Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAL | Chui Sai Cheong eleito vice-presidente. Deputado vai analisar possível conflito de interesses Chui Sai Cheong foi ontem eleito vice-presidente da Assembleia Legislativa. Sendo também membro do Conselho de Magistrados do Ministério Público, o deputado garantiu que vai ouvir um conselheiro jurídico para saber se existe algum conflito de interesses [dropcap style≠‘circle’]É[/dropcap] empresário, deputado eleito pela via indirecta e irmão do Chefe do Executivo, Chui Sai On. Mas não só. Chui Sai Cheong foi ontem eleito vice-presidente da Assembleia Legislativa (AL) e desempenha também o cargo de membro do Conselho de Magistrados do Ministério Público. Estará, portanto, em causa uma questão de conflito de interesses pelo facto de Chui Sai Cheong ocupar dois cargos que pertencem ao poder legislativo e judicial? Confrontado ontem com esta questão, o mesmo prometeu ouvir opiniões sobre a matéria. “Agradeço-lhe a questão. Vou questionar o meu conselheiro jurídico sobre esse assunto, porque são áreas diferentes e não sei [se há conflito de interesses]. Depois farei o que tem de ser feito”, disse, à margem da votação. Chui Sai Cheong negou, contudo, que haja conflito de interesses pelo facto de ser irmão do Chefe do Executivo e accionista de cerca de 30 empresas, além de estar ligado à Fundação Macau. “Não penso assim. Diferentes pessoas têm posições diferentes, e a existência de diferentes perspectivas é algo comum. Não me parece que esse seja um problema.” A questão foi, no entanto, levantada durante a manhã, após os 33 deputados terem tomado posse na sede do Governo, e antes de ocorrerem as eleições para a presidência e vice-presidência do hemiciclo. “De facto é uma situação muito interessante para se analisar, tendo em conta o princípio de separação dos poderes judicial, executivo e legislativo. Chui Sai Cheong faz parte da comissão de indigitação dos magistrados da RAEM, sendo também deputado, é uma pessoa muito influente em Macau. Vamos ver qual vai ser o seu contributo, caso venha a ser vice-presidente”, apontou o deputado José Pereira Coutinho. A deputada Wong Kit Cheng lembrou que “na AL todos podem ser eleitos”, enquanto que Ho Iat Seng, reeleito presidente, disse apenas: “se calhar ele [Chui Sai Cheong] entende que não há um conflito porque assume o cargo de forma independente”, frisou. Colegas não sabiam À margem da cerimónia de tomada de posse do presidente da AL (Ho Iat Seng voltou a ser o escolhido), o deputado Sulu Sou admitiu desconhecer que Chui Sai Cheong fosse membro do conselho em questão e disse que são necessárias mais explicações. “Vamos esperar que se explique melhor. Não concordo que as pessoas indirectamente eleitas estejam a ser escolhidas por de trás das portas para a mesa da AL. O presidente da AL devia ser alguém eleito directamente porque tem mais representatividade.” O deputado do campo pró-democrata chamou ainda a atenção para a ausência de “equilíbrio” na Mesa da AL “entre um representante dos interesses comerciais e do sector laboral”. “É uma regra que tem sido respeitada durante muitos anos, mas desta vez não vai ser. Tenho muitas dúvidas e quero levantar mais questões.” Também Agnes Lam, um novo rosto na AL, desconhecia que Chui Sai Cheong fosse membro do conselho de indigitação dos magistrados do MP. “Acredito que preciso de ver o caso com cuidado. Se ele for eleito, vou ter de ver melhor o que fazem neste Conselho. Mas se houver algum problema, ele talvez vá explicar a situação. Talvez [o questione], vou ter de ver a situação”, assumiu ao HM.
Andreia Sofia Silva PolíticaHo Iat Seng não teme vozes diferentes [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] presidente reeleito da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, tomou ontem posse numa cerimónia no Centro Cultural de Macau, depois de ter sido eleito, uma hora antes, pelos seus colegas na sala do plenário da AL. A sessão de votação foi presidida pelo deputado Vítor Cheung Lap Kwan e teve uma breve intervenção de Sulu Sou. O deputado do campo pró-democrata pediu que as pessoas que estivessem interessadas em desempenhar o cargo de presidente, ou vice-presidente, tivessem algum tempo para se apresentar, antes das eleições. Porém, Vítor Cheung Lap Kwan negou essa sugestão. Depois da tomada de posse, Ho Iat Seng assumiu não temer a existência de novas visões no hemiciclo. “Não temo que haja mais vozes diferentes, o que temo é que não haja vozes para falar e apresentar as suas opiniões. Desde que as pessoas sigam o Regimento, então está tudo bem. Só espero problemas se alguém violar o regimento da AL e ou a lei. Acho que cada AL também tem as suas regras de jogo e o presidente tem de tomar uma posição imparcial.” Ho Iat Seng disse que, caso a saúde o permita, vai cumprir os quatro anos de mandato. A possibilidade de vir a ser candidato a Chefe do Executivo foi um assunto novamente abordado. “Vou só dizer que quero desempenhar o cargo de presidente da AL durante os próximos quatro anos.” Ho Iat Seng foi eleito por uma maioria de deputados, sendo que Ng Kuok Cheong obteve dois votos. Houve ainda um voto em branco.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaDeputados tomaram posse no Palácio do Governo Decorreu ontem a cerimónia de tomada de posse dos 33 deputados à Assembleia Legislativa. O juramento foi feito perante Chui Sai On e dentro das vozes em uníssono, apenas José Pereira Coutinho falou em português. Único também a prestar declarações à comunicação social, Coutinho reiterou que vai continuar a lutar pela lei sindical e pela transparência nos processos legislativos [dropcap style≠‘circle’]T[/dropcap]omaram ontem posse, perante o chefe do Executivo, Chui Sai On, os 33 deputados que integram a sexta legislatura da Assembleia Legislativa (AL). Na cerimónia que decorreu no Palácio do Governo, os deputados prestaram juramento em simultâneo depois da abertura da cerimónia com o hino da República Popular da China. No juramento, apenas José Pereira Coutinho falou em português para “marcar a diferença”, disse aos jornalistas após a cerimónia. O deputado foi também o único a falar com a comunicação social. A prioridade de Pereira Coutinho mantém-se. Quer ser o primeiro a apresentar um projecto de lei no hemiciclo e, pela nona vez, vai propor a criação da lei sindical. “Serei provavelmente o primeiro deputado a apresentar um projecto de lei nesta legislatura”, disse. “A minha primeira intervenção vai ser a lei sindical e a negociação colectiva. Neste momento estão a decorrer alterações pontuais à lei laboral, e essas alterações pontuais passam por negociações entre os empregadores e os trabalhadores, e não há nenhuma negociação justa, séria e imparcial enquanto não houver sindicatos”, disse o tribuno. Para Pereira Coutinho na negociação laboral actual sabe-se “de antemão que o empregador tem a faca e o queijo na mão”, o que não permite uma situação mais justa. Sem desistir Será a nona tentativa do deputado com ligações à ATPFM, em fazer avançar o projecto de lei em causa, mas depois de oito derrotas, Coutinho não se mostra desmoralizado. “Sou uma pessoa, à partida, muito optimista e tenho uma grande esperança que isto um dia – [como diz o ditado] água mole em pedra dura tanto bate até que fura –, vá andar para a frente”, explicou. Por outro lado, a criação de uma lei sindical está prevista na lei básica do território, e, disse Pereira Coutinho, cabe aos deputados cumprirem com ela. “Depois de 17 anos a RAEM não está a cumprir a Lei Básica no que diz respeito às leis laborais e como deputados é isto que temos de fazer: cumprir rigorosamente, apresentando projectos de lei e fiscalizando a acção governativa”, apontou. Caras novas No entanto, o facto de existirem 12 deputados novos no hemiciclo não representa a esperança para que o projecto avance. “Vai haver muita teoria abstracta na AL com diálogos, monólogos que só atrasam o processo de intervenção na realidade local”, explicou. A falta de esperança do deputado tem que ver com a inexperiência dos estreantes. “Vão precisar de algum tempo para poderem se ambientarem neste meio. A limitação dos novos deputados neste hemiciclo é nítida. Independentemente da forma como passaram a integrar a AL, têm limitações à partida e uma grande dificuldade em termos de explanação e de ter total liberdade para exprimirem aquilo que pensam”, referiu. Preocupações maiores Uma maior transparência será a tónica das intervenções de Pereira Coutinho ao longo da sexta legislatura. O tribuno quer que as reuniões em sede de comissão sejam abertas ao público e à comunicação social. “As seis comissões da AL devem funcionar com as portas abertas e é isso que a população de Macau exige – saber aquilo que está a acontecer”, sublinhou. “É incrível saber que nas regiões vizinhas as reuniões estão abertas ao público e que em Macau não”, rematou o deputado.
