Música | Rádio Macau convida população a assinalar dia do disco

Idos os tempos de andar na rua com o disco debaixo do braço para emprestar ao amigo, há ainda quem não queira deixar este objecto de lado. O “Record Store day” existe para o lembrar e o território também quer fazer parte. Assim, a Rádio Macau vai dar essa possibilidade a quem quiser mostrar o seu vinil preferido, num programa durante todo o dia de amanhãPessoal e transmissível

O convite é “mesmo para todos” e as escolhas são pessoais, do mais antigo ao mais recente amante do vinil e aos djs que possuem colecções substanciais. Os interessados devem dirigir-se amanhã ao longo do dia, de vinil na mão, às instalações da Rádio Macau, no sétimo andar do Edifício Nam Kwong.
O “Record Store Day” foi criado em 2007 por um conjunto de lojas de discos independentes e dos seus funcionários de forma a celebrar e divulgar a sua cultura única. O primeiro foi celebrado a 19 de Abril de 2008 e desde aí todos os terceiros sábados desse mês são festejados, sendo que actualmente a comemoração já cobre o mundo inteiro. O dia é ainda assinalado com a promoção das mais diversas iniciativas que incluem vários eventos, lançamentos de edições especiais de CDs e vinil e de produtos promocionais associados.


14 Abr 2016

Adjudicações | Chui Sai On promete escusa sempre que necessário

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, garantiu que “pedirá escusa em todos os casos onde possa surgir conflito de interesses, no cumprimento de uma conduta que considera indispensável para um Chefe Executivo”. A promessa chega depois da polémica da atribuição de serviços a uma empresa do primo e deputado José Chui Sai Peng.
Em comunicado à imprensa, Chui Sai On garante “cumprir rigorosamente com o estipulado na Lei Básica”, assim como no juramento da sua tomada de posse, onde se comprometeu a seguir a lei e a executá-la com lealdade. Chui Sai On reagia à atribuição dos serviços para a Criação dos Materiais Didácticos para Conhecimentos Gerais do Ensino Primário à Associação Promotora das Ciências e Tecnologias de Macau, dirigida pelo seu primo Chui Sai Peng.
Chui Sai On reforçou a legalidade da atribuição. Questionado sobre a nomeação do seu irmão, Chui Sai Cheong, para o Conselho de Magistrados do Ministério Público, o Chefe do Executivo frisou que “nunca interferiu nesta matéria, limitando-se apenas a aceitar os candidatos propostos pela referida Comissão”. É inevitável, diz Chui Sai On, “conhecer muitas pessoas no círculo social que frequenta”, até por, diz, a sua família vive em Macau “há várias gerações” e tem-se destacado no trabalho “a favor da sociedade” durante os últimos 30 anos.

14 Abr 2016

Shuen Ka Hung continua no CPTTM

O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, renomeou Shuen Ka Hung como presidente e director-geral da direcção, com funções executivas, do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CPTTM). O antigo director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) vai manter-se no cargo por um período de dois anos, depois de já ter estado na liderança do organismo pelo mesmo período.

14 Abr 2016

Quarto caso de dengue importado

Os Serviços de Saúde (SS) confirmaram esta terça-feira a detecção de um caso de febre de dengue importado, o quarto registado. O caso foi detectado numa mulher com 35 anos de idade, residente na Avenida do Almirante Lacerda, que esteve na Malásia de 24 a 28 de Março deste ano. Após regressar à RAEM, a 3 de Abril, a doente manifestou entre outros sintomas, febre, dores de cabeça e musculares. A 9 de Abril, após a febre ter baixado, apresentou erupções cutâneas nos quatros membros. O Laboratório de Saúde Pública confirmou os resultados positivos a dengue. O caso foi classificado como o quarto importado na RAEM desde o início do ano.

14 Abr 2016

Mãe violou filho por 200 mil patacas

Uma mãe de 27 anos violou o filho de apenas três e filmou todo processo para entregar a gravação a um homem que garantiu pagar 200 mil patacas pelo vídeo. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a Polícia Judiciária (PJ) recebeu a denúncia de uma escola sobre um vídeo de violação que foi publicado num grupo de pais numa rede social. A PJ deteve a mãe, que é membro deste grupo de pais, e que explicou à PJ que conheceu um homem via WeChat quem prometeu o pagamento pelo vídeo da violação. A mulher violou o filho na casa de um amigo, porque vive separada do marido e da criança. No final não recebeu qualquer quantia. A PJ procura agora o homem que aliciou a mãe.

14 Abr 2016

ILCM | Óscares para angariar fundos

O International Ladie’s Club of Macau (ILCM) vai promover no próximo sábado, o “Oscar Charity Ball” a decorrer no Studio City, em mais uma iniciativa de recolha de donativos para fins de caridade.
Neste baile, a ILCM pretende recriar o ambiente associado à cerimónia dos Óscares convidando todos os interessados em participar a caprichar na apresentação, não só enquanto participantes de “gala” como também se quiserem “vestir a pele” das suas estrelas do cinema ou dos seus filmes de eleição nomeados para a estatueta.
Segundo a organização, o clube, surgido em 1082 com o objectivo de ajudar os recém-chegados a Macau a estabelecerem-se, vive de trabalho voluntário contando já com cerca de 300 membros de cerca de 25 nacionalidades.
De modo a promover o sentimento de pertença a Macau, todos os anos o ILCM promove acções de angariação de fundos com fins de caridade sendo o “Oscar Charity Ball” de grande importância na medida em que o Clube estima angariar cerca de um milhão de patacas numa altura em que teme que os fundos governamentais para actividades de caridade venham a descer. A inscrição tem um valor de 1600 patacas por pessoa, que irá na totalidade para ajudar quem mais precisa e que incluem vinho e cerveja, bem como a entrada na discoteca Pacha.

14 Abr 2016

Contratação de Lacerda Machado desvalorizada por analistas locais

Um jogo de transparência – foi esta a exigência colocada a António Costa. Partidos quiseram explicações sobre a contratação de Lacerda Machado para consultor e o Primeiro-Ministro deu-as. Por aqui, Lacerda Machado é visto como um “homem de negócios”, com boas relações e tudo não passou de uma falsa “polémica”

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]udo não passa de “um jogo político”. É assim que Arnaldo Gonçalves, especialista em Relações Internacionais e comentador político, também militante do Partido Social Democrata (PSD), e Tiago Pereira, representante do Partido Socialista em Macau (PS), caracterizam a mais recente polémica que envolve António Costa, Primeiro-Ministro, e o seu amigo de juventude Diogo Lacerda Machado.
O verniz estalou quando o PSD, na segunda-feira passada, anunciou que iria requerer o acesso ao contrato, feito pelo Governo e o advogado Lacerda Machado, para tentar perceber qual a função que permite ao amigo próximo de António Costa representar o Primeiro-Ministro nas negociações dos assuntos do país. Negócios estes como a problemática do caso dos lesados do Banco Espírito Santo (BES), no processo da TAP e também nas reuniões com Isabel dos Santos e os representantes do Caixabank.
Para Arnaldo Gonçalves, a presença de Lacerda Machado é “natural”. “É normal que isto aconteça, é um amigo próximo de [António] Costa, é um homem de negócios, é também próximo do [ex-Presidente] Jorge Sampaio. As relações são antigas e é natural as pessoas rodearem-se de pessoas em quem têm confiança”, explicou. É preciso notar, frisou, que o Primeiro-Ministro português “não tem conhecimento nenhum” de gestão de empresas, por isso, é “normal que peça a alguém que seja especializado no Direito Comercial, Direito das Empresas, Direito Fiscal” ajuda. “E, claro, o Diogo é um homem forte nessa área”, apontou.
Amigos, amigos, negócios à parte é o que entende tanto o PSD, como o Bloco de Esquerda (BE). Em declarações ao meios de comunicação portugueses, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE, exigiu que o Governo explicasse todo este processo de prestação de serviços. Frisou que “não podem existir ministros ou consultores sombra”, sendo que em democracia não existe, ou não deve existir, a “ideia de que há espaços-sombra onde as relações contratuais não são esclarecidas”. Também o Partido Comunista Português (PCP) se juntou ao movimento e quis que o Governo explicasse esta ligação.
Reacções partidárias muito claras do que é o “jogo político”, diz Tiago Pereira, que considera este tipo de escolhas muito comuns. “Isto tem sido, de facto, explorado para criar alguma polémica política, mas não vejo que seja uma fonte polémica mais ou menos significativa. Não vejo”, explicou ao HM, indicando que estas contratações acontecem de forma constante.
Miguel Bailote, representante do PSD em Macau, não podia estar mais de acordo com o pedido do seu partido. “Quanto mais transparentes forem estes contratos, ou essa nomeações, mais o público vai ficar beneficiado. A política deve caminhar no sentido da transparência. Este é um pedido legítimo”, declarou.

Assunto arrumado

António Costa resolveu. No final do dia de terça-feira, num comunicado à imprensa portuguesa, o Primeiro-Ministro esclareceu que o novo consultor do Governo terá um contrato de “prestação de serviços de consultadoria estratégica e jurídica, na modalidade de avença, em assuntos de elevada complexidade e especialização”. O advogado irá receber dois mil euros brutos, mensais, mais IVA, e o contrato dura até ao último dia do ano.
As competências de Lacerda Machado passarão pela emissão de “pareceres jurídicos relativos a assuntos indicados pelo Gabinete do Primeiro-Ministro”, assessoria a “processos negociais, incluindo mediação e conciliação” e ainda a “elaboração de relatórios, acordos, memorando e demais documentos que lhe sejam solicitados no âmbito das prestações objecto do contrato a celebrar”.
“[Lacerda Machado] é um homem muito seguro nas suas opiniões, muito responsável na forma como faz as coisas”, acrescentou Arnaldo Gonçalves, aditando que o novo consultor é um “excelente” profissional e “faz-se pagar bem”.
Em entrevista ao Diário de Notícias, António Costa explicou que Lacerda Machado é um “amigo de muitos anos” que sempre se disponibilizou para ajudar o Governo. “(…) É o meu melhor amigo há muitos anos, temos uma relação muito próxima, já foi meu Secretário de Estado. Por razões pessoais, não teve condições para poder exercer funções governativas”, explicou.
Questionado sobre se haveria necessidade de contrato, Costa afirmou que não e que esta assinatura serviu apenas para gastar dinheiro público. “(…) É simplesmente mais caro para o Estado. (…) Acho simplesmente um dinheiro que podia não ser gasto. E, felizmente, [Lacerda Machado] tem podido colaborar, assim como continuará a colaborar comigo”, frisou.
O Primeiro-Ministro adiantou ainda que o amigo tem sido uma peça fundamental em várias pastas e “em diferentes dossiês, onde a sua expertise negocial tem ajudado a resolver bastantes problemas”, apontou. Como é o caso da TAP, mencionada no comunicado à imprensa que, diz António Costa, permitiu ao “Governo garantir a participação em 50% do capital” da empresa.

