Flora Fong Manchete SociedadeIAS | Criado novo regime de apoio. Instituições tecem críticas O IAS já criou um novo regime de apoio financeiro para instituições sociais privadas, mas alguns dirigentes não parecem estar contentes. É que o documento, alegam, vem dificultar a contratação de pessoal experiente e não faz distinção entre diferentes funções desempenhadas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Acção Social (IAS) já criou um novo regime de apoio financeiro para as instituições dos serviços sociais em Macau no sentido de subsidiar, na totalidade, o vencimento do pessoal. O referido regime promove também o “salário duplo” e a criação do regime de previdência para os trabalhadores. Contudo, os líderes de instituições locais discordam da eficácia deste regime, alegando que não traz melhorias aos ordenados dos funcionários e não atrai mais pessoal. Numa resposta dada a uma interpelação escrita de Chan Hong, a presidente substituta do IAS, Vong Yim Mui, admitiu que o actual regime já não é capaz de acompanhar o ritmo de desenvolvimento da sociedade. Vong afirma já ter elaborado a proposta do novo programa de apoio financeiro e organizou várias sessões de apresentação e de consulta junto de mais de 70 associações particulares desde final de 2014. O objectivo é ouvir a opinião da população no sentido de aperfeiçoar o documento. A responsável apontou que o problema mais relevante do actual regime é que o subsídio destinado ao pessoal não abrange todas as categorias de funcionários. A título de exemplo, fala dos trabalhadores contratados pelas instituições, cujo número é superior àquele de quem beneficia do subsídio. Este é, por sua vez, prestado pelo Governo e a sua distribuição pelos trabalhadores deve ser feita e assegurada pelas instituições. As instituições têm liberdade para decidir se querem ou não aderir ao futuro regime. Com a actualização do documento, disse Vong Yim Mui, o número de pessoal beneficiário do subsídio passará das actuais 2100 pessoas para as 3300, registando-se assim um aumento de 60%. Também o valor anual envolvido no processo passa dos 840 milhões de patacas para os 1130 milhões, sofrendo um acréscimo de 35%. Vong defende que a distribuição do subsídio vai ser racional e equilibrada, já que, através de um modelo de “combinação por custo razoável”, será prestado às instituições um apoio financeiro que permite o seu funcionamento. O subsídio está preparado para abranger chefias, trabalhadores de áreas profissionais, de apoio administrativo e “quadro de pessoal estandardizado” para as instituições do mesmo tipo de serviço, de modo a constituir um critério uniformizado do apoio financeiro ao pessoal, mas não chega a todos. O IAS também quer lançar um outro apoio pecuniário para promover a atribuição de um “salário duplo”. Este vai constar na criação de um regime de previdência, de acordo com o princípio de “atribuição do apoio mediante a comunicação dos casos concretos.” Líderes desapontados O novo regime vai criar cargos subsidiados tais como de supervisor, monitor de serviços ou subchefe, com o objectivo de “permitir a oportunidade de fomentar a promoção”. No entanto, Hetzer Siu, director executivo de Macau Special Olympics não partilha desta opinião. “No sector de reabilitação, não há um aumento óbvio do pessoal, mesmo que o valor de subsídio aumente a remuneração de assistentes sociais com a entrada em vigor do novo regime”, disse o responsável. Hetzer Siu tem vindo a pedir ao Governo, há vários anos, que diminuísse o fosso de remuneração atribuída aos assistentes sociais do sector público e do privado, decidindo-se apenas pela atribuição de um subsídio directo. No entanto, uma vez que o subsídio mensal máximo de um assistente social privado se mantém nas 29 mil patacas – quantia menor do que o índice salarial previsto pelo Executivo – Siu diz que estes profissionais preferem sempre ingressar na Administração. O líder da Associação frisa também que é muito importante classificar os níveis de subsídio prestados pelo Governo para os profissionais que tenham diferentes níveis de experiência. “Actualmente, os profissionais que trabalhem há apenas um ano têm direito ao mesmo subsídio de outros que estejam em funções há dez anos”, explica. “Estes [profissionais] apercebem-se que só vão conseguir ganhar um determinado salário durante toda a carreira e isto não é atractivo o suficiente para que pessoas experientes se candidatem às instituições privadas”, continua. Hetzer Siu queixa-se de que o IAS “não está a fazer uma gestão sustentável” do pessoal. “Estamos desapontados”, destacou. Para a deputada Chan Hong, o novo regime não é suficientemente flexível, pois regulamenta o âmbito de acção e o conteúdo de cada categoria profissional, mas não abrange todas as existentes. Chan exemplifica com o caso dos terapeutas da fala: estes são subsidiados pelo IAS e pela Direcção dos Serviços para a Educação e Juventude (DSEJ), mas o novo regime limita a obtenção de subsídio apenas ao do IAS. O documento também corta as asas a estes profissionais, possibilitando o apoio apenas a crianças com mais de três anos de idade. Atenção às diferenças Também o secretário-geral das Cáritas de Macau, Paul Pun, discorda da viabilidade sustentável do referido documento. “O Governo unifica o critério de remuneração para os trabalhadores de uma mesma categoria, mas os conteúdos, as dificuldades e os níveis de perigo são diferentes de função para função, é difícil unificar”, justificou. Paul Pun criticou o novo regime de ser restritivo. “Ao longo do tempo, podemos recrutar mão de obra de forma mais flexível com o resto de subsídio fornecido pelo Governo, mas no futuro seremos impedidos de o fazer, porque a norma dita que caso o resto do apoio financeiro vá além dos 15%, as instituições terão que fazer a devolução do valor ao Governo”. Hetzer Siu defende, ainda assim, que a ser implementado, este novo regime devia ter sido posto em prática em Julho passado, mas o IAS promete acelerar o processo para que esteja pronto em Janeiro próximo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaVisita | Democratas falham encontro com Governo Central Au Kam San e Ng Kuok Cheong foram os únicos deputados do hemiciclo a não marcar presença na delegação da Assembleia Legislativa que desde ontem se encontra em Pequim. O programa inclui seminários sobre Lei Básica e encontros com dirigentes da APN [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguns deputados à Assembleia Legislativa (AL) estão desde ontem em Pequim onde integram uma visita oficial com dirigentes dos principais órgãos políticos do continente. Contudo, naquela que é a primeira visita oficial do género desde a transferência de soberania, os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, do campo pró-democrata, optaram por não marcar presença. Ao HM, Au Kam San explicou as razões, referindo que a AL não transmitiu o objectivo ou o tema da visita, pelo que aos deputados pareceu apenas uma “viagem simples”. Por isso, ambos dizem ter optado por não desperdiçar o seu tempo com a ida a Pequim. “Não é fácil fugir de Macau durante vários dias”, disse ainda o deputado, explicando que diariamente o escritório dos dois membros do hemiciclo é invadido com contactos da população. “Até ao último dia não soubemos qual era o objectivo da visita. Só nos disseram que era uma visita a Pequim e a Hebei. Não vale a pena perder tempo lá”, explicou ainda Au Kam San, dizendo que os dois deputados nunca rejeitaram comunicar com as autoridades do continente. [quote_box_left]“Até ao último dia não soubemos qual era o objectivo da visita. Só nos disseram que era uma visita a Pequim e a Hebei. Não vale a pena perder tempo lá” – Au Kam San, deputado[/quote_box_left] Descubra as diferenças Apesar da AL ter disponibilizado o programa aos deputados antes da sua viagem para o continente, o HM sabe que os membros do hemiciclo tiveram acesso a outro programa assim que aterraram em Pequim. Apesar de ser uma agenda um pouco mais detalhada, não existem grandes diferenças em ambos os programas, que inclui encontros e seminários entre os deputados locais e os altos dirigentes do Governo Central. Para hoje está agendada uma visita à Comissão da Lei Básica da RAEM do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), incluindo encontros com Li Fei e Zhang Ronghsuan, dirigentes máximos deste órgão. Vai ainda ser realizado um seminário sobre a Constituição e a Lei Básica da RAEM. Amanhã, quarta-feira, os deputados vão visitar o Comité Permanente da APN em Pequim, onde deverão ser abordadas questões na área legislativa e as medidas de supervisão da cidade. O regresso dos deputados a Macau está agendado para amanhã à tarde. Ontem, segunda-feira, a visita começou na cidade de Langfang, província de Hebei, com a realização de um colóquio com a Comissão Permanente da APN de Langfang. Houve ainda uma apresentação “da situação da integração regional de Pequim, Tianjin e Hebei”, incluindo uma visita “aos projectos de desenvolvimento local de maior relevo”. Na noite de ontem teve ainda lugar um jantar onde discursaram Ho Iat Seng, presidente da AL, e Wang Guangya, Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado.
