Diana do Mar SociedadeTUI | Empresa de construção perde concessão de terreno por falta de aproveitamento [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Tak Heng Sing perdeu a derradeira batalha na justiça: o TUI negou provimento ao recurso interposto pela empresa de construção que, em Março de 2015, viu o Chefe do Executivo declarar a caducidade do contrato de concessão de arrendamento de um terreno por falta de aproveitamento dentro do prazo estipulado contratualmente. O acórdão foi tornado público ontem. O terreno, com uma área de 2196 metros quadrados, no Pac On, foi concedido em 1998 por arrendamento com dispensa de concurso público. O imóvel deveria ter sido aproveitado no prazo de dois anos para a construção de um edifício para a instalação de unidades industriais e armazéns, afectos a uso próprio. A Tak Heng Sing recorreu para o TUI após a decisão desfavorável, há um ano, proferida pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI). Segundo o TUI, a empresa alegou nomeadamente que ao contrato era aplicável a Lei de Terras antiga – e não a nova, como entendeu o TSI – pelo que primeiro ser-lhe-ia aplicada multa e nunca, desde logo, a caducidade da concessão. O TUI manteve a decisão do TSI, indicando que, ao que não esteja regulado no contrato de concessão aplica-se, supletivamente, a nova lei, a qual determina que as concessões provisórias caducam quando se verifique a não conclusão do aproveitamento do terreno nos prazos e termos contratuais, independentemente de ter sido aplicada, ou não, a multa. A empresa considerou ainda que o TSI errou ao não considerar o atraso no aproveitamento do terreno como situação de força maior, por virtude da recessão global económica, da eclosão da SARS, da crise financeira asiática, das alterações ao ambiente económico e social de Macau, do êxodo da indústria local para a China e outros países vizinhos e da falta de mão-de-obra resultante da abertura do sector do jogo. Entendimento diferente teve o TUI que indicou que o TSI julgou bem ao não reconhecer ter havido uma situação de força maior impeditiva do aproveitamento do terreno. Entre os argumentos, o colectivo apontou, nomeadamente, que a crise financeira asiática teve impacto na área do imobiliário, pelo que não se vislumbra nenhuma relação de causa e efeito, e que a SARS eclodiu em Hong Kong em Novembro de 2002, ou seja, quando o terreno deveria estar já aproveitado.
Diana do Mar SociedadeAmbiente | Macau quer aproveitar oportunidades da cooperação O Chefe do Executivo afirmou ontem que Macau pretende aproveitar as oportunidades de crescimento que a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” ou o projecto da Grande Baía oferecem para promover a protecção ambiental [dropcap style≠‘circle’]”P[/dropcap]resentemente, o Governo da RAEM desempenha um papel importante na conjuntura de desenvolvimento do país, articulando-se com a implementação das iniciativas nacionais ‘Uma Faixa, Uma Rota’, ‘Cooperação Regional do Pan-Delta do Rio das Pérolas’ e ‘Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau’, que trarão grandes oportunidades ao futuro desenvolvimento de Macau”, afirmou Fernando Chui Sai On. Neste sentido, “ao aproveitar as ditas oportunidades de desenvolvimento, Macau vai para promover activamente a colaboração nas vertentes de protecção ambiental e de desenvolvimento da economia verde”, sublinhou, na abertura do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla em inglês). “Estamos empenhados em demonstrar as vantagens de Macau enquanto plataforma para o reforço da cooperação em matéria ambiental entre a China e os outros países do mundo e apoiar o sector do Pan-Delta do Rio das Pérolas no sentido da internacionalização e da captação de investimentos”, enfatizou. O desafio da urbanização A antiga responsável da ONU para as Alterações Climáticas Christiana Figueres, que figura como a principal oradora do MIECF, falou ontem do “grande desafio” da urbanização na China e no mundo. “Actualmente, metade da população mundial vive nas cidades, gerando 80 por cento do Produto Interno Bruto (PIB)”, um universo que vai continuar a aumentar, estimando-se que até 2050 cerca de 6 mil milhões de pessoas vivam nas cidades, com particular incidência na Ásia e em África. No caso da China, por exemplo, a especialista alertou que o fenómeno das cidades com elevada densidade populacional, como Hong Kong ou as metrópoles do Delta do Rio das Pérolas, vai continuar a crescer. Nesse aspecto, a antiga responsável da ONU chama a atenção para a importância da sustentabilidade. Embora não haja uma definição uniforme do conceito de cidade ecológica, Figueres defende que há um conjunto de características que devem estar reunidas: “Conhecemos cidades que são poluídas, congestionadas e desumanizadas. No futuro, a nossa habilidade passa por construir cidades que sejam limpas, compactas, conectadas e acolhedoras”, defendeu. Dado que 60 por cento das habitações necessárias para fazer face à futura procura ainda não estão construídas, a mesma responsável vê “grandes oportunidades para o desenvolvimento de infra-estruturas, de hardware ou software, com vista a aumentar, melhorar o ambiente e a qualidade de vida da população”. Apontando que “à medida que a Ásia avança, o mundo também avança”, Figueres elogiou a liderança da China na concepção de cidades ecológicas, fazendo ainda referência ao “conceito inovador de civilização ecológica”, que consiste no equilíbrio do desenvolvimento económico com a protecção da natureza, que foi integrado na Constituição da China. Song Xiaozhi, vice-directora-geral do recém-criado Ministério da Ecologia e do Ambiente da China, garantiu que as novas directrizes relativas à protecção ambiental figuram como uma “prioridade” para Pequim e “estão a ser levadas a cabo com determinação, intensidade e eficácia sem precedentes”. “Em 2017, obtivemos progressos significativos”, realçou. Apesar dos avanços, e embora destacando o papel de liderança da China, Song Xiaozhi reconheceu que há muito por fazer: “Estamos cientes que a protecção ambiental da China está ainda atrasada em relação ao desenvolvimento socioeconómico”. O programa do MIECF, que arrancou ontem e decorre até sábado no Venetian, inclui sete sessões, com mais de 50 oradores, e a “mostra verde” que, na 10.ª edição do evento, reúne mais de 490 expositores de duas dezenas de países e territórios.
Diana do Mar PolíticaFundo Guangdong-Macau com taxa de juro anual garantida de 3,5 por cento [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] fundo de desenvolvimento para a cooperação Guangdong-Macau, que prevê um investimento de 20 mil milhões de renminbi por parte de Macau, vai ter uma taxa de juro anual garantida de 3,5 por cento, revelou ontem o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. O fundo figura como um ponto de partida para a integração de Macau no projecto da Grande Baía “Anualmente, o investimento terá uma taxa de juro garantida de 3,5 por cento. Depois de sete anos, vamos verificar se a média de lucros é superior e se ultrapassar 7,8 por cento vai haver partilha dos lucros adicionais e Macau ficará com cerca de 55 por cento dessa porção extra”, detalhou Lionel Leong, à margem do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla em inglês), que arrancou ontem e decorre até sábado no Venetian. As negociações entre Macau e Guangdong sobre o fundo foram concluídas, estando a ser ultimados os procedimentos administrativos, indicou o Secretário para a Economia e Finanças. O investimento, que compete a Macau, vai ser aplicado sobretudo em projectos de infra-estruturas em Guangdong, cabendo então à província vizinha a escolha dos itens em concreto. O fundo de desenvolvimento para a cooperação Guangdong-Macau, que vai ter uma duração de 12 anos, visa, por um lado, assegurar o retorno dos investimentos da Reserva Financeira e, por outro, dinamizar as acções de integração de Macau na construção da Grande Baía. “Este projecto é para nos integrarmos melhor na Grande Baía”, sublinhou Lionel Leong que, no início da semana, no discurso que proferiu no Fórum Boao, tinha descrito a cooperação entre a RAEM e Guangdong como um “ponto de partida” da participação de Macau na construção da Grande Baía. A Grande Baía inclui as duas Regiões Administrativas Especiais de Hong Kong e Macau e nove cidades da província de Guangdong (Dongguan, Foshan, Guangzhou, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai). À luz do projecto de integração económica da Grande Baía pretende-se criar uma região metropolitana de nível mundial, aproveitando as diferentes mais-valias de cada um dos territórios.