O passado e o presente do braço direito e amigo do peito de António Costa está ainda ligado a Macau. Foi uma sugestão de António Costa, em 1988, a Magalhães e Silva, na altura Secretário-adjunto para a Administração e Justiça, que fez com que Lacerda Machado voasse até Macau, como recorda a revista semanal Visão. Três anos depois, o advogado retornou a Portugal, depois de estar envolvido nos trabalho de preparação da tradução de leis para a língua chinesa.
As ligações com este lado do mundo não mais terminaram, sendo que o advogado exerce neste momento funções como administrador na empresa Geocapital, do magnata Stanley Ho, aquela que é a “ponte entre o Oriente e Ocidente, entre a República Popular da China, Portugal e o mundo lusófono”, como a própria se apresenta. Antes disso, Lacerda Machado passou pela Construções Técnicas, empresa que também marcou presença no território.
“É um homem que sempre foi um braço direito do escritório Almeida Santos, quer como escritório de advogados, quer como mediador de negócios”, explica Arnaldo Gonçalves. Escritório que tem várias parcerias com o grupo de Stanley Ho. “Tiveram intervenção no mercado de Macau, mas também no africano. Tiveram vários negócios. O Diogo esteve sempre ligado a este grupo”, reforçou. “É um homem ligado a Macau e ao grupo de Macau. Tem ligações antigas com o Jorge [Costa] Oliveira (actual Secretário de Estado da Internacionalização) e com o Eduardo Cabrita (agora Ministro-Adjunto), desse grupo que esteve aqui no fim dos anos 80 e que fez parte da [equipa] da Administração e Justiça”, recorda o comentador político.

14 Abr 2016

Virgens britânicas, ilhas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]“caso” dos papéis do Panamá – chamá-lo de “escândalo” seria demasiado presunçoso – está para lavar e durar. Eis a novela da vida real por excelência, a confirmação em papel timbrado de tudo o que a vizinha cusca do andar vinha andando a dizer todo este tempo, em suma, “ainda bem que não é comigo…mas antes fosse…”, suspira o Zé pagante. Da “vox populi” tenho ouvido coisas como “quer dizer, a gente fazia uma ideia, mas não assim tanto…”. Tanto? Onze milhõezinhos de páginas? O que é isso, quando há processos judiciais que se arrastam durante anos a fio que chegam a produzir literatura quase tão extensiva quanto isso? Isto é malta que gosta de por o preto no branco, deixar tudo por escrito, não vá o Diabo tecê-las. Afinal com o dinheiro não se brinca: compra-se antes a brincadeira.
Mas deixemo-nos de conversa fiada, e vamos ao tema que prometi na semana passada que iria hoje abordar: as Ilhas Virgens Britânicas, o último grito em paraísos fiscais, sucedendo assim às Ilhas Caimão, muito na berra durante os anos 80 e 90 do findo século XX. E o que têm estas ilhas em comum, além da insularidade e do facto de ambas ficarem localizadas no Mar das Caraíbas? Bem, assim de repente só me consigo lembrar de uma coisa: nada sabemos de nenhuma delas, nem de empresas “offshores”, e no fim ficamos meio abananados, pensando que se calhar seria melhor se soubéssemos, indiferentes ao que dissesse o raio da velha, a tal vizinha de cima.
Por incrível que pareça, há um compatriota nosso bem conhecido que deve saber imenso sobre as Ilhas Virgens Britânicas, e alguém insuspeito também: André Vilas-Boas. Esse mesmo, o treinador de futebol actualmente ao serviço dos russos do Zenit foi em tempos seleccionador das Ilhas Virgens Britânicas, quando ainda se sabia menos das mesmas. Desconheço se foi mesmo treinador da selecção desse micro-estado da América Central, mas não tenho razões para duvidar disso – quem ia querer incluir uma banalidade dessas no seu currículo? O caso mudava de figura se o técnico por quem os adeptos portistas devem estar a esta hora a suspirar afirmasse que tem uma empresa “de facto” naquele país. Com uma população de 30 mil habitantes (menos que a Rinchoa) não deve ser difícil escolher o onze para alinhar pela selecção. Difícil sim deve ser arranjar tempo, uma vez que existindo mais empresas com capitais anónimos do que pessoas, os “virgenenses britânicos” devem estar TODOS empregados em mais que uma delas, e mal lhes sobra tempo para dançar o limbo. Ou será mesmo assim?
A capital deste “paraíso fiscal”, que é para onde o Tio Patinhas vai quando morrer, é uma cidade que dá pelo nome de Road Town, que fica localizada em Tortola, a maior ilha do Pequeno Arquipélago. A segunda maior ilha chama-se “Virgem Gorda”, e agora já sei o que estão a pensar: “é por isso que ainda é virgem”. Ai ai, seus marotos. Adiante. Em Road Town existe um tal “Offshore Incorporations Centre”, que é onde estão sediadas as tais empresas que são agora notícia. Ena, aquilo é que deve ser um alvoroço por ali, com todas aquelas empresas, e tal. Deve ser coisa para fazer Wall Street corar de inveja, certo? Nada disso; se atentarem ao endereço da sedes destas empresas, vão ver que começam com “P.O. Box”, seguida de um número, ou seja, uma mera caixa postal. Sou até capaz de “apostal” (eh, eh) que nem isso lá têm, e no limite há uma barraca qualquer com um infeliz sentado ao lado de um telefone, e cuja única função é atender e confirmar que “sim senhor, ali é a empresa tal do senhor tal, e ele agora não pode atender porque está numa reunião”.
Mas atenção, porque isto “tem uma razão de ser”, como escutei um senhor falar na televisão no outro dia, e as “offshores” “têm uma razão de ser”. Não duvido, mas não me parece que montar empresas fictícias em locais que ninguém sabe onde ficam e cuja mera menção do nome nos fazem lembrar “raggae” ou calipso com a finalidade de fugir ao fisco sejam uma “razão de ser” válida. Pelo menos para mim. Ah, e a propósito, já viram a quantidade de homenzinhos microscópicos oriundos das Ilhas Virgens Britânicas, os tais que trabalham dentro de caixas postais, que investiram em Macau? Imaginem que a área comercial quase toda da cidade, do Largo do Senado até ao património histórico foi açambarcada por “virgens britânicos”, e isto debaixo dos narizes dos nossos “tai lous”! Isso mesmo, pessoal: lá virgens podem ser eles, mas parvos é que não são mesmo nada.

14 Abr 2016

Táxis | Novos concursos serão diferentes, anuncia Governo

Depois de uma manifestação por parte dos taxistas, que contou com uma adesão aquém das expectativas, o Governo anunciou ontem um novo tipo de concurso para o futuro. Uma coisa é certa: montantes na corrida deixam de ser factores preferenciais

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]rimeiro foi a mudança no regulamento de táxis, que não agrada aos profissionais, e agora são as próprias regras dos concursos públicos para obtenção de licenças que vão ser alteradas. Foi o que anunciou ontem a Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Administração Pública.
O concurso aberto o mês passado “vai ser o último” que irá decorrer nestes moldes, onde o montante oferecido é o factor preferencial. No “futuro o Governo vai acabar com isto e vai adoptar um novo modelo (…) mas ainda não avançou qual”, começou por esclarecer o deputado Chan Meng Kam, presidente da Comissão de Acompanhamento que ontem reuniu com os membros do Governo, incluindo o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário.
“Os problemas dos serviços de táxis continuam por resolver. (…) As situações não têm melhorado”, apontou ainda o deputado. A forma como podem ser feitas as candidaturas – que neste momento podem ser empresas ou individuais – continua a ser uma das preocupações apresentadas pela Comissão ao Governo. “O Governo diz que vai ponderar sobre a realização de estudos sobre a política de investimento, sobre um modelo empresarial para aplicar na gestão de táxis”, explicou. Isto, pode levar a que no futuro existam apenas “empresas a gerir os táxis”, como as carreiras de autocarros.
“Há 20 meses que andamos a pedir ao Governo para estudar (…) e transformar os táxis em meios de transporte públicos. O Governo está a pensar em arranjar mais medidas, por exemplo, só as pessoas portadoras de licenças poderem concorrer aos concursos públicos de concessão de licenças e alvarás de táxis”, avançou.

Hipóteses na mesa

Em termos práticos, se o Governo optar por definir um plano de gestão empresarial a aplicar aos táxis, serão estas empresas as candidatas aos concursos públicos. No entanto, explica Chan Meng Kam, nada está decidido e o Governo está apenas a levantar hipóteses.
“O Governo disse ainda que está a estudar a possibilidade de ser um concurso [no futuro] para empresas, para acabar com as infracções. (…) Os táxis devem ser transportes públicos, não [uma] forma de investimento. O Governo está a estudar”, frisou.
Para já fica-se sem saber se serão as empresas ou os próprios taxistas possibilitados, exclusivamente, às candidaturas para os futuros concursos. A única garantia dada por Chan Meng Kam é a abolição dos montantes como factor de escolha dos próprios candidatos.
Até ao final do mês, explicou ainda o Governo à Comissão, será apresentada uma proposta de lei para “resolver os problemas dos táxis”.

