Ambiente | Associação diz que critérios do Governo são obsoletos

O responsável pela Associação Choi In Tong Sam diz que os critérios usados pelo Governo para traçar índices ambientais estão “obsoletos” e não cumprem o que determina a Organização Mundial de Saúde

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]am U Tou, vice-secretário da Associação Choi In Tong Sam, disse ao jornal Ou Mun que os critérios usados pelo Governo para elaborar o índice de qualidade do ar são obsoletos. Lam U Tou considera, por isso, que os dados recentes sobre o ambiente, divulgados pelos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), não correspondem à realidade.
Os dados da DSEC mostram que em 2015 o território registou mais 87 dias com ar de boa qualidade e menos 34 dias com ar insalubre, por comparação a 2014. Lam U Tou diz que a realidade não é essa e pede que sejam fixados novos critérios mais rigorosos para cumprir as exigências da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Lam U Tou alertou ainda para o facto das estações de monitorização da qualidade do ar não estarem localizadas em zonas representativas. Exemplificou que a estação na Taipa está localizada no parque central. Embora a estação de Macau esteja localizada numa zona central (Calçada do Poço, perto do bairro de São Lázaro) com uma maior densidade populacional, continua a não representar os verdadeiros níveis de poluição. O vice-secretário pede que o Governo opte por novas localizações.
Lam U Tou suspeita ainda que muitos dos resíduos tenham sido deitados directamente ao mar, pois os resíduos líquidos tratados pelas ETAR registaram uma quebra de 11%, enquanto que o consumo de água aumentou 1,7%, considerando irracional a situação. O responsável considera, no entanto, que as condições da ETAR podem ter melhorado.
Quanto à reciclagem, Lam U Tou afirmou que o tratamento de resíduos domésticos deve ser tratado com prioridade, tendo lembrado que estes ocupam uma fatia de 40% do total do lixo recolhido em Macau. Ao Governo é exigido um tratamento mais rigoroso.
A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) planeia lançar este ano o Plano de Gestão de Recursos dos Resíduos Sólidos de Macau, o qual vai conter medidas para tratar os resíduos através da implementação de multas e uma lista de pagamentos.
A DSEC disse que nos últimos anos Macau já produziu 353 mil toneladas de resíduos, um aumento de 4,6%, sendo que a Central de Incineração de Resíduos Sólidos tratou mais de 509 mil toneladas, mais 11,3% em termos anuais. A DSPA promete reactualizar as instalações de tratamento e aumentar os pontos de reciclagem.
O programa “Pontos Verdes” deverá ser implementado em conjunto com o Instituto da Habitação (IH) nas habitações públicas, sendo que o primeiro equipamento para o tratamento de resíduos domésticos será instalado em Seac Pai Van. O equipamento deverá começar a funcionar no segundo trimestre deste ano.

20 Abr 2016

Livraria Júbilo 31 | “Aproximar as relações entre pais e filhos”

Abraçada por um ambiente característico da Freguesia de São Lázaro, entre a cultura e a criatividade, mora a livraria Júbilo 31. Pequena, acolhedora e com cheiro a livros novos. Bem ali, no coração da Rua de São Roque, local tranquilo e pouco movimentado, encontrámos aquele espaço, que só pela cor e aposta nos livros infantis atrai miúdos e graúdos

Da Xiang é a dona da Júbilo 31. Entre sorrisos, explicou, ao HM, que o nome da livraria foi decidido por duas coisas: “Júbilo”, que quer dizer alegria – sentimento que quer que predomine na livraria – e 31, o número da prédio. Na realidade, o nome da livraria em chinês (井井三一) tem outro significado. “A forma do caracter chinês 井 parece uma estante, isto quer dizer que aqui há livros”, acrescentou.
A proprietária nasceu em Taiwan e chegou a Macau em 2003. A razão foi a mais bonita: amor. Apaixonada, Da Xiang voou até o território. O marido é de Cantão e a sua área de formação obrigava-o a estar sempre entre Hong Kong, Macau e o interior da China. Foi aí que Da Xiang percebeu que, depois de acabar a sua licenciatura, seria melhor viver em Macau. E foi aqui que se tornou professora.

Um novo rumo

A sentir que precisava de tempo para si, para descansar, a professora pensou que era a altura ideal para deixar um pouco de lado a sua profissão. Com o conhecimento, através de um amigo, de um espaço vazio à espera de ganhar alguma vida, Da Xiang não hesitou e pensou que poderia abrir a sua livraria.
“No início, não pensava em abrir uma livraria assim, dedicada maioritariamente ao mundo das crianças. Mas depois do que tenho vindo a observar nos últimos anos, vejo que os espaços infantis são cada vez menores. Não há muitas escolhas em Macau para as crianças se divertirem e aprenderem ao mesmo tempo. Portanto abri a livraria com este tema: livros de ilustrações infantis”, explicou-nos.
Tal como aconteceu naquela tarde que nos recebeu, os dias da semana são marcados pela entrada de poucos clientes. Algo que muda quando tocam as campainhas das escolas para a saída. É nessa altura que “muitos miúdos” enchem o espaço, folheiam os livros, conversam com Da Xiang e passam ali o seu tempo.
“Tenho duas clientes irmãs que gostam tanto do espaço que começaram a trazer os irmãos mais novos. Eles adoram. Chegam aqui e deitam-se no chão, bem perto das almofadas, a ler. Passam horas nisto. Os livros que escolhem não são aqueles que estão nas estantes, são os que estão deixados sobre as mesas ou pelo chão de leitura. Estão cheios de ilustrações”, gaba-se.

De fora para cá

Os livros vendidos na Júbilo 31 são principalmente de editoras e artistas de Hong Kong e Taiwan, mas também existem publicações de artistas locais. Da Xiang recomenda um livro de ilustrações que relata o desastre nuclear em Fukushima, no Japão.
“Este livro é considerado o “top de vendas”, muito valorizado. Não estou a falar do preço do livro mas sim do seu significado. É um livro que pretende alertar e educar as novas gerações para a ideia de anti-nuclear. Não são histórias felizes, conta a história de uma miúda que sofre com o desastre. Ela não chorou e até está calma, precisa de esforçar-se para enfrentar a tristeza e evitar que aconteçam mais desastres”, explica.

Elo literário

Da Xiang partilha ainda que acredita que pais e filhos que se dedicam à leitura em conjunto têm relações mais próximas, e isto, diz, traz uma felicidade incalculável à família. “Nas estantes há centenas de livros que fazem flores desabrochar no coração de crianças e adultos, levando-os para um mundo diferente”, é o slogan que dá as boas-vindas a quem visita o site da livraria.
Questionada sobre as dificuldades de ter um negócio em Macau, a empresária explica que a renda da loja é partilhada com um editora local que ocupa o espaço do andar de cima. Isto, conta, ajuda a aliviar os custos da abertura de um espaço. Mesmo assim, nem é tudo fácil.
“Temos que ganhar mais dinheiro, mas até agora, está difícil. As despesas e as receitas ainda não estão equilibradas”, confessa, explicando que “o movimento dos clientes é pouco”. “Existem pais e filhos que vieram cá só porque souberam da nossa existência através da internet ou pelos meios de comunicação”, apontou, admitindo que o espaço precisa de se tornar mais conhecido.
Em jeito de brincadeira, Da Xiang disse que muitas vezes a livraria assume funções de creche, isto porque há empregadas domésticas que levam os miúdos à Júbilo 31 depois da escola e os pais vão lá apanhá-los ao fim do dia. Algo que não incomoda a dona que diz que pode conhecer muito mais pessoas.
“A ideia é que se possa oferecer um espaço que junte crianças e que as ajude a desenvolver pensamentos e conhecimentos”, acrescenta.

Mais do que ler

Além de livros para vender, a Júbilo 31 organiza sessões de leitura e workshops na livraria, não só para crianças mas também para adultos. A proprietária garante que está atenta aos assuntos sociais deste território.
“Como fizemos na semana passada. Realizámos um workshop de fazer açaimes à mão. Através do workshop explicámos às crianças o que os cães podem sentir quando precisam de usar açaimes na rua”, relembrou.
A livraria realizou ainda outra sessão de partilha de opiniões, convidando um especialista de Taiwan para explicar as influências negativas de animais em cativeiro, e em parques de diversão. 
Outra das razões pelo qual os leitores devem ir a esta livraria, explicou Da Xiang, é o gato, bem redondo, o “Ar Pou”, que está a viver no espaço. “O Ar Pou tem muitos fãs, há pessoas que entram na livraria só para brincar com ele. Mas a verdade é que o gato gosta de passear lá fora e alguns deles ficam bastante desapontados”, rematou divertidamente.

20 Abr 2016

Go China!

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]em dúvida que esta foi uma semana especialmente e homossexualmente animada na China. Casos judiciais, hashtags no Weibo, e muitas vozes expressando-se pelo direito à igualdade foram proclamados pela comunidade LGBT chinesa, e não só.
No Verão passado, Sun Wenlin e o seu companheiro Hu Mingliang, fizeram um ano de namoro e decidiram casar-se. A homossexualidade não é criminalizada na China desde 1997, nem é oficialmente considerada uma doença desde 2001. Se o preconceito ainda existe, e se ainda existem psiquiatras a administrar terapias de choque a homossexuais – porque pensam conseguir “curá-los” – garante-se que sim, é uma tendência opinativa que, infelizmente, ainda anda por aí. Este casal, contudo, fez história ao tentar oficializar a sua união: a proposta de matrimónio foi recusada e ainda foram bombardeados com sugestões tradicionalistas de que uma família pressupõe um homem, uma mulher e a possibilidade de ter filhos. Eles não fizeram mais nada e levaram o caso a tribunal, alegando que a legislação chinesa não proíbe o casamento homossexual nem explicitamente sugere que o casamento só pode acontecer entre um homem e uma mulher.
A audiência aconteceu na cidade de Changsha, onde muitos membros da comunidade LGBT chinesa viajaram para apoiar a causa. Trezentas pessoas rodearam o tribunal e outras cem estiveram na assistência. Sem grandes surpresas, ao fim de poucas horas de audiência, o pedido de matrimónio foi recusado ao casal. Mas, Sun Wenli garante que vai recorrer as vezes que forem necessárias, porque, casar-se com a pessoa de quem gosta, é o que ele quer. É o que todos queremos. Todos reconhecem que isto de derrota teve muito pouco porque deu azo a um mediatismo e a uma mobilização estupenda, o que possibilitou a discussão entre todos. Foi o primeiro caso de tentativa de casamento homossexual na China, e, certamente, não será o último. O facto de ter sido discutido em contexto judicial, já é razão para alguma esperança. Afinal, foi com alguma surpresa que o casal e o advogado receberam a notícia que o estado de Hunan estava disposto a ouvi-los e aos argumentos a favor da sua união.
A partir daqui as vozes multiplicaram-se pelas redes sociais e nasceu um hashtag que apela ao fim dos casamentos de fachada. Neste momento, imensas pessoas estão a dar a cara a esta trend e garantem que não irão cair em pressões societais ditas ‘normativas’. São homossexuais que não irão casar-se com heterossexuais para manter as expectativas familiares porque, afinal de contas, ninguém na parelha vai ficar muito feliz. Até os pais de filhos homossexuais têm deixado mensagens no Weibo a garantir que incentivarão os seus filhos a casarem com quem eles quiserem.
Também muito recentemente, um trabalhador transgénero processou a companhia onde trabalhava por despedimento sem justa causa, ao revelar a sua preferência sexual e de género. O trabalhador em questão nasceu mulher, mas sente-se homem. Por isso, assim que começou a mostrar a sua verdadeira identidade masculina, foi acusado de não respeitar as regras do empregador. Foi despedido e agora espera um veredicto do processo em 45 dias, com a esperança de que o caso possa de alguma forma contribuir para o fim da discriminação dos transgénero no contexto laboral.
Não podia estar mais orgulhosa, a China fez-me muito feliz esta semana. Se no ano passado a opinião geral era que só daqui a 20 anos poderia ver-se o reconhecimento dos direitos da comunidade LGBT na China, à luz destes micro-passos, parece que já não é uma realidade assim tão longínqua. Pode estar mesmo ao virar da esquina! Apesar de tudo, o sistema não está a desmotivá-los. Há legitimidade na luta que ainda mal começou. Desenganem-se se acham que as opiniões e acções discriminatórias são subtis. Têm havido outros casos de queixas relativas ao constante estigma, até em manuais escolares, ou censura, na televisão e na internet, que façam referência à homossexualidade. Ao que parece há 16 milhões de mulheres na China casadas com homens homossexuais. Não será altura de permitir a liberdade, e a felicidade, para quem a quiser aceitar?