João Santos Filipe SociedadeRaimundo do Rosário reitera defesa de diferenciação de tarifas nos autocarros [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] secretário para os Transportes e Obras Públicas voltou a defender que os não-residentes devem pagar mais nos autocarros públicos do que os residentes. As declarações foram feitas, ontem, à margem da tomada de posse de Ho Iat Seng, como presidente da Assembleia Legislativa, no Centro Cultural de Macau. “O subsídio que o Governo dá é grande, estamos a falar de mil milhões de patacas por ano [às operadoras de autocarros]. Parece-me, e posso estar enganado, que se o Governo subsidia, que pode subsidiar mais os residentes do que os não-residentes”, afirmou Raimundo do Rosário. “Cada sítio preocupa-se com os seus residentes. Se temos de subsidiar os bilhetes – e posso estar enganado –, acho que podemos subsidiar em quantias diferentes os residentes e os não-residentes”, frisou. Raimundo do Rosário admitiu que a proposta pode sofrer alterações, mas que há opiniões que defendem a diferenciação. Por outro lado, justificou que Macau tem os preços mais baratos ao nível dos autocarros na região: “Todos concordam que pagar duas patacas para andar de autocarro é barato. Por isso, acho que alterar esse montante um bocado é razoável”, apontou. O secretário comentou igualmente as cobranças excessivas dos taxistas durante a passagem do Tufão “Khanun”, assumindo as responsabilidade por não ter sido alterada a legislação em vigor. “A culpa foi minha, só tive tempo de trabalhar na revisão da lei [que regula o sector dos taxistas] há pouco tempo. Mas já está em processo legislativo”, explicou. Em relação ao próximo ano, Raimundo Rosário admitiu ainda que o orçamento da DSAT pode subir até cinco por cento, mas garantiu que nunca será mais do que isso. O secretário respondeu ainda às críticas recentes ao estudo sobre habitação pública, dizendo que as pessoas podem enviar as suas opiniões ao Governo. Ao mesmo tempo, reforçou que a habitação social é a prioridade.
Andreia Sofia Silva SociedadeGestão do tufão Hato discutida em Hong Kong [dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]ilo Yu, docente da Universidade de Macau (UM), vai participar na conferência anual da Associação de Ciência Política de Hong Kong, onde se irá debruçar sobre a forma como a tragédia do tufão Hato foi gerida pelo Governo de Macau. “A gestão de crises em Macau, a reforma do sector público e a integração com a China: Implicações da crise do tufão Hato” é o nome do estudo apresentado pelo académico em Hong Kong. De acordo com um comunicado, “os anteriores esforços em termos de reformas não levaram à existência de um Governo pró-activo em termos de capacidade para lidar com a prevenção de crises ou para estabelecer uma cooperação entre organizações na sua gestão”. O trabalho de Eilo Yu chama ainda a atenção para a “dependência de Macau em relação ao continente”, algo que parece “inevitável”. “O Governo de Macau deveria iniciar um melhor e mais extensivo mecanismo de cooperação com as autoridades do continente, para que se mantenha uma ligação efectiva com a China, para salvaguardar as vidas das pessoas”, aponta o mesmo comunicado. Também o académico Albert Wong, na qualidade de investigador independente, irá apresentar o seu trabalho sobre este tema, intitulado “Política do Desastre: O rescaldo do tufão Hato”. Brian Ho, da UM, vai falar sobre a “Gestão de tufões em Macau”. Já Bill Chou vai apresentar o estudo “As eleições para a Assembleia Legislativa no rescaldo da crise do tufão Hato”, pela Universidade Chinesa de Hong Kong. Cooperação em debate A conferência em questão vai dedicar vários painéis a Macau, incluindo o seu papel de plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. Na agenda está também a abordagem do sistema político, nomeadamente com a apresentação do estudo do professor Lam Newman, da Universidade de Macau. O trabalho, que se intitula “Desenvolvimento económico e político em Macau à luz dos desafios recentes”, aborda o facto do Governo “estar a enfrentar desafios alarmantes”. Newman Lam fala do “ajustamento económico no continente, a quebra do crescimento económico e o crescente descontentamento da população face à à burocracia e à incompetência”, como factores que levam aos desafios que o Executivo enfrenta nos dias de hoje. Faz-se ainda a referência ao facto de, desde 1999, o território ter enfrentado o aumento dos preços das casas, várias limitações em termos de emprego e progressão na carreira fora do sector do turismo, bem como as diferenças salariais. Estas questões trouxeram “um impacto negativo à geração mais jovem”, o que tem ligação com o rejuvenescimento de caras no hemiciclo, defende o académico.
João Santos Filipe Manchete PolíticaNovo Macau à procura de novo espaço devido a aumento na renda A Associação decidiu deixar a sede actual porque não quer pagar entre 8 e 9 mil patacas por mês por um apartamento num segundo andar. O proprietário do espaço é um familiar de Ng Kuok Cheong [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Associação Novo Macau vai deixar a sede actual, assim que encontrar um novo local para se estabelecer, devido ao aumento da renda. A garantia foi deixada ontem por Sulu Sou, ao HM, que explicou também que o proprietário do local onde se encontra a sede da associação pertence a um familiar de António Ng Kuok Cheong. “Já tomámos uma decisão e vamos deixar a sede actual. Estamos neste momento a fazer o nosso melhor para resolver o problemas, mas não é fácil porque o mercado tem preços muito elevados”, afirmou o novo deputado, quando questionado sobre o assunto. “A nossa renda actualmente é de cerca de 5 mil patacas por mês. E o proprietário quer que comecemos a pagar um valor entre 8 mil e 9 mil patacas. Vamos resolver este assunto o mais depressa possível”, revelou sobre os montantes exigidos para a renovação do contrato. Por outro lado, Sulu Sou confirmou que o proprietário do apartamento utilizado como sede pela Associação Novo Macau é um familiar de Ng Kuok Cheong. Porém, não quis confirmar se era a mulher do fundador da associação: “É um espaço que pertence à família do deputado Ng Kuok Cheong”, limitou-se a dizer. Actualmente a sede da Associação da Novo Macau fica no segundo andar de um apartamento da Calçada de Santo Agostinho. Porém, com as mudanças, a Novo Macau procura adoptar um espaço com acessos mais facilitados e maior exposição. “Queremos uma sede no rés-do-chão, porque o nosso local não é muito conveniente para os cidadãos. Estamos num segundo andar e para os cidadãos que têm dificuldades de acesso isso dificulta-lhes a vida”, explicou. A Novo Macau já tinha sido informada antes das eleições que ou concordava em pagar mais, ou devia deixar as actuais instalações. Por outro lado, anteriormente, também Ng Kuok Cheong chegou a mostrar-se disponível para partilhar uma futura sede com a Novo Macau. Vez aos mais novos Sulu Sou comentou igualmente a mudança de direcção na Associação Novo Macau e revelou que há dificuldades internas, ao nível da renovação das gerações. Segundo o deputado, muitos dos membros que poderiam estar em condições para assumir a liderança da Novo Macau estão a optar por sair do território para estudar, o que faz com que não seja fácil encontrar soluções internas. Mesmo assim, Sou Ka Hou defende que um dos cargos de presidente ou vice-presidente devia ser assumido, pelo menos, por um membro “com sangue novo”. “A meu ver a direcção tem de ser assumida por uma nova geração de membros, pelo menos o cargo de presidente ou vice-presidente. Só que não é um processo fácil porque muitos membros activos têm ido estudar para o estrangeiro”, começou por dizer. “Também ainda não temos uma data para as eleições, é um processo que vamos fazer internamente e que depois anunciaremos”, acrescentou. Scott Chiang é o actual presidente da Novo Macau mas está demissionário.