Menos mal

Feita a análise ao primeiro trimestre do ano, o Comissão avança que registou-se uma queda de 20% de transgressões por parte dos taxistas, comparativamente aos três primeiros meses de 2015. “Entre ano, entre Janeiro e Março, houve uma queda de 20% dos casos de transgressões. Até ao momento registaram-se 1277 casos, sendo 416 relativos a abusos na cobrança da tarifa e 472 de recusa de transporte”, apontou, contrariamente aos 1724 registados entre o mesmo período durante o ano passado. “Em 2015, registou-se um total de 5079 transgressões, 1286 sobre cobrança excessiva da tarifa e 1874 que dizem respeito à recusa de transporte”, acrescentou o deputado.

Opiniões são de ouvir

Questionado sobre os protestos levados a cabo por alguns taxistas contra a revisão do Regulamento de Táxis proposto pelo Governo, o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, indicou que todas as opiniões, sejam elas de quem forem, devem ser ouvidas, mesmo de um número pequeno de manifestantes. “Temos de ouvir todos os tipos de opiniões e daí conseguir chegar a um equilibro”, disse o director aos jornalistas, no final da reunião com a Comissão. A todas cabe o “direito de protestar” e o Governo tem o “dever de ouvir e ter em conta todas as opiniões”. “Precisamos de encontrar um equilíbrio entre a sociedade e os profissionais do sector. É normal”, sublinhou. O director indicou ainda que a proposta do Governo é resultado da consulta pública, realizada em 2014, que reuniu opiniões de vários intervenientes e associações, sendo que muitas delas pediam que “lei estivesse pronta o mais rápido possível”.

Maioria dos taxistas não receia nova lei

Tony Kuok, membro do Conselho Consultivo do Trânsito e presidente da Associação de Mútuo Auxílio de Condutores de Táxi, disse ao Jornal do Cidadão que a maioria dos taxistas ditos “normais”, ou seja, sem infracções à lei, não receiam as alterações que o Executivo pretende implementar no actual regulamento dos táxis nem sequer a fiscalização da polícia.
“A maioria dos taxistas concorda com as novas regras a serem implementadas no regulamento, como a punição mais pesada para quem comete ilegalidades, a implementação de gravações áudio ou a retirada da licença”, disse.
Em relação ao protesto ocorrido na semana passada em frente aos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Tony Kuok criticou a iniciativa porque teve um impacto negativo junto dos moradores. O responsável disse também não concordar com a manifestação de segunda-feira, na qual participaram apenas 27 motoristas, porque este não ganhou o apoio da maioria.
“Os polícias sbem bem as informações dos taxistas que cometem ilegalidades. Eles ganham 200 patacas enquanto nós ganhamos 17 patacas. Isso afecta-nos, estou a falar de mais de dois mil taxistas”, apontou.
Tony Kuok explicou que muitos condutores não deixam outros colegas de profissão transportar passageiros junto ao Venetian, o que os deixa “furiosos”. O responsável diz que as ilegalidades são cometidas por uma pequena parte dos taxistas e que a maioria discorda dos actos ilegais.

13 Abr 2016

DSAMA procura responsáveis para resolver problema de estaleiro em Coloane

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m estaleiro de navios abandonado na povoação de Lei Chi Vun, em Coloane, está em risco de queda devido à falta de manutenção. A Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) avançou com uma investigação em colaboração com a Direcção dos Serviços dos Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e o Instituto Cultural (IC), que querem que os responsáveis pelo estaleiro tratem do problema “o mais depressa possível”.
Segundo o canal televisivo MASTV, um dos estaleiros abandonados de Lei Chi Vun irá ruir a curto prazo, algo que preocupa os moradores da zona. Os mesmos, em declarações ao canal, indicaram que nos últimos meses, com a chuva, os barulhos provenientes da estrutura do estaleiro têm aumentado e isto tem trazido bastante preocupação a nível de segurança. Os moradores indicaram ainda que a madeira que compõe o estaleiro tem cedido e a própria estrutura está a cair cada vez mais.
Apesar do estaleiro estar vedado, há mais de dez anos que está abandonado e as instalações dentro do estaleiro já cederam. Os moradores, temendo pela sua segurança, quiseram encontrar-se com os responsáveis para salvaguardar qualquer acidente que possa acontecer.
A DSSOPT enviou funcionários para investigar a situação e chegou à conclusão que o estado é “grave” e aconteceu devido à falta de manutenção ao longo dos anos. Depois de contactarem os responsáveis pelo espaço, o Governo realizou uma reunião urgente com os mesmos.
Durante a reunião, a DSAMA apelou a que os responsáveis resolvam o assunto o mais depressa possível para garantir a segurança dos moradores e dos edifícios em torno daquele estaleiro. Os responsáveis prometeram arranjar uma solução e o projecto de manutenção irá começar dentro desta semana.
O Governo já divulgou o Estudo do Planeamento da Povoação de Lai Chi Vun da Vila de Coloane, que conta com 16 estaleiros abandonados. A administração mostrou-se interessada em criar um museu sobre os estaleiros, mas até hoje ainda não há qualquer novidade.

13 Abr 2016

Chan Meng Kam | Estudo liga política a interesses no Jogo

Um estudo publicado no Journal of Contemporary Asia fala de uma “relação triangular” que o deputado Chan Meng Kam tem com o meio político, a indústria do Jogo e a comunidade de Fujian, fazendo lobbying em prol dos seus interesses

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se “Casino Interests, Fujian Tongxianghui and Electoral Politics in Macao” e é um artigo da autoria dos académicos de Hong Kong Sonny Shiu-hing Lo e Eric King-man Chong que estabelece a relação entre a presença de Chan Meng Kam na política local, os interesses que possui ao ser presidente do casino Golden Dragon e a comunidade de emigrantes de Fujian a residir em Macau.
Segundo o jornal Macau Daily Times, que cita o estudo publicado no Journal of Contemporary Asia, há uma “relação triangular” entre os interesses que Chan Meng Kam possui nestas áreas. O impacto da comunidade de emigrantes de Fujian, que representa 19% da população local, tem sido potenciado não apenas por Chan Meng Kam mas por outros líderes ligados à Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, com quem o deputado ganhou as eleições legislativas de 2013 e conseguiu, pela primeira vez, colocar um número dois e três no hemiciclo: Song Pek Kei e Si Ka Lon.
“A moldura da política étnica ou sub-étnica pode ser comparada com a política de clãs, já que actuam como grupos de interesses com uma identidade própria que é partilhada pelos membros e cujos interesses são articulados frente a frente com o Governo em termos de poder”, refere o estudo, citado pelo diário de língua inglesa. Os autores defendem ainda que estes grupos “podem fazer lobby junto do Estado para proteger os seus interesses e até para competir entre si”.
Existe, portanto, “um equilíbrio entre a mobilização eleitoral da comunidade de Fujian, a protecção dos interesses na área do Jogo dominados pelos líderes [do mesmo local] e os desafios do dia-a-dia dos residentes de Fujian que residem, na sua maioria, na zona norte de Macau”. Sonny Shiu-hing Lo e Eric King-man Chong falam ainda da existência no território de um “Estado-casino”, uma “situação onde as instituições políticas de Macau perdem a sua importância e a indústria dos casinos opera como um segundo Governo”.
O estudo refere que Chan Meng Kam não é o único deputado à Assembleia Legislativa com ligações ao Jogo, falando também de Angela Leong, administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), ou Melinda Chan, esposa do empresário David Chow, da Macau Legend Development.

Subtis ligações

Os académicos falam das legislativas de 2013, quando a lista candidata de Chan Meng Kam “adoptou um perfil discreto de aproximação para lidar com outros interesses dos casinos (…) uma estratégia deliberada para adquirir os votos dos que não têm interesses ligados ao Jogo”.
O estudo faz também uma referência a uma interpelação escrita entregue por Chan Meng Kam, na qualidade de deputado, ao Governo, onde pede mais regras para a concessão de crédito “decorrente da exploração das salas VIP em casinos”. “Tendo em conta que os negócios das salas VIP contribuem com 70% para as receitas fiscais do Jogo, estamos a falar de negócios que se revestem de maior importância para o sector”, escreveu na interpelação. Como deputado Chan Meng Kam tem pedido também alterações para responder a processos semelhantes ao caso Dore.
O HM contactou Chan Meng Kam para obter uma reacção a este estudo. Segundo a sua secretária, o deputado leu o artigo, sorriu e apenas referiu que o seu conteúdo não tem qualquer sentido.

13 Abr 2016

Cakepuccino Bakery, pastelaria e fábrica | Flora Che, proprietária

Assim que fez um bolo descobriu a sua paixão. Deu aulas, mas depressa se fartou do que fazia e apostou na abertura de um espaço que vende bolos e materiais de pastelaria. Assim é a “Cakepuccino Bakery”, que pretende, um dia, ser uma escola. Falta apenas o parceiro de negócio

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]lora Che começou a vender os seus bolos há dois anos na internet, enquanto dava aulas de culinária nos colégios Estrela do Mar e Diocesano de São José. Foi nessa altura que se apercebeu que era muito difícil comprar os materiais para fazer os seus bolos enquanto dava aulas e viu que tinha uma oportunidade de negócio à sua frente.
A proprietária da “Cakepucciono Bakery” teve a possibilidade de arrendar uma loja cuja proprietária é mãe de uma amiga. Foi aí que decidiu despedir-se do seu emprego como professora e apostou na abertura da pastelaria.
Primeiro, Flora Che arrendou um espaço no andar acima da loja que servia de cozinha para fazer os seus bolos. Hoje arrenda o espaço situado na Rua de São Lourenço e garante que o local é conveniente para quem quer adquirir estes materiais de pastelaria ou para quem quer encomendar bolos para ocasiões especiais.
“Comecei a interessar-me por fazer bolos há quatro anos e tudo por causa da minha irmã, que trabalha como pasteleira num hotel. Sempre gostei de trabalhos artesanais desde criança e sentia-me aborrecida com a vida no escritório. A partir do momento em que fiz o meu primeiro bolo descobri que era isto que gostava de fazer.” cakepuccino
Questionada sobre o tipo de bolo que mais gosta de fazer, Flora Che destaca o bolo feito com a cobertura em glacê. A aposta na formação internacional foi algo que a proprietária da “Cakepuccino Bakery” procurou fazer desde o início. “Estive no Reino Unido, em Taiwan e Hong Kong para frequentar cursos de pastelaria”, conta.

