Desemprego | Procura de subsídio cai em 2021 mas triplica em 2020

O desemprego está a abrandar, mas a pandemia levou à corrida ao subsídio do Fundo de Segurança Social em 2020, altura em que o valor dos apoios mais do que triplicou, passando de 14,43 milhões de patacas para 52,31 milhões 

A situação do desemprego tem melhorado ao longo deste ano com uma quebra de 3,6 por cento no número de indivíduos a receber o subsídio. Os dados foram apresentados na segunda-feira por Iong Kong Io, presidente do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social, ao canal chinês da Rádio Macau, e citados pelo jornal Cheng Pou.

De acordo com Iong, nos primeiros dez meses do ano houve um total de 3.813 pessoas a receberem subsídio de desemprego, no que representou um valor de 36,88 milhões de patacas. O número de pessoas a recorrer a este apoio social demonstra uma redução de 143 indivíduos face aos 3.956 apoiados nos primeiros três meses do ano passado. Os dados anunciados por Ieong mostram assim uma quebra de 3,6 por cento. 

Em relação às despesas com o subsídio, no final de Outubro do ano passado, estas cifravam-se em 43,24 milhões de patacas, o que significa uma redução de 15 por cento. “Os dados mostram-nos que em comparação com o ano passado a situação do desemprego abrandou”, afirmou o presidente do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social.

Ainda de acordo com o dirigente, desde o ano passado foram adoptados procedimentos para que os pedidos sejam aprovados o mais rapidamente possível. Ao mesmo tempo, em vez de se pagar o subsídio uma vez por mês, o valor permaneceu o mesmo, mas é pago em duas tranches, a cada 15 dias, de forma a “facilitar o pagamento”, foi explicado.

Crise económica

Os dados do FSS mostram também um agravar das condições de vida da população com o primeiro ano da pandemia, e as restrições de circulação, que atingiram gravemente a indústria do turismo. 

Em 2019, o último ano sem pandemia, o número de requerentes do subsídio de desemprego foi de 3.511, porém, no ano passado subiu para 12.141. Nem todos, entre os 12.141 requerentes, terão tido os pedidos aprovados, mas o montante anual gasto com este subsídio cresceu de 14,43 milhões de patacas para 52,31 milhões de patacas, ou seja, mais do que triplicou.

Nos termos das leis em vigor, o subsídio de desemprego equivale a uma prestação diária de 150 patacas. Cada residente pode, por ano, receber 90 dias de subsídio, o que equivale a um limite máximo de 13.500 patacas por ano. O subsídio é pago a cada 15 dias, ou seja, 2.250 patacas de cada vez.

Caso um residente receba as 13.500 patacas, tem de voltar a esperar um ano até poder a voltar a receber um valor semelhante.

13 Nov 2021

Código de saúde com função de rastreamento lançado este mês

O director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long revelou ontem que até ao final de Novembro, será lançada uma versão experimental do código de saúde com a funcionalidade de rastreamento de itinerários incluída.

Segundo o responsável, o rastreamento será feito voluntariamente através da leitura de códigos QR instalados à entrada de estabelecimentos e espaços públicos, fazendo com que esses locais, e respectiva hora de acesso, fiquem registados, apenas, nos telemóveis dos utilizadores.

Durante a fase experimental, a função de rastreamento será aplicada exclusivamente em instituições públicas afectas aos Serviços de Saúde, prevendo-se que seja alargada posteriormente a mais espaços “consoante as opiniões dos utilizadores” e as melhorias que venham a ser implementadas.

À margem do programa “Fórum Macau” do canal chinês da TDM-Rádio Macau, o director dos Serviços de Saúde revelou ainda que, até à manhã de ontem, 292 pessoas tinham sido inoculadas com a terceira dose da vacina contra a covid-19.

Destas, apontou o responsável, 224 optaram por receber a dose de reforço com o mesmo fármaco, ao passo que 68 escolheram mudar de vacina, acabando por cruzar doses da BioNTech e da Sinopharm.

Firmes e constantes

Citado pela TDM-Rádio Macau, Alvis Lo recordou que os Serviços de Saúde recomendam que a população opte por tomar uma terceira dose igual à vacina administradas anteriormente. “Recomendamos que as pessoas devem ser vacinadas com o mesmo tipo de vacinas”, disse.

Questionado sobre a decisão de Singapura de obrigar não vacinados a pagar pelo tratamento médico caso acabem infectados com covid-19, Alvis Lo afirmou estar atento às medidas que estão a ser tomadas um pouco por todo o mundo, mas apontou que em Macau a lei dita que a população tem o direito de ser tratada.

“Estamos atentos às medidas que estão a ser tomadas em todo o mundo. E na perspectiva de todo o mundo a maneira mais eficaz [de prevenir a doença] é a vacinação. Mas em Macau, de acordo com as leis vigentes, as pessoas que são infectadas com doenças transmissíveis têm o direito de ser tratadas. Por isso só podemos cumprir a lei”, referiu Alvis Lo de acordo com a mesma fonte.

 

11 Nov 2021

Grande Prémio | 133 pilotos participam na edição deste ano

Ao todo, a 68.ª edição do Grande Prémio de Macau vai receber 133 pilotos, que vão estar obrigados a fazer testes à covid-19 a cada 48 horas. O evento, que acontece de 19 a 21 de Novembro, vai afectar o trânsito, levar à alteração de cerca de 50 carreiras de autocarros e mobilizar 400 agentes. A organização apela à população para andar a pé

A organização do Grande Prémio de Macau revelou ontem que serão 133 os pilotos a participar na 68.ª edição do evento, denotando um aumento em relação aos 119 que marcaram presença no ano passado. De acordo com Pun Weng Kun, Coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, os pilotos estão “a pouco e pouco” a chegar a Macau apesar dos recentes surtos de covid-19 registados no Interior da China e, durante a competição, serão submetidos a testes de ácido nucleico a cada 48 horas.

“A situação da pandemia no Interior da China tem vindo a recuperar gradualmente a estabilidade e, até agora, todos os pilotos estão habilitados a vir competir a Macau”, assegurou ontem o responsável durante uma conferência de imprensa dedicada às medidas de tráfego a aplicar devido ao Grande Pémio.

De referir ainda que, durante a conferência de imprensa, a lista de pilotos participantes não era ainda conhecida. No entanto, poucas horas depois, as listas provisórias dos pilotos inscritos nas seis corridas previstas foram divulgadas online, após a questão ter sido lançada pelos jornalistas.

Relativamente às alterações de trânsito, foi dito que entre os dias 19 e 21 de Novembro haverá, como habitualmente, cortes em várias artérias e alterações em dezenas de carreiras de autocarros.

Ao todo, serão cerca de 50 as carreiras afectadas, havendo mudanças nos respectivos percursos. Por seu turno, a carreira H2, ficará suspensa durante esses dias. Também, como de costume, serão criados os percursos especiais 12T, entre o Terminal Marítimo do Porto Exterior e a Praça Ferreira Amaral, e 31T, entre o Terminal Marítimo do Porto Exterior e a Paragem Provisória do Fórum Macau.

Por fazerem parte do circuito, a Avenida de Amizade, Avenida Venceslau Morais, Ramal dos Mouros e Rua dos Pescadores serão cortadas ao trânsito durante a realização das provas.

Antes disso, entre os dias 16 e 18 de Novembro, devido à instalação de 159 barreiras metálicas, haverá constrangimentos em alguns locais da cidade, como na Estrada de Cacilhas, Estrada D. Maria II, Avenida da Amizade e na Rua dos Pescadores.

Patrulha reforçada

Para garantir o bom desenrolar das operações na via pública, serão destacados mais de 400 agentes para os pontos onde se prevê que haja maior pressão na circulação de trânsito, nomeadamente na zona norte e centro da cidade. Dos três dias de competição, o primeiro, por ser sexta-feira é aquele onde se prevêem maiores constrangimentos.

“As vias rodoviárias vão ficar sobrecarregadas sobretudo na sexta-feira [dia 19 de Novembro]”, começou por dizer Lo Seng Chi, subdirector da Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).

“Apelo aos cidadãos para prestarem atenção aos arranjos de trânsito e, se possível, que andem a pé para chegar aos seus destinos. Esperamos que os estudantes saiam de casa mais cedo e que as empresas sejam flexíveis com os horários”, apontou.

A organização revelou ainda que, no ano passado, foram registados 2.000 casos de estacionamento ilegal e foi necessário rebocar 13 veículos durante os três dias de competição.

11 Nov 2021

Jogo | Lawrence Ho conservador face à reabertura do território

A operadora Melco está preparada para que o levantamento das restrições de circulação com o Interior demore quase um ano, devido à política de zero casos de covid-19. Resultados da empresa agravaram-se no último trimestre

A concessionária Melco está cautelosa face à reabertura das fronteiras e à recuperação do sector do jogo no próximo ano. Segundo Lawrence Ho, as condicionantes da política de zero casos de covid-19, as restrições de circulação, assim como os eventos de cariz político no Interior e em Hong Kong vão continuar a ter impacto no território.

As explicações foram avançadas após a apresentação dos resultados financeiros, e o empresário revelou acreditar que a reabertura da circulação sem restrições para o Interior vai demorar entre seis e 12 meses, devido às medidas pandémicas adoptadas.

“Acho que neste momento quase metade das províncias da China tem casos ou casos de contacto próximos. Isso afecta as viagens e vamos ter uma abordagem conservadora [nas previsões sobre o levantamento de restrições de circulação]”, justificou o empresário. “O próximo ano é igualmente muito importante para a China, devido à organização dos Jogos Olímpicos, à Eleição do Chefe do Executivo de Hong Kong, celebração do 25.º aniversário da transição de Hong Kong e à realização do Congresso do Partido Comunista, onde o Presidente Xi vai procurar assegurar um terceiro mandato”, explicou. “Estas são todas razões para sermos super conservadores em termos da abertura”, acrescentou.

Apesar dos desafios, o filho de Stanley Ho garantiu que a empresa “está preparada para o pior”.

Prosperidade comum

Quanto à política de prosperidade comum, anunciada por Xi Jinping, e que tem sido encarada por alguns analistas como negativa para a liberdade do mercado, Lawrence Ho desvalorizou a questão. “A política [de prosperidade comum] tem como objectivo enriquecer as pessoas com rendimentos mais baixos e ajudá-las a subir na vida. Por isso, não acho que vá ter qualquer impacto no nosso mercado de massas, que é o futuro de Macau. Também não vejo impacto no mercado premium de massas”, frisou. “No segmento VIP a situação é diferente, mas, de qualquer maneira, a história do jogo VIP está estruturalmente comprometida”, considerou.

Sobre a consulta pública da revisão da lei do jogo e a atribuição de novas concessões, o CEO da Melco disse que muitas das dúvidas foram esclarecidas durante as sessões da consulta pública e que a finalização da lei deve demorar “entre um a dois anos”.

De acordo com os resultados anunciados, a Melco Resorts and Entertainment registou perdