Lua de Marfim. __________________2015. Poemas de Du Fu 杜甫詩選. Macau: Instituto Cultural da R.A.E. de Macau. Baidu. 2023. “不到长城非好汉 ”https://baike.baidu.com/item/%E4%B8%8D%E5%88%B0%E9%95%BF%E5%9F%8E%E9%9D%9E%E5%A5%BD%E6%B1%89/3556008, acedido a 14 de novembro de 2023. Wang Suoying, Ana Cristina Alves. 2009. Contos e Lendas da Terra do Dragão: Lisboa: Caminho. Yao Feng (姚風).2014. 《長城隨想及其他》Great Wall and Other Poems. Tradução de Kit Kelen(客遠文), Karen Kun (管婷婷) e Penny Fang Xia (房霞) . Respeita-se o registo escrito em que nos são oferecidos os poemas, de modo que este artigo apresenta poemas em chinês simplificado e tradicional, de acordo com os textos originais. Cordilheira Liupan no Norte da China. Passagem de Shanhai no Extremo Oriental da Grande Muralha. 2