19 Abr 2016

Bares novos: St. Regis e Premiere

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ste será o último artigo que integra uma apreciação e lista de bares de hotel de Macau. O assunto é fastidioso. Algumas das falhas que nesta selecção se descobrem são falhas que indicam insuficiências, de tipo rural, que são endémicas à cidade e cuja resolução se não vislumbra.
A primeira prende-se com a continuada inexistência de um único bar em que o desenho mostre a mais pequena ousadia no seu modernismo. O mesmo defeito estende-se aos hotéis do território, a esmagadora maioria dos quais – com a pequena excepção do Altira e do Mandarim e talvez do Hyatt – vergados à necessidade de um gosto pacóvio e renitentes à educação das massas. Pergunto-me o que acontecerá ao edifício em construção desenhado por Zaha Hadid, recentemente falecida.
Admita-se que esta falta de atrevimento no desenho pode ser uma propensão generalizada na Ásia, uma que em Macau se combina com a focalização num tipo de turismo de massas pouco educadas. Também neste sector quem acaba por sofrer as consequências da ignorância e do provincianismo é o bebente residente.*
A segunda razão que torna os bares de Macau entediantes é a relutância da população local em frequentá-los. Existindo locais onde a oferta de bebidas e o serviço é mais que suficiente, estes tornam-se inúteis se continuarem vazios e sem animação. Há vários lugares em Macau em que as listas e a proficiência dos mixordeiros não fica atrás do que se pratica nos melhores lugares do resto do planeta.
Relembra-se o conceito de proximidade, lido em Triumph of the City, de Edward Glaeser. Este aplica-se a uma concentração social promotora da troca de ideias e do avanço de projectos. Em Macau persiste a resistência à frequência dos bares antes das refeições, a desejada proximidade não se cumpre e a estagnação ou a regressão substituem-se ao avanço.
No novo The St. Regis bar, no hotel do mesmo nome, identificam-se facilmente as falhas que aqui se expõem. Este é um lugar com um conjunto muito decente de bebidas, um que mostra profissionalismo, não só na escolha destas como na dos preparados que com elas se podem conseguir. Os barmen de serviço que conheci são muito competentes e o resto do pessoal muito simpático e de olho vivo e interessado. O balcão é atraente, de tamanho médio e altura capaz e aparece fronteiro a um painel autorizado por Gil Araújo relativo à coexistência harmoniosa dos chineses e dos portugueses em Macau ao longo dos anos (a sério). A zona de cadeiras é confortável e própria, quase elegante, e ao fundo existe uma área mais íntima, The Vault, que se utiliza para funções próprias ou para uso regular.
Uma das vezes que o frequentei estava vazio, e em conversa com umas das funcionárias não me pareceu que houvesse muitas excepções. Numa outra, a uma sexta-feira, a zona de mesas estava cheia e com bom ambiente. A sala The Vault recebia um grupo grande.
A frequência é a razão que mantém o bar do Hotel Star World em primeiro lugar da minha lista de preferências – a existência de um público regular. Admita-se igualmente (uma conversa que já tive com um empregado do Bar Azul, no Hotel Four Seasons) que a localização pode ser factor determinante na popularidade do bar do décimo sexto andar do Hotel Star World.
Mas o que distingue o bar do St.Regis, carregado de boa vontade, de vários outros bares de hotel que se oferecem no território? Por enquanto não muito, para lá de uma genuína vontade de agradar e uma HH atraente em termos de preços. O serviço é tão bom como nos melhores. Este bar compete com o do Ritz-Carlton? Sim, compete no sentido da qualidade da oferta e do serviço própria a hotéis de alta gama. Mostra uma especialização numa bebida muito popular, o Bloody Mary.
O bar Premiere fica num complexo turístico de gosto duvidoso e materiais de construção baratos, o Studio City. O bar continua a tendência de todo o complexo. O Premiere é apenas um lounge aberto aos corredores e não mereceria sequer aqui menção não fossem os barmen bastante competentes e interessados. Tem uma lista excelente, vasta, mas só a obrigação de uma visita ao complexo justifica que se patrocine o Premiere e não outros bares que ficam na mesma área.
Encontra-se a uso público o bar China Rouge, no Complexo Galaxy, antes limitado à entrada de sócios. Mantém a geografia anterior que é mais a de um clube do que a de um bar e tem uma banda. Siga-se a sua carreira. Não o incluo na lista por não saber se está aberto para bebidas ante-prandiais.

1. Whisky bar, Hotel Star World – O que tem mais animação. Localização central. Taxa muito favorável de retenção do pessoal de serviço. Tem uma lista longa para lá da que o cliente normalmente recebe. Tem uma varanda muito boa.
2. Ritz-Carlton bar and Lounge, Hotel Ritz-Carlton – Bom nível de bebidas mesmo que não em quantidade. Pequena especialização numa bebida, o gin (20 diferentes), dá-lhe um rosto próprio. Abre às 10 da manhã, pormenor importante num território em que muitos dos outros bares de hotel só abrem pelas 5 da tarde.**
3. Macallan, Galaxy – Excelente serviço, boas bebidas feitas por barmen muito competentes e hospitaleiros num ambiente estranho a Macau. Lista de uísques inultrapassável, penso que mais de 400, coloca-o no terceiro lugar (isto o que o distingue).
4. St.Regis bar, Hotel St.Regis – Ainda em rodagem, uma ementa bastante completa e mixordeiros de qualidade, uma sentida vontade de agradar e uma pequena especialização em Bloody Mary. Pode subir de posição. Abre ao meio dia. Apreciado em cima.
5. Convívio Agradável, Hotel Sofitel, Ponte 16 – Excelente serviço e sentido de hospitalidade, bebidas de qualidade. Não é longe do centro. Muito feio mas muito acolhedor (eu não acredito que o kitsch seja a manifestação do mal). Por baixo da fealdade, que é quase comovente na sua inocência, nota-se a qualidade Sofitel.
6. Bar Azul, Hotel Four Seasons – Expressa desejo por um desenho próprio, boas bebidas, próprio para um encontro íntimo, injustamente desconhecido.
7. Vida Rica, Hotel Mandarin – Boa qualidade de serviço, fica num dos 2 hotéis de Macau que não é piroso e tem vista. Tem promovido eventos próprios, não só com provas de vinhos mas com mixologistas convidados – o que o traz a uma posição mais favorável.
8. Cinnebar, Hotel Wynn – tem espaço exterior, staff competentíssimo e amável, boas bebidas, excelente ginger margarita.
9. Lan, Hotel Crown Towers – Este bar cai vários lugares, vítima brutal das intermináveis obras que afligem a parte oeste do City of Dreams. Encolheu consideravelmente e já não tem janelas nem o pé direito quase gótico que o tornava amplo. Segundo o pessoal de serviço, em breve (?) ganhará novo espaço em que se inclui uma parte exterior. Se desce apenas para sétimo lugar é porque mantém a mesma lista e uma outra apenas de vinhos de mesa que é das melhores de Macau.
10. Heart, Hotel Ascott – Tem um terraço de sedução imbatível, o melhor entre estas entradas. Tem uma lista curta e sem grande imaginação. Excelente para grupos. A melhorar à medida que vai ganhando experiência.
11. 38 Lounge, Hotel Altira – tem vista e varanda, exibe vontade de mostrar desenho, fica num dos 2 hotéis de Macau que não é piroso.
12. Windsor, Hotel New Emperor – Tem um longo balcão e localização imbatível, no centro da cidade. As misturadoras, de Taiwan, eram muito simpáticas.
13. Premiere, Studio City – Sítio feio mas com uma lista longa e bem feita (está na internet). Bons barmen.
14. Cristal, Hotel Wynn Encore – desenho próprio, sofás confortáveis, excelente ginger margarita (partilha lista com o Cinnebar).
15. McSorley’s Ale House, Venetian – Não tem figurado nesta lista mas tecnicamente é um bar de hotel, mesmo que completamente aberto a um corredor feio e a massas barulhentas. Tem 17 marcas de cerveja. O resto é enfadonho, igual a tantos outros bares de temática irlandesa de desenho encomendado a uma empresa que os replica por todo o mundo.
16. Aba, Hotel MGM – não bem um bar, mais um espaço aberto junto de uma praça mas onde se conseguem bebidas boas e um serviço de simpatia e competência mais do que suficiente. Larga escolha de vinhos.
17. Lyon’s, Hotel MGM – pouco que se recomende para lá de ter um balcão enorme e ser relativamente central.

A. Relembre-se que existem em Macau alguns bares/lounges de átrio de hotel que preenchem com suficiência necessidades de bebida, lugares de conforto e extrema conveniência, alguns mesmo de elegância decente. Noto, por ordem não muito rigorosa de preferência, os dos hotéis Mandarin, Okura, Banyan Tree e Marriott. O bar circular do Sheraton também é bom.
B. Existem igualmente vários bares de piscina espalhados pela cidade.
C. Vários restaurantes de hotel, como o Aurora, o Copa ou o Portofino, têm agregados bares.
D. Noutra nota (não de bares de hotel) informe-se que têm aberto na zona norte da cidade (obrigados a esta escolha pelo preço das rendas) vários barzinhos de sabor local que podem vir a transformar esta área, anteriormente pouco associada ao sector.

* também não noto uma vontade contrária em Hong Kong, admitindo uma pequena excepção no Ozone (Ritz-Carlton, cuja lista é praticamente igual à de Macau). Aliás, este é um caso paradigmático. O mesmo hotel Ritz-Carlton (pertencente ao gigantesco grupo Marriott) decidiu fazer em Hong Kong uma estalagem de aspecto moderno, mesmo que não muito ousado, mas em Macau escolheu uma moldada ao pobre gosto presidente, em tons pseudo-imperiais frios (gosto duvidoso que se repete em Kuala Lumpur e em Cantão).

**alguns dos bares sitos em hotéis têm listas que se encontram acessíveis na internet. Recorde-se igualmente que certos bares têm listas de bebidas (por vezes comuns a outros serviços do hotel) mais vastas do que as que imediatamente se oferecem aos clientes.

