Filipa Araújo PolíticaRegime de Carreiras Especiais | Revisão propõe aumento para três profissionais [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo vai propor o ajustamento do salário dos controladores de tráfego marítimo, hidrógrafos e topógrafos. Isso mesmo referiu o director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), numa resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei, onde dá ainda este ano como data para a entrega da proposta de revisão. O deputado José Pereira Coutinho já tinha questionado o Governo sobre a revisão de 20 carreiras especiais da Administração. “No dia 12 de Outubro de 2015 a directora substituta dos Serviços para os Assuntos da Função Pública informou que o Governo havia dado início aos trabalhos de revisão de 20 carreiras especiais e que seriam efectuados estudos necessários incluindo uma revisão geral sobre as carreiras gerais e o regime das carreiras vigente e que nessa altura seria equacionada a estrutura remuneratória dos trabalhadores das diversas categorias”, relembrou o deputado, numa recente interpelação enviada aos média na sexta-feira. O deputado questionava o Governo precisamente sobre a calendarização para esta revisão e consequentes subidas salariais. A resposta surgiu pelos SAFP, que indicam que o organismo vai entregar à Assembleia Legislativa (AL) uma proposta de revisão do regime especial das carreiras, ajustar o índice de vencimento para três das vintes carreiras. O Governo não avança, para já, com números e diz que esta revisão das 20 carreiras especiais é apenas a primeira fase. Leong Veng Chai quer ordem nos recrutamentos da Administração O deputado Leong Veng Chai quer que o Governo regularize “os casos de atribuição problemática de funções”, para que, frisa, os interessados possam exercer as funções para que foram recrutados. Num interpelação escrita, o deputado aponta o dedo ao Governo por, alegadamente, estar a pôr trabalhadores a fazer trabalhos fora da sua área. O deputado começa por exemplificar com o caso de um trabalhador da Função Pública que foi recrutado para exercer apenas funções de motorista de veículos ligeiros. Acontece que este trabalhador, “algum tempo depois de ter iniciado funções, foi solicitado pelo serviço para trabalhar na distribuição de expediente em motociclos”, aponta o deputado. Leong Veng Chai recebeu ainda queixa de outro funcionário público, conta, que se tinha candidatado a um posto para exercer funções em embarcações, “mas, na realidade, passou a trabalhar em terra, pelo que, de modo nenhum, as suas funções estão directamente ligadas ao trabalho marítimo”. Estes casos de má atribuição de funções acontecem, aponta o deputado, com frequência em “alguns serviços públicos”. Isto leva a que os trabalhadores fiquem desmoralizados, sendo que, diz, apenas aceitam os trabalhos “por não terem a coragem de contestar”. “Trata-se de um problema que afecta a moral no trabalho, originando prejuízos consideráveis tanto para os serviços públicos como para a população”, argumentou Leong Veng Chai. Assim, o Governo deve assumir uma posição e reverter a situação.
Hoje Macau SociedadeDeficientes | Novo centro para crianças em funcionamento para o ano [drocap style=’circle’]S[/dropcap]ão, no total, 366 as medidas que compõem o Planeamento dos Serviços de Reabilitação, que se encontra em processo de consulta pública até ao final do próximo mês de Maio. Sem grandes novidades, do grupo de propostas salienta-se um concurso para formação de 200 médicos especializados entre 2014 e 2018, da competência dos Serviços de Saúde (SS), e a redução do tempo de espera de diagnóstico. Os responsáveis anunciaram que o centro para crianças portadoras de deficiências, prometido pelo Governo, estará pronto até 2017, mas não trará qualquer serviço novo, para além daqueles que já existem no Hospital Conde São Januário. Choi Siu Un assegura que o plano vai trazer melhorias ao sistema de avaliação infantil, mas pede calma: “É preciso ter paciência. Os pais estão sempre preocupados com o período de avaliação. Os pais querem um diagnóstico, uma avaliação, rapidamente. Compreendemos, mas isso tem que ver com o nosso trabalho no futuro”. “Para qualquer projecto novo, é preciso desenvolver com base nas coisas existentes. Alguns projectos já estão a ser desenvolvidos, procuramos melhorar”, explicou o Chefe de Departamento de Solidariedade Social, Choi Siu Un, à Rádio Macau. O responsável do Instituto de Acção Social garante, no entanto, que “há projectos completamente novos”, como a oferta de serviços de reabilitação no Centro de Saúde do Carmo, na Taipa. E isto, destaca Choi Siu Un, é “só um exemplo”. Está também prevista a interpretação de linguagem gestual em alguns programas de televisão e a criação de normas contra barreiras arquitectónicas em obras públicas ou financiadas pelo Governo. O responsável explica ainda que qualquer criança com problemas de desenvolvimento recebe o apoio necessário, antes mesmo de haver um diagnóstico. Só que o resultado pode demorar mais de um ano.
Hoje Macau BrevesAbertas as candidaturas para o MultiFormas 2017 [drocap style=’circle’]E[/dropcap]stão abertas, até 9 de Maio, as candidaturas para a série MultiFormas 2017, numa iniciativa promovida pelo Instituto Cultural com o objectivo de incentivar a criatividade local num convite à exploração de novas possibilidades teatrais capazes de serem levadas a palco no próximo ano. Este ano, a iniciativa envolve, segundo a organização, consultores artísticos já experientes no que respeita à orientação de sessões criativas e audições internas de modo a incentivar e dinamizar a criatividade, qualidade e praticabilidade das ideias apresentadas sendo que, desta forma, é dada aos finalistas a oportunidade de levarem os seus projectos a esta plataforma especialmente concebida para que possam mostrar o seu talento enquanto ousam explorar novos caminhos performativos. Os espaços destinados à apresentação teatral não se resumem a um único local estando disponíveis diversas opções que incluem o Pequeno Auditório, a sala multi-usos ● ART, ou espaços ao ar livre de modo a dar um leque mais abrangente para as necessidades artísticas e criativas dos candidatos bem como estabelecer uma maior proximidade entre o palco e o público, adianta a organização. As produções seleccionadas serão apresentadas no Centro Cultural de Macau em Fevereiro de 2017 e o convite é aberto a todos os artistas de Macau das mais diversas áreas.
Filipa Araújo Manchete PolíticaCCP | Caminho aberto para candidatura de Rita Santos Pereira Coutinho deixa o caminho livre para Rita Santos ou Armando de Jesus se candidatarem ao Conselho das Comunidades Portuguesas. Decisão esta que deve ser respeitada, indica Fernando Gomes. Sendo Macau o local com mais votos, Rita Santos não vira a cara a um mandato de apenas 12 meses [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]desinteresse do conselheiro José Pereira Coutinho pelas eleições que vão determinar o presidente do Conselho para as Comunidades Portuguesas (CCP), por um ano, deve ser respeitado. É o que diz Fernando Gomes, ex-presidente do Conselho Permanente do CCP. Rita Santos admite estar a ponderar uma candidatura. Para Fernando Gomes é preciso perceber a realidade: o que acontece é que Pereira Coutinho, para ser presidente, teria de ganhar as eleições a decorrer nos próximos dias 26, 27 e 28. Sem a candidatura de Pereira Coutinho, este deixa o lugar livre para uma candidatura de Rita Santos ou Armando de Jesus. “Com a revisão da lei, [os conselheiros] deixaram de ser 73 para passar para 80. Destes 80, que são eleitos por vários círculos pelo mundo fora, só 70 é que apresentaram candidatura. Ou seja dez locais ficaram sem candidatura. (…) No caso do nosso círculo eleitoral, temos três lugares, de acordo com os inscritos consulares. Os candidatos que existirem vão eleger o presidente do CCP. Percebi que Pereira Coutinho não está interessado em se candidatar”, começa por explicar Fernando Gomes ao HM. “Ele foi o mais votado em todos os círculos pelo mundo fora. Foi a pessoa mais votada”, relembra, mas esta decisão deve ser “respeitada”. “Pereira Coutinho assume uma série de trabalhos, portanto acho que é uma decisão a respeitar. Ele afirmou que gostaria de estar mais em Macau e trabalhar para a comunidade, acho que é uma boa opção”, explicou. Vou pensar nisso Com o caminho livre, a comendadora Rita Santos coloca em cima da mesa a hipótese de se candidatar. Afinal de contas, explica ao HM, o mandato é só de um ano e não de quatro, como no regime anterior. “Rita [Santos] tem muito boas relações com os países de Língua Portuguesa. Também com o trabalho e relações que desenvolveu no trabalho do Fórum. Talvez poderá ser aceite. Não sabemos, acho que devemos pensar”, admitiu Pereira Coutinho. Já a também comendadora está ainda a ponderar. “Depois da recepção organizada pelo Cônsul-geral [de Portugal em Macau e Hong Kong], reunimos e pensámos que poderia ser uma boa hipótese. (…) Ainda não tomei uma decisão. (…) Inicialmente dissemos que não, confesso, mas ontem fomos alertados para repensar no assunto. Macau em termos de votos é muito superior a todos os países que participaram. (…) Temos de começar com os trabalhos para as eleições para a Assembleia Legislativa, ainda temos o atendimento dos sócios [da Associação para os Trabalhadores da Função Pública de Macau]. vamos ver”, explicou Rita Santos. Questionado sobre uma possível candidatura, Armando de Jesus explicou que nada está decidido. “Quanto a mim não posso dizer que vamos ou não vamos para o cargo de presidente. O que posso dizer é que vamos fazer o possível para integrar no Conselho Permanente das CP. Este Conselho também é muito importante, ao ser um dos membros podemos trazer muitas vozes dentro da Assembleia [da República]”, rematou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeJogo | Junkets sujeitos a aumento de capital para entrar no mercado A Associação de Promotores de Jogo e de Entretenimento de Macau propôs ao Governo o aumento de capital exigido aos junkets para dez milhões de patacas. A Bloomberg fala de consequências