João Santos Filipe SociedadePortas do Cerco congestionadas devido a elevado número de turistas No sábado registaram-se 622 mil movimentos nas fronteiras do território, o que constitui um novo recorde para um único dia. A situação foi causada pelo limitado número de bilhetes de Zhuhai para Hong Kong, através da nova ponte, o que fez com que os turistas presos na cidade do Interior viessem antes para Macau [dropcap]D[/dropcap]esde sábado que há um novo recorde de movimentos nas fronteiras de Macau, com as autoridades a registarem 622 mil movimentos de entrada e saída do território. Os números foram fornecidos pelo Governo aos órgãos de comunicação social de língua chinesa, depois do movimento anormal de entradas e saídas nesta fase do ano. A situação levou mesmo as autoridades a implementarem medidas adicionais de controlo de multidões, à semelhança do que acontece durante o Ano Novo Chinês. No pico do maior movimento, por volta das 19h30, a fila de espera ultrapassava a zona onde se apanham táxis, ou seja era quase do comprimento da Praça das Portas do Cerco. Contudo, muito depois das 20h, as autoridades ainda mantinham as instruções a recomendar a utilização de fronteiras alternativas às Portas do Cerco. Segundo o portal All About Macau, na origem desta situação esteve o facto de muitos turistas do Interior da China se terem dirigido para a fronteira de Zhuhai da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (HKZM), com o objectivo de se deslocarem a Hong Kong. Contudo, como em Zhuhai o número de bilhetes para os autocarros que fazem a travessia para Hong Kong é limitado, muitas pessoas acabaram por ser “obrigadas” a vir para Macau, através das Portas do Cerco, depois de ficarem retidas em Zhuhai. A acumulação de pessoas para sair de Macau levou também a que as autoridades fossem questionadas com a possibilidade de uma falha no sistema informático, como aconteceu no passado, mas a PSP negou o cenário. Embora sem apontar directamente à nova ponte, as autoridades justificaram o congestionamento com o grande número de pessoas a querer atravessar a fronteira. Só nas Portas do Cerco os movimentos foram 460 mil, ou seja quase três quartos de todos os movimentos registados. Também na fronteira da Ponte HKZM houve um recorde, só no sábado houve mais de 34 mil movimentos de entrada e saída. Residentes surpreendidos A enorme afluência apanhou muita gente de surpresa, mesmo os residentes que faziam o movimento oposto à maioria dos turistas, ou seja entre aqueles que atravessavam do Interior da China para Macau. Alguns residentes de Macau que passam a fronteira regularmente disseram ao Ou Mun Tin Toi que nunca tinham visto uma fila tão longa para deixar a RAEM. Já um grupo de turistas de Hunan disse à Ou Mun Tin Toi que, por volta das 19h30, já estavam à espera há mais de uma hora e meia para atravessarem a fronteira. Apesar da longa espera para sair do território, o grupo elogiou as autoridades e defendeu que as indicações eram claras e que toda a situação era “aceitável”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePolytex | Leonel Alves comparou artigos do jornal Son Pou à época da Revolução Cultural A sentença do caso que põe frente a frente a Polytex e o jornal Son Pou será lida a 17 de Dezembro. Na sexta-feira foram apresentadas as alegações finais e Leonel Alves, advogado da empresa, defendeu que os artigos de opinião escritos por Lei Kong sobre o Pearl Horizon contêm “invenções e juízos de valor negativos” que expuseram a empresa em praça pública [dropcap]E[/dropcap]stá prestes a chegar ao fim um dos raros casos em Macau que originou debate sobre o papel da comunicação social e que colocou dois jornalistas no banco dos réus. Será a 17 de Dezembro que o cronista do jornal chinês Son Pou, Lei Kong, e o director da publicação, Chao Chon Peng, vão saber se têm ou não de pagar os dois milhões de patacas de indemnização que a Polytex exige pela publicação de artigos de opinião que considera difamatórios e injuriosos. Contudo, as publicações, que incidem sobre o caso Pearl Horizon, não foram encaradas pelo Ministério Público como criminosas. Na sexta-feira foram apresentadas as alegações finais no Tribunal Judicial de Base (TJB), tendo Lei Kong lamentado que a acusação de que é alvo se faça em redor do significado e forma de algumas palavras que usou. “Primeiro pensei que a condenação poderia acontecer por um ou dois aspectos, mas depois das sessões percebi que a divergência vai além disso, porque houve sempre o foco na questão dos 12 caracteres considerados injuriosos. O que é importante para o futuro é provar se há difamação e injúria. São nestas questões que se deve focar a decisão, não na questão dos 12 caracteres e na referência à alteração do número de pisos, de 25 para 50”, apontou. Lei Kong, que durante a sessão teve algumas falhas de memória e fez várias pausas, mostrando nervosismo, referiu-se ao caso Pearl Horizon como “o maior caso de burla com valor elevado desde a transição”. “Os infelizes compradores tinham acesso a informações insuficientes e eles corriam um risco. Era uma questão que, mais tarde ou mais cedo, iria acontecer (a não conclusão do projecto). Havia um grande desequilíbrio de informações entre as duas partes.” Em tribunal, Lei Kong acusou ainda as testemunhas da Polytex e o advogado da empresa, Leonel Alves, de terem levantado “falsos testemunhos” contra si. “Apresentaram provas falsas e mentiras. Baixo os braços perante o doutor Leonel Alves que é extremamente qualificado e que deturpou tudo o que eu disse”, frisou. Lei Kong admitiu a possibilidade de os seus artigos de opinião conterem “erros”. Contudo, defendeu que a condenação “será uma notícia bombástica em Macau”. “Essa é a minha preocupação. Entendo que nesses artigos não há qualquer crime de difamação e injúria. O objectivo dos artigos é directo, claro, verdadeiro”, acrescentou. Chao Chon Peng, director da publicação, apontou a sua responsabilidade como jornalista para a publicação dos artigos. “Nestes seis anos aconteceram tantas coisas ligadas a este caso e os jornais de Macau divulgaram muitas informações. O Son Pou publicou artigos para acompanhar o assunto e o objectivo nunca foi acusar ninguém. A Polytex não conseguiu entregar as fracções no prazo fixado e não se pode imputar as responsabilidades ao jornal Son Pou. A publicação desses artigos foi feita apenas tendo em conta o interesse público e estávamos apenas a cumprir as nossas responsabilidades.” O responsável disse ainda que “havia indícios de que os prazos (do projecto do Pearl Horizon) não iriam ser cumpridos” e que foi com base nessas fontes que os artigos de opinião foram escritos. “Os promitentes compradores não perguntaram e eles (Polytex) não tomaram a iniciativa de informar, mas não sei se isto constitui uma violação à lei. Só um ano depois da publicação dos artigos é que a Polytex veio invocar a lei de imprensa”, explicou. Pontos nos is Na hora de apresentar as alegações finais, o advogado da Polytex, Leonel Alves, descreveu os artigos como um ataque ao bom nome da empresa e defendeu que os jornais não devem ser o meio usado para esse fim. “Esta acção é muito importante porque permite a todos nós ver o que é Macau e como os direitos individuais consagrados na Lei Básica devem ser exercitados, é muito importante para os cidadãos e os jornalistas. Permitir-se insultar impunemente num jornal é um crime”, começou por dizer, tendo feito uma referência ao uso de armas nos Estados Unidos. “Há uma canção portuguesa que diz que ‘a cantiga é uma arma’, e a imprensa, se for mal usada, é uma arma perigosa tal como as armas que são usadas nos EUA. Se isso for permitido, não sei como poderemos viver em sociedade. Não é com prazer que estamos aqui, mas existe a obrigatoriedade de defender o bom nome de uma empresa que precisa desenvolver as suas