Andreia Sofia Silva BrevesFunção Pública | Coutinho fala de abusos nas avaliações de trabalhadores [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde refere que existem abusos cometidos nas avaliações dos funcionários públicos, tendo em conta o regime geral de avaliação do desempenho dos trabalhadores da Administração Pública. “Quais as razões que têm levado com que alguns serviços públicos, por sua própria iniciativa e na ausência de quaisquer reclamações dos notados, façam com que os processos de homologação das qualificações de satisfaz muito e excelente sejam abusivamente escrutinadas pelas comissões paritárias?”, questionou o deputado. O também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) pede que sejam criadas medidas para “eliminar as orientações verbais de alguns dirigentes de serviços públicos que, abusivamente, têm implementado internamente um sistema de ‘quotas’ na atribuição de menções qualitativas, constantes [no regime geral de avaliação do desempenho dos trabalhadores da Administração pública]”. José Pereira Coutinho exige também uma simplificação de todo o processo. “Vai o Governo simplificar o actual sistema de classificação de trabalhadores da Função Pública, considerado pela maioria dos notados e notadores como um sistema penoso, complexo e que pouco espelha o trabalho desenvolvido pelo notado?”, inquiriu.
Hoje Macau PolíticaBanco da China | Chefe do Executivo destacou bom posicionamento No lugar de presidente da sucursal do Banco da China em Macau há seis meses, Li Guang reuniu ontem com o Chefe do Executivo, Chui Sai On. No encontro foi destacado o posicionamento estável da instituição bancária e a necessidade de aposta na formação de quadros qualificados na área [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve ontem reunido com Li Guang, presidente da sucursal do Banco da China em Macau, um cargo que ocupa há cerca de seis meses. De acordo com um comunicado oficial, a boa situação financeira da instituição foi um dos pontos abordados no encontro. “O Chefe do Executivo referiu que a sucursal de Macau alcançou um lugar bastante importante no sector financeiro local, onde, ao longo dos anos, conseguiu ganhar a confiança da população do território.” Chui Sai On adiantou também que o Banco da China “tem sido, ao longo dos anos, um parceiro importante do Governo, apoiando-se mutuamente e contribuindo para o desenvolvimento económico e estabilidade financeira”, tal como “o equilíbrio e segurança do sistema financeiro”. Na reunião, que contou também com a presença do deputado Ip Sio Kai, na qualidade de vice-presidente da sucursal, foi também referido aquilo que se espera do trabalho de Li Guang à frente dos destinos da sucursal. “Espera-se que, sob a liderança de Li Guang, ambas as partes continuem a esforçar-se em prol do desenvolvimento da economia e do aperfeiçoamento das condições de vida da população”, aponta o mesmo comunicado. Li Guang destacou ainda o bom desempenho do banco. Foi realçado “o crescimento e os negócios da sucursal durante o ano de 2017 e as perspectivas para o ano de 2018”. O responsável “sublinhou o desenvolvimento estável dos negócios ao longo do ano passado, referindo o crescimento dos depósitos e o total dos activos do banco, tratando-se de um resultado bastante satisfatório”. Para este ano, é esperado que o Banco da China “se possa articular activamente com as Linhas de Acção Governativa da RAEM, procurando promover mais o desenvolvimento do sector financeiro com características próprias e a construção da cidade inteligente”. É de frisar que a necessidade de apostar no desenvolvimento do sector financeiro virado para os países de língua portuguesa tem vindo a ser reforçado, sobretudo desde que foi anunciado o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e também de “Uma Faixa, Uma Rota”. Qualificar, qualificar Li Guang destacou a necessidade do Banco da China apostar na formação de quadros qualificados para dar resposta ao desenvolvimento de um sector financeiro “com características próprias”. “A formação de jovens quadros qualificados nas empresas é também muito importante para esta sucursal, incluindo a selecção de formandos que participam nas acções de formação na China interior, permitindo-lhes integrar no desenvolvimento da região.” O presidente referiu ainda acreditar que “tudo isto irá impulsionar o cultivo de quadros qualificados do sector financeiro local”. Chui Sai On frisou que o Banco da China tem dado importância à formação dos jovens, “seguindo a mesma linha de pensamento do Governo no que diz respeito aos trabalhos destinados aos jovens”. “O mesmo responsável reiterou que a formação de nova geração e a reserva de quadros qualificados são de grande importância para a continuação do princípio Um País, Dois Sistemas, e que o Governo da RAEM irá dar o máximo para desempenhar bem os seus trabalhos nas diversas áreas, incluindo proporcionar oportunidades no ensino básico, ensino superior, empreendedorismo e emprego, permitindo que os jovens locais possam tirar proveito das suas vantagens e contribuir para o desenvolvimento de Macau”, aponta o comunicado, citando palavras do Chefe do Executivo.
Hoje Macau PolíticaChui Sai On | Em 2018, economia vai “enfrentar múltiplas dificuldades” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve presente no almoço do Ano Novo Chinês promovido pela Associação Comercial de Macau, uma das entidades mais tradicionais do território. No seu discurso, Chui Sai On referiu que, este ano, “pese embora o facto de desenvolvimento geral de Macau ter melhorado, prevê-se que o desenvolvimento da economia continue a enfrentar múltiplas dificuldades e desafios”. Nesse sentido, Chui Sai On promete “continuar a cumprir rigorosamente o princípio da gestão prudente das finanças consagrado na Lei Básica”, apesar de existir “uma robusta reserva financeira”. Relativamente a 2017, o Chefe do Executivo frisou que o território “enfrentou diversas dificuldades mas, graças ao apoio total do Governo Central, com a colaboração de toda a população, e em conjugação de esforços, temos conseguido ultrapassá-las”. “Encontramo-nos, actualmente, a implementar o nosso primeiro Plano de Desenvolvimento Quinquenal e a concretizar o desenvolvimento estável e diversificado da economia. Nesta fase, em que vivemos uma situação de estabilidade e de robustez das finanças públicas, o Governo irá dar prioridade aos projectos relacionados com a vida da população, envidando esforços para manter uma sociedade estável”, frisou. Para o futuro, o Chefe do Executivo promete “melhorar constantemente as diversas políticas e medidas”. Em relação aos projectos de cooperação com o continente, o Governo promete fazer o “aperfeiçoamento de políticas e respectivos diplomas legais, assim como incentivar a integração das empresas locais e dos cidadãos na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Relativamente à Associação Comercial de Macau, Chui Sai On acredita que esta terá um papel importante na união do “sector industrial e comercial, congregando os maiores esforços para desenvolver projectos inovadores em prol do desenvolvimento contínuo e saudável da economia a longo prazo, bem como do progresso harmonioso e estável da sociedade de Macau”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEmprego | Deputados querem explicações sobre exigência de exames médicos a TNR Os legisladores que analisam a lei das agências de emprego vão perguntar ao Governo se existe intenção de regular a prática de exigir aos TNR a realização de exames médicos, apesar das leis serem omissas em relação a esse aspecto [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados querem que o Governo clarifique as condições em que os patrões exigem a realização de exames médicos, durante o processo para a contratação de Trabalhadores Não-Residentes (TNR). O desejo foi expresso, ontem, por Vong Hin Fai, presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que se encontra a discutir a lei da actividade de agência de emprego. “É uma prática real, mas não há uma norma que exija que o processo tenha de envolver um exame médico. Não há uma lei sobre estes exames. Queremos saber se o Governo tem a intenção de regular este aspecto algo que, talvez, possa ser feito através da lei de contratação de TNR”, disse Vong Hin Fai, ontem. “Trata-se de um exame que pode ser feito em qualquer clínica médica”, clarificou. Actualmente é comum que os patrões que contratam trabalhadores não-residentes exijam a realização de testes médicos. Porém, a lei de contratação não estipula as condições em que tal pode ser feito. A lei das agências de emprego também é omissa em relação a este o assunto. Os deputados da comissão terminaram ontem a análise do documento sobre as agências de emprego. Agora, aguardam mais duas semanas até ao final da consulta pública, para ouvirem as opiniões das empresas do sector. Contudo, as reuniões para discutir o documento com os membros do Governo só vão acontecer no final do próximo mês. Isto porque nos inícios de Março decorrem as reuniões da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e da Assembleia Popular Nacional, que contam com a participação de vários deputados de Macau. Honorários e habitação Em relação à análise da proposta da lei das agências de emprego, a comissão está preocupada com a cobrança de honorários. Segundo a proposta, as agências só podem cobrar pelos serviços de recrutamento e do tratamento das formalidades. Porém, não é claro o que acontece, quando são as próprias agências a fornecerem a habitação. Os deputados querem saber se esse serviço pode ser pago. “O artigo que define a cobrança é muito restrito. Será que as empresas podem cobrar pelo alojamento dos trabalhadores? Vamos perguntar isso ao Governo”, explicou, Vong Hin Fai. Por outro lado, os deputados estão preocupados com o facto dos trabalhadores não-residentes em Macau com vistos turísticos poderem encontrar emprego por vias alternativas, quando as agências estão proibidas de o fazer: “os trabalhadores não-residentes que ficam em Macau podem encontrar emprego através de outros meios que não as agências de emprego. Se assim for, na perspectiva da comissão, há uma área que merece aperfeiçoamento”, apontou.
