Hoje Macau BrevesTaipa ligada a Tuen Mun A Turbo Jet anunciou que, devido à popularidade da carreira que liga Tuen Mun a Macau e para dar resposta às necessidades dos passageiros, decidiu estender a rota para a Taipa. A ligação tornou-se efectiva a partir do dia de ontem. Alteradas ainda foram as seguintes carreiras: o barco das 8h10 de Macau e o das 16h10 de Tuen Mun passam agora para o Terminal Provisório da Taipa.
Hoje Macau BrevesReceitas de leilões de matrículas especiais caiu 50% A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) divulgou ontem o resultado de aquisição em leilão das matrículas especiais, números que caíram cerca de 50% comparado com o ano passado. A DSAT recebeu 340 propostas, as quais geraram uma receita de quase sete milhões de patacas. O ano passado houve 600 propostas que geraram mais de 11 milhões. Segundo o jornal Ou Mun, a DSAT lançou 281 matrículas especiais para automóveis, divididas em quatro grupos. A matrícula MU8888 foi adquirida por cerca de 400 mil patacas, um valor mais alto face o que foi cobrado no último leilão. Contudo, o preço caiu cerca de 60%, comparando com a matricula MT8888 leiloada no último ano. O Governo obteve mais de um milhão de patacas com a venda de três destas matrículas, consideradas como placas da sorte.
Hoje Macau BrevesRita Santos condecorada na Guiné-Bissau Durante a visita a Guiné-Bissau, para o Encontro dos Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, Rita Santos, actual Conselheira das Comunidades Portuguesas, recebeu o grau de mérito pelo Governo da República da Guiné-Bissau pela “excelência da contribuição para a edificação da dinamização do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.
Joana Freitas Manchete Sociedade“The 13” não nega possibilidade de ter casino [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]hotel The 13 não nega a possibilidade de vir a ter casino. Numa resposta ao HM, que questionou a empresa que está a construir o novo espaço no Cotai, a operadora diz não querer comentar o assunto, mantendo as dúvidas. “Devido a questões relacionados com o sistema regulador, não podemos responder a essas questões. Mas manteremos [os média] ao corrente de qualquer eventual desenvolvimento relacionado com o The 13”, pode ler-se na resposta. O HM questionou a empresa sobre se esta iria ter casino no hotel que está a nascer em frente a Seac Pai Van e que será o mais caro do mundo. E, se sim, quantas mesas e salas de jogo pretendia ter. O HM quis também saber se a empresa já tinha feito o pedido para uma licença de jogo e se o iria fazer sozinha ou acompanhada de qualquer outra das operadoras de casinos no território. Recentemente, a Direcção dos Serviços de Coordenação e Inspecção de Jogos (DICJ) disse ao HM que não tinha ainda recebido qualquer pedido para casinos em Coloane, nem especificamente desta empresa. Mas Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, não nega essa possibilidade sempre que é questionado pelos jornalistas. Recorde-se, contudo, que o Executivo anunciou há cerca de três anos querer retirar todas as salas de jogo e casinos das proximidades das habitações. O The 13 fica em frente ao complexo de habitação pública de Seac Pai Van. Anteriormente, fonte ligada à empresa tinha dito ao HM que o hotel não iria ter casino por ter “desistido de enveredar por esse caminho”. Também na apresentação do espaço no mais recente comunicado da empresa não é mencionado qualquer espaço de jogo. O hotel vai ter 200 quartos, termas, mordomos e Rolls-Royce para transporte dos clientes. O espaço deverá abrir no final do Verão.
Hoje Macau PolíticaLadrões do Tempo – “Rua” “Rua” Se nada eu posso ter Aquilo que eu quiser aqui Não será ninguém que me vai dizer Esse tempo já sei de cor Um retrato a mais Num quadro de um pintor qualquer Teorias de um senhor capaz De conspiração Elementar a condição de tudo ter e nada ser Esse tempo já eu sei de cor… Se nada eu posso ter Aquilo que eu quiser aqui Não será ninguém que me vai dizer Esse tempo já eu sei de cor… Um segredo a mais a construir uma ilusão de tudo ser sem ter que agir Esta condição de tudo ser sem ter que agir É a pura da contradição Esse tempo já eu sei de cor… Ladrões do Tempo DONY BETTENCOURT / PAULO FRANCO / TÓ TRIPS / ZÉ PEDRO / SAMUEL PALITOS
Flora Fong PolíticaFunção Pública | Pressão para revisão do Regime de Atribuição de Casas Song Pek Kei e Leong Veng Chai querem ver a promessa de Sónia Chan cumprida e pedem a alteração aos critérios para a atribuição de casas aos funcionários públicos. É que, agora, só os funcionários do quadro têm direito a casa e a verdade é que 60% deles não o são [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ong Pek Kei quer que o Governo reveja o Regime de Atribuição de Alojamento aos Funcionários Públicos, por considerar que este não é justo e não traz benefícios à maior parte desses trabalhadores. O deputado Leong Veng Chai concorda com a ideia e aponta que os agentes policiais deveriam ter prioridade. O anúncio de que este regime ia ser alterado já tinha sido uma promessa de Sónia Chan que, em Novembro do ano passado, disse que estavam a ser planeados novos critérios para a atribuição destas habitações. No segundo dia do debate sectorial das Linhas de Acção Governativa para a área que tutela, a Secretária tinha até referido que mais casas só depois definidos novos requisitos. Algo que não aconteceu, uma vez que as 110 fracções já foram postas a concurso público. Mas, até agora, não houve novidades. Numa interpelação escrita entregue ao Governo, Song Pek Kei recordou que o Chefe do Executivo publicou um despacho em Março onde era anunciada a abertura de um concurso público referente à atribuição de moradias da RAEM a funcionários públicos, sendo que eram disponibilizadas um total de 110 moradias. No entanto, os candidatos têm de ser funcionários públicos do quadro e a deputada assegura que “mais de 60% dos funcionários públicos” não pertence ao quadro, logo “uma grande parte não pode beneficiar das residências do Governo”. Também o deputado José Pereira Coutinho já tinha alertado para a questão da atribuição de residências a funcionários públicos. Song Pek Kei questiona o Governo sobre se pensa em melhorar as regras de atribuição destas casas e se o pode fazer “o mais depressa possível”, uma vez que este regime entrou em vigor há 20 anos e não está, diz, adaptado à realidade social. “Tendo em conta a realidade dos altos preços da renda e da compra de imóveis, o Governo abriu o concurso público para atribuir moradias para funcionários públicos, o que de certa forma alivia as necessidades de habitação. No entanto, por causa do número limitado de moradias e das restrições de candidatura, estes funcionários continuam a enfrentar dificuldades de habitação”, apontou a deputada. Questionado pelo HM, o deputado Leong Veng Chai diz concordar com a ideia de alteração do regime e diz também que não é justo que grande parte dos funcionários públicos não possa pedir moradias do Governo ainda que trabalhe de igual forma face aos a outros que podem pedir. Pensar o futuro Song Pek Kei quer ainda que o Governo faça uma análise para fazer um planeamento a médio e longo prazo sobre as necessidades de habitação dos funcionários públicos, até para aumentar o número de moradias disponíveis. E diz que a construção de mais residências para esses trabalhadores também é algo necessário, algo que também Sónia Chan já tinha garantido: “serão reservados terrenos nos novos aterros para a construção de mais casas”, disse no ano passado. Leong Veng Chai disse ao HM esperar que os funcionários das forças de segurança possam ter prioridade na atribuição destas moradias. “É melhor os agentes das forças de segurança viverem juntos, porque quando em situações de urgência podem chegar ao local de trabalho mais rapidamente e ser mais eficazes”, disse. Questionado sobre se as necessidades de habitação pública podem entrar em conflito com as necessidades de moradias para funcionários públicos, devido à escassez de terrenos em Macau, Leong Veng Chai desvaloriza e diz que “existem muitos terrenos em Macau”. O único problema? “Os lotes não aproveitados foram ocupados por empresários mas não foram desenvolvidos. O Governo ainda pode recuperar muitos terrenos para construir residências para os funcionários públicos”, rematou.
