Colômbia vai usar drones para travar plantações de cocaína

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo da Colômbia anunciou na terça-feira que autorizou a pulverização de herbicidas nas plantações de cocaína com recurso a drones para travar o aumento de produção que se registou no país.

A decisão foi tornada pública um dia depois de ter sido divulgado um relatório da Casa Branca, em Washinton, Estados Unidos, que indicava um recorde de 209 mil hectares de cultivo de cocaína em 2017 na Colômbia.

O Presidente colombiano tinha banido a pulverização de herbicidas com recurso a aviões há três anos, devido ao ‘chumbo’ do tribunal constitucional, justificado por riscos ambientais e de saúde.

Contudo, Juan Manuel Santos sublinhou agora que os drones voam a mais baixas altitudes do que os aviões e que o risco da sua utilização é semelhante aos métodos das equipas de solo que pulverizam o herbicida com depósitos montados nas suas costas.

O Preside da Colômbia afirmou ainda que o seu objetivo passa por eliminar 110 mil hectares de cultivo de cocaína através da erradicação forçada e programas de substituição de plantações.

27 Jun 2018

TJB revela que apenas a defesa de Sulu Sou e Scott Chiang apresentou recurso

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] defesa de Sulu Sou e Scott Chiang recorreu da condenação pela prática de um crime de manifestação ilegal, revelou o deputado ao HM. Por sua vez, o Ministério Público (MP) não tomou qualquer posição pública sobre a questão, apesar dos vários contactos do HM, mas o Tribunal Judicial de Base (TJB) afirmou apenas ter recebido o recurso da defesa, num comunicado publicado ontem à noite.

“Depois de um longo processo de discussão com a equipa de advogados, de momento, posso apenas dizer que o recurso faz parte da nossa estratégia e que o nosso objectivo é fazer os possíveis para proteger o interesse público”, disse Sulu Sou, ao HM, ontem à tarde.

“De momento, não vou fazer mais comentários, uma vez que ainda estamos a aguardar por uma confirmação da posição do Ministério Público”, acrescentou.

Depois de um pedido da defesa, que evocava a necessidade de traduzir a sentença de chinês para português, o prazo para a apresentação de recurso tinha sido prolongado até segunda-feira.

O HM tentou obter junto do MP a confirmação de que o organismo não iria recorrer, mas até ontem à noite todos os emails enviados pelo jornal não obtiveram resposta.

A ausência de recurso do MP apenas foi confirmada perto das 21h, através de um comunicado: “O Tribunal Judicial de Base recebeu apenas a motivação do recurso apresentada, na noite do dia 25 de Junho de 2018 e via telecópia, pelos dois arguidos [Scott] Chiang Meng Hin e [Sulu] Sou Ka Hou”, revelou.

Recorde-se que durante o julgamento, a acusação tinha pedido uma pena de prisão efectiva para os dois arguidos pela prática de um crime de desobediência qualificada.

Recurso pode ser retirado

Apesar de terem apresentado recurso, os arguidos podem desistir a qualquer momento da contestação e Sulu Sou poderá regressar ao seu lugar no hemiciclo. Se for esse o cenário escolhido pelo deputado suspenso, então o pró-democrata apenas precisa de apresentar o recibo de pagamento da multa para que a suspensão seja considerada terminada.

Sulu Sou e Scott Chiang foram condenados a 29 de Maio com uma pena de multa de 120 dias pela prática, em co-autoria, de um crime de manifestação ilegal, correspondente a 40.800 patacas e 27.600 patacas, respectivamente. Em causa esteve a deslocação dos manifestantes à residência oficial do Chefe do Executivo, onde atiraram aviões de papéis, durante um protesto contra o donativo da Fundação de Macau, no valor de 100 milhões de renminbis, à Universidade de Jinan.

Já anteriormente Sulu Sou havia colocado em causa a legalidade do julgamento, uma vez que a sua imunidade parlamentar havia sido levantada com base numa acusação pela prática de um crime de desobediência qualificada. Contudo, o membro da AL acabou condenado pela prática de um crime diferente, o de manifestação ilegal, sem que houvesse autorização prévia dos deputados.

27 Jun 2018

Bad Romance

[dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]aros são os indivíduos que não procuram relacionamentos mais felizes. E isso pode acontecer na incessante busca por novos relacionamentos, os tais que têm um ‘fit’ perfeito com os quais as pessoas não precisam de se preocupar com mais nada, ou na disponibilidade de trabalhar continuamente na confiança e no desenvolvimento relacional. Há de tudo um pouco, dentro e fora das nossas diversidades.

Na tentativa de perceber melhor os romances que dão para o torto existe uma relação quasi-directa (popular e científica) dos relacionamentos extraconjugais e o fim de um relacionamento feliz. Atrever-me-ei a desconstruir esta premissa demasiado simples – alertando sempre para as explicações demasiado simplistas do que quer que seja – com base num estudo que tenta redefinir o que é um mau ‘romance’, ou um relacionamento de pouco compromisso e pouca satisfação. O que o estudo mostra é que os relacionamentos extraconjugais não são um preditor directo de um relacionamento em declínio. Isto porque depende bastante do tipo de relacionamento que tenha sido negociado. Casais não-monogâmicos ou constelações poliamorosas poderão confirmar isso mesmo, que a escapadinha sexual – que já foi conversada e discutida – não é um problema por si só. O que, na verdade, pode definir um relacionamento em declínio, de pouco compromisso e pouca satisfação é a incapacidade de discutir e criar os limites pelos quais as pessoas se sentem felizes, e isso poderá incluir a escapadela extraconjugal, para quem lhes fizer sentido. Portanto, o bom e o mau romance somos nós que criamos, mesmo que tenhamos as mesmas representações de romance heterossexual monogâmico (do tipo conto de fadas) a inundar as nossas vidas. Ao ponto de pensarmos, alguns de forma mais obsessiva que outros, será que isto é normal? Será que aquilo é normal? Será que eu sou anormal e nós, como anormais que somos, vivemos o pior romance de todos?

Claro que a liberdade de recriar um relacionamento ao nosso gosto (e ao do nosso parceiro) está limitado por muitas coisas e ideias. O que não faz de nós mais ou menos pessoas, simplesmente faz-nos pessoas a viver entre aquilo que queremos, aquilo que os outros julgam que queremos, e aquilo que os outros recomendam que devíamos querer. Só vos digo que mais confuso que isto não poderia ser. A Esther Perel, uma psicoterapeuta especialista em terapia de casal – e agora uma quase celebridade, com livros técnicos e palestras a circular na internet – fala sobre como a infidelidade é um potencial catalisador de mudança. Aqui a infidelidade é daquela que não foi negociada, nem discutida, e trouxe de facto, dificuldades à vida do casal. E apesar de, muito provavelmente, ter trazido momentos destruidores à relação, houve uma possibilidade de reinvenção. Depois de muito choro, zanga, raiva e tristeza, depois de se sentir a facada na confiança daquilo que se julgava um relacionamento funcional, poderão vir dias melhores. O que não é fácil, porque há um princípio bastante disseminado de que não se perdoa a infidelidade. E se o fizermos, é porque somos fracos.

O mau romance é relativo, tal como a nossa disposição para trabalhar uma relação também é relativa. Se o maior preditor para um relacionamento feliz é na verdade a nossa capacidade de partilha e negociação, devíamos perder mais tempo das nossas vidas a (re)educar-nos nesse sentido. Na forma como queremos o bem do outro e na forma como, ao mesmo tempo, podemos ser capazes de reconhecer as nossas necessidades. Obviamente que se o caro leitor for uma pessoa muito interessada em arranjar um relacionamento extra-conjugal – e achar que isso não perturba a sua vida de casal – e a sua companheira/o não aceitar, não há negociação possível. Afinal, também temos que aprender a reconhecer os nossos limites de influência do outro, e de que forma isso pode ser resolvido. Porque afinal, o mau romance pode vir do simples facto de ainda não termos encontrado a pessoa das nossas vidas.

27 Jun 2018

Ponha-se no seu lugar

Parque das Nações, Lisboa, 9 Junho

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]em sempre os dias coincidem com as datas. Desmentindo Junho, o dia amanheceu cinza e chuvoso. Nem por isso impediu que se cumprisse a anunciada abertura de exposição que acaba sendo sobre um fecho. Raramente me encontro nas horas, aliás, assim sendo, faça-se fotografia: daquelas onde estamos sem fazer nada, apenas sendo. «Você (Não) Está Aqui» aproveita as fotografias do Bruno [Portela] para mostrar restos de não-lugar algures na encruzilhada entre o industrial lento, o rural perene, e o nada, simplesmente. Em sete sítios, estrategicamente colocados ao longo do que acabou sendo, há vinte anos, a zona de intervenção da Expo ‘98, os velhos slides iluminam-se para abrir cortes no tempo. O fotógrafo capturou o espírito, sobretudo com expediente de alto poder simbólico: ao compor as imagens usa amiúde dois planos, um próximo, e outro mais afastado, desfocando até um ou outro. O tempo capta-se melhor assim, suscita contraste entre o aqui e o longe, o parado e o movimento, coloca-nos em perspectiva. Pede-nos para avançar, para ganhar horizonte. Em qualquer direcção. A zona oriental de Lisboa, com e sem intervenção, ser-me-á continuadamente íntima.

Até Setembro ainda terei tempo de lá voltar para afiançar do impacto em advérbio das imagens, mas desta não consegui aproximar-me do Trancão que tanto atravessei, atravesso. Força maior colocava-me no hospital de S. José a cruzar, de autocolante no peito, a azáfama de desgraças confirmadas em voz alta, impudores expostos, macas desprezadas aguardando corpos de ocasião, despedidas chorosas, pensos de branco a brilhar nas partes dos corpos indefesos, gritos tesos e mudos, risos e ternuras, actos clínicos de passagem e olhos fechados a mentir descanso, mãos tocando-se como piano. Até chegar ao meu velho pai irritado por não lhe deixarem fazer a barba e, pior, lhe terem tirado o relógio com que governa o seu dia. No hospital estamos sempre sós, por mais companhia que tenhamos. E temos as horas todas e em peso.

