Filipa Araújo Manchete SociedadeTabaco | Consulta pública poderá ditar regras para salas de fumo Os resultados da consulta pública da AL poderão ditar a posição do Governo quanto à permissão das salas de fumo nos casinos. Alexis Tam diz que decisões só depois dos resultados [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo não admite que abandonou a postura da “proibição total do fumo” nos casinos, mas avança que, caso as opiniões da consulta pública – que decorre no momento –, mostrem que a população quer manter as salas de fumo dos casinos, isso poderá mesmo acontecer. “A posição do Governo é de total abertura”, explicou Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Ainda assim, mesmo que isso aconteça, as operadores terão que mostrar ter condições para o fazer, mantendo sempre a saúde como prioridade. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, reforçou a afirmação do presidente da Comissão que analisa na especialidade as alterações ao Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo, admitindo que a “posição do Governo é aberta”. “Se os casinos, ou se a AL, tiverem um outro resultado, nesta consulta pública, isto é, se a maioria das opiniões indicarem para o não cancelamento das salas de fumo, e satisfeita a exigência de atingir um nível do patamar da segurança do controlo do fumo [por parte das operadoras], então o Governo pode ponderar esta situação [de manter as salas]”, disse o Secretário no fim da reunião que aconteceu ontem. “Se os trabalhadores acharem que não é necessário cancelar as salas de fumo, então o Governo tem de preparar melhor o que virá no futuro”, assinalou. Assumir qual será o rumo é ainda “cedo de mais” para o Secretário porque, segundo o mesmo, é necessário esperar pelos resultados da consulta pública que termina a 30 de Setembro. Operadoras preparadas Questionado sobre os critérios que poderão avaliar as operadoras – quanto à possibilidade da existência das salas de fumo – Alexis Tam explicou que falou com todos os deputados e que depois de serem conhecidos os resultados da consulta pública – feita pela AL – é preciso saber se os trabalhadores e os residentes de Macau acham adequado o não cancelamento das salas de fumo nos casinos. “Vamos então ouvir quais as propostas por parte das operadoras dos casinos em relação ao critérios”, diz, sendo que, o “Governo também irá discutir [com as operadoras] esses mesmos critérios”. Ainda assim, mantém-se em cima da mesa a proibição total do fumo nos casinos, ideia que Alexis Tam continua a defender. “Discutimos isto porque o Governo tem sempre uma posição de assegurar a saúde dos residentes e turistas. É por isso que gostaríamos de implementar a proibição total do fumo nos casinos”, reforçou. Sobre a avaliação às condições das operadores, Alexis Tam afirma que o Governo ainda não sabe como tudo irá acontecer e que só tomará decisões depois da consulta pública terminar. Confrontado com os resultados de um estudo encomendado pelas operadoras, em Junho deste ano, que dava conta que a maioria de funcionários e clientes concorda com a criação de salas de fumo nos casinos, o Secretário volta a desvalorizar adiantando que confia mais no estudo levado a cabo pela própria Administração, que indicava número bem mais inferiores. Ainda assim, Alexis Tam admite que os tempos são outros e a tendência poderá também ser diferente. “Este estudo foi efectuado há um ano mas, como sabem, a situação económica agora é diferente. Por isso, vamos ver qual é o resultado do próximo estudo”, assinalou. Em discussão esteve ainda a proibição das salas de fumo no aeroporto e no Estabelecimento Prisional de Macau (EPM). “Atendendo a alguns exemplos internacionais, algumas cidades proibiram o fumo nos aeroportos, como por exemplo Pequim. Achamos que futuramente o número de aeroportos que vão cancelar as salas de fumo vai aumentar, contudo vamos acompanhar a situação. Temos abertura em relação à instalação e montagem ou manter ou não manter as salas de fumo no aeroporto de Macau”, esclareceu Alexis Tam.
Filipa Araújo BrevesEstratégias para aumento da população O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura garante que o Governo vai apostar mais em estratégias para se coadunar com o crescente aumento da população. “Quanto ao número de 750 mil habitantes não comento e também não comento se Macau tem capacidade ou não para suportar um número tão grande de [pessoas]. O que podemos fazer, ou temos de fazer, é planear melhor para resolver ou acompanhar o aumento do número da população”, disse o Secretário. Alexis Tam explicou que o Governo irá estudar o relatório e depois disso “delinear uma série de estratégias”. “Pegando nesse número vamos ver como melhor podemos preparar as nossas instalações de acção social para o número crescente de idosos no futuro”, explicou. Mas não é apenas a área da acção social que está incluída nas preocupações do Governo. Alexis Tam está ainda atento às “políticas a nível educativo”. Na possibilidade de haver mais terrenos, o Secretário garante que esses serão utilizados em prol da sociedade. “Se o Governo tiver mais terrenos irá dar esses espaços para a construção na área de acção social. Vamos reforçar os serviços dedicados à terceira idade”, garante. “No futuro iremos ter uma série de planeamentos estratégicos a nível de saúde e de acção social. Estou optimista, pois posso dizer que temos uma série de medidas para dar resposta às necessidades da sociedade”, tranquilizou o Secretário, acrescentando que não vão ser reduzidos os recursos no bem-estar da população.
Filipa Araújo BrevesSJM entrega 28 bolsas de estudo de 20 mil patacas Na 11ª edição de entrega de bolsas de estudo, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) atribuiu dez bolsas de ensino universitário aos melhores alunos de 2015 e renovou as bolsas de 28 outros jovens, que já haviam sido concedidas nos anos anteriores de 2012, 2013 e 2014. Este evento tem sido realizado anualmente e tem como objectivo ajudar os filhos de funcionários da SJM a seguirem os seus estudos. Este ano, concorreram à atribuição da bolsa 56 candidatos, todos eles chineses de Macau. Cada um dos finalistas vai receber 20 mil patacas anuais até completar o curso universitário no qual se inscreveu. Outros dois alunos, que não integraram a lista de vencedores, tiveram direito a dez mil patacas como galardão da sua performance e esforço escolares. O programa existe desde 2005 e já premiou cerca de 120 filhos de funcionários, 70 deles finalizando o seu curso superior. Além de oferecer estas bolsas de estudo, a SJM também apoiado os seus funcionários sem estudos ou com poucos conhecimentos para apostarem na sua educação e completarem o ensino secundário.
Flora Fong BrevesLa Scala | Pedida habitação pública nos terrenos O deputado Ng Kuok Cheong volta à carga sobre a construção de habitação pública nos terrenos do La Scala. Depois do Governo ter recuperado os direitos sobre os terrenos do La Scala – já que foi anulada a concessão à companhia Moon Ocean pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI) – o deputado quer que os lotes sirvam para construir habitação pública. Numa interpelação escrita, o deputado considera que o local aguenta mais de dez mil fracções de habitação pública e questiona se o Governo vai planear essa construção e qual será o departamento responsável. Além disso, o deputado quer saber qual é a área total de terrenos desocupados que não estão em processos a decorrer nos tribunais, para que se saiba quantos mais podem vir a ser utilizados para a população.
Flora Fong BrevesOperários locais protestam por pagamento de salários Vinte e três trabalhadores locais de estaleiros de obras manifestaram-se contra a Companhia de Engenharia Wit por alegados despedimentos sem justa causa e pelo incumprimento no pagamento de remunerações. Os operários manifestaram-se ontem junto ao Edifício Industrial Air Way na Avenida de Venceslau de Morais. O representante dos trabalhadores, de apelido Choi, disse ao HM que trabalhavam numa obra no Inn Hotel Macau através dessa empresa há quase um mês e que foi acordado cada trabalhador ganhar 20 mil patacas por mês. No entanto, há dois meses, a companhia pediu a suspensão da obra e despediu os trabalhadores sem pagamento da remuneração. A justificação da companhia foi “que o hotel ainda não pagou as despesas da obra”. Contudo, o hotel revelou aos trabalhadores que já pagou três milhões de patacas à empresa. Choi disse ainda que caso não consigam recuperar os salário, os operários vão queixar-se à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais.
