Andreia Sofia Silva BrevesAprovada lei sobre espécies em extinção Os deputados aprovaram na generalidade a proposta de Lei Sobre a Execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Ameaçadas de Extinção, que aumenta as multas para o contrabando destas espécies de cinco mil para até 500 mil patacas. A lei sobe agora para análise na especialidade.
Manuel Nunes BrevesBombeiros têm novo comandante O Chefe do Executivo nomeou o chefe principal do Corpo de Bombeiros (CB), Leong Iok Sam, para o cargo de comandante do organismo. A nomeação entrou em vigor ontem e é válida pelo período de um ano. O nomeado é graduado no posto funcional de chefe-mor. A nomeação, diz-se em despacho publicado no Boletim Oficial, fica a dever-se “à vacatura do cargo e respectiva necessidade de preenchimento, bem como à reconhecida competência profissional e aptidão para o exercício do cargo do nomeado”. Leong Iok Sam é licenciado em Engenharia de Protecção e Segurança Sapadores Bombeiros, tem o mestrado em Engenharia Electromecânica da Universidade de Macau e o 2.º Curso de Comando e Direcção da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau. Está no CB desde 1989 tendo-se iniciado na sua Divisão Operacional.
Manuel Nunes BrevesTurbojet | Dois pelo preço de um A Cotai Water Jet lançou uma série de promoções, cuja ideia geral é a de pagar um bilhete e receber outro grátis. A oferta é válida para a rota do Aeroporto, até ao dia 30 de Junho, sendo que os residentes de Macau têm ainda direito a um desconto de 30 patacas em todos os horários e classes. A outra promoção envolve anúncios da Direcção dos Serviços de Turismo e decorre entre os dias 4 e 10 de Maio, sendo que há mais informações detalhadas no sítio da empresa. As carreiras da TurboJet operam diariamente entre as 06h30 e as 03h00 com partidas a cada meia hora entre as 06h30 e as 23h30.
Joana Freitas BrevesAlmirante Sérgio com pensão de duas estrelas Uma nova pensão de duas estrelas vai nascer na Rua do Almirante Sérgio, depois de ter sido dada autorização à alteração de um projecto da empresa Ellsworth Macau Limitada. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, e assinado pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, a concessão do terreno foi revista. A empresa é titular do terreno de 235 metros quadrados por arrendamento, sendo que nele se encontram construídos prédios. Mas, “pretendendo proceder ao reaproveitamento do terreno” com a construção de um edifício de oito pisos para uma pensão de duas estrelas e comércio, a concessionária submeteu à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em 2014 um pedido para modificar o aproveitamento do terreno. A autorização foi dada no ano passado. Vanessa Leung Wai Shan é a administradora da Ellsworth.
Manuel Nunes BrevesAjustes nocturnos nos autocarros A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) resolveu criar mais uma carreira nocturna, a N6, e ajustar a N5 às quartas-feiras. Com a ideia de optimizar os serviços de transporte para a Universidade de Macau, a DSAT criou a carreira nocturna N6 entre o campus da Universidade na Ilha da Montanha e a vila da Taipa, sendo que esta está em funcionamento desde a meia-noite de ontem. A carreira nocturna N5, que parte de Seac Pai Van, vai ser alterada “de modo a rentabilizar os seus serviços”, informa a DSAT. A nova N6, com autocarro de médio porte, tem um percurso circular pelas artérias principais da Taipa, será operada pela Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (STCM) e parte do Terminal da Universidade de Macau a cada 20 minutos, entre a meia-noite e as seis da manhã. Também desde ontem à mesma hora, a N5 vê o seu percurso alargado devido ao volume de passageiros ter vindo a ser baixo. Agora passa também pelo COTAI e vai à Praça de Ferreira do Amaral para facilitar as deslocações dos moradores de Seac Pai Van, vila da Taipa e Jardins do Oceano. Vai passar a circular em duplo sentido, mas as partidas a mantêm-se a cada 15 minutos.
Manuel Nunes BrevesServiços de Saúde distribuem 18 milhões em três meses Os Serviços de Saúde distribuíram quase 18,5 milhões de patacas nos primeiros três meses do ano, indica um despacho divulgado ontem em Boletim Oficial pelo organismo sobre os montantes entregues a particulares e a instituições no primeiro trimestre de 2016. O subsídio individual mais alto foi pago à Associação de Beneficência Tung Sin Tong, sendo de 5,75 milhões de patacas como apoio a serviços de consulta externa e estomatologia infantil. Mas quem recebeu mais, pelo somatório de várias actividades, foi a Federação das Associações dos Operários de Macau com 7,67 milhões patacas repartidas entre apoios à Clínica dos Operários, ao Centro de Recuperação e para a prestação de cuidados de saúde domiciliários, relativo ao quarto trimestre do ano de 2015. Destaque ainda para a Cruz Vermelha de Macau, que recebeu 1,04 milhões para o transporte de doentes. As parcelas menores variaram entre as 20 e as 30 mil patacas e foram geralmente entregues a profissionais de saúde para participações em estágios de clínica médica.
Joana Freitas EventosModa | Paulo de Senna Fernandes vence concurso em Itália [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]estilista macaense Paulo de Senna Fernandes venceu o prémio “Silver Prize” do concurso internacional A’ Design Award 2015-2016, que teve lugar em Itália. Num comunicado enviado aos média, Senna Fernandes explica que foram mais de dois mil os participantes. “Foi uma honra e sinto orgulho em ter competido num concurso de alto nível. Foram os famosos júris do mundo a avaliar os concorrentes e acharam que o meu vestido era um dos mais belos, revelando ser de alta costura por isso deram um valor de +4 e assim ganhei o Silver Prize”, indica. A apresentação de “Wonderful World”, tema escolhido por Paulo de Senna Fernandes, de um vestido preto e vermelho ao estilo Oriental foi feita tendo em conta a vontade do estilista em “mostrar que em Macau há talentos e levar o nome da RAEM a todo o mundo”. Até porque, assegura, o também presidente da Associação Moda Macau acredita “ter capacidade de transformar uma cidade tão pequena numa ‘Fashion City’”. No comunicado, Paulo de Senna Fernandes frisa ser o único estilista da RAEM a procurar o reconhecimento de prémios internacionais, sendo este o seu nono prémio. “Desejo que o Governo possa dar mais apoio e que esta indústria da moda não pare.” Para vencer o prémio Silver, o júri valoriza o design a função da peça em conjunto com a facilidade de utilização.
