Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaForças de segurança | Negados aumentos de compensações de horas extra Pereira Coutinho pediu o aumento da compensação de horas extraordinárias de 100 para 120 pontos na tabela indiciária dos trabalhadores das Forças de Segurança. Wong Sio Chak recusou a sugestão, mas assumiu a “pressão” sentida pelos profissionais de segurança Os trabalhadores da área das Forças de Segurança não vão gozar de actualização do montante pago pelo cumprimento de horas extraordinárias. No debate de sexta-feira, a propósito do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Segurança, o secretário Wong Sio Chak disse que não haverá aumento da compensação dos actuais 100 para os 120 pontos da tabela indiciária, tal como sugeriu o deputado José Pereira Coutinho. “Ajustámos esse apoio recentemente e vamos fazer um balanço. Se houver essa necessidade [de aumento] vamos apresentar uma proposta. A situação actual é ainda aceitável. Em relação às horas extra cumpridas pelos funcionários, variam entre 48 e 50 horas, sendo que são atingidas as 50 horas [de trabalho semanal] em períodos de pico de trabalho. No caso do pessoal da Polícia Judiciária [as horas extra] variam entre 48 e 50 horas, porque é um serviço onde há menos trabalhadores”, referiu o governante. Pereira Coutinho lembrou que “a compensação por horas extra é de apenas 100 pontos indiciários, mas é possível ir além desse índice, através de uma actualização e consequente aumento?”, questionou. Coutinho citou um inquérito feito recentemente em que muitos trabalhadores das Forças de Segurança “queixaram-se do volume de trabalho”, algo que pode “afectar a sua vida normal”. Wong Sio Chak deixou claro que “os colegas têm tido trabalho árduo antes e depois da pandemia, e nós, pessoal da direcção, também passamos pela mesma dificuldade”. “A pressão pode advir da família, do trabalho e muitas coisas mais. Criámos grupos para aliviar a pressão psicológica do nosso pessoal”, adiantou o secretário, que frisou que depois da pandemia o número de profissionais que necessitou de apoio registou uma quebra. Wong Sio Chak salientou também estar satisfeito com o nível de recrutamento para a área das Forças de Segurança. “Em 2020, recrutámos 73 novos agentes e todas as vagas foram preenchidas. Em Julho, para 63 vagas, tivemos mais de duas mil candidaturas. Com a nova lei das carreiras temos uma situação muito satisfatória”, referiu. Compensar em dias A deputada Ella Lei também se pronunciou sobre esta matéria, referindo que “a pressão sentida pelos trabalhadores é muito grande”. “É necessário considerar as horas de descanso e de compensação. Claro que há um regime compensatório quando se ultrapassam as 44 horas semanais de trabalho e as férias. Mas, passada a pandemia, estamos com um elevado número de turistas e as entidades policiais têm de enfrentar uma pressão muito grande em termos de trabalho. Qual o mecanismo de compensação para os dias de descanso? É razoável dar uma compensação em dinheiro, mas é também importante compensar os trabalhadores com dias de descanso”, rematou. Já Leong Sun Iok questionou “como pode ser assegurado o descanso dos trabalhadores”, pois muitas vezes “são destacados” para o cumprimento de mais horas. “Relativamente à sua promoção, há casos em que muitas vezes as promoções não são justas e, muitos destes trabalhadores pensam que é cada vez mais importante a formação académica, afirmando que, muitas vezes, as promoções não são justas.”
Hoje Macau China / ÁsiaArgentina | Xi felicita Milei pela eleição como presidente O líder chinês, Xi Jinping, enviou ontem uma mensagem de felicitações a Javier Milei pela eleição como Presidente da Argentina, manifestando interesse em trabalhar para “promover a amizade e a cooperação entre os dois países”. Xi sublinhou que China e Argentina “estão empenhadas no respeito, igualdade e benefícios mútuos” e que se “apoiam firmemente uma à outra em questões relacionadas com os seus interesses fundamentais”, informou a agência de notícias oficial Xinhua. O líder chinês referiu na sua mensagem que a cooperação prática em vários domínios “trouxe benefícios tangíveis para os dois povos”. “Atribuo grande valor ao desenvolvimento das relações entre China e Argentina e estou disposto a trabalhar com Milei para promover o desenvolvimento e o rejuvenescimento dos dois países através da cooperação”, acrescentou. O Governo chinês afirmou na terça-feira que a Argentina cometeria um “grande erro” se cortasse relações com “países tão grandes como Brasil e China”, uma possibilidade sugerida nos últimos meses pelo presidente eleito, Javier Milei, e alguns dos seus colaboradores. A China é o segundo maior parceiro comercial da Argentina e o principal mercado de exportação dos seus produtos agrícolas. Há dois anos, Milei garantiu que “não faria negócios com a China” e afirmou que o corte de relações com o país asiático “não seria uma tragédia macroeconómica”. Em Agosto passado, a China aconselhou Milei a visitar o país e a observar a sociedade chinesa, depois de o candidato ultraliberal ter afirmado que as pessoas na China “não são livres”. Pequim e Buenos Aires mantiveram boas relações nos últimos anos: a Argentina aderiu no ano passado à iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, o gigantesco projecto internacional de infraestruturas lançado por Pequim para consolidar a sua influência. A China tem investimentos na Argentina em áreas estratégicas como desenvolvimento de infraestruturas e exploração mineira, e um acordo para pagar as suas importações da Argentina na moeda chinesa, o yuan, e não em dólares norte-americanos.
Hoje Macau SociedadeFJA | Alunos da EPM e UM recebem bolsas A Fundação Jorge Álvares (FJA) atribuiu bolsas de mérito a estudantes da Escola Portuguesa de Macau (EPM) e Universidade de Macau (UM). Segundo um comunicado, os prémios relativos ao ano lectivo de 2022/2023 foram entregues no passado dia 17 na EPM aos alunos Si Tou Chi Wa, do 6.º ano e Pedro Mieiro Lopes, do 9.º ano, na área das ciências. Foram também premiados Ana Carolina Batista Paulo Marques, do 11.º ano, nas áreas da Biologia e Geologia, Si Tou Chi Wa, do 6.º ano, na área da Educação Tecnológica e ainda Fong, Iok Kei Anne Marije do 9.º ano. Ex-aequo foi distinguida Alice Maria Sam Simões e Gong Lewis, ambos do 12.º ano, da área das Tecnologias de Informação e Comunicação. A FJA deu ainda uma bolsa, entregue na quarta-feira, a He Yichen, estudante do departamento de português da Faculdade de Artes e Humanidades da UM. Esta bolsa visa “contribuir para a realização de estudos em Portugal de acordo com um plano recomendado pelo departamento que apoia”.
Hoje Macau China / ÁsiaÍndia | Trabalhadores presos em túnel perto do resgate Os 41 trabalhadores da construção civil presos há quase duas semanas num túnel que desabou no norte da Índia estavam ontem na iminência de ser resgatados, segundo uma fonte envolvida no processo de resgate. A perfuradora que está a escavar a terra e os detritos já alcançou 44 metros dos cerca de 57 necessários, disse à agência de notícias Press Trust of India (PTI) Harpal Singh, gestor de um outro projecto de túnel que está a apoiar as operações de salvamento. Assim que terminarem de escavar os restantes 13 metros, as equipas de socorro vão poder inserir e soldar tubos através dos quais os trabalhadores poderão sair em liberdade. Os socorristas retomaram a perfuração horizontal através da entrada do túnel na quarta-feira, depois de problemas com a máquina os ter obrigado a parar a escavação na semana passada e a considerar planos alternativos. O terreno montanhoso do estado de Uttarakhand revelou-se um desafio para a máquina de perfuração, que avariou quando os socorristas tentaram escavar horizontalmente. As vibrações de alta intensidade da máquina também provocaram a queda de mais detritos. Maior optimismo Os trabalhadores encontram-se presos no local desde 12 de Novembro, quando um deslizamento de terras provocou a derrocada de uma parte do túnel de 4,5 quilómetros que estavam a construir, a cerca de 200 metros da entrada. Na quarta-feira à noite, foram enviadas ambulâncias e uma equipa de 15 médicos para o local, informou a PTI. Os familiares que se reuniram no local disseram à agência de notícias que estão optimistas, após dias de ansiedade e preocupação com o salvamento e o bem-estar dos trabalhadores. As autoridades começaram a fornecer aos trabalhadores refeições quentes através de um tubo de 15,24 centímetros de diâmetro, no início desta semana, depois de terem passado dias a sobreviver com alimentos secos enviados através de um canal mais estreito. O oxigénio chega por um canal separado. Na terça-feira, as autoridades divulgaram um vídeo – uma câmara foi empurrada até ao local através do canal – que mostra os trabalhadores de capacete de construção a deslocarem-se pelo túnel bloqueado enquanto comunicam com os socorristas no terreno através de ‘walkie-talkies’. Uttarakhand está repleto de templos hindus, e a construção de auto-estradas e edifícios tem sido constante para acomodar o fluxo de peregrinos e turistas. Este túnel faz parte da estrada Chardham, um projecto federal emblemático que liga vários locais de peregrinação hindu.