Flora Fong PolíticaÓrgãos municipais | Defendida eleição directa dos membros [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ex-deputado Paul Chan Chi Wai e o deputado Ng Kuok Cheong sugerem que os futuros membros dos órgãos municipais sem poder político sejam eleitos directamente pela população, para que haja uma melhor representatividade. Num debate promovido pela Associação Novo Macau (ANM), no passado domingo, o deputado Ng Kuok Cheong considerou que a substituição dos órgãos municipais pelos conselhos consultivos comunitários, em 2002, não foi uma medida positiva. “A meu ver a renovação dos membros dos conselhos consultivos comunitários depende se estes têm boas ou más relações com membros do Governo. Se os membros dos futuros órgãos municipais forem eleitos de forma directa, o apoio dos eleitores será fundamental para a reeleição enquanto membro. Assim o órgão municipal terá mais responsabilidades e poderá reflectir melhor as opiniões da população”, disse. Paul Chan Wai Chi defendeu a eleição directa dos membros, a qual deverá incluir a presença de grandes associações, bem como candidatos desfavorecidos e que representem as minorias, sem esquecer a presença dos jovens, defende. O ex-deputado considera que caso sejam implementados os órgãos municipais com este método, a existência dos conselhos consultivos comunitários já não será necessária. Jason Chao, vice-presidente da ANM, relembrou que os membros serão nomeados pelo Chefe do Executivo, como garantiu há duas semanas Sónia Chan, na AL, e o activista não exclui a possibilidade de fazer um evento de votação ou uma espécie de referendo civil sobre a composição destes órgãos. “Vamos fazer o que for necessário para defender uma eleição universal directa para os órgãos municipais”, referiu. Camões Tam, académico e comentador político convidado para o debate, considerou que a ausência de um órgão deliberativo com membros eleitos pela sociedade faz com que uma parte dos deputados da AL tenha falta de qualificação política, sendo que a qualidade varia entre os deputados. Camões Tam acredita que a existência de órgãos municipais poderá favorecer o debate político. Scott Chiang, presidente da ANM, apontou também que devido à falta de órgãos municipais, problemas urbanos como obras ilegais de edifícios ou infiltrações de água tenham de ser discutidos no hemiciclo, o que atrasa a sua resolução. Desta forma os órgãos municipais poderão ter este papel. A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, afirmou no final do mês passado que um grupo interdepartamental está a estudar o estabelecimento dos órgãos municipais sem poder político, sendo que o resultado poderá ser concluído na segunda metade deste ano.
Amélia Vieira h | Artes, Letras e Ideias“O Fim” de António Patrício [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]eriam dez horas da manhã numa casa onde os gatos se movimentavam e nem sempre deslizam indeléveis por entre copos de cristal. Manhã do último dia dos Idos de Março, ventoso e lúgubre. Os gatos gostam de livros, vá-se lá saber porquê, gostam de estar nas bibliotecas em cima deles, dentro deles, é possível que gostem do contacto com o papel, mas, se formos para os ecrãs, eles são igualmente atentos e interessados. É bom ter gatos, não tanto pela delícia, mas por causa de uma frecha cósmica que não saberíamos abrir sem eles, quase sempre os seus dons nos iluminam em segundos, e assim lhes agradecemos o encanto das suas presenças. A mesa estava lá no meio da casa, como sempre está, mas naquela manhã resolvi mudá-la, e, no centro, no coração do” banquete” devia estar há muito o livro «O Fim», de António Patrício. É certo que deixara de ver esse livro numa procura sem conclusões. Fez lembrar-me aquela frase alquímica: “e de repente, lá estava a Roda.” O Fim? Que Fim? Que quererá dizer o acaso? Nessa manhã, mais atentados, os que se esperam, os inesperados… O fim, não é certamente, é mais do que se sabe e do que não desejávamos conhecer. Reli a peça de teatro, magistral. Encontrei-lhe novos ângulos, plataformas entendíveis e melodias internas, senti um frémito de comoção pela limpidez de descrição que antecede a tragédia, e dos sinais, vontades, decisões, que são quase equações matemáticas e nós as peças de um jogo cósmico de carácter derradeiro. Sempre premonitória e elegante, ela escalou a sua parte de tempo e veio até mim naquela manhã sombria. A Rainha é a figura central da peça, é ela que presencia a invasão do seu país e as batalhas mortais nas ruas como uma dança de um coro grego. Uma talvez emblemática e simbólica Merkel ou uma Europa transportada por um Touro… num meio apocalíptico e demencial. Ela só tinha querido uma festa, porém. O seu ministro diz aquilo que os nossos olhos não deixam de contemplar no centro da pupila, esse negro vivo da palavra; diz assim: “Foi o nosso maior vício a esperança. Há oito dias que já não existimos, desde que os representantes dos nossos credores, reunidos em conferência internacional, o decidiram. (…) vão dar-nos mesmo um parlamento… Só não existimos… De resto, um parlamento póstumo…. comícios póstumos…”. É surpreendente como nos abeiramos vertiginosamente daqui, como se as grandes obras tivessem uma janela muito aberta para a distância do seu momento e nos aparecessem por debaixo das mesas quando anunciam a chegada. Como se nós fossemos visitados de novo no instante imponderável e dele tivéssemos à espera como de uma revelação. Creio que os seres como Patrício, deixaram no éter partículas de imortalidade, este trabalho acrescenta alma, e essa é uma conquista do que se faz, dado que animados somos todos, mas podemos esquecer-nos dela ao longo do percurso. Por isso, esta obra que é seguida do «Diálogo na Alhambra»; é uma quase Anunciação do humilde poeta que sou, ao mestre que me dita. E no Al-Andaluz nos encontramos num diálogo: “A Alhambra agora está sob o Califado da Morte . Depois estes prodigiosos ciprestes… As laranjeiras estão em flor, p´ra que o silêncio se perfume. E enfim, ao centro a fonte morta, com as suas taças de alabastro esverdinhado, e os versos de amor que Abdallah mandou gravar. Choveu de noite. Há um pouco de água nas taças… E ainda, dizes tu: há rouxinóis. …» É assim em tudo, natureza ou arte. O «segredo aberto» do mundo é para quem tem ouvidos de adivinho. A arte é o segredo que exprime esse segredo. É absolutamente maravilhoso o mistério do mundo, ir buscar emoções longe pode nada resolver, é nas coisas perto que há milagres, e não só eles nos ilustram a cena como nos alertam para as coisas a acontecerem. Os ataques continuaram dia fora como uma ressonância, ou seja, os ataques tinham findado, ficou o lastro e o eco de um encadear de imagens repetidas e de uma Europa metida num túnel como os mais fantásticos filmes de ficção científica. Uma saga sem mistério e carregada de insuperável. Nós talvez não estejamos preparados para nada, e, o que vem aí, pode ser gigante. Também senti reactores… coisas… que começavam e punham fim a este sistema de ataque. Mas como o vislumbrei, é também o meu segredo. Estamos sem dúvida que confrontados com o desconhecido e nem sempre sabemos posicionar a barca dos nossos dias de forma a garantir uma noção de perspectiva. Também é certo que há um deus sedente de sangue, o sangue apazigua este deus que ainda não é de Amor. É belo, ele preside aos ciclos transformativos, mas nós nunca nos questionámos enquanto repasto. As nossas conquistas estão firmadas em bases que passaram há muito o estado do deus teutónico. Por estes dias Alhambra e Fim, e toda a música do Guadalquivir me sabem a laranjas e me vão cheirando a uma flor tão boa que me inebrio, por que por esta porta de Patrício, passaram as iluminações em trança dos tempos findos e idos. Idos, ainda de Março, que me trazem esta inesperada visita e que neste instante envio para aquela que fora a sua terra durante muitos anos. Quem se encontra tem sempre um trabalho para fazer, pode fazê-lo com a certeza que um laço é um bem precioso e que« O Fim» este Fim, é a peça mais tocante para esta situação. Montherlant, escreveu a propósito de uma figura central que é exactamente uma Rainha, «La Reine Morte». Patrício, do «Pedro o Cru», nem sequer foi mencionado pelo autor francês, que não pode ter feito aquela peça sem ter consultado a sua. Há muita coisa escondida que aparecerá na hora exacta . No tempo da sua revelação. – Cantarola – Rainha. – Dona Morte dorme Dorme sossegada Tem a foice ao lado. Brilha de afiada….. Dona morte dorme, dorme de mansinho Cresce, ó erva verde Mais devagarinho. Ó luar desliza com teus pés de neve, Dona morte dorme. Tem o sono leve….