Hoje Macau PolíticaRelatório de habitação pública com opiniões divergentes [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Kwan Tsui Hang não considera realistas os dados apresentados no relatório final do estudo sobre a procura de habitação pública. Para a já ex-deputada a previsão do aumento da procura de casas económicas até 19.212 fracções em 2021 não é possível porque em 2013 foram contabilizados mais de 40 mil agregados familiares a candidatar-se à habitação económica e não foram agora analisadas as razões do “desaparecimento” dos candidatos. Kwan Tsui Hang tem ainda em conta que o rendimento médio dos residentes é de 18 mil patacas, o que significa que o número de famílias com baixas remunerações deveria ser cada vez mais reduzido. No entanto, com a previsão do relatório relativa ao aumento de candidatos, situação que exige um baixo rendimento por parte dos interessados, os dados mostram-se contraditórios. A vice-presidente da FAOM está preocupada com as consequências que um mau cálculo possa vir a ter se o Governo proceder ao planeamento da habitação pública baseado nos dados do relatório. Já Agnes Lam, em declarações ao jornal Ou Mun, refere que o documento relativo à habitação pública é de confiança. No entanto, a agora deputada não deixa de alertar para a necessidade de actualização de informação. “As previsões foram feitas com base em informações passadas e as autoridades devem melhorar o planeamento que já existe”, aponta. Agnes Lam sugere que sejam criadas áreas para instalações públicas e que não seja permitida a construção de auto-silos em caves situadas em zonas baixas da cidade.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIACM admite irregularidades em obras no Parque Central Os trabalhos para reparar danos do Tufão Hato acabaram com vidros partidos e esquecidos no chão e um deficiente isolamento da área. O Governo já exigiu à empresa responsável que cumpra as normas de segurança [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s obras de remoção dos vidros danificados do Parque Central da Taipa geraram polémica, no fim-de-semana, devido às condições deficientes de segurança. As imagens partilhadas numa rede social mostram dois funcionários da empresa responsável pelos trabalhos a deixarem vidros partidos no chão, a desempenharem as suas tarefas sem o material necessário de protecção e a isolarem o espaço de forma deficiente. Confrontado com a situação, o Instituto para o Assuntos Cívicos e Municipais confirmou as deficientes práticas de segurança e revelou ter exigido que as mesmas fossem cumpridas à empresa responsável. O instituto liderado pelo macaense José Tavares explicou também que foi exigido que o isolamento da área fosse reforçado. “De acordo com a situação do local, o concessionário colocou vedação na zona afectada e usou andaimes nas obras. Tendo considerado que alguns sítios ficam perto de passagens públicas, o IACM vai exigir ao concessionário mais vedações para evitar a entrada dos cidadãos na zona das obras”, começou por explicar o instituto, na resposta ao HM. O Governo, que identificou a construtora como a empresa Kuok Peng Tou, admitiu que foram deixados vidros partidos no local, mas que a remoção dos mesmos já foi exigida. Também os trabalhadores não respeitaram as normas de segurança integralmente, mas foi requisitado que a situação fosse alterada. “Por outro lado, o IACM pediu ao concessionário para marcar e dar seguimento à situação de não usar coletes reflectores e capacetes, sendo pedida também limpeza dos vidros já quebrados no local”, foi clarificado Segurança em primeiro Ao HM, o IACM justificou os trabalhos que decorrem no Parque Central da Taipa com os danos causados pela passagem do Tufão Hato, a 23 de Agosto. O objectivo das obras passa por garantir a segurança dos cidadãos que utilizam aquela área. “Devido ao tufão, os vidros em algumas instalações no parque foram danificados. Com vista a evitar alargamento do âmbito de prejuízos, tendo em conta a segurança da população, há a necessidade de remover os vidros quebrados”, justificou o organismo. “Para tal, as obras ficaram à responsabilidade do concessionário adjudicado pelo IACM o construtor Kuok Peng Tong”, é acrescentado. Já a construção original do Parque Central da Taipa tinha ficado marcada pela polémica, depois de uma derrapagem orçamental que se aproximou dos 50 milhões de patacas, segundo as contas do Comissariado de Auditoria (CA). De acordo com um relatório do CA, publicado em Maio de 2015, apesar de um orçamento inicial de 441 milhões de patacas para o projecto, o mesmo acabaria por custar mais 48,8 milhões, ou seja 11,1 por cento. Na altura o CA responsabilizou a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) por ter feito um trabalho deficiente na fiscalização e execução dos contratos assinados pelo Executivo.
Hoje Macau SociedadePansy Ho diz que Macau precisa de “novas ofertas” Macau precisa de inovar na oferta que disponibiliza aos turistas. A ideia foi deixada por Pansy Ho, empresária e secretária-geral do Fórum de Economia de Turismo Global [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] secretária-geral do Fórum de Economia de Turismo Global de Macau, Pansy Ho, afirmou ontem que a cidade vai “liderar a invenção de novas experiências turísticas” e continua a ser um local privilegiado para entender as preferências dos chineses. “Precisamos desesperadamente de novas ofertas, caso contrário não conseguimos acompanhar, as pessoas já cá vieram e podem desviar-se para outro lado. Como podemos garantir que vamos continuar a atrair 30 e tal milhões de turistas por ano? Claramente temos de nos reinventar”, disse a também presidente da MGM China, num encontro com a imprensa durante a 6.ª edição do fórum. “Da próxima vez que [os turistas] vierem não será só para ver um excelente ‘resort’, experimentar um restaurante de que nunca tinham ouvido falar. De cada vez que vêm queremos que pensem que Macau é o local onde haverá sempre a próxima nova experiência. Não apenas a nova, mas a próxima nova. Vamos liderar a invenção de novas experiências turísticas. Por isso temos de dizer às pessoas que estamos comprometidos em fazê-lo”, afirmou. Pansy Ho lembrou que Macau “experienciou um crescimento acelerado” no ramo do turismo, atraindo “os principais operadores de hotelaria”, mas que agora quer desenvolver uma “personalidade única” que vá além de “marcas de hotel”. “As pessoas não vão gostar mais de Macau devido a um fórum. Mas temos de ter algo para usar como meio de promover, de dizer às pessoas que conquistámos um certo progresso”, disse, referindo-se ao evento que termina esta terça-feira. Do ponto de vista do sector, afirmou, Macau continua a ser um local privilegiado, ao entender bem as preferências dos turistas chineses. “Se vens para esta parte do mundo queres cobrir os diferentes segmentos. A China é tão grande, é o maior mercado do mundo [de turismo]. É preciso compreender as divisões geográficas, culturais. Como promover? É diferente no norte e no sul. Se querem perceber as preferências [dos chineses] devem vir a Macau. Porquê? Porque Macau e Hong Kong, as duas regiões administrativas especiais, foram as primeiras a beneficiar da abertura aos turistas chineses. Tivemos um grande papel a moldar forma como os turistas chineses entendem as suas férias”, explicou. MGM abre mesmo em Janeiro Para Pansy Ho, “Macau mudou, transformou-se e vai continuar a transformar-se”. Os parceiros do fórum “vão perceber que Macau tem a capacidade de ser pioneiro, porque beneficia do número de visitantes, podemos ser pioneiros na próxima geração do desenvolvimento do turismo”. Em 2016 Macau recebeu cerca de 31 milhões de turistas, a maior parte vindos da China. A empresária confirmou ainda que o novo projecto da MGM na ‘strip’ de casinos do Cotai vai ser inaugurado a 29 de Janeiro, após sofrer “alguns atrasos”, também devido ao impacto do tufão Hato, que atingiu a cidade a 23 de Agosto.
Sofia Margarida Mota SociedadeDelegado de Cabo Verde satisfeito com cooperação [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] delegado de Cabo Verde no Fórum Macau, Nuno Furtado, em funções desde Julho, vê a participação do seu país na plataforma comercial como uma mais valia que não pode ser descurada. Prova disso, é a presença efectiva nas actividades do Fórum e os resultados tanto a nível turístico como no que respeita a investimento. “Cabo Verde tem estado no Fórum com uma presença muito forte na agenda, tem sido promovido como destino turístico e realizado um grande trabalho no que toca à captação de investimentos para o país”, disse ao HM após a abertura da 9ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, organizada pelo Fórum Macau. O investimento local no arquipélago já está em curso com a construção e um complexo do empresário local, David Chao que, “é um projecto muito estruturante para a cidade da Praia na medida em que vai contribuir para desenvolver uma cidade mais moderna e para dinamizar a economia, trazendo emprego e qualidade de vida à Praia”, salientou o responsável. Cultura integrada No que respeita à promoção da cultura enquanto elemento integrante das actividades do Fórum Macau, Nuno Furtado não deixou de elogiar o papel do Governo Central na promoção desta componente como eixo da política “Uma faixa, uma rota”. Para o delegado, “a cultura é um elemento de aproximação entre os povos e em Cabo Verde é muito rica em vários aspectos”. As línguas são também um aspecto que Nuno Furtado quis sublinhar. O delegado que, além do português fala mandarim, apontou a promoção do ensino de línguas que o Fórum tem levado a cabo. “Somos uma entidade que está muito virada para a promoção, não só comercial mas também para as cultura e a língua que é um elemento que une os povos e facilita o contacto”, disse enquanto elogiava o papel do Governo Central tanto na divulgação do mandarim como na promoção do português na China. Trata-se de uma estratégia fundamental, até porque, apontou Nuno Furtado, é necessária “para que sejam criadas mais relações a nível comercial e diplomático bem como entre a sociedade civil”.