Paul Chan Wai Chi Um Grito no Deserto VozesNão pode haver caos em Macau No discurso de apresentação das Linhas de Acção Governativa para o Ano Financeiro de 2024, Ho Iat Seng, Chefe do Executivo de Macau, salientou que “Não pode haver caos em Macau”. Quando interrogado pelos jornalistas na conferência de imprensa, declarou que é necessário tomar precauções e que os websites do Governo sofrem muitos ataques informáticos diariamente, por isso “os alarmes estão sempre a disparar.” Houve uma altura em que alguns bancos de Macau tinham balcões onde o cliente se colocava ao lado do funcionário para facilitar a comunicação. Mas como estes balcões estavam mais sujeitos a assaltos, foram substituídos pelos tradicionais. Todos os bancos têm alarmes de emergência, mas não disparam a toda a hora. Desde que exista uma gestão de risco eficaz, reforço da detecção de emergências e vigilância permanente, lida-se bem com as situações de perigo. O constante disparar dos alarmes incomoda toda a gente e pode provocar neuroses. “Não pode haver caos em Macau” é a linha inultrapassável que o Chefe do Executivo tem de defender vigorosamente, assim como todos os residentes e associações de Macau. Prevenir é sempre melhor do que remediar, por isso é importante identificar as causas que podem provocar o caos. A História serve de espelho. Os acontecimentos turbulentos que tiveram lugar em Macau ao longo dos últimos 60 anos devem servir de referência para prevenir os tumultos e o caos. Em Dezembro de 1966, um litígio por causa de obras ilegais na Taipa desencadeou um conflito de grande escala entre a administração portuguesa de Macau e os habitantes locais. Documentos de órgãos governamentais de Macau foram espalhados pelas ruas, uma estátua de bronze foi derrubada e alguns habitantes morreram durante o conflito. Nem mesmo o consulado britânico foi poupado. Nessa altura, podia dizer-se que Macau estava “caótico”. O conflito não foi resolvido pela força, mas sim mediado por Ho Yin (importante líder da comunidade chinesa de Macau) juntamente com outras pessoas sensatas oriundas da China e de Portugal. Macau acabou por recuperar da turbulência do conflito ao fim de poucos anos. Em 1974, deu-se a Revolução dos Cravos em Portugal, e em 1975, Portugal anunciou a sua retirada de todas as colónias. Nesse período, a China e Portugal ainda não tinham estabelecido relações diplomáticas. Como é que iria funcionar a descolonização de Macau? Se esta questão não tivesse sido bem resolvida, Macau teria mergulhado no caos social. Frequentemente, os problemas políticos requerem governantes com sabedoria política para se resolverem. A ausência de relações diplomáticas entre a China e Portugal não significou a ausência de negociações. O “Estatuto Orgânico de Macau” e a “Constituição da República Portuguesa” foram promulgados em Macau em 1976 para facilitar as disposições que levaram Macau a tornar-se uma “região especial”. Com o estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e Portugal em 1979, todos estes problemas se tornaram coisa do passado. Uma crise potencial foi resolvida de forma invisível. As convulsões que ocorreram em Pequim na viragem da Primavera para o Verão de 1989 levaram a que as associações de Macau e os cidadãos fizessem manifestações constantes. Estas convulsões só terminaram a 9 de Junho de 1989. Neste período agitado, algumas pessoas sugeriram que os residentes que tivessem depositado dinheiro em bancos chineses o deveriam levantar em sinal de protesto, e se isso tivesse acontecido poderia ter ocorrido a qualquer momento uma crise financeira. Ng Kuok Cheong, que na altura era funcionário de um banco chinês de Macau e também um manifestante activo, analisou a situação racionalmente, instou o público a não provocar uma corrida aos bancos e conseguiu evitar que as pessoas agissem intempestivamente. Ng ajudou a evitar uma crise financeira. O “Incidente de 29 de Março” em 1990, a “Manifestação do Primeiro de Maio” e a “Manifestação do Dia da Transferência de Soberania de Macau” em 2007 não tiveram um impacto devastador em Macau. Além disso, quando a administração portuguesa de Macau começou a fazer o registo dos residentes ilegais, resolveu um dos maiores problemas. Nessa época, o Governo da RAEM respondeu aos manifestantes com a realização de múltiplos concertos e actuações, para oferecer ao público uma variedade de escolhas, tendo ainda implementando o Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico, que dura até aos dias de hoje. O Plano amenizou vários conflitos porque permitiu devolver às pessoas o que outrora lhes tinha sido tirado. Relativamente ao movimento que se opôs à Proposta de Lei intitulada “Regime de Garantia dos Titulares do Cargo de Chefe do Executivo e dos Principais Cargos a Aguardar Posse, em Efectividade e Após Cessação de Funções” em 2014, Chui Sai On, o então Chefe do Executivo, agiu de forma decisiva e corajosa, e anunciou a retirada da Proposta de Lei, evitando assim uma crise que teria provocado conflitos e o caos. Existe um ditado chinês que reza o seguinte: o governante é como um barco e o povo como a água. A água pode transportar o barco, mas também o pode afundar. Na verdade, quem decide se o barco flutua ou afunda é o comandante. Por isso, não podemos culpar o iceberg pelo afundamento do Titanic!
Hoje Macau Eventos“Above Zobeide” representa Macau na Bienal de Arte de Veneza Macau estará representado na 60.ª Exposição Internacional de Arte – A Bienal de Veneza: Evento Colateral de Macau, China, com a proposta “Above Zobeide”, da autoria do artista Wong Weng Cheong e apresentada pela curadora Chang Chan. O trabalho será poderá ser visto na cidade italiana a partir de Abril do próximo ano. Coube ao Instituto Cultural (IC) seleccionar os melhores projectos, juntamente com o Museu de Arte de Macau (MAM), sendo que o objectivo era “seleccionar trabalhos de qualidade excepcional para promover a arte contemporânea de Macau na arena internacional”. A proposta seleccionada inspirou-se no célebre romance “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino, tendo sido aclamada pelo júri por “expressar preocupação com o desenvolvimento da civilização humana através de um impressionante ambiente desolado, algo que reflecte a intensa ansiedade dos tempos e evidencia uma imaginação, visão e originalidade brilhantes”. Devido a estes factores, o trabalho enquadra-se, segundo o júri, no tema da bienal deste ano, “Foreigners Everywhere” [Estrangeiros por Toda a Parte]. Quem é quem A equipa vencedora é composta por Chang Chan, mestre em Gestão Artística e Cultural pelo King’s College de Londres, uma curadora independente que reside entre Macau e Londres. Em comunicado, o IC descreve-a como tendo “experiência de curadoria de diversas exposições nas duas cidades”. Por sua vez, Wong Weng Cheong é um jovem artista de Macau, licenciado em Belas-Artes pela Goldsmiths Universidade de Londres, sendo “exímio na criação de experiências imersivas através de tecnologias informáticas, incluindo inteligência artificial e gráficos 3D, tendo realizado exposições individuais e participado em exposições colectivas em Londres, Quioto e Macau. O júri responsável pela selecção do trabalho que representa Macau na Bienal de Arte de Veneza foi composto pelo presidente da Academia de Belas-Artes de Guangzhou, Fan Bo; pelo reitor da Faculdade de Artes da Universidade de Pequim, Peng Feng e pelo historiador de arte e professor da Universidade de Pequim, Zhu Qingsheng. Incluem-se ainda nomes como o do conceituado artista de Macau, Wong Hou Sang, e directora do Museu de Arte de Macau, Un Sio San. A Bienal de Arte de Veneza é tida como a “maior e mais antiga plataforma para o intercâmbio da arte contemporânea”, tendo como curador-chefe Adriano Pedrosa. Pretende-se explorar o conceito de “estrangeiro”, prestando-se “atenção às populações marginalizadas e ao deslocamento da humanidade”. Esta é a oitava vez que o MAM participa nesta Bienal com a designação “Macau, China”.
