Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeIACM | Extensão da ciclovia da Taipa até Coloane custa 18 milhões Já há consenso para a extensão da ciclovia da Taipa até à ponte Flor de Lótus. O IACM prevê um custo de 18 milhões de patacas para uma obra que deverá ser inaugurada no próximo ano. As restantes fases estão dependentes do projecto da marina, que está a cargo da empresa do deputado Cheung Lap Kwan [dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uem costuma correr ou caminhar na ciclovia da Taipa, que se estende desde a entrada da ilha até ao Galaxy, poderá, no próximo ano, estender o percurso até à zona Flor de Lótus, perto de Coloane. As obras da sexta e última fase da referida ciclovia já reuniram consenso, tendo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) apresentado ontem os detalhes de um projecto que vai custar 18 milhões de patacas. Serão acrescentados um total de 600 metros à actual ciclovia, explicou Au Chun Yat, engenheiro civil do IACM. “Vamos ter uma faixa verde para separar a zona de lazer da estrada. Vamos fazer a expansão do dique de retenção e colocar placas informativas para a segurança dos peões.” A necessidade de estabelecer a ligação, através de percursos pedonais e ciclovias, entre a Taipa e o Cotai é uma questão antiga, tanto que até já foi tema de debate na Assembleia Legislativa, nomeadamente da parte da ex-deputada Kwan Tsui Hang. Em Maio do ano passado já o IACM tinha garantido à deputada que estava a estudar o assunto. “Quais são os planos concretos das restantes três fases da ciclovia da Zona de Lazer da Marginal da Taipa? E quando é que vai estar concluída a ligação entre a pista da Flor de Lótus e a ciclovia da Avenida dos Jogos da Ásia Oriental?”, questionou a deputada junto do Governo, através de uma interpelação escrita. Duas fases à espera Apesar do Governo ter decidido avançar para este projecto, há duas fases, a quatro e cinco, desta obra que só poderão avançar depois de um diálogo com a empresa do deputado Cheung Lap Kwan, concessionária de um terreno onde vai nascer uma nova marina de iates. Henry Ma, membro do conselho de administração do IACM, explicou que “está a ser pensada a construção de uma marina no local onde serão feitas as fases quatro e cinco do projecto, pelo que teremos de comunicar com o concessionário do terreno”. Ainda assim, Henry Ma mostra-se confiante no cumprimento do calendário da obra. “Em principio vamos iniciar a obra em Julho e terminar até finais deste ano. Será inaugurada no principio do próximo ano. Vamos procurar atingir este objectivo, mas isso terá sempre a ver com a situação concreta das obras.” IACM analisa segurança alimentar nas escolas O IACM anunciou a realização do primeiro estudo sobre segurança alimentar, que se inicia hoje. A pesquisa vai incidir sobre mais de mil alunos de 30 turmas, em 12 escolas do ensino secundário. A ideia é analisar, não apenas as noções que os estudantes têm sobre esta matéria, mas também os tipos de alimentos que são consumidos e a sua quantidade. Cabe à Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau a realização deste inquérito, cujos resultados deverão ser conhecidos no final do ano.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAssembleia Legislativa | Discurso dos novos deputados nomeados desilude Quase seis meses depois dos novos legisladores terem assumido o cargo, Jorge Valente e Larry So consideram que os membros nomeados pelo Governo estão a desiludir. Até agora, revelaram incapacidade para contribuírem significativamente para a melhoria nas discussões no hemiciclo [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uma altura em os novos deputados estão quase a cumprir seis meses na Assembleia Legislativa, uma das conclusões que já se pode tirar é que o debate no hemiciclo não sofreu alterações significantes. E os deputados nomeados, de quem se esperava que gerassem um enriquecimento dos temas, devido ao elevado número de académicos, são quem tem estado mais longe de se destacar. Esta foi a opinião partilhada pelo do ex-candidato à AL Jorge Valente e pelo analista político Larry So. “Os deputado nomeados têm sido como inexistentes no sentido de não terem contribuído significativamente com uma mais-valia para o hemiciclo. Até agora limitaram-se a carregar nos botões para votar naquilo que lhes é indicado”, disse Jorge Valente ao HM. “Estamos numa altura em que ainda devemos dar o benefício da dúvida e por isso espero que venham a desenvolver sugestões que contribuam para melhorar a qualidade nos debates do hemiciclo, assim como para o bem-estar e interesses da população”, frisou. Esta é uma análise que o comentador político Larry So também partilha. No entanto, So sublinha que estes deputados nomeados não criam expectativas junto da população. “A participação deles na Assembleia Legislativa não se enquadra nos moldes dos deputados eleitos de forma directa. Davis Fong tem falado mais, assim como os legisladores ligados ao Direito. Mas a comunidade não tem expectativas face à performance deles”, disse Larry So. “Temos de compreender que eles não são particularmente reivindicativos nem trabalham em prol da comunidade. O Governo terá outras expectativas”, acrescentou. À excepção de Ma Chi Seng, todos os outros deputados nomeados estão a estrear-se na Assembleia Legislativa. Agnes Lam divide Um pontos em que as pessoas ouvidas pelo HM não estão de acordo é na avaliação da performance de Agnes Lam. “Se olharmos para a plataforma política dela e à forma como se apresenta, como uma pessoa que não é radicalmente contra o Governo nem demasiado conservadora, eu dar-lhe-ia uma nota consideravelmente elevada. Ela tem estado no meio”, defendeu Larry So. “Acredito que certas franjas da comunidade sintam que ela não está a ser suficientemente radical. Acredito que os mais jovens que a apoiaram talvez esperassem um discurso mais forte contra o Governo”, teoriza o académico. Por sua vez, Jorge Valente diz que o discurso tem sido “leve em termos de conteúdo”, mas ressalva que é necessário esperar um pouco mais para fazer uma avaliação. “Ela ainda não mostrou trabalho suficiente para poder ser definida como independente. Vamos ter de continuar a dar o benefício da dúvida. Tem feito algumas sessões em directo no Facebook e outros eventos, com um discurso leve em termos de conteúdo. Mas temos de ver mais”, frisou. Pela positiva, entre os estreantes, Larry So destacou Leong Sun Iok, deputado ligado aos Operários de Macau. “Ele defende de forma muito vincada os assuntos da sua agenda e os temas ligados ao sector do jogo, que conhece muito bem. Também se preocupa com os assuntos ligados à comunidade, como os problemas da habitação. Tem tido um bom desempenho”, considerou. Ainda em relação aos primeiros meses da Legislativa, Jorge Valente considerou que a suspensão de Sulu Sou era evitável. “Não devia ter acontecido, os deputados deviam era estar ocupados a trabalhar para o bem dos residentes em vez de perder tempo com intrigas destas. Se fosse um caso de corrupção ou compra de votos, isso sim!”, justificou.
Hoje Macau SociedadeInvestimento | Dente Partido apoia “Uma Faixa, Uma Rota” [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]an Nga Koi, conhecido como Dente Partido, veio a público apoiar a implementação da política “Uma Faixa, Uma Rota” e anunciar a criação de uma empresa corretora para facilitar o investimento chinês ao longo dos países abrangidos pela iniciativa. O objectivo foi admitido, na semana passada, de acordo com o jornal Apple Daily, durante um evento da associação a que Dente Partido preside: a Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen. A empresa vai exigir um investimento inicial de 30 milhões de dólares norte-americanos e vai ter como nome Empresa Corretora de Hongmen. Ao longo do vídeo colocado a circular nas redes sociais, Pan Nga Koi surge ainda a reafirmar os valores da Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen sublinhando o amor por Hong Kong, Macau e pelo País. Por outro lado, compromete-se a trabalhar para que haja uma reunificação pacífica entre o Continente e Taiwan.
Sofia Margarida Mota PolíticaTerras | Ho Ion Sang quer saber planeamento para terrenos disponíveis [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m 2018 há um total de 57 concessões que podem chegar ao fim. Na prática são 470 mil metros quadrados de terras que ficam disponíveis. As declarações foram de Chui Sai On no debate das Linhas de Acção Governativa para 2018, e agora são recordadas pelo deputado Ho Ion Sang. O objectivo do tribuno é saber o destino que vão ter estas terras, sendo que a sua maioria está “presa em processos judiciais”. Para Ho Ion Sang, mais do que o problema de falta de terrenos, trata-se da falta de eficácia perante os processos que os envolvem e a ausência de planeamento antecipado para os mesmos. Por outro lado, há ainda a questão das terras que podem estar a ser mal aproveitadas ou mesmo “paradas”. É necessária uma inspecção eficaz ao andamento das obras dos espaços concessionados, não só para garantir o seu bom aproveitamento como para evitar as demoras associadas aos processos judiciais. A ideia, aponta, é não desperdiçar um bem que tanta falta faz a Macau.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaElla Lei | Deputada entende que o registo predial precisa de melhorias As fraudes imobiliárias continuam e é preciso um sistema de registo predial mais completo e um sistema de prova de identidade. O pedido é de Ella Lei que não se fica pelas casas. A deputada pede informações e medidas ao Executivo devido às falhas de segurança nas estruturas de lazer [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] preciso melhorar o registo de imóveis. A deputada Ella Lei exige medidas ao Governo de forma a evitar as fraudes que se têm vindo a registar na transação de imóveis. De acordo com a deputada ligada à FAOM, os casos de fraude na compra e venda de imóveis estão longe de estarem a diminuir. “No início de Janeiro deste ano a polícia detectou uma fraude em que os falsos vendedores alegavam que tinham sido contratados pelo proprietário para venderem lojas”, recorda Ella lei em interpelação escrita dirigida ao Executivo. Em Fevereiro foi detectado um novo caso, desta feita envolvendo falsificação de cartões de identidade para venda de propriedades alheias. A deputada entende que o problema reside no sistema de registo de propriedades. Para Ella Lei a modalidade actual não exige dados suficientes. “No registo de propriedade é pedido apenas o nome, estado civil e residência dos proprietários e alguns dados de identificação”, refere. “Quando é preciso fazer registo no notário não há necessidade de testemunhas para validar a identidade das pessoas e só são necessários documentos de identificação que podem ser falsos”, alerta a deputada. É necessária uma solução que passe pelo aperfeiçoamento do sistema de registo predial de modo a colmatar as lacunas existentes e impor mais requisitos no processo notarial. Jogos perigosos Outra das preocupações recentes de Ella Lei tem que ver com os critérios de segurança nos espaços de diversão e lazer. O alarme foi dado com o caso recente de um homem que ficou suspenso na Torre de Macau quando fazia bungee jumping e que acabou por ser resgatado pelos bombeiros depois de estar uma hora e meia suspenso. Para Ella Lei, o acontecimento veio aumentar as preocupações da população que se questiona cada vez mais acerca do sistema de inspecção levado a cabo pelo Executivo, aos equipamentos de diversão. Por outro lado, a demora da resposta ao incidente levanta dúvidas quanto à eficácia dos meios de emergência locais neste tipo de situações. “Há uma falta de normas legais claras e de requisitos regulamentares para manutenção e operação das instalações de lazer”, lamenta Ella Lei em interpelação. Mas o problema não se fica por aqui. É preciso ter em atenção todas as estruturas mecânicas que operam no território com fins recreativos. Mecanismo a meio gás A deputada recorda que o Governo criou, em 2012, um grupo de trabalho Interdepartamental para melhorar a supervisão de instalações mecânicas e eléctricas. No entanto, os resultados ainda não são visíveis. O objectivo do mecanismo teria várias frentes: configuração e implementação de directrizes para a manutenção de máquinas e instalações especiais, aplicação de um sistema de registo de unidades de engenharia relevantes, criação de um sistema de avaliação e estudos para o estabelecimento de um departamento jurídico para o sector. Mas, até agora, apenas foram feitas as directrizes de exame e aprovação de grandes espaços de diversão. Neste sentido, Ella Lei quer saber quais são os planos do Governo, tendo em conta que se trata de uma situação de segurança para os utilizadores destes equipamentos. No que respeita a mecanismo de resposta a acidentes, Ella Lei recorda que o Executivo já solicitou às próprias operadoras que elaborassem um mecanismo de resposta, mas não se sabe ainda o que foi feito, ou se foi tomada alguma medida.