Carlos Morais José Manchete VozesAnálise / Xi Jinping | O grande passo atrás [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] proposta de alteração da constituição chinesa, nomeadamente a remoção do limite de dois mandatos para presidente e vice-presidente, feita pelo Partido Comunista Chinês e ainda não aprovada, constitui um passo atrás na História, um golpe profundo nas aspirações “científicas” do regime e um abrir de uma caixa de Pandora de onde poderão sair malefícios dispostos a afectar o mundo. Não foi por acaso que Deng Xiaoping introduziu esta norma, até aí e ainda hoje inexistente no dito “mundo socialista”. A China acordava do pesadelo da Revolução Cultural, na certeza de que seguir a vontade de um só homem podia conduzir o país ao descalabro. Sabiamente, Deng compreendera que a libertação das forças produtivas implicava também uma mudança significativa na estrutura do poder, de modo a que não se criassem as condições para uma repetição da História que, sabemos desde Marx, acontece primeiro como tragédia e depois como farsa. Ora se a Revolução Cultural representa uma trágica repetição da História, nomeadamente da violenta ascensão da dinastia Qin e da destruição cultural subsequente, o regresso da China a um tenaz comando centralista e providencialista provavelmente desenrolar-se-á como farsa, sob a luz dos holofotes mediáticos, numa teatralidade já obsoleta, que não seduzirá gente esclarecida. Isto porque confiar na existência de homens providenciais é tique de um mundo antigo, enraizado na superstição e no alívio da submissão, distante da pretensão de cientificidade que o PCC gosta de utilizar no seu discurso e na definição dos seus objectivos. Na verdade, trata-se de uma desgraça, velha como o mundo, áspera como balas e de consequências funestas. Existe aqui algo de religioso neste pensamento que, no século XXI, deveria estar totalmente afastado, erradicado, sanitizado, dos meandros do poder. Até porque o culto da personalidade, por muito que agrade às informes massas, deve ser mantido nos limiares das revistas de famosos, na medida em que roça o ridículo numa mente esclarecida, contemporânea e, sobretudo, escaldada pelo “carisma” de alguns personagens do século XX. Trata-se, no limite, de algo exorcizado por Deng Xiaoping, cuja sabedoria proporcionou à China o lugar que hoje ocupa no plano internacional e impulsionou o crescimento interno que espanta o mundo. Infelizmente, agora prevê-se o regresso de um certo infantilismo de cariz popular, insuportável a olhos lúcidos e a ouvidos educados, na medida em que desvenda o aspecto teatral do relacionamento do poder com as massas populares. Xi Jinping, que se apressou a classificar de “nihilismo histórico” o pensamento filosófico finissecular europeu (pós-moderno), não deveria precisar de importar os valores escatológicos do Ocidente (judaico-cristãos) para justificar um Mandato do Céu. A China implementava o discurso do “governo científico”, mais assente na máquina do Partido do que na benevolência e sapiência de um só homem. E com esta postura distinguia-se de outros países ditos comunistas ou pós-comunistas. Inaugurava, para gáudio de alguma esquerda, um novo sistema de transferência de poder em ambiente autoritário, que garantia alguma alternância, luta política, portanto, satisfação. Sem perder mão das rédeas, nem deixar de picar o cavalo na direcção pretendida e apresentando tremendos resultados económico-sociais. Tudo isto sem recorrer ao abstruso culto da personalidade ou mesmo evitando-o como Maomé evitava o toicinho, pois lembrava-se ainda na pele dos efeitos maléficos de tal sorte. Resta equacionar, sobretudo pelos actuais líderes chineses, se esse extraordinário desenvolvimento económico-social não foi precisamente consequência do novo ordenamento político e motivado pela constitucional e inevitável sucessão: do mesmo modo que as forças produtivas se libertavam no mercado e na sociedade, também as forças políticas prosperavam no interior do PCC e o horizonte certo de mudança não só motivava a criatividade como pacificava a mecânica dos desejos. Ao impor a alternância, a constituição pacificava as facções excluídas dos lugares cimeiros, porque instituía a possibilidade de ascensão. Neste sentido, a alteração constitucional parece um passo pouco inteligente, pelo qual o PCC se extirpa dessa dinâmica que o manteve a flutuar à tona da sociedade chinesa, sem contestações de maior, durante os anos rebeldes da transformação. Xi Jinping, seguindo um famoso texto de 1937 de Mao Zedong (“Sobre a contradição”, no qual o fundador da RPC recusa a síntese hegeliana e funda o materialismo histórico sínico), identificou a actual contradição do socialismo com características chinesas: o fosso aberto entre ricos e pobres, alimentado pela crescente corrupção. E, de forma brilhante, entendendo que aí residia a salvação do Partido face ao crescente descontentamento popular, iniciou uma gigantesca campanha anti-corrupção, ganhando num golpe a aprovação das massas e a capacidade de eliminar indesejáveis. Por outro lado, implementou uma internacionalização estruturada da China, através da iniciativa Uma Faixa, Uma Rota (que representa a primeira medida de carácter planetário até hoje concebida e implementada) e da modernização radical do Exército de Libertação Popular, que manteve sob o controlo estrito do Partido, agora capaz de defender as aspirações chinesas no Mar do Sul. Assim, a China surgiu no planeta como a única superpotência com capacidade e vontade para desenvolver uma cooperação mundial de benefício comum, preocupada com o meio ambiente (apesar de ser o segundo maior poluidor) e criadora de conceitos globais, como a “comunidade de futuro comum”, algo que os americanos não se preocuparam em fazer e do qual se distanciam, num exercício de arrogância que deixa descalço o ocidente perante a investida oriental, armada de dinheiro e de valores globais. Mas, ao entrar no que o PCC define como “nova era”, com esta alteração constitucional, a China arrisca-se a dar um passo atrás, ainda que simbólico, ao deificar um governante. Deng previra este perigo e exorcizara-o constitucionalmente. Deste modo, a China arrisca-se a reproduzir, pelo menos para o mundo, uma nova dinastia semelhante à que governa a Coreia do Norte, hoje alvo da chacota de muitos chineses, que a classificam de “monarquia absoluta”. Tal não abonará a favor da sua imagem global como constituirá um rude golpe nos que viam nas alterações introduzidas no PCC um eventual modelo de para outros regimes de partido único. Pensamos, por exemplo, nalgumas ditaduras africanas e na influência benéfica que a comparação com a China poderia, eventualmente, produzir. Contudo, tudo indica que o passo está dado e a constituição será alterada, abrindo caminho à eternização de Xi e dos seus aliados na cadeira do comando. O futuro dirá se não se trata de um tiro no pé, mais motivado pela uma arrogância infantil de quem sente um extremo poder antes sonegado, porque, sejamos francos, só uma mentalidade de criança aceita a existência de homens providenciais. Ao negar a extensão do poder além de dois mandatos, a constituição chinesa sabiamente evitava o infantilismo político, cujas trágicas consequências estão bem documentadas pela História. Um grande político deve ter a consciência da necessidade de se retirar da cena pública, sob pena de se transformar (a si e, sobretudo, aos que gravitam à sua volta) naquilo que procurava combater. Já sem falar das maleitas sociais provocados pela inércia que decorre de tal situação, entre as quais a corrupção desempenhará papel preponderante. De facto, podemos imaginar que, à imagem do presidente, outros postos do PCC nas províncias ganharão um estatuto idêntico, eternizando os mesmos no poder, com as consequências conhecidas. Esperemos que, em 2023, independentemente das mudanças constitucionais, Xi Jinping mostre que é um grande líder e tenha a sabedoria de escolher reformar-se, dando a outros o seu lugar. Para bem da China e do mundo.
