Cinema | Realizador de Macau vence prémio Kodak Student Gold Award 2015

“Trycicle Thief” soma e segue com menções positivas, desta vez tendo vencido o prémio Kodak mais importante para estudantes. O filme de Maxim Bessmertny, realizador de Macau, retrata a ganância e as necessidades do ser humano

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]axim Bessmertny venceu o prémio Kodak Student Gold Award 2015, com o filme “Trycicle Thief”. Feito em Macau e pelo russo radicado no território, o filme retrata a vida de um condutor de riquexós e do que acontece quando o seu triciclo é furtado por um homem de negócios.
A Kodak, com sede em Nova Iorque, nomeou cinco estudantes como vencedores dos prémios Kodak Scholarship Program 2015, uma competição mundial que acontece anualmente em colaboração com a Universidade de Filme e Vídeo, em Chicago. Este ano, as candidaturas atingiram “um número recorde”, como indica a organização, com mais de 55 instituições de ensino de Cinema a participar. As universidades escolheram os alunos que consideraram mais aptos a receber o prémio, que consiste em bolsas de estudo e prémios monetários.
A estudar em Singapura, na New York University’s Tisch School of the Arts Asia, Max Bessmertny foi o vencedor do primeiro prémio, que lhe valeu dez mil dólares em bolsas de estudo. O realizador admitiu ao HM que nem acreditava quando soube que tinha vencido.
“A minha primeira reacção foi ‘não me acredito’. Pensei que estavam a brincar comigo”, diz, sorrindo. Mas, depois, caiu em si.
“Depois, senti-me honrado por muitas razões. Não é por mim, é pela natureza do prémio, a natureza dos filmes. Não necessariamente o ‘Trycicle Thief’, mas a combinação das coisas. Primeiro, porque me lembro de ver filmes como ‘Tarkovsky’s Stalker’ e ‘La Dolce Vita’, porque o meu pai e os amigos adoravam estes filmes. Lembro-me que, das primeiras vezes, nunca me senti inspirado com isto. Era um adolescente, ignorante, que não sabia muito de coisa nenhuma. Mas eu adorava já trabalhar com pessoas do mundo do teatro, da música… Aos poucos, comecei a identificar-me com os filmes que me estavam a ser mostrados”, explica Max Bessmertny ao HM.
Foi depois de longas noites e diversão na sua adolescência, aos vinte, que Max se apercebeu do que realmente queria fazer. “Vi o fime ‘Citizen Kane’, que estava escondido numa misteriosa caixa de DVDs em minha casa.” E foi aí que o clique aconteceu. Ou que, pelo menos, chegou a certeza de que o Cinema era o futuro do jovem realizador.
“Trycicle Thief” é a mais recente curta-metragem de Max Bessmertny, tendo passado já em diversos locais no território e na região vizinha. Em Novembro do ano passado, o realizador dizia ao HM que o destino do filme “se faria por ele próprio”, algo que acabou por acontecer este mês. Um filme sobretudo da “ganância e necessidade humanas”, que tem Macau como pano de fundo.
Max Bessmertny veio para o território com cinco anos, tendo estudado em Londres, Tailândia e Singapura, mas mantendo sempre uma forte ligação à Macau que a viu crescer e onde quer, diz, desenvolver a sua carreira.
Por agora, o realizador mantém-se em filmagens para a sua próxima produção, tendo realizado recentemente campanhas publicitárias para diversos empreendimentos de Macau.
O segundo prémio Kodak 2015 foi entregue a Paulina Skibinska da National Film School em Lodz, na Polónia, com o filme “Object”. Matvey Fiks da School of Visual Arts em Nova Iorque venceu o terceiro prémio com “Babushka”.
Estes prémios são atribuídos anualmente e a Kodak promete continuar a fazê-lo. “A Kodak é fervorosamente devotada à próxima geração de cineastas”, disse Andrew Evenski, presidente da Kodak’s Entertainment & Commercial Films, citado num comunicado da organização. “Ter uma parceria com a Universidade de Filme e Vídeo tem-nos mantido constantemente ligados às instituições que ensinam estes novos artistas.”

13 Ago 2015

Mais de 200 casos de burlas telefónicas

A Polícia Judiciária recebeu 214 denúncias de burla telefónica no primeiro semestre, das quais cerca de 30% acabaram por se materializar, lesando as vítimas no equivalente a quase um milhão de euros.
De acordo com dados facultados pela PJ à agência Lusa, houve 63 casos de burla telefónica em que os ofendidos sofreram prejuízos no valor total de 8,53 milhões de patacas. Após investigação conjunta, foram detidos, em Maio, dois residentes de Taiwan – um no interior da China e outro na ilha Formosa –, pelas respectivas polícias, indicou a PJ de Macau.
Os casos recebidos pela PJ dizem respeito sobretudo a cinco tipos de burla, incluindo o famoso esquema “Adivinha quem sou eu”, em que um desconhecido se faz passar por um familiar ou amigo da vítima para obter dinheiro, ou “Ganhou um sorteio”.
Outro prende-se com um esquema de alegada fraude em que potenciais burlões se apresentam como funcionários de órgãos do Estado chinês, caso para o qual a PJ tinha emitido, em Maio, um alerta à população, depois do registo de mais de uma centena de denúncias, incluindo 20 com prejuízos patrimoniais.
Em Hong Kong, ocorreram, entre Janeiro e Junho, 200 casos deste esquema em particular, um número 50 vezes maior do que o registado no cômputo do ano passado, que foi de quatro, segundo dados publicados no mês passado pelo South China Morning Post.
Segundo o jornal da antiga colónia britânica, as vítimas foram lesadas em cerca de 26,79 milhões de dólares de Hong Kong.

13 Ago 2015

SJM anuncia quebra de 54,1%

A Sociedade de Jogos de Macau, fundada por Stanley Ho, anunciou ontem uma queda de 54,1% nos lucros do primeiro semestre do ano para 1791 milhões de dólares de Hong Kong. De acordo com os dados não auditados fornecidos pela empresa, as receitas do grupo totalizaram entre Janeiro e Junho 26.611 milhões de dólares de Hong Kong, menos 40,1% do que no mesmo período de 2014.
Só em receitas de jogo, a SJM, actualmente liderada por Angela Leong, a quarta mulher do magnata dos casinos, arrecadou 26.319 milhões de dólares de Hong Kong, menos 40,3%. Com estes resultados, a empresa vai pagar dividendos por acção de 31,7 cêntimos de dólar de Hong Kong, menos quase 55% do que nos primeiros seis meses de 2014. Na nota de imprensa, a SJM salienta ser detentora de 22,3% de quota, num mercado disputado por seis operadores. Apesar da crise que tem levado as receitas dos casinos a cair nos últimos 14 meses, Ambrose So, presidente do Conselho de Administração reafirmou a aposta da companhia em “melhorar o atendimento aos seus clientes” e disse que a construção do novo complexo no Cotai deverá estar completa em 2017, como o previsto pela empresa.

13 Ago 2015

Deputados analisam falta de ocupação de casas de Seac Pai Van

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante a reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública, que aconteceu na manhã de ontem, os deputados debateram a problemática das casas públicas desocupadas.
Os deputados da Comissão chegaram à conclusão que a falta de instalações complementares na habitação pública de Seac Pai Van é um dos principais motivos para a desocupação de muitas das casas atribuídas.
“A elevada taxa de não ocupação das habitações económicas de Seac Pai Van deve-se a motivos de natureza histórica e a factores objectivos, que compreendem a insuficiência de instalações complementares, que acaba por afectar a ocupação”, refere o relatório de balanço dos trabalhos da Comissão.
Outra das razões prende-se com “a não aplicação dos limites de rendimentos e património dos antigos candidatos, que resultou no surgimento de adquirentes sem necessidade urgente de ocupar as referidas habitações”. Por essas razões, a Comissão “não chegou a um consenso quanto ao recurso à revisão da lei para o agravamento das sanções”. obras
Contudo, “o Governo já prometeu que vai resolver o problema das casas desocupadas e fornecer, o mais rapidamente possível, as informações sobre a solução a adoptar”, cita a rádio Macau.
Os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos da Administração Pública pediram ao Governo para aumentar as sanções a aplicar no caso dos atrasos das obras nas vias públicas. A Comissão entendeu, por unanimidade, que o actual regime sancionatório é brando e que as multas são leves, a que acresce ainda a ausência de fiscalização por parte dos departamentos do Governo e a falta significativa de fiscais, levando ao aparecimento de desrespeito do prazo fixado para certas obras viárias.
Como resposta, o Governo afirmou que ia estudar o agravamento das multas, elevando os efeitos dissuasores, no sentido de garantir que “as obras sejam concluídas dentro do prazo”, pode ler-se no relatório de balanço dos trabalhos da Comissão.
Além disso, “o Governo admitiu que existem graves atrasos na maioria das obras de Macau, o que acontece em 50% a 100% das obras, incluindo escavações, uma situação preocupante. O Governo afirmou que um dos motivos é a vigência da Lei de Prevenção e Controlo do Ruído.”