Victor Ng PolíticaDeputadas apontam falhas no processo de Fong Soi Kun [dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]oi ontem dada a conhecer a suspensão da pensão do ex-director do Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), Fong Soi Kun por um período de quatro anos mas há deputados insatisfeitos. Song Pek Kei lamenta que os procedimentos disciplinares não tenham sido iniciados atempadamente. A deputada admite, em declarações ao Jornal do Cidadão, que o Governo tomou uma atitude mais activa neste caso mas aponta que o processo disciplinar que envolveu o ex-responsável pelos SMG levou demasiado tempo a ser concluído. A demora deixou a população insatisfeita, refere a deputada, sendo que o Executivo devia ter tomado medidas imediatamente após a passagem do tufão Hato pelo território no passado dia 23 de Agosto. Por outro lado, Song Pek Kei entende que todo o processo não foi suficientemente claro para a sociedade, visto ter sido num primeiro momento anunciada a reforma de Fong Soi Kun e só agora anunciada a pena. Para Song Pek Kei, se o Executivo pretende melhorar o sistema de responsabilização, “é preciso garantir o profissionalismo e a eficiência dos processo de responsabilização e dos trabalhos de investigação”, afirma. Revisão, já Por seu lado, Agnes Lam exige a revisão imediata ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau Na perspectiva da deputada, a penalização dirigida a Fong Soi Kun não é surpreendente, sendo que o mais importante é a revisão do actual regime jurídico da função pública tendo como foco a responsabilização de chefias nos casos que envolvem mortos, feridos, perda de propriedade e impacto na economia da região. A questão da responsabilização por mortes, mesmo que seja indirecta, deve ser, aponta a deputada, tema a debater. Agnes Lam exige que a sociedade e a Assembleia Legislativa (AL) abordem esta questão, tendo salientado que o objectivo de rever a penalização não é castigar quem comete erros, mas consciencializar os membros do Governo de que é necessário prestar atenção às consequência e às responsabilidades de possíveis negligências.
Victor Ng PolíticaRelatório do CCAC | IC, IACM e PSP fazem ponto de situação dos casos O Instituto Cultural (IC), o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e a Polícia de Segurança Pública (PSP) reagiram ontem a relatório do Comissariado contra a Corrupção [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]iversos serviços públicos pronunciaram-se ontem sobre o relatório do CCAC, prometendo rever e melhorar os procedimentos internos, dando conta das medidas tomadas relativamente aos casos sinalizados, como os processos disciplinares em curso “O IC irá prestar todo o apoio, dar seguimento e acompanhar, nos termos da lei, os dois casos relativos ao Conservatório de Macau referidos no relatório do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC)”, indicou o organismo em comunicado. Sobre o primeiro caso, relativo à contratação de dois trabalhadores não residentes para leccionarem na Escola de Teatro do Conservatório de Macau sem as autorizações necessárias, o IC, indicou que a relação laboral com ambos cessou em 2016, mas adiantou que o caso foi entregue às autoridades judiciais e que se encontra na fase de inquérito. Já no outro caso, em que o director da Escola de Música do Conservatório de Macau exigiu aos professores que comprassem bilhetes para um concerto e os promovesse juntos dos alunos e dos pais dos alunos, o IC pediu ao visado para se abster desse tipo de actos no futuro. Além disso, o Conservatório de Macau acabou de elaborar as instruções sobre a divulgação e a venda de bilhetes para actividades, indicou, em comunicado, o IC prometendo continuar a monitorizar os trabalhos de gestão interna do Conservatório. Todos atentos O IACM também manifestou prestar elevada atenção ao caso de abuso de poder e de peculato praticado por uma chefia funcional constante do relatório, bem como ao de um fiscal que não procedia com frequência ao registo de assiduidade, adiantando que já foram iniciados procedimentos disciplinares internos aos funcionários envolvidos. No que toca ao caso relativo à renovação da comissão de serviço de um chefe autorizada dois dias antes da sua aposentação, o IACM indicou que, logo após a indicação do CCAC, revogou a autorização de renovação. Em comunicado, o IACM afirmou que vai aprender com a lição, prometendo nomeadamente rever o mecanismo de administração interna e de fiscalização. A PSP, por seu turno, indicou, de acordo com o jornal Ou Mun, que foram iniciados procedimentos disciplinares a dois agentes, sobre os quais recai a suspeita de fraude e de falsificação de documentos, prometendo tolerância zero no tratamento de infracções. O CCAC recebeu 1264 queixas e denúncias ao longo do ano passado. Do total, apenas 19 foram investigados por iniciativa do organismo.
João Santos Filipe PolíticaChui Sai On recusa comentar castigo aplicado a Fong Soi Kun [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo recusa comentar o castigo de quatro anos sem receber reforma aplicado a Fong Soi Kun, ex-director dos Serviços de Meteorologia e Geofísicos, durante a conferência de ontem sobre a situação dos mecanismos de prevenção e resposta a catástrofes. De acordo com Chui Sai On, ainda decorre o prazo em que Fong Soi Kun pode recorrer do castigo revelado na quarta-feira, pelo que a postura do Executivo, nesta altura, passa pela “confidencialidade”. “Foram aplicados castigos a duas pessoas e, neste momento, esses dois interessados gozam do direito de recurso das decisões, de acordo com as leis em vigor. Temos de manter a confidencialidade até passar o tempo em que se pode recorrer. Ele [Fong Soi Kun] ainda pode apresentar recurso”, disse Chui Sai On, após ter sido questionado sobre o assunto. Além de Fong Soi Kun, também a antiga sub-directora foi penalizada, neste caso com 130 dias de suspensão. Uma sanção que já foi cumprida, com Florence a ter regressado aos SMG. Mesmo assim, o Chefe do Executivo sublinhou que o castigo foi ponderado em conjunto com o secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, depois de terem sido lidos quatro relatórios diferentes, elaborados pelo Comissariado Contra a Corrupção, comissão interna da função pública, do Mecanismo de Resposta a Grandes Catástrofes e ainda da Comissão Nacional da China para Redução de Desastres. Por outro lado, Chui Sai On negou que o Executivo não tenha assumido as responsabilidades, após a tragédia que causou 10 mortos e 240 feridos e prejuízos de 12,55 mil milhões de patacas. “Nós também temos que assumir a nossa responsabilidade política. Eu também confesso que tínhamos certas insuficiências de gestão. Pelo que, agora estamo-nos a empenhar para definir medidas para a prevenção de catástrofes”, confessou. Responsabilização com alterações Ainda em relação à situação de Fong Soi Kun, a secretária para a Administração e Justiça, revelou que o Governo já está a trabalhar para rever o regime de responsabilização dos dirigentes. “Segundo as indicações do Chefe do Executivo, a minha tutela vai fazer uma revisão ao Regime de Responsabilização do Pessoal de Direcção e Chefia, bem como ao Estatuto [do Pessoal de Direcção e Chefia dos Serviços da Administração Pública]. Podem reparar que estão ligados ou articulados, por exemplo, a nomeação, a selecção ou avaliação. Está interligado. Temos também que ver como é que se define as suas competências e responsabilidades com as vozes da sociedade, bem como as orientações do Chefe do Executivo”, vincou Sónia Chan.
João Santos Filipe Manchete PolíticaHato | Wong Sio Chak garante que Macau está preparado para novo tufão Se um tufão com a intensidade semelhante à do tufão Hato ocorresse hoje, as autoridades estavam preparadas para lidar com os desafios. Esta foi a convicção deixada ontem pelo secretário para a Segurança [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] secretário para a Segurança disse ontem que Macau está preparado para um novo tufão com a intensidade do Hato. As palavras foram proferidas por Wong Sio Chak, numa conferência de imprensa sobre os trabalhos de prevenção para grande catástrofes, que contou também com a presença do Chefe do Executivo, Sónia Chan e Raimundo do Rosário. “Neste momento, somos capazes de enfrentar um tufão com a mesma intensidade do Hato”, afirmou Wong Sio Chak, após ter sido questionado sobre a situação actual dos mecanismos de resposta e prevenção. “A estrutura e o Centro de Operações da Protecção Civil, sob a orientação do Chefe do Executivo, foi reforçada, assim como a cooperação entre os 29 serviços públicos envolvidos na estrutura de protecção”, acrescentou. Contudo, sobre o futuro, o secretário reconheceu a necessidade de criar mecanismos de resposta permanentes, cujos trabalhos já estão em vigor. Neste momento, a nova lei da Protecção Civil está quase pronta e brevemente vai ser colocada em consulta pública. Este é um documento que Wong Sio Chak definiu como “urgente”. Por outro lado, está previsto que o edifício do Novo Centro de Protecção Civil seja construído até 2021. Ainda em relação à prevenção, o secretário deixou um apelo, que todos participem nos esforços: “Não pode ser apenas um esforço do Governo, todos os cidadãos têm de se envolver e contribuir”, defendeu. Abrigos e centros de deslocados Em relação à actualização dos trabalhos feitos para lidar e resolver as inundações, Chui Sai On anunciou que o número de abrigos para as pessoas vai aumentar de quatro para 16, com uma capacidade para cerca de 23 mil pessoas. Também vão ser definidos quatro locais elevados, para onde as pessoas que vivem nas zonas propensas a inundações, ou pessoas com necessidades especiais, se podem retirar em situações de emergência. Estes locais ficam localizados no Centro de Acolhimento da Ilha Verde, Mercado de Patane, Mercado Municipal de São Lourenço e Mercado de São Domingos. Também ontem foi explicado que vai ser criada uma caixa de drenagem com maior capacidade na Zona do Porto Interior, onde a água escoada das ruas vai ser armazenada, e depois bombeada de volta para o rio. As obras para este projecto vão começar brevemente, mas exigem a deslocação de cabos e redes de esgoto. “É uma caixa que vai ter uma área de 2 mil quilómetro quadrados. Vai ficar situada no Porto Interior e vai conseguir escoar 14,28 metros quadrados de água por segundo, de regresso ao rio”, explicou José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Outro dos assuntos abordados foi a construção das comportas no Porto Interior, sendo que o projecto já foi enviado para o Governo Central. Porém, a construção vai levar alguns anos até ficar concluída: “é o problema que mais interessa a todos. Mas as inundações não se resolvem só com as comportas. Vamos implementar um projecto integrado. Contamos com o apoio de Guangdong porque envolve as cidades de Zhuhai e Zhongshan. Neste momento, a proposta já foi enviada para o Governo Central”, explicou Chui Sai On.
