Educação | Jovens de Macau dão prioridade a dinheiro e bens materiais por “influência social”

Os jovens de Macau não se assumem como consumistas e materialistas, mas estudos de académicos da RAEHK e da DSEJ dizem o contrário: os valores já não são o que eram e quem está agora na universidade prefere um emprego com boa remuneração a uma carreira de sonho

[dropcap style=’cricle’]É[/dropcap]comum ouvir-se dizer que a sociedade chinesa está, há já alguns anos, imersa numa era de consumismo, onde as pessoas valorizam os bens materiais e o dinheiro acima de qualquer outra coisa. E há estudos que o comprovam – as tradições continuam, certamente, bastante demarcadas no país, mas é aos bens materiais que os mais novos se aliam.
o HM foi tentar perceber se esta tendência também acontece em Macau ou se se cinge somente ao continente. Para os estudantes por nós ouvidos as coisas não são bem assim, mas para a professora do departamento de Comunicação da Universidade Baptista de Hong Kong, Kara Chan, esta é uma realidade já bastante visível. Há ano e meio, Chan publicou um estudo onde explora as diferentes fontes para a aquisição de valores materialistas entre os jovens da RAEM e a pesquisa, que data de final de 2013, mostra que o elemento que mais fomenta o materialismo entre os jovens – entre os 13 e os 20 anos de idade – é a relação entre pais e filhos e colegas de escola. Mas o documento enfatiza ainda uma forte influência da própria cultura.
“A cultura Chinesa coloca muito ênfase na faceta social, pelo que a comparação social de consumo entre amigos é promovida”, refere Chan. Apoiado pelo Instituto Cultural, o estudo “Desenvolvimento de Valores Materialistas entre as Crianças e Adolescentes” determina que a grande maioria dos jovens debate, em conversas corriqueiras, as últimas compras e novidades de conhecidas marcas de roupa e sapatos.
“A troca de experiências de consumo espoleta o desejo de saber se os seus colegas e amigos compraram, ou não, determinados objectos de certas marcas”, informa.

Os valores aqui tão perto

Um dos obstáculos à obtenção de dados honestos foi, de acordo com Chan, o facto do estudo consistir num questionário preenchido pelos alunos: estes sentem a necessidade de fazer com que as suas respostas correspondam à ideia social que se quer fazer passar. Foi precisamente isso que aconteceu com os alunos entrevistados pelo HM: a grande maioria não se perspectiva como consumista, mas admite viver num ambiente escolar do género. estudante educação alunos universidade
O intervalo para almoço varia de escola para escola, mas os jovens de t-shirt branca e calções azuis, do Instituto Salesiano de Macau, enchem as ruas de São Lourenço das 12h00 às 13h00. A meio caminho, o HM encontrou meia dúzia deles – literalmente –, mas só três puseram a vergonha de lado e decidiram dar o seu testemunho. Em causa está a vontade de seguir os estudos numa instituição de ensino superior ou, por outro lado, a preocupação em arranjar um emprego que pague bem ao final do mês.
“Todos queremos ir para a universidade”, declararam, sem hesitações. O primeiro no palanque foi Larry, que admite querer um bom ordenado, mas não sem primeiro estar a fazer o que gosta. “O ideal seria poder juntar as duas coisas”, explica.
A ideia, dizem todos, é ingressar na faculdade. Uns querem o curso de Comunicação e há mesmo quem vejo nos seus docentes um modelo a seguir: “quero estudar para um dia ser professor”, diz-nos Ronaldo. “Quero estudar fora, mas depois voltar para Macau e exercer aqui a minha profissão enquanto professor.”
No que diz respeito ao valor dado ao dinheiro, Larry afirma não dar “grande importância”, pelo que prefere saber que faz o que gosta ao invés de ter um cheque chorudo ao final do mês. Os estudantes, que frequentam os 11º e 12º anos do Instituto Salesiano, afirmam que o dinheiro não traz felicidade, mas dois dos cinco amigos já têm um part-time e usam o ordenado para comprar “coisas na internet”.
A Escola Secundária Estrela do Mar, junto ao Largo do Lilau, é, ao contrário dos Salesianos, mista. À porta estavam Catarina e Leong Iok I, que contam histórias diferentes para um futuro próximo. Ainda o 11º vai a meio e a primeira aluna está certa do que quer: “Quero estudar Medicina fora de Macau”, começa Catarina por dizer. “Não me importo onde tiro a licenciatura, mas o mestrado tem que ser tirado num sítio de renome”, acrescenta. Questionada sobre as suas prioridades, Catarina aponta que prefere um “emprego adequado às suas capacidades do que um que pague bem”.
O estudo de Kara Chan determina que a atitude dos pais face ao consumismo influencia em muito a forma como os jovens perspectivam o futuro e reagem em sociedade. “Uma vez que a comparação social de consumo tem um forte efeito directo no apoio de valores materialistas, os pais e educadores deviam desencorajar as crianças e os jovens a comparar padrões de consumo e bens com os seus amigos”, aponta Chan. Mas os pais de Catarina não se identificam neste padrão… pelo menos não totalmente.
“Os meus pais são liberais nessa matéria, preferem que escolha uma coisa que eu goste, mas também já deixaram a ideia de que seria bom juntar uma boa carreira com um bom ordenado”, adiantou a jovem.

De dentro para fora

“Os jovens de Macau estão, definitivamente, mais materialistas”, começa por dizer ao HM um professor de apelido Au. Especialista em Música e membro de um grupo de aconselhamento juvenil dos Salesianos, Au confessa debater-se frequentemente com este problema.
“Os jovens fazem comparações, entre si, dos bens materiais que têm e isso vê-se nos trabalhos que os professores mandam fazer”, explica. “Entre eles, focam-se muito no dinheiro e olham para os bens materiais como símbolo de riqueza”. O docente vê a sociedade e o ambiente familiar como os principais influenciadores desta tendência. E diz que esta começa a tornar-se visível entre o 8º e o 9º ano.
Questionado sobre a existência de valores sociais entre estes alunos, Au refere que ainda não conseguiu determinar se os jovens seguem algumas destas premissas, como são a preocupação com os mais velhos, a contribuição para a economia do lar, entre outras.
Além de alunos de escolas secundárias, o HM também entrevistou jovens universitários. Célia é estudante de Tradução no Instituto Politécnico de Macau (IPM) e concorda com a tendência de consumismo desenfreado em Macau.
“A maioria dos jovens, incluindo eu, quer ganhar mais dinheiro para gastar em coisas de que realmente gostamos, até porque há quem compre só porque os outros têm também, como casas ou automóveis”, começou por dizer. Célia criticou esta vertente social que, diz, tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos. “Conheço muita gente que age por imitação, por vezes sem pensar no seu próprio poder de compra”, adiantou. “Há mais pessoas a querer frequentar cursos, mas por crerem que dá um certo status quo”, acrescentou a finalista.

Remuneração acima de tudo

Em 2012, num universo de mais de 3100 jovens residentes, nota-se uma clara propensão para priorizar uma alta remuneração e uma carreira estável. Estes dois elementos sobrepõem-se às preocupações com a saúde ou as relações interpessoais. As informações foram publicadas num estudo realizado há dois anos e meio pelo Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau. Embora apenas 2% da população juvenil tenha sido inquirida, os dados não enganam: uma esmagadora maioria destes jovens concorda com a persecução dos estudos – 77,5% – e mais de metade deles concorda que “quando escolhem um emprego, a primeira coisa a ponderar é a remuneração”, um resultado que o Gabinete afirma ser semelhante ao verificado em 2010. Quando questionados acerca das prioridades futuras, uma esmagadora maioria de 84,2% aponta os estudos e uma carreira como o elemento mais importante.
Comparativamente, a vontade de formar família através da contracção do matrimónio parece ter crescido cerca de 5%, com 65,3% dos inquiridos a concordarem com o casamento. O mesmo estudo parece mostrar uma maior confluência entre os valores tradicionais na China e da globalização: assim, junta-se a vontade de esperar para ter relações sexuais depois do casamento, com a de optar por um emprego que pague bem. É que o mesmo estudo mostra um claro aumento nos alvos das despesas destes jovens : cerca de 58,7% e 48,7% dos jovens dão prioridade à compra de acessórios de entretenimento e peças de vestuário.

Um curso no papel

Se se tomar como base as declarações do professor Au e dos dois estudos aqui referidos, pode dizer-se que um curso superior é das etapas mais importantes para os jovens locais, mas nem sempre para seguir à risca as saída profissionais que dita. Isto porque, de acordo com o estudo do Gabinete, a maioria pretende ter uma conta bancária gorda, a desempenhar o trabalho dos seus sonhos sem grandes expectativas salariais. estudantes ensino
Segundo dados fornecidos ao HM pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, o número de novos alunos locais em instituições universitárias pouco cresceu desde há cinco anos. No ano lectivo 2010/2011 estavam 17.300 pessoas inscritas em instituições de ensino superior locais, número que não difere em muito com os 18.600 que deram entrada no ano lectivo passado. A área que mais estudantes junta é a de Comércio e Gestão. Há cinco anos, 16.400 dos mais de 17 mil optaram por esta área. Já o curso mais requisitado é o mestrado em Gestão de Empresas, no qual entraram 4400 alunos na Universidade Cidade de Macau (UCT) em 2010 e outros três mil na Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST).
Ao contrário do que se poderia pensar, são estas as duas universidades que lideram o ranking de inscrições, segundo o GAES. Os dados não mostram sequer a Universidade de Macau, que no ano passado estreou o seu novo campus na Ilha da Montanha, prevendo aumentar exponencialmente o seu corpo estudantil.

Ajuda externa

De entre as soluções de Kara Chan para colmatar este problema que considera estar a “crescer progressivamente”, está uma maior atenção dos pais e professores às crianças, de forma a que seja possível moldar-lhes os valores fora do círculo do consumismo e da comparação social. “Os pais e educadores deviam ajudar os jovens a distinguir entre ‘querer’ e ‘precisar’, discutindo com eles como lidar com o seu próprio estatuto social de bens materiais”, aponta a académica de Hong Kong.
A directora do departamento de Comunicações adianta uma outra sugestão interessante, desta vez dirigida ao Governo local. “O Executivo deve dar início a um programa educativo para as crianças de Macau no sentido destas desenvolverem uma atitude saudável em relação ao dinheiro, à gestão financeira e à aquisição de bens materiais”.