Leonor Sá Machado BrevesSubsídios de invalidez passam para 7500 e 15 mil patacas O Executivo actualizou os montantes dos subsídios de invalidez normal e especial para as 7500 e para as 15 mil patacas, respectivamente. O anúncio, publicado em despacho de Boletim Oficial, explica que a decisão foi feita após reunião com a Comissão para os Assuntos de Reabilitação. Este subsídio foi criado com o intuito, refere o Instituto de Acção Social no seu website, de apoiar “os indivíduos e famílias que se encontrem em situação de carência, com vista ao estabelecimento da sua função social”, mas também prestar “assistência técnica e apoio de recursos” a instituições de cuidado particulares.
Joana Freitas BrevesAutocarro da TCM incendeia-se Um autocarro da TCM movido a gás natural incendiou-se, ontem de manhã. O veículo seguia sem passageiros a bordo e o motorista escapou ileso. O fogo deflagrou na parte traseira do autocarro e estará relacionada com um “problema eléctrico” e não com o sistema a gás. O incidente aconteceu perto da rotunda Ferreira do Amaral. Durante cerca de meia hora, a circulação esteve condicionada na zona.
Flora Fong BrevesConfiança na economia, emprego e bolsa de valores caiu O índice de confiança dos consumidores feito pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) a cada três meses revela que os consumidores confiam menos na economia, emprego e investimentos em bolsa de valores, uma quebra de 5% face ao último trimestre. Ainda assim a confiança em relação ao nível de preços e aquisição de habitação aumentou 10%. A MUST revela que o índice de confiança face à economia caiu 13,9%, ao emprego 12% e investimento 14,4%. O inquérito revela que os consumidores confiam mais no nível dos preços, graças a uma subida do índice em 10,5%, bem como na compra à habitação, de 17,4%. Os 28 inquéritos contínuos realizados pela MUST mostram que quanto mais elevado é o nível de educação do consumidor maior confiança expressa nos índices.
Andreia Sofia Silva BrevesSete casos de venda de medicamentos sem receita Os Serviços de Saúde (SS) emitiram ontem um comunicado onde dão conta que apenas sete farmácias venderam medicamentos sem receita médica desde 2013. Foi registado um caso nesse ano, mais três casos o ano passado e três casos nos primeiros três trimestres deste ano, estando já a decorrer os processos sancionatórios contra esses locais. Desde 2013, o Governo já terá efectuado um total de 2116 acções de inspecção às farmácias locais. A lei que regula a venda de medicamentos data de 1990, podendo as sanções variarem entre as duas mil e 12 mil patacas. No mesmo comunicado, os SS ponderam aumentar os valores das multas. “Em referência à experiência de gestão de assuntos farmacêuticos internacionais, na eventual revisão das vigentes legislações de monitorização de medicamento, pretende-se criar sanções mais pesadas para que esta tenha efeitos mais dissuasores”, pode ler-se.
Joana Freitas BrevesQueixas de consumidores subiram 10% em seis meses O Conselho dos Consumidores (CC) recebeu mais 10% de queixas na primeira metade do ano, em comparação com igual período do ano passado, sendo que no topo do ranking ficaram as queixas relacionadas com os equipamentos e serviços de telecomunicações. Segundo dados do CC, o organismo tratou mais de 3500 casos, incluindo 887 queixas, 2655 pedidos de informações e 14 sugestões. De entre as queixas, 137 dizem respeito aos equipamentos de telecomunicações, uma subida de 35,6% comparado com o mesmo período do ano passado. Já as críticas em relação ao preço diminuíram para mais de metade. Há ainda 79 queixas dentro que dizem apenas respeito ao tarifário do serviço de roaming. O CC considera que os operadores de telecomunicações devem disponibilizar mais medidas ou informações eficazes para assegurar que os consumidores usam os serviços de forma correcta.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeTurismo | Chui Sai On quer junção à cultura Turismo e cultura combinados para um maior crescimento do sector e mais recursos humanos. É o que defende o Governo, no dia em que abriu o Fórum de Economia Global. O IFT vai ter um papel principal no turismo de Macau [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Chefe do Executivo, Chui Sai On, defendeu ontem que é preciso “combinar turismo e cultura” para fomentar o crescimento do sector e “desenvolver os recursos humanos”. O líder do Executivo falava na abertura do 4.º Fórum de Economia de Turismo Global, uma cerimónia que terminou com a assinatura de acordos e de um memorando de entendimento com a Organização Mundial de Turismo para o estabelecimento de um Centro Global para Educação e Formação em Turismo em Macau. “Temos de combinar turismo e cultura para que isso possa trazer maior crescimento ao sector. O turismo hoje dá-nos muitos desafios e oportunidades e temos de agarrar estas oportunidades, no sentido de desenvolver mais os recursos humanos”, afirmou Chui Sai On. Segundo a informação divulgada à imprensa, “este novo projecto permitirá aprofundar a cooperação entre as partes, providenciar programas de educação e formação, realizar estudos em turismo, bem como oportunidades de estágios para melhorar a qualidade dos recursos humanos de Macau, elevando assim a sua competitividade internacional enquanto destino turístico”. Na cerimónia de abertura, Chui Sai On sublinhou que “os cidadãos de Macau podem usufruir dos frutos do desenvolvimento que o turismo traz à cidade”, observando que a região “tem a vantagem de [ser governada sob o princípio] ‘Um país, dois sistemas’ e de ter registado um desenvolvimento económico muito rápido”. Olhar para o futuro “Tudo isto são boas características para podermos construir um centro de turismo internacional e também uma plataforma de parcerias económicas entre a China e os países de língua portuguesa”, acrescentou, invocando que já “há bastante cooperação” regional e internacional. Para Chui Sai On, o facto de este fórum ser organizado pela quarta vez em Macau vai permitir “mostrar as vantagens de Macau a promover a cultura diversificada e as trocas internacionais”. Já Edmundo Ho, antigo chefe do Executivo de Macau e presidente do fórum, sublinhou que o espectro da cooperação foi estendido desde os países que integram a antiga rota marítima da seda até às nações emergentes da América Latina. “‘Uma faixa, uma rota’ é uma ideia e uma proposta e nós gostaríamos de ver algumas parcerias com os países a nível mundial. Não simplesmente aqueles que estão directamente ligados à rota da seda antiga”, afirmou. Edmundo Ho referiu-se em particular aos países parceiros desta edição do fórum – os quatro membros da Aliança do Pacífico: Chile, Colômbia, México e Peru, nações com que a China tem vindo a “aumentar as trocas”. “Esperamos que, ao utilizarmos esta plataforma que é o fórum, possamos ser capazes de promover o turismo entre a China e os países da América Latina e de construir novos interesses para um crescimento ulterior neste sector”, defendeu, apontando o turismo como “o pilar estratégico na economia” chinesa. LUSA/HM IFT na linha da frente com dois grupos de investigação O Instituto de Formação Turística (IFT) está a ganhar cada vez mais terreno no mundo da investigação a