Anabela Canas de tudo e de nada h | Artes, Letras e IdeiasA vida em claro-escuro [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Há uma determinada sensibilidade. Às luzes coadas. Às sombras difusamente delimitadas nas paredes, às formas projectadas pela luz e às formas reflectidas. A uma exposição ténue e indirecta da realidade que não fere, não magoa os sentidos, e sendo etérea de substância, e intangível, é também subtilmente fugidia. Com a inexorável e imparável evolução da luz. Ou a fuga em que a rotação da terra interminavelmente impede a aparência de se fixar. O visível suave ou delicadamente ambíguo, as formas das manchas a confundir-se nos seus diferentes planos do concreto material, ali a desenhar outras possibilidades, mutantes e mutáveis. O desfocado que lhes dá leveza, alguma insinuação de potencialidade de movimento, e, por outro lado, ligeiros movimentos e oscilações devidas a alguma aragem que se filtra pelas portas e janelas quase fechadas. O excesso de luz e calor a produzir ambientes suavemente obscurecidos. É a tradição do sul. Um sul que gosta de alguma obscuridade interior, e em contraponto, de ser visitado através de estreitas aberturas das portadas, por uma luz intensa. Uma determinada sensibilidade à natureza espessa, fortemente colorida e diferenciada, mas matericamente anulada na planitude das paredes. (Esse conceito ilusório de Flatness, que só mesmo na lisura completa, estéril e sem representações por mais etéreas, se verifica.) Tornada suave, transformada em benignas formas fantasmagóricas, em cinzentos claros. No limiar do reconhecível. Uma reminiscência platónica. Ou às velaturas, camadas transparentes delicadas cortinas sobre a crueza do real. Atmosferas oníricas. É a impermanência da não cor. No não lugar. As formas são de facto uma obsessão em que muitos não reparam mas do mesmo modo sofrem como excessivas. Nas palavras de Balzac: “Tudo é forma, a própria vida é uma forma”. E de facto, toda a actividade, toda a estrutura existencial e os seus padrões definidos, se deixam descodificar na medida em que tomam forma e inscrevem a sua curva desenhada no espaço e no tempo. “As formas, nos seus diversos estados, não estão suspensas numa zona abstracta, acima da terra, para além do homem. Elas misturam-se coma a vida de onde provém, traduzindo no espaço certos movimentos do espírito.” Fócillon A tentação do desejo de vislumbrar na forma um sentido diferente daquele que lhe corresponde, de confundir a noção da forma explícita com a de imagem ou de símbolo. Uma espécie de talento para a deformação e o esquecimento. E assim determo-nos nas sombras delicadas e esfumadas, virando as costas à sua origem. É um determinado anseio do espírito. Já que aí a vida das formas não é decalcada na vida das imagens, simulacros ou recordações. Paradigma de um intelecto inconformado com o excesso de registos e leituras que uma realidade tridimensional permite. E há ainda o tempo. E no entanto, aqueles cujo olhar vai desfocando por limitação orgânica, corrigem-no com lentes, para tornar a selecionar mentalmente uma camada do real a ver. Do todo demasido complexo, ou mesmo confuso, dedicamos a nossa limitada compreensão a uma parte, reelaborada de acordo com critérios. Padrões, por vezes. Mas estes existem ou somos nós que os recolhemos de um contexto mais complexo e de algum modo os construímos…como pepitas de oiro profusamente misturadas em areias de composição variada. Que se coam. Uns existem e outros formulamo-los. Esquecer então as cores e determo-nos numa realidade bem mais serena. Essa das luzes e das sombras. E só. A vida em chiaroscuro. Depois pensar no sfumato de Da Vinci, essa lucidez estética que deu origem à modelação dos volumes através da variação da luz. A vida em claro- escuro. O que não é semelhante a dizer vida a preto e branco. Embora se pudesse circunscrever os dados da percepção a esse universo das não cores. Carácteres planos ou caráteres redondos como na literatura. É disso que se trata. A vida faz-se dessa modelação subtil de tons, em gradações mais ou menos suaves, com uma escala de variações mais ou menos ampla e diversa. As diferenças ente o mais claro dos tons e o mais escuro, numa forma, podem ser ínfimas ou brutais. Disso se faz uma expressão ou uma linguagem mais ou menos violenta. Mais ou menos delicada. Por excesso ou por defeito de emotividade. E é dessa construção que se obtém a noção do volume das coisas. Nas formas lineares, o contorno no seu desvario de movimento, em torno de um vazio, pode ser suficiente para insinuar na imaginação, todo um mundo interior que lhe é implícito. Quanto maior a sensibilidade impressa na linha, quanto mais sinuosa, maiores as possibilidades de sugestão daquilo que lá não está. O mundo conceptual do desenho, mesmo que se pense nele como raciocínio e não como imagem gráfica, é o das leituras múltiplas, escoradas abismalmente no olhar do observador, no seu museu imaginário e na sua relação com o movimento, com as formas do real, com a visão. E tanto mais este olhar pode ser aprofundado, quantas as pontes que se estabelecem. Estas coisas que têm a ver com a luz e as sombras. Com a revelação e as trevas. Revelação teatral, essa. Dramaticamente levada ao limite no tenebrismo de Caravaggio ou sobretudo na preciosa encenação da luz em Rembrandt. Mas Leonardo da Vinci, nas suas experiências de mago, encontrou no sfumato, mais uma maneira de, atenuando os contornos na sua dureza natural e linear, e eliminando as marcas do traço e da pincelada, amenizar a expressão humana. Um trabalho à custa de tons baixos que evaporam os limites como se de fumo se tratasse. Suponho que é esse o pequeno grande responsável pela aura de mistério atribuída ao sorriso lunar da sua Gioconda. E o facto é que, vista de perto, há nela uma quase trepidação, um quase menear dos traços, que, não chegando a sugerir movimento, parece uma respiração, uma pequena desfocagem que lhe transmite uma vida subtil. A vida é na verdade uma forma subtilmente modelada em tonalidades de claro- escuro. Difícil é situarmo-nos estavelmente e manter o equilíbrio nessa variada e imensa quantidade de cinzentos, com todas as suas inflexões e nuances. Mas como em qualquer observação ou esforço de localização, tudo é uma questão de focagem de estabilização do olhar, de respiração… E assim a tendência lógica, dado o esforço do mecanismo óptico, é para a radicalização do plano de focagem…Mais longe ou mais perto com maior ou menor profundidade de campo, no que se refere aos tons, infalivelmente se resvala para uma síntese facciosa ou maniqueísta do alto contraste. Reduzindo todos os tons por aproximação grosseira ao preto e ao branco. O eterno estado de graça de ver o mundo a preto e branco, literalmente. A saber, os bons e os maus sem meio termo e sem contemplações…É um anseio de alma. Organizar o mundo de maneira a nos situarmos por dentro ou por fora de algo sem dúvidas, dilemas, ou contradições de maior (uma das primeiras manifestações plásticas infantis, de carácter espontâneo, é estabelecer linhas de fronteira entre o objecto-eu, e o mundo exterior). Este cenário utópico e prosaico, tem uma virtude pragmática e as devidas disfunções redutoras de todos os modelos radicais. E a vocação abismal do costume… querer situar o nosso desgraçado conceito de si facilmente e sem atropelos, com a segurança de nada ser dúbio ou de duplo significado, e de nada depender de interpretações ou leituras, mas como se as coisas fossem elas próprias sem relação com o outro. O olhar, a leitura. Inequívocas e fechadas em si e na sua natureza específica. Confortável e redutora forma de estar…Abismal, como todas as outras porque, como todos os extremos, a necessidade dos opostos faz sentir o risco de erro com muito mais ênfase desta forma. E a vertigem inerente a uma escolha radical, é, por natureza apelativa e perigosa. O erro se ocorrer é total, tal como acertar seria uma contingência do jogo de consequências absolutas…Mergulhar no negro absoluto e negar todas as tonalidades intermédias, é virar as costas a um realismo sem as inflexões do romance, ou de difícil capacidade de lirismo….A opção pelo branco absoluto por outro lado seria a alienação completa de um referencial que tarde demais haveria de se fazer sentir. Não há inocência possível na opção pelo branco absoluto…E sabe-se que a vida é em tons de cinzento, múltiplos variados enriquecidos de outras cores, reflectores, instáveis, influenciáveis e absorventes de todas as ínfimas partículas do universo em redor… Nada a fazer. Terreno variado, trabalhoso, de difícil estabilização. É a vida nos seus tons. De cinzento. Na sua obesidade ontológica. Uma camada de realidade a cheio.