A faz-tudo

Flora Chen referiu que o seu negócio sofre com a falta de recursos humanos. “Tenho muitas funções aqui. Para além de ser a dona, também sou pasteleira e gestora de marketing. Estou à procura de pessoas que tenham interesse em fazer bolos.” A ideia é encontrar um parceiro de negócio e não apenas um simples empregado.
A promoção da “Cakepuccino Bakery” depende muito das redes sociais, sendo que Flora Che também participa em exposições ou eventos para mostrar os seus produtos. “Cheguei a ter um emprego relacionado com mercadorias num hotel e acredito que a eficácia da publicidade em exposições é grande. Gostaria de ter um stand nas exposições para poder promover os meus produtos”, disse. O próximo evento onde irá participar será o Rubber Duck Garden na Doca dos Pescadores.
Os pedidos feitos online garantem a manutenção do negócio. Os clientes pedem muitas bolachas, cupcakes e bolos com glacê. Mas a estabilidade ainda não está garantida apenas com a venda dos materiais. Como a loja abriu pouco tempo antes do ano novo chinês, “os clientes pediram mais bolos de aniversário”, mas Flora também recebeu pedidos para bolos de casamento e festas.” A maioria dos materiais que utiliza e vende provém de países como a Austrália ou os Estados Unidos, sendo que os seus bolos são livres de químicos.

Para o futuro

No processo de abertura da loja surgiram vários desafios, os quais Flora Che acredita que vai ultrapassando com o tempo. Para já pretende renovar a loja e focar-se na importação dos materiais. “Nunca pensei que pudesse ter tanto trabalho, como a encomenda dos materiais, a rotulagem dos produtos.” Sendo beneficiária do subsídio atribuído pelo Governo no âmbito do Plano de Apoio a Jovens Empreendedores, Flora Che garante que ainda não sente pressão financeira. HM1
“Tenho horário diferente daquele que tinha, começo às 11h00 e tenho a loja aberta até às 20h00. Faço os bolos depois de fechar a loja e trabalho normalmente até às 23h00. Tenho um horário muito preenchido, por isso quando tiver um parceiro de negócio poderei descansar mais”, disse ao HM.
Olhando para os próximos tempos, Flora Che quer ensinar outras pessoas a fazer bolos e essa será uma tendência da “Cakepuccino Bakery”: fazer com que outras pessoas se apaixonem pela arte da pastelaria.

13 Abr 2016

Associação de Chui Sai Peng acusada de benefícios do Governo

Os novos requisitos para o ensino vão fazer com que tenha de existir novo material e é uma associação dirigida por Chui Sai Peng a responsável por criá-los. Mas o serviço foi adjudicado por ajuste directo e custou 5,9 milhões de patacas, o que está a levantar polémica por Chui Sai Peng ser primo do Chefe do Executivo. As autoridades já desvalorizaram

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Promotora das Ciências e Tecnologias de Macau, presidida pelo deputado José Chui Sai Peng, foi acusada de conflito de interesses por prestar serviços ao Governo num valor total de 5,9 milhões de patacas por ajuste directo. Elaboração de materiais didácticos de conhecimento gerais em escolas primárias foram os serviços prestados pela empresa do deputado e empresário que é, também, primo do Chefe do Executivo.
A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) explicou, em resposta, que a decisão foi tomada porque a Associação tem experiência. Chui Sai Peng defende que não existe tráfico de influências e Chui Sai On diz que a adjudicação dos serviços não só corresponde aos procedimentos estabelecidos e às leis, como é promessa a tentativa de impedir o conflito de interesses.
Um despacho do Chefe do Executivo, publicado na segunda-feira passada, mostra que foi adjudicada à Associação Promotora das Ciências e Tecnologias de Macau a prestação dos serviços para os materiais, sendo autorizado o pagamento de 2,95 milhões este ano e outros 2,9 milhões em 2017.
A Associação tem como director Chui Sai Peng. A publicação Macau Concealers avançou ontem que suspeita que o Chefe do Executivo beneficiou Chui Sai Peng, já que para esta adjudicação de serviços nunca foi feito um concurso público e a DSEJ nunca publicou qualquer conteúdo dos serviços até à publicação do despacho.
Em resposta ao canal chinês da Rádio Macau, Chui Sai Peng afirmou que a Associação vai emitir uma declaração em breve para esclarecer a adjudicação dos serviços. “Sendo director, a Associação tem participado em trabalhos de natureza voluntária. Não existe tráfico de influências”, apontou.
Questionado porque é que a despesa de criação dos materiais didácticos pode atingir o valor mencionado, Chui Sai Peng defendeu apenas que a Associação valoriza a elaboração de materiais didácticos e quer aumentar o nível de materiais e a sua criatividade, aumentando por sua vez os interesses nos estudos por parte dos alunos. O deputado explicou ainda que este trabalho vai contar com a ajuda de especialistas e académicos locais e estrangeiros.
Segundo um comunicado da DSEJ, o organismo referiu que actualmente Macau não tem materiais didácticos que correspondam às novas exigências de competências académicas básicas e, por isso, é necessário elaborar novos materiais.

Garantias de excelência

Chui Sai Peng garante que a sua Associação tem um grupo de académicos e professores “excelentes”, que conhecem bem a sociedade e educação de Macau. Por estas características, diz, é que a DSEJ decidiu incumbir a Associação para a criação dos materiais.
A DSEJ disse ainda que conforme a sua competência, a prestação deste serviço não precisa de autorização do Chefe do Executivo, mas como as despesas dos serviços ultrapassam um ano, conforme o Regime de Administração Financeira Pública, é preciso aval de Chui Sai On.

13 Abr 2016

Habitação | Declarações falsas nas candidaturas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]processo de escolha e entrega de habitação económica está atrasado porque, segundo explica o Instituto de Habitação (IH) em comunicado, algumas das 180 famílias que concorreram ao processo de atribuição, em 2013, mentiram na declaração de activos. É necessário fazer uma revisão ao processo para estas falhas que permitiram as famílias mentir não aconteçam, dizem as autoridades.
A notícia é avançada pelo jornal Ou Mun, onde se relembra que Arnaldo Santos, director do IH, disse que o instituto iria terminar a fase de apreciação e, logo de seguida, os seleccionados podiam entrar na fase de escolha de fracções. Algo que vai demorar mais a acontecer. No documento tornado público pelo IH, no final do último mês, o Governo diz estar, neste momento, a melhorar o processo das declarações de activos. Os casos detectados das famílias que durante a candidatura prestaram declarações falsas serão agora enviados para o Ministério Público.
Esta medida de melhoria vem assim atrasar o processo de possibilidade de escolha de fracção as famílias seleccionadas e que não estão envolvidas no processo de omissão de dados.
O IH recolheu mais de 40 mil pedidos para as habitações económicas e aprovou um total de 1900 famílias para viver nestas habitações. Embora as primeiras 180 famílias já tenham recebido o aviso para escolher a fracção, o processo está parado e por isso também as restantes seleccionadas terão de esperar mais tempo que o previsto. O jornal Ou Mun revelou ainda que embora a apreciação termine a curto prazo, os seleccionados também não poderão ir viver nas habitações, porque as 1900 fracções ainda não estão concluídas.
O IH informou ainda que 11 famílias candidatas desistiram e 22 pedidos para habituação social e 82 pedidos das fracções sociais foram excluídos.

13 Abr 2016

Patrick Deville na Livraria Portuguesa este sábado

[dropcap]O[/dropcap] autor francês Patrick Deville vai estar na Livraria Portuguesa no próximo sábado, pelas 18h00 para uma conversa acerca do seu percurso enquanto autor, do seu trabalho e do projecto “Casa dos Escritores e Tradutores Estrangeiros”. Numa iniciativa promovida pela Alliance Française de Macau, em conjunto com o Festival Literário Rota das Letras, os interessados poderão conhecer mais detalhadamente Patrick Deville e o que é, para ele, ser também escritor de viagens.

Segundo a organização, Deville não escreve histórias de viagens, mas sim crónicas protagonizadas por personagens excepcionais, que o autor vai procurando aquando das suas deslocações.

Também director da “Casa dos Escritores e Tradutores Estrangeiros” em França, cargo que “encaixa nesta sua paixão pelas histórias de outros lugares”, este é ainda o lugar que representa uma espécie de “céu que dá as boas vindas a autores de todos os cantos do mundo” enquanto também organiza colóquios, tem a seu cargo a publicação de uma revista e diversos textos bilingues.

O seu trabalho “Peste e Cólera”, que retrata a vida de um bacteriologista, é considerado um dos seus mais relevantes romances estando nomeado para diversos prémios literários tendo sido já galardoado com o prémio Fnac e Femina. Esta é ainda uma ocasião para os interessados em ter esta obra ou o livro Kampuchea autografado pelo autor. A entrada é livre.