nível mundial, com a assinatura de um memorando para a criação do Centro Global para a Educação e Formação Turística e o anúncio da criação da Comissão da Aliança Global para a Pesquisa em Turismo (GReAT Alliance, na sigla inglesa). O Executivo assinou ontem um memorando de entendimento com a Organização Mundial de Turismo da ONU para a criação do referido Centro, no qual o IFT deverá desempenhar o papel principal, segundo a presidente do Instituto, Fanny Vong. “Para já, o IFT é o único que está a colaborar”, informou Vong. “Assim que o Centro foi criado, ambas as partes vão trabalhar conjuntamente para implementar projectos que incluem a realização de programa educativos e de formação, projectos de investigação turística e criação de programas de estágio”, esclarece o IFT. A responsável explica ainda que a GReAT Alliance – da responsabilidade do IFT – se vai focar precisamente nisso: em debater os principais problemas da actualidade no mundo do turismo através da criação de uma rede de universidades mundial. Coincidência ou não, a verdade é que GReAT quer dizer “óptimo” em inglês, resultado que Fanny Vong diz esperar do trabalho daqui para a frente desenvolvido. “Já temos o nosso próprio centro de investigação, mas sentimos que não é suficiente para fazer face a vários problemas no sector do Turismo, pelo que precisamos de olhar a nível global, convidando vários outros centros de investigação universitários para criar esta aliança”, esclareceu a líder. Em causa está a discussão de assuntos como Turismo e Paz Mundial, Turismo e Afiliação à pobreza. A assinatura do primeiro memorando teve lugar durante a manhã de ontem, no Fórum Global de Turismo e o anúncio da criação da GReAT foi feita à tarde, durante a cerimónia de inauguração oficial do seu novo campus, na antiga Universidade de Macau. Cooperação regional importa, diz Secretário da OMT O Secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT) disse ontem que “a Ásia é o motor do mundo” e sublinhou a importância do turismo cultural e da cooperação para dinamizar o sector de Macau. “Somos um parceiro comprometido com este fórum. E queremos continuar. É muito importante estarmos aqui convosco por três razões. A primeira é que aqui é a Ásia, é o nosso futuro, o futuro do mundo. De facto, a Ásia é o motor do mundo, daquilo que acontece na direcção certa”, disse Taleb Rifai na abertura do 4.º Fórum de Economia de Turismo Global, que decorre até quarta-feira, em Macau. “E depois também porque é a China: o futuro da China é o nosso futuro (…) E em terceiro lugar porque é Macau. De facto, Macau é uma história de sucesso dos séculos XX e XXI”, acrescentou. O 4.º Fórum de Economia de Turismo Global tem como tema “Agarrar as oportunidades de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”, tema que o responsável diz ser muito importante: falta, de facto, ‘Uma faixa, uma rota’ divulgando as novas dinâmicas do turismo global. “O primeiro aspecto é o elemento do turismo cultural e o outro é a cooperação regional. Sem a cooperação regional, [a iniciativa] ‘Uma faixa, uma rota’ não tem grande sentido”, disse. Taleb Rifai recordou que Macau celebra este ano o décimo aniversário desde a inscrição do centro histórico da cidade como património mundial pela Unesco, salientando que essa distinção “traz oportunidades”, mas também implica “uma maior responsabilidade para encontrar o equilíbrio entre o aumento da procura turística e a preservação” desses locais. Além de observar a importância de reforçar a conectividade entre as regiões e países da Ásia-Pacífico, Taleb Rifai apelou à facilitação dos vistos para estimular o crescimento económico e a criação de empregos através do turismo.
Boi Luxo h | Artes, Letras e IdeiasA propósito de alguns filmes africanos I [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] meu conhecimento do cinema africano é muito escasso. São duas as razões por trás desta falha: o difícil acesso e a pouca informação que existe sobre ele. Confesso que a elas se junta um interesse médio. Tirando Yeelen, de Souleymane Cissé (Mali, 1987) e Yaaba/Avó, de Idrissa Ouedraogo (Burkina Faso, 1989), que passaram no circuito comercial ou em sessões de cinemateca em Portugal (ou terá sido na televisão?), pouco mais cinema africano (com a excepção de filmes egípcios) me lembro de ter visto durante os meus anos de formação. Assim, as considerações que aqui se tecem devem ser recebidas mais como produto de uma súbita curiosidade do que como produto de um conhecimento aturado. Yaaba é a história da exclusão social de uma velha, Sana, que se torna amiga de um rapaz. É sobre superstição mas contém também apelos à tolerância e à compreensão. O rapaz, Bila, tem um pensamento excêntrico ao que é normal na aldeia – ele é quem tem razão nas questões que excitam o lugarejo e este torna-se um filme amigo, banhado de uma benevolência universal. Yeelen é um filme do Mali que ganhou fama internacional nos anos 80. Também é uma aventura rural e também se debruça, como Yaaba, sobre feitiçaria. Estes dois filmes ajudaram a fixar uma ideia rural (e étnica gira) sobre o cinema africano – pouco conhecido internacionalmente até à altura – que se tem mantido. Já aqui se falou longamente sobre o papel que os festivais de cinema têm tido na divulgação de cinematografias menos conhecidas a propósito da indiana e da japonesa. O mesmo se aplica às do Senegal, Burkina Faso e Mali. La Noire de… (1966), de Ousmane Sembene, foi provavelmente o primeiro filme da África sub-saariana a alcançar alguma fama internacional e será um dos primeiros filmes feitos por um africano (ou o primeiro). É o primeiro filme de Sembene. A administração colonial francesa manteve até tarde uma interdição de fazer filmes a quem não fosse francês e só nos anos 60 se pode falar verdadeiramente de um cinema africano feito por africanos dos países de expressão francesa (por oposição a um cinema sobre África feito por autores ocidentais que mereceu muitas vezes a censura africana). La Noire de… conta as desventuras de uma rapariga senegalesa enquanto empregada doméstica num país que imaginara belo e acolhedor, a França, mas que acaba por não conhecer por se ver mantida num estado de quase aprisionamento e total objectificação. O filme conta-nos a sua revolta, mostra-nos a sua frustração e interroga-se sobre a identidade de Diouana enquanto servidora. É um filme seco e agreste, engolidor, filmado num preto e branco frio e rugoso e que deixa o espectador num estado de entorpecimento. Não existe aqui qualquer hesitação de primeira obra, esta é uma pequena (55 minutos) obra prima. Não será o último filme de Sembene a dar uma importância central ao destino das mulheres – a par das inevitáveis referências à venalidade, ao colonialismo e ao neo-colonialismo (o Senegal tornara-se independente em 1960). Em Mandabi (1968) Ousmane tece uma história de humor subtil em que a burocracia e a corrupção se exibem com uma calma morna. Ibrahima recebe um dinheiro de França, de um sobrinho, e antes de o poder levantar é assediado por um grupo crescente de ávidos interesseiros. Arranjar a documentação necessária para poder levantar o dinheiro do sobrinho é a grande tarefa do simples e bondoso Ibrahima. Nesta pequena