Sofia Margarida Mota China / Ásia MancheteXi Jinping | Alteração constitucional que acaba com limite de mandatos do Presidente divide opiniões Xi Jinping quer acabar com o limite de dois mandatos da presidência da China. Para o efeito, vai ser discutida na próxima sessão da APN a devida alteração à constituição. Se para uns é uma medida necessária que visa a estabilidade política, para outros trata-se de um exercício de poder, um retorno aos tempos de Mao e o fim de uma Era iniciada por Deng Xiaoping [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou neste Domingo a intenção de pôr fim ao limite de dois mandatos na presidência e vice-presidência, inscrito na Constituição. Na prática, a medida abre caminho a um terceiro mandato de Xi Jinping e mesmo a um Governo por tempo indeterminado. A mudança é votada a partir de 5 de Março na sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP) Apesar das vozes que já se levantam contra e a favor da mudança à constituição, para o académico Jianwei Wang “a situação ainda não está muito clara para que possamos falar de implicações e consequências no que toca a esta decisão”, afirmou ao HM. Mas, admite, trata-se de uma estratégia que visa a estabilidade do país. Se para Deng Xiaoping era essencial a limitação de mandatos para o desenvolvimento da China, parece que agora, na inversão da situação, o argumento pode ser o mesmo. “A motivação que levou Deng Xiaoping a impor um limite de mandatos à presidência foi a abolição dos cargos vitalícios, de que Mao era um exemplo. Deng considerava que estas situações não eram benéficas para o desenvolvimento do país”, refere o Wang Jianwei. No entanto, “o limite de dois mandatos também não é necessariamente bom se pensarmos em políticas a longo termo. Não é bom para a estabilidade política”, defende o professor da Universidade de Macau. Contra a possibilidade de uma mudança para mandatos indeterminados passarem a vitalícios, Wang tem esperança de que os governantes chineses estejam a pensar num mecanismo para o efeito. A mudança à Constituição proposta por Xi Jinping pode ainda ser vista como uma medida pertinente no momento histórico actual do país. “A China está num momento crítico de desenvolvimento nacional em que precisa de uma liderança forte”, refere. Xi já anunciou que vai levar a cabo mais pacotes de reformas, nomeadamente no que respeita à abertura externa nos próximos anos. Para o académico trata-se de um momento fulcral em que é necessário ter uma “mão firme a liderar o país”. É por isso que, considera, “há muitas pessoa na China que vêm a mudança de acordo com esta perspectiva e não como negação da democracia ou da liberdade”, refere. Ninguém é insubstituível A opinião não é partilhada pelo jurista António Katchi. O professor do Instituto Politécnico de Macau é claro. “Alguém acreditará sinceramente que, se em 2023 o Xi Jinping fosse substituído, por exemplo, pelo Li Keqiang (actual Primeiro-Ministro), isso levaria, por si só, a uma mudança significativa de políticas internas e externas? Eu não acredito. Alguma mudança de estilo poderia haver, mas não uma mudança significativa de políticas”, sublinha ao HM. Sendo certo que ninguém é absolutamente insubstituível, afirma Katchi, é verdade que, “em determinadas circunstâncias históricas, aparecem certas personalidades de difícil substituição, no sentido em que a sua alteração pode ter um impacto significativo (positivo ou negativo) no país, no regime, no Governo ou nas suas políticas”. No entanto, para o académico, não será o caso de Xi Jinping. “Poderá ter sido o caso de Mao Tse Tung, mas não me parece, de todo, que seja o caso de Xi Jinping”. Já Jorge Morbey ainda não tem opinião definida quanto aos benefícios ou malefícios da medida mas não tem dúvidas de que se trata de um retrocesso no que respeita ao sistema político. “Isto vai contra o rumo do mundo, das democracias e das políticas actuais que são praticadas”, começa por dizer. No entanto, Morbey coloca desde já de lado a ideia de que a mudança constitucional tenha como objectivo a garantia de estabilidade. “Não me parece que seja para manter alguma estabilidade política. Quem conheça a história da China, desde Deng Xiaoping, sabe que o país não tem sofrido problemas de instabilidade nem problemas de quebra de crescimento”, aponta ao HM. De acordo com o comentador, poder-se-á tratar mais de “um exercício de poder”. O fim de uma Era e de uma transição pacífica de poder é a consequência real da intenção de Xi. A ideia é deixada por Eric Sautedé. O académico defende que o anúncio de Domingo já era esperado desde 2003, ano em que Xi Jinping assumiu a presidência da República Popular da China. Formalizada agora a intenção de alterar a Constituição e atribuir mandatos por tempo indeterminado ao Presidente, representa o “abandono de uma zona segura para voltar ao triunfo da ideologia”, lamenta. De vendas nos olhos “A nível internacional não terá consequências”, começa por dizer Jorge Morbey. A razão é simples e pouco feliz. “No ocidente sempre viram a China com lentes bastante coloridas.”, explica. “Aquilo que é objecto de análise crítica no ocidente não o é quando se fala de China”, lamenta o historiador. Consequentemente, sendo a mudança aprovada no próximo mês, “o ocidente não vai fazer nada, mas se isto acontecesse num país ocidental caía o Carmo e a Trindade”. António Katchi é mais radical e faz um apanhado do que considera as relações entre o ocidente e a China. “A partir de finais dos anos 70, a classe dirigente do Partido Comunista Chinês – toda ela comprometida com as atrocidades cometidas sob o comando supremo de Mao Tse Tung, ao longo das três décadas anteriores, em nome de um pretenso “socialismo” – passou-se de armas e bagagens para o lado do grande capital, procurando encontrar para si própria, e para o seu país, um lugar ao sol dentro dessa ordem capitalista mundial. Que lugar foi esse? Primeiro, o de fábrica do mundo; depois, o de grande mercado de consumo e de grande investidor à escala global”, comenta. Para o jurista, neste processo, a China transformou-se numa potência imperialista, exportando, já não só mercadorias, mas também capitais, e aumentando correspondentemente o seu peso político-militar (e a sua vontade de domínio político e militar) na arena internacional. “Os outros dois grandes pólos do imperialismo – Estados Unidos e União Europeia – estão ligados à China por uma relação que inclui dependência mútua, colaboração (cumplicidade na pilhagem global) e competição”, sublinha. “Já os países situados na periferia da ordem capitalista global estão ligados à China por uma relação que é basicamente de sujeição. Socialmente, os únicos verdadeiros inimigos do regime chinês são as classes trabalhadoras do mundo inteiro, incluindo as da própria China; ideologicamente, são-no os verdadeiros socialistas, comunistas e anarquistas e, admitamo-lo também, os verdadeiros democratas-liberais. Ora, é este o quadro geral que determina as políticas do PCC, e não qualquer pretenso “pensamento de Xi Jinping”, remata o professor do Instituto Politécnico de Macau. O acento num discurso dicotómico por parte dos Estados Unidos pode ser um dos efeitos do fim do limite de mandatos proposto por Xi. Para Wang Jianwei, “de um ponto de vista ocidental, a maioria das pessoas pensa que este não é um passo no sentido de seguir em frente mas antes um retrocesso à Era de Mao, o que também dá jeito, por exemplo, aos Estados Unidos”, refere. De acordo com o académico, o país liderado por Trump “pode aproveitar e acentuar a dualidade de políticas entre a democracia do ocidente e autoritarismo do oriente e esta mudança”. Visão interior “Penso que a curto prazo não haverá repercussões para Macau e Hong Kong”, aponta Wang Jianwei. “Os Chefes do Executivo das RAE têm mandatos limitados e esta mudança não vai levar a que as circunstâncias se transformem nem que se recorra ao exemplo da China como argumento para isso”, sublinha. O académico admite, porém, que o efeito se pode eventualmente sentir nos governos locais do continente. Mas Macau e Hong Kong não têm de seguir o exemplo, até porque “isso só levaria a mais discussões na área da política local”. De referir que os dois mandatos do Chefe do Executivo local tiveram como referência a situação no continente. Proposta necessária “De acordo com a situação, o desenvolvimento da China e as alterações recentes que o país enfrenta, a revisão constitucional que foi proposta é um reflexo do que é necessário”, disse Chui Sai Peng ao HM. No entanto, a proposta ainda vai a discussão, sendo que o deputado considera que vão estar na mesa várias opiniões. Mesmo que a alteração na Constituição vá para a frente, Chui Sai Peng ressalva que a medida não quer dizer que “o presidente Xi Jinping continue no cargo”. Já o deputado Vong Hin Fai opta por não se pronunciar para já. “Neste momento, ainda vou ter de estudar as alterações. É um tema que preciso de tempo para estudar primeiro, antes de emitir uma opinião”, disse ao HM.
Rui Filipe Torres h | Artes, Letras e IdeiasAmor, Amor – O mais recente filme de Jorge Cramez [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]iz o cineasta Jorge Cramez que este seu filme de 2017, com fotografia de João Ribeiro e argumento do próprio e de Edmundo Cordeiro, adapta ao grande ecrã “La Place Royale” do dramaturgo Pierre Corneille (1606 -1684). É possível, é sempre possível ver num filme até o que lá não está. Mas este texto não é, nem se propõe a ser, um exercício do imaginário, mas um discurso a propósito da materialidade filmada, o que vi e ouvi na sessão de domingo na excelente sala 7 dos cinemas El Corte Inglês em Lisboa. Se do Corneille pouca conta dei, já de Zygmunt Bauman e a sua teorização sobre as relações afectivas nas sociedades contemporâneas no seu texto publicado em 2000 pela Polity Press/Oxford “Modernidade Líquida”, ou desse ensaio que tem a caracterização da pós-modernidade como objecto, com o tão apropriado título a “Era do Vazio” desse outro sociólogo Gilles Lipovestky, editado em 1989, onde este escreve sobre o Narciso ou a estratégia do vazio e a sedução non stop, caracterizadoras deste tempo de individualismo, consumo e estética capitalista, muito pode ser lido. O filme, ele mesmo, é um processo de mastigação continuada, de cenas que continuamente anunciam as seguintes e onde, como nas anteriores, nada acontece, o que está de acordo com o que é conceptualmente esperado, mas onde é notoriamente excessivo o contínuo anunciar da cena seguinte e a nulidade do exercício da fala. O filme é uma encenação do vazio, sem densidade nem tensão, com falas tão desinteressantes como a deambulação narcísica dos personagens, que se presume imaginarem-se a si próprios interessantes, e artistas num quotidiano sem sangue, nervo, tensão do real. “Amor, Amor” repete, sessenta anos depois, o cinema da nouvelle vague – mas sem a frescura e com o cansaço de todo o tempo entretanto vivido. É um cinema de adolescentes velhos que deambulam entre referencias estetizantes de um ecletismo pop com sonhos de vanguarda triturada a pastilha elástica gorila e universos da ficção científica dos grandes estúdios, em que alguém assume, uma personagem mulher interpretada pela Margarida Vila-Nova, o exercício do amor descartável como teorema da libertação feminina. Um exercício da banalidade. O filme traça um dia no quotidiano de pequeno grupo de amigos sobre os quais pouco ou nada se chega a saber, a não ser que há um irmão e uma irmã, um pequeno grupo de homens e mulheres, casais com vontades cruzadas e, que um desses homens é um artista pintor que vive uma relação em que se sente constrangido na sua liberdade criativa. Ele, o artista, vive com a única personagem que consegue imprimir no ecrã tridimensionalidade, alguém capaz de amar e sofrer. “Amor, Amor”, é a vida num dia deste pequeno grupo, dia que como sempre termina em noite e nesta noite, em particular, é noite de fim de ano. Resta o rosto da Ana Moreira, actriz que se nascida num litoral banhado por outro oceano há muito teria maravilhado telas do mundo inteiro como essa sua colega, talvez gémea, com nome de Uma Thurman (actriz que Tarantino não dispensa). Há duas cenas com forte interesse cinematográfico, a da Museu de Arte Antiga onde se jogam elipses de corpos e necessariamente de tempo, ou do final onde queríamos permanecer com a Anabela Moreira a dançar no ecrã, infelizmente a mise en scène decidida pelo realizador faz com que demasiado cedo um outro corpo “anunciado” surja, e perturbe a dádiva total da atriz ao ecrã. Particularmente interessante é a música escolhida que vai pontuado alguns momentos ao longo do filme. Até ao momento, nas 198 sessões em todos os ecrãs, fez 1115 espectadores (dados contabilizados até 14 de fevereiro). Amor, Amor De: Jorge Cramez Com: Ana Moreira, Jaime Freitas, Margarida Vila-Nova, Joana de Verona, Eduardo Frazão, Guilherme Moura, Maya Booth Género: Romance Classificação: M/14 Outros dados: POR, 2017, Cores, 107 min