Hoje Macau EventosTibete | Mestre thangka pela primeira vez na RAEM A primeira saída do mestre da arte thangka Liben Tashi do Tibete é para marcar presença na exposição “Tibete Revelado” em Macau, que inaugura amanhã na Galeria iAOHiN. Perante a “surpresa e a alegria”, Tashi salienta o orgulho e importância do seu trabalho enquanto forma de divulgação das especificidades que o compõem [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]iben Tashi é um mestre da arte tradicional dos thangka tibetanos e está em Macau, naquela que é a primeira vez em que sai do Tibete. Chega ao território para apresentar os seus trabalhos na exposição “Tibete Revelado” que inaugura amanhã na Galeria iAOHiN, pelas 18h00. O artista de 29 anos começou a sua aprendizagem quando tinha 13 – idade tibetana, que, como disse ao HM, seriam os 12 na contagem tradicional, uma vez que no Tibete no momento da nascença já se tem um ano. Nesta altura, e ao contrário dos seus contemporâneos, foi aprender com um mestre desta arte que não era um monge, mas sim um local de Rebgong, onde Tashi agora vive e desenvolve o seu trabalho. A sua dedicação aos thangka vem do amor pela cultura tibetana e pela sua comunidade, ao mesmo tempo que representa uma forma de sobrevivência. Sendo a primeira vez que está fora da região, o artista menciona que ainda não teve tempo de detalhar as diferenças mais do que de forma geral e apontando a arquitectura ou o movimento das ruas como algumas delas. Ter a sua arte fora do Tibete não é novidade, visto os seus trabalhos já terem sido expostos várias vezes pelo mundo. Novidade é Tashi poder estar presente visto ser uma oportunidade para que o artista possa conviver com outras perspectivas e outros colegas e assim partilhar experiências e conhecimentos, concretizando um momento muito especial, como confessa ao HM. Perpetuar conhecimento Acerca do papel da arte tibetana, o artista aponta a necessidade de a manter viva, sendo da maior importância este tipo de divulgação bem como o sucesso que com ela se tem registado. Alerta que neste momento há muitas minorias culturais no Tibete a morrer, sendo que esta exposição e este tipo de divulgação crescente representam uma forma de protecção da cultura tibetana no geral por possibilitar o acesso à mesma por cada vez mais pessoas. A arte thangka em particular é tida pelo artista como uma forma especial e única de contar uma história e não pedaços da mesma, visto estas telas de rolo serem sempre a representação do todo. Para o futuro está a vontade de continuar a estudar para que Tashi, agora também ele mestre que ensina, possa transmitir mais e melhores conhecimentos aos seus alunos, no desejo de perpetuação do conhecimento dos thangka.
Joana Freitas SociedadePSP vai aumentar capacidade da polícia turística [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]PSP diz que vai não só aumentar a polícia turística, como introduzir “postos de polícia itinerante”, de forma a que consultas e queixas possam ser feitas de forma mais rápida. É outro dos objectivos que consta do plano para 2016 da PSP e que vem definido no Relatório de Actividades 2015 deste corpo policial. “Em 2016, [a PSP] vai elaborar planos específicos e efectuar ajustamentos adequados, incluindo alargar a dimensão da equipa de polícia turística e introduzir os postos de polícia itinerante. A polícia turística tem como funções principais prevenir e combater a criminalidade nas zonas turísticas, atender a solicitações da população e visitantes e assegurar a ordem pública [nas zonas de maior movimento]. Planeamos introduzir os postos de polícia itinerante, que são veículos policiais multifuncionais, podendo ser utilizados em diversas localidades, facilitando as consultas e denúncias da população e visitantes em zonas turísticas e também [o tratamento de] formalidades policiais gerais in loco”, pode ler-se no relatório. O relatório da PSP indica que a polícia turística terá “mais aptidões linguísticas” e prevê “mais desafios” para este ano, até porque “o turismo é o cerne da economia de Macau”. De acordo com dados das autoridades, no ano passado, as entradas e saídas dos postos fronteiriços do território “ultrapassaram os 160 milhões”, mais 8,8% do que em 2014. Algo que, para a PSP, só prova como “a pressão de passagem crescente sentida nos postos fronteiriços é um facto indiscutível”. Por isso mesmo, as Portas do Cerco – cuja fronteira é uma das mais movimentadas do mundo, segundo as autoridades, e serve 76% do total de visitantes – vai ter mais 41 vias de passagem, além do sistema de reconhecimento facial em todos os canais automáticos. J.F. Construção de posto fronteiriço “acelerada” A PSP assegura que Macau e as autoridades do continente “chegaram a consenso” sobre a necessidade de se acelerar a construção do posto fronteiriço QingMao, conhecido vulgarmente pela “nova passagem entre Guangdong e Macau”. As autoridades de Zhuhai já tinham assegurado o ano passado que o projecto de construção estaria concluído este ano, para que este abrisse em 2017. A aceleração na construção anunciada no relatório indica que a ideia é “implementar, com a maior rapidez possível e a título experimental” a passagem automática integral na fronteira. Droga e prostituição na mira – Pelotão Cinotécnico vai trabalhar mais este ano A droga e a distribuição de panfletos de publicidade à prostituição continuam a ser dois dos “crimes” em que a PSP mais se foca. Dados do relatório de actividades desta polícia mostram que o Pelotão Cinotécnico vai trabalhar mais precisamente para evitar os casos de passagem com estupefacientes nos postos fronteiriços. No ano passado, a PSP desmantelou 211 casos de crimes relacionados com drogas, num total de mais de 14 mil operações. Esta polícia ajudou ainda os Serviços de Alfândega a desmantelar cinco casos de transporte de droga. “O Pelotão Cinotécnico manda colocar diariamente em todos os postos fronteiriços uma guarnição para detecção de drogas. No entanto, face ao desenvolvimento de Macau, o horário de funcionamento dos postos fronteiriços passou a ser mais alargado, o ambiente social tornou-se cada vez mais complicado e a criminalidade transfronteiriça de drogas abalava constantemente a segurança pública de Macau. Planeamos alargar a área de acção do Pelotão Cinotécnico e aumentar o seu horário de trabalho, com o intuito de lidar eficazmente com o problema de tráfico fronteiriço de drogas. Pretendemos ampliar a dimensão do Pelotão Cinotécnico e [queremos] articular as suas técnicas de treino com os critérios internacionais”, indica a PSP, que fala, por exemplo, em actualizar o treino dos cães-polícia e pedir apoio a peritos estrangeiros. Pornografia ou talvez não A PSP levou a cabo 456 operações de “combate à prostituição”, onde foram detidos 1170 indivíduos – destes, 346 foram repatriados. O foco da polícia prendeu-se mais com a apreensão de 85 mil “panfletos pornográficos”, que envolveram 82 pessoas, a maioria (68) residentes da China continental. As decisões face a quem distribui este tipo de publicidade diferem em tribunal por causa de diferentes entendimentos dos juízes: alguns consideram crime, outros não, devido à interpretação do significado de pornografia. Ainda assim, 45 das pessoas envolvidas foram acusados de distribuição “de panfletos pornográficos” e um deles de “exploração de prostituição”. Outros 31 foram multados porque infringiram o Regulamento Geral dos Espaços Públicos.