Sofia Margarida Mota EventosExposição Lusófona no Clube Militar começa amanhã A iniciativa tem lugar mais do que uma vez por ano e mostra a pintura que se faz nos países da lusofonia. A partir do próximo dia 18, a galeria Comendador Ho Yin, no Clube Militar, volta a acolher “Pontes de Encontro”. Mostrar a diversidade e a riqueza da criação artística em diferentes culturas volta a ser o mote do acontecimento [dropcap style≠‘circle’]“P[/dropcap]ontes de Encontro” volta à galeria do Clube Militar de Macau. A exposição dedicada à pintura lusófona tem lugar entre 18 de Outubro e 5 de Novembro e constitui “um contributo para o aprofundamento das relações culturais entre a China e o mundo lusófono”, refere a organização em comunicado. Esta é a segunda mostra dedicada ao tema, este ano, e vai contar com a presença de um artista plástico contemporâneo de cada um dos países de língua oficial portuguesa. “Apresentam-se trabalhos originais de artistas provenientes dos oito países de língua oficial portuguesa e de Macau, testemunhos da indesmentível energia artística que nelas corre”, refere a curadoria a cargo da APAC – Associação para a Promoção de Actividades Culturais. “Pela sua própria natureza, esta exposição exprime múltiplas abordagens criativas e temas, juntando artistas de diversas sensibilidades e técnicas”, acrescenta a organização. Paralelismos e diferenças A ideia é mostrar ao público “um vasto leque de estilos e de temas, sublinhando a diversidade e criatividade das artes visuais no conjunto daqueles países”, resume a curadoria. Para que não haja dúvidas a APAC explica: é preciso observar e contrastar “a pulsão social visível nas obras de Lino Damião e os universos oníricos de Jayr Peny e Nela Barbosa, as cores e a fantasia de Pedro Proença ou Eva Tomé, e o dinâmico abstracionismo de Ung Vai Meng, o jogo das formas em Suzy Bila, a influência da arte popular em João Carlos Barros e a serenidade figurativa de Tchum Nhu Lien”. No total, estarão expostas 27 obras, três por artista e todas originais para mostrar ao público “um vasto leque de estilos e de temas, sublinhando a diversidade e criatividade das artes visuais no conjunto daqueles países”.
Andreia Sofia Silva EventosMostra de gastronomia “Sabores do Mundo” dura até domingo [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]ecorre até ao próximo domingo, dia 22, a mostra gastronómica “Sabores do Mundo dos países e regiões de língua portuguesa”, que reúne chefes de regiões como Macau, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Goa, Damão e Diu. Este evento insere-se na realização da 9ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, organizada pelo Fórum Macau. A mostra gastronómica tem lugar, até amanhã, 18, no restaurante Tromba Rija, na Torre de Macau, sendo depois transferida para o jardim municipal da Taipa, onde vai funcionar o restaurante provisório do Festival da Lusofonia. Macau está representada com a cozinha macaense preparada pela chef Florita Morais Alves. Ao HM, uma das principais responsáveis pela divulgação da gastronomia, que já é património imaterial da UNESCO, disse que ainda é difícil aos turistas perceberem a verdadeira essência desta comida. “É difícil conhecer a comida macaense, porque, para os turistas, tudo o que seja comida de Macau é comida macaense, incluindo a comida portuguesa. Faço um esforço para explicar, mas estamos a trabalhar para isso.” Prata da casa Durante esta mostra o público interessado poderá provar o tradicional minchi, a capela ou o bolo menino. “Trago umas receitas que considero clássicas, e que não são difíceis de encontrar nos restaurantes locais. Como acepipes trouxe uns ovos recheados, conhecidos em Portugal como os ovos verdes. Temos os chilicotes, um pastel de massa tenra bem saborosa. E não pode faltar o nosso minchi, o emblema da cozinha macaense. Temos ainda a capela e a galinha africana, que é um prato conhecido internacionalmente. É muito apreciado. Nas sobremesas temos o bolo menino, que é bem representativo”, adiantou. Mais do que preparar os pratos mais tradicionais, a chef macaense quis colocar a memória em cada refeição. “Esperamos que a representação da nossa comida seja feita através de pratos cheios de nostalgia. Para que as pessoas que vivem em Macau se possam recordar daquilo que é a cozinha macaense.” Florita Morais Alves espera que a gastronomia macaense nunca perca o seu lugar no contexto desta actividade organizada todos os anos pelo Fórum Macau. “Espero que esta semana cultural venha marcar a presença da gastronomia macaense. Apesar de termos, localmente, muitas hipóteses de provar a comida macaense, não há oportunidade melhor do que esta para saborear esta comida e a de outros países lusófonos. É uma coisa que me dá muito prazer participar.”
Hoje Macau EventosFestival de Nova Iorque volta a Macau [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] NY Portuguese Short Film Festival volta à Casa Garden. A sétima edição do evento traz a Macau, nos próximos dias 25 e 26, um documentário, um concerto e uma selecção de 11 curtas-metragens. Dia 25 é a data para a exibição de “Os Portugueses do Soho, uma história que mudou de geografia”, um documentário de Ana Miranda. O filme conta a história dos emigrantes portugueses que chegaram ao SoHo após a Segunda Guerra Mundial. “Através de sua história, descobrimos a história deste bairro, bem do coração de Manhattan e da cidade de Nova York”, lê-se na apresentação do evento. O documentário pretende ainda “ser a voz e o registo inédito da vida destes portugueses”. Depois do filme é tempo de Rita Red Shoes subir ao palco para um concerto. O dia seguinte é preenchido com as curtas do festival de Nova Iorque. Na tela vão passar “Tu” de Hugo Pinto , “Foi o Fio” (Curta Convidada) de Patrícia Figueiredo, “Quarto em Lisboa” de Francisco Carvalho, “Alvanéu” de André C. Santos , “Manuel” de Bruno Carnide , “The Amazing Ordinary Man” de Paulo Portugal e “Ribbon Tooth” de Sara Gouveia. O NY Portuguese Short Film Festival (NYPSFF), organizado pela primeira vez em Junho de 2011, foi o primeiro festival de curtas-metragens portuguesas nos Estados Unidos. A iniciativa mostra o trabalho da nova geração de jovens realizadores.
Hoje Macau China / ÁsiaBritânico quis “testar” aviso de que seria impedido de entrar em Hong Kong [dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m activista britânico, impedido de entrar em Hong Kong na quarta-feira, afirmou ontem que quis “testar” se era real o aviso que disse ter recebido de Pequim de que podia não ser autorizado a entrar na região. Em entrevista à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), Benedict Rogers disse que, antes da viagem para a antiga colónia britânica, tinha sido avisado de que podia não passar no controlo da imigração, apesar de ter garantido na embaixada chinesa em Londres de que a visita à cidade era a título pessoal. “Eu não sabia se o aviso era grave, ou se era apenas uma ameaça para me fazer desistir de ir. Mas eu assumi que se fosse uma ameaça séria, então [as autoridades] chinesas tinham de fazer isto publicamente e oficialmente e aos olhos do mundo”, disse Rogers. “Queria ver o que acontecia. Eu queria testar, (…) se desistisse naquela altura e dissesse que não ia para Hong Kong porque a embaixada chinesa me disse para não ir, então ninguém ia saber da interferência da China nas políticas de imigração em Hong Kong”, sublinhou. Rogers, que é vice-presidente da comissão de Direitos Humanos do Partido Conservador britânico, viveu em Hong Kong durante cinco anos (1997-2002). Embaraços diplomáticos O activista está no centro de uma disputa diplomática entre o Reino Unido e a China desde que na quarta-feira foi impedido de entrar na região administrativa especial chinesa, sem nenhuma explicação oficial. Rogers admitiu que esteve nos últimos meses a preparar a criação de uma organização sem fins lucrativos com o objectivo de permitir às pessoas de Hong Kong falar sobre a “erosão das liberdades”. O activista afirmou que não estava a tentar visitar Hong Kong em nome do Governo britânico, tendo acrescentado que tinha desistido do plano de visitar na cadeia o líder estudantil Joshua Wong, o rosto dos protestos pró-democracia em 2014. Em reacção ao caso, a chefe do executivo, Carrie Lam, disse na semana passada que os assuntos de imigração são da competência do Governo de Hong Kong, mas que qualquer pessoa pode ser impedida de entrar na cidade, caso Pequim considere tratar-se de uma questão de relações externas. Londres pediu explicações “urgentes” sobre o caso e Pequim disse na semana passada que é da sua soberania decidir quem pode entrar em território chinês e que tem a responsabilidade de todas as relações externas relacionadas com Hong Kong. Segundo a Lei Básica (miniconstituição) do território, há duas matérias que são da competência do Governo central: as relações externas e a defesa. A imigração é da responsabilidade de Hong Kong. Hong Kong passou para a soberania chinesa em 1997, sob o princípio “Um país, dois sistemas”, ao abrigo do qual o território goza de elevado grau de autonomia e de liberdades e garantias não observadas na China. As vozes críticas acusam a acção de Pequim, denunciando o que consideram ser a interferência do Governo central nos assuntos de Hong Kong com a conivência do governo local. A sensação de erosão das liberdades na cidade tem sido contestada através de significativos protestos populares e pela oposição, cada vez mais acérrima, dos grupos parlamentares do chamado campo democrático.