12 Ago 2015

Segurança Alimentar | IACM promete mais 300 fiscais até 2017

Os deputados criticaram a actuação do Centro de Segurança Alimentar do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, tendo pedido novas instruções e mais eficácia nas investigações de alimentos. O Governo diz que até 2017 serão criadas mais leis e este ano formado mais pessoal

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]amarões com gel injectado, óleo de Taiwan contrafeito, sanduíches de Taiwan que provocam gastroenterites. Muitos têm sido os casos de falta de segurança alimentar ocorridos em Macau e ontem os deputados da Assembleia Legislativa (AL) questionaram a eficácia do trabalho desenvolvido pelo Centro de Segurança Alimentar, do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). O recente caso de camarões com gel comprados por uma residente no Mercado Municipal do Iao Hon acabou por originar muitas questões.
Na resposta à interpelação oral da deputada Melinda Chan, Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, confirmou que o IACM já tinha iniciado uma investigação aos camarões antes do dia 15 de Julho, quando os responsáveis tomaram conhecimento do problema através de uma reportagem feita no continente.
“Não detectámos anomalias e fizemos análises sobre metais pesados. O resultado obtido é normal e está de acordo com critérios de segurança e higiene. Temos feito inspecções regulares e específicas”, garantiu Alex Vong, presidente do IACM.
O hemiciclo não se mostrou satisfeito com as informações e pediu uma nova actuação da parte do Centro de Segurança Alimentar do IACM. Enquanto Sio Chio Wai falou da possibilidade de aumentar o tempo de inspecções, Kwan Tsui Hang pediu uma revisão dos mecanismos já existentes.
“Os moradores estão preocupados com os produtos adulterados e se calhar não se consegue assegurar a 100% os produtos importados e conhecer a sua origem. No caso das sanduíches, chegou-se à conclusão que não chegaram a Macau pela via normal, mas pela compra na internet. O Governo pode dizer que não há problemas, mas que produtos são esses?”, questionou a deputada. “Não estamos a questionar um único caso e vemos que o Governo não consegue dar respostas à população”, criticou Ella Lei.
Para o vice-presidente da AL, Lam Heong Sang, “o maior problema é a falsificação de marcas e isso acontece muito com os produtos alimentares”.
“Como devemos emitir instruções? O problema no Centro de Segurança Alimentar é que, quando a amostra do produto é apresentada, os serviços rejeitam e isso causa desconfiança. Pode o Centro aceitar as amostras dos residentes?”, questionou Lam Heong Sang.
Lembrando o recente caso de carne congelada vinda da China com cerca de 70 anos, José Pereira Coutinho quis saber quantos médicos dispõe o IACM para fiscalizar a carne fresca e congelada que é importada, bem como os produtos hortícolas.
“Parece que o queixoso [do caso dos camarões com gel] só teve contacto com um inspector. Mas a segurança dos produtos alimentares muito depende dos médicos veterinários. De quantos médicos dispõe o IACM para fazer os exames às carnes? De que mecanismos dispõe?”, frisou o deputado.
Como resposta, Alex Vong apenas confirmou a aposta em mais profissionais e leis. “Em Macau temos critérios de fiscalização e exames aos alimentos importados. Temos uma lista de produtos que não podem ser vendidos e já temos um regulamento administrativo para isso. Até 2017 vamos ter mais regulamentos administrativos. No presente ano vamos formar cerca de 300 inspectores na área da segurança alimentar”, rematou o presidente do IACM.

12 Ago 2015

Função Pública | Governo deverá rever salários por categorias em 2016

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, confirmou ontem na Assembleia Legislativa (AL) que em 2016 deverá ser tornada pública a proposta de revisão dos salários na Função Pública por categorias. “Em 2016 poderemos avançar com uma solução preliminar, porque já estamos a fazer estudos sobre a divisão das categorias e temos algumas ideias.”
O anúncio surge em resposta a uma questão que foi levantada pelo deputado Si Ka Lon, que acusou o Executivo de estar a analisar a revisão há demasiado tempo. “Os trabalhadores das camadas de base têm muita pressão económica. O Governo está a implementar algumas medidas de apoio, mas são provisórias. Este aumento salarial por categorias tem algum calendário? Estamos há espera há muito tempo”, frisou o deputado.
Sónia Chan foi à AL responder à interpelação oral do deputado Leong Veng Chai, que criticou o facto de só os funcionários públicos com salários iguais ou abaixo [das 15.600 patacas] terem acesso aos novos subsídios criados para suportar despesas com estudantes do ensino secundário e idosos. Segundo Sónia Chan, mil funcionários estarão aptos para receber o apoio financeiro para os filhos estudantes, sendo que apenas 300 poderão receber dinheiro para cuidar dos seus familiares mais idosos. Contudo, Sónia Chan disse que esses números serão sempre variáveis.
“De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a mediana das remunerações dos trabalhadores foi de 16 mil patacas, sendo esse valor equivalente [às 15.600 patacas]. O índice mínimo é [7900 patacas]. A maioria dos quadros com o índice igual ou inferior [a salários de 15.600 patacas] pertencem ao grupo de operários, que também têm outros apoios”, explicou a Secretária para a Administração e Justiça. “O Governo já atribuiu vários subsídios para residentes que frequentam cursos universitários e se os funcionários tiverem dificuldades podem aceder ao subsídio de subsistência, criado há vários anos. Mas serão feitas atempadamente revisões”, concluiu.

12 Ago 2015

Complexo da Praia do Manduco | Criticada prorrogação não explicada

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Kwan Tsui Hang está insatisfeita com a falta de explicação do Governo sobre a prorrogação da obra do Complexo Municipal dos Serviços Comunitários da Praia do Manduco. Os aumentos das despesas, sem justificação, fazem com que a deputada apele ao Governo para introduzir a cláusula penal compensatória na próxima abertura de concurso para as obras públicas. Cláusula que tem sido pedida pelos deputados já que permite o pagamento de indemnizações ao Governo no caso de obras em atraso.
Numa interpelação escrita, Kwan Tsui Hang recordou que o projecto foi decidido em 2010 pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), estando dividido em duas fases. A 1ª fase começou em 2013, estando prevista a sua conclusão no terceiro trimestre deste ano, incluindo as fundações do complexo e o parque de estacionamento na cave. Algo que não aconteceu.
Segundo o site da DSSOPT, a data de conclusão do projecto foi alterada para Julho do próximo ano. Kwan Tsui Hang mostrou-se insatisfeita com a falta de explicações ao público. praia do manduco
“As obras de fundação da cave da 1ª fase foram prorrogadas, logo a obra não irá estar concluída no tempo previsto. O departamento não explicou a causa à população, apenas adiou a data para o próximo ano, e só o fez no site. Isto é claramente insatisfatório”, argumentou.
Assim, a deputada quer que o Governo apresente uma explicação ao público, clarificando porque é que o projecto está atrasado, dando ainda explicações se haverá aumento das despesas ou não. Segundo um despacho do Chefe do Executivo em Julho passado, o montante global inicial da 1ª fase do complexo iria fixar-se em 120,5 milhões de patacas.
Além disso, a deputada acha que para evitar este “mau hábito” nas obras públicas, o Governo deve introduzir a cláusula penal compensatória para a abertura do concurso da 2ª fase do projecto, de forma a assegurar a data de conclusão prevista.