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasCérbero [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeça hoje a primeira Lua-Nova de Fevereiro do Ano do Cão. O Oriente engalanado e festivo acolhe assim no seu calendário lunar mais um período de ritos que tem o encanto dos ciclos inaugurais. Depois do ardente e inflamável Galo de Fogo, esse ser da aurora, Endovélico lusitano zangado com a Nação e com ímpeto destruidor que fez da terra um braseiro e a coloriu com as chamas da sua impaciência, dizemos-lhe adeus, com as imagens gravadas do seu anátema. Foi, no entanto, gentil em muitos instantes e talvez nos tenha acordado de um longo sono e generosamente distribuído oferendas que nos mantiveram activos e lúcidos na jornada. E este é o primeiro dia do ciclo que assim vamos iniciar no Ano de 2018 que pressagia efeitos luarentos, talvez mesmo o tempo da feiticeira Hécate que ensombra as encruzilhadas com seus cães latindo… dezoito é número de Lua, cão é ser lunar… e Cérbero, o cão tricéfalo, vigia as portas dos Infernos, que devem ser vários a ver pelo plural da descrição olímpica, que tal como a Lua multiplica os seus efeitos. Esta descida, que tem como fronteira o interdito, “o melhor amigo do Homem” a ladrar à Lua, por muitas delas no ano que se segue – que é um amigo: sabemo-lo ao tempo da Odisseia quando Ulisses voltou para casa disfarçado e como ele foi o único a reconhecê-lo com seu instinto farejador. Entramos aqui na «Noite Negra da Alma», expressão alquímica, mas eu prefiro «La noche Oscura» de S. João de La Cruz, um cântico litúrgico e um dos mais belos poemas da língua castelhana. Veremos sempre que o que nos cega não se encerra no breu, pois dele nasce por vezes uma incrível libertação. Cegamos por excesso de imagens e vemos o que do negro destila na proporção exacta. Hoje, por exemplo, não há estrelas no céu, o Cão que está de vigia pode ser agora um nosso aliado, pois sabemos que o abismo não tem fundo e melhor será escutar os seus latidos dado que aquilo que nos assusta muitas vezes nos protege. Se a nossa impaciente curiosidade ou o imperativo que dita salvar alguém nos fizer aplicar o método de Ulisses, tangendo a lira, ou a receita da Sibila, com o bolo de papoulas e mel para que adormeça, sejamos cautelosos, pois que os encantamentos e as doses têm tempo curto e não demoremos mais que o instante dos seus efeitos, resgatemos o que nos levou até aí, enquanto não desperta. É um Ano que requer cautelas. Que um certo terror dê lugar ao assombro e dele se destilem os bons medos. O Oriente será sempre a nossa Artemis, a nossa deusa dos sonhos e das visões irreais que guardará irrevelados segredos prosseguindo a dinâmica face de um mundo que a Ocidente se desfaz. Parece então que na ronda do tempo sempre cíclico há muitas maneiras de o festejar, contar, ritualizar, andamos no Roda como na beberagem dele, mas descontamos sempre a última passagem aos dias que nos foram dados viver e não por acaso eles se contam em Primaveras, todos desejando voltar a vê-la uma última vez. Este é o Cão de Terra que parece menos Cérbero, por ser assim, caseiro, doméstico, terreno… não sabendo das fortes correntes que ameaçam os viajantes do Portal. Este Cão far-nos-á companhia enquanto humanos naturais e talvez não como a uma Hécate, em alcateia, num interdito círculo de proscrições, talvez até seja comido por alguns dos seus adoradores, pois que estranhas formas de consubstanciação existem entre os povos que agora o festeja. Altura exacta para voltar a Céline, « O Cão de Deus», e à sua obra para o momento «Voyage au bout de la nuit». Este sim, é o Cérebro que esperamos voltar a ver nesta passagem. Há momentos que pedem certas vozes e instantes que calam outras, tudo tem no tempo a obra certa que a referência. Nós ainda somos a matilha. O Médio Oriente não gosta de cães, e talvez veja no símbolo um mau agouro: há guerras surdas, mais químicas que físicas em marcha nos seus planos, e se os gatos existem por lá aos milhares é só porque impedem o fim do mundo. No meio da tormenta alimentam-nos e eles permanecem no enclave dos seus dias. Ainda temos a bela viagem de Tobias que tem o seu cão como amante da jornada e lá seguem, homem, anjo e cão, como a forma mais conseguida de protecção e camaradagem: o cão de Tobias pode bem ser um disfarce de anjo enquanto o tempo decorre e sempre atrás e lealmente o acompanha. Os cães também podem pescar e alimentarem-se de peixes em caso de necessidade. A tribo dos pastores gosta deles e as ovelhas são-lhes simpáticas. Se houver dezoito ovelhas e o cão for no deserto um salvador, talvez tenhamos aí uma encoberta manobra de delação. Pode, no entanto, Cérbero ter dezoito cabeças quando olharmos para a Porta à luz da Lua Gigante que por razões de escala tendemos a sentir que aumenta… desdobra-se perante o nosso olhar como os espelhos, aí, a nossa sagacidade olhará o instante como um desafio irrecusável. Cérbero diz-se até não ser tão assustador assim: era afável para quem quisesse entrar e não deixava sair. Os únicos a fazê-lo foram Héracles, Orpheu, Eneias, Psique e Ulisses. Dante recupera-o no Canto VI do Inferno e de lá nos narra a insaciável fome dos gulosos: “presos por Cérbero latia-lhes com três faces tenebrosas o cão multiface e furente/ contra as turbas submersas, criminosos/ Tu – disse – que és guiado pela estrada do Inferno vê se acaso me conheces: nasceste antes de mim nesta morada.” Um Bom Ano para todos.
João Santos Filipe DesportoLiga de Elite | Benfica de Macau goleia segundo classificado por 7-0 No jogo entre os dois primeiro classificados da Liga de Elite, as águias aproveitaram um período negro do Ching Fung e impuseram uma goleada. O resultado isola ainda mais as águias e relança a luta pelo segundo lugar [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram precisos 37 minutos para que Hugo Silva surgisse a cabecear ao segundo poste e colocasse o Benfica de Macau a vencer o Ching Fung por 1-0. No entanto, a partir desse momento, aquela que era uma das defesas menos batidas da liga deu de si e o Ching Fung acabou mesmo por ser goleado por 7-0. Antes do encontro de Sábado à noite, havia a expectativa de perceber como é que o Benfica de Macau iria actuar diante da outra única equipa sem derrotas no campeonato. No plano teórico, as águias eram claramente favoritas, mas no campo o resultado poderia ser outro. Todavia, a resistência do Ching Fung ao Benfica de Macau durou 37 minutos, num encontro em que as águias conseguiram, através de muita posse de bola e sem problemas de maior, impor o seu futebol. Com tal domínio foi com naturalidade que surgiu o primeiro tento. Após um cruzamento para a área do Ching Fung, Hugo Silva surgiu ao segundo poste, depois de deixar o marcador directo para trás, e diante do guarda-redes Fong Chi Hang cabeceia para o 1-0. Cinco minutos depois, foi a vez de Bruce Tetteh aumentar a vantagem. Numa jogada de contra ataque, Nicholas Torrão cruza na linha, de forma rasteira, e surge Tetteh a fazer o 2-0. Foi depois do intervalo que o jogo ficou definitivamente decidido. Três minutos após o recomeço da partida, o Benfica tem um livre frontal, que Edgar Teixeira se encarregou de bater. Na marcação, o jogador dos encarnados rematou para o poste mais longe e fez o 3-0. O primeiro golo de Edgar Teixeira marcou também o início de um período de 13 minutos especialmente negro para o Ching Fung. Nessa fase a formação derrotada concedeu nada menos do que quatro golos. Com Tetteh (51 minutos), Nicholas Torrão (55 e 61 minutos) e o próprio Edgar Teixeira (56 minutos) a bisarem. Com este resultado, o Benfica isola-se ainda mais na liderança do campeonato, agora com cinco pontos para o grupo de perseguidores, que é constituído por C.P.K., Sporting e Ka I. Luta pelo segundo Na luta pelo segundo lugar, o Chao Pak Kei voltou às vitórias, com a goleada por 9-0 diante dos Serviços de Alfândega. Ontem, o C.P.K., que estava há duas jornadas sem vencer, não deu qualquer hipótese. No entanto, a formação está em igualdade pontual com o Sporting, que derrotou o Hang Sai por 6-0 e com o Ka I. A formação de Josecler bateu a Polícia por 2-0, logo na sexta-feira. Casa de Portugal e Consulado sofrem derrotas A Casa de Portugal e a formação do Consulado foram ambas derrotadas no fim-de-semana, em encontro a contarem para a 2.ª Divisão. Depois de ter vencido na primeira jornada, a Casa de Portugal perdeu, no Sábado, diante do Hong Lok por 1-0. O golo da vitória foi apontado por Lam Wai Kit, logo aos 26 minutos. Porém, a formação orientada por Pelé não conseguiu reagir e inverter o resultado. Já a equipa do Consulado, que entrou em acção na Sexta-Feira, perdeu o segundo encontro, em outros tantos disputados, desta feita diante do Tim Iec, por 3-1. O cônsul Vítor Sereno foi o autor do golo que colocou a formação com as cores portuguesas em vantagem, aos 26 minutos. Mas Lei Chi Seng, aos 39 e 64 minutos e Leong Chi Chong, aos 74 minutos, confirmaram a segunda derrota da formação orientada por Rocha Diniz. Demissão | Cláudio Roberto Silveira deixa comando do Monte Carlo O treinador Cláudio Roberto Silveira demitiu-se, ontem, do comando do Monte Carlo, de acordo com uma mensagem colocada na página oficial no Facebook do técnico. A decisão foi justificada “com o objectivo de dar um novo passo” na carreira e pela busca de “novos desafios e caminhos”. O HM tentou entrar em contacto com o técnico, que se mostrou incontactável. Porém, na mensagem de despedida, Cláudio Roberto Silveira assume ter sido “muito feliz” ao longo dos dois anos e dois meses em que orientou os jogadores do clube e deixou um agradecimento ao presidente Firmino Mendonça. O treinador brasileiro teve como ponto alto desta passagem pelo Monte Carlo a conquista do Campeonato de Futebol de Sete, conhecido como Bolinha, em 2016, numa final disputada diante do Benfica de Macau, que terminou com o resultado de 2-0.