negativas para o sector, mas o presidente da Associação discorda [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]esde 2004 que um promotor de jogo pode entrar no sector VIP dos casinos com um capital inicial de apenas cem mil patacas. Contudo, esse cenário deverá mudar em breve, já que a Associação de Promotores de Jogo e de Entretenimento de Macau fez uma proposta ao Governo no sentido de aumentar esse valor para dez milhões de patacas e Lionel Leong concorda. Ao HM, Kuok Chi Chong, presidente da Associação, explicou que actualmente o capital social exigido uma empresa junket para começar a operar é demasiado baixo e não é proporcional ao volume de negócios que estão nas mãos dos promotores. O responsável acredita que os baixos valores praticados estão a causar problemas ao sector, como o desvio de dinheiro das salas VIP. Kuok Chi Chong disse ainda que estão a ser ponderadas outras exigências de bens para assegurar a qualidade dos junkets. “É necessário aumentar o capital para que o sector funcione de uma forma mais saudável, garantindo que os promotores de Jogo têm uma forte capacidade [para se manterem no mercado]”, explicou. As novas regras vão ser aplicadas apenas aos novos junkets, sendo que para os promotores que já estão no mercado nada irá mudar. Segundo a TDM, o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, concorda com o valor proposto. “Aumentar o capital mínimo para os promotores de Jogo foi a proposta que recebemos quando falámos com a indústria e com sectores sociais diferentes. Penso que é um passo na direcção certa. Quanto ao conteúdo em concreto, temos de debater mais a questão com a indústria e sociedade.” Mau impacto? Entretanto a agência noticiosa Bloomberg fala da possibilidade deste aumento de capital poder trazer um impacto negativo ao sector VIP, o qual tem vindo a sofrer uma quebra nos últimos meses (ver caixa). A Bloomberg cita a opinião do analista Jamie Soo, contida no relatório da consultora Daiwa Capital Markets, que aponta para o facto das novas regras “poderem ser negativas para o sector, o qual tem vindo a sofrer com constrangimentos ao nível das liquidações, o aumento da fiscalização e outras pressões advindas da operação”. Jamie Soo disse ainda que é possível que as novas regras sejam implementadas ainda este ano, tendo em conta as discussões que têm sido feitas entre os autores da proposta e um “independente e directamente eleito membro da Assembleia Legislativa”, lê-se na notícia da Bloomberg, que não cita o nome do deputado a que se refere. A agência fala de perdas específicas na Wynn Resorts e Sands China, apesar das duas operadoras não terem feito qualquer comentário à notícia. Também segundo a Bloomberg, para além de terem de investir à partida dez milhões de patacas, pelo menos um dos accionistas da empresa junket terá de ser residente de Macau. Lista negra Confrontado com estes dados, o presidente da Associação afasta qualquer impacto negativo no sector. Kuok Chi Chong referiu que os junkets que não tiverem verdadeira capacidade financeira para operar vão ver os seus negócios acabar de forma natural. A Associação pretende ainda criar uma lista negra para jogadores em risco, um projecto que ainda está a ser analisado com o Governo. “Quanto à criação de uma base de dados, primeiro é necessário estar de acordo com a Lei de Protecção dos Dados Pessoais. Tem de ser tratado de acordo com a lei e os respectivos regulamentos. Alem disso, a sua operação tem de responder às necessidades da indústria e responder aos requisitos legais”, disse Lionel Leong. Receitas desceram quase 20% As receitas do jogo VIP nos casinos caíram 19,35% no primeiro trimestre do ano, comparando com os mesmos meses de 2015, segundo dados oficiais divulgados a semana passada. Os grandes apostadores continuam a ser a origem da maioria das receitas dos casinos de Macau e tiveram um peso de 54% no total no primeiro trimestre. Ainda assim, o seu peso continua também a cair, já que nos mesmos meses de 2015 o peso do jogo VIP era de 58,15%. Entre Janeiro e Março, as receitas do jogo VIP foram 30.381 milhões de patacas e as do jogo de massas 25.794 milhões, o que, neste último caso, representou uma queda de 4,84% em termos homólogos (comparando com o primeiro trimestre de 2015). Já na comparação com o trimestre anterior, as receitas do jogo VIP aumentaram 2,68% e as do jogo de massa cresceram 2,21% entre Janeiro e Março, período que abrange a semana de celebração do novo ano chinês e, portanto, de mais apostas nos casinos.
Flora Fong Manchete PolíticaAL | Apresentado sexto pedido de debate em menos de um mês. Este sobre despesas públicas É hora do hemiciclo avaliar os gastos elevados tanto em obras públicas, como aquisição de bens. É o que quer Ng Kuok Cheong, que entregou um pedido de debate sobre esta matéria [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]o sexto pedido de debate a dar entrada na Assembleia Legislativa e primeiro assinado individualmente deputado Ng Kuok Cheong: o democrata apresentou uma proposta de debate na Assembleia Legislativa (AL) sobre a criação de um mecanismo que exige a apreciação de grandes obras e compras públicas no hemiciclo. O objectivo é “combater o problema de corrupção e conluio”, como diz Ng Kuok Cheong, que frisa que a adjudicação de serviços que tenham grandes despesas deve ser avaliada pelos deputados. Na nota justificativa enviada aos meios de comunicação, e que acompanha o pedido, Ng Kuok Cheong critica o facto de, tanto o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, como a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, não responderem directamente sobre os problemas da adjudicação de serviços de departamentos do Governo. São eles, enumera, abusos na adjudicação, violação à lei e a falta de publicação de resultados de concessão de serviços. O deputado considera que os dois Secretários apenas “simplificaram” os problemas dando como justificação a insuficiência de conhecimentos dos funcionários públicos sobre as leis. Da promiscuidade No entanto, Ng Kuok Cheong considera que a falta de transparência e a falta de fiscalização pública são as causas para que continue “a acontecer conluio entre governantes e empresários”. Ng Kuok Cheong recordou o mais recente relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) que apontou também para “a situação grave de conluio de funcionários públicos e empresários” nas obras públicas, compras e adjudicação de serviços. O deputado defende, por isso, que é necessário criar um mecanismo para que os projectos de grande despesas sejam entregues à AL para apreciação pública. Algo que não é a primeira vez que Ng pede. “Tenho apelado ao longo dos anos para que o Governo crie um mecanismo de apreciação de projectos de grande despesas na AL enquanto elabora a Lei de Enquadramento Orçamental. O antigo Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, afirmou que ia fazer consideração cautelosa, mas o actual Secretário não está a pensar em adicionar este mecanismo”. Além disso, Ng Kuok Cheong referiu que actualmente não há um regulamento que exija a publicação de resultados de determinadas adjudicações no Boletim Oficial (BO), algo que espera que seja resolvido através do debate na AL. Se for aceite, o debate vai obrigar a que representantes do Governo vão ao hemiciclo falar sobre o problema. Isto, depois da proposta ser votada pelos deputados e tiver aval para seguir. Este é o quinto pedido de debate que dá entrada na AL em pouco mais de um mês: a construção do empreendimento de luxo no Alto de Coloane já deu origem a um, o centro de doenças que vai nascer junto ao São Januário levou a que três pedidos fossem entregues e um outro diz respeito ao regulamento de táxis.
Joana Freitas BrevesTáxis | Quase 800 propostas para 250 licenças e um erro crasso O Governo recebeu 755 propostas para a obtenção de uma licença de táxis, sendo que a mais alta foi de mais de oito milhões de patacas: acabaria, contudo, por ser um erro mas a Comissão de Abertura das Propostas rejeitou aceitar um recurso da candidata que apresentou este valor. No total, são apenas 250 as licenças que estão disponíveis para venda. Até quinta-feira foram recebidas as mais de 700 candidaturas e o acto público de abertura das propostas aconteceu ontem. O preço mais baixo para as licenças a leilão foi de 870 mil patacas e o mais alto apresentado foi, então, de 8,82 milhões de patacas. Segundo a rádio, contudo, a mulher que apresentou esta proposta pediu recurso por ter “cometido um erro” no montante, que era, diz, “de 881 mil patacas”. A Comissão rejeitou o recurso, sendo que a mulher tem dez dias para recorrer, desta vez para a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. Contudo, se abandonar o concurso a mulher terá de pagar 50 mil patacas. As propostas com o valor mais alto terão acesso à licença, sendo que este é o último concurso que decorre nestes moldes: o preço deixará de ser importante, assegura o Governo.
Manuel Nunes BrevesMorte de Vasco Ferreira ainda em investigação A PSP ainda está a investigar a morte do português Vasco Ferreira. Isso mesmo confirmou a polícia ao HM depois de ter sido posta a circular nas redes sociais uma foto tirada momentos a seguir ao acidente que acabaria por vitimar o português, à entrada da Ponte Sai Van, onde se vê claramente um poste de iluminação de obras atravessado na via. Se o poste caiu resultante do embate do do motociclo, ou se o poste caído foi a causa do acidente é a questão que se levanta. Nesse sentido, o HM inquiriu a PSP sobre o assunto e, inclusive, sobre a existência de câmaras de vigilância no local que possam esclarecer o facto. As autoridades não respondem concretamente, uma vez que ainda investigam o acidente. “O caso ainda se encontra na fase de instrução do processo (inquérito policial), tendo assim iniciado as diligências para o apuramento dos factos, pelo que, neste momento não há nada a referir por esta Polícia, sobre o acidente”, pode ler-se na resposta. O português morreu no final de Março. Tinha 37 anos e era residente de Macau, tendo falecido uma hora depois do acidente, já no hospital.