viagem encontramos a venalidade, a preguiça, o engano, a mendicidade e um sol inclemente. A cada esquina espreita um pequeno ardil para ludibriar o incauto analfabeto. Nem sempre esta técnica – a de estender a crítica a um país através de uma história pessoal quase banal – se alcança com a facilidade com que Ousmane Sembene no-la serve. Xala (1974), outro filme do mesmo autor senegalense, também conhecido como escritor, conta a história de um casamento de um membro proeminente da Câmara de Comércio senegalesa com a terceira mulher. O tom é o tom seguro de quem sabe perfeitamente o que está a fazer. O humor resultante da sua falha sexual para com a terceira mulher acompanha a crítica da europeização da classe dirigente africana. Um dos presentes na festa de casamento, um negro senegalês, afirma que já não passa férias em Espanha porque há muitos negros. O modo como as mulheres escolhem vestir-se, tradicionalmente ou à europeia, indica, como no cinema japonês e indiano foi marca muito útil, gostos pessoais que mostram a tensão entre o modelo europeu e o modelo local e entre o desejo de afirmação nacional (ou continental) pós-colonialista e a incontornável sedução da europeização. Hadji, o noivo, recusa-se (como recusara outras pequenas sugestões de amigos) a vestir um kaftan e a praticar um ritual tradicional propiciatório de um bom desempenho sexual. As mulheres não deixam de o culpar por não ter aceite praticá-lo. “Vocês têm todos a mania que são europeus” – diz uma delas. Na altura da consumação do terceiro casamento Hadji falha e não há como negar o problema: Hadji tem a xala – é necessário consultar um marabout. Paralelamente à história de Hadji, uma em que as mulheres, muito menos submissas do que de início se poderia pensar, têm uma importância nuclear, mostra-se a corrupção e a prepotência da classe dirigente que – num caso particular, quase cómico – lava o seu Mercedes com Evian. A impotência de Hadji é a impotência do Senegal do pós-colonialismo em constituir-se como uma nação de progresso e transparência 14 anos depois da independência. Como continuaremos a ver na próxima semana, ao falar de Djibril Diop Mambéty, estes são filmes urbanos e sofisticados, longe da impressão rural e paisagística séria que se criou posteriormente a propósito do cinema africano. (continua)
Joana Freitas BrevesUM | Artistas apresentam concerto sobre cultural tradicional chinesa Chama-se “Sinfonia de Amor – Uma digressão pela Cultura Chinesa” e é um espectáculo que junta artistas das regiões vizinhas, nomeadamente Mok Warren Wah-Yeun, famoso tenor do interior da China, a Orquestra Sinfónica Evergreen (Taiwan) e o Coro da Universidade de Macau. A ter lugar amanhã, o concerto pretende “divulgar a cultura tradicional chinesa, promover a cultura chinesa no mundo, fomentar os intercâmbios culturais entre os jovens de Macau e do interior da China e incentivar o desenvolvimento das actividades culturais de Macau”. O espectáculo está marcado para as 19h30, na Aula Magna da Universidade N2 da Universidade de Macau, e serão tocadas “as mais belas músicas chinesas numa alusão a uma viagem pela Cultura Chinesa ao longo dos últimos três milénios”, diz a organização.
Leonor Sá Machado BrevesIEEM acolhe workshop sobre cidadania e identidade cultural [dropcap]O[/dropcap] Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) acolhe, entre os dias 5 e 7 de Novembro, um workshop sobre Cidadania e Identidade Cultural, a ter lugar na Livraria do IEEM. Nos dias 5 e 7, a iniciativa acontece das 18h30 às 21h30 e no dia 7, das 9h30 às 12h30, em língua inglesa. O workshop vai custar 1000 patacas com o professor Thomas Meyer, da Universidade alemã de Dortmund. O curso encontra-se dividido em três diferentes módulos, cada um dizendo respeito aos três dias de duração. Entre as matérias abordadas estão Cultura e Sociedade, Religião e Cultura, Níveis de Identidade Cultural, Culturas Abertas, Valores Sócio-Culturais, Conceito de Cidadania, Política da Cultura Democrática, Política Identitária, entre várias outras. O prazo para a entrega de inscrições termina a 28 deste mês e em caso de dúvidas, o IEEM pede que se contacte Beatrice Lam. Os alunos que estiverem presentes em 80% das aulas terão direito a um diploma.
Joana Freitas BrevesMadonna | Bilhetes para concerto à venda na sexta-feira Os bilhetes para o concerto da cantora pop Madonna, a decorrer nos dias 20 e 21 de Fevereiro de 2016, no Studio City, começam a estar à venda já nesta sexta-feira, dia 16. O espaço para o concerto, inserido na “Rebel Heart Tour”, terá cinco mil lugares disponíveis e os preços variam entre as 2500 e dez mil dólares de Hong Kong.
Flora Fong Manchete SociedadeReciclagem | Governo apresenta medida. Associação mostra-se contra A promotora da greve no sector da reciclagem continua a acusar o Governo de nada fazer e defende que conceder empréstimos com juros baixos, algo apresentado recentemente pelo Governo, não é a solução ideal. Bom mesmo seria criar um Fundo de Reciclagem [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Confraternização de Reciclagem de Materiais Ecológicos de Macau considera que o futuro do sector é incerto e voltou a acusar o Governo de não adoptar medidas eficazes, mostrando-se contra a recente ideia do Governo em conceder empréstimos com juros baixos. À margem de um fórum organizado pela Associação, os responsáveis pediram a criação de um Fundo de Reciclagem “o mais depressa possível”, aponta o jornal Ou Mun. O evento serviu ainda para discutir as políticas de protecção ambiental e as dificuldades sentidas no sector. Citado pelo Ou Mun, Chan Man Lin, presidente da Associação, avançou que a Direcção dos Serviços para a Economia (DSE) reuniu com a Associação na semana passada, tendo proposto a introdução de um empréstimo com baixos juros para a aquisição das máquinas necessárias. No entanto, o presidente defende que a medida “não é útil”. “Não sabemos até quando conseguimos sobreviver, se fechamos as portas a seguir à compra das máquinas. Se isso acontecer, passamos a ter dívidas com o Governo?”, questionou. Chan Man Lin espera ainda que a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) acelere o estudo sobre a criação de um Fundo de Reciclagem no território, uma vez que o organismo disse precisar de cerca de um ano e meio para desenvolver esse projecto. Cabaz de problemas No fórum, o presidente reiterou que o sector enfrenta problemas como a falta de armazéns, as elevadas rendas das lojas e a diminuição do preço dos materiais de reciclagem. Depois de uma semana de greve ocorrida no início deste mês, a Associação entende que caso volte a acontecer uma greve, a Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR), concessionária, só poderá transportar os materiais para os aterros, aumentando a pressão no sistema de recolha do lixo, defendeu Chan Man Lin. Leong Pou U, membro do Conselho Consultivo do Ambiente que também esteve presente no fórum, diz concordar com as dificuldades do sector, frisando que o actual Fundo para a Protecção Ambiental e de Conservação Energética não consegue abranger as empresas de reciclagem. Apesar disso, Leong Pou U acredita que o Governo tem condições para criar um plano especial para o sector.