12 Out 2015

Pearl Horizon | Manifestação frente à sede da Polytec

[dropcap style=’cricle’]C[/dropcap]erca de 300 proprietários de fracções do edifício Pearl Horizon manifestaram-se contra o construtor, o Grupo Polytec, solicitando a assunção de responsabilidades no atraso da conclusão do empreendimento. O projecto deveria ter sido concluído este ano, mas o construtor diz só conseguir acabá-lo em 2018.

Depois da entrega de uma carta na Sede do Governo na semana passada, os proprietários entregaram no sábado passado uma carta na sede da construtora, a Sociedade de Importação e Exportação Polytec na Avenida do Nordeste, empunhado cartazes onde se podia ler “Grupo Polytec devolve-nos a casa”. Os protestos foram acompanhados por Si Ka Lon e Ella Lei, de acordo com a TDM.

Ng, um dos proprietários, afirmou que já reuniu na semana passada com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e assegura que o subdirector do organismo prometeu que “vai dar uma resposta à questão no final de Outubro”. Os proprietários esperam que o Governo e o construtor cheguem a um consenso o mais rápido possível, uma vez que poderá estar em causa a não prorrogação do contrato, ainda que o Governo não parece inclinado para tal.
Os queixosos pediram para falar directamente com o presidente do grupo, Or Wai Sheun, mas não foi possível. Entretanto, Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, assegurou que o “Governo vai empenhar-se ao máximo para garantir os interesses dos pequenos proprietários sob o princípio da legalidade”, estando já a estudar a questão da prorrogação ou não do contrato com a empresa. Contrato que expira no final do ano.

12 Out 2015

IAS | Quase dois mil pedidos de ajuda de famílias monoparentais

[dropcap style=’cricle’]O[/dropcap]Instituto de Acção Social (IAS) anunciou que foram tratados mais de 1800 pedidos de ajuda de famílias monoparentais junto das instituições de serviços sociais locais desde 2003. Segundo o instituto, a maioria dos pedidos de ajuda vem de mulheres.
Segundo o Jornal do Cidadão, o chefe do Departamento da Família e Comunidade do IAS, Ao Chi Keong, relembrou que desde 2003 que existe uma rede de apoio às famílias monoparentais, tendo esta aumentado de cinco entidades de serviços sociais para as 34 actuais. Até ao momento, já foram tratados mais de 1800 casos de pedidos de ajuda: destes, 200 casos já passaram a ser famílias compostas por duas ou mais pessoas, ainda que 1500 casos continuem a precisar da ajuda dos serviços do IAS por ainda terem de lidar com a situação de monoparentalidade.
Ao Chi Keong  avançou que os pedidos de ajuda são principalmente provenientes de mulheres, seguindo-se as crianças cujo pai ou mãe morreram ou de casos de penas de prisão. 
O responsável disse que o IAS tem como objectivo que todos os assistentes sociais possam oferecer mais apoios, exigindo que cada profissional trate de , pelo menos, 20 casos por ano. Até porque, diz, poderão surgir mais casos com a entrada em vigor da Lei da Violência Doméstica.
“Temos 200 assistentes sociais, podemos aceitar no mínimo quatro mil casos. Há o potencial de que estes venham a aumentar, devido à implementação da Lei contra a Violência Doméstica e o aumento da existência de diversos problemas familiares” rematou. 

12 Out 2015

Ng Lap Seng | Relatório diz que empresário tem má reputação e ligações perigosas

[dropcap style=’cricle’]U[/dropcap]m relatório encomendado por uma operadora de Jogo descreve o empresário de Macau Ng Lap Seng, acusado pelos EUA de subornar ex-dirigentes da ONU, como “tóxico” devido a alegadas ligações a tríades e redes de prostituição. O relatório elaborado em 2010 pela empresa de investigação privada de Steve Vickers, antigo chefe do Gabinete de Informações Criminais da Polícia de Hong Kong, foi revelado há poucos dias pelo Programa de Jornalismo de Investigação da Universidade de Berkeley, Califórnia, e traça um perfil do magnata.
A Sands quis avaliar os riscos de estabelecer negócios com Ng. A resposta foi clara: “A Internacional Risk sublinha que a reputação de Ng e as suas relações são bem mais tóxicas do que as do típico magnata chinês de Macau (…) Recomendamos à Sands que proceda com extremo cuidado em qualquer relação que estabeleça, já que associar-se com ele pode representar um grande risco à reputação” da empresa. Recorde-se que, segundo a imprensa, Ng Lap Seng seria a ligação de Leonel Alves, advogado da Sands, em Pequim para que fosse possível avançar com a venda dos hotéis do Four Seasons.
No relatório de cerca de 70 páginas, Vickers revela como Ng é descrito na imprensa como um “senhor do crime de Macau” e uma das figuras que controlam o tráfico internacional de prostituição no território.

Má Fortuna, amor ardente

O seu Hotel Fortuna, diz o relatório remetendo frequentemente para artigos de jornais (alguns dos anos 1990), era frequentado por membros da tríade Shui Fong, à qual se suspeita que Ng pertença, segundo “uma fonte do Governo ligada à regulação de jogos de Macau”.
Ng é descrito como bem conectado em termos políticos, tanto em Macau como na China – a discoteca do Hotel Fortuna era, aliás, muito frequentada por generais do Exército de Libertação Popular, indica o documento.
Entre 1999 e 2000, Ng adquiriu 34,5% do capital da Teledifusão de Macau, 15% vendidos pelo antigo Chefe do Governo Edmund Ho, e 19,5% pelo magnata Stanley Ho.
Foi responsável, em 2001, a par do Governo, pelo lançamento da Feira Internacional de Macau, que ainda hoje decorre anualmente.
O relatório observa ainda que o empresário recebeu diversas medalhas e distinções de Macau e da China e também, em 2009, um prémio do Comité dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio da Organização das Nações Unidas (ONU).
São também conhecidas as suas doações ao Partido Democrático dos Estados Unidos nos anos 1990 e à Administração de Bill Clinton, noticiadas na imprensa norte-americana por suscitarem suspeitas de que tivessem origem ilícita.
Menos conhecido é o seu alegado envolvimento na aquisição daquele que viria a ser o primeiro porta-aviões chinês. Segundo apurou Vickers, Ng terá sido o empresário por detrás da compra, num leilão, de um antigo porta-aviões russo, o Varyag, em 1998. O negócio foi feito através de uma empresa registada em Macau chamada Chong Lot por 20 milhões de dólares, que declarara a intenção de converter o navio num casino flutuante.
No entanto, o Varyag “está actualmente [em 2010] a ser requalificado e há especulações que se vá tornar um porta-aviões operacional nos próximos anos”. De facto, foi apresentado ao mundo em 2012 com o nome Liaoning.
Em Macau, onde Ng chegou em 1979, vindo do condado de Jiujiang, na província chinesa de Guangdong, construiu também o complexo residencial Windsor Arch.
Em declarações ao jornal de Hong Kong South China Morning Post, Vickers reafirmou as conclusões do relatório, mas rejeitou comentar por motivos legais. Por seu lado, o advogado de Ng, Kevin Tung, disse ao jornal que os conteúdos do relatório são baseados em “rumores”, não sendo “admissíveis em tribunal nos Estados Unidos”. “As pessoas podem dizer o que quiserem, [mas] sujeitam-se a acusações de difamação. Nesse sentido, não tenho nenhum comentário sobre essas alegações não fundamentadas”, afirmou.

ONU rejeita doação de 15 milhões de dólares

A Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) rejeitou uma doação do empresário Ng Lap Seng enquanto o também representante político de Macau está detido acusado de alegada corrupção. De acordo com a agência noticiosa France Press, o valor da doação era de 15 milhões de dólares americanos. O dinheiro era proveniente da Fundação Sun Kian Ip Group – a da empresa de Ng Lap Seng – e seria o remanescente de uma quantia anterior. Na sexta-feira, o escritório da ONU para a Cooperação Sul-Sul, a entidade mais mencionada no caso, disse que “não iria prosseguir” com a oferta da Sun Kian Ip. Em Abril, contudo, uma equipa da ONU tinha considerado a Fundação de Ng Lap Seng como “legítima”. A equipa – que veio especificamente a Macau com o propósito de avaliar a Fundação privada – considerou o empresário como “humilde, muito feliz por ter o encontro e por estar perto da ONU”, além de não ter sido detectado “qualquer problema”. Jorge Chediek, o novo director da Cooperação Sul-Sul da ONU, frisou ter encomendado a semana passada uma nova investigação interna a tudo o que esteja relacionado com a Fundação. A Sul-Sul recebeu 1,5 milhões de dólares da Fundação de Ng Lap Seng, sendo que faltariam estes 15 milhões. Chediek disse que se colocava a hipótese do dinheiro ser devolvido.

12 Out 2015

Mong-Há | Académicos questionam planos do Governo

O Secretário Alexis Tam quer transformar a zona residencial de Mong-Há num pólo cultural que consiga atrair turistas. Mas o académico Anthony Wong, do IFT, pede um bom sistema de transportes para que isso aconteça. Vizeu Pinheiro defende a criação de pousadas da juventude e diz que os estudos já feitos não devem ser ignorados

[dropcap style=’cricle’]M[/dropcap]ong-Há é feita de prédios residenciais, ruas cheias de trânsito, o espaço cultural Armazém do Boi e ainda um edifício de habitação social. Mas o Governo quer que seja bem mais do que isso, ao ponto de se transformar num pólo cultural com actividades que consigam atrair a atenção dos turistas. Contudo, Anthony Wong, docente de turismo do Instituto de Formação Turística (IFT), instituição universitária localizada em Mong-Há, acredita que esse objectivo vai ser difícil de atingir.
“Para começar, não sei se os turistas estão interessados em deslocar-se até à zona de Mong-Há. Penso que vai ser um desafio atrair turistas para aquela zona. Sabemos que o sistema de transportes nessa área é mau, o que é um constrangimento”, disse o docente ao HM.
“Há uma parte dos turistas que está interessada na cultura, mas não todos os turistas. Essa área tem de ser atractiva para os turistas, com algo que valha a pena uma visita e não sei o que poderá ser feito [nesse sentido]. Também tenho dúvidas sobre qual seria a melhor área para levar os turistas, numa zona tão movimentada. Há muito trânsito, é uma zona residencial e um bom sistema de transportes tem de surgir em primeiro lugar”, acrescentou ainda Anthony Wong.
Já o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro acredita que “a Avenida Coronel Mesquita pode ser um eixo turístico”, pedindo ao Governo para ter em conta os estudos académicos que já foram realizados sobre a requalificação da zona, tal como um trabalho de campo realizado pelos alunos da Universidade de São José, IFT, Universidade de Hong Kong e uma instituição do continente. Uma das propostas, contou Vizeu Pinheiro ao HM, referia-se à construção de uma ligação entre o Armazém do Boi e a zona do Forte de Mong-Há, “que está praticamente às moscas”. A ideia seria construir uma escada mecânica entre os dois locais.
“As propostas feitas pelo mundo académico devem ser consideradas pelo Instituto Cultural (IC). Lembro-me que foi feito uma espécie de inquérito ou consulta à população local e a turistas, e esse é um trabalho que está com o IFT, mas é uma pena não se aproveitarem esses estudos de quatro universidades sobre este tema”, disse ainda o arquitecto.