Sofia Margarida Mota China / Ásia MancheteTimor- Leste | Um país perdido à procura de estabilidade. Eleições são em Maio País soberano desde 2002, Timor-Leste está ainda longe da estabilidade. Depois das eleições de Julho terem resultado numa minoria parlamentar sem sucesso, Timor vai novamente a votos em Maio. As coligações já estão em andamento e, entre esperança e relutância, há quem considere que com tudo isto quem sofre é o povo Com agências A 26 de Janeiro, o presidente timorense Francisco Guterres Lu-Olo anunciou a dissolução do Parlamento e a realização de eleições antecipadas. A Fretilin não conseguiu fazer passar os programas governamentais e a instabilidade, disse Francisco Guterres, não podia continuar. “Quem vai sofrer com isso é o povo”. A opinião é do timorense Agostinho Martins, fundador de duas associações ligadas ao seu país e a viver há 15 anos em Macau, que lamenta a decisão. Em causa está o povo e o seu bem-estar, referiu ao HM. Mas o mal não é de agora, já vem de Julho quando se deixou que a Fretilin assumisse o poder mesmo sem maioria, apontou. De acordo com Agostinho Martins, foi um “avanço para o abismo”. O timorense acrescenta que “o governo não conseguiu estabelecer nenhuma coligação nem tinha condições nenhumas para o fazer e, como tal, não podia ir avante”. A solução seria ter conseguido uma coligação antes de se começar a governar. “Se estamos a favor do povo, para que não volte a passar mal como já passou, deviam aceitar estas coligações ou ter uma equipa de académicos bem preparados para governar o país enquanto não se chegasse a consenso”, sugeriu o timorense. “Estamos a falar de um país que nem tem um hospital bem equipado para poder dar resposta às necessidades da população”. A isto, Agostinho Martins chama de “brincar com o povo”. Acto falhado Numa declaração ao país, no passado dia 26 de Janeiro, o presidente timorense Francisco Guterres Lu-Olo explicou que Timor-Leste não podia continuar numa situação de grave crise institucional. O chefe de Estado criticou os políticos timorenses por terem virado costas uns aos outros e por não terem sabido interpretar a vontade do povo. Francisco Guterres lembrou que “o povo não deu a maioria absoluta a nenhum dos partidos”, o que interpreta como “um convite aos líderes partidários para se empenharem no aprofundamento da democracia”. O presidente considerou que essa mensagem não foi devidamente interpretada. “Em vez do diálogo sereno, no respeito pela vontade do povo, assistimos, ao virar de costas uns aos outros”, disse. Francisco Guterres decidiu, por isso, convocar eleições para pôr fim ao que diz ser uma “grave crise institucional” e deixa um apelo ao voto nas próximas eleições já marcadas para 12 de Maio. “A independência, a democracia e a paz foram por nós conquistadas. Não vamos abrir mão das nossas conquista! Todos juntos vamos construir Timor-Leste, garantir a paz e o desenvolvimento para todos. (…) O presidente conclama todo o povo a votar, em eleições parlamentares antecipadas. Vamos todos, votar pelo reforço da democracia, pelo Estado de direito!”. Os líderes partidários já saudaram as eleições antecipadas, esperando que resolva o impasse político em Timor, que se arrasta há seis meses. O primeiro-ministro, Mari Alkatiri, ouvido pela agência Lusa, espera que seja o primeiro passo para um acordo no país. Já o líder do Partido Democrático (PD), Mariano Sabino, garantiu que o Executivo vai governar o país até às eleições, num momento difícil. A oposição timorense saudou também a decisão de Francisco Guterres, enquanto o líder da Conferência Episcopal, o bispo Basílio do Nascimento, falou da solução mais equilibrada e menos dolorosa. Nas eleições de Julho do ano passado, a Fretilin, liderada por Mari Alkatiri, venceu com uma vantagem de apenas mil votos em relação ao CNRT de Xanana Gusmão. Entretanto, o actual Governo é constituído por um Executivo de gestão até à tomada de posse do novo Governo, sendo que durante o período em que o Parlamento Nacional estiver dissolvido, funcionará a Comissão Permanente do Parlamento Nacional, presidida pelo Presidente do Parlamento Nacional e composta pelos vice-presidentes e deputados indicados pelos partidos políticos com assento parlamentar, respeitando o princípio da representatividade. Coligações póstumas Os três partidos da oposição maioritária em Timor-Leste já formalizaram uma pré-coligação para avançar nas eleições de Maio, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP). “O Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), o Partido Libertação Popular (PLP) e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) decidiram formar uma coligação de partidos políticos com fins eleitorais, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP)”, refere o texto da resolução conjunta. “Os partidos políticos que assinam este acordo decidem a sua abertura e disponibilidade para acolher outros partidos políticos na coligação desde que aceitem aderir aos princípios e objetivos enumerados”, confirma o texto. A resolução conjunta foi assinada em Díli pelo secretário-geral do CNRT, Francisco Kalbuadi Lay, pelo presidente do PLP, Taur Matan Ruak e pelo fundador do KHUNTO, José Naimori. Posteriormente, poderão associar-se à coligação vários outros partidos, tendo as resoluções aprovadas separadamente pelo CNRT e pelo PLP referido pelo menos nove outras forças políticas. Separadamente e antes da declaração conjunta, cada um dos três partidos aprovou resoluções idênticas que confirmam a constituição da AMP. Promessas de estabilidade A formação de coligações, defendem os partidos nas suas resoluções, “contribuirá para a menor dispersão de votos e menor fragmentação de mandatos no Parlamento Nacional, favorecendo a formação de uma maioria parlamentar que garanta a estabilidade governativa”. Os partidos dizem que com a coligação pretendem responder “de forma construtiva aos apelos que nesse sentido têm sido dirigidos pelo povo”, comprometendo-se a promover um espaço “abrangente, inclusivo e aberto à sociedade civil e outros partidos políticos”. Em concreto, as duas resoluções referem o Partido Milenium Democrático (PMD), o Partido Liberta Povo Aileba (PLPA), o Partido Socialista de Timor (PST), o Partido Social Democrata (PSD), o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido de Desenvolvimento Popular (PDP). Referem ainda o Partido Movimento Libertação Povo Maubere (MLPM), o Partido do Desenvolvimento Nacional (PDN) e o Partido Democrático República Timor (PDRT). Mais curto foi o texto da resolução do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), que confirmou apenas a decisão de aderir à AMP. A campanha para as eleições antecipadas para eleger o novo Parlamento Nacional de Timor-Leste decorrerá entre 10 de Abril e 9 de Maio. Caça ao voto A campanha para as eleições antecipadas em Timor-Leste decorrerá entre 10 de Abril e 9 de Maio, com os eleitores a terem dois dias de reflexão, a 12 de Maio, para eleger o novo Parlamento Nacional. O calendário das operações eleitorais, preparado pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) foi publicado no Jornal da República, dois dias depois da entrada em vigor do decreto do Presidente, Francisco Guterres Lu-Olo que marcou as eleições antecipadas de 12 de Maio. Segundo o documento, a certificação dos resultados finais das eleições pelo Tribunal de Recurso deverá ser publicada no Jornal da República até 28 de Maio, o que deixa antever que a tomada de posse dos 65 deputados da 5.ª legislatura ocorra em Junho. Só depois disso será formado o VIII Governo, que terá que depois levar o seu programa e o Orçamento Geral do Estado de 2018 ao Parlamento. Problemas no horizonte O impacto das chuvas nos acessos aos centros de votação, a compra de material eleitoral e o aumento da participação dos eleitores são algumas das preocupações dos responsáveis eleitorais timorenses antes das eleições antecipadas de 12 de Maio. O director-geral do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral Acilino Manuel Branco sublinhou o impacto que a actual época da chuva pode vir a ter nos acessos aos locais de votação, alguns particularmente remotos. “Estamos na época das chuvas e há muitas preocupações sobre acesso a alguns centros de votação e ao transporte de materiais”, disse. “Outra questão é como podemos acelerar o processo de aquisição de materiais que temos que comprar de forma acelerada para responder ao processo”, frisou ainda. Na mente dos responsáveis eleitorais está ainda a questão da participação eleitoral, tanto no que toca à abstenção – a participação foi de 76,74 por cento nas eleições de 2017 – como ao número de votos inválidos e nulos (mais de 2 por cento). “Precisamos de desenvolver um esforço grande para garantir uma maior participação. Temos que reforçar a educação dos votantes porque tivemos também muitos votos nulos”, explicou o responsável do STAE. No estrangeiro – os timorenses podem votar na Austrália, Coreia do Sul, Reino Unido e Portugal. Em Macau, os timorenses não têm forma de votar. O apelo de Xanana Líder histórico apela a entendimento O líder do CNRT, segundo partido timorense, Xanana Gusmão, pediu “confiança e esforço colectivo” para fortalecer a AMP, a coligação “histórica” de três partidos formalmente criada e que se vai apresentar às eleições antecipadas. O apelo de Xanana Gusmão foi feito numa mensagem em vídeo endereçada aos membros dos três partidos que assinaram a formalização da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) – o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), o Partido Libertação Popular (PLP) e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO). Dirigindo-se aos responsáveis, militantes e simpatizantes dos três partidos, Xanana Gusmão, que está ausente de Timor-Leste desde Setembro do ano passado, saudou a “maturidade” do povo timorense e o seu compromisso com a estabilidade e tolerância. Para o responsável tratam-se de aspectos importantes num momento em que Timor-Leste ainda tem um Estado frágil, onde continua viva a memória e a “grande lição” da crise de 2006 e 2007 e onde convivem o “aspecto negativo que é a situação que o Estado enfrente, sem estabilidade” e o “aspecto positivo que é a estabilidade social”. Xanana Gusmão disse ainda que os “ganhos políticos pertencem ao povo” e que este momento “histórico” de coligação pré-eleitoral de três grandes partidos “não é complexo mas também não é fácil” sendo essencial que “os quadros dos três partidos interiorizem os objectivos da coligação, dando-lhe personalidade”. Essencial, defendeu, é acordar a “estratégia e a matéria da campanha”, avançar com a “mobilização de quadros dos três partidos para socializar o programa” e coordenar todas as estruturas”. O líder timorense deixou recados para todos os militantes, afirmando que não devem “intimidar ou ameaçar a população ou militantes de outros partidos” e que não devem distribuir ou receber dinheiro. Instruções de comportamento Xanana Gusmão recordou questões “fundamentais” no imediato, nomeadamente cumprir os prazos para apresentação da AMP aos órgãos eleitorais competentes, definir o acordo de coligação e propósito político e determinar a composição da “lista única”. Um processo de “quotas ou percentagens dos partidos”, reflectindo a composição do Parlamento Nacional de 65 lugares – o CNRT tem 22 lugares, o PLP tem oito e o KHUNTO tem cinco – e que deve ser concluído com “honestidade, humildade, determinação e confiança”, disse. Xanana Gusmão deixou a sua recomendação sobre os três primeiros lugares na lista: “número 1, Xanana Gusmão, número 2 Taur Matan Ruak [presidente do PLP] e número três a mana [Armanda] Berta [dos Santos, presidente do KHUNTO]. De fora fica quem tem sido uma das caras da coligação – está no símbolo do partido – o conselheiro especial e fundador do KHUNTO, José Naimori. A mensagem do líder timorense foi transmitida depois do texto da resolução que formaliza a coligação ter sido assinado num encontro no Centro de Convenções de Díli.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Investigada potencial violação às sanções contra Pyongyang [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China diz estar a investigar uma possível transferência de mercadoria entre um navio chinês e um norte-coreano, o que constituiria uma violação das sanções impostas pelas Nações Unidas a Pyongyang. O episódio terá ocorrido na semana passada, a cerca de 250 quilómetros da costa de Xangai e foi observado por um avião japonês de patrulha marítima. Trata-se do terceiro incidente deste género relatado por Tóquio desde o início do ano. O Conselho de Segurança da ONU impões várias sanções económicas contra a Coreia do Norte, devido ao programa nuclear e de mísseis balísticos do regime de Kim Jong-un. “A China atribui grande importância a este caso e está a investigar”, disse hoje um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa. “As autoridades competentes (chinesas) emitiram recentemente uma nota reforçando a proibição formal do contrabando entre navios, segundo as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, acrescentou. O ministério japonês dos Negócios Estrangeiros disse na Terça-feira que a marinha nipónica observou um petroleiro com a bandeira norte-coreana, ao lado de uma outra embarcação de nacionalidade desconhecida, mas com os carateres “Min Ning De You 078” (Província de Fujian, Ningde Town, 078) inscritos no casco. Desde o início do ano, o Japão já denunciou por duas vezes a transferência de carga no Mar da China Oriental, entre o petroleiro norte-coreano Rye Song Gang 1 e outros navios. O Rye Song Gang 1 faz parte da lista de barcos cujo acesso a portos mundiais foi banido pela ONU.