Boi Luxo h | Artes, Letras e IdeiasKuroi Yuki, Black Snow, 1965, Takechi Tetsuji [dropcap style=’circle’]K[/dropcap]uroi Yuki, Black Snow, tem tudo o que se pode esperar de um filme japonês dos anos 60. É a preto e branco. Começa com a imagem de uma prostituta deitada numa cama, de barriga para cima, parcialmente coberta pelo corpo de um negro norte-americano da tropa. É um filme contra a presença dos americanos no Japão. Que mais querem? Não há dúvidas que esta é a década mais interessante da história do cinema do Japão, mesmo que na seguinte se tenham feito filmes inesquecíveis. Contudo, nos filmes da década de 60, muito mais do que na que se seguiu, identifica-se um espírito do tempo que posteriormente se esbate em v´ảios tipos de filmes. Não me estendo, já aqui se falou de mais de 20 filmes japoneses dessa altura e o isolamento das suas características está feito. O que o cinema niilista, desencantado e cheio de ennui dos anos 60 nos demonstra é que nada mudou para lá das circunstâncias históricas e que hoje o Japão continua, por trás da cortina de luz e profusão frenética de artefactos e comida com que se exibe a si próprio, a ser o mesmo país lânguido do aborrecimento, da neve e da vacuidade do destino – uma doce indecisão. Não escondo que por trás da minha dedicação ao cinema japonês está a dedicação ao próprio país. Não escondo que o cinema japonês é dos poucos que me transmite o cheiro da rotina doméstica e dos bares onde (ainda hoje) persiste um forte cheiro a tabaco. Como acontece normalmente com este tipo de produções, por vezes filmadas em dois ou três dias, o baixo orçamento disponível não permite senão contratar um pequeno número de actores e filmar muitos exteriores – a escassez de meios uma vantagem no seu aspecto final. As cenas seguintes ao genérico são muito sensuais: há um odor a tecidos de baixa qualidade impregnados de tabaco e humidade, enquanto se imagina um a perfume e a maquilhagem. O lugar é um de desolação e desafecto, um motel junto a uma base aérea americana ocupado por um pequeno grupo de prostitutas. Kuroi Yuki é um filme erótico. Takechi Tetsuji tem 12 filmes listados no livro já aqui profusamente citado Behind the Pink Curtain, de Jasper Sharp, um que fala de modo muito completo sobre o cinema erótico japonês, um fenómeno típico do Japão que, inexplicavelmente, perdura.* Repito. Não me alargo porque já aqui se falou várias vezes do cinema erótico dos anos 60, mas é útil lembrar que o erotismo aparece muitas vezes associado a preocupações estéticas e políticas radicais. É no cinema erótico que encontramos vários tipos de ousadias que estão muito para lá das sexuais. É fácil de entender porquê. Como ainda hoje acontece em muito menor escala, o cinema erótico tinha um circuito de distribuição muito bem montado, com muitas salas exclusivamente destinadas à exibição de filmes deste género. Ao realizador de intenções estéticas vanguardistas colocavam-se dois cenários: ou fazia um filme avant-garde para ser visto por meia dúzia de pessoas num circuito muito reduzido de distribuição (se o conseguisse) ou erotizava as suas propostas fílmicas e tinha à sua disposição uma rede impecavelmente montada de distribuição que garantia que os filmes fossem mostrados e até fizessem dinheiro. Lembre-se que a dada altura o cinema erótico popular perfazia mais de 50% de toda a produção nacional. Isto não invalida de modo algum a percepção generalizada de que uma parte muito significativa dos realizadores japoneses desta década e das seguintes não fossem obcecados por tudo o que tem a ver com o sexo (E a bebida. Um dos cheiros mais intensos do cinema japonês é o do uísque). Takechi é conhecido não apenas por ter feito vários filmes eróticos mas como produtor e crítico de teatro (a sua interpretação moderna de peças de kabuki é ainda referência central) e teórico. Este filme tem vários tipos de interesses e desinteresses. Um dos primeiros consiste em provocar a perturbação erótica não apenas através das imagens, como é corrente, mas igualmente através do discurso de algumas das suas personagens. Não há, aliás, tantas cenas de nudez e sexo como é normal, nem me parece que preencha à risca a obrigatoriedade de mostrar nudez de tantos em tantos minutos – uma estrutura que muitos outros passam a cumprir com rigor quando o género se formaliza. Tem também uma cena antológica, a do genérico. Como é sabido, até hoje é proibido mostrar genitália e pêlos púbicos no cinema. Takechi contorna a obsessiva proibição, cómica e ostensivamente, mostrando um peludo sovaco em substituição. Outro interesse reside no facto de que, ao contrário de outros autores de filmes eróticos da época que se apresentavam como revolucionários de esquerda, há uma envolvência de direita – segundo alguns até racista – nas ousadias de Takechi. Não é difícil de ver Kuroi Yuki como simplisticamente nacionalista se o virmos como veículo pouco subtil de culpabilização dos americanos pelos males japoneses. Takechi, no entanto, que pode ser entendido mais como um artista ligado ao teatro, é pouco conhecido hoje em dia, dentro e fora do Japão, não tendo sofrido a habilitação de autores de filmes semelhantes como Wakamatsu Koji ou Masao Adachi. Por outro lado há intenções que se sobrepõem. A reacção negativa à presença dos americanos em solo japonês (ainda lá continuam e eu acho que esta base militar, a de Yokota, perto de Tóquio, ainda está activa) é uma preocupação contada em muitos filmes da época e já aqui por demais referida, comum à esquerda mais e menos radical e à direita. Pouco interessa se nos lembrarmos da lindíssima cena horizontal em que uma das personagens corre nua ao longo da vedação da base Americana e que esteve na origem das objecções que foram levantadas ao filme e que se colocaram a nível político e a nível da moralidade. Da base vem constantemente – algo que atravessa o filme como uma ferida ou como um grito – o barulho cortante dos aviões a aterrar ou levantar voo. Vê-lo como uma exibição de feridas (como a ferida sexual, causada pelos americanos, que aflige a boca de uma das trabalhadoras do bordel) é uma maneira de tirar prazer do filme. A menor das quais não será a que se desprende do rapaz da casa, filho de uma das funcionárias, Jiro, o causador de quase tudo. Jiro e tudo o resto, que se passa muito longe do mar, causa a náusea e a ansiedade esperadas num filme desta época e com estas características a uma escala pequena, num lugar em que, apesar da imensidão horizontal da base (que não se mostra), tudo é pequeno. * Hakujitsumu/Daydream, também de Takechi, exibido em 1964, é um dos filmes eróticos japoneses mais conhecidos – por razões históricas que o leitor facilmente poderá encontrar em busca na internet. Kuroi Yuki é conhecido por ter sido causa de prisão para o realizador, processo que o leitor encontrará também explicado do mesmo modo. Oshima, Suzuki, Mishima e Kobo Abe testemunharam a favor de Takechi e esta mescla de gente intelectual mostra que o apoio que o favoreceu (e que no fim levou à vitória no processo que lhe foi movido) veio de fundos com inclinações políticas muito diferentes.