Andreia Sofia Silva EventosPrimeira Semana do Design arranca dia 15 Pela primeira vez Macau vai receber a Semana do Design. A edição número um do evento decorre entre os dias 15 e 22 de Agosto, onde os participantes poderão ver de perto o trabalho de 21 designers ou empresas locais e de Hong Kong, assistir a filmes ou ir ao mercado do design. Chao Sio Leong, coordenador, fala de um evento que serve de “plataforma de comunicação” [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]xposições, peças de design, filmes, um mercado, uma festa de encerramento. Todos os ingredientes estão preparados para organizar a primeira Semana do Design de Macau, que decorre entre os dias 15 a 22 de Agosto. A organização do evento está a cabo da Associação de Design de Macau, com o apoio do Centro de Design do território. Ao todo, o público poderá contar com 21 participantes da área, estando previstos vários eventos, como duas exposições logo no arranque da Semana do Design, um seminário no dia 16, um mercado do design e a exibição de dois filmes. Para Chao Sio Leong, ligado à empresa Mo-Design e coordenador do evento, a Semana do Design de Macau vai servir de uma plataforma de comunicação para o público. “Os designers não vão apenas criar bonitos objectos para chamar a atenção das pessoas, mas vão interpretar as suas vidas, pensamentos e experiências enquanto descobrem a estética”, contou o designer ao HM. “Através da partilha dos trabalhos de design e de debates de grupo, os oito dias da Semana do Design de Macau vão levar o público a ter um contacto mais profundo com o design”, disse ainda. “Graças à intensidade dos seus trabalhos pode-se aumentar a consciência social. Como resultado, o design transforma-se numa ferramenta sustentável para o desenvolvimento económico e social, desempenhando um papel fundamental para o ser humano”, acrescentou ainda Chao Sio Leong. Vizinhos premiados Além da Mo-Design, participam ainda nomes como Bruno Design, Chiii Design, CASESTATION, Cosmic Design ou Conde Group. O coordenador da Semana do Design de Macau prefere destacar a presença de dois designers de Hong Kong, que vão promover um seminário no dia 16. Um deles é Joe Kwan, natural da região vizinha com estudos feitos no Reino Unido e Austrália. Depois de trabalhar com duas empresas do sector em Hong Kong, criou o Studiowill, que trabalha na área do design gráfico, publicidade e fotografia. Vencedor de vários prémios, Joe Kwan entrou para a lista dos “100 melhores designers chineses”, elaborada pelo Shanghai Designer Club, em 2012. Outro dos profissionais presentes que Chao Sio Leong destaca é Adonian Chan. Além de ser designer, Adonian Chan é músico e tem um restaurante. Nascido em Hong Kong em 1986 e licenciado pelo Instituto Politécnico de Hong Kong em 2009, Adonian Chan criou a empresa Trilingua Design um ano depois. Tratando-se do primeiro evento do género a decorrer no território, o coordenador da Semana do Design de Macau não tem dúvidas de que a RAEM precisa de promover mais o que se faz por cá. Para Chao Sio Leong, “o mais importante é garantir que os objectivos são atingidos e que os espectáculos e o evento em si têm efeitos positivos”. Os bilhetes estão à venda no Centro de Design de Macau, localizado na Travessa da Fábrica, na zona da Areia Preta. Para ver os três filmes, os interessados podem optar por um pacote de três bilhetes a 150 patacas, com uma bebida incluída. Não há informações quanto aos preços dos restantes eventos. Eventos da Macau Design Week Macau Design Exhibition (15 a 22 de Agosto) Exposição sobre o livro “The Northern Way Dinasty” (15 a 22 de Agosto) Filme “Fonting the City” (15 Agosto) Mercado do Design (15 a 16 Agosto) Seminário com Joe Kwan e Adonian Chan (16 Agosto) Filme “Design and Thinking” (20 Agosto) Documentário “Maker” (21 Agosto) Festa de encerramento “Electronic Music Closing Party” no espaço MoWave (22 Agosto)
Leonor Sá Machado EventosIC | Abertas inscrições para participação em Bienal de Urbanismo [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stão abertas as inscrições para quem queira participar na Bienal de Urbanismo e Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong deste ano. De acordo com comunicado do Instituto Cultural (IC), a entrega de propostas de projecto acontece até 16 do próximo mês e é a segunda vez que Macau é convidada pela organização da Bienal para lá ter peças de profissionais seus. O tema deste ano é “Origens da Cidade” e todos os curadores podem participar a título individual ou colectivo. Para a presente edição, pretende-se criar “um mundo melhor” alicerçado na “remodelação do espaço urbano e residencial”, promovendo três “r”: reconsideração, reutilização e reimaginação. A ideia, de acordo com a organização, é reutilizar e inovar espaços e conceitos já existentes. A Bienal de Urbanismo e Arquitectura teve início há dez anos em Shenzhen, tendo Hong Kong sido convidada dois anos depois, em 2007. Foi nesse ano que inaugurou como mostra bi-citadina, organizada pelas duas cidades. Até ao momento, foram já realizadas cinco edições deste evento, no total contando com mais de 770 obras internacionais, 310 fóruns e actividades variadas, tudo isto tendo a presença de mais de 860 mil visitantes. Foi em 2013 que a RAEM se estreou nesta mostra, sendo esta a segunda participação do território na mesma. Este ano, as estimativas apontam para a presença de 300 mil visitantes e mais de cem expositores de 25 países. De acordo com o mesmo comunicado, o IC espera que a participação da região “promova o intercâmbio cultural entre Macau e o exterior”, além de expandir os seus horizontes ao nível artístico e cultural com as experiências e obras internacionais. “Por outro lado, o IC espera ainda que incentive a criatividade junto da geração mais jovem de Macau, potenciando o nível artístico das suas obras, a fim de aprofundar os seus conhecimentos sobre obras de nível internacional e formar recursos humanos de reserva”, escreve o IC. A presente edição conta com curadores de Shenzhen e do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. O projecto a seleccionar será supervisionado pela Comissão Organizadora da Exposição de Macau – Bienal Bi-citadina de Urbanismo e Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong 2015. Os interessados podem tirar dúvidas sobre a inscrição e teor do projecto por email até dia 21 deste mês, para pr@icm.gov.mo.