Hoje Macau DesportoAtletismo | Pedro Ribeiro vence corrida à Torre de Macau [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] atleta Pedro Ribeiro conquistou ontem a corrida ao topo da Torre de Macau, depois de ter demorado 24 minutos e 1 segundo para cumprir a distância de quatro quilómetros e os 1298 degraus que levam ao 61.º andar do edifício. Esta é, pelo menos, a terceira vez que o corredor vence a prova, depois dos triunfos de 2003, edição inaugural, e de 2012. Apesar do atleta estar inscrito na categoria C, para corredores com idades entre os 40 e 49 anos, conseguiu o tempo mais rápido de todas as categorias, que englobam pessoas com idades entre 10 aos 70 anos. Na categoria de senhoras Yang Mei Na foi a mais rápida com o tempo de 24 minutos e 19 segundos. No total participaram 600 atletas.
João Luz VozesTurista em massa [dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]imito-me ao pacote feito pela agência, tenho os bolsos recheados de coupons e vouchers e o meu nome está inscrito na lista. Um shuttle aguarda-me para me levar à porta do meu destino, sou transportado de berço em berço depois de longas horas empacotado num terminal de aeroporto desenhado para trazer à tona toda a violência animal camuflada por normas sociais de conduta. A minha identidade tem pequeno-almoço incluído e tours organizadas pela providência encarneirada que dará descanso ao meu poder de decisão, almoço com desconto de 30 por cento, sabedoria adormecida numa anónima chaise longue. As calorosas boas-vindas sorriem-me enquanto me prendam com a bebida grátis a que tenho direito. Saí de Macau durante o Ano Novo Chinês em busca de santuário, pus em acção um plano de fuga às enchentes de turistas que entopem as artérias da cidade e a ironia acabou por me conduzir a um destino onde eu próprio sou o turista massificado, perpetuando a permuta de multidões por esse mundo fora. Sou a unidade mercantil na Era da industrialização do lazer que destrói almas e ecossistemas, sigo o trilho percorrido por milhares em direcção a paraísos perdidos como Boracay, Pattaya ou Phuket. Acrescento massa à infinita hemorragia de pessoas, à superabundância de produtos globais, sem raiz, que envenenam a autenticidade dos lugares. Nada fica intacto depois da minha passagem. Águas são contaminadas de desperdício e fluídos humanos, plástico é plantado com generosidade nos canteiros indefesos do jardim da mãe natureza, cimento e tijolo avançam contra o vigor do verde e o lixo agiganta-se em montanhas de morte que ameaçam cair para cima de todos nós. Por todo o lado celebra-se a destruição, a moleza de um conforto pouco sadio, a partida para longe de casa mas para um lugar onde se encena a familiaridade das coisas que ficaram para trás. Uma vez chegado ao paraíso, sem ter trabalho para despachar, depressa me embrenho numa série de actividades que preciso cumprir para sentir que estou a desempenhar bem o papel de turista. No mar há uma série de tarefas para executar. Caiaque, paddle board, mergulho, parasailing, kitesurf, pesca de sereias e todo o rol de trabalhos a fazer devidamente documentados nas redes sociais. Tenho de conseguir coisas, não posso ficar parado e deixar que o tempo deixe de o ser, eliminando os dias entre rum escuro e um livro de palavras boas. Não! Preciso cumprir, afinal estou de férias e tenho de reportar àqueles que não estão o que fiz, como tal, há que empreender especialmente quando nada há para fazer. Realizo-me em roteiros, itinerários e toda a pantomima de concretização de desejos feitos para mim e todos os outros milhões que me seguirão e seguiram. Sou só mais um numa infinita fila de seguidores. A vida nestes aviários de lúbricos prazeres é construída à minha volta, feita à minha medida. Venho para violar a terra e o mar, para esfregar a minha pança comodista nas costas de uma menina de tez escura, venho para destruir tudo o que há de puro e belo nos paraísos destituídos de cifrão. A minha vantagem é o Visa, o UnionPay e a sorte de ter nascido no sítio certo, na altura apropriada. Quando regressar à minha pacata rotina caseira passo a antecipar uma nova escapadela para outro país pobre, onde a pataca é a minha fortaleza, não levarei nada comigo, além de colesterol, fígado gordo e vagas recordações sem lugar. Assim que aterrar na terra onde os Maseratis se multiplicam como colehos, vou esquecer a falta de saneamento básico, as barracas de madeira que desafiam tempestades tropicais e os meninos que sorriem indiferentes à falta de futuro. Depois de me esquivar a mais uma chapada de humildade, vou voltar à minha condição de pequeno monarca, que olha com arrogante superioridade para o destino daqueles que fugiram dos paraísos arruinados e vieram para Macau à procura de uma oportunidade de futuro. Vou continuar a encarar estas pessoas como inferiores, como alguém para me servir, esteja de férias ou em casa.
Hoje Macau China / ÁsiaAtentado | Bombas explodem na Birmânia sem provocar vítimas graves [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês bombas explodiram no sábado no oeste da Birmânia sem provocar vítimas graves, revelaram as autoridades do estado de Rhakine, palco desde Agosto do ano passado de uma campanha militar de perseguição à minoria muçulmana rohingya. “Três bombas explodiram e outros três engenhos acabaram por não detonar, provocando ferimentos ligeiros num agente”, revelou fonte policial de Sittwe, acrescentando que uma das bombas rebentou nos jardins de um edifício público. Estima-se que mais de 700 mil rohingyas tenham atravessado a fronteira entre o Birmânia e o Bangladesh desde o final de Agosto do ano passado. O êxodo desta minoria étnica começou durante a operação militar no estado de Rhakine, no oeste do Birmânia. A comunidade internacional, sobretudo a ONU, tem exortado a líder do Governo birmanês, Aung San Suu Kyi, a terminar com as perseguições à minoria muçulmana, frequentemente descritas como uma “limpeza étnica”. A Birmânia não reconhece a cidadania aos rohingya, que considera imigrantes bengalis, e sujeita-os a diferentes tipos de discriminação, incluindo restrições à liberdade de movimentos.
Hoje Macau China / ÁsiaDemocracia | Filipinas pede explicações a embaixador norte-americano O principal assessor do Presidente das Filipinas chamou o embaixador norte-americano no país para debater um relatório que inclui Rodrigo Duterte como um dos perigos que as democracias asiáticas enfrentam [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] porta-voz do Presidente das Filipinas, Harry Roque Jr, disse que o secretário executivo do Presidente Rodrigo Duterte, Salvador Medialdea, discutiu o relatório dos serviços secretos norte-americanos ‘Avaliação de Riscos Globais’ com o embaixador norte-americano no país, Sung Kim. De acordo com a agência de notícias AP, Medialdea pediu aos diplomatas norte-americanos colocados nas Filipinas para explicarem a Washington os passos tomados por Duterte para promover o desenvolvimento económico e garantir a segurança pública, “respeitando sempre o primado da lei”. A embaixada norte-americana confirmou o encontro e explicou que a reunião foi “centrada nas referências às Filipinas no relatório, incluindo a clarificação que a informação sobre o país tinha sido noticiada pelos meios de comunicação social”. O encontro, acrescentaram as fontes diplomáticas norte-americanas em Manila, serviu também para os dois políticos debaterem os interesses comuns e as “possibilidades de expansão de parcerias”, tendo o encontro terminado com as duas partes a “reafirmarem a força e abrangência da profunda relação bilateral”. Sinais preocupantes Segundo a agência de notícias AP, o relatório dos EUA diz que as “tendências autocráticas” devem aprofundar-se nalguns governos na Ásia e menciona que Duterte sugeriu suspender a constituição, decretar um “governo revolucionário” e impor a lei marcial em todo o país. No poder desde 2016, o Presidente das Filipinas tem reagido de forma veemente às críticas sobre a sua política de repressão ao uso de droga, especialmente pelos governos ocidentais, pelas Nações Unidas e por organizações de direitos humanos. Duterte chegou a dizer ao antigo Presidente dos EUA Barack Obama para “ir para o inferno” e ameaçou retirar o país das Nações Unidas devido às críticas à sua campanha anti-droga, que deixou milhares de consumidores de drogas, principalmente pobres, mortos.