13 Abr 2016

Erro Médico | Votação da lei na especialidade em 2017

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]heang Chi Keong, deputado e presidente da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), assegurou que está já concluído o documento de trabalho que junta as opiniões sobre a Lei de Erro Médico feitas pelo Governo e pela AL e a discussão na especialidade deverá ser concluída nesta sessão legislativa, ainda que a aprovação da lei seja só apontada para 2017.
A proposta do Regime Jurídico de Tratamento de Litígios Decorrentes de Erro Médico foi aprovada na generalidade em 2013 mas até ao momento está ainda na discussão em especialidade.
Ao Jornal Ou Mun, Cheang Chi Keong afirmou que o processo da discussão da lei “está a andar como previsto”. O presidente da Comissão já tinha afirmado no início do ano que ia tentar entregar a proposta de lei à AL para a votação e aprovação na especialidade. Mas isso, agora, só poderá ser em 2017. 
Cheang Chi Keong referiu ainda que os temas principais são a composição da comissão de perícia médica, as suas medidas, a validade dos relatórios da comissão de erro médico, os seguros de saúde e a pressão sentida pelos médicos. O deputado considera que o mais importante é que a lei não se foque só em pacientes ou médicos, sendo que “o equilíbrio é o ponto mais difícil da proposta de lei”.

13 Abr 2016

Caritas LifeHope | Mais de cem a ligar para linha de apoio

Num ano de existência a linha de apoio da Cáritas para os não falantes de Chinês recebeu 164 pedidos de ajuda. Casos de potenciais suicídios, violência doméstica e abuso sexual de crianças foram os mais referidos

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ntre Julho do ano passado e Março deste ano um total de 164 pessoas pediram ajuda à Cáritas através da linha telefónica de apoio intitulada Caritas LifeHope, destinada apenas aos residentes e não residentes que não dominam o Chinês.
“Vemos que há poucos serviços de apoio para a comunidade não falante de Chinês. Neste momento a linha de apoio está a trabalhar algumas horas por dia e temos alguns voluntários. É bom ter este serviço, é muito importante”, disse Paul Pun, secretário-geral da organização, ao HM.
Os casos mais comuns ouvidos pelos voluntários estão relacionados com pessoas que vivem sozinhas ou que sofrem de doenças mentais. Há ainda casos de pessoas que pedem aconselhamento por estarem a sofrer de uma doença terminal, sem esquecer aqueles que falam em suicídio. Contudo, Paul Pun referiu também que muitas das chamadas remetem para problemas familiares, como abuso sexual infantil e violência doméstica.
“Também recebemos chamadas de pessoas que vivem à distância, mas o nosso foco vai para aqueles que vivem em Macau”, disse Paul Pun.
Um ano de existência da Caritas LifeHope serviu para mostrar, segundo Paul Pun, que o Governo necessita fazer uma aposta no tipo de serviços do foro psicológico, médico e social para os não residentes e para quem não fala a língua principal de Macau.
“A criação desta linha de apoio é apenas um passo para reforçar os serviços de apoio para aqueles que não falam Chinês. Teremos de compilar os casos e recolher mais dados e precisamos de partilhar estas informações com a sociedade. Então aí o Governo terá conhecimento dos casos e terá maior consciência das medidas a implementar para as comunidades que não falam o Chinês”, explicou.

Escassos recursos

No segundo ano de existência será difícil expandir a área de actuação da Caritas LifeHope, dada a falta de recursos humanos que estejam dispostos a trabalhar neste serviço.
“Não podemos expandir a linha de apoio neste momento, precisamos de um bom número de voluntários primeiro. Sem eles não podemos expandir o serviço. Neste momento trabalhamos apenas com oito voluntários e precisamos de chegar aos 15”, rematou o secretário-geral da Cáritas.
Para além desta linha, a organização abriu o ano passado o Centro de Recursos Educativos para a Vida, que funciona na Ilha Verde e que pretende dar resposta aos casos de pessoas que sofrem de solidão ou de outro tipo de problemas.

13 Abr 2016

iAOHiN | Exposição de arte tradicional e proibida marca reabertura

Para dar a conhecer um Tibete longínquo, chega a Macau a arte dos mosteiros lado a lado com o trabalho de artistas contemporâneos filhos da terra, enquanto exilados

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Galeria iAOHiN vai reabrir após remodelações com a inauguração de uma exposição dedicada ao Tibete. Agendada para 22 de Abril às 18h00, a mostra “Tibete Revelado: um olhar profundo da arte do topo do mundo” tem entrada livre e, segundo a iAOHiN, muito para além do aspecto religioso, a arte tibetana do séc. XXI será apresentada de modo a dar a conhecer o espírito multifacetado da região, num caminho que vai desde as pinturas de rolo budistas oriundas de mosteiros remotos ao “olhar” de artistas agora exilados.
Tendo em conta a procura, nomeadamente, ocidental, do “exotismo” da cultura tibetana é objectivo desta exposição dar a conhecer a mesma através de diferentes abordagens.
Para Simon Lam, curador da exposição onde estarão patentes cerca de 20 pinturas contemporâneas e 30 pinturas de rolo, os chamados Thangka, a galeria pretende mostrar “como a cultura e a religião tibetana estão preservadas tanto na região como no exílio, como é que os tibetanos vivem e como a sua história é vista na sua perspectiva”.

Dos Thanka à arte contemporânea

A tradição centenária criada pelos monges budistas e com transmissão geracional, representada pelos Thanka, conta com trabalhos mais antigos cedidos pela Instituto de Arte Étnica de Pequim, alguns dos quais da altura da dinastia Qing. Peças mais recentes vêm do mosteiro de Wutun em Rebgong conhecido pela sua tradição no ensino desta arte.
Paralelamente aos Thanka estão os trabalhos, agora pela primeira vez apresentados em solo chinês, de artistas contemporâneos da região que estão exilados. O que, segundo o site da galeria, “espera pôr a mexer a controvérsia e testar o sistema independente de Macau” dada a sua proibição em território continental.
Tashi Norbu, artista da diáspora tibetana com cidadania belga e neste momento a viver e trabalhar na Holanda, cresceu na arte tradicional dos Thanka nos escritórios do Dalai Lama em Dharamsala, na Índia. Terminou a sua formação na Academia de Artes Visuais de São Lucas, Bélgica, e tem vindo a desenvolver trabalho numa perspectiva abrangente onde cabem as suas primeiras influências tradicionais ligadas ao Budismo e ao Tibete mescladas com os conhecimentos e a arte ocidental.
Tashi Norbu virá directamente da semana da Ásia em Nova Iorque para a RAEM e irá levar a cargo um workshop para crianças a 23 de Abril, também na galeria.
Também em exposição e vindos do Museu Rubin de Nova Iorque estarão trabalhos de Rabkar Wangchuk, que têm vindo a correr mundo. Filho de pais refugiados, o artista estudou Filosofia Budista Tibetana durante 17 anos na Universidade Tantrica Gyudmed, também na Índia, onde recebeu formação na pintura dos Thangka e desenvolveu trabalho na escultura em madeira e areia, nos mandalas de areia e arquitectura Stupa. Ao longo dos anos muitas têm sido as suas influências, entre as quais Dali, Gaugin ou Picasso.
Segundo a organização, de destaque é também a presença de três obras da colecção pessoal do artista de renome internacional Karma Phuntsok, agora exilado na Austrália. Nascido em Lhasa em 1952 também estudou pintura Thanka, no Nepal, depois do refúgio na Índia, e vive actualmente na Austrália. Diz a galeria que a “beleza e riqueza do seu trabalho é influenciada pela diversidade das suas experiências de vida desde a infância no Tibete sob a opressão chinesa, até à vida de refugiado na Índia, à vida actual no ‘bush’ australiano e a veneração que tem ao Dalai Lama”.
A exposição estará patente até 20 de Junho e conta com entrada livre.

13 Abr 2016

ANIMA | Carta entregue à AL e IACM apelando ao registo de gatos

Não faz sentido não licenciar gatos em Macau. É o que defende a ANIMA, que entregou uma carta à AL e ao IACM apelando ao registo: não só poderá prevenir o problema da raiva, mais facilmente transmitida pelos felinos devido ao seu grande número, mas também para que quem maltrate ou abandone o seu gato seja punido. Mais ainda: a licença deve ser “gratuita”. A organização mostra-se também contra o açaime nos cães

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]e Macau licencia cães devido ao problema da raiva, devia, então, licenciar também os gatos. É o que defende a ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais que, em duas cartas enviadas aos deputados da Assembleia Legislativa (AL) que discutem na especialidade a Lei de Protecção dos Animais, dá muitas outras justificações contra a ideia de não se licenciarem gatos.
“Primeiro, é absolutamente falso que os gatos apenas existam dentro de casa. A maioria dos gatos recolhidos pela ANIMA e que estavam na rua são gatos que escaparam de casa e que são de cidade”, começa por indicar Albano Martins, presidente da organização.
A contestação chega face à ideia defendida pelo Governo: segundo os deputados, após uma reunião, não vai ser implementado o registo de gatos. O motivo? “O gato tem uma reacção muito diferente do cão” e o processo de registo não costuma “correr bem”. “A maioria dos gatos está em casa e há uma grande dificuldade das autoridades poderem [fazer] esses tais registos, para meter os chips dentro dos animais. O gato tem uma reacção muito diferente da do cão. Apanhar um gato, levá-lo a um veterinário e meter um chip dá muito trabalho”, adiantou José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), na altura. O responsável dizia ainda que havia mais casos de cães na rua do que gatos, algo que é contrariado por números da ANIMA.
“Resgatámos nos últimos dois anos 442 gatos e 334 cães, pelo que não é correcto dizer-se que há menos gatos na rua do que cães. E quase todos esses gatos foram facilmente apanhados à mão, o que nem sempre acontece com os cães, o que prova que a maior parte deles já viveu em família e/ou foram abandonados ou perdidos”, pode ler-se na carta enviada a Kwan Tsui Hang, presidente da Comissão, e analisada pelo HM.
Os deputados tinham-se mostrado contra a ideia do Governo, mas disseram apenas que iriam ceder e colocar essa oposição no parecer entregue à AL. Para a ANIMA há duas razões primordiais para o registo dos felinos: uma delas é o controlo da raiva. A outra é poder punir quem abandona o seu animal ou devolver ao dono quem o perde.