Não se erguem os dias sem a argamassa da coincidência. Acabo de conhecer, pelas boas razões do encontro, o gentil Jean-François Revah, autor de curioso estudo dedicado aos condutores dos transportes colectivos, ainda para mais estabelecendo nexos com o meu estimado «Discurso Sobre a Servidão Voluntária», de Etienne de La Boétie: «Le discours de la solitude volontaire – lien social et conflictualité dans les metiers de conduite du transport collectif». Inúmeras são as questões abordadas a partir da identidade e da aprendizagem, da importância da profissão na construção de um sujeito activo, na relação deste com os que rodeiam, profissionais ou não do mesmo ofício, com o autor a tentar perceber o essencial das angústias de quem transporta a responsabilidade de transportar outros. Fiquei-me pelo belo início da viagem, que continua depois para lugares mais específicos e úteis. «Independentemente da situação objetiva de ser privado de companhia, o sentimento de solidão interior desperta ansiedades arcaicas relacionadas com a mais completa de todas as experiências vividas: ser entendido. A nostalgia de ser entendido deriva, então, do sentimento depressivo de ter sofrido a perda irreparável de uma situação outrora gratificante na qual a comunicação e a segurança eram obtidas sem o uso da palavra.» Escusado será escrever que o meu pai foi, entre outras identidades, condutor. De eléctricos que desciam as colinas em velocidades líquidas. De autocarros de dois pisos que ainda percorrem as minhas zonas orientais.

Liga dos Combatentes, Lisboa, 9 Junho

Lisboa possui ainda destas rarezas: na exacta curva da rua, a porta abre para encenação de memórias, uma travagem brusca na fluidez do tempo, na sala os ecos dos combates, a janela atira vistas para O Século, desaguando o conjunto, como de costume, no rio pessoano. Antes, enquanto fumávamos a espera com o mano mestre do tempo, el António [de Castro Caeiro], pássaros indistintos atiravam-se suicidas contra o muro da colina abaixo do Conservatório penetrando o concreto cinzento de Juan Gris. Estamos como se vivêssemos em uma das colagens do Felipe Benítez Reys, pedaços contra o cenário de autor, e vemo-nos, de súbito, no lugar exacto para ouvir as suas incursões pessoanas recolhidas à chuva em «Privilégio de Penumbra», que o Vasco [Gato] soube tornar transparentes. «Estou cansado de sentir./ De sentir até esses sentimentos/ que deixei há algum tempo de sentir/ e que regressam do passado como um eco/ para que eu os sinta sem os sentir.» Como uma nuvem cubista de Almada navegando a fingir pensamentos, nestes dias, não larguei a singela plaquete, que, apesar de um ou outro sublinhado de imperfeição (as colagens deveriam ter sido noutro papel, uma deles escureceu como tarde de Inverno, a gralha grasnou), me agrada sobremaneira. Ou não fora Lisboa um dos mares que navega. Um dos poemas pertence ao mais recente, «Ya la sombra», que o Felipe generosamente acaba de me oferecer (batota com sentido) fazendo-o matéria dos dias adiante (mais batota que o tempo desmentirá) e prendendo-me mais ainda nas volutas melancólicas da sua espiral, da sua minuciosa investigação em feiras da ladra da memória perseguindo as rodas dentadas do mecanismos do tempo. E portanto da morte, esse sombra a fingir-se lugar. «Que trace la noche el mapa/ del sitio em el que no estoy./ Que vengo de donde no estuve./ Que soy tan sólo el huido./ Y yo no tengo un lugar.» O meu lugar são versos. Será a noite verso teu, Felipe?

Galeria do 11, Setúbal, 9 Junho

Não consigo correr a tempo de outra exposição da Festa, cujo título se me fez programa: «A vida é engraçada, mas eu levo-a muito a sério», dedicada a Tóssan. Nos últimos meses, fui testemunha do maravilhamento crescente do Jorge [Silva], ignorando até o princípio da realidade que nos escraviza, com a investigação em torno desta figura sui generis. António Fernando dos Santos (1918-1991) continua a fazer sorrir, percebemos nós. Quem com ele contactou continua a celebrar uma disposição e abertura à vida que se revela plenamente nas suas línguas: escrita, desenho, design. Sei que perderei festa emocionante, na qual se celebrará, sobretudo, a amizade e a alegria de viver. E a memória. Apesar das sombras. Tenho na mão o livro-nuvem que prolongará o essencial. Com formato generoso de álbum, evitámos a capa dura e experimentámos, até na gramagem do papel, algo mais ligeiro, sem a transparência perturbasse a fruição. Resultou mais lúdico, afastando-o da praga dos coffe table books. Em modelo que andamos a apurar há algum tempo, oferece-se mormente imagens, com pequenos textos de enquadramento, muito saborosos, como o Jorge diz não saber fazer mas desmente a cada passo, e que se revelem transparentes na simpatia pelo seu tema. Recolhem-se nestas páginas algumas delícias, muita informação e um sem número de inéditos. Podia ater-me ao desenho de miúdos, perdoe-se a pedofilia, a série Cão Pêndio, certa capa expressionista, a coluna Lógica Zoológica, que misturava texto e desenho, magníficos ambos, e de que me recordo de o bisnau, ou as aventuras do detective Pararraios. Fico-me, às tantas, por ilustração de 1959, algures na página, que levava por título «Solidão ai dão, ai dão». E um dos poemas (inéditos), que o Jorge escondeu (com ponto de fora) nas badanas: «O escritor/escreve um livro/ de tantas páginas./ A páginas tantas,/ essas páginas/ são editadas pelo editor./ Mas do livro,/ não se vende uma página!/ A páginas tantas/ morre o Escritor./ Esgota-se o livro./ E com a indigestão/ de tantas páginas,/ a páginas tantas/ morre o Leitor./ E o Editor/ Como já não tem páginas/ morre às tantas.»

10 Junho

Termina a Feira do Livro de Lisboa em enorme bocejo, que só me consome caracteres. Panorâmica de done sobre filas e filas: para o autógrafo dos da televisão, para o bolo de caco e o sumo biológico, para as selfies com o Presidente da República. Nem vou ali, nem venho já.

27 Jun 2018

Apresentado estudo pioneiro sobre o valor económico e social do património arquitectónico português

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Nova School of Business & Economics e a Spira – agência de revitalização patrimonial, com o mecenato exclusivo da Fundação Millennium BCP, promovem o estudo pioneiro “Património Cultural em Portugal: Avaliação do Valor Económico e Social”. O estudo conta ainda com o Observatório do Património como parceiro, com o apoio da Portugal Heritage e com a patrimonio.pt como media partner. Em torno do projecto estão José Tavares, da Nova School of Business & Economics, Catarina Valença Gonçalves, da Spira, e José Maria Lobo de Carvalho, do Observatório do Património, apoiados pela Fundação Millennium BCP. A Nova SBE é uma das faculdades da Universidade Nova de Lisboa e a mais prestigiada escola de negócios em Portugal e uma das mais importantes na Europa, e a Spira é uma empresa especializada na concepção, execução e produção de projectos de revitalização patrimonial.

O estudo, que decorre durante o ano de 2018, foi apresentado no passado dia 18 de Abril, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, na Fundação Millennium, numa sessão que visou também recolher opiniões, sugestões, críticas e advertências que a comunidade possa trazer a este instrumento de trabalho, e incluir essas recomendações. Está ainda prevista uma apresentação preliminar para a edição deste ano da AR&PA – Bienal Ibérica do Património Cultural, a decorrer em Valladolid, em Novembro; e uma apresentação final no mês de Dezembro, na sede da Fundação Millennium BCP.

Os autores do estudo consideram que, perante a tendência evidente de estruturação do sector, abordagem estratégica e ganho de escala e amplitude de representação e actuação de agentes, importa, por um lado, analisar o momento em que o país se encontra do ponto de vista de organização do sistema da gestão patrimonial, confrontando essa análise com a leitura de casos internacionais de destaque; assim como importa aferir economicamente o valor do recurso endógeno transversal ao território do país que é o património cultural. O cruzamento destes dados permitirá identificar modelos de gestão, linhas de actuação, prioridades, critérios, isto é, uma estratégia de longo prazo para o melhor retorno, sustentabilidade e partilha do património cultural de Portugal. O estudo, inédito em muitos aspectos, inventaria e sistematiza exaustivamente, pela primeira vez, todo o património edificado em território nacional, composto por cerca de 30.000 monumentos classificados, um trabalho que tem sido feito, mas que nunca foi devidamente organizado pelas várias instituições, acabando resultar num inventário do património não uniformizado.

Antecipa-se a relevância do património como recurso endógeno que pode contribuir de forma decisiva para um desenvolvimento harmonioso do país pela sua equitativa dispersão geográfica e diversidade tipológica.

Catarina Valença Gonçalves, directora-geral da Spira e historiadora de arte, que coordena o projecto, considera que o património cultural pode ser gerador de formação qualificada, de uma maior estabilização da população no interior do país, de criação de emprego e de criação de inovação. Considera que esta dinamização económica das regiões irá trazer, entre outros factores, a fixação das pessoas, a criação de riqueza e tornar os territórios apelativos para visitar e para a fixação de mais pessoas.

