Arnaldo Gonçalves VozesGeometria Eleitoral [dropcap style=’circle’]1[/dropcap]. As nossas democracias liberais assentam em três ou quatro regras simples. A eleição através do voto directo ou universal dos representantes do povo, com assento numa assembleia parlamentar que é a expressão das alternativas políticas. Um mandato curto do governo liderado pelo partido vencedor na pugna eleitoral ou legitimado por um acordo de partidos que funciona, no parlamento, como bancada de apoio ao governo. Um árbitro, monarca ou presidente da república, que dá posse ao governo com base nos resultados eleitorais, fiscaliza a sua acção política, demite o primeiro-ministro em certas circunstâncias ou aceita a sua resignação. Um poder judicio-constitucional que fiscaliza as consequências jurídicas da actuação dos governantes, a constitucionalidade das leis – aferida à priori, ou a posteriori – a pedido do presidente da república ou por iniciativa de um partido ou grupo de partidos. O sistema funciona em regra, bem e permite ajustamentos ao mandato dos governantes. Dilatando o termo do governo a que a maioria dos eleitores dá nota positiva, dando a um novo partido a oportunidade de governar ou abreviando o mandato quando a coligação que sustenta o governo se dissolve, ou o chefe do partido maioritário se demite. Em regra, os eleitores não acolhem soluções de ruptura salvo quando a crise económica ou a perda de credibilidade dos políticos urge uma mudança radical de protagonistas. Na última década se olharmos para as eleições parlamentares, nas principais democracias do continente europeu, os eleitorados têm preferido soluções de estabilidade, forçando os partidos melhor posicionados a entenderem-se e a coalizarem-se à saída das eleições. Assim aconteceu nos seguintes países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Lituânia, Luxemburgo, Noruega, Polónia e Portugal. A única excepção é a Grã-Bretanha que viu renovar-se a confiança no partido conservador por razões parcialmente atribuíveis ao fracasso da liderança trabalhista. 2. Ao contrário do que gostariam os líderes do Partido Social-Democrata e do Partido Socialista o eleitorado português deverá preferir, nas eleições de 4 de Outubro, uma de duas soluções: a manutenção da maioria PSD-PP mas com margem menos expressiva; a vitória do PS, com maioria relativa. Em qualquer destas situações, o cenário resultante não é, de forma alguma, do agrado do Presidente Cavaco Silva, porque o forçará a um papel mediador que ele manifestamente não quer assumir. As razões, sucintamente, têm a ver com o seu perfil conservador, o seu trajecto em responsabilidades governativas, a história do seu relacionamento com Mário Soares e a avaliação política que faz de Passos Coelho e António Costa. Na percepção desta abulia presidencial para encontrar uma solução que não seja ditada pelos resultados eleitorais, os dois partidos-charneira do arco de governação arriscam pouco. Isso constata-se em dois elementos precisos: os programas eleitorais da Plataforma Mais Futuro para Portugal e do Partido Socialista; a formação das listas para deputados. Um olhar atento aos programas eleitorais de PSD-PP e PS revela que as duas forças políticas não estão assim tão distantes nas apostas e nos objectivos eleitorais como a verbosidade do discurso político deixa transparecer. Ao acirrarem divergências de ‘fundo’, os dois campos deixam margem de manobra para uma negociação pós-eleitoral que muitos crêem inevitável. Dê-se uma olhadela, por exemplo, às medidas que os dois contendores propõem para a reforma da segurança social, para o plafonamento das pensões, para a taxa social única, para a devolução da redução remuneratória dos salários dos funcionários públicos, para a redução da taxa do IRS e a reforma do IRC, para o Sistema Nacional de Saúde e para a política europeia. São sobretudo diferenças de estilo, discrepâncias de metodologia, disparidades na aferição dos impactos de medidas dirigidas a diminuir as restrições impostas pelo Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal. Do lado da Plataforma Mais Futuro, quer-se dar um sinal aos eleitores que é possível agora, relaxando as políticas de restrição orçamental e redução salarial e de benefícios sociais, recuperar a qualidade de vida dos portugueses perdida nos últimos quatro anos. Do lado do PS, vinca-se que o país está na mesma situação que em 2010, que o governo se tem mostrado incompetente para aliviar as políticas duras impostas pela Troika, que o programa da coligação é um emaranhado de medidas sem consequências de monta ou irrealistas. [quote_box_left]Um olhar atento aos programas eleitorais de PSD-PP e PS revela que as duas forças políticas não estão assim tão distantes nas apostas e nos objectivos eleitorais como a verbosidade do discurso político deixa transparecer[/quote_box_left] Também na formação das listas prevalece o mesmo calculismo. Da parte de Passos Coelho, fazer eleger para a Assembleia o bloco duro que o tem apoiado no governo e no Parlamento. Bloco formado por nomes como Moreira da Silva (Braga), Manuel Frexes (C. Branco), José Cesário (Fora da Europa), Teresa Morais (Leiria), Aguiar Branco (Porto), Teresa Leal Coelho (Santarém), Maria Luís Albuquerque (Setúbal), Carlos Amorim (V. Castelo) e Luis Ramos (Vila Real). Ao mesmo tempo, manter o isolamento da oposição interna liderada por Manuela Ferreira Leite e Pacheco Pereira (com António Capucho já fora do partido). Do lado de António Costa, construir um bloco homogéneo de apoio ao líder no parlamento formado por antigos socratistas: Carlos César (Açores), Capoulas Santos (Évora), Ferro Rodrigues (Lisboa), João Galamba (Lisboa), Isabel Santos (Porto), Vieira da Silva (Santarém) ou Eduardo Cabrita (Setúbal). Grupo a que se adicionou quadros que poderão ser designados pela ala ‘costista’ do PS: Pedro Nunes dos Santos (Aveiro), Helena Freitas (Coimbra), José Apolinário (Faro), Margarida Marques (Leiria), Alexandre Quintanilha (Porto) ou Ana Catarina Mendes (Setúbal). Um último objectivo passa por dividir a minoria ‘segurista’, repescando para a lista Manuel Vilaverde Cabral (Braga), Eurico Brilhante (C. Branco) e Alberto Martins (Porto). 3. Não é antecipável, assim, uma alternativa significativa ao quadro exposto. A menos que na campanha eleitoral surja algum episódio associado ao historial político e profissional dos dois líderes que provoque um motim nas escolhas dos eleitores. Passos Coelho parte para esta sua segunda campanha numa situação relativamente confortável. Em termos do desempenho do governo e do comportamento da economia os números são-lhe favoráveis. Segundo dados extraídos da Pordata, o PIB (a riqueza nacional) cresceu de forma sustentada entre 2010 e 2014 com uma variação de mais 3 por cento. O PIB per capita (a riqueza anual disponível para cada português) cresceu 1.24% no mesmo período, cifrando-se agora em 16 600 euros. O número de beneficiários do subsídio de desemprego caiu, entre 2011 e 2014, colocando-se em Dezembro passado em 304 000 pessoas. A dívida pública que cresceu 21% entre 2005 e 2009 e 24.3% entre 2009 e 2011 (anos de governos de Sócrates) cresceu 21% do PIB entre 2011 e 2014, o que é uma significativa recuperação quanto ao período imediatamente anterior. Menos simpáticos os dados das despesas do Estado, do consumo público e da carga fiscal. As primeiras não se reduziram tanto quanto Passos Coelho prometeu na sua campanha de 2011. Passaram de 48. 6 mil milhões de euros em 2011 para 48.4 mil milhões de euros em 2014. O consumo público passou de 19.4% do PIB em 2010 para 18.6% em 2014, o que representou uma queda de 4.12%. Finalmente, a leitura da carga fiscal em rácio do PIB revela um agravamento entre 2010 e 2014 (30.2% no primeiro ano e 34.4% no segundo) com um pequeno ganho entre Dezembro de 2013 e 2014. Nada mal para quem governou sob programa de assistência financeira do FMI e das instituições europeias. Também as sondagens têm confirmado o veredicto não totalmente desfavorável às pretensões de Passos Coelho e à estratégia que escolheu para passar uma mensagem central de prudência da acção do governo e da necessidade de um segundo mandato para ‘arrumar a casa’. Iremos saber adiante se essa estratégia foi avisada pela prudência ou fracassou por ausência de ambição. O que parece para já possível dizer é que existe um país retratado nas redes sociais e nos espaços de comentários nas televisões e nos jornais que pressagia o apocalipse. Existe um outro que se manifesta nas sondagens que prefere a estabilidade e a continuidade de políticas reformadoras ao aventureirismo das rupturas.
Andreia Sofia Silva EventosCriativo de Macau expõe foto-montagens em Lisboa [dropcap style=’circle’]B[/dropcap]ibito ou Margaret Tatcher? Henrique Silva ou Cavaco Silva? Todos eles numa só imagem e, no fundo, nenhum deles. Ironia e “imposturas” marcam as imagens que o designer português Henrique Silva, ou Bibito, radicado em Macau, vai expor no espaço “Passevite White Cube”, em Lisboa, intitulada “I had a dream – Eu tive um sonho mau”. As fotomontagens, que Bibito vem publicando na sua conta pessoal do Facebook, saem agora à rua e, mais do que fazer sorrir, fazem pensar e remetem-nos para episódios não só da história como da política portuguesa. Há Angela Merkel, chanceler da Alemanha, Hitler a preto e branco ou um Ricardo Salgado caído em desgraça com a queda do Banco Espírito Santo. Num comunicado do espaço “Passevite White Cube”, lê-se que o conteúdo desta exposição, a “matéria deste sonho mau”, “também se demarca de qualquer protocolo ou classificação disciplinar”. “Não estamos perante um ensaio gráfico sobre o discurso ou a imagética dos poderes e da representação, não é um exercício de crítica sociológica em volta dos mecanismos de identidade, ou hipótese de questionamento moral sobre a encenação pública do poder.” “Eu tive um sonho mau” é apenas um “passeio ingénuo das imposturas do nosso tempo”. Esta não pode ser sequer considerada uma exposição, aos olhos dos mentores do espaço criativo lisboeta. “Também não se trata de uma exposição. É exactamente a recusa disso mesmo, de jogar o jogo da codificação com que a instituição-museu ou, noutro nível, a galeria de arte pretende conformar a matéria exposta.” As fotomontagens de Bibito representam “o espelho de Alice”, numa altura em que “a ubiquidade tecnológica transmutou o que significa ser humano, as fulgurações do humano, as figurações, o desenho do pós-humano. ‘Eu tive um sonho mau’ insinua-se nessas negociações do ser”. O espaço Passevite apresenta-se como um atelier ou galeria “independente”, que nasce do trabalho desenvolvido pelos pintores Paulo Robalo e Mathieu Sodore e também dos designers Rui Lourenço e Daniel Nascimento. Die motherfucker Carlos Torrella In Facebook Concedamos na impostura. Nas várias imposturas aqui patentes, de resto. Desde logo, ce ci c´est pas une pipe do autor, e também não se trata de uma exposição. É exactamente a recusa disso mesmo, de jogar o jogo da codificação com que a instituição-museu ou, noutro nível, a galeria de arte pretende conformar a matéria exposta. A própria matéria deste sonho mau também se demarca de qualquer protocolo ou classificação disciplinar. Não estamos perante um ensaio gráfico sobre o discurso ou a imagética dos poderes e da representação, não é um exercício de crítica sociológica em volta dos mecanismos da identidade, tão pouco um edifício de contra semiótica ou hipótese de questionamento moral sobre a encenação publica do poder. “I Had a Dream – eu tive um sonho mau” é o passeio ingénuo das imposturas do nosso tempo. As coincidências da linguagem e o flirt afectivo com as práticas artísticas da contracultura do século passado são, imediatamente, reconheciveis. Porém, com variações – onde prevalecia o simbólico surge aqui o literal e, nessa superficíe, a própria face do autor projectando-se como um zelig na memória artística da cultura popular, na epurazione dos revisionismos históricos, ou na manipulação de massas dos sucessivos regimes políticos. “I Had a Dream” reflecte esse espelho de Alice – o dispositivo onde se determinam as regras da construção da verdade, os jogos de produção de sentido, a ordem do discurso (e o discurso da ordem) oficial e, em contra-espelho, a fragmentação dessa ordem, a interferência dos discursos, a versão partilhada. Um jogo hermenêutico mas que a actual possibilidade tecnológica transferiu, irremediavelmente, para o domínio do ontológico. O contexto do facebook em que este “sonho mau” se produziu reitera esse novo leviatã. A ubiquidade tecnologica trasmutou o que significa ser humano, as fulgurações do humano, as figurações do humano, o desenho do pós-humano. É aqui que estamos. “Eu tive um sonho mau” insinua-se nessas negociações do ser.He had a bad dream! I saw the future! Time to die.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteCreative Macau | Thomas Lim regressa para mais um workshop de cinema Entre os dias 14 e 25 de Setembro o cineasta Thomas Lim volta ao território para dar um workshop intitulado “Construir um guião de Hollywood”. Actualmente a residir em Los Angeles, Thomas Lim considera que um filme feito em Macau tem maiores possibilidades de ter sucesso e de ser difundido nos mercados asiáticos do cinema [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ode um mercado de pequena dimensão como o de Macau comparar-se à máquina cinematográfica de Hollywood? Não só pode como até apresenta vantagens. Quem o diz é Thomas Lim, cineasta radicado em Los Angeles que regressa a Macau para mais um workshop. Entre os dias 14 e 25 de Setembro, a Creative Macau acolhe o evento “Construir um guião de Hollywood”, dirigido a um máximo de 15 pessoas e com um preço de 1400 patacas. Ao HM, Thomas Lim garante que vem mostrar um pouco do que já aprendeu com a indústria do cinema norte-americano. “É difícil ter pessoas a investir um milhão de dólares num filme, na primeira vez. E o primeiro passo para ter esse investimento é ter um grande guião. Por isso é que acredito na produção de guiões e quero partilhar estas ferramentas que aprendi nos Estados Unidos da América em Macau, com o novo curso em Setembro”m explica. “Decidi viver em Los Angeles nesta altura da minha vida, porque quero conhecer e trabalhar naquilo que os EUA oferecem nestas áreas”, disse ainda ao HM. Ver de perto as grandes produções do cinema que chegam às salas de cinema de todo o mundo levou Thomas Lim a confirmar a genialidade dos americanos para o cinema. “Diria que os estúdios americanos, e não apenas de Hollywood, são mais fortes do que qualquer outra indústria do mundo em termos de conhecimento dos métodos de produção, abundância na distribuição dos canais e, acima de tudo, as suas incomparáveis capacidades para escrever histórias que captam a atenção das audiências em termos mundiais”, acrescentou. Estabelecendo uma comparação com a escala reduzida do cinema que se produz no território, Thomas Lim defende que produzir um filme em Macau e transmiti-lo nos cinemas locais pode até ser maior sinónimo de sucesso do que em Hollywood, onde se trabalha com maiores orçamentos e onde a penetração nas salas de cinema é mais difícil. “É muito mais fácil fazer um filme que tem a oportunidade de ser transmitido nos principais cinemas de Macau (e em outros países da Ásia). Uma produção de um milhão de dólares norte-americanos, ou menos, em Macau, teria muito boas oportunidades de ser comercializada e transmitida nos maiores cinemas de Macau ou mesmo noutras partes da Ásia. Com o mesmo orçamento, um filme americano quase que não tem possibilidade de ter um amplo lançamento no mercado comercial, mesmo que seja um filme multi-premiado em festivais”, exemplificou Thomas Lim. Para o cineasta, “isso deve-se à competição que existe entre os grandes filmes de Hollywood, que têm orçamentos acima dos cem milhões de dólares e que são filmes locais nos EUA”. Portanto, para o cineasta de Singapura, produzir películas no pequeno território, com muitas paisagens por explorar, só traz vantagens. “No final, o sucesso de um filme é analisado por dois resultados principais. O primeiro é pelas receitas de bilheteira que obteve e se teve um lançamento comercial noutros mercados fora de Hollywood. Um filme americano de um milhão de dólares tem mais possibilidades de ser ‘menos bem sucedido’ do que um filme de Macau com o mesmo orçamento”, rematou.
Joana Freitas BrevesSábado foi o dia mais quente desde há 59 anos Os termómetros registaram no sábado temperaturas de 38º C, tornando este o dia mais quente desde 1956. O território registou temperaturas elevadas devido ao tufão Soudelor, que na madrugada de sábado atingiu Taiwan. Em Coloane foram registados 38ºC, enquanto em Macau a temperatura mais elevada foi de 37,9ºC. Na Taipa foram registados 36,4ºC. O alerta laranja emitido pelas autoridades baixou ontem para amarelo, com a descida das temperaturas para 35ºC. Para hoje já se prevêem aguaceiros e nova descida das temperaturas, mas o nível de poluição – que sábado estava alto – mantém-se ainda em “mau”. Em Hong Kong, neste fim-de-semana, a temperatura atingiu o valor mais elevado desde que há 130 anos.
Joana Freitas BrevesMelco com perdas de 77,8% A Melco Crown registou lucros líquidos no primeiro semestre de 84,9 milhões de dólares norte-americanos, menos 77,8% do que no primeiro semestre de 2014. De acordo com os dados divulgados pela empresa, as receitas brutas de toda a companhia, incluindo as áreas hoteleira, restauração, comercial e de entretenimento não jogo, caíram 21,19% para 2085,3 milhões de dólares norte-americanos. Já as receitas líquidas diminuíram 22,9% para 1.971 milhões de dólares norte-americanos. A Melco Crown é uma parceria entre Lawrence Ho – filho de Stanley Ho, fundador da Sociedade de Jogos de Macau, e irmão de Pansy Ho, co-presidente da MGM China, – e James Packer, magnata australiano também ligado ao sector do jogo naquele país. Os números da Melco Crown estão em linha com outras empresas como a MGM China e surgem depois de serem conhecidas as receitas de Julho do sector dos casinos, que fecharam com uma receita de 18.615 milhões de patacas, menos 34,5% do que no mesmo mês de 2014 e cumprindo o 14.º mês consecutivo de quedas homólogas.
Flora Fong SociedadeMarcas | Restaurante acusado de violar direito de propriedade intelectual Um restaurante que usava produtos falsificados da marca Rilakkuma fechou portas depois da detenção do proprietário, por violação da propriedade intelectual [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m restaurante temático foi acusado de violar o direito de propriedade intelectual e industrial de uma marca de um desenho animado do Japão. A investigação ao dono e a uma funcionária do espaço hoteleiro, pelos Serviços de Alfândega (SA), já levaram à apreensão de mais de mil peças. Segundo um comunicado do organismo, foi recebida uma denúncia do titular da marca Rilakkuma, indicando que um restaurante, na zona norte, utilizava a imagem do desenho animado sem a devida autorização. No dia 6 de Agosto, o Departamento da Propriedade Intelectual dos Serviços de Alfândega realizou uma investigação ao restaurante, onde foram descobertas uma série de peças para investigação. Também o dono e uma funcionária daquele restaurante foram levados para interrogatório. “Durante a investigação, o proprietário da marca apoiou-nos e as autoridades conseguiram apreender 1318 peças que violavam o direito de propriedade intelectual e industrial da Rilakkuma”, frisa um comunicado dos SS. Nestes objectos incluíam-se talheres, folhetos, outdoors, pratos e até um fato do urso que dá o nome à marca. “Depois da verificação preliminar do titular da marca através das cores dos produtos e da proporção das figuras, percebeu-se que os produtos não correspondiam aos verdadeiros, o que confirma que são peças falsificadas”, pode ler-se num comunicado dos SA. O documento acrescenta ainda que foram detidos o dono do restaurante, de 26 anos – com apelido Lou e residente de Macau – e uma trabalhadora não residente – de 37 anos e com apelido Ng – , que podem vir a ser acusados de crimes de “contrafacção, imitação e utilização ilegal de marca” e “venda, circulação ou ocultação de produtos ou artigos”, segundo o Regime Jurídico da Propriedade Intelectual. Os suspeitos podem ser alvo de uma pena máxima de três anos de prisão, mas também o antigo dono poderá ser acusado no processo, caso as autoridades considera que este também praticou o crime.
Hoje Macau BrevesTuna de Medicina do Porto actua nas Casas-Museu A Tuna de Medicina do Porto actua em Macau a 15 de Agosto em mais um Concerto ao Anoitecer no “palco” das Casas Museu da Ilha da Taipa. Organizado pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e pelo Instituto Cultural, o concerto tem a coordenação da Casa de Portugal e terá lugar entre as 17h30 e as 19h00 de sábado no anfiteatro junto às Casas Museu da Taipa. As Casas Museu, entretanto recuperadas e que servem também como local de eventos como a Festa da Lusofonia são residências de traço colonial construídas junto a uma baía, em 1921, para servirem de casa dos funcionários superiores das ilhas, à época ainda sem acesso por terra à península de Macau. A organização destaca que a Tuna de Medicina do Porto é composta por homens que interpretam temas tradicionais dos anos 1920 aos anos 1940 e também música moderna. Os Concertos ao Anoitecer decorrem habitualmente nas Casas Museu da Taipa e envolvem sempre o apoio de coordenação de várias associações locais, sendo a entrada gratuita. Apesar do concerto não estar integrado em qualquer programa comemorativo, as cidades de Macau e do Porto são geminadas desde 1997.