12 Ago 2015

As raparigas salgadas

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]á se sabia que o grande problema do século XXI, para além dos fundamentalismos e do tédio causado pelo Jogos Olímpicos de Inverno, ia ser a água. Pois é. Precioso líquido, fonte de vida e de muitas outras coisas (como o útil gelo, por exemplo), bem diferente do asqueroso petróleo por quem tantos matam e outros tantos morrem, a água não vai ser a mesma ao longo deste titubeante século. Seja por causa do aquecimento global, devido ao envenenamento dos rios ou ao excesso de xixi sobrepopulacional, a verdade é que todos prevêem graves problemas com a água nos próximos tempos.
Também neste aspecto Macau exige estar na vanguarda e os problemas que vão afectar o mundo de forma global já se sentem aqui neste território à beira do Rio das Pérolas plantado. Ora toma! Somos os primeiros, à frente da Etiópia, de Myanmar, dos países árabes, do próprio Turquemenistão. Enquanto estes sóbrios países continuam a desfrutar de água potável, a RAEM não está com meias medidas e avança decidida na senda do futuro: aqui a água não se pode mesmo beber. Não se pode beber, não se pode cozinhar, não se pode escovar os dentes, tomar banho, lavar a roupa. E tudo porque a água tem excesso de sal!
Porque razão uma terra com excesso de dinheiro nos cofres, decididamente voltada para o turismo, proporciona aos seus habitantes este profético mergulho no futuro? Fará parte de uma estratégia publicitária dos Serviços de Turismo? “Venha a Macau e experimente o que vai ser o mundo daqui a 50 anos”. Será isto? Talvez. Será uma táctica política à la Maria Antonieta? “Não têm água? Mas porque não bebem vinho?” Será? Talvez. Bom… a verdade é que enquanto o dinheiro não chega para os brioches a malta vai andando por aí… mas mais salgadinha que é um mimo dos antigos.
É claro que para resolver a situação era preciso tomar uma decisão e disso anda o governo farto. Um senhor propôs na rádio que se usasse água do mar nas descargas. Ora aí está uma ideia de génio. Nas descargas e nas piscinas públicas. O único problema é que o mar está tão distante que se torna fisicamente impossível. Distante, pergunta o surpreendido leitor. Sim, distante, porque esta gentil costa é sobretudo banhada pelos dejectos químicos e orgânicos da malta ali de Guangdong que, como se sabe, não prima pela escassez nem pela contenção. Logo, solução impossível.

[quote_box_left]Ora a partir de agora toda a população vai andar com excesso de sal, o que certamente contribuirá para fazer subir Macau nas estatísticas regionais, quiçá mundiais, de frequência sexual[/quote_box_left]

O melhor mesmo é aguentar. Já que a nossa querida Macao Water e o nosso devotado governo se limitam a tomar banho num mar de despreocupação e indiferença, o que pode a populaça fazer? Aguentar, pois claro, pacientemente aguentar. Aguentar que a máquina de lavar se decomponha, aguentar o preço da água mineral. Aguentar que a paciência é como o respeitinho: muito bonita.
E não haja dúvida que o povo de Macau tem uma infinda paciência. No Iraque já tinham explodido duas mesquitas, na Rússia haveria manifestações nas estepes, nos Estados Unidos turbas enfurecidas a partir tudo e a roubar. Na China discutia-se o assunto no ciberespaço, em Portugal nas tabernas. E seria imprevisível o resultado. Mas aqui não. Gosto a sal em tudo quanto toca em água e está a andar. A malta tem calma, a malta tem pachorra, a malta continua alegremente a pagar o mesmo preço por um produto que não atinge sequer os mínimos admissíveis em contexto civilizado.
Esta bovina paciência tem talvez uma razão linguístico-cultural. Passo a explicar. Ora como sabe quem sabe cantonense, rapariga salgada (ham-mui) quer dizer que estamos perante uma moçoila muito dada às coisas da sensualidade, pois deveriam considerar os chineses antigos que existia uma relação entre o excesso de sal e a vontade de praticar sexo, isto é aqueles actos que para alguns estão relacionados com a reprodução da espécie e para outros com outras coisas mais relacionadas com o Kamasutra. Ainda hoje, por Macau, quem é o varonil rapazola, digno das suas viris patentes, que não foi rotulado de ham-sap lou por uma simpática mas negacionista chinesa de cantónia fala? Se é o caso do amável leitor é melhor não o confessar a ninguém, por vergonha de não exibir suficientemente os seus másculos desejos (curiosamente, os portugueses que chegam agora a Macau em nada desmerecem aos seus antecessores pré-transição: mal descem do jet-foil, logo abrem a braguilha e a carteira). Ora a partir de agora toda a população vai andar com excesso de sal, o que certamente contribuirá para fazer subir Macau nas estatísticas regionais, quiçá mundiais de frequência sexual. Ele é um vê-se-te-avias e ainda por cima… salgado. Portanto, ainda se queixam? Não se queixem. O pastel de bacalhau também é salgadote e não é por isso que deixa de ser levado a numerosas bocas, um pouco por todo o mundo.
Verdade, verdadinha, é que isto até quem nem é mau para todos. Que o digam os importadores e revendedores de água mineral: nunca o negócio andou assim tão de vento em popa. Isto sim, isto é que é fartar vilanagem.
Por mim, acho bem, que eu cá acho tudo bem. Só o gelo, só o gelo me preocupa. Mas como o uísque também é falsificado, que importância tem mais pedra ou menos pedra de sal? Também em sal se transformou a mulher de Lot por ter ousado olhar para trás, quando da fuga de Sodoma. E Macau tem agora as raparigas mais salgadinhas do mundo! Sal, sexo, gajame, Sodoma… Caramba! Isto está mesmo tudo relacionado!

12 Ago 2015

Académico discorda com transformação de escolas em lares

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]director da Escola Choi Nong Chi Tai, Vong Kuoc Ieng, não considera boa ideia transformar as escolas instaladas em pódios de edifícios em lares de idosos, apesar do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, ter apresentado a sugestão. Vong diz que esta transformação pode ter um impacto negativo.
A deputada Chan Hong apontou em Abril deste ano que a maior parte das escolas de Macau se debate com limitações de espaço e, neste momento, há 17 escolas instaladas em pódios de prédios habitacionais.
Segundo o Jornal Ou Mun, Alexis Tam revelou na semana passada que o Governo pensa em libertar algumas destas escolas para que sejam lares de idosos, mas o director da Escola Choi Nong Chi Tai considera que a maior parte dessas escolas não têm um ambiente bom, tais como problemas da circulação do ar. idosos
“Por exemplo, num Jardim de Infância da nossa escola, a altura do tecto é muito baixa, há sempre falta de luz natural e existem problemas de infiltração de água, uma vez até surgiu um rato na sala de aula e os empregados e professores precisaram de ajudar a matar o rato. O ambiente é bem repugnante.”
Vong aponta que os locais nem para as crianças são bons e diz que estas instalações deveriam ser encerradas e as escolas movidas para edifícios específicos e permanentes em terrenos que estejam actualmente desocupados. Por isso mesmo, aponta, não se deveria transformar esses locais em lares de idosos.

12 Ago 2015

SJM | Angela Leong “ansiosa” por aprovação de parque temático

Há cinco anos na calha, ainda não há qualquer resposta do Governo face à aprovação do projecto da Hello Kitty no Cotai. Algo que mantém a mentora do empreendimento “ansiosa”, até porque os custos no investimento vão subindo

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ngela Leong diz esperar “ansiosamente” que o Governo aprove o projecto da operadora que dirige para o Cotai. Projecto que tem sido falado há vários anos e que consiste num parque temático da Hello Kitty.
A directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), e também deputada, disse ao Jornal do Cidadão que espera que o Governo aprove o mais rápido possível o projecto, que ficará perto do Lisboa Palace, o primeiro empreendimento da operadora de Stanley Ho no Cotai.
“O Governo ainda não autorizou oficialmente o projecto do parque temático no Cotai. Estou também muito ansiosa, já esperámos muitos anos e quanto mais tarde o começo das obras, mais caro os custos do investimento. Espero que consiga receber a aprovação do Governo para que Macau possa ter um sítio de diversão para residentes e turistas, tanto crianças como idosos”, frisou.
O parque temático ficará situado num dos terrenos da SJM no Cotai, terreno que está envolvido nos lotes que estão, neste momento, a ser investigados pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC). Isto, porque supostamente teria de ter sido declarada a caducidade do arrendamento, mas por “falhas do próprio Governo”, como foi anunciado este ano, isso não aconteceu.
O terreno foi concedido por arrendamento, válido por 25 anos e com dispensa de concurso público, por Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, em 2006. O prazo global para aproveitamento do terreno era de 36 meses.
O investimento no parque temático parte não só de Angela Leong, mas também do deputado Chan Chak Mo. O projecto inclui cinco hotéis temáticos e, segundo os planos iniciais da empresária, estaria concluído em 2017. A aprovação do Governo já é esperada há anos: em Novembro de 2010, a Sociedade Macau Parque Temático e Resort, concessionária do terreno e que tem Angela Leong como administradora, já tinha garantido que o empreendimento desenhado para o COTAI seria destinado ao turismo familiar. Na altura, a empresa estimou que o projecto deveria envolver um investimento de 10,4 mil milhões de patacas e possibilitar a criação de nove mil postos de trabalho.
Em Maio de 2013, a SJM adiantou que pretendia ligar o Lisboa Palace a este parque temático.
Recentemente, um projecto semelhante foi anunciado para nascer na Ilha da Montanha, mas Leong já negou que esta seja uma proposta sua.