Segurança geral

“Se Macau está sob o perigo iminente da raiva, por esta ser endémica na China continental, então parece-me pouco inteligente, até por motivos de saúde pública, que os gatos não sejam vacinados contra a raiva e, nesse acto, não levarem microchip”, defende Albano Martins. “Do ponto de vista de saúde animal é também um risco desnecessário para esses pequenos animais, até porque há mais gatos do que cães a viver em casas, segundo acreditamos”.
A ANIMA sugere que, uma vez que está em causa a saúde pública – algo sempre defendido pelo Governo como o mais importante no licenciamento dos cães – e este processo é barato, “tanto o licenciamento como a vacinação deveriam ser gratuitas” para os donos destes animais.
Outro dos problemas, indica Albano Martins ao HM, é o facto de não vir a ser possível – sem os gatos estarem licenciados – perceber se o animal foi abandonado, e devolvê-lo ao dono caso este se perca.
“A questão não é sequer os cães e gatos estarem equiparados. É porque as nossas estatísticas apontam que há muitos animais que são abandonados e, face à nova lei, quem abandona um gato não vai ser punido, porque ninguém vai saber [a quem pertence o animal]”, defende Albano Martins ao HM.
O HM questionou ainda o presidente da ANIMA sobre as recentes defesas que têm vindo a ser tornadas públicas pela Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM), que já se manifestou contra o licenciamento de gatos porque “o chip pode afectar a saúde do animal”. Albano Martins discorda: “Eu tenho vinte e tal gatos e todos eles têm microchip. São todos saudáveis. E faz mal ao gato e não faz ao cão? Não tem sentido.”
Em posts nas redes sociais, apelava-se ainda ao apoio contra o registo de gatos mostrando uma imagem de um felino com uma coleira e uma chapa metálica, como o IACM atribui aos cães, algo que não é exactamente o que “registo com microchip” significa.
A ANIMA diz ainda que deveria ser ouvida pela 1.ª Comissão Permanente da AL por ser “a única associação de utilidade pública”, grau reconhecido pelo Executivo, e por ter continuamente contribuído desde longa data com sugestões sobre a lei. A carta foi aceite pela AL em Março.

Açaimes para todos não

Nas cartas a que o HM teve acesso, enviadas pela ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais à Assembleia Legislativa (AL) e ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), é ainda criticada a ideia do Governo em açaimar cães com mais de 23 quilos.
“Somos contra o uso de açaimes. Nenhum animal deve ser açaimado”, diz a ANIMA, que indica que deve ser da responsabilidade do dono o uso deste objecto que, assegura, pode até criar problemas ao cão e que depende da educação das pessoas perceber se um cão tem mesmo de utilizar o açaime.
“O tamanho nada tem a ver. Os animais não podem estar sujeitos à ignorância das pessoas. Há animais de grande porte que são extraordinariamente dóceis e quase todos eles excedem os 23 quilos como adultos. Do ponto de vista médico-veterinário açaimar cria sérios problemas de saúde para os animais”, defende Albano Martins, que assina a carta. animais
Em casos excepcionais sim, diz, mas a lei não pode “descer ao nível dos iletrados” e a função da AL é preparar “leis que nos deixem bem colocados no mapa da civilização”. “Não façam leis que nos façam ir parar ao Guiness Book do atraso, por favor ponham de lado as questões de política e de captação de votos e dêem o exemplo como humanos.”
O exemplo do Golden Retriever é o mais utilizado pela ANIMA, para mostrar como um cão com mais de 23 quilos pode ser dócil. Apenas em caso de agressões já registadas é que deveria ser passível a utilização do açaime, diz a ANIMA que, numa outra carta (ver texto página 7), contesta novamente declarações da Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau, que concordou com os deputados.
“Não conseguimos acreditar que a vice-presidente da APAAM disse isso. Açaimar um animal, especialmente em Macau, é terrível por causa do tempo. Por favor reconsiderem a vossa posição.”

13 Abr 2016

Pequim | Contestada posição da APAAM sobre o Canídromo

Cartas com duras críticas foram enviadas à Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau, onde uma associação de Pequim e a ANIMA se dizem “envergonhadas” com o facto de a organização local apoiar o Canídromo. Possível financiamento e uso de espaços da Yat Yuen são algumas das acusações, que a APAAM descarta

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]uas cartas registadas foram enviadas da Capital Animal Welfare Association of Beijing à Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau (APAAM), onde são tecidas críticas à organização local por causa de declarações contra, diz a Capital, o que são os direitos dos animais. A ANIMA juntou-se à causa e enviou também uma carta à compatriota. Em causa estão declarações de uma das responsáveis da Associação que defendem o Canídromo quando este é acusado por todas as outras associações locais e internacionais de crueldade para com os galgos.
A APAAM diz que questionou o Canídromo e que as coisas não são bem assim, como disse ao HM Josephine Lau, vice-presidente da Associação, quando questionada sobre um carnaval canino que iria acontecer precisamente no espaço do Canídromo, no início do ano.
“Estamos extremamente surpreendidos com declarações da APAAM aos média, que contradizem a forma de proteger um animal”, começa por apontar Qin Xiaona, presidente da Capital Animal Welfare que assina a carta. “Essa opinião parece defender a crueldade das corridas de cães. E ainda diz que ajudou um galgo reformado a arranjar adoptante – coramos de vergonha quando lemos o que ela disse. O uso de animais vivos para entretenimento é crueldade e é um acto bárbaro que deve ser eliminado. A APAAM está a ajudar esta actividade cruel, contrariando a protecção aos animais. Nós, que defendemos os animais, temos vergonha de vocês.”

Apoios que impedem

Acusações de que a APAAM recebe financiamento da Yat Yuen são explanadas na carta, onde também a ANIMA enumera razões para não colaborar com a Associação.
“O Canídromo é um negócio de sangue. Enviei-vos documentos para estudarem, uma vez que vocês parecem só acreditar no que diz a empresa e nunca investigaram o que se passa dentro daquela pista. Ainda que esta seja informação pública e vocês não possam dizer que não têm conhecimento dela.”
A forma como os galgos são tratados no espaço da Yat Yuen tem sido polémica e motivou mais de 300 mil assinaturas e cartas ao Chefe do Executivo, onde é pedido o encerramento do espaço. Associações de animais locais e organizações internacionais juntaram-se à causa, sendo que notícias da imprensa internacional – como a rede de televisão australiana que entrou com uma câmara oculta no local – dão a entender que os galgos não têm condições suficientes. Mas o Canídromo nunca respondeu publicamente às acusações, nem quando questionado pelos média. Públicas são também actividades da APAAM no espaço da Yat Yuen.
“Sabemos que o Canídromo e o Jockey Club estão a co-organizar actividades convosco e podem estar a financiar-vos. Se isso for verdade, e esperamos que não, isso é devastador”, indica a ANIMA, que diz-se mesmo disposta a ajudar a APAAM a todos os níveis, incluindo financeiro, se esta deixar de cooperar com o Canídromo.

A falar entendemos

Ao HM, Albano Martins anunciou que vai convidar a Associação e a Companhia de Galgos Yat Yuen para um debate sobre os galgos. Ainda que indique estar satisfeito com o facto da APAAM resgatar e não matar animais, a ANIMA diz não poder apoiar a Associação porque esta tem políticas estranhas aos direitos dos animais: o concordar com os açaimes para cães com mais de 23 quilos (ver páginas dois e três), o ser contra o registo de gatos (ver páginas dois e três), o não responder a cartas de apelo de organizações de animais até ao facto de prender animais que resgata em jaulas por vezes “pequenas demais para tantos animais” e umas em cima das outras, como se mostra em fotos públicas. “Isto é cruel e envergonha-nos”, atira a ANIMA.
O Canídromo, contudo, é o principal motivo para as cartas agora enviadas à Associação. “Não queremos saber a razão do vosso apoio [ao espaço], nem acusar-vos injustamente, mas esperamos que façam realmente o que o vosso nome sugere, que é proteger os animais. Se dizem que o fazem, mas depois apoiam actos cruéis [como este], a vossa imagem pode ficar denegrida”, remata a Capital Welfare Beijing.

APAAM discorda

Contactada pelo HM, Josephine Lau, vice-presidente da APAAM, afirmou que “nunca leu a carta”, mas não concorda com as acusações. “Já realizamos anualmente o Carnaval no Canídromo e Jockey Club há oito anos, antes da Anima apelar ao fecho do Canídromo. Claro que não apoiamos as corridas de galgos, nem de cavalos. Até fomos manifestar-nos para a rua durante oito anos, pedindo a Lei de Protecção de Animais, como é que apoiamos as corridas? O que eu disse é que não se pode fechar o Canídromo de imediato porque há muitos galgos lá dentro, é preciso pensar como tratá-los depois do fecho, se serão adoptados ou se aceitamos a eutanásia”, defendeu a responsável. Josephine Lau defende, contudo, que o que é necessário é chegar ao fecho do Canídromo passo a passo, em coordenação com o Governo.
A vice-presidente mantém o discurso anterior, na medida em que, diz, “não há provas” que mostrem que os galgos são eutanasiados se perderem três corridas. “Ao que sabemos, todos os cães dentro do Canídromo têm donos e a eutanásia precisa de autorização deles. Vimos sim que houve donos que levaram cães bem novos para serem abatidos, mas só porque eles tinham de sair de Macau e isso não podemos evitar”.
Josephine Lau diz ainda que só com a nova Lei de Protecção de Animais é que é “possível apurar se o Canídromo maltrata os galgos”. A responsável diz ainda que não deve ser outra associação a apontar críticas aos trabalhos da APAAM.