David Chan Macau Visto de Hong KongGorjeta graciosa [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]e, porventura, o nosso leitor ganhar nas mesas de jogo, ou se algum vosso conhecido decidir atribuir-lhe mil patacas como prenda de aniversário, esse montante seria considerado como afortunado ou um símbolo de boa sorte. Ainda mais se tivermos em conta o facto de essa remuneração monetária não ser fruto de trabalho árduo, como seria normalmente de esperar. Quantos dos nossos leitores é que já foram premiados desta forma? Qualquer um de nós se pode considerar sortudo se tiver dinheiro suficiente para concretizar os seus sonhos pessoais. E você, considera-se uma pessoa dotada de boa sorte? Sobre este tema, o site “redalertpolitics.com” publicou uma notícia no dia 21 de Julho sobre Brendan Motill, um jovem natural de Illinois, nos EUA, que se encontrava a servir à mesa no “Smokey Barbecue” de Frankfort, no mesmo estado americano. De acordo com a peça, Brendan recebeu uma gorjeta de 1000 dólares americanos, após passar 10 minutos à conversa com um cliente deste restaurante. Para além do dinheiro, o mesmo deixou ainda uma nota a Brendan, onde se podia ler a mensagem seguinte. Brendan, Obrigado pelo teu serviço atencioso! Considero-te um “garçon” impecável, por isso deixo-te aqui esta gorjeta. Apesar de não saber o que pretendes da vida, espero que este dinheiro te ajude a concretizar os teus sonhos. Por vezes, a realidade em que vivemos pode ser demasiado negativa, mas tenho a esperança de vir a viver num mundo em que todos sejam mais cordiais para com os outros. É para esse fim que pratico actos de solidariedade com pessoas desconhecidas, de modo a motivar outros a fazer o mesmo! Que a vida te dê tudo o que desejas, meu irmão. [quote_box_left]Qualquer um de nós se pode considerar sortudo se tiver dinheiro suficiente para concretizar os seus sonhos pessoais. E você, considera-se uma pessoa dotada de boa sorte?[/quote_box_left] Devido à notoriedade que o caso ganhou, Brendan chegou mesmo a ser entrevistado pelo canal televisivo ABC7. Questionado sobre a sua reacção a esta nota, o mesmo salientou que “fiquei de boca aberta, em choque, sem conseguir me mexer nem fazer nada”. Apesar de ter tentado agradecer ao cliente misterioso, Brendan não o conseguiu mais encontrar, pois este saiu mal acabou de pagar a conta, deixando Brendan sem saber o que fazer. Na mesma entrevista, o mesmo adiantou ter ficado “muito emocionado com tudo isto, e precisei de uns momentos para me recompor e acalmar as emoções”. Brendan reside em Tinley Park, onde acabou o ensino secundário na Tinley Park High School. Assim, pretende que estes 1000 dólares americanos venham a ser investidos no curso de contabilidade que pretende completar numa universidade local. “Este dinheiro vai me ajudar muito a concretizar esse sonho”, rematou o mesmo. Esta quantia seria equivalente a 7.800 dólares de Hong Kong, ou na moeda local, a 8.034 patacas. Qualquer um de nós pode apenas sonhar em receber tal montante em compensação por uma conversa inócua de 10 minutos com um estranho qualquer. Ou será que os nossos leitores não concordam comigo? O Brendan tem apenas 19 anos de idade, por isso ainda tem a vida toda pela frente. Mas como irá o mesmo gastar esta quantia? Será que vai acabar por o usar para as propinas da universidade, como tenciona, ou optar em vez por o doar a alguém, num acto de caridade semelhante aquele que recebeu? Ou talvez venha a gastá-lo com a sua família? Só Brendan é que pode responder a estas questões, mas se o mesmo decidir usar o dinheiro em prol da sua sociedade, todos nós temos o dever de o ajudar. Não há dúvida que Brendan aparenta ser uma pessoa dotada de boa sorte, algo que apenas os deuses podem atribuir. Um ser humano pode apenas pedir aos deuses que lhe atribuam boa sorte, mas só os mesmos é que detêm o poder de decidir quanto cada um de nós é digno de receber. Não vale a pena tentar negociar este facto, é uma verdade imutável que tem apenas de ser aceite. Este caso trouxe-me à memória uma canção em cantonense intitulada “I am lucky”, cantada por Deanie Ip. Reproduzo aqui parte da letra desta canção. “Acredito com firmeza poder agarrar a sorte com as mãos, Ela ajuda-me a voar mais alto, Quero que vocês sejam felizes comigo, Sinto-me tão excitada, Como tenho sempre vindo a dizer, Hoje o meu sorriso é doce”. Assim como nesta canção, acredito que Brendan deseja que todos “possam partilhar da sua felicidade”. Não podemos aqui deixar de focar também a nossa atenção no cliente misterioso que deixou a gorjeta no primeiro lugar. Será que o mesmo é alguém conhecido por todos ou talvez um magnata com muito dinheiro? Apesar de não podermos responder a estas questões, temos a certeza de ser uma boa pessoa, visto ter sido tão generoso com a sua gorjeta e atencioso com a nota em que deseja que Brendan venha a concretizar todos os seus sonhos. Quantos de nós seríamos capazes de tamanha generosidade para com um desconhecido qualquer? Na sua mensagem, o mesmo afirma fazer estes actos de modo a inspirar outros a fazer o mesmo, e assim vir a mudar a sociedade em que vivemos. Não sabemos igualmente se isto é verdade, mas tomando o caso de Brendan como referência, não é impossível acreditar que assim o seja. Além disto, o cliente abastado ainda tem mais um desejo, que é de poder viver numa sociedade mais tranquila, em que as pessoas se interessam umas pelas outras. Aliás, este desejo tem vindo a ser exprimido por muitos, de modo a que todos possam viver unidos pela paz. As nossas leis não podem pedir a ninguém para agir da mesma maneira, como também nos podem ajudar na concretização dos nossos sonhos pessoais (excepto talvez para aqueles que pretendam seguir uma carreira ligada ao direito). Pois, ao invés da sorte, as leis não existem apenas para nos fazerem felizes. O caso de Brendan é extremamente raro nos dias de hoje. Mas, dependendo da sorte de cada um, além também da vontade divina, qualquer um de nós pode um dia vir a conhecer o seu próprio “cliente misterioso”. Na verdade, este cliente acaba por trazer boa sorte não apenas a Brendan, mas também a toda a população, pois esta caso ajuda-nos a voltar a acreditar na bondade de cada um de nós. Deste modo, contribui então para fazer com que as nossas sociedades se tornem mais pacíficas e maravilhosas. Vamos então concluir este texto com o desejo de que todas as pessoas deste mundo tenham a mesma boa sorte do que Brendan, e ainda que existam por aí mais “clientes misteriosos” com a boa intenção de mudar o mundo para melhor. * Conselheiro Jurídico da Associação de Promoção de Jazz de Macau
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasMendes Pinto encontra a filha de Tomé Pires [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]desajustada política de D. Manuel para os Mares da China, como ficou bem provado com Simão de Andrade “habituado ao autoritarismo com que os Portugueses se haviam imposto por todo o Índico, não se adaptou às práticas locais, nem se apercebeu de que estava num país assaz peculiar, tanto de um ponto de vista cultural como do político e, por isso mesmo, incomparável a outras regiões asiáticas onde já servira o rei” como refere João Paulo Oliveira e Costa e com ele continuando: “Assim que chegou à orla do Império do Meio, Simão de Andrade cometeu um erro que originou o primeiro equívoco grave nas relações com as autoridades locais”, “resolveu defender-se em terra: ergueu para isso um fortim na ilha de Tamau, sem que os governantes chineses fossem ouvidos. Detentor de toda a autoridade no ilhéu onde se fortificara, o capitão enforcou aí um dos seus marinheiros, facto que fez crescer ainda mais a indignação e a preocupação dos chinas. Com as relações já tensas, Simão impediu que comerciantes de outras nações vendessem as suas fazendas e autorizou os seus homens a comprar moços e moças filhos de gente honrada” e João de Barros acrescenta: “Simão de Andrade personificava as virtudes e os defeitos do optimismo manuelino”. Desmandos em Tamão e no vizinho mar de Tunmen de Simão de Andrade, aliados com o de mercadores portugueses terem batido num mandarim, foi o rastilho que estourou com Duarte Coelho a abrir fogo na batalha naval de 1521. Estas as grandes causas do malogro das duas primeiras embaixadas à China, a de Tomé Pires e a seguinte, em 1522 com Martim Afonso de Melo Coutinho como Embaixador e daí, “todas as desgraças que os portugueses sofreram na China nos mais de trinta anos seguintes, até ao aparecimento de Leonel de Sousa, que fez o assentamento de 1553-1554, em Kuóng-Hoi, com o Intendente Marítimo, Van-Pé (o haidao Wang Bo, subintendente dos Assuntos de Defesa Costeira que deu uma autorização de estadia temporária) – título que nos facultou o estabelecimento em Macau” A. Cortesão. A suspensão obrigatória de todas as actividades da vida chinesa após a morte do Imperador Zhengde, não tinham sido respeitadas pelos comerciantes portugueses que se encontravam em Cantão, o que levou à expulsão dos bárbaros do país após duas batalhas navais e “como consequência, a proibição dos navios portugueses não poderem aportar em Cantão, nem estabelecer relações diplomáticas e comerciais com a China, fez os portugueses juntarem-se aos japoneses na pirataria pelas baías da costa de Fuquiam e Zhejiang, trocando a prata e outros produtos por seda com os contrabandistas chineses” A. Cortesão. Havia ainda mercadores portugueses que entravam na China disfarçados e misturados com os comerciantes das embaixadas dos países do Sudeste Asiático. Fernão Mendes Pinto e seus companheiros em 1542, após o barco naufragar na enseada de Nanquim e de muitas peripécias, seguiam pelo interior até Pequim fazendo-se passar por mercadores do Sião, mas acabaram presos. Já em 1525 um édito imperial decretara o fim da marinha mercante chinesa nos mares da China, tendo por isso alguns chineses emigrado e desrespeitando as leis tornaram-se mercadores renegados, dependendo dos portugueses para manter os contactos com os familiares e no comércio com os conterrâneos. Com estas amizades feitas, esses chineses ultramarinos forneciam aos portugueses guias e após o imbróglio com Simão de “Andrade, levaram-nos a Liampó (Ningpo), onde os mandarins, largamente subornados, faziam vista grossa ao comércio proibido, que, com o passar do tempo, se estendeu a Chincheu (Zhangzhou), chegando a restabelecer-se às próprias portas de Cantão”, como refere Montalto de Jesus citando Gaspar da Cruz. As costas passaram a estar cheias de comerciantes piratas japoneses e portugueses à procura dos apetecíveis produtos chineses, pois proibido pela dinastia Ming o comércio marítimo com outros países e a China sem esquadras para patrulhar a longa costa. Mas os lucros em prata eram muitos e estas enseadas de Fujian e Zhejiang foram bons locais para as trocas entre chineses e portugueses. Tomé Pires está morto ou vivo? Montalto de Jesus refere que as “Cartas de Cantão que chegaram, anos depois, às mãos dos portugueses revelaram os sofrimentos atrozes da embaixada na prisão, onde roubaram a Pires os presentes reais recusados, assim como uma quantidade de almíscar, ruibarbo, damasco, cetim, ouro e prata que ele trazia consigo para fins comerciais. Era crença geral que, por fim, a desgraçada embaixada teria morrido na prisão.” Armando Cortesão complementa: “A carta de (o persa convertido Cristóvão) Vieira, concluída provavelmente em Novembro de 1524, diz que, de todos os companheiros de Tomé Pires, apenas ele e Vasco Calvo se encontravam vivos, na cadeia de Cantão, e à primeira vista dá a impressão de que Pires falecera em Maio desse ano. Esta passagem, que levou Barros, e todos os que, depois dele, mais ou menos levemente se têm referido ao assunto, a declarar que de facto Pires faleceu então na cadeia, é muito confusa e susceptível de várias interpretações. E aquela não é a interpretação que se coaduna com outros elementos de informação conhecidos.” “Na verdade, Vieira não diz que Pires morreu na prisão, o que, no caso afirmativo, não deixaria de mencionar; a informação foi-lhe provavelmente dada pelos chineses, que teriam interesse em o enganar. Castanheda, que, nessa ocasião, se encontrava na Índia, diz que o Rei da China . Porém, Gaspar Correia, que, durante quase todos esses anos, também esteve na Índia, diz positivamente que o Rei da China . Isto é ainda confirmado por um antigo documento chinês, citado por W. F. Mayers, em que este assunto é referido, no qual se diz que a embaixada de Pires foi enviada sob prisão de Pequim a Cantão e os seus homens expulsos para além das fronteiras da província. Por onde andava Tomé Pires Ora, Fernão Mendes Pinto escreve, na Peregrinação, que, ao passar, em 1543, pela povoação de Sampitay, na margem do Grande Canal, quando seguia preso de Nanquim para Pequim, encontrou aí uma mulher cristã que, depois de lhe mostrar a cruz que tinha tatuada no braço e o convidar e a seus companheiros portugueses para sua casa, lhes disse “que se chamava Inês de Leiria, e que seu pai se chamara Tomé Pires,”…”E que a seu pai lhe coubera em sorte ser seu degredo para aquela terra, aonde se casara com sua mãe, por que tinha alguma coisa de seu, e a fizera cristã, e sempre em vinte e sete anos que ali estivera casado com ela, viveram ambos muito