Joana Freitas Manchete SociedadeTUI rejeita recurso de Ho Chio Meng. Ex-Procurador em prisão preventiva A decisão do TUI é irrecorrível, mas ainda assim Ho Chio Meng interpôs recurso da sentença de prisão preventiva que lhe foi decretada pelo tribunal superior. Viriato Lima rejeitou o pedido e o ex-Procurador da RAEM vai continuar detido, por alegada corrupção [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]o Chio Meng interpôs um recurso para o Tribunal de Última Instância (TUI), contestando a medida de coacção que lhe foi aplicada em Fevereiro, de prisão preventiva. Esta é a segunda vez que o ex-Procurador da RAEM, acusado de corrupção, tenta alterar a decisão do tribunal superior de Macau. A primeira fê-lo através de um pedido de habeas corpus (quando se pede a libertação imediata devido a ilegalidade na detenção). Mas será a última: não há qualquer possibilidade de recurso da decisão do TUI. Já aquando da leitura da decisão de rejeitar o pedido de habeas corpus, o TUI tinha explicado que a decisão de Viriato Lima, juiz de instrução no processo, só poderia ser impugnada através de recurso e não desse pedido. Mas Song Man Lei, juíza do TUI, também tinha dito no momento que essa acção judicial seria inútil uma vez que as decisões do TUI são irrecorríveis. Ainda assim, Ho Chio Meng fê-lo. A decisão de Viriato Lima, juiz que decretou a prisão preventiva a Ho Chio Meng, foi ontem dada a conhecer, apesar de datar de sexta-feira. A 8 de Abril de 2016, Viriato Lima “proferiu decisão no sentido de não admitir o recurso interposto pelo ex-Procurador contra o decretamento da prisão preventiva”. Os fundamentos? Os mesmos que foram apresentados aquando da rejeição do pedido de habeas corpus pelo mesmo tribunal: ainda que fosse Procurador à data dos crimes alegadamente cometidos, Ho Chio Meng não era magistrado quando foi detido, logo não pode beneficiar do Estatuto dos Magistrados. Além disso, não há recurso da decisão do TUI. “Uma coisa é a lei dispor que, para efeitos da competência criminal do tribunal, o que releva é o cargo exercido à data dos factos indiciados. Outra, é a mesma ou outra lei dispor que só beneficia da prerrogativa de não ser preso preventivamente o magistrado que exerça efectivamente estas funções. Trata-se de normas diversas, com razões específicas para o respectivo conteúdo. Face [a isso] não se admite o recurso”, atira Viriato Lima. O juiz insiste em explicar a questão que tem sido levantada desde a detenção de Ho – apesar de ter sido nomeado Procurador-adjunto, Ho Chio Meng não era magistrado porque dirigia a Comissão de Estudos do Sistema Jurídico-Criminal. “O ex-Procurador da RAEM exercia funções em comissão de serviço fora da magistratura quando lhe foi aplicada a medida de prisão preventiva e, como tal, não beneficia das prerrogativas que o Estatuto dos Magistrados confere”, considera Viriato Lima, que compara este caso ao de Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas condenado por corrupção, em 2006. Dejá vu “Esta é a segunda vez que tem lugar o exercício da competência [do TUI]. Aquando da primeira vez em que esteve em causa o exercício destas funções jurisdicionais [referentes] a um Secretário (…) suscitaram-se alguma dúvidas sobre o tribunal competente para o julgamento, dado que o então arguido praticara os crimes de que vinha acusado como Secretário, mas aquando do seu julgamento já não tinha aquela qualidade. Prevaleceu, então, o entendimento de que a norma de competência se referia à qualidade da pessoa à data da prática do crime e não à data do julgamento em primeira instância. Sobre a questão não houve qualquer controvérsia. Nem o arguido, nem o Ministério Público tiveram entendimento diverso, nem mesmo nos meios de comunicação social [me lembro] de alguém ter questionado a competência do TUI para o julgamento em primeira instância”, refere Viriato Lima. O juiz afirma ainda que ninguém compreenderia que o TUI fosse rejeitar a competência para julgar o ex-Procurador quando, nas mesmas condições, tinha aceitado anteriormente julgar um ex-Secretário. “Seria até, susceptível de provocar algum alarme social”, atira, considerando que o tribunal superior deve não só levar a cabo a instrução, como a pronúncia e o julgamento. Pensemos juntos O recurso, que se refere à medida de coação, é o último e a decisão de o rejeitar definitiva. Isto porque, como relembra Viriato Lima, “das decisões proferidas pelo TUI não cabe recurso, por força de um princípio de direito processual óbvio, segundo o qual não é admissível recurso das decisões proferidas pelo tribunal supremo por não haver para quem interpor o recurso”. O TUI tem a última palavra nos casos que lhe sejam submetidos e as suas decisões são definitivas, não havendo, diz, recurso para outro órgão judicial ou político seja da RAEM, seja da China. Viriato Lima responde ainda a comentários de juristas que circularam nos meios de comunicação social e que contestam o facto de Ho Chio Meng não ser considerado magistrado e de não ter capacidade para pedir recurso ou ser julgado pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI). “Não se diga que o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos prevê sempre a possibilidade de recurso em processo penal. Não é assim”, refere, acrescentando que não há qualquer violação do Pacto quando quem julga em primeira instância é o TUI. E vai mais longe. “Sendo o Tribunal Supremo a julgar em primeira instância, deve entender-se que, neste caso, não só se não se justifica um recurso, como em muitos casos isso não é possível, por o tribunal não ter número suficiente de juízes. É que num caso de recurso, os juízes que julgam em primeira instância não podem intervir no recurso da sua decisão. E o TUI tem apenas três juízes, que intervêm no julgamento em primeira instância. Só uma lei absurda preveria um recurso de decisões do TUI para o TSI… Ora, a lei não pode ser absurda.” Ho Chio Meng fica, assim, em prisão preventiva até ser levado a julgamento. Viriato Lima: “Nada obsta” à revisão da lei No despacho que nega o recurso de Ho Chio Meng, Viriato Lima fez questão de pegar numa questão que tem sido levantada por juristas e figuras da Justiça em Macau: a revisão da lei, para que haja possibilidade de recurso dos altos cargos, quando estes vão a julgamento. O juiz entende que “nada obsta” que isso aconteça, até porque além de ser regra no sistema jurídico, acontece noutros locais. “[Assim], comete-se o julgamento em primeira instância dos titulares de altos cargos e magistrados a um tribunal que não o TUI, como sucede, aliás, no interior da China e em Hong Kong, em que o julgamento de tais entidades não compete aos tribunais supremos”, indica.
Joana Freitas PolíticaLei Eleitoral | Consulta pública arranca este mês [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inda este mês, o Governo deverá lançar uma consulta pública sobre a revisão da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa (AL). Foi o que disse Sónia Chan, Secretária para Administração e Justiça, que assegura que os trabalhos “estão a decorrer dentro do planeado”. Já em Fevereiro a responsável tinha dito que a proposta de revisão da Lei Eleitoral deveria chegar ao hemiciclo em Julho e que, entre Março e Abril, iria ser realizada a consulta pública. “Estou confiante de que a consulta pública possa ser lançada no corrente mês, durante a qual o Governo irá organizar vários tipos de sessões de esclarecimento, permitindo ao público compreender a proposta de revisão”, indicou a Secretaria, citada em comunicado. A proposta de revisão desta lei foi feita pelo Governo, mas a Secretária não se alongou sobre mais detalhes que vão ser alterados no diploma. Anteriormente, Sónia Chan tinha referido que poderia haver mudanças nas eleições de deputados indirectos. Sabe-se que o documento teve como referência o relatório sobre as actividades eleitorais das eleições anteriores para o hemiciclo – que nunca foi tornado público – e vai ter em conta “as opiniões da população, de modo a aperfeiçoar o sistema eleitoral da AL”. As eleições para a AL acontecem no próximo ano, mas esta legislatura ainda tem de analisar mais oito propostas de lei do Executivo, além das que tem, actualmente, em análise na especialidade. “De acordo com a programação dos trabalhos legislativos do Governo, para além de se tentar concluir os planos anuais, tem de se dar prioridade às legislações mais urgentes e necessárias. Este ano o Governo terá de apresentar à AL oito propostas de lei, cujos trabalhos de elaboração estão em bom ritmo”, indica Sónia Chan, citada em comunicado. A responsável pela tutela da Administração e Justiça reforçou ainda a promessa anterior de que o Governo irá “recrutar, cada vez mais, quadros qualificados bilingues da área jurídica, dar formação jurídica ao pessoal tradutor e reforçar a qualidade legislativa do Governo”.
Tomás Chio BrevesTNR | Questionada baixa aplicação de sanções a patrões A deputada Ella Lei interpelou o Governo sobre o baixo número de sanções acessórias aplicadas aos empregadores que recrutam trabalhadores não residentes (TNR) nos últimos três anos. Segundo dados dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), o número de infracções cometidas pelos patrões foi de 101, sendo que 93% incluíam sanções acessórias. Mas desde 2012 o número destas sanções começou a cair. Ella Lei considera que estes dados não vão de encontro às declarações do Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, que garantiu uma maior fiscalização neste sector. A deputada falou da existência de “uma grande ironia”. Eleita pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Ella Lei questionou a DSAL sobre o facto de não ter aplicado sanções acessórias nos últimos três anos e quer ainda saber porque é que as punições para os patrões que recrutam TNR são cada vez menos rigorosas. Ella Lei considera que o Executivo tem falhado no seu esforço de punição e que a fiscalização levada a cabo pelo Gabinete de Recursos Humanos (GRH) não é suficiente, acusando este organismo de transferir muitos dos assuntos para a DSAL. A deputada questiona o prazo para a fusão do GRH com a DSAL, para que o recrutamento de TNR seja alvo de melhor fiscalização e para que exista uma protecção dos direitos dos trabalhadores locais.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesEmbaraço [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s conversas de café podem ter níveis de profundidade diversos. Há conversas mais metafísicas, mais banais ou aborrecidas. Há conversas sobre o tempo e, dependendo do grupo de amigos que se decidiu encontrar numa esplanada, poderá haver uma ou outra conversa sobre sexo. O que se passou a seguir poderia fazer parte de um episódio de uma qualquer série de romance e/ou comédia. Falava-se sobre sexo descontraidamente e desprendidamente. Falava-se de imagem corporal e possíveis encontros amorosos. Caiu-se no cliché de até ter uma troca de dicas de maquilhagem e de revelar preocupações maioritariamente femininas. Uma delas sentiu-se na necessidade de partilhar um momento de embaraço que lhe tinha acontecido recentemente. Um visitante masculino faz-lhe uma visita surpresa no seu domicílio. Alguns entenderão que é chato ter uma visita relâmpago quando uma pessoa não tem tempo de se preparar para a chegada de outrém. O erro cometido, neste caso, foi o de deixar o estendal cheio de roupa interior a secar. Há olhares e constrangimento, pelo menos de uma das partes. O visitante semi-indesejado está à vontade de, contudo, fazer comentários. Aquilo que eram cuecas de conforto e dia-a-dia da nossa protagonista, são erradamente interpretadas como ‘os boxers do amante sortudo’. Não há sortudos, muito menos amantes, são as cuecas feias, grandes e de algodão que todas nós temos nas gavetas. Resultado: embaraço. Embaraço somente para ela, porque ela não foi capaz de lhe retribuir o desconforto ao confessar de quem eram as cuecas na realidade. Depois de uma confissão embaraçosa, outras deveriam vir atrás. Possuir este tipo de informação sobre alguém, momentos de concentração sanguínea nas bochechas, momentos de claro desconforto e reforço da fragilidade, é muitas vezes percebida como uma vantagem sobre os outros. A norma era agora que todos partilhassem momentos de embaraço e, surpreendentemente ou não, ao rodar a mesa de esplanada, tinham que ver com relações, paixões ou sexo. Divagações sobre o embaraço não serão especialmente desenvolvidas aqui, mas se não há uma psicologia do corar muito bem estabelecida, é porque é um tópico que dá pano para mangas. Das teorias psicanalíticas clássicas sobre o tema (cerca anos 30), temos a habitual (e estranha) explicação que o corar vem em reposta do medo e vergonha de castração nos homens, e a ausência de pénis nas mulheres: potencialmente legítimo. Da evolução temos mecanismos de comunicação não-verbal onde se mostra desconforto e a confirmação que muito provavelmente se fez porcaria: mais interessante. Os objectos, tópicos ou situações que nos fazem corar, esses é que são construções individuais daquilo que achamos ser certo e errado, em relação às expectativas da população em geral. Tópicos favoritos de embaraço em meios ditos ocidentais são sexo, movimentos intestinais e/ou menstruação. Das mulheres sei ainda que há embaraço quando não atingimos os padrões de estética exigidos. Os exemplos incluem pêlos indesejáveis, maquilhagem inexistente ou borratada até mulheres com o mesmo vestido numa gala (!!!). A lista é interminável. Facto: As mulheres têm um sofisticado mecanismo de limpeza e lubrificação vaginal. Facto: A vagina segrega o que tem que segregar. Facto: As mulheres andam com as cuecas sujas de corrimento. E há alguém que saiba de tudo isto? Embaraço. Vergonha. Esconde-se de tudo e de todos. Escondem-se as cuecas depois de despi-las. Num mundo ideal todas as histórias de embaraço fariam parte de um repertório de comédia, mas, às vezes, constituem um dramatismo tal que poderiam complementar enredos de filmes de terror. Talvez se não houvesse tanto embaraço, tivéssemos menos tanto tabu. E, se houver menos tabu haverá menos embaraço! Coisa curiosa, a condição humana, que de tanta consciencialização se inibe de expressão.
Carlos Morais José A outra face VozesMaravilhoso, não é? Exótico, no mínimo [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stive fora de Macau a maior parte deste Inverno. Depois voltei para uma terra onde o ex-Procurador fora preso, surgira o projecto de um arranha-céus no pulmão da cidade e os taxistas continuam a impor a sua lei no espaço público. Maravilhoso, não é? Exótico, no mínimo. Lá fora, na distante e fria Europa, sofrem-se atentados terroristas; nos fanáticos Estados Unidos debate-se a possibilidade de um homem estranho ser presidente; na aldeia global, emergem os Panama Papers: o capitalismo mostra a sua garra. O mundo discute o racismo, o islamismo, o terrorismo, as fugas de capitais, guerra, refugiados, a poluição. Aqui o homem que nos protegia dos bandidos vai dentro e o Governo hesita em pôr na ordem os carroceiros porque “eles têm um lóbi antigo, do tempo da Revolução Cultural, com ligações ao Governo Central” (???!!!), porque tudo está bem enquanto se puder construir em toda e qualquer parte. Maravilhoso, não é? Exótico, no mínimo. A desadequação desta cidade à realidade chega a dar ternura. “Só em Macau”, expressão incensada, está a ganhar dimensões novas, feéricas, audazes. Infelizmente, que nem sempre por bons motivos. Mas, suspendamos os julgamentos e apreciemos o grau de Espanto a que continuamente somos sujeitos. Como muito bem definiu Descartes e outros sábios, o Espanto provém de um aparecimento súbito de algo inesperado. Na verdade, para o filósofo francês, o Espanto é filho da Admiração: ficar espantado também é admirar se lhe acrescentar o seu carácter de inesperado. Só que, dependendo da causa do Espanto assim ele se pode transformar em outras e diversas emoções. Pode, eventualmente, despertar o riso ou uma contemplação estética. No piores casos, quando a causa do Espanto é algo de ameaçador, pode transformar-se em Medo. Cada um de nós lidará à sua maneira com os factos espantosos que Macau em catadupa nos proporciona. Tal depende do grau de consciência cívica, do sentido de humor, da paciência e de muitos outros factores que seria fastidioso enumerar. Basta termos esta certeza: será muito difícil encontrar outro abençoado lugar onde tantas vezes nos sintamos assaltados pelo espanto. Cuidei ser a Índia, talvez, e para lá viajei; mas depois de duas semanas nada por ali se comparava com a capacidade feérica de Macau que há 26 anos me espanta. Maravilhoso, não é? Exótico, no mínimo. Não percebemos bem de que se queixam os residentes. Esta cidade está cheia de surpresas, de milagres de unicórnios. Poste-se o cidadão numa paragem de autocarro e constatará que existem três (!) companhias de transportes públicos para servir 35 km2. Contudo, o mais sofisticado neste serviço é o facto dos autocarros com o mesmo número ou que fazem a mesma linha teimarem em andar sempre juntos, uns atrás dos outros, como os elefantes da cauda da mãe. Não gostam de andar sozinhos, é o que é. Tem que se compreender. Depois passa um tempo interminável até que voltem a passar. É um estilo, pronto. Maravilhoso, não é? Exótico, no mínimo. Outro fenómeno interessante, que talvez alguns considerem bizarro, é o aglomerado de empresários nas ou junto das principais cadeiras do poder. Feitas as contas, Macau deve bater recordes. São, literalmente, mais que as mães, porque muitos deles têm irmãos. Já para não falar nos primos, nos filhos e nos cadilhos. Trata-se de uma clientela educada que, com honrosas excepções, prefere comer pela calada. Ainda por cima, esta exagerada concentração serve de alimento aos “opositores do regime” que nela encontram tribuna alta para lançarem os seus protestos e imprecações. É, de facto, espantosa e fascinante esta dialéctica política que, à parte de ser sensaborona (o que lhe acrescenta chique), remete a população para um estado de inércia bovina, o garante imprescindível da harmonia. Maravilhoso, não é? Exótico, no mínimo. E, como se não bastassem as acções e as não-acções dos nossos queridos governantes têm também surgido nos últimos tempos várias reflexões sobre a comunidade portuguesa aqui residente. Mas atenção: não se trata de coisa fácil visto esta comunidade estar intrinsecamente dividida, à partida, na sábia opinião dos analistas, entre os reinóis (os que nasceram no reino) e os macaenses. Ficámos então a saber que os primeiros se dividem entre os dinossauros e os neo-tugas; e os segundos entre tantas categorias e castas, às quais não é indiferente o bairro de nascimento, que não seriam suficientes as páginas deste jornal. E cada um de nós cultiva a sua ilha, ouve a sua música e esconde ciosamente o que tem. Fantástico! Longe do paraíso original, reinóis ou macaenses ou lá o que nós somos, temos esta capacidade única, espantosa, de nos preocuparmos sobretudo em levantar a pele das nossas próprias costas, sem acinte nem maldade. Maravilhoso, não é? Exótico, no mínimo.