Filipa Araújo SociedadeTerrenos | DSSOPT assegura encargos especiais com garantias bancárias O Governo reforça empenho na fiscalização de terrenos e garante encargos especiais com garantias bancárias. Macau ganha um novo armazém e escritórios para o Governo em dois terrenos com caducidade declarada [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]o Ion Sang explicou ontem que o Governo vai garantir uma maior fiscalização das concessões de terrenos, recorrendo à garantia bancária que permite o cumprimento dos próprios contratos. “O Governo disse que pode utilizar estas garantias bancárias para acelerar as obras e os encargos especiais, garantindo também os direitos dos pequenos proprietários”, esclareceu Ho Ion Sang, presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas, que ontem questionou o Governo sobre o incumprimento dos encargos especiais, compromissos obrigatórios em cada concessão. Este encargos referem-se a, por exemplo, obrigatoriedade de arranjar a via, ou criar uma rede de esgotos, ou das próprias canalizações, para além da obra. O presidente da Comissão explicou que dos 48 terrenos cuja falta de desenvolvimento é imputável ao concessionário, nove ainda estão em análise, sendo que sete estão na sua fase final e por isso em breve o Governo irá tornar pública a decisão. À sua disposição Ho Ion Sang explicou ainda que a Administração prometeu disponibilizar, tal como já fez, todas as informações sobre os terrenos nos sites dos departamentos oficiais, “para que todos possam ir ver, sejam deputados ou residentes”. Como anteriormente avançado pelo HM, o Governo já tem destino para dois terrenos, dos 26, com caducidade declarada. Um deles, situado na zona do Pac On, servirá para acolher um armazém e o novo, na zona dos NAPE, irá receber escritórios para os serviços públicos. A Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas reuniu ontem com os representantes do Governo, para uma actualização das informações relativamente aos 113 terrenos cujas concessionárias não cumpriram os contratos de concessão.
Joana Freitas PolíticaAL | Plenário vota hoje nova Lei da Flora e Fauna e propostas de debate sobre centro de doenças Os deputados vão hoje votar sobre as alterações à lei da Flora e Fauna – que quer aumentar as multas para o contrabando – e a propósito dos pedidos de debate sobre a localização do centro de doenças contagiosas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Assembleia Legislativa (AL) vota hoje as alterações à Lei de Execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, que pretendem aumentar as multas para quem comercializar estes produtos. Também três pedidos de debate apresentados por deputados vão ser analisados pelo hemiciclo. No plenário com início marcado para as 15h00, o primeiro ponto a discutir é a revisão da lei que impede o comércio de espécies ameaçadas de extinção. O Executivo apresentou a proposta no início deste mês, sendo que o diploma chega 30 anos depois de ter entrado em vigor o regulamento para aplicação no território da Convenção sobre o Comércio Internacional destas espécies, ratificado pela RAEM. Com as alterações à lei, as multas actualmente em vigor para o comércio de espécies em vias de extinção sobem de forma exponencial: passam de um máximo de cinco mil patacas para sanções entre as 200 e as 500 mil patacas. O diploma tem ainda anexos referentes não só a espécies em vias de extinção e extintas, como as que podem correr esses riscos. Com a nova lei, para o comércio, importação, exportação e reexportação, bem como a criação e detenção de espécies de fauna e flora – onde se incluem, por exemplo, algumas espécies de orquídeas – é preciso obter licenças e certificados do Executivo. O diploma – que ficará a cabo da Direcção dos Serviços de Economia em colaboração com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e Serviços de Alfândega – tem como principal objectivo “evitar que Macau seja aproveitado como paragem intermediária de contrabando”. Centro de discussão A ser alvo de análise dos deputados estão ainda propostas de debate. Uma apresentada em conjunto pelos deputados Song Pek Kei e Si Ka Lon em Março e outras duas por Leong Veng Chai e Au Kam San. Todas dizem respeito à localização do Edifício das Doenças Infecto-Contagiosas que vai nascer ao lado do São Januário. Centenas de moradores já se mostraram contra a localização do prédio, ao passo que o Governo e as associações de médicos concordam com a escolha. Numa nota justificativa enviada aos meios de comunicação social, Song Pek Kei e Si Ka Lon defendiam que “a escolha da localização é fruto de uma polémica muito quente”. Au Kam San diz que a decisão do Executivo “não é uma medida inteligente”, devido às muitas habitações em redor da zona. Da mesma forma que Si Ka Lon e Song Pek Kei, também o deputado democrata quer o novo edifício ao lado do Complexo de Cuidado de Saúde das Ilhas. Já Leong Veng Chai diz que a mudança para ao lado do hospital que vai nascer no Cotai é uma “boa solução” e acrescenta outra situação que considera ser um problema: os custos que vão envolver o projecto, que terá de nascer “no lado de uma montanha” e que são “desconhecidos”. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, indicou que também ele terá pedido à AL que o tema seja debatido. Contudo, o debate só segue se os deputados aprovarem as propostas dos colegas, obrigando a que representantes do Governo se desloquem à AL.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaRendas | Lei “pode colocar pressão” na Lei Básica, diz assessoria da AL Os juristas do hemiciclo consideram que o projecto de lei do arrendamento que pretende rever o Código Civil pode “colocar pressão sobre os princípios e normas da Lei Básica”. A Associação de Advogados nunca deu parecer jurídico sobre o diploma e as reuniões estão a ser feitas à porta fechada [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) já começou a discutir na especialidade o projecto de Lei da Alteração do Regime Jurídico do Arrendamento Previsto no Código Civil. O HM sabe que a primeira reunião aconteceu esta segunda-feira sem que tenha sido divulgada junto dos meios de comunicação social, como é habitual. O encontro serviu para analisar o parecer jurídico dos assessores da AL, o qual levanta muitas dúvidas sobre o projecto proposto pelos deputados Chan Meng Kam, José Pereira Coutinho, Gabriel Tong, Song Pek Kei, Leonel Alves e Vong Hin Fai. O documento, ao qual o HM teve acesso, diz que o diploma “pode conter normativas que desafiam o parâmetro constitucional da Lei Básica”, para além de poder “colocar pressão sobre os princípios e as normas da Lei Básica”. Chui Sai On deu o aval prévio a este projecto de lei, mas a assessoria entende que “para este efeito é irrelevante a dimensão que se entenda atribuir ao pedido do prévio consentimento do Chefe do Executivo”. Através de mudanças no Código Civil, o projecto de lei prevê a criação de um mecanismo do controlo das rendas, a criação do Centro de Arbitragem de Arrendamento e a melhoria dos contratos de arrendamento. Os assessores alertam para as mudanças profundas que serão feitas. “O recurso a anexos e a uma lei preambular para fixar alterações e aditamentos não corresponde às melhores práticas desta AL, na medida em que, no caso em análise, nem pela sua extensão nem pela sua eventual autonomia, se justifica o recurso a anexos”, pode ler-se. Que mudanças? Uma fonte ligada ao processo garante que muitas das alterações propostas já estão legisladas. “Não é necessário mexer no Código Civil para atingir os pontos discutidos na reunião. Já temos o Centro de Arbitragem do World Trade Center. Quanto ao mecanismo do controlo das rendas, havia um despacho, extinto pelo Chefe do Executivo em 2002, que determinava uma percentagem para todos os contratos de arrendamento, e nunca houve problemas”, exemplificou. Os assessores alertam para o facto de o Código Civil já prever contratos de um ano, o qual também determina que “o senhorio não goza do direito de denunciar o contrato para o seu termo ou termo das renovações antes do decurso de dois anos sobre o início do arrendamento”. “A racionalidade subjacente à criação de um sistema legal para a actualização das rendas deverá ser o de criar limites legais para o aumento do valor das rendas, mas este aspecto não é inteiramente claro na economia do projecto de lei”, lê-se ainda no documento a que o HM teve acesso. Advogados sem parecer A Associação dos Advogados de Macau (AAM) foi várias vezes requisitada para a entrega de um parecer jurídico, o que nunca aconteceu. “A 3.ª Comissão mandou vários ofícios para a AAM e eles não responderam, porque não querem estar ligados a este projecto. Porque é que a AAM não intervém quando no passado, em todos os projectos, sempre apresentou pareceres por escrito?” Os assessores da AL consideram que a AAM “deve obrigatoriamente ser ouvida na medida em que se trata de uma iniciativa legislativa que interessa ao exercício da advocacia”. Além disso, estão em causa “alterações a um dos chamados cinco Códigos estruturantes do nosso ordenamento jurídico”. O HM tentou até ao fecho da edição, por diversas vezes, chegar à fala com Jorge Neto Valente ou Paulino Comandante, da Associação, sem sucesso. Pedida consulta pública Os assessores da AL defendem que “seja equacionada a realização de uma consulta pública”, para além de se ponderar “a auscultação de associações locais cujos sectores tenham um legítimo interesse em ser ouvidos”. São nove os deputados que estão ligados a este diploma, sendo que quatro presidem a comissões no hemiciclo. A mesma fonte ligada ao processo apontou que “o processo tem de andar” já que “a Comissão não tem coragem para retirar o projecto de lei”, por ter sido aprovado por Chui Sai On. “O que está a acontecer é que agora é que perceberam que mexer no Código Civil mexe com muita coisa.” O HM contactou o deputado nomeado Gabriel Tong, que deu assistência jurídica na elaboração do diploma, tendo este negado quaisquer incompatibilidades. “É natural ouvir opiniões sobre o conteúdo da lei porque há pessoas que pedem para controlar o aumento das rendas, outras pedem facilidade do despejo. Falar de violação da Lei Básica não acredito. Acho que não há qualquer problema nesse sentido.” Ho Iat Seng, presidente da AL, referiu que o projecto de lei em causa já foi alvo de uma análise prévia por parte dos assessores jurídicos. “Caso violasse a Lei Básica não poderia ser entregue em plenário, nem ser aprovada. Nós já analisamos se este diploma está de acordo com o Regimento da AL”, disse, tendo prometido analisar a questão das reuniões serem realizadas sem divulgação. Anteriormente, advogados contactados pelo HM teceram críticas à lei, precisamente por alguns artigos estarem já no Código Civil.