actividades comerciais.” Leonel Alves rebateu ponto por ponto tudo o que foi escrito por Lei Kong. Para si, todos os artigos de opinião em causa “contém um forte teor difamatório, com juízos de valor negativos e sem base factual”. Além disso, o causídico, defendeu que este caso “faz lembrar a Revolução Cultural da década de 60, quando se puniam pessoas em praça pública”. “Não voltemos a esse período”, disse ainda. Em tribunal foram descritas informações contidas nos artigos de opinião, que faziam referência às responsabilidades da Polytex e aos prazos e planta do projecto do Pearl Horizon. Num dos artigos, Lei Kong escreveu que a empresa terá tido ligações pouco claras a figuras do sector imobiliário e a empregados bancários. Tudo isso foi refutado por Leonel Alves. “No segundo artigo que escreveu fala de burla e suborno, dois crimes muito graves na nossa sociedade. Fala em conluios e armadilhas com pessoas do mercado imobiliário e funcionários bancários, e contém, pelo menos, quatro falsidades e ficções. A primeira é que a empresa fez a venda sem ter o projecto aprovado e isso não foi provado em tribunal. Depois escreve que houve alterações várias com fins especulativos”, apontou Leonel Alves. Num terceiro artigo, Lei Kong “enfatizou que só com acção penal se resolveria a situação”. “Escreveu ainda que a promotora foi favorecida com as cláusulas do contrato. Isto é um milagre, porque se houvesse favorecimento a concessão do terreno não teria sido considerada nula”, acrescentou Alves. O causídico mencionou também o efeito nefasto destes artigos junto dos lesados, “já emocionalmente perturbados”. “A imagem que passa é que vocês investigaram e que o director depois permitiu a publicação”, argumentou Alves, que defendeu que Lei Kong deveria ter feito uma investigação antes de escrever as suas opiniões, nomeadamente através da busca de informações junto da própria Polytex ou Obras Públicas. “O autor deveria ter procurado informações mais correctas para o seu artigo ao invés de transmitir mensagens erradas para a opinião pública.” “Falou como um político” Paulo Ramalho, advogado de defesa dos dois jornalistas do Son Pou, começou a sua intervenção acusando Leonel Alves de ter tido uma “atitude de político” em tribunal. “Falou como um político e fez uma interpretação própria de um político que, como disse, tem as suas bases. Ficou claro que a sua visão não corresponde a esta visão negra (dos acontecimentos) apresentada pelas testemunhas. Trata-se, portanto, de um discurso político e não é uma conclusão correcta.” Leonel Alves, que foi deputado à Assembleia Legislativa (AL) e que, em 2013, votou na sessão plenária que aprovou a lei de terras, negou estas acusações. “Trabalhei muitos anos na AL mas intervindo sempre como jurista nos trabalhos legislativos, dando o meu contributo. Não trouxe inputs políticos para esta audiência”, disse. Paulo Ramalho lembrou que “a imagem da Polytex já estava prejudicada” antes da publicação dos artigos de opinião, algo que várias testemunhas, incluindo o deputado Au Kam San, confirmaram. “Não ficou aqui demonstrado que qualquer artigo do senhor Lei Kong tenha levado a uma acção política. Ele não foi o primeiro a falar de burla.” Além disso, para o advogado de defesa, a Polytex “agiu com dolos maus e isso levou as pessoas, e não os artigos, a reagirem e sentirem-se enganados graças à atitude da empresa antes, durante e depois dos contratos”. Em resposta à posição de Leonel Alves, de que Lei Kong deveria ter investigado previamente antes da redacção dos artigos, Paulo Ramalho lembrou o quão difícil é ter acesso a dados da Administração. “Os artigos emitem juízos de valor porque são opinativos. Portanto, o senhor Lei Kong não tem de fazer uma investigação como se fosse um órgão de polícia criminal, mas tem de confiar nas suas fontes.” “A Polytex queria que o senhor Lei Kong escrevesse os artigos de opinião com dados que só em tribunal conseguimos obter. Muitas vezes os interessados não conseguem obter informações junto da Administração e a acusação acha que o senhor Lei Kong é um ser superior, que vai às Obras Públicas e consegue as informações”, ironizou Paulo Ramalho. “Polytex quis passar uma mensagem à comunicação social”, diz defesa A apresentação das alegações finais acabou por dar lugar a um intenso debate sobre a ausência de auto-regulação dos jornalistas em Macau e a importância da protecção das fontes. Lei Kong, com uma carreira com cerca de quatro décadas como repórter, admitiu ter ficado “com medo” e ter deixado de escrever opinião nos jornais. E deixou um alerta: “Demos as nossas opiniões e, mesmo assim, somos acusados. A situação está cada vez pior para a comunicação social, mais abusiva, e parece que os que têm maior influência na sociedade querem calar a comunicação social. Esta é uma acção contra os media e tem muito a ver com poderes pessoais. Isto é relevante para os trabalhadores da comunicação social que devem estar atentos.” O advogado de defesa dos arguidos, Paulo Ramalho, lembrou o facto do sector da comunicação social não ter um código deontológico e dos repórteres apenas poderem contar com a sua consciência na hora de informar. Além disso, argumentou que “um jornalista de opinião não é funcionário de nenhuma autoridade com as competências de investigação de que fala a acusação”. “O que a acusação queria é que o senhor Lei Kong trabalhasse para a Polytex e branqueasse as suas acções. Lei Kong é jornalista há 40 anos e nunca teve este problema. Ele não cometeu nenhum crime e o que a Polytex quis foi, estrategicamente, passar uma mensagem para a comunicação social, para que não se fale deles. Já conseguiram, pois o senhor Lei Kong deixou de escrever”, frisou. A lei de imprensa e o direito à liberdade de expressão e de pensamento, regulados pela Lei Básica, foram pontos centrais da sessão. Leonel Alves lembrou que chegou a trabalhar na elaboração da lei de imprensa, um diploma que considera “equilibrado”, mas que aponta limites a essas liberdades. “A liberdade de expressão e de pensamento são importantes tendo em conta o conceito ‘Um País, Dois Sistemas’, que faz parte do código genético de Macau, mas a lei de imprensa também regula os seus limites. Falei com chineses e portugueses e todos acham estranho que não haja código deontológico em Macau. Mas aqui o senhor Lei Kong violou, pelo menos, sete deveres do jornalista.” Paulo Ramalho lembrou que “um jornalista de opinião não tem de ser isento, pode ser parcial, o que ajuda ao pluralismo” e acusou Leonel Alves de fazer “um discurso tendencioso e com alguma malícia”. O advogado congratulou ainda o facto do MP não pedir qualquer acusação e exigiu a absolvição dos seus clientes, “sem condenação cível, pois não há danos patrimoniais”, apontou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEmilio Tuñón Álvarez cita Lorca: “As ideias não são de ninguém” [dropcap]A[/dropcap]o HM, Emilio Tuñón Álvarez, um dos arquitectos do Auditório da Cidade de León, a par de Luís Moreno Mansilla, afirmou não estar “minimamente preocupado” com um eventual plágio. O arquitecto espanhol de 59 anos citou também o compatriota Frederico García Lorca. “Tenho de confessar que não estou preocupado com todo este tipo de questões de cópia de trabalhos”, disse Emilio Tuñón Álvarez, ao HM. “Frederico García Lorca, o famoso poeta espanhol, costumava dizer: ‘as ideias não são de ninguém… estão a flutuar no ar à espera que alguém as apanhe’”, citou. O também vencedor do prémio Mies van der Rohe de Arquitectura Contemporânea da União Europeia, em 2007, com o Museu de Arte Contemporânea de Castela e León, deu ainda exemplos de “edifícios bizarros”, na União Europeia e nos Estados Unidos inspirados no auditório que concebeu, nomeadamente o edifício Mission Bay Parking Structure, em São Francisco, e a Escola Burntwood, em Londres.