19 Abr 2016

Teddy Yip Jr à conquista das 500 milhas de Indianapolis

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]heodore “Teddy” Yip Jr, sobrinho de Stanley Ho e filho do seu incontornável sócio-fundador na Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, o falecido Theodore “Teddy” Yip Snr, continua a sua senda a reavivar a Theodore Racing. Já este ano Yip Jr levará a Theodore Racing a três eventos da IndyCar Series, campeonato norte-americano de monolugares mais conhecido como Fórmula Indy e cuja prova mais relevante, onde a equipa com raízes a Macau também vai participar este ano, é a “Indy 500” (ou 500 milhas de Indianapolis), a mais antiga corrida de automobilismo do mundo.
Para tornar este regresso possível, a Theodore Racing juntou-se à Rahal Letterman Lanigan Racing, uma equipa que pertence a um trio de famosos constituído pelo ex-piloto Bobby Rahal, o empresário do ramo do equipamento de construção Mike Lanigan e o apresentador do “CBS LATE SHOW” David Letterman. A parceria com a Rahal Letterman Lanigan Racing teve início no fim-de-semana passado no Grande Prémio de Long Beach, um evento que o seu pai apoiou no início da década de oitenta e depois, quando em 1981 organizou uma das mais famosas festas a bordo do seu barco “Queen Mary”.
A equipa norte-americana coloca nas pistas dois monolugares Dallara-Honda para os norte-americanos Graham Rahal, filho de Bobby Rahal, e Spencer Pigot, este último apenas em alguns eventos.
Para Yip Jr, que reside no Canadá, este parceria “faz todo o sentido”. “O Bobby conhecia o meu pai e tal como eu, o Graham faz parte de uma nova geração que quer manter o legado e deixar a sua própria marca nos livros de história”.
Apaixonado pelo automobilismo no seu todo, Yip Snr apoiou equipas na Fórmula Indy entre 1977 e 1984, conseguindo vencer as famosíssimas 500 milhas de Indianapolis com Tom Sneva em 1983.
Esta decisão de regressar aos Estados Unidos da América com a Theodore Racing vai de encontro com as ambições de Yip Jr que quer ser uma figura activa no paddock do campeonato Indycar Series, como foi em tempos foi o seu pai.

Legado respeitado cá na terra

A Theodore Racing faz parte da história do Grande Prémio de Macau desde que Teddy Yip Sénior competiu pela primeira vez como piloto em 1956. Mesmo após poisar o capacete, o entusiasta empresário, que faleceu em Julho de 2003, continuou a patrocinar equipas no evento até 1992, ganhando a prova rainha do programa por seis ocasiões. Depois 21 anos de ausência, em 2013, o nome da Theodore Racing voltou ao Grande Prémio e com o inglês Alex Lynn venceu pela sétima vez no Circuito da Guia.
Novamente em parceria com a equipa Prema PowerTeam e com o forte apoio da Sociedade de Jogos de Macau, a Theodore Racing voltou aos triunfos em 2015 na corrida principal do evento, a Fórmula 3, desta vez graças ao sueco Felix Rosenqvist.
A Theodore Racing faz parte dos livros de história do automobilismo mundial, nem que seja pelo simples facto de ter colocado em pista quatro ex-campeões do mundo de Fórmula 1: Ayrton Senna, Keke Rosberg, Mika Hakkinen e Alan Jones.

Status GP na corda-bamba?

19 Abr 2016

Função Pública | Deputada quer mais deficientes na Administração

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Chan Hong interpelou o Governo sobre a possibilidade deste alterar o Regime Jurídico da Função Pública para que permita um maior acesso dos portadores de deficiência a trabalhos na Administração. Chan Hong cita a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU), ratificada por Macau, referindo que, embora o Governo dê subsídios aos deficientes, os actuais apoios não chegam.
A deputada nomeada pelo Chefe do Executivo para a área da Educação diz que é preciso aumentar a taxa de empregabilidade destas pessoas, bem como implementar uma melhoria nos acessos, proporcionando um ambiente de trabalho sem barreiras.
Chan Hong considera que os jovens com deficiência sentem muitas dificuldades, já que apenas 3,7% têm um curso superior, o que afecta a sua empregabilidade.
“A maioria dos portadores de deficiência não possui um elevado nível de educação, o que diminui as possibilidades de trabalho. Muitos só encontram trabalhos básicos e é difícil ter oportunidades de promoção.”
A deputada defende que o Executivo deveria criar benefícios para as empresas que contratem portadores de deficiência, por forma a fomentar uma melhor integração destas pessoas na sociedade. Chan Hong acredita que poderiam ser criados subsídios de empregabilidade.
“Como referiram os portadores de deficiência, a formação no emprego não é suficiente, o que faz com que muitos deles não tenham vontade de trabalhar, porque não conseguem um emprego”, rematou.

19 Abr 2016

DSSOPT afinal estuda criação de cláusulas penais compensatórias

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]i Canfeng, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), garantiu que o Governo vai estudar a viabilidade de introduzir cláusulas penais compensatórias nas obras públicas. O responsável admite estar a ponderar, ainda que, em Março, o Secretário da tutela tenha afastado essa hipótese.
Na resposta a uma interpelação do deputado Si Ka Lon, a DSSOPT confirmou que “já fez algumas análises técnicas sobre este assunto, estando a planear estudar os fundamentos segundo o quadro jurídico actual”.
A deputada Ella Lei já apresentou por duas vezes um pedido de debate sobre o assunto na Assembleia Legislativa (AL) e, no debate ocorrido em Março, Raimundo do Rosário afastou a possibilidade de criar cláusulas compensatórias a curto prazo, salientando que estava ainda “a ser avaliado”, mas que não haveria para já essa possibilidade.
“O regime de empreitadas que está em vigor fez uma opção pelo regime das multas e uma coisa exclui a outra. Se quisermos incluir este sistema da cláusula penal compensatória, teremos que alterar o regime e, neste momento, estamos mais inclinados para não alterar”, disse no hemiciclo.
Li Canfeng garantiu ao deputado Si Ka Lon que já exigiu às construtoras a elaboração de planos para resolver o prolongamento dos prazos para a conclusão das obras e a entrega de relatórios, por forma a reforçar a fiscalização. O director da DSSOPT referiu ainda que as concessionárias não utilizam de forma eficaz os seus recursos e que não constroem com base nos planos iniciais, daí a necessidade de criação de planos e relatórios. Caso sejam detectadas falhas, a DSSOPT garante que vai penalizar as concessionárias, mas a verdade é que Raimundo do Rosário admitiu na AL que Macau não tinha uma cultura de multas.
As cláusulas penais compensatórias permitiriam ao Governo receber compensações por atrasos e obras mal feitas.

19 Abr 2016

Novo livro de António Caeiro conta relacionamento entre Portugal e China

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]novo livro do jornalista António Caeiro conta histórias do relacionamento Portugal-China entre 1949-1979 e da atracção que a revolução chinesa exerceu sobre alguns actuais líderes portugueses.
“A China está hoje muito presente na vida portuguesa, com empresas, lojas chinesas, um grande número de turistas, mas há uma relação mais antiga que não era conhecida do grande público”, desenvolvida ao longo de um período em que os dois países não mantinham relações diplomáticas, mas os contactos oficiosos nunca foram interrompidos, afirmou o antigo correspondente da agência Lusa em Pequim. Foi “uma surpresa” compreender esse relacionamento e a dimensão da influência do maoísmo em Portugal ao longo daquele período, declarou. “Foi uma surpresa para mim e para muitos portugueses da minha geração e mais novos”.
“Houve uma grande atracção de Portugal pelo comunismo chinês como não houve em outros países”, disse Caeiro, sublinhando que parte da actual elite portuguesa foi maoísta na juventude.
O autor citou o historiador José Pacheco Pereira, na apresentação da biografia do fundador do Partido Comunista Chinês “Mao, a História Desconhecida”, de Jung Chang e Jon Halliday, quando este disse que “a passagem pelo maoísmo é um elemento muito importante da História contemporânea” portuguesa.
Pacheco Pereira “passou” pelo maoísmo, no início da década de 1970. Após a queda da ditadura, aderiu à “esquerda liberal” e a seguir filiou-se no Partido Social-Democrata (PSD).

Caminho flexível

António Caeiro, que viveu mais de dez anos em Pequim, destacou Macau como um “fenómeno único do mundo”, que traduz a relação singular entre Portugal e a China.
“Ao longo de muito tempo conseguiram arranjar ali, através daquilo que podemos chamar ‘flexibilidade do bambu’, por muitos tufões políticos e económicos que surgissem, uma maneira de todos saírem bem”, sublinhou.livro antonio caeiro
Para contar estas histórias de vários intervenientes portugueses, chineses, macaenses e das ex-colónias, António Caeiro tentou encontrar “todas as pessoas que estiveram em contacto com a China ao longo desses trinta anos”.
“Consegui quase todos (…) Alguns poderão aparecer depois da publicação do livro, o que será ainda melhor”, considerou, explicando ter escrito “Peregrinação Vermelha: O Longo Caminho até Pequim” ao longo de uma década.
Para o jornalista, a história mais impressionante e dramática que contou foi a de Viriato da Cruz, poeta fundador do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola, actualmente no poder), que viveu e morreu em Pequim.
A 1 de Outubro de 1966, Viriato da Cruz discursou na praça Tiananmen perante um milhão e meio de pessoas e ao lado de Mao. Morreu em Junho de 1973, num hospital, depois de ter caído em desgraça e foi abandonado por todos. A mulher e a filha só conseguiram sair do país no verão de 1974, após a polícia política portuguesa ter autorizado a concessão de um passaporte.
“A amizade Portugal-China é uma história com ‘H’ grande e estas são as histórias de uma história maior e mal conhecida”, concluiu.
Este é o terceiro livro de António Caeiro sobre a China. O primeiro “Pela China Dentro: Uma Viagem de 12 Anos” foi publicado em 2004 e o segundo “Novas Coisas da China – Mudo, Logo Existo” em 2013.

19 Abr 2016

Ambiente | Recolhidos mais resíduos. Aumentam dias insalubres nas ilhas

A Central de Incineração de Resíduos Sólidos tratou mais 11,3% dos resíduos face a 2014. O número de dias insalubres nas zonas de Taipa e Coloane aumentou e o número de pessoas por quilómetro quadrado subiu também

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ados oficiais dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que se recolheram em Macau mais resíduos o ano passado em relação a 2014 e que Taipa e Coloane sofreram com mais dias em que a qualidade do ar estava má.
A Central de Incineração de Resíduos Sólidos tratou mais 11,3% destes materiais, acima das 509 mil toneladas, tendo sido transportado para os aterros mais de 4800 toneladas de resíduos de obras e construção, um aumento de 10,5% face a 2014. Em relação aos resíduos domésticos registou-se um aumento de 4,6%, tendo sido recolhidos um total de 229 mil toneladas.
Os dados da DSEC revelam ainda um aumento dos dias insalubres nas zonas da Taipa e Coloane, enquanto que “durante o ano 2015 apenas a estação de observação de alta densidade habitacional da Zona Norte registou um dia no mês de Janeiro ar de qualidade muito insalubre”.
No geral, as quatro estações de monitorização da qualidade do ar situadas na península de Macau e na Taipa registaram mais dias ar de “boa” qualidade, em relação ao ano de 2014. A DSEC salienta que a qualidade do ar registado na estação da berma da Rua do Campo “melhorou significativamente”, “observando-se 221 dias ar de boa qualidade – mais 87 dias em termos anuais – e o número de dias com ar de qualidade insalubre diminuiu 34 dias em termos anuais.”