catolicamente, convertendo muitos gentios à Fé de Cristo, de que ainda naquela Cidade havia mais de trezentos, que ali em sua casa se ajuntavam sempre aos domingos a fazer doutrina” A. Cortesão. E com ele continuando, Fernão Mendes Pinto “confirmou tudo isto numa declaração escrita, ainda hoje existente, que, em 1582, fez a uns jesuítas que o visitaram em Almada”. Também Cristóvão Vieira na sua carta diz: “as mulheres dos línguas, assim as de Tomé Pires, que ficaram em esta cidade o ano presente (1524) foram vendidas como fazenda de traidores, aqui ficaram em Cantão espalhadas”. De onde A. Cortesão depreende “o facto de Pires ter, pelo menos, uma mulher chinesa, ao que parece, a mãe de Inês de Leiria, de que nos fala Fernão Mendes Pinto. Pode, pois, reconstituir-se o que provavelmente se passou. Quando Pires, viajando pelo Grande Canal, quer na ida para Pequim, quer no regresso, parou em Sampitay, conheceu a mãe de Inês de Leiria, possivelmente, dama de certos meios e categoria, como cabia a um embaixador, com quem se juntou ou casou à maneira da terra. De modo que a venda da dama “como fazenda de traidores”, em Cantão, não teria tido para ela graves consequências, se é que foi abrangida em tal operação. Pelo que dizem Castanheda e, sobretudo, Gaspar Correia e o referido documento chinês, e Mendes Pinto confirma, se vê que Pires foi desterrado de Cantão, o que Vieira e Calvo não sabiam à data das suas cartas. Talvez nessa altura Inês de Leiria já tivesse nascido, ou estivesse para nascer, e é perfeitamente natural que Pires houvesse seguido com a filha e sua mulher para Sampitay, a terra em que esta tinha casa e bens” Armando Cortesão, que identifica “a Sampitay de Fernão Mendes Pinto, que então se chamaria Hsim (ou Sun) P’ei t’ai (segundo a grafia inglesa de nomes chineses) com a moderna povoação de P’i chou, ou P’ei chou, hoje, a uns nove quilómetros a nordeste do ponto mais perto no Grande Canal (cujo curso em certos sítios também variou muito durante os séculos), em latitude 34º 25′ N e longitude 118º 6′ E.” Conhecida actualmente por Pi Zhou, 邳州, era Sampitay denominada Pi Xian (邳县) em mandarim e situa-se a Leste de Xuzhou e ao Norte da província de Jiangsu. Segue-se um elogiar de Armando Cortesão: “A descrição de Pinto carece de ajuste, num ou noutro ponto, o que não deve surpreender quando se considere que Inês de Leiria lhe falou em chinês, língua que ele decerto conhecia mal, que escreveu de memória quando, pelo menos, uns vinte e seis anos haviam já decorrido sobre os acontecimentos, e que a Peregrinação só foi publicada trinta e um anos depois da sua morte, com as introduzidas por Francisco de Andrade, para que Inquisição a deixasse dar à estampa.” O que teria sido a Suma Oriental se… Pela Peregrinação concluída em 1580, mas só editada em 1614, não se fica a conhecer o ano em que faleceu Tomé Pires, mas pela descrição que Inês de Leiria fez a Fernão Mendes Pinto se deduz ter sido por volta de 1540 e que da sua casa em Sampitay foram apreendidos papéis por ele escritos. Com os portugueses proibidos de entrarem na China, difícil terá sido a Tomé Pires em Sampitay ter feito chegar a Malaca o que escreveu nos últimos quinze anos da sua vida. Por Gaspar Correia ficamos a saber que Tomé Pires a D. Duarte de Meneses, Governador das Índias entre Janeiro de 1522 e Dezembro de 1524. Mas até esse desapareceu, tal como tudo o resto que Tomé Pires escreveu na China. Seguramente uma grande perda para a História, Geografia e Botânica do século XVI, perante o que na Suma Oriental nos é permitido imaginar poderem ter sido essas informações. “Depois duma mocidade cheia de esperança e de uma fecunda passagem de cinco anos pela Índia e Malaca – em que acumulou muito saber e não pouco cabedal, em cargos modestos mas que lhe permitiram grandes possibilidades de exploração e ao conhecimento do tão diferente e variado mundo oriental, com que os portugueses apenas vinham de entrar em contacto – o simples boticário achou-se, de repente, guindado a embaixador, para afinal vir a morrer ignoradamente, depois de tanta desilusão, ignomínia e sofrimento, perdido e esquecido numa terriola qualquer dessa China imensa, cujo mistério e riqueza tanto o haviam seduzido. O nome de Tomé Pires é mais um a inscrever entre os de tantos dos seus compatriotas que pagaram o mais alto preço pela honra de bem servir a Pátria e a Humanidade”. Londres, Abril de 1945, Armando Cortesão. Foi para comemorar os quinhentos anos do manuscrito Suma Oriental que, sobre a base do trabalho de Armando Cortesão e documentos dos arquivos chineses que têm visto tradução em português e transmitidos por muitos dos actuais historiadores de quem me socorri, fizemos esta longa viagem pelo percurso de Tomé Pires, esperando ter ficado o leitor, que acompanhou os episódios desta aventura, com uma visão sobre a acção e as dificuldades dos portugueses no primeiro período de relacionamento com a China, entre 1513 e 1522.
Leonor Sá Machado Entrevista Manchete“Macau deu o poder da indústria aos junkets e ao resto do sector VIP” [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o seu livro “Chopsticks and Gambling”, refere que o Jogo e o vício são vistos negativamente na cultura chinesa, mas que os números revelam ser os chineses quem mais joga. Como é que esta disparidade acontece? Tem mais que ver com a história da população, em termos de dinastias. Vemos que em cada uma delas, há uma série de medidas e políticas para banir o jogo, mas continua a existir, naturalmente. Aqueles que são normalmente acusados de jogar são, afinal, oficiais de Estado e membros do Governo. Penso que os chineses não vêem o jogo como uma doença ou um vício, como os ocidentais. Os chineses entendem é quem joga como sendo uma má pessoa. No mundo ocidental, os apostadores são vistos como psicologicamente doentes e na China, quem não consegue controlar os impulsos, é visto como sendo uma má pessoa. Julgo que esse é um problema grave, em termos da ajuda e do apoio que estas pessoas poderiam ter. É muito complicado fazer com que as pessoas viciadas em jogo peçam ajuda e dêem a cara. Mas porque é que é na população chinesa que a percentagem de viciados é maior? Esta é a pergunta decisiva: é muito complicado de explicar, mas na perspectiva da própria indústria percebemos que o vício afecta mais os chineses porque são quem mais joga. Não se sabe ainda é porque é que são quem mais joga… Pode ter causas biológicas ou de etnia, por ser uma questão cultural ou causa de forças exteriores. Talvez uma combinação das três. E é uma coisa que não é de agora, tem vindo a acontecer há séculos. Xangai tinha uma série de casinos que acabaram por desaparecer, embora haja uma faixa suburbana de jogo ilegal muito forte. Nas minhas pesquisas, concluí que a cultura chinesa que vem a Macau tem propensão para ver o jogo como uma forma de investimento. Assim, não vêem o facto de perderem como um “perda” em si, mas sim como uma actividade que terá retorno: “Jogo para ter uma taxa de 20% ou 30% de retorno”. Antes do ‘crash’ da bolsa [de Xangai], claro, o negócio do imobiliário estava a crescer exponencialmente e as pessoas procuram dinheiro extra para ficar mais ricas e subir na escada social. Os casinos são, tal como o imobiliário ou as acções em bolsa, um investimento. Acredito que esta perspectiva faz mais sentido nos dias de hoje do que dizer apenas que é “um aspecto cultural”. O factor cultural entra em termos da forma como se joga, como é o exemplo das superstições que ganham vida entre as quatro paredes dos casinos. Que tipo de superstições existem? Uma série delas, mas é muito comum os chineses usaram lingerie vermelha ou banharem-se em água com flores e extractos de plantas antes de irem para as mesas, para trazer sorte. A superstição tem que ver com o reforço e atracção da sorte. O Feng Shui também desempenha um papel importante e as pessoas muitas vezes estão logo à espera de encontrar “emboscadas” de Feng Shui nos casinos. Normalmente também não se entra pelas portas principais… São tudo questões de sorte e azar. O número quatro também está presente nas mesas. Existe o número quatro nos baralhos, mas não existem quatro elementos de uma mesma coisa, sejam cartas, copos ou fichas. Como disse, há séculos que os chineses jogam e os governos têm vindo a banir o Jogo sucessivamente ao longo de várias dinastias. Acredita que isto possa vir a acontecer um dia em Macau? Dizer “banir” é um pouco drástico. Tem havido várias medidas de controlo do jogo, como são as punições para oficiais do Governo que joguem. Antigamente, não havia capacidade para regular esta actividade, mas em Macau há. Na China, acredito é que a legislação vigente não está em consonância com o seu reforço. As pessoas podem não admitir, mas existem, de facto, casinos ilegais na China. Nos últimos dez anos, temos andado a crescer a um ritmo demasiado rápido. [quote_box_right]“Os casinos são, tal como o imobiliário ou as acções em bolsa, um investimento. Acredito que esta perspectiva faz mais sentido nos dias de hoje do que dizer apenas que é um aspecto cultural”[/quote_box_right] Em que sentido, exactamente? Quando o Jogo se começou a expandir, em 2002/2003, a ideia era transformar Macau numa cidade diversificada e internacionalizada, mas a verdade é que isso foi uma coisa que só começou a acontecer muito mais tarde. O Governo tem apostado muito no desenvolvimento do mercado VIP e não no mercado de massas, mas esse é que está fortemente associado ao entretenimento, como acontece em Las Vegas. Até nisso creio que se tomaram escolhas não tão acertadas e o sector VIP tornou-se num mercado tão vasto, que só se associa à camada social mais endinheirada. Isto significa que Macau deu o poder desta indústria aos junkets e ao resto do sector VIP. Isto não é algo necessariamente negativo, mas implica termos menos poder que está agora nas mãos de terceiros. Nem os promotores de junkets têm controlo sobre quem vem cá jogar e tudo isto traz consequências para a indústria. Mas o sector VIP tem tido grandes quedas nas receitas nos últimos meses… Sim e tudo devido à campanha anti-corrupção do Governo Central, que está a ganhar cada vez mais força. A pergunta que devíamos fazer é porque é que as receitas descem com uma campanha deste género? Por que afectam Macau? Quem são, então, as pessoas que têm vindo a entrar em Macau nos últimos anos e que agora não vêm? Qual será a solução para colmatar a falta de jogadores? Não creio que devamos olhar para trás e querer que seja igual. Acho é que temos que tornar a indústria mais transparente e limpa e fazer com que o Jogo seja visto como um entretenimento. É importante começar a atrair pessoas que pretendam vir cá e sentar-se às mesas para se divertirem, mesmo que apostem menos dinheiro do que aqueles que antes vinham jogar para as salas VIP. Transformar a indústria numa coisa sustentável e que não esteja relacionado com branqueamento de capitais ou com oficiais de Estado. Diz-se que a queda das receitas está muito relacionada com o receio que muitas pessoas agora têm de vir até Macau… Sim, claramente. No entanto, também acredito que o sector VIP deve estar sempre presente em Macau, porque faz parte. A actividade do Jogo é um dos elementos que distingue esta cidade de outras semelhantes e creio que sem ele, Macau não sobreviveria. Temos uma série de actividades não relacionadas com o Jogo, mas é esta actividade que realmente faz com que as pessoas cá venham. Esta pode é ser vista como algo divertido, feliz e saudável. Não tem que ser algo negativo. Considera que a proibição total de fumo nos casinos tem ajudado à queda das receitas? Julgo que a proibição total pode vir a ter efeitos negativos no mercado VIP, sim. No entanto, depois de estar numa série de sítios onde é proibido fumar nos casinos, apercebi-me que nos primeiros dois anos após a implementação da lei as receitas têm quedas entre os 10% e os 20% e isto é drástico para as operadoras. Mas com o tempo, vemos que a população que frequenta estes locais começa a alterar-se e passa a ser maioritariamente constituída por aquelas pessoas que nunca jogavam por não gostarem do cheiro a tabaco e do ambiente e agora o fazem por ser livre de fumo. Mas respondendo à pergunta: acho que o que realmente está a afectar a queda é a campanha do Governo Central e não esta proibição. Mas a solução não seria integrar as salas de fumo, como já se fez no ano passado? Essa é uma questão que deixo para a própria indústria responder. Só ela pode dizer, de uma perspectiva de negócio, se isto resulta ou não. No entanto, acho que neste momento, com a queda, faz bastante mais sentido permitir que todos beneficiem dos casinos, fumadores e não fumadores. [quote_box_left]“[É importante] transformar a indústria numa coisa sustentável e que não esteja relacionado com branqueamento de capitais ou com oficiais de Estado”[/quote_box_left] Como é que vê a abertura dos novos casinos e hotéis? Estamos a falar de coisas diferentes, porque se trata de empreendimentos com uma componente muito mais forte de entretenimento e elementos não jogo do que casinos e mesas propriamente ditas. O que é uma coisa boa, algo que se tem andado a tentar fazer desde 2002. Acha que vai funcionar? Ainda não se sabe, porque estão muitas coisas por abrir. No entanto, acredito que há mercado suficiente, feito de pessoas como nós, que estão dispostas a gastar umas cem ou 200 patacas no casino para se divertirem. Numa perspectiva exterior, é preciso diminuir as nossas expectativas. Sempre fomos a cidade do Jogo, mas passaremos a ser uma cidade onde o Jogo é uma das suas componentes. Acredita que Macau algum dia vai ser uma cidade internacional? Sim e é por isso que cá estou. Acho que não tem que ser só Jogo ou só qualquer outra coisa. A verdade é que o Jogo nunca vai desaparecer, nem deve. Tem é que se gerir esta indústria de forma inteligente, para a tornar transparente e fazer com que apostar não seja mais visto como uma actividade negativa. Acho que é preciso dar às pessoas várias razões para virem a Macau. O que considera que vale a pena em Macau, da perspectiva do turista? As pessoas acreditam que existe uma série de coisas interessantes aqui, desde locais protegidos pela UNESCO, prédios preservados do tempo do Governo português e uma componente tipo Las Vegas, com resorts com piscinas e, em breve, a roda gigante do Studio City. Macau é Las Vegas com quatro mil anos de história. Quanto tempo vai demorar até chegarmos a essa internacionalização? Não é possível fazê-lo de um dia para o outro. Não podemos é esperar que a indústria do Jogo, embora seja forte, continue a crescer tanto como nos últimos anos durante 20, 30 ou 50 mais. Temos que parar e desacelerar este crescimento para desenvolver. Não acredita então que é possível virmos a ter uma crise financeira em Macau? Enquanto residente, não consigo sequer imaginar uma crise aqui, até porque os casinos continuam cheios de gente a jogar e nas lojas. A única coisa que falta são jogadores e isso não afecta directamente o resto das pessoas, como os residentes e os turistas. O Governo mencionou já várias vezes que poderão ser precisas medidas de austeridade. Não creio que sejam necessárias, se deixarmos o mercado seguir o seu curso. Quando tivemos aqueles cinco a sete anos de crescimento exacerbado, ninguém nunca disse que era preciso um plano de contingência, mas acho que sim. A certo ponto, cerca de 40% ou 50% é demais e as pessoas deviam ter reclamado. Houve uma série de coisas que não se desenvolveram porque tudo andou demasiado rápido. É preciso resolver os problemas de tráfego, dos transportes e as questões laborais antes de voltar a impulsionar as receitas. Na altura em que o mercado começou a crescer, as indústrias sentiram que precisavam de se adaptar e restaurantes, hotéis de luxo e mesas novas cresciam em todos os cantos, mas outros aspectos da vida social continuam por resolver. Havia dinheiro para dar a vender e era fácil e hoje em dia talvez não seja tanto e é onde a inteligência é precisa. Quanto à polémica de construir casinos em bairros comunitários ou zonas de periferia. Qual é a sua opinião? O Louis XIII é um caso à parte, porque se trata de um complexo para as “grandes baleias”. O perigo são os espaços de lazer como o Mocha. Num sentido geral, não julgo que seja boa ideia ter casinos nem sítios com slot machines junto destas zonas porque atraem pessoas que recebem pouco mensalmente, como pensões. As leis e fiscalização têm que ser boas. A revisão dos contratos de concessão está aí à porta. O que acha que vai mudar? Sinceramente não sei, porque é uma questão política, que me ultrapassa. Pessoalmente, acho que nada vai mudar. Poderá entrar uma nova operadora no sistema? David Chow considera que sim… Acho que não vai ser bom se isso acontecer, se será boa ideia injectar mais competição no mercado. Acho que devia ficar como está. Também não estou a ver o Governo a tirar alguém da corrida. É preciso é reinventarmos a indústria, estar sempre a inovar e atrair pessoas, como Las Vegas tem feito há tantos anos. O Governo tem, de facto, falado muito na reinvenção e diversificação. Será possível fazer isto somente com mão-de-obra local? Não posso falar pelo Governo, mas acredito que os estrangeiros [profissionalmente] trazem para Macau conhecimentos que os residentes, certamente, não têm. Quando se quer inovar nesta cidade, não se pode contar com os residentes ou mesmo com quem cá vive, mas não é residente. Continuamos a precisar de sangue novo. Mas isso não será tirar oportunidades para os locais? Temos estado a fazê-lo durante estes anos todos, mas é preciso trazer quem lhes mostre que o caminho é para cima, que se saiba gerir a sério. No fundo, é preciso mostrar aos residentes que existe mais para além daquilo que vêem. A mão-de-obra local é muito reduzida e na altura de expandir o mercado do entretenimento, vai ser preciso ter quem saiba do assunto. O conhecimento é essencial e o ideal seria formar o nosso próprio pessoal, mas isso leva tempo. Há pouco talento numa população de 600 mil pessoas e, em termos globais, os mais talentosos, não o são assim tanto.
Flora Fong SociedadeIec Long | Preservação da fábrica custou terrenos do MGM, Mandarim e One Central [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]preservação da antiga Fábrica de Panchões Iec Long foi conseguida pelo Governo através da permuta de mais de 150 mil metros quadrados de terreno. O espaço onde estão construídos os empreendimentos One Central, Mandarim Oriental e MGM foram alvo dessa troca, que foi feita por Sio Tak Hong. A notícia foi ontem avançada pela publicação All About Macau. De acordo com um despacho de 2001, assinado pelo antigo Secretário para os Transportes e Obras Públicas Ao Man Long e analisado pelo HM, o Governo assinou um acordo de permuta de terrenos com a Sociedade de Desenvolvimento Predial Baía da Nossa Senhora da Esperança, S.A., “na qualidade de representante dos titulares do terreno da antiga Fábrica de Panchões Iec Long”. Os administradores desta empresa são Sio Tak Hong, membro de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e presidente-fundador da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau – que levou da Fundação Macau, no segundo trimestre, mais de cinco milhões de patacas como primeira prestação para o maior encontro mundial de naturais deste local em Macau – e Tat Choi Kong, membro do quadro da Universidade de Macau e da Câmara de Comércio. O acordo iria permitir ao Governo a construção, no local, de um parque temático, sendo que a sociedade cedeu o lote da Iec Long à RAEM. Em troca, recebeu um terreno localizado na Baía de Nossa Senhora da Esperança, junto à Avenida da Praia, na ilha da Taipa, com pouco mais de 152 mil metros quadrados, para a construção de um complexo turístico e habitacional. Mas, a empresa pediu a divisão deste terreno e concedeu duas parcelas de 99 mil metros quadrados à Shun Tak. Contudo, “por força do desenvolvimento” do Cotai, a empresa de Pansy Ho decidiu abdicar deste lote, tendo feito um pedido em 2005, em conjunto com a Propriedades Sub F, S.A., de Daisy Ho, do terreno nos NAPE onde ficam hoje o MGM, o One Central e o Mandarim Oriental. Subtraído o espaço que estes empreendimentos ocupam, de cerca de 19 mil metros quadrados, ainda faltam 133 mil metros quadrados para a empresa de Sio Tak Hong desenvolver. O Executivo ainda não anunciou quaisquer planos para mais trocas de terrenos, tendo dito há pouco tempo ao HM que já foi iniciado um estudo que pretende transformar a antiga Iec Long num parque temático, mas que ainda estava com dificuldades no que ao domínio dos lotes diz respeito, uma vez que estes estariam divididos em proprietários e regimes jurídicos diferentes. O Governo disse até que ainda estava a negociar uma indemnização. “O terreno onde se encontram construídas as antigas instalações da Fábrica de Panchões Iec Long é composto por várias parcelas de terreno com diferentes situações jurídicas, os quais compreendem os terrenos em regime de propriedade perfeita e por aforamento. Assim sendo, devido à complexidade desta questão, acrescido ainda pelo facto da Administração não ser a única proprietária dos terrenos, até hoje não foi concretizado o projecto do Parque Temático da Fábrica de Panchões Iec Long”, disse o Executivo ao HM. A Administração diz que tem vindo “ao longo destes anos” a manter contacto com os proprietários do espaço, mas confirma que já desde antes do estabelecimento da RAEM se deu início às negociações. “Existe ainda alguma divergência entre ambas as partes, pelo que no momento está ainda por se resolver a questão da propriedade destes terrenos”, dizia ainda a DSSOPT. O HM tentou pedir um esclarecimento sobre o assunto, mas devido ao avançado da hora, não foi possível. * com Joana Freitas
Isabel Castro VozesXô daqui para fora [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguém que sabe muito mais disto do que alguma vez eu poderei saber escreveu, já lá vão alguns anos, que a Macau do futuro seria a cidade dos ricos. Na altura, as rendas ainda eram comportáveis e as contas do supermercado também. Mas o autor desta previsão – homem de estudos, viajado e com rasgo suficiente para antecipar problemas –, encontrava na aparente inércia governativa uma ideia para o futuro de Macau: mais cedo ou mais tarde, ia ser a cidade dos ricos, com os pobres e os remediados a viverem na periferia. Estava certo. É isso que está a acontecer. Conheço algumas pessoas que, não sendo pobres, deixaram de viver com conforto para passarem a integrar o grupo de quem se desenrasca até ao fim do mês com muita ginástica financeira. As rendas dispararam, aos 30 ou aos 40 anos são poucos aqueles que, sem família, estão na disposição de regressarem ao estilo de vida universitário, e Zhuhai foi a opção. Casas mais baratas, casas melhores, uns trocos que sobram ao final do mês. Alguns sabiam ao que iam; outros foram às apalpadelas. Macau começa, assim, a ser cada vez mais a cidade dos ricos. O comércio destinado às pessoas vulgares deu lugar às lojas de quem compra diamantes ao pequeno-almoço. Há prédios que caem de velhos no centro da cidade, mas isso faz parte do charme da terra. O contraste garante-se com os aviões de quatro rodas que circulam, de forma abundante e barulhenta, pelas ruas da terra. [quote_box_left]Lao Pun Lap – cujos méritos desconheço, seja na investigação, na produção de pensamento ou na política – aponta para 2025 como se estivéssemos às portas de 2049. Há alturas em que parece que sim. Mas 2049 ainda não está aí[/quote_box_left] Há já alguns anos que Macau começou a expulsar, de forma mais ou menos velada, quem não é de cá. Quanto as condições de vida dos sítios que não são nossos pioram, a tendência é fazermos as malas e voltarmos para os sítios que são nossos, o que faz todo o sentido: antes ser pobre entre os vizinhos que nos conhecem do que entre uma multidão que nos trata com transparência. A forma mais ou menos velada de expulsão deu lugar, nos últimos anos, a um discurso mais assumido, mais corajoso e também mais indecente: infelizmente, não cabem numa mão aqueles que, sem noção da floresta, insistem que é no corte das plantas mais frágeis que se encontra a solução para os problemas do território. São as que não têm raízes, dizem eles, que não percebem nada nem das árvores, nem dos homens. Na semana passada, num discurso que jamais deveria ter acontecido, o coordenador do Gabinete de Estudo das Políticas do Governo veio defender que é preciso começar a mandar quem não é de cá para o outro lado da fronteira. A principal ideia que se retira deste estudo prolongado e profundíssimo sobre a demografia de Macau é esta: xô daqui para fora, vens cá trabalhar mas vais dormir para outro sítio, que é preciso espaço para o resto. O resto são 750 mil pessoas em 2025. O coordenador ainda avisa que é preciso começar a pensar de forma inter-regional. Quem é de cá – está provado com outros estudos e outros números – sente de maneira diferente. Lao Pun Lap – cujos méritos desconheço, seja na investigação, na produção de pensamento ou na política – aponta para 2025 como se estivéssemos às portas de 2049. Há alturas em que parece que sim, parece que 2049 já chegou, que não existe grande diferença entre o Chimelong dos peixes grandes e as Ruínas de São Paulo dos turistas ricos disfarçados por chinelos. Mas 2049 ainda não está aí. Apesar de todos os esforços de integração regional, há quem não queira que 2049 aconteça já amanhã, neste sábado quente de Agosto. Os principais visados pela política de dispensa do think-tank de Chui Sai On são os não residentes, os mais frágeis, mas quem sai pior no meio de tudo isto são os de cá. Quem tem os seus mortos aqui enterrados e não conhece outra vida que não a de Macau não terá um futuro sossegado nesta terra que é cada vez mais dos ricos. A não ser que seja rico. A não ser que o Governo emende a mão e decida, por exemplo, pôr a pensar no futuro da cidade quem percebe das coisas das árvores e dos homens. P.S. – À consideração de quem manda: que se aproveite a mudança dos preços dos parquímetros para exigir à empresa concessionária dos ditos cujos a emissão de recibo. Eu, cliente regular e cumpridora, agradecia que a lei de Macau fosse respeitada. Dá-me jeito ter recibos do dinheiro que gasto em estacionamento, apesar de serem só uns trocos. Mas, sobretudo, chateia-me esta ilegalidade multiplicada pelas ruas de Macau. E chateia-me ainda mais que o Governo não exija à empresa a quem entregou a concessão que seja cumprida a lei. Está no Código Civil. É o Artigo 776o.
André Ritchie Sorrindo Sempre VozesCompras no Tin Un ou no Carrefour Caríssimo leitor, [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]que faz um colunista quinzenal quando, no mês de Agosto e em pleno silly season, encontra-se sem inspiração nem tema para desenvolver no seu espaço do jornal? Simples: agarra num trabalho anterior já finalizado e faz as devidas adaptações… Mais precisamente, o texto anteriormente preparado para o colóquio sobre a Identidade Macaense promovido pela ADM em 2012 e que (felizmente) não chegou a ser publicado. Confissão feita, começo por dizer que me aborrece profundamente a atitude de certos ilustres que, pese embora tenham saído de Macau há já uma data de anos e nunca mais regressado, falam sobre esta cidade com afirmações firmes e em termos absolutos, sem se aperceberem que, porventura, a realidade e os critérios de avaliação do tempo deles poderá não ser aplicável ao Macau de hoje. Qualquer cidade é um organismo vivo em constante transformação. Macau não foge à regra e, como todos nós sabemos, na nossa cidade essa transformação tem-se materializado de forma bastante acelerada até. As mutações de uma cidade não têm lugar apenas a nível da paisagem urbana. Em diversas intervenções que fiz no passado, tive a oportunidade de referir que actualmente, em Macau, parecem-me mais marcantes, não as transformações da paisagem urbana, mas sim as transformações da paisagem humana – dando origem a uma nova textura social com a qual não nos identificamos necessariamente. Sabendo o que sabemos hoje, o que irá acontecer ao futuro Macau? Não tenho nenhuma bola de cristal, mas entendo que por força das políticas de integração regional a que assistimos presentemente, Macau vai ganhar uma nova escala urbana e os nossos filhos vão ter um modo de vida muito diferente do nosso. Importa referir que este fenómeno não é mais do que uma nova fase da evolução que sempre existiu ao longo da História de Macau. Recorde-se que esta cidade chegou a ser intra-muros. Mesmo para nós, há pouco tempo atrás, não era comum ir viver para a Taipa. Coloane, então, era o fim-do-mundo. Estou-me a lembrar de uma tia-avó minha, já falecida, com quem numa conversa me apercebi que já não ia a Coloane há mais de uma década. Pois o dia-a-dia e a vida social dela resumiam-se aos lugares para onde ela conseguia ir, de casa, a pé. No gozo, lembro-me de lhe dizer que o Coloane dela era ainda o do tempo dos piratas e kwai chi lou! (*) Os nossos hábitos procuram acompanhar a evolução da cidade. Mas tudo tem limites, e a nossa capacidade de adaptação estará também limitada à nossa memória do lugar. Fora do limite, subitamente não nos sentimos confortáveis – porque já não nos sentimos em casa. Em tempos, numa conversa com um conterrâneo meu, foi-me explicado como Macau, antigamente, funcionava por bairros: Toi San, São Lázaro, Lilau… Contou-me inclusivamente um pequeno episódio em que os rapazes de uma família portuguesa recém-chegada a Macau, ao atravessaram um bairro de bicicleta, foram prontamente interceptados e interrogados pela nossa malta, pois a comunidade ainda não os conhecia! Não vivi esses tempos, mas a minha mãe ainda hoje diz, com algum orgulho bairrista, que é da família Xavier da Barra. Também brinquei no meu bairro e com a malta que lá morava. Mas não, já cresci nos anos 80-90 e nunca me identifiquei como sendo da família Ritchie da Penha. (“Papá, nós somos da família Ritchie do Ocean Gardens?”) No entanto, era eu miúdo quando a Taipa ainda era longe: ia a casa de uns amigos que moravam em frente ao Jockey Clube – os poucos prédios que havia na Taipa nessa altura – e sentia-me aliviado quando conseguia apanhar o autocarro de regresso a Macau para chegar a casa a horas. Hoje moro na Taipa e, tanto por motivos de trabalho como de lazer, desloco-me diariamente entre Macau, Taipa, Coloane, Zhuhai e Henqin. Confesso que estes dois últimos ainda me fazem alguma confusão. Talvez já tenha atingido o meu limite. Calculo que um dia o meu filho irá gozar comigo se eu lhe disser que combinar um almoço em Zhongshan não faz sentido. (“Papá, o teu Zhongshan é ainda o do tempo dos kwai chi lou!”) Macau será parte de uma área metropolitana composta pelas diversas cidades da província de Guangdong, cuja fluidez de circulação de pessoas e de bens será cada vez maior e as fronteiras cada vez menos rígidas. Ou inexistentes. Os nossos filhos vão viver um Macau à escala metropolitana. Caríssimo leitor, não fique aflito: afinal quem vive em Lisboa, não vive necessariamente no Chiado. Quem vive em Paris, não vive necessariamente nos Campos Elíseos. Portanto, quem vive em Macau, não precisa de viver em Macau. Enfim, trata-se de um processo de transformação que sempre existiu e que nunca cessou, já que teve início com o crescimento da cidade, os surtos migratórios e as consequentes alterações da paisagem urbana e humana verificadas em Macau na segunda metade do século XX. Todavia, a grande diferença – e o que se calhar nos assusta – é que de repente essa transformação atingiu uma escala e uma dinâmica nunca antes sentida. Com o tempo, a barreira psicológica da fronteira com a China será – e para muitos até já foi – ultrapassada de vez e as nossas vidas irão inevitavelmente estender-se às regiões vizinhas. Não sei que impactos esse novo enquadramento poderá causar à nossa comunidade, mas seguramente a nossa presença será (ainda) mais diluída. Pelo que, uma vez mais, vou repetir aquele cliché: temos de nos fazer valer não pela nossa quantidade, mas sim pela nossa qualidade – seja ela qual for. A verdade é que actualmente há muita coisa em Macau que não faz sentido. Para além da falta de espaço e de todos os problemas daí resultantes, a falta de um horizonte distante para onde possamos dirigir o nosso olhar é algo que me parece bastante preocupante. Cuidadosamente, com moderação e sem extremismos e atropelos ao nosso sentido de identidade, temos de alterar a nossa mentalidade e aceitar essa nova realidade. Podemos continuar a fazer as nossas compras no Cheuk Chai Un e no Tin Un enquanto vamos a caminho da missa antecipada na Sé, para depois chuchumecâ um pouco no adro da igreja. Mas, simultaneamente, não podemos ignorar que em Zhuhai abriu um Carrefour com bons produtos, junto de um condomínio residencial com muito bom aspecto e uma espectacular esplanada da Starbucks mesmo à porta. Para o bem dos nossos filhos. (“Papá, o que tinhas na cabeça quando gastaste 2 milhões de patacas num parque de estacionamento na Taipa?”) Sorrindo Sempre Ah e tal… Pois, não gosto de tocar em assuntos polémicos da actualidade local, mas desta feita não vou resistir à tentação de registar alguns acontecimentos relacionados com a questão do Hotel Estoril que me fazem (sor)rir: Álvaro Siza, de quem fui aluno e merece a minha mais profunda consideração, teceu os comentários que teceu, vá-se lá saber porquê. Se fosse em Portugal ainda percebia, mas em Macau? O que se calhar Siza não sabe é que por cá não temos assim tantas obras do Modernismo europeu. Maria José de Freitas, colega que não foi simpática comigo no célebre episódio da Rua de Londres (não guardo rancor, mas também não me esqueço facilmente das coisas) dirigiu a Álvaro Siza uma carta aberta com a qual até me posso identificar. Enfim, mais ou menos. O académico Michael Turner, que participou no seminário de comemoração do 10º Aniversário do Património Mundial de Macau, ventilou que o Hotel Lisboa poderá fazer parte da lista do património cultural de Macau, ideia que qualificou como “interessante”. Ora bem. O Hotel Estoril tinha em Portugal um primo chamado Hotel Estoril-Sol, também ele uma peça de arquitectura singular, que passou pelo mesmo antes de ser demolido. Macau é de facto uma cidade de origem portuguesa. Numa sessão de recolha de opiniões sobre o Hotel Estoril, por alguma razão mereceu destaque a participação de um turista alemão que passou quatro dias em Macau e algum tempo na piscina municipal situado nas traseiras, considerando o conjunto todo muito interessante, mais do que algo em Hong Kong. Agora pergunto: (1) o que faz um turista alemão numa sessão de recolha de opiniões local e (2) porquê razão foi ele comparar com Hong Kong, que critério foi esse? Com o devido respeito, ele que vá tomar banho para Hong Kong. Um ilustre cidadão ligou para o Ou Mun Kon Cheong (**) e defendeu que a fachada do Hotel Estoril não deve ser preservada porque contém um painel artístico inadequado, com uma mulher nua. Certo. Caríssimo leitor, cinismo à parte, saiba antes o seguinte: adjacente ao Hotel Estoril situava-se a antiga Escola Luso-Chinesa Sir Robert Ho Tung, um precioso e interessantíssimo exemplo do Modernismo Português. Foi demolido há relativamente pouco tempo. Sorrindo sempre. (*) Malfeitor que rapta crianças. (**) Programa matinal da Rádio Macau chinesa.
Andreia Sofia Silva PolíticaEnsino Superior | Si Ka Lon pede nova estrutura para o GAES [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número dois de Chan Meng Kam pediu ontem na Assembleia Legislativa (AL) que o Governo leve a cabo uma alteração à estrutura de funcionamento do Gabinete de Apoio para o Ensino Superior (GAES). Si Ka Lon diz que a ideia é responder ao aumento das instituições de ensino superior. “Proponho o aperfeiçoamento da estrutura interna do gabinete técnico do GAES e a reestruturação das equipas de projecto, criando departamentos e divisões, segundo as respectivas funções administrativas concretas. Isto vai criar canais de promoção para o seu pessoal e vai fazer com que as diversas instituições de ensino superior, bem como docentes e alunos, consigam obter os necessários apoios administrativos”, começa por apontar, acrescentando que a mudança serve ainda “para responder ao aumento contínuo das exigências ao nível da diversificação, modernização e internacionalização do ensino superior”. No período de apresentação de interpelações orais antes da ordem do dia, o deputado disse que “há toda a necessidade de actualizar a estrutura e funções do GAES”, para que esta entidade se possa “coordenar com o desenvolvimento contínuo do ensino superior e implementar sem sobressaltos a proposta de lei relativa à revisão do Regime do Ensino Superior”. Criado em 1992 e com uma alteração orgânica em 1998, o GAES possui, aos olhos de Si Ka Lon, “uma estrutura administrativa simples”, o que faz com que seja “difícil captar quadros excelentes e experientes, por não encararem perspectivas de desenvolvimento”. O GAES tem apenas um coordenador, Sou Chio Fai, apoiado por um coordenador-adjunto e equipas de projecto. “Quando se criou o GAES, este serviço apenas apoiava uma instituição de ensino superior. Actualmente apoia dez, sendo quatro públicas e seis privadas. Verificou-se um aumento exponencial no número de instituições de ensino superior, alunos, docentes e cursos disponibilizados. E, para enfrentar a complexidade das questões e garantir a qualidade do ensino, alargou-se de forma acentuada o âmbito de gestão do GAES”, rematou Si Ka Lon.