Diana do Mar SociedadePonte HKZM | Média de 64 mil passageiros por dia desde a abertura Desde que a Ponte HKZM entrou em funcionamento, a média diária de circulação de pessoas foi de 64 mil, cerca de metade do previsto para o ano de 2030. Mas Si Ka Lon considera que a opção de entrada em Macau pelo posto fronteiriço da Ilha artificial ainda não se reflecte na redução de visitantes que continuam a optar pelas Portas do Cerco [dropcap]A[/dropcap] Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau recebeu uma média de 64 mil passageiros por dia desde que entrou em funcionamento, há um mês. Segundo os dados, divulgados ontem pelo Ministério dos Transportes da China, o número total de passageiros ascendeu a 1,79 milhões. O recorde na maior travessia sobre o mar do mundo foi registado no domingo, coincidindo com o Grande Prémio, dia em que foram contabilizados 103 mil passageiros. Nove em cada dez veículos que cruzaram a ponte são ligeiros, entre os quais figuram os ‘shuttle’ que representaram quase metade do total. A Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, com uma extensão total de 55 quilómetros, foi oficialmente inaugurada a 23 de Outubro e entrou em funcionamento no dia seguinte, ou seja, nove anos depois do lançamento da primeira pedra e mais de três décadas após ter sido idealizada. De acordo com estimativas oficiais avançadas antes da abertura da Ponte do Delta, o volume diário de tráfego deve atingir os 29.100 veículos em 2030 e 42.000 em 2037, enquanto o volume diário de passageiros pode vir a rondar os 126.000 e os 175.000, respectivamente. Desvio de turistas Apesar dos números, o deputado Si Ka Lon considera que a alternativa da ponte para atravessar a fronteira com Zhuhai não se reflecte numa redução visível do número de pessoas que continua a optar pelo posto fronteiriço das Portas do Cerco. Em comunicado, o deputado considera que devem ser tomadas medidas para motivar os turistas a utilizar a Ponte HKZM. Si Ka Lon sugere que os Governos de Zhuhai e de Macau coordenem políticas com o sector de turismo no sentido de orientar os visitantes para a travessia da Ponte HKZM e, desta forma, afastar os turistas do posto fronteiriço das Portas do cerco. Paralelamente o deputado solicita ao Governo o aumento o número de transportes públicos que façam a ligação entre várias zonas do território a outros postos fronteiriços que não as Portas do Cerco, de modo a dar outras opções aos turistas que visitam Macau.
Victor Ng SociedadeSaúde | Estudo da MUST diz que Macau se encontra bem posicionado a nível mundial Os indicadores de saúde de Macau encontram-se num nível elevado comparativamente a outros países do mundo. É o que diz um estudo levado a cabo pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês) apresentado ontem [dropcap]A[/dropcap] esperança média de vida dos residentes é de 84,6 anos, a quarta maior a nível mundial. Um número que figura como exemplo paradigmático de que Macau se encontra bem posicionado a nível mundial no plano dos principais indicadores de saúde, mas não é o único. É o que diz um estudo conduzido pela MUST, divulgado ontem. Em conferência de imprensa, Zhang Jinghua, autora da investigação, destacou nomeadamente as baixas taxas de mortalidade do cancro ou das doenças cerebrovasculares e cardíacas, comparativamente a países como o Japão, Inglaterra ou Estados Unidos. Um feito que a académica atribui ao bom desempenho dos serviços de urgência e ao acompanhamento posterior, bem como à eficiência da prevenção. Relativamente ao tempo de espera por tratamento, o estudo comparou Macau com o Canadá que, apesar de haver ricos recursos na área da saúde, tem um desempenho inferior à RAEM no tocante à demora pelos serviços médicos especializados nas instituições públicas. Mais transparência no privado Zhang Jinghua observou, porém, que há pouca transparência relativamente aos dados no âmbito dos cuidados de saúde prestados por entidades privadas, algo que, a seu ver, pode afectar a confiança da população nos cuidados oferecidos. “Nos Estados Unidos, os hospitais privados são obrigados a divulgar dados para serem fiscalizados. Por isso, se no futuro o mercado for mais transparente, acredito que a qualidade dos serviços será melhor garantida”. Além disso, sinalizou Zhang Jinghu, a falta de transparência pode dificultar o processo de responsabilização em caso de disputa entre médicos e pacientes.
Diana do Mar SociedadeSaúde | Detectados 27 novos casos de VIH até Setembro [dropcap]M[/dropcap]acau sinalizou, nos primeiros nove meses do ano, 27 novos casos de VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana), indicam dados disponibilizados no portal dos Serviços de Saúde. A Comissão da Luta Contra a SIDA realizou ontem a segunda reunião plenária do ano, mas no comunicado divulgado a propósito apenas são referidos os casos relativos aos residentes (15). Já os casos declarados como SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) entre Janeiro e Setembro foram nove – todos relativos a residentes de Macau. O sexo masculino mantém-se como o mais afectado: 23 dos 27 novos casos de VIH e todos os nove que evoluíram para SIDA. A faixa etária mais atingida foi a compreendida entre os 20 e os 39 anos. Entre as infecções por VIH sinalizadas entre Janeiro e Setembro há registo de um homem com mais de 70 anos. A via de transmissão predominante continuou a ser a sexual – com 14 dos novos casos de VIH adquiridos por contacto homossexual, seis por heterossexual e dois por bissexual. Desconhece-se a via de transmissão nos restantes cinco. Relativamente à forma como foram detectados, os dados disponíveis no ‘site’ dos Serviços de Saúde indicam que a maioria foi revelada por entidades médicas (18). Sete casos foram descobertos após a realização voluntária de exames, enquanto um no Centro de Prevenção e Tratamento de Tuberculose e no Estabelecimento Prisional. No cômputo do ano passado foram sinalizados 33 casos de VIH e nove de SIDA. Segundo o comunicado a respeito da reunião da Comissão de Luta Contra a SIDA, a secretária-geral, Leong Iek Hou, anunciou que a rede de serviços de testes rápidos de VIH gratuitos vai ser alargada, bem como uma maior promoção do sexo seguro junto das diversas comunidades, designadamente através da introdução de preservativos nos quiosques automáticos.
Andreia Sofia Silva SociedadeIACM | Urso Bobo vai mesmo ser embalsamado, apesar das críticas de Sulu Sou [dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou levou ontem a plenário a questão da morte do urso Bobo, que vivia no jardim da Flora e que faleceu esta semana com 35 anos de idade. Sulu Sou questionou a decisão das autoridades de proceder ao embalsamento do animal, tendo mostrado à secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, um cartaz que tem circulado nas redes sociais. “Depois da questão das más condições dos galgos no Canídromo, as pessoas estão contra o embalsamento do urso”, apontou. Contudo, esta acção vai mesmo avançar, revelou José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). “Nas regiões vizinhas os animais são embalsamados, e esperamos que a história se possa manter. Isto também ajuda a uma maior consciência por parte da população sobre a importância da preservação dos animais, espero que possam compreender”, frisou.