Hoje Macau EventosAFA | Tong Chong expõe pinturas na próxima semana “Quanto mais depressa correres mais seguro estarás” dá o mote para “The Good World”. A mais recente exposição de pintura de Tong Chong convida a entrar num mundo em que, não havendo mais onde viver, é altura de fugir, de procurar um novo lar, de regressar a uma segurança desejada [drocap style=’circle’]A[/dropcap]bre ao público no próximo dia 27 de Abril, pelas 18h30, a exposição de pintura de Tong Chong “The Good World”, na Art for All Society (AFA). A mostra inclui um total de 26 trabalhos da série “Wilderness”. Nascido em 1977, Tong mudou-se para Macau em 1984 e tem-se dedicado à criação artística há mais de dez anos, tendo neste momento e segundo a organização, um papel central na arte contemporânea da região. O nome da exposição é inspirado no Cantonês “zau dak fai, ho sai gaai”, cujo significado será “quanto mais depressa correres, mais seguro estarás”. Ao olhar para as criações de Tong podem ser notados alguns elementos humorísticos, sendo que por detrás das suas pinturas há sempre uma questão digna de reflexão, adianta a organização. Tong recorre ao uso de animais enquanto personagens nos seus trabalhos da série “Wilderness”, em que os mesmos apesar de representados com características de felicidade, estão muitas vezes inseridos num fundo desértico e vazio constituindo um conceito marcado pelo contraste em que o artista pretende que o público se debruce, acerca da questão da relação entre o homem e o animal. Numa sociedade contemporânea em que os desenvolvimentos tecnológicos também abarcam o levantamento de questões e dilemas relativos ao progresso e com o aumento das necessidades das pessoas, os animais que anteriormente viveriam entre a natureza também têm que mudar hábitos. Nas pinturas de Tong estes animais são representados constantemente a correr, a fugir, como quem perdeu o seu lar. “Zau dak fai, ho sai gaai”, pode assim ser interpretado como aquando da chegada de problemas o melhor será fugir enquanto possível, levantando ainda a questão de se haverá ou não algum lugar de destino a salvo. A exposição estará patente até 21 de Maio e conta com entrada livre.
Michel Reis h | Artes, Letras e IdeiasBotticelli reimaginado no Victoria and Albert Museum [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]extraordinária visão artística de Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, muito melhor conhecido como Sandro Boticelli, foi injustamente negligenciada durante três séculos antes de ser redescoberta no séc. XIX. Desde aí, o pintor italiano tem sido considerado um dos artistas mais importantes de hoje, cuja imagética do séc. XV ditou os padrões das interpretações da beleza clássica e penetrou em todas as esferas da vida contemporânea. Como tal, influenciou e inspirou um grande número de artistas e designers, que responderam ao notável legado eterno do artista, reimaginando Boticelli. Mais de 50 obras originais de Boticelli, e cerca de 100 criadas por talentos ao longo de 500 anos estão agora em exibição no Museu Victoria and Albert em Londres, numa exposição que representa uma homenagem incrível em todos os sentidos da palavra. Botticelli Reimagined (Boticelli Reimaginado), a maior exposição do artista no Reino Unido desde 1930, visa demonstrar como a sua imagética icónica penetrou e se fixou permanentemente na memória colectiva da sociedade e nos seus aspectos visuais. Mostra a arte de Boticelli como um fenómeno de design que se tornou parte integrante de tantas obras de arte desde a sua morte em 1510. Artistas como Dante Gabriel Rossetti, Edward Burne-Jones, William Morris, René Magritte, Elsa Schiaparelli, Andy Warhol e Cindy Sherman exibem a suas próprias reinterpretações da Renascença de Boticelli, acrescentando-lhe o reflexo dos tempos em que foram criadas, através de obras de pintura, moda, cinema, desenho, fotografia, tapeçaria, escultura e gravura. A exposição esta dividida em três secções principais: “Gobal, Moderno, Contemporâneo”, que mostra como a imagística de Boticelli alcançou o nível actual de aclamação, é dominada por umas das obras mais famosas de Boticelli, O Nascimento de Vénus (de meados da década de 1480). A famosa imagem de uma Vénus emergindo de uma concha à beira mar (que não pode deixar a sua exibição permanente na Galeria Uffizi em Florença), tem sido revisitada e reimaginada por uma série de artistas contemporâneos, como David LaChapelle, em Renascimento de Vénus (2009), na qual aplicou a sua imagem de marca, a saturação e a superficialidade, ou Rineke Dijkstra e os seus Beach Portraits de 1992. Detalhes de Pinturas da Renascença (Sandro Boticelli, Nascimento de Vénus, 1482) (1984) de Andy Warhol acomoda o rosto e o cabelo solto do ícone de Boticelli no seu estilo liso e palete ousada, enquanto Vénus Segundo Boticelli (2008) de Yin Xin reinterpreta Vénus com uma aparência chinesa. A influência de Boticelli no cinema inclui a sequência de Ursula Andress a emergir do mar abraçada a uma concha no filme “Dr. No” (1962) e um excerto do filme “As Aventuras do Barão Munchausen” (1988) no qual Uma Thurman reconstitui O Nascimento de Vénus. Funcionando como os enormes frescos que estudou em Itália, Going Forth by Day de Bill Viola é um ciclo de imagens digitais inspirado nas invenções de Boticelli. Esta secção, entre outras obras, inclui ainda a obra trompe l’oeil de Tamara de Lempicka Painting with Boticelli (1946) que apresenta o pintor com o a chave para a arte, assim como obras chave de Robert Rauschenberg, René Magritte and Maurice Denis. Na secção “Redescoberta”, podem ver-se uma selecção de obras de arte criadas por Edgar Degas, Gustace Moreauand e John Ruskin, entre outros, que traçam o impacto da arte de Boticelli no círculo pré-Rafaelita em medos do séc. XIX. Dante Gabriel Rossetti, John Ruskin e Edward Burne-Jones, todos coleccionaram obras de Boticelli. E a sua estética foi reinterpretada em La Ghirlandata (1873) de Rossetti e em The Mill: Girls Dancing to Music by a River (1870-82) de Burne-Jones. A célebre Primavera do mestre florentino assombra esta secção, como é demonstrado por The Orchard (1890) de William Morris, uma tapeçaria que retrata senhoras medievais num cenário magnânimo, por Flora (1894) de Evelyn De Morgan, ilustrando uma ninfa de flores, e pelo único filme sobrevivente de Isadora Duncan a dançar. Cópias de O Nascimento de Vénus de Edgar Degas e Gustave Moreau (1859) assim como de Duas Mulheres a copiar o fresco de Botticelli de Vénus as Graças (1894) de Etienne Azambre, demonstram a popularidade de copiar a sua obra. A influência europeia de Boticelli é manifesta em pinturas importantes de Jean-Auguste-Dominique Ingres, Arnold Böcklin e Giulio Aristide Sartorio. Finalmente, “Boticelli no seu Próprio Tempo” mostra o artista tanto como um criador extremamente dotado como um designer de génio que dirigiu um atelier extremamente bem sucedido, incluindo a sua única pintura assinada e datada A Natividade Mística (1500), três retratos supostamente da beldade lendária Simonetta Vespucci, e a requintadamente detalhada Pallas e o Centauro (1482), que viaja para Londres pela primeira vez. Um número de variações sobre a temática da Virgem e do Menino em diferentes formatos ilustra a criatividade de Boticelli enquanto designer, enquanto um grupo espectacular do seu raro corpo gráfico, incluindo cinco dos seus desenhos da Divina Comédia de Dante, reflectem a sua técnica como desenhador. A mostra encerra com duas pinturas monumentais de corpo inteiro de Vénus, repetindo a heroína de O Nascimento de Vénus, e ainda o Retrato de Uma Senhora conhecido por Smeralda Bandinelli (c. 1470-5), do V&A, que pertenceu a Rossetti, restaurado especialmente para esta exposição, entre muitas outras obras. A exposição Botticelli Reimagined, em parceria com a Gemäldegalerie – Staatliche Museen zu Berlin e com o patrocínio da Société Générale, está patente no Victoria and Albert Museum em Londres, de 5 de Março a 3 de Julho de 2016.