Joana Freitas Manchete SociedadeSegurança | PSP quer tornar repatriamento de imigrantes ilegais mais fácil A PSP está a estudar formas de enviar os imigrantes ilegais de volta aos país de origem mais facilmente, estando já a recolher dados que incluem os hábitos destas pessoas aquando da entrada e durante a estadia no território. No ano passado, mais de 30 mil pessoas foram mandadas de volta e mais de 500 trabalhadores ilegais foram encontrados [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]combate à imigração ilegal vai obrigar a um reforço da segurança por parte da PSP. É o que garante a autoridade, no mais recente relatório de actividades face ao ano passado, onde é traçado um planeamento para 2016 que inclui o reforço da cooperação regional e formas mais fáceis para que os ilegais de Macau sejam enviados de volta ao seu país de origem. A PSP diz que, nos últimos anos e apesar da repressão, o problema de imigração ilegal “persistiu” e assegura estar a fazer estudos para tentar fazer com que a situação melhore. Tanto que está já a traçar planos com as regiões vizinhas. “Além de fazer, com base nas análises compreensivas de dados, reajustamento de acções de investigação, a [PSP] procederá ainda à comunicação e cooperação íntimas com os serviços do continente, por forma a investir combates conjuntos contra as actividades de imigração ilegal. Por outro lado, estamos a fazer activamente estudos profundos para a aceleração dos procedimentos de [repatriamento] de imigrantes ilegais e em curso de discussão com as regiões vizinhas sobre a viabilidade dos planos de aperfeiçoamento”, pode ler-se no relatório. A polícia relembra ainda a instalação de 1620 câmaras de vigilância, algumas delas que serão instaladas “nas áreas litorais” que vão ter “técnicas de 4G”. “[Estas] transmitirão informação a serviços de vigilância da área litoral, para que sejam efectuadas atempadamente as acções de intercepção”, indica a PSP. O ano passado Macau enviou de volta para os países de origem 34 mil pessoas, menos 18 mil do que em 2014. O ano de 2015 foi, aliás, o ano em que menos ilegais foram repatriados. Junta-te a eles Para a PSP, os imigrantes ilegais “têm trazido frequentemente impactos à segurança pública de Macau”, algo que tem levantado “grande preocupação às autoridades”. A PSP atribui a continuidade de casos de imigração ilegal às “diferenças económicas” entre Macau e a vizinhança e à dificuldade de controlo “por causa das condições geográficas” do território. Os intuitos destas pessoas, contudo, vão ser também alvo de estudo. “Para travar um combate adequado contra imigrantes ilegais, [a PSP] vai fazer uma análise global dos objectivos de entrada, itinerários e locais de alojamento (…) por forma a reforçar a partilha de informações e estabelecer estratégias de combate. Vamos virar-nos para a origem do problema,” indica-se no relatório. Dados relacionados com a vinda destas pessoas para Macau indicam ainda que houve 129 autuações contra fracções ilegais – aqui, foram encontradas 62 pessoas “com excesso de permanência” e 72 “imigrantes ilegais”. Também no que ao trabalho ilegal diz respeito foram detidos 541 trabalhadores ilegais e 149 empregadores destes. Lei do Ruído origina mais de seis mil queixas A nova Lei de Prevenção e Controlo do Ruído Ambiental originou, desde Fevereiro a Dezembro do ano passado, mais de seis mil queixas. Dados da PSP mostram que 1741 situações acabaram por dar multa, mas na maioria – 4696 – não foi possível sequer perceber de onde vinha o barulho. Mais agentes de trânsito A PSP quer aumentar o número de agentes de trânsito, por considerar que os problemas do trânsito rodoviário se tornaram cada dia mais “óbvios”. As autoridades querem “redobrar a cedência de recursos, empregar mais agentes para exercer um controlo estreito da situação de trânsito e, com recurso a meios tecnológicos, aumentar a eficiência da aplicação da lei”. Dados da PSP: 810.882 autuações (mais 180 mil do que em 2014) 634.224 casos de estacionamento ilegal (menos 114 mil do que em 2014) 641 pessoas com excesso de álcool 3867 pessoas com falta de cinto (mais 3536 casos do que em 2014) 22.568 pessoas multadas por excesso de velocidade (mais 13.742 pessoas) 15.804 acidentes de trânsito (menos 225) 15 vítimas mortais de acidentes (mais uma do que em 2014) 181,58 milhões de patacas em receitas com multas (mais 36,3 milhões) 3155 pessoas entregues ao MP 2192 casos recebidos 5106 funcionários das Forças de Segurança (4640 agentes) 439 queixas contra agentes policiais. Apenas 24 “envolveram a instauração de processo disciplinar”, já que 415 não tinham fundamentos ou informações suficientes Promoção “mais justa” com revisão de Estatuto As autoridades querem criar um mecanismo mais justo de promoção para as forças de segurança. É esse o principal intuito da revisão ao Estatuto dos Militarizados das Forças de Segurança de Macau. As alterações ao diploma já tinham sido anunciadas o ano passado pelo Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que tinha dado este ano como prazo para o início da revisão. O responsável não adiantou muitos pormenores, sendo que a ideia é que os trabalhadores que reúnam determinados requisitos sejam promovidos para carreiras superiores e as Forças de Segurança possam absorver “mais talentos”. No relatório de actividades da PSP, as autoridades indicam que vão “fornecendo pareceres sobre a revisão e a legislação conforme o estado real”, mas não adiantam prazos para que esta esteja concluída. Táxis | Mais de cinco mil multas em 2015 Dados do relatório da PSP mostram que houve mais de cinco mil casos de infracções relacionados com taxistas durante o ano passado, números que representam um aumento de 82,7% face ao ano anterior. Cobrança abusiva de tarifas e recusa de transporte foram as mais comuns, sendo que ambas “ultrapassam os 60%” do total das queixas. Os dados mostram um total de 5079 infracções: 1874 eram referentes a recusa de transporte e 1233 diziam respeito ao pedido de pagamento a mais pela viagem efectuada. As infracções subiram 4200 em 2015 face a 2014. Também mais de 350 condutores de carros sem licença para servir de táxi foram multados, pelo transporte de pessoas à cobrança.