João Santos Filipe SociedadeBiblioteca Central | Instituto Cultural vai “avaliar” o projecto vencedor do arquitecto Carlos Marreiros Após as dúvidas sobre o plágio, a resposta. O arquitecto enviou ontem uma carta a pedido do IC a explicar o seu projecto e a negar ter copiado o Auditório da Cidade de León [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) pediu explicações ao arquitecto Carlos Marreiros sobre o projecto da Biblioteca Central no Antigo Tribunal, devido às questões levantadas nas redes sociais de que poderia ter havido plágio do Auditório da Cidade de León. A situação foi revelada, ontem, pela presidente do Instituto Cultural Mok Ian Ian, que defendeu igualmente o resultado do concurso público. “Estamos a estudar este caso e contactámos de imediato a empresa que ganhou o concurso público. Mas no Instituto Cultural fizemos sempre uma apreciação de forma justa, imparcial e transparente”, afirmou Mok. A responsável pelo IC explicou também que ficou a conhecer o caso pelas redes sociais, na manhã de ontem: “Como sabem as redes sociais divulgam as informações de uma forma muita rápida. Tivemos conhecimento por esse meio e logo que ficámos a saber deste caso contactámos com a empresa adjudicada”, acrescentou. Este foi um pedido a que o atelier de arquitectura Marreiros Arquitectos e Associados respondeu ainda ontem, como explicou Carlos Marreiros. O arquitectou marcou igualmente uma conferência de imprensa para voltar a negar as acusações, como tinha feito em declarações ao HM. “O IC não me disse nada porque ainda é cedo [para estudarem a nossa resposta]. Mas está tudo em condições para se prosseguir com os trabalhos, e termos a adjudicação para fazer o projecto, no prazo dos 268 dias”, afirmou Marreiros. Durante uma hora o arquitecto esteve em conversa com os jornalistas a explicar todo o seu projecto e a justificar algumas das escolhas durante a concepção. “Sou uma pessoa que gosta de agarrar o boi de frente”, começou por justificar na sessão de clarificações. “Como se trata do concurso público da Biblioteca Central, apressei-me a esclarecer a opinião pública. Se fosse uma coisa privada não estava muito preocupado, mas tratando-se de uma obra com a importância que tem e de estar a ser paga com o Erário Público, as pessoas merecem ser informadas rapidamente”, sublinhou. O atelier de Carlos Marreiros foi um dos nove que apresentaram propostas para o projecto da Biblioteca Central e o trabalho acabou adjudicado por um valor de 18,68 milhões de patacas, que serão pagos pelo Governo. Línguas semelhantes Ainda ao longo da explicação técnica, Carlos Marreiros afirmou que as linhas das janelas do seu projecto recorrem à arquitectura militar, um estilo que já havia utilizado anteriormente no Quartel de São Francisco, e que a separação entre as janelas não é feita de forma recta, como na obra dos arquitectos espanhóis Emilio Tuñón Álvarez e Luís Moreno Mansilla. O macaense mostrou depois imagens do interior Capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp (França), do arquitecto Le Corbusier, onde foi buscar inspiração para o projecto que foi a concurso. “É uma peça muito bonita e é das coisas que nós arquitectos temos sempre em mente. E eu, particularmente, porque o Corbusier, além de ser arquitecto, engenheiro e urbanista, era pintor, poeta, escritor. Ele tinha uma mundividência que eu admiro muito”, revelou. Foi também através da literatura que Carlos Marreiros explicou eventuais semelhanças entre o seu projecto com o dos arquitectos espanhóis: “A linguagem vocabular da arquitectura como uma forma de expressão é como uma língua, tem as suas regras, as suas construções frásicas, o seu vocabulário próprio […] E se há algumas construções frásicas que possam ter alguma sugestão de similitude, é um caso que às vezes acontece em todo o mundo, no movimento moderno e na arquitectura contemporânea”, apontou. O arquitecto defendeu igualmente que os dois projectos não podem ser comparados só através da fachada principal: “Não se pode concluir que há cópia, plágio, simplesmente porque uma parte do discurso arquitectónico, do edifício, é relevado para se comparar com outra parte de outro edifício. É preciso, em arquitectura, ter uma análise global de todos os aspectos”, frisou. Desconhecimento do auditório Por outro lado, o arquitecto confessou que desconhecia o projecto do Auditório da Cidade de León, tal como os arquitectos. Marreiros explicou que só foi alertado para o trabalho em causa, após ter sido contactado, na quarta-feira à noite, pelo HM. “Não conhecia os dois arquitectos em causa e a obra deles, de que até gostei. E muito menos conhecia este auditório de León. Por isso, nunca poderia ser uma inspiração e muito menos uma cópia ou plágio. Nem sequer conhecia o edifício”, revelou. Ainda por último, Marreiros questionou o que tinha a ganhar em plagiar num concurso com um grande escrutínio, uma vez que está para ser construído desde 2007. “Não faz sentido pensar-se que ia plagiar num concurso público com tanta exposição, mais a mais a Biblioteca Central, que há 10 se arrasta como um pesado fardo…”, frisou. “Comecei a projectar e a construir, quando ainda estava a estudar em Lisboa. O que é que eu ganhava se começasse a plagiar aos 61 anos?”, perguntou. Inspirações semelhantes Após ter sido revelado o caso, o arquitecto Jonathan Wong comentou a título pessoal os dois projectos. Apesar de ser presidente da Associação dos Arquitectos, Wong fez questão de sublinhar que só comentava o caso a nível pessoal. “Penso que ambos os projectos, do arquitecto Marreiros e dos arquitectos de León, tiveram como inspiração o mesmo autor, o arquitecto Le Corbusier e a Capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp”, começou por dizer, ao HM. “Também penso que nestes casos não existe uma forma padrão para avaliar se um edifício é uma cópia ou uma inspiração directa de outro projecto”, acrescentou. Wong admite igualmente que há semelhanças: “Talvez possa existir a percepção, quando se olha para o projecto da Biblioteca Central, que já tinha sido visto em algum lado. Até porque quando olhamos para um edifício falamos na cor e na forma. Aqui a cor é a mesma, o branco, e a forma também é semelhante, basicamente é um rectângulo horizontal”, considerou. Em relação ao procedimentos que o IC pode adoptar, no caso de considerar que poderá haver um cópia, Jonathan Wong defende que há pouca margem de manobra. “A única forma que pode alterar os resultados do concurso é a existência de um problema técnico, que não esteja contemplado. Mas à partida parece que não há problemas neste sentido”, indicou. Proposta autêntica O presidente da Associação dos Arquitectos revelou ainda que não recebeu qualquer queixa por parte dos diferentes associados, face às denúncias online. O HM ouviu ainda a opinião do arquitecto Rui Leão, um dos interessados no concurso, que não quis responder se estava a equacionar impugnar o concurso ou apresentar qualquer tipo de queixas junto do IC. Porém, apontou que o projecto que apresentou era “autêntico”. “A única coisa que posso dizer é que fizemos uma proposta que tem um desenho autêntico, não é copiado de lado nenhum. Dá muito trabalho ter ideias de raiz, e o nosso projecto, do meu ponto de vista, é muito mais interessante e bonito do que o vencedor. É a única coisa que tenho a dizer”, disse Rui Leão, ao HM. A proposta que Rui Leão apresentou, com o nome LBA, Arquitecto e Planeamento, tinha um valor de 16,13 milhões de patacas e um prazo de execução de 250 dias. A proposta de Carlos Marreiros tem um valor de 18,68 milhões de patacas e um prazo de 268 dias.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePolytex | Sentença do caso contra jornal Sou Pou conhecida a 17 de Dezembro O desfecho do caso em que a Polytex acusa um jornalista e o director do jornal Sou Pou de difamação será conhecido no próximo mês. Ministério Público não encontrou indícios de crime; antiga concessionária do terreno do Pearl Horizon pede dois milhões de patacas de indemnização [dropcap]E[/dropcap]sta manhã decorreu no Tribunal Judicial de Base (TJB) a leitura das alegações finais do caso em que a Polytex acusa o jornal Sou Pou de difamação, devido à publicação de oito artigos de opinião da autoria do jornalista Lei Kong sobre o caso Pearl Horizon. A Polytex exige uma indemnização de dois milhões de patacas por difamação, enquanto que o Ministério Público não detectou indícios de crime. Lei Kong admitiu em tribunal “ter medo” de escrever opinião e disse que os artigos de opinião tinham apenas como objectivo “o interesse público” e que estavam a ser cumpridas “as responsabilidades enquanto jornal”. O jornalista destacou a importância que este caso inédito tem para o panorama da comunicação social em Macau e para a questão da manutenção da liberdade de imprensa. “Admito que possa ter errado mas se isso constitui esse crime que me é imputado…se eu for condenado será uma notícia bombástica para Macau e essa é a minha preocupação.” Leonel Alves, advogado da Polytex, acusou Lei Kong de ter escrito artigos de opinião que transmitiram “mensagens erradas para a opinião pública”, cheios de “delírios”. Assumindo-se como um defensor da liberdade de expressão e de imprensa, o advogado recordou que há limites quando está em causa o bom nome de outrem. “O jornal tem o dever de informar correctamente e aí está o valor da informação”, assegurou. Paulo Ramalho, advogado de defesa dos arguidos, lembrou, entre muitos outros argumentos, que a credibilidade da Polytex já tinha sido posta em causa muito antes da publicação dos artigos de opinião no jornal Sou Pou. Além disso, acusou Leonel Alves de demonstrar uma “atitude de político” na sua intervenção. “Falou como um político e fez uma interpretação própria de um político que, como disse, tem as suas bases.” Leonel Alves, que foi deputado na Assembleia Legislativa (AL), e que votou no processo legislativo relativo à lei de terras, refutou esta acusação. “Trabalhei muitos anos na AL mas interferi sempre como jurista nos trabalhos legislativos, dando o meu contributo. Não trouxe inputs políticos para esta audiência”, frisou.