Joana Freitas Manchete SociedadePanama Papers | Nome de Ng Lap Seng listado com duas empresas Uma das empresas envolvidas no caso de corrupção por que Ng Lap Seng responde nos EUA surge nos Documentos do Panamá, bem como o nome do empresário de Macau, numa lista de empresários ligados ao casal Clinton [drocap style=’circle’]O[/dropcap]nome de Ng Lap Seng aparece ligado aos Panama Papers, numa lista de pessoas que fizeram negócios com o casal Clinton. A notícia é avançada por órgãos de imprensa norte-americanos, que realçam que o empresário de Macau – recentemente acusado de corrupção – aparece nos documentos revelados no início deste mês pelo International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) como accionista de duas empresas nas Ilhas Virgens Britânicas: a South South News e a Goluck Ltd. Tal como o HM referenciou, no ano passado, a South South News especifica-se em actividades da ONU e fica em Nova Iorque, onde estão outras sedes da organização, sendo que pertencerá a Ng Lap Seng, ainda que este seja descrito no próprio site da South-South como “um apoiante” da empresa. Já sobre a Goluck não é possível encontrar dados. Segundo o site McClatchy DC, que se especializa em notícias da Casa Branca e que faz parte do ICIJ, os nomes da ex-Secretária de Estado, e agora candidata à presidência, Hillary Clinton e do ex-Presidente Bill Clinton estão “extensivamente ligados” a nomes que aparecem nos Panama Papers. Ainda que Hillary tenha criticado as fugas à Justiça que aparecem reveladas pelo caso das off-shore nos documentos, o nome de Ng Lap Seng não é o único que surge relacionado com o casal. “Entre os listados aparece Gabrielle Fialkoff, director-financeiro da primeira campanha de Hillary Clinton para o Senado (…), e a família Chagoury, que investiu mil milhões de dólares em projectos para a Clinton Global Initiative”, pode ler-se, no mesmo espaço onde se sublinha que “o empresário bilionário Ng Lap Seng, que esteve no centro do escândalo de recolha de fundos dos Democratas, quando Bill Clinton era presidente” está também listado, como indica o site do canal de televisão teleSUR, uma cadeia de televisão latino-americana, sediada na Venezuela, e o site McClatchy. Ng Lap Seng esteve envolvido anteriormente com o casal Clinton, num escândalo de doações que envolvia o ex-Presidente dos EUA, em 1996: o empresário terá enviado mais de 1,1 milhões de dólares americanos para apoiar a candidatura de Bill Clinton à Casa Branca. Nunca foi acusado e fez “inúmeras visitas” ao casal Clinton depois disso. Notícias do Sul Agora, o nome do também representante político de Macau surge como detentor de duas empresas. O site da South-South não se protege contra a acusação, mas dá a notícia da revelação dos documentos da Mossack Fonseca e diz que estes só demonstram uma ameaça perante o desenvolvimento mundial. “Os segredos financeiros e a evasão fiscal recentemente revelada pelos Panama Papers têm um impacto extraordinário nos países em desenvolvimento e ameaçam a ambição da ONU face ao objectivo de criar um desenvolvimento sustentável”, pode ler-se no site da empresa. Ng Lap Seng foi recentemente acusado de corrupção nos EUA, na sequência de pagamentos de subornos a funcionários e ex-funcionários da ONU. O empresário foi acusado de levar ilegalmente grandes quantias de dinheiro para o país e ocultar as suas verdadeiras intenções às autoridades norte-americanas. Além de Ng Lap Seng, no mesmo processo aparece também o nome de Franzis Lorenzo, este igualmente relacionado com a South-South News. O embaixador da ONU na República Dominicana, que terá sido o intermediário de Ng Lap Seng no pagamento a John Ashe, representante da ONU, receberia do empresário de Macau “20 mil dólares por mês”, como “presidente honorário” desta empresa. O primeiro O nome de Ng Lap Seng é o primeiro relacionado com Macau a aparecer ligado aos documentos da Mossack Fonseca. Recentemente, o jornal Irish Times dava conta, através de uma infografia, que são 25 as empresas ou investidores do território que estão envolvidas no caso, sendo que haverá ainda quatro residentes de Macau, 22 beneficiários e 233 accionistas envolvidos. Até ao momento ainda não é conhecida a identidade de nenhuma das empresas ou pessoas, sendo que apenas o de Ng Lap Seng é, agora, dado como certo. Hillary Clinton, que faz agora campanha para a presidência dos EUA, condenou o escândalo, a que apelidou de “evasão fiscal ultrajante e lacunas de que os super-ricos se aproveitam”.
Andreia Sofia Silva BrevesSS condenam caso de abuso sexual Os Serviços de Saúde (SS) afirmaram em comunicado que condenam o caso de agressão sexual “efectuada por um médico de 80 anos de idade a uma doente”, estando a “adoptar medidas que evitem a ocorrência de incidentes deste tipo”. O caso foi denunciado este fim-de-semana, quando uma jovem acusou um médico de uma clínica da zona norte de lhe ter apalpado os seios durante mais de dois minutos depois de lhe ter diagnosticado uma gastroenterite e de ter apalpado a barriga da paciente. Segundo a TDM, o médico assegurou que para confirmar o diagnóstico tinha de “massajar os seios” da rapariga, algo já deitado por terra por peritos da comunidade médica. Os SS lembram que os médicos devem ter regras de conduta que são regidas por lei e, neste caso, o médico já foi presente ao Ministério Público.
Andreia Sofia Silva BrevesMetro ligeiro | Traçado norte não é prioridade, diz Secretário O Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, disse, à margem da última reunião do Conselho Consultivo do Trânsito, que o traçado do metro ligeiro na zona norte de Macau “não representa uma prioridade”, sendo que “não foi tomada qualquer decisão final sobre a matéria”. Segundo um comunicado, Raimundo do Rosário garantiu que o Governo vai focar-se no segmento da Taipa, sobretudo na construção do parque de materiais e oficinas. “Na próxima fase dará prioridade ao estudo da ligação e extensão da linha da Taipa à linha da Barra na Península de Macau e à linha de Seac Pai Van em Coloane.”
Hoje Macau PolíticaCéu – “Perfume do Invisível” “Perfume do Invisível” No dia em que eu me tornei invisível Passei um café preto ao teu lado Fumei desajustado um cigarro Vesti a sua camiseta ao contrário Aguei as plantas que ali secavam Por isso o cheiro impregnava O seu juízo O meu juízo Invisível E o mundo a meu favor Para me despir E ser quem eu sou Logo que o perfume do invisível Te inebriou Você me viu E o mundo também E o que tava quietinho ali Se mostrou, meu bem… Céu
Flora Fong PolíticaDSEJ | Regime educativo especial entre este ano à AL [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para a Educação e Juventude (DSEJ) espera que o novo Regime Educativo Especial possa ser entregue na Assembleia Legislativa (AL) este ano para implementação, apesar da apresentação do diploma ter sido agendada para o primeiro semestre deste ano. A DSEJ já realizou uma consulta pública sobre a revisão do Regime Educativo Especial no ano passado, sendo que a directora do organismo, Leong Lai, espera implementar um novo modelo de funcionamento do ensino especial em 2017 ou 2018. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a chefe do Centro de Apoio Psico-Pedagógico e Ensino Especial da DSEJ, Chow Pui Leng, espera emitir directrizes para o currículo de ensino especial para as escolas, de acordo com as necessidades e capacidades de alunos, elaborando vários níveis de aprendizagem. Chow Pui Leng referiu ainda que no ano passado foram convidados especialistas de regiões vizinhas para ajudar a analisar a situação de ensino especial em Macau. Com base nessas opiniões a DSEJ irá emitir as directrizes para os currículos do ensino especial, elaborando seis níveis de aprendizagem. A responsável considera que como os alunos do ensino especial têm diferentes necessidades de aprendizagem, os docentes e pessoal de apoio devem elaborar programas de educação individualizada. O conteúdo de programas devem incluir as experiências de aprendizagem, os níveis de conhecimentos, os potenciais e as dificuldades de alunos. A responsável espera também elaborar umas medidas e objectivos de ensino que sejam apropriadas para aumentar as capacidades de alunos do ensino especial, desenvolvendo as vantagens.
Tomás Chio SociedadeCriança deixada no autocarro da escola durante seis horas [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m aluno da Escola Fong Chong, na Taipa, ficou esquecido durante seis horas no autocarro da instituição. A escola emitiu ontem uma declaração onde pede desculpa pelo sucedido e promete que casos semelhantes não vão voltar a acontecer. Os Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vão hoje reunir com a entidade. Segundo o jornal Ou Mun, o caso ocorreu segunda-feira, quando o autocarro da escola fez o transporte dos alunos às oito da manhã, sendo que um aluno do jardim de infância acabou por ficar esquecido no autocarro. O professor do aluno também não contactou os pais para saber se a criança tinha faltado à escola ou se havia outro motivo para não estar presente. O condutor do autocarro acabou por encontrá-lo no veículo ao início da tarde, tendo avisado a direcção. Só aí é que a escola contactou os pais do aluno e pediu a um funcionário para acompanhar o estudante e avaliar o seu estado de saúde. Contudo, as autoridades policiais foram chamadas e o aluno acabou por ser consultado no hospital nesse mesmo dia. No dia seguinte a escola emitiu um comunicado onde prometeu novas medidas. Ao canal chinês da Rádio Macau, a DSEJ garantiu que está a acompanhar o caso. “A escola admitiu que o caso se deveu à negligência de um funcionário e as escolas devem cumprir as orientações com rigor, verificando os números dos alunos e o serviço de transporte”, disse o responsável da DSEJ. A escola mandou publicar uma declaração nos jornais chineses Ou Mun e Jornal do Cidadão, alertando os restantes funcionários.
Andreia Sofia Silva SociedadeFMI prevê queda de 7,2% no crescimento económico de Macau [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) referente a Janeiro, intitulado “World Economic Outlook”, prevê que uma quebra de 7,2% no crescimento económico de Macau, ainda que fala de um aumento de 0,7% em 2017. Segundo um comunicado da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), o FMI espera a manutenção de uma taxa de desemprego na ordem dos 2%. Já na área das finanças públicas, o FMI “prevê que a conta financeira integrada do Governo da RAEM se mantenha positiva durante este ano e no próximo”. O FMI baixou a previsão do crescimento económico para este ano em 3,2%, enquanto que para 2017 essa previsão é de 3,5%. Face às últimas previsões trata-se de uma descida de 0,2% e 0,1%. O relatório aponta para “o agravamento da instabilidade dos mercados financeiros e a fraca procura dos países exportadores”, algo que atrasou o ritmo de recuperação da economia global. “O crescimento económico deste ano continuará a ser desequilibrado, prevendo-se que os mercados emergentes e os sistemas financeiros em desenvolvimento acelerarão a recuperação da economia global”, pode ler-se. Em relação ao crescimento dos sistemas financeiros desenvolvidos, será de 1,9% este ano e de 2% para 2017, prevendo-se que o “crescimento económico dos mercados emergentes e os sistemas financeiros em desenvolvimento seja de 4,1% e de 4,6%”.