Flora Fong BrevesÓrgãos Municipais | Dois membros são da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, insistiu na realização de uma consulta pública, no final deste ano, sobre a composição dos futuros órgãos municipais sem poder político, mas, em declarações ao canal chinês da TDM, a Secretária adiantou que dois membros desses órgãos possivelmente serão membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo. “Vamos consultar os residentes de Macau sobre qual a relação com o Instituto para Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e com outros serviços públicos que estes órgãos devem ter. Vamos ainda tentar saber qual a opinião das pessoas sobre a divisão das competências mais razoável e sobre a forma mais lógica de nomear os membros. Depois vamos consultar como constituir uma estrutura de gestão”, explicou. Durante a entrevista ao canal, contudo, Sónia Chan referiu que é importante considerar que dois membros destes órgãos vão ser membros da comissão que escolhe o líder do Governo. Como o HM já noticiou, no início do mês, a forma de nomeação de membros para estes órgãos municipais não agrada ao deputado Ng Kuok Cheong, que espera que os membros sejam eleitos por zonas, em vez de ser feita uma nomeação, e de forma directa. O deputado Au Kam San considera também que os membros podem não conseguir reflectir a opinião pública se forem escolhidos pelo Chefe do Executivo.
Flora Fong Manchete PolíticaRecusada entrada a mulher com etiqueta sobre Taiwan no passaporte Um autocolante que dizia “Taiwan is my country” foi o motivo de recusa de entrada de uma dançarina da Formosa que tinha um espectáculo marcado em Macau. A PSP diz que “altera a autenticidade do passaporte”, mas as dúvidas permanecem [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma dançarina de Taiwan terá sido alegadamente impedida de entrar no território, na quinta-feira da semana passada, por ter uma etiqueta no passaporte com “uma frase sensível”. A mulher foi obrigada a assinar a notificação de recusa de entrada. A PSP ainda não reagiu. Segundo o jornal Apple Daily de Taiwan, a dançarina, de apelido Su, teria um espectáculo no final da semana passada em Macau, mas não conseguiu entrar no território. A razão: na parte de trás do seu passaporte tinha colado um autocolante que dizia “Taiwan is my country” (Taiwan é o meu país). Su referiu que visitou outros países da Europa, o Japão e a Coreia de Sul nos últimos quatro anos com o mesmo passaporte, mas nunca lhe tinha sido impedida a entrada, nem dito que a etiqueta “afecta a autenticidade” do passaporte. A mulher levanta dúvidas sobre por que razão isso aconteceu em Macau. “Nada foi adicionado ou retirado do meu passaporte. Nem carimbos. Mas a Alfândega de Macau rejeitou-me a entrada e exigiu que apanhasse outro voo para voltar a Taiwan, por suspeitar da autenticidade do passaporte”, disse. Esta é também a razão dada na notificação de recusa de entrada, escrita em língua chinesa. Su disse ainda que, quando as autoridades viram o documento, levaram-na para “um quarto individual” para a revistar. A taiwanesa terá ainda pedido para retirar o autocolante para que a deixassem entrar no território, através do aeroporto de Macau, por onde veio. Mas as autoridades não o permitiram e exigiram que a mulher saísse imediatamente de volta à Formosa. A dançarina referiu ainda que, como faltou ao espectáculo, vai ter de pagar uma indemnização ao organizador. Das limitações O mesmo jornal noticiou ainda que o Conselho Legislativo de Taiwan aprovou só há pouco tempo a eliminação de um dos regulamentos sobre o passaporte, que indica que “não é permitido na capa ou páginas interiores do passaporte [alterações] que influenciem o estado original do documento”. Uma deputada da Ilha Formosa, Ho Hsin Chun, criticou a situação dizendo que este caso é apenas uma prova da restrição à liberdade de expressão da China e afecta directamente os direitos de trabalho da população de Taiwan. Ao HM, Lao Pui Tak, chefe do departamento técnico dos Serviços de Alfândega, explicou que a competência de verificação de documentos de visitantes é dos Serviços de Migração da PSP. Mas até ao fecho desta edição, a PSP não comentou sobre o caso. Taiwan é constantemente alvo de controvérsia política devido ao facto de a ilha se considerar, muitas vezes, como independente da China. Algo que não é aceite pelo continente.
Hoje Macau BrevesGoverno assegura estar atento a substâncias perigosas O Chefe do Executivo, adianta o Governo em comunicado, deu orientações aos serviços competentes para tomarem mais atenção à gestão das substâncias perigosas em Macau, tendo ainda, em Dezembro, realizado uma reunião plenária do Conselho de Segurança sobre este assunto. A ordem surge depois do incidente ocorrido em Agosto do ano passado em Tianjin, quando um depósito de substâncias inflamáveis explodiu matando 173 pessoas e danificando mais de 17 mil edifícios. O Chefe do Executivo exigiu a todos os serviços que prestem um trabalho de acompanhamento mais avançado e melhorem a gestão da segurança das substâncias perigosas. Adianta ainda o Governo que o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, foi nomeado pelo Chefe do Executivo como responsável para organizar e coordenar o trabalho interdepartamental para revisão e optimização da legislação relacionada com substâncias perigosas que será “criada a curto prazo” pelo Governo. Este é visto como “um mecanismo destinado à gestão de circulação de substâncias perigosas, de comunicação e dos trabalhos de coordenação para resposta a possíveis acidentes, a fim de permitir uma capacidade eficiente para enfrentar riscos que se relacionem com todas as substâncias perigosas”.
Hoje Macau EventosClube Militar | IIM apresenta dois livros de João Guedes no sábado [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]Clube Militar vai ser palco no próximo sábado, pelas 15h45, do lançamento de dois livros recentemente publicados pelo Instituto Internacional de Macau e da autoria do jornalista João Guedes. Intitulados “Padre Áureo Nunes e Castro – Missionário, músico e pedagogo” e “Macau Confidencial”, os dois títulos ajudam a compreender melhor a história de Macau, adianta a organização. O primeiro aborda uma “ilustre” figura, o padre Áureo Nunes e Castro, que nos remete para a identidade cultural de Macau e para a sua vida como missionário e pedagogo, que são acompanhadas por memórias musicais. Já “Macau Confidencial” revela-nos a situação de um clima de conspiração, secretismo e aventura, durante o fim do século XIX, em que Macau foi palco de divergências entre diferentes ideologias até ao período da II Guerra Mundial, ou Guerra do Pacífico, conceito geopolítico que melhor se enquadra na peculiar situação geográfica da cidade do Rio das Pérolas, aquando do domínio da presença de japonesa. A sessão contará com a presença do presidente do IIM Jorge Rangel e do autor João Guedes, enquanto as apresentações serão realizadas pelo Maestro Simão Barreto e por José Rocha Diniz. O evento conta ainda com a actuação do Coro Perosi, que interpretará duas obras do arranjo do Padre Áureo – “Donzela junto do Lago”, uma canção tradicional chinesa, e o “Te Deum”. A entrada é livre.