Joana Freitas Manchete PolíticaAL | Arranque tem lugar sexta-feira com proposta de debate em análise Depois do término da segunda sessão da AL, os deputados regressam ao serviço no dia 16 e começam com uma sessão plenária que analisa um pedido de debate e o orçamento privativo do hemiciclo para 2016, que sobe 10%. Há ainda reuniões internas de todas as Comissões de acompanhamento marcadas para o mesmo dia [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s trabalhos da Assembleia Legislativa (AL) vão arrancar na sexta-feira, com uma agenda que conta com a análise pelos deputados de uma proposta de debate. Song Pek Kei e Si Ka Lon são os autores do pedido, que pretende falar de novas medidas para os parques de estacionamento públicos. No pedido de debate dos números dois e três de Chan Meng Kam, os deputados pedem que os responsáveis do Governo e os colegas do hemiciclo discutam a decisão do Executivo de terminar com os novos passes mensais para os parques de estacionamento. “Por forma a aumentar a rotatividade nos parques de estacionamento públicos, o Governo deve ou não cancelar os respectivos passes mensais, permitindo que o público utilize os lugares de estacionamento em causa?”, questionam, numa pergunta que dá o mote para o debate que consideram ser “de interesse público”. Na opinião dos deputados, exposta na nota justificativa, Song Pek Kei e Si Ka Lon consideram que o passe mensal “já não se coaduna com as necessidades reais” de Macau, mas ainda assim querem mais esclarecimentos. “Consideramos necessária a revisão do Regime do Serviço Público de Parques de Estacionamento. Tendo em conta que os referidos passes mensais têm implicações com o interesse público propomos um debate sobre a matéria, na expectativa de promover o aperfeiçoamento do serviço público de parques de estacionamento”, escrevem, acrescentando que “há conflitos de interesses” com a existência de passes mensais. De acordo com dados apresentados pelos dois deputados, há 39 parques de estacionamento públicos que proporcionam 14382 lugares e, em 16 deles, 4500 lugares estão reservados a estes passes mensais. Noutros 13, a percentagem de lugares reservados é de 50% e “superior”. Um dos grandes problemas reside, contudo, no silo da ETAR, onde 96% dos lugares estão reservados aos passes mensais, havendo apenas 14 lugares disponíveis para o público. “Gera conflitos de interesses entre os utilizadores em geral e os detentores dos passes”, escrevem, explicando ainda que a grande quantidade de veículos em circulação e as dificuldades em arranjar estacionamento são problemas que afectam os residentes “já há muito tempo”. Orçamento sobe 10% Para Si Ka Lon e Song Pek Kei o Regime tem de ser revisto, uma vez que 12 anos depois da implementação dos passes mensais, o trânsito e a realidade sócio–económica mudaram “significativamente”. “Tendo em conta a escassez de lugares nos parques de estacionamento, os residentes têm novas solicitações quanto à distribuição equitativa e justa destes recursos públicos”, terminam. Este não é o único assunto na agenda dos deputados, que têm ainda para análise e aprovação a proposta do orçamento privativo da AL para 2016. Este terá o valor de 183,9 milhões de patacas e já teve luz verde da mesa da AL, apesar de representar um aumento da despesa em 10,3% face ao deste ano. As despesas principais situam-se na aquisição de bens e serviços, onde a AL pretende gastar mais de 11 milhões de patacas, ou mais 9,21%, devido “a um reforço” nos vencimentos e de subsídios. No mesmo dia estão marcadas reuniões de todas as Comissões de acompanhamento e permanentes para a escolha dos presidentes e secretários dos grupos.
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasBarca Bela [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Romantismo não foi entre nós o mais expressivo momento mas, sem dúvida, deixou alguns brilhantes testemunhos, tanto assim que sem ele teríamos perdido muita memória genética da tradição literária portuguesa. O confessionalismo não faz dele um instante “piegas” como muitos acharam, nem o reviver dos gostos medievais um obscurantismo enevoado. Ele foi bastante colorido, pleno de acção, intrépido e revolucionário. Vem da educação arcádica cuja linguagem escrita teve o mérito de se aproximar sempre da linguagem falada do seu tempo. Depois, o conto, as novelas, o romance histórico, conferem-lhe graça e o desligar dos enfadonhos tratados. Falar desta corrente é, como bem se entende logo à partida, falar de Almeida Garrett, que o tempo do início do Outono faz de forma natural assemelhar-se logo às «Viagens na Minha Terra», num deslizar suave por entre os vales… O romantismo sem ultra, o maduro, o das alucinações visuais, das cores e dos sons, mas é nas «Folhas Caídas», agora de Outubro, que a representação do lirismo português abre portas ao entendimento: há tanto nos interstícios das palavras! – Pescador da Barca Bela onde vais pescar com ela que é tão bela ó pescador? – Quanto pesa uma alma? Vinte e um gramas, dizem, vinte e um séculos para vinte e um gramas romando numa Barca bela! Ela. Mas quem é afinal este “ela” que surge e fala com o poeta? A alma. O poeta dirige-se assim à sua alma na sua Barca, a Barca que tem a vela, a vela que tem a chama, o corpo que tem a alma. A Barca é também um transporte mortuário e relembro «A Barca da Morte» de D.H.Lawrence no poema de dez cânticos e que começa assim: «Agora é Outono, o cair dos frutos e a longa viagem para o esquecimento. É tempo de ir, do adeus ao próprio eu, de encontrar uma saída do eu caído. Já construíste a tua Barca da morte, a tua?». Coisas que o tempo cala porque os tempos apostaram na morte da alma. Mas ela não se cala! E eis que Garrett, agora, na sua Barca, vem lembrar a grande maravilha com o mais requintado tratamento da linguagem falando com a sua própria alma: – «Não vês que a última estrela no céu nublado se Vela? Colhe a Vela, ó pescador!» Esta subtil passagem de velas que não são sinónimas mas que são a mesma essência….. este Velar, esta alma que faz andar a Barca e o nublado da estrela… pois que: «não se enrede a rede nela, que perdido é remo e Vela só de vê-la Ó pescador!» Há que fugir então do canto da sereia, essa ilusão que pode levá-la para o local escuro da sua essência ou fazê-la desaparecer, há que velar, velejando, a alma que vela, a vela que veleja… a anima encontra-se toda aqui! Só animados somos um propósito de viagem, mas animados com aquilo que a própria expressão à alma conduz. Ela é aquela energia que não deve andar “enredada”, que se deve acautelar face à sua natureza etérea, das ilusões do mundo, pois que essa mesma alma pode bem perder-se no assombro da viagem, afundar-se, e não mais animar o viadante. E, tal como Ulisses amarrado às cordas, aqui também surge a advertência: «Inda é tempo, foge dela, foge dela, ó Pescador». Esta alma do poeta é uma amiga simples, ainda não é o espírito, é uma força que surge como conselheira. Esta é uma luta de um pescador com a sua deidade e não a «Rima do Velho Marinheiro», de Colleridge, que por sinal é a obra que muitos acham ser inaugural do Romantismo. As Barcas, essas, levam os navegantes com a alma deles dentro e sempre ao longo da viagem lhes será mostrada a estrela d’Alva na forma de anjo interno como um espelho… Esta é a vela de ti, a chama que terás que entregar. Escuta o seu conselho e caminha sobre as águas. Talvez tivesse falado com a minha naquele dia… em que … «Vês que vejo a vela verde, vês que sou o tempo e a teia, e que importa se és e não sou uma estátua de areia?!» A alma pode cair aos pedaços, ser pressionada a pesos que a atormentam, mas só ela existe para saber ver a bela frase de Rilke «Todo o Anjo é terrível». Ela põe-nos também à prova no limite de todas as coisas. Ela está em guarda. Todos os que foram encontrados depois do Naufrágio estavam numa Barca. Tudo mais tinha perecido.