Hoje Macau BrevesÍndice de preços turísticos cai O Índice de Preços Turísticos (IPT) voltou a cair no primeiro trimestre deste ano, depois de em 2015 ter registado a primeira diminuição desde que é divulgado. O IPT caiu 6,67% em comparação com o primeiro trimestre de 2015 e 3,43% em relação aos três meses anteriores, segundo dos dados divulgados pelos serviços de estatística. O decréscimo mais acentuado foi nos preços dos alojamentos em que a queda foi de 23,80% em relação aos mesmos meses de 2015 e de 11,81% comparando com o trimestre anterior. Mantém-se assim a tendência de queda iniciada no terceiro trimestre de 2015 dos preços dos bens e serviços adquiridos pelos visitantes. Em 2015, o PIB de Macau caiu 20,3%, naquela que foi a primeira contracção anual da economia desde 1999.
Filipa Araújo BrevesCardiologistas em simpósio da MUST A 30ª Edição do Fórum Médico Internacional Sino-Luso começa hoje e termina no próximo domingo. Um Fórum que tem reunido médicos de todo o mundo está, desta vez, subordinado ao tema da cardiologia, pois, segundo explica a Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST), entidade organizadora, os casos de “ataques cardíacos têm aumentado progressivamente”. Num debate que irá reunir médicos de especialidades diferentes, como o director da ala de cardiologia do Hospital Conde São Januário, Mário Évora, o médico Jorge Sales Marques, o Director do Hospital da Cruz Vermelha de Lisboa, Manuel Pedro Pereira Dia de Magalhães, e a médica Maria Sampaio de Magalhães, serão apresentados novos tipos de tratamento e casos de estudo. Será ainda realizado um workshop, conduzido pelas mãos do médico Kenneth Coyle, da Califórnia, EUA, e decorrerá ainda um jantar no clube militar aos interessados. O simpósio acontece no domingo, com início às 9h00, no Landmark.
Flora Fong BrevesPearl Horizon | Mais um protesto no domingo Um grupo de 20 proprietários do Pearl Horizon entregou ontem uma carta ao Tribunal de Última Instância (TUI), apelando a uma maior rapidez na conclusão no processo de caducidade do terreno onde iria ser construído o edifício. Segundo a MASTV, o mesmo grupo está a planear uma nova manifestação a realizar no domingo. Hou Peng Kuan, presidente da União de Proprietários do Pearl Horizon, referiu estar desapontado com o facto do processo não ter registado nenhum avanço, esperando que Sam Hou Fai, presidente do TUI, exija prioridade ao Tribunal Judicial de Base para julgar o caso. “O Governo não se mostra preocupado com a nossa situação e como o caso já está em processo judicial não quer negociar connosco”, disse. Os proprietários esperam que a sociedade preste mais atenção ao caso através do protesto.
André Ritchie Sorrindo Sempre VozesRua de Macau II [dropcap style=’circle’]”R[/dropcap]Rua de Macau” é um filme da autoria do nosso cineasta Sérgio Perez. Lançado em 2008, conta a história de Miri, uma chinesa de Macau sofisticada, recém-regressada do estrangeiro onde concluiu os seus estudos. (*) Miri deixa-se deslumbrar pela nova indústria do jogo. Sente-se atraída pela escala, opulência e requinte das novas propriedades acabadas de inaugurar. Por outro lado, entusiasma-se também com a nova comunidade de expatriados anglofónicos que vai populando Macau e com a qual se identifica. A pequena cidade adormecida onde Miri cresceu, transformou-se e deixou de ser o backwater onde nada se passava. Agora sim, é uma cidade. E internacional. Por mero acaso – e depois de ter rejeitado um expatriado à porta de um bar – Miri decide dar uma volta a pé por Macau. É assim que descobre um pequeno e humilde restaurante português nas vísceras da malha antiga da cidade. Interessa-se pelo estabelecimento onde fotografias antigas de Macau com jogadores de hóquei em campo na Caixa Escolar enfeitam as paredes e onde se come minchi ao som de música em patuá. Mas, sobretudo, interessa-se por Miguel, um rapaz Macaense simples, interessante e bem-parecido, filho do dono desse pitoresco estabelecimento. Apaixonando-se por Miguel, Miri acaba também por se apaixonar pelo charme do seu antigo Macau. Mas um dia cai em si e decide que não é nada daquilo que quer – e regressa ao seu Macau do bling-bling. * * * “Rua de Macau” foi rodado numa época em que a cidade se transformou num grande estaleiro, palco da primeira onda de construção dos novos empreendimentos da indústria do jogo, bem como de outras tantas infra-estruturas materializadas pelo governo visando preparar Macau para a metamorfose que advinha. O tempo passa num instante e o filme – que contou com a colaboração do autor desta coluna – está perto de fazer 10 anos. Pelo que ora se decidiu desenvolver aqui uma sequela, uma actualização e contextualização com a nova realidade – de uma forma muito pessoal e peculiar. * * * Rua de Macau II No dia seguinte Miri, confusa e sozinha em casa, contempla a ideia de ir ter com Miguel para lhe explicar a razão da reacção brusca e agressiva da noite anterior. Na verdade, tratou-se tudo de um equívoco. Miri sabe que deixou Miguel magoado e, por isso, sente-se mal. Tem a consciência pesada e quer ir ter com ele para que possam pelo menos manter uma relação como amigos. No entanto, hesita. Não por medo ou por pensar que, regressando ao restaurante onde Miguel trabalha, irá emocionar-se novamente com aquele ambiente de fotografias antigas, comida portuguesa e músicas em patuá. Tem também a certeza que nem o olhar charmoso de Miguel a fará vacilar. O problema não está aí. Miri hesita porque o restaurante fica numa zona altamente inacessível da cidade. É que Miri é sofisticada, mas mora nos blocos de habitação social de Seac Pai Van. Não conduz porque a carta de condução que tirou no estrangeiro ainda não foi aceite em Macau – a última explicação que lhe deram foi que no país onde tirou a carta conduz-se do lado contrário, pelo que o processo demora um pouco mais. Vai ter de ir de autocarro. É uma viagem longa – está habituada a comutar diariamente apenas entre Seac Pai Van e Cotai, onde trabalha – e não lhe agrada a ideia de ter de atravessar a cidade toda num autocarro que, quase sempre, está cheio de operários das obras que circulam em grupo porque vivem todos juntos em apartamentos transformados em dormitórios. Ainda assim, persistente, vai ao seu iMac e faz uma pesquisa para saber qual o autocarro que deve apanhar para se chegar àquele fim-do-mundo. Enerva-se porque não consegue encontrar, de uma forma intuitiva, a informação que procura. E recorda-se que o website da Reolian era, nesse aspecto, o melhor de todos pois permitia visualizar todas as linhas de autocarro em interacção com imagens de satélite do Google Maps. Agora, encontra apenas tabelas e mais tabelas com números dos autocarros e respectivas paragens identificadas ou pelo nome da rua ou, pior, pelo nome do prédio adjacente – e mais nada. “Like, I’m supposed to know all the names of the streets or the names of the buildings? WTF?”. Frustrada e irritada, Miri dá um muro na parede. Por sorte, esta manteve-se intacta – podia ter sido pior. É no meio disto tudo que Miri recebe uma notificação no seu iPhone 6. Trata-se de um aviso de chuvas intensas. Por essa razão, as escolas vão-se manter fechadas. “Good”, pensa Miri. Finalmente algo positivo, pois não havendo escola haverá menos tráfego – a eventual viagem até ao restaurante será menos morosa. No entanto, à cautela, decide ficar em casa e não arriscar pois desconfia que a notificação de chuvas intensas se trate apenas de um simulacro. Nunca se sabe e não vale a pena verificar pela televisão pois também eles participam nos simulacros. * * * Miguel está sentado sozinho numa mesa do restaurante onde trabalha. É-lhe servido pelo pai um minchi com arroz branco, mas sem ovo estrelado – Miguel ficou traumatizado com o episódio dos ovos falsos vindos da China e, desde então, deixou de comer ovo. Nem a criação do Centro de Segurança Alimentar o curou desse trauma. A imagem que viu no noticiário de uma falsa gema de ovo cozida com textura a borracha a saltitar como uma bola de pelota basca ficou-lhe gravada na memória para sempre. Com ovo ou sem ovo, Miguel decide ir ter com Miri. Sabe que ela mora no Seac Pai Van, que isso fica no fim-do-mundo, mas está decidido a embarcar numa viagem que, com azar, poderá até vir a ser mais longa do que uma ida a Hong Kong. Miguel tem uma mota, mas prefere ir de autocarro. É que, mesmo com a faixa reservada para motociclos da Ponte de Sai Van, tem consciência do perigo que é atravessar a ponte de mota. Amor é também determinação e coragem, está certo. Mas Miguel perdeu recentemente um amigo, vítima de um acidente, e não quer arriscar. O que Miguel não sabe é que está para vir uma grande tempestade de chuvas intensas. Miguel, sendo Maquista, tem por teimosia instalado no seu telemóvel a versão em língua portuguesa da aplicação que faz essas notificações – mesmo sabendo que, por esse motivo, essas tardam a chegar porque precisam de ser traduzidas; ou por vezes não chegam sequer a ser enviadas. No caso em concreto, fica-se sem perceber bem o que aconteceu – o filme não revela esse pormenor desnecessário. Por outro lado, o seu pai irritou-se com todo o episódio dos anteneiros e a partir daí deixou-se de ver televisão no restaurante. É que o homem, sendo um antigo de Macau, apreciava a clandestinidade