Mais água, mais gente

O consumo de água também registou um aumento em 2015 de 1,7%. Segundo a DSEC, o consumo doméstico registou um dos maiores aumentos, na ordem dos 3%, enquanto que o consumo na indústria aumentou 1%. Na Função Pública houve uma diminuição de 1%. As Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) trataram em média 192.965 m3 de resíduos líquidos por dia, ou seja, menos 11,0% face ao ano de 2014.
A DSEC relembra ainda que Macau presenciou em 2015 o dia mais quente desde 1952, sendo que a temperatura média foi de 23,2 ºC, mais 0,5 ºC do que em 2014.
No ano passado, a área total do território de Macau era de 30,4 quilómetros quadrados e a densidade populacional cresceu de 20.500 pessoas para 21.100 por quilómetro quadrado de 2014 para o ano passado, informa ainda a DSEC.

19 Abr 2016

Isenção de visto para Argentina e Equador em 2018

A Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) disse que Macau poderá conseguir isenção de vistos para a Argentina e Equador dentro de dois anos. Em resposta a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon, o organismo explica que já pediu esta isenção para estes e outros países da América do Sul, bem como para Marrocos e África do Sul. O número de países que dispensam visto para os portadores de passaporte de Macau aumentou para 122 em Março, sendo que o Uruguai, a Arménia e a Bielorrússia e o Omã são os mais recentemente listados.

19 Abr 2016

PSP | Registo criminal mais simples

O pedido de registo criminal vai ser mais simples. A Polícia de Segurança Pública, em conjunto com a Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau e a Direcção dos Serviços de Identificação, estabeleceu um protocolo para um serviço de auto-atendimento vocacionado para o requerimento do Certificado do Registo Criminal, sendo que os cidadãos vão poder fazer o pedido em quiosques. De acordo com um comunicado, estes vão funcionar junto ao Edifício do Serviço de Migração no Pac On a partir de amanhã. Com esta medida, aqueles organismos governamentais pretendem facilitar o requerimento do certificado, um documento essencial para a renovação da Autorização de Residência. O serviço confere ainda a possibilidade ao requerente de escolher o serviço de remessa pelo que o certificado será enviado directamente à PSP, sem necessidade de deslocar-se à DSI para o levantar.

19 Abr 2016

Fado | Menu especial com vinhos portugueses

O restaurante Fado, no Hotel Royal, prepara até final do mês um menu especial emparelhado com cinco vinhos portugueses diferentes. O menu, preparado pelo chef Luís Américo, inclui salmão marinado com vieira grelhada e manga, camarão tigre com molho de côco, pimentos e coentros, bife à portuguesa e tripas à moda do Porto, sendo que para sobremesa o prato é tarte de banana caramelizada com leite creme. Os vinhos, seleccionados pela Vinomac, vão desde a região do Vinho Verde e Douro, ao Alentejo e Trás-os-Montes. Cada um dos vinhos foi escolhido primeiro que a comida, como explicou aos média Luís Herédia, da Vinomac, sendo que o chef Luís Américo partiu da bebida para idealizar os pratos que lhe fariam jus. O menu está disponível até 30 de Abril.

19 Abr 2016

Projecto dedicado à gastronomia internacional passa pela RAEM

Gonçalo Loureiro e João Delicado são os mentores do projecto que quer pôr o mundo a saber o que nele se come, sendo Macau o ponto de partida numa “feliz coincidência”, dado o simbolismo que acarreta

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Nas bocas do mundo” é o projecto de Gonçalo Loureiro e João Delicado, iniciado há cerca de dois anos e meio, que pretende abordar “tudo aquilo que anda literalmente nas bocas do Mundo” como sobressai na apresentação do blogue que concretiza o projecto. O primeiro, publicitário e crítico gastronómico, também colaborador da revista Sábado, e Luís Delicado, colega do mundo da publicidade, querem, através de imagens textos e vídeos, contar as histórias cujo enredo consista “nos segredos da gastronomia no mundo”, como diz Gonçalo Loureiro ao HM.
Foi com a introdução do vídeo que João Delicado foi convidado a participar: esta é uma plataforma importante em que, através do registo multimédia, é possível “transportar as pessoas aos lugares”, como afirma João Delicado.
Sendo seu intuito percorrer os sabores do mundo, muitos têm sido os esforços para que, nas suas tentativas de apoio, sejam vistos enquanto mais que “uns miúdos que querem comer e beber”, como diz um dos mentores referindo-se às dificuldades que têm tido no que respeita à aquisição das ajudas necessárias à continuidade do projecto.
No entanto, e numa “feliz coincidência”, a primeira resposta de interesse veio de Macau por parte do Rudolfo Faustino, coordenador do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal, que considerou relevante esta iniciativa de querer conhecer e divulgar “mais do que os casinos, museus ou os pastéis de nata de Macau”, adianta Gonçalo Loureiro ao HM. COMIDAS_JOAO_DELICADO_2
Para os criadores do projecto, a região tem ainda um interesse simbólico a ter em conta, na medida em que terá sido um importante ponto de chegada da gastronomia portuguesa e sendo agora o ponto de partida deste projecto na sua incursão por terras mais distantes.
Sem perder a oportunidade, Gonçalo Loureiro e Luís Delicado põem as mãos à obra e tiram férias para vir trabalhar. Ficaram cinco dias na região e, sem serem derrotados pelo jet lag, afirmam a gratificação que sentem com a abordagem nos sabores locais.

Da rua ao luxo

Em Macau, imperou o improviso num conjunto de experiências que andaram desde a comida de rua aos mais prestigiados restaurantes. Num primeiro momento, com a condução do chef Martinho Moniz, puderam ir à pesca com os pescadores locais e daí, em cooperação com uma loja de comida de rua, fizeram a tradicional cataplana portuguesa, tendo sido também confeccionada a feijoada macaense.
Gonçalo Loureiro adianta ainda a surpresa sentida quando verificaram o “crescente número de pessoas que os iam rodeando movidas pela curiosidade”.
Por outro lado, e com o gastroenterologista Shee Vá, surgiu a ideia que “no fundo dá mote a toda a iniciativa,” de fazer uma “viagem” que percorra a cozinha de Macau nos estômagos de cada um, sendo que foi ainda uma oportunidade de perceber tanto a autenticidade, como a segurança do que se vai ingerindo com a “comida de rua”. A experiência permitiu ao mesmo tempo salientar outros aspectos, como a ligação que sentiram entre as duas culturas – Portugal e Macau – ilustrada com as semelhanças sentidas entre mercearias e farmácias da medicina tradicional chinesa, bem como este “interface entre a gastronomia e a medicina”. COMIDAS_JOAO_DELICADO_3
O “Tacho” não foi esquecido e terá sido apreciado por ambos aquando do seu conhecimento por Florinda Morais Alves, da Confraria da Gastronomia Macaense, em que se fica com a sensação, dizem, de “um cozido à portuguesa de cá”.
Pela passagem de Macau fica ainda a ideia da necessidade de mais promoção da gastronomia macaense e de Macau, sendo que aqui a comida está “no melhor que se poderá encontrar na Ásia”. Além disso, diz, há que perceber que “as tradições da terra” se possam diluir, remata Gonçalo Loureiro.
Os dois mentores do “Bocas do mundo” chegaram a Macau, já passaram por Hong Kong e estão agora na Tailândia, sendo que a descoberta dos segredos das mesas onde se vão sentando podem ser acompanhados em https://nasbocasdomundo.com.

19 Abr 2016

Magistrados | Acordo para profissionais ficarem em Macau até máximo de oito anos

Os magistrados portugueses que desempenhem em funções em Macau só poderão fazê-lo por um período máximo de oito anos e terão de se candidatar para o efeito, sendo escolhidos pela RAEM. Joana Marques Vidal chegou ontem a acordo com o MP – todos os magistrados serão substituídos e os números dos que para cá vêm podem variar

 
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]vinda da procuradora-geral da República portuguesa a Macau resultou num acordo sobre o trabalho de magistrados portugueses na RAEM. Estes vão continuar a vir para o território mas com regras mais definidas: serão nomeados por uma comissão de quatro anos, a qual só será renovada uma vez. Ficam no máximo oito anos e, findo esse período, Portugal irá substituir esse magistrado, caso Macau assim o pretenda. 
Para virem para Macau os magistrados terão ainda de se candidatar, sendo posteriormente escolhidos pelo Ministério Público (MP) da RAEM com base nos seus currículos.
Segundo Joana Marques Vidal, Procuradora-geral portuguesa, são precisas estas regras mais claras para a vinda destes profissionais, já que o Conselho Superior do MP em Portugal já era responsável por autorizar as comissões de serviço.
“Muda a forma de critério para o recrutamento, pois não estava nada definido. Fica mais claro o tempo limite adequado para a permanência do magistrado e há um procedimento mais transparente”, explicou Joana Marques Vidal em conferência de imprensa à margem do encontro com o Conselho de Magistrados e todos os magistrados da RAEM, ontem. 
 

Números não definidos

Apesar de garantir que é importante continuar a manter a cooperação já existente, Joana Marques Vidal garantiu que não foi definido um número de magistrados que virão para Macau. “Não foi estipulado um número porque neste momento não temos muitos quadros [no MP em Portugal], mas nos próximos três ou quatro anos poderemos ter mais quadros, o que nos vai permitir ponderarmos a possibilidade de virem mais ou menos magistrados. Temos circunstâncias de funcionamento que não são as mais fáceis. Esse número vai variar de época para época, até de mês para mês. Vai ser analisado caso a caso”, disse.

Estágios em Lisboa

A formação foi outro dos assuntos abordados na reunião de ontem. “Há um interesse por parte do MP e disponibilidade por parte do MP português em permitir que os seus magistrados possam ir fazer acções de formação [em Lisboa]. Há também a possibilidade para o MP em Portugal receber por períodos a definir estágios de natureza mais prática”, frisou.
Joana Marques Vidal considerou que a “cooperação é importante para a manutenção dos princípios fundamentais do sistema jurídico e que são respeitados pela República Portuguesa e pela RAEM”.
Por definir está ainda a situação dos três magistrados portugueses depois da saída de Vítor Coelho, conforme noticiou o HM, exigida por Portugal. Um dos magistrados aguarda que o MP em Portugal decida a sua permanência ou saída da RAEM, enquanto que dois magistrados estão com uma licença sem vencimento.
Ip Son Sang, procurador-geral do MP em Macau, garantiu que foi “respeitado o acordo com o Conselho Superior do MP em Portugal, ambas as partes tiveram um bom entendimento”. Ip Son Sang não quis avançar o número de magistrados que poderão chegar de Portugal, nem se os mesmos poderão chegar este ano. “Tudo vai depender da situação concreta”, frisou.
 

Combate ao branqueamento de capitais

Joana Marques Vidal garantiu que irá continuar a cooperação ao nível do combate à corrupção e do branqueamento de capitais. “Foi abordada essa questão de forma genérica, tendo sido considerado que da parte do MP em Portugal há toda a disponibilidade para essa cooperação e para o seu aprofundamento, através da formação.”