Leocardo VozesPai,pai/Queijo, queijo Quando vejo uma criança, ela inspira-me dois sentimentos: ternura, pelo que é, e respeito pelo que virá a ser. Louis Pasteur [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ei com um debate num fórum de uma dessas redes sociais onde o tema era “Adopção entre casais do mesmo sexo” – não era para ser debate, mas acabaria por ser uma acesa troca de argumentos, onde em muitos casos os sentimentos mais recalcados acabariam por vir ao de cima, e não faltariam os habituais remoques mais frequentes quando se fala da comunidade LGBT. Os direitos das pessoas que escolheram uma sexualidade alternativa ao núcleo familiar tradicional deram um salto considerável desde que o activista e advogado “gay” nova-iorquino Harvey Milk introduziu o conceito na esfera da política, que é onde, por e através de que tudo se decide: tinha nascido um “lobby”. Com o poder de discutir as suas exigências em termos de direitos civis em sede própria, o “lobby” LGBT viria a conquistar o direito ao casamento civil em praticamente todo o mundo livre, e vai caminhando paulatinamente no sentido de tornar “normal” a adopção de crianças, suponho que inicialmente, e durante muito tempo, não tenham pais quem olhe por ela – atenção não confundir adopção com famílias de acolhimento, que acolhem menores a título temporário. Argumento frequente e falacioso: pais a quem sejam retirados os filhos devido a abusos ou maus tratos, ou que estejam a cumprir uma pena de prisão, podem ser adoptadas por casais “gay”, e assim “arrancadas de uma família normal”, o único que os opositores à adopção “gay” aceitam como família adoptiva. Estranhamente, ou talvez nem por isso, não se vê a comunidade LGBT a bater-se por esta causa com o mesmo afinco que vimos na questão do casamento, mas aqui há outros valores que se levantam, a começar pelas próprias crianças. E isto leva-me a que diga a minha opinião sobre o assunto, uma vez que me fui dedicando a seguir a evolução do caso, e fiquei positivamente surpreendido com a paz com que decorreu esse processo, sem exibicionismo ou espalhafato, e não consta que crianças tenham sido usadas como extras em paradas “gay”. Perante isto, não me oponho, uma vez que não me diz respeito directamente, e não se prevê que surjam mais tarde, e só me afectam se eu quiser”. É verdade, e esta é a altura ideal para malhar o ferro, enquanto ainda está quente. [quote_box_left]Os homens heterossexuais são quem tem o maior problema com os homossexuais, pois estes têm uma “fraqueza”…uns pelos outros, o que causa alguma estranheza aos restantes, que nunca “provaram” daquele prato, e se calhar também não é assim tão mau como dizem: vejam como eles estão felizes?[/quote_box_left] Assim, tendo ficado ponto assente que a homossexualidade não era tão impeditiva da adopção, tratando-se aqui de uma mera relação hierárquica familiar. Não foram argumentos que chegasse para deter os opositores da ideia, que desta feita ficaram com a sempre rígida e sensaborona Igreja, e não queriam muitas misturas com a extrema-direita ou adoptar outra posição que interferisse com a angariação de votos. Aqui todos os argumentos que ouvi foram lancinantes. De uma agudeza e de uma brutalidade que só leva a que todos fiquem prejudicados, e se levante novamente o fantasma do ódio por homossexuais, conhecido por “homofobia”. Os homens heterossexuais são quem tem o maior problema com os homossexuais, pois estes têm uma “fraqueza”…uns pelos outros, o que causa alguma estranheza aos restantes, que nunca “provaram” daquele prato, e se calhar também não é assim tão mau como dizem: vejam como eles estão felizes? Agora que as crianças podem ser usadas como arma de arremesso, reiteram-se alguns conceitos ultrapassados, ou se for necessário inventam-se outros. É aqui que o meu estômago e a minha paciência se esgotam, e fica o pão por comprar. As alegações que mesmo assim foram zunindo nos meus ouvidos incluíam coisas como a ligação ao útero materno, o leitinho, e cheguei a ver uns mesmo muito patuscos, de que passo a citar dois: “as crianças ficam sem saber o que comprar no dia da mãe”, e “toda a gente sabe que as primeiras palavras de uma criança são papá e mamã” – ai que lá fica a criança muda por causa disso. O problema aqui no fundo ainda é um pouco a mentalidade antiga, que vê a sexualidade com um olhar muito “biológico” e ao mesmo tempo “mecânico”, ciente do que entra onde, e faz o quê. Torna-se imperativa a figura da mãe, ignorando-se o facto de muitas família serem monoparentais, e só as crianças para a adopção passam a merecer destaque, especialmente as que pretendem ser adoptadas por dois homens. Aqui o primativismo do falo, da imponência e tudo isso pode ter alguma coisa a ver com os receios, ou o desconforto, mas por outro lado nas meninas é mais tolerado. Quem defende a tese da obrigatoriedade da figura da mãe e se isto se desmontar recordando que as crianças para a adopção não têm pai nem mãe, passa-se ao argumento das leis da natureza. Ora na natureza não existe a figura da adopção, então para quê separar o que estava (bem) misturado. Seja como for o debate sobe sempre de tom, culminando por vezes com alguém que desabafa: “não se devem deixar as crianças com homossexuais” – bingo. Irónico fica se for um elemento da Igreja Católica a dizê-lo. E é a Igreja que fica a torcer o nariz com o casamento que terá que repartir com o registo civil, que “casa homens com homens. E baralha-se, dá-se, e acaba sempre tudo na mesma. Boas Férias a todos em geral, e em particular aos que vão agora de férias no mês de Agosto.
Rui Flores VozesA quem interessa a tensão em Calais? [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omecemos com um facto: entre refugiados, deslocados, pessoas em busca de asilo e apátridas há presentemente 55 milhões de seres no mundo. Isto equivale a cinco vezes a população de Portugal! Estes 55 milhões de pessoas são potenciais imigrantes a caminho de países em desenvolvimento. Entre esses, a Europa é uma das zonas do globo às quais os imigrantes mais apostam em chegar. Os refugiados partem sobretudo de África – Sudão, Somália, Líbia, Eritreia – ou do Médio Oriente, da Síria e do Iraque, com a Europa ali tão perto. Mas saem também do Afeganistão. Fogem à guerra, a conflitos internos, a perseguições políticas, à pobreza. Nada têm a perder. Partem com uma pequena réstia de esperança numa vida melhor, na possibilidade de poderem dar um futuro à família e a eles próprios. Para muitos, as precárias condições de vida que criaram nos acampamentos improvisados nos arredores de Calais, no norte de França, enquanto aguardam a oportunidade de se enfiarem no atrelado de um camião ou de conseguirem fazer a travessia no túnel no Canal da Mancha, são apenas um pouco piores do que aquelas que experimentaram nos campos de acolhimento para onde fugiram quando eclodiram os conflitos nos seus países de origem. Noutros casos, também as suas aldeias não têm água canalizada nem electricidade. Quem nada tem, nada tem a perder. No fundo, têm muito: uma força irresoluta que lhes permite não ceder aos milhares de quilómetros que tiveram de percorrer, às intempéries, à polícia. A sua capacidade de resiliência é enorme. São pois algumas destas pessoas que se encontram por estes dias em França. Depois da ilha italiana de Lampedusa, bem perto do continente africano, no início do ano, a tragédia humana dos que esperam chegar a um oásis de civilização mudou-se para Calais. E o circo noticioso mudou-se para lá também. É vê-los a todos – CNN, BBC… RTP – a transmitir em directo desde a porta de saída da Europa continental para o Reino Unido. É curioso, no entanto, que a imprensa internacional não mostre o drama dos refugiados que entram na Europa pela Hungria. Foi por essa fronteira a leste da União Europeia que muitos dos que aguardam a passagem para o outro lado do Canal da Mancha começaram a sua odisseia no interior da Europa. E é lá, na Hungria, que o governo conservador do primeiro-ministro Viktor Órban está a construir um muro de 170 km na fronteira com a Sérvia para travar um fluxo migratório sem precedentes. Até Junho, segundo os dados oficiais, ascendiam a 80.000 pessoas as que tinham atravessado a fronteira. Já em Itália o número era de 55.000. Na Grécia, 45.000. O total europeu andaria pelos 175.000. A partir de Calais, segundo os dados disponíveis, apenas 3.000 pessoas conseguiram chegar ao Reino Unido. Os refugiados procuram sobretudo chegar à Alemanha. No primeiro trimestre deste ano, Berlim teve de lidar com quase 50.000 pedidos de asilo, seguida pela França a uns distantes 17.000 requerimentos e o Reino Unido com menos de 13.000. [quote_box_right]Esta crise reforça sentimentos nacionalistas que estão a ganhar terreno na Europa. A repetição das imagens de Calais permitem que quem quer fechar a Europa a mais imigrantes ganhe popularidade[/quote_box_right] Devemos pois interrogarmo-nos: se a “crise” em Calais é de uma dimensão muito menor do que a que se vive na Itália, na Hungria ou na Grécia, porque é que a imprensa internacional está agora tão preocupada em narrar o que ali se passa? E porque é que o Governo britânico está tão empenhado em mostrar como esta crise sem precedentes afecta a estabilidade do reino de Sua Majestade? Dito de outra forma, ao contrário de se olhar apenas para Calais, é preciso ver o quadro geral. E no quadro geral está um primeiro-ministro britânico – que agora apela à União Europeia ajuda na resolução da crise dos refugiados – que aquando das últimas negociações, a pedido de Itália, se recusou a acolher refugiados. Este mesmo primeiro-ministro britânico comprometeu-se a fazer um referendo sobre a continuidade britânica nos tratados da União Europeia. Tem no interior do seu país partidos nacionalistas a crescer – partidos que recusam o carácter pacifista do Islão, como, por exemplo o UKIP – e que procuram acabar com o apoio concedido a quem consegue atravessar o estreito e encontra asilo no Reino Unido. A continuidade desta crise – as negociações no interior da União Europeia deram em nada nesta segunda-feira – tenderá a reforçar sentimentos contra a integração. Já esta semana a presidência da câmara de Calais clamou que a Europa não estava a ajudar, mas que eles franceses haviam ajudado a Grécia. Onde está a solidariedade europeia? Onde está a partilha da responsabilidade? Perguntava o presidente da Câmara de Calais, mas havia dito também o primeiro-ministro italiano quando no passado os Estados se revelaram reticentes em ajudar Roma a lidar com o problema de ter uma ilha tão perto da Líbia. Esta crise reforça sentimentos nacionalistas que estão a ganhar terreno na Europa. Viu-se com a questão grega, quando de certa forma o norte continental se opôs ao sul europeu, mediterrâneo. Viu-se com a crise dos imigrantes na Itália. Vê-se de novo agora, com Marine Le Pen, líder da Frente Nacional francesa, a vociferar que é preciso mais navios de guerra no Mediterrâneo para impedir que alguém passe. Os sinais de desunião são evidentes. O ministro sueco da justiça e da imigração acusou David Cameron de estar a pagar o preço de não ter aceitado mais refugiados; e o Presidente da República Checa veio afirmar que a crise de imigrantes é uma consequência da estratégia militar europeia e americana no Médio Oriente. A repetição das imagens de Calais e a manutenção deste status quo permitem que quem quer fechar a Europa a mais imigrantes ganhe popularidade. No final, é a Europa como um projecto comum de integração política que sai a perder. Aqueles que estão interessados nisso estão claramente por cima.