Diana do Mar SociedadeAmnistia Internacional | Proibições de entrada e caso Sulu Sou em destaque [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stes são os casos que a Amnistia Internacional refere no parágrafo que dedica a Macau no relatório anual em que documenta o estado dos direitos humanos em 159 países e territórios de todo o mundo. Já relativamente a Hong Kong, a Amnistia Internacional menciona uma série de acções tomadas pelas autoridades durante o ano passado que aumentaram as preocupações sobre o vigor das liberdades de expressão e de reunião pacífica. O relatório, publicado ontem, diz mesmo que a liberdade de expressão ficou sob ataque perante o uso por parte do Governo de acusações vagas para perseguir activistas pró-democracia. Neste âmbito, fala, nomeadamente, das acusações, em Março, contra três fundadores do movimento “Occupy Central”, que arriscam uma pena máxima de sete anos de prisão. Outro sinal de alerta foi a decisão judicial, que remonta a Julho, desqualificando quatro deputados pró-democracia por terem falhado em cumprir os requisitos especificados na interpretação do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular da China da Lei Básica de Hong Kong quando prestaram juramento em Outubro de 2016. A Amnistia Internacional refere também os processos, que ainda corriam na justiça, devido aos recursos das condenações, contra Joshua Wong, Alex Chow e Nathan Law por causa do protesto estudantil, em Setembro de 2014, que desencadeou a chamada revolução dos guarda-chuvas. O caso dos sete polícias de Hong Kong condenados a dois anos de cadeia pelo ataque violento contra um manifestante durante os protestos pró-democracia de 2014, também é destacado no relatório. A Amnistia Internacional argumenta que, depois da sentença, os órgãos oficiais da China iniciaram uma campanha orquestrada atacando o sistema judicial de Hong Kong.
Andreia Sofia Silva Perfil PessoasVanessa Yam, cantora, designer gráfica e ilustradora: Artista dos sete instrumentos [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]edo começou a desenhar rabiscos no papel, a depositar imaginações em folhas soltas. Um gosto de infância que se transformou no anseio de uma carreira profissional. Mais tarde veio o gosto pelas canções e por subir a um palco para mostrar a voz ao público. Vanessa Yam assume-se como uma artista multifacetada que gosta de cantar e que sempre quis ser pintora, mas que acabou por ser designer gráfica, licenciada pela Universidade de São José. Há dez anos começou a dar os primeiros passos no mundo da música, tudo graças à participação, com um grupo de amigos, num concurso de busca de talentos. “Comecei a cantar quando estava na escola secundária e participei em algumas competições para cantores em Macau, com alguns amigos. Foi assim que comecei a dar os primeiros espectáculos. Por exemplo, em 2008, um compositor de Macau convidou-me a cantar uma canção sua para uma competição organizada pela TDM”, lembrou. A voz é doce, a música, cantada em cantonês, soa romântica, com laivos de sonoridades mais pop. A imagem é forte, marcada por roupas e cabelos coloridos. Hoje vai tentando solidificar uma carreira como cantora, apesar dos vários contratempos e desafios próprios de um território demasiado limitado. “Macau é um lugar muito pequeno para se ter uma carreira como cantora, porque a maior parte das pessoas só ouvem K Pop ou música pop feita em Hong Kong. No passado, os cantores de Macau não eram populares em Macau. É difícil construir aqui uma imagem como cantora”, contou ao HM. Para colmatar a forte concorrência de outros cantores asiáticos, Vanessa Yam aposta nos meios digitais e em outras regiões. “Estou a tentar colocar a minha música em algumas plataformas na China e Taiwan, para ir em busca de novos públicos e para levar a música que se faz em Macau a outras áreas. Tudo para que saibam que em Macau também se faz boa música.” Não apenas a sua carreira, mas a de outros jovens músicos, têm sofrido grandes desenvolvimentos nos últimos anos. “Este ano penso que a minha carreira na música melhorou bastante, e podemos notar que alguns cantores de Macau começaram a desenvolver mais os suas trajectos artísticos lá fora”, defendeu Vanessa Yam. Como cantora Vanessa não para de pensar em novos projectos, e já tem um na calha. “Uma nova canção vai ser lançada em Março ou Abril. Para esta canção trabalhei em parceria com um compositor japonês. É uma música mais acústica, então não foi difícil fazer os arranjos, colocamos um ou outro instrumento. Para o futuro, estou a tentar encontrar um novo estilo para a minha carreira, e espero que o público goste.” A menina dos acessórios Quando não está em estúdio a gravar canções ou a compor, Vanessa Yam gere a sua própria marca de acessórios feitos à mão. Também gosta de mostrar a sua imagem, as suas roupas e maquilhagem nas redes sociais, à semelhança do que fazem muitos outros jovens. “Os meus amigos inspiram-se nas roupas que visto e na maquilhagem que uso. Também estão interessados na minha imagem. Gosto de partilhar os meus desenhos em várias plataformas, como o Instagram ou o WeChat. Talvez deveria descrever-me a mim própria como uma artista diversificada.” Vanessa Yam também tem uma predilecção para a ilustração, tendo criado uma nova marca para o efeito. Apesar de se considerar feliz no mundo das artes, a pintura propriamente dita não aconteceu na sua vida por pressão da família. “Gostava de desenhar quando era criança, era algo que estava sempre a fazer. Comecei a querer ser pintora desde muito cedo, mas desisti deste sonho quando acabei a escola secundaria porque a minha família não queria que eu fosse uma artista, pensavam que não era bom para mim. No final falei com um primo e ele conseguiu convencer os meus pais.”
Jorge Rodrigues Simão Perspectivas VozesAs leis da globalização (I) “Since about 2010, double-digit economic growth rates have been observed across Africa. This growth is partly due to rising international commodity prices, and partly due to internal economic structural changes. Over the last decade, six of the world’s 10 fastest-growing countries were African. In eight of the last 10 years, Africa’s lion states have grown faster than the Asian tigers.” “Middle Classes in Africa: Changing Lives and Conceptual Challenges” [dropcap]L[/dropcap]ena Kroeker, David O’Kane and Tabea Scharrer. Os empresários esforçam-se para se adaptar a um mundo imaginado apenas há apenas um ano. O mito de um mundo sem fronteiras desapareceu. Os pilares tradicionais dos mercados abertos, como os Estados Unidos e o Reino Unido estão a cambalear, e a China está-se a posicionar como o mais firme defensor da globalização. O voto no “Brexit”, em 23 Junho de 2016, surpreendeu a União Europeia, e as ideias sobre a globalização tornaram-se cada vez mais negativas nos Estados Unidos, à medida que a campanha eleitoral presidencial progredia. Após a eleição de Donald Trump, com medo de uma guerra comercial, começou a ser defendida a tese de que a maior pensamento comercial das últimas três décadas está a passar por sérios problemas, e que as vantagens da economia de escala desapareceram. O pilar dinâmico da empresa e da sua localização abanavam. A grande questão que se coloca é de saber se a retirada massiva do exército empresarial de um país é a abordagem correcta para as empresas nestes tempos incertos, ou, apesar de embalar e voltar a casa, devem concentrar-se na localização, ou seja, produzir e até inovar onde vendem, como opção estratégica? É de recordar que, há apenas uma década, os empresários acreditavam que o mundo estava a tornar-se plano para as empresas globais, sem restrições, através das fronteiras dos países, e que rapidamente dominariam a economia mundial. Tais afirmações exageradas foram provadas como erradas. Os clamores actuais por um enorme retrocesso da globalização, diante de novas pressões proteccionistas, também são uma reacção exagerada, em outra direcção. Ainda que, uma certa euforia sobre a globalização se tenha deslocado para a sombra, especialmente nos Estados Unidos, a globalização ainda não sofreu uma séria reversão. A retirada em grande escala ou um excesso de localização prejudicaria a capacidade das empresas de criar valor através das fronteiras e à distância usava-se a rica variedade de estratégias da globalização que ainda são eficazes e continuarão a funcionar bem no futuro. A turbulência actual exige uma reformulação mais subtil das estratégias das multinacionais, das estruturas organizacionais e das abordagens do ajuste social. As falsas percepções comuns sobre o que é, e o que está a mudar sobre a globalização, oferecem directrizes para ajudar os empresários a decidir onde e como competir e a examinar o papel das multinacionais em um mundo complexo. As dúvidas sobre o futuro da globalização começaram a surgir durante a crise financeira de 2008-2009, mas à medida que as condições macroeconómicas melhoraram, a escuridão deu lugar a uma mistura obscura de perspectivas. Por exemplo, em apenas três semanas, em 2015, foram defendidas ideias como as da globalização a uma velocidade extremamente alta ou o fim da globalização. Face a tanta ambiguidade, é essencial analisar os dados fornecidos pelo “Global Connectedness Index (GCI)”, que é uma análise detalhada do estado da globalização em todo o mundo, rastreando os fluxos internacionais de comércio, capital, informações e pessoas. Os dois componentes do índice de maior interesse comercial que são o comércio de mercadorias e investimento estrangeiro directo, foram atingidos duramente durante a crise financeira, mas nenhum deles sofreu um declínio similar desde então. O comércio sofreu uma grande queda em 2015, mas foi quase inteiramente um efeito preço, impulsionado pela queda dos preços das mercadorias e pela revalorização do dólar. Os dados actualizados sugerem que, em 2016, o investimento estrangeiro directo diminuiu, em parte, devido à repressão dos Estados Unidos sobre inversões fiscais. Os dados completos para 2017, ainda não estão disponíveis, mas o estímulo comercial em pessoas e fluxos de informações provavelmente reforçará a ideia de que a globalização permaneceu igual ou aumentou. O que mergulhou de nariz foi o tom do discurso público nos Estados Unidos e em outras economias avançadas. A análise das referências dos meios de comunicação social para o termo globalização nos mais proeminentes jornais e revistas mundiais revela uma acentuada sensação de sensibilidade, com decréscimo das quedas em 2016. O contraste entre os dados que vão do misto ao positivo sobre os fluxos internacionais reais e o balanço negativo no discurso sobre a globalização podem ser fixados, ironicamente, na tendência de até mesmo os executivos experientes, exageradamente preverem a intensidade dos fluxos de negócios internacionais em relação à actividade doméstica, ou seja, acreditam que o mundo é muito mais globalizado do que realmente é. As percepções exageradas sobre a profundidade da globalização, quanto à actividade, são internacionais versus doméstica e têm um custo. As sondagens revelam que os entrevistados