Cinema | Brasil é convidado de honra do Festival Internacional de Pequim

O Brasil é convidado de honra da edição deste ano do Festival Internacional de Cinema de Pequim, que exibe a partir de amanhã quatro filmes brasileiros, coincidindo com os 50 anos do estabelecimento das relações diplomáticas.

“Retratos Fantasmas”, “Marte Um”, “Que Horas Ela Volta” e “Uma História de Amor e Fúria” são os quatro filmes brasileiros que vão estar em exibição no principal evento da capital chinesa dedicado ao cinema estrangeiro.

A participação do Brasil como convidado de honra coincide com o 50.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, cuja proximidade política e económica foi reforçada nas últimas décadas, com a formação do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul.

Desde 2009, a China é também o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de nove mil milhões de dólares, em 2004, para 150 mil milhões, em 2022. O Brasil desempenha, em particular, um papel importante na segurança alimentar da China, compondo mais de 20 por cento das importações agrícolas do país asiático.

19 Abr 2024

Cinema | Macau Art Garden exibe filmes de Ho Cheuk-Tin

Os amantes do cinema realizado em Hong Kong terão a oportunidade, no próximo sábado, de ver três curtas-metragens do realizador Ho Cheuk-Tin, nomeadamente “Righteousness”, “Yau Kee Cart” e “Foul”, no Macau Art Garden. Seguir-se-á uma conversa com o conhecido cineasta

 

O trabalho cinematográfico do realizador Ho Cheuk-Tin, de Hong Kong, estará em destaque na próxima sessão de cinema no Macau Art Garden, agendada para este sábado a partir das 22h30, a que se seguirá uma conversa entre o público e o realizador.

A organização do evento escolheu três curtas-metragens do realizador para exibição, nomeadamente “Righteousness”, de 2010, com a duração de 14 minutos, que conta a história da prisão de Cheung, por roubo, há 20 anos, em que o dinheiro roubado acaba por desaparecer.

Segue-se “Yau Kee Carter”, de 2014, um trabalho com apenas 12 minutos, que se centra em torno da história do casal Li e de uma loja antiga no distrito de Sham Shui Pou, marcado por diversas mudanças urbanísticas. “Foul”, uma produção de 2012 com 27 minutos, será também exibida, tendo vencido o prémio de “Best Student Film” [Melhor Filme Estudantil] na 11.ª edição do “International Student Film and Video Festival” [Festival Internacional de Cinema e Vídeo Estudantil] da Academia de Cinema de Pequim, em 2012. Além disso, “Foul” foi ainda um dos filmes de abertura escolhidos para a oitava edição do “InDPanda International Short Film Festival”, um festival de curtas-metragens.

Grandes sucessos

Nascido em 1987, Ho Cheuk-Tin formou-se na Escola de Televisão e Cinema da Academia de Artes Cénicas de Hong Kong, com especialização em realização. É também conhecido do grande público pelas películas “The Sparring Partner”, de 2022, e “Over My Dead Body”, realizada este ano.

Tendo marcado a sua estreia na realização de longas-metragens, “The Sparring Partner” tem como pano de fundo a história de um duplo homicídio ocorrido em 2013 e que chocou Hong Kong. Trata-se de um drama judicial sobre um jovem que se junta ao amigo para assassinar e desmembrar o corpo dos próprios pais. O jovem declara-se inocente, mas os advogados de defesa rivalizam entre si. Os nove jurados do processo tentam, até ao fim, descobrir a verdade.

“Sparring Partner” foi o filme de categoria três com maior bilheteira em Hong Kong e o quarto filme de Hong Kong do ano passado com uma receita de bilheteira superior a 40 milhões de dólares de Hong Kong.

“Over My Dead Body” é uma “comédia de humor negro satírica” sobre um grupo de cidadãos comuns de Hong Kong que teve de lidar com o aparecimento inexplicável de um homem morto nu num prédio de luxo. Os moradores fazem tudo para se livrar do corpo para não manchar a reputação do prédio.