Hoje Macau SociedadeAlexis Tam visitou os feridos do Grande Prémio [dropcap]O[/dropcap] Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, deslocou-se ontem ao Centro Hospitalar Conde de São Januário para visitar os cinco feridos no 65.º Grande Prémio, incluindo a piloto alemã Sophia Floersch, que teve um acidente na curva do Lisboa. Segundo um comunicado oficial, Alexis Tam manifestou-se “muito satisfeito” pela recuperação, mas deu conta da “corrida contra o tempo” para formar de imediato um grupo médico para diagnóstico, exame e tratamento cirúrgico atempado que permitiu depois a realização com sucesso da cirurgia de fixação cervical com enxerto de osso ilíaco. Alexis Tam visitou também dois pilotos britânicos do GP de motos, bem como um comissário de pista local e um fotógrafo da China, que ficaram feridos no acidente, desejando rápidas melhoras a todos.
Diana do Mar SociedadeIndústrias culturais | Receitas de 7,08 mil milhões em 2017 [dropcap]A[/dropcap]s receitas geradas pelas indústrias culturais atingiram 7,08 mil milhões de patacas no ano passado, traduzindo um aumento anual de 4,8 por cento, indicam dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O valor acrescentado bruto (VAB), que reflecte o contributo económico, fixou-se em 2,38 mil milhões de patacas (+6,9 por cento), representando 0,6 por cento do VAB de todos os ramos de actividade económica em 2017. Macau contava, no ano passado, com 2.088 organismos nas indústrias culturais – mais 175 – abrangendo as áreas de design criativo, exposições e espectáculos, colecção de obras artísticas e ‘media’ digital. Ao serviço das indústrias culturais estavam 11.702 funcionários, ou seja, mais 6,4 por cento em termos anuais, de acordo com a DSEC.
Diana do Mar SociedadeFinanças públicas | Receitas até Outubro ultrapassam o previsto para todo o ano [dropcap]A[/dropcap] Administração fechou os primeiros dez meses do ano com receitas de 109.541 milhões de patacas, mais 15,1 por cento em termos anuais homólogos, ultrapassando o orçamentado para todo o ano (105.287 milhões), indicam dados provisórios divulgados ontem no portal da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF). Os impostos directos sobre o jogo – 35 por cento sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 88.150 milhões de patacas, reflectindo uma subida anual de 15,6 por cento e uma execução de 107 por cento relativamente ao orçamento autorizado para 2018. A importância do jogo encontra-se patente no peso que detém no orçamento: 80,4 por cento nas receitas totais, 81,7 por cento nas correntes e 92,8 por cento nas derivadas de impostos directos. Já as despesas cifraram-se em 59.875 milhões de patacas até Outubro. Cumpridas em 60,9 por cento, aumentaram 7,5 por cento face ao período homólogo do ano passado. Neste capítulo, destacam-se os gastos ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) que alcançaram 10.250 milhões de patacas, valor que reflecte um aumento de 20,1 por cento. A taxa de execução correspondeu, por seu turno, a 48,5 por cento. Entre receitas e despesas, a Administração acumulou nos primeiros dez meses do ano um saldo positivo de 49.665 milhões de patacas, mais 25,8 por cento face a igual período de 2017. No entanto, a almofada financeira excede largamente o orçamentado para todo o ano (6,9 mil milhões de patacas), com a taxa de execução a corresponder a 717,4 por cento.
João Luz SociedadeDSPA | Reunião desilude activistas contra o uso do plástico O director dos Serviços de Protecção Ambiental encontrou-se com Agnes Lam e activistas ambientais para encontrar soluções para o abuso do plástico. A reunião desiludiu Annie Lao, responsável por uma petição que pediu respostas ao Executivo para o uso excessivo de plástico [dropcap]“O[/dropcap] director apenas nos prometeu que iriam fazer algo em conjunto com os supermercados, como premiar a superfície comercial mais amiga do ambiente”, conta Annie Lao, activista ambiental depois de uma reunião com Raymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). Annie Lao saiu desiludida do encontro porque, no seu entender, a posição das autoridades “limita-se a recompensar as pessoas por fazerem o que está certo, quando seria muito mais importante e eficaz impor regulações restritivas” para limitar o abuso do plástico. A activista considera que os índices de poluição em Macau estão no limite, e que apenas medidas restritivas podem parar o uso excessivo do plástico descartável, “algo que o Governo, nesta altura, não considera uma prioridade”. Em comunicado, Raymond Tam afirmou concordar com as opiniões sobre os trabalhos “para a redução de plástico apresentadas pelos participantes na reunião”. O director da DSPA referiu ainda que “o Governo tem o mesmo objectivo que a sociedade, para além de aprofundar os trabalhos legislativos e efectuar acções de sensibilização e educação”, espera que a sociedade possa, “por sua iniciativa”, praticar “actos amigos do ambiente no âmbito da redução de plástico”. Uma das medidas elencadas por Raymond Tam para combater os efeitos originados por este tipo de poluente foi a iniciativa “Reduzir o uso de sacos de plástico poderá dar prémios”, que contou com mais de 260 mil participantes. É o sexto ano consecutivo que se promove esta iniciativa, recebida com cepticismo pelos activistas ambientais. Além dos sacos Para Annie Lao, a forma de combater o uso excessivo de sacos e materiais de plástico implica uma actuação concertada com as superfícies comerciais, algo que vai muito além da atribuição de prémios pontuais. No relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2019 está inscrita a intenção de incentivar “a redução da utilização do plástico”. “Importaremos máquinas para a recolha de garrafas de plástico e pretendemos concluir, no próximo ano, o processo legislativo da ‘limitação do uso de sacos de plástico’. O resultado deverá surgir em forma de regulamento administrativo. Quanto à apresentação das LAG, a activista mostra-se “bastante desiludida com as medidas anunciadas para combater a poluição com plásticos”. Annie Lao é da opinião que o Governo deveria banir o uso de plástico descartável, que se usa só uma vez, e promover a utilização de materiais biodegradáveis. “O Governo tem dinheiro para o fazer, em vez disso limita-se a dar dinheiro aos residentes em vez de gastar com critério… é Macau”, conclui a activista ambiental.
Diana do Mar SociedadeInflação | Taxa fixou-se em 2,81 por cento em Outubro [dropcap]A[/dropcap] taxa de inflação em Macau foi de 2,81 por cento nos 12 meses terminados em Outubro, em relação a igual período do ano anterior, indicam dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou as maiores subidas nos índices de preços das secções do vestuário e calçado (+5,7 por cento), dos transportes (+5,1 por cento), da saúde (+4,7 por cento) e da educação (+4,4 por cento). Só em Outubro, o IPC geral cifrou-se em 3,35 por cento, traduzindo uma descida de 0,16 pontos percentuais em termos mensais.