Andreia Sofia Silva EventosCasa de vidro | “Pneuma”, de José Nyogeri, para ver até final do mês A primeira exposição em nome individual de José Nyogeri intitula-se “Pneuma” e pode ser vista até quinta-feira, dia 30, na Casa de Vidro na praça do Tap Seac. Trata-se de uma mostra de esculturas digitais feitas a três dimensões inspiradas na ideia de pneuma, uma palavra em grego antigo que significa “respiração”, mas que, num contexto mais religioso ou meditativo, remete para significados como “espírito” ou “alma” “Pneuma”, um “nome com que os filósofos estoicos designavam um princípio espiritual constitutivo do Universo”. É assim que uma palavra do grego antigo surge explicada no dicionário de língua portuguesa. É também o nome dado à exposição de escultura digital em três dimensões (3D) de José Nyogeri, que pode ser vista na Casa de Vidro, na praça do Tap Seac, até quinta-feira, dia 30. Ao HM, o artista revelou como teve os primeiros contactos com este conceito e de como resolveu explorá-lo artisticamente. “Estou em Macau há cerca de 12 anos e comecei a trabalhar com edição de vídeo e ‘motion graphics’. Foi aí que comecei a usar o 3D para fazer arte, mas enquanto hobbie. Depois encontrei este nome, ‘pneuma’, que me deixou curioso. Pesquisei mais e percebi que tem vários significados, dependendo do contexto, mas é muito usado na escola filosófica do estoicismo.” A partir dos significados relacionados com “ar”, “alma” ou o “respirar da vida” que esta palavra pode ter, José Nyogeri foi pesquisando até chegar a um conceito concreto da exposição que queria realizar e que tem como pilar a vertente do estoicismo. “À medida que ia fazendo os trabalhos fui descobrindo mais sobre esta filosofia, que teve influência em matérias como a psicologia, a neurociência ou o budismo. Comecei a explorar diferentes áreas. É gratificante ter esta exposição e constitui um prazer enorme poder partilhar a arte que tenho vindo a fazer”, adiantou. A abordagem à escultura digital em 3D tornou-se, assim, uma paixão muito presente na vida de José Nyogeri enquanto artista. “Ao longo dos anos, amigos e família têm perguntado por trabalhos meus e têm-me incentivado, e isso deu-me motivação para continuar.” Paixões e imagens Convidado a falar da obra mais importante da exposição, ou com mais significado para si, José Nyogeri destaca duas. Uma delas, intitulada “Neuma”, que pode significar “sopro” ou “vento”, retrata “a imagem de um homem com as mãos junto ao queixo, repousando-as no queixo com os dedos entrelaçados”. “As cores da obra remetem para o fogo e o ar, sendo a ‘neuma’ uma substância constituída pelo fogo e ar. O ar é o que nos dá o movimento e o fogo a energia e o calor”, explicou. Por sua vez, “Amor-Fati” tem como mensagem principal o amor pelo destino, independentemente daquilo que nos venha a acontecer. “É a ideia de tirar o melhor proveito de qualquer situação. Uma das principais características do estoicismo é a divisão dos acontecimentos em duas partes, os que controlamos e os que não controlamos. Muitas vezes damos maior importância ao que não conseguimos controlar. No caso das emoções não podemos deixar de as sentir, mas podemos controlar o modo como reagimos e sentimos. Falamos de uma questão de auto-conhecimento e consciência, e aí entramos no campo da meditação”, explicou. José Nyogeri diz que a vertente digital no seu trabalho surgiu graças “à paixão pela imagem”, tendo-se dedicado à escultura digital em 3D, que permite “obter formas orgânicas” mais facilmente. Trata-se “de uma técnica de modelagem em que começamos a esculpir o modelo como se fosse uma peça de barro autêntica, mas sempre a nível digital”, frisou.
Hoje Macau China / ÁsiaEmbaixador chinês defende relações com a UE e acusa EUA de interferência O embaixador da China para a União Europeia (UE) acusou ontem os Estados Unidos de interferência nas relações diplomáticas e comerciais entre os dois blocos e rejeitou que haja conflitos geopolíticos e económicos com os 27. “A China vê as relações [com a UE] de uma perspectiva a longo prazo […], não podem ser ditados por países terceiros”, considerou Fu Cong, aludindo aos Estados Unidos da América (EUA), na abertura do Fórum UE-China, coorganizado com um grupo de reflexão sobre questões europeias, em Bruxelas. Perante a plateia, composta por diplomatas europeus, o embaixador chinês pediu à União Europeia que “não desenvolva as suas relações com outros países às custas das relações com a China ou em desprezo pelas relações” que tem com Pequim. “A China e a UE têm uma responsabilidade partilhada para uma paz mundial. Num mundo de turbulência e caos, é importante que tenhamos um papel certo, uma percepção certa de cada um. A China está no caminho para a paz e prosperidade”, sustentou o diplomata, advogando que “não há conflitos de interesse geopolíticos e económicos” entre os dois blocos. “O nosso interesse comum pesa mais do que as nossas diferenças”, acrescentou, rejeitando a ideia de uma rivalidade entre Pequim e Bruxelas. Do outro lado A directora-geral adjunta para o Comércio da Comissão Europeia, Maria Martin-Prat, ouviu atentamente a intervenção do diplomata chinês, mas rejeitou que Pequim não seja um adversário na competitividade que a UE tem: “É um adversário. A nossa relação é demasiado complexa para enfiar dentro de uma única categoria”. “Somos grandes parceiros económicos, as nossas relações são importantes e têm uma grande influência no mundo, o nosso comércio bilateral é extremamente importante […], mas é preciso abordar as questões frontalmente”, referiu. A UE está preocupada com “práticas comerciais injustas”, aludindo à investigação que a Comissão Europeia anunciou em Outubro para averiguar a existência de auxílios estatais de Pequim para financiar a produção e exportação de carros eléctricos. Em pouco tempo, o mercado foi ‘inundado’ por automóveis eléctricos de origem chinesa, a preços muito mais baixos do que os práticados por outras empresas que operam na UE e que são europeias. Em Outubro foi a própria presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, que anunciou a investigação, que ontem foi defendida pela directora-geral adjunta para o Comércio. “Não achamos que o défice nas trocas comerciais é mau por definição, mas ficamos preocupados quando esse défice não reflecte as preferências dos consumidores, quando existem barreiras para penetrar um determinado mercado”, esclareceu.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCCAC | Kong Chi acusado de registar subornos numa tabela A queixa sobre a conduta de Kong Chi foi apresentada por uma pessoa que gravou ocultamente uma reunião para discutir o arquivamento de um caso. O tribunal ainda vai decidir se a gravação pode ser aceite como prova Os investigadores do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) afirmam que o procurador-adjunto Kong Chi registava os subornos recebidos numa tabela contabilística. As acusações foram feitas na sessão do julgamento de quarta-feira, que decorre no Tribunal de Segunda Instância, e relatadas pelo Canal Macau. Na sessão, foram ouvidos agentes do CCAC que abordaram a tabela com a contabilidade do “Fundo Mútuo Hunan-Macau”. Este é um fundo que Kong Chi defende ter sido utilizado para fazer face às despesas de uma associação com membros de Hunan e Macau, da qual fazia parte. No entanto, um dos vice-presidentes testemunhou em tribunal e apontou que desconhecia o fundo, além de referir que Kong Chi nunca teve como tarefa o pagamento das despesas para as quais afirmou recorrer ao fundo. Na quarta-feira, os agentes indicaram que nos dias em que Kong Chi proferia despachos de arquivamento sobre processos, ou no dia seguinte, eram registadas na tabela entradas de dinheiro para o fundo. A tabela mostrada em tribunal tem as datas da entrada de dinheiro, o valor e ainda anotações, que os agentes do CCAC afirmam referirem os processos arquivados pelo procurador-adjunto. Por exemplo, numa das entradas consta o valor de 60 mil patacas com as palavras “imigração” e “investimento” à frente. Num outro registo, surge o montante de 20 mil patacas, e a indicação de “casamento falso”. Encontro de amigos Os agentes do CCAC apontaram também que Kong Chi e Choi Sao Ieng se encontravam depois da entrada de dinheiro no fundo. A acusação aponta que os encontros serviam para dividir o dinheiro pago para encerrar os casos, mas admite não saber como era realizada a divisão dos montantes. Segundo um dos investigadores do CCAC, a conta bancária do Fundo Mútuo Hunan-Macau chegou a ter mais de 1,5 milhões de patacas depositados. Para o MP, o dinheiro seguia depois para as contas de Kong e Choi. Também em casa de Choi foi apreendido um caderno, onde a empresária apontava informações sobre o desmantelamento de casos. Por cima dos nomes dos arguidos e do número do processo era feita uma cruz para indicar que o caso tinha sido resolvido. Esta versão é contestada pela defesa, que indica que as autoridades não têm qualquer possibilidade de saber o que era discutido nos encontros entre Kong e Choi, amigos de longa data, e que os dinheiros movimentados não batem certo. Segundo o MP, o encontro entre o procurador-adjunto e a empresária contava às vezes com a participação de arguidos dos processos que era necessário arquivar. Esta informação foi apurada pelo MP com base no depoimento de um homem que participou num desses encontros e que apresentou a queixa contra Kong Chi, depois de ter participado numa dessas reuniões e de não ter visto o seu caso arquivado. Apesar disso, o homem realizou uma gravação secreta do encontro, que ainda não se sabe se vai poder ser admitida como prova.