O que fazer com as casas?

Na Avenida Coronel Mesquita encontram-se ainda várias casas tradicionais que o Governo queria transformar em museus, mas que, até ao momento, permanecem como sempre foram: de habitação. Para Vizeu Pinheiro, as estruturas já existentes não devem ser alteradas.
“O mais autêntico é manter as casas na sua função original e serem residências, ou relacionadas com a residência, com uma adaptação para cafés ou bares, porque algumas casas ainda estão ocupadas e penso que deveriam manter-se. São casas pequenas, penso que é algo que tem de ser estudado e podem haver várias alternativas.”
Uma delas, segundo o arquitecto, poderia ser a construção de pousadas da juventude. “É uma categoria que falta e pode-se experimentar o património das casas portuguesas, que é autêntico e vivo, não é uma coisa que está só no museu. A história que vai ser narrada neste espaço cultural deve ser uma história de matriz portuguesa e a história chinesa dessa zona”, defendeu.
A ideia de transformar a zona de Mong-Há numa área cultural foi confirmada na passada quinta-feira pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que anunciou a integração do espaço Armazém do Boi, que já realiza diversas actividades de cariz cultural. O HM contactou os responsáveis do Armazém do Boi, mas não foi possível obter uma reacção até ao fecho desta edição.

12 Out 2015

Segurança | Prometidas mais medidas contra imigração ilegal

Mais câmaras de videovigilância, mais patrulhas e mais operações. São as promessas do Governo face à tendência de aumento da migração ilegal para Macau, de onde saíram quase duas mil pessoas repatriadas só este ano

[dropcap style=’cricle’]O[/dropcap] Secretário para a Segurança disse ontem que vai aumentar a segurança nas áreas marítimas e na Universidade de Macau na Ilha da Montanha, pontos que, diz, são comuns à passagem de ilegais para Macau. Numa visita de reconhecimento feita ontem por Wong Sio Chak, o responsável disse ainda que mais de mil pessoas já foram repatriadas só este ano.
“Estamos atentos ao problema da imigração ilegal. Vamos ajustar as estratégias de combate, fazendo uma avaliação dos casos concretos e tendências por forma a melhor planear as operações, e vamos intensificar a cooperação entre os serviços fronteiriços de Guangdong e de Macau, garantindo a estabilidade da segurança de Macau”, começa por dizer um comunicado que cita o Secretário para a Segurança.
Dados passados aos jornalistas durante a visita indicam que as autoridades repatriaram 1810 desde Janeiro a Setembro, um aumento que – face ao mesmo período do ano passado – é de 64%. Wong Sio Chak tem uma explicação para o fenómeno.
“Com as restrições na emissão de vistos para Macau implementadas pela China continental nos últimos dois anos e com o reforço na intercepção e fiscalização dos imigrantes ilegais por parte das autoridades, o número aumentou subitamente”, frisa, acrescentando que há mais justificações para o facto de Macau continuar a ser um ponto de entrada preferido para ilegais.
“Há vários anos que o problema de migração ilegal não se consegue reprimir na sua totalidade e a principal razão deve-se à existência de diferenças entre a situação económica geral de Macau e das regiões vizinhas, o que cativa a entrada ilegal de delinquentes. A isto junta-se a favorável situação geográfica de Macau, uma vez que grande parte do território está cercado por mar e a maioria das correntes marítimas das águas circundantes são calmas. Acresce, ainda, a ligação terrestre com a China continental, bem como a complexidade do ambiente das águas costeiras, o que facilita a mudança constante dos pontos de tomada e largada de imigrantes ilegais na costa, com o objectivo de escaparem à fiscalização dos agentes da autoridade”, frisa o Secretário num comunicado.

Coloane e Hengqin

Segundo os dados, os ilegais entram em Macau principalmente por barco, por via terrestre e até a nado. A zona da praia de Hac Sá é um dos pontos identificados como sendo uma entrada, com mais de 900 pessoas a serem apanhadas no local, perto do Grand Coloane Resort, e ao longo dos trilhos. Também o novo campus da Universidade de Macau na Ilha Montanha é outro dos pontos preferidos. Em 2014, 51 pessoas passaram de forma ilegal o muro, que este ano recebeu autorização para ser aumentado. Foi ainda colocada uma estrutura semelhante a arame farpado no cimo da parede e estão planeadas mais câmaras dos que as 70 já existentes. Nestes nove meses, apenas seis ilegais saltaram o muro, algo que o Secretário atribuiu ao reforço da segurança.
“Com vários reajustamentos de efectivos policiais, com o reforço de aplicação das leis e ainda com o melhoramento gradual das instalações de segurança da universidade, a transposição dos muros diminuiu significativamente. Actualmente, os Serviços de Alfândegas (SA) estão também a planear estender as boas experiências de combate à migração ilegal adquiridas do campus universitário para outros locais de semelhante natureza”, frisa Wong Sio Chak.

À espera do pior

Apesar da promessa de reforço, a Secretaria para a Segurança admite que a migração ilegal mostra tendência para aumentar e prevê que estas redes “se organizarão melhor e tornarão mais difícil a sua descoberta”.
Assim, as autoridades vão continuar a ajustar os recursos e a melhorar as operações contra a migração ilegal, passando estas por reforçar as operações STOP nas estradas e as operações conjuntas entre organismos públicos da RAEM, mas também da China.

10 Out 2015

MGM | Empresa promove iniciativas de parceria com PME locais

[dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]MGM pretende criar uma série de parcerias com PME locais, de forma a promover esta indústria. No passado dia 7, a operadora anunciou a organização, juntamente com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e a Câmara do Comércio de Macau, da realização da Sessão de Bolsas de Contacto de Negócios de PME e do MGM, a ter lugar no dia 30 de Novembro. A mesma conferência serviu ainda para discutir o eventual estabelecimento de um Comité de PME com a MGM.
A MGM tem vindo, de acordo com um comunicado, a promover o desenvolvimento de indústrias locais de pequena dimensão, assim “nutrindo e trabalhando com negócios locais emergentes para manter a sua visão de ‘Criar uma Macau Melhor’”, explica a empresa. De acordo com dados oficiais, cerca de 80% das suas compras foram efectuadas com negócios locais de Macau, no sentido de reforçar a expansão dos dois lados: tanto as PME lucram, como a MGM fortalece a sua imagem junto do mercado e expande as suas possibilidades.
De entre as várias áreas de cooperação, a MGM tem-se focado na segurança, limpeza, restauração, iluminação, decoração e mobiliário. As pequenas empresas que mais importam à operadora são aquelas que empregam até 15 funcionários, as que contratam pessoal até aos 45 anos e as que promovem as marcas de Macau. Grant Bowie é um dos primeiros a aplaudir este tipo de iniciativas: “As PME locais são importantes para a economia de Macau e a MGM China tem vindo a desenvolver negócios e relações com PME de Macau desde 2007”, disse o director-executivo da empresa.
Para que o sucesso seja atingido, esclarece, “é preciso que todos trabalhemos conjuntamente” com o Governo e o IPIM. “O sucesso da região será feito pelas pessoas de Macau”, frisou.

Uma bolsa para não esquecer

A bolsa de contacto do próximo mês vai compreender um conjunto de apresentações de empresas locais. Durante a iniciativa, os empresários presentes vão ter dez minutos para apresentar as suas ideias de negócio e os seus produtos. “A empresa também refere que o evento vai fornecer uma lista de itens que vai querer comprar em negócios locais”, informa a MGM em comunicado. No entanto, esta não será uma bolsa única, já que está prevista a realização de uma sessão deste género trimestralmente.
A criação da já referida Comissão vai servir para discutir formas de expandir esta relação entre a gigante do Jogo e os negócios mais pequenos do território. O deputado e presidente da Câmara do Comércio de Macau explicou que a MGM China tem exercido “a sua responsabilidade social” através da promoção de um mercado diversificado. “Ao seu mercado, acrescentaram Micro PME, Marcas de Macau e Jovens Empresários no seu programa de PME, o que permitir expandir as oportunidades oferecidas a estas empresas”, começou por dizer. Isto, refere, é benéfico para a economia local e nutre as pessoas que estão interessadas em desenvolver o mercado empresarial.

Negados problemas com a Dore

De acordo com o jornal Ponto Final, a MGM negou a existência de problemas com a empresa de junkets Dore. A operadora tinha sido acusada como sendo uma das visadas no rombo de milhões de patacas por uma funcionária da Dore, mas aos jornalistas negou que isso tenha acontecido, como aconteceu com uma das salas VIP da empresa na Wynn. “Não tivemos nenhum caso semelhante como o que aconteceu na Wynn. Vamos continuar a seguir a lei para prevenir essas situações”, disse Grant Bowie, director-executivo do MGM.

10 Out 2015

Governo| Carros Volkswagen sem problemas em Macau

O Executivo assegura não existirem quaisquer problemas com os carros da marca Volkswagen no território, isto depois de Taiwan ter exigido à marca de automóveis alemã para retirar do mercado os veículos afectados no âmbito da adulteração da emissão de gases poluentes

[dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]polémica com os carros adulterados da Volkswagen continua a fazer-se sentir na Ásia. Desta vez foi a Administração de Protecção Ambiental de Taiwan a pedir ao grupo alemão para retirar do mercado todos os veículos afectados pelo sistema que manipulou os dados das emissões de gases poluentes, tendo ainda exigido à marca o pagamento das devidas compensações aos proprietários. Em Macau, contudo, as autoridades continuam a frisar que os automóveis que circulam no mercado não estão afectados.
“A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) contactou de imediato os agentes locais (…). De acordo com as informações iniciais, não existem quaisquer problemas com os carros importados para Macau”, apontou o organismo ao HM.
Apesar disso, o Governo promete continuar atento. “A DSAT vai continuar a prestar atenção ao caso e dará toda a assistência aos agentes caso seja encontrado qualquer tipo de problema nos carros importados para Macau”, acrescentou.