Joana Freitas EventosMAM | Gravuras de Catherine Cheong em exposição Os amigos, os senhorios, colegas de trabalho – todos serviram de inspiração à artista Catherine Cheong para a exposição que inaugura amanhã no MAM [dropcap style=’circle’]I[/dropcap]naugura amanhã a mostra “Encontro – Gravuras de Catherine Cheong Cheng Wa”, uma exposição que terá lugar no Museu de Arte de Macau (MAM). Catherine Cheong é licenciada em Design Gráfico pelo Instituto Politécnico de Macau em 2003, tendo vencido prémios com a sua arte já anteriormente. A exposição, que inaugura amanhã pelas 18h30, reúne dezenas de trabalhos da autora, que “retratam as experiências e vivências” da artista durante a sua estadia em França, onde estudou e se licenciou em Artes Visuais. “Senhorios, inquilinos e as suas casas. Amigos provenientes de todo o mundo, colegas de trabalho, colegas e professoras de escolas de línguas e da escola de belas artes, etc. Cada pessoa tem a sua cultura, passado e costumes, mas foi através de intercâmbios que a autora ficou a compreender amizades sem barreiras linguísticas e a conhecer-se a si própria através de um processo de percepção da natureza humana, de apreensão por experiência própria do bem e do mal, de criação de um sistema de valores individual e de abordagem de vida”, indica a organização, apresentando as obras de Catherine. A artista, diz o MAM, tenta ainda gravar cada pessoa que conhece numa espécie de retrato de autor procurando peças valiosas seja para a autora seja para os retratados, dando assim a conhecer a história entre essas pessoas e ela própria. Vinda de França A exposição está inserida na Montra de Arte de Macau, que tem como objectivo incentivar a criação e promover o desenvolvimento da arte contemporânea no território. Catherine Cheong regressou de França em 2008, tendo trabalhado na Administração Pública como designer de exposições, participando em diferentes tipos de exposições de arte e especializando-se em gravuras. Colaborou com “Histórias de Macau 2 – Amor na Cidade” e em outros filmes, como directora artística de cinema e apoio à organização de exposições de arte. Em 2015, Cheong venceu o primeiro prémio no concurso internacional de “Segunda Trienal de Gravura de Macau” com a obra “Gentes de Macau”. A mostra “Encontro – Gravuras de Catherine, Cheong Cheng Wa” está patente até 5 de Junho e a entrada é livre. J.F.
Hoje Macau BrevesUM | Seminário sobre Shakespeare O Programa Académico da União Europeia em Macau (PAUE-M) promove o seminário “Shakespeare vive e revive em citações e na tradução”, enquanto assinala o 400º aniversário da morte do escritor. O evento tem lugar hoje, às 17h00, na Faculdade de Artes e Humanidade da UM. A iniciativa será orientada pela professora Sylvia Ieong que, segundo a organização, é portadora de um vasto currículo, tendo passado por diversas universidades a nível mundial sendo que os seus interesses académicos incluem a tradução e interpretação sequencial e simultânea. É ainda autora de mais de cem artigos e livros incluindo “Law, Justice and Mercy: Reflecting on Shakespeare’s The Merchant of Venice”, uma obra de referência aceite em 2012 na colecção da “Shakespeare Birthplace Trust Library”. A entrada é livre.
Hoje Macau Breves“Territórios Lusófonos” sexta-feira no Arquivo de Macau “Macau e os Territórios Lusófonos – Colecção Iconográfica Única de Postais Fotográficos”, de João Manuel Loureiro, é o livro a ser lançado nesta sexta-feira, pelas 18h30, no Arquivo de Macau. Segundo o Instituto Cultural, este livro, em Língua Portuguesa, reflecte sobre a colecção de postais fotográficos de países e regiões de língua lusa e Macau no arquivo de imagens, parte do acervo do Arquivo de Macau. Conta com mais de dez mil postais fotográficos entre 1898 e 1999, relatando a geografia, a economia e o comércio, a vida da população, os costumes culturais, as características religiosas, os edifícios da cidade e monumentos de oito países e regiões de Língua Portuguesa, incluindo Macau, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e a Índia Portuguesa. A sessão de apresentação será conduzida em Português e conta com entrada livre sendo que os interessados em adquirir o livro beneficiarão, nesta ocasião, de desconto.
Hoje Macau BrevesUM | A informação que alimenta a IA em palestra Numa altura em que a Inteligência Artificial (IA) marca o quotidiano com o seu desenvolvimento, a Universidade de Macau (UM) apresenta a palestra “Para além do Alpha Go: Oportunidades e Desafios para profissionais e não profissionais das tecnologias de informação”. A ser proferida pelo reitor da UM, Wei Zhao, a conferência terá lugar na quinta-feira pelas 17h00. O Alpha Go é um programa que na sua concepção e desenvolvimento tem ao dispor bases de dados capazes de lhe fornecer a informação necessária para poder desenvolver as suas decisões “inteligentes”. A questão colocada e que será debatida nesta palestra, segundo a organização, é dirigida à origem destes dados tão necessários ao desenvolvimento da IA, bem como a forma como são adquiridos ou usados para o benefício tanto de quem os gera, como de quem deles faz uso, levantando também questões relativas ao bom uso da informação. Serão também abordados aspectos referentes ao Direito, Economia e Técnicos que estão implicados neste processo de troca de dados de forma a conceber o mesmo como capaz de ser benéfico para a humanidade em si. A palestra será realizada em Mandarim com tradução simultânea em Inglês e a participação na mesma requer uma inscrição prévia através do site da UM.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasFilhos das montanhas, filhos do mar* 人山人海 * por Julie O’yang [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s carreiras com que sonham ou pais chineses, ou leste asiáticos, para os seus filhos. E porquê. Sou chinesa e vivo no Ocidente, e como tal sou uma destruidora de estereótipos. Há muito tempo atrás reconheci que, apesar de tudo, sou uma artista e que tenho desde sempre tentado suprimir a “cidadã responsável” que me habita. Ou seja: a cidadania existe em todos nós, e talvez seja por isso que o fenómeno da estereotipização me irrita. Estereotipar, na minha opinião, é uma espécie de lei natural em qualquer sistema social vigente, totalitário ou democrata e, como tal, os estereótipos fazem parte duma opressão consensual do dia a dia que ajudam a manter conceitos que reconhecemos. Em primeiro lugar vamos dar uma espreitadela às carreiras que um chinês, ou asiático em geral, mais ambiciona A saber: médico, investigador na área de bio-fármacos, engenheiro, programador informático, contabilista ou cirurgião. E o que têm estas profissões em comum? São estáveis e bem pagas. Mas, acima de tudo, são profissões que requerem especialização intensa e, como tal, são garantia de emprego. Em geral, os pais chineses/asiáticos acreditam piamente que profissões pouco técnicas envolvem qualquer coisa de obscuro e que estão dependentes de atributos nebulosos e ambíguos como a aparência, o talento, a personalidade ou mesmo os relacionamentos pessoais. Em muitos países do Leste asiático, onde se incluem a China e o Japão, quase não se ensina História nas escolas já que esta disciplina não parece ser relevante para formar as “competências” necessárias aos dias que correm. Os engenheiros e programadores asiáticos não possuem a cultura geral que se consideraria adequada na Europa. Para os asiáticos, um certo diletantismo europeu