Sérgio Fonseca DesportoGP | Conhecido o número de vagas para os pilotos locais [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Geral Automóvel de Macau China (AAMC) publicou um boletim no início da semana, na sua página electrónica, com o número de vagas para os pilotos locais para as corridas Taça de Carros de Turismo de Macau – CTM e Macau Road Sport Challenge da 62ª edição do Grande Prémio de Macau. A exemplo do ano passado foram abertas 40 vagas no total para as duas corridas, mas com uma distribuição diferente. Sendo assim, depois de disputadas as duas jornadas duplas de apuramento no Circuito Internacional de Zhuhai, 24 dos 27 concorrentes que disputaram as quatro corridas da categoria “AAMC Challenge” vão ter entrada directa na Taça de Carros de Turismo de Macau – CTM. Quer isto dizer que todos os macaenses e portugueses que participaram na competição foram apurados, incluindo aqueles que passaram por maiores dificuldades nos dois eventos realizados na pista permanente da cidade chinesa adjacente à RAEM, como Hélder Rosa ou Rui Valente. Com uma grelha de partida que contempla 36 viaturas, os restantes participantes virão do Campeonato de Hong Kong de Carros de Turismo (HKTCC), que este ano contou apenas com oito concorrentes, a que se juntarão alguns convidados da China continental e, provavelmente, de outras paragens do continente asiático. Estrelas de fora Dado o maior interesse global que existe na categoria Road Sport, o número de vagas disponíveis para os pilotos locais foi de apenas 16, duas menos que em 2014, o que, por agora, deixa de fora vários nomes sonantes da categoria. O vencedor por quatro ocasiões e recordista de vitórias na Corrida Macau Road Sport Challenge, Sun Tit Fan, não conseguiu o apuramento automático, assim como o ex-campeão de Macau da categoria Un Wai Kai, o português Sérgio Lacerda ou o veterano macaense Belmiro Aguiar. Estes terão que esperar por desistências ou por pilotos que optem por alinhar noutras corridas do extenso programa do Grande Prémio, para ter acesso à prova principal da temporada. Aqueles que não participarem também não estarão habilitados ao subsídio a pilotos locais participantes nas corridas no exterior em 2016. Entretanto, segundo o regulamento da Corrida da Guia de Macau 2.0T – Suncity Grupo, dada a natureza da prova, os pilotos de Macau e Hong Kong que queiram participar necessitam de convite por parte da AAMC. O 62º Grande Prémio de Macau realiza-se entre os dias 19 e 22 de Novembro deste ano e as inscrições para as duas corridas aqui mencionadas deverão abrir em breve.
Manuel Afonso Costa Fichas de Leitura h | Artes, Letras e IdeiasLabirintos da Paixão [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]awrence George Durrell nasceu em Jalandhar a 27 de Fevereiro de 1912, no Nepal aos pés do Himalaia e veio a falecer em Sommières no dia 7 de Novembro de 1990. Apesar de ter nascido na Índia é logicamente considerado um romancista inglês. A sua obra mais famosa é o Quarteto de Alexandria, uma tetralogia composta pelos livros Justine (1957), Balthazar (1958), Mountolive (1958) e Clea (1960). O Quarteto de Alexandria tem a particularidade genial para a época de todos os livros contarem a mesma história cada um na perspectiva de uma determinada personagem. O meu preferido é contudo o primeiro livro da tetralogia, designado por Justine, a personagem mais fascinante da obra. Enfim a mais fascinante no quadro das personagens representativas da intriga, pois o poeta Constantino Kavafis apesar de aparecer apenas a espaços acaba por contaminar os textos de um simbolismo que ilumina tudo com a sua luz própria. Em 1974, começou um novo ciclo de romances, o Quinteto Avignon, que seguiria os cenários e técnicas do Quarteto, sendo mais amplo no tempo, porém. Há também interessantes tramas paralelas, como a história do tesouro escondido dos Templários e a ocupação da França pelos nazis. Grande parte da sua vida foi passada longe de Inglaterra, em função da sua vida de diplomata e isso marcou a sua obra. Viveu na Grécia, em Chipre, no Egipto e na Argentina. Labirintos da paixão O romance Justine é outro dos acontecimentos literários da minha vida, como a Conversa na Catedral, O Lobo das estepes, O Danúbio, Os Passos Perdidos, entre outros a que me referirei, ao longo das minhas “Fichas de Leitura” sempre que me parecer apropriado. Devo ainda acrescentar que apesar da óbvia qualidade literária dos romances que marcaram a minha aventura intelectual e poética, há quase sempre elementos de outra natureza responsáveis pela importância e pela paixão que produziram e não raro são indissociáveis da minha própria vida. Atrevo-me a pensar que é sempre assim que as coisas acontecem, salvo talvez no caso dos leitores profissionais que marcam as suas preferências através de outras agendas biobibliográficas. Comigo acontece que posso evidenciar obras apenas pelo seu valor literário e pela importância que me parece que têm desempenhado na História da Literatura e ao mesmo tempo evidenciar outras pelo lugar simbólico que desempenharam na aprendizagem e evolução da minha paixão literária, quer em termos formativos quer apenas em termos lúdicos. A ordem de preferências sofre assim naturais oscilações. Daí que possa construir duas genealogias paralelas ainda que alguns textos pertençam muito naturalmente às duas famílias. Alguns exemplos muito ilustrativos: O Estádio de Wimbledon de Daniel de Giudice foi um dos textos mais importantes para mim nos anos oitenta mas não me atreveria a considerá-lo uma obra-prima nem a integrar o seu autor na lista dos autores de génio do século passado. A Montanha Mágica de Thomas Mann é seguramente um dos momentos chave da História da Literatura do século XX e contudo não desempenhou um papel decisivo na minha formação, enfim talvez tenha desempenhado esse papel no plano intelectual, mas não no plano emocional. Por isso nunca me refiro a ele com o entusiasmo com que me refiro a textos seguramente menos importantes mas muito mais apaixonantes para mim, como se houvesse em mim uma história do pathos ao lado de uma história formal. Uma em quanto professor e outra em quanto simples leitor. Mas as duas acabaram sempre por se intersectar no plano coloquial e não sistemático da experiência literária. O Quarteto de Alexandria de Lawrence Durrel, será um dos casos em que converge a importância historiográfica do autor e da obra com a minha história pessoal e mesmo assim muito forçadamente pois a verdade é que a obra tem vindo a perder a importância que se lhe chegou a atribuir. Para mim contudo não a perdeu pois sobretudo Justine continua a ser para mim uma obra de culto. Todo o Quarteto se passa em Alexandria no período que decorre entre as duas grandes guerras, nesse ambiente excepcional de um cosmopolitismo exacerbado onde convivem pacificamente mas também perigosamente egípcios, gregos, sírios, judeus e ingleses entre muitos outros elementos étnicos. Justine, é o primeiro livro da tetralogia e aparece sobretudo centrado no amor e na paixão. É portanto um bom princípio, pois em boa verdade havendo um princípio de subordinação geral nas questões existenciais e vitais esse princípio só poderia ser ou o amor ou a morte, mas a verdade é que apesar de ambos se conterem e complementarem mutuamente; o amor é mais vital