Hoje Macau BrevesMais incêndios e mais ambulâncias na rua O Corpo de Bombeiros (CB) anunciou ontem em conferência de imprensa os dados referentes à sua actividade no primeiro trimestre deste ano. Assim, segundo o CB, ocorreram 297 incêndios o que, comparado com o período homólogo de 2016, significa um aumento de 4,95%, ou seja, mais 14 incêndios. De entre estes sinistros, 91 foram causados por esquecimento de comida ao lume. Isto significa 30,64% do total de acções operacionais. Relativamente ao número de chamadas de ambulâncias no mesmo período, registaram-se 10.955 saídas, mais 357 do que no mesmo período do ano passado, o que corresponde a um aumento de 3,37%. Tendo em conta que muitas das chamadas foram “desnecessárias”, o CB apela à população para evitar o abuso deste recurso, de forma a que as ambulâncias possam estar disponíveis para emergências reais. O CB aproveitou ainda a ocasião para anunciar uma série de actividades de festejo do 133.º aniversário, onde se inclui a abertura ao público do seu quartel no Lago Sai Van no próximo dia 17 de Abril (domingo), das 10h às 17h. Experienciar o trabalhos do bombeiros, está no programa assim como bancas de jogos, exposições de equipamentos e viaturas de salvamento, demonstrações de salvamentos entre outras actividades.
Joana Freitas BrevesIACM | Árvores desaparecidas arrancadas pelo The 13 As vinte árvores que desapareceram o mês passado em Seac Pai Van foram afinal arrancadas por trabalhadores da obra do hotel The 13. De acordo com a TDM, o caso continua a ser investigado, mas a informação foi revelada pelo próprio Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). “As pessoas das obras já admitiram terem arrancado as árvores e arrancar árvores sem permissão é um crime”, frisou um responsável do IACM, citado pela TDM. O IACM estima a perda de 300 mil patacas, mas diz que mais novidades só depois de finda a investigação da polícia.
Joana Freitas BrevesETAR | Waterleau recebe 52 milhões A Waterleau e a Beijing GSS vão ficar responsáveis pela operação e manutenção das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Taipa e do Aeroporto Internacional de Macau. O anúncio foi ontem publicado em Boletim Oficial, num despacho assinado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On. O consórcio vai receber 52,3 milhões de patacas pelo serviço. A Waterleau esteve envolvida no caso de corrupção do ex-Secretário Ao Man Long.
Hoje Macau BrevesVenetian | Shrek em versão musical em Julho Com letra de David Lindsay-Abaire, um vencedor do Pulitzer, e música de Jeanine Tesori, vai chegar em breve a Macau o musical de Shrek baseado, naturalmente, no filme de animação com o mesmo nome da DreamWorks, que foi galardoado com um Óscar. Macau surge no roteiro desta que será a primeira tournée internacional da produção e que acontece no Venetian, em Julho. Esta adaptação traz de volta a história do ogre verde que, num reino distante virado de cabeça para baixo, começa a ver o caso mal parado quando decide resgatar uma princesa mal-humorada. O irrequieto burro também surge no elenco deste conto de fadas, recheado de todo o tipo de confusão típicas da história. Dave Horton, director de Marketing Global da Las Vegas Sands e Sands China garante estar muito animado com a chegada deste evento a Macau explicando que se insere na estratégia de divertimento da operadora “trazer shows internacionais para a região”. “Shrek, o Musical” é coreografado por Chris Bailey e dirigido por Stephen Sposito que serviu como Director Associado do espectáculo revivalista da Broadway “How To Succeed In Business”, protagonizado por Daniel Radcliffe. O guarda-roupa é da responsabilidade de Tim Hatley (Private Lives, Spamalot). O espectáculo conta com o apoio do Instituto Cultural e será apresentado em Inglês. Serão 21 apresentações, entre o dia 22 de Julho e 7 de Agosto de 2016. Os bilhetes estão à venda a partir de hoje e custam entre 180 a 780 patacas.
Hoje Macau BrevesCasa Garden | Pintura de Cabo Verde inaugura amanhã Abre amanhã, pelas 18h30, na casa Garden, “Distant Shore”, a mais recente exposição do artista cabo-verdiano Alex da Silva. A mostra, promovida pela Associação de Divulgação da Cultura Cabo-verdiana (ADCC) de Macau, acontece na comemoração do seu segundo aniversário, em que se juntam também os quarenta anos das relações diplomáticas com a China. A exposição reúne cerca de trinta obras que, segundo a organização, são exemplos da pintura nacional contemporânea. A ADCC salienta ainda que Alex da Silva conta já com um vasto currículo, sendo referência nas artes plásticas no espaço dos países de Língua Portuguesa. Alex da Silva teve formação na Holanda, na Willem de Kooning Academy em Roterdão e pós-graduação e mestrado na Minerva Academy, em Groningen, país onde também reside alternadamente com Cabo Verde. Com obra feita nas áreas da pintura, desenho com colagem, fotografia e escultura, o artista tem visto o seu trabalho a ser exposto um pouco por todo o mundo. A exposição ficará patente até 21 de Abril, seguindo para Pequim, e conta com entrada livre.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFilipinas | Emigrantes começaram a votar nas presidenciais Cinco mil filipinos estão registados em Macau para votar para as próximas presidenciais do seu país, agendadas para 9 de Maio. O processo de votação no estrangeiro começou este fim-de-semana. Os que vivem em Macau acreditam que o candidato Rodrigo Duterte irá combater a corrupção e a pobreza [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara os filipinos a religião está em todo o lado, até na política. Depois de tirar uma selfie com as amigas com quem vai à Igreja todos os domingos, Airysh Acupan fala com o HM enquanto espera junto ao Consulado-geral das Filipinas em Macau, onde vai depositar o seu voto para as próximas presidenciais. Quando lhe perguntamos sobre a sua preferência é a Bíblia que surge imediatamente no seu discurso. Para Airysh Acupan, é a Bíblia que explica a esperada adesão massiva dos eleitores às próximas presidenciais filipinas, agendadas para o dia 9 de Maio. “Precisamos de mudanças no nosso país. Está escrito na Bíblia que temos de seguir o sítio ao qual pertencemos e esse é as Filipinas”, disse Airyshn Acupan. Não é só a fé que reside neste acto eleitoral. É também a esperança. Há cinco candidatos a correr ao lugar de presidente das Filipinas mas, em Macau, só um parece recolher a simpatia dos eleitores: Rodrigo Duterte. Antigo Mayor da cidade de Davao, é tido como aquele que vai salvar o país da violência e da corrupção nos meandros políticos. Ao lado de Duterte correm a senadora Grace Poe, Manuel “Mar” Roxas II, a senadora Miriam Defensor Santiago e Jejomar