Hoje Macau China / ÁsiaMorte de Kim Jong-nam foi planeada para Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] morte de Kim Jong-nam, o meio-irmão do líder da Coreia do Norte, deveria ter acontecido em Macau e não na Malásia, de acordo com uma especulação avançada ontem em tribunal, em Kuala Lumpur, por um advogado de uma das duas mulheres acusadas da autoria do homicídio, refere a Rádio Macau. De acordo com a estação pública de radiodifusão japonesa NHK, a defesa sustenta a versão agora avançada em instruções dadas à mulher pouco tempo antes do crime. Segundo o advogado, a indonésia Siti Aisyah recebeu instruções para viajar até Macau dias antes do homicídio, que ocorreu a 13 de Fevereiro do ano passado. O advogado da mulher afirmou que cinco dias antes de Kim Jong-nam ter sido morto, um homem da Coreia do Norte deu à suspeita dinheiro para comprar bilhetes de avião para Macau, onde iria ser gravado um programa de televisão. No entanto, a viagem seria cancelada, segundo o advogado, que especulou sobre a possibilidade de os norte-coreanos terem planeado assassinar Kim Jong-nam em Macau, mas desistido da ideia quando perceberam que o meio-irmão de Kim Jong-un não estava no território, onde tinha residência, refere a mesma fonte. Kim Jong-nam esteve em Macau na semana anterior a ter sido fatalmente envenenado no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur. Quando foi morto no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, o meio irmão de Kim Jong-un preparava-se para embarcar num voo que tinha Macau como destino. Duas mulheres, uma indonésia e uma vietnamita, estão a ser julgadas na Malásia por este caso desde o passado dia 2 de Outubro. No início do julgamento, Siti Aisyah e Doan Thi Huong declararam-se inocentes e alegaram que foram enganadas por presumíveis agentes norte-coreanos, ao serem levadas a acreditar que estavam a pregar uma partida inofensiva para um programa televisivo de apanhados. Caso sejam condenadas, arriscam a pena de morte. De acordo com as autoridades malaias, Kim Jong-nam foi assassinado supostamente pelas duas mulheres que lhe lançaram contra o rosto o agente químico nervoso VX. Kim viria a morrer poucos minutos depois, remata a TDM.
Hoje Macau China / Ásia MancheteXi Jinping | PCC propõe remover da constituição limite de dois mandatos do Presidente [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Partido Comunista Chinês (PCC) propôs excluir da constituição da China o limite de dois mandatos para o cargo de Presidente, informou ontem a imprensa oficial, quando Xi Jinping se assume como o mais forte líder das últimas décadas. Segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, a proposta do Comité Central do PCC aplica-se ainda ao cargo de vice-presidente do país. Num outro despacho, a Xinhua informa que o PCC propôs ainda incluir o Pensamento de Xi Jinping na Constituição do país. As propostas à alteração da constituição serão votadas na Assembleia Nacional Popular (ANP), órgão máximo legislativo da China, composto sobretudo por membros do PCC, e cuja sessão anual decorre no próximo mês. A decisão surge quatro meses depois de o congresso do PCC, ter decidido incluir o nome e teoria de Xi na constituição do partido, elevando-o ao estatuto de Deng Xiaoping, o arquitecto-chefe das reformas económicas que transformaram a China, e do fundador da República Popular, Mao Zedong. Nos últimos anos, Xi desmantelou o sistema de “liderança coletiva”, cimentado pelos líderes chineses desde finais dos anos 1970, e tornou-se o centro da política chinesa, eclipsando os outros seis membros do Comité Permanente do Politburo PCC, a cúpula do poder na China. Além de secretário-geral do PCC e Presidente da China, Xi é também presidente da Comissão Militar Central, Comandante-Chefe do exército chinês e chefia a Comissão Central de Segurança Nacional e o “grupo dirigente” encarregue de supervisionar o programa de “aprofundamento geral das reformas”. Um outro organismo novo, responsável pela “segurança do ciberespaço”, é também dirigido por Xi. Com uma intensidade inédita desde o ‘reinado’ de Mao, a imprensa chinesa reforçou também o culto em torno da sua imagem. Em termos de política externa, a China de Xi abdicou da discrição e passou a assumir a ambição de participar na governação de questões globais, num período em que a liderança de Donald Trump, nos Estados Unidos, ou o ‘Brexit’, na União Europeia, desafiam certezas antigas da geopolítica internacional. Sob a sua direção, a China tem combatido a influência estrangeira na sociedade civil, meios académicos ou Internet, apontam organizações de defesa dos Direitos Humanos. Xi Jinping foi eleito Presidente em 2013 e, no ano passado, foi eleito para um segundo mandato, que terminará em 2023, mas com a alteração constitucional pode-se estender além dos próximos cinco anos. O anúncio foi feito depois do Politburo se ter reunido no passado Sábado e antecipa a sessão plenária de três dias do Comité Central que começa hoje e que tem na agenda alterações institucionais a ser discutidas na próxima reunião anual da Assembleia Popular Nacional.
Hoje Macau China / ÁsiaTecnologia | 2017 marcado pelo investimento na inteligência artificial [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] indústria de inteligência artificial (IA) da China recebeu cerca de 180 mil milhões de yuans de financiamento no ano passado. A condução inteligente, big data e serviço de dados estavam entre as principais áreas de investimento, segundo o relatório divulgado pela Academia Chinesa para Tecnologia de Informação e Comunicações. A China registou 28 novas empresas de IA em 2017, comparadas com 128 em 2016, disse o relatório, acrescentando que a flutuação não afectará uma tendência de crescimento no longo prazo. No ano passado, as empresas de IA estavam principalmente em Pequim, Shanghai e Guangdong. Pequim tinha o maior número, com mais de 260 empresas de IA. O relatório previu que a indústria chinesa de IA continuará a crescer em 2018 e que avanços serão obtidos em áreas como visão de computador e tecnologias de voz. A China divulgou um plano de desenvolvimento de IA no ano passado, prometendo elevar o valor das indústrias essenciais de IA para mais de 150 mil milhões de yuans até 2020, mil milhões de yuans até 2025 e um milhão de milhões de yuans até 2030.