do que a morte. O romance desenvolve-se à volta da vida particular de Justine, a belíssima judia, esposa de Nassim, poderoso banqueiro copta. O narrador, chamado Darley, é um jovem apaixonado pela literatura e ele próprio pretendente à arte da escrita, que virá a conhecer a bela Justine na trama dos encontros e desencontros de um grupo de amigos da sociedade alexandrina. Nesse torvelinho de relações, encontros e desencontros Darley acabará por se envolver não apenas com a misteriosa e enigmática Justine mas também com a frágil Melissa. A partir destas relações subtis e complexas, vai o autor elaborando a rede de episódios sempre marcados por um denso erotismo, sensualidade e tensão. Pressente-se o perigo e o drama, e até o trágico em cada página. A cidade é ela própria, em si, um topos de grandes paixões e emoções, pois tudo nela favorece uma certa irracionalidade: o clima, a miséria, a história compósita, o carácter labiríntico do seu tecido social e étnico hostil às formas de sistematização racional e lógica. Ao acabarmos de ler Justine e depois o resto da tetralogia apetece de modo, também ele, irracional partir para Alexandria e viver lá as emoções que a obra nos promove de modo no entanto sobretudo alusivo ao sabor de uma interseccionismo complexo de elementos culturais, históricos, étnicos, compósitos e indiscerníveis através do logos e onde se vislumbra sempre, como num sonho, uma espécie de beleza prometida, irreal, mas eterna e sobretudo arquetipal.
Filipa Araújo BrevesNovo caso de gastroenterite com sandes adquiridas em Macau A ronda por estabelecimentos comerciais, feita pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), para verificar a existência de alguma agência concessionária que fornecesse sandes da marca “Horng Ryen Jen”, de Taiwan, não correu bem. Depois do IACM assegurar que não havia destas sandes à venda no território, surge um novo caso de gastroenterite depois do consumo deste tipo de sandes, estas adquiridas numa loja de Macau. Num comunicado à imprensa, os Serviços de Saúde (SS), explicam que um jovem de 27 anos ficou internado a receber tratamento depois de consumir uma sandes oferecida por um amigo. “As sandes foram adquiridas numa loja de Macau”, garantem os SS, sublinhando que “de acordo com as informações disponíveis, os amigos, familiares e colegas do doente, num total de seis pessoas, consumiram as sandes, sendo que num deles houve manifestação de sintomas de febre e diarreia tendo recuperado após tratamento”. Este é o terceiro caso de gastroenterite devido às sandes em Macau, ainda que seja o primeiro em que a sandes foi comprada em Macau. O caso já foi entregue ao Centro de Segurança Alimentar do IACM.
Joana Freitas BrevesHomem detido no São Januário Um homem foi ontem detido no Centro Hospitalar Conde de São Januário, depois de ter ameaçado funcionários com um objecto pontiagudo. Até ao fecho desta edição não foi possível apurar quais as motivações do homem, que terá nacionalidade filipina, para o ataque, que não causou feridos. O sucedido levou ao encerramento temporário do edifício administrativo do Centro Hospitalar, obrigando à intervenção da polícia. A situação normalizou ao fim da tarde e, segundo a rádio, o homem teria um garfo na mão.
Joana Freitas PolíticaFunção Pública | Recolha de opiniões sobre novo mecanismo de queixas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo está a efectuar consultas junto dos serviços públicos, trabalhadores da Função Pública e respectivas associações para apresentar o conteúdo da proposta de lei sobre o mecanismo de tratamento das queixas apresentadas pelos trabalhadores dos serviços públicos. Esta é uma lei prometida há mais de três anos, sendo que apenas ontem foi tornado público que o Executivo começou uma ronda de auscultações desde o dia 20 de Julho. O mecanismo tem vindo a ser pedido por deputados e funcionários, uma vez que as actualmente, em caso de queixas, os trabalhadores da função pública têm de recorrer aos seus superiores, o que nem sempre é vantajoso, nomeadamente se os conflitos se derem entre eles. As reivindicações dos funcionários e associações da Função Pública nunca terão sido ouvidas até agora, altura em que o Governo assegura que vai reunir opiniões sobre as melhorias do mecanismo. De acordo com um comunicado, essas melhorias passam pela criação de uma entidade independente que lide com as queixas. “No âmbito do mecanismo de tratamento de queixas seria criada uma comissão especializada que, na qualidade de uma entidade terceira, iria estimular os serviços públicos a receberem e tratarem as queixas dos seus trabalhadores, assegurando-se deste modo um tratamento justo e imparcial a cada queixa apresentada”, começa por apontar o Executivo. “A comissão, caracterizada como uma entidade neutra, além de acompanhar as queixas apresentadas pelos trabalhadores dos serviços públicos, quando necessário poderia proceder a conciliações, no sentido de eliminar qualquer desentendimento ou diferendo entre as partes, ou resolver conflitos nas relações interpessoais.” Vai ainda ser designado um responsável pelo tratamento das queixas dos trabalhadores. As sessões decorrem até 19 de Agosto e, até agora, já contaram com a participação de cerca de 300 pessoas. “Os participantes apresentaram activamente as suas opiniões e sugestões, tais como o âmbito de aplicação, procedimentos do funcionamento, as responsabilidades a assumir pelo queixoso e pelo serviço público, assim como o apoio e instruções que podem ser prestados pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), entre outros. Os participantes comunicaram e interagiram positivamente com o pessoal dos SAFP, tendo sido também trocadas, num ambiente animado, experiências obtidas no tratamento de queixas”, realça um comunicado.
Joana Freitas BrevesLiteratura | Fundação Macau apresenta livro sobre judeus na China “The Jewish Diaspora and the Perez Family Case in China, Japan, the Philippines, and the Americas (16th Century)” é o título do novo livro editado pela Fundação Macau, em conjunto com o Centro Científico e Cultural de Macau e do Instituto Público do Ministério da Educação e Ciência, e que acabou de ser apresentado. O livro é da autoria de Lúcio de Sousa, professor associado da Universidade de Estudos Estrangeiros de Tóquio, e foi originalmente redigido em Português, tendo sido traduzido para a língua inglesa por Joseph Abraham Levi, professor da Universidade George Washington. “São muito poucos os estudos sobre o exílio dos judeus em Macau. Este livro aborda a diáspora judaica em Macau e a sua relação com esta cidade e vem preencher uma lacuna que existia nos estudos realizados sobre Macau”, indica um comunicado da Fundação Macau. O livro cita diversos documentos antigos espanhóis e, com a análise à vida da família Perez na China, no Japão, nas Filipinas e na América Latina, descreve a diáspora de uma família de judeus comerciantes nascida em Viseu e também a vida das comunidades judaicas em Macau, em Manila e em Nagasaki no séc. XVI. É ainda feita uma narração detalhada sobre a diáspora judaica durante a Era dos Descobrimentos, assim como o exílio dos judeus e a sua relação com os negócios marítimos e com as actividades comerciais e religiosas. O livro está à venda nas livrarias de Macau pela quantia de cem patacas.