Sofia Margarida Mota Entrevista Manchete SociedadeEntrevista | Hans-Georg Moeller, académico de filosofia e estudos religiosos da UM Foi nos finais dos anos 80, com a abertura da China ao mundo, que o alemão Hans-Georg Moeller, então aluno de filosofia em Bona, decidiu especializar-se no pensamento Chinês. O coordenador do programa de filosofia e estudos religiosos da Universidade de Macau vai hoje, às 18h30 orientar uma palestra na Livraria Portuguesa sobre o Taoísmo. Ao HM apontou alguns aspectos religiosos e filosóficos que vai comentar, assim como a sua prática na sociedade contemporânea [dropcap style≠‘circle’]V[/dropcap]ai estar na Livraria Portuguesa a falar acerca de Taoísmo. Em linhas gerais, o que é que vai abordar? Vou falar, essencialmente, de uma história que consta do livro de Zhuangzi. Há dois livros que são considerados essenciais no Taoismo. Um é de Laozi, o Daodejing que é o mais conhecido, e o outro é de Zhuangzi. De facto, este último é uma obra muito mais divertida de ler. A maioria das pessoas começa com o Daodejing que é quase uma linguagem encriptada e difícil de entender. Já o Zhuangzi é cheio de histórias alegóricas. São pequenos contos cheios de humor e mais acessíveis para o leitor. Hoje vou falar de uma história em concreto que está no final deste livro – do Zhuangzi. Até lhe posso contar a história. Fala de três imperadores. Um do centro, um do norte e um do sul. O imperador do centro tem o nome de Hun Dun, que tem a fonética do wonton da sopa e a aparência do governante seria essa também. Hun Dun tem uma forma amorfa, não humana, sem cara e era um imperador muito simpáticos para os outros dois. Um dia, os imperadores do norte e do sul decidiram que, como forma de gratificar a simpatia de Hun Dun, lhe deveriam fazer algum tipo de favor. Dada a sua aparência sem forma, resolveram esculpir-lhe uma cara para que se pudesse parecer com eles, com os humanos. Durante sete dias, e em cada um dos dias, fizeram um buraco na forma de Hun Dun para lhe dar um rosto humano. Fizeram sete buracos e no sétimo dia, Hun Dun morre. É esta a história. E o que podemos tirar desta história? Na base deste conto vou explicar as duas dimensões maiores do Taoismo que são a religiosa e a filosófica. Relativamente à primeira, que será talvez a mais utilizada, é uma interpretação que tem que ver com a própria concepção de Hun Dun muito conhecida entre os chineses. Hun Dun é um figura mitológica antiga. Temos figuras idênticas na Grécia Antiga relacionadas com a noção de caos, do que ainda não está formado e a partir do qual tudo se transforma e desenvolve. Neste sentido, há a ideia de que temos de nos cultivar de modo a retornar a este estado sem forma que é o Hun Dun. Desta forma seremos mais saudáveis, teremos uma vida longa e conseguiremos chegar a uma espécie de estado de unidade cósmica. A essência do Tao é essencialmente medicinal. O Taoismo não é como o cristianismo e é muito preocupado com o cultivo da saúde física. Podemos mesmo dizer que nos primeiros tempos do Taoismo a ideia era conseguir atingir a imortalidade. A teoria, tanto a nível fisiológico, como espiritual, tem como fim atingir esta imortalidade e a forma de se lá chegar é através de um estado em que não se perde qualquer energia. Aliás, há muitas práticas Taoístas em que o objectivo é reter a energia vital até mesmo a nível sexual. Esta concentração de energia simboliza um retorno ao estado de Hun Dun, um estado primitivo. Aliás, se olharmos atentamente para as imagens antigas de Laozi, parece um ser muito amorfo. Podemos entender a história desta forma: todos temos de retornar a este estado inicial, sem forma e de plena concentração energética. Hun Dun é uma massa indiferenciada cheia de potencial, como uma semente de uma planta. É uma espécie de retorno a um estado de semente em que a energia está toda concentrada. O Taoísmo está cheio de directrizes para cultivar este retorno que têm que ver com o movimento, a alimentação e fundamentalmente, a respiração. Ainda hoje, na China praticamente não se bebe água fria e a razão que está na base deste hábito é taoísta, para não provocar um choque térmico no corpo que o obrigue a despender mais. Acredita nessas práticas? (Risos) Não, mas tenho que lhes dar algum crédito. Da minha experiência, as pessoas que praticam o que é dito pelas teorias Taoistas vivem de facto mais tempo do que as que não praticam. Mas não conheço ninguém que tenha chegado à imortalidade (risos). FOTO: Sofia Mota Falou de uma interpretação também filosófica. Há algumas ideias básicas no Taoismo a este respeito. Uma delas é que as acções dos dois imperadores, o do norte e o do sul, podem ser associadas ao confucionismo. Eles basicamente pensaram em termos de educação e de que tinham de retribuir a gentileza. Um confucionista está sempre preocupado com as relações interpessoais e é guiado por um certa moldura de moralidade, pensada em termos de comportamento. Ou seja, se alguém é simpático temos de retribuir com presentes, por exemplo. Este é um aspecto ainda muito presente na cultura chinesa. Portanto, agiram como confucionistas típicos. Por outro lado, também quiseram humanizar Hun Dun e fazer com que fizesse parte da sociedade humana caracterizada por um sistema social e de rituais. Eles queria transformar o outro à sua imagem. Apesar de o fazerem com boas intenções, impuseram de alguma maneira as regras confucionistas e com isso mataram o imperador do centro. Acabaram por ser dois interventores humanistas ao quererem dar-lhe uma face de gente e para isso escavaram-lhe buracos, fizeram uma intervenção humana. Aliás, é uma coisa muito humana pensar que se tem de fazer coisas. Esta intervenção humana é uma acção que vai contra a doutrina da não acção do Daodejing. Temos aqui uma alegoria a mostrar como é que a acção pode ser má e destrutiva. De um ponto de vista filosófico é uma história que explica o paradoxo da acção sobre a não-acção. É também um conto que critica o próprio confucionismo na sua moralidade. E a sua interpretação pessoal, enquanto filósofo? A minha interpretação não é totalmente diferente das anteriores mas, olhando para esta história de um ângulo diferente, acho que é importante dar-lhe uma componente de humor e satírica. Temos a mesma função no ocidente, por exemplo, com os bobos da corte. Basicamente, é uma sátira ao confucionismo, à reverência às autoridades, em que Hun Dun acaba por morrer nas mãos de dois confucionistas estúpidos que, ao quererem fazer o bem, acabam por criar uma grande confusão. Também é uma sátira ao próprio Tao que acaba por ser morto no final, o oposto do que seria esperado. É Hun Dun, a vida que consegue concentrar a energia, que demasiado envolvido com os confucionistas acaba um perdedor. Esta é a perspectiva que acho que a história realmente trata: a de um confucionismo falhado e também de um Tao derrotado. Além deste lado, que considero mais humorístico, há uma mensagem central neste livro do Zhuangzi que é a noção de face muito presente na cultura chinesa. De acordo com o Taoísmo o problema não foi o perder a face, mas aceitar essa cara como forma de identificação. Esta identificação com um rosto, com um papel social, é muito confucionista e é uma forma de identificação com os papéis sociais impostos pelo próprio confucionismo. A mensagem deixada é uma espécie de alerta para ter cuidado com o que nos identificamos no nosso papel social. Penso que o Taoísmo, mais do que medicinal, tem que ver com uma garantia de sanidade em que temos de ser capazes de não nos identificar em demasia com os papéis sociais que o confucionismo tenta impor. Numa sociedade contemporânea podemos fazer um paralelismo com, por exemplo, as identidades ou faces, promovidas pelas redes sociais? Exactamente. Na sociedade actual há uma pressão social de conformidade para com uma imagem social que é requerida. Temos de produzir o nosso perfil social, temos de o fazer online e isso vai exigir um comprometimento para com ele. Temos de actualizar os nossos estados do Facebook, por exemplo, e de nos comportarmos conforme esse perfil que criamos. Estamos a falar de confucionismo? Sim, claramente. É uma forma de estar que preenche os requisitos da teoria. Todos temos um perfil, um padrão de relações em que temos de viver e respeitar e ter os comportamentos esperados conforme essas relações. Isto, claro, vai requerer um compromisso e muito trabalho para que se mantenham as coisas como é pedido. E como é que podemos ver este pensamento na política? O Daodejing, tal