Tendo em conta a população residente, as regiões do Alentejo, da Beira Interior, uma parte de Trás-os-Montes e do Alto Minho têm a maior concentração de património por habitante do país, até mais elevada que Lisboa e Porto. Porém, em termos de visitantes, a maior concentração encontra-se em Lisboa e Porto, cerca de 40%, sendo muito evidente, através duma análise dos números, que há uma disparidade (no território nacional), e um desperdício da potencialidade da atractividade, nomeadamente turística, do conjunto de património monumental que todos herdámos, e que está nas regiões. A historiadora entende, assim, que o país não precisa de construir nada, nem o `shopping`, nem o castelo nem as igrejas porque já lá estão, tendo essa enorme vantagem, e há é que activar tudo isto, económica e socialmente.

Além disso, a historiadora considera que “a distribuição no país do património cultural edificado é muito equilibrada, quer do ponto de vista de quantidade, quer do de qualidade e de atractividade, mas não há nesses territórios a adaptação a este recurso. É necessário criar nas diferentes regiões as condições necessárias, como formar um olhar e uma perspectiva económica sobre esse património. A questão que coloca é, com o fluxo de turismo que já se aproxima do excesso em Lisboa e no Porto, porque não aproveitar este recurso em todo o país? A ideia parece óbvia mas não se põe mãos à obra sem primeiro estudar o terreno.”

Neste sentido, Catarina Valença Gonçalves sublinhou que “qualquer valorização do património cultural do ponto de vista turístico – tendo em conta o que são as tendências do turismo, em que as pessoas procuram autenticidade e contacto com a população local -, obriga a que o próprio território seja o cicerone desses turistas, enfatizando que tem de haver pessoas da região a receber os turistas. Defendeu a necessidade de formação na área do turismo cultural dando, desta forma, uma carreira profissional aos jovens, que podem, assim, criar empresas locais e criar valor e, deste modo, contribuir para uma melhor e mais harmoniosa distribuição da população pelo país”. A responsável afastou qualquer “perspectiva capitalista ou meramente económica” deste projecto, mas antes “adicionar um olhar económico-social ao olhar cultural”.

Referiu ainda que “o património cultural raramente é visto como um activo estratégico do ponto de vista do desenvolvimento económico e social. Nunca foi feito um levantamento do que existe e muito menos foi feita uma análise do que isso pode significar”. E é por aí que o estudo vai começar a ser feito. Um levantamento exaustivo das igrejas, capelas, túmulos, sítios arqueológicos, castelos, fortalezas, e e outro património, que existem de norte a sul do país e que têm o seu valor simbólico por analisar e o seu verdadeiro potencial económico por aferir. Uma segunda etapa será a distribuição geográfica desses monumentos, e tentar perceber qual a incidência de património classificado ao longo do território.

O propósito deste estudo é olhar também para os 308 concelhos nacionais e perceber quantos mosteiros ou igrejas existem per capita, ou seja, que “activos patrimoniais há por habitante”. Catarina Valença Gonçalves diz que “este é o melhor negócio que podemos ter visto que a infra-estrutura já lá está, sendo só preciso animá-la, aplicar o nosso conhecimento para saber como animá-la e usá-la. Até as auto-estradas já existem!”

Será ainda levado a cabo um inquérito com vista a identificar uma base de cerca de 350 elementos do parque patrimonial, que, pelo número de visitantes, empregos associados e receitas directas, permita qualificar um número de visitantes para cada concelho do país de forma mais correcta. Além disso, depois de feito esse inquérito, será realizada a caracterização do sistema de gestão em uso pela Direcção-geral do Património Cultural, a entidade estatal que gere o património, e para as políticas culturais nesta área dos últimos 44 anos.

Catarina Valença Gonçalves referiu que “a ideia é fazer recomendações estratégicas para o sector com base numa análise crítica dos números, comparar o nosso sistema de gestão com outros modelos europeus, perceber o que funciona ou não e o que é possível fazer em Portugal. Esta abordagem nacional, que pela primeira vez inclui as ilhas, é uma espécie de ‘começar de novo’, apoiado na premissa de que todos os territórios são iguais e de que é preciso ‘olhar para o que temos’ para a partir daí recriar dinâmicas locais.”

Portugal tem uma das mais baixas taxas europeias de visitantes nacionais a monumentos e museus, estimando-se que cada estrangeiro que veio a Portugal em 2017 (um número que se aproxima dos 12,6 milhões) tenha visitado, em média, um monumento durante a sua estada, sendo o património cultural, amiúde, a principal motivação da sua vinda a Portugal. Porém, existem 4300 imóveis classificados – 15 detêm a classificação da UNESCO de Património da Humanidade – e 30 mil bens patrimoniais imóveis inventariados, lista a que acresce o património intangível já classificado também pela UNESCO: chocalhos e olaria preta de Bisalhães, cante alentejano, fado e bonecos de Estremoz, e ainda, em conjunto com outros países, a dieta mediterrânica e a falcoaria.

José Tavares, da Nova SBE, explicou que, apesar disso, quando falamos em monumentos mais visitados, falamos sempre dos mesmos dez, aqueles cujo investimento turístico é mais forte, onde os meios de transporte mais chegam, onde existem mais agentes económicos, mais hotelaria e mais operadoras, e dá um exemplo: há três milhões de visitantes nos Parques de Sintra, um fluxo excessivamente orientado para os mesmos locais. Logo, a assimetria económica não corresponde à assimetria patrimonial. Outro exemplo é a Rota do Românico, em Lousada, que compreende 12 municípios e mais de 30 monumentos. A articulação entre eles teve como resultado o sucesso do número de visitantes, êxito na educação patrimonial, recuperação e criação de emprego.

Depois de fechada a análise a nível nacional, proceder-se-á ao cruzamento de dados com os existentes nas entidades públicas como a DGPC, o INE, e o monumentos.pt e ver se há incongruências. Tudo isto envolve dados geográficos, demográficos, descrição, localização e distâncias entre monumentos. No entanto, a base para inferir o valor económico e social do património cultural é deduzida a partir de três grandes factores associados: o emprego gerado, a receita (de bilheteira) e o número de visitantes de cada monumento. José Maria Lobo de Carvalho, do Observatório do Património, referiu a este propósito que “cruzando todos os dados se podem determinar quais são os factores mais importantes para cada município.”

O passo seguinte é descrever o modelo de gestão que existe e propor o modelo que maior rentabilidade dá. A isto chamam os criadores do estudo “potenciar o impacto económico e social do património cultural”. Uma metodologia que vai pela primeira vez ser aplicada. José Tavares explicou que “os dados são para ser interpretados através do princípio da história e técnicas estatísticas para inferir qual é o potencial valor, gerar uma estimativa município a município, para que os atores políticos e privados possam dizer o que vão fazer a mais.”

O retrato à escala nacional tem objectivos tácticos e estratégicos: avaliar o potencial de distribuição do tráfego turístico, nomeadamente para o interior do país — potencial esse que ainda não foi nem avaliado nem devidamente explorado —, contribuindo, desta forma, para que o património cultural seja reconhecido como parte integrante da agenda estratégica económica e social do país.

Note-se que são poucos ou nulos os intervenientes privados na gestão do património cultural português, representando este a maior fatia do Orçamento de Estado para a Cultura e executando-se principalmente em obra física nos monumentos, esquecendo-se quase sempre a fruição do mesmo.

Nas suas recomendações estratégicas, de resto, os elementos que realizam o estudo propõem avaliar a criação de modelos de parcerias interinstituições a nível nacional e regional, a criação também de modelos de parcerias público-privadas e a concretização de uma nova mecânica de financiamento dos recursos considerados activos estratégicos, que conte já com o apoio do Turismo 2027 e do Portugal 2020 e futuro quadro comunitário.

O estudo não deixa de lado a vontade de mostrar a capacidade dos vários territórios de fixar gente, apresentando-se como um caminho para a sustentabilidade e regeneração do interior e “para uma nova abordagem às políticas dessa região”.

O estudo estará disponível online em versão portuguesa e inglesa (www.valordopatrimonio.pt), bem como será editada uma versão portuguesa do estudo completo. O acompanhamento do estudo e de alguns dos dados alcançados à medida do seu desenvolvimento serão divulgados de forma periódica na plataforma patrimonio.pt.

27 Jun 2018

Filmes portugueses regressam à Cinemateca Paixão

Começa hoje mais um ciclo de cinema português na Cinemateca Paixão. A mostra que vai até sexta-feira traz ao ecrã películas que passaram pelo IndieLisboa e que têm sido aclamadas internacionalmente. “Amor, Amor” o filme que abre as hostes, tem no elenco a actriz portuguesa, que reside em Macau, Margarida Vila-Nova

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo terceiro ano consecutivo, a Portugal Film traz à Cinemateca Paixão uma selecção de filmes portugueses que marcaram o último ano no circuito internacional.

O programa abre hoje, às 20h, com a exibição do filme “Amor Amor”, de Jorge Cramez e que tem como uma das protagonistas Margarida Vila-Nova. “Amor Amor” é uma história que gira em torno das múltiplas relações entre um grupo de amigos e as promessas que se fazem na passagem de ano.

Em “Amor Amor”, as personagens Marta e Jorge namoram há sete anos, naquela que parece aos olhos de todos uma relação “perfeita”. De acordo com a sinopse da película, a relação é “demasiado perfeita, para desespero de todos: de Bruno, muito mais novo que Marta, mas loucamente apaixonado por ela; de Lígia, irmã de Bruno e melhor amiga de Marta, que adoraria ver o irmão feliz; de Carlos, amigo de Jorge, que mantendo um namoro superficial com Lígia, ama secretamente Marta; e de Jorge, ele próprio que, por medo que tal idílio seja a sua prisão, convencido de que o seu amor e o desejo de casamento da sua amada inibam a sua liberdade”. “‘Amor Amor’ é a história deste grupo de amigos que entre a madrugada de 31 de Dezembro e a madrugada de 1 de Janeiro, em Lisboa, vivem os ziguezagues do amor e em que há quem venha a descobrir-se a si próprio e há quem venha mesmo a descobrir o amor”. Há ainda os que vão descobrir o preço limite da liberdade num fim de ano que pode mudar tudo de uma forma completamente inesperada.O filme, que estreou no festival IndieLisboa 2017, participou em competições nacionais e internacionais e é a segunda longa metragem de Jorge Cramez.