Após terminar a sua formação académica, o realizador participou em diversas produções, desde o cinema a publicidade, incluindo videoclipes de música. Foi nesse período que se foi dedicando a projectos cinematográficos pessoais, como “Yau Kee Cart”, bem como à realização de um episódio da série televisiva “Below The Lion Rock”, produzida pela estação pública RTHK – Rádio e Televisão de Hong Kong.

Segundo um comunicado da organização do evento, o realizador de Hong Kong está hoje apostado na formação dos mais jovens, a fim de dar uma retribuição à sociedade. “Espero poder dar algo aos jovens, dando a conhecer o cinema aos estudantes do ensino secundário”.

5 Dez 2023

Macau Art Garden | Festival de curtas de Hong Heng Fai exibido no sábado

No sábado, o espaço Macau Art Garden acolhe o “3 in 1”, um pequeno festival de curtas-metragens que irá exibir três filmes do realizador local Hong Heng Fai. Após a exibição das películas, a noite prossegue com uma tertúlia com o cineasta e Wong Pak Hou, o protagonista masculino da trilogia de curtas apresentadas

 

Se as condições meteorológicas deixarem, no próximo sábado o Macau Art Garden, na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues, irá acolher um pequeno festival de cinema, “3 in 1”, centrado nas obras do realizador local Hong Heng Fai.

O início da projecção tem hora marcada para 21h30, a que se segue uma sessão de perguntas e respostas e interacção regada etilicamente entre o público, o realizador e Wong Pak Hou, actor que protagoniza as três curtas-metragens exibidas.

Exceptuando o primeiro filme, todos têm legendas em inglês. A película que abre a sessão é “Before Dawn”, lançado em 2014 e que arrebatou o prémio “48 Rush Hours” Video Challenge Award, organizado pelo Centro Cultural de Macau.

O segundo filme na lista é “In Memory of Her”, obra seleccionada na edição de 2015 do Festival Internacional de Filme e Vídeo de Macau.

Finalmente, a fechar a sessão será exibido “Crash”, curta multipremiada que correu festivais como o Festival de Curtas de Berlim, o Festival de Filme Independente de Hong Kong, e foi nomeado para o Taipei Golden Horse Film Festival and Awards.

O filme de 20 minutos conta a história de um homem de 50 anos de idade que sofreu com a “perda” da sua mãe e se vê envolvido numa crise existencial. Tendo como tema a relação entre o espaço virtual e a realidade, o filme procura introduzir questões éticas, explorando a situação de “digitalização” nos tempos modernos.

O outro lado da câmara

O realizador estreou-se no formato de longa-metragem no ano passado com “Kissing the Ground You Walked On”, filmado em Macau. A obra foi reconhecida com o prémio de melhor realizador dos “Firebird Awards in the Young Cinema Competition” da 47ª edicção do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong.

Hong Heng Fai foi director do Teatro Horizonte (Macau), estando envolvido na área das artes performativas há mais de uma década e meia. Licenciado em publicidade pela Universidade de Shih Hsin em Taiwan, o realizador, juntamente com seus amigos, produziu o documentário “Rice for the Dead” durante a sua estadia em Taiwan, que trata dos fenómenos na área de comunicação social de Taiwan, gerando repercussões a nível social.

Fundou o “Day Day Studio” em 2014, e a sua primeira curta-metragem de ficção, “Before Dawn”, ganhou o prémio do desafio “Rush: 48 Horas a Abrir”. Mais tarde, os filmes “Caged”, “In Memory of Her” e “Crash” entraram na selecção do “Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau”. O evento na Macau Arte Garden tem um preço de entrada de 50 patacas, com uma bebida incluída.

30 Ago 2023

Cinema | Mostra de filmes portugueses em Pequim até 11 de Setembro

Começou na sexta-feira em Pequim a mostra “Filmes de Portugal”. Até ao dia 11 de Setembro, serão exibidas seis longas-metragens e um documentário de cineastas portugueses no Museu Nacional de Cinema da China. O cartaz é composto por filmes tão díspares como o clássico “Os Verdes Anos”, “Listen” de Ana Rocha da Sousa e “Km 224”, de António-Pedro Vasconcelos

 

Começou na sexta-feira a mostra “Filmes de Portugal”, em exibição no Museu Nacional de Cinema da China, em Pequim. A celebração da sétima arte lusa será feita no grande ecrã com seis longas-metragens e um documentário portugueses, naquela que é a primeira exibição de cinema estrangeiro realizada pela instituição pública com sede na capital chinesa este ano.

A mostra “Filmes de Portugal” inclui o clássico a preto e branco “Os Verdes Anos”, de 1963, e “Listen”, a primeira longa-metragem realizada por Ana Rocha de Sousa. “Km 224”, o novo filme de António-Pedro Vasconcelos, integra também o cartaz que será exibido até ao dia 11 de Setembro.

Tratam-se sobretudo de filmes artísticos, que mostram como pessoas reais e a cultura inspiram os cineastas portugueses a contar as histórias no grande ecrã, descreveu o jornal Global Times.

Também em 2016, Pequim recebeu uma exposição cinematográfica composta por um total de 24 filmes portugueses, como parte de um acordo entre os dois países para promover obras portuguesas na China e filmes chineses em Portugal. Em 2015, foram exibidos 32 filmes chineses em duas salas de cinema em Lisboa.

Pais e filhos

Num longo e elogioso artigo, o Global Times descreve “Os Verdes Anos” como uma película que reflecte a forte influência do movimento artístico francês Nouvelle Vague, que imortalizou mestres como Jean-Luc Godard e François Truffaut.

Uma das obras contemporâneas em destaque no evento é “Listen” um filme escrito e realizado por Ana Rocha de Sousa, que estreou em 2020 e venceu um prémio especial do júri no 77º Festival Internacional de Veneza. Com Lúcia Moniz e Ruben Garcia nos papéis principais, “Listen” retrata a realidade e os dramas sociais de uma família de emigrantes portugueses que luta contra os serviços sociais britânicos.

Baseado em factos reais, o filme de Ana Rocha de Sousa centra-se na luta de uma família portuguesa emigrada no Reino Unido, a quem os serviços sociais retiram a guarda dos três filhos por considerarem estar em risco de sofrer danos emocionais. Situação que desencadeia os protocolos do sistema de adopção forçada e que leva à consequente angústia, inquietação e desespero de uma família que tenta encontrar a felicidade e provar junto dos serviços sociais a sua capacidade de cuidar dos filhos.

Outra produção incluída no cartaz é o mais recente filme de António-Pedro Vasconcelos, “Km 224”, que como “Listen” será exibido na China pela primeira vez. O epicentro do filme é a tensão dramática que surge dos múltiplos episódios gerados por um divórcio e a luta pela custódia legal dos filhos.

Dívidas e girafas

“Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”, de Tiago Guedes, é uma das propostas mais originais do cartaz do “Filmes de Portugal”. Sob o tema das dores de crescimento, o argumento desta obra tem como ponto fulcral a história de uma menina de 10 anos que atravessa a cidade de Lisboa em busca da única pessoa que pode ajudá-la: o primeiro-ministro. Esta viagem de fantasia é narrada pela voz de uma criança que empreende a tarefa de tentar explicar o mundo, ultrapassando a fronteira que separa a adolescência da inocente pureza da infância.

Com estreia comercial em 2017, “São Jorge” valeu a Nuno Lopes o Prémio Orizzonti de melhor actor no Festival Internacional de Cinema de Veneza de 2016. Realizado por Marco Martins, o filme tem um elenco recheado, com nomes como Mariana Nunes, David Semedo, Gonçalo Waddington, Beatriz Batarda, José Raposo e Jean-Pierre Martins.

A história de “São Jorge” centra-se na queda do personagem interpretado por Nuno Lopes, um boxer desempregado afogado em dívidas que, à beira de perder o filho, decide aceitar um emprego numa agência de cobrança de dívidas. Com o Portugal da era da Troika em plano de fundo, a narrativa segue a descida do protagonista ao mundo do crime e da violência extrema.

O “Filmes de Portugal” exibe também “Aquele Querido Mês de Agosto”, de Miguel Gomes, e o documentário “Silêncio – Vozes de Lisboa”.