Diana do Mar SociedadePIB cresceu 1,6 por cento no terceiro trimestre do ano [dropcap]A[/dropcap] economia de Macau cresceu 1,6 por cento, em termos reais, no terceiro trimestre, face a igual período do ano passado. O forte abrandamento do Produto Interno Bruto (PIB) ficou a dever-se à descida contínua do investimento em construção e à contracção significativa do aumento das exportações de serviços, indicou ontem a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). A procura externa recuou, com as exportações de serviços a aumentarem apenas 6,3 por cento em termos anuais, impulsionadas pelos aumentos de 5,8 por cento nas exportações de serviços do jogo e de 11,4 por cento noutros serviços turísticos, enquanto as de bens caíram 8,8 por cento. A procura interna também apresentou um comportamento frágil, com uma retracção homóloga acentuada (20,1 por cento) no investimento, pese embora subidas homólogas na despesa de consumo privado (4,1 por cento), na de consumo final do Governo (5,4 por cento) e nas importações de bens (2,9 por cento). O investimento do sector privado registou uma queda anual de 17,8 por cento, particularmente no ramo da construção devido à diminuição significativa das obras dos grandes empreendimentos. Desempenho idêntico teve o investimento do sector público que assinalou uma descida anual de 32,7 por cento, devido à descida significativa de 45,7 por cento em obras públicas, sobretudo devido à conclusão sucessiva dos projectos de infra-estruturas. O deflactor implícito do PIB, que mede a variação global de preços, registou um crescimento anual de 3,8 por cento. Nos três primeiros trimestres, a economia de Macau sofreu um aumento homólogo de 5,6 por cento, em termos reais, com o PIB a alcançar 320.868 milhões de patacas no final de Setembro. A taxa de crescimento económico do primeiro trimestre foi de 9,4 por cento, enquanto a do segundo correspondeu a 5,9 por cento, segundo dados revistos. Actualizada foi também a taxa de crescimento do PIB no ano passado de 9,1 para 9,7 por cento, informou a DSEC.
Diana do Mar SociedadeFronteiras | Lei sobre declaração de dinheiro só com uma infracção Desde a entrada em vigor, há um ano, da lei que obriga à declaração nas fronteiras do transporte de dinheiro no valor igual ou superior a 120.000 patacas foi detectada apenas uma infracção. Em causa um homem de Hong Kong que trouxe mais de três milhões em dinheiro vivo [dropcap]Q[/dropcap]uem entra em Macau transportando numerário ou instrumentos negociáveis ao portador, como cheques ou livranças, no valor igual ou superior a 120 mil patacas tem de o declarar sob pena de multa. Desde a entrada em vigor da lei em causa, a 1 de Novembro de 2017, foi detectada apenas uma infracção, indicaram os Serviços de Alfândega (SA) ao HM. O episódio em causa foi protagonizado por um residente de Hong Kong que entrou em Macau através do Terminal Marítimo do Porto Exterior com o equivalente a 3,1 milhões de patacas em dinheiro vivo. O homem, travado pelos verificadores alfandegários, foi multado em 30.200 patacas por não ter apresentado a devida declaração. Ao abrigo da lei, a prestação de informação incompleta, de declarações que não correspondam à verdade ou o não preenchimento da declaração constitui infracção administrativa punível com multa correspondente a 1 a 5 por cento do valor que exceda o montante de referência (120 mil patacas), mas nunca inferior a mil nem superior a meio milhão de patacas. Fraco resultado Esta lei, pensada para prevenir e combater as actividades de branqueamento de capitais e de financiamento do terrorismo, foi apresentada para responder a uma das 40 recomendações do Grupo de Acção Financeira (GAFI), emitidas em 2012 e actualizadas quatro anos depois. No Relatório de Avaliação Mútua de 2017, aprovado pelo Grupo Ásia/Pacífico contra o branqueamento de capitais, Macau obteve um resultado descrito como “excepcional” quer no domínio do cumprimento técnico em termos do quadro normativo vigente com os padrões internacionais, quer no domínio da eficácia na implementação das medidas de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
Sofia Margarida Mota SociedadeDeputados pedem fiscalização a estabelecimentos de ensino devido a casos de abuso sexual [dropcap]N[/dropcap]a sequência do recente caso de abusos sexuais alegadamente ocorridos num centro de explicações no Fai Chi Kei, deputados e dirigentes associativos apelam a uma maior fiscalização de todo o tipo de instituições de ensino locais, onde se incluem os centros de explicações. A intenção é prevenir a repetição de casos como o divulgado na passada terça-feira que envolve um professor e cinco alunos menores. Em declarações ao jornal Ou Mun, Lam Lon Wai confessou estar chocado com o comportamento do docente em causa. Como tal, o deputado sugere que os centros de explicações instalem câmaras de videovigilância de forma a garantir a segurança dos alunos. O legislador avança ainda para a necessidade de promover a educação sexual entre os mais novos, de modo a que possam estar alerta para este tipo de comportamentos que ponham em causa a sua integridade. Wong Kit Cheng também se manifestou relativamente ao recente caso de alegado abuso sexual de crianças. À mesma fonte, a deputada fez o alerta para o crescente número deste tipo de casos no território nos últimos meses. Para Wong é imperativo o reforço da fiscalização em todo o tipo de estabelecimentos de ensino de modo a garantir o profissionalismo dos docentes. Mais legislação Já a directora da comissão para os assuntos das mulheres dos Kaifong (União Geral das Associações dos Moradores de Macau), Che Mei Leng, apela à criação de um regime jurídico que previna com mais eficácia este tipo de crimes e proteja as crianças, segundo o Jornal Ou Mun. Por sua vez, Webster Ng, membro da Aliança de Povo de Instituição de Macau, exige que o Governo dê seguimento ao caso e disponibilize serviços de aconselhamento para reduzir os problemas de foro psicológico que podem ser causados por este tipo de abusos. Segundo o responsável, o abuso sexual de menores pode deixar nas vítimas consequências e traumas difíceis de ultrapassar pelo que é urgente a tomada de medidas para ajudar as vítimas.
Andreia Sofia Silva SociedadeFundação Oriente | A polémica e as três décadas de existência A Fundação Oriente nasceu há 30 anos como contrapartida de um contrato de jogo assinado com a STDM durante o Governo de Carlos Melancia. Esteve envolvida em polémica até ao final da transição e, para alguns analistas, deixou uma mancha nas relações entre Portugal, Macau e China, apesar do extenso trabalho cultural feito em Lisboa e nas delegações Com João Santos Filipe [dropcap]O[/dropcap] tema é ainda polémico e nem todos querem falar dele. Há quem tenha passado pela Fundação Oriente (FO) e tenha decidido encerrar para sempre esse capítulo. Criada oficialmente em 1988, a entidade surgiu durante o Governo de Carlos Melancia como contrapartida incluída num contrato de jogo assinado com a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM). No contrato assinado com a STDM, uma cláusula previa a criação de uma fundação que iria receber, até 2001, 1,6 por cento das receitas brutas obtidas pela concessionária, o que levantou dúvidas e uma chuva de críticas junto da comunidade chinesa e dos deputados da Assembleia Legislativa (AL). A FO arrancou com um fundo inicial de 212 milhões de patacas, montante ao qual acrescia uma contribuição de 100 milhões de patacas. Contudo, a FO deixou de estar ligada ao contrato de jogo da STDM no dia 1 de Janeiro de 1996, graças às negociações no âmbito do Grupo de Ligação Luso-Chinês. Como tal, a cláusula que daria 1,6 