Regresso ao passado

Amanhã, a mostra apresenta o documentário de Susana de Sousa Dias, “Luz Obscura”. O filme, que tem sido reconhecido internacionalmente, aponta a organização, é um documento fundamental para reflectir sobre os aspectos mais obscuros do Estado Novo. “Como dar corpo a quem desapareceu sem nunca ter tido existência histórica?” é a questão que se coloca neste documentário que procura revelar como um sistema autoritário opera na intimidade familiar, fazendo emergir, simultaneamente, zonas de recalcamento actuantes no presente.

A mostra termina na sexta-feira, dia 29, com uma sessão de curtas metragens composta por quatro películas. “Limoeiro”, uma animação de Joana Silva realizada em contexto escolar na Royal College of Art de Londres, é um filme que pretende reconstruir uma personagem fictícia, através da fisicalidade de um espaço em ruína.

Segue-se “O Homem de Trás-os-Montes”, de Miguel Moraes Cabral, uma ficção que parte do Guia de Portugal de Raul Proença, uma edição histórica, conhecida pela qualidade literária das descrições do país. Apaixonado por Trás-os-Montes e inspirado pelo guia, Miguel procura histórias para realizar este documentário. O imprevisto marca a produção, sendo que “um dia, a aparição de um homem montado num burro vai mudar o seu destino”, revela a organização.

“Flores”, de Jorge Jácome, um dos filmes portugueses que mais prémios arrecadou no último ano em festivais de cinema, é uma ficção que imagina um cenário de crise natural nos Açores provocada por uma incontrolável praga de hortênsias. Perante um cenário de crise natural, a população açoriana vê-se forçada a abandonar as ilhas. Entretanto, dois jovens soldados, “sequestrados pela beleza da paisagem, guiam-nos pelas narrativas dos que partiram e o inerente desejo de resistirem, ficando”, lê-se em comunicado. Com esta deambulação, “o filme assume uma reflexão nostálgica e política sobre território e identidade, bem como sobre o papel que assumimos nos lugares aos quais pertencemos”.

A sessão termina com “Os Humores Artificiais”, de Gabriel Abrantes, curta que estreou no festival de cinema de Berlim no ano passado, onde ganhou uma nomeação para os European Film Awards. O filme conta a história de uma menina indígena do Estado do Mato Grosso, Brasil, que se apaixona por um robô. “Os Humores Artificiais” foi rodado no Mato Grosso (Canarana e nas aldeias Yawalapiti e Kamayura dentro do Parque Indígena do Xingu) e em São Paulo e mistura uma “certa estética hollywoodiana com abordagens típicas do registo documental”.

27 Jun 2018

Mundial 2018: Lionel Messi marcou 100.º golo da 21.ª edição

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] argentino Lionel Messi marcou ontem o 100.º golo do Mundial de futebol de 2018, ao inaugurar o marcador face à Nigéria, em São Petersburgo, em encontro da terceira jornada do Grupo D.

Lionel Messi, que tinha ficado em ‘branco’ nas duas primeiras jornadas, até com um penálti falhado com a Islândia (1-1), faturou aos 14 minutos, de pé direito, depois de uma grande receção a um passe em profundidade de Banega.

Num dia em que Dinamarca e França selaram o primeiro ‘nulo’ na prova, Messi, que somou o seu sexto golo em Mundiais, depois de um em 2010 e quatro em 2014, apontou também o golo 2.479 da história da competição.

Os 100 golos no Mundial de 2018, na Rússia, foram conseguidos em 40 jogos – sendo que dois deles ainda decorrem -, à média de 2,5 por encontros.

Além dos dois encontros que ainda se completam hoje, a primeira fase contempla mais oito, os da terceira jornada dos grupos E, F, G e H. Em 2014, a fase de grupos fechou com um recorde 136 golos, à média de 2,83 por embate.

Desde 1998, quando a fase de grupos passou a ser composta por 48 encontros, o segundo melhor registo são os 130 tentos da edição de 2002, disputada na Coreia do Sul e no Japão.

A Inglaterra, a Bélgica e a Rússia, todas com oito golos, são as seleções mais concretizadoras da prova, sendo que só os anfitriões disputaram três jogos.

Do outro ‘lado’, a já eliminada Costa Rica, que perdeu por 1-0 com a Sérvia e por 2-0 com o Brasil e na quarta-feira defronta a Suíça, é a única seleções sem qualquer tento, já que o Peru, que estava em ‘branco’, marcou hoje dois à Austrália (2-0).

Em termos individuais, o melhor é o avançado inglês Harry Kane, jogador do Tottenham, que soma cinco golos, em dois jogos, graças a um ‘bis’ à Tunísia, incluindo o golo da vitória (2-1) aos 90+1 minuto, e um ‘hat-trick’ ao Panamá (6-1), com dois penáltis.

Na perseguição, seguem o português Cristiano Ronaldo, que marcou três à Espanha (3-3), um a Marrocos (1-0) e segunda-feira ficou em ‘branco’ com o Irão (1-1), num jogo em que falhou um penálti, e o belga Romelu Lukaku, autor de um ‘bis’ face os panamianos (3-0) e outro perante os tunisinos (5-2).

27 Jun 2018

Croácia fez o ‘pleno’ e acaba com ‘sonho’ da Islândia no Mundial 2018

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Croácia venceu ontem a Islândia por 2-1 e fechou o grupo D do Mundial 2018 de futebol no primeiro lugar e só com vitórias, enquanto os estreantes islandeses foram eliminados, atrás da Nigéria e da apurada Argentina.

O jogo foi equilibrado, em que a Croácia, já apurada, fez valer o favoritismo e apresentou ‘credenciais’ para a fase a eliminar, enquanto os islandeses, que precisavam de vencer para seguir em frente, ainda sonharam, depois de Sigurdsson empatar, de grande penalidade, após o tento inaugural de Badelj.

Ainda assim, a Argentina fez o 2-1 com que venceu a Nigéria para se apurar perto do final, com a Islândia, estreante em campeonatos do mundo, a cair perante um tento de Perisic, aos 90.

Numa primeira parte equilibrada, as principais oportunidades de golo só surgiram nos últimos minutos, com Finnbogason a combinar com Sigurdsson e rematar aos 40, tendo a bola passado perto, antes de Gunnarsson, aos 45+2, obrigar Lovre Kalinic a defesa apertada.

A Croácia voltou melhor dos balneários e, pouco depois do golo do empate da Nigéria no outro jogo, num penálti de Victor Moses, Badelj fez o primeiro aos 53, numa jogada de insistência dos croatas, e ‘afundava’ a Islândia.

Na resposta, Kalinic defendeu um cabeceamento de Ingason para negar o empate e, no canto, o mesmo jogador islandês cabeceou por cima, no melhor período dos islandeses.

Aos 75, o ‘substituto’ Lovren, um dos nove jogadores poupados por Zlatko Dalic para o jogo, cortou uma bola com o braço dentro da área, dando a Sigurdsson a oportunidade de empatar o encontro.

Perante o empate entre argentinos e nigerianos, os islandeses precisavam de fazer o segundo para ultrapassarem os africanos e chegar ao segundo lugar, mas foi a Croácia a conseguir a vitória.

Em cima dos 90, Perisic acabou com o ‘sonho’ dos islandeses ao fazer o 2-1, após um passe de desmarcação de Badelj.

Até final, os islandeses fizeram tudo para ir atrás do 2-2, mas em vão, abandonando o Mundial de estreia no quarto e último lugar do grupo D, com um ponto conquistado frente à Argentina (1-1).

O pleno de vitórias dos croatas permite-lhes sair do grupo em primeiro lugar, marcando encontro com a Dinamarca, e evitar a França, que vai jogar com a Argentina, segunda classificada da ‘poule’.

27 Jun 2018

Campeã Alemanha e Brasil jogam hoje com os olhos nos ‘oitavos’ do Mundial 2018

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Alemanha, detentora do título, e o Brasil, cinco vezes campeão, jogam hoje cartadas decisivas no Mundial de futebol de 2018, na Rússia, tendo em vista o apuramento para os oitavos de final.

Derrotados no primeiro jogo do Grupo F, frente ao México (1-0), e com uma vitória arrancada nos descontos perante à Suécia (2-1), os alemães fugiram a uma situação limite e jogam com a já eliminada Coreia do Sul, em Kazan, sabendo que só a vitória lhes interessa.

Com três pontos, tal como a Alemanha, a Suécia enfrenta o México, líder, com seis, em Ecaterimburgo, e também só com um triunfo pode avançar na competição, num grupo em que os três candidatos podem terminar empatados, valendo então a melhor diferença de golos, o maior número de golos marcados ou a melhor ‘folha’ disciplinar. Ambos os jogos estão marcados para as 17:00 (15:00 em Lisboa).

No grupo E, Brasil e Sérvia, primeiro e terceiro, com quatro e três pontos, respetivamente, discutem o apuramento entre si em Moscovo, a partir das 21:00 (19:00), num jogo em que os brasileiros precisam apenas de um empate e os sérvios de uma vitória.

Paralelamente, em Nijni Novgorod, a Suíça, também com quatro pontos, tem uma tarefa teoricamente mais facilitada perante a Costa Rica, equipa já de ‘malas feitas’ – que só perdeu com o Brasil nos descontos -, frente à qual lhe convém pontuar para garantir presença nos ‘oitavos’.