que exageraram acerca das previsões acerca da intensidade da globalização, foram mais propensos a acreditar em declarações erróneas sobre estratégias de negócios internacionais e políticas públicas. Quando os empresários pensam que o mundo é mais globalizado do que realmente é, tendem a subestimar a necessidade de entender e responder às diferenças entre os países, quando operam no exterior e na esfera das políticas públicas, e os líderes políticos tendem a subestimar os ganhos potenciais da globalização e a super-estimarem as consequências nocivas para a sociedade. As pesquisas sugerem que as pessoas também subestimam a amplitude da globalização, ou seja, até que ponto a actividade internacional é distribuída globalmente e não focada de forma restrita. Um inquérito realizado aos leitores do “Washington Post”, revelou que 62 por cento dos inquiridos concordaram que o livro mais lido de Thomas Friedman era “The World Is Flat: A Brief History of the Twenty-first Century”, que menciona que as empresas actuam em um campo de jogo global, habilitado para a rede mundial de computadores, que permite colaboração em pesquisa e trabalho em tempo real, sem importar a geografia, distância ou, no futuro próximo, até mesmo a linguagem. Todavia, os dados mostram que a actividade internacional real continua a ser amortecida fortemente por todos esses factores, e para contrariar as ideias contraditórias sobre as questões globais, devem ser consideradas duas leis que regem, respectivamente, a profundidade e amplitude da globalização que são a lei da semi-globalização, que é a actividade comercial internacional, que embora significativa, é muito menos intensa do que a actividade doméstica, e a lei da distância que determina que as interacções internacionais são atenuadas pela distância ao longo de dimensões culturais, administrativas, geográficas e, muitas vezes, económicas. Tais princípios podem ser muito úteis para a elaboração de estratégias futuras. É de considerar que dados os fortes sentimentos proteccionistas e possivelmente até uma guerra comercial, continuarão a ser válidos. A melhor forma de os testar será no momento, e apesar do tempo, as políticas da administração Trump e de outros governos ainda não são claras, e estudar o que aconteceu pela última vez que uma grande guerra comercial explodiu, que foi na década de 1930, e o que levou à maior regressão da história da globalização. Existem duas leituras fundamentais, correspondentes às duas leis da globalização. A primeira lição é de que, embora o comércio tenha regredido precipitadamente na década de 1930, não deixou de existir. O colapso que começou em 1929 foi surpreendente, e no início de 1933, os fluxos comerciais caíram dois terços. A queda no valor reflectiu uma queda mais nos preços do que nas quantidades, que diminuíram em menos de 30 por cento. Mesmo na sequência do colapso, os volumes de comércio continuaram a ser muito grandes para ignorar os estrategas de negócios. A segunda lição é de que a distância de vários tipos continuou a atenuar a actividade comercial internacional. A relação entre os fluxos comerciais e a distância geográfica mal se moveu, de 1928 a 1935. Os efeitos benéficos de uma língua comum e os laços coloniais permaneceram poderosos, pois conjuntos de países com esses laços continuaram a negociar cerca de cinco vezes mais entre si, comparados com conjuntos de países sem tais laços. O resultado líquido foi de que os parceiros comerciais com os quais os países (ou grupos de países) fizeram a maior parte dos seus negócios, antes do incidente continuaram posteriormente, em grande parte inalterados. Quanto ao futuro e se o comércio global não estagnou na década de 1930, é razoavelmente seguro afirmar que também não acontecerá na década de 2020. As análises da possibilidade de uma guerra comercial durante a administração Trump, poderia parecer sugerir declínios muito menores no comércio dos que ocorreram na década de 1930. A “Moody’s Analytics” estima que, se os Estados Unidos impusessem tarifas à China e México, e esses dois países retaliassem, esse e outros factores fariam contrair as exportações dos Estados Unidos em oitenta e cinco mil milhões de dólares em 2019, o que representa apenas cerca de 4 por cento do total de exportações dos Estados Unidos em 2015. É claro que uma guerra comercial mais ampla teria um efeito mais significativo, mas é muito improvável que as consequências sejam tão terríveis como na década de 1930. Da mesma forma, se a amplitude do comércio não mudou muito, apesar da drástica queda durante a “Grande Depressão”, provavelmente, não mudaria muito no caso de uma guerra comercial actual. Vale a pena acrescentar que, com muitos outros países independentes, além de cadeias de abastecimento mais fragmentadas verticalmente, os efeitos estimados da distância geográfica no comércio de mercadorias são realmente maiores do que na década de 1930. Quanto à questão de onde competir, é de observar, se é improvável que as interacções transfronteiriças desapareçam, qual o argumento para a retirada das multinacionais? O recuo das empresas globais, que provocou uma discussão significativa, apontou para os problemas de desempenho que experimentaram, mas os declínios nos últimos três a quatro anos ocorreram em um ambiente de preços de mercadorias, diminuição da procura por serviços relacionados à globalização e, para as empresas dos Estados Unidos, mudanças nas taxas de câmbio, factores que cumpriram claramente papéis exagerados. E as quedas a longo prazo na última década coincide com um período em que a globalização realmente diminuiu. Os problemas de desempenho fraco durante este período deveriam forçar à reconsideração da multinacionalização, que seria como argumentar que Singapura, o país mais conectado do mundo, de acordo com o DHL, deve afastar-se da globalização devido aos problemas de crescimento que observou desde a crise financeira. O último relatório oficial acerca do futuro da economia de Singapura rejeita essa noção, dizendo que a globalização através do comércio, capital e fluxos de conhecimento ainda é o futuro no que diz respeito à cidade-estado. E, mesmo em países muito menos dependentes das exportações do que Singapura, um retrocesso maciço da globalização seria contraproducente. Mesmo quando as condições económicas são favoráveis e a globalização está a avançar rapidamente, como aconteceu há várias décadas atrás, as multinacionais podem enfrentar problemas de execução. Os estudos, observaram que, entre 1990 e 2001, as empresas da “Fortune Global 500”, apresentaram consistentemente menores rendimentos médios nas vendas para suas as operações no exterior do que para as suas empresas domésticas. Dadas as dificuldades provocadas pela lei da distância, a multinacionalização sempre foi uma opção, não um imperativo. Algumas empresas e indústrias, claramente sobreviveram, especialmente nos anos anteriores à crise financeira. O que falta em grande parte do debate actual é a noção de contingência, ou seja, uma abordagem caso a caso, em que um movimento relacionado à globalização é avaliado pelos seus próprios méritos, em vez de ser submetido a algum limiar sobre se deve avançar e globalizar ou voltar para casa. Assim, muitas empresas multinacionais precisam de renovar a atenção para onde competem, ou seja, para a selecção do mercado e devem também, resistir à ideia de que uma empresa verdadeiramente global deve competir em todos os principais mercados. É de ponderar que cerca de 64 por cento dos entrevistados de um estudo da Universidade de Harvard, realizado em 2017, concordaram com esta (não) dictum, porém, uma análise dos dados financeiros internos de dezasseis multinacionais, indicou que oito tinham grandes unidades geográficas que destruíram a sua valia, depois dos seus custos de financiamento serem tomados em conta. Tais problemas ainda persistem. A Toyota, por exemplo, parece ser a única concorrente importante no sector automobilístico, altamente globalizada, que conseguiu aumentar a participação de mercado significativa no Japão, América do Norte, Europa e nas principais economias emergentes, ainda que seja altamente rentável. A maioria das grandes fabricantes de automóveis, em contrapartida, seria melhor servida seguindo o exemplo da General Motors (GM), proprietária das marcas Vauxhall e Opel, e da francesa PSA Group, fabricante dos carros Peugeot, Citroen e DS, que tinham uma série de iniciativas estratégicas com o objectivo de aumentar a rentabilidade e a eficiência operacional, incluindo uma potencial aquisição da Opel, cuja operação europeia era deficitária. A PSA Group discutia então a compra das operações europeias da GM, tornando-se a segunda maior da região e permitindo que a GM se concentrasse na América do Norte e na China. Os dados recentes sobre empresas classificadas entre as cem melhores com a maioria dos activos localizados fora dos seus países de origem revelam uma história semelhante. Enquanto essas empresas tendem a operar em dezenas de países, os seus quatro principais mercados, incluindo o mercado doméstico, representam cerca de 60 por cento das suas receitas e provavelmente uma fatia maior de lucros totais, e apenas uma percentagem de um dígito da “Fortune Global 500” que representa as maiores empresas do mundo por receitas, ganham pelo menos 20 por cento das mesmas em cada uma das regiões da tríade da América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico. Ao classificar os mercados para se concentrar, é importante notar que a lei da distância se aplica ao investimento directo estrangeiro, bem como ao comércio. Embora o IDE seja menos sensível à distância geográfica do que o comércio é de estimar que o efeito de uma linguagem comum e uma ligação colonizado – colonizador e o IDE, seja mais sensível às diferenças no rendimento per capita. Assim, como as empresas pesam as suas opções, devem procurar oportunidades onde possam encontrar afinidades culturais, administrativas, políticas, geográficas e económicas. Tal ressoa ainda mais fortemente, pois é de recordar que as relações com os países se tornaram ainda mais importantes durante a década de 1930. À medida que o ambiente político muda, os líderes empresariais precisam de manter um olhar cuidadoso sobre como os seus países de origem estão a realinhar os seus laços internacionais e a engajarem-se na sua diplomacia corporativa. É de lembrar também de que operar apenas domesticamente é uma opção. Apenas cerca de 0,1 por cento das empresas mundiais são multinacionais, ainda que a multinacionalização seja altamente distorcida em relação às empresas maiores, isso enfatiza grandemente o seu impacto global. (As suas filiais estrangeiras geram 10 por cento do PIB global, e as multinacionais representam mais de 50 por cento do comércio mundial). Para as empresas com base em grandes economias emergentes, concentrando-se no mercado interno, onde gozam de vantagem doméstica e bem-sucedido crescimento, pode ser uma proposta particularmente atraente. Os líderes empresariais devem resistir à ideia de que uma empresa global deve competir em todos os mercados.