Binay, actual vice-presidente. De onde vem então a popularidade de Duterte? Airysh Acupan é de Davao e assume que viu desde o início o bom trabalho do mayor da sua cidade, tida há poucos anos como uma das mais violentas do país. “Vou votar em Duterte porque vi de perto o trabalho que fez na minha cidade e os serviços que implementou. Rezo para que o nosso país mude, porque sei que o meu país é dos mais ricos da Ásia, mas isso é apenas para alguns”, defendeu Airysh, a residir em Macau há pouco mais de dois anos. E Airysh não está sozinha na sua convicção. “Para mim o candidato mais famoso é Duterte, aquele que tem vindo a lutar contra a corrupção, o tráfico de droga e a violência, e é o que recebe mais apoio das pessoas. É o único que tem dignidade e que faz aquilo que promete”, referiu ao HM Cielo Candinado. “Muitos têm a esperança numas eleições mais transparentes, o que não aconteceu nas últimas eleições, então muitas pessoas desistiram de participar. Mas desta vez a comunidade filipina quer mudar e tem esperança. Todos adoram o Duterte por comparação a outros candidatos”, acrescentou esta cidadã filipina, que encontrámos no mesmo local. À saída do Consulado, onde foi votar com a esposa, está também Jun Trinidad. Ultrapassa a timidez para dizer que as próximas presidenciais serão protagonizadas por Rodrigo Duterte e Grace Poe. “As eleições vão disputar-se entre um homem e uma mulher e os restantes candidatos não são bons. Duterte não está ligado à corrupção e votei nele e em Mar Roxas para a vice-presidência”, apontou. Em Macau há sete anos, onde diariamente luta para dar uma boa educação aos seus filhos, Jun Trinidad tem o sonho de poder trabalhar e viver no seu país. “A corrupção é o maior problema mas também precisamos de ter melhores empregos e salários. Quero ficar no meu país e essas devem ser as prioridades. Temos muitos problemas nas Filipinas e temos de ter um líder que resolva os problemas passo a passo.” Mais transparência O passado eleitoral recente das Filipinas ficou manchado por episódios de alegadas fraudes, o que afastou as pessoas das urnas. Mas desta vez parece haver uma esperança renovada. “A comunidade filipina está mais interessada em relação às últimas eleições. Este ano cerca de 90% vai votar, esperamos eleições mais transparentes, embora muitos ainda digam que vão colar coisas nos boletins de voto”, explicou Jun Trinidad. “Em 2012 as eleições não preocupavam as pessoas porque eram sempre os mesmos na política. Mas agora as pessoas querem votar, porque de facto queremos uma mudança no nosso país. Há muitos crimes que não são resolvidos e muita violência”, assumiu Corazon, uma conterrânea a residir em Macau. “Todos vão votar no Duterte, porque as pessoas querem eleger alguém que possa levar os outros a seguir a regra da lei. E Duterte pode fazer isso”, acrescentou a filipina, a viver em Macau há cerca de quatro anos. Em Manila, a capital do país, Corazon tinha trabalho mas despediu-se. “[Nas Filipinas] há mais trabalho para as pessoas, mas não aqueles que as pessoas procuram, sobretudo quem tira cursos superiores. Está melhor agora do que antes, mas para muitos a situação ainda pode melhorar. Há muitas coisas para mudar nas Filipinas, como a corrupção e a pobreza, e muitas outras coisas, sobretudo nas províncias. Actualmente vemos algum progresso mas queremos mais, sobretudo na corrupção que é uma coisa muito grave no país, sobretudo na política”, acrescenta. Jogo e política Se Rodrigo Duterte conseguiu pôr a cidade de Davao numa melhor posição em termos de segurança, Grace Poe, senadora desde 2013, esteve ligada ao processo de combate à fraude eleitoral. O seu nome já surgiu ligado ao grupo junket Suncity por um alegado financiamento de 150 milhões de pesos filipinos para a sua campanha eleitoral, mas tudo foi negado até ao momento. Numa resposta dada ao HM, o Suncity Group negou qualquer doação e disse mesmo que o jornal que deu a notícia poderia enfrentar um processo em tribunal. O Suncity Group também opera no sector VIP dos casinos de Manila. Cielo Candinado não sabe se essa ligação vai ou não influenciar o resultado final. “Não sei se ela vai ter os votos das pessoas, mesmo com essas ligações aos casinos. Tudo vai depender da decisão dos filipinos. O rumo da própria indústria do jogo também vai depender muito do próximo presidente eleito”, defendeu. A verdade é que Grace Poe tem surgido em primeiro lugar em muitos questionários e sondagens realizados nos últimos dias, enquanto que Rodrigo Duterte surge em segundo lugar. Segundo a TDM, a recolha de votos no estrangeiro começou este fim-de-semana estando registados 1,3 milhões de eleitores. Só em Macau espera-se o voto de cinco mil filipinos. A TDM noticiou a ocorrência de problemas com a ausência de alguns nomes dos cadernos eleitorais, questão que deverá ser resolvida com a comissão eleitoral em Manila, confirmou a Cônsul-geral na RAEM, Lilybeth Deapera. Os eleitores vão escolher não apenas o presidente do país mas também o vice-presidente e também parte dos membros do Senado e do Congresso. Mais de 50 candidatos concorrem a um lugar no Senado, incluindo Manny Pacquiao, lutador de boxe que deverá deixar os ringues este ano. Para o Congresso serão eleitos cem lugares. Os representantes municipais e distritais começaram a campanha no passado dia 26 de Março. Cerca de 54,4 milhões de pessoas poderão votar nestas eleições.
Hoje Macau BrevesCCM | Poesia ao piano com Alexandre Tharaud A Orquestra de Macau apresenta, em Junho, o concerto “O grande pianista” no grande auditório do Centro Cultural de Macau. Com a interpretação do “Concerto para Piano” e “Orquestra em Lá menor” de Edvard Grieg, a acontecer a 5 de Junho pelas 20h00, o evento conta com a actuação de Alexandre Tharaud, aclamado como “o poeta moderno do piano”. Tharaud é conhecido pela participação no filme “Amour”, galardoado com a Palma de Ouro do 65º Festival de Cannes e o Óscar de 2012 na categoria de melhor filme estrangeiro. O pianista, que conta já com mais de 20 álbuns no mercado, junta também à sua carreira o 1º prémio no Concurso Internacional de Música Maria Canals de Barcelona e o 2º prémio no Concurso Internacional de Música ARD de Munique. Para a organização, estamos perante um “artista com um estilo único e técnica de interpretação perfeitas”, factores que têm destacado o interprete perante a crítica. “O grande Pianista” conta ainda com a interpretação da “Sinfonia N.º 8” de Ludwig van Beethoven, sob a direcção do maestro Jean-Philippe Tremblay. Os bilhetes já estão à venda e os preços vão das cem às 350 patacas, sendo que os bilhetes adquiridos até 15 de Abril têm desconto, bem como bilhetes para grupos acima das três pessoas.