como os livros filosóficos daquela altura, é uma obra política. Foi escrito, ou dito, tendo como alvo os dirigentes. Era um livro para políticos e que exigia que um governador se cultivasse através da não acção, sem o desejo de atacar os outros, de alargar territórios. Este é um aspecto muito importante que deveria ser assimilado pelos dirigentes: a sabedoria de saber quando é suficiente. Mais uma vez, também as crianças servem de exemplo: comem e deixam de comer quando já não têm fome. Em adultos comemos e continuamos a comer mesmo depois de cheios, mesmo que nos faça mal. Esta atitude não é saudável, tanto de um ponto de vista físico, enquanto indivíduos, como metafórico, como seres sociais e políticos. Outro aspecto importante e que se acreditava na altura é que o mind set do governante seria o do povo. Como exemplo, cabe ao político não ser ambicioso, ser modesto e agir pela não acção, pela naturalidade. É naive pensar que, actualmente, os políticos possam pensar desta forma. Podemos também falar da questão das guerras. No Daodejing do Laozi ou mesmo do Zhuangzi há uma crítica muito grande à violência. Voltando à história de Hun Dun: o que lhe foi feito em nome do bem foi uma violência, uma acto de morte baseado em dois princípios que também motivam as guerras actuais. Um de que temos o direito de interferir e outro de que devemos transformar os outros de modo a que sejam como nós. Para isso, se necessário, utilizamos instrumentos violentos, armas, porque nos achamos no direito e no dever de o fazer. Este é um argumento muitas vezes usado para legitimar as guerras. Temos o exemplo do Iraque. O pretexto foi o da ajuda na transformação do país para que tivesse mais liberdade, como nós. O resultado, foi o que foi. Um dos princípios do Taoísmo, como já referiu tem que ver com a não acção. Como é que define este conceito? De facto, para se ter uma tradução aproximada a não acção devemos pensar na noção de acção sem esforço. Um bom exemplo que costumo usar é a aprendizagem de uma língua quando se é criança. É feita sem esforço. E o objectivo na não acção é conseguir voltar a este estado de fazer as coisas e de as assimilar com naturalidade, sem despender energia vital. Como é que Taoísmo e o Confucionismo ainda estão presentes na sociedade actual, nomeadamente a chinesa e como convivem dadas as diferenças paradoxais? São filosofias que se encontram na prática em que cada um mantém as suas características em diferentes aspectos da vida. O Taoísmo está na medicina chinesa, no Tai Chi, na água quente, por exemplo. O Confucionismo, por seu lado, está nas relações familiares que continuam a ser orientadas pelas regras e preceitos de Confúcio. É a família e a propriedade familiar que constitui o núcleo da sociedade chinesa. Penso que a sociedade chinesa continua a ter presente um pouco de cada um dos seus pilares filosóficos, com o seu espaço. Mas do que tenho visto as pessoas não têm conhecimento de facto acerca do taoismo ou do confucionismo. São coisas muito integrantes da cultura e a China é claramente dominada pelo confucionismo. O Dao aparece essencialmente ligado à medicina enquanto que Confúcio dita as regras sociais.
Hoje Macau PolíticaSérgio Godinho – “Grão da mesma mó” “Grão da mesma mó” Não sei se estão a ver aqueles dias em que não acontece nada, a não ser o que o que aconteceu e não aconteceu E do nada há uma luz que se acende. Não se sabe se vem de fora ou se de dentro, apareceu E dentro da porção da tua vida, é a ti que cabe o não trocar nenhum futuro pelo presente O fazer face à face que se teve até ali Ausente presente Vê lá o que fazes, há tanto a fazer Fazes que fazes Ou pões sementes a crescer? Precisas de água, a Terra também Ventos cruzados E o sol e a chuva que os detém Vivida a planta Refeita a casa É espaço em branco Tempo de o escrever E abrir asa E a linha funda, na palma da mão Desenha o tempo então Mas há linhas de água que cruzas sem sequer notares, e oh, estás no deserto e talvez no oásis, se o olhares E não há mal e não há bem que não te venha incomodar Vale esse valor? É para vender ou comprar? Mas hoje, questões éticas? Agora? Por favor… Que te iam prescrever a tal receita para a dor Vais ter que reciclar o muito frio e o muito quente Ausente presente Vê lá o que fazes, há tanto a fazer Fazes que fazes Ou pões sementes a crescer? E a linha funda, na palma da mão Desenha o tempo então ‘Um curto espaço de tempo’ Vais preenchê-lo com o frio da morte morrida Ou o calor da vida vivida? Não queiras ser nem um exemplo, nem um mau exemplo, por si só Há dias em que é grão da mesma mó E a senha já tirada, já tardia do doente Dez lugares atrás, e pouco a pouco, à frente E cada um falar-te das histórias da sua vida Feliz, dorida Vê lá o que fazes, há tanto a fazer Fazes que fazes Ou pões sementes a crescer? Precisas de água, a Terra também Ventos cruzados E o sol e a chuva que os detém Vivida a planta Refeita a casa É espaço em branco Tempo de o escrever E abrir asa E a linha funda, na palma da mão Desenha o tempo então E explicaram-te em botânica, uma espécie que não muda a flor do fatalismo, está feito E se até dá jeito alterar só por hoje o amanhã Melhor é transfigurar o amanhã com todo o hoje E as palavras tornam-se esparsas Assumes Fazes que disfarças Escolhes paixões, ciúmes Tragédias e farsas E faças o que faças Por vales e cumes Encontras-te a sós, só Grão a grão acompanhado e só Grão da mesma mó Grão da mesma mó Sérgio Godinho
Leocardo PolíticaA Rússia com vida (e convida) [dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]omo as pessoas que me seguem mais de perto, pelas redes sociais, já devem saber, passei o período de férias da Páscoa na Rússia, mais exactamente em Moscovo e S. Petersburgo, as duas maiores cidades do maior país do mundo em área. Além da vertente recreativa, naturalmente, aproveitei a viagem para fazer uma visita de estudo. Os nove dias – sete completos – que lá passei não fazem de mim um “especialista em Rússia”, mas deu para ter uma ideia de como vivem aquelas gentes, e a impressão com que fiquei foi bastante positiva. Pode-se mesmo dizer que excedeu as expectativas. Serviu sobretudo para derrubar alguns preconceitos que ainda persistem; de que a Rússia não é um país seguro, ou que o povo russo é hostil. Não foi à toa que muita gente franziu as sobrancelhas quando anunciei os meus planos de visitar aquele país. O preconceito, ou as ideias feitas, existem sobretudo à custa de muita propaganda ocidental, nomeadamente a norte-americana. Através de filmes até relativamente recentes, do final do período da Guerra Fria, casos de “White Nights”, “Rambo II” ou “Rocky IV”, era transmitida a ideia de que os russos eram uns tipos frios, de mandíbula rígida, e que no caso do último filme que referi, apenas à custa de uns valentes sopapos seria possível derreter os seus gélidos corações. Não é em apenas vinte ou trinta anos que uma civilização se transforma, e o que encontrei na Rússia foi um povo afável, super educado, e bastante acessível. Em suma, andámos a ser este tempo todo enganados pelos enlatados do Tio Sam. Contudo, é mais que natural que este não seja um país “caliente”, onde os seus habitantes andam seminus e dançam a rumba. Afinal vive-se ali durante a maior parte do ano debaixo de temperaturas negativas, ou muito próximas dos zero graus. Há um outro aspecto a ter em conta, que é a própria História do país, pintado na sua maior parte em tons de negro. Está ali um povo com uma cultura riquíssima, e que durante séculos esteve oprimido, ora pelo miserabilismo feudal dos czares, ora durante quase todo o século passado pelas excentricidades do socialismo, que terminou com a falência dessa ideologia. A nova Rússia, o país que Vladimir Putin fez renascer das cinzas, e que inexplicavelmente muitos temem ou olham com desconfiança, é um exemplo de modernidade, de classe e de organização, e que convida a visitar. Se é uma democracia? Existe um sistema, sim, que funciona e bem, e depois chamem-lhe o que quiserem. Quem estiver interessado em ir à Rússia (e sei que as imagens e os relatos que fui partilhando durante a minha viagem aguçaram alguns apetites), posso garantir que vai ter uma experiência inesquecível. Para quem reside aqui em Macau e tem por hábito viajar nos períodos de férias, mesmo as mais curtas, pode ter a certeza que é uma viagem que fica em conta. Sai menos caro que duas idas à Tailândia. E fica a conhecer um novo velho país, com uma nova vida, e que convida a visitar. E do que está à espera?