Paul Chan Wai Chi Um Grito no Deserto VozesO ano do cão danado [dropcap]O[/dropcap] novo ano chinês, que começou em Fevereiro, está sob a influência do signo do Cão. Sou cristão e, como tal, não me interesso minimamente por previsões astrológicas. Mas, se atentarmos nos diversos incidentes ocorridos recentemente, podemos facilmente adivinhar que este vai ser um ano turbulento. Em primeiro lugar, o mercado bolsista sofreu uma depressão a nível global em Fevereiro, provocando uma queda no Índex Hang Seng de Hong Kong superior a 3000 pontos. Este desaire foi seguido de uma tragédia. Um acidente com um autocarro provocou 19 vítimas mortais. Em Macau, o Comissariado contra a Corrupção emitiu o relatório da investigação sobre o projecto de construção num terreno situado no Alto de Coloane, onde se refere a possibilidade de ter havido administração imprópria ou, mesmo, ilegalidade respeitante à concessão do terreno. O relatório foi entregue ao Ministério Público, enquanto o público aguarda por mais notícias relativas ao desenrolar do processo. Só uma investigação mais aprofundada poderá revelar a verdade e libertar as pessoas da suspeita de conluio entre representantes do Governo e empresários com interesses na concessão do terreno. Acredito em Deus, creio que a verdade não teme o confronto e estou confiante que o mal nunca prevalece sobre o bem. E também acredito em relações profundas. A corrida às acções e a especulação estabeleceram preços recorde dos títulos a nível mundial. Mas os analistas de mercado não contaram às pessoas toda a verdade e limitaram-se a encorajar os pequenos investidores a apostar na bolsa, provocando-lhes enormes prejuízos. Mas voltando ao acidente em Hong Kong, é absolutamente ridículo verificar que algumas pessoas atribuem as culpas ao movimento “Occupy Central”. Se prestarmos atenção às notícias, compreendemos que esta tragédia não pode ser dissociada da exploração dos trabalhadores numa sociedade capitalista. Os motoristas são tratados com muito pouco respeito. Os requisitos para exercer a profissão não apresentam qualquer exigência. A transportadora só se preocupa com o lucro e negligencia as possíveis consequências de um serviço de má qualidade. Era só uma questão de tempo até acontecer uma fatalidade. Quanto ao projecto de construção no Alto de Coloane, cheguei a encarregar-me da inquirição deste caso quando fui deputado na Assembleia de Legislativa. Nessa altura, os representantes do Governo indiciados alegaram que os documentos da concessão do terreno estavam escritos em português e recusaram-se a responder às minhas perguntas. Durante os últimos anos, muitas pessoas tentaram aprofundar este caso. Acredito que se acabará por provar que as dúvidas que sempre alimentei sobre este assunto tinham razão de ser. Não há fumo sem fogo, mas o preço tem de ser pago por quem ateia o incêndio e não pelos inocentes. 2018 poderá ser o ano em que os “vilões” de Hong Kong e de Macau virão a revelar a sua verdadeira natureza. Nos últimos anos, soube-se que funcionários superiores da China continental foram castigados por corrupção. É uma consequência do alastramento deste problema nos tempos que correm. Sob a liderança do Presidente Xi, desenvolveu-se uma luta cerrada à corrupção e os resultados são promissores. Acredito que após a conclusão dos congressos do CNP e da CCPPC, que terão lugar em Março, e que serão marcados por algumas mudanças individuais, o Governo central terá mais disponibilidade para prestar atenção aos assuntos de Hong Kong e de Macau. Enquanto melhor amigo do Homem, a principal tarefa do cão é guardar o dono e os seus bens. Um cão que abana a cauda a qualquer estranho pode ser muito simpático, mas não convém ao seu dono. Macau precisa de mais do que um cão feroz para defender os interesses do seu povo e impedir que seja roubado pelos corruptos. Quer se trate do Comissariado contra a Corrupção, a comunicação social ou o público em geral, todos têm de cumprir o seu papel e guardar Macau das investidas malignas. No ano do cão, espero que trilhemos a senda do combate à corrupção e lutemos pela manutenção da paz. 2018 poderá ser o ano em que os “vilões” de Hong Kong e de Macau virão a revelar a sua verdadeira natureza.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | Pagamentos digitais superam os dez biliões de euros em dez meses [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s pagamentos feitos via carteiras digitais na China atingiram os 10,40 biliões de euros, entre Janeiro e Outubro de 2017, ilustrando a rápida extinção do dinheiro vivo no país. O montante gasto em pagamentos móveis, nos primeiros dez meses de 2017, superou o conjunto de 2016, que se fixou em cerca de 4,4 biliões de euros, segundo o ministério da Indústria e Tecnologia de Informação. Para pagar a luz e água, a conta no restaurante ou as compras do supermercado na China é possível recorrer apenas a carteiras digitais. Em Pequim, vários mendigos aderiram já à inovação tecnológica e têm consigo um código QR impresso para transferência directa de doações para as respectivas contas, em aplicativos como o Wechat ou Alipay. Lançado em Janeiro de 2011, pelo gigante chinês da Internet Tencent, o Wechat tem actualmente quase mil milhões de utilizadores, segundo dados da empresa, e funciona simultaneamente como serviço de mensagens instantâneas e carteira digital. O Alipay, outra importante carteira digital na China, pertence ao gigante chinês de comércio eletrónico Alibaba.
João Santos Filipe DesportoLiga de Elite | Únicas equipas invictas defrontam-se amanhã A 5.ª jornada da Liga de Elite coloca frente-a-frente Benfica de Macau e Ching Fung no Sábado à tarde. As duas equipas ocupam o topo da classificação e ainda não sofreram derrotas nesta temporada [dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]enfica de Macau e Ching Fung, as únicas duas equipas da Liga de Elite que ainda não sofreram qualquer derrota, têm encontro marcado para amanhã, no Estádio de Macau, pelas 18h30. Numa semana em que ficaram a conhecer os adversários da Taça AFC, as águias vão ter pela frente a melhor defesa do campeonato, a par de Sporting de Macau e Ka I. No entanto, o Benfica de Macau tem de ser considerado o favorito para a partida, depois de ter somado quatro vitórias em outros tantos jogos. A equipa orientada por Bernardo Tavares deu mesmo uma prova de força, ao golear por 4-1 o Chao Pak Kei, o outro candidato ao título. Por sua vez, a equipa do Ching Fung, de João Rosa, conta com duas vitórias e dois empates, até ao momento, apesar de ter tido um início de campeonato teoricamente complicado. O Ching Fung bateu Sporting de Macau, por 1-0 e o Lai Chi por 6-1, e empatou com Ka I, 0-0, e C.P.K., por 1-1. Uma vitória, amanhã, relança a Liga de Elite, numa altura em que o Benfica lidera a classificação com 12 pontos, seguido por Ching Fung, com 8 pontos. Lutar pelo terceiro lugar Apesar do principal jogo da jornada só ter lugar no Sábado, as emoções do futebol local arrancam esta noite. No Estádio de Macau, pelas 21h00, Polícia e Ka I procuram somar os três pontos. Neste momento, os canarinhos ocupam o 4.º lugar da liga com 7 pontos, em igualdade pontual com os rivais Sporting de Macau e Chao Pak Kei. Uma vitória diante da Polícia é encarada como a forma de não deixar fugir o comboio da frente e, ao mesmo tempo, tentar abrir uma distância para os rivais. Já os agentes da PSP vão querem aproveitar todas as oportunidades para somarem pontos e conseguirem fazer uma temporada descansada, longe dos lugares de despromoção para a segunda divisão. Voltando novamente ao Sábado, às 21h00, está também agendado o encontro entre Sporting e o recém-promovido Hang Sai. Os leões apresentam-se com confiança redobrada, após terem goleado a Polícia por 5-0. Por sua vez, o HS vai tentar colocar um fim à série de três jogos sem ganhar. Finalmente, no Domingo, o C.P.K. tem pela frente os Serviços de Alfândega, tendo uma oportunidade de ouro para voltar às vitórias. Após ter goleado nas primeiras jornadas, o Chao Pak Kei está numa série de dois encontros sem vencer, após ter sido goleado pelo Benfica e ter empatado com o Ching Fung. A partida tem lugar às 19h00. Mais tarde, quando forem 21h00, Monte Carlo e Lai Chi defrontam-se, naquele que é o último encontro da jornada.
António de Castro Caeiro h | Artes, Letras e IdeiasAo domingo, ao fim da manhã [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]iver com ruínas humanas afastam-nos de pessoas cheias de futuro, mesmo que saibamos o que a vida é. Mais tarde ou mais cedo, ninguém terá futuro. Os sítios que revisitamos tanto em recordação, imaginação ou na realidade são “vistos” através de um ecrã. Há camadas. A da realidade ou como julgamos sem suspeita foi a realidade do lugar e do nosso estar por lá. A do sentido que dá a compreender que foi e não é já. Mas a significação compara sempre, de forma imediata ainda que oculta, a realidade pura com a realidade simbólica. O que chamamos realidade é um horizonte completamente esfolado de todos os sentidos subjectivos, privados, únicos, resultantes da vida que acontece a cada pessoa. Se habitássemos sem cessar no cosmos projectado pela inteligibilidade astronómica, não era por muito tempo. Ainda assim, também a realidade depurada de toda a subjectividade não é tão reduzida que não ache estranheza à entidade que é o mundo e a nossa vida metida dentro da ciência. Acreditar que a ciência é última realidade é uma superstição. Não que se saiba qual é verdadeiramente “a” realidade, e por comparação se pudesse dizer que a realidade do mundo astrofísico não é a realidade. O que sucede é que se cada pessoa vivesse no mundo com entidades científicas, estranharia, depois de se ter espantado por ter acordado nele. Acabando por chegar à beira da loucura. Agora, pode pensar-se, então, que a realidade, contrariamente à tese objectiva, materialista, reducionista, descascada de toda a subjectividade, resulta de uma projecção subjectiva, privada, idiossincrática. Que há tantas realidades quantas as pessoas, que há tantos mundos quantas as pessoas que neles vivem, do mesmo modo que há tantas vidas para além da vida conforme as pessoas que as delimitam pelas suas próprias configurações. Vivemos com a crença de que estamos metidos no meio da mesma realidade e que todos vemos exactamente o que os outros vêm. Sem dúvida, há pessoas que vêm o que outros não vêm, mas, no fundo e na essência de cada percepção, todos temos um mundo em nosso redor que é o mesmo. E, contudo, o mundo em nosso redor é sempre parte tanto do mundo em si, vasto, extenso, infinito, quanto faz parte do “nosso pequeno mundo”, no limite do meu mundo interior. Um local onde estejamos, sei cá, numa esplanada a tomar o que for, a ver pessoas estarem ou passarem, a ler um livro, a ouvir música, a ver o Tejo confundir-se com o Atlântico,— pensamos que cada pessoa tem o seu conteúdo específico que a ocupa, mas, no fundo, todas estão grosso modo naquele sítio, aí. Ora o que distingue os diferentes aspectos de uma esplanada para as pessoas que lá se encontram a dada altura ou para cada uma delas de cada vez que lá vai não é apenas o sítio em que estão sentadas, nem a hora do dia, nem o tempo que lá estão. Todos os outros que lá se encontram são conteúdos objectivos para mim e escapam mentalmente ao que sei deles. Também eu sou um conteúdo objectivo, mesmo até só como quem faz parte da lotação do local. Todos somos reduzidos a uma anatomia, ao sítio onde estamos sentados, pelo menos. Mas aquele tempo específico das nossas vidas não é o domingo de manhã. Cada domingo é diferente, como sabemos. Mas o que constitui a sua diferença é o estádio da vida em que cada um se encontra. Os domingos que eu tenho para viver são muito menos dos que eu vivi. Mesmo que a “esperança de vida” seja apenas reguladora, os domingos dos últimos quatro anos da vida de alguém são diferentes dos domingos da infância e da juventude, até mesmo para criaturas com vidas ceifadas cedo de mais. E há o estado de espírito específico da pessoa nesse momento da sua vida, e o modo de saber estar numa esplanada, de se alhear de si ou de estar ensimesmada com os seus pensamentos mortais de tédio e angústia. Não sabemos, contudo, nenhuma dessas determinações: quantos domingos temos, quantas vezes nos sentaremos num local, qual é o estado de espírito dos outros, definido pelas suas vidas pessoais naquele preciso instante, como fazem a experiência do fim da manhã de domingo num sítio. As determinações subjectivas são mais objectivas do que o Tejo ir fundir-se com o Atlântico, como é bela a rapariga que está sentada lá ao fundo, com a cabeça mergulhada na sua leitura, como são irritantes as crianças que guincham, como a manhã vai chegar ao fim, como é hora e ir almoçar com a minha mãe.