Hoje Macau China / ÁsiaPolícia detém dois homens por fotografias em uniformes do exército japonês [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia chinesa ordenou a detenção de dois homens depois de terem publicado fotografias na Internet vestidos com uniformes do exército japonês da Segunda Guerra Mundial, no local onde decorreu uma das maiores atrocidades da guerra. Segundo a polícia, os homens viajaram até à cidade de Nanjing durante as férias do Ano Novo Lunar, e tiraram as fotografias em frente a um bunker utilizado pelos chineses em 1937, durante a ocupação japonesa da então capital da China, no que ficou conhecido como o Massacre de Nanjing. Durante um período de seis semanas, em 1937, estima-se que tenham sido mortos mais de 300 mil chineses, num dos maiores massacres da Segunda Guerra Mundial. Segundo a historiografia oficial chinesa, os soldados japoneses violaram entre 20.000 e 30.000 mulheres e crianças, em Nanjing, pelo que o episódio é também designado na China como “a violação de Nanjing”. Os homens, que terão partilhado as fotografias no serviço chinês de mensagens instantâneas QQ, a partir de onde as imagens foram distribuídas por outros utilizadores, serão punidos com quinze dias de detenção. As fotografias dos dois homens rapidamente se tornaram virais na internet chinesa, onde “levaram à revolta e indignação”, segundo as autoridades. O caso enfatiza o quão sensível continua a ser o período da ocupação japonesa, durante as décadas de 1930 e 1940. Os homens, de 22 e 25 anos, foram considerados culpados de “provocar problemas e causar distúrbios”, e sentenciados com uma detenção administrativa, punição que não requer julgamento em tribunal. “As acções individuais de cidadãos não devem desafiar a dignidade da nação ou do povo”, afirmou a polícia de Nanjing, em comunicado. “O comportamento em locais públicos ou no ciberespaço não deve ultrapassar os limites estabelecidos pela lei”, acrescentou. Um dos homens foi apanhado na província de Sichuan, sudoeste do país. A polícia não detalhou como é que estes foram identificados. Além de vestirem uniformes do exército japonês, os homens carregavam uma espada de samurai e a réplica de uma carabina. Mais de 70 anos depois do fim da Segunda Guerra, as relações entre a China e o Japão continuam a ser tensas. Muitos chineses consideram que Tóquio nunca mostrou um arrependimento sincero pela agressão contra o país, que se estima terá causado cerca de 20 milhões de mortos.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | China critica punições unilaterais americanas à Coreia do Norte A China exigiu ontem que os Estados Unidos cessem imediatamente a “prática errada” de impor sanções a entidades e pessoas chinesas, que são afectadas por medidas unilaterais contra a Coreia do Norte, anunciadas pela Casa Branca [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos impuseram na sexta-feira sanções a 27 empresas marítimas registadas ou com sede em países que mantêm relações comerciais com a Coreia do Norte, como a China, para “aumentar a pressão e isolar ainda mais” o regime norte-coreano. As sanções económicas, divulgadas pelo Departamento do Tesouro norte-americano, também abrangem 28 navios com pavilhão de países como a Coreia do Norte, China, Singapura, Taiwan, Hong Kong, Ilhas Marshall, Panamá, Tanzânia e as Comoros. “A China opõe-se firmemente aos Estados Unidos da América, que impõem sanções unilaterais, com ‘jurisdição de longo alcance’ sobre entidades ou indivíduos chineses de acordo com suas leis nacionais. Nós criticamos severamente os EUA por essas medidas, pedindo que parem imediatamente tais irregularidades para não prejudicar a cooperação bilateral”, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, em um comunicado. A China não aceita que algumas entidades chinesas acabem por ser abrangidas pelas sanções dos EUA, frisando que cumpriu plenamente as resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a Coreia do Norte. Dois séculos A Coreia do Norte garantiu não dialogará de forma directa com a administração de Donald Trump “nem em 100 ou 200 anos”, numa reacção às críticas a Pyongyang feitas pelo gabinete do vice-presidente Mike Pence. As críticas foram feitas depois de a Coreia do Norte ter cancelado “à última hora” uma reunião entre o vice-presidente americano e uma delegação de altos funcionários norte-coreanos, marcada para a Coreia do Sul, à margem dos Jogos Olímpicos de PyeongChang. A porta-voz do Departamento de Estado americano explicou que durante a visita de Mike Pence a PyeongChang, para a cerimónia de abertura dos Jogos, “surgiu a possibilidade de uma breve reunião com os líderes da delegação norte-coreana”, que viria a não se realizar por decisão do regime de Pyongyang. Heather Nauert frisou que “o vice-presidente estava pronto para aproveitar a oportunidade para destacar a necessidade de a Coreia do Norte abandonar os programas ilícitos de mísseis balísticos e nucleares “. “É imperdoável que Pence se atreva a difamar o inviolável governo da República Popular Democrática da Coreia, chamando-o de ‘regime ditatorial'”, afirmou hoje um porta-voz de Pyongyang numa declaração à agência estatal “KCNA”. O porta-voz denunciou ainda os “absurdos ataques” de Pence contra a missão norte-coreana enviada à abertura dos Jogos e contra a irmã e enviada especial do líder norte-coreano Kim Jong-un, Kim Yo-jong, que teve uma histórica reunião com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in. Pyongyang garante que “em nenhum momento mendigará o diálogo” com o governo Trump, sublinhando que “não quer contacto com quem ataca de forma agressiva a dignidade do governo e a liderança suprema” do país. “Nunca teremos conversas directas com eles, nem sequer em 100 ou em 200 anos. Isto não é uma ameaça nem uma afirmação vã”, concluiu o porta-voz.
Sofia Margarida Mota EventosLivros | “Cair para dentro” encerra trilogia de Valério Romão [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] o último volume da trilogia “Paternidades Falhadas” de Valério Romão. Depois de “Autismo” e de “O da Joana”, “Cair para dentro” conta a história de duas mulheres, Virgínia e Eugénia, unidas pela relação mãe-filha. Eugénia, a filha, não foi educada para ser um adulto independente e, embora seja professora universitária, a mãe controla o seu dinheiro, o seu tempo, proibindo-a até de ter telemóvel. Quando Virgínia começa a desenvolver sintomas de demência, Eugénia vê-se obrigada, deixando aquela infância artificial construída pela sua mãe, a crescer e a cuidar de todos os aspectos práticos da vida de ambas. Até descobrir que, no estado em que a mãe se encontra, a vingança é uma possibilidade. “Cair para dentro” explora até ao limite as dificuldades das relações humanas e os dilemas morais que delas decorrem, refere o texto de apresentação da obra. O autor publicou ainda três livros de contos: “Facas”, “Da Família” e “Dez razões para aspirar a ser gato”. Valério Romão escreve também peças de teatro e poesia, por enquanto inédita (mas está previsto, para breve, o lançamento do livro-cd “Poetas Portugueses de Agora”, que integra poemas seus). Valério Romão, nasceu em 1974, licenciou-se em filosofia e é escritor, contista, dramaturgo, tradutor. Seleccionado como Jovem Criador nacional no início do século, tem diversos livros publicados e é um dos nomes sonantes da nova literatura em Portugal. Foi finalista do Prix Femina 2016.
Sofia Margarida Mota EventosIPM | Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa arranca em Março O Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa vai lançar, no próximo mês, o Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa. A iniciativa junta, pela primeira vez, docentes de todas as instituições de ensino superior onde se lecciona literatura [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 5 de Março abre-se o primeiro capítulo de mais um curso livre de literatura, iniciativa que tem vindo a ser promovida pelo Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP) do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Este ano com um novo fôlego graças à diversidade de temas e do painel que o lecciona. “A grande novidade é que o curso vai ser leccionado, pela primeira vez, por professores de todas as instituições de ensino superior de Macau onde se ensina literatura”, afirmou o director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP), Carlos André, ao HM. O académico sublinha que apenas agora se conseguiu concretizar este projecto que corresponde a uma vontade antiga. “Já há muito venho a entender que temos de colaborar mais. Quem cá está há anos deve ter reparado que tenho dito, muitas vezes, que é necessário haver mais cooperação. A lógica de cooperação tem de prevalecer sobre a lógica da concorrência”, apontou. Em paralelo, o curso livre – que começou por ser ministrado por José Carlos Seabra Pereira, que exerceu funções de docente convidado no CPCLP e foi distinguido com o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, em 2016, pela obra “O Delta Literário de Macau” – alargou o espectro, apresentando-se agora “muito ligado às literaturas de língua portuguesa, que não são necessariamente portuguesas”, sublinha Carlos André. O curso livre, que vai decorrer de 5 de Março a 28 de Maio, “pretende ser uma actividade aberta à comunidade académica e a todos os interessados nas literaturas de língua portuguesa, sendo “caracterizada por um espectro temático amplo, tanto na sua cronologia, como no que diz respeito ao género e ao espaço de produção”. Ou seja, o espectro geográfico é alargado aos países de língua portuguesa, refere uma breve apresentação da iniciativa. “A relação da literatura com quotidiano” é um tema proposto que tem como principal objectivo por um lado, “descobrir aproximações diversas de textos e autores” e, por outro, “reflectir criticamente sobre a literatura enquanto expressão individual e expressão de um determinado tempo e circunstâncias”. Olhando à primeira vista, o programa “parece um tanto descosido” ou “um pouco desgarrado”, o que decorre do facto “de cada professor ser livre de escolher a unidade temática em que quer trabalhar”, explica Carlos André. De Camões a Agualusa O Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa desenrolar-se-á ao longo de dez sessões marcadas para as segundas-feiras entre as 18h30 e as 21h no IPM. As primeiras três vão ficar, precisamente, a cargo do director do CPCLP que irá abordar “O exílio na literatura portuguesa”. “É um tema que atravessa a literatura desde os gregos, desde Ulisses, que é o primeiro exilado da literatura, até aos dias de hoje e que, no caso português, é pontuada por autores muito marcantes”, explica Carlos André. Nesse contexto, o académico propõe uma reflexão sobre a importância do tema e/ou condição de exílio em autores como Camões, Filinto Elísio, Marquesa de Alorna, padre António Vieira, Alexandre Herculano ou Manuel Alegre. De acordo com o programa, segue-se Lola Xavier, também do Instituto Politécnico de Macau que, a 26 de Março, debruçar-se-á sobre a “Literatura angolana e construção de universos subjectivos”. Como o título indica, o módulo foca-se em autores angolanos, nomeadamente José Eduardo Agualusa, “naquilo que é a sua literatura menos comentada, mas mais rica, na criação de universos subjectivos e metafóricos”. Já em Abril, o curso livre regressa à literatura portuguesa, desta feita, por via de Sara Augusto, que dedicar-se-á a uma área em que “se sente muito à vontade” que é, aliás, a da sua formação: a literatura barroca. “Parece-me interessante por ser uma área de estudos e da literatura muito desconhecida. As pessoas sabem mais do século anterior, o XVI, do que do XVII, em que acabam por conhecer o padre António Vieira e os Sermões e pouco mais”, observou a docente do CPCLP ao HM. “A literatura barroca entre o quotidiano e a estética literária” titula as sessões de 9 e 16 de Abril, com Sara Augusto a destacar o particular interesse das “dicotomias” que a pautam e a capacidade de “conjugar os factos do dia-a-dia num período tão regido por regras”, em que se “cultivam géneros com códigos estilísticos tão fortes”, como o soneto. A 23 de Abril, é a vez de Inocência Mata, professora do Departamento de Português da Universidade de Macau, dar o seu contributo, mas o programa ainda não se encontra fechado. “O quotidiano no registo da poesia: intrusão ou pertença?” é a questão que Vera Borges lança na sua sessão a 14 de Maio. Segundo o programa, a coordenadora do Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de São José propõe discutir a oposição entre os conceitos de sublime e banal. Serão abordadas “as funções e efeitos da intrusão do quotidiano na dicção poética”, com comentário de textos, designadamente de Ruy Cinnatti, Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade, Mário Cesariny de Vasconcelos ou Ruy Belo. Já Vânia Rego, professora da Escola Superior de Línguas e Tradução do IPM, vai buscar as “Galveias”, de José Luís Peixoto, para falar das histórias de um quotidiano português a 21 de Maio; enquanto Dora Gago, do Departamento de Português da Universidade de Macau, vai focar-se, uma semana depois, nas representações do quotidiano no Diário de Miguel Torga, fechando o Curso Breve de Literaturas em Língua Portuguesa.