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasA Sombra de Teseu SEGUNDO ESTÁSIMO CORO DE MULHERES Ai que desgraça vem aí! E Fedra arde de desejo. É Afrodite e não Eros, Quem a desvia do seu rumo. Não tem mão em si, tudo fará, Para vingar a sua carne Que arde no sal da desfeita. CORIFEU Fedra mentiu sem escrúpulos, Para seduzir Hipólito. Não ponham as culpas na deusa. Mulher com desejo é bicho, Não respeita nem a si própria. CORO DE MULHERES Quem faz o que os deuses não querem? Quem sabe o que é uma mulher? Nem o tempo que tudo tem Nos pode ajudar nestas questões. Que pudemos saber da vida? De quem é que somos migalhas, De nós próprios ou dos deuses? Fará alguma diferença De onde nos chega não saber? O que é mulher, que é homem? Nem Fedra sabe dela mesma! (Fedra volta à cena) FEDRA Que estou a fazer da minha vida? Porque a arrasto para o lodo? Que mal me liga àquele corpo? (Fedra cala-se e anda como louca) Mas Hipólito tem de pagar! Mas Hipólito tem de pagar! Mas Hipólito tem de pagar! (novo silêncio e põe as mãos sobre o rosto) Deuses, ajudem-me, por favor! Que loucura esta que digo. Que culpa tens tu, Hipólito? De onde vem esta vontade De castigar-te, Hipólito? A virtude é a tua culpa. (cai de novo no silêncio) Esta demanda não tem razão, Só o sangue pode acalmar-me, Derramado em qualquer lado. Nem que o universo rua! (nova pausa, leva de novo as mãos ao rosto) Tudo por causa de um corpo! (Fedra sai de cena; a cena agora representa a chegada de Teseu ao palácio) TERCEIRO EPISÓDIO TESEU (gritando) Onde está a minha mulher? Onde está Fedra? Alguém a pode avisar da minha chegada? FEDRA (entrando em cena e sorrindo) Estou aqui, meu senhor! (estende-lhe os braços, abraçam-se e beijam-se) Quantas saudades, Teseu! Quanta saudade! (volta a abraçar Teseu e depois pergunta) Mas que aconteceu, porque tanta demora e nenhuma notícia? TESEU Contra-tempos, Fedra, contra-tempos! Depois conto-te tudo com mais detalhes. Deixa-me agora olhar bem pra ti! Como estás bela, Fedra! Como estás bela, minha rainha! FEDRA (sorri envergonhada e faz notar alguma preocupação) Obrigado, meu marido! Mas já não sou a flor da Primavera, que por ti era colhida. TESEU Serás para mim sempre a mais radiosa Primavera! E acredita quando te digo que não sou só eu que vejo isso, Fedra! Qualquer homem daria um dos seus braços para estar aqui no meu lugar… FEDRA Daria, sim, porque nesse caso seria rei. (e riu-se) TESEU (dando as mãos ao riso de Fedra) Sempre com resposta pronta! Sempre fugindo dos elogios como uma serpente foge do falcão. Mas o que te digo é a mais cristalina água da nascente da montanha. Mas deixa-me perguntar àquele belo jovem que chega, e verás quão certo estou. (Hipólito entra em palco) É verdade ou não, meu filho, que Fedra é tão bela como qualquer rapariga do palácio? HIPÓLITO (algo embaraçado) Meu pai, não sou homem para adocicar palavras! Tão pouco homem para reparar na beleza dos corpos. Mas como você está? Que lhe aconteceu? FEDRA (com ar irónico) Hipólito realmente tem mais o que fazer do que reparar na beleza dos corpos, Teseu! Muito mais. (Teseu parece intrigado, mas nada diz, olhando um e olhando outro; Hipólito mantém-se calado, olhando o pai) TESEU Meu filho nada de importante se passou! Apenas contra-tempos, como já disse a Fedra, mas amanhã contarei tudo com detalhes, ainda que não tenha nada de interessante ou misterioso para partilhar. HIPÓLITO Sendo assim, meu pai, dêem-me licença, vou retirar-me e deixar-vos a sós. TESEU Vai, sim, filho, falaremos depois. Agora tenho saudades desta beleza que não vês. (e abraça Fedra, com um dos braços) (Hipólito sai de cena e Fedra e Teseu ficam sós; Teseu tenciona beijar Fedra, mas ela esquiva-se) TESEU Algum problema, Fedra? FEDRA (mostrando-se preocupada, como se algo a atormentasse) Nada, Teseu! Não se passa nada. Estou cansada. TESEU Cansada? Cansada de quê? FEDRA Cansada de esperar, meu marido! Cansada de esperar. De pensar no que poderia ter-te acontecido, o que estarias a fazer… TESEU Cansada de esperar, Fedra? Não é a primeira vez que me ausento tanto… FEDRA Mas assim tanto tempo sem notícias, é. Até mandei Hipólito ir até Atenas ver se sabia de ti… TESEU Mandaste Hipólito à minha procura? Mas qual a necessidade, a urgência de tal decisão, mulher? (silêncio, Fedra não responde, tenta desviar o assunto) FEDRA O que importa é que estás bem! Que nada te aconteceu e regressaste na mesma alegria com que partiste. TESEU Infelizmente parece que sou o único com alegria nesta casa! Que se passou Fedra? Que aconteceu na minha ausência? FEDRA Já te disse que não aconteceu nada. TESEU Fedra, conheço-te como conheço o fio da minha espada! Sei bem quando algo te preocupa, quando escondes algum acontecimento que possa perturbar-me. (segurando agora Fedra, pelos ombros) Diz-me, por favor, que aconteceu? FEDRA (depois de algum silêncio) O que aconteceu, meu marido? O que aconteceu? O que aconteceu é que foste desrespeitado! E em tua própria casa. E por aquele a quem te deve o seu ser. Foi isto que aconteceu. TESEU (afastando-se de Fedra e encarando-a estupefacto) Que dizes? Que dizes, mulher? FEDRA (encarando-o friamente) Isso mesmo que pensas, meu marido! Isso mesmo! TESEU Meu filho tomou-te mulher, Fedra? FEDRA Inicialmente só se insinuava, Teseu. Mas rapidamente se tornou muito inconveniente. Foi quando tive a ideia… ai como vejo agora ter sido uma tão péssima ideia, meu marido!!! TESEU Mas que ideia foi essa? FEDRA Não sabíamos de ti há quase cinco meses e já não suportava as investidas de teu filho. Disse-lhe, Hipólito, se teu pai estiver realmente morto, serei tua, mas terás de trazer-me a comprovação da sua morte. Pois não poderei ser tua com Teseu viva. Pensei em ganhar tempo, e que entretanto tu chegasses, Teseu, entendes? (e agarra os braços de Teseu) Entendes, meu amor, entendes? (o rosto de Teseu endurece) Quando regressou, disse que estavas morto e exigiu de mim a promessa que lhe fizera. Este corpo ainda nem arrefeceu do corpo dele, Teseu. (tapa o rosto) Que vergonha, meu marido, que vergonha! (o silêncio ocupa a cena por algum tempo) Entendes agora a minha preocupação, meu marido? Que devo fazer, meu amor, que devo fazer, dizes-me? TESEU (que parece ter vindo da longínqua terra dos mortos, de Hades) É Hipólito que tem de se retratar, não tu! FEDRA (violenta) Retratar, Teseu? Retratar? Pedindo desculpas, talvez, não? TESEU (segurando-a e tentando acalmá-la) Calma, mulher! Calma. Este crime pede exílio ou morte, como retratação.