13 Abr 2016

A cura dos espinafres

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]alhou esta semana falar com diversas pessoas, de diversas origens, que já tinham estado em Macau anos atrás, recentemente regressados. Uns viventes, outros passantes. A tónica da conversa foi sempre a mesma: “isto já não é o que era”, diziam, no sentido que a velha cidade mediterrânica está a perder-se e com ela, os prazeres do desfrute simples que ela oferecia. Consequentemente, vêem Macau tornar-se num local menos aprazível para se viver, estar, ou visitar.
Por mais campanhas turísticas com filmes faiscantes, por mais eventos no calendário, por mais que se atirem para a lida os chavões “da cultura este-oeste” do “património mundial” e todos os outros, mais ou menos vazios a que já nos habituámos, nada substitui o boca-a-boca, as sensações que daqui se levam para casa e para os blogues. Naturalmente, não estou a presumir ter feito um qualquer estudo de opinião mas, como todos sabemos, esta sensação de ver uma cidade engolida por automóveis, construções de categoria duvidosa e luminárias não é apenas privilégio de alguns nem sequer um segredo, ou uma afirmação passível de ser contrariada.
Mas chega de bater no cego, pois o que vale a pena é reflectir se ainda haverá forma de atalhar caminho.
Tendo em conta que o turismo, pese embora as quebras do jogo e as tentativas de diversificação da economia, continuará a assumir a parte de leão do PIB, considerando a tentativa de diversificação dos mercados emissores em curso, e até o discurso do património e da cultura, parece-me crucial uma meditação profunda sobre as formas de “salvar” a cidade da descaracterização em curso que ameaçam torná-la num lugar vulgar, desagradável, no parente pobre da região pois, para além dos hotéis recheados de entretenimento e dos eventos mais ou menos populares, pouco mais tem para oferecer a quem pretenda uma experiência diferente, o usufruto simples de uma vista, de uma conversa com amigos numa esplanada, de um passeio a pé ou de bicicleta, de algo que lhe permita desligar do local de onde veio e, quiçá, relaxar. Macau antes tinha tudo isso mas agora não. Pode voltar a ter? Talvez, mas precisa-se de visão e coragem política. Existe? Não sei, mas espero que sim.
Há dias neste jornal, a Directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, confessava “dar-lhe jeito” para o seu puzzle de mercado o fecho de ruas e até o ressurgimento de esplanadas que chamava, curiosamente, de “produto”, o que me deixa um pouco inquieto por denotar uma visão demasiado mercantilista da coisa, apesar de saber muito bem que a sua função é vender Macau. Passando por cima disso, interessa é perceber que a dita responsável foi logo avisando para as dificuldades que esses processos podem encerrar percebendo-se claramente que a potencial reacção negativa da população (ou de parte dela) a mudanças radicais pode entravar qualquer tentativa mais ambiciosa.
Todavia, convém não esquecer que uma das principais funções de qualquer Governo é precisamente a capacidade de imaginar, de propor e, acima de tudo, de fazer o que é melhor para os seus governados independentemente destes terem, ou não, a visão de longo prazo do que é melhor para eles. Independentemente de poderes mais ou menos ocultos e retrógrados.
Dando de barato que neste macaíno caso, o problema é mesmo a população em geral, talvez até possamos comparar o que é necessário fazer à postura “come os vegetais porque faz-te bem” que um pai avisado terá obrigatoriamente de assumir berre a criança o que berrar à vista de um espinafre. Mesmo os poderosos imobilistas, se lhes for explicado que mudar também será bom para eles no longo prazo, talvez engulam os espinafres.
Neste caso, o resultado da dieta é melhor ar, mais espaço para as pessoas, a criação de uma oferta turística de facto de excelência, o aumento dos espaços de lazer e, no limite, a promoção da saúde pública (física e mental) que advirá de tudo isso, seguramente muito mais marcante do que qualquer proibição tabagista.
Naturalmente, a Taipa não conta nesta equação, ou pouco, se incluirmos a vila. O foco tem de ser a península de Macau que precisa de se transfigurar e, naturalmente, Coloane que precisa de não se transfigurar mais.
Os espinafres são ruas fechadas ao trânsito, o aumento dos espaços pedonais, a criação de ciclovias e o corte drástico nos espaços de estacionamento. Os transportes públicos têm de mudar, substituídos por opções eléctricas sem emissões e sem ruído, as pessoas têm de ser motivadas para andar a pé, ruas têm de ser fechadas. Não apenas São Lázaro, como Helena de Senna Fernandes revelou existirem planos para, mas também a Almeida Ribeiro e toda a zona envolvente da Rua da Felicidade e Av. 5 de Outubro, a Rua do Campo, o parque de estacionamento junto ao Clube Militar deve devolver ao Jardim de São Francisco o espaço que lhe roubou, até a Avenida da República precisa de ver o espaço pedonal radicalmente aumentado, cortando estacionamento e fechando uma das vias de trânsito, até ambas, e colocar, imagine-se, uma linha de eléctrico ao seu correr como acontece, por exemplo, no Porto, da Ribeira à Foz.
Macau ainda pode mudar. Se temos conseguido aguentar barulhos, mudanças radicais de estilo de vida, inflação, poluição, porque não conseguiremos aguentar andar mais a pé, ou de bicicleta, se soubermos que estamos a transformar Macau numa cidade única e realmente atraente, aproveitando o “Mediterrâneo” que ainda lhe resta? Aquilo que de facto a distingue de tudo o que existe à volta.
Evidentemente, este texto é apenas um enunciado de um leigo, mas não deixa de ser uma provocação para um debate que urge acontecer, um repto para os nossos governantes. Tragam especialistas do mundo fora, de paisagistas a arquitectos, de sociólogos a engenheiros. Criem um grupo diversificado e multidisciplinar para pensar a Macau do séc. XX. Só isso, já seria um acontecimento. Colocar Macau no mapa também passa por arrojar polindo-lhe o brilho dos cobres que lhe restam antes que seja tarde demais.

Destaque
“Os espinafres são ruas fechadas ao trânsito, o aumento dos espaços pedonais, a criação de ciclovias e o corte drástico nos espaços de estacionamento”

Música da Semana

“Don’t Let Me Down & Down” – David Bowie (1993)

“I know there’s something in the wind
That crazy balance of my mind
What kind of fool are you and I?
Scared to death and tell me why
I’m sick and tired of telling you
Don’t let me down and down and down
Don’t let me down and down and down”

13 Abr 2016

Um mau poema, as reformas da língua chinesa e a censura 誓食十獅

* por Julie O’Yang

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]ualquer chinês culto gostaria de proferir a seguinte afirmação: “Muita gente não se apercebe de que o sistema de escrita chinês é o principal sustentáculo de uma civilização que tem continuado ao longo de 5.000 anos”. Sendo falsa, é uma mentira com boas intenções, embora incultas. O que tem continuado não é uma civilização – as civilizações chinesas (plural) são suficientemente diversas para se afirmarem individualmente – mas sim um sistema de escrita único – o sistema hanzi 汉字: os caracteres chineses – que persistem há mais de 2.000 anos, desde o séc. III AC, até aos nossos dias. O primeiro imperador Qin, fundador desta Dinastia, introduziu várias reformas: a moeda e os pesos & medidas foram padronizados e um sistema de escrita uniforme foi estabelecido. Desde então, o sistema de escrita Qin tem funcionado como o cimento cultural que manteve, e continua a manter, unida uma vastidão de diferentes povos falantes de outras tantas línguas. (O Imperador Qin lançou também as bases do grande projecto de defesa do país, a famosa Muralha da China.)
Mas então, o que vem a ser o Pinyin ou Hanyu Pinyin 汉语拼音?
Pinyin é a forma romanizada dos caracteres chineses. O sistema Hanyu Pinyin foi desenvolvido na década de 50 do séc. XX, baseado em formas anteriores de romanização, que remontam aos finais do séc. XVI, quando os primeiros Jesuítas italianos chegaram à China. O sistema Pinyin oficial foi implementado pelo Governo chinês em 1958, tendo sido várias vezes revisto. Embora continue a ser controverso, o sistema Hanyu Pinyin não deixou de ser bem-sucedido. O Pinyin sem a sinalética dos tons é muitas vezes usado em publicações estrangeiras para soletrar nomes chineses e pode servir como método para introdução de caracteres chineses em computadores.
E, no entanto, poucos sabem que a romanização foi de facto um dos sonhos da China moderna. Teve início quando um proeminente líder do Novo Movimento Cultural, Lu Xun (anos 10 e 20 do séc. XX), declarou: “Se os caracteres chineses não forem abolidos, a China irá sem dúvida falhar.” O movimento Latinista não teve nessa época tanto impacto como 100 anos antes, mas manteve um acentuado gosto esquerdista e, em Janeiro de 1941, o Presidente Mao escreveu a famosa frase: “Quanto mais implementarmos e divulgarmos o movimento Latinista, melhor!” O alcance das palavras de Mao manteve o seu impacto junto da intelligenzia chinesa até aos anos 80, altura da Reforma para a Abertura.
O poema que transcrevo a seguir pode explicar porque é que a romanização não é uma ideia a reter:

Chinês Tradicional
《施氏食獅史》
石室詩士施氏,嗜獅,誓食十獅。
氏時時適市視獅。
十時,適十獅適市。
是時,適施氏適市。
氏視是十獅,恃矢勢,使是十獅逝世。
氏拾是十獅屍,適石室。
石室濕,氏使侍拭石室。
石室拭,氏始試食是十獅。
食時,始識是十獅屍,實十石獅屍。
試釋是事。

Tradução
«O Poeta que Comia Leões na Caverna de Pedra»
Numa caverna de pedra vivia um poeta com o apelido Shi,
viciado em carne de leão. Um dia resolveu comer dez.
Ia muitas vezes ao mercado à procura de leões.
Às dez horas da manhã,
tinham acabado de chegar dez leões ao mercado.
A essa hora, Shi chegou também.
Ele viu os leões e, usando as suas fieis setas, matou-os a todos.
Levou então os corpos dos leões para a caverna de pedra.
A caverna estava suja. Pediu aos criados para a limparem.
Depois da caverna ter sido limpa, tentou comer os dez leões.
Quando os comeu, apercebeu-se que afinal os corpos eram de pedra.
Tentem lá explicar este enigma.