Fora de circulação

Jay Chu, director-geral da Volkswagen Macau, já tinha referido ao diário Business Daily que em Macau não circulam os modelos afectados pelo software adulterado. “De facto só envolve os carros de passageiros a diesel. Em Macau, não temos sequer esse tipo de modelo”, frisou.
Apesar de circularem no mercado carros comerciais movidos a diesel, Jay Chu frisou ao mesmo jornal que esses veículos possuem motores turbo diesel, sendo, portanto, diferentes daqueles que foram afectados.
A decisão tomada esta semana em Taiwan visa a retirada de quase 17.800 automóveis das marcas detidas pelo Grupo Volkswagen, incluindo a própria Volkswagen, Audi e Skoda CV. A Administração de Protecção Ambiental de Taiwan referiu que é necessário efectuar modificações no sistema dos automóveis no prazo de três meses, estando já a efectuar um plano para a retirada e modificação dos veículos.
A polémica, que levou à demissão do CEO do grupo, Martin Winterkorn, e que afectou 11 milhões de veículos, levou ontem o presidente da Volkswagen na América do Norte, Michael Horn, a apresentar um pedido de desculpas ao Congresso norte-americano.
“Quero apresentar as desculpas sinceras da Volkswagen por ter utilizado um programa informático que serviu para manipular os resultados dos testes” das normas anti-poluição, declarou o presidente durante uma audição.

10 Out 2015

Autópsia a residente morto na Coreia do Norte foi inconclusiva

[dropcap style=’cricle’]L[/dropcap]ei Weng Fu, de 29 anos, era trabalhador no Casino Pyongyang na Coreia do Norte, tendo sido transferido da Sociedade de Jogos de Macau para o espaço norte-coreano, também operado pela empresa. Conforme avançou o HM, o homem morreu em Junho, sendo que a família contesta a tese de suicídio e diz que este foi assassinado. À espera do resultado da autópsia há alguns meses, José Pereira Coutinho – que tem sido o contacto entre a família e a SJM – explica ao HM que este chegou finalmente e que a família lhe pediu para ajudar a percebê-lo. É inconclusivo.
“O resultado da autópsia feita em Macau não é conclusivo, no aspecto do suicídio”, começa por dizer o deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. “Aliás, pedimos ajuda a dois médicos da Função Pública, com muita experiência, que nos ajudaram a perceber os termos utilizados na descrição das lesões detectadas no corpo do jovem.”
De acordo com as “interpretações” desses médicos, explica, “ele eventualmente poderá ter sido objecto de espancamento antes de cair da altura que caiu”.

Labirinto informativo

O jovem fora transferido para trabalhar no Casino Pyongyang, que foi quem anunciou a sua morte à família. O casino indicava que a morte derivou de suicídio, tendo até a equipa médica do espaço avançado que o trabalhador sofria de uma deficiência mental. A família entrou em contacto com a SJM exigindo que o corpo do jovem fosse trazido para Macau – custos da transladação assumidos por Angela Leong – e que aqui fosse feita uma autópsia para perceber a possível causa da morte de Lei. Chegou em Julho e, mais de um mês decorrido, ainda não tinha sido feito o relatório da autópsia, nem o funeral.
Ontem, questionado pelos jornalistas à margem de uma visita, Wong Sio Chak disse que o caso não é suspeito, de acordo com o que foi avançado ao Governo de Macau pela Interpol.
“A informação que recebemos é que não é um caso suspeito”, disse o responsável, explicando que a Polícia Judiciária só recebeu informações através da Polícia Internacional. O Secretário admite, contudo, que ainda vai pedir mais informações porque não tem sido “fácil” obtê-las.
A família de Lei Weng Fu, que rejeita a tese de suicídio, disse que Lei estaria a ser ameaçado, tendo recebido até mensagens do familiar no sentido de “não acreditarem em nada” que lhes fosse contado por outras pessoas.

9 Out 2015

Motoristas | Autocarros e táxis empregam 5% de jovens licenciados que optam pela profissão

Não foi fácil, mas conseguimos. O sector dos transportes tem reclamado que não há jovens que queiram ser condutores de autocarros, nem taxistas. Estes existem, ainda que numa pequena percentagem, e são licenciados. Podiam ter sido professores, jornalistas, psicológicos ou croupiers, mas optaram por trabalhar atrás de um volante: não se ganha mal, tem-se mais tempo livre e há vida para além dos casinos

 
[dropcap style=’cricle’]N[/dropcap]os últimos anos, as três empresas de autocarros locais têm vindo a queixar-se que os condutores são todos de idade avançada e cada vez menos jovens entram no sector. O mesmo tem acontecido com associações de taxistas e de camionistas. O HM tentou apurar se essa é realmente uma tendência. A verdade é que, nas visitas aos terminais de autocarros da Barra, Fai Chi Kei e Bacia Norte do Patane, pudemos observar que quase todos os condutores têm entre 40 a 60 anos da idade. Só no das Portas do Cerco é que encontrámos um condutor mais novo, Lao, de 29 anos, que trabalha para Transmac há apenas dois meses. O facto prova que há, na verdade, dificuldades em encontrar jovens que queiram ser motoristas, mas também é verdade que a tendência parece estar a alterar-se.
Lao conta-nos que sai sempre à pressa quando chega de um terminal para outro. Quer ir para casa. Trabalhou como croupier durante vários anos, mas estava farto do modo de vida, o que o levou a deixar o trabalho. Agora, é melhor.
“Agora o trabalho não é como no casino. Para mim, era difícil sentar-me oito horas à frente de uma mesa”, disse, mostrando que gostaria de continuar a trabalhar onde está.

Números que não mentem

Segundo dados fornecidos pelas três empresas, o número médio de condutores jovens de autocarros é de cerca de 5%. Na Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (TCM), existem cinco condutores com idades entre os 20 e os 39 anos, ocupando apenas 2,2% do número total, enquanto os restantes 80% têm entre 40 a 59 anos.
A situação melhora quando se consulta a Nova Era de Autocarros Públicos, que tem 25 condutores dos 25 aos 35 anos da idade, o que perfaz 5,8% de todos os condutores. Da parte da Companhia de Transportes Urbanos de Macau (Transmac), existem 14 condutores com idade inferior a 35 anos e 19 têm entre 35 a 40 anos, ou seja 3,28% e 4,45% do número total dos condutores da empresa, respectivamente.  
A Câmara de Comércio de Camiões Transfronteiriços Guangdong-Macau já disse, em público, que espera que o Governo crie formações do sector para atrair jovens. A Associação Geral dos Proprietários de Táxis de Macau afirmam também que, entre os 1200 táxis existentes, 10% estão desocupados devido à falta de taxistas e uma parte saíram para conduzir autocarros de casinos. “Menos de 1%” dos que conduzem táxis são jovens.

Perder a face?

Ao contactar com a Nova Era, conseguimos falar com um condutor de 34 anos. Lam Ka Cheng trabalha na empresa apenas há meio ano, mas já era fazia entregas ao volante noutra empresa há mais de três anos. Lam resolveu conduzir autocarros públicos porque o trabalho lhe dava uma remuneração mais fixa. “Acredito que não serei despedido caso não cometa erros grandes”, disse, defendendo que, assim, consegue um salário mais estável e poderá olhar para o futuro.
Em Macau, os casinos e hotéis parecem ser os sectores mais atraentes para muitas pessoas, mas não para Lam. “Não gosto de trabalhar nessas áreas. Prefiro ser condutor, é mais livre e menos controlado por superiores.”
O jovem afirmou ainda que nunca teve um acidente nem queixas de passageiros. Mas está preparado para tal. “Em qualquer situação, devemos tratar os assuntos de forma calma e razoável.” 
Entre os condutores com que falámos, está Kaxia Chao, o mais novo, que tem apenas 24 anos. Já consegue ganhar mais de 30 mil patacas por mês. “Trabalho todos os dias três horas como condutor de camiões e outras quatro horas em autocarros públicos, a tempo parcial.”
Kaxia tirou a carta de condução quando tinha 22 anos. No início, não tinha ideias de ser condutor, mas quando os amigos criaram uma empresa de logística e não encontraram condutores, Kaxia resolveu ajudar. 
O jovem explica-nos que o sector tem falta de condutores no geral, o que faz com que o salário seja mais alto do que em outros sectores. Diz ainda que a profissão deveria ser tida como uma “área especializada”, porque nem todos podem ou querem conduzir autocarros e camiões.
“Os condutores mais velhos já não querem entrar e sair dos locais de construção porque é muito fácil os camiões capotarem. Cada vez mais os condutores saem desta profissão e, assim, o nível de salário subiu, comparado com os trabalhos nos casinos. Por isso, prefiro o sector de transportes.”
Para Kaxia, conduzir autocarros é uma preferência, porque o “veículo é mais duro e consegue controlar melhor”. Mas como o salário de conduzir camiões é mais alto, opta por manter os dois trabalhos. O jovem já foi trabalhador de casinos, de restaurantes, de locais de diversão nocturna e até poderia ter sido psicólogo. condutores motoristas
“Tirei o curso de Psicologia numa universidade local, mas não gosto tanto dessa área, não me dediquei a ela”, diz-nos, admitindo que está a trabalhar numa profissão que é vista por outros jovens como sendo uma vergonha.
“Muitos licenciados podem trabalhar como condutores por terem carta de condução, mas importam-se mais com a identidade e não têm coragem de conduzir autocarros ou camiões, acham que é perder a face quando os conhecidos ficam a saber da sua profissão.”
A família de Kaxia é mais tradicional e discordava muito da sua opção por se tornar condutor, mas lentamente foram descobrindo que não seria um grande problema: a remuneração até é melhor do que outros sectores e, por isso, as queixas diminuíram.
Kaxia diz ser impossível ser condutor durante toda a vida e espera subir a posições mais altas no sector, como fazer parte da administração. “Sou muito jovem e tenho experiência em conduzir, posso ser melhor do que os licenciados que não saibam nada do sector mas querem mesmo ser administradores” afirmou. 

Interesse VS pressão

Phoenix Chan tem 27 anos. É professor de Matemática de uma escola secundária. Mas, recentemente, surgiu-lhe a ideia de ser condutor. Até porque sempre teve interesse.
“Desde a infância, sempre gostei de autocarros. Decidi fazer um exame para tirar a carta de condução de autocarros no Verão do ano passado. Depois, achei uma pena se não conduzisse autocarros após ter tirado a licença, portanto arranjei tempo para ser condutor a tempo parcial depois da escola.”
Desde Março que trabalha assim, mas devido ao acumulado de trabalhos na escola, desistiu do trabalho na Transmac em Agosto. Mas esta não foi a única razão.
“A pressão de conduzir autocarros públicos é grande, porque os passageiros são pouco sensatos, zangam-se com os condutores por causa dos longos tempo de espera, sobretudo na paragem da Praça Ferreira Amaral. Queixam-se também se pararmos mais à frente ou mais atrás nas paragens, do ar-condicionado não estar frio suficiente… Queixam-se de tudo. Ouvi também condutores mais velhos a contarem que foram agredidos quando estes passageiros entravam nos autocarros”, afirmou.
Phoenix avançou que os condutores só têm meia hora para almoçar ou jantar durante as horas de pico. Embora sejam fixadas oito horas para o trabalho, muitas vezes trabalham durante dez a 11 horas e não têm intervalos, caso haja muito trânsito ou acidentes e cheguem mais tarde ao terminal. “Já cheguei a não descansar durante mais de quatro horas”, confessa-nos. “Poucas pessoas têm licenças para conduzir autocarros e as três empresas de autocarros estão carentes de condutores, sobretudo os nocturnas, pelo que muitos precisam de preencher as horas quando faltam condutores”, avançou. O horário nocturno é também o mais indicado para os jovens, como o HM pôde constatar.
Phoenix explica que, a tempo parcial, ganha-se 90 patacas por hora a conduzir, sendo que um condutor a tempo inteiro ganha a partir de 25 mil patacas por mês. Phoenix é de opinião contrária dos colegas e diz que a remuneração “não consegue atrair” mais jovens para a área.
Para este professor, o controlo de horas de trabalho é um dos pontos para atrair mais jovens a serem condutores de autocarros, ao mesmo tempo que a menor pressão. “Os serviços de autocarros em Macau são definidos pelo Governo, incluindo o número diário de saídas de autocarros. Comparado com os autocarros de casinos, que vão directamente de locais a locais, os autocarros param em todas as paragens, é mais chato e difícil”.

De jornalista a taxista

O presidente da Federação dos Negócios de Táxis de Macau, Wong Peng Kei, explica-nos que é difícil contar quantos taxistas jovens existem porque esses não gostam de ser membros da Federação. Segundo a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), actualmente existem 13 mil pessoas com carteiras profissionais de taxistas. TCM autocarros
Tony Kuok, presidente da Associação de Mútuo Auxílio de Condutores de Táxis afirmou ao HM que os jovens taxistas não ocupam mais de 1% do número total. “Muitos jovens trabalham como taxistas a tempo parcial, alguns deles porque foram despedidos [com o encerramento] de salas VIP. Esta profissão é apenas uma transição para eles, porque podem ainda escolher muitos sectores”.
Arlok Ao é o único taxista jovem que falou connosco. De 30 anos, começou a ser taxista desde Junho deste ano. “O que posso fazer quando não quero trabalhar nos casinos?”. É assim que inicia a conversa, dando a entender que este é o único sector que ainda compensa para os locais.
“Gostei sempre de conduzir e com o trabalho de taxista tenho mais tempo livre. Mas o que me dá mais força é a vida. Tenho de sobreviver. ”
Arlok ganha mais de 20 mil patacas por mês, mas não acha suficiente o dinheiro. As taxas que tem de pagar pelo uso do táxi ocupam-lhe grande parte do rendimento, pelo que quer arranjar mais um trabalho a tempo parcial. 
O jovem conta-nos que é licenciado em Comunicação e até trabalhou como jornalista na TDM, tendo sido ainda anteriormente Chefe de Operações de Transportes Marítimos. Para este novo taxista, é muito difícil atrair jovens para o sector, porque, às vezes, as horas de trabalho são longas e o trabalho é aborrecido. Ainda assim, são vários os que têm optado por passar para o sector da condução. Quem sabe, o futuro é na área dos transportes e cada vez mais poderemos ver jovens ao volante quando apanhamos um autocarro.
 

9 Out 2015

Jogo | Receitas da Semana Dourada subiram 50% e atingem ponto de viragem

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s bancos de investimento estrangeiros dizem que as receitas do Jogo atingiram lucros de 800 milhões de patacas só durante a Semana Dourada, o que aponta para uma melhoria de 50% das receitas, comparando com as registadas no mês passado. No entanto, afirmam, a indústria não vai sair deste dilema até 2016.
O banco japonês de investimento Daiwa Securities publicou recentemente um relatório onde mostra que, nos primeiros dias de Outubro, as receitas de Jogo de Macau estiveram entre os 800 e os 900 milhões de patacas, registando-se um aumento entre 40% e 58% comparado com o valor médio do de Setembro passado. No entanto, nem todos os investidores estavam confiantes de que as receitas iriam realmente subir durante este período, pelo que previram um número muito aquém do verificado. No entanto, o Daiwa Securities observou que o número de apostas nas zonas de massas e nas salas VIP dos empreendimentos do Cotai aumentou recentemente. jogo casino
O mesmo banco prevê que as receitas deste mês de Outubro fiquem nos 19,5 mil milhões de patacas, aumentando 10% comparado com o mês passado mas diminuindo 30% em termos anuais. Já o banco de investimento de Hong Kong J.P Morgan publicou outro relatório, onde considera que a indústria ainda não saiu do dilema da queda de receitas, mas já atingiu um ponto de viragem.
No documento, o banco refere que o lucro das zonas de massas já viu uma recuperação, prevendo que o sector tenha aumentos entre o quarto trimestre deste ano ou início do próximo. Em simultâneo, as receitas destas zonas de apostas deverão passar de negativo para positivo.

8 Out 2015

SIDA | Registados 25 novos casos. Incidência menor que em 2014

Continuam a surgir novos casos de pessoas infectadas com o VIH, mas há registados menos casos este ano do que em 2014. As relações sexuais continuam a ser a principal via de transmissão e os homens são os mais afectados

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número de pessoas infectadas com o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) registou 25 novos casos entre Janeiro a Setembro deste ano. No entanto, a incidência tem sido menor, já que durante todo o ano 2014 foram registados quase o dobro dos casos, 48. De acordo com declarações de Lam Chong, Secretário-geral da Comissão de Luta Contra a SIDA, à margem de uma cerimónia de entrega de prémios, 18 dos novos casos deste ano dizem respeito ao sexo masculino, enquanto outras sete vítimas são mulheres. “Catorze são residentes de Macau e os restantes são não residentes”, acrescentou o responsável.
A principal via de transmissão foi, como tem sido em anos anteriores, o contacto sexual, com oito dos residentes infectados a declararem terem contraído o VIH através de relações homossexuais.
Não obstante a diminuição em termos anuais, o número de pessoas infectadas continua a crescer a dever-se principalmente ao contacto sexual, por sua vez relacionado com a indústria da prostituição na RAEM. “Cada novo caso que surge é tão importante [como os outros] porque é preciso prestar apoio a estas pessoas durante toda a sua vida”, disse Lam Chong.

Luta premiada

A cerimónia serviu para premiar vários cidadãos que contribuíram, através de criação de campanhas de sensibilização, para a prevenção contra a SIDA e o VIH. De acordo com os números dos Serviços de Saúde (SS), de 1986 a 2000 foram registados 256 casos de pessoas infectadas com VIH ou SIDA, o que demonstra que a taxa anual de contágio não subiu. O mesmo já não acontece em anos seguintes: os dados de 2006 contam 402 casos de infecção desde 1986, concluindo-se que em seis anos o vírus se propagou mais facilmente do que em 15. Isto porque as estatísticas revelam um aumento de 146 de 2000 a 2006.
Olhando para os mesmos valores, é possível perceber que a principal via de transmissão é, desde 1986, o contacto sexual. No entanto, embora as relações entre homem e mulher continuem na linha da frente, tem-se verificado um aumento de casos do vírus contraído através de relações homossexuais. Comparando os valores desde há 29 anos, a tendência também tem vindo a sofrer alterações: é a classe de residentes que mais contrai o vírus e tem SIDA, enquanto os primeiros números indicam uma incidência de 69,4% no grupo de trabalhadores não residentes dos casinos. Na década de 80, um dos poucos casinos erigidos era o Hotel Lisboa, que foi construído em 1970.

8 Out 2015

Pac On | Zonas principais “concluídas”. Entrega em Dezembro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]construtor do Terminal Marítimo do Pac On afirmou ontem que o salão de imigração e a zona de escritórios de organismos públicos no novo terminal já estão concluídas, garantindo ainda que entregará as primeiras fases da obra ao Governo já em Dezembro deste ano. Recorde-se que o as obras para o novo terminal começaram já em 2005, prevendo-se a sua conclusão em 2007. Sucessivos atrasos originaram novas datas de forma consecutiva e, dez anos depois, parece que o terminal estará finalmente concluído.  
O anúncio da entrega do terminal ao Governo foi ontem publicado no site oficial da empresa, onde se pode ler que o Secretário Raimundo do Rosário e o coordenador do Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), Chao Wai Man, visitaram o Terminal Marítimo do Pac On em meados de Setembro, tendo inspeccionado o salão de imigração e a zona de escritórios das entidades públicas, que já estão basicamente concluídas. A sala de espera dos ferries e o heliporto vão ser concluídos no final do ano, avança ainda a empresa.

Outra dimensão

Em 2013, o projecto mudou a sua natureza de terminal temporário para se transformar num dos principais terminais marítimos, tendo a dimensão da obra “alargado várias vezes”, bem como o seu orçamento. Estava previstos serem gastos 580 milhões de patacas, mas o valor aumentou aproximadamente cinco vezes, para 3,28 mil milhões de patacas, como revelava um relatório do Comissariado de Auditoria em Julho de 2013. Sobre eventuais novos excessos de despesas, o GDI frisou ao Jornal Ou Mun que está a contar com o aumento das despesas e que vai tratar desse assunto tendo em conta o contrato com a empresa.
Em Abril deste ano, o Secretário para Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, disse que o mesmo terminal poderia estar concluído dentro deste ano e entrar em funcionamento em meados do próximo ano. Contudo, afirmou que seria necessário o Governo pagar mais ao construtor da obra, a Companhia de Construção Zhen Hwa.

No site, o director-geral da empresa, Wan Wei, confirmou que, pelo menos a 1ª a 2ª fase do Terminal Marítimo do Pac On, estarão concluídas no fim de Dezembro, de forma a dar uma resposta “satisfatória” tanto ao Governo como à população de Macau. Wan Wei disse ainda que recebeu agradecimentos da parte do Governo.
“Os responsáveis mostraram agradecimento à empresa Zhen Hwa pelos esforços. O Secretário Raimundo do Rosário compreendeu que o projecto é complicado, desafiante e simbólico para Macau e disse esperar que a empresa acelere e aperfeiçoe as obras tendo em conta os princípios de segurança e qualidade”, lê-se no site.
  

8 Out 2015

Antiga empresa de Pedro Chiang autorizada a construir prédio

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo anunciou ontem ter dado autorização à Companhia de Desenvolvimento Predial Citiport para a construção de um edifício de sete pisos destinado a habitação e comércio. A Citiport pertencia ao empresário Pedro Chiang, condenado por corrupção na sequência do escândalo Ao Man Long, sendo agora detida pelo filho, Chan Kin Tong, e pelo pai, Lam Him – absolvido pelo tribunal. São ambos gerentes da sociedade.
A Citiport Macau detinha já um terreno de 334 metros quadrados na Rua Cinco de Outubro e outro de 254 metros quadrados. A empresa pediu ao Governo autorização para alterações ao projecto de aproveitamento, em 2009, tendo submetido novas alterações na arquitectura em 2010 e 2011. Os dois terrenos, contudo, pertenciam à Citiport em regimes jurídicos diferentes, pelo que a anexação dos lotes – pedida por Chan Tin Kong – não era possível. Para contornar a situação, a Citiport decidiu ceder, de forma gratuita, duas parcelas do terreno ao Governo, solicitando ao mesmo tempo o seu arrendamento. Dois outros pedaços de terra, de cerca de 60 metros quadrados, foram cedidos para servirem de via pública.
A Comissão de Terras emitiu parecer favorável ao pedido em 2015, tendo sido depois dado o aval do Chefe do Executivo e do Secretário para os Transportes e Obras Públicas. A Citiport teve, então, de pagar um prémio de 9,1 milhões de patacas. O arrendamento do terreno é válido por 25 anos e a empresa tem 36 meses para concluir o aproveitamento, pagando, por isso, uma renda de 3800 patacas.

Projectos adiados

De acordo com uma notícia publicada no ano passado pelo jornal Ponto Final, o processo fez com que a concessão inicial dos lotes fosse revogada. Estes estariam entregues à Companhia de Fomento Predial Meng Fat, extinta em 2008, num contrato que previa, em 1994, a construção de um hotel de duas estrelas, com oito pisos. O projecto nunca foi concretizado e os dois prédios no espaço foram demolidos, mas não antes de serem comprados pela Citiport e pela Companhia de Construção e Fomento Predial Mei Mei.
Pedro Chiang, recorde-se, deixou a Citiport depois de ser condenado por corrupção. O empresário de Macau foi condenado a seis anos e dez meses de prisão numa primeira vez, levando mais três anos e três meses num outro caso conexo, mas nunca cumpriu pena por não ter sido notificado formalmente da sua condenação, uma vez que não se encontra em Macau e não ter morada conhecida. J.F.

8 Out 2015

Governo | Atrasos na publicação de estatísticas oficiais motivam críticas

São vários os organismos públicos ou direcções de serviços que não publicam dados estatísticos ou relatórios há vários anos. Dois académicos falam em falta de transparência e no facto de continuar a não existir no seio do Governo uma cultura de publicação de estatísticas

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á cinco anos que o Instituto de Acção Social (IAS) não publica o seu relatório anual, que contém dados estatísticos tão diversos como o número de atendimentos, de apoios financeiros concedidos às famílias ou relacionados com jovens e droga. Igual atraso é verificado na Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), cujo relatório mais recente sobre o estado do ambiente em Macau data do ano de 2012-2013. Uma visita ao website da Commissão das Mulheres permite perceber que há mais de dois anos não é publicado qualquer relatório sobre a condição da mulher em Macau. Também a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) fica mal na fotografia: desde 2013 que não publica o seu relatório anual.
Estes são apenas alguns exemplos de entidades públicas que demoram vários anos a publicar relatórios ou outros documentos estatísticos sobre o seu funcionamento ou dados relacionados com a sociedade. Apesar de muitas informações serem divulgadas junto da imprensa, o Governo continua a não divulgar de forma atempada dados que podem ajudar a compreender diversos sectores da sociedade ou políticas públicas, como dizem dois académicos contactados pelo HM.
Eric Sautedé diz que nos últimos tempos alguns organismos públicos têm difundido dados com “maior regularidade”, mas que ainda assim não chega.
“No geral há falta de estatísticas em Macau. Se olharmos para os relatórios da DSPA, por exemplo, o último é de 2012 ou de 2013. Deveríamos já ter os resultados de 2014. Acima de tudo há uma falta de hábito em relação à divulgação dos dados estatísticos mais recentes. Muitas vezes aparece nas notícias, então sabemos que há um comunicado de imprensa ou um relatório interno”, disse o antigo docente de Ciência Política da Universidade de São José (USJ).
Já Larry So, antigo docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), explica que a falta de publicação dos dados se deve ao facto de muitas informações serem “sensíveis”. “Penso que o Governo não quer que todos os dados sejam primeiro divulgados publicamente, gostam de analisá-los primeiro. Não estou a dizer que os escondem, mas gostam de os analisar e [saber] se há algo que podem fazer antes de os divulgar. Há com certeza dados mais sensíveis e o Governo pode optar por analisá-los antes de tomar alguma medida e publicar os dados mais tarde. O Governo tem vários dados que nunca são publicados”, disse ao HM.

Falta de transparência

Larry So vai mais longe e acusa o Governo de continuar a não ser transparente. “Sem esses dados o público nunca vai saber o que de facto está a acontecer na sociedade. Estamos a falar de uma questão de transparência e o facto do Governo ter de ser responsável perante as pessoas. Os dados estatísticos são um reflexo da sociedade e, se não os temos, não sabemos o que está a acontecer. Se o Governo não os publica, ou se os publica tarde, então não está a ser transparente.”
Para Eric Sautedé, é fundamental envolver as associações ditas independentes, sem ligações ao Executivo. “Precisamos de envolver a sociedade e as associações, mas não apenas as que estão ligadas ao Governo, ou os conselhos consultivos. As associações independentes muitas vezes não têm acesso aos dados.”
O académico defende uma mudança de atitude a este nível, numa altura em que o mercado do Jogo continua a sofrer uma quebra. “A população tem que ter o sentido de confiança, de que não há nada a esconder, para aceitar mais aquilo que o Governo está a fazer. Temos uma contracção do PIB em 21% este ano e é claramente a altura de fazer mais previsões quanto ao modelo a adoptar para Macau. O Governo deveria mostrar melhor aquilo que quer fazer em termos de visão”, rematou Eric Sautedé.

7 Out 2015

Pearl Horizon | Proprietários querem que edifício seja construído. Divergências sobre o que fazer ao terreno e sobre emendas à Lei de Terras

Cerca de cem proprietários entregaram ontem nova carta na sede do Governo a pedir apoio do Executivo para a continuação da construção do edifício Pearl Horizon, cuja concessão do terreno por arrendamento termina este ano. Os deputados divergem sobre a questão

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s proprietários de fracções do edifício Pearl Horizon, ainda em construção, continuam a temer pela perda do dinheiro investido, caso a concessão do terreno por arrendamento termine em Dezembro sem que nada seja feito. Por forma a combater essa possibilidade, cem proprietários voltaram ontem à sede do Governo para entregar uma carta, apoiados pelos deputados Si Ka Lon e Ella Lei. Ao Governo, pedem que a construção do edifício continue, isto porque, segundo a nova Lei de Terras, a concessão não poderá ser prorrogada.
Sam, um dos proprietários presentes na iniciativa, disse suspeitar das razões que levaram o Grupo Polytec, investidor do terreno, a prometer a conclusão das obras em 2018, sabendo que a concessão do mesmo irá terminar este ano. Sam afirma que já foram pedidas explicações ao Grupo Polytec, mas que terá sido rejeitada uma reunião directa com os proprietários das fracções, que as adquiriram em regime de pré-venda. O HM tentou também saber há quase duas semanas se o Governo pretende prorrogar o contrato, mas até agora não houve resposta.

Da desconfiança

Outro proprietário, de apelido Ho, criticou o Governo por ter afirmado “de forma vazia” que irá proteger os interesses dos proprietários, não tendo apresentado medidas concretas para resolver o problema. Ho disse ainda esperar que o edifício possa continuar a ser construído em vez do promotor pagar uma indemnização pela compra. Este proprietário acredita que o Grupo Polytec nunca vai pagar essa indemnização.
Recorde-se que o Grupo Polytec garantiu, em Agosto do ano passado, que o complexo habitacional Pearl Horizon poderia estar concluído em 2018, segundo um comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong. Esta confirmação chegou depois da entrega de várias cartas ao Governo pelos proprietários.

Deputados divergentes

Não é apenas o lote do Pearl Horizon que perde a sua validade este ano. Há mais na lista e o deputado Lau Veng Seng pediu no mês passado que fosse criado um período de transição com a revisão da Lei de Terras. Actualmente, a legislação determina que se os terrenos concedidos não sofrerem obras durante 25 anos ou mais vêem o seu prazo de validade expirado e voltam a ser propriedade do Governo.
A deputada Kwan Tsui Hang considera que o investidor do empreendimento Pearl Horizon não pode fugir às suas responsabilidade, justificando ao Jornal Ou Mun que o grupo não cumpriu, desde a atribuição da concessão, as exigências estipuladas no planeamento urbanístico do Governo. A deputada queixa-se de ser esta a única forma que obriga o Governo a pedir satisfações ao investidores e a entregar um relatório sobre o ambiente. Este, lamenta Kwan, demorou três anos a ser concluído.
A deputada é também presidente da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que discutiu, na especialidade, a agora em vigor Lei de Terras. Sobre a vontade de alguns deputados quererem a revisão do referido documento, a deputada refere que já se reuniu com outros membros do hemiciclo e menos de metade deles concorda com a revisão. Kwan prevê que a proposta da revisão vá ser chumbada caso chegue a ser entregue à AL.
“A solução para o problema do Pearl Horizon não será encontrada na revisão da lei”, disse. No entanto, propõe a criação de cláusulas de indemnização a pagar pelos investidores, de forma a resolver o problema da validade da concessão.

Contradições que fazem parte

Por outro lado, para o deputado nomeado Gabriel Tong, o problema dos prazos das concessões expirarem antes que os terrenos sejam usados está relacionado com aquilo a que chama uma atitude “contraditória” por parte do Governo.
“Uma parte dos terrenos cujo período de concessão está prestes a expirar viram a construção dos seus projectos atrasada devido a medidas implementadas pelo próprio Governo”, acusou. “Por exemplo, o Governo concedeu a construção de uma fábrica ou projecto habitacional, mas durante o processo, preocupou-se mais com a destruição do ambiente e não deixou os investidores começassem as obras, mudando ou adiando a construção até ao fim do prazo”, concluiu. Gabriel Tong concorda com a revisão da Lei de Terras, mas para que se acrescente um artigo sobre a obrigatoriedade de um período de transição, assim permitindo a renovação da concessão para o desenvolvimento de terrenos.
Para os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, a recuperação de terrenos expirados não entra em conflito com os interesses dos investidores e dos seus proprietários. “De acordo com a lei, quando é declarada a caducidade de uma concessão, os bancos que aceitam hipotecas de terrenos podem adquirir a propriedade destes. Desta forma, é possível continuar a desenvolver os projectos previstos sem que seja preciso fazerem-se mais concursos públicos”, explicaram os deputados numa conferência realizada ontem. “As pessoas que adquiriram uma pré-venda ainda podem receber as fracções nas mesmas condições em que assinaram contrato”, acrescentaram. Os pró-democratas avançaram que caso os bancos tenham desistido de pedir a concessão, o Governo deve também abrir novos concursos públicos para se decidir sobre o uso do terreno, exigindo ao novo concessionário que corresponda ao plano original e cumpra os contratos de pré-venda.

7 Out 2015

ONU | Funcionários investigados por alegado caso de suborno que envolve Ng Lap Seng

Depois da detenção do empresário de Macau Ng Lap Seng, chegam novos desenvolvimentos dos EUA, que indicam que o também representante político poderá estar envolvido num esquema de subornos a membros da ONU

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]embros da Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) estarão a ser investigados pelas autoridades norte-americanas, num caso ligado ao empresário Ng Lap Seng. Novos desenvolvimentos indicam que actuais e antigos funcionários da ONU terão sido subornados num esquema que envolve imobiliário em Macau e o empresário, detido recentemente nos EUA.
A notícia é avançada pelo Wall Street Journal, que indica que o caso diz respeito a pagamentos feitos aos membros da ONU “por homens de negócios chineses”, de forma a que “pudessem ganhar apoio para desenvolvimento de propriedades imobiliárias em Macau”.
O jornal, que cita fontes próximas do processo, não se alonga em detalhes mas alerta que poderia vir a ser deduzida acusação contra várias pessoas envolvidas durante o dia de ontem. Devido ao fuso horário, e até ao fecho desta edição, não foi possível apurar se esta situação se veio a verificar.

Ligações perigosas

A investigação, conduzida pelo FBI, indica que alguns dos subornos foram enviados das Caraíbas para os oficiais da UN. Mas diz também que o caso está relacionado com a detenção de Ng Lap Seng e Jeff Yin, seu assistente. Os dois homens, recorde-se, são acusados de terem feito entrar ilegalmente nos EUA somas elevadas de dinheiro e de ter conspirado para mentir às autoridades sobre o seu destino.
Ng Lap Seng é delegado de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e membro da Comissão Eleitoral que elege o Chefe do Executivo. Mas é também presidente do Grupo Sun Kian Ip, com sede no território e representação em Nova Iorque. A empresa, avança o jornal, dá nome a uma fundação. Através desta fundação “e também de forma individual”, Ng Lap Seng trabalhou “com o escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul, que se centra em parcerias económicas e políticas”.
Documentos mostrados em tribunal indicarão que os dois homens detidos estão envolvidos numa investigação que cobre “anos de vigilância e de análises de transacções financeiras”. Uma nota na queixa contra o empresário de Macau indica que, desde 2010, Ng Lap Seng terá transferido mais de 19 milhões de dólares a pessoas e entidades nos Estados Unidos.
O Wall Street Journal indica ainda que o site da fundação de Ng Lap Seng teria contactos e fotografias de membros da ONU em eventos, algo que começou a desaparecer depois do contacto do jornal à pessoa responsável pela página para saber mais informações.
Os dois advogados do empresário, Alex Spiro e Kevin Tung, mantêm que o cliente é inocente e que não comentou qualquer crime. A defesa de Jeff Yin, que não tem feito comentários fora dos tribunais, diz apenas que o seu cliente é um empregado de Ng Lap Seng e que as autoridades “têm peixes maiores para apanhar”. Os dois continuam detidos e sem possibilidade de sair sob fiança devido ao risco de poderem sair do país, como decidiu o tribunal.

7 Out 2015

DSF | Governo já leiloou mais de 70 mil artigos apreendidos

A Direcção dos Serviços de Finanças já realizou leilões públicos de mais de 70 mil produtos apreendidos pela alfândega ligados a actividades ilegais. Outros produtos como comida, álcool, cigarros ou droga foram destruídos

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]os últimos dez anos foram realizados leilões de cerca de 70 mil produtos, incluindo 1,3 mil telemóveis e respectivos equipamentos, 64 mil cds, 13 automóveis e mais de 1,4 mil acessórios de automóvel. Dados da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) fornecidos ao HM mostram que roupas e malas de marcas registadas na RAEM, comida, drogas, cigarros, álcool e outros produtos perigosos foram, contudo, alvo de destruição pelo Governo.
As autoridades confiscaram e leiloaram ainda cerca de sete mil computadores, mais de 300 equipamentos electrónicos e máquinas fotográficas e ainda mais de 500 quilos de metal de sucata, incluindo cinco mil quilos de materiais plásticos.
Há cerca de um mês, o deputado Chan Meng Kam questionou o Executivo quanto ao processo levado a cabo com os bens apreendidos pelos Serviços de Alfândega, nomeadamente peças de madeira de agar. Questionados pelo HM, os serviços confirmam que foram ainda confiscados vários produtos restringidos pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Internacional (CITES), incluindo precisamente essa madeira e marfim.
Ao HM, a DSF confirmou que esses materiais mais valiosos podem ser usados para estudos científicos, fins educacionais ou para a identificação de algumas espécies protegidas. Já anteriormente, a DSF tinha indicado ao HM que mais de 70 quilos de marfim apreendido tinham sido utilizado para esses fins educacionais.
Contudo, a DSF pode ainda destruir esses bens caso os serviços públicos responsáveis indiquem essa necessidade, cuja supervisão é sempre da Direcção dos Serviços de Economia (DSE). O HM questionou a DSF sobre o valor desses bens, mas não foi possível confirmar os dados uma vez que os documentos entregues pelos Serviços de Alfândega não contêm os dados.
A interpelação escrita entregue por Chan Meng Kam acusava estes organismos públicos de falta de transparência no processo de apreensão e também em relação à finalidade dos bens. Mas, tanto a DSF, como os Serviços de Alfândega afirmaram não ter publicado a situação do tratamento dos bens por falta de declaração ou provas de importação e exportação, bem como a ausência de outro tipo de declarações.

6 Out 2015

Tabaco | Proibição total poderia tirar entre quatro e nove mil milhões

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]proibição total de fumar nos casinos iria retirar entre quatro e nove mil milhões de patacas às receitas brutas do jogo, caso estivesse efectiva desde Janeiro deste ano. Estimativas dos Serviços de Saúde (SS) e da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) indicam que a proibição total do fumo do tabaco tenha um impacto nas receitas de jogo entre 2,76 e 4,6%. Este ano, entre Janeiro e Setembro, as receitas brutas dos casinos totalizaram 176 mil milhões de patacas, menos 36,2% relativamente aos primeiros nove meses do ano passado. tabaco produtos
Fazendo as contas, e se se fosse a ter em conta o impacto de 2,76%, os casinos iriam perder 4,9 milhões de patacas em nove meses, valor que aumentaria para 8,1 milhões no caso da proibição trazer o impacto máximo de 4,6%. As estimativas do Governo, apresentadas este mês, ficam abaixo de outras previsões, citadas pela Rádio Macau, que indicam que analistas do Deutsche Bank previam que o fim do tabaco nos casinos poderia significar uma queda entre 10% a 15% nas receitas.

6 Out 2015

Habitação pública | Mais de 40 mil candidatos para 1900 fracções

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo apresenta hoje os resultados das candidaturas a habitação económica, tendo excluído mais de três mil candidatos. Dados do Instituto de Habitação (IH) publicados ontem mostram que os cidadãos mais sortudos sabem hoje se vão ou não ter direito a uma casa, mas há mais de 40 mil pessoas para cerca de dois mil apartamentos.
As inscrições que deram origem a estas candidaturas foram feitas já entre Dezembro de 2013 e Março do ano passado. No total, 42700 pessoas pediram uma habitação económica ao Governo, de diferentes tipologias. O IH aceitou 38806 – a maioria de famílias e mais de 15 mil de individuais.
Entre as razões principais para a exclusão de determinados cidadãos estão principalmente a falta de cumprimento de requisitos face à composição do agregado, mas também os candidatos figurarem em mais do que um boletim de candidatura e receberem mais do que o limite mensal necessário para que possam usufruir deste tipo de habitação.
Os resultados que hoje serão anunciados foram feitos com base em candidaturas que foram “primeiro alvo de apreciação preliminar e de sorteio e depois de apreciação substancial”, algo que entrou em vigor em Agosto, com a revisão da Lei de Habitação Económica.
Os resultados, contudo, não demonstram todas as famílias que poderão ter acesso a uma casa. É que, para os candidatos de 2013 e Março de 2014, só há 1900 fracções que podem ser entregues. O IH tem, por isso, de continuar a seleccionar.
“Depois de afixados os resultados, o IH procederá à selecção dos candidatos admitidos após a apreciação preliminar, segundo a posição deles na lista e as 1900 fracções disponíveis para atribuição no concurso de 2013 para aquisição de habitação económica de diferentes tipologias. Depois o IH enviará ofícios aos candidatos para que dentro de 30 dias entreguem os documentos e as informações necessários no momento da selecção, caso não entreguem dentro do prazo estipulado, o IH iniciará o procedimento legal relativo à audiência de exclusão da qualidade de adquirente”, indica o organismo em comunicado.

6 Out 2015

Obras | Mais de 78 mil milhões de patacas investidos em 2014

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]sector da construção continua a demonstrar um grande crescimento, tendo no ano passado exigido mais de 78 mil milhões de patacas em investimento. Dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) mostram que as subidas se devem à construção dos novos empreendimentos hoteleiros de grande envergadura.
Os números indicam que o valor das obras subiu para 78,15 mil milhões de patacas em 2014, mais 63,2% em relação ao ano de 2013. Destes, 70 mil milhões dizem respeito apenas aos novos resorts do Cotai. O custo da mão-de-obra situou-se em 11,35 mil milhões de patacas, aumentando 42,3%, sendo que o sector conseguiu lucros de 6,86 mil milhões de patacas, um aumento de 184,8%.
Em 2014 registaram-se acréscimos globais nos principais indicadores do sector, onde se inclui também o contributo que a construção tem na economia: mais 75,4%, ou 18,2 milhões de patacas, indica a DSEC.
Em 2014 existiam mais de 2600 estabelecimentos ligados ao sector da construção, menos uma centena do que em 2013, mas havia mais funcionários. No ano passado, mais de 45 mil pessoas faziam da construção o seu emprego, mais 11300 do que no ano anterior.
O valor das obras de construção pública atingiu os 8,12 mil milhões de patacas, tendo crescido 11,6% comparativamente a 2013, destacando-se o valor das obras de habitação pública, que foi de 2,29 mil milhões de patacas.
Aterros e melhoramentos em terrenos subiram acentuadamente – 697,7% – atingindo 1,37 mil milhões de patacas. A DSEC diz, contudo, que o valor das obras do metro ligeiro e estradas (1,55 mil milhões de patacas), bem como o dos cais (636 milhões de Patacas) desceram 17,2% e 52,9%, respectivamente, face a 2013.
Em termos da localização de obras, 946 foram feitas em Macau, 80 obras no Cotai e uma centena em Coloane.

6 Out 2015

Rádio-Táxis | Concurso público para cem alvarás abre em “breve”

O Governo anunciou finalmente que vai abrir o concurso para cem licenças de rádio-táxis. Quando, ainda não se sabe mas a DSAT garante que vai acontecer em breve

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou que o concurso público para a atribuição de cem alvarás de rádio-táxis está para breve. A autorização foi ontem dada pelo Chefe do Executivo, através de um despacho publicado em Boletim Oficial, e surge depois de, no ano passado, o Governo ter cancelado o contrato com a empresa Vang Iek.
Em comunicado, a DSAT explica que a concessão de cada licença especial deverá durar oito anos e o referido concurso serve para colmatar a falta deste transporte em Macau. “O Governo irá realizar, dentro de curto prazo, o concurso público para a concessão de licença especial [e] será realizado sob a forma de sociedade comercial. Essa licença tem um número não superior a cem alvarás de táxis especiais e a concessão tem um prazo de oito anos”, explica a DSAT em comunicado.
Tudo isto, diz o organismo, surge no seguimento da “caducidade de cem licenças especiais de táxis em 6 de Novembro” do ano passado. A polémica dos rádio-táxis estalou há cerca de dois anos, quando os taxistas destes transportes se queixavam de não ter lucro por falta de popularidade junto dos residentes e, por muitas vezes, serem chamados sem que o cliente ainda lá esteja. Em sentido contrário, o Governo decidiu cancelar o contrato com a Vang Iek por considerar que esta não cumpria os requisitos do contrato. Requisitos que pediam, entre outros, que a companhia tivesse carros para deficientes físicos, que apenas atendesse chamadas telefónicas e que circulasse nas estradas da zona norte.
Cheang Wing Chio, director da Companhia de Rádio-Táxis Vang Iek, disse ontem ao canal chinês da Rádio Macau que só se vai decidir pela candidatura ao concurso quando foram divulgadas mais informações, uma vez que as ontem anunciadas são, disse, “apenas preliminares”.
Para o presidente da Associação Geral dos Proprietários de Táxis, Ieng Sai Hou, os investidores locais “com capacidade” podem ter vontade de se candidatar à atribuição de licenças especiais caso as condições oferecidas sejam razoáveis. Mas, o responsável apela a que as regras de concurso público sejam transparentes, algo que deve ser estipulado através da realização prévia de consultas públicas.
Ieng Sai Hou sugere que estes alvarás devem ser obtidos por pelo menos por duas empresas, as quais devem ser locais. Ieng acrescenta que a concessão deve esclarecer bem a relação laboral entre as empresas concessionárias e os taxistas, criando cláusulas de penalização. A título de exemplo, refere casos de infracção onde o castigo pode ser a retirada das licenças já atribuídas.
Em Maio passado, o Executivo atribuiu 200 novas licenças de táxis pretos, sendo que 230 anteriores veriam a sua licença caducada até ao final deste ano. A estes, vão, agora, juntar-se mais cem. Ontem, contudo, não foi divulgada qualquer data para a realização do concurso, apenas sendo referido que vai acontecer “brevemente”.

6 Out 2015

Jogo | Mercado VIP já não vai ser o que era, diz especialista

Ou alguma coisa muda, ou então o mercado do jogo vai deixar de ser interessante. É o que defende Muhammad Cohen, especialista em Jogo, que indica não ter visto muitos ajustes das operadoras para mudar o rumo da economia

[dropcap style=circle’]O[/dropcap]especialista do jogo Muhammad Cohen considerou que o sector em Macau “não vai voltar a ser o que era”, a propósito da queda das receitas dos casinos da região em Setembro para o valor mais baixo em cinco anos.
Para Cohen, um dos editores da revista Inside Asian Gaming e colaborador da revista Forbes, que habitualmente analisa o sector do jogo em Macau, “o antigo mercado”, assente nos designados “jogadores VIP” e de sucessivos recordes, não vai voltar e não se vislumbra fim à tendência descendente, enquanto as operadoras não se adaptarem a uma nova realidade.
“O antigo mercado de Macau não vai voltar, o mercado VIP não vai voltar a ser o que era. Os casinos continuam a fazer muito dinheiro, mas é muito menos [que no passado] e vai continuar a ser muito menos”, disse à Lusa o especialista.
Os casinos de Macau, que chegaram a gerar uma receita de 38 mil milhões de patacas em Fevereiro de 2014, registaram em Setembro o 16.º mês de quedas sucessivas, mesmo depois de previsões que apontavam para que o segundo semestre deste ano seria de retoma ou, pelo menos, estabilização.
Na base destas previsões estava a expectativa de que dois novos projectos – Galaxy e Studio City – viessem a impulsionar o sector, mas mesmo com a abertura de um deles em Maio, não houve sinais positivos.

Factores de inibição

A campanha anti-corrupção da China não dá sinais de abrandamento e continua, para o especialista, a ser o principal factor a inibir os grandes apostadores de irem a Macau. No entanto, salientou que a cidade também não foi ainda capaz de se adaptar às novas tendências, ou seja, de se focar no sector de massas.
“Os chineses viajam cada vez mais para o estrangeiro e querem visitar outros sítios, ver outras coisas. Vão ao Japão, vão à Coreia. Querem jogar mas também querem fazer outras coisas. Macau não tem um plano B. [As receitas do sector VIP] eram fruta ao alcance da mão, apanharam-na e agora que não há mais, ninguém está pronto a subir à árvore”, criticou.
É preciso oferecer “coisas novas e entusiasmantes” que tornem Macau atraente para o jogador médio, acrescentou, considerando ser “difícil dizer se abrir ‘resorts’ novos é suficiente”.
“Não tenho visto sinais de grandes ajustes [das operadoras de jogo]”, afirmou Cohen, ressalvando que o Studio City, que abrirá no final deste mês, anunciou um hotel de quatro estrelas, mais acessível à classe média.
Questionado sobre a possibilidade de este abrandamento ser propositado – uma forma de, a par de combater a lavagem de dinheiro, arrefecer uma economia pautada por incessantes subidas no imobiliário e inflação –, o especialista hesitou.
“[Se foi propositado] passaram das marcas. Uma coisa é arrefecer a economia, outra coisa é ter o PIB a cair com a taxa mais elevada do mundo. Fala-se que o Governo chinês gostava de ver o crescimento de Macau mais alinhado com o crescimento da economia da China. Mas isso talvez quisesse dizer crescimento a um dígito, agora, estamos a ver contracção a dois dígitos”, considerou.
No primeiro semestre do ano, o PIB de Macau caiu 25,4% em termos reais.
Por outro lado, para Cohen, o Governo de Macau “tem pouca margem para operar”. E, se estes dois factores não se alterarem – adaptação do sector ou introdução de políticas pelo Governo –, Cohen não prevê um fim próximo para a tendência descendente das receitas do jogo em Macau.
“Não há grandes motivos para termos esperança, a não ser que algo dramático aconteça: um novo projecto, uma atracção nova, um espectáculo ou então grandes mudanças nas medidas políticas”, concluiu.

5 Out 2015

Educação | Especialistas defendem maior planeamento no sector

[dropcap style=circle’]O[/dropcap]Governo quer alargar as vagas das universidades do território para estudantes vindos da China continental devido à insuficiência de alunos locais e também para promover a internacionalização de todo o ensino superior. Contudo, dois académicos criticam a falta de esclarecimentos e orientações para as instituições de ensino e de planeamento para a formação de talentos.
Em declarações ao Jornal do Cidadão, o ex-professor de Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau (IPM), Larry So, considera que as instituições de Macau têm potencial para serem mais internacionais, mas não têm instalações suficientes, sobretudo residências para estudantes, um “elemento importante para as universidades”. estudante educação alunos universidade
Larry So considera que existem cursos locais que não têm uma ligação com os alunos estrangeiros, acabando por ficar mais focados para os estudantes vindos do continente, o que torna, na opinião do académico, insuficientes os esforços para tornar o ensino mais internacional. Larry So acha ainda necessário esclarecer a orientação das instituições de ensino superior e não alargar a inscrição de estudantes só para cumprir um número.

Investir a longo prazo

Também para a professora da Comunicação da Universidade de Macau (UM), Agnes Lam, poucas universidades locais têm condições suficientes para aceitar estudantes internacionais. Agnes Lam, que já foi candidata às eleições legislativas, acha que se as instituições abrirem cursos que outros países não tenham, será possível atrair mais estudantes de fora, para além dos que chegam do interior da China.
Para internacionalizar as universidades e politécnicos, Agnes Lam defende ainda que é preciso investir mais recursos e dar mais importância aos estudos feitos no território, tendo apontado que actualmente as universidades não são muito valorizadas porque não conseguem subir lugares nos rankings.
A académica disse também que o Governo tem falta de planeamento de longo prazo para a formação de talentos locais, o que faz com que muitos estudantes prefiram frequentar o ensino superior no estrangeiro. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, já referiu que, dos 3500 alunos que terminam o ensino secundário, metade inscreve-se em cursos superiores no estrangeiro. Au Kam san, deputado da Assembleia Legislativa, já apelou ao Governo para rever esta situação.

5 Out 2015