Valério Romão h | Artes, Letras e IdeiasUma história de outro mundo [dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]ra um pequeno planeta muito semelhante ao nosso, no qual hominídeos em tudo semelhantes a nós tinham chegado ao topo da cadeia evolucionária e alimentar. Tinham aprendido muito cedo a dominar a natureza; faziam chover onde era necessário chuva, o sol acontecia onde era necessário o sol acontecer e debelavam tempestades e terramotos com comandos vocais que accionavam complexas contra-medidas. Tecnologicamente, eram muito mais avançados do que somos hoje. Como tinham inventado o teletransporte, não havia acidentes de trânsito ou engarrafamentos. Mas, como contrapartida, não havia ninguém na rua ou nas praias, ou junto dos lagos e das montanhas. As pessoas eram transportadas de uma casa para outra casa, consoantes as suas necessidades. O trabalho tornara-se obsoleto. O complexo industrial de produção de tudo quanto podia ser produzido entrara em autogestão. Não havia guerras, não havia doenças, não havia poluição. Quando as pessoas morriam, eram desintegradas e convertidas numa sopa de partículas que reencontrava o seu lugar no universo. Existia um Deus, embora fundamentalmente não interventivo, ao contrário do nosso. E esse Deus estava tão velhinho que a sua omnipotência já não era o que a omnipotência deve ser. Já não conseguia, por exemplo, ver dentro de espaços cujo revestimento fosse sólido. Esta aberração óptica – comum a muitas divindades de provecta idade – aliada à tendência de recolhimento que progressivamente se instaurara naqueles hominídeos, faziam com que este Deus desfrutasse cada vez menos da sua condição divina. Era como ter um formigueiro de estimação num terrário, em casa, no qual as formigas evitassem teimosamente fazer túneis junto dos vidros. Tremelico – tanto quanto uma alma pode tremer – e míope, Deus contentou-se durante alguns milénios em olhar para aquele mundo tão organizado e funcional como uma criança olha para as luzes de Natal. À medida que o planeta rodopiava sobre si próprio na órbita de um sistema binário de duas estrelas anãs brancas, as cidades que deixavam de receber luz solar acendiam as múltiplas luzes pelas quais pintalgavam a superfície do planeta imersa na escuridão. Mas um dia, Deus desconfiou. E quando um Deus desconfia, a desconfiança tem um tamanho e alcance incomensuráveis. E se as criaturas dele tivessem perecido de uma qualquer doença arqueológica incapaz de ser debelada mesmo com recurso às tecnologias de que dispunha esta civilização? E se tivessem sido involuntariamente envenenados? E se tivessem pura e simplesmente renunciado àquela vida completa e perfeita em todos os sentidos menos no da imortalidade (o único atributo que Deus optara sempre por guardar exclusivamente para si próprio)? A dúvida e a desconfiança entranharam-se como uma nódoa, e Deus não mais conseguiu ter sossego. Incapaz de perceber, pelo estado muito condicionado da sua audição e da sua visão, a verdadeira condição daqueles a quem chamava seus, o divino entregou-se a um desespero lento como quem se entrega à bebida. Deixou de ter vontade de ser, o que, para Deus, implica conseguir, de facto, não ir sendo, e, como uma estrela que parece infinita e intemporal até perecer, por vezes numa explosão frouxa e morna, Deus deixou-se ir até se anular. Passados apenas alguns dias, as pessoas começaram a sair das suas casas.
Sérgio Fonseca DesportoTemporal de Ningbo não trava Ávila nem Souza [dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]ois pilotos da RAEM estiveram em pleno destaque na inauguração do novo circuito chinês de Ningbo no pretérito fim-de-semana. Num evento que ficará marcado pelas condições climatéricas adversas, Filipe Clemente de Souza fez a sua estreia este ano no Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC), conseguindo pontuar à primeira, enquanto Rodolfo Ávila continuou a sua campanha no Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC), conseguindo dois resultados que lhe permitiram subir na classificação do campeonato. Souza pontua no WTCC O ex-campeão de Macau de carros de Turismo, Filipe Souza, aos comandos de um LADA Vesta TCR da equipa RC Motorsport, qualificou-se na décima sexta posição para as duas corridas do fim-de-semana, tendo aproveitado os vários acidentes da primeira corrida, para terminar, com uma actuação firme e sem erros, no décimo lugar, somando assim um ponto. A segunda corrida haveria de ser anulada após três voltas atrás do safety-car, pois a direcção da corrida considerou que não estavam reunidas as condições mínimas de seguranças. “Estava muito perigoso”, reconheceu Souza ao HM. O piloto do território ficou satisfeito com o trabalho da equipa, que mostrou ser “muito profissional”, e gostou da primeira experiência ao volante de Lada, “um carro muito diferente do VW Golf TCR”, que habitualmente conduz no campeonato TCR China, e mais parecido “com o meu Chevrolet do MTCS”. Souza voltará a tripular o carro da marca russa na prova do WTCC no Japão, no último fim-de-semana de Outubro. A primeira corrida do WTCC em Ningbo foi ganha pelo argentino Esteban Guerrieri em Chevrolet Cruze. O piloto português Tiago Monteiro foi o grande ausente na prova, estando o portuense neste momento a recuperar do violento acidente no mês passado numa sessão privada de testes da Honda em Barcelona. Ávila sobe no CTCC Numa pista desconhecida à partida por todos os dezanove pilotos do CTCC, Ávila obteve o seu melhor resultado em qualificação esta temporada. Arrancando do quarto lugar para a primeira corrida do fim-de-semana, o piloto da equipa oficial do construtor SAIC Volkswagen sofreu uma série de toques no início, perdendo posições que haveria de recuperar até ao final, vendo a bandeira de xadrez no quinto lugar. Na segunda corrida, disputada também sob intensa chuva, Ávila fez um pião logo nos momentos iniciais, o que o obrigou a fazer outra corrida de recuperação com o VW Lamando GTS que o levou até ao sétimo posto. “Apesar de não ter conseguido um lugar no pódio, como gostaria, este fim-de-semana acabou por ser uma operação muito positiva no que respeita aos pontos obtidos, tanto para mim, como para a equipa”, disse Ávila que chegou à província chinesa de Zhejiang no sétimo lugar e regressou a casa em quarto. A próxima prova do CTCC será também uma estreia no campeonato. Ávila e os seus adversários na competição de carros de Turismo mais popular do continente asiático vão enfrentar-se num circuito citadino edificado em redor do Centro Desportivo de Wuhan, na província de Hubei, no fim-de-semana de 11 e 12 de Novembro.
João Santos Filipe DesportoKa I esmagou Chiba com vitória por 8-0 [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Ka I goleou o Chiba por 8-0 e lidera o Grupo B do torneio de futebol sete, após a primeira jornada da competição. No grupo A, o Kei Lun está na frente, após a vitória diante do Monte Carlo por 1-0. Depois de vários meses de incerteza, o futebol de sete voltou a Macau e o Ka I e o Chiba foram as primeiras das oito equipas que entraram em acção na sexta-feira, no Canídromo. Nos minutos iniciais do encontro, o Chiba, embora com menor pendor ofensivo, deu boa conta de si e aguentou bem o adversário. Porém, o golo de Baiano, aos 18 minutos, permitiu ao Ka I resolver o nó górdio da defesa do Chiba e o mudou o rumo do encontro. Na segunda parte, com um Ka I menos perdulário o resultado foi ganhando uma dimensão inesperada, chegando aos 8-0. Baiano (18 e 33), William (23, 26 e 32) e Samuel Ramosoeu (28, 35 e 39) foram os autores dos golos. No outro encontro do grupo B, o Sporting levou de vencida a Polícia A por 1-0. Os leões tiveram várias oportunidades de marcar mais golos, mas falharam quase sempre na altura da concretização. Foi no segundo tempo que o jogo ficou resolvido com Felipe Souza, sem cerimónias e ao contrário do que tinha acontecido até então, a rematar à entrada da área com força. Em vantagem, o Sporting só precisou de gerir para garantir a vitória. No grupo A, Lam Pak e Polícia B, formação também conhecida como Obra Social da PSP, não foram além do nulo, num jogo com pouco interesse. No último encontro da noite, o Monte Carlo, apesar de ter uma equipa maioritariamente constituída por jovens, deu bom conta de si, mas perdeu por 1-0 diante do Kei Lun, com um golo de Oumar Diarra. Acerto de contas Contas feitas: o Kei Lun lidera o grupo A, com 3 pontos, seguido por Lam Pak e Polícia B, com um ponto. O Monte Carlo está no último lugar, com 0 pontos, os mesmos que Cheng Fung e os Sub-23, que só entram em acção na próxima sexta-feira. No grupo B, Ka I e Sporting estão no primeiro lugar com três pontos, enquanto Chiba e Polícia A, somam 0 pontos. O Benfica só entra em acção na próxima jornada, defrontando o líder do grupo.