Sérgio Fonseca Desporto Grande Prémio de MacauSuper GT | Organizadores anunciaram corrida para 2017 [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]campeonato nipónico Super GT, onde corre o piloto de Macau André Couto, está a tentar colocar de pé uma corrida na China. Numa conferência de imprensa no passado fim-de-semana, em Okayama, quando questionado sobre quais os planos futuros para a internacionalização da competição japonesa, o presidente da empresa promotora do campeonato, Masaaki Bandoh, disse que há planos para a realização de uma corrida extra campeonato entre participantes da classe GT300 e concorrentes do Blancpain GT series. O dirigente máximo da GT Association afirmou aos jornalistas que a corrida será realizada na China, mais precisamente na cidade de Cantão, tendo apontado como data 1 de Fevereiro de 2017. Apesar da capital da província de Guangdong possuir um circuito permanente, situado na cidade de Zhaoqing, Bandoh disse que a prova será realizada num circuito montado numa base aérea. A corrida será co-organizada pela GT-Association e pela Stéphane Ratel Organisation (SRO), contando para isso com dez viaturas convidadas do Super GT, todas elas da classe GT300, e outras dez do campeonato Blancpain GT series. A organização de Stéphane Ratel, que coloca de pé as séries Blancpain na Europa, goza de uma relação privilegiada com os japoneses, pois as viaturas GT3 da classe GT300 correm com o “Balanço de Performance” dos campeonatos da SRO. A organização francesa, que tem escritórios em Londres, está hoje em dia também presente na Ásia, organizando as 12 horas de Sepang, na Malásia, onde os GT300 de construção japonesa são aceites, para além de ser instrumental na organização da Taça do Mundo FIA de GT do Grande Prémio de Macau. A SRO ainda não fez qualquer comentário público sobre este anúncio. Experiências falhadas O campeonato Super GT tem tentado por diversas vezes organizar uma corrida na República Popular China, mercado vital para os construtores automóveis nipónicos e fornecedores da indústria automóvel do país do Sol Nascente. Porém, todas as tentativas passadas para a realização de uma prova na China Continental não tiveram sucesso. Em 2004, a GT-Association planeou uma All-Star Race” para o circuito permanente da cidade Zhuhai que acabou por não se realizar. Em 2012, houve uma nova tentativa, com um resultado final idêntico. Dois anos depois, o campeonato Super GT, desta vez em parceria com o campeonato alemão DTM, anunciou novamente que pretendia organizar um evento conjunto na China Continental em 2015. Também este projecto não saiu do papel. Couto soma os primeiros pontos André Couto iniciou a sua participação na edição do campeonato nipónico Super GT no fim-de-semana passado com um oitavo lugar na ronda de abertura, realizada no circuito de Okayama. O campeão em título da classe GT300 fez uma corrida de recuperação, após ter largado da 17ª posição da grelha de partida. Depois das indicações dadas nos testes oficiais de pré-temporada, as dificuldades que o piloto português residente em Macau encontrou nesta corrida eram expectáveis, com o Nissan GT-R Nismo do Team Gainer, calçado pela Dunlop, a demonstrar dificuldades em voltas de qualificação. Contudo, Couto e Ryuichiro Tomita conseguiram com este oitavo lugar arrecadar valiosos pontos na categoria nesta primeira corrida. O campeonato continua com os 500km de Fuji, prova que tem a singularidade de ser disputada a uma quarta-feira, 4 de Maio, durante o período de férias da “Semana Dourada”.
Tomás Chio Manchete SociedadeTáxis | Apenas 20 taxistas protestaram contra nova lei As revisões ao regulamento dos táxis continuam a gerar polémica, mas a verdade é que apenas 20 condutores de táxi decidiram participar no protesto de ontem, que culminou na entrega uma carta ao Governo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s taxistas continuam a pressionar o Governo para mudar o conteúdo do projecto de lei que vai rever o actual regulamento dos táxis. Ontem de manhã foi organizado um protesto onde, segundo dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), participaram apenas 27 taxistas. Os participantes fizeram marcha desde as Portas do Cerco e queriam seguir até às instalação dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), na Estrada D.Maria II, mas a polícia não deixou. Ficaram, antes, a dar voltas ao quarteirão. Foi apenas Chan Ka Seng, vice-presidente da Associação dos Direitos dos Taxistas, quem chegou ao local. O responsável diz que o número de participantes ficou aquém do previsto e isso deve-se, diz, ao facto destes poderem ter receios de uma maior actuação e atenção por parte das autoridades policiais no futuro. “Já disse aos taxistas que a manifestação desta manhã é legal e ouvi alguns rumores de que os proprietários de alguns táxis não deixaram os condutores participar nesta manifestação”, explicou. Chan Ka Seng disse que a Associação está a planear mais acções, mas ainda não existe um plano concreto. O que é pedido Antes da entrega da petição, deu-se um momento caricato, quando Chan Ka Seng se esqueceu de trazer a petição com as reivindicações do grupo e teve de voltar atrás. Mais tarde, o documento lá foi entregue à DSAT: exigia que as punições não sejam aplicadas aos proprietários dos táxis, já que, se um táxi violar a lei oito vezes, a sua licença será cancelada. Outro pedido está relacionado com as despesas adicionadas em alturas de tufão. Chan Ka Seng disse ainda discordar da introdução dos polícias à paisana, porque acha que há falta de um sistema de fiscalização. “O principal problema com o qual os taxistas se deparam é com a sua privacidade e a injustiça cometida pelos polícias à paisana quando estes exercem a sua autoridade.” O responsável acusou ainda a polícia de querer aplicar infracções de forma pouco transparente. “No caso de Hong Kong a polícia tem alguns equipamentos de videovigilância para testemunhar as ilegalidades cometidas pelos taxistas, e isso é testemunha de que exercem a sua autoridade com justiça, não é apenas contra o sector dos táxis.” A Associação dos Direitos dos Taxistas, que dirige Chan Ka Seng, só foi criada em Fevereiro do ano passado, numa altura em que o Governo já discutia as alterações a aplicar ao Regulamento do Transporte de Passageiros em Automóveis Ligeiros de Aluguer ou Táxis e, ao que indicam membros das outras associações, não terá a concordância de todos os motoristas. Lei ainda este ano Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, confirmou que a revisão do regulamento dos táxis deverá ficar concluída este ano, tendo garantido que nesse processo “o Governo tem de tomar uma atitude de equilíbrio, ponderando as opiniões da população em relação ao sector, bem como as reivindicações apresentadas”. Sobre o protesto realizado, a Secretária disse que o “Governo respeita que a população manifeste as suas opiniões de forma razoável, com fundamentos e de forma legal”, esperando que se possam evitar “actos radicais”. DSAT inflexível Numa reacção ao protesto via comunicado oficial, a DSAT garante que, para além de aumentar o valor das multas, vai “definir com clareza a suspensão ou cancelamento da licença de táxi ou da qualificação profissional para os condutores de táxis com vista a aumentar os efeitos dissuasores”. O Governo diz ainda que “no momento em que se procede à revisão do regulamento, irá também continuar no reforço do combate as respectivas irregularidades”, apelando ao sector de táxis para não desafiarem a lei.
Flora Fong Manchete PolíticaCriminalidade Informática | Grupo de trabalho para rever diploma Continua sem data, mas já foi dado um primeiro passo nas alterações à Lei de Combate à Criminalidade Informática: o Governo criou um grupo de trabalho que está a recolher opiniões, nomeadamente no que à aplicação da lei, investigação e sanções diz respeito [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi já criado um grupo de trabalho para rever a Lei de Combate à Criminalidade Informática, em vigor desde 2009. O anúncio foi feito pelo Gabinete do Secretário para a Segurança, que afirmou que este grupo foi especialmente criado e está a recolher opiniões de assessores jurídicos e da Polícia Judiciária (PJ) para publicar um documento que integre todas as sugestões de alteração. O Gabinete de Wong Sio Chak responde, assim, a uma interpelação escrita da deputada Kwan Tsui Hang, que questionou o Governo sobre quando é que pode concluir os trabalhos de revisão ao diploma. A chefe do Gabinete, Cheong Ioc Ieng, afirmou que “no início deste ano, iniciou-se a coordenação de trabalhos da revisão da lei, incluindo a fundação deste grupo composto por assessores jurídicos e por agentes da Divisão de Investigação de Crimes Informáticos e da Divisão de Informática Forense da PJ”. Este ano, o director da PJ, Chau Wai Kuong, voltou a referir que é necessária a revisão à Lei de Combate à Criminalidade Informática devido à ocorrência frequente de burlas online. “Nos casos graves queremos que as penas sejam mais graves”, disse Chau Wai Kuong aos jornalistas à margem de um encontro anual com a imprensa. Não foi avançado um possível calendário para a revisão da lei e essa data continua, para já, em segredo, mas o grupo de trabalho está a recolher opiniões mais focado nos âmbitos de aplicação da lei, obtenção de provas e sanções. Cheong Io Ieng espera publicar as opiniões o “mais rápido possível”. Ajustes tecnológicos A deputada Kwan Tsui Hang questionou ainda o Executivo sobre como é que pretende reforçar as capacidades de investigação e de execução da lei para combater novos tipos de crimes, devido ao desenvolvimento da tecnologia informática. Cheong Ioc Ieng disse que a PJ “vai estar atenta à situação actual e tendência de crimes na internet”, bem como ajustar as estratégicas e os trabalhos para a prevenção e combate de crimes informáticos. Os agentes de investigação vão também trocar informações com autoridades de outros países e regiões, sobretudo com o interior da China e Hong Kong. Em cima da mesa está também o envio de investigadores e técnicos para aprender sobre a tendência de novos tipos de crimes no estrangeiro.