Além deste cartaz, o evento terá ainda uma exposição dedicada ao mestre Manoel de Oliveira, uma unidade de revisão de filmes clássicos e alguns trabalhos contemporâneos, incluindo “Cartas da Guerra”, realizado por Ivo Ferreira.

29 Ago 2022

10 de Junho | Ciclo de cinema sobre Macau em exibição até ao dia 4 de Julho

A investigadora Maria do Carmo Piçarra é a curadora do ciclo de cinema “Macau Passado e Presente”, que começa este sábado e termina a 4 de Julho, inserido nas comemorações do 10 de Junho e promovido pela Fundação Oriente. Filmes como “Hotel Império”, de Ivo Ferreira, ou “Boat People”, de Filipa Queiroz, voltam a ser exibidos

 

Começa este fim-de-semana um ciclo de cinema sobre Macau que visa mostrar a evolução da sétima arte no território nos últimos anos, mas também as múltiplas visões de realizadores portugueses e de Macau sobre um território que nunca deixou de ser atractivo para as salas de cinema.

Ao HM, a curadora do evento Maria do Carmo Piçarra contou que o convite partiu da Fundação Oriente, organismo organizador da iniciativa que se integra no programa de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. O ciclo de cinema começa este sábado e estende-se até ao dia 4 de Julho, estando programadas exibições em vários locais da cidade.

“Houve a ideia de mostrar como é que Macau se tem articulado nesta convivência entre portugueses e habitantes locais. A opção era procurar mostrar como é que os realizadores portugueses têm olhado para Macau”, referiu.
Maria do Carmo Piçarra destaca o filme “Jóia do Oriente”, filmado por Miguel Spiegel em 1956, cuja cópia foi cedida pelo exército português. A histórica película representa “o início de um processo em que o autor filma Macau até ao período anterior a 1974”, algo que fez com o apoio do Estado português e também de alguns governadores de Macau.

A curadora do ciclo realça também o filme “Ilha dos Amores”, de Paulo Rocha, que nunca foi exibido em Macau. “Achei que era importante mostrar a cópia restaurada, mostrada em Cannes nos anos 80, onde estreou. Paulo Rocha é um dos pais do cinema novo português e este é um filme que lhe toma muitos anos, sobre a passagem do Venceslau de Morais por Macau e depois a sua instalação no Japão.” Este filme “complexo” será exibido na Cinemateca Paixão.

Sangue novo

Maria do Carmo Piçarra assume que não pôde incluir neste ciclo tantos filmes antigos como gostaria, e de facto o sangue novo do cinema local está em evidência, com a inclusão de nomes como Albert Chu, António Caetano de Faria, Maxim Bessmertny ou Tracy Choi.

“O Instituto Cultural tem sido muito importante para desenvolver esta produção de cinema em Macau desde a geração do Albert Chu até às mais recentes. Pretendemos mostrar esta diversidade de realidades. Aquilo que faz de Macau um território especial e fascinante para as pessoas nem é tanto o exotismo, que tem sido a maneira como se tem mostrado Macau, mas é toda esta diversidade”, adiantou.

Para Maria do Carmo Piçarra, “temos aqui uma pluralidade, com filmes muito diferentes, desde o filme do Paulo Rocha até ao filme do José Carlos de Oliveira, passando pelos mais jovens realizadores do cinema. O “Hotel Império”, por exemplo, acaba por ser uma reflexão do amor de uma mulher por Macau, pelo hotel onde viveu e cresceu, e que procura resistir a uma pressão trazida pela especulação imobiliária, que se sente um pouco por todo o mundo”, rematou.

Acima de tudo há o recurso a “linguagens que vão da ficção ao ensaio visual, recorrendo também ao formato da curta-metragem”. Reflecte-se, com este ciclo, “as mudanças na paisagem, física e humana, em que os vestígios coloniais servem um certo onirismo e nostalgia, e evidenciam o paralelismo entre o crescimento do território e a multiplicação das imagens desta – e do mundo – numa sociedade de ecrãs”, escreve a curadora.

23 Jun 2021