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasOs derradeiros momentos de Pessanha [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m Macau os relógios eléctricos estão parados desde 27 de Fevereiro devido à necessidade de proceder à limpeza dos instrumentos, quando, às 8 horas da manhã de 1 de Março de 1926 o autor da Clepsidra, Dr. Camilo de Almeida Pessanha faleceu na sua casa situada no número 75 da Rua da Praia Grande. A poucos metros de distância, nesse dia ia ser inaugurado o novo edifício do Banco Nacional Ultramarino, na Avenida Almeida Ribeiro, fazendo o edifício esquina com a Rua da Praia Grande. Professor liceal, distinto advogado e admirável poeta, o Dr. Camilo de Almeida Pessanha residira em Macau durante aproximadamente 25 anos, tendo feito quatro viagens a Portugal, algumas por motivos de doença. Se o normal era em Macau se quedar entre oito a dez meses, já na penúltima, a temporada foi mais longa, acima dos cinco anos. Nascera em Coimbra a 7 de Setembro de 1867 e chegara a Macau na primeira vez em 10 de Abril de 1894, sendo a última a 21 de Maio de 1916, de onde não mais saiu. Viera como professor de Filosofia para o Liceu que iria ser inaugurado e como bacharel, muitos outros cargos aqui desempenhou, como refere sintetizando-os Beatriz Basto da Silva: “Camilo Pessanha veio a ser Conservador da Comarca (posse a 23 de Junho de 1900), Juiz Substituto do Tribunal Judicial (1904), Conservador servindo de Juiz e Presidente do Tribunal do Comércio (1911), Conservador do Registo Predial (1913), 1.º Substituto do Juiz de Direito da Comarca (1919), Auditor do Tribunal Militar, Professor do 4.º Grupo, efectivo no Liceu Central, sendo ali nomeado com Manuel da Silva Mendes como Director de Classe (1919). Foi ainda Juiz do Tribunal Privativo dos Chinas, como substituto (1919); juntamente com Fernando de Lara Reis e por desistência de Humberto Severino de Avelar, foi eleito Vogal do Conselho Administrativo do Liceu Central e, em 1920, Director da área de Geografia no mesmo Liceu, para onde foi nomeado Reitor Interino em 1925. Foi substituto do Juiz de Direito da Comarca (1920).” Nos últimos tempos de existência, Camilo Pessanha fora nomeado por despacho de 17 de Setembro de 1924 para exercer o cargo de Director das classes 3.ª, 6.ª e 7.ª (letras) do Liceu Central de Macau e como Reitor a 15 de Julho de 1925. No dia seguinte saiu a sua nomeação como director da quarta e sétima classes do Liceu para o próximo ano lectivo. Em 11 de Agosto de 1925 requereu como professor efectivo do quarto grupo do liceu que lhe fosse aumentado o vencimento de categoria por diuturnidade de serviço a contar de 16 de Julho de 1924, nos termos do disposto no artigo 217 do Regulamento da Instrução Secundária de 18 de Junho de 1921. Segundo Daniel Pires, a 4 de Setembro de 1925 Camilo Pessanha pede a exoneração do cargo de Reitor e a partir de 28 desse mês, está de licença por motivos de doença. A 10 de Fevereiro de 1926 solicitava como professor do 4.º grupo do Liceu Central uma licença de trinta dias, que ainda não tivera despacho quando faleceu. Os últimos desejos “Há longo tempo que a doença lhe vinha minando o corpo deixando-lhe, todavia, em plena vitalidade aquela sua prodigiosa inteligência que todos lhe reconheciam e que até aos seus últimos momentos de existência na vida o não abandonou. Espírito altamente filosófico e amplamente liberal, alma aberta a todas as dores e infortúnios, encarava a vida desprendidamente, sem os preconceitos vãos e mentirosos que por aí pululam a contaminar tudo e todos. Alma sempre propensa ao Bem, praticava-o sem ostentação, gozando o prazer da sua consciência satisfeita – e por isso lhe bastava – ao saber que a sua benéfica acção, singelamente praticada, ia concorrer para a debelação de uma angústia ou de um infortúnio”, como escreve o jornal O Combate a 4 de Março de 1926, que finaliza dizendo, “Advogado de rara envergadura, perdeu o foro um dos seus mais inteligentes ornamentos; professor distintíssimo, perderam os seus alunos um bom, devotado e carinhoso mestre; e maçon por convicção, sofreu a Maçonaria e os ideais de liberdade que defende, e sofremos todos nós, a perda de um dedicado irmão e fervoroso defensor dos humildes e desprotegidos”. “Os últimos momentos passou-os falando do enterro. Não queria ser transportado no carro funerário de Macau: embirrava com essa carripana. Desejava ser conduzido num armão de artilharia e por soldados, o que dizia, talvez não fosse difícil de conseguir visto ter sido frequentemente auditor no Tribunal Militar de Macau. Pobre Camilo Pessanha, bem fácil foi dar satisfação ao seu desejo! E sobre dois pequenos armões, de peças japonesas, assim se efectuou a última jornada de um dos mais curiosos espíritos, de um dos maiores e mais preciosos poetas portugueses”, segundo refere A. de Albuquerque. Já João Gaspar Simões complementa, “Certo de que teria um enterro oficial, professor do liceu que fora e seu reitor, juiz de Direito, advogado no foro local, prestigioso sinólogo e habituado a assistir ao saimento pomposo das outras personalidades locais, quis precaver-se pelo menos contra um dos números obrigatórios do programa. Eis porque, depois de consignar no testamento que pretendia que o seu enterro fosse o menos dispendioso e aparatoso possível, exige que não seja acompanhado de música. Porquê tal recomendação? Porque fazia parte de todos os funerais solenes de Macau a banda dos alunos do colégio católico da província. Ora o poeta, fina sensibilidade musical, preferia o silêncio ao fungagá dos metais soprados pelos meninos chinas. Obrigado a ouvir ainda, nessa pátria ideal onde o melhor enfim é não ouvir nem ver, os discursos oficiais, pelo menos não ouviu a desafinação agressiva da charanga implacável”. O Padre António Maria de Morais Sarmento assistiu ao último sopro de vida de Camilo Pessanha, que antes de finar pronunciou calmamente “está tudo a acabar… tudo podridão… tudo matéria…”, e referiu mais tarde, “tê-lo encontrado num estado de espírito que jamais verificara em qualquer moribundo.”
Hoje Macau EventosAnoushka Shankar, intérprete: “A música pode fazer a diferença na defesa de causas” A estrela do sitar Anoushka Shankar cresceu entre duas tradições culturais e concepções distintas. Catapultada ainda muito nova para um lugar de destaque no âmbito das músicas do mundo, depressa descobriu uma singularidade que funde as mais profundas raízes da música indiana com sons contemporâneos do ocidente. A poucas semanas do concerto da filha de Ravi Shankar em Macau, já no próximo dia 20 de Março, recolhemos algumas impressões breves da artista [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] que a atrai mais no sitar? Vê-o como uma escolha que fez muito nova ou foi sobretudo uma decisão do seu pai? O sitar faz parte da minha vida desde as minhas memórias mais remotas, sempre adorei o seu som e claro que cresci a ir aos concertos do meu pai e a vê-lo com os seus estudantes a tocar em casa. Foi decididamente uma escolha minha mas, como disse, é algo que sempre esteve perto de mim desde o início, por isso influenciou a minha escolha. Para além da música tradicional indiana, podemos saber que tipo de música ou músicos a influenciaram ou ainda a influenciam? A música que faço reflecte aquilo que sou enquanto pessoa e o tipo de influências multiculturais que tive enquanto crescia, e que passou por ter trabalhado com uma diversidade de géneros incluindo música indiana clássica, jazz, electrónica e muitas outras. O conceito de “Land of Gold” é bastante diferente dos seus trabalhos. Podemos saber algo mais sobre a ideia por detrás deste projecto? As sementes de “Land of Gold” tiveram origem no contexto de uma crise humanitária de refugiados. Coincidiu com uma altura em tinha acabado de ter o meu segundo filho. Fiquei profundamente perturbada pelo intenso contraste entre a minha capacidade de proteger o meu bebé, e a situação de outros que lutavam desesperadamente para poder dar a mesma segurança às suas crianças mas sem sucesso. Foi uma comparação perturbante que me ficou na mente, alimentada por um crescente sentimento de revolta, que a deslocação maciça de uma maré vulnerável de pessoas tenha sido causada por decisões de política externa e actos de guerra isolados. É trágico pensar que vivemos num mundo onde a nossa capacidade de oferecer abrigo aos que são desterrados por circunstâncias violentas para além do seu controlo seja determinada por fronteiras geográficas. Acredita mesmo que a música pode mesmo fazer a diferença quando se trata de defender causas? Penso que a música pode fazer a diferença na defesa de causas, por vezes a diferença pode ser literal, por exemplo no caso de um enorme concerto de beneficência que consiga uma troca directa providenciando ajuda a quem necessite. Por vezes a diferença é mais subtil, pode ser em forma de sentimento, emoção ou empatia no espectador, que o leve a fazer algo de forma diferente. De qualquer forma vale a pena tentar. A combinação de diferentes instrumentos no seu concerto “ Land of Gold” é bastante diferente do que aconteceu em concertos anteriores. Existe alguma razão especial por detrás desta escolha de músicos e instrumentos? O desenho do som instrumental do álbum aconteceu logo no início da concepção de “Land of Gold”. O Manu Delago juntou-se logo de início como co-escritor e colaborador, por isso soube que estaríamos a trabalhar com o sitar e o hang com imensos sons de percussão muito específicos. Para abordar esse ponto eu escolhi de forma deliberada o shehnai enquanto instrumento indiano de sopro muito evocativo e depois acabei por sentir que era importante ter um instrumento de cordas para que me desse uma base de sustentação a todos os outros instrumentos. Enquanto quarteto, este som torna-se muito internacional, evocando muitas emoções e sentimentos no ouvinte. Reconhece-se como herdeira exclusiva do legado musical de Ravi Shankar? Não me parece que exista essa figura de herdeiro de um legado musical. Se olharmos para a carreira do meu pai, o ensino era muito importante para ele. Ele teve muitas dezenas de alunos ao longo da sua carreira musical. Por isso, se existe um legado musical é o mesmo que eu partilho com todos os seus discípulos. Os seus concertos são recebidos de forma semelhante pelo público em todo o mundo? O que espera do público em Macau? Sinto-me muito afortunada por ter uma resposta positiva do público em todo o mundo. Toquei praticamente em todos os continentes, sinto que tenho muita sorte em poder fazê-lo. Claro que há ligeiras variações culturais na forma como as pessoas respondem aos concertos. Por exemplo, em alguns países o público aplaude mais do que noutros. Mas quando sabemos dessas diferenças fica mais fácil perceber como as pessoas nos recebem. Não tenho expectativas especiais relativamente a Macau, espero apenas que apreciem a minha música.