Lisboa Palace mantém data de abertura

Angela Leong afirmou ainda que o projecto Lisboa Palace no Cotai mantém a data de abertura previamente anunciado, ou seja em 2017. Segundo o Jornal do Cidadão, Angela Leong referiu que, apesar do ajustamento da economia, a SJM não vai travar nos custos para desenvolver o empreendimento. Questionada sobre se a abertura dos novos projectos turísticos no Cotai vai trazer impactos aos recursos humanos da SJM, a directora executiva defendeu que ainda não sofreu com perda de mão-de-obra, nem considera que isso vai acontecer. Leong diz mesmo que nem precisa de aumentar a remuneração para manter os funcionários, porque acredita que a SJM é uma sociedade local e os seus empregados “não saem devido ao carinho”.

12 Ago 2015

Doca dos Pescadores | Construção de edifício de 90 metros novamente atrasada

O CPU continua sem aprovar a construção do edifício de 90 metros previsto para a Doca dos Pescadores e são cada vez mais as vozes contra o projecto de David Chow. A Novo Macau manifestou-se à porta do CPU

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]construção do empreendimento pensado por David Chow, na Doca dos Pescadores, foi novamente atrasada, de acordo com declarações de Frederick Ip, vice-presidente da Macao Legend, aos jornalistas. Foi ontem, à porta da reunião do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), que o representante referiu que o projecto respeita a lei, mas não vai ficar concluído para abrir em 2016, como previsto inicialmente.
Na reunião de ontem do CPU foram mais de oito os vogais que discordaram da construção do hotel naquela zona. Uma das vozes é de Rui Leão, arquitecto local que acredita que o edifício de 90 metros é demasiado alto para o local.
“Todo este lote está directamente sobre a água e é inclusivamente construído em cima da água, uma construção em estacas (…). Apesar de estar imediatamente fora do cone visual do Farol da Guia, está contígua a esse plano e por isso é uma zona sensível, porque não está longe desse cone visual”, explicou à Rádio Macau.
Na generalidade, os edifícios ali construídos são relativamente baixos e com várias zonas pedonais e essa é a principal razão pela qual mais de oito membros do Conselho se opõem à decisão de construir um empreendimento tão alto. De acordo com Rui Leão, o referido espaço pedonal pode vir a extinguir-se com a sua existência.
Inicialmente, o projecto previa um edifício de 60 metros, que mais tarde foi aumentado para 90. Leão opõe-se ainda ao acréscimo do Índice de Ocupação de Solo (IOS): “Não vejo fundamento para o aumento do IOS, que estava em 42 e passa agora a 55, porque este índice de 42 assegurava que houvesse uma grande quantidade de espaço ao nível do chão e que continuasse a criar este tipo de espaço pedonal qualificado (…) a meu ver, não faz sentido aumentar o IOS porque implica menos espaços público e acessibilidade à água”, explica.
Além disso, defendeu que o caso do Ponte 16 não deve voltar a acontecer, pois corta o acesso à água. A discussão sobre a construção deste empreendimento, refere a Rádio Macau, durou várias horas e deverá continuar numa próxima reunião do Conselho.
Também um outro vogal do Conselho, Manuel Wu Ferreira, está contra a construção, acusando o Governo de ter criado, propositadamente, condições de planeamento daquela zona que fossem ao encontro dos desejos da Macau Legend, empresa concessionária. Segundo a publicação All About Macau, Manuel Wu um citou relatório anual de 2014 da Macau Legend, que menciona o desenvolvimento de um “Hotel Legend”, onde também se pode ler: [a Macau Legend] vai apresentar um pedido de aumento da altura para ser aprovada pelo Governo de Macau”.
No entanto, o vogal disse estranhar que a ordem dos processos de aprovação seja realmente esta. “A 1 de Agosto de 2014, na sexta reunião do CPU foi discutida a planta de condições urbanísticas do projecto e o lote A tinha 60 metros da altura, com uma taxa de cobertura máxima permitida de 42%. No entanto, estes dois indicadores importantes foram aumentados em muito e de forma repentina. Queria saber se as autoridades criaram estas condições propositadamente para a empresa ou se existem coisas que nós [membros do CPU] ou público desconhecemos?”, questionou.
A mesma publicação avançou que o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, já pediu à DSSOPT e à concessionária que entreguem uma série de informações suplementares para que sejam discutidas novamente no CPU.

ANM organiza protesto para criticar construção

A Associação Novo Macau (ANM) organizou ontem, na sede do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), um protesto contra a construção. Foi também entregue uma carta ao CPU a exortar à proibição de construir um edifício de 90 metros. Além de Sou Ka Hou, presidente da ANM, estiveram presentes outros membros, munidos de um modelo do edifício feito em cartão, para representar o polémico projecto discutido.

12 Ago 2015

Sai Van | Governo decide futuro do corredor de motas no próximo ano

O Executivo deverá decidir no próximo ano se o corredor exclusivo para motas da Ponte Sai Van acaba ou passa a definitivo. Raimundo do Rosário disse que o corredor é seguro e que as motas não vão passar na Nobre de Carvalho, apesar dos pedidos do hemiciclo

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]á são seis os despachos assinados pelo Secretário para as Obras Públicas e Transportes para garantir a continuação do corredor de motas na Ponte Sai Van, mas Raimundo do Rosário disse ontem na Assembleia Legislativa (AL) que a decisão final sobre o corredor exclusivo deverá ser conhecida em breve.
“Quanto à circulação de motas em Sai Van, autorizei a prorrogação do corredor, tratando-se da sexta prorrogação. Espero que esse seja o último despacho. Espero que depois de seis meses seja tomada uma decisão, para que o corredor seja eliminado ou seja tornado definitivo. No início do próximo ano é que devemos decidir isso, porque não faz sentido fazerem-se prorrogações definitivas”, apontou o Secretário.
Na resposta às questões do deputado Zheng Anting, Raimundo do Rosário garantiu que a segurança rodoviária aumentou com a criação do corredor de motas. “No ano passado ocorreram 249 acidentes que envolveram motas na Ponte Sai Van, menos 7,8% face a 2013, o que nos permite concluir que a criação do corredor exclusivo contribuiu para a melhoria da segurança rodoviária nessa ponte.” Cerca de 13 mil motociclos circularam no corredor no primeiro semestre deste ano, o que representa 17% do total de veículos que circularam na Ponte Sai Van.
Numa interpelação oral, o deputado directo Zheng Anting exigiu ao Governo que abra a ponte Nobre de Carvalho à circulação de motas, algo que Raimundo do Rosário recusou.
“Não temos intenções de alterar a curto prazo para a introdução de motas nesta ponte”, referiu. “A Ponte Nobre de Carvalho está reservada aos transportes públicos e em média cerca de cem mil passageiros de autocarros e táxis atravessam diariamente a ponte, pelo que a sua transformação num corredor exclusivo para motas implicaria a utilização de outras pontes por 18 carreiras de autocarros. Essa opção complicaria o trânsito das outras duas pontes e aumentaria o tempo de deslocação diária dos cem mil utilizadores de transporte público”, adiantou ainda o Secretário.
Quanto à circulação de motas na Ponte da Amizade, deverá ser uma medida para continuar. Só no primeiro semestre do ano circularam 9200 motociclos nesta travessia. “A proibição de circulação de motas na Ponte da Amizade chegou a ser proposta no passado. No entanto, a medida não reuniu consenso social, pelo que não há condições para a sua implementação”, explicou Raimundo do Rosário.
O deputado José Pereira Coutinho foi o primeiro de muitos membros do hemiciclo a pedir a utilização do tabuleiro inferior na Ponte Sai Van fora das épocas de tempestade. “Que medidas terão de ser introduzidas para que o tabuleiro inferior possa ser aberto? No tabuleiro superior devem circular motociclos”, defendeu.
Contudo, o Executivo pouco ou nada adiantou quanto a essa possibilidade. “Depois de ouvir as opiniões da população os serviços já procederam a estudos. E segundo esses estudos há que proceder a obras complementares no sistema de ventilação. Devido às obras do metro ligeiro essa solução foi suspensa”, referiu um membro do Governo.