Filipa Araújo Perfil PessoasJoaquim Alves, engenheiro electrotécnico [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]passagem de Joaquim Alves por Macau é diferente daquela a que estamos habituados. “Comecei a vir para Macau em 2012, na altura para uma obra da CEM”, contou ao HM o engenheiro electrotécnico, natural de Santa Maria da Feira, acrescentando que a empresa onde trabalha, em Portugal, começou a ter mais clientes. É por isso que são muitas as vezes que tem que vir a este lado do mundo. “Desde 2012, sem ter um número certo, acho que já viajei para Macau umas dez vezes”, relembra. A sua estada no território quase nunca ultrapassa os quatro meses seguidos, mas não é por isso que deixa de gostar mais ou menos, de ter menos ou mais saudades de Macau. Por entre o barulho ensurdecedor de uma obra, Joaquim Alves partilha o misto de sensação e a dualidade de sentimentos que Macau lhe provoca. “A adaptação é muito fácil aqui. Acho que não está relacionado com o pouco tempo que aqui passo. Claro, é diferente de estar aqui muito tempo, mas não implica que não sinta as coisas à minha maneira. Acho Macau um território fácil para um português se adaptar. As pessoas são diferentes, a condução, mas há outras coisas… A comida, a comunidade portuguesa, os meus colegas de trabalho que já cá estão adaptados, por já estarem há mais tempo. Tudo isto fez, e faz, sempre que venho, que a adaptação seja fácil, não sinto qualquer dificuldade”, partilha. Caro mas seguro Macau é, diz o engenheiro, uma “coisa difícil de explicar”. “Macau com o passar do tempo torna-se, para mim, um bocado monótono. É um meio muito pequeno, muito limitado e quem habita aqui está um bocado restringido ao que aqui existe”, partilha. Ainda assim, mesmo com a questão de este ser um território pequeno, “há muitas atracções”, ainda que muito caras. “Qualquer coisa aqui em Macau está muito inflacionada para quem vem cá trabalhar e que pretende juntar algum dinheiro. Apesar dos ordenados serem bons em Macau, para fazer coisas diferentes ao fim-de-semana, como por exemplo ir ao cinema, ver um concerto ou um espectáculo, é caro, não o podemos negar. Ser um ponto turístico tem vantagens e desvantagens e esta é uma delas. Para se ter um fim-de-semana para descontrair da semana de trabalho tem que se gastar algum dinheiro”, argumenta. Mas na segurança ninguém bate o território. É inegável, diz o engenheiro, a segurança que se sente a viver aqui. Joaquim Alves, para além de Portugal e Macau, já trabalhou no Brasil e em Angola, países com taxas de criminalidade elevadas, e por isso, melhor que ninguém percebe a enorme vantagem que é viver em Macau, nesse aspecto. “Não há melhor. Macau é um território bastante acolhedor e sentimo-nos seguros, podemos andar à noite à vontade, não temos zonas perigosas. Isso é muito bom. Temos liberdade em ir a qualquer lado a qualquer hora, é seguro, mais do que em Portugal. E claro, quem viaja muito em trabalho este é um dos pontos mais importantes, a segurança”, remata o jovem que completa este ano 33 primaveras. Odeio-te meu amor Sejam dois ou quatro meses, as saudades de Portugal batem à porta sempre. “Mesmo quando só fico dois meses aqui, quando chego a meio, quando passou um mês, começo a ter saudades de algumas coisas”, conta, apontando as suas pessoas, famílias e amigos como a primeira coisa que lhe vem ao pensamento. As praias, que tanto falta fazem em Macau, os passeio à beira rio e as esplanadas são outras regalias que Portugal consegue oferecer e que “muita falta fazem” à sua ex-morada. Mas, curiosamente, o mesmo acontece quando volta para Portugal. “Macau é um amor-ódio, acho que esse é o melhor termo para definir esta região. Macau fica sempre a mexer-te por dentro. Há qualquer coisa que nunca passa. Quando volto para Portugal, passado duas ou três semanas começo a sentir falta de Macau, das pessoas. Começo a conversar com os colegas que aqui ficam e apetece-me estar com eles, ir aos jantares que eles estão a combinar, ir passar fins-de-semana fora. Não sei. Este é o poder de Macau”, relata o engenheiro. São esses passeios que Joaquim Alves tenta sempre fazer quando está cá. “Com visto de grupo ou individualmente facilmente conseguimos passar as fronteiras para a China e isso faz com que possamos conhecer mais coisas, que nos distraem e que faça passar o tempo sem pensarmos no que ganhamos ou perdemos estando longe”, diz. Várias cidades da China, Hong Kong e as suas praias são uma constante nos fins-de-semana entre Joaquim e os amigos.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAuto-silos | Deputados contra novas medidas de passes mensais Os deputados Chan Meng Kam e Chan Hong consideram que o Executivo deve rever o regime de passes mensais nos parques de estacionamento. Chan Meng Kam fala de uma medida desactualizada face à realidade actual e pede mais esclarecimentos a Raimundo do Rosário [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]questão da manutenção dos velhos passes mensais nos parques de estacionamento e o congelamento de novas emissões continua a gerar preocupação. Dois deputados da Assembleia Legislativa (AL), Chan Meng Kam e Chan Hong, utilizaram ontem o período de interpelações orais antes da ordem do dia para pedir ao Governo que mude a política. “Apelo ao Governo e aos serviços competentes para que procedam o quanto antes à alteração do Regulamento do Serviço Público de Parques de Estacionamento e à revisão do regime de passes mensais”, defendeu Chan Meng Kam. “Hoje em dia, atendendo ao preço elevado das rendas dos lugares de estacionamento e ao seu elevado valor de mercado, o regime de passes mensais já não se coaduna com as reais necessidades. O Governo deve tomar como referência a suspensão da fixação de residência através da compra de casa e rever o regime de passes mensais”, acrescentou o deputado. Já a deputada Chan Hong, nomeada pelo Chefe do Executivo, considera que as novas medidas anunciadas pelo Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, quanto ao novo preço de seis patacas por hora podem trazer consequências negativas. “Após a entrada em vigor da nova tarifa, a rotatividade dos lugares com parquímetros vai aumentar, mas muitos veículos terão de circular nas vias. Então isso não vai aumentar a sobrecarga das vias públicas? São bastante insuficientes os lugares de estacionamento público dos auto-silos. Isto não contribui para aumentar a taxa de estacionamento ilegal? Esta medida vai ou não levar à subida significativa das rendas dos parques de estacionamento? Vai ou não afectar os trabalhadores e moradores das zonas-piloto? O Governo deve estudar e esclarecer estas questões”, apontou. Em nome do interesse público No passado mês Raimundo do Rosário esclareceu num debate da AL que, afinal, os passes mensais não iriam acabar, estando apenas previsto o congelamento da emissão de novos passes. Para Chan Meng Kam, a medida devia ser alterada em nome do interesse público, dando como exemplo o fim abrupto dos táxis amarelos. “É perfeitamente possível que o Governo altere, ou suspenda até, por razões de interesse público, o regime de passe mensal, alvo de dúvidas de muitos residentes”, considerou. “O Regulamento prevê que os passes mensais são intransmissíveis e podem ser renovados, mas esses passes não são eternos, portanto o chamado regime de passe mensal vitalício é apenas desejo de uma das partes e não tem qualquer fundamento legal.” Para o deputado, há muitas questões que continuam sem resposta. “Quanto à revogação do regime do passe mensal, o Secretário para os Transportes e Obras Públicas já disse coisas diferentes, por isso há que esclarecer isso. Por exemplo, segundo o modelo de gestão das empresas concessionárias sob controlo do Governo, a quem pertence este passe mensal? Como se decide isto? O funcionamento é transparente? Que factores é que o Governo teve em conta quando fixou as tarifas do passe mensal? Quantos lugares são ocupados por viaturas dos serviços públicos e dos governantes? O Governo deve esclarecer e divulgar informações junto do público sobre todas estas dúvidas, para este poder fiscalizar”, frisou Chan Meng Kam.
Flora Fong SociedadeLarry So contra transferência de idosos para a Ilha da Montanha [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ex-professor de Administração do Instituto Politécnico de Macau (IPM) Larry So considera que o Mecanismo de Protecção dos Idosos pode vir a causar uma ainda maior dependência dos hospitais e lares, agravando a pressão no sector da saúde e a falta de recursos humanos especializados. O Governo está a realizar consultas públicas em relação a este mecanismo, no qual se prevê que o envelhecimento da população cresça gradualmente até 2036. Larry So disse ao Jornal do Cidadão que o conteúdo do documento é muito rico, devido à sua composição de quatro diferentes áreas – serviços médicos e de assistência social, garantia de direitos, participação social e ambiente de vida –, incluindo um plano de actividades para até daqui a dez anos. No entanto, o também comentador de assuntos sociais acha que o mecanismo apenas se foca no sector da saúde e dos cuidados de geriatria, mas não cobre questões como “cuidados na comunidade” e a necessidade de “passar os momentos de velhice onde se nasceu e viveu uma vida inteira”, descreve o jornal em língua chinesa. “É mais prático ajudar os idosos a ter dignidade num ambiente que lhes é familiar, até porque vivem de forma mais autónoma. É também importante transferir ou ligar os serviços de idosos de hospitais com a comunidade e o documento não é muito claro acerca disso, referindo-se apenas a um estudo futuro da matéria”, continuou. Larry So acrescentou que a execução de todas as medidas prometidas no documento é um factor positivo para os idosos, mas duvida da capacidade de mão-de-obra e infra-estruturas por parte do Governo para o efeito. So argumentou que será preciso investir muito mais recursos para depender dos hospitais e dos lares como o documento indica. No entanto, as ideias de “cuidados em comunidade” e de passar a velhice no local onde se nasceu e viveu só exige investimento em recursos de instituições de serviços sociais, que têm já um suporte. O comentador criticou a proposta de cooperação com outras regiões na “exportação de idosos” para a Ilha da Montanha ou para Jiangmen. Considera que se trata de uma medida irresponsável, não fazendo para si sentido criar lares de idosos longe de casa. Larry So justificou que “eles preferem passar os momentos de velhice onde nasceram e viveram” e assim se sentirem confortáveis e seguros. Membro de comissão quer plataforma de entreajuda de voluntários O membro da Comissão para os Assuntos do Cidadão Sénior, Leong Wai Fong sugere que seja criada uma plataforma de voluntários remunerados destinada a acolher e apoiar os idosos. De acordo com o Jornal do Cidadão, Leong propõe que as instituições ofereçam cursos de formação para cuidar, visitar e entregar refeições a outros idosos que não estejam em tão boa condição física. Esta actividade, explica Leong, teria carácter voluntário, mas seria paga. Quando forem executadas determinadas horas de serviço, serão oferecidos descontos de compras e viagens como remuneração pelo trabalho. Além disso, Leong concorda com Larry So, ao referir que deve ser valorizado o apoio comunitário e dos familiares.
Andreia Sofia Silva BrevesExigidas regras mais apertadas para escadas rolantes Os deputados Kwan Tsui Hang e Leong Veng Chai pediram ao Governo para rever as “Instruções para Apreciação, Aprovação, Vistoria e Operação dos Equipamentos do Tipo Elevador”, por estarem em vigor desde 2013 e não serem obrigatórias, para além de não haver um quadro sancionatório para as empresas incumpridoras. Os deputados pedem regras mais apertadas depois dos casos recentes de mortes em escadas rolantes ocorridas na China e Hong Kong. Leong Veng Chai lembrou que há mais de seis mil escadas rolantes em Macau com grande afluência de pessoas, tendo já ocorrido alguns acidentes sem gravidade. “As referidas Instruções foram implementadas há mais de dois anos, sendo indispensável proceder à avaliação dos efeitos da sua implementação e recorrer à iniciativa legislativa para a sua melhoria, com vista a salvaguardar a segurança do público”, defendeu o número dois de José Pereira Coutinho. Já Kwan Tsui Hang considerou que “em Macau a fiscalização regular das obras electromecânicas é quase nula”, e que “a fiscalização não consegue ainda responder às exigências da sociedade”.