Filipa Araújo BrevesH&M | Galaxy recebe segunda loja em Macau A cadeia de lojas H&M irá abrir as portas da sua segunda loja em Macau, no Galaxy, já na próxima semana. A inauguração está agendada para dia 14 pelas 10h00. Sendo a maior loja no território, o espaço terá mais de 2200 metros quadrados, dividido em dois andares. A H&M irá oferecer um vale de 500 patacas ao seu primeiro cliente, e cem patacas aos 149 clientes seguintes. A loja estará aberta das 10h00 às 11h00 de segunda a quinta-feira, e das 10h00 à meia-noite de sexta-feira a domingo.
Joana Freitas SociedadeSS | Tribunal confirma punição a enfermeira que falsificou documentos [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma enfermeira do Centro Hospitalar Conde de S. Januário perdeu um recurso no Tribunal de Segunda Instância (TSI), que lhe confirmou uma acção disciplinar e aposentação compulsiva, além do pagamento da indemnização. De acordo com um acórdão ontem tornado público, o caso remonta a 2011, quando a mulher se terá “aproveitado do mecanismo de cálculo de compensação por trabalho extraordinário adoptado pelo CHCSJ (compensação essa é calculada com base na hora em que conclui a consulta do último utente registada no sistema informático, acrescida de 20 minutos para arrumações)” para pedir pagamentos por horas que não teria feito. “Agiu repetidamente durante um longo período de tempo a furtar senhas de acesso ao sistema de informação clínico dos médicos para activar o referido sistema depois dos médicos concluírem as consultas e saírem do gabinete de consulta, lendo os registos clínicos dos utentes sem autorização e alterando as horas de armazenamento dos registos clínicos, para que recebesse as compensações pecuniárias de trabalho extraordinário por meio fraudulento”, pode ler-se no acórdão. A 20 de Julho de 2012, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, proferiu um despacho, determinando a instauração de um processo disciplinar contra a enfermeira. Também o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, na altura Cheong U, proferiu um despacho no ano de 2013, determinando a aplicação de pena de aposentação compulsiva à profissional e a reposição das quantias de compensação por trabalho extraordinário indevidamente recebidas. A mulher, contudo, interpôs recurso contencioso para o Tribunal de Segunda Instância, alegando vícios e falta de fundamentação nas decisões dos responsáveis. O TSI, contudo, não admitiu as alegações. Todos os factos foram, segundo o tribunal, apurados para a punição e “foi demonstrada a falsificação dos registos de trabalho extraordinário pela recorrente”. A mulher alegou ainda violação da lei porque nem o relatório, nem o acto administrativo, indicaram as quantias exactas indevidamente recebidas que deveriam ser restituídas, mas o TSI considera que “embora o acto administrativo não mencionasse as quantias exactas, verificava-se do aludido acto que este remetia a liquidação para a Direcção dos Serviços de Saúde em conformidade com as informações da causa, cálculo que posteriormente foi efectuado, de que a recorrente foi notificada, não havendo, portanto, desrespeito” à lei. O TSI negou, então, provimento ao recurso, mantendo as decisões dos responsáveis da Saúde.
Leonor Sá Machado BrevesHospital das Ilhas | Aberto concurso para construção de fundações Está aberto o concurso público para a construção das fundações de parte do Hospital das Ilhas, situado no Cotai. O anúncio, publicado em Boletim Oficial, prevê um prazo máximo de cerca de ano e meio para a finalização da obra, estando elegíveis “todas as entidades inscritas” na Direcção dos Serviços de Solos, Transportes e Obras Públicas (DSSOPT) para execução de obras. A proposta de abertura do concurso foi feita pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas e está em causa a construção das fundações por estacas e suporte do Edifício do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico. A caução apresentada no mesmo despacho é de 25,6 milhões de patacas. O GDI exige que 60% da decisão tenha em conta o critério de razoabilidade de preço.
Leonor Sá Machado BrevesGP | Costa Antunes fica como Coordenador da Comissão A Comissão do Grande Prémio (GP) volta a ter, por mais um ano, João Manuel Costa Antunes como coordenador. De acordo com despacho publicado em Boletim Oficial, o português voltou a ser nomeado para cumprir funções à frente da organização do GP, como tem acontecido há já vários anos. O prazo da nova nomeação estende-se de 20 deste mês a 31 de Dezembro.
Joana Freitas Manchete PolíticaNovo Macau | Scott Chiang substitui Sou Ka Hou na presidência No final do mês, Sou Ka Hou deixa a presidência da Novo Macau para continuar os estudos. No seu lugar fica Scott Chiang, que se diz preparado para continuar o trabalho do colega. Jason Chao é candidato à vice-presidência, cujas eleições acontecem daqui a duas semanas [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]cott Chiang vai substituir Sou Ka Hou na presidência da Associação Novo Macau. O anúncio da despedida de Sou aconteceu ontem no Facebook do jovem activista e foi depois confirmada ao HM por Scott Chiang, que vai ocupar o lugar do colega. Jason Chao já confirmou que se vai candidatar à vice-presidência da Associação. Sou Ka Hou deixa a presidência “no final de Agosto” para ir estudar para Taiwan, onde vai fazer uma pós-graduação. Os membros da Novo Macau foram avisados há poucos dias. “Ele apresentou a sua demissão a semana passada e tivemos uma eleição na passada terça-feira. Agora sou eu quem vai ficar na presidência, conforme a escolha”, explicou ao HM Scott Chiang, cujos objectivos não diferem muito dos de Sou Ka Hou. “Os meus planos são semelhantes. Primeiro vou acabar o resto do mandato e continuar com o que foi definido por Sou Ka Hou, com o plano de trabalho que ele já preparou e o trabalho com os outros membros da administração [da Associação].” O bom líder Ainda não se sabe quem fica na vice-presidência da Novo Macau, ocupando o lugar que pertencia a Scott Chiang. Só “daqui a duas semanas” vão acontecer as eleições para este cargo, mas Jason Chao revelou ao HM que vai ser candidato. “Correcto, vou candidatar-me à vice-presidência”, começou por dizer, acrescentando estar “optimista”, mas descartando mais comentários por não ser oportuno. Questionado sobre a decisão de Sou Ka Hou, Jason Chao diz respeitá-la e confessa que o trabalho do colega, até agora, foi bem executado. “Ele era um bom líder, conseguiu manter relações com diversos grupos da sociedade, algo que eu não consegui fazer enquanto presidente, mas ele foi muito bom neste aspecto também.” Jason Chao não poderia candidatar-se à presidência da Novo Macau, uma vez que foi eleito por duas vezes e considera que uma nova candidatura iria contra os regulamentos da Associação. O HM tentou chegar à fala com Ng Kuok Cheong, mas não foi possível até ao fecho desta edição. Adio, adieu… As eleições para a liderança da Novo Macau contaram apenas com Chiang como o único candidato disponível para ocupar o cargo. Na hora de votar, estiveram presentes oito pessoas, todas membros do quadro, as mesmas que podiam candidatar-se ao lugar. Incluía-se Ng Kuok Cheong, deputado, mas não o colega do hemiciclo, Au Kam San. Sou Ka Hou esteve no comando da Novo Macau durante um ano, tendo dito ontem que a decisão de regressar ao estudos deveria ter sido tomada o ano passado, mas salientando que, “de modo geral”, considera ter feito alguns bons ajustamentos na Associação. No anúncio do Facebook, aquele que era o mais jovem presidente da ANM, dizia que o regresso aos estudos era vontade sua e da família e que tudo o que fez pela Associação não poderia ter feito sozinho. “Houve um choque geral com a minha decisão de ficar com esta batata quente nas mãos, mas definitivamente não conseguia ter feito o que fiz sem a ajuda dos meus parceiros. Qualquer decisão que tomasse nunca iria ser a melhor e a minha demissão pode ser vista como irresponsável, mas sempre acreditei que este [cargo] era apenas um título, não tendo relação directa com as iniciativas e acções que levamos a cabo. Acredito que os meus sucessores têm a capacidade de fazer este trabalho.” Sou Ka Hou deveria ter ficado na presidência até Julho do próximo ano. O jovem escreve ainda na carta de despedida que a Novo Macau é de extrema importância para a sociedade e que esta ajuda em diversas formas a sociedade civil. Numa entrevista dada ao HM há pouco tempo, Scott Chiang dizia que não gostaria de ocupar o lugar de presidente neste momento, mas não descartava o facto de que se fosse o único, um dia, o poderia fazer. “A verdadeira resposta é que nesta Associação o cargo de presidente é só um cargo, basicamente quem tem disponibilidade para assumir o cargo candidata-se. Não é uma coisa que esteja relacionada com a capacidade, mas sim um conjunto de factores, companheirismo, disponibilidade, vontade para o fazer. Claro, se algum dia for o único disponível para tal, porque não?”, disse, na altura, ao HM. Sou Ka Hou ainda se vai manter ligado à Novo Macau e Chiang ocupa o cargo no dia 1 de Setembro.