António Cabrita Diários de Próspero ManchetePagar o galo 1/04/18 [dropcap style≠‘circle’]B[/dropcap]ar La Fontaine: um livro acondicionado ao mofo da gaveta. Recuperei o título para capítulo de outro que sairá em Maio. Mas fica um lote à deriva e desencaixadas algumas traduções de que gosto. Como a do indiano, Lokenath Bhattacharya, que o Henri Michaux admirava: «DOS CEGOS MUITO DISTINTOS Numa palavra, eis a proposta: deves subir lá acima, e fazer soar a trombeta. De imediato, alternância do visível no invisível, e mudança de estação na floresta. Este é o programa do dia. Mas eu não sou mais que um homem vulgar, que mantém a sua oração, as mãos em prece. Se os velhos temas são mencionados – e sê-lo-ão -, se ele se compraza em repetições – é inescapável -, que se lhe queira, por bem, perdoar as deficiências, naturais para um incapaz. Nenhum obstáculo, o minarete ergue-se à tua frente. No caminho para o seu cume, resplandecem os degraus, um após outro, de mármore branco. Do exterior, o ar quente não penetra. Desde que puseste o pé sobre a pedra – Que frescura! Lembras-te de tocar o ribeiro? – começa o louvor da viagem. A escadaria não oferece nada de verdadeiramente tortuoso, não é sinuosa. É mais como um bom rapaz, um coração ordeiro. Sob os teus passos, desdobram-se os degraus, generosos, companheiros de um caminho desimpedido, que o esplendor chama. Se não te resolveste a subir até ao cimo, a tua respiração será amena, quase igual do princípio ao fim: treparás em brandura, amigo! É a escadaria de um minarete, assim não te cansarás de virar. A cada volta o teu olhar esmaltará novas paisagens azuis, os teus ouvidos serão sondados por murmúrios preciosos, sempre novos e doentes de amor por este mundo de poeira. Sobre os muros: cenas dispostas uma após outra, desde a primeira hora. A cada etapa da viagem: assistência completa com cantores, instrumentos, músicos. Subirás ao cume e soarás a trombeta, a nova há-de espalhar-se por si. Então o pôr-do-sol deixará de exalar, o pavão esquecido de tudo selará uma imagem; ambos – atrás da porta, à espera, longe dos olhares – a roçam. Às cores, não as vês ainda, não é? E como as verás? Deitar-te-ão o meio-dia ou a tarde? Que importa? Surgirão, ao primeiro som da trombeta, cintilantes. Vês como flui tudo, a que ponto tudo é fácil, sem obstáculo, amigo!? Inútil até transportar o instrumento, degrau após degrau. Assim que chegares à pequena plataforma, lá em cima, tendo essa minúscula cúpula, como um guarda-sol, sobre a cabeça, tu verás, junto à balaustrada de pedra lavrada em flores, a trombeta deitada sobre o chão liso. Não te restará mais que tomá-la nas mãos; depois, de pé, bem direito, na posição requerida, a perna esquerda avançada, a cintura encolhida, levar os teus lábios à embocadura. E não cai de imediato uma chuva de flores, como convém a uma obscuridade que já se palpa, dilacerando o torso negro do céu com um foguete imenso, deslumbrante? Lá estamos, hoje, para assistir à festa, meu amigo! Todos os da nossa cidade, jovens e velhos. A nova voou da boca à orelha. De uma ruela para outra, a vida pulula. Que se vê agora, do alto do minarete? Tão longe quanto alcança o olhar, todas as casas estão decoradas: grinaldas de empolas vermelhas e azuis, desenhos propícios sobre os jarros, diante das portas. Sobre os caminhos, a multidão aperta-se. Nenhuma agitação. População fervente alinhada sabiamente, trajada de branco, exibindo na testa o ponto de sândalo, maxilares e queixos recobertos por tatuagens de um desejo ardente. Neste pátio, junto à porta que conduz à torre, eis a tua estreia – a sós, bem entendido. Atrás de ti, em semicírculo, a turba dos tocadores de búzios espera pronta. No seu séquito, chegados num passo firme e confiando honrar com a sua presença o lugar reservado aos convidados de marca, alguns cegos de grande distinção. Eles ouviram uma mensagem divina: hoje, recuperarão a vista. Não há sinal de obstáculos, em parte alguma. Simplesmente, nesse momento silencioso, de espera, tu sobejas, escultura perfeita. As tuas pestanas não se mexem. Se o teu coração bate ou pelo contrário cala, não o deixas transparecer. Subirás ou não – a escadaria? Não o queres dizer. Não a sobes.» 02/04/2018 Mais um jornalista moçambicano raptado, Ericino de Salema, e abandonado atrás dum silvado, depois de severamente agredido. Teve sorte, uns garotos iam aos pássaros e encontraram-no agonizante. O medo entulha a cidade. Dizem-me que é um jogo de xadrez, que um antigo presidente mandou perpetrar o acto para inculpar o actual, posto o jornalista ter alfinetado na televisão o comportamento irresponsável do filho deste. É um enredo que Shakespeare aproveitaria, como outros movimentos deste jogo de sombras. Pena os candidatos a dramaturgos moçambicanos andarem entretidos com o teatro dos espíritos e não captarem os sinais que se camuflam atrás das aparências do visível. Milagres precisam-se, nesta “Chicago anos 20” en retard. 04/04/18 Milagre, o que aconteceu com Eva de Vitray-Meyerovitch, na França ocupada. Batem vigorosamente à porta. Eva abre e vê Frankenstein, de olhos vítreos e pronto para a degolar. Acompanha-o um oficial da Wehrmacht, que arvora um ar maçado. E perguntam-lhe pelo marido, como ela, um operacional da Resistência. Em pânico, ignorando absolutamente a língua, Eva apanhou-se a proferir no mais castiço calão berlinense: «Esse, deu à sola com uma galdéria qualquer e, sabe que mais, estou-me nas tintas!», e continuou num arrazoado tão convincente que o oficial lhe deu os parabéns pelo alemão antes de despedir-se, resignado. Não parou Eva de tremer, depois de saírem, e amassou numa bola o maço de tabaco que reservara para a troca de um pão. Foi após este espantoso milagre que Eva se aproximou dos sufis e traduziu o Rumi e o Iqbal para francês e uma luz lhe embrenhou um astro nos olhos. E pagou o galo a Asclépio.
Hoje Macau SociedadeIPM estabelece protocolo com Instituto Camões [dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]oi ontem assinado um protocolo entre o Instituto Politécnico de Macau e o Instituto Camões. O presidente do Camões – Instituto da Cooperação e Língua considerou ontem que Macau cumpre “o princípio das duas línguas, consagrado na transição” e que o Instituto Politécnico de Macau se encarrega “de o concretizar na prática”. “Penso que está a ser dada a concretização ao princípio das duas línguas, princípio consagrado na transição e que o Instituto Politécnico de Macau (IPM) se está a encarregar de concretizar na prática aqui nesta região”, disse Luís Faro Ramos, aos jornalistas, depois da cerimónia de assinatura de protocolo de cooperação entre o IPM e o Camões. Segundo Luís Faro Ramos, este protocolo tem como um dos objectivos a “promoção da língua portuguesa, não só em Macau, mas também na região Ásia Pacifico”. “O presidente do Camões está aqui para nos ajudar na missão do ensino da língua portuguesa em Macau e até nesta região Ásia Pacífico”, disse, por seu lado, o presidente do Instituto Politécnico de Macau, Lei Heong Iok. O protocolo assinado entre os dois institutos visa a certificação, com a chancela do instituto Camões, de cursos de professores de língua portuguesa, administrados pelo IPM. À margem da reunião, o presidente do Camões vai cumprir uma agenda de encontros com autoridades portuguesas e macaenses, designadamente o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno, o presidente da Escola Portuguesa de Macau, Manuel Machado, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam, o presidente do IPM, Lei Heong Ieok, e a presidente do Instituto Cultural da RAEM, Mok Ian Ian. O Camões – Instituto da Cooperação e da Língua é um instituto público tutelado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) que tem por missão propor e executar a política de cooperação portuguesa e a política de ensino e divulgação da língua e cultura portuguesas no estrangeiro.