Hoje Macau SociedadeEnfermagem | Kiang Wu atrai mais cada vez mais estudantes O número de candidatos a frequentar o Instituto de Enfermagem Kiang Wu teve um aumento de 50 por cento no corrente ano escolar, em comparação com o anterior. Em termos de mestrados, registou-se um aumento de 23 por cento do número de candidatos. O número foi revelado ontem pela presidente da instituição Van Iat Kio, citada pelo canal chinês da Rádio Macau. Sobre o aumento do número de interessados, a presidente do Instituto de Enfermagem Kiang Wu elogiou o Governo, por considerar que o Executivo desenvolveu os cuidados de saúde para serem mais abrangentes, o que levou a um aumento do número de interessados neste tipo de cursos. Van Iat Kio antecipou também o lançamento, no próximo ano, do primeiro doutoramento oferecido pelo instituto, que indicou ter a certificação de uma instituição britânica. O processo de candidaturas vai abrir a partir de Março e estender-se até Abril. As aulas começam em Setembro. Van Iat Kio deixou o desejo de que pelo menos 10 estudantes sejam admitidos, de forma a que a instituição possa contribuir ainda mais para o desenvolvimento de quadros locais. O Instituto de Enfermagem Kiang Wu celebra 100 anos, pelo que no sábado vão ser realizadas várias actividades para assinalar a data, como seminários e um jantar.
Hoje Macau SociedadeMICE | Sasa optimista sobre vendas nas festividades Numa nota enviada à Bolsa de Valores de Hong Kong, o gigante retalhista de cosméticos e produtos de beleza Sasa aponta que os eventos do sector das exposições e congressos irão beneficiar os sectores do comércio e turismo em Macau. “Estes eventos vão estimular e acentuar a atmosfera de consumo durante as próximas festividades do Natal e Ano Novo. Antecipamos uma forte dinâmica de consumo dos sectores do retalho e turismo”, indicou o grupo, na nota citada pela Macau News Agency. Durante os seis meses que terminaram a 30 de Setembro, o volume de negócios do grupo atingiu 2,2 mil milhões de patacas, o que representou um crescimento anual de 38,3 por cento graças à recuperação do turismo, tanto em Macau, como em Hong Kong, os principais mercados do grupo. O volume de vendas nas duas regiões atingiu 1,72 mil milhões de dólares de Hong Kong (HKD), o que representou mais de 80 por cento das vendas do grupo no período agregado do segundo e terceiro trimestre deste ano. Feitas as contas, os negócios do gigante de cosméticos em Macau e Hong Kong registaram um lucro de 114,5 milhões de HKD, registo que contrasta com os prejuízos de mais de 80 milhões de HKD no mesmo período do ano passado.
João Luz Manchete SociedadeTurismo | Esperança que “prendas” atraiam visitantes estrangeiros Os planos para atrair turistas do sudeste e nordeste asiático e expandir os mercados internacionais foram aplaudidos pelo sector. Primeiro consolidar esses mercados, que eram os mais fortes no passado, e depois expandir para a Europa e Médio Oriente foi traçado como a via a seguir. Até Outubro deste ano, os turistas internacionais representavam cerca de 4,5 por cento das entradas Turistas estrangeiros e a diversificação dos mercados turísticos são objectivos do Governo para o próximo ano. Nesse sentido, a directora dos Serviços de Turismo (DST) anunciou na quarta-feira, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa para 2024, o lançamento de descontos e promoções para hotéis, restaurantes e viagens para atrair turistas internacionais. O intitulado programa de “250 mil prendas”, para a celebração em 2024 do primeiro quarto de século da fundação da RAEM, mereceu elogios de representantes do sector. O presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau, Paul Wong, aplaudiu a prioridade de concentração de esforços nos mercados dos países e regiões do sudeste e nordeste asiático, que já representavam no passado, antes da pandemia, os principais mercados internacionais de Macau. Assim sendo, Paul Wong concorda que os primeiros esforços devem ser dirigidos para restaurar e consolidar estes mercados. De seguida, sugeriu o dirigente em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, a DST deveria considerar expandir para os mercados europeus e do Médio Oriente. Choque com realidade O presidente da Associação de Inovação e Serviços de Turismo de Lazer de Macau felicita também o recente aumento de voos internacionais que aterram no Aeroporto de Macau, assim como as actividades promocionais no estrangeiro realizadas pela DST. Esta conjugação de factores é vista por Paul Wong como a receita para atrair mais turistas estrangeiros, algo que o dirigente espera continuar a evoluir positivamente. Porém, sugere ao Governo a cooperação com a indústria nas acções para atrair mercados internacionais. Por sua vez, o presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, Andy Wu, deu como exemplo o retorno da ligação aérea entre a RAEM e a capital indonésia, Jacarta. Para contornar questões de capacidade e alargar fontes de turistas, Andy Wu aconselhou a DST a cooperar com as autoridades que gerem o Aeroporto Internacional de Hong Kong para suplantar a falta de rotas internacionais e acelerar a recuperação do sector. Nos primeiros 10 meses deste ano, entraram em Macau mais de 22,68 milhões de turistas, destes quase 95,5 por cento vieram do Interior da China e Hong Kong, segundo os últimos dados estatísticos divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.
Hoje Macau PolíticaSai Van | Ngan alerta para pavimentos irregulares Ngan Iek Hang defende que o Governo deve fazer obras de manutenção nas zonas de lazer perto dos Lagos de Sai Van. A posição foi tomada através de uma interpelação escrita depois de o deputado ter recebido queixas face ao episódio um transeunte que caiu no local, devido a irregularidades nas zonas pedestres. Segundo o deputado, a zona em causa está muito degradada, com o pavimento a soltar-se frequentemente, a apresentar danos, além de ser muito escorregadio. A situação piora, indica Ngan Iek Hang, quando há chuva. Neste sentido, o legislador escreveu uma interpelação a questionar o Executivo sobre os planos para obras de manutenção nos passeios, para que residentes e turistas encontrem menos inconvenientes, quando se deslocam a uma zona que Ngan considerou ter bastantes atracções. Por outro lado, Ngan Iek Hang indicou que as condições de higiene pública deixam algo a desejar, devido ao facto de se concentrarem na área mosquitos e ratos. O membro da Assembleia Legislativa questiona assim o Executivo sobre os planos para lidar com esta situação. Ao mesmo tempo, Ngan Iek Hang considera que a qualidade da água dos lagos pode ser melhorada, e que não tem havido trabalho nesse sentido. O deputado quer assim saber como se pode melhorar as águas e atrair para Macau mais animais, como aves e tornar a paisagem mais interessante a nível ecológico.
Andreia Sofia Silva SociedadeRetalho | Quase metade dos comerciantes prevê mau negócio Um inquérito realizado pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) a retalhistas conclui que para o quarto trimestre deste ano quase metade dos inquiridos, 41,8 por cento, prevê que a “situação da exploração dos estabelecimentos seja insatisfatória” em relação ao terceiro trimestre, enquanto 41,7 por cento espera estabilidade no negócio. Apenas 16,5 por cento dos inquiridos acredita “numa situação de exploração satisfatória”. Os dados da DSEC sobre o comércio a retalho, relativamente ao terceiro trimestre, mostram um volume de negócios de 20,19 mil milhões de patacas, uma subida, em termos anuais, de 80,1 por cento. “Eliminados os factores que influenciam os preços, o índice do volume de vendas cresceu 78 por cento em termos homólogos”, descreve a DSEC. No terceiro trimestre, destaque para a subida de 439,9 por cento do volume de negócios na venda de alimentos ou doces chineses, enquanto a venda de produtos como relógios e joalharia aumentou 115,4 por cento. Nos três primeiros trimestres deste ano o volume de negócios no sector do retalho foi de 65,68 mil milhões de patacas, o que representa um aumento de 53,1 por cento face a igual período de 2022. Por sua vez, o índice médio de volume de vendas subiu 50,2 por cento.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEstacionamento | Leong Sun Iok critica razões para aumentar preços O deputado da FAOM questiona os motivos que justificam o aumento dos preços nos parques de estacionamento na RAEM e indica que a medida chega numa altura em que as famílias ainda atravessam dificuldades financeiras Leong Sun Iok atacou a decisão do Governo de aumentar as tarifas cobradas em vários parques de estacionamento do território e considera que a justificação é “inaceitável” para a população. As declarações constam de uma interpelação escrita que foi partilhada ontem pelo gabinete do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). O anúncio do aumento dos preços para estacionar em sete parques surgiu a 20 de Outubro. Em alguns dos parques entrou em vigor desde o início do mês, noutros os aumentos começam a partir do próximo mês. Os parques afectados são o Auto-Silo do Posto Fronteiriço Qingmao, Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu), Auto-Silo Pak Vai, Auto-Silo do Jardim de Vasco da Gama, Auto-Silo do Edificio Cheng Chong, Auto-Silo Pak Wai e Auto-Silo da Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção. Na altura, a Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT) explicou a necessidade de cobrar mais para que os cidadãos utilizem outros parques, que as autoridades acreditam terem uma utilização demasiado baixa. No entanto, a decisão está longe de ser consensual, e às críticas que partiram de algumas associações locais, como os Moradores, junta-se agora a FAOM, através de Leong Sun Iok. O deputado indica que não é com aumentos que se alcançam mudanças, até porque muitos cidadãos não têm alternativas: “O aumento dos preços só tem por base o aumento da taxa de rotatividade da ocupação dos parques de estacionamento. Mas, como o parque de estacionamento tem uma procura rígida [que não sofre grandes mudanças com o aumento dos preços], esta retórica não é aceitável para população”, indicou Leong. “Ao mesmo tempo, também em alguns dos parques onde houve um aumento dos preços não há alternativas próximas para estacionar. Como se pode falar de vontade de ocupar mais outros espaços?”, questiona. Realidade diferente Por outro lado, Leong Sun Iok defende que em alguns dos parques que ficam mais caros não se verifica uma situação de utilização excessiva nem problemas para encontrar um lugar para estacionar. “Qual foi mesmo a razão para aumentar os preços?”, pergunta. “E porque será que as autoridades não pensaram antes, em vez de aumentarem os preços, fazerem descontos nas horas de menor utilização dos parques pouco utilizado”, interrogou. O membro da Assembleia Legislativa revela que face aos aumentos recebeu várias queixas de residentes, cujos rendimentos ainda estão muito longe dos níveis pré-pandemia. “Actualmente, a inflação está crescer, as taxas de juro a aumentar, e o poder de compra dos residentes está cada vez mais fraco”, indicou Leong. “No ambiente actual, a proposta do Governo para aumentar o preço dos parques de estacionamento não é oportuna”, concluiu.