Hoje Macau China / ÁsiaTransportes | Cientistas desenham avião capaz de ligar China e Estados Unidos em duas horas [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma equipa de cientistas chineses desenhou um avião ultrarrápido, capaz de voar entre Pequim e Nova Iorque em duas horas e transportar dezenas de pessoas e toneladas de carregamento, informou um jornal de Hong Kong. “Levará apenas um par de horas a viajar entre Pequim e Nova Iorque a uma velocidade hipersónica”, afirmou Cui Kai, líder da equipa da Academia Chinesa de Ciências que desenvolveu o protótipo, num artigo reproduzido pelo South China Morning Post. O avião tem capacidade para se deslocar à vestiginosa velocidade de 6.000 quilómetros por hora. Um avião de passageiros demora actualmente 14 horas a percorrer os 11.000 quilómetros que separam Pequim e Nova Iorque. Baptizado de I-plane, o avião é um modelo biplano, semelhante aos utilizados durante a Primeira Guerra Mundial, de forma a transportar mais carga do que outros veículos hipersónicos, que têm um formato aerodinâmico e asas em delta. A equipa de cientistas testou com sucesso uma versão reduzida do avião, num túnel de vento que foi também utilizado para testar os últimos protótipos de armas hipersónicas da China. Durante o teste, o avião foi lançado a uma velocidade quase sete vezes superior à do som, ou seja, 1.235 quilómetros por hora. Resposta à Boeing Países como a China e Estados Unidos estão a desenvolver armas e veículos hipersónicos, capazes de ultrapassar sistemas antimísseis. Ainda não existem, no entanto, veículos hipersónicos capazes de transportar passageiros, sendo que este avanço científico pode ser revolucionário no transporte aéreo. No mês passado, a empresa norte-americana Boeing relevou detalhes de uma aeronave experimental que ainda se encontra em desenvolvimento e que, segundo a publicação Aviation Week, será capaz de voar a uma velocidade cinco vezes superior à velocidade do som, ou seja, 6125 quilómetros por hora. Para efeito de comparação, a velocidade de vôo de um Boeing 737 é de cerca de 830 quilómetros por hora. Viajando a essa velocidade, a aeronave da construtora norte-americana experimental seria capaz de ir do Brasil ao Japão em cerca de três horas, por exemplo. No entanto, o projecto da Boeing não é destinado à aviação comercial. De acordo com o Popular Mechanics, o avião seria uma aeronave de “ataque e reconhecimento”, construída para fins militares.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaEnergia | Tesla expande rede de recarga para carros eléctricos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fabricante norte-americano de carros eléctricos Tesla revelou ontem o projecto de expansão da rede de carregamento na China, um mercado estratégico para a marca. A rede de recarga cobre actualmente a maioria das cidades no Delta do Rio Yangtze, o Delta do Rio das Pérolas, a região Pequim-Tianjin-Hebei e a área de Chengdu-Chongqing, segundo a filial Tesla China. O número de supercarregador da Tesla excedeu um milhar de unidades. Com um supercarregador, um veículo da empresa pode ser completamente recarregado dentro de uma hora. A empresa também estabeleceu mais de dois mil carregadores regulares em várias cidades e destinos turísticos em todo o país. A Tesla também construiu as três maiores estações de carregamento do mundo na China, que podem carregar 50 carros ao mesmo tempo. A empresa fundada por Elon Musk tem agora mais de 30 lojas e mais de 50 centros de pós-venda na segunda maior economia mundial. No ano passado, a Tesla tomou a decisão de entregar versões levemente modificadas dos carros Model S e Model X no mercado chinês, para atender aos padrões para carregadores chineses. A acção deu aos clientes da Tesla mais opções de carregamento além da própria rede de carregamento da Tesla.
Hoje Macau China / ÁsiaEconomia | Xi Jinping escolhe Liu He como homem das finanças chinesas Liu He é o homem designado por Xi Jinping para resolver os principais problemas da segunda maior economia mundial. Entre a hostilidade financeira de Washington e os desafios domésticos, o economista que representou a China em Davos terá muito que fazer [dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]rande parte da gestão económica chinesa poderá estar nas mãos de Liu He, tal é a confiança que Pequim tem no economista formado em Harvard. Depois de ter sido uma das estrelas do Fórum Económico Mundial, reunido no mês passado em Davos, Liu He apresentou-se como o principal conselheiro económico chinês e traçou no seu discurso o programa económico para os próximos cinco anos. A prestação na Suiça vincou a sua posição como um dos 25 mais poderosos membros do Politburo. Prevê-se que o natural de Pequim seja nomeado no próximo mês como um dos quatro vice-Primeiros-Ministros a trabalhar debaixo de Li Keqiang. A subida vertiginosa na hierarquia do Partido Comunista Chinês acontece aos 66 anos para o economista que se formou na prestigiada Universidade de Harvard e espera-se que se torne um dos mais poderosos vice-ministros das últimas duas décadas. De acordo com analistas, Xi Jinping poderá mesmo delegar alguns dos maiores desafios económicos na equipa liderada por Liu, “ultrapassando as competências do Primeiro-Ministro”, refere Steve Tsang, director da SOAS China Institute de Londres ao South China Morning Post. O analista prevê mesmo que o economista não avance com nenhuma reforma económica que desagrade a Xi Jinping. Tecnocratas ao poder Liu continuará a dirigir uma entidade que funciona como um conselho económico nacional em Pequim e deverá ficar à frente da Comissão de Desenvolvimento e Estabilidade Financeira, uma agência que ultrapassa os reguladores financeiros na supervisão dos riscos económicos. A equipa liderada por Liu He é composta por uma equipa de tecnocratas oriundos da banca e sistema financeiro chinês, incluindo alguns nomeados no banco central nacional, assim como players nos mercados de valores e na indústria de seguros. Entre os maiores desafios económicos da equipa de Liu está o avassalador crescimento económico, que em média se tem situado nos 9,8 por cento todos os trimestres desde Março de 1992, e que fez crescer a economia chinesa até se tornar a segunda maior do mundo. Ultimamente, este grau de crescimento tem abrandado para 7,2 por cento nos últimos cinco anos. Uma situação que o Governo categorizou como “a nova normalidade”.
Diana do Mar SociedadeJogo | IAS registou 157 casos de dependência em 2017 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s pedidos de ajuda recebidos pelo Instituto de Acção Social (IAS) devido à dependência do jogo subiram ligeiramente para 157 no ano passado. O número facultado pelo IAS ao HM resulta do denominado sistema de registo central dos indivíduos afectados pelo distúrbio do vício do jogo. A informação vem referida no relatório anual, que junta dados estatísticos sobre quem procura ajuda devido a problemas relacionados com o jogo. O documento, que se encontra actualmente em elaboração, procura compreender os hábitos e comportamentos de quem é afligido pelo vício. Em 2016, foram contabilizados, através do sistema central, 141 casos – menos seis do que no ano imediatamente anterior. Sete em cada dez pedidos de apoio foram feitos por homens. A maior parte tinha entre 30 e 39 anos, de acordo com o documento publicado pelo IAS. Mais de 10 por cento dos indivíduos que estavam empregados trabalhavam como ‘croupier’. Resolver dificuldades financeiras figura como a principal razão para jogarem, segundo o relatório do IAS. Segundo os resultados do inquérito, encomendado no Verão passado pelo IAS à Universidade de Macau para tirar o pulso à consciencialização sobre a prática de jogo responsável, em termos genéricos houve melhorias no ano passado. De acordo com o documento, recentemente publicado, antes do lançamento das actividades de promoção do jogo responsável, em 2009, os residentes com consciência dos problemas resultantes do jogo correspondia a 16,2 por cento. Em 2017, passou a ser 63,7 por cento. “Globalmente, apurámos que a taxa de consciencialização cresceu significativamente entre 2009 e 2012. Contudo, desde 2013 a taxa de crescimento começou a abrandar”. A título de exemplo, os inquiridos estavam, em geral, informados sobre a existência de, pelo menos, um dos nove centros de tratamento de problemas de jogo, sendo que quase sete em cada dez conheciam a linha aberta para aconselhamento que funciona durante 24 horas. O inquérito foi realizado junto de uma amostra de 1.040 residentes com idade igual ou superior a 18 anos – 483 homens e 557 mulheres – através da utilização do método de amostragem aleatória e da realização de entrevistas por telefone.
Hoje Macau SociedadeAno novo | 46 toneladas de lixo produzidas em três dias Este ano, o máximo da recolha do lixo de grande dimensão no Ano Novo Lunar foi atingido três dias antes da entrada no Ano do Cão. De acordo com a Rádio Macau, foram recolhidas 46 toneladas de mobílias velhas, equipamentos e de objectos de grande volume na passada terça-feira, 13 de Fevereiro, disse o o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais à mesma fonte. A população de Macau continuou fiel à tradição de limpar a casa antes da entrada no Ano Novo Lunar, tendo o volume recolhido começado a diminuir gradualmente à medida que se aproximava o Ano do Cão. A 15 de Fevereiro foram recolhidas 31 toneladas de entulho, um valor considerado dentro da média de um dia normal, que é de cerca de 30 toneladas. Em 2017, uma média diária de 48 toneladas de mobílias e equipamentos domésticos foi recolhida em Macau nas duas semanas que antecederam a entrada no Ano do Galo, num total de 672 toneladas. Já no que diz respeito ao lixo doméstico comum, o maior volume recolhido este ano foi no último dia do Ano do Galo, na passada quinta-feira, no total de 934 toneladas. Num dia considerado normal são recolhidas 800 toneladas. A 9 de Fevereiro, uma semana antes do início do novo Ano Lunar, o lixo doméstico atingiu 820 toneladas. No primeiro dia do Ano do Cão, na passada sexta-feira, 16 de Fevereiro, a soma destes resíduos não foi além das 544 toneladas, bastante menos do que o habitual.
João Santos Filipe Manchete SociedadeDSAMA | Susana Wong foi a um jantar de 11.900 patacas pago por privados A directora foi uma das cinco responsáveis da DSAMA presentes numa refeição paga pelo empresa de transporte Cotai Chu Kong, que custou 11.900 patacas, ou seja, um valor superior a 2 mil patacas por cabeça [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] empresa de serviços de navegação Cotai Chu Kong ofereceu uma refeição no valor de 11.900 patacas a cinco responsáveis da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), entre os quais estava a directora Susana Wong. A informação foi revelada, ontem, durante a sessão do julgamento do ex-chefe do Departamento de Apoio Técnico Marítimo da Capitania dos Portos, Ip Va Hong, que é acusado da prática de um crime de corrupção passiva e outro de abuso de poder. A factura do jantar foi mencionada pela defesa para refutar a tese do Ministério Público. Segundo a acusação, uma das contrapartidas oferecidas a Ip Va Hung pelo alegado corruptor foi um jantar no valor de 1.500 patacas. Nessa ocasião estiveram à mesa três pessoas, pelo que a oferta tem um valor de 500 patacas por pessoa, contando com o corruptor, que representava a empresa Cotai Chu Kong. A factura de 1.500 acabaria, mais tarde, por ser coberta pela empresa de serviços de navegação. Confrontado com o facto da factura de 1.500 patacas constar na acusação, mas a factura de 11.900 ter ficado de fora do processo, o agente do CCAC, com o apelido Lam, não conseguiu apresentar uma justificação: “É uma questão que tem de ser colocada ao agente responsável por essa parte da investigação”, respondeu. Na refeição de 11.900 patacas esteve igualmente presente entre os responsáveis da DSAMA o próprio arguido no processo Ip Va Hung. No jantarda, longe dos lugares d o agente do CCAC, com o apelido Lam, ns de naveç o corruptor.Ching Fung.da, longe dos lugares dNa O HM contactou a DSAMA, fora do horário de expediente, para obter uma reacção à factura em questão e aos procedimentos adoptados pelos funcionários nestas situações, mas até ao fecho da edição não tinha recebido uma resposta. Bilhetes de Ferry Segundo a acusação, Ip Va Hong terá recebido benefícios, num valor avaliado em cerca de 10 mil patacas, para agilizar procedimentos e burocracias relacionadas com a empresa Cotai Chu Kong. Os pagamentos, como o jantar em questão, a oferta de bilhetes de ferry em sete ocasiões, ou pagamento de despesas relacionadas com inspecção de uma viatura com matrícula dupla ou estadias no hotel Grand Lapa, terão sido efectuados por Li Mianxiong, funcionário da Cotai Chu Kong. Li é o segundo arguido do processo e está acusado de um crime de corrupção activa, encontrando-se em paradeiro incerto. É por esta razão que o segundo arguido está a ser julgado revelia. A Cotai Chu Kong é uma operadora local de embarcações, com ligações à Sands, que, pelo menos desde 2013, tem feito contratos sucessivos com o Governo para a prestação do serviços de transporte de passageio no Porto Exterior e no Terminal da Taipa. Segundo o último contrato, a Cotai Chu Kong comprometeu-se a pagar 6,07 milhões de patacas para o transportes de passageiros no Porto Exterior em 2017 e 2018. No entanto, Ricardo Gomes, um dos funcionários da DSAMA e antigo subordinado de Ip Va Hung, garantiu em tribunal que sempre teve orientações para tratar todas as companhias da mesma forma, e que os processos eram agilizados para todas as companhias de transportes, com o objectivo de garantir o normal funcionamento dos serviços. A mesma testemunha falou de uma cultura do pagamento de refeições por parte de todas as operadoras de transportes a funcionários da DSAMA, em alturas do Ano Novo Chinês. Lutas internas Também ontem ficou a saber-se que por volta de 2013 Ip Va Hung e o respectivo subchefe do Departamento de Apoio Técnico Marítimo da Capitania dos Portos começaram a desenvolver um relacionamento tenso. Segundo as testemunhas Ricardo Gomes e outro funcionário da DSAMA, de apelido Lou, o subdirector considerava que o seu superior transmitia informações negativas sobre o departamento para os colegas da DSAMA. Em relação à fuga das informações, o subdirector terá mesmo exigido aos funcionários que fizessem um juramento pela própria vida em como garantiam que não eram os responsáveis pelas fugas. O juramento foi exigido pelo subdirector, nas costas de Ip Va Hung: “Eu também fiz esse juramento”, confirmou Lou. O crime de corrupção passiva para acto ilícito é punível com uma pena de prisão de 1 a 8 anos. Já o crime de abuso de poder é punido com uma pena que vai até 3 anos de prisão.