Hoje Macau SociedadeCoimbra no horizonte dos programas de mobilidade estudantil de Macau [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Comissão de Desenvolvimento de Talentos de Macau apresentou vários projectos de mobilidade estudantil, nomeadamente um plano de apoio a cursos de mestrado na Universidade de Coimbra, anunciou ontem em comunicado. Os projetos são implementados com a colaboração da Fundação Macau, que assinou, em 2011, um protocolo de cooperação geral com a universidade portuguesa. Desde então, a Fundação Macau tem vindo a apoiar a atribuição de bolsas de estudo que “visem fomentar os estudos sobre a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM)”. Em Fevereiro último, a Universidade de Coimbra assinou um protocolo de cooperação com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) para “estabelecer cooperação académica, científica e cultural entre as partes”. Além da parceria com a universidade portuguesa, a comissão apresentou ainda a situação relativa ao projecto de estágio na Organização das Nações Unidos para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e o programa de apoio financeiro para frequência do curso de mestrado em Gestão Empresarial, todos inseridos no programa “Formação de Elites 2018” e implementados pela Fundação Macau. De acordo com o comunicado, o prazo de inscrição nos cursos decorre de Abril até Setembro.
João Santos Filipe DesportoBenfica de Macau perde por 8-0 frente aos norte-coreanos 25 de Abril Após dois jogos a exceder as expectativas, as águias foram goleadas na Coreia do Norte, sem terem conseguido marcar qualquer golo. Para a pesada derrota contribuíram os quatro golos de Kim Yu-Song, o melhor marcador da Taça AFC no ano passado [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Benfica de Macau sofreu, ontem, a primeira derrota na edição da Taça AFC deste ano, ao perder por 8-0 diante do 25 de Abril, no Estádio Primeiro de Maio, em Pyongyang . Com este resultado, os norte-coreanos assumem de forma isolada o primeiro lugar do Grupo I, com nove pontos, seguidos pelas águias, com seis. De acordo com as informações da AFC, Bernardo Tavares fez o Benfica alinhar em 3-5-2, com uma linha recuada constituída por Filipe Duarte, Gilchrist Nguema e Lei Chi Kin. No meio-campo, actuaram Pang Chi Hang, Cuco, Rafael Moreira, Edgar Teixeira e Hugo Silva, enquanto no ataque começaram o jogo Carlos Leonel e David Tetteh. Já o treinador Yun Son apostou no 4-4-2, com Ang Song-Ill, Won Song, Kwon Chung-Hyok e Pak Jin-Myong, na linha defensiva, Ri Hyong-Jing, Kim Jong-Chol, Hang Song-Hyok e O Hyok-Chil, no meio-campo. Na frente, Kim Yu-Song e An Il Born, constituíram a linha de ataque. Após o apito inicial, foram precisos apenas 13 minutos para que o avançado Kim Yu-Song inaugurasse o marcado. O coreano surgiu no centro da área onde rematou ao canto esquerdo da baliza de Batista, fazendo o 1-0. Mais oito minutos e surgiu um novo golo, desta vez através de Ri Hyong-Jing. O poderoso remate de fora da área foi suficiente para colocar o resultado em 2-0. Foi com o Benfica em desvantagem por dois golos no marcador que o encontro chegou ao intervalo. Balanço ofensivo e goleada Ao intervalo, Bernardo Tavares decidiu jogar para tentar lutar pelo resultado, e pelo apuramento para a próxima fase, e colocou mais um jogador no ataque. Assim, o avançado Nikki Torrão entrou para o lugar de Rafael Moreira, que ontem, de acordo com o portal da AFC, jogou no meio-campo e a táctica foi transformada num 3-4-3. Apesar dos esforços da equipa e do técnico, o 25 de Abril acabou mesmo por impor a sua superioridade, mostrando a razão da Coreia do Norte ocupar a 119.ª posição do ranking FIFA e Macau apenas estar no 186.º lugar. Dez minutos após o recomeçou do encontro, Al In-Born, mais uma vez na área, marcou para o 3-0. Depois, aos 64 minutos, foi a vez de Kim Yu-Song bisar e fazer o 4-0. Mais quatro minutos e novamente Al In-Born voltou a fazer o gosto ao pé, apontando o 5-0 O sexto golo da equipa da casa chegou aos 77, novamente por Kim Yu-Song, que dois minutos depois colocou o resultado em 7-0. Finalmente aos 82, Ri Hyon-Jin apontou o último golo e selou o 8-0. Benfica de Macau e 25 de Abril voltam a reencontrar-se no próximo jogo das duas equipas, desta feita no Estádio de Macau. O encontro está agendado para as 20h, do dia 25 de Abril.
Hoje Macau EventosExposição “Ancoradouro da Taipa: Nomes do Passado e do Presente” no próximo dia 19 [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) vai organizar uma exposição que visa dar a conhecer a história relacionada com o Ancoradouro da Taipa. A abertura está marcada para a próxima quinta-feira, dia 19 “Ancoradouro da Taipa: Nomes do Passado e do Presente” titula a exposição que vai ser inaugurada na Casa de Nostalgia das Casas da Taipa. A mostra, organizada pelo IC e com entrada livre, fica patente até 18 de Junho. Com a apresentação dos topónimos do passado e do presente, a exposição visa dar a conhecer este pedaço de terra aos visitantes e episódios históricos que tiveram lugar no Ancoradouro da Taipa, que se localizava na actual zona do Cotai, indicou o IC em comunicado. A exposição inclui numerosos artefactos de significado histórico, incluindo mapas antigos de Macau tais como o “Mapa do Ancoradouro da Taipa e de Macau do século XVIII” e o “Mapa de Macau e das ilhas das imediações (1891)”, assim como livros antigos como Hai Dao Tu Shuo (Roteiro Náutico) e Guangdong Tongzhi da dinastia Qing. A par da mostra, vão ser realizadas actividades paralelas, como ‘workshops’ gratuitos, informou o IC.
Hoje Macau EventosMuseu de Macau apresenta programa de actividades de comemoração dos 20 anos O Museu de Macau vai assinalar os 20 anos com uma série de actividades, incluindo uma exposição e uma palestra temáticas sobre o tema do projecto “Uma Faixa, Uma Rota” [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] programa das festas abre na próxima quarta-feira, dia 18, com “Tesouros do Mar Profundo – Exposição de Relíquias Arqueológicas Subaquáticas do Nanhai N.º 1”. A mostra, co-organizada com o Museu Marítimo da Rota da Seda de Guangdong, surge “em complemento às trocas culturais” no universo de países e regiões que integram a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, lançada por Pequim, no quadro de cooperação entre Guangdong, Hong Kong e Macau. A exposição, que vai estar patente até 31 de Julho, centra-se no feito do projecto arqueológico subaquático do navio mercante da dinastia Song, o Nanhai n.º 1. Em comunicado, o Instituto Cultural (IC), sublinha que o objectivo é aprofundar os conhecimentos do público sobre projectos arqueológicos subaquáticos. Já no dia 21, o auditório do Museu de Macau acolhe uma palestra orientada pelo vice-director do Departamento de Armazenamento do Museu Marítimo da Rota da Seda de Guangdong, Zhang Xuanwei, que vai dar a conhecer os trabalhos de conservação do casco daquela embarcação e dos artefactos encontrados no local. Até Julho está também prevista uma série de ‘workshops’ de criação de um navio em miniatura com peças de lego. Palestras históricas Os jogos são um dos destaques das actividades de comemoração do 20.º aniversário. A 19 de Maio, entre as 16h e as 21h horas, têm lugar no Museu de Macau diversas actividades de divulgação, nomeadamente ‘workshops’, visitas guiadas a exposições temáticas, sessões de teatro, oficinas de restauro, tendas com jogos e venda de livros, entre outros, que visam proporcionar uma experiência museológica diferente a um público de todas as idades durante o fim de semana. O IC indicou ainda que o Museu de Macau vai começar a realizar, este ano, periodicamente palestras que terão como temas arqueologia subaquática e a rota da seda ou ainda crenças religiosas e experiências de vida dos cidadãos de Macau, com vista a promover a história e a cultura junto da população. Em paralelo, para elevar os conhecimentos dos jovens relativamente à história e cultura da província de Guangdong, o Museu de Macau vai organizar, em meados de Agosto, programas de intercâmbio de alunos de escolas básicas com o Museu de Shenzhen.