Hoje Macau PolíticaLista de Rita Santos sem concorrência para o Conselho das Comunidades Portuguesas A lista de Rita Santos, ligada à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, é a única a concorrer às eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas do Círculo da China. O prazo para apresentar as candidaturas terminou no dia 6 de Novembro. A candidata definiu os baixos salários e falta de pessoal consular em Macau como uma das maiores preocupações do seu programa eleitoral. Em declarações à Lusa, Rita Santos adiantou ainda que o apoio ao associativismo e ao ensino de português são outras das prioridades definidas pela lista candidata ao Conselho das Comunidades Portuguesas do círculo da China (Macau, Hong Kong, China continental, Tóquio, Seul, Banguecoque e Singapura). A lista, afirmou, “compromete-se a continuar a reivindicar junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a adopção de soluções para os problemas dos baixos salários dos funcionários do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, e da falta de pessoal, que tem afectado as operações do consulado”. “Outra preocupação, relaciona-se com o apoio ao associativismo, estando esta lista empenhada em solicitar a simplificação dos critérios para a atribuição de subsídios, pelas autoridades competentes de Portugal, com apoios concretos e específicos, para que as associações de matriz portuguesa (…) possam promover condignamente a cultura, o comércio e a economia portuguesa”, acrescentou. Apoios de Portugal A candidata sublinhou igualmente a vontade de “intervir activamente junto das instituições governamentais portuguesas para garantir o seu envolvimento contínuo no apoio cultural, profissional e financeiro ao ensino e divulgação da língua e cultura portuguesas em Macau, e das regiões representadas pelo Círculo da China, como prioridade central para a preservação e actualização da presença portuguesa na região”. A lista de Rita Santos é composta por um conjunto “de candidatos portugueses, com diferentes influências culturais, designadamente de Macau-China, Angola, Guiné-Bissau e Portugal e residentes permanentes da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM)”. A cabeça de lista é actualmente presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia das Comunidades Portuguesas e conselheira do círculo China, Macau e Hong Kong e do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas. O gestor e empresário Carlos Rui Pires Marcelo, vice-presidente da Associação de Desenvolvimento de Comunicações de Macau, é o segundo da lista. A professora universitária Marília Gomes Coelho Coutinho é o terceiro nome da lista.
João Luz Manchete PolíticaPCC | Federação da Juventude reuniu com vice-primeiro-ministro A Federação da Juventude de Macau, liderada por Alvis Lo, foi uma das associações de jovens de Macau e Hong Kong que visitaram Pequim esta semana e reuniram com o vice-primeiro-ministro Ding Xuexiang. O dirigente apelou aos 150 jovens para “cultivarem o patriotismo” e defenderem a segurança nacional A Federação da Juventude de Macau foi uma das organizações de jovens das regiões administrativas especiais que visitam a capital chinesa esta semana, numa comitiva de 150 jovens, 31 dos quais vindos da RAEM. Na quarta-feira, os representantes das associações, incluindo o director dos Serviços de Saúde e presidente da Federação da Juventude de Macau Alvis Lo, reuniram com o vice-primeiro-ministro Ding Xuexiang. O também membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista da China (PCC), apelou aos jovens de Macau e Hong Kong que “estudem aprofundadamente a história do país e cultivem o patriotismo entre os seus pares”, conta a agência Xinhua. Ding Xuexiang acrescentou que a juventude das regiões administrativas especiais deve salvaguardar a soberania e segurança nacional, assim como contribuir para a implementação do princípio “Um País, Dois Sistemas”. O dirigente encorajou os jovens de Macau e Hong Kong a activamente procurarem integrar-se no desenvolvimento nacional e a concretizarem os seus sonhos. Caminho que se faz Ding Xuexiang sublinhou que o Presidente Xi Jinping presta sempre grande atenção aos desafios que os jovens de Macau e Hong Kong atravessam, depositando grandes esperanças nas novas gerações. Para tal, o secretário-geral do PCC desafiou os mais novos a “lerem mil livros e caminharem mil milhas”, de forma a entenderem as normas e tendências que governam o mundo e a compreenderem a longa história da pátria. Numa publicação no Facebook, a Federação da Juventude de Macau destacou os esforços feitos pelo Governo Central, e dos Executivos locais, que resultaram em políticas para facilitar as viagens ao Interior da China para estudar, trabalhar e viver. “Acreditamos que com a liderança do Governo Central, o caminho a percorrer pelos jovens de Macau e Hong Kong será mais suave e alargado, e o futuro será brilhante”, escreve a associação liderada por Alvis Lo. Desde o início do ano, os programas de intercâmbios entre as regiões administrativas especiais e o país levaram cerca de 165 mil jovens ao Interior da China.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteImposto | Isenção pode beneficiar mercado imobiliário, dizem analistas Deu entrada na Assembleia Legislativa a proposta de alteração à lei de 2008 que faz cair a cobrança do imposto de selo, de cinco por cento, para quem comprar uma segunda habitação para fins residenciais. Analistas aplaudem a medida que promete revitalizar um mercado em estagnação O Governo decidiu avançar para mudanças na cobrança do imposto de selo sobre a transmissão de bens imóveis para flexibilizar o mercado imobiliário e reduzir os entraves a quem já é dono de um imóvel e pretende comprar segunda moradia. Esta semana foi admitida a proposta de alteração à lei de 2008, relativa ao “imposto de selo sobre a aquisição de segundo e posteriores bens imóveis destinados a habitação”. Na prática, cai a cobrança dos cinco por cento de imposto de selo na compra de uma segunda casa, mas mantém-se a cobrança de dez por cento de imposto a quem comprar a terceira ou mais habitações. Analistas ouvidos pelo HM consideram que estas mudanças são benéficas para o mercado imobiliário que está agora numa nova fase. A cobrança de cinco por cento de imposto, para o economista José Sales Marques, era “penalizadora” e foi criada “quando o mercado sofria de sobre aquecimento e especulação”. Assim, o fim da cobrança do imposto é uma medida “adequada à actual conjuntura que se caracteriza por taxas de juro elevadas, uma recuperação lenta da economia do período da covid-19, instabilidade nos mercados internacionais e incertezas quanto ao futuro”. Para o economista, “num ambiente como aquele em que se vive, onde a procura de casas de habitação económica disponibilizadas pelo Governo não tem correspondido às expectativas, o mercado precisa de ter algum estímulo”. Contudo, “como em tudo o que se refere às políticas públicas, os factores conjunturais e a gestão das expectativas acabam por ser os elementos mais importantes para uma decisão”. “Neste caso concreto, [estão em causa] os níveis de taxas de juros para empréstimos à habitação e a avaliação pessoal ou familiar sobre os riscos, bem como as expectativas futuras sobre o nível de endividamento que podem, no presente, assumir”, adiantou José Sales Marques. Fim de actividades “desenfreadas” Na nota justificativa da proposta de lei, o Governo descreve que as medidas implementadas até à data visavam “combater as actividades especulativas desenfreadas no mercado imobiliário e promover o seu desenvolvimento sustentável e saudável”. “Após a entrada em vigor das referidas medidas fiscais, e em articulação com a implementação de outras medidas de gestão da procura imobiliária, os preços dos imóveis em Macau voltaram, gradualmente, à racionalidade, verificando-se uma diminuição significativa nas actividades especulativas”, lê-se na nota justificativa da proposta de lei, analisada há dias pelo Conselho Executivo antes de dar entrada no hemiciclo. O Governo disse ter ponderado sobre “as novas mudanças do mercado imobiliário e da conjuntura económica de Macau”, entendendo agora “que estão reunidas as condições para o relaxamento adequado das medidas fiscais vigentes, a fim de fazer face às solicitações dos adquirentes de bem imóvel que pretendam efectuar uma troca de imóvel e melhorar as condições habitacionais, reduzindo os encargos fiscais dos mesmos”. A nova proposta de lei deverá entrar em vigor a 1 de Janeiro do próximo ano. Mudar de vida Terence Lo, responsável pela área de desenvolvimento de mercado da agência imobiliária “Ambiente Properties”, considera que o cancelamento do imposto