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesAmor e Dedinhos de Pés [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]romance de Senna Fernandes muito pouco tem que ver com o tópico que tenciono desenvolver. O título, curiosamente, tem bastante. Em continuação do artigo anterior sobre parafilias e a sua potencial normalidade, gostaria de desenvolver um pouco mais a ideia de fetiches. Fetiches, que se incluem na categoria de comportamento sexual desviante, definem-se por uma especial atracção sexual por objectos inanimados, ou partes do corpo. A sua epidemologia é desconhecida, mas a melhor explicação talvez seja baseada no cãozinho de Pavlov: condicionamento clássico. Ou seja, uma excitação sexual que tenha ocorrido mais do que uma vez em concomitância com outro objecto ou situação, passadas suficientes experiências começa-se a atribuir a reacção fisiológica ao objecto que outrora nada tinha que ver com sexo ou a sexualidade do indivíduo. Fetiches, existem muitos, de todos os tipos, sobre todas as coisas. As evidências, contudo, mostram que o fetiche de pés é o mais comum. Por isso a minha mente mal-informada achava que Amor e Dedinhos de pés fossem sobre isso mesmo. Estava enganada. O que é que este fetiche de pés implica: normalmente são mais expressados por homens (pouco registo de mulheres) que veneram e se excitam sexualmente pelo simples vislumbre de um pé, ou dos dois. A interacção sexual pode não passar por mais do que isso mesmo, a de uma mulher com uns pés bonitos e um homem que só está interessado neles. Por isso não há sexo, penetração vaginal, necessariamente. Uma sessão de pés, para os profissionais e mais experienciados, pode ser um fim em si só. Para casais mais arrojados poderá fazer parte de um interessante momento de preliminares. O que envolve esta sessão, como poderão imaginar, é muita veneração de pés, muitos beijos, muitas lambidelas e trincadelas. Poderá incluir uma caminhada sobre o venerador que de muito bom grado servirá de tapete. [quote_box_left]Há algo de lírico, talvez, se pensarmos que o fascínio pelos pés também é o fascínio pela combinação de ossos e carne que nos liga à Terra, ou que nos mantém ligado a ela[/quote_box_left] Quem são estes adoradores de pés, é uma boa pergunta. Visto que se trata do fetiche mais comum, os seus praticantes têm estado por todo lado, há séculos. Há quem desconfie que Goethe, Dostoyevsky, Joyce e até Elvis Presley tenham sido adoradores de pés. Quando e onde é que a moda começou, não se sabe muito bem. Sinólogos dizem que já no tempo da Dinastia Sung, quando o ‘foot binding’ começou a ser uma prática comum, a erotização do pé de lótus (como era chamado) estava bem estabelecida. Os homens que tinham mais queda para estes pés deformados, incluíam nos seus preliminares as práticas que exigiam um protagonismo especial destes membros que nos sustêm. Muitas vezes estes pés eram tingidos de vermelho, para aumentar a sua atractividade. Pés deformados e para além disso, pintados de vermelho. Que bonito. Estes pés eram de tal forma tabu que nos primórdios da pornografia chinesa eram a única zona do corpo que não ficava descoberta, para manter o mistério. Porque já sabemos que sexo faz-se de mistério, mesmo através de práticas atrozes em nome destes ideais de beleza e erotismo femininos que mudam com a mesma frequência que uma pessoa muda de cuecas. O fetiche de pés de hoje em dia já não passa por isso. Querem-se pés bonitos e bem tratadinhos. Isto é, sem calos, com uma pedicure bem feita, macios. Mas como podem calcular, há gostos para tudo. Talvez seja mais fácil se se deleitarem com uma ilustração do que pés bonitos realmente são. Sugiro, por isso, que consultem o mais contemporâneo, arrojado e assumido praticante de amor aos pés: Quentin Tarantino. Nas suas obras cinematográficas há um gostinho especial em enaltecer os pés das actrizes com que trabalha, erotizando, assim, esta extremidade humana que se julgava ser útil só para nos pormos de pé e usar umas sandálias giras. Amantes de pés, há muitos, de facto. E se homens gostam de um pezinho de mulher, outros homens preferem pezinhos de homem. Há algo de lírico, talvez, se pensarmos que o fascínio pelos pés também é o fascínio pela combinação de ossos e carne que nos liga à Terra, ou que nos mantém ligado a ela. Qual quê, ultrapassaremos o lugar comum de erotização de umas mamas, um rabo ou umas ancas. Os pés é o que mais sofrem, no dia-a-dia frenético que nos obriga a movimento constante, que sejam mimados como cada qual assim o permitir.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteFIIM | Pedro Moutinho e Filarmónica da BBC actuam este fim-de-semana É já esta sexta-feira que o fadista português Pedro Moutinho actua na Fortaleza do Monte, no âmbito do Festival Internacional de Música. Há ainda tempo para assistir a dois concertos da Filarmónica da BBC, no CCM [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]ado e orquestra. São estas as duas possibilidades para a sua sexta-feira, ainda que em separado. Em palcos diferentes e à mesma hora, dois grandes nomes da música prometem trazer ao público do Festival Internacional de Músicas de Macau (FIMM) bons momentos. O português Pedro Moutinho é o grande nome do cartaz para o começo de fim-de-semana, trazendo-nos um concerto de Fado em conjunto com o quarteto “Danças Ocultas”. Este grupo, composto por Artur Fernandes, Filipe Cal, Filipe Silva e Francisco Silva, “propõe uma abordagem única e altamente original ao acordeão”. Por sua vez, Pedro Moutinho é uma das novas vozes do Fado, contanto já com três álbuns de estúdio e um Prémio Amália. O concerto de Pedro Moutinho tem lugar na Fortaleza do Monte às 20h00, sendo que a entrada é livre, ainda que com lugares limitados. Outro palco À mesma hora, mas no Centro Cultural de Macau (CCM), terá lugar o concerto Sinfonia N.º 9 “A Grandiosa” de Shubert pela Filarmónica da BBC, do Reino Unido. Considerada uma das melhores do seu país, a orquestra da BBC tem realizado concertos pelo mundo, estando desta vez presente na RAEM com o maestro Juanjo Mena e o violoncelista Laslo Fenyo. No dia seguinte, o mesmo grupo apresenta “Variações Enigma”. Ambos os concertos acontecem às 20h00 e os bilhetes custam entre 150 a 500 patacas. Quinta-feira, dia 15, tem lugar, no CCM, o concerto comemorativo de Xian Xinghai e Liu Tianhua, para celebrar o 70º aniversário da vitória na guerra da resistência contra a agressão japonesa. O concerto, que decorre por volta das 20h00, terá como maestros Wang Aikang, Ho Man-Chuen, Huang Kuang-Yu e Pang Ka Pang. Para o CCM, esta é “uma oportunidade verdadeiramente valiosa para promover o intercâmbio musical entre estas quatro regiões, que partilham uma cultura homogénea e os mesmos antepassados, demonstrando assim a sua afeição pela nação chinesa”. Xian Xinghai nasceu em 1905 e “compôs numerosas obras musicais arrebatadoras ao longo da sua carreira”. “Uma das suas mais conhecidas obras, “A Cantata do Rio Amarelo” constitui um hino de louvor dedicado ao espírito determinado do povo chinês durante a Guerra de Resistência contra a agressão japonesa”, remata o CCM. Os bilhetes custam entre as cem e as 200 patacas.