Hoje Macau Manchete SociedadeBES | Saco Azul deu dinheiro a Salgado com recurso a offshore de Macau Uma investigação do jornal online português Observador revela que Ricardo Salgado, ex-presidente do antigo Banco Espírito Santo, recebeu directamente 16,3 milhões de euros através da ES Entreprises. A empresa transferiu essa quantia com recurso a quatro sociedades offshore, uma delas foi a Shu Tian Limitada, localizada em Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] revelação de detalhes das razões da queda do império Salgado e do Banco Espírito Santo (actual Novo Banco) não param de marcar a agenda. Desta vez há dados que estabelecem uma relação directa com Macau, uma vez que, segundo o jornal online português Observador, Ricardo Salgado terá recebido um total de 16,3 milhões de euros da ES Entreprises, empresa conhecida como o “Saco Azul” do Grupo Espírito Santo, que financiou muitas pessoas e instituições. O Observador revela que a ES Entreprises terá recorrido a quatro sociedades offshore para transferir dinheiro para várias pessoas, sendo que a offshore Shu Tian Limitada, localizada em Macau, foi um dos meios que serviu para transferir verbas directamente para a conta de Salgado. O jornal aponta que, de um total de 22 milhões de euros, o ex-patrão máximo do BES, também conhecido como “Dono Disto Tudo”, recebeu a maior fatia, ou seja, 16,3 milhões de euros, que foram “transferidos de forma direta e indirecta através da ES Enterprises para contas bancárias abertas na Suíça e em Singapura em nome de diversas sociedades offshore controladas pelo próprio líder do clã”. Um total de 20 membros da família Espírito Santo receberam, entre 2006 e 2012, os tais 22 milhões de euros. “Desde complementos salariais dos Espírito Santo que tinham cargos de administração e direção no BES, passando por transferências para membros da família que não trabalhavam no grupo — tudo foi pago a partir de contas bancárias na Suíça que foram alimentadas, em parte, com fluxos financeiros que resultaram da venda de títulos de dívida de sociedades do GES aos clientes do banco da família Espírito Santo”, escreve o Observador. Em Macau, o BES tinha presença através do BES Oriente (BESOR), entretanto transformado em Novo Banco Ásia, já vendido, em 75 por cento, ao Grupo Well Link por 183 milhões de euros. Hoje a entidade continua sediada em Macau, mas com um novo nome: Banco Well Link. Da Shu Tian Limitada não há informações públicas. 5,5 milhões do “Saco Azul” A offshore criada na RAEM consta na acusação do Ministério Público a Ricardo Salgado no âmbito da Operação Marquês. O Observador escreve que Salgado e a sua mulher chegaram a devolver dois milhões de euros à ES Enterprises a 31 de Outubro de 2012, e que seria, de acordo com Salgado, “o reembolso de metade dos quatro milhões de euros que lhe teriam sido emprestados a 21 de outubro de 2011”. Contudo, escreve o jornal, “na acusação da Operação Marquês é claro que esses dois milhões de euros, apesar de terem sido transferidos para a ES Enterprises a partir de uma conta que o casal Salgado tinha no Credit Suisse, acabaram por ser contabilizados como uma dívida que a sociedade tinha para com Salgado — e não o contrário”. “Tendo mesmo tal montante sido pago para uma sociedade controlada pelo arguido chamada Shu Tian, com registo em Macau”, lê-se no despacho de acusação da Operação Marquês, acrescenta o Observador. A Shu Tian Limitada terá recebido 5,5 milhões de euros do “Saco Azul” do GES, tratando-se de “três transferências que ocorreram no mês de Fevereiro de 2014”. “A primeira, no montante de 2,2 milhões de euros, verificou-se a 13 de Fevereiro de 2014, enquanto a segunda foi de apenas 865,59 euros. A última operação levou ao crédito da conta da Shu Tian a 28 de Fevereiro de 2014 de cerca de 4,5 milhões de dólares (cerca de 3,3 milhões de euros).” Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado, não quis dar mais explicações ao Observador sobre estes novos dados. “O dr. Ricardo Salgado mantém a coerência de não comentar processos em segredo de justiça. Constatamos que, não obstante o processo do Universo Espírito Santo estar sujeito a segredo de justiça em relação aos arguidos até Novembro de 2018, pelos vistos isso não se aplica a alguns jornalistas que, aparentemente com acesso a elementos do processo, têm exercido a habitual prática de contaminação da opinião pública sem que os arguidos se possam defender, pois não têm o privilégio de aceder a processos em segredo de justiça”, lê-se na notícia.
Diana do Mar Manchete PolíticaSegurança | Uso de câmaras individuais pelos polícias divide opiniões O plano anunciado pelo Secretário para a Segurança para equipar os uniformes dos agentes da polícia com câmaras individuais divide opiniões. Especialistas ouvidos pelo HM apontam a privacidade – tanto de cidadãos como de agentes – como a principal preocupação O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, aguarda apenas luz verde do Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais (GPDP) para equipar os uniformes dos agentes da polícia com câmaras individuais, uma medida que pretende pôr em curso “o mais rapidamente possível”. O plano não é, no entanto, consensual, devido sobretudo à possibilidade de beliscar o direito à privacidade. O Secretário para a Segurança defende que o recurso à utilização de câmaras individuais visa “contribuir para a protecção dos legítimos direitos e interesses dos agentes da autoridade e dos cidadãos”, porque, em caso de conflito, constitui “um instrumento muito útil para apurar o que, de facto, aconteceu”. Kuo Shih-ya, professora no Departamento de Sociologia da Universidade de Macau, concorda com o argumento invocado: “Pessoalmente, penso que vale a pena tentar”. No entanto, a especialista em justiça penal, que foi ela própria polícia durante 17 anos em Taiwan, reconhece que a utilização de câmaras individuais tem desvantagens, a começar desde logo pela possibilidade de interferir na esfera privada – tanto dos próprios agentes como na dos particulares que contactam com eles. Já o jurista António Katchi vai mais longe qualificando de “inegável e considerável” o prejuízo que a medida acarreta para a privacidade de ambos. “A minha principal preocupação é se as pessoas estarão informadas de que estão a ser gravadas”, aponta, por seu turno, o analista político Larry So, defendendo que “a privacidade tem de ser respeitada” e que a transparência joga um papel fundamental. Embora a considere “um pouco controversa”, não tem objecções à medida, mas defende orientações claras: “O importante é que o público esteja muito bem elucidado. A câmara vai estar a funcionar em permanência, ou seja, sempre que o agente esteja de serviço, ou apenas numa determinada situação? A mensagem tem de ser clara”. Kuo Shih-ya sinaliza precisamente que um cenário de desconhecimento pode abrir a porta a abusos. “A polícia pode utilizar indevidamente ou abusar [da utilização] da sua câmara”, sublinha a docente, autora de uma série de artigos incidindo sobre crime, policiamento ou vitimização. “A polícia pode eventualmente manipular as reacções dos cidadãos relativamente a um [determinado] acontecimento ou conflito, uma vez que podem não estar cientes de que os agentes têm uma câmara incorporada”, exemplifica. Direitos iguais E os direitos dos polícias? As informações divulgadas até ao momento não referem se foram, ou vão ser ouvidos, e o que pensam sobre a medida. No entanto, “convém relembrar que não deixam de ser pessoas nem trabalhadores pelo mero facto de serem agentes de autoridade”, observa o especialista em Direito Constitucional. “Os seus direitos pessoais e laborais não devem ser limitados para lá do que seja estritamente necessário e adequado para o bom cumprimento das suas funções”, sustenta António Katchi, para quem deve haver, além disso, “proporcionalidade entre essas limitações e as vantagens que das mesmas possam advir para o cumprimento das referidas funções”. “Penso que quem vai beneficiar com essa medida é, sobretudo, quem dispuser do poder de utilizar essa informação: os governantes, quer locais, quer nacionais”, afirma Katchi. Isto porque “poderão utilizar essa informação selectivamente contra particulares ou contra os agentes policiais, conforme lhes for politicamente mais conveniente”, isto pensando no contexto específico de Macau e da China e não no uso das câmaras em abstracto. “Não creio haver motivos suficientemente ponderosos para defender essa medida”, declarou o jurista, defendendo que “deve ser categoricamente rejeitada”. “A protecção dos particulares perante os abusos policiais tem conhecido progressos nas mais variadas zonas do mundo sem a menor necessidade de medidas desse tipo”, observa. Mesmo em Macau, assinala, “os abusos policiais que normalmente são cometidos (ou relatados pelas vítimas) podem ser facilmente provados por outras formas”. Aliás, “muitos são cometidos em público (como os que se relacionam com manifestações) ou com imediato conhecimento público (caso das proibições de entrada)”. Resultados contraditórios O Secretário para a Segurança argumentou ainda que o uso de câmaras por parte dos agentes vai permitir “elevar a eficácia da execução da lei”, mas tal não parece líquido, de acordo com Kuo Shih-ya. “Estudos empíricos geraram resultados inconsistentes”, diz a académica, apoiando-se em duas investigações de grande escala. Segundo a especialista em justiça penal, um estudo realizado em 2015 concluiu que o uso da força pela polícia e as queixas contra as autoridades diminuíram com a utilização de câmaras; ao passo que num outro, também realizado nos Estados Unidos, não foi encontrado qualquer efeito distinguindo os agentes que utilizavam e os que não utilizavam essa tecnologia.