sobre a compra da segunda habitação “irá apoiar os compradores que pretendam mudar”, nomeadamente comprar uma casa mais recente, mudar de localização “devido a requisitos escolares ou de estilo de vida”. “Sem este imposto, os proprietários podem manter uma primeira propriedade e adquirir uma segunda sem penalizações a pensar nas crianças ou nos idosos”, adiantou. Terence Lo frisa que existia, até à data, “um ponto fraco no mercado”, pois “quando as pessoas querem mudar de propriedade existe um factor de risco de cinco por cento se não conseguirem vender a primeira propriedade no prazo de um ano”. “É por isso que o Governo está a implementar esta e outras medidas”, referiu. Outra alteração prevista na revisão da legislação prende-se com novas medidas relativas às hipotecas. Segundo explica um comunicado do Conselho Executivo, divulgado há dias, “o limite máximo do rácio dos empréstimos hipotecários para a aquisição de habitação é de setenta por cento, sendo o limite máximo do rácio dos empréstimos hipotecários destinados à aquisição da habitação económica de noventa por cento”. Assim, “deixa de ser estipulado o limite máximo do rácio dos empréstimos hipotecários para demais categorias”. Além disso, “além do cumprimento obrigatório da disposição relativa ao rácio máximo aplicável ao requerente do empréstimo para suportar os encargos da dívida, o qual não deve exceder 50 por cento, os bancos devem realizar, de igual modo, um teste de ‘stress’ sobre a capacidade financeira do requerente do empréstimo”. Deste modo, “o rácio máximo para suportar os encargos da dívida deve ser estabelecido com base numa simulação baseada no agravamento de dois por cento da taxa de juro, com o limite máximo do rácio para suportar os encargos da dívida de 60 por cento, determinando, assim, o efectivo rácio dos empréstimos hipotecários”. Para Terence Lo, “o rácio empréstimo/valor de 70 por cento ajuda agora os compradores e vendedores dos imóveis vendidos por mais de oito milhões de patacas”, levando a que “mais compradores possam adquirir [uma fracção] apenas com um mínimo de 30 por cento do valor de entrada” para o empréstimo bancário. Mercado estagnado Terence Lo considera que a pandemia não é a principal razão para o Executivo avançar com estas mudanças. “O mercado imobiliário tem estado estagnado desde 2018 devido às políticas implementadas em Fevereiro desse ano que restringem a propriedade de vários imóveis. O principal factor de desestabilização foi o facto de os compradores terem de dar uma entrada de pelo menos 50 por cento para adquirir um imóvel de valor superior a oito milhões de patacas.” Assim, “devido à procura por parte dos compradores de imóveis em que apenas necessitam de entrada de 20 por cento, em vez de 50 por cento, tal levou a uma oferta insuficiente e fez subir os preços dos imóveis abaixo de oito milhões de patacas”. Segundo o responsável, “os promotores conceberam e construíram imóveis com base na manutenção do preço de venda abaixo dos oito milhões de patacas”, pelo que “o desenvolvimento [do mercado] baseou-se em políticas e não nas necessidades dos potenciais compradores”. Terence Lo frisa que a cobrança de “elevadas taxas de juro tiraram muitos potenciais compradores do mercado, afectando a sua qualificação para obter um empréstimo suficiente para comprar [uma casa]”. O responsável da “Ambiente Properties” destaca ainda as mudanças que ocorreram no sector do jogo, com a queda brutal do sector VIP. “A queda dos promotores de jogo, os junkets, reduziu o fluxo de fundos de um grupo de locais com rendimentos elevados, pois estes deixaram de estar no mercado para comprar propriedades”, disse. Questionado sobre o potencial impacto destas medidas nos novos projectos imobiliários em Hengqin, no Novo Bairro de Macau, ou habitação para idosos, Terence Lo acredita que “será reduzido”. “É tudo uma questão de necessidades e desejos ao nível de investimento e de vida. Estas políticas foram concebidas para responder às necessidades levantadas pela comunidade e não para proporcionar oportunidades de investimento imobiliário. O impacto das alterações políticas no Novo Bairro de Macau em Hengqin ou na zona da Grande Baía é reduzido. A habitação para idosos destina-se, sobretudo, a resolver o problema dos idosos que vivem em prédios antigos e têm restrições de mobilidade”, adiantou. Com a alteração desta política, “os compradores que não tenham uma entrada suficiente de 30 por cento [para pedir empréstimo à habitação], sendo que antes podiam usufruir de entre dez e 20 por cento [de entrada], poderão ser levados a adquirir apartamentos subsidiados pelo Governo com dez por cento [de entrada]”, diz Terence Lo, referindo-se à habitação económica.
Hoje Macau EventosJoana Vasconcelos inaugura “Extravagâncias” no Brasil A exposição “Extravagâncias”, a maior mostra individual de Joana Vasconcelos no Brasil, está patente desde ontem no Museu Óscar Niemeyer, em Curitiba, “um museu mítico da cena de arte contemporânea internacional”, disse a artista portuguesa. Vasconcelos, que já tinha exposto no gigante sul-americano, mas não numa exposição com esta envergadura, afirmou à Lusa ser um “prazer estar aqui neste Museu Oscar Niemeyer, um museu mítico da cena de arte contemporânea internacional”. “Este Olho é um espaço mítico. No mundo das artes fala-se em fazer uma exposição em locais que, para além de super-originais, são extremamente difíceis”, devido à particularidade da arquitectura, reforçou, referindo-se à estrutura do museu, popularmente chamado de Olho, devido ao seu formato arquitectónico. A obra “Valquíria Miss Dior”, com uma dimensão de cerca de sete metros de altura e de 20 metros de comprimento, que mistura crochê de lã feito à mão, tecidos e poliéster, suspensa em cabos de aço, é a peça artista mais marcante da exposição e que se encontra no olho do museu. “A peça cabe dentro do olho de uma forma incrível, não foi preciso fazer adaptação nenhuma e a peça fica maravilhosa no olho”, enfatizou a artista portuguesa, lembrando que “são na verdade poucas obras que entram em diálogo com este tipo de espaço, porque é um espaço que, em si, é também uma escultura”. Valquíria passou por Macau “Valquíria Miss Dior” foi criada inicialmente a convite da marca de alta-costura Dior para o desfile, em Paris, em Fevereiro, dedicado à coleção feminina para a temporada outono/inverno 2023-2024. Antes de agora chegar ao Brasil, a obra tinha também passado pela cidade de Shenzhen e esteve, até 8 de outubro, em Macau, na Bienal Internacional de Arte do território. “Conseguir trazer uma peça da Dior ao Museu Oscar Niemeyer é sem dúvida uma junção muito única”, sublinhou Vasconcelos, dando ainda ênfase ao facto de ser a primeira vez que a obra está num contexto museológico. Na principal rampa do museu, o público é recebido por “Valquíria Matarazzo”, uma obra da artista portuguesa concebida em 2014 para o interior da capela do Hospital Matarazzo, no bairro da Bela Vista, em São Paulo. O trabalho da artista portuguesa, que estará patente em Curitiba até maio de 2024, concentra-se ainda um pouco por todo o museu, onde é possível ver obras como “Pantelmina”, “Big Booby”, maquetes do “Solitário”, “Castiçais”, “Gateway”, “Bolo de Noiva”, “Máscara” e “Sapato”, entre outros.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesPara onde vão as dick pics que ninguém recebe? O envio de dick pics, “fotografias de pénis”, são agora um comportamento clássico, e infeliz, da comunicação digital contemporânea. Todas as mulheres heterossexuais que conheço, em aplicações de engate, já foram premiadas com uma fotografia de um pénis não solicitado. A fotografia explicita é provavelmente recebida mais com desdém e repugnação do que contentamento ou satisfação. “Era mesmo isto que eu queria” jamais terá sido dito por alguém que recebeu uma fotografia-surpresa. A imagem cai do céu cibernético que certamente aloja as muitas fotografias de pénis que se urgem, independentemente de o mundo estar preparado para as receber. Como a chuva, que não pede para cair. Mas a chuva não tem o poder de escolha que se espera ao ser humano. Esse tem o dever de agir de acordo com o contexto em que está inserido. O envio destas fotografias de pénis é tão comum que as aplicações de engate desenvolveram estratégias de gestão da etiqueta de comunicação digital para as contrariar. Considerado uma forma de assédio digital, as aplicações conseguem filtrar as imagens para que o recipiente possa escolher ver o pénis que foi enviado, se assim o entender. Curioso é como a pessoa que recebe a fotografia fica mais embaraçada, do que a pessoa que se expôs a tirá-la. Acredito que estas fotos se equivalem aos exibicionistas de outrora