Leonor Sá Machado EventosBABEL e FRC organizam debate sobre arquitectura municipal [dropcap style=’cricle’]A[/dropcap] organização cultural BABEL e a Fundação Rui Cunha (FRC) vão organizar um debate às 18h30 da próxima quinta-feira sobre a arquitectura municipal de Macau e que conta com a arquitecta Maria José de Freitas e o artista visual Yves Etienne Sonolet como oradores. Intitulada “Dos edifícios municipais às praças: o Leal Senado como Modelo de gestão e poder local”, a palestra pretende explorar “diferentes estilos arquitectónicos dos edifícios municipais portugueses dos séculos XIV a XVIII” e da época dos Descobrimentos. “É, pois, neste contexto que será analisado, muito concretamente, o Edifício do Leal Senado e a sua praça”, refere a organização. O Leal Senado é um prédio cuja construção data do século XVI, “altura em que toda a cidade de Macau crescia intramuros”, pelo que será interessante focar o desenvolvimento do território até aos dias de hoje. “Já no século XIX, o crescimento da cidade ultrapassou o limite muralhado, estendendo-se, por um lado, até às Portas do Cerco, fronteira terrestre com a China continental e, por outro lado, construindo-se novos aterros”, adiantam a BABEL e a FRC. Maria José de Freitas é uma arquitecta portuguesa radicada em Macau e que tem participado numa série de projectos de restauro e preservação arquitectónica na cidade e em Portugal. A profissional foi ainda galardoada com o prémio ARCASIA, na categoria de renovação arquitectónica em 2002. O francês Yves Etienne Sonolet nasceu em Paris e é mestre em Belas Artes pela universidade de Toulouse. A iniciativa faz parte da Macau Architecture Promenade, um evento levado a cabo pela BABEL e que leva a arte aos cidadãos, espalhando pelas mais variadas zonas da cidade.
Leonor Sá Machado EventosFIMM | Semana arranca com violinista letão Gidon Kremer O violinista letão Gidon Kremer estreia-se hoje no CCM num concerto integrado no Festival Internacional de Música de Macau. Kremer traz consigo o Kremerata Baltica, grupo por si formado. Seguem-se os norte-americanos Chanticleer [dropcap style=’cricle’]O[/dropcap]Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) traz hoje ao grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) o violinista da Letónia Gidon Kremer. No entanto, o artista não vai actuar sozinho, porque traz consigo o grupo que formou em 1997, o Kremerata Baltica. De acordo com a organização, o músico é “considerado um dos violinistas mais originais e emocionantes da sua geração”, tendo vencido uma série de concursos como o Queen Elisabeth, o Paganini ou o Tchaikovsky. Kremer é igualmente prolífico quando se fala no número de obra publicadas, tendo lançado um total de 120 álbuns originais. Os Kremerata Baltica são uma orquestra com jovens da Estónia, Letónia e Lituânia. O colectivo deu o seu primeiro concerto no Festival de Música de Câmara Lockenhaus, na Áustria e desde então “são conhecidos pela sua energia e alegria em palco”, explica a organização. O grupo foi fundado com propósitos educacionais com uma visão a longo prazo: por um lado, Kremer pretendia passar a sua mestria aos mais novos e, por outro, ensinar ao mundo que os Países Bálticos também têm música que vale a pena ouvir. Uma obra contemporânea O grupo dedica o seu tempo a obras “contemporâneas de compositores russos e da Europa de Leste”, apresentando em palco obras de Arvo Part, Giya Kancheli, Peteris Vasks, Leonid Desyatnikov, Alexander Raskatov e Meiczyslaw Weinberg. Ao CCM trazem “Máscaras e Rostos”, um concerto pensado para cativar o público pela visão e pela audição. É que o espectáculo consiste numa confluência de cenários contemporâneos através do emprego de elementos multimédia e a interpretação musical de Frates, obra de Arvo Part. “Reunindo música e artes visuais contemporâneas, a obra expressa-se numa língua altamente emocional que reflecte os nossos tempos políticos conturbados e atitudes sociais actuais”, define a organização. Os bilhetes para este concerto, que começa às 20h00, custam entre 200 e 300 patacas, dependendo do lugar escolhido. Dias cheios de alma Terça-feira o mesmo agrupamento volta ao Grande Auditório, desta vez para apresentar “Novas Estações”, com uma série de interpretações de Piazzolla, Vivaldi, Pushkarev e Raskatov. Todo o programa consiste em sinfonia relativa às quatro estações do ano. “O programa do seu segundo concerto no XXIX FIMM, intitulado Novas Estações, inclui desde novas interpretações de Vivaldi e Piazzolla à estreia asiática do Segundo Concerto para Violino de Philip Glass”, explica o FIMM no seu programa do Festival. Este espectáculo acontece às 20h00 no CCM e os bilhetes custam entre 200 e 300 patacas. No entanto, as actuações desta semana não acabam por aqui: a noite de quarta-feira é dedicada à música à cappella. Os norte-americanos Chanticleer actuam às 20h00 no Teatro D. Pedro V para cantar e encantar a plateia, com bilhetes que vão das 200 às 250 patacas. O colectivo, composto por 12 membros, foi fundado em 1978 e tem vindo a desenvolver uma série de novos arranjos musicais, passando do género inicialmente preferido de música renascentista para interpretações de jazz e gospel. “O empenho de longa data do grupo em encomendar e executar obras novas resultou em mais de 90 peças escritas por mais de 70 compositores”, informa a direcção do FIMM. O programa já está definido e chama-se “Acima da Lua”, espectáculo que se dedica a homenagear a música de Nico Muhly, mas inclui também obras de Monteverdi, Mantyjarvi, Porter, Mancini e Elbow. O grupo recebeu, em 1999 e 2002, o prémio de Melhor Pequeno Agrupamento, e de Agrupamento do Ano 2008.
Joana Freitas PolíticaHong Kong e Macau assinam acordo na área comercial Macau e Hong Kong vão iniciar negociações para celebrar um “acordo a alto nível” para aumentar a cooperação económica e comercial entre as duas regiões administrativas especiais. O objectivo é promover a circulação de mercadorias, serviços e capitais. “O Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre Hong Kong e Macau visa proporcionar protecção legal no acesso aos mercados e promoção da facilitação do comércio e investimento, aumentando a competitividade de ambas as partes no âmbito da cooperação regional”, pode ler-se num comunicado do Governo, que indica que as negociações vão ser iniciadas “oficialmente” no final do ano. O acordo “de alto nível” e conforme as regras da Organização Mundial do Comércio está já a ser alvo de consulta desde Agosto. Os destinatários englobam entidades públicas, sectores empresariais, associações juvenis e entidades académicas e, das opiniões recolhidas até agora pela Direcção dos Serviços de Economia, o acordo “deverá estreitar ainda mais a cooperação económica e comercial entre as duas partes, reforçando a competitividade global entre Hong Kong e Macau”. Esta é uma extensão ao acordo CEPA entre Hong Kong e Macau e, além da facilitação no comércio, contém ainda assuntos relacionados com a propriedade intelectual.
Joana Freitas PolíticaAL | Visita a Pequim para aprofundar comunicação com Conselho de Estado [dropcap style=’cricle’]O[/dropcap]s deputados da Assembleia Legislativa (AL) estão em Pequim de hoje a 14 de Outubro. A visita, feita pelo Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, tem como objectivo aprofundar as relações entre as figuras políticas das regiões administrativas especiais e a China continental. “A visita tem como objectivo reforçar a comunicação entre a AL e as diversas instâncias do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, com troca de opiniões sobre os âmbitos do planeamento, processo e técnica ao nível legislativo e ainda no tocante à fiscalização ao Governo e ao acompanhamento da aplicação das leis”, pode ler-se num comunicado do Executivo. Na agenda está ainda uma visita à Comissão da Lei Básica da RAEM, ao Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional e ao Comité Permanente da Assembleia Popular Municipal de Pequim, bem como à cidade de Langfang, na província de Hebei. Aprofundar conhecimentos Outro dos objectivos é melhorar o conhecimento dos deputados da AL sobre a situação legislativa do interior da China e aprofundar a compreensão da política ‘Um País, Dois Sistemas’ e da Lei Básica da RAEM. Tudo para que “se possa exercer melhor a competência legislativa e de fiscalização”. A comitiva dos deputados é liderada pelo Presidente da AL, Ho Iat Seng, e acompanhada pelo subdirector do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Zheng Zhentao. Para a AL, a visita “reveste-se de grande importância”, até porque para alguns deputados, como José Pereira Coutinho, deputado há mais de nove anos, esta foi a primeira vez que chegou um convite para uma visita desta natureza pelo Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado. “Não é por acaso que, neste momento, nos convidam a ir a Pequim”, diz Pereira Coutinho à Rádio Macau. “Trata-se de um encontro importante. Estas visitas têm sempre um objectivo político e de melhorar os canais de comunicação entre os deputados de Macau e o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado”, antecipa o deputado. Em declarações à Rádio Macau, Pereira Coutinho rejeita a ideia de que pode levar um “puxão de orelhas” de Pequim por querer ser deputado em Portugal.