é indissociável de uma educação focada nas artes liberais. É talvez por isto que a maioria dos jovens chineses/asiáticos parecem apolíticos comparados com os seus congéneres europeus. A inércia cultural é um facto. No entanto é preciso recuar bastante para procurar as raízes históricas deste fenómeno recorrente, como foi o caso do comunismo chinês, caracterizado por uma intensificação do autoritarismo. A ausência de qualquer tradição de pluralismo marcou a China dinástica. A primeira dinastia Qin (séc. II AC) trouxe o fim de qualquer pluralismo cultural, artístico, ou político, entendido no sentido formal, e o impacto deste acontecimento fez-se sentir até aos dias de hoje. Durante os últimos dois milénios, os chineses sempre acreditaram que o povo vive sob o poder do Governo, sem esperança de um dia poder ter alguma influência, a menos que passe a fazer parte da classe dominante, o que pressupõe instrumentos. Ferramentas! A China não quer pensadores, pelos quais os chineses “filhos das montanhas, filhos do mar” sentem uma profunda desconfiança. No universo chinês, pensar equivale a ser irresponsável, e, infelizmente, os pensamentos cheiram a… esturro. *Em chinês significa muita gente no mesmo lugar, multidão. O Pidgin chinês exprime de forma dinâmica a ideia de multidão, de uma forma mais precisa. Em minha opinião, articula a preferência chinesa por uma noção de ego difusa, sem rosto, com uma energia anti-criativa e inexpressiva.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasQue estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? – A viúva * por José Drummond [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ntes de começarmos, e enquanto ainda tens consciência, quero fazer-te uma proposta. Vai ser necessário que tenhas ambos os cotovelos apoiados naquela mesa baixa. Ali perto do braseiro de carvão quente. Anda, vamos até lá. Isso. Agora, estica os braços, assim, ao longo da mesa. Isso. Deste modo posso prender-te as mãos nestas grilhetas. Perfeito. Reparei como prestaste atenção a esta sala. Assim deste modo terás uma nova perspectiva. Sabes que também eu ouvi o canto de um pássaro. E o bater das suas asas. Oiço tudo. Tanto oiço o sangue a correr-te nas veias como quase sou capaz de ouvir os teus pensamentos. E até de os antecipar. Não acreditas? E se eu te disser que até oiço o som das garrafas que estão a ser descarregadas dos camiões, em frente ao supermercado na esquina. Mas mais importante que isso, oiço, em algum lugar, lá fora, na colina, o canto de cisne, murmúrio atormentado de uma mulher ainda assustada. Oiço o seu ventre aberto a bombear sangue para fora. Oiço o persistente assobio do assassino. Está à entrada ou à saída do túnel. Digo isto pelo ligeiro eco. Oiço o grito fino de um bebé. Oiço tudo. Mas sei que nada pode ser feito para salvá-lo. E nada pode ser feito para salvar a mãe. Já é demasiado tarde. Eu sei que neste momento pensas que eu sou um monstro do mesmo calibre como o deste estripador. Eu sei que neste momento estás pronto para desatar a chorar, implorar perdão, tentar suprimir aquilo que julgas ser raiva em mim. Devo voltar a dizer-te que não tenho qualquer ressentimento em relação a ti ou ao que fizeste. A tua mulher nunca foi realmente importante para mim e aquilo que aconteceu ao meu filho foi apenas resultado da sua fraqueza. Tu estás aqui porque alguém assim o quer. Mas talvez exista uma saída. Uma solução que não envolva eu ter que te fazer aquilo para a qual fui contratada. Tudo depende de ti realmente. Lembras-te que eu te disse que tenho uma filha. Pois bem ela é tudo o que tenho na vida. É realmente a única coisa que me preocupa neste momento. Por isso presta atenção. Presta muita atenção. A minha filha não sabe que eu sei que está grávida. Não existe problema nenhum para mim que ela esteja grávida. O problema é que o pai é um homem que já tem filhos de outra mulher. O problema é que este verme nunca irá proteger a minha filha. E ela precisa de protecção. Agora mais do que nunca. Presta atenção. Presta muita atenção. Os segredos só se contam uma vez e depois devem ficar enterrados. Tenta perceber que a tua capacidade de manter este segredo pode resultar num pacto entre nós. Um pacto que se cumprires a tua parte te pode devolver a liberdade. Presta atenção. Presta muita atenção. Como sabes existe um assassino à solta a estripar mulheres. A escolha dele recai em mulheres com pouco mais que trinta anos. Que idade tinha a tua mulher quando… Estás a tremer? Ahhh! Não sabes! Interessante. Pensei que isso pudesse ter sido a razão maior para fazeres aquilo que fizeste. Estou deliciada com a tua inocência. Sim. É isso mesmo que estás agora a pensar. A tua mulher estava grávida. E o pai do bebé era o meu filho. Dói, não é? Somos sempre os últimos a saber aquilo que se passa na nossa vida. Ela não ousou a injúria. Teve que fazer com que a gravidez ficasse em segredo. Ela não te ia deixar e tu irias ter um filho que não era teu. Quando ela morreu o meu filho ameaçou matar-se. Consegui que ele se acalmasse. Mas infelizmente um dia o segredo veio ao de cima quando a melhor amiga dela lhe contou tudo. Quando ele me encontrou os seus olhos tinham mudado para sempre. Aqueles olhos, que antes tinham lágrimas a brotar nos cantos, não eram olhos. Estavam vazios. Desprovidos de sentimento. “Ela estava grávida, não é? O bebé era meu e também está morto! Odeio-te! Não consigo respirar. Deixa-me ir.” Nunca mais o vi. A pouco e pouco tudo fará sentido. Eu não fui sempre assim. Vou agora contar-te outra coisa. Há muitos anos atrás existiu uma guerra entre as tríades. Ainda Macau era governado por portugueses e era um “território” – a palavra que usavam para disfarçar atitudes coloniais. Muito antes da Taipa ser um asilo psiquiátrico. Foi um dos meus primeiros trabalhos. A minha missão não era simples. Tinha que me infiltrar como se fosse uma jogadora de Xangai, conquistar o líder de determinado subgrupo, extrair informação e acabar com ele sem que ninguém percebesse. Na minha cabeça sabia que as coisas poderiam correr mal. Ainda me lembro de vacilar quando entrei no lobby do hotel com uma mala pequena. Na bagagem tinha uma pequena pistola automática com sete balas, um fio de aço, um pente que continha uma agulha fina e um batom de defesa com uma lâmina. Na minha cabeça repetia as palavras: “Calma. Respira fundo. Tudo vai correr bem. Este trabalho é importante e é mais difícil que o habitual mas tudo vai correr bem.” Mas na verdade não conseguia apagar a estranha sensação de que nada era normal e de que um movimento em falso resultaria na minha morte. A minha respiração, estranhamente controlada, não tinha nada a ver com a velocidade do meu coração. Um fio de suor humedeceu-me as axilas. Os dedos com formigueiros. A tensão transformou-se em premonição, em aviso repetido para eu sair. Mas era tarde demais. Olha há novidades na televisão… “A TDM recebeu um vídeo do “Estripador”. Neste vídeo vê-se uma mulher aprisionada num local indeterminado. O vídeo chegou à nossa redacção com a ameaça de que se não for passado no telejornal a mulher morre. A polícia foi informada de imediato. O governo reuniu-se de emergência e expressou extrema preocupação através do seu porta-voz. Espera-se que novas medidas de segurança sejam anunciadas dentro da próxima hora. O vídeo, que veremos de seguida, contém imagens altamente chocantes que podem ferir a susceptibilidades de pessoas mais sensíveis.”