“Não temos capacidade para tanta coisa”

Os deputados questionaram ainda Raimundo do Rosário sobre a capacidade das três pontes entre Macau e Taipa e a necessidade da construção de uma quarta travessia. O deputado Tsui Wai Kwan pediu que seja construída “uma ponte irmã” ao lado da ponte Governador Nobre de Carvalho. Raimundo do Rosário disse concordar com essa necessidade, mas pediu mais tempo. “Não temos capacidade para tanta coisa, devo dizer. Todos concordam com a construção de mais um túnel ou ponte, mas não temos essa capacidade. Vamos trabalhar numa solução e depois vamos ver a nossa capacidade”, referiu o Secretário para as Obras Públicas e Transportes.

12 Ago 2015

Sin Fong | Governo desconhece consenso porque moradores não assinam autorização

O consenso está atingido, mas agora são os proprietários que querem alargar o prazo para que se faça algo ao Sin Fong Garden. É que falta saber da acusação do MP e, por isso, ninguém assina o papel de autorização até se saber se os moradores vão ou não ter de ir a tribunal

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s proprietários do Sin Fong Garden já entraram em consenso, optando pela reconstrução do edifício, mas ainda não deram a decisão a conhecer ao Governo. Ontem, o HM avançava que havia consenso, mas que os moradores iriam esperar pela conclusão da acusação do Ministério Público face a sete moradores acusados de desobediência qualificada. Contudo, ao questionar o Governo, este disse desconhecer que já tinha sido atingido consenso.
“Em relação à questão do Sin Fong Garden, o Gabinete está a aguardar o consenso dos proprietários”, disse na resposta o Gabinete do Secretário para Transportes e Obras Públicas ao HM.
O porta-voz dos moradores, Chao Ka Cheong, explicou já haver concordância de todos os proprietários para a reconstrução do edifício, incluindo o proprietário de uma loja. No entanto, Chao também informou o HM que estes só vão oficializar a decisão depois da conclusão da acusação do Ministério Público. A acusação surgiu após um incidente no ano passado, quando os moradores ocuparam a via pública durante um protesto.
Segundo a mesma resposta da tutela das Obras Públicas ainda não foi realizada qualquer reunião com os moradores do Sin Fong depois do último encontro, a 12 de Maio passado.
O representante dos proprietários frisou que o anúncio do consenso só acontece depois de findo o processo de acusação. “Para algumas pessoas, a reconstrução e a acusação são duas coisas, mas para as pessoas envolvidas no caso são uma mesma coisa. Os moradores são acusados por quê? Por causa da luta pela reconstrução. Nós só assinamos o documento a confirmar o consenso depois de ser conhecida a decisão do MP”, confirmou ontem o porta-voz, em declarações ao HM.
O Sin Fong, recorde-se, foi evacuado em Outubro de 2012, por estar em risco de ruína, depois de terem sido descobertas fendas nos pilares do prédio. O Governo já disse que a culpa é da empresa construtora e do fiscal da obra, mas estes não podem ser responsabilizados porque já passaram mais de cinco anos desde a construção do prédio. Assim, os proprietários teriam de optar por reconstruir o prédio ou repará-lo, algo possível segundo especialistas contactados pelo Executivo.

12 Ago 2015

Centro UNESCO | Exposição de porcelana chinesa “Junci” abriu ontem

Foi produzida num dos fornos mais famosos do mundo e chega agora a Macau. Até sexta-feira, o Centro UNESCO vai receber a exposição de porcelana chinesa “Junci”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]briu ontem a mais recente exposição do Centro UNESCO de Macau. “Porcelana Chinesa Junci” é o tema da mostra, que apresenta porcelanas produzidas no Forno Oficial da Cidade de Yuzhou, localizado em Henan.
As peças foram criadas originalmente durante a Dinastia Tang e tornaram-se muito prestigiadas durante a Dinastia Song. A qualidade da porcelana produzida levou ao topo este Forno entre os cinco mais famosos Fornos daquela época, nomeadamente os Fornos de Junyao, de Ruyao, de Guanyao, de Geyao e de Dingyao (“Yao” significa o forno). O Forno Oficial da Cidade de Yuzhou é um produto exclusivo de Yuzhou, onde existiu o Altar com o nome “Jun”, cuja criação foi concebida para a realização da Cerimónia de fundação da Dinastia Xia que remonta ao período entre o sec. XXI e o sec. XVI A.C. porcelana3_FM
“Desde a fundação da China que a Arte de Junci quase tinha desaparecido, o que chamou a atenção do Governo e, por isso, decidiu-se fazê-la renascer, sobretudo sob a orientação do então Primeiro-Ministro Zhou Enlai. Foram constituídas quatro grandes fábricas de porcelana em Yuxian (Henan) e assim a Arte de Junci nasceu de novo em Shenhou, Yuzhou, isto é, no local da sua produção original”, explica a organização, em comunicado. “A exposição reunirá várias dezenas de obras de Junci seleccionadas, muito representativas das obras artísticas desta nova era. No intuito de divulgar a esplêndida cultura chinesa e desenvolver a Arte Moderna de Junci, e com a organização da Associação Internacional de Estudos de Caligrafia, Pintura e Artes da China e a Associação de Estudos da Cultura de Junci da Província de Henan, vai-se realizar esta mostra.”
A primeira apresentação desta exposição aconteceu no Museu Nacional em Beijing, no ano passado. Em Macau, a mostra estará patente até 14 de Agosto, todos os dias até às 19h00, no Centro UNESCO de Macau, tendo sido organizada pela Fundação Macau. A entrada é gratuita.

12 Ago 2015

Assistentes Sociais | Especialistas concordam com separação de Código Deontológico da lei

O Código Deontológico para os assistentes sociais não irá estar contemplado na lei. Esta é a decisão do Governo, que parece ir ao encontro das opiniões de especialistas da área social. Estes defendem ainda que o documento deve ser revisto periodicamente

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Não é necessário.” Assim começa por defender Paul Pun, Secretário-geral da Caritas, quando questionado sobre a decisão do Instituto de Acção Social (IAS) em não incluir na proposta de lei sobre o Regime de Credenciação e Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social a obrigatoriedade da criação de um Código Deontológico para os Assistentes Sociais. Como o especialista, também outros defendem que esta é uma boa solução.
Para Paul Pun, os assistentes sociais seguem uma espécie de função social, um determinado papel na sociedade de prática do bem. “É bom separar o Código da lei. Parte-se do princípio que os assistentes sociais querem praticar o bem e assim o fazem e não estão contra as pessoas, antes pelo contrário”, defende.
A proposta de lei, diz o responsável da Cáritas, servirá para punir aqueles que não respeitam a máxima da profissão e vão contra os interesses dos que mais necessitam.
“Claro que temos ter um código ético, mas este não pode estar especificado na lei porque cada lei tem a sua especificidade. Por exemplo, os assistentes sociais ouvem a opinião e os casos de muitas partes – do Governo, dos jovens – e sabem como devem agir em cada situação. Cada caso é um caso, uma lei é geral”, argumentou Paul Pun, também vogal da Comissão Especializada para a revisão da proposta de lei.

Espaço para mudança

A necessidade de alteração constante ao Código foi um dos argumentos mais mencionados pelos especialistas, sendo que o próprio IAS justificou a não inclusão do Código na lei em causa para criar uma maior facilidade em “eventuais emendas ao código”. Ideia também defendida por Paul Pun. “Normalmente não andamos a alterar a nossa conduta, mas se tivermos de o fazer, é preciso abertura e facilidade para que isso aconteça”, rematou.
Também Jacky Ho, docente da área na Universidade de Macau (UM), acredita que esta é a melhor solução. “Partindo do princípio que a proposta de lei será entregue este ano, não me parece que fosse bom incluir [o Código], tendo em conta que ainda não está criado e para isso é preciso tempo”, começa por anotar.
O Código, diz, deve ser revisto pelo menos de três em três anos, algo que poderá complicar os processos burocráticos se o mesmo estiver incluído na proposta de lei.
“Temos que perceber se o Código funciona como guia ou como uma lei a ser implementada no futuro. Tomo-o como apenas um guia de trabalho e por isso não existirá necessidade de colocá-lo na lei. Mas se o Governo quiser implementá-lo no seu trabalho legislativo, acho que deve ser introduzida uma cláusula na legislação que dite que os assistentes sociais sejam guiados por um conjunto de critérios e, aí, no caso de os violarem, sejam punidos”, argumentou o professor que também está incluído na lista dos vogais da Comissão Especializada para a revisão da proposta de lei.