que, diz-nos o estereótipo, andam de gabardine bege, sem nada por baixo, a mostrarem-se aos transeuntes que passeiam no parque. A tecnologia possibilitou formas bem mais simples para conseguir o mesmo efeito. Em qualquer um dos casos, não é claro os motivos para o exibicionismo. Num contexto de exibicionismo puro, o que torna a prática excitante é esta forma forçosa de se mostrar, e a reacção atrapalhada de quem assiste. Estudos focados no envio das dick pics, contudo, não mostram com certeza a evidência desta tendência. Ora já se demonstrou que pessoas que enviam fotografias dos seus genitais têm níveis altos de narcisismo, ora também já se mostrou que são pessoas com auto-estima baixa. Num estudo qualitativo com jovens adultos heterossexuais, estes explicaram que enviam as fotos para se mostrarem, mas também para elogiar a recipiente. Em alguns casos o envio traz a esperança de receber imagens explicitas de volta. Neste mesmo estudo as jovens raparigas mostraram que achavam esta estratégia muito ineficaz: mostrando de forma clara e dolorosa o desencontro de expectativas de género e das suas relações. A educação sexual parece que ainda está muito distante destes jovens. Contudo, a concomitância de fotografias de pénis e sua não solicitação pode fechar a importância de discutir que (1) não há nada de errado em tirar uma fotografia ao pénis e (2) o seu envio não é problemático quando é consensual. Nas coisas humanas, e em especial as coisas do sexo, o contexto deve importar bem mais para o nosso comportamento do que reacções fisiológicas do corpo. Da mesma forma que um adolescente se recordará de como até uma brisa durante uma aula de educação física incita uma erecção, também saberá que o contexto não deverá permitir que se masturbe à frente de todos. Se, numa aplicação de engate, um homem fica com uma erecção porque viu uma fotografia de uma miúda gira, pode fotografá-la, mas não precisa de partilhá-la. O acto de fotografar pode ser uma estratégia de auto-conhecimento, e até de auto-cuidado, quando é feito para seu individual prazer e excitação. Depois, se se conhecer alguém com o mesmo entusiasmo pela troca de imagens explicitas, é uma forma tão boa de criar intimidade e ligação como qualquer outra. Há quem se mostre preocupado com a excessiva demonização das dick pics e as consequências negativas para a representação do falo. Mas é preciso desconstruir que o problema não é do pénis, nem de este servir de modelo fotográfico. As dick pics que ninguém recebe de surpresa são bem mais importantes para a descoberta e gestão do desejo de cada um. Podem ficar nas nuvens digitais sem pressa de vir ao mundo, como uma técnica de auto-prazer e admiração dos corpos. As dick pics que ninguém recebe criam o espólio fálico que pode ser tão importante como prazeroso para as pessoas em processos de auto-conhecimento, essenciais para uma sexualidade plena.
João Luz EventosComédia | Tom Segura ao vivo em Hong Kong no dia 8 de Janeiro Com cinco espectáculos de stand-up na Netflix na bagagem, o norte-americano Tom Segura chega a Hong Kong no pico da sua carreira, enquanto um dos mais brilhantes comediantes da actualidade. “Come Together”, está marcado para 8 de Janeiro no Hall 3 do centro KITEC em Kowloon O comediante Tom Segura vai actuar em Hong Kong no dia 8 de Janeiro, no Hall 3 do Kowloon Bay International Exhibition and Trade Center (KITEC). Os bilhetes para o espectáculo, marcado para as 20h, já estão à venda e custam entre 599 e 799 dólares de Hong Kong. Todos os lugares são sentados. Dos espectáculos marcados para já, a cidade vizinha acolhe a terceira data da nova tour mundial do comediante norte-americano, que arranca no dia 30 de Dezembro em Honolulu, Hawaii. Com mais de 40 cidades no calendário, Tom Segura anunciou numa publicação nas redes sociais que mais datas serão acrescentadas à tour “Come Together”. “Esta é a maior e a mais negra tour que alguma fiz. O nome, “Come Together”, transmite a ideia de nos juntarmos todos numa noite e, seja como for, irá ser algo de que nos vamos lembrar”, prometeu o artista. Tom Segura é um dos comediantes da nova geração de artistas. Além de levar o seu humor negro e sarcasmo violento aos palcos de clubes de stand-up sabe usar o poder da internet, através do formato podcast. “Your Mom’s House”, o podcast que apresenta com a sua esposa, a comediante Christina Pazsitzky, tem quase 2 milhões de subscrições no Youtube e um conjunto eclético de apresentadores, incluindo Rob Iler e Jamie-Lynn Sigler que se apresentaram ao mundo como os filhos de Tony Soprano no clássico da HBO “The Sopranos”. Um dos grandes destaques de Your Mom’s House é 2 Bears 1 Cave apresentado em conjunto com o também comediante e seu amigo Bert Kreischer. Segura e Kreischer pertencem a um grupo de comediantes onde se incluem Joe Rogan, Joey Diaz, Ari Shaffir, entre outros. A conquista do mundo À medida em que foi apurando o tipo de humor que o distingue, Tom Segura tornou-se numa presença habitual no catálogo de especiais de comédia da Netflix. Em 2014, lançou “Completely Normal”, dois anos depois surgiu “Mostly Stories”, em 2018 “Disgraceful” e “Ball Hog” em 2020. O seu quinto show, “Sledgehammer”, está disponível no serviço de stream desde 4 de Julho. Depois de ter recebido críticas elogiosas, “Sledgehammer” tem sido apontado como um forte candidato a ganhar o Globo de Ouro para a categoria de comédia stand-up. Noutro plano, mas também em Julho deste ano, o comediante publicou o livro “I’d Like to Play Alone, Please”, que tem sido criticamente aclamado e chegou à lista de vendas do The New York Times.
Hoje Macau China / ÁsiaLíder da Coreia do Norte já consegue espiar bases militares dos EUA em Guam A Coreia do Norte revelou ontem que obteve fotografias de bases militares norte-americanas na ilha de Guam, no Oceano Pacífico, tiradas pelo satélite espião que lançou na terça-feira a bordo de um foguetão espacial. A agência estatal KCNA noticiou que o líder Kim Jong-un viu “imagens da Base Aérea de Anderson, do Porto de Apra [onde se encontra uma base naval] e de outras áreas de importantes enclaves militares dos Estados Unidos”. As fotografias foram “tiradas do céu sobre a ilha de Guam, no Pacífico, e recebidas às 09:21 de 22 de Novembro”, precisou, segundo a agência espanhola EFE. Kim terá visto as imagens durante uma visita ao centro de controlo geral da Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial (NATA), em Pyongyang. Os técnicos disseram a Kim que o satélite Malligyong-1 começará oficialmente a funcionar a 1 de Dezembro, depois de sofrer ajustes durante os próximos “7-10 dias”, segundo a KCNA. A Coreia do Sul e os Estados Unidos ainda não confirmaram que o satélite está numa órbita correcta. À terceira é de vez A KCNA publicou uma foto de Kim a visitar o centro na companhia do marechal Kim Jong-sik, vice-director do Departamento da Indústria de Munições, uma das principais figuras do programa de mísseis norte-coreano. Foi também divulgada outra foto das instalações mostrando apenas painéis de controlo gerais, que foram desfocados antes da publicação. Se as afirmações do regime forem verdadeiras, as capacidades de vigilância da Coreia do Norte terão dado um grande salto em frente com a instalação deste satélite, segundo a EFE. O Malligyong-1 permitirá detectar movimentos de tropas no nordeste asiático a diferentes horas, uma vez que o aparelho, situado numa órbita polar, dará mais de uma volta completa à Terra todos os dias. O lançamento de terça-feira seguiu-se a duas tentativas falhadas, em Maio e Agosto, e foi supervisionado por Kim Jong-un. A iniciativa foi condenada pelo Japão, pela Coreia do Sul e pelos Estados Unidos. O lançamento desencadeou a activação do sistema nacional antimíssil do Japão durante alguns minutos, através do qual foi enviada uma mensagem aos habitantes da prefeitura de Okinawa recomendando-lhes que procurassem abrigo. Os três países recordaram ontem que as sanções do Conselho de Segurança da ONU proíbem a Coreia do Norte de efectuar lançamentos espaciais, uma vez que utiliza a sua própria tecnologia de mísseis balísticos intercontinentais. A Coreia do Sul admitiu que, para resolver os problemas técnicos registados pelo Chollima-1 em Maio e Agosto, Pyongyang tenha recebido assistência técnica de Moscovo em troca de armas para utilização na Ucrânia. Seul afirmou que o Pyongyang enviou a Moscovo cerca de 2.000 contentores de equipamento militar, incluindo mais de um milhão de cartuchos de artilharia e, possivelmente, também munições para tanques, mísseis guiados antitanque ou mísseis terra-ar portáteis. Em reacção a este lançamento, a Coreia do Sul suspendeu parcialmente um acordo militar com o vizinho do Norte.