Fernando Eloy VozesViver que nem um Pachá? [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á uns bons anos atrás alguém, de quem não me lembro o nome mas que seria um dos braços direitos de Lawrence Ho, dizia-me que “daqui a uns anos o entretenimento vai ser o grande negócio”. O City of Dreams ainda não estava construído mas já naquela altura, por via dos estudos que tinham feito em Las Vegas, percebiam que, mais tarde ou mais cedo, o entretenimento iria ser fundamental na equação dos complexos casineiros. Nestes quase 15 anos que levo de Macau, pertenço ao grupo daqueles que mais tem lamentado a falta de uma vida nocturna em condições, urbana, moderna, com opções variadas e música decente. Quando cheguei ainda existia o saudoso Signal, obra do incontornável Suki Lor, responsável pelo lançamento de vários Disc Jockeys locais e por aquele espaço fora de série. Mas a debandada lusa pós 99 acabou com os clientes nocturnos e o Signal estiou. Depois disso, tem sido o deserto, excepção feita às festas mais ou menos privadas que iam acontecendo aqui ou ali. Lembro-me quando apareceram os bares do Lago Nam Van, também. Ia ser a “Lan Kwai Fong de Macau”, garantiam os promotores na altura. Viu-se. Agora ainda não se percebeu muito bem o que será, com a epidemia de “criatividade comportada” que assolou a cidade, não colocaria as minhas fichas todas no assunto. Mais tarde ainda apareceu o Sky 21, um local com todas as condições para ser um dos bares mais destacados na Ásia, mas que depois de um início extremamente prometedor acabaria por se transformar na actual “Taberna da Bela Vista”, onde jogos de futebol durante os grandes campeonatos internacionais e música de péssimo gosto em regime constante fazem parte da oferta. Os tempos foram andando e até o próprio grupo de Lawrence Ho começou por prometer (em vão) com o lançamento do Bar do Altira para depois nos trazer uma coisa chamada Cubic que, bem… enfim… Mas lá está, são hotéis, têm hóspedes e mercados, fazem o que precisam para eles. Mas uma cidade internacional, como tantas vezes Macau diz pretender ser na voz dos seus principais líderes, não pode ficar refém de hotéis e precisa de uma vida nocturna animada, evoluída e diversificada onde a regra não sejam selecções musicais de terceira categoria ou bandas de que ninguém se lembra o nome e que normalmente animam muito mais quando poisam os instrumentos e desligam os microfones. “Ah mas isso são tiques de estrangeiro”, dirá alguém. Quando alguém diz isso proponho-lhe que visite Pequim, Xangai, até Zhuhai ou Shenzhen e evito, propositadamente, referir Hong Kong. Com a pressão do quotidiano em alta na cidade que um dia foi “laid back”, cada vez mais as pessoas precisam de desopilar sem ter necessariamente de acabar em locais de mau álcool e mau gosto ou a pagar preços árabes por um copo de qualquer coisa. Além disso, quando se pretende desenvolver as indústrias criativas tem de se entender que uma cidade com criativos precisa de zonas de lazer públicas com opções a preços normais. Grande parte da criatividade surge na interacção, na discussão, nos copos, à noite. Recentemente, grupo de Lawrence Ho também nos trouxe o Pachá que, quer se queira quer não, é um clube de primeira e finalmente alguma coisa mudou. É claro que o prestígio depois nota-se nas bebidas (pela hora da morte e não particularmente bem servidas) mas finalmente temos um clube de nível mundial em Macau. O problema é sair caro pois os residentes não estão aqui de férias, a menos que comecem a dar-nos desconto, tipo jet foil. Não era má ideia, hein pessoal do Pachá?… Por lá, nestas últimas semanas, tivemos de uma assentada Paul Oakenfold e Afro Jack, entre outros que por ali passaram antes, mas também devo realçar o apoio que o Pachá tem dado aos DJs locais com presenças assíduas “à mesa”, essencial para manter viva a chama da terra. Fui ver os dois. Oakenfold foi uma sombra de si próprio. Começou bem mas depois levou-nos para aqueles corredores estreitos e tortuosos da EDM (Electronic Dance Music, uma designação para mim abusiva pois, para os menos avisados, pode parecer que se refere a toda a música de dança electrónica, mas não é, acreditem, é apenas um subgénero de má catadura) e acabou com meia dúzia de festeiros na pista, mas foi importante perceber que o cota está vendido e acabado nestas lides e mais vale dedicar-se à produção que tão bem fez ao longo dos anos para ver se deixa de precisar da EDM para pagar a renda. Afro Jack foi outra coisa completamente diferente. Com uma actuação muito bem produzida a tirar máximo proveito das características da sala, leia-se ecrã da cabine e o fabuloso sopro de ar fresco que jorrava inclemente sobe a pista acompanhado de fumo inodoro (excelente) sempre que a música chegava a um clímax. Sala cheia, jardim cheio, energia no máximo. Já estivemos mais longe de ombrear com outras cidades de relevo mas ainda não chega. É sempre bom ter-se uns Rolls Royce à disposição como o Pachá, mas a massa crítica não será criada se não existir uma zona de entretenimento, pública, gerida por pessoas com vistas largas, urbanas e não por tasqueiros de bairro sem a mínima sensibilidade. Porque o que está a faltar nesta equação é a cidade. Não nos podemos reduzir ao que os hotéis fazem ou deixam de fazer. A cidade tem de estar presente com as suas próprias opções de entretenimento popular. Provavelmente já não será a zona do Lago Nam Van, talvez nem as Casas da Taipa porque quando os governos se imiscuem demasiado nestes processos dá invariavelmente barraca ou saem locais inócuos que funcionam apenas para a fotografia e aparatos oficiais. No entanto, para já mantenho-me positivo e expectante. Todavia, se os meus piores temores se confirmarem, é preciso pensar onde vamos ter a nossa zona de bares, música e esplanadas, pois a vida criativa e salutar não é possível sem uma vida nocturna diversificada e de qualidade. Um lugar de referência, livre de espartilhos, que atraia os locais e os de fora, que junte comunidades e nos permita refrescar não só as goelas mas principalmente as ideias. Música da Semana “Modern Love” David Bowie (1984) “(…) I know when to go out And when to stay in Get things done [spoken] I catch a paperboy But things don’t really change I’m standing in the wind But I never wave bye-bye But I try I try There’s no sign of life It’s just the power to charm I’m lying in the rain But I never wave bye-bye But I try I try (…)”