David Chan VozesEstender a mão a quem precisa [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Governo de Hong Kong lançou em meados de Setembro um projecto de habitação social temporária, designado por “Programa de Alojamento Comunitário”. Através desta iniciativa serão entregues cerca de 340 apartamentos à organização de solidariedade social “Hong Kong Council of Social Service” (HKCSS). Os apartamentos serão distribuídos por cidadãos com baixos rendimentos, permitindo-lhes assim ter acesso a uma habitação com uma renda acessível. Será uma solução temporária para os problemas de alojamento destas pessoas. O porta-voz desta iniciativa declarou que a renda virá a representar cerca de um quarto do rendimento dos locatários, ou mesmo menos. Desta forma, a renda da casa vai deixar de representar uma dor de cabeça para os beneficiários. No entanto, esta solução não vai ser definitiva. Mal lhes seja atribuída uma habitação social, à qual são candidatos, vão ter de deixar os apartamentos. Mas nem todos os apartamentos disponibilizados pelos proprietários podem ser usados pela HKCSS. Nestas circunstâncias, o ideal é a casa estar pronta a ser usada sem necessidade de reparações. Mas evidentemente, parte destes apartamentos vão precisar de obras. Caso contrário, serão inabitáveis. A HKCSS sublinha que só fará reparações simples e baratas. Não podem implicar quaisquer luxos. A HKCSS adianta que o projecto deverá vir a expandir-se. Para além de se procurar mais senhorios dispostos a disponibilizar os apartamentos, a organização vai tentar obter a doação de terrenos baldios junto dos seus proprietários. Estes espaços deverão ser usados para colocação de contentores, onde também é previsto alojar estas pessoas. Não será permitido colocar mais de quatro contentores em fila. Considera-se que um apartamento está desocupado quando, num determinado período de tempo, o seu dono não faz uso dele. O mesmo conceito aplica-se aos terrenos. Portanto, o projecto centra-se na ocupação temporária, por pessoas necessitadas, de casas e terrenos desocupados. Os candidatos a este programa têm de preencher um certo e determinado número de requisitos. Em primeiro lugar, é necessário estarem à espera de habitação social há, pelo menos, três anos. A partir desta informação podemos compreender de que forma se pode dar melhor uso à propriedade imobiliária em Hong Kong – uma região com uma carência extrema de terrenos para construção. Este plano demonstra como casas e terrenos desocupados podem servir os mais desfavorecidos. É uma situação em que todos saem a ganhar. Esta medida recebeu o aplauso da população. É a prova de que ainda existem pessoas preocupadas com a situação dos mais pobres. Estas pessoas foram capazes de doar os seus recursos para providenciar às necessidades de quem precisa e proporcionar-lhes uma vida melhor. Embora estes benfeitores venham a receber uma renda, esta será relativamente pequena, se comparada com o preço de mercado. Este gesto significa amor ao próximo e preocupação com o bem-estar social. Mas será que os contentores serão adequados para alojar pessoas? Até ao momento ainda não conseguimos obter uma resposta. Deverão ser feitos testes de viabilidade das instalações e em seguida poderemos pronunciar-nos. Mas, seja como for, é uma boa ideia e vale a pena ser experimentada. Este projecto oferece uma solução a curto prazo. Se estabelecer uma sinergia entre as propriedades desocupadas e as necessidades dos mais desfavorecidos, podemos afirmar que pode vir a proporcionar uma utilização plena dos recursos imobiliários de Hong Kong. No entanto, não nos podemos esquecer que é um plano que oferece uma solução temporária. Numa perspectiva a longo prazo, se os recursos imobiliários de Hong Kong não se puderem expandir consideravelmente, o problema fundamental vai persistir. Acrescente-se ainda que neste plano existem vários pormenores por esclarecer. Por exemplo, será que o Governo vai conceder benefícios fiscais aos doadores de casas e terrenos? Se os ocupantes danificarem as propriedades e não conseguirem pagar o prejuízo, quem assumirá a responsabilidade? Estas questões terão de ser consideradas. Mas, a partir deste projecto, podemos concluir que Hong Kong tem espaço para os afectos. Esperamos que mais projectos desta natureza possam vir a surgir. Termos gente em Hong Kong capaz de estender a mão a quem precisa demonstra a generosidade desta cidade. Estas acções caritativas são sempre bem-vindas em qualquer lugar.
João Santos Filipe Sociedade“Khanun”: SMG vão içar n.º 3 às 21h00 Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos vão reduzir o sinal n.º8 para n.º3 durante às 21 horas. Nesta altura, o Tufão “Khanun” já se encontra a cerca de 230 quilómetros de Macau continuando a encaminhar-se para a península de Leizhou, na Província de Cantão. Foram até ao momento registados três feridos, que necessitaram de ser levados para o hospital. Até às 19h00, as autoridades contabilizavam 67 ocorrências, entre as quais dois casos de danos em edifícios, quatro situações de queda de andaimes, 10 ocorrências de queda de árvores e antenas, quatro casos de inundação e dois incêndios. Ainda de acordo com as forças de segurança houve 40 casos de queda e suspensão de reclamos, toldos, placas metálicas, varas de ferro e janelas. Em relação à subida do nível da água, no Porto Interior o trânsito foi suspenso no troço da Rua do Visconde Paço de Arcos, que fica entre a Ponte 16 e o Auto-Silo Pak Kong. Nesta altura a água atinge o meio da perna.Também a zona do Templo do Bazar na Rua Cinco de Outubro regista ligeiras inundações até à altura do passeio. Além das áreas referidas, as vias entre o Ponte Cais de Sampanas Norte até à Travessa da Escama, na zona da Avenida de Demétrio Cinatt, e entre o The Riviera Macau até à Rua do Almirante Sérgio, na zona da Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, estão igualmente fechadas ao trânsito devido a inundações.
Andreia Sofia Silva PolíticaNova legislatura da AL: deputados tomam posse amanhã É já amanhã que começa uma nova legislatura da Assembleia Legislativa. Os 33 deputados eleitos e nomeados vão tomar posse, tal como a presidência do hemiciclo [dropcap style≠’circle’]“J[/dropcap]uro que defenderei e farei cumprir a Lei Básica da RAEM, dedicarei toda a minha lealdade à RAEM da República Popular da China, desempenharei as funções em que sou investido/a, cumprirei as leis.” Esta é uma parte do juramento que os 33 deputados que compõem a Assembleia Legislativa (AL) vão ter de defender amanhã, dia 16, no arranque da nova legislatura. A cerimónia de tomada de posse terá lugar na sede do Governo. Após a realização das eleições legislativas, tomam amanhã posse caras novas como é o caso de Agnes Lam, que liderou a lista Observatório Cívico, ou Sulu Sou, líder da lista ligada à Associação Novo Macau. De destacar ainda a eleição do número dois de Ella Lei, ligado ao campo da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM): Leong Sun Iok. No sufrágio indirecto, entraram dois deputados também ligados à FAOM, eleitos pelo sector do trabalho: Lam Lon Wai e Lei Chan U. Chui na vice-presidência? Também amanhã decorrerá, no Centro Cultural de Macau, a cerimónia de tomada de posse da eleição do presidente e vice-presidente do hemiciclo, uma hora depois da sua eleição, por parte dos deputados, na sala principal onde decorrem as sessões plenárias da AL. O Chefe do Executivo estará presente. Ho Iat Seng, que tem vindo a desempenhar o cargo de presidente na AL, e que foi reeleito nestas eleições, deverá permanecer no lugar. A mudança acontece na vice-presidência, depois da saída de Lam Heong Sang da AL. Segundo o diário Macau Daily Times, o deputado Chui Sai Cheong, irmão do Chefe do Executivo, Chui Sai On, deverá ser o escolhido para assumir a pasta da vice-presidência do hemiciclo. Nos nomeados, o grupo dos sete escolhidos por Chui Sai On foi renovado quase na sua totalidade, à excepção de Ma Chi Seng. Há nomes ligados ao meio académico, da Universidade de Macau e da Universidade de Ciências e Tecnologias, sem esquecer a presença de Wu Chou Kit, presidente da Associação de Engenheiros de Macau.