Protecção aos profissionais

Para o professor do curso de Serviço Social do Instituto Politécnico de Macau (IPM) Leung Kai Yin há falta de informação para a elaboração de um Código a curto prazo. Leung considera que não existe “conteúdo detalhado suficiente”, mas admite que é algo a criar depois de ser implementado o regime em causa. “Este pode ser o próximo passo”, disse ao HM.
A segurança e protecção dos assistentes sociais é uma prioridade, diz, que o Governo deve ter em conta. “Quando os utentes, por exemplo, acusarem os assistentes sociais – porque às vezes existem estes casos – e colocarem um processo no tribunal pedindo uma indemnização, creio que existe pouca protecção para os profissionais, sobretudo os que trabalham nos lares de idosos. Por exemplo em Hong Kong, normalmente, os profissionais optam por fazer um seguro de responsabilidade para acusações de não cumprimento de funções”, defendeu.
O Código, diz, poderá trazer uma “arbitragem jurídica” que permita esclarecer a responsabilidade do que pode correr mal. “Assim estão protegidos tantos os utentes, como os profissionais, evitando situações de conflitos”, remata.

12 Ago 2015

Macau com 236 portadores de autismo

Sem dados estatísticos oficiais, o Governo anunciou ontem no hemiciclo que existem cerca de 236 portadores de autismo em Macau, com base nos trabalhos de avaliação do tipo e grau de deficiência feitos pelo Instituto de Acção Social (IAS), até 30 de Julho. Segundo a resposta de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, confirmou ainda que o ano passado 135 pessoas com autismo “usufruíram dos serviços das instituições particulares de reabilitação subsidiadas pelo IAS”. Na resposta a José Chui Sai Peng, a tutela espera um aumento de diagnósticos. “Acreditamos que, com o desenvolvimento económico da sociedade, o avanço dos serviços médicos e o desenvolvimento estável do referido regime irá verificar-se um aumento do número de pessoas diagnosticadas como autistas, o que ocupará uma maior percentagem da população”, disse Alexis Tam.

12 Ago 2015

Uma doce ilusão

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]caso da médica macaense, que tirou o curso e fez a especialização em Portugal, rejeitada pelos Serviços de Saúde, pode servir-nos para perceber melhor como funciona realmente a sociedade local. Neste sentido, convém aquilatar o real poder do Governo e a sua efectiva capacidade para implementar decisões.

Isto porque uma coisa é Alexis Tam ordenar a contratação de médicos e outra coisa é o processo através do qual essas contratações vão ser feitas e que o Secretário, obviamente, não controla.

Ora é precisamente nesse segundo nível que os problemas parecem surgir e não apenas na área da Saúde. Não sabemos se estarão interesses obscuros em jogo ou mesmo outros mais claros e evidentes.

Mas a verdade é que o modo como os processos se desenrolam deviam estar sujeitos a um extremo grau de transparência. Se assim fosse, limitar-se-ia o raio de acção de quem, julgando-se estribado nalguma arrogância ou impunidade, decide não em função do interesse público ou de uma lógica sonante mas antolhado por preconceitos ou por objectivos menos claros.

Temos de considerar, por outro lado, que a sociedade local e a própria administração se encontram fragmentadas em pequenos poderes (interesses) que vão recolhendo dividendos que, à partida, não lhes pertenceriam.

Contudo, este poder é, na minha opinião, algo ilusório, desde Dezembro de 1999. As coisas continuam a funcionar mas tal sucederá unicamente enquanto não criarem desarmonia social.

Neste sentido, é bom entender as limitações dos Secretários, quando estes esbarram constantemente com segundas linhas, cujo programa não é exactamente o governamental. Pelo contrário, estamos perante agendas privadas, sem ideologia nem sentido prático, cujo desenrolar atrapalha amiúde os eventuais objectivos do Governo.

Quinze anos depois da transferência de soberania, se o Governo não conseguir controlar as referidas agendas, o risco estará no anunciado desfazer, progressivo e sistemático, de uma doce ilusão.

12 Ago 2015

“Lemon Lemon”, restaurante | Jaime Lai, co-fundador e gerente

Foi com o irmão e três amigos que Jaime Lai decidiu abrir o “Lemon Lemon”, um restaurante mesmo no centro da cidade, num canto pacato e bem arranjado. A ideia é aproximar a clientela à cultura de Londres, sem esquecer o gosto da comunidade

lemon lemon[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi ali mesmo, ao virar da esquina do Cine Teatro, que Jaime Lai decidiu, juntamente com o irmão e três amigos, abrir o “Lemon Lemon”. A chegada ao local não é inteiramente fácil, uma vez que fica num beco escondido, mas os azulejos pretos e a emblemática sinalização do metro londrino que decora a entrada do restaurante aguçam o apetite e a vontade de experimentar algo diferente. O espaço está bem decorado, a branco e amarelo, e até uma imitação da conhecida Mona Lisa lá está.

O menu está perfilado de comes e bebes dos mais variados que por aí há, desde pão com parmesão que se assemelha aos típicos pães de queijo brasileiros, aos nachos espanhóis, omeletes, chás com leite e batidos de frutas.

À conversa com o HM, Jaime Lai explica que tudo começou devido à experiência do fundador em Londres. “Vivi em Londres durante oito anos e quando voltei, não sabia bem o que havia de fazer em Macau, até que nos lembrámos do tempo que passávamos na Regent Street, em Londres”, começou por contar. “A cultura é mais aberta e desenvolvida e sempre passei muito tempo sentado cá fora, nas ruas, com os meus amigos e a ver as pessoas passar”, continuou.

O proprietário juntou-se aos amigos por sentir que era a coisa certa para fazer agora que está em Macau. “Queríamos um espaço calmo num cidade atarefada”, resumiu ao HM.

E agora, o que fazer?

Voltou há cerca de um ano para o território que o viu nascer, mas não tinha uma ideia sólida do que quereria fazer com o seu futuro. Até que tudo aconteceu. A ideia nasceu, assim, do objectivo de tentar criar nesta cidade um espaço onde as pessoas pudessem relaxar, com um espaço exterior em condições. Por um lado, Jaime confessa que gostaria de ter uma espécie de esplanada, mas a lei não permite e o proprietário também preferiu que assim não fosse, por duas razões: a comunidade chinesa não é fã de espaços exteriores e o local, lamenta, “não é muito bonito”.

Em Londres, Jaime Lai estudou Contabilidade e Gestão, essa sendo uma ferramenta “adequada” para o funcionamento lógico que um espaço como o “Lemon Lemon” exige. O restaurante pertence a Jaime, ao irmão e outros três amigos, todos eles sendo já sócios de uma outra empresa, à excepção do recém-chegado residente. “Têm uma empresa de decoração de interiores e foram eles que decoraram o espaço”, acrescenta. Entre imagens de uma Regent Street estampada na parede e de um quadro da Mona Lisa, estão pinturas a amarelo e branco e um vidro decorado com desenhos abstractos de várias cores.

O primeiro é sempre o pior

IMG_0247O “Lemon Lemon” abriu em Outubro do ano passado e tem já uma vasta legião de fãs, ou pelo menos é isso mesmo que as fotografias da página oficial no Facebook transmitem. Questionado sobre as dificuldades que um novo negócio enfrenta em Macau, Jaime é claro e directo: “no primeiro mês e meio foi muito complicado, porque ninguém sabia onde isto ficava e estávamos sempre sem clientes, mas agora que sinalizámos melhor e temos mais visibilidade, estamos bem”, desabafou o jovem.

Hoje em dia, a ideia passa por proporcionar às pessoas um bom início de todos os dias, antes do trabalho ou mesmo a meio deste. “As sandes são a nossa especialidade e assim as pessoas podem vir cá comer refeições mais leves, relaxar e depois voltar para o trabalho”, diz Jaime Lai.

Para já, a ideia é manter apenas um “Lemon Lemon”, mas nada exclui a possibilidade de virem a ser mais daqui a uns tempos. Para expandir a marca, os quatros sócios decidiram fazer uma série de publicações com festas, eventos especiais e casa cheia à hora de almoço para mostrar que este é um dos restaurantes-sensação do momento. Isto, juntamente com o patrocínio que o “Lemon Lemon” dá aos concertos de uma banda de artistas locais faz com que cada vez mais pessoas se juntem ali para aproveitar o descanso que uma boa refeição deve proporcionar. O local pode ainda ser arrendado para festas privadas, mas está limitado a dez ou 15 pessoas, uma vez que o espaço não é muito grande. “Isto não se parece com Macau e é precisamente essa a imagem que queremos passar”, frisou.