Reunião com Chui Sai On

A visita da comitiva do MP de Portugal a Macau incluiu um encontro com o Chefe do Executivo, tendo este referido que os “magistrados da República Portuguesa que servem em Macau têm obtido o reconhecimento e maior respeito por parte da população”, sendo que o novo acordo “representará um importante factor para os dois territórios”. Já a Procuradora-geral da República garantiu que Portugal vai “continuar a assumir o compromisso, destacando magistrados portugueses para trabalhar em Macau”. 

19 Abr 2016

Brasil | Dilma cada vez mais afastada do poder. Residentes preocupados

Ainda não é definitivo, mas Dilma Rousseff está cada vez mais afastada da presidência. Com a esmagadora massa dos deputados da Câmara brasileira a votar a favor da destituição, a Presidente ouviu o “fora daqui”. Por cá as opiniões dividem-se: entre preocupações e esperanças os residentes brasileiros vão olhando para o seu país de coração nas mãos

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]ouve confettis, gritos, agradecimentos aos pais, ao filhos, aos irmãos, a Deus, e muitos “sins”, durante a votação à destituição da presidente brasileira, Dilma Rousseff, na passada segunda-feira. De ânimos exaltados, os deputados votaram a favor da queda daquilo que diziam ser um “Governo corrupto” ou contra a um movimento “inconstitucional e anti-democrático”. Deste lado do mundo, os residentes brasileiros mostram-se divididos.
As contas são claras: dos 511 votantes, 367 disseram que sim, 137 gritaram que não e sete abstiveram-se. Dilma Rousseff fica assim a um passo de ser destituída, algo que vai agora passar pelo Senado brasileiro.
Por cá, há quem defenda que o Partido dos Trabalhadores (PT), que ganhou o poder com o ex-presidente Lula da Silva, foi o que mais trabalhou e olhou pelos interesses do povo. Por outro lado, para outros, a operação Lava Jato, que envolve alguns deputados e membros do Governo em actos de corrupção, e a tentativa de nomeação de Lula da Silva como Ministro, para ganhar imunidade, são actos que mostram a necessidade de mudança imediata.
Apesar do nome de Dilma Rousseff não estar envolvido naquela que é uma das maiores investigações de corrupção do Brasil, a oposição considera que a Presidente teve culpa por permitir todos os esquemas ilegais. Uma das vozes mais fortes contra Dilma é a de Eduardo Cunha, presidente da Câmara de Deputados do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), parceiro de coligação do Governo, que, em 2015, se auto proclamou como da oposição à presidente. Eduardo Cunha está também implicado na operação Lava Jato.

[quote_box_left]“Eu elegi o Lula [da Silva], estava lá [no Brasil] durante as eleições e votei no PT. Foram os que mais fizeram pela parte trabalhadora do país” – Eddy Murphy, Mestre de Capoeira[/quote_box_left]

Olhar ao longe

“Eu elegi o Lula [da Silva], estava lá [no Brasil] durante as eleições e votei no PT. Foram os que mais fizeram pela parte trabalhadora do país. De todos os políticos foram os que mais olharam pelo Nordeste, para a população mais carente. Foi o Governo mais virado para a população carente. Eu sou da periferia, portanto eu posso falar”, começou por explicar um dos primeiros impulsionadores da tão típica capoeira em Macau, Mestre Eddy Murphy.
A residir há longos anos em Macau, Eddy mostra-se preocupado com o seu país, aquele que anualmente faz questão de visitar. “Este foi um Governo eleito pelo povo e esse mesmo Governo foi tirado, ou será, pelos próprios deputados. Foi a Câmara [de deputados], foram os deputados que elegeram este impeachment [destituição]. Concordo em certa parte, mas estou muito apreensivo”, explicou.

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Segue-se a votação do Senado, também conhecida como Câmara Alta, que irá definir se esta destituição irá ou não acontecer. A comissão especial, que terá de ser criada, irá avaliar o pedido de destituição e tomar uma decisão – favorável ou não.
Caso opte por reprovar o pedido, o assunto será arquivado e Dilma continuará a exercer as suas funções até às próximas eleições, daqui a dois anos. Se o pedido de destituição seguir, depois de notificada, o mandato da Presidente será suspenso por 180 dias, calendário em que decorrerá a investigação. E aí, será Michel Temer, vice-presidente, a assumir funções.
Antes disso, a decisão da comissão será ainda votada em plenário do Senado, obrigando a que 41, dos 81 membros, votem a favor. O Senado tem poucos dias para tomar uma decisão e aponta-se o mês de Maio para tudo se saber.
“Não acredito que o Senado vote contra, acho mesmo que [Dilma] vai ser destituída. Há uma frente toda por detrás disso tudo. Não tem mais como voltar atrás”, defendeu Eddy Murphy. “Este é um esquema muito bem programado”, defendeu, afirmando ainda que há algo de “muito sujo” neste pedido de destituição.
Para a docente brasileira Zuleika Greganyck, radicada em Macau, este é um momento “lamentável” do Brasil. “Lamento muito que a votação tenha terminado desta forma. Acredito que esta votação foi inconstitucional, não havia crime a princípio que justificasse o impeachment. Foi lamentável o modo como decorreu na Câmara [baixa], sendo que a maior parte dos deputados já foi indiciado por corrupção no processo da Lava Jato. E eles continuam lá e votaram nesta votação imoral. Um espectáculo deplorável. Como brasileira sinto-me muito triste com o desfecho desta longa situação e por esta luta contra a corrupção que o povo brasileiro começou e que termina agora da pior forma possível”, explicou ao HM.
Com opinião bem contrária está Jane Martins, presidente da Casa do Brasil em Macau, que considera que a destituição é o melhor que podia acontecer neste momento ao Brasil. “Acho que é uma boa notícia. (…) É uma vitória, é parte do início de uma nova esperança”, apontou, frisando que “não é possível depois disto tudo o Senado votar contra a destituição de Dilma”.
O cartoonista Rodrigo de Matos, que viveu durante muitos anos no Brasil, sente-se como brasileiro de nascimento e não esconde o interesse no assunto. “Não estou 100% de um lado ou do outro. Há todo um processo e provas que deveriam ser julgadas em tribunal primeiro”, indicou, exemplificando o caso de Lula da Silva.

[quote_box_right]“Como brasileira sinto-me muito triste com o desfecho desta longa situação e por esta luta contra a corrupção que o povo brasileiro começou e que termina agora da pior forma possível” – Zuleika Greganyck, docente[/quote_box_right]

Neblina futura

Questionado sobre o futuro, assumindo a hipótese da queda do PT da governação, Eddy Murphy não esconde a preocupação. “O futuro preocupa-me porque eu sei o que era o Brasil antes e sei o que é agora. Vou ao Brasil todos os anos. As condições da população são diferentes do que eram. As melhorias são claras. Poderíamos, claro, melhorar muito mais. Talvez o [Governo] tenha desviado alguma verbas. Por aquilo que mostram, nem tenho dúvidas. Mas a verdade é que nunca nada foi feito pelo Brasil como agora, principalmente para a classe mais pobre. Estou apreensivo”, explicou.
Para Jane Martins tudo o que vier “será menos mau do que está”, independente da sua doutrina política. “Eu até prefiro que sejam os militares do que o PT no poder, talvez a corrupção seja menor e não haja essa roubalheira toda. É que eles [o PT] foi um escândalo”, defendeu, frisando que “nunca os brasileiros se revoltaram tanto contra um Governo”.
Zuleika Greganyck frisa que o mais importante é que a operação Lava Jato perde agora o protagonismo perante todo este “cenário de impeachment”. “Cada vez vamos ouvir menos, o [Lava Jato] vai desaparecer, vai ser esquecido para o interesse de muita gente que está lá dentro [Câmara de Deputados]”, apontou. Para a residente, o pedido de destituição não tem razão de ser.
“Dilma não cometeu nenhum crime, ao contrário de Eduardo Cunha, que até tem contas na Suíça e usou dinheiro público para enriquecer”, argumentou.

[quote_box_right]“Acho que é uma boa notícia. (…) É uma vitória, é parte do início de uma nova esperança” – Jane Martins, presidente da Casa do Brasil em Macau[/quote_box_right]

Porta dos fundos

“O mais importante é que o PT sempre representou a esquerda e o ‘povão’ e uma saída desta forma, pela porta pequena, pode abrir caminho a um regresso do passado”, aponta Rodrigo Matos. O pior dos cenários, explica, é “haver uma nova ditadura militar” que é uma coisa “que não está completamente fora de questão”.
“Isso é claramente um retrocesso”, rematou. O cartoonista assume que estar no poder não é um jogo fácil e quem quer chegar “lá cima” tem de “ceder a várias frentes”.
“O Lula teve de fazer imensas cedências até chegar ao poder. Posso até acreditar que Lula seja uma pessoa bem intencionada, mas é impossível que ele se tenha rodeado de pessoas bem intencionadas para lá chegar. Isto acontece com todos”, frisou.
Para o especialista em Relações Internacionais e analista político Arnaldo Gonçalves toda a corrupção que envolver o PT e restantes deputados não “aconteceriam sem a aprovação e conhecimento de Dilma e Lula da Silva”. “É assim que funciona um partido marxista/leninista. Chama-se a isto centralismo democrático”, apontou. A aprovação da Câmara dos Deputados para a destituição era algo “inevitável”.
Claro está, diz, que toda a situação é má para o Brasil. “É uma descredibilização internacional terrível. É mau para a imagem do país, mas tinha de acontecer, mais tarde ou mais cedo”, rematou.
Este processo é uma prova, diz ainda, de que o sistema democrático brasileiro é “maduro” e tem “maturidade democrática”. “As pessoas manifestaram-se quando queriam manifestar-se, pelas posições que entendiam, exerceram o direito de expressão. Os deputados também se expressaram, apesar de podermos dizer que alguns não foi da melhor maneira”, argumentou, afastando a hipótese de entrar uma força militar no poder.

19 Abr 2016

CPU analisa plantas de construções polémicas

Construções que podem tapar a vista do Farol da Guia, onde está localizado o cemitério e a mesquita islâmica devem manter espaços verdes. O CPU vai analisar plantas que não geraram, até agora, consenso

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) reúne esta quarta-feira para analisar 25 plantas de condições urbanísticas. Algumas delas geraram polémica, devido a serem de locais que apresentam problemáticas com a altura, património e espaços verdes.
Segundo o site oficial do CPU, a reunião desta semana vai discutir duas plantas de condições urbanísticas de três lotes localizados na zona industrial de Seac Pai Van: dois terrenos – SQ2 e SG2 – pertencem aos 65 lotes não aproveitados, cuja culpa não é dos construtores, onde vão nascer edifícios comerciais e habitacionais. Outros dois lotes, na ZAPE, têm limites de altura por causa do Farol da Guia, um terreno fica no Ramal dos Mouros e vários ficam em Coloane.  
Há ainda um caso de um terreno trocado entre o Governo e a Fábrica de Artigos Plásticos Chung Va para a construção de habitação pública, em 2012, segundo um despacho do antigo Secretário para Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io. Agora o concessionário do terreno pede a construção de um edifício habitacional com uma altura máxima de 70 metros acima do mar.