por cento das receitas à fundação foi suspensa. Este foi, portanto, um tema que se arrastou até à Administração de Vasco Rocha Vieira, último Governador português de Macau. Na sua biografia “A todos os portos a que cheguei”, lê-se que quando Rocha Vieira tomou posse, em 1991, “a polémica em torno da FO estava a crescer como uma bola de neve”. Isto porque “o grosso da opinião pública do território e as autoridades de Pequim contestavam a legitimidade de um contrato nos termos do qual uma entidade com sede em Lisboa era alimentada com recursos gerados em Macau”. O caso chegou a atingir as relações diplomáticas entre Portugal e China, como recorda o historiador Jorge Morbey ao HM. “Do que eu conheço, a FO constituiu um empecilho no relacionamento entre Portugal e China”, frisou. “Estava em Pequim quando Mário Soares, à data presidente da República, visitou a China, e a presença do presidente da FO na mesma comitiva criou problemas extremamente desagradáveis na preparação da visita. Os chineses não queriam, de maneira nenhuma, reconhecer a FO, e também a sua presença na delegação portuguesa.” Três décadas depois, Jorge Morbey considera que muita coisa ficou por fazer por parte da fundação. “Tendo em conta os estatutos da FO, temos é de perspectivar o bom e o mau que fez em Macau. Considero que o que fez se revelou uma frustração, tendo em conta os pressupostos iniciais e fundacionais e a realidade”, frisou. Para Morbey, o caso “pode estar esquecido, mas não deixa de ser desagradável”. Na biografia de Rocha Vieira, lê-se que, aos olhos de Pequim, a FO “não era uma instituição privada e o Governo de Macau deveria ter direito a fiscalização sobre a sua actividade”. O último Governador de Macau tentou “gerir o melhor possível a situação, não só para evitar que ela contamine a acção governativa mas também para ajudar a encontrar uma saída para o diferendo, através de um compromisso com a China”. Cartas de Ng Kuok Cheong Mesmo com a tentativa de evitar um descalabro político, a polémica chegou à AL, tendo sido analisado pela Comissão de Administração e Finanças Públicas, à época presidida pelo advogado e deputado Rui Afonso, já falecido. Os deputados questionavam a ausência de uma comissão instaladora da FO. A criação desta entidade originou “um crescente azedume na sociedade macaense”, além de que a comunidade chinesa “forçou a entrada dessa questão na agenda diplomática das relações entre Lisboa e Pequim”, que culminou com a decisão da saída do Grupo de Ligação Luso-Chinês, já nos anos 90. Quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, o deputado Ng Kuok Cheong chegou a entregar-lhe uma carta, apoiada por “nove associações macaenses”, questionando as razões para a criação da FO, mas, segundo adiantou ao HM, nunca recebeu qualquer resposta. O episódio também é relatado no livro de Rocha Vieira. “Questionei o facto do Governo de Macau atribuir uma grande quantidade de dinheiro a uma fundação portuguesa, e se isso se justificava. De acordo com a lei, os ganhos do Governo [com o jogo] deveriam ficar em Macau. O Governo nunca me respondeu de forma oficial, e mais tarde fui informado de que os fundos tinham deixado de ser enviados para Portugal devido à atenção pública sobre o caso.” FO e Xi Jinping O aniversário da FO coincide com a primeira visita do presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal. Além disso, este ano celebrou-se o primeiro protocolo entre a FO e o Instituto Cultural. Para o analista político Arnaldo Gonçalves este é um sinal da aproximação de relações tardias. “Quase 20 anos depois, celebrou-se este acordo e isso está ligado à visita do presidente Xi Jinping. Há hipóteses dele visitar a FO. Seria desagradável o presidente da China visitar uma fundação que é uma exaltação da cultura chinesa e o Governo da RAEM e as suas instituições estarem divorciadas da FO.” Arnaldo Gonçalves destaca o conteúdo rico do Museu do Oriente e acredita que o “papel da FO tem sido desvalorizado”. “Lamento isso. Independentemente do que aconteceu no passado, parece um espírito curto e é uma pena que não haja um desenvolvimento. É um bocado desapropriado esse distanciamento”, concluiu. O aniversário da FO tem sido celebrado com diversas actividades no Museu do Oriente, em Lisboa. Em Macau, os trinta anos da fundação celebram-se esta sexta-feira com a realização de um concerto, “Concordis”, na Casa Garden.
Hoje Macau SociedadeGrande Prémio | Quatro detidos por venda de bilhetes falsos [dropcap]A[/dropcap] Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve quatro indivíduos do continente durante a realização do Grande Prémio por suspeita de falsificação de carimbos de acesso ao evento. Os detidos cobravam 500 patacas por cada carimbo e foram levados ao Ministério Público (MP) por suspeita da prática de burla e de falsificação de notação técnica. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a PSP recebeu a denúncia da companhia responsável pelos serviços de segurança durante o evento. As autoridades acabaram por chegar a dois suspeitos que declararam estar a falsificar os carimbos de entrada. Mais tarde detiveram mais dois indivíduos na zona do ZAPE.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCarlos Marreiros nega ter copiado edifício no projecto da futura biblioteca [dropcap]O[/dropcap] arquitecto Carlos Marreiros nega ter copiado o Auditório da Cidade de León na elaboração do projecto da futura biblioteca de Macau, que vai ser construída no edifício do Antigo Tribunal. Ontem surgiram várias publicações em diferentes grupos de conversa nas redes sociais, nas línguas chinesa e portuguesa, a comparar os dois projectos e houve mesmo alguns utilizadores a avançar a possibilidade de plágio. Em declarações ao HM, o arquitecto negou haver qualquer cópia e admitiu não ter conhecimento do edifício que fica situado em Espanha. “Não sei que edifício é este. Eu posso ir investigar e mais tarde falar […] Uma coisa posso dizer para já: estou de consciência tranquila. Não imitámos edifício nenhum quando fizemos o projecto”, disse Carlos Marreiros. “Quem me conhece sabe que sou uma pessoa extremamente afirmativa, independente, criativa e original para não fazer uma coisa destas. Por amor de Deus!”, acrescentou. Em termos geométricos, na “composição do bloco de cima” da nova biblioteca, Carlos Marreiros foi buscar inspiração à Capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp (França), do arquitecto Le Corbusier. Uma obra que, explicou, se destaca por ter “uma parede muito espessa, com muitas janelas, com muitos buracos e os vãos com aquelas inclinações”. O Auditório da Cidade de León foi inaugurado em 2002 e teve como arquitectos os espanhóis Luís Moreno Mansilla, já falecido, e Emilio Tuñon Álvarez. Em 2003 foi galardoado com o Prémio de Arquitectura Espanhola e foi finalista do Prémio Mies van der Rohe de Arquitectura Contemporânea da União Europeia. Este último foi um prémio que Siza Vieira conquistou em 1988, com a sede do Banco Borges e Irmão, em Rio Ave. O ateliê do arquitecto Carlos Marreiros foi o escolhido para desenhar a nova biblioteca central de Macau, que vai ocupar o edifício do Antigo Tribunal (na Avenida da Praia Grande) e a ex-sede da Polícia Judiciária (na Rua Central). Por este projecto, o arquitecto vai receber 18,68 milhões de patacas e terá um prazo de execução de sensivelmente nove meses. A futura biblioteca, de 11 andares e 45 metros de altura, vai ter capacidade para acolher até um milhão de livros, oferecendo 1.125 lugares sentados nos espaços dedicados à leitura. Estão também previstos espaços lúdicos, como um anfiteatro, sala de exposições e um café, com aproximadamente 800 lugares.