Joana Freitas PolíticaSegurança | Já há planos para gestão das águas. Falta de pessoal leva a ajustes O Governo prepara-se para ajustar o modelo de cooperação com a China após ser autorizado a gerir águas marítimas. A falta de pessoal na Segurança leva a ajustamentos, bem como o aumento de migração ilegal, que vai originar a revisão das leis [dropcap style=’cricle’]J[/dropcap]á há planos traçados para as águas marítimas que ficarão sob a jurisdição de Macau, no final deste ano. Isso mesmo disse Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança, que admitiu ainda haver falta de pessoal na sua tutela. Face ao pedido do Governo junto de Pequim para a gestão de águas, os Serviços de Alfândega (SA) estão preparados para discutir mudanças na forma de cooperação, diz o Secretário. “Os SA encontram-se preparados [para responder aos trabalhos de gestão], designadamente na área de formação de pessoal e instalação de equipamentos, entre outros”, referiu, citado em comunicado. À margem da cerimónia de encerramento do Curso de Formação de Instruendos, o Secretário revelou que os SA têm mantido negociações com os serviços competentes da China interior sobre um modelo de cooperação, que deverá ser diferente do actual, uma vez que Macau vai poder gerir águas marítimas pela primeira vez. “Os SA dispõem de um plano de trabalho e estão a discutir com outros serviços competentes da China interior uma mudança no modelo de cooperação. Assim que houver novidades [serão] divulgadas mais informações.” Segurança sem pessoal Apesar da formação de pessoal estar em curso, o Secretário admitiu que vários serviços da sua tutela ainda têm falta de recursos humanos. No entanto, o responsável diz que é impossível reduzir os critérios para recrutamento e o tempo de formação, pelo que “há dificuldades” na contratação. A solução poderá estar no ajustamento dos cursos. “Perante a falta de pessoal, a partir do próximo ano, vai proceder-se a ajustamentos no recrutamento para o Curso de Formação de Instruendos, ou seja, passa de três fases bianuais para duas fases por ano. No entanto, mantém-se inalterável o período de formação, ou seja oito meses, para garantir a qualidade de formação e colmatar a escassez de recursos humanos”, anuncia o Governo. Wong Sio Chak disse ainda que vai aumentar o investimento nas tecnologias para elevar a capacidade de aplicação da lei e melhorar a performance das autoridades com o mínimo de pessoal possível. Migração ilegal traz alterações à lei Wong Sio Chak quer rever a Lei da Imigração Ilegal e da Expulsão, de forma a analisar a viabilidade de aumentar o período de detenção de 60 para 90 dias. O Secretário para a Segurança quer “elevar a eficácia da lei” devido ao aumento de pessoas que têm vindo de forma ilegal para Macau. Wong Sio Chak, que frisou que a migração ilegal está cada vez mais complexa, mostrou-se preocupado com o aumento de casos de tráfico de droga de jovens da região vizinha para a Macau e disse que irá continuar a reforçar o intercâmbio de informações entre os territórios que fazem fronteira com Macau.
Andreia Sofia Silva SociedadeCentro de doenças infecciosas em Coloane pronto até final do ano [dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]lexis Tam anunciou na sexta-feira que até finais deste ano estará pronto, em Coloane, o Centro de Saúde Pública, destinado ao internamento de portadores de doenças infecciosas. O projecto terá custado cerca de 340 milhões de patacas e terá capacidade para 60 camas. A nova unidade – localizada no Alto de Coloane – resulta da remodelação de um outro centro, também de recuperação de doenças infecciosas. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura confirmou, contudo, não haver ainda planos para a utilização do Centro de Saúde Pública em Coloane nas fases em que não se registem epidemias no território. “Acredito que se acontecer alguma epidemia em Macau este centro clínico vai ajudar imenso nos trabalhos de isolamento dos pacientes. As instalações vão oferecer um espaço para os pacientes recuperarem, mesmo que, para já, não esteja prevista nenhuma epidemia em Macau”, frisou Alexis, acrescentando que este não é o único espaço dedicado às doenças infecciosas. Atrasado pela cultura Junto ao hospital Conde de São Januário deverá ser construído, em 2018, o Edifício de Doenças Infecciosas de Saúde Pública, o qual servirá para diagnosticar as doenças infecciosas e ser uma “instalação complementar de reabilitação”. O Edifício de Doenças Transmissíveis da Saúde Pública teve de ser submetido a uma nova concepção em 2008, por ser mais alto do que a lei permitia, o que causou o adiamento das obras. O local deverá estar pronto em 2018, depois de novos atrasos devido à necessidade de elaboração de um parecer do Instituto Cultural por causa de duas casas que poderão ter valor histórico e que teriam de ser demolidas para o espaço nascer. Serviço público de Psiquiatria sem problemas Alexis Tam garantiu que o serviço público de psiquiatria está bem e recomenda-se: no ano passado foram registados 1189 casos, o que, segundo os SS, representa uma diminuição de 2,1% face a 2013, números que “registam um declínio em dois anos consecutivos”. Há cerca de 12 mil casos a receber tratamento na consulta externa do serviço de psiquiatria, “correspondente a 1,9% da população local”, aponta o organismo.
Flora Fong PolíticaHabitação | Deputados questionam atraso na recuperação de lote da CEM [dropcap style=’cricle’]O[/dropcap]s deputados Zheng Anting e Chan Meng Kam querem saber por que é que o Governo ainda não conseguiu negociar a recuperação do terreno onde se encontra a Central Térmica da Companhia de Electricidade de Macau (CEM), na Areia Preta. Os dois deputados dizem não compreender o motivo que leva ao adiamento do assunto. Em duas interpelações escritas individuais, Zheng Anting e Chan Meng Kam lembram que o Governo prometeu este ano tentar reservar cinco terrenos para a construção de 4400 fracções de habitação pública. No entanto, o Secretário para Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, revelou recentemente que o maior dos cinco terrenos – onde se encontra a Central Térmica, na Avenida Venceslau Morais – não começou ainda a negociação com a empresa, pelo que não se poderia comprometer com a recuperação do lote já este ano. Zheng Anting questiona porque é que o Executivo atrasou a recuperação do lote e quer saber quais são as dificuldades. O deputado quer ainda que o Governo responda se tem medidas alternativas para a construção das 4400 casas. Já Chan Meng Kam quer saber como é que o Governo vai conseguir reservar terrenos em tempo oportuno para estas fracções, acrescentando que espera que o Governo comece o mais rápido possível com a nova fase de atribuição de casas, depois do sorteio da semana passada. Este ano, a CEM revelou que iria desactivar a Central Térmica de Macau precisamente para que o terreno pudesse ser aproveitado para a construção de habitação pública, finalidade que estava já prevista há alguns anos.