Mais plantas

Outra planta de condições urbanísticas que vai ser analisada é do lote do aterro para resíduos de materiais de construção, onde a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) quer construir instalações de pré-tratamento de veículos abandonados e de triagem de materiais inertes de construção.
As plantas de um lote ao lado do Edifício Nam Kwong e junto à Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, e outro lote junto à Praça de D. Afonso Henriques, são outras que vão estar na mão dos membros do CPU. Ambos têm de corresponder aos limites de altura de prémios em redor do Farol da Guia – entre 60 metros a 90 metros.
A planta do lote junto à Praça de D. Afonso Henriques é ainda outra, onde é exigido que o piso ao nível da cobertura do pódio deve ser vazado e destinado a espaço verde e de lazer.
A exigência de manter espaços verdes é também encontrada na planta de condições urbanísticas de um lote junto ao Largo Tam Kong Miu, em Coloane. Como o edifício a construir neste lote pode precisar de cortar árvores e vegetação, é preciso reservar um terço do lote para ser espaço verde. O projecto de arquitectura deverá ser apreciado pelo IC.
O projecto de um edifício alto de 127 metros a construir no Ramal dos Mouros voltou a ser analisado pelo CPU. Este já gerou polémica no ano passado. Vários membros do CPU preocupam-se com que o edifício possa destruir a vista do reservatório e influenciar a iluminação e ventilação, sugerindo diminuir a altura do edifício. O lote é actualmente a Mesquita e Cemitério Islâmicos. 
A reunião do CPU vai continuar a analisar o planeamento de reconstrução do Instituto Salesiano. Na última reunião, os membros defendiam a preservação do estilo arquitectónico, exigindo limitações ao projecto de reconstrução.  

19 Abr 2016

SJM | Supermercado exclusivo para funcionários “sem ligação” política

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sociedade de Jogos de Macau (SJM) criou um supermercado para os seus funcionários, de forma a que estes consigam preços mais baixos do que os praticados cá fora. A operadora garante que a abertura do espaço nada tem a ver com as eleições para a Assembleia Legislativa no próximo ano.
Segundo o Jornal Cheng Pou, o novo espaço, que abriu na quinta-feira, serve apenas os empregados da SJM. Denominado “Excellence Staff Center”, é o primeiro, como garante a operadora, a ser criado em Macau.
Situa-se no Edifício Hung On, na Avenida da Amizade, e tem uma área de 14 mil pés quadrados, sendo que a localização foi oferecida pela directora-executiva da empresa, e também deputada, Angela Leong sem qualquer renda ou condição.
O supermercado vende produtos de consumo quotidiano. Centenas de empregados compraram coisas no dia da inauguração.
Vong Koi Wa, membro do Conselho de Subsídios para os Empregados da SJM, indicou que o alvo é diminuir a pressão da inflação e oferecer benefícios aos funcionários. O responsável disse ainda que o centro é apenas a primeira fase e, caso haja feedback positivo dos empregados, a SJM vai avançar com uma fase seguinte.
Questionada sobre se há relação entre o centro e a eleições da AL no próximo ano, Vong nega e diz que a criação deste supermercado é apenas tendo em conta o bem-estar dos empregados e não tem qualquer relação com as eleições dos deputados para a AL. Angela Leong, recorde-se, foi eleita directamente nas ultimas eleições e deverá candidatar-se novamente.

19 Abr 2016

Fibra óptica ainda não chega a todos, mas 86% das famílias usam internet

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]utilização da fibra óptica aumentou em 100%, mas apenas 36.200 famílias fazem uso desta forma mais rápida de internet, contra as restantes famílias que ainda usam banda larga móvel. Os números são da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), que indicam ainda que ainda há famílias que não usam internet em Macau.
No ano passado, 86,3% das famílias de Macau (ou 166.300) fizeram uso da internet, um aumento de 2% face ao ano anterior, e os dados incluem quase 471 mil pessoas desde os três anos de idade.
“Destaca-se que a taxa de penetração de internet dos indivíduos com a faixa etária entre os 15 e os 24 anos era a mais elevada, alcançando 96,1%, tendo subido ligeiramente 0,2%, em termos anuais. Os indivíduos que utilizaram internet diariamente corresponderam a 94,3%, mais 0,9%, face a 2014”, pode ler-se no comunicado da DSEC.
O organismo levou a cabo o inquérito à utilização da tecnologia informática dos agregados familiares, que indica ainda que a maioria (90,4%) usa a internet para comunicar, enquanto 76,8% falam em entretenimento online. Mas, as compras por via da net não deixam de ser outra das razões para usar a internet.
“Observou-se que 62.300 utilizadores fizeram compras online no ano de 2015, tendo aumentado 7%, em termos anuais. A mediana da despesa em compras online cifrou-se em mil patacas no quarto trimestre de 2015, semelhante a 2014. Salienta-se que a mediana da despesa em compras dos serviços de viagens e dos produtos electrónicos se situou em cinco mil patacas e 1125 patacas, respectivamente, isto é, subiu 53,8% e 127,3%, respectivamente.”
No território, avança ainda a DSEC, quase 560 mil pessoas usam telemóveis, sendo que a maioria deles (91,3%) é utilizado também para aceder à net.

19 Abr 2016

Ensino | Demora na análise da proposta deve-se a artigos complexos

O Governo demorou um ano a analisar 12 artigos da proposta de lei para o Ensino Superior e conta só terminar em 2017. Uma lei complicada, até por causa do lado financeiro, argumentam os deputados

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]proposta de Lei do Ensino Superior é um exemplo daquilo a que se chama “processo lento”. Aprovada na generalidade em Março do ano passado, a análise na especialidade tem demorado. A razão: artigos muito complexos.
Um ano depois, tal como o HM noticiou, apenas 12 dos 60 artigos, foram analisados. E, segundo explica Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), grupo responsável pela análise da proposta, esta não estará pronta para votação na especialidade antes de 2017. Feitas as contas, serão precisos dois anos para analisar 60 artigos.
“Está é uma proposta muito complicada, cada artigo é difícil, é complexo, por exemplo, o sistema de pontuação e coisas novas como o Conselho de Administração para as universidades privadas, ou o novo sistema de licenciaturas duplicadas – em que se estudam em dois cursos ao mesmo tempo. Portanto, queremos que o Governo explique tudo de forma muito clara, ponto por ponto”, justificou ao HM o presidente da Comissão.
Questionado sobre as reuniões do grupo, Chan Chak Mo explicou que, em cada encontro, são apenas discutidos um ou dois artigos e “esses artigos ainda precisam de opiniões jurídicas tanto dos profissionais da AL como do Governo”.

Finanças em causa

O deputado Leong Veng Chai, também membro da Comissão, explicou que esta proposta de lei “envolve vários problemas na área do ensino superior público e privado”.
“Os deputados demoram muito tempo na sua análise porque existem problemas. Para a Universidade de Macau é mais fácil porque os activos e bens da instituição são do próprio Governo, ou seja, são públicos, mas o Governo também subsidia as privadas, portanto é claro que os deputados estão preocupados com estes problemas financeiros”, apontou.
O deputado frisa ainda a definição dos cargos para o Conselho de Administração, definido na proposta de lei, como uma fonte de problemas. “Como é que estas universidades [privadas] vão criar o seu Conselho foi um dos problemas que tivemos de discutir com o Governo em várias sessões jurídicas, tudo isto demora o seu tempo”, apontou.
“Estamos a discutir com mais frequência sobre esta proposta e os representantes do Governo vão cada vez mais participar nas reuniões, para recebermos mais opiniões, discutirmos com mais cuidado e rigor”, disse ainda.
Para a docente Teresa Vong, apesar dos problemas que possam existir na má preparação para receber esta lei, devido à falta de experiência, o atraso poderá ser uma questão de prioridade. “Não sei qual é a prioridade desta lei, acho que há propostas que assumem um papel mais importante do que esta, como as leis na área do crime ou dos assuntos das mulheres”, argumentou.

19 Abr 2016

Os Papéis do Panamá

“Files reveal the offshore holdings of 140 politicians and public officials from around the world .Current and former world leaders in the data include prime ministers of Iceland and Pakistan, the president of Ukraine, and the king of Saudi Arabia. More than 214,000 offshore entities appear in the leak, connected to people in more than 200 countries and territories. Major Banks have driven the creation of hard-to-trace companies in offshore havens.”
ICIJ · The International Consortium of Investigative Journalists – The Panama Papers