27 Jun 2018

Grupo C | Dinamarca empata com França e segue para os ‘oitavos’

A Dinamarca qualificou-se ontem para os oitavos-de-final do Mundial2018 de futebol, ao empatar com a já apurada França, no primeiro encontro sem golos da prova, a contar para a terceira jornada do Grupo C. Um resultado que favoreceu ambas as equipas

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ara não depender de outros resultados, a Dinamarca precisava de apenas um ponto para avançar para os oitavos-de-final, enquanto a França necessitava desse mesmo ponto para conquistar o primeiro lugar do grupo C. Foi exactamente o que aconteceu no jogo que decorreu ontem no estádio de Luzhniki, em Moscovo, a contar para a terceira jornada do Grupo C.

Sem surpresas, com ampla posse de bola francesa, que, contudo, não se converteu em hipóteses reais de golo, o jogo foi morno. Depois de um segundo tempo com apenas quatro tentativas de remate à baliza, os espectadores no estádio chegaram mesmo a vaiar as duas equipas depois do apito final. No fim do jogo, restaram as estatísticas que mostraram que os franceses tiveram posse de bola de 62 por cento contra 38 por cento dos dinamarqueses.

Do lado dos gauleses Mauitidi e Pogba foram poupados. A entrada de Mbappé, que também descansou no banco a maior parte do jogo, até animou um pouco o final da partida, mas mesmo assim a França não colocou em grande perigo a baliza defendida por Schmeichel. Por seu lado, a selecção dinamarquesa entrou com toda força em campo, mas isso não se reflectiu em chances de concretizar. A selecção nórdica atirou à baliza francesa apenas por duas vezes.

Ainda assim, um único desliza digno de nota foi a suspensão do atacante Poulsen, depois de receber dois cartões amarelos.

Na outra partida do grupo C de ontem, Austrália e Peru enfrentaram-se em Sochi. Os peruanos, já desclassificados da Copa, depois de derrotas contra França e Dinamarca, venceram por 2 a 0 com golos do artilheiro do Benfica André Carrillo e Guerrero.

La Rojiblanca entrou nesta partida já eliminada e, portanto, sem nada a perder. A Austrália, ainda com hipóteses de apuramento, tinha tudo a ganhar em caso de vitória. Venceu a descontração e o futebol positivo dos peruanos, que contaram com uma claque ruidosa do início ao fim do jogo. O apito final levou à alegria dos peruanos que festejaram uma vitória depois de 36 anos ausentes de um Mundial e à tristeza dos australianos que regressam já a casa.

27 Jun 2018

Consumo | DECO vai mediar conflitos de chineses em Portugal

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) comprometeu-se a apoiar os consumidores chineses em matérias de informação e mediação de conflitos em Portugal, anunciou ontem o conselho de consumidores de Macau.

De acordo com um comunicado divulgado ontem pelo conselho de consumidores (CC) de Macau, “a DECO compromete-se a receber casos encaminhados por parte do CC e, no prazo de 15 dias […] apoiar os consumidores” da República Popular da China “que se encontrem em trânsito em Portugal”.

Este acordo entre as partes foi alcançado em Lisboa, na passada quinta-feira, altura em que a DECO se comprometeu a ajudar os chineses “em matéria de informação e de mediação de conflitos de consumo”, apontou o comunicado do CC.

A assinatura deste protocolo estabeleceu ainda como objectivos a alcançar a “salvaguarda dos direitos e interesses dos consumidores”, partilha de informações, acções de formação, mas também alargar os mecanismos de tratamento de conflitos de consumo entre o interior da China, Portugal e Macau. O CC defendeu que “este mecanismo de encaminhamento de litígios de consumo irá aumentar a confiança dos cidadãos do Interior da China, de Portugal e de Macau em fazer consumo durante a estadia nesses países e região”.

No dia 10 de Abril as associações de defesa do consumir da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau definiram como prioridade central a cooperação entre estas associações com Portugal. Nesse dia, as associações da Grande Baía assinaram ainda um protocolo para criar “uma plataforma de reencaminhamento de litígios de consumo entre as associações de defesa do consumidor das cidades da Grande Baía”, e promover a confiança dos consumidores da região, indicou. Na mesma reunião foi ainda analisada a possibilidade de existência de um mecanismo de arbitragem de litígios de consumo e de um sistema de símbolo de qualidade nos produtos.

27 Jun 2018

Comércio | Pequim pede à França que reduza restrições à exportação

O primeiro-ministro chinês pediu ao seu homólogo francês que reduza as restrições à exportação de produtos de alta tecnologia e crie um contexto “mais transparente” para os investidores chineses, informou ontem a agência estatal Xinhua

 

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]i Keqiang e Edouard Philippe reuniram-se segunda-feira em Pequim durante uma visita oficial do primeiro ministro-francês, que também se encontrou com o Presidente chinês, Xi Jinping, para abordar as relações bilaterais e alcançar diversos acordos.

Durante a reunião, o primeiro-ministro chinês assegurou que ambas as partes devem facilitar o comércio e o investimento, tendo pedido a Paris que reduza as restrições às exportações chinesas de alta tecnologia. Li Keqiang recordou que Pequim não persegue o ‘superavit’ comercial, pelo que as relações económicas e comerciais devem realizar-se de acordo com as regras do mercado e dos princípios comerciais.

O governante chinês sublinhou o seu desejo de que o bloco europeu se converta num aliado para salvaguardar as normas internacionais, o livre comércio e o multilateralismo, abordando em conjunto questões globais como as mudanças climáticas.

Pela abertura

O primeiro-ministro francês afirmou que o seu país está disposto a trabalhar com a China para se oporem ao proteccionismo e ao unilateralismo, pedindo uma maior cooperação em vários sectores, como a indústria aeroespacial e a energia nuclear. O encontro serviu também para que ambos os países firmassem vários acordos para melhorar a cooperação bilateral em matérias energéticas, tecnológicas, alimentares e médicas.

A visita oficial do primeiro-ministro francês coincidiu com a realização em Pequim de conversações ao mais alto nível entre representantes da União Europeia e da China, em que ambas as partes criticaram as medidas proteccionistas unilaterais dos Estados Unidos.

27 Jun 2018

Crime | Pequim combate equipamentos falsificados do Mundial 2018

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s serviços de alfândega chineses apreenderam um considerável lote de roupas desportivas pirateadas alusivas ao Campeonato do Mundo de Futebol 2018, de acordo com notícia veiculada pela Xinhua.

A Alfândega de Ningbo, na Província de Zhejiang, no leste da China, anunciou na segunda-feira a apreensão de 1.800 equipamentos falsificados de futebol supostamente com o selo oficial da FIFA, além de 14.844 pares de ténis falsificados das marcas Adidas e Nike. A autoridade aduaneira contactou a FIFA para verificação da falsificação.

A alfândega na cidade de Yiwu, também em Zhejiang, apreendeu 288 bolas falsificadas. As bolas não tinham marca, mas estavam impressas com padrões que se assemelhavam à bola oficial da Copa do Mundo e com imagens de troféus da Copa do Mundo e escritos dizendo “Rússia 2018”.

Yiwu é conhecida como o “supermercado mundial” devido ao grande fluxo comercial de produtos de retalho. Segundo a Xinhua, os inspectores alfandegários da cidade realizaram inspecções rigorosas contra pirataria e organizaram campanhas públicas.

A alfândega de Hangzhou, na capital provincial, disse que vai impor multas aos exportadores.

As alfândegas junto das principais bases de produção orientadas para a exportação da China, incluindo as províncias de Zhejiang, Guangdong e Hubei, iniciaram uma luta contra a falsificação de produtos do Mundo 2018 em Março. Na segunda-feira, as autoridades aduaneiras de Hangzhou apreenderam 32.398 produtos que violavam os direitos de propriedade intelectual da competição que decorre na Rússia.

27 Jun 2018

Diplomacia | Consulado em Cantão vai ser inaugurado no Outono

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] inauguração oficial do Consulado de Portugal em Cantão deverá ter lugar “depois do Verão, no Outono”. Segundo o cônsul-geral André Sobral Cordeiro, o objectivo é que a cerimónia conte com uma “autoridade política” de Portugal, revela o canal de rádio da TDM. “É isso que está pensado. Vamos ver se se consegue confirmar. As agendas estão a ser definidas e é uma questão de esperar”, afirmou à TDM – Rádio Macau, sem avançar nomes.

O Consulado de Portugal em Cantão abriu ontem no centro financeiro da cidade de Cantão, com três funcionários, incluindo o cônsul. André Sobral Cordeiro é o primeiro cônsul-geral de Portugal em Cantão, desde 1949.
Esta é a primeira representação diplomática portuguesa aberta nos últimos 13 anos.
O novo consulado em Cantão tem como áreas de jurisdição as províncias de Guangdong, Hainão, Hunan, Fujian e a Região Autónoma de Guangxi Zhuang.

Depois da abertura de portas, a prioridade é “tornar Portugal conhecido no Sul da China”.
André Sobral Cordeiro diz querer contrariar a ideia que algumas empresas portuguesas têm de que o mercado chinês é enorme e que é impossível entrar.
André Sobral Cordeiro acrescentou que a cooperação com o consulado português em Macau é para continuar com o futuro cônsul. De acordo com uma notícia avançada pelo Jornal Tribuna de Macau, o actual embaixador português na Austrália vai substituir Vítor Sereno como cônsul-geral em Macau e Hong Kong.