Hoje Macau China / ÁsiaAbertura do sector financeiro a investimento estrangeiro maioritário Investidores estrangeiros poderão “dentro de meses” adquirir participações maioritárias em seguradoras, fundos de investimento, futuros e companhias de seguros de vida da China, anunciou ontem o banco central chinês [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] anúncio surge um dia depois de o Presidente chinês, Xi Jinping, ter prometido acelerar a abertura do mercado financeiro do país e reduzir as barreiras ao investimento estrangeiro nos sectores automóvel, construção naval e aviação. Em Novembro passado, o Ministério das Finanças chinês avançou que o país iria permitir a empresas estrangeiras adquirirem participações maioritárias em seguradoras ou fundos de investimento, mas não detalhou uma data. Os novos detalhes sobre a abertura do sistema financeiro chinês ao capital estrangeiro surgem num período de tensão com os Estados Unidos em torno de questões comerciais. A China é também alvo de frequentes críticas de Bruxelas e Washington, devido às barreiras que impõe ao investimento estrangeiro em vários sectores, enquanto as empresas chinesas têm acesso sem restrições aos mercados externos. Sem limites No comunicado do Banco do Povo Chinês (banco central) afirma-se ainda que o país irá abrir ao investimento estrangeiro as empresas de leasing e crédito ao consumo ou compra de automóvel. A mesma nota avança que irá abolir os limites à participação estrangeira em activos de investimento de bancos comerciais e operações de gestão de riqueza. Na semana passada, os EUA divulgaram uma lista de importações chinesas avaliadas, no conjunto, em 40.700 milhões de euros, e às quais propõem aplicar taxas alfandegárias, como retaliação pela “transferência forçada de tecnologia e propriedade intelectual norte-americana”. Em reacção, Pequim ameaçou subir os impostos sobre um conjunto de produtos norte-americanos, que em 2017 valeram o mesmo valor nas importações chinesas. No fim-de-semana passada, Trump ameaçou subir as taxas alfandegárias para produtos chineses num valor adicional de 81.000 milhões de euros.
Hoje Macau China / ÁsiaCasa de Portugal registada com apoio de Ramos-Horta [dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m grupo de portugueses e luso-timorenses, incluindo o ex-Presidente José Ramos-Horta, registou ontem, em Díli, a Casa de Portugal, associação que nasce para “defender e promover os interesses da comunidade portuguesa” em Timor-Leste. Sem fins lucrativos e criada por um grupo inicial de 21 pessoas, a nova associação surge, segundo os estatutos, para zelar pela “preservação da identidade da comunidade e do seu património cultural, nomeadamente da língua e cultura portuguesas” e também para contribuir para o desenvolvimento de Timor-Leste. Outro dos objectivos é que a associação possa tornar-se num “interlocutor privilegiado” na procura de soluções para problemas específicos que afectem a comunidade portuguesa em Timor-Leste”. Promover a solidariedade na comunidade portuguesa e fomentar as relações com as demais comunidades são outros objectivos da associação, que pretende criar núcleos de acção cultural e de formação. Fernando Figueiredo, principal mentor do projecto, disse que a Casa de Portugal traduz a vontade manifestada por muitos portugueses e luso-timorenses de ter um espaço onde “partilhar anseios, expectativas, dificuldades e formas de estar na sociedade timorense”. No passado, recordou, já tinham sido feitas outras tentativas para criar uma associação idêntica que acabaram por não progredir, em parte, devido à complicada burocracia. Neste caso, o processo começou há vários meses e ainda não está concluído, faltando, depois do registo público, aspectos como a publicação no Jornal da República. Com o apoio do ex-Presidente timorense José Ramos-Horta e da embaixada de Portugal em Díli, a Casa de Portugal, cuja sede provisória ficará no Centro Cultural da missão diplomática, vai começar a angariar associados. Em paralelo, explicou, serão feitos esforços junto das autoridades timorenses para a obtenção de uma sede.
Hoje Macau China / ÁsiaFMI rejeita proteccionismo em todas as formas A directora-geral do FMI elencou ontem a rejeição do proteccionismo, a prevenção dos riscos financeiro e orçamental e a defesa do crescimento de longo prazo como as três principais mensagens dos Encontros da Primavera [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]um discurso proferido na Universidade de Hong Kong, a líder do Fundo Monetário Internacional (FMI) vincou que estas são as três principais mensagens que serão sublinhadas no relatório sobre as Perspectivas Económicas Mundiais, a lançar na próxima semana em Washington. As três mensagens, assim, começam pela rejeição do proteccionismo: “Os governos precisam de rejeitar o proteccionismo em todas as suas formas; a história mostra que as restrições à importação prejudicam toda a gente, especialmente os consumidores mais pobres”, vincou Lagarde. A declaração acontece numa altura em que a maior economia do mundo, os Estados Unidos, lançou um forte aumento dos impostos alfandegários sobre o alumínio e o aço, originando por parte da China, a segunda maior economia mundial, uma resposta semelhante, o que poderá desencadear uma guerra comercial mais alargada. O sistema de comércio multilateral, acrescentou, “transformou o nosso mundo na última geração” e seria “um falhanço político colectivo” se este sistema de regras e responsabilidade partilhada fosse posto em perigo. Janela aberta A segunda mensagem que vai ser enfatizada para a semana em Washington é o perigo que decorre do aumento da dívida pública e privada, que chegou ao nível mais alto de sempre: 164 biliões de dólares. “Novas análises do FMI mostram que, depois de uma década de condições financeiras fáceis, a dívida global chegou ao maior valor de sempre; a dívida pública nas economias avançadas está a níveis inéditos desde a Segunda Guerra Mundial, e se as tendências recentes continuam, muitos países de baixo rendimento vão enfrentar um peso da dívida insustentável”, acrescentou a diretora-geral do FMI no discurso proferido em Hong Kong. Como um peso da dívida elevado deixou os governos, as empresas e as famílias mais vulneráveis a condições financeiras mais restritivas, a construção de almofadas orçamentais é fundamental. “Isto significa criar mais espaço de manobra para agir quando o próximo ciclo económico descendente inevitavelmente surgir”, concluiu Lagarde sobre a segunda mensagem do FMI. Sobre a criação de riqueza inclusiva a longo prazo, a directora-geral do Fundo salientou que “mais de 40 países emergentes e em desenvolvimento devem crescer mais devagar, em termos per capita, que as economias avançadas”, o que significa uma importância acrescida de os sectores dos serviços aumentarem a produtividade. “O governo digital pode garantir serviços públicos mais eficazmente, o que ajuda a melhorar a vida das pessoas”, disse, concluindo que “ao usar novas ferramentas, como análise de grandes dados, os governos conseguem reduzir as fugas, que estão muitas vezes diretamente relacionadas com a corrupção e a evasão fiscal”. “O mundo está a viver um forte crescimento… e como vão ver nas nossas perspectivas na próxima semana, continuamos a estar optimistas”, disse Christine Lagarde no discurso de lançamento dos Encontros da Primavera, que decorrem durante a próxima semana em conjunto com o Banco Mundial. Para Lagarde, este momento de crescimento sustentado é ideal para os governos apostarem em reformas políticas, já que “a janela de oportunidade está aberta”. No entanto, acrescentou a antiga ministra das Finanças de França, “há um novo sentido de urgência porque as incertezas aumentaram significativamente, desde as tensões comerciais, ao aumento dos riscos financeiro e orçamental, até à geopolítica mais incerta”.
Hoje Macau SociedadeJockey Club vai ter de aumentar capital social até 1500 milhões [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Companhia de Corridas de Cavalos deve alterar o capital social para atingir o montante mínimo de 1500 milhões de patacas até 31 de Dezembro de 2023. O valor vem estipulado no extracto do contrato publicado ontem em Boletim Oficial, depois da prorrogação do contrato de concessão das corridas de cavalos por 24 anos e seis meses. Segundo o documento, até 31 de Dezembro de 2018, a empresa deve efectuar a redução do capital social motivada por perdas para o montante de 30 milhões de patacas, seguido de um aumento do capital social no montante mínimo de 570 milhões de patacas, a fim de atingir o capital social registado no montante mínimo de 600 milhões de patacas”. Até 30 de Junho de 2020, a Companhia de Corridas de Cavalos de Macau deve aumentar de novo o capital social em mais 400 milhões de patacas, para perfazer um total mínimo de mil milhões de patacas. Por fim, até 31 de Dezembro de 2023, deve efectuar o último aumento do capital social no montante mínimo de 500 milhões de patacas, por forma a atingir o valor de 1500 milhões. Por outro lado, ainda de acordo com o extracto do contrato, a Companhia de Corridas de Cavalos tem até 10 de Abril de 2021 para liquidar a dívida de 150,52 milhões de patacas à RAEM. Em caso de incumprimento das referidas claúsulas, o Governo poderá suspender a exploração do exclusivo ou rescindir o contrato de concessão. O actual capital social da empresa é de três mil milhões de patacas, sendo que a Companhia de Corridas de Cavalos tem um prejuízo acumulado, até 2016 (não são ainda conhecidos os números de 2017), de mais de quatro mil milhões de patacas.