Em Pinyin
«Shī Shì shí shī shǐ »
Shíshì shīshì Shī Shì, shì shī, shì shí shí shī.
Shì shíshí shì shì shì shī.
Shí shí, shì shí shī shì shì.
Shì shí, shì Shī Shì shì shì.
Shì shì shì shí shī, shì shǐ shì, shǐ shì shí shī shìshì.
Shì shí shì shí shī shī, shì shíshì.
Shíshì shī, Shì shǐ shì shì shíshì.
Shíshì shì, Shì shǐ shì shí shì shí shī.
Shí shí, shǐ shí shì shí shī shī, shí shí shí shī shī.
Shì shì shì shì.

Fica assim provado que há muito mais caracteres do que sons. E é precisamente por isto que os expeditos cibernautas chineses, envolvidos em acções de cidadania, escapam à censura: substituindo caracteres censurados por outros com o mesmo som e, se dominarem bem esta técnica, esta linguagem é enriquecida com uma pitada de ironia. E este aspecto, estou convencida, representa um dos encantos dos antigos caracteres: podemos esconder-nos no nevoeiro e divertirmo-nos sem querer saber de responsabilidades!
Para dar um cheirinho deste divertimento, praticado com perícia quer pelo Governo quer pelo povo chinês, ficam aqui 12 estranhas expressões banidas do Weibo em 2015:

Tigre + vir à superfície 老虎+浮出水面
Possa o vento soprar as tuas velas 一帆风顺
Kang + massas instantâneas 康+方便面
Hoje, amanhã 今天,明天
Pato Amarelo 黄鸭子
Srª. Xi + iPhone 习夫人+iPhone
Sapo 蛤蟆
Helicóptero 直升机
Deus da Praga 瘟神
Da Hun Jun 大荤君
Velas 蜡烛
Zhan Zhan Dian 占占点

13 Abr 2016

8 – Ela

* por José Drummond

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]ínhamos um plano. Casar, ter filhos e viver felizes para sempre. Lembras-te de como entretida me demorava a criar as casas nas quais iríamos viver e de como desenhei a nossa família naquele jogo de computador? Lembras-te de como descobrimos e nos ríamos com o aspecto dos nossos filhos naquela recreação? Lembras-te como eu sonhava? Lembras-te? Eu tinha fome de ti. Tinha uma fome e uma sede de ti que não parava. Nunca. Nunca parava. Parecia que não ia acabar nunca. Lembras-te?
Agora a única coisa que vejo é este monte de pus, esta secreção amarelada e viscosa que me infecta a existência. Tenho que conseguir atravessar a ponte! Não sei porque voltei para trás? Não sei porque voltei? Para me enterrar na cama onde fomos felizes? Porque quero acreditar que o facto de voltar à cama onde fomos felizes te irá trazer de novo? Como se isso de algum modo significasse voltar aquele momento de nós mesmos onde tudo existia em suspenso. Mas sempre que volto a esta cama desde que te foste embora é como voltar a uma parte que já não me pertence. É um voltar a uma parte que devo esquecer. A esta coisa interrompida. Porque esta cama é hoje o sítio onde sou infeliz. Porque a memória é uma construção labiríntica.
Nós poderíamos ser o que quiséssemos. Poderíamos ser o mundo inteiro ou simplesmente o nosso sonho. Poderíamos ser uma praia deserta com um eterno pôr-do-sol. Poderíamos ser um banco de jardim em Budapeste, uma mesa de café com poucos clientes em Viena ou um sino de igreja imóvel em Praga. Poderíamos ser pequenos gestos que se completam em diversos andamentos. Poderíamos ser tudo. E nunca importaria o frio. E nunca importaria o calor. Nada importaria desde que nos tivéssemos um ao outro. Porque nada muda de temperatura, perde a cor ou envelhece quando somos felizes. Mas hoje, que volto a esta cama, é como ela tivesse mudado de lugar. Nada é igual a quando aqui chegámos. Esta cama é hoje indiferente. Não é mais o berço de dois namorados apaixonados, ardentes. Aparentemente nem sente a nossa falta. Não é mais cama. Não existe. Foste-te, e contigo foram todos os espelhos, e contigo foram todos os espaços. O amor ficou para trás. Perdeu. Perdeu-se. Já passou. Foi bom enquanto durou.

E assim nos mataste. Agora podemos nos encontrar com estranhos, ter bebidas com eles, e acabar em quartos de hotel. De seguida, no quarto escuro, fechado, o jogo do sexo poderá começar. Elaborado ou impulsivo. Quem sabe com algemas, uma mordaça, uma venda nos olhos. Em pouco tempo poderá passar a selvagem e arriscado. O suor dos corpos em movimento. Consegues imaginar?… Ou ainda te causa tanta repulsa como me causa a mim? Porque sabes que isso vai acontecer e quando acontecer irá incorporar em si a tentação do abismo. Porque não importa quantas vezes forem necessárias. Porque todas elas terão uma razão exclusiva. Uma única intenção. O fazer apagar em nós o outro. Até que não exista mais nenhum traço de ti no meu corpo. Até que não exista nenhum traço de mim no teu. E os jogos irão ser perigosos, de modo a afirmar a diferença entre lascívia e amor. O cinto do roupão ao redor de um pescoço. E os nossos corpos a contorcer-se entre agonia e excitação. Até que cada orgasmo, rápido ou prolongado, nos fará esquecer um pouco mais quem somos. E iremos prosseguir assim, esperando que em cada orgasmo possamos renascer. E sei que vai ser intenso. Vai acontecer em crescendo até resultar com intervalos pequenos. Porque a carne precisa. Porque a mente precisa. E sei que não vamos querer um amante regular. Porque isso seria uma traição. É por isso que serão sempre estranhos a quem não devemos explicação. Pessoas que desaparecem das nossas vidas de seguida. Será impossível descobrir o que desejam, o que querem, o que têm escondido. E esse será o perigo real. O perigo de desaparecermos nesse momento. De nos deslocarmos tanto da realidade que poderemos ser feridos, ou até mortos, por alguém louco, alguém desconhecido. E quão melhor seria morrer nas tuas mãos.
Sei que saíste muitas vezes sozinho. Deixavas-me adormecer e saías. Deixavas-te perder na cidade sem mim. Tinhas em ti uma escuridão que te estrangulava, que te empurrava para a morte, como se não conseguisses evitar as correntes do aço frio do destino. 

Onde estás neste preciso momento? Em algum lugar seguro? Ao pé de alguém que amas? Que amas mais que tudo? E se tudo isso desaparecesse? E se, de repente, tudo o que tu pudesses fazer fosse sobreviver? Iria conseguir, certo? Tentarias pelo menos? Farias coisas, coisas horríveis, aquelas coisas horríveis. Farias essas coisas até perderes a última que realmente importa, a única que faz sentido, tu mesmo. Mas, e se pudesses voltar atrás? Se pudesses recuperar tudo? Se bastasse pressionar um botão para reiniciar tudo de novo? Pressionavas esse botão, certo? Eu quero acreditar que sim.
“A polícia acredita agora que o “estripador da Taipa” possa ser um visitante. Para além da vigilância nas ruas principais na Rua da Taipa a polícia aumentou a segurança nas fronteiras.”

13 Abr 2016

Licenciamento de cães “é extraordinariamente caro” em Macau

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m Macau os donos de cães pagam 940 patacas, no mínimo, para licenciarem os seus animais durante três anos. E têm, além de pagar, de se deslocar ao canil anualmente, uma vez que as licenças são apenas válidas de Janeiro a Dezembro. Em Hong Kong, a licença é válida por três anos e o dono paga 80 dólares.
O alerta é da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais e é feito através de uma carta ao presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares. No documento, a que o HM teve acesso, é explicado que as burocracias dão origem a que muitos animais nem sequer tenham licença.
“O valor das licenças e das renovações destas são extraordinariamente caros em Macau. E estamos a falar de um simples acto administrativo, porque a vacina vale por três anos”, pode ler-se. “Em termos de eficiência, burocracia e controlo, os donos deveriam apenas renovar a licença quando a vacina [da raiva] expira. É só ver quantos donos falharam a renovação após a primeira licença: são milhares, mesmo se contarmos com os animais que morreram”, alerta a ANIMA, que diz ainda que o facto de a licença do IACM ser valida apenas de Janeiro a Dezembro faz com que o instituto tenha mais trabalho e que convide os donos a não aparecer.
Quem quiser licenciar o animal pode fazê-lo quando quer mas essa licença só é válida ate final do ano: “se formos registar um cão em Novembro pagamos 500 patacas mas o período de validade dessa licença é só o final do ano, um ou dois meses. No tempo da Administração portuguesa a licença era válida por 12 meses. Isso faz com que muita gente não queira registar o seu animal aguardando pelo início do ano”, indica Albano Martins, que assina a carta.

Contraproducente

Para a ANIMA, bastaria que a licença de um cão fosse renovada apenas no mês que expira a vacina da raiva, sendo que esta tem a duração de três anos, até porque a ideia de registo de cães é precisamente para evitar esta doença. O facto de os donos terem de pagar anualmente quando as vacinas ainda têm efeito faz com que “haja muitos animais em casa” sem renovação de registo, além que dá mais trabalho aos funcionários do IACM.
E a organização relembra que já se provou que um preço mais baixo iria servir o propósito. “Em 2005, quando o valor das licenças baixou de duas mil para 500 patacas o número de primeiras licenças quase duplicou. O IACM, na altura, não gostou que tivéssemos pedido ao Chefe do Executivo [Edmund Ho] tal descida, mas a verdade é que tínhamos razão.”

13 Abr 2016