27 Jun 2018

Estacionamentos | Associação Poder do Povo está contra medidas do Governo

O Executivo retirou a proposta do aumento das multas de estacionamento, mas a associação Poder do Povo continua a condenar as actuais políticas do trânsito, exigindo o fim da proibição de estacionamento em algumas zonas do território

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] denúncia foi feita ontem pela associação Poder do Povo. O Governo tem vindo a reduzir as zonas permitidas para estacionamento na península e nas ilhas e, de acordo com Si Tou Fai, presidente da entidade, esta medida tem como objectivo aumentar as multas por estacionamento ilegal.

Tendo assumido funções de presidente há cerca de um mês, Si Tou Fai recordou que, depois dos protestos ocorridos após ter sido apresentada a proposta de revisão da lei do trânsito, o Governo tem vindo, de forma activa, a proibir o estacionamento de veículos em mais zonas. A associação tem como base publicações nas redes sociais feitas pelos condutores.

A Poder do Povo entende que muitos lugares de estacionamento têm vindo a ser cancelados devido a obras realizadas na via pública e que, depois de concluídas, os locais deveriam transformar-se em zonas para peões.

Si Tou Fai congratula o Governo por ter dado atenção às opiniões da sociedade, mas teme que as autoridades estejam a “afiar a faca no sorriso” ao decidirem eliminar alguns lugares de estacionamento.

O responsável adiantou ainda que, além do cancelamento dos lugares, houve muitos outros que se tornaram temporários ou que mantém os parquímetros instalados. Isso significa que as autoridades vão continuar a receber mais pagamentos de multas.

Para Si Tou Fai, o actual número de lugares de estacionamento não é suficiente tendo em conta a quantidade de veículos que circulam no território. Por isso, a associação a que preside pediu ao Governo que volte a disponibilizar os lugares cancelados.

Auto-silos a caminho

Recorde-se que no passado dia 16 centenas de pessoas se manifestaram contra uma proposta do Governo que previa um aumento das multas de estacionamento, cujo valor poderia ultrapassar as mil patacas.

A proposta chegou a ter data marcada para consulta pública (entre Junho e Agosto), mas acabou mesmo por ser suspensa assim que começaram os primeiros protestos, na Assembleia Legislativa e nas redes sociais.

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garante que este ano haverá mais seis parques de estacionamento públicos, os quais vão proporcionar um total de 2.183 lugares para estacionamento de automóveis ligeiros e 2.356 lugares para estacionamento de ciclomotores e motociclos.

Numa conferência de imprensa em 8 de Junho, o responsável pela DSAT, Lam Him San, destacou que até ao final do ano passado havia mais 120 mil lugares de estacionamento em edifícios privados.

Lam Him San informou que no primeiro trimestre deste ano os edifícios já com licença de utilização, aliados aos edifícios em construção, edifícios concluídos e edifícios privados em fase de projecto oferecem, no total, 36.300 lugares de estacionamento.

Em simultâneo, o Governo está a estudar a construção de auto-silos automáticos.

27 Jun 2018

BNU anuncia Carlos Álvares como novo presidente da comissão executiva

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco Nacional Ultramarino (BNU) anunciou ontem a nomeação de Carlos Álvares como novo presidente da comissão executiva, sucedendo a Pedro Cardoso, que liderou o banco português nos últimos sete anos.

Em comunicado, o BNU justificou a nomeação de Carlos Álvares devido à sua “longa experiência no setor bancário”, tendo sido diretor-geral do Banco Comercial Português e ainda presidente do Banco Popular Portugal.

Em maio, Pedro Cardoso já tinha confirmado à Lusa que ia sair do grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) no primeiro semestre, fazendo um balanço “seguramente positivo” dos sete anos à frente desta filial do banco português.

“Faço um balanço seguramente positivo”, disse Pedro Cardoso em entrevista à Lusa. “Quando cheguei a Macau, em 2011, o banco tinha 240 mil clientes, agora tem mais 50 mil, com os clientes mais fidelizados, tínhamos 2,4 produtos por cliente em 2011 e agora temos 3,6 produtos, o que pode parecer pouco, mas é um aumento de 40% de produtos por cliente”, sublinhou Pedro Cardoso.

De acordo com o comunicado do Banco, que tem a sua sede em Macau, Ieong Kim Man vai assumir o cargo de diretor-geral da direção de tecnologia de informação.

O BNU faz parte do Grupo Caixa Geral de Depósitos e está presente em Macau, Zhuhai-Hengqin e Xangai, constituindo uma plataforma para empresas e particulares nos negócios entre a China, Macau, Portugal e os países de língua oficial portuguesa.

“A estreita ligação do BNU aos países de língua portuguesa, aproveitando a extensa rede bancária da CGD, permite-nos estar numa posição única para promover o comércio bilateral entre a China e os países lusófonos, no sentido de apoiar investidores chineses e empresas dos países de língua portuguesa que procuram internacionalizar-se para a China”, apontou em comunicado o banco, na passada quinta-feira, depois da assinatura, em Lisboa, de um protocolo de cooperação entre o Banco e a CGD.

De acordo com o BNU, este protocolo visa promover, aproveitando a rede global da CGD e do BNU, e disponibilizar referências de oportunidades de negócios individuais, empresariais e financeiros, assim como fortalecer a cooperação em negócios relacionados com crédito, entre a China e os países de língua portuguesa.

O acordo foi assinado entre o presidente da comissão executiva da CGD, Paulo Macedo, e o presidente e vice-presidente do conselho de administração do BNU, José João Guilherme e Carlos Cid Álvares, respetivamente.

Em 2017 os lucros do BNU em Macau subiram 26% para 706 milhões de patacas (cerca de 70 milhões de euros), em relação ao período homologo do ano anterior.

Em 2016, o banco, do grupo Caixa Geral de Depósitos, tinha registado lucros de 560,5 milhões de patacas (cerca de 60 milhões de euros).

O BNU é, juntamente com o Banco da China, banco emissor de moeda em Macau, e conta atualmente com 20 agências, incluindo uma na Ilha da Montanha, em Zhuhai, cidade chinesa adjacente ao território.

27 Jun 2018

Imobiliário | Ng Kuok Cheong quer medidas para evitar casas vazias

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] imposto de selo sob imóveis não está a ser respeitado pelos proprietários de fracções e edifícios vazios e o Governo tem que criar medidas para garantir um melhor aproveitamento destes espaços. A ideia é deixada pelo deputado Ng Kuok Cheong em interpelação escrita.

De acordo com o deputado “as pessoas queixaram-se da falta de sucesso da implementação do imposto de selo, sendo que não há qualquer pressão sobre os proprietários que possuem apartamentos vazios à espera que os preços aumentem para que os possam vender por valores mais altos”, refere o documento. Ng Kuok Cheong justifica a sua posição com números: “no final de 2017, estavam vazias mais de 13.000 unidades residenciais”.

Para combater este “desperdício”, sublinha o deputado pró-democrata, são necessárias medidas efectivas por parte do Executivo. Além do desaproveitamento de espaços, Ng considera que a acumulação de casas vazias está a ajudar à especulação imobiliária pelo que apela a acções de controlo nessa matéria.

27 Jun 2018

Cooperação | Lionel Leong de visita ao Brasil

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, encontra-se no Brasil em visita oficial. Na agenda do membro do Executivo da RAEM houve no domingo um encontro com responsáveis do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

A visita serviu para “trocar opiniões com os representantes daquelas instituições sobre o aproveitamento do papel de Macau como plataforma e como avançar em prol do reforço da exploração dos mercados da China e do Brasil, e das Pequenas e Médias e Empresas de Macau, pelas partes envolvidas”.

Lionel Leong lembrou ainda que “o futuro funcionamento do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa [ligado ao Fórum Macau] apoia as empresas do interior da China a investirem nos países lusófonos, como também ajuda as empresas destes últimos, conjuntamente com Macau, a entrarem no grande mercado da China”. O secretário adiantou também que “as entidades competentes da área económico-comercial irão negociar com Fundo, com o objectivo de debater a redução de limites de acesso e assim facilitar que mais empresas possam usufruir do mesmo”.

Lionel Leong e sua comitiva estiveram num almoço oferecido pela Embaixada da República Popular da China no Brasil, tendo visitado, em seguida, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, para se inteirar do apoio às empresas.

27 Jun 2018

Táxis | Deputados temem cancelamento “radical” de licenças

Os deputados da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) temem que haja um cancelamento “radical” de licenças de táxis, dado que o incumprimento das condições de exploração relativamente a um único alvará vai afectar todos os outros veículos do titular da licença

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]roporcionalidade. Foi o que pediu ontem a 3.ª Comissão Permanente da AL, que analisa em sede de especialidade a proposta de lei relativa aos táxis, por estar “preocupada” com o facto de o incumprimento das condições de exploração por parte de um único veículo pôr todos os outros que operam sob alçada da mesma licença fora de circulação.

“Se há uma empresa que detém uma licença com 20 alvarás e um só veículo não reúne os requisitos para a exploração e há falta de sanação da irregularidade, [dentro do prazo fixado pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego], a licença é cancelada, o que quer dizer que os restantes táxis também vão ser afectados”, explicou o presidente da 3.ª Comissão Permanente da AL. “Temos de ver se a aplicação dessa norma deve ser de forma radical afectando os restantes táxis que não infringiram os requisitos”, complementou Vong Hin Fai, defendendo que deve ser “atendido o princípio da proporcionalidade”.

É que, enfatizou, não só os condutores dos remanescentes 19 táxis vão perder o seu emprego, como esses veículos vão deixar de estar disponíveis no mercado, pelo que, em última instância, o “bem-estar da população vai sofrer” também as consequências, dado que a oferta vai encolher.

Uma empresa, uma licença

À luz do futuro modelo de exploração da actividade dos táxis, apenas empresas vão poder candidatar-se à atribuição de licenças, sendo que, segundo revelou o presidente da 3.ª Comissão Permanente da AL, o Governo pretende fixar que “cada empresa só pode ter uma licença”. Com efeito, não lhes é vedada a possibilidade de participarem em mais do que um concurso público para a concessão de alvarás, cujo número será, à luz do proposto, averbado à licença à medida que for obtido.

Contudo, tal como anunciado anteriormente, vai ser imposto um limite face às preocupações relativas a um potencial monopólio. Esse tecto, ainda por determinar, vai ser fixado na proposta de lei, na medida em que, de outra forma, “não seria operacional”, argumentou o presidente da 3.ª Comissão Permanente da AL.

Outro ponto que suscitou dúvidas teve que ver com o facto de o diploma ditar o cancelamento da licença quando for aplicada “pena acessória de interdição do exercício de actividade de transporte de passageiros em táxi por um período superior ao seu prazo de validade”, com os deputados a questionarem como funciona no caso das empresas. Isto porque – segundo explicou Vong Hin Fai – não há nenhuma disposição legal que preveja a interdição da actividade de transporte de passageiros em táxi a uma pessoa colectiva.

Se uma empresa facilitar a prática de crime organizado, ou tráfico de droga, pelos seus trabalhadores, nada obsta a que o tribunal, além da pena principal, aplique uma pena acessória interditando a operação dessa empresa por um período de dois ou três anos, exemplificou Vong Hin Fai, dando conta de que os deputados aceitaram a explicação dada pelo Governo, embora reconhecendo tratar-se de uma “situação muito rara”.

27 Jun 2018

Macau reúne com Bolsa de Valores de Lisboa e Banco de Portugal

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Autoridade Monetária de Macau (AMCM) e o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) reuniram com representantes da Euronext (Bolsa de valores de Lisboa) e Banco de Portugal (BdP), aponta um comunicado oficial. Foram realizados colóquios com Carlos da Silva Costa, governador do BdP e Isabel Ucha, administradora da Euronext Lisboa, incluindo Fernando Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos.

O secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, “propôs o desenvolvimento da cooperação” com a Euronext Lisboa, “nomeadamente no que respeita às aplicações no mercado de capitais para promover o comércio entre a China e os países de língua portuguesa”. Tal cooperação pode também fazer com que as empresas “dos países de língua portuguesa e do interior da China possam ter acesso a financiamentos da plataforma criada por esta entidade”. Por sua vez, Isabel Ucha refere que a Euronext “está neste momento à procura de oportunidades com vista ao desenvolvimento em termos de cooperação com outras jurisdições”.

Carlos da Silva Costa falou do “crescimento acentuado da economia da China e de Macau”, tendo acrescentado que existe um “interesse dos bancos e das empresas portuguesas de virem a participar neste processo”. Neste sentido, o BdP “manifestou a sua disponibilidade para prestar a Macau os apoios técnicos necessários, uma vez que [o território] dispõe de condições similares às dos países de língua oficial portuguesa, em termos de língua e enquadramento jurídico, contribuindo assim favoravelmente para o desenvolvimento de uma maior cooperação”.

Chan Sau San, presidente da AMCM, referiu que Macau “pode desempenhar o papel de ligação com os países de língua oficial portuguesa, para que deste modo entrem no gigante mercado da China, fazendo uso do ‘sistema de liquidação imediata em tempo real em renmimbi, por forma a facilitar a regularização das transacções comerciais transfronteiriças”.

Durante esta visita, que contou com a presença do primeiro Chefe do Executivo da era RAEM, Edmund Ho, a AMCM assinou um novo Acordo de Cooperação e Assistência Técnica com a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Tudo para “aprofundar a cooperação entre as instituições em matérias de intercâmbio de informações da supervisão seguradora, formação de pessoal e cooperação técnica”.

27 Jun 2018

Órgãos Municipais | Auto-propostas para nomeação do Chefe do Executivo fora da lei

O Executivo não quer colocar no papel o número de vagas no Conselho Consultivo do futuro Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) que vão ser ocupadas por pessoas que se auto-proponham. O Governo garante que mesmo assim vai existir um mecanismo que aceita candidatos à nomeação

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar de ter prometido aos deputados estabelecer um mecanismo para que as pessoas se possam auto-propor para serem nomeadas pelo Chefe do Executivo para o Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, o Governo não fez qualquer alteração a este artigo da proposta de lei que cria o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). O ponto de situação foi feito, ontem, por Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a analisar a nova proposta do Executivo.

“O Governo mantem uma postura aberta, mas neste momento não quer definir um número de vagas a serem ocupadas por pessoas que se auto-proponham para o conselho. Também há situações para as quais não há solução, como nos casos em que não surjam pessoas a auto-propor-se para serem nomeadas. Por estas razões, o Governo propôs que se mantenha o artigo sem alterações”, disse o presidente da comissão, após um encontro entre os deputados para analisar na especialidade o diploma. “Segundo o Governo já há um mecanismo que permite às pessoas auto-proporem-se para cargos por nomeação em órgãos consultivos. No entanto, o Executivo não quer estabelecer um número de vagas nesta lei”, acrescentou.

Contudo, a explicação escrita do Governo levanta várias dúvidas aos membros da Assembleia Legislativa. Em causa está a falta de garantias legais no texto do diploma que obriguem à nomeação de pessoas que se tenham auto-proposto. “Os deputados questionam esta explicação. Se não está previsto na lei, como é que depois se garante que esse mecanismo é posto em prática?”, relatou Chan Chak Mo, sobre as dúvidas dos membros.

Por outro lado, o presidente da comissão negou qualquer paralelo com a Lei de Terras, em que alguns deputados se queixaram de ter sido enganados pelo Executivo, depois de alegadamente terem sido dadas certas garantias que não constam na lei. “Claro que não vou comparar este assunto com o que se passou na Lei de Terras”, frisou. “Não posso dizer se vai haver engano ou não porque não tenho informações sobre se existe mesmo um mecanismo”, sublinhou.

Assunto para discutir

A questão vai ser abordada nas reuniões da próxima semana, que vão contar com a participação de membros do Executivo. “Acredito que na reunião da próxima semana alguns deputados vão perguntar ao Governo em que situações foram nomeadas pessoas auto-propostas”, indicou.

Outra das intenções do Executivo para este conselho passava por uma maior inclusão de jovens nos assuntos locais. Chan Chak Mo diz acreditar que o caminho do Governo neste objectivo passa essencialmente por nomear pessoas jovens para os conselhos consultivos: “Eles vão tentar captar os mais jovens. Creio que a principal forma de o fazerem vai ser através de nomeações. Mas também creio que já muitos jovens participam nestes conselhos porque as pessoas mais velhas como eu já não participam”, brincou.

Chan Chak Mo mostrou-se ainda confiante que o diploma possa ser aprovado em plenário antes de 15 de Agosto, altura em que os deputados vão de férias.

27 Jun 2018

Canídromo | Último dia de adopção de galgos no domingo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen anunciou que vai lançar no próximo domingo, dia 1, a derradeira actividade para adopção de galgos. A iniciativa vai decorrer entre as 15 e as 18 horas.

Os interessados em adoptar um galgo podem aceder com antecedência a informações relativamente aos cães no portal oficial do Canídromo e comunicar a intenção de adoptar junto da empresa. Num comunicado, publicado na segunda-feira, a empresa indicou que foram adoptados seis galgos na semana passada, sendo que, no domingo, quando foi realizada uma actividade idêntica, foram recebidos mais de 50 pedidos de adopção.

Relativamente ao hiato entre a manifestação de intenção e a adopção efectiva, o Canídromo justificou o prolongado tempo de espera com o facto de o número de interessados em adoptar galgos ter superado as expectativas da Yat Yuen.

27 Jun 2018

Crematório | Governo suspende construção da estrutura depois de críticas

Depois do manifesto desagrado da população relativamente à construção do crematório no cemitério de Sa Kong, o Executivo decidiu suspender o projecto. O Governo vai agora tratar de rever legislação para que a estrutura possa ser edificada fora de cemitérios e depois encontrar um terreno consensual. Tarefas que podem levar anos a concretizar

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] projecto de construção do primeiro crematório de Macau no cemitério de Sa Kong está suspenso, revelou ontem o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares em conferência de imprensa. “Houve opiniões contra a instalação do crematório e decidimos suspender o projecto”, disse o responsável. A decisão teve como base a opinião pública e os próximos passos para a realização do projecto vão ser a revisão legislativa de modo a que este tipo de estruturas possam ser construídas fora dos cemitérios.

José Tavares recordou que em 2006 Chui Sai On alertava para a urgência de um crematório no território. O presidente do IACM apontou razões que se prendem com o crescimento e envelhecimento da população. “Em 2006 Macau tinha 60 mil idosos e prevê-se que em 2036 este número aumente para 160 mil, visto que a previsão demográfica aponta, para essa altura, os 800 mil habitantes”.

Tavares recordou ainda a surpresa que sentiu quando percebeu a reacção da população até porque a solicitação de um crematório em Macau era um pedido constante há anos.

No entanto, “havendo obstáculos por parte dos residentes resolvemos ouvir e respeitar”, disse.

Valores mais altos

Em caso de epidemia, Macau vai continuar sem ter para onde enviar os restos mortais de vítimas de doenças infecto-contagiosas.

De acordo com a legislação chinesa não é possível transladar estes cadáveres para o continente para que sejam cremados. “Os cadáveres têm que ser enterrados aqui, a uma profundidade muito superior àqueles que falecem por outras razões. Há certas doenças em que os organismos não se decompõem”, esclareceu.

Tendo como prioridade a saúde pública, Tavares admite que, neste caso, a responsabilidade não pode ser apenas imputada ao Executivo e tem que ser partilhada pela população na medida em que foi esta que se mostrou contra a execução da estrutura. “A responsabilidade deve ser assumida tanto pelo Governo como pela população . É um risco que estamos a correr”, referiu.