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s consequências podem ser enormes e devastadores quando se souber todo o imbróglio do escândalo conhecido por “Papéis do Panamá (PP) ”. A iniciativa pertence a um “Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa) ”, com sede em Washington e constituído por jornalistas de setenta e oito países, que começaram a publicar casos de riqueza oculta, por pessoas famosas e políticos, e têm como base una filtração de onze milhões e quinhentos mil arquivos da base de dados do escritório de advogados do Panamá, Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património.
Os denominados PP, revelam que o escritório de advogados, Mossack Fonseca, criou uma rede de contas “offshore” durante quase quarenta anos, convertendo-se num dos escritórios de advogados mais encobertos do mundo, por cujas portas passaram milhões incontáveis de dólares. A lista contém detalhes sobre empresas “offshore” que são usadas, como meio para a realização de operações financeiras, ou que se mantém em estado latente para possível uso no futuro.
As pessoas que aparecem ligadas a essas contas e que oficialmente se desconhece, parecem ir desde o presidente da Rússia, ao primeiro-ministro da Islândia, passando por futebolistas como Lionel Messi. A Suécia, Austrália, e outros países abriram entretanto, investigações para apuramento da realidade dos factos, quanto a cidadãos seus, presumivelmente implicados Os arquivos revelam que metade, ou seja mais de cento e treze mil empresas do escritório de advogados, Mossack Fonseca, tem domicílio nas Ilhas Virgens, que são um arquipélago, cuja parte ocidental é administrado pelos Estados Unidos, e conhecidas por Ilhas Virgens Americanas, e a parte oriental, pelo Reino Unido, e apelidadas de Ilhas Virgens Britânicas, conhecido por paraíso fiscal e detentor de uma das economias mais ricas das Caraíbas.
A sede da empresa no Panamá, foi identificada pela “Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, (OCDE, na sigla inglesa) ”, como uma das que tem a menor protecção do mundo contra o branqueamento de capitais. Ainda que nenhum dos onze milhões de documentos, mencionem por exemplo, de forma directa o presidente da Rússia, como a exibição mais forte até o momento dos rumores sobre a sua imensa fortuna, a dúvida está lançada. O violoncelista Sergei Roldugin, padrinho da sua filha, entrou para a nova oligarquia e segundo os registos pode ser o músico mais rico do mundo, não se sabendo donde provêm tal riqueza.
O primeiro-ministro da Islândia, alegadamente envolvido numa empresa nas Ilhas Virgens Britânicas que usou para gerir os investimentos de uma herança da sua mulher, demitiu-se a 5 de Abril de 2016, do seu cargo e do Partido Progressista que liderava a coligação no poder, e consta dos cento e quarenta líderes e políticos descobertos pela investigação. A investigação descobriu também, que bancos europeus trabalham com o escritório de advogados, Mossack Fonseca, criando milhares de empresas fictícias ou fantasmas para os seus clientes, encontrando-se entre outros, o Hong Kong and Shanghai Banking Corporation (HSBC), Coutts & Co., Rothschild Bank International, UBS AG, Société Générale e o Credit Suisse Group, mostrando as actividades dos bancos e as suas reacções, face aos esforços dos organismos reguladores nos Estados Unidos e na Europa para terminar com a evasão fiscal.
O jornal inglês “Financial Times” a 6 de Abril de 2016, exigia que os bancos ingleses assumissem a responsabilidade que lhes cabia, afirmando que em 2005, por exemplo, os bancos ajudaram a criar mil oitocentas e catorze empresas fictícias ou intermediárias, traduzindo-se num grande aumento em relação às quinhentas e quarenta e três de 2004. O número de empresas deste tipo, criadas por bancos, manteve-se alto durante os anos seguintes, devido em parte, como resposta à Directiva 2005/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Outubro de 2005, relativa à prevenção da utilização dos sistema financeiro para o branqueamento de capitais e para o financiamento do terrorismo, que exigia aos bancos a retenção de impostos de clientes com domicílio em países europeus, e como as normas não incluíam empresas, os bancos transferiram activos de pessoas a empresas “offshore” para fins de declaração de impostos.
O círculo começou a fechar-se pouco depois, e o UBS AG, foi um dos doze bancos declarados estar sob investigação criminal, pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, por evasão fiscal dos seus clientes americanos. Os documentos confidenciais, têm um volume de 2,6 TB, traduzidos numa enorme quantidade de arquivos. Os PP são uma profunda e complicada teia internacional de finanças empresariais, corrupção e evasão fiscal. O núcleo de toda esta trama é um grupo de pessoas e organizações, que guardam o seu dinheiro em locais secretos “offshore”, como o Panamá, não sendo difícil de entender, pois em história para meninos, é como se uma criança tivesse uma moeda e a colocasse num porquinho que serve de mealheiro.
O porquinho está na estante da sua secretária. A mãe sabe que está ali, e de quando em vez dá uma olhadela para ver quando a criança põe dinheiro ou o retira. Um dia a criança decide que a mãe não deve saber o dinheiro que tem, e vai à casa de um amigo com outro porquinho, escreve o seu nome, e coloca na sua estante de quarto. A mãe do amigo está sempre muito ocupada, e nunca tem tempo de ver o porquinho do filho, podendo assim, manter o seu porquinho seguro, pois será um segredo. Assim, todas as crianças do bairro acreditam que é uma boa ideia, e vão colocar o seu porquinho no quarto do amigo. A estante do amigo está cheia de porquinhos pertencentes a todas as crianças do bairro, mas um dia a mãe do amigo chega a casa e aborrece-se de ver todos os porquinhos, e decide convocar os pais de todas as crianças e contar-lhes a história. Todavia é preciso acreditar que nem todos fizeram por um mau motivo.
O irmão mais velho de uma das crianças sempre retira moedas do seu porquinho, e ela teve de encontrar um esconderijo melhor para o seu porquinho. Esse irmão mais velho queria juntar dinheiro para comprar à mãe o presente de aniversário, sem que soubesse. Outra criança fê-lo, porque achou divertido. Mas muitas crianças fizeram por um mau motivo. Um estava a roubar dinheiro para o almoço de outros amigos, e não queria que os seus pais soubessem; outra estava a retirar dinheiro do porta-moedas da mãe; a um outro os pais tinham-no posto a dieta, e não queria que se dessem conta, quando retirava dinheiro para comprar guloseimas. Transportando a história de crianças para a vida real, muita gente importante foi descoberta a esconder os seus porquinhos na casa do amigo no Panamá, e todas as mães tiveram conhecimento ou estão em vias de ter. Quiçá, rapidamente, saberemos mais, sobre quais as pessoas que o fizeram por maus e bons motivos, mas em qualquer das situações, todos estão metidos em problemas, porque qualquer que seja a razão, manter segredos desta natureza é ilegal.
A versão mais vendida é de que na grande maioria dos casos, as pessoas envolvidas escondiam o seu dinheiro, de forma que tecnicamente é legal para evadir ao pagamento de impostos, e que se tem vindo a fazer há décadas, devido a más políticas que permitem às grandes empresas evadir impostos de forma obscura, numa zona cinzenta, mas legalmente permitida. Porém, não é este tipo de conduta que se espera das grandes empresas porque o dinheiro ali depositado deveria ir para os cofres dos respectivos países. É de notar que igualmente, estão metidos em sarilhos, os que fizeram tudo de forma correcta. Os PP, ainda sem se saber a sua extensão, repercussão e reais consequências, são o escândalo económico do ano, e de filtração de documentos maior da história.
Os 2,6 TB de dados, que contêm os onze milhões e quinhentos mil documentos tornam pequenas, todas as fugas de dados anteriores. Os dados, que mostram o uso de paraísos fiscais, é composto essencialmente de correios electrónicos, fotografias, arquivos no formato PDF, folhas de cálculo e os extractos de uma base de dados interna do escritório de advogados Mossack Fonseca, desde da década de 1970. A questão fundamental é a de saber como encontrar o significado a tamanha quantidade de informação, e do ainda pouco que se sabe depreende-se alguma informação essencial à compreensão desta embrulhada financeira.
Os dados que se filtraram não são apenas de anos recentes, pois os documentos vão desde 1970 a 2015, o que significa que existem mais de quarenta anos de transacções financeiras, sociedades comerciais e empresas nos documentos de Panamá. O número de sociedades comerciais que aparecem com todo o seu historial é cerca de vinte e uma mil. A metade das sociedades comerciais tem a sua sede nas Ilhas Virgens Britânicas. O destino preferido dos clientes do escritório de advogados Mossack Fonseca é sem lugar a dúvidas, radicar as empresas e sociedades comerciais nas Ilhas Virgens Britânicas, e uma de cada duas empresas, ou seja, cento e treze mil incorporam-se nesse território.
O segundo destino mais popular para as inscrições de empresas, constantes dos arquivos é o Panamá, onde se encontram registadas mais de quarenta e oito mil empresas. Os outros destinos escolhidos foram as Baamas, com dezasseis mil empresas e as Ilhas Seicheles, com quinze mil empresas registadas. A Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEK) lidera a lista dos envolvidos, onde mais intermediários operam, contando-se entre eles, bancos, escritórios de advogados e contabilistas. O ICIJ afirma que o escritório de advogados, Mossack Fonseca, trabalhou com mais de catorze mil bancos, escritórios de advogados, sócios fundadores das empresas, sociedades, fundações e fideicomissos para os seus clientes. A RAEK conta com mais de dois mil intermediários. O segundo lugar pertence ao Reino Unido, onde existiam mais de mil e novecentos intermediários, sendo o terceiro lugar ocupado pela Suíça, com cerca de mil e duzentos intermediários.
Os países da região aparecem no final das tabelas dos dez países que mais colaboraram. O Brasil tem quatrocentos intermediários, Equador trezentos intermediários e o Uruguai com duzentos e noventa e oito intermediários. O Wikileaks, publicou cerca de 1,7 GB de informação, que é consideravelmente menor que a memória de um telefone inteligente de gama média, em 2010. Os arquivos do HSBC eram de 3,3 GB de informação, em 2015. Os arquivos sobre os impostos do Luxemburgo eram de 4 GB de informação, em 2014. Os PP são 2.6 TB de informação. A maior parte da informação é documentos de dois tipos, como afirmado, sendo correios electrónicos num total de cinco milhões e distintos arquivos de base de dados, que somam uma quantidade superior a três milhões, havendo mais dois milhões de arquivos no formato PDF (texto) e um milhão de imagens. Aos países cumpre descobrir, em cooperação, qual o montante de impostos não arrecadados. O mundo está repleto de esquemas desta natureza e mais sofisticados, que alimentam conflitos armados, pois o estudo do “Institute for Economics and Peace’s (IEP) ” efectuado em 2014, revelou que dos cento e sessenta e dois países estudados, apenas onze não estavam envolvidos em nenhum tipo de guerra.

18 Abr 2016

Justiça | Joana Marques Vidal quer aprofundar cooperação

A Procuradora-geral da República portuguesa, Joana Marques Vidal, iniciou ontem uma visita oficial a Macau e garantiu que a cooperação vai ser reforçada nas áreas da corrupção e formação de magistrados

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, disse ontem que o Ministério Público (MP) está disponível para aprofundar a cooperação com Macau em áreas como a luta contra a corrupção ou a formação de magistrados. Joana Marques Vidal iniciou uma visita a Macau com um encontro com a Associação dos Advogados de Macau (AAM).
À saída da reunião a PGR disse à agência Lusa que “o Ministério Público está consciente e percebe” a importância do legado [do Direito de Macau] e da manutenção da cooperação com as autoridades de Macau, que a AAM e outras vozes no território têm sublinhado, sobretudo nos últimos meses, na sequência da notícia avançada pelo HM sobre a não renovação de licenças ao abrigo das quais magistrados portugueses exercem funções em Macau.
“O MP está consciente e percebe essa importância e está disponível para aprofundar essa cooperação que pode passar por muitas formas”, como “acordos de cooperação na luta contra a corrupção” ou pela “formação de magistrados”, disse Joana Marques Vidal, prometendo novas declarações para depois de se reunir com o Procurador de Macau, Ip Son Sang, encontro que decorre hoje.
Joana Marques Vidal referiu que ouviu da AAM “o interesse na manutenção da cooperação com o MP”, tendo havido uma troca “de impressões” sobre “a forma como essa cooperação se pode concretizar”. A PGR manifestou também a “intenção de continuação do bom relacionamento e das relações institucionais e não institucionais” entre a associação e a Procuradoria-Geral da República portuguesa.
A PGR convidou, neste âmbito, o presidente da Associação, Jorge Neto Valente, a ir a Lisboa para se reunir com os órgãos do MP e da Procuradoria. “E continuaremos depois, após isso, o aprofundamento deste relacionamento”, acrescentou.

“Uma honra”

Jorge Neto Valente, presidente da AAM, disse à Lusa que, “sobretudo, foi uma honra” receber a PGR e que está satisfeito e optimista em relação à cooperação entre as autoridades de Macau e as de Portugal.
“É sempre útil podermos ter a oportunidade de trocar impressões e ver que há uma comunhão fácil de pontos de vista sobre a colaboração com o MP e a necessidade de trazer para Macau magistrados do MP da República portuguesa”, afirmou.
Joana Marques Vidal está até amanhã em Macau, a convite das autoridades do território. No âmbito desta “visita oficial”, foi mandatada pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) para “estabelecer com as autoridades da RAEM um acordo relativo ao exercício de funções de magistrados do Ministério Público em tal região”.
“Esta visita oficial tem como objectivo prosseguir o aprofundamento da cooperação judiciária entre os dois Ministérios Públicos, designadamente no âmbito da formação de magistrados e do combate à corrupção e ao branqueamento de capitais. Será igualmente abordada a matéria relativa ao exercício de funções de magistrados do MP de Portugal na RAEM”, lê-se ainda numa nota da Procuradoria portuguesa.
Depois de Macau, a PGR segue para Pequim, na sequência de um convite da Suprema Procuradoria da China, segundo explicou à Lusa. HM/LUSA

18 Abr 2016

Função Pública | Mecanismo de tratamento de queixas chega este ano

Vai mesmo ser uma comissão independente a tratar das queixas dos funcionários públicos e a lei que regula um novo mecanismo face ao problema chega em 2016, quase quatro anos depois de prometida

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mecanismo de tratamento de queixas dos funcionários públicos chega na segunda metade deste ano. É o que garantem os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), que asseguram que vão concluir o trabalho legislativo do sistema que inclui uma comissão especializada para lidar com as queixas.
Numa resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei, Kou Peng Kuan, director dos SAFP, adiantou a segunda metade deste ano como a data prevista para a implementação deste mecanismo. Tal como o HM tinha avançado no ano passado, o Governo efectuou consultas junto dos serviços públicos, trabalhadores da Função Pública e respectivas associações para apresentar o conteúdo da proposta de lei sobre o mecanismo. Esta é uma lei prometida há mais de três anos e tem vindo a ser pedida por deputados e funcionários, uma vez que actualmente, em caso de queixas, os trabalhadores da Função Pública têm de recorrer aos seus superiores, o que nem sempre é vantajoso, nomeadamente se os conflitos se derem entre eles.