João Santos Filipe Manchete Sociedade“Khanun” paralisa Macau e causa 49 incidentes Desde as 10h00 que a passagem do Tufão “Khanun” provocou 49 incidentes que exigiram a acção das forças de salvamento do território. A cidade está neste momento sem transportes públicos, os serviços de barco e os voos foram igualmente suspensos, não havendo previsão da altura em que o sinal n.º 8 vai ser reduzido para n.º 3. [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]té às 16h00, as autoridades tinham registado dois casos de edifícios danificados com a queda de reboco ou outro objectos, quatro casos de queda de andaimes, sete árvores e antenas arrancadas pelo vento, um incêndio e uma inundação. Além disso, houve 34 situações de queda ou suspensão de reclamos, toldos, placas metálicas, varas de ferro e janelas. Na Zona do Porto Interior, as autoridades informam que se registam cheias ligeiras. De acordo com a informação mais actualizada dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), às 15h00, o Tufão “Khanun” situava-se a 190 quilómetros a sul de Macau e encaminhava-se para a península de Leizhou, no extremo da Província de Cantão. O Governo prevê ainda que com o decorrer do dia os ventos fiquem mais fortes. No que diz respeito aos transportes, os autocarros estão suspensos. A passagem do “Khanun” levou igualmente a que as pontes fossem encerradas ao trânsito, por volta das 11h25, estando aberto o tabuleiro inferior da Ponte Sai Van. Já o Aeroporto informou que foram cancelados mais de 90 voos que chegavam ou partiam de Macau. Os responsáveis pela estrutura pedem assim aos passageiros que confirmem a situação dos respectivos voos com as companhias aéreas, antes de se dirigirem para o aeroporto. Foi também suspenso o serviço de barcos para Hong Kong e outros destinos no Interior do Continente. Caos nas Portas do Cerco A suspensão dos transportes públicos resultou numa grande concentração de pessoas junto às Portas do Cerco. Dependentes do serviço de táxis, e uma vez que o serviço de rádio-taxis está suspenso, o canal chinês da Rádio Macau informa que já se verificaram casos de cobrança excessiva. Apesar das autoridades garantirem que estão no terreno para lidarem com este tipo de situações, o canal chinês da Rádio Macau avança com um caso em que um taxista exigiu 500 patacas para transportar um cliente do Venetian para a Ponte de Lótus. Também nas redes sociais surgem relatos de taxistas que cobraram 1500 patacas para levarem pessoas das Portas do Cerco ao Casino Lisboa. Por outro lado, o Governo negou as notícias de que haveria carros privados a transportarem os turistas de regresso à cidade de Shenzhen.
Hoje Macau China / ÁsiaCarrie Lam admite recusa de entrada a ex-governador britânico, Chris Patten [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chefe do Executivo de Hong Kong admitiu a possibilidade de Chris Patten ser impedido de entrar no território onde foi governador, dias depois de a medida ter sido aplicada a um ativista britânico. “Eu não posso excluir qualquer possibilidade, porque as políticas de imigração mudam consoante os casos”, disse Carrie Lam numa entrevista na rádio, quando questionada se pessoas como Chris Patten, que fala sobre os assuntos de Hong Kong, podiam ser impedidas de entrar na região. Chris Patten foi o último governador do Reino Unido em Hong Kong, entre 1992 e 1997, até à transferência para a soberania chinesa. Visita a cidade com regularidade, participando em fóruns, palestras e seminários, sendo conhecido pelas posições a favor da democratização de Hong Kong. As declarações de Carrie Lam surgiram depois de o ativista britânico Benedict Rogers ter sido impedido de entrar em Hong Kong na quarta-feira, dia em que a chefe do Executivo apresentou as suas primeiras linhas de ação governativa para 2018. Benedict Rogers viveu em Hong Kong durante cinco anos (1997-2002) e é cofundador e vice-presidente da comissão dos Direitos Humanos do Partido Conservador britânico. Carrie Lam manteve a posição que já tinha manifestado na quinta-feira de que que os assuntos de imigração são da competência do governo de Hong Kong, mas que qualquer pessoa pode ser impedida de entrar na cidade se Pequim considerar tratar-se de uma questão de relações externas. “De acordo com a Lei Básica (miniconstituição) e [o princípio] ‘Um país, dois sistemas’, a Região Administrativa Especial de Hong Kong tem um elevado grau de autonomia. Temos as nossas políticas de imigração, alfândegas, etc. Mas quando são questões de relações externas é um assunto do Governo Central”, disse na entrevista à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong. A governante referiu também que “nos casos de imigração não cabe ao chefe do Executivo de Hong Kong dizer isto ou aquilo”. “Tem de ser decidido pelas autoridades da imigração, de acordo com as políticas e de acordo com os detalhes de cada caso”, acrescentou. Lam afirmou que não podia revelar detalhes sobre a forma como o governo de Hong Kong trabalha com o governo de Pequim. Por outro lado, a responsável disse que queria esclarecer qualquer mal-entendido de que os Serviços de Imigração de Hong Kong estão a ser controlados pelo Governo Central. O caso de Benedict Rogers está no centro de uma disputa diplomática entre o Reino Unido e a China. O ministro dos Negócios Estrangeiros inglês, Boris Johnson, reagiu ao incidente, afirmando que o seu governo queria uma “explicação urgente” sobre o impedimento de entrada do ativista na antiga colónia britânica. A China fez saber através de uma porta-voz da diplomacia chinesa que Pequim tem o direito de decidir quem entra em território chinês e que já apresentou uma queixa formal ao Reino Unido pela “interferência nos assuntos internos chineses”. Em agosto, Rogers esteve envolvido num protesto no exterior do parlamento britânico com outros ativistas de Hong Kong. Além de criticar a prisão dos ativistas Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow, do movimento pró-democracia que se manifestou nas ruas de Hong Kong em 2014, o britânico também manifestou preocupação com o que considera ser a deterioração do princípio “Um país, dois sistemas”, ao abrigo do qual o território goza de elevado grau de autonomia e de liberdades e garantias não observadas na China. Benedict Rogers disse que quer lançar uma organização não-governamental para monitorizar questões sobre os direitos humanos e liberdades na antiga colónia britânica, segundo a edição de sexta-feira do South China Morning Post. Os detalhes sobre o projeto serão apresentados no final do mês, disse o ativista ao jornal. O sentimento de erosão das liberdades que Hong Kong tem vivido nos últimos anos, atribuído à ação de Pequim, tem vindo a ser contestado em protestos populares e pela oposição, cada vez mais acérrima, dos grupos parlamentares do chamado campo democrático.
Hoje Macau China / ÁsiaVinte activistas de Hong Kong declarados culpados de desobediência durante ‘Occupy Central’ [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]inte ativistas de Hong Kong, incluindo o jovem Joshua Wong, que está atualmente preso, foram condenados por desafiarem as autoridades quando aplicavam uma ordem de tribunal para desimpedir uma das zonas ocupadas pelo movimento pró-democracia em 2014. O caso remonta a 26 de novembro de 2014, quando os ativistas foram detidos por desrespeitarem uma decisão judicial para desocupar e reabrir ao trânsito a Nathan road, uma via movimentada da zona de Mong Kong, que esteve mais de dois meses bloqueada durante os protestos conhecidos como ‘Occupy’ ou ‘Umbrella Revolution’. A ordem judicial foi aplicada na sequência de uma ação interposta por associações de táxi e minibus da cidade. Entre os 20 ativistas condenados estão Joshua Wong, que foi o rosto dos protestos pró-democracia de 2014 e cofundador do Partido Demosisto, e Raphael Wong, da Liga dos Sociais Democratas (LSD). Ambos os ativistas estão presos desde agosto, na sequência de diferentes julgamentos relacionados com protestos. Onze ativistas, incluindo Joshua Wong, que cumpre seis meses de prisão, tinham-se declarado culpados em julho do crime de desobediência, enquanto outros nove recusaram fazê-lo. Os 20 foram todos condenados hoje, dia em que Joshua Wong faz 21 anos. Apoiantes gritaram “Feliz Aniversário” antes de a sessão do julgamento começar. No final, um grupo no exterior da sala do Tribunal Superior cantou-lhe uma canção de parabéns. Após ter sido conhecida a decisão, o ativista foi levado novamente para a prisão, onde será transferido para uma ala de adultos por ter atingido a maioridade. A sentença, que pode ser multa ou pena de prisão, será conhecida em data a divulgar. Joshua Wong e Raphael Wong poderão ter as respetivas penas de prisão prolongadas. Lester Shum, outro dos líderes estudantis do ‘Occupy’ que se declarou culpado, disse hoje que “mais e mais perseguições políticas vão ocorrer” sob o governo de Carrie Lam, apoiado por Pequim. Em agosto, Joshua Wong e outros dois líderes estudantis foram condenados a prisão depois de o secretário da Justiça ter pedido recurso das sentenças anteriormente aplicadas por reunião ilegal numa ação que esteve na origem da ocupação das ruas em prol do sufrágio universal. Os protestos pró-democracia de 2014 ocuparam várias zonas de Hong Kong durante 79 dias. O último acampamento foi desmantelado em meados de dezembro. O sentimento de erosão das liberdades que Hong Kong tem vivido nos últimos anos, atribuído à ação de Pequim, tem vindo a ser contestado em protestos populares e pela oposição, cada vez mais acérrima, dos grupos parlamentares do chamado campo democrático. Entre os receios manifestados está o de que a independência do sistema judiciário de Hong Kong esteja a ser minada.