Lugar ideal

José Tavares defende que a localização no cemitério de Ko Snag seria a ideal e que o projecto não representava qualquer perigo para a saúde publica. “Procedemos à escolha do terreno segundo a lei e o cemitério de Ko Sang tem um monte que cria um efeito de biombo e funcionaria como separador entre o cemitério e os bairros habitacionais”, disse.

Por outro lado, o presidente do IACM referiu que os níveis de gases emitidos seriam controlados e seriam utilizadas energias ecológicas. “Queríamos construir um crematório de alto nível em que a difusão de gás é inferior às normas europeias, semelhante aos de Hong Kong e que ficam lado a lado com habitações e escolas, sem cheiros nem pós”, explicou.

O poder do dinheiro

Uma das razões apontada pelo presidente do IACM para a oposição das pessoas que residem naquela área à construção de um crematório foi o desconhecimento acerca do próprio projecto e das suas consequências. “Houve falta de informação, sem dúvida”, disse.

Mas há justificações que, embora não declaradas, José Tavares admite que terão influenciado a recusa da população. Além dos factores culturais e das preocupação ambientais e muito desconhecimento, tiveram também influência factores económicos. “Há mais motivos além do cultural e que têm que ver com a economia, há prédios à volta que podem sofrer desvalorização com este crematório”, disse.

Um novo projecto poderá agora levar anos a ser concluído. “Vai levar uns bons anos, a revisão legislativa pode demorar cerca de dois anos, encontrar um terreno apropriado pode levar um ano e meio”, explicou.

A ideia é que o novo crematório, que sofreu agora um duro revés, seja uma estrutura que possa estar em funcionamento pelo menos 50 anos, referiu Tavares.

27 Jun 2018

Relatório | Hong Kong é a cidade mais cara do mundo. Macau ainda fica atrás

O mais recente relatório da consultora Mercer revela que Hong Kong é a cidade mais cara do mundo, destronando Luanda, capital de Angola, que liderava o ranking no ano passado. Macau, onde o preço da habitação é um dos problemas mais prementes, não está, contudo, ao mesmo nível do território vizinho, apontam analistas

 

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]uanda, capital de Angola, já não é a cidade mais cara do mundo para um expatriado viver. De acordo com o mais recente relatório da consultora Mercer, Hong Kong acaba de subir ao primeiro lugar, depois de ter ocupado, o ano passado, a segunda posição. A conclusão está no estudo que comparou mais de 200 parâmetros económicos em 375 cidades, que incluem o alojamento, transporte, alimentação, vestuário e entretenimento. Este ano, Luanda desceu para o sexto lugar.

Nos restantes lugares do ranking ficam uma série de cidades asiáticas: Tóquio, capital do Japão, fica em segundo lugar, seguindo-se Singapura, Seul, na Coreia do Sul, Luanda, Xangai, Ndjamena, no Chade, e Pequim.

De acordo com o relatório, Hong Kong tornou-se mais dispendioso, em primeiro lugar, pelo facto da capital angolana ter descido no ranking “devido, em parte, à tendência de queda do mercado imobiliário”. O lugar cimeiro no ranking é também explicado por “uma regulamentação monetária chinesa mais forte, uma economia florescente e uma pressão para ter o yuan chinês como moeda internacional”, referiu Tiago Borges, da Mercer. Este responsável salientou que esses factores “impulsionaram as cidades chinesas no ‘ranking'”.

Macau, que não é uma praça financeira mas cuja economia tem vindo a crescer desde a liberalização do jogo, é também um território onde existe carestia de vida. Contudo, de acordo com analistas ouvidos pelo HM, está ainda uns bons passos atrás para ser considerada uma das cidades mais caras do mundo.

“Ainda falta muito para Macau chegar ao nível de preços de Hong Kong. Hong Kong é uma cidade muito mais cara até pelo tipo de serviços que tem, como é o caso dos bens transaccionáveis, o imobiliário, e que pesa muito nos rankings internacionais. São os problemas das rendas, os preços do imobiliário por metro quadrado, e Macau nunca chegará ao nível de Hong Kong”, referiu José Pãosinho, economista.

Para Pãosinho, nem mesmo o facto de Macau estar a caminho da integração regional, devido a políticas como a Grande Baía Guandgong-Hong Kong-Macau, pode levar a um maior aumento do custo de vida.

“Isso aconteceria se houvesse aquilo a que se chama na economia uma arbitragem, ou seja, as pessoas que são confrontadas com preços mais altos numa região mudariam para outra e começariam a comprar aí. Ora grande parte de quem sustenta a procura de alguns produtos em Hong Kong nunca o irá fazer em Macau. Penso que os preços vão continuar a subir em Macau, mas nunca vão subir ao ritmo de Hong Kong.”

Apesar do Governo ter vindo a falar na necessidade de uma maior aposta no desenvolvimento do sector de serviços financeiros, José Pãosinho acredita que vão continuar a existir diferenças consideráveis face à região administrativa especial vizinha.

Em causa estão critérios como os salários e a “exigência de determinado tipo de profissões”. “Há umas profissões que não existem em Macau e que dificilmente irão existir, sobretudo ao nível do mercado financeiro. São profissões ligadas a um determinado tipo de actividades que eu duvido que venham a existir em Macau”, apontou.

Em Hong Kong as rendas têm tido um aumento anual de 5,9 por cento, mas, de acordo com o jornal South China Morning Post, produtos de consumo como comida rápida, cervejas ou mesmo uma ida ao cinema continuam a custar menos no território do que em outras cidades listadas no ranking. A título de exemplo, uma cerveja de 33 centilitros pode custar 1.30 dólares em qualquer supermercado, uma vez que não há impostos sobre a importação de vinhos e cervejas. Em Singapura, a mesma cerveja custa 2.44 dólares, e 4.18 dólares em Sidney, na Austrália.

Dados recentes da Direcção dos Serviços de Finanças revelam que, actualmente, o preço médio, por metro quadrado, de um apartamento no território ronda as 109,986 mil patacas. Actualmente, um apartamento de 265 pés quadrados em Hong Kong custa 5.6 mil milhões de dólares de Hong Kong. Isto num dos lugares mais densamente povoados do mundo, onde a falta de espaço também contribuiu para colocar o território no topo deste tipo de rankings.

Olhar a especulação

Duarte Trigueiros, professor na Universidade de São José na área da gestão de empresas, e investigador do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa, defendeu ao HM que “em média, Hong Kong continua mais caro [do que Macau]”. “Essa é uma impressão que pode ser verificada utilizando os mesmos índices que estão disponíveis. Além disso, em Macau é mais fácil fazer uma vida minimamente digna, mas de boa qualidade, sem gastar muito dinheiro. Em Hong Kong isso está a tornar-se, no mínimo, impossível, e há um drama para muitas famílias.”

O docente lembra que, para se comparar a carestia de vida entre os dois territórios, é necessário olhar para a habitação e o mercado imobiliário, cujos preços continuam a subir, sem que se combata de forma eficaz a especulação, frisou.

“A especulação imobiliária, nos últimos oito a dez anos, é também fruto da fuga de capitais da China. Tem sido uma forma de tirar dinheiro da China. Os preços são empolados não apenas devido à pressão demográfica, já de si grande, mas também devido ao crescimento da economia. Ambas as economias são vibrantes.”

Para Duarte Trigueiros, “a liberalização do jogo levaria, por si só, a uma pressão demográfica grande que notamos no número de pessoas que habitam em Macau e que levaria ao mesmo tipo de pressão em Hong Kong”.

O académico estabelece um ponto de comparação com Singapura, uma cidade-Estado que também ocupa os lugares cimeiros dos rankings dos lugares mais caros para expatriados, mas que possui há décadas uma política de habitação social para os seus habitantes.

“Embora seja imperfeita em muitos aspectos, Singapura é o exemplo mais bem sucedido em termos de política de habitação virada para a sociedade e não para a especulação. É um exemplo mais bem sucedido do que Macau e Hong Kong. Têm tamanhos mínimos para apartamentos, têm um mercado muito regulado. Em Singapura é muito claro que a habitação serve para habitar e não para especular. Isto consegue-se pelo meio de legislação, como foi feito em Singapura e noutros sítios. Singapura fez aquilo que Hong Kong não quis fazer e que Macau também não tem feito.”

Neste ponto, Duarte Trigueiros refere-se ao “combate à especulação imobiliária com medidas drásticas”. Ainda assim, o professor universitário não está a recomendar a construção de mais casas públicas, pois são sempre “um remédio a curto prazo”.

Ainda de acordo com o relatório da Mercer, Zurique, na Suíça, continua a ser a cidade europeia mais cara, enquanto que a capital, Berna, está em décimo lugar no ranking e é a segunda cidade mais cara na Europa. Segue-se Genebra. Esta última cidade “caiu quatro lugares relativamente ao ano passado, sobretudo devido à tendência de queda do mercado imobiliário da cidade”.

Na América do Sul, São Paulo, no Brasil, ficou na 58ª posição e é a cidade mais cara da região, seguindo-se Santiago do Chile. Apesar do aumento de preços em bens e serviços em países como Brasil, Argentina e Uruguai, a maioria das cidades sul-americanas saiu na classificação.

Lisboa subiu 44 posições, registando a maior subida de sempre. A capital portuguesa é a actual 93.ª na classificação relativa a 2018. O Estudo Global da Mercer, que utiliza Nova Iorque (13.ª, a mais cara nos Estados Unidos) como cidade base e a referência na avaliação o dólar norte-americano, é um dos mais abrangentes do mundo e foi desenvolvido para ajudar empresas multinacionais e Governos a definirem estratégias.

27 Jun 2018