do sistema montado pelos anteneiros e das 90 patacas que pagava por mês que lhe dava acesso a todos os canais, incluindo o tal de desporto tailandês onde via o seu futebol. Assim, quando se deu cabo do esquema e se criou a Canais de Televisão Básicos de Macau, S.A., por solidariedade com os anteneiros o velho botou prontamente a televisão no lixo. Desconectado e sem informação actualizada, Miguel está à espera do autocarro numa paragem provisória sem cobertura – porque a rua está em obras para a instalação de cabos da MTEL – quando cai uma chuvada que o deixa molhado até à cueca. Frustrado, regressa ao restaurante. * * * Passado uns tempos, quis o destino que Miri ganhasse uma oportunidade para finalmente ir ter com Miguel ao restaurante: foi notificada pelo Centro de Saúde da Areia Preta para ir a uma consulta marcada uns anos atrás. É que, tal como muitos que não têm casa própria, Miri mudou de casa umas 20 vezes antes de se fixar em Seac Pai Van. E, pelo percurso, chegou a morar na Areia Preta. Deslocou-se a essa zona da cidade através da Uber. Por azar, o carro que a transportou foi parado pela polícia. Miri é persuadida pelos agentes da autoridade a confessar que estava a utilizar um transporte ilegal. Ao condutor foi aplicada uma multa pesada. Atrasada, Miri acaba por faltar à consulta. Decide então caminhar em direcção ao restaurante. Para a sua enorme surpresa, o estabelecimento já lá não estava. No seu lugar encontra uma loja que vende não se sabe bem ao certo o quê. Perdida, Miri pergunta ao homem da loja – um sujeito com ar de artista – pelo restaurante. “Não sabes?”, respondeu o artista. “Não aguentou a renda e fechou as portas!”. Surpreendida e insatisfeita, Miri responde: “E tu? Como aguentas tu a renda?” “Tenho um subsídio do Fundo das Indústrias Criativas.” Miri encolhe os ombros e desiste. Afasta-se de tudo e todos, sorrindo sempre. (*) “Rua de Macau” tem a duração de 45 minutos e está disponível no YouTube, podendo ser visto no topo deste artigo.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasO Capitão Elliot e Lin Zexu magistrado do Império Celeste [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]azendo um rápido resumo do artigo da semana passada, cuja história versou sobre a dificuldade de entrar em Cantão, para aí residir, do Capitão Charles Elliot, nomeado pelo governo inglês a 7 de Junho de 1836 para superintendente do comércio britânico na China. O governador de Cantão só a 18 de Março de 1837 lhe deferiu o pedido, pois apenas a 11, ou 14 de Dezembro do ano anterior, se recebeu essa nomeação em Macau. Assim, nesta cidade ficou Elliot até 11 de Abril, quando finalmente pode seguir para Cantão o Ministro da Inglaterra. Segundo Ângela Guimarães, o Sistema Comercial de Cantão “só se pode considerar completo e oficializado em 1757, quando o comércio com os ocidentais é legalmente limitado ao porto de Cantão” e “vai durar até à I Guerra do Ópio”, assente “na tradicional concepção chinesa do mundo.” Possuindo produtos cujos estrangeiros muito apreciavam, tinham “este comércio organizado de maneira monopolística, na qual 13 Hongs, dos mais sólidos comerciantes do ramo, concentram o privilégio de comerciar com as feitorias estrangeiras, mediante o pagamento de somas significativas à corte imperial. O conjunto dos Hongs formam o Co-hong que, ainda dentro das regras da harmonia do sistema, é o responsável superior de todos os estrangeiros e o seu único intermediário nas relações oficiais com o poder imperial”. “Nessa base, o comércio, sendo considerado uma actividade privada, entre privados, não pressupõe relações diplomáticas” e “assim, os comerciantes estrangeiros admitidos a comerciar em Cantão apenas se relacionam com os comerciantes locais e dentro de um conjunto de regras muito estritas que visam a que a sua presença não perturbe excessivamente a ordem social vigente”, retirado do excelente livro Uma Relação Especial – Macau e as relações luso-chinesas (1780-1844) de Ângela Guimarães. Ainda segundo esta historiadora, a balança do comércio sino-britânico era muito desfavorável aos ingleses que, para trocar pelo chá, porcelanas, seda e lacas, apenas tinham produtos de pouca relevância como, tecidos de lã e linho, ferro, cobre e quinquilharia provenientes de Inglaterra e da Índia traziam algodão bruto, marfim, sândalo, prata e ópio. A China exigia pagamento em prata, o que levou “à procura de um produto de compensação, que acabará por ser o ópio”. ópio como moeda de troca A importação de ópio foi alvo em 1729 de uma proibição oficial em Fujian e banida em todo o Império por Édito do Imperador Yongzheng (1722-1735) em 1731, segundo refere Jacques Gernet. Continuando com este sinólogo, “a cultura do ópio progride a partir do final do século XVIII depois da ocupação da Índia pelos Ingleses. A Companhia das Índias Orientais adquire os seus primeiros direitos territoriais no Bengala em 1757 e alargam-se ao Bihar em 1765. Em 1773, apodera-se do monopólio do contrabando de ópio para a China e desenvolve a cultura da papoila, primeiramente no Bengala e, depois, em Malwa, na Índia Central”. A Companhia Inglesa das Índias Orientais em 1781 começou a enviar unicamente ópio para a China e quinze anos depois, em 1796, a China proibia de novo a importação de ópio. Foi então que a Companhia Inglesa das Índias Orientais decidiu fazer de Macau o centro para o comércio desta droga e levada em contrabando, resultou, num crescimento das quantidades que entravam clandestinamente na China, no aumento do preço e em grandes fortunas para os contrabandistas, tanto ingleses, como alguns portugueses de Macau. Com a Revolução Francesa de 1789 ocorrera o desmoronamento das antigas instituições políticas e o monopólio das grandes companhias de privilégio estatal com o liberalismo, dominante a partir da década de 1830, deu acesso aos “comerciantes livres que, em regime de licença ou em contrabando, acabarão por dominar os sectores em que se envolvem”… e segundo Ângela Guimarães, são eles, “os comerciantes da country trade, que assumem uma importância cada vez maior na percentagem do comércio” e no uso dos mecanismos fora-de-lei. Devido à tarifa imposta em Macau aos estrangeiros por Arriaga, os importadores ingleses passaram desde 1821 a ancorar os seus barcos com ópio na ilha de Lintin. “Em 1834, o parlamento inglês aboliu o monopólio (da East India Company) e liberalizou o comércio em Cantão”, segundo refere H. Gelber. Já Marques Pereira diz que, a 22 de Abril de 1834 os privilégios da Companhia Inglesa das Índias Orientais na China (EIC, East India Company) foram extintos e suspensa a sua sucursal chinesa devido ao progresso do contrabando privado de ópio. A 7 de Novembro de 1834, o Imperador Tou-Kuóng (Daoguang, 1821-1850) decretou novamente a proibição do tráfico do ópio. Mesmo assim, algumas dezenas de caixas de ópio foram tomadas a embarcações de contrabandistas e em 23 de Fevereiro do ano seguinte foram publicamente queimadas, em Cantão. Como todo este artigo está baseado em Marques Pereira e Luís Gonzaga Gomes, não usamos aspas para os citar. Já quanto às datas referidas, encontramos algumas delas diferentes para os mesmos acontecimentos e fruto das que pudemos investigar, percebe-se ter Gonzaga Gomes corrigido muitas delas. DEIXAR ANDAR Em 29 de Setembro de 1837 o enviado Elliot foi intimado ao dever de expulsar todos os negociantes e navios ingleses que traficavam em ópio, mas, fazendo ouvidos de mercador, aconselhava-os a não levarem a sério tal proibição e essa ordem só deu aos seus concidadãos passado um ano, continuando assim o comércio a fazer-se. A 10 de Janeiro de 1838 foram apreendidas em Cantão algumas caixas de ópio a um residente inglês. Já os chineses apanhados no contrabando de ópio eram enforcados; tal aconteceu em 25 de Fevereiro em Cantão e a 5 de Abril, no lado de fora das muralhas de Macau, por ordem dos mandarins, ao chinês Kuo-Si-Peng, por ter sido apanhado, em flagrante delito, a vender ópio. O Governador de Cantão a 3 de Dezembro de 1838 ordenou a imediata suspensão do comércio estrangeiro, pois nesse mesmo dia fora apreendida uma porção de ópio, que se julgou haver sido importado pelo navio americano Thomas Perkins. O consignatário daquele navio e os europeus em cuja posse o ópio fôra descoberto foram expulsos. No dia 12, em frente das feitorias, por ordem das autoridades chinesas de Cantão, deu-se princípio à execução de um fumista de ópio. Opuseram-se ao acto os europeus e o padecente foi morrer noutro cadafalso. Assim, só em 18 de Dezembro de 1838, passado cerca de um ano após ser intimado, o plenipotenciário Elliot se apressou “a fazer uma intimação aos navios ingleses, empregados em comércio de ópio, para saírem do rio de Cantão no prazo de três dias”. Já desde 12 de Julho de 1838 tinha chegado a Macau, num navio de guerra, o Almirante Maitland, com instruções para proteger o comércio inglês. Jacques Gernet refere que “entre 1800 e 1820 tinham entrado na China 10 milhões de liang”, mas depois, só em três anos, entre 1831 e 1833, saíram 10 milhões. Os comerciantes ingleses em substituição da prata traziam como moeda de troca, o ópio cujo volume em 1834 era de vinte mil e quinhentas caixas e em apenas quatro anos subira para as quarenta mil caixas (variando cada caixa entre os 63 kg e