Diana do Mar SociedadeFormador suspeito de violação e coacção sexual de menores fica em prisão preventiva Educador suspeito de abuso sexual de cinco menores de idade num centro de explicações no Fai Chi Kei foi colocado em prisão preventiva [dropcap]E[/dropcap]ncontra-se em prisão preventiva o homem, de 35 anos, oriundo de Hong Kong, detido na segunda-feira pela Polícia Judiciária (PJ) pela suspeita de abuso sexual de cinco menores num centro de explicações, onde era formador. A informação foi divulgada ontem pelo Ministério Público (MP) através de um comunicado, um dia depois da divulgação do caso. A aplicação da mais grave medida de coacção foi proposta pelo MP e aceite pelo juiz de instrução criminal, atendendo à “natureza e a gravidade” do caso, ao “‘modus operandi’ dos crimes” e ao “impacto provocado sobre a ordem pública no âmbito da protecção dos direitos e interesses dos menores em Macau”. O indivíduo é suspeito da prática dos crimes de violação e coacção sexual, ambos na forma agravada, detalhou o MP. À luz do Código Penal, o crime de violação é punido com pena de prisão de 3 a 12 anos, enquanto no caso da coacção sexual a moldura penal vai de 2 a 8 anos. No entanto, uma vez tratando-se de vítima menor de 16 anos, ambas as penas previstas são agravadas de um terço nos seus limites mínimo e máximo. Outros casos O caso – tornado público na terça-feira – foi reportado no domingo por uma das alegadas vítimas. Segundo a PJ, o rapaz de 14 anos que fez a participação afirmou que o formador o obrigou a fazer sexo oral, por seis vezes desde Outubro, sob a ameaça de que revelaria aos seus pais que tinha uma namorada. Na sequência da investigação, a PJ chegou a outros quatro menores – todos do sexo masculino – que terão sido igualmente forçados a práticas como sexo oral e masturbação. De acordo com a PJ, o explicador tê-los-á intimidado, dizendo que contaria aos seus progenitores que não estavam atentos nas aulas ou que os seus resultados académicos eram fracos. Os alegados crimes ocorreram dentro do centro de explicações, localizado no Fai Chi Kei e com alvará desde 2015, cujas actividades foram entretanto suspensas. De acordo com a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), o tutor, que segundo a PJ começou a trabalhar no centro em 2016, não estava registado noutras instituições de ensino de Macau.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMemória | Urso Bobo morreu aos 35 anos e vai ser embalsamado Era para ter terminado no prato de um restaurante, mas quis o destino que fosse salvo e colocado no Jardim da Flora. Ao longo de mais de 30 anos, o urso Bobo foi uma das principais atracções dos passeios de domingo para várias gerações. Mas ontem, com 35 anos, foi declarado morto devido à degradação da sua saúde [dropcap]O[/dropcap] urso Bobo morreu ontem de manhã, depois de quase 35 anos a viver no Jardim da Flora, onde era a principal atracção para as crianças. Na segunda-feira à noite o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já tinha emitido um comunicado a alertar para a degradação de saúde do animal, que já mal conseguia comer, e ontem confirmou a sua morte, que ocorreu por volta das 11h00. “O nosso urso-asiático Bobo morreu esta manhã [ontem] às 11h00 e tal. O urso-asiático normalmente vive 30 anos, mas o nosso morreu com 35”, disse Isabel Jorge, administradora do Conselho de Administração do IACM. “Nos últimos dias a situação de saúde dele piorou e ficou mais fraco. Os nossos tratadores e veterinários acompanharam de perto a situação, mas esta manhã faleceu”, acrescentou. Em cima da mesa está agora a possibilidade de Bobo ser embalsamado, numa medida para sublinhar a importância das espécies em vias de extinção. O urso-preto asiático é uma espécie considerada vulnerável, a categoria menos grave das espécies ameaçadas. “Queremos continuar com o trabalho da protecção e conservação dos animais, e em princípio o corpo do nosso urso vai ser embalsamado. Depois vamos colocá-lo num jardim, mas ainda não sabemos qual”, explicou a responsável. Em relação ao Jardim da Flora, o espaço vai continuar a receber animais, mas de pequeno porte. Segundo Isabel Jorge entre as espécies consideradas para continuar a levar as crianças ao jardim está o porquinho-da-índia. Muito bem acolhido Foi em 1984, segundo os registos do IACM, que o urso Bobo foi salvo. Na altura, o ursinho tinha menos de um ano e estava numa pequena jaula, à porta de um restaurante, na Rua da Felicidade. Harald Bruening, director do jornal Macau Post Daily, deu o alerta às autoridades. “Nos meados dos anos 80, estava com um grupo de jornalistas, o ex-director do Va Kio, Chiu Iu Nang, e Adam Lee, que na altura era o correspondente no South China Morning Post. Estávamos a passar na Rua da Felicidade e a certa altura vimos uma concentração de pessoas à frente de um restaurante, porque estava ao pé da porta uma jaula muito pequena com um ursinho bebé”, recordou Bruening, ao HM. “Era uma atracção, mas todos sabíamos que o destino dele ia ser a cozinha. Por isso, e devido às condições em que estava a ser mantido, havia muita gente chocada”, relatou. Como o alemão domina a língua portuguesa, na altura Chiu e Adam pediram-lhe para falar com as forças de segurança locais. Foi o que Bruening fez, embora o que se seguiu não tivesse sido simples. Isto porque em 1984 não havia uma lei de protecção dos animais, e Bobo só pode ser apreendido devido ao facto do restaurante não ter licença para importar animais daquele género. “Falei com as forças de segurança, que me explicaram que não podiam fazer nada. Só que no mesmo dia prometeram-me que iam falar com o Leal Senado. Depois disso, não houve novidades nos dias seguintes, mas mais tarde o ursinho foi colocado no Jardim da Flora”, contou. “Se bem me recordo, o animal pode ser apreendido pelo IACM porque o restaurante não tinha licença de importação”, recordou. Foi também no Jardim da Flora que o pequeno urso ganhou o nome de Bobo. Era esta a forma de tratamento das crianças que o visitavam e que com o tempo foi adoptada. Jaula maior e companheira Com o passar dos anos, as condições para o urso Bobo melhoraram, principalmente em 2000. Além de um espaço maior, com um lago para nadar, o urso recebeu igualmente uma companheira vinda do Interior da China. O casal nunca procriou e a fêmea acabaria por morrer após alguns anos, devido a dificuldades em adaptar-se às condições do clima de Macau. Agora, com 35 anos, foi a vez do urso-negro asiático morrer, numa altura em que já muito raramente aparecia no exterior da sua jaula. A partir de hoje, o IACM vai manter uma zona junto à jaula de Bobo para que as pessoas façam as suas despedidas. Já ontem tinham sido instaladas flores brancas junto à estátua de Bobo. Após ter sido revelada a morte do urso, o HM ouviu alguns residentes que se encontravam no Jardim da Flora. “Quando era nova via sempre o Bobo, agora como tenho uma filha também costumava levá-la de vez em quando para o ver”, disse Cheang, funcionária, com cerca de 30 anos, de uma loja de roupa à entrada do jardim, ao HM. “Não posso dizer que tenha um sentimento muito especial em relação ao Bobo, mas claro que lamento a sua morte. Também acho que a população costumava visitá-lo, mas não se pode dizer que o apreciasse verdadeiramente”, acrescentou. Para Lei, moradora local com 50 anos, o urso Bobo está muito presente no imaginário de Macau. “É verdade que ele nos últimos tempos já não aparecia muito do lado de fora da jaula. Mas muita gente fazia questão de visitá-lo, quando passavam no jardim. Acho que faz parte da memória das pessoas que vivem em Macau”, considerou. Opinião semelhante foi partilhada pelo jovem Wong, com cerca de 30 anos: “É uma notícia triste. O Bobo faz parte das memórias de infância das pessoas que cresceram em Macau. Ele acompanhou o crescimento de várias gerações e eu não fui excepção”, contou, ao HM. “Quando era pequeno vinha sempre aqui para visitá-lo e por isso hoje sinto-me triste com esta notícia”, finalizou.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Despesa fora dos casinos subiu 15,2 por cento [dropcap]E[/dropcap]xcluindo o dinheiro gasto em casinos, os visitantes que escolheram Macau como destino entre Julho e Setembro gastaram 18,35 mil milhões de patacas, um aumento de 15,2 por cento em termos anuais homólogos, segundo dados divulgados pelos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). A par do aumento global verificou-se também uma subida de 5,9 por cento dos gastos ‘per capita’ para 2.039 patacas. Os visitantes procedentes da China foram os que mais abriram os cordões à bolsa, com a despesa ‘per capita’ a corresponder a 2.306 patacas – mais 5 por cento comparativamente ao terceiro trimestre do ano passado. Entre os gastos dos visitantes, excluindo em jogo, predominaram as compras (50,3 por cento), seguindo-se o alojamento (24,2 por cento) e alimentação (18,2 por cento).
Hoje Macau SociedadeFoshan | Banco Luso Internacional abre sucursal [dropcap]O[/dropcap] Banco Luso Internacional abriu esta segunda-feira uma nova sucursal em Foshan, na província de Guangdong, noticiou ontem o jornal Ou Mun. De acordo com o diário de língua chinesa, a nova sucursal vai prestar serviços financeiros como a concessão de empréstimos transfronteiriços e gestão de activos de clientes não apenas de Foshan mas também de Hong Kong e Macau. O director-geral da sucursal, Guo Yiming, referiu que o banco planeia, dentro de três a cinco anos, marcar presença nas cidades principais que constituem o projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e na faixa económica do rio Yangtze, para estender a sua rede de serviços.