Hoje Macau China / ÁsiaG20 | Xi Jinping e Joe Biden não marcam presença em cimeira A China fez-se representar pelo primeiro-ministro Li Qiang, a exemplo do que tinha feito na última reunião do grupo O Presidente chinês, Xi Jinping, voltou a não comparecer ontem na cimeira virtual do G20, tal como aconteceu em Setembro passado, quando não participou na última cimeira presencial do grupo, em Nova Deli. O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, volta assim a representar a China na cimeira, organizada pela anfitriã Índia, país que espera contar com a presença de uma “grande maioria” dos líderes mundiais no evento. O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês instou na terça-feira o G20 a “reforçar a sua parceria e consenso”, para “enfrentar os desafios globais e dar contributos positivos” para a recuperação económica mundial e o desenvolvimento comum, tendo em conta a “situação internacional turbulenta”. A ausência de Xi em Nova Deli, em Setembro passado, já foi interpretada por especialistas chineses como um sintoma do “valor decrescente” que Pequim atribui ao bloco. O professor de Relações Internacionais chinês, Shi Yinhong, observou na altura que “vários países do G20 mantêm diferentes graus de confrontação com a China”. Xi, que tem mantido uma agenda diplomática preenchida desde que a China desmantelou a política de ‘zero casos’ de covid-19, em Dezembro passado, participou noutras cimeiras virtuais do G20 em anos anteriores. EUA desfalcados Os analistas chineses destacam as disputas territoriais entre Pequim e Nova Deli como mais um motivo pelo qual Xi optou por delegar ao primeiro-ministro a responsabilidade de representar a China, especialmente enquanto a Índia ocupa a presidência rotativa do bloco. Também ausente da reunião está o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que se reuniu com Xi na semana passada em São Francisco, à margem da cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia – Pacífico (APEC). A reunião virtual do G20 organizada pela Índia é a última a ser organizada sob a presidência de Nova Deli, uma vez que o Brasil assume a liderança do bloco a partir de 1 de Dezembro.
Hoje Macau Via do MeioHenri Michaux na China Henri Michaux (1899-1984) nasceu em Namur (Bélgica). A sua infância solitária e rebelde, marcada por uma educação num colégio jesuíta, foi um elemento fundador da sua obra literária. As suas viagens (América do Sul, África, Ásia, Médio Oriente) foram uma grande fonte de inspiração. Michaux também experimentou a mescalina nos anos 50 e explorou o seu potencial de criação literária e visual. As suas obras exploram a angústia do ser-no-mundo, os abismos interiores, o imaginário e outros lugares. Os textos que se seguem são extractos de Un barbare en Asie, publicado em 1933, quando do seu regresso de uma viagem à Índia, à China e ao Japão. A habilidade dos chineses Os chineses são artesãos natos. O que quer que seja que se possa encontrar através de remendos, os chineses já o encontraram. O carrinho de mão, a impressão, a gravura, a pólvora, o papagaio, o taxímetro, o moinho de água, a antropometria, a acupunctura, a circulação sanguínea, talvez a bússola e muitas outras coisas. A escrita chinesa parece ser uma linguagem de empresários, um conjunto de sinais oficinais. Os chineses são artesãos e artífices qualificados. Têm os dedos de um violinista. Sem habilidade, não se pode ser chinês, é impossível. Mesmo comer, como eles fazem com dois pauzinhos, requer uma certa habilidade. E eles procuraram essa habilidade. Os chineses podiam inventar o garfo, que cem povos descobriram, e usá-lo. Mas este instrumento, que não requer nenhuma habilidade para ser manuseado, é-lhes repugnante. Na China, não existe o trabalhador não qualificado. O que é que pode ser mais simples do que ser um ardina? Um ardina europeu é um miúdo impetuoso e romântico que anda por aí a gritar a plenos pulmões: “Matin! Intran! 4ª edição”, e vem atirar-se aos vossos pés. O ardina chinês é um especialista. Examina a rua que vai percorrer, observa onde estão as pessoas e, colocando a mão sobre a boca, atira a voz, aqui em direcção a uma janela, ali num grupo, mais à esquerda, enfim, onde deve ser, calmamente. Para que serve estragar a voz, onde não há ninguém? Na China, não há nada que não possa ser feito com habilidade. A “face” dos chineses Nada ofende os chineses. Uma criança tem um medo terrível da humilhação. O medo da humilhação é tão chinês que domina a sua civilização. É por isso que são tão educados. Para não humilharem os outros. Eles humilham-se para não serem humilhados. A delicadeza é uma forma de evitar a humilhação — Sorriem. Não têm tanto medo de perder a face como de fazer com que os outros a percam. Esta sensibilidade, verdadeiramente doentia aos olhos do europeu, confere um aspecto especial a toda a sua civilização. Têm o sentido e apreensão do “diz-se que…”. Sentem-se sempre vigiados… “Quando se passeia num pomar, se houver maçãs, cuidado para não tocares nas cuecas, e se houver melões, cuidado para não tocares nos sapatos. Eles não têm consciência de si, mas da sua aparência, como se estivessem eles próprios no exterior e se observassem a partir daí. No exército chinês, houve sempre uma ordem: “E agora, façam um ar terrível!” Até os imperadores, quando os havia, tinham medo de ser humilhados. Falando dos bárbaros, os coreanos, diziam ao seu mensageiro: “Vê se eles não se riem de nós.” Ser motivo de troça! Os chineses sabem ofender-se como ninguém e a sua literatura contém, como era de esperar de homens polidos e facilmente magoados, as mais cruéis e infernais insolências. Un Barbare en Asie, Gallimard, Paris, 1933. A China e o signo O Chinês tem o génio do signo. […] E só o teatro chinês é um teatro para o espírito. Só os chineses sabem o que é uma representação teatral. Os europeus há muito que deixaram de representar o que quer que seja. Os europeus apresentam tudo. Tudo está lá, no palco. Tudo, não falta nada, nem sequer a vista da janela. Os chineses, pelo contrário, colocam o que representa a planície, as árvores, a escala, à medida que são necessários. Como a cena muda de três em três minutos, não há fim para o mobiliário que tem de ser instalado. O seu teatro é extremamente rápido, como o cinema. Eles conseguem representar muito mais objectos e exteriores do que nós. A música indica o tipo de acção ou sentimento. Cada actor chega ao palco com um fato e uma cara pintada que dizem imediatamente quem ele é. Não é possível fazer batota. Podem dizer o que quiserem. Nós sabemos em que acreditar. A sua personagem está pintada no seu rosto. Se for vermelho, é corajoso; se for branco com uma risca preta, é um traidor, e nós sabemos quão traiçoeiro é; se tiver apenas um pouco de branco no nariz, é uma personagem cómica, e etc.. Se precisa de um grande espaço, simplesmente, olha a lonjura. E quem é que olharia para a distância se não houvesse um horizonte? Quando uma mulher tem de coser uma peça de roupa, começa logo a coser. Apenas ar puro passa entre os seus dedos: no entanto (pois quem quereria ar puro?) o espectador experimenta a sensação de coser, da agulha a entrar, a sair dolorosamente do outro lado, e até tem a sensação adicional de que na realidade se sente o frio, e tudo. E porquê? Porque o actor imagina a coisa. Aparece nele uma espécie de magnetismo, feito do desejo de sentir o ausente. […] Hoje, talvez pela milésima vez, vi crianças (brancas) a brincar. O primeiro prazer que as crianças geralmente obtêm do exercício da sua inteligência está longe de ser o julgamento ou a memória. Não, é a ideografia. Põem uma tábua no chão e essa tábua torna-se um barco, concordam que é um barco, põem outra mais pequena, que se torna um passadiço, ou uma ponte. Depois, quando alguns concordam com isso, uma linha irregular ou fortuita de luz e sombra torna-se a linha de costa para eles e manobram em conformidade, de acordo com os seus sinais, embarcam, desembarcam, zarpam, sem que uma pessoa desinformada possa saber do que se trata e que há aqui um barco, uma ponte ali, que a ponte foi levantada… e todas as complicações (e são consideráveis) em que vão entrando gradualmente. Mas o signo está lá, evidente para aqueles que o aceitaram, e o facto de ser o signo e não a coisa é o que os encanta. A maneabilidade do signo seduz a sua inteligência, porque as coisas em si são muito mais embaraçosas. Neste caso, foi bastante demonstrativo. Estas crianças brincavam no convés de um barco. É curioso que este prazer dos signos tenha sido durante séculos o grande prazer dos chineses e mesmo o cerne do seu desenvolvimento. Un Barbare en Asie, Gallimard, Paris, 1933. Tradução de Carlos Morais José