Joana Freitas BrevesMGM com quebra de 44% nas receitas A MGM China registou no primeiro semestre um lucro de 1700 milhões de dólares de Hong Kong, menos 43,98% do que no mesmo período de 2014. Os dados contabilísticos da empresa de jogo, detida maioritariamente pela norte-americana MGM e que tem como co-presidente Pansy Ho, filha de Stanley Ho, estão disponíveis no portal da companhia e referem também receitas de 9036,6 milhões de dólares de Hong Kong arrecadados nos casinos, uma queda de 33,4% face aos primeiros seis meses de 2014. Já no capítulo das outras receitas, a MGM arrecadou 166,98 milhões de dólares de Hong Kong, valor 13,59% superior ao apurado no primeiro semestre de 2014. Com os resultados obtidos, a MGM vai distribuir 44,7 cêntimos de dólar de Hong Kong por acção, menos 44% do que o valor pago no primeiro semestre de 2014. No total, a empresa encaixou receitas de 9203,6 milhões de dólares de Hong Kong, menos 33% do que nos primeiros seis meses do ano passado com o EBITDA ajustado a fixar-se em 2.435,7 milhões de dólares de Hong Kong, menos 36,19% em termos homólogos. Na componente hoteleira, a MGM registou uma taxa de ocupação de 98,2%, menos 0,4% do que no mesmo período do ano passado. Em linha com o previsto, segundo a MGM, continua a construção do novo empreendimento da empresa nos aterros do Cotai, um espaço que deverá abrir portas no último trimestre de 2016, que terá 1500 quartos e espaço para albergar 500 mesas de jogo, mas que no global terá 85% do seu espaço dedicado ao sector não jogo.
Hoje Macau Manchete SociedadeCabo Verde | Activistas contra casino-resort de David Chow Cerca de 40 activistas estão a ocupar o espaço onde será erguido o novo empreendimento do empresário de Macau David Chow e asseguram que este é apenas o primeiro passo contra a construção. O presidente da Câmara da Praia já pediu ajuda às autoridades [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da câmara da Praia, Ulisses Correia e Silva, apelou ontem às autoridades para que desocupem o ilhéu de Santa Maria, onde cerca de 40 activistas estão acampados para impedir a construção do empreendimento turístico de David Chow. “Era o que faltava as pessoas agora decidirem fazer a ocupação dos espaços públicos, espaços que pertencem ao património de toda a comunidade e do país”, disse Ulisses Correia e Silva, apelando para a intervenção das autoridades para desocupar o ilhéu de Santa Maria. Cerca de 40 elementos do movimento “Korrenti di Ativista” estão, desde o início desta semana, acampados no ilhéu de Santa Maria, defronte à Cidade da Praia, em protesto contra a construção do empreendimento. Os activistas, que se dizem dispostos a permanecer na ilha o tempo que for necessário para impedir o início das obras, defendem que o empreendimento irá servir sobretudo para trazer para Cabo Verde “lavagem de capitais, prostituição e turismo sexual”. “Não está demonstrado, nem é intenção criar ali nenhum fenómeno de turismo sexual ou de turismo de droga ou de jogos que possam levar a situações de crime para o país”, sustentou Ulisses Correia e Silva, citado pela Rádio de Cabo Verde. O presidente da câmara da Praia e líder do maior partido da oposição, o Movimento para a Democracia (MpD), defendeu as vantagens do empreendimento, alertando para o risco de, com estas acções, se “afugentarem investidores”. “Não devemos criar quadros no nosso país que afugentem investidores, que conotem negativamente investidores, que criem estigmas”, disse Correia e Silva. “Posicionámo-nos favoravelmente a investimentos que possam trazer para a cidade da Praia e para Cabo Verde criação de riqueza, crescimento económico, emprego e rendimento, que é o que o país precisa”, sublinhou. O empreendimento, cujo projecto foi recentemente apresentado na Praia e representa um investimento de 250 milhões de euros, ocupará uma área de 152.700 metros quadrados, que inclui o ilhéu de Santa Maria e parte da praia da Gamboa. O complexo, que inaugurará a indústria de Jogo em Cabo Verde, prevê a construção de um hotel-casino a instalar no ilhéu de Santa Maria, uma marina, uma zona pedonal com comércio e restaurantes, um centro de congressos, infra-estruturas hoteleiras e residenciais na zona da Praia da Gamboa e uma zona de estacionamento. Segundo o contrato assinado entre o Governo e a Legend Development Company, de David Chow, a concessão será de 75 anos prorrogáveis por mais 30 e prevê ainda a construção de um hotel na Ilha do Maio. Chow terá ainda o monopólio do Jogo. Sem desistir O empresário chinês David Chow, que é também cônsul honorário de Cabo Verde em Macau, diz que o projecto está pronto a arrancar e deverá estar concluído dentro de três anos. Estima-se que venha a criar mil postos de trabalho. Apesar de não haver ainda data prevista para o arranque das obras, o movimento “Korrenti di Ativista” adianta que é preciso começar a mobilizar as pessoas contra o que consideram “um investimento para ricos” O movimento “Korrenti di Ativista” é uma organização não- governamental cabo-verdiana que junta associações que intervêm junto das crianças e jovens dos bairros mais desfavorecidos da Cidade da Praia. Os activistas estão acampados no ilhéu de Santa Maria. “Estamos a ocupar a ilha. A ilha está abandonada e o Governo quer vendê-la e não podemos aceitar que um pedaço de terra de Cabo Verde seja vendido”, disse à agência Lusa João Monteiro, mais conhecido por UV, da Associação Pilorinhu, uma das que apoia crianças e jovens em risco. “Nós, os pobres não temos nada a ganhar com isso”, sublinhou João Monteiro, que considera as perspectivas de emprego que o novo empreendimento pode gerar “muito fracas em relação às consequências sociais gravíssimas que daí advêm”. João Monteiro alertou ainda para as consequências ambientais que a construção do complexo turístico terá em algumas espécies existentes na zona, que, acredita, irão desaparecer. Os activistas adiantam que a ocupação da ilha é a primeira fase da estratégia de luta contra a construção do complexo turístico e apelam para a mobilização e o apoio da população para esta causa. O HM tentou obter um comentário junto da Macau Legend de David Chow, mas não foi possível até ao fecho desta edição.
Joana Freitas BrevesPME | Subdirector dos Serviços de Economia preside a comissões O actual subdirector dos Serviços de Economia, Tai Kin Ip foi nomeado presidente da Comissão de Apreciação do Plano de Garantia de Créditos a PME e da Comissão de Apreciação relativa ao Plano de Garantia de Créditos a Pequenas e Médias Empresas Destinados a Projecto Específico. De acordo com despacho publicado em Boletim Oficial, fazem também parte das comissões a ex-deputada e CEO da Associação Industrial de Macau, Tina Ho Teng Iat, o ex-membro do Conselho Consultivo do Fundo de Pensões, Vong Sin Man, e Chan Yuk Ying, representante de uma sociedade de auditores. Entre os membros substitutos nomeados está o ainda deputado Lau Veng Seng. Tai Kin Ip já havia sido nomeado presidente da Comissão de Apreciação do Plano de Apoio a Pequenas e Médias Empresas, em Abril passado. As nomeações têm efeito a partir de 14 deste mês e a duração de um ano.