Victor Ng SociedadeProposta bem recebida pelo sector dos táxis e deputadas pró-Governo Representantes de associações de táxis dizem que as medidas do Governo vão controlar o sector, mas defendem que é preciso garantir os interesses legítimos dos taxistas. Também Song Pek Kei e Wong Kit Cheng aplaudem a intenção do Executivo [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s associações de táxis locais acreditam que as medidas propostas pelo Governo para combater as infracções são suficientes para controlar os problemas do sector. As declarações dos representantes da Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau e da Associação dos Taxistas de Macau foram noticiadas, ontem, ao Jornal Ou Mun. Segundo o presidente da Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau, Leng Sai Wai, as novas medidas sancionatórias que estão presentes na proposta vão permitir controlar as infracções dos taxistas. No entanto, o membro da associação defende que é importante que haja um mecanismo de apresentação de recurso para os taxistas. Leng Sai Wai diz que o objectivo desse mecanismo passa por evitar os casos de falsas denúncias dos passageiros, em que as alegadas infracções não correspondem à realidade. Leng Sai Wai explicou também que é importante garantir muito bem os direitos e interesses legítimos dos taxistas, agora que a lei também passa a ser mais exigente. Por sua vez, o vice-presidente da Associação dos Taxistas de Macau, Tai Kam Leong, considerou que a proposta vai ser eficaz na altura de combater “as ovelhas negras”. Tai Kam Leong revelou igualmente que acredita no efeito dissuasor da lei, mas que o Governo precisa de acautelar os direitos dos taxistas, devido aos abusos que podem surgir, no âmbito da proposta de criação de acusações imediatas. Deputadas a favor Também as deputados pró-Governo, Wong Kit Cheng e Song Pek Kei, se mostraram a favor das alterações que o Executivo planeia introduzir. A deputada representante da Associação Geral das Mulheres de Macau, Wong, entende que a proposta vai melhorar a regulamentação do sector. Contudo, a legisladora pede ao Executivo para continuar a ouvir as opiniões e estabelecer um maior consenso no seio da sociedade. Já Song Pek Kei, ligada aos conterrâneos de Fujian, recordou que a proposta surge na sequência de vários pedidos da população. A deputada refere que o documento tem um bom equilíbrio entre o desenvolvimento do sector e as necessidades da população e que responde a uma das principais queixas da população. Ainda neste sentido, Song Pek Kei expressou concordar principalmente com as alterações que atribuem à Polícia de Segurança Pública a responsabilidade de fiscalizar e castigar os infractores. Para a deputada, a PSP tem uma maior capacidade nesta área do que os inspectores da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, que actualmente desempenham a tarefa. Porém, Choi Seng Hong, membro do movimento Centro da Política da Sabedoria Colectiva, atacou a proposta por considerar que as sanções não são suficientes. Ao Jornal do Cidadão, Choi expressou o desejo de que os procedimentos das queixas passem a ser simplificados. A proposta do Governo para o sector ainda não é totalmente conhecida, mas as multas vão aumentar. Além disso, os taxistas que cometerem quatro infracções em cinco anos perdem a licença.
Hoje Macau SociedadeEmpresários de Macau promovem alimentos lusófonos na China [dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]mpresários de Macau vão promover alimentos lusófonos nas cidades chinesas de Huzhou e Dongguan, nos dias 26 e 27 de Abril, anunciou ontem o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). Estas “bolsas de contactos” entre empresários do território e empresas chinesas têm como objectivo promover a entrada de produtos alimentares dos países de língua portuguesa no mercado da China continental. As primeiras duas sessões do ano foram realizadas em Foshan e Zhaoqing, na segunda e terça-feira últimas, e atraíram mais de 230 compradores provenientes da região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Em comunicado, o IPIM sublinhou que 22 empresas levaram “o sabor lusófono” às cidades da Grande Baía, promovendo o contacto entre clientes e vendedores e a popularidades dos produtos alimentares dos países de língua portuguesa. De acordo com o comunicado, estes encontros contribuem para o “posicionamento de Macau como ‘três centros – uma plataforma’, no âmbito da cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa”, à medida que a Região Metropolitana da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau se vai construindo.
João Santos Filipe Sociedade“Cidadão” Raimundo do Rosário fez revelações em palestra na Universidade de Macau Numa aula, em tom descontraído, o “cidadão” falou mais alto do que o secretário, e Raimundo do Rosário abordou a pressão inerente ao seu cargo, numa perspectiva pessoal. Perante os alunos, o secretário macaense admitiu que não se considera um governante bem-sucedido [dropcap style≠‘circle’]R[/dropcap]aimundo do Rosário não se considera um governante bem-sucedido e, às vezes, também chora. As confissões do secretário para os Transportes e Obras Públicas foram feitas, ontem, numa palestra em que respondeu abertamente a várias questões do alunos da Universidade de Macau. “Não me considero um governante bem-sucedido. Na Assembleia Legislativa os deputados não estão satisfeitos com o meu trabalho. Também em relação aos autocarros, o meu trabalho tem muitas críticas”, afirmou Raimundo do Rosário, após ter sido questionado sobre com ser um governante bem-sucedido. Em relação ao desempenho das funções de secretário, Raimundo do Rosário foi questionado sobre como lida com a pressão. Na resposta, o secretário admitiu que também chora: “Sou uma pessoa normal e às vezes também choro. Quando assumi esta posição fiquei sem vida pessoal e familiar. Macau é uma cidade pequena, mas há muito trabalho e tenho de trabalhar todos os dias”, confessou. “O mais importante é a gestão do tempo e tenho lido muito sobre isso, apesar de haver sempre acontecimentos que nos baralham a agenda”, revelou. Ao contrário do registo habitual, o secretário mostrou-se mais disponível para falar com os alunos da sua vida pessoal, das experiências como estudante e partilhar conselhos. Ao mesmo tempo, respondeu durante mais de duas horas a várias perguntas, acompanhado pela maior parte do directores da tutela, sobre assuntos como habitação, transportes, protecção ambiental, entre outros. Em relação à ambição dos estudantes de serem proprietários de uma fracção em Macau, o secretário fez questão de responder como “o cidadão Raimundo do Rosário”, após uma resposta politicamente correcta do presidente do Instituto para a Habitação, Arnaldo Santos. “Na vossa idade, vocês são demasiado jovens e não precisam de se preocupar tanto com a habitação. Podem arrendar. Quando era jovem, como vocês, primeiro comprei um carro em segunda mão, só anos depois é que comecei a ter capacidade para começar a pagar a prestação da casa”, começou por dizer em relação a este aspecto. “Quando tinha 18 anos preocupava-me em ter uma namorada, não estava preocupado em comprar uma casa. Deviam estar mais preocupados em encontrar uma parceira”, acrescentou. Menos estacionamento A maior parte das questões que os alunos levaram ontem tiveram como foco os transportes de Macau, nomeadamente os autocarros. Neste aspecto, Raimundo do Rosário explicou que o número de autocarros a circular está perto do limite, face à área da cidade, e que as pessoas não podem todas querer uma paragem à porta de casa. “A capacidade dos autocarros está no limite. Também temos cerca de 400 paragens, que são demasiadas. Este é um tema que normalmente não abordamos porque é demasiado controverso, mas em Macau as pessoas querem todas uma paragem a cada dois passos”, defendeu. Por sua vez, o director da Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) afirmou que o Governo vai reduzir o número de estacionamentos nas zonas mais velhas da cidade, para permitir que autocarros com maior porte possam circular. Sobre a utilização de autocarros eléctricos, Lam Hin San explicou que no futuro há planos para a introdução de carros desse género, mas que o preço por quilómetro vai ser mais elevado.
Hoje Macau Manchete PolíticaAgnes Lam justifica voto favorável aos órgãos municipais [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] deputada Agnes Lam deu a conhecer as razões que a motivaram a votar a favor da proposta relativa aos órgãos municipais sem poder político. Em causa está o facto da deputada ter aceite que os representantes dos referidos órgãos possam ser nomeados na sua totalidade pelo Chefe do Executivo ao invés de eleitos, ideia que foi um dos cavalos de batalha da sua campanha eleitoral. Em declarações ao Jornal do Cidadão, Agnes Lam refere que a razão porque aceitou a passagem da proposta na generalidade em Assembleia Legislativa foi devido à declaração de Zhang Rongshun, vice-presidente do Gabinete Jurídico do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN). De acordo com a também académica, “o representante da APN sublinhou que em caso de eleições, os órgãos que se pretendiam sem poder político, passariam a ter o papel de assembleias municipais o que poderia violar a Lei Básica”. “A APN dispõe de competência para explicar as leis e o que disserem é decisivo”, frisou a deputada. No entender de Lam é necessário aceitar opiniões diversificadas pelo que espera que o Executivo aceite disponibilizar entre duas a cinco quotas na representação dos órgãos municipais para candidatos. A deputada não deixa de frisar que este é um procedimento que poderia vir a ser aplicado a outros órgãos de cariz consultivo. Já o deputado pró-democrata Ng Kuok Cheong considera que a ausência de eleições para os membros dos órgãos municipais reprime as oportunidades para o desenvolvimento da democracia local. De acordo com a mesma fonte, a possibilidade de apresentação de candidaturas pelos interessados a representar o Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais é apenas uma forma de exercer relações públicas sem qualquer efeito prático na construção de uma democracia local.