Diana do Mar SociedadeSaúde | Terceira vítima mortal de gripe desde o início do ano Um homem de 68 anos morreu na madrugada de Sábado, tornando-se na terceira vítima mortal da gripe desde o início do ano, indicaram os Serviços de Saúde [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sexagenário, que se encontrava em estado crítico, apresentou os primeiros sintomas no dia 8 de Fevereiro e, cinco dias depois, foi internado no Hospital Kiang Wu. Mais tarde, acabou por ser transferido para o Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), “com problemas respiratórios e com necessidade de auxílio respiratório por meios mecânicos”. O homem, que testou positivo para a gripe B, foi diagnosticado com pneumonia dupla e septicemia, de acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde. Trata-se da terceira vítima mortal em Macau, desde o início do ano, devido a complicações causadas pela gripe, depois da morte, a 29 de Janeiro, de uma criança de quatro anos e de um homem, de 90 anos, na passada quarta-feira. Os Serviços de Saúde fizeram ainda um ponto de situação, até sábado, relativamente a três casos críticos: um homem, de 45 anos, que estava internado nos cuidados intensivos do CHCSJ que apresentava melhorias; a par de dois outros, de 64 e 83 anos, ambos internados nos cuidados intensivos do Kiang Wu e a precisar ainda do apoio do ventilador. Nem os três pacientes que faleceram nem os que se encontram em estado crítico foram vacinados contra gripe. A situação da gripe em Macau ainda “mantém um nível alto”, “apesar de se ter registado uma diminuição ligeira”, indicaram os Serviços de Saúde, apelando à tomada de medidas de prevenção atendendo, em particular, ao facto de as aulas serem retomadas esta semana na maioria das escolas. Desde o início do ano, até ao meio-dia de sábado, foram registados 45 casos de gripe acompanhados de pneumonia ou de outras complicações. ‘Stock’ em baixa no privado Depois de terem adquirido 120 mil doses de vacina contra a gripe para 2017/2018, os Serviços de Saúde decidiram reforçar as doses ainda existentes, que eram menos de cinco mil no final de Janeiro, tendo sido feita uma encomenda adicional de 40 mil. No entanto, no sector privado o cenário é de défice, segundo o South China Morning Post (SCMP). De acordo com o jornal, a escassez da vacina nas clínicas privadas de Hong Kong levou os residentes a atravessarem a fronteira até Macau, em particular face à advertência das autoridades para a possibilidade de um eventual surto de gripe com a reabertura das escolas, mas sem grande sorte. Nove clínicas privadas de Macau contactadas pelo SCMP indicaram não ter vacinas contra a gripe em ‘stock’.
Diana do Mar SociedadeDespesas feitas fora dos casinos subiram em 2017 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s visitantes que escolheram Macau como destino no ano passado voltaram a gastar mais dinheiro fora dos casinos. A despesa total, excluindo em jogo, atingiu 61,32 mil milhões de patacas, traduzindo uma subida de 16,4 por cento face a 2016, indicam dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). A par com o aumento global verificou-se também uma subida dos gastos ‘per capita’ que cresceram 10,5 por cento para 1.880 patacas. Os visitantes procedentes da China foram os que mais abriram os cordões à bolsa, com a despesa ‘per capita’ a corresponder a 2.203 patacas – mais 11,6 por cento face a 2016. A despesa ‘per capita’ dos visitantes de Singapura (1.848 patacas), da Malásia (1.762 patacas) e do Japão (1.744 patacas) também aumentaram. Em sentido inverso, os gastos dos visitantes oriundos da Austrália (1.429 patacas), Estados Unidos (1.236 patacas) e Reino Unido diminuiu. Segundo a DSEC, no ano passado, os visitantes despenderam, essencialmente, em compras (855 patacas, isto é 45,4 por cento do total ‘per capita’) – mais 14,9 por cento face a 2016. A despesa ‘per capita’ em alojamento foi na ordem das 485 patacas – mais 4,8 por cento do que em 2016 –, enquanto a de alimentação foi de 392 patacas, representa um quinto na estrutura da despesa ‘per capita’, segundo os resultados do inquérito às despesas dos visitantes da DSEC. Quanto ao principal motivo de vinda a Macau, os que visitaram o território para participar em convenções/exposições foram os que mais despenderam, com os gastos ‘per capita’, atingindo 3456 patacas. Este valor reflecte um aumento anual de 28 por cento, apesar de representarem menos de um por cento. A segunda despesa mais avultada foi feita por quem veio fazer compras (2.571 patacas), seguindo-se a efectuada pelos que escolheram Macau para passar férias (2.508 patacas), que representaram mais de metade do total. Já a despesa ‘per capita’ de quem veio para jogar nos casinos foi na ordem das 985 patacas, traduzindo uma descida de 14,6 por cento face a 2016.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeToi San | STDM vendeu prédio habitacional junto a obra pública O edifício da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau localizado no bairro de Toi San, ao lado da obra de habitação pública, foi vendido a Simon Siu, da empresa Lek Heng Property. Os moradores não foram despejados, mas passaram a pagar renda [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]ivem em comunidade há décadas num só edifício de quatro andares. É assim no prédio que a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) possuía no bairro de Toi San e onde, desde os anos 60, vivem várias famílias. Segundo o que o HM conseguiu apurar, o edifício foi vendido a Simon Siu, empresário e proprietário da empresa Lek Heng Property. Desde que começaram, no terreno ao lado, as obras para a construção de um edifício de habitação pública que o edifício tem vindo a sofrer com a existência de grandes fendas estruturais. Desconhecem-se as razões para a venda desta propriedade, e a STDM não respondeu às questões colocadas pelo HM. Contudo, e de acordo com a garantia dada por Chan Tak Seng, da Aliança do Povo de Instituição de Macau, os moradores, que temiam o despejo, passaram a pagar renda ao novo proprietário, quando antes a STDM os isentava desse pagamento. Numa reportagem realizada pelo HM em 2015, os 40 moradores do edifício temiam ser despejados pela empresa fundada por Stanley Ho, e que durante anos teve a concessão exclusiva do jogo no território. Estes chegaram a receber cartas da empresa a alertar para a possível situação de despejo, que nunca se concretizou. “A STDM já não cobra renda aos inquilinos e acredito que isso é para nós sairmos à vontade. Mas ganho muito pouco e não tenho capacidade para arrendar uma casa lá fora”, contou um dos moradores. Planta em análise Em 2015 os problemas estruturais do edifício, agravados com as obras no terreno ao lado, foram notícia, tendo os representantes da Aliança do Povo de Instituição de Macau reunido com Li Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Neste momento, está sob consulta pública, para posterior análise do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), uma planta de condições urbanísticas sobre este edifício, mas a DSSOPT não quis dar mais esclarecimentos sobre este projecto. “Quanto ao respectivo lote, a pedido do proprietário do terreno esta Direcção de Serviços realizou os trabalhos relativos à elaboração da sua planta de condições urbanísticas de acordo com a Lei do Planeamento Urbanístico e a mesma está-se a proceder ao procedimento de divulgação, exposição e consulta pública, não tendo actualmente mais informações complementares.”
Andreia Sofia Silva SociedadeIACM organiza passeios educativos por pátios antigos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) organiza, a partir de hoje, passeios por alguns pátios e becos antigos do território, tal como o Pátio do Espinho, Bêco da Rosa, Pátio da Eterna Felicidade, Pátio das Seis Casas. O objectivo, apontou Lam Mei Siu, chefe substituta do gabinete do cidadão do IACM, é garantir que o público saiba mais detalhes sobre estes locais. Muitos dos pátios estão degradados, sem um plano de requalificação e já sem moradores. “Esta actividade tem por objectivo promover a participação pública em conjunto com a comunidade, para que se possam conhecer os bairros sob diferentes perspectivas, além de fortalecer o sentido de mobilidade.” Estes percursos foram criados através de concurso, sendo a participação do público feita através de inscrição. A língua dos passeios será o cantonês, existindo a possibilidade de virem a ser realizados percursos em português ou inglês, garantiu Henry Ma, membro do conselho de administração do IACM. “Cada mês temos uma visita aberta a inscrições do público e já recebemos inscrições de escolas e vários grupos para a realização de visitas guiadas. Também acrescentamos este ano visitas guiadas levadas a cabo por académicos para que os participantes possam compreender melhor a história das ruas de Macau”, acrescentou Lam Mei Siu. Para a realização destes percursos foram feitas algumas mudanças nos locais. “Colocaram-se mesas e cadeiras para refeições e vários convívios, para que haja um contacto e uma estreita interacção entre vizinhos. Esta nova rota estabelece uma ligação entre os pátios e os becos antigos de Macau, para que os visitantes possam rever as memórias colectivas.” O IACM já tem pensados noutros temas para percursos relacionados com locais históricos de Macau. “Temos várias rotas, como as personalidades e os pintores de Macau, e as rotas relacionadas com os templos antigos da Taipa, duas ligadas a Coloane e outra rota relacionada com as lojas antigas”, adiantou Henry Ma. O sucesso deste projecto já está garantido, conforme frisou o administrador do IACM. “Convidámos académicos para uma primeira visita guiada, as vagas já estão esgotadas e vamos abrir mais uma actividade”, rematou.