os 71 kg). Perante tão assustador aumento exponencial do tráfico de ópio e a arrogância agressiva dos ingleses, que faziam tudo o que bem lhes apetecia e em constantes transgressões desafiavam à descarada o poder chinês, os governantes Qing consciencializaram-se do perigo que corriam. Por isso, em Dezembro de 1838 foi nomeado Lin Zexu (1785-1850) para acabar com tal comércio, maioritariamente feito pelo porto de Guangzhou. A 1 de Janeiro de 1839 foi restabelecimento temporariamente o comércio estrangeiro em Cantão, interrompido, por ordem das autoridades chinesas, em 3 de Dezembro do ano anterior. O COMISSÁRIO LIN Em 1836, o Imperador Daoguang (1821-1850) pedira aos seus principais ministros pareceres sobre como se deveria atacar o problema do ópio. Assim escutou quem defendesse a legalização do seu comércio, pois controlado acabava com o contrabando e a corrupção que daí advinha, podendo este ser uma importante fonte de receita. Houve quem propusesse o incentivo ao seu cultivo, mas a maioria foi pela sua proibição, já que o ópio vinha minando a estrutura social chinesa. O Imperador Daoguang decidiu-se pela proibição e no dia 15 da décima primeira Lua do 18º ano do seu reinado (Dezembro de 1838, ou Janeiro de 1839) apontou o então Vice-Rei de Hugang (Hunan e Hubei), Lin Zexu para na qualidade de Qin Chai Da Chen, magistrado especial da Corte imperial e seu representante directo, tentar acabar com o consumo recreativo de ópio e o seu clandestino tráfico. Lin Zexu, nascido a 30 de Agosto de 1785 em Houguan (actual Fuzhou, capital da província de Fujian) de uma família sem muitos recursos, pois o pai como professor não ganhava o suficiente para dar uma vida desafogada aos onze filhos, mostrou desde criança grande talento. Lin Zexu, com o nome de cortesia Yuanfu, aos dez anos escrevia poemas e em 1799, com a tese “Lealdade ao País, orientar o povo e obediência aos pais”, foi o primeiro nos exames preparatórios, que davam acesso aos Exames Imperiais. Aos dezanove anos tinha já o título de Juren e em 1807 foi seleccionado para assistente de Zhang Shicheng, o Governador de Fujian. Em 1811, após aprovado nos exames do Palácio, já com o título de Jinshi foi durante sete anos trabalhar na Academia Hanlin em Beijing, preparando-se em diferentes áreas para os futuros desafios. Apontado em 1820 como supervisor do Controlo de Cheias do Lago Hangjia, na província de Zhejiang, devido à sua intransigência contra os oficiais corruptos, o que lhe trouxe bastantes inimizades no seio dos oficiais civis, no ano seguinte deixou o cargo e regressou à terra natal. Alguns dos seus amigos oficiais reportaram a sua situação ao imperador Dauguang, que o apontou como Ancha da província de Jiangsu. Durante os trinta anos da sua brilhante carreira de Oficial Civil, passou pelo governo de catorze províncias e deu o seu melhor nos muitos altos cargos que exerceu, não se aproveitando deles para tirar partido e enriquecer. Vivendo com o espírito de abnegação, tentou disciplinar os seus subordinados contra a corrupção, que nessa altura grassava pela China da dinastia Qing. Foi um dos primeiros chineses a opor-se à política de fechar a China em si mesmo e procurou conhecer o pensamento e a tecnologia ocidental, para melhor resistir às incursões britânicas. Assim mandou traduzir os tratados estrangeiros sobre a produção de armas e barcos e, para saber o que eles pensavam e o que escreviam nos jornais tanto de Londres, como da Austrália, de Singapura, da Índia, assim como nos de Macau. Cidadão exemplar, Lin Zexu ficou conhecido por ter mandado queimar em Humen, na província de Guangdong, uma grande quantidade de ópio expropriado aos comerciantes ingleses, o que deu início à Guerra do Ópio. Mas ainda antes da chegada a Cantão de Lin Zexu, o Vice-Rei de Cantão, Deng Tingzhen, a 7 de Janeiro de 1839 ordenou que os seus meirinhos procedessem a uma busca em todas as habitações da cidade e apreendessem qualquer porção de ópio que nelas encontrassem, devendo ao mesmo tempo apoderar-se dos possuidores dessa droga proibida, para serem executados. É de notar neste facto que o povo de Cantão não consentiu que a busca se efectuasse sem que primeiro fossem vistas as habitações dos próprios meirinhos. A 26 de Fevereiro, defronte das feitorias europeias foi executado um chinês negociante de ópio e perante tal espectáculo os consulados arriaram, neste acto, as suas bandeiras. A 10 de Março de 1839 chegou a Cantão o célebre comissário imperial chinês Lint-sih-siu (Lin Zexu) e oito dias depois, por Édito ordenava que lhe fosse entregue sem demora todo o ópio existente em navios e na cidade.
Anabela Canas de tudo e de nada h | Artes, Letras e IdeiasPonto cego [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]odo o espelho é terrível. Não o disse Rilke. E no entanto apetecia-me dizer. Não é inocente. A enorme ternura de Rilke pelas grandes amantes infelizes, o reconhecimento da impossibilidade de uma vida perpetuamente suspensa no abismo, e face a isso a síntese da afirmação de vida e morte como uma mesma coisa, nas suas Elegias, concentra nos anjos o paradigma. Belo e terrível, desejável e distante. Como se na inacessibilidade e só aí, pudesse dimensionar-se um amor desmedido. Talvez. A superação da miséria humana em transgressão, num voo pelas camadas de maior altitude rumo à descoberta da beleza sublime da alma. E eles, criaturas zelosas, redentoras ou monstruosamente e inacessivelmente narcísicas. Mesmo no seu olhar. Quando o que reflecte se espelha no reflectido. “Todo o anjo é terrível”. Foi o que ele disse. Na realidade o que poderá ser um anjo senão um espelho em que se reflecte de nós aquilo com que mais se identifica o nosso ser, de olhar e desejo, ou que mais gostamos de ver limpidamente reconhecido, aceite, amado e velado, de longe ou perto. Como só os anjos podem. Anjos como espelhos que escolhemos, às vezes, por defeito de inevitabilidade. A que nos prendemos mesmo sem querer. Que devolvem o que nunca lhes demos. Estranhos em que sem aceitar, reconhecemos uma imagem distorcida. As pessoas sentem-se espelhadas e espelham-se nisso. A prata límpida mesmo se falível. A limpidez do erro. Humano. Tornado transcendente. São belos os espelhos. Os anjos. Mas é de espelhos que falo. Imediatos e irreprimíveis. Imperfeitos e circunstanciais. No tempo, na luz, no desencanto, na suspeita. São belos mas abusivos por vezes. Os espelhos não conhecem a mais do que numa certa forma de ser prismática. Exacerbado o olhar no momento com uma distorção incontornável. Uma imagem parada. Etérea e desenraizada. Bidimensional, sem pontes entre as várias camadas de sentido. O sentido de si. A memória e as suas estranhas incursões a modelos, a conceitos e a padrões. Basta não olhar e desaparece esse olhar que nos não pertence, mas pelo contrário rouba. E refaz. Como num livro de imagens Pop up. Que é preciso abrir para que se construam. Naqueles é preciso olhar. E o olhar devolvido pode arrepiar, revoltar, entristecer. No que tem por defeito ou por excesso. Como vozes. Ecos. Devoluções enganosas. Que nos apanham desprevenidos. Como os espelhos nos conhecem mal. Por vezes passo por eles, superfícies estanhadas ou vidros numa rua, distraidamente e sem esperar, e mal me reconheço. Quase uma outra pessoa, uma outra idade, um outro momento de mim, uma outra tristeza que já não é. E no entanto, dados suficientes para me saber eu. Uma imagem do eu. Uma delas. No momento único, irrepetível e eterno em si. Como uma acentuação excessiva ou um nivelamento que modera aleatoriamente volumes, texturas e formas precisas que sei de mim. Uma imagem. Não mais que uma imagem. Incompleta. De que não me posso defender. Os espelhos têm essa liberdade absoluta de revelar sem perdão nem emenda. De magoar. De iludir. Como se tudo lhes fora permitido, roubam. Devolvem aquilo que lhes não foi cedido. Como os olhares de outro. Não cabe em nenhum lugar um ensaio sobre o espelho. E teria que falar de Borges. Não ter ilusões. Não mais do que aquelas que momentaneamente nos assaltam sobre a fiabilidade deste. Quando o perscrutamos interrogativamente, ansiosamente necessitados de uma resposta que cale uma voz qualquer. Que teima em moer e minar, de temor ou inevitabilidade, a própria mutável construção que vamos edificando de nós. O espelho, tão escrito e descrito, é o eu o que não sou eu. Tudo e a desmedida de tudo o que se lhe opõe por relação por empatia similitude reflexão, reacção. Discurso. Com ida e retorno sobre si. Tudo e tudo o resto que se lhe refere. Reflecte. Inspira. Sinuoso, enganador, sedutor. Próprio ou alheio. Abusivo ou desejado. O discurso, qualquer discurso em espelho. Identificação e rejeição. O ser, o parecer, o ver, o saber e o não querer. Quantos encontramos de nós ao olhar o espelho. De entre os que tememos os que amamos e os que rejeitamos. Que desconhecido coincidente de um ângulo de nós. Eu não posso em alguns dias julgar outra maldade que não a minha e qualquer outra complacência. Para além de toda a falibilidade humana, antes de saber se o outro é, há que saber ser. Se se é. Que relação ou elo há entre o momento do olhar e a eternidade de ser. Quanto de nós pomos no outro que nos olha e quanto dele. Quanto de nós é cru e violento e quanto fabricado no exílio da ficção. Nem sempre as partes