Joana Freitas Manchete PolíticaReferendo Civil | GPDP iliba “ilegalidade”, mas acusa activistas de nova violação A Comissão Organizadora do Referendo Civil foi, agora, ilibada de ter violado a Lei de Protecção de Dados Pessoais no que à recolha de dados diz respeito, mas o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais vem acusar os activistas de outra violação da lei [dropcap style=’circle’]J[/dropcap]ason Chao acusa o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) de estar a aplicar mal a Lei de Protecção de Dados Pessoais, depois do organismo ter acusado a Comissão Organizadora do Referendo Civil de uma nova violação do regime. Apesar de ter admitido que, afinal, o ‘referendo civil’ levado a cabo por três associações pró-democratas não era ilegal, o GPDP vem agora “dar uma interpretação diferente” ao ‘referendo civil’ e acusar os activistas de outra ilegalidade. Numa carta enviada aos órgãos de comunicação social, Chao explica que o Gabinete acusou os activistas de terem violado a Lei de Protecção de Dados Pessoais, por terem armazenado os dados pessoais de residentes numa iCloud fora de Macau. “Um parágrafo da carta diz que ‘no geral, a organização [do ‘referendo’] recolheu apenas os dados pessoais de eleitores com o seu consentimento e de acordo com o artigo da lei [que a isso diz respeito]. Com base na informação, o consentimento dado pelas pessoas maiores de 16 anos não pode ser negado’”, começa por explicar Jason Chao. “Os residentes de Macau devem lembrar-se que, em 2014, todo o Governo defendeu – de forma acérrima e sem precedentes – que este ‘referendo civil’ era ilegal. O GPDP disse até que a recolha de dados para o caso era ‘ilegítima’ e que, por isso, o consentimento dos eleitores deveria ser considerado ‘inválido’”, recorda o activista, que fala da recolha de dados a que os activistas chamaram de ‘referendo civil’, sobre o desejo dos residentes verem sufrágio universal em Macau para eleger o Chefe do Executivo. Nova acusação Apesar de admitir que, afinal, a recolha de dados foi legal, de acordo com Jason Chao, o GPDP vem acusar os activistas de outra alegada ilegalidade relativamente à actividade: “acusam a Comissão Organizadora de não se utilizar de servidores em Macau e de transferirem os dados pessoais dos eleitores para um outro país”. Isto porque fizeram uso de “iCloud”. Contudo, Chao considera que a lei não pune a transferência de dados para outros países quando esta não é feita de forma voluntária e quando acontece devido “à forma como as redes estão estruturadas”. “É um facto de que não há serviços de ‘nuvem’ em Macau e muitas empresas e associações escolhem usar servidores estrangeiros”, defende Chao, que acrescenta que o GPDP foi informado de todas as medidas de protecção de dados pessoais implementadas pela Comissão do referendo. Jason Chao vai mais longe e acusa o GPDP de ter formas diferentes de aplicar a lei, já que uma associação pró-Governo utilizou o mesmo sistema para registar os dados dos residentes para um evento e o Gabinete considerou não haver ilegalidades. Por um lado, o activista não pode ser mais alvo da acusação que pendia contra si em tribunal, devido à ilegalidade do referendo, mas por outro a Comissão poderá ter de pagar uma multa por causa desta nova acusação, que poderá ascender às 80 mil patacas. Em instrução Em comunicado, o GPDP vem dizer que Jason Chao, promotor do referendo, pode apresentar um recurso da nova acusação. O Gabinete diz não poder fazer comentários precisamente por esse motivo. “O que se refere no ofício não é a decisão final do GPDP. O caso em causa ainda está em instrução – actualmente na fase de audiência prévia do administrado –, por isso não é oportuno o GPDP tecer qualquer comentário.” Mais ainda, o Gabinete – que não tinha acusado os activistas de mais ilegalidades – diz agora que “condições de legitimidade do artigo [que diz respeito à recolha de dados na Lei] foram satisfeitas, mas que não se pode daqui retirar que o tratamento de dados pessoais na actividade em causa satisfez plenamente todas as disposições da [mesma lei]”.
Andreia Sofia Silva BrevesFunção Pública | Deputados reprovam tecto máximo para indemnizações A Assembleia Legislativa (AL) aprovou ontem na especialidade o novo Regime do Contrato de Trabalho nos Serviços Públicos. Contudo, 12 deputados acabaram por reprovar a existência de um limite máximo para o pagamento de indemnizações, no caso da rescisão do novo Contrato Administrativo de Provimento (CAP). Segundo a lei, qualquer trabalhador teria direito a receber uma indemnização “limitada a doze vezes o vencimento mensal, o qual não pode ultrapassar as [20 mil patacas]”. Os mais de oito votos contra quiseram mostrar a Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, a existência de “injustiças”. Ella Lei, apesar de ter elogiado os avanços obtidos com o diploma, acabaria por ser uma das que votou contra esta norma. “É um avanço para a Função Pública e o Governo deve cancelar as duas outras restrições para o cálculo da indemnização, tendo em conta as práticas do sector privado. Ainda consta um limite máximo e isso é injusto para os trabalhadores que nunca falharam no seu posto de trabalho”, frisou a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).
Andreia Sofia Silva PolíticaIACM | Criação de órgãos municipais ainda em estudo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s democratas pediram ao Governo para incluir já a criação de órgãos municipais na reestruturação do IACM, mas a Secretária para a Administração e Justiça disse que ainda estão a estudar uma medida anunciada nas LAG de 2014. Atraso na transferência das áreas da cultura e desporto foi criticado O Governo continua sem planos concretos para a criação dos órgãos municipais sem poder político, uma garantia que foi dada pelo Chefe do Executivo aquando da apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) de 2014. Os deputados da ala democrata pediram ontem ao Governo para incluir já a questão dos órgãos municipais na proposta de reestruturação do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), aprovada ontem na generalidade, mas o Governo garantiu que tal ainda não será implementado. “Quanto à reestruturação do IACM, vamos avançar este ano com a transferência de serviços. Quanto às demais funções, vamos continuar a analisar e a estudar, mesmo face às situações de sobreposição. De acordo com o que foi definido nas LAG, vamos tratar de tudo da melhor forma e vamos tratar do processo de análise quanto à criação de órgãos municipais sem poderes políticos”, explicou Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça. “Quais as funções que terão [os futuros órgãos municipais]? Não chegámos ainda a uma decisão e em tempo oportuno vamos divulgar”, acrescentou. O deputado Ng Kuok Cheong lembrou que em Hong Kong o Executivo decidiu recentemente a criação destes órgãos municipais. “Será que o Governo, aquando da reestruturação do IACM, poderá criar órgãos municipais ao mesmo tempo? Decidiu-se em Hong Kong a criação desses órgãos que são eleitos pela população. O Governo deve seguir a Lei Básica e criar esses órgãos e, com determinação, permitir a sua construção. Será que podemos criar órgãos municipais sem poder político para desenvolver trabalhos na área da cultura, que podem adiantar parecer de carácter consultivo ao Governo?”, questionou. Na sua declaração de voto, os deputados falaram do papel consultivo que estes órgãos poderão vir a desempenhar junto do Governo. “A Secretária não tocou numa questão radical, que é a criação dos órgãos municipais. O Governo criou um grande número de órgãos consultivos, mas os resultados práticos não são bons, porque os membros são nomeados”, apontaram. A proposta de lei ontem aprovada na generalidade prevê a transferência das áreas da cultura e do desporto para o Instituto Cultural (IC) e Instituto do Desporto (ID), o que visa a transferência de 270 trabalhadores. Sónia Chan garantiu que ninguém ficará prejudicado com esta mudança. O deputado Au Kam San criticou ainda o atraso do processo. “Este é o terceiro ano em que abordamos a reestruturação do IACM. Só agora é que a Secretária avançou com uma coisa tão simples. Porque é que o Governo levou tanto tempo para uma tarefa pequena?”, questionou. Governo quer simplificar atribuição de licenças A Secretária para a Administração e Justiça confirmou ontem que o sistema de atribuição de licenças a restaurantes e outros estabelecimentos similares poderá ficar mais simples. “O IACM procede à recolha de informações necessárias, mas fora desse âmbito já não consegue recolher outras informações. Numa fase preliminar estamos a penar dar competências ao IACM no sentido de poder prestar e recolher informações. Isto quer dizer que o requerente não tem de deslocar-se a vários balcões para tratar das formalidades, pode apenas ir ao IACM tratar”, explicou Sónia Chan. A Secretária garantiu ainda que “o IACM está a funcionar sem sobressaltos quanto à emissão de licenças de estabelecimentos de comidas”, sendo de 40 dias o prazo para a emissão de uma licença de operação.
Andreia Sofia Silva BrevesAprovado Regime de Garantia dos Créditos Laborais Os deputados aprovaram ontem na especialidade o Regime de Garantia de Créditos Laborais, uma lei apresentada ao hemiciclo a 27 de Maio do ano passado. Com o diploma, qualquer trabalhador, seja residente ou não residente, passa a poder dispor do Fundo de Garantia de Créditos Laborais para ter acesso a adiantamentos de dinheiro, em situações de compensações ou indemnizações em que não haja disponibilidade por parte da entidade patronal ou seguradora para pagar os montantes. O Fundo será constituído por 160 milhões de patacas, injectadas pelo Executivo. Caberá à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) dar apoio administrativo aos processos.
Leonor Sá Machado BrevesCCP pede reforço da participação dos jovens na política O Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e a Escola Portuguesa de Macau (EPM) sentem necessidade de reforçar a participação dos jovens lusos da região na política. Durante uma reunião do representante do Conselho das Comunidades Portuguesas José Pereira Coutinho com o director da Escola Portuguesa de Macau (EPM), Manuel Machado, “foi referida a necessidade de incentivar os jovens a uma maior participação cívica e política na RAEM como parte extra-curricular da aprendizagem”, como sublinha o presidente do Conselho em comunicado enviado ontem. Em cima da mesa estiveram ainda eventuais parcerias na organização de serviços comunitários e divulgação de informações políticas.
Filipa Araújo Manchete SociedadeHotel Estoril | Siza Vieira é o arquitecto do projecto Alexis Tam convidou Siza Vieira para comandar o projecto do Hotel Estoril e o arquitecto aceitou. Com opinião de não manter a fachada, Siza Vieira deverá visitar Macau em Outubro. Alexis Tam garante que ainda não há decisão sobre o edifício [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]da boca do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que sai a confirmação: Álvaro Siza Vieira será o arquitecto responsável pelo projecto do Hotel Estoril. “Estive em Portugal, no Porto, visitei o arquitecto Siza Vieira e no fim trocámos impressões sobre o desenvolvimento da cidade de Macau (…). Abordei a possibilidade de o arquitecto nos ajudar a fazer o projecto de design para um novo centro de actividades criativas e artísticas para os jovens e ele aceitou o convite”, confirmou o Secretário. Foi na visita oficial de Alexis Tam a Portugal que o encontro – e o convite – aconteceu. “[No encontro] falámos sobre o projecto do Hotel Estoril uma vez que o Executivo quer tornar aquele hotel abandonado num centro de actividades criativas e artísticas para os jovens. Perguntei a sua opinião, se vale a pena manter a fachada ou não”, relatou o Secretário. A obra dos anos 60 muita polémica tem trazido à praça pública. O arquitecto já se mostrou a favor da demolição da fachada do hotel, opinião também partilhada pelo arquitecto Souto de Moura, como confirmou ao HM esta semana, mas muito contestada por arquitectos locais. Em aberto Ainda assim, Alexis Tam garante que nada está decidido. “Será uma decisão difícil”, disse aos jornalistas, reforçando que nunca nenhuma decisão irá agradar a todos. “Seja o que for, as pessoas vão criticar, isso sem dúvida, já estou preparado”, disse, salientando que a única coisa que é importante é o “interesse público”. Só depois do arquitecto cumprir os seus compromissos agendados em Nova Iorque é que virá a Macau. Algo que, segundo Alexis Tam, deverá acontecer no início de Outubro. O Governo diz que vai analisar os prós e contras e só depois tomar uma decisão. “A posição do Governo é aberta. Todas as associações de educação, incluindo professores e directores das escolas, não querem a manutenção da fachada. Ontem [quarta-feira], Souto de Moura também disse que não. Ainda não está tomada a decisão. Vamos ver”, reforçou.