Independentes

Essas melhorias passam pela criação de uma entidade independente que lide com as queixas, algo agora reafirmado pelo director dos SAFP. “[Este mecanismo] vai incluir uma comissão especializada que tem a responsabilidade de elaborar directrizes para o tratamento de queixas, ao mesmo tempo que esta terceira parte é coordenadora entre os [queixosos e os alvos da queixa para também resolver os conflitos como uma ponte entre os funcionários e os departamentos”, pode ler-se na resposta a Ella Lei.
Já anteriormente, os SAFP tinham referido que a ideia é assegurar um “tratamento justo e imparcial a cada queixa apresentada”. A deputada interpelou o Executivo sobre o calendário para a implementação deste mecanismo, que foi prometido dentro das Linhas de Acção Governativa para este ano.
De acordo com os SAFP, profissionais, académicos e figuras públicas “são os mais adequados para ocupar” a comissão, de forma a garantir a neutralidade do sistema.

18 Abr 2016

Biblioteca de Macau lança semana para promoção da leitura

Arranca no próximo sábado a Semana da Biblioteca de Macau, pelas 11h00 horas, no edifício do Antigo Tribunal. O dia serve, ao mesmo tempo, para comemorar o Dia Mundial do Livro, que se celebra anualmente nesta data, e dá início para uma série de actividades que visam a promoção de hábitos de leitura.
A iniciativa é subordinada ao tema “Livros que Aguardam a Sua Abertura”, compreendendo uma série de actividades de promoção da leitura a realizar durante os meses de Abril e Maio. As principais actividades estão agendadas entre os dias 23 e 26 de Abril, no edifício do Antigo Tribunal, e incluem acções organizadas pela Biblioteca Pública de Macau – com “Troca de Livros”, “Venda de Revistas Arquivadas para Fins de Caridade”, “Livros Livres” e “Workshop de Histórias Pop-Up” -, actividades organizadas pela DSEJ – com o “Workshop de Acessórios de Leitura”, a “Oficina de Manipulação de Balões” e o “Workshop de Barro Leve” e que são dirigidas a crianças acompanhadas pelos pais – e ainda as “Cabines de Jogos de Leitura” e a “Exposição de Fotografia de Bibliotecas Mundiais”, promovidas pela Associação de Bibliotecários e Gestores de Informação de Macau.
Também na agenda estão programas de extensão nos meses de Abril e Maio, nos quais se incluem o “Teatro de Marionetas de Livros Pop-up”, a “Cerimónia de Entrega de Prémios do Concurso Criativo (Macau) do Dia Mundial do Livro 23/04/2016 da Província de Cantão, Hong Kong e Macau”, a palestra “À Conversa com Celebridades”, o programa de promoção da leitura nas escolas, a “Exposição de Obras de Shakespeare”, o Concurso Infantil de Coloração e o 6º Concurso de Conhecimentos para Trabalhadores Voluntários e Trabalhadores-Estudantes da Biblioteca de Macau. A entrada é livre.

18 Abr 2016

U Wai Ang, directora da Associação Promotora de Saúde de Macau

Faltam números concretos sobre os casos de consumo de droga. O aumento de enfermeiros está a verificar-se e, “ainda bem”, porque Macau vai precisar de mais destes profissionais. A Educação Sexual continua a ser tabu, até entre os jovens universitários. São declarações de U Wai Ang, directora da Associação Promotora de Saúde de Macau, que indica ser necessário ensinar as crianças mais cedo para evitar problemas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]sua Associação realizou um inquérito no ano passado que mostra que mais de metade dos profissionais de saúde não sabem lidar com casos de abuso de drogas. Acredita que podem existir melhorias?
O inquérito serviu para vermos que os cursos de Enfermagem e Medicina se centram nas doenças e os seus tratamentos. Não há um ensino sistemático sobre o abuso de drogas, os sintomas e a sua influência. Mas fico satisfeita por saber que o Instituto de Acção Social (IAS) está a tentar melhorar os conhecimentos dos seus funcionários sobre o assunto. Também estamos a negociar com o Governo sobre as acções de formação que podem ser feitas, não apenas com os enfermeiros e médicos, mas com toda a população, incluindo os jovens. Através de outro estudo descobrimos que os jovens têm muita confiança nos profissionais de saúde e achamos que estes podem ensinar os mais novos sobre estes assuntos.

A Associação tem planos concretos para aumentar o nível de conhecimento sobre essa área?
Temos muitos planos para esta área. Queremos criar dois ou três cursos de formação, de forma sistemática, para que os profissionais de saúde possam mais facilmente identificar casos de abuso de droga, os tipos de estupefacientes e os processos de reabilitação existentes. Actualmente é normal esses funcionários não saberem essas informações porque não está dentro do âmbito do seu trabalho. Queremos ainda fazer um novo estudo mais aprofundado sobre as causas da dependência, os custos e até que ponto o consumo é escondido.

Tem existido uma boa coordenação entre o sector e o Governo sobre esta matéria?
O Governo tem o Sistema de Registo Central dos Toxicodependentes em Macau e os dados são actualizados em conjunto com as associações. Mas sabemos que muitos jovens viciados vão a clínicas privadas quando se sentem mal em vez de irem aos hospitais, para não serem descobertos. O Governo não conhece os dados vindos das clínicas, por isso não temos números exactos, não sabemos se o consumo está a aumentar ou a diminuir. O Sistema de Registo Central deve incluir os dados das clínicas, do hospital Kiang Wu e da Universidade de Ciência e Tecnologia, para ser mais científico.

É professora no Instituto de Enfermagem do Kiang Wu. O número de alunos tem aumentado?
Muito. Actualmente temos 80 alunos por ano, mas há quatro ou cinco anos eram apenas 40.

Esse aumento deve-se à falta de enfermeiros?
Sim, porque Macau tem actualmente três enfermeiros para mil residentes. Esperamos atingir números internacionais, que devem ser de quatro enfermeiros por cada mil residentes. A necessidade de enfermeiros é grande e vai aumentar, não apenas nos hospitais ou clínicas, mas também em escolas ou lares de idosos. Isso faz com que os alunos optem mais por esta carreira. u wai

O Governo quer criar um regime de Desenvolvimento Profissional Contínuo no futuro Regime Legal da Qualificação e Inscrição para o Exercício da Actividade dos Profissionais de Saúde. O que acha desta medida?
Considero que é um bom regime, porque actualmente os profissionais de saúde renovam as licenças mas não são exigidos créditos através do Desenvolvimento Profissional. O regime é bom para que possamos atingir um patamar internacional, mas é preciso ouvir mais opiniões e chegar a um máximo de consenso. É preciso ter em conta as pressões sentidas pelos profissionais, que têm de aceitar a formação nos hospitais e precisam de ter mais créditos.

É também especialista na área de conhecimentos sexuais por parte de crianças e jovens. Há ainda dificuldades destes se expressarem sobre estas questões?
Quando dou aulas deixo sempre que digam aquilo que pensam. Os jovens gostam de aprender mais coisas sobre sexo, incluindo formas de comunicarem com o sexo oposto. Querem saber mais coisas sobre o casamento e as relações familiares. Isso deixou-me surpreendida e contente. Penso que os pais têm de acompanhar melhor os filhos neste processo de aprendizagem.

O que se ensina actualmente nas escolas é suficiente?
Os alunos aprendem pouca coisa nas escolas sobre sexo. Os professores falam um pouco do assunto nas aulas de Biologia, mas ainda existem escolas tradicionais, em que, quando é ensinado o desenvolvimento do corpo feminino e do sistema reprodutor, os rapazes têm de sair da sala. De uma forma geral os jovens de Macau têm falta de conhecimentos sobre sexo e os professores precisam de ser pioneiros a ensinar essa matéria. E isso deve ser feito para toda a população, para que haja respeito e entendimento quanto às diferenças entre o corpo feminino e masculino. Muitas meninas começam a ter a menstruação com 12 anos, então é necessário ensinar Educação Sexual mais cedo, mesmo na escola primária. Os pais também têm de ensinar as coisas de forma correcta, porque há crianças que ainda acham que nasceram de uma pedra (expressão chinesa), os pais não explicam de forma correcta. Muitos alunos também não sabem que é crime o sexo entre maiores de idade e menores de 16 anos. Quanto mais cedo forem ensinados mais casos podem ser evitados.

A Educação Sexual também tem de ser reforçada junto dos estudantes universitários?
Já fiz palestras com estudantes universitários e ensino-os a usar os preservativos, mas acham que tenho a mente demasiado aberta. Mas se olharmos para as regiões vizinhas, os alunos do ensino secundário já têm conhecimentos sobre isso. Em Macau ninguém quer ensinar isso. Penso que temos de ser mais abertos porque os estudantes universitários fazem sexo e é necessário prevenir sobre doenças sexualmente transmissíveis, como a Sida.

“Formar é mais prático do que atrair os de fora”

O Governo baseia-se em teorias no que aos residentes “talentosos” diz respeito, diz a também presidente da Rede de Convergência de Sabedoria de Macau. Questionada sobre se considera viável o projecto piloto para atrair para Macau docentes universitários em licença sabática, U Wai Hang responde com outra pergunta.
“Será que os patrões deixam que os seus trabalhadores estejam um período a fazer outras funções no estrangeiro, ou mesmo as universidades? O Governo valoriza a formação e quer aproveitar os talentos que estão em Macau, mas baseia-se apenas em teorias, ou seja: recolhe os dados e tenta atrair esses talentos. Mas já fomos tentar perceber o que pensam os residentes que vivem lá fora? Porque é que não querem voltar para Macau?”, começa por indicar. “Já contactámos alguns e muitos afirmam que o mercado é pequeno e que não há empregos para que possam desenvolver as suas carreiras e não querem desistir da experiência que já obtiveram. Penso que é mais viável formar os talentos que já estão em Macau, dar aconselhamento a empresas para formações a curto prazo, por exemplo. Esta seria a forma mais prática em vez de chamar pessoas para trabalharem aqui a curto prazo. A população também pode pensar que o Governo valoriza mais os que estão lá fora.”
A Rede de Convergência de Sabedoria de Macau tem aberto cursos de formação de discussão de políticas para jovens. Segundo a responsável, já foram realizadas 12 sessões de cursos ao longo destes anos, tendo sido formados mais de 500 jovens. “A maioria são intelectuais, profissionais, funcionários públicos, mas também estudantes universitários. Uns docentes de Hong Kong surpreenderam durante as aulas, porque pensavam que Macau tem poucos talentos, mas descobriram que há jovens de Macau que têm muitos conhecimentos”, indica, acrescentando que a ideia da Rede é “criar o hábito de estarem atentos às notícias e os assuntos sociais de Macau, para que pensem nos problemas da sociedade e apresentem sugestões que possam servir de referência ao Governo”, para que “depois de acabarem os cursos os estudantes fiquem com maior capacidade de comunicação e se preocupem mais com questões sociais”.

18 Abr 2016