permitem intuir a estrutura de um todo. Há por vezes vestígios de qualquer coisa atávica e visceral da memória do que somos, ao espelho. Sinto isso mesmo quando ela não me trata por tu. E me pergunta por alguém exterior que é ela, e alguém estranha que sou eu. Como nas fotografias do corredor. E eu vejo que no meio de tudo o que é perdido, há algo essencial que ainda estrutura, numa arquitectura de segurança, alguém que se perdeu e continua numa perda progressiva. Apesar de tudo, consola-me. Na medida do que ainda é possível. É que, comigo, ela dorme, nos intervalos das perguntas. Ela que foi mãe, memória e espelhos. Também. E dessa perda, é como se o essencial se filtrasse no que fica. E cada dia limpo e inicial a fluir na matéria do tempo. E dessa amálgama de memórias e de imagens refectidas, é por vezes a custo que não me confundo e afogo. Dissolução. Cada um sofre da sua em particular. Ou imune nas suas radicais contradições. Mas é uma forma de destruição perigosa. Sinto. Sinto-a como nunca. E paraliso. Sem meios de reunir as franjas que começam a escapar-me dos dedos. Cada vez mais dedos desprotegidos sem uma mão que os feche e una e aperte e junte e reúna no tacto a inúmeras sensações da proximidade, da familiaridade. O que é o olhar senão uma apropriação de algo ou de alguém com que nos cruzamos. Gosto de observar o olhar dos outros. Gosto de fruir as sensações que emanam das coisas através do olhar dos outros. O olhar é mágico na sua predação incontida. Não gosto daquelas pessoas que não conseguem fixar o olhar no olhar dos outros por uma fracção de segundo sequer. Em que as pálpebras se quebram de súbito e a íris rola para baixo e para os lados sem estabilizar. Há um limite para cada um. Há também o imite do respeito pelo conforto do outro. E que saber aliviar o outro da insistência de um olhar. Libertá-lo dessa inquisição ou dessa vigilância. O olhar do espelho. Do outro. I am silver and exact. I have no preconceptions. Whatever I see I swallow immediately Just as it is, unmisted by love or dislike. I am not cruel, only truthful ‚ The eye of a little god, four-cornered. Most of the time I meditate on the opposite wall. It is pink, with speckles. I have looked at it so long I think it is part of my heart. But it flickers. Faces and darkness separate us over and over. Now I am a lake. A woman bends over me, Searching my reaches for what she really is. Then she turns to those liars, the candles or the moon. I see her back, and reflect it faithfully. She rewards me with tears and an agitation of hands. I am important to her. She comes and goes. Each morning it is her face that replaces the darkness. In me she has drowned a young girl, and in me an old woman Rises toward her day after day, like a terrible fish. E no poema de Sylvia Plath, Mirror, ouve-se a voz do espelho. Porque é disso que se trata também. Da inevitável reciprocidade com que passamos. Olhando ou devolvendo um olhar. Espelhados nele ou difusamente distorcidos. E nesse espelho-olhar podemos morrer. Somos o que somos. Somos o que somos na vida em que passamos, dos outros que não nós. Nem sempre se gosta de admitir que somos em parte o que somos de acordo com o olhar do outro. Que somos diferentes pessoas – seres- com cada um dos outros e menos ainda que somos em parte corruptíveis pelo olhar do outro. Vendemo-nos por vezes por isso para isso. Ou tentamos não o fazer. Não mudar de roupa, de penteado e de andar. De leituras e de vícios. De olhar. Mas pode acontecer reconhecermo-nos nesse outro que passa e de passagem reflecte, de uma forma maior, um detalhe que ninguém viu, uma liberdade que ninguém deixou existir, uma admiração específica, um olhar que vê. E gostar desse olhar pelo que reflete de nós. E que honestamente somos, ou queremos ser. Ou uma coincidência de fantasias que se cruza feliz. Somos momentos na esteira universal de sensações e memórias dos outros. Momentos ínfimos, pontuais e descartados ou em continuidade. O conforto ou desconforto de sermos diferentes do somos com cada um e de sermos diferentes do que somos com alguns, de sermos de maneira forçada o que gostaríamos de ser ou de sermos sem mais delongas só o que nos saiu naquele momento reflectido. Um dia acontece vermo-nos ao espelho de algum olhar e sermos exactamente coincidentes, óbvios e assim naturalmente tão parecidos connosco, que se entende de repente que é em parte isso que procuramos. O exercício da autenticidade em luta de morte com as capas e as máscaras. Acontece por vezes esse olhar escravizante não ser o de quem se ama. Mas isso também é preciso que seja possível no rol de inúmeras combinações de possibilidades aleatórias. Circuitos viciosos que por vezes desgastam e confundem. Precisar de encontrar com mais nitidez uma nova imagem. Própria. Um grande círculo descrito em torno de um lado B da vida. Por vezes. Outros seres e outras emoções. O teste da liberdade de ser a partir do grau zero. As medidas. Depois, resta saber que parte de mim volta que parte de mim fica. A importância das partes no todo. E se por vezes os espelhos, em vez de oferecerem uma história e uma personagem, oferecem ao espectador a possibilidade de encarnar a sua história num personagem pré-dado, resta a resignação de se ser também aquilo que vive no olhar de outros. Questões de uma difícil e penosa identificação. Recriamos uma noção de ser em si que necessita de ser incorporada numa imagem que o espelho oferece, mas com muito a reelaborar. Será que somos quando ou o que não sabemos que somos? Ou o problema do ser passa simplesmente pelo assumir de uma certa consciência de si, sem que a questão da verosimilhança se coloque? Mas o ser é em si e não nos outros, no olhar e saber dos outros. Não é aí que se estrutura. Nem no querer ser. Os espelhos confundem mas não mudam. Não nos mudam. Na pose. No eco do espelho. Quando tenho dúvidas, penso em breve sei quem sou. É o que me faz suportar o tempo. É a idade. Esta idade estranha que resume tantas. Para trás e aproximadas pela frente. E misturadas. E dizer das idades é dizer o menos de tudo isto. E porque hoje em dia, há dias de eco, de sombra de reflexos e de nada. Dias do tempo do saber quem sou. A pose e a espera que se adianta no espelho. Antecipação. Porque o meu olhar como o do outro anda incompleto. Tal como na retina. Em cada olhar um ponto cego.
Flora Fong PolíticaCCAC | Associação pede a Chui Sai On combate à corrupção Associação ligada aos deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San entregou uma carta ao Chefe do Executivo onde pede um Governo mais transparente nos processos de aquisição de bens e serviços [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau espera que o Chefe do Executivo corrija os problemas apontados no relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), sobretudo a situação de corrupção na adjudicação de bens e serviços por parte dos departamentos do Governo. A entidade pede que seja criado um mecanismo para que esses casos sejam discutidos na Assembleia Legislativa(AL). Os deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San, bem como outros membros da Associação, entregaram ontem uma carta na Sede do Governo, criticando a situação de alegado conluio entre os funcionários públicos e empresários ligados às obras públicas, incluindo o processo de aquisição de bens e serviços. A Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau recordou que vários relatórios de auditoria também apontaram problemas como o abuso de poder e a adjudicação de serviços que não corresponde ao sistema jurídico em vigor. “Os poderes públicos têm falta de transparência, não há um regime de responsabilização nem um mecanismo de fiscalização mais democrático, assim, o abuso de poder e corrupção são resultados óbvios”, apontou a Associação. “O Chefe do Executivo prometeu em 2009 criar um Governo transparente e tomar decisões políticas baseadas em critérios científicos. No entanto, sete anos depois, a situação de conluio é ainda grave, o que é muito irónico. Isso deve prejudicar profundamente o futuro da RAEM”. A Associação espera que o Chefe do Executivo reaja aos problemas revelados nos relatórios do CCAC e da auditoria nos próximos três anos do mandato, quebrando a “caixa negra” que existe nos poderes públicos. Pedem ainda a criação de um mecanismo de fiscalização mais transparente e democrático. Além disso, a Associação espera que os serviços públicos publiquem de forma periódica os seus projectos e as despesas nos sites oficiais para que a sociedade verifique. O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, reagiu ontem em comunicado ao relatório do CCAC, tendo referido que “atribui grande importância” aos casos apontados. “O Governo vai acelerar o processo de melhoramento e de optimização do actual regime de aquisição, conforme a importância e urgência. Em primeiro lugar, vai introduzir alterações às normas sobre valores de aquisição que têm sido adoptadas ao longo de mais de 20 anos, através de um regulamento administrativo, cuja elaboração já está concluída, tendo entrado a referida revisão em processo legislativo”, lê-se, sendo que a Direcção dos Serviços de Finanças “irá reforçar a supervisão sobre a aplicação das normas respeitantes à aquisição e tomar medidas apropriadas para o seu aperfeiçoamento”.