Actualmente, o espaço encontra-se aberto das 10h00 às 21h00, tendo o horário sido esticado recentemente, para fazer a vontade aos fãs que lá queriam ir jantar. Entre sumos frescos, café quente que aconchega a alma e muita comida das mais variadas origens, este restaurante e coffeeshop vai agradando a gregos e troianos, locais e estrangeiros. A malta que atende a clientela fala relativamente bem Inglês e por isso mesmo a barreira da língua é facilmente quebrada. A eficiência é também dado adquirido, já que se espera pouco tempo e a conta ao final da barrigada não é extensa, mas sim justa.

12 Ago 2015

Risco

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á um velho ditado, que todos conhecemos mas nem todos praticamos. O nosso bom amigo, “Quem não arrisca não petisca.” – ele é válido para (quase) tudo. É provavelmente, das melhores expressões da nossa gente. Pela alta energia que emana, pelo impulso para o desconhecido, pela capacidade de acreditar, por ser o empurrão que falta em horas de indecisão.
“Quem não arrisca não petisca” faz-nos acender uma pequena luz cá dentro que, com jeitinho, conseguimos transformar num clarão de lucidez e emoção. “Quem não arrisca não petisca” é o conselho que o amigo nos dá por nos crer ver singrar, por não nos quer ver infelizes. “Quem não arrisca não petisca,” é o que a mãe nos diz quando aprendemos a andar de bicicleta. “Quem não arrisca, não petisca está connosco quando precisamos de nos rir com a vida. “Quem não arrisca não petisca”, terá sido o que passou pela cabeça do Gama quando se fez ao mar, pela do Carlos Manuel quando acabou com a Alemanha à bomba, terá também passado pela cabeça do Bogart quando beijou Bacall pela primeira vez, e pela de muitos de nós que fizemos o mesmo, ou parecido, e vivemos um amor à conta disso. Terá surgido na cabeça de muitos que um dia decidiram arriscar para conquistarem o petisco.
“Quem não arrisca não petisca”, ou seu equivalente em italiano, também terá passado pela cabeça de Romeu, que acabou como se sabe, até de Ícaro muito provavelmente. Mas essa é a essência do risco. Pode correr mal. Pode ser um amor impossível, um sonho difícil de atingir, mas também pode correr bem e se arriscarmos vamos sempre saber que tentámos. Podemos calcular o risco mas não podemos viver sem ele.
Vêm-me estes riscos ao papel a propósito de uma história ouvida há dias e passada num outro dia num desses departamentos do governo. Ao que consta, terá saído uma ordem de serviço a pedir ao designer gráfico que não deixasse tanto espaço em branco nos posters pois isso poderia ser considerado desperdício de papel… não podia ser real! Mas foi. fire-crusade
Lembra-me então a história quão penalizado pode ser arriscar em Macau. Neste caso, para não arriscar, o funcionário em jogada brilhante de antecipação prefere jogar pelo seguro e sugerir a poupança de papel no design gráfico nem que para isso tenha de espezinhar a criatividade no processo, mesmo qualquer tímida assomo futuro desse vício.
Tendo esta história acontecido num departamento onde a criatividade deveria ser moeda corrente, tamanho descalabro cambial proporciona péssimos sinais. Sinais de um “burrocracia” instituída, sinais de que o risco continua a não ser praticado mas visto como demónio a evitar.
Em Macau não se arrisca porque o erro é insuportável, vai-se a face e as roupinhas. Mas o erro não é insuportável, o erro tem de ser “descriminalizado”, pois sem erro não há criatividade. Especialmente, numa terra onde o governo surge como um dos principais agentes da economia e do desenvolvimento social e educativo locais, deve ser ele o primeiro a perder o medo de arriscar, de aceitar propostas inovadoras, de estimular as suas próprias chefias a perderem o medo de arriscar. O erro é inalienável da inovação. Jogar todos pelo seguro contraria a evolução e sem evolução não há petisco.

Fogo

Ainda alguém liga aos fogos em Portugal? Isto, é claro, se não morar na zona, por outra questão directamente relacionada, ou não tiver família ou amigos ligados a um dos 25.000 fogos florestais que Portugal regista em média por ano. Pergunto isto porque à semelhança de outros casos, a repetição excessiva promove a entrada do fenómeno nas nossas paisagens visual e auditiva default como mais um ruído entre muitos outros. A nossa atenção diminui porque é sempre o mesmo. Pessoalmente, desde que me lembro de ver notícias, e já vão uns bons anos, há sempre notícias de fogos florestais em Portugal. Aposto inclusive, que se a RTP fosse aos arquivos e colocasse imagens de 2002 para ilustrar as noticias de incêndios deste ano, apenas o locutor desactualizado nos faria alertar da troca pois o resto seria igual. Milhares de hectares ardidos, casas em perigo, fogo-posto, reacendimentos, bombeiros vitimados, florestas por limpar. Todos os anos, sem falha, repetem-se as entrevistas e as situações e nada muda. Ou melhor, algo muda e logo o que não devia: cada vez arde mais, isso sim, isso muda.
Segundo a Pordata, os resultados são estes: nos últimos 10 anos arderam 1,6 milhões de hectares de floresta e mato; desde 1980 até hoje foram quase 4 milhões! Na década de 80 arderam 735,000 hectares, na de 90 foram pouco mais de 1 milhão, nos anos 2000, 1,5 milhões e, até 2013, mais meio milhão de hectares. Este ano já arderam 31.000… Ou seja, quanto mais tecnologia, acessos, suposto esclarecimento e métodos de combate existem mais mata arde. Traduzido para euros, o jornal i anunciava em 2013 “segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), as perdas ambientais e materiais resultantes dos incêndios na floresta atingiram 2,224 milhões de euros entre 2002 e 2012.” E este montante correspondia (apenas) à destruição de 1,5 milhões de hectares de floresta.
O que se poderia fazer em termos de inovação para pesquisa e prevenção, para descobrir formas inovadoras e prevenir e atacar incêndios florestais com, seja, 10% desse orçamento?
A verdade é que nestes últimos 30 anos, as políticas de todos os governos, sem excepção, para a protecção da floresta portuguesa são um rotundo falhanço. Perante tanta inépcia, tanto discurso vão, pela simples incapacidade de se criar uma task force multidisciplinar que analise a fundo o fenómeno e proponha soluções inovadoras, só custa mesmo a acreditar ainda existir haver floresta para queimar em Portugal.

MUSICA DA SEMANA

Asian Dub Foundation – “In Another Life”
(…) “Children with no eyes, push the …up the hills
Not blinded by the light, but by another’s will
Possession’s at the rage, breathe life into every day
The world has a different way, at the bottom of the food chain
And if you’re looking at your life from only way you are
You only see the ground, will you ever see the stars” (…)
Destaque
O erro é inalienável da inovação. Jogar todos pelo seguro contraria a evolução e sem evolução não há petisco.

11 Ago 2015

Grafismos

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão sou do tempo em que as descobertas sexuais envolvessem uma VHS roubada do irmão mais velho onde um conjunto de jovens se deliciava (se assustava) com cenas de sexo. As sortudas minorias assim consideradas em outras décadas, de minoria têm agora muito pouco. A pornografia é agora de fácil acesso – leia-se – de muito fácil acesso. Até a minha avó, na sua santa inocência, se depara com a sexualidade gráfica que a internet acidentalmente oferece quando vai cuscar as redes sociais de família afastada (avós modernas).
Há uns 5 anos atrás vivi em Budapeste, para quem não sabe, a capital da pornografia europeia. Nunca a razão principal para a minha visita, salienta-se, mas a vivência era obrigatóriamente feita com sex shops a cada esquina e a ocasional proposta para fazer de figurante em filmes adultos. Escusado será dizer que poucos foram aqueles que recusaram a oportunidade de experiênciar a indústria. Ver pornografia ao vivo ao mesmo tempo que davam a cara ao comum mortal a encher a multidão que o enredo obrigava, sei lá, num autocarro? Só os loucos o recusariam. Até porque interacções menores eram bem possíveis, com alguma sorte havia permissão para dar uma ou outra palmadinha na actriz. Degradante ou não, a verdade é que a pornografia veio para ficar. O que se sabe sobre esta exposição fácil e por vezes excessiva é espectacularmente reduzida. Para todos os estudos realizados sobre os efeitos da pornografia houve dificuldades em criar um grupo de controlo, ou seja, um grupo de pessoas que não use pornografia de todo (só assim saberemos que o efeito se deve à variável estudada ou não). Mas não há ninguém. Se há homens que nunca sequer uma cena de pornografia viu, acusem-se porque ciência precisa de vocês.
A tendência para julgar de tarado o ser humano que perde umas horas da sua vida com pornografia, já é, felizmente, considerada um exagero. Estes vídeos XXX até que contribuem positivamente para umas coisas (negativamente para outras, não se esqueçam). Fazem parte de uma sexualidade saudável e até divertida, sozinho ou acompanhado. Diz a cultura popular que as mulheres passam-se quando descobrem que os seus parceiros se divertem a olhar para os gemidos de meninas especialmente mamalhudas. Haja sensatez que entenda que pornografia é um auxílio, uma ferramenta, e não um fim em si mesmo. Porque vejamos, a pornografia assemelha-se ao sexo tal como contos de fada assemelham-se ao amor. Não têm nada que ver com a realidade. Parece impossível acreditar, mas há quem se firmemente convença de que sexo é tudo aquilo que a indústria perpetua. Mulheres obcecadas por pénis gigantes, violência a roçar o kinky, uns estalos para aqui e umas palmadas para lá. Orgasmos muito fáceis de atingir (maior parte das vezes por trás), penetrações duplas (muitas!), mulheres bissexuais (todas!), e muita falta de pêlos púbicos. Todas estas filmagens são normalmente feitas por homens e para homens e por isso, se há falta de um público feminino a isso se deve, nada contra a pornografia em si.

[quote_box_left]Haja sensatez que entenda que pornografia é um auxílio, uma ferramenta, e não um fim em si mesmo. Porque vejamos, a pornografia assemelha-se ao sexo tal como contos de fada assemelham-se ao amor. Não têm nada que ver com a realidade[/quote_box_left]

Se existe vício, existe. Uma sexualidade essencialmente pornográfica vem do conforto da masturbação e de um computador sempre à mão. Acho que estamos todos de acordo que o coito com um ser humano é muitíssimo melhor que uma mão, ou um vibrador, ao som de gemidos exagerados. Só que sexo corre mal, mais regularmente do que gostaríamos. A pornografia? Sempre pronta, perfeita e airosa. De corpos para todos os gostos e fantasias ainda mais diversificadas. Trata-se de preguiça e da possibilidade de fo*** à grande (em todos os sentidos da palavra) que num cocktail hormonal fabuloso cria o vício de consequências sexualmente perturbadoras, entre elas, a impotência. Cruel, não é? Uma dedicação tão profunda ao sexo que resulta na impossibilidade do mesmo. Há quem tenha feito estudos neurológicos na tentativa de entender estes caminhos do prazer e do desprazer, porque toda esta exposição leva à indiferença, não só para sexo, mas para tudo.
Da sociologia da pornografia, não me vou estender sobre a falta de uma perspectiva femininista na prática pornográfica, acho que a maioria da população está ciente do retrato que é perpetuado à mulher e ao seu papel na relação sexual. Sei de muitas histórias de homens que só atingem o clímax nas posições mais impessoais, na cara de uma mulher ou não ejaculam de todo. Mas quem fala de retratos femininos, fala de outros exemplos. O mais interessante que ouvi recentemente é o de um estudante de direito Americano-Asiático que se apercebeu como os homens asiáticos estão mal representados no mundo da pornografia. Tanto quanto sei, pôs o seu curso em pausa e agora dedica-se ao Asianschlong.com onde procura outros asiáticos que queiram seguir uma carreira na pornografia e desenvolver uma nova tendência.
Acima de tudo, a pornografia tem que ser consumida… com moderação.

11 Ago 2015

Governo vai criar mais 26 pontos Wifi-Go

O Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, confirmou ontem na Assembleia Legislativa (AL) que vão ser criadas mais 26 localizações Wifi-Go no território. “Actualmente o número de localizações é de 174 mas até ao final do ano o número vai chegar aos 200. Esses pontos vão ser instalados nas fronteiras e em alguns pontos turísticos e não em todos os lugares de Macau.” Sobre a nova rede 4G, Raimundo do Rosário referiu ainda que o Governo “está a discutir com as operadoras a questão das tarifas do serviço 4G, planeando elevar a flexibilidade da apreciação e aprovação das mesmas, por forma a incentivar as operadoras a oferecerem planos favoráveis e mais diversificados”.

11 Ago 2015

Governo defende maior regularização dos pagamentos online

O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, confirmou ontem que a optimização do comércio electrónico em Macau, incluindo a venda de produtos Made in Macau para o exterior, só poderá avançar com melhorias na legislação quanto à regularização dos pagamentos online. “No futuro vamos tentar continuar a promover os nossos produtos e, para comercializá-los, há que ter uma lei para regular os [pagamentos online] e só depois é que podemos favorecer este tipo de plataformas. Temos de ter legislação para que compradores e vendedores possam utilizar a plataforma, bem como mais medidas complementares de impostos aduaneiros”, disse o Secretário em resposta à deputada Angela Leong. Anselmo Teng, director da Autoridade Monetária e Cambial, frisou que “há que ter um enquadramento jurídico próprio para a fiscalização, os pagamentos na internet são uma actividade vasta”.

11 Ago 2015

Património | Mak Soi Kun questiona critérios sobre consultas públicas

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ak Soi Kun considera “estranhos” os critérios que o Governo tem para levar a cabo consultas públicas sobre o património e coloca até em causa se eles existem. O deputado diz não entender a razão que leva o Executivo a fazer uma auscultação pública face ao antigo Hotel Estoril, mas não o ter feito aquando das obras de extensão do Quartel de São Francisco.
Mak Soi Kun relembra que o Hotel Estoril não é património, enquanto que o Quartel de S. Francisco é e questiona se há realmente critérios para as consultas públicas.
Numa interpelação escrita, Mak Soi Kun apontou que o Quartel de S. Francisco já tem mais de 400 anos de história e foi um dos primeiros edifícios a integrar a lista do património cultural protegido. No entanto, recorda, na semana passada um residente mostrou-se preocupado sobre a possibilidade da obra de extensão do edifício da Direcção dos Serviços das Forças de Segurança poder destruir a arquitectura do Quartel de S. Francisco.
O deputado acha confuso como é que um património pode ser estendido sem nenhuma consulta pública, mas, ao mesmo tempo, se realizam várias auscultações para a reutilização do antigo Hotel Estoril, que não foi confirmado como património cultural.
“O Governo já tem uma série de regulamentos ou critérios para decidir quais casos precisam de ser sujeitos a consultas públicas, ou apenas depende da consciência subjectiva para decidir isso?” questiona.

11 Ago 2015

Música | SJM assina acordo com MACA para proteger direitos de autores locais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) assinou com a Associação de Compositores e Autores de Macau (MACA, na sigla inglesa) um acordo de performances ao vivo. A cerimónia decorreu no Grand Lisboa e vai permitir a salvaguarda dos direitos de autor de músicas que passem nos hotéis e casinos da operadora.
A MACA tem levado a cabo acordos destes, depois de ter inscritos na Associação músicas de cantores locais e estrangeiros. Ontem, foi a vez da SJM, que assegura, contudo, ser pioneira ao passar apenas música local.
“O acordo tem como objectivo proteger os direitos de autor das músicas que passem nas propriedades da SJM, como o Grand Lisboa, o Lisboa, o Oceanus e o Ponte 16”, começa por indicar um comunicado da empresa. “Mais ainda, tal como foi anunciado nesta cerimónia, o Casino Lisboa será o primeiro em Macau a comprometer-se a tocar apenas música de locais nas suas instalações.” sjm maca
O acordo foi assinado por Angela Leong, directora-executiva da SJM, e Ung Kuok Iang, presidente da MACA, sendo que estiveram ainda presentes na cerimónia representantes da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).
“Como uma empresa responsável, a SJM quer apoiar as iniciativas que beneficiem a comunidade e economia de Macau e, ao apoiar a protecção dos direitos de autor iniciados pela MACA, esperamos servir de exemplo para outros”, disse Leong, que acredita que “tocar música de locais 24 horas nos casinos poderá servir como uma plataforma para os músicos profissionais de Macau mostrarem o seu talento”.
Já Ung Kuoc Iang, presidente da MACA, considera que o facto de a SJM ter confirmado que vai utilizar música local demonstra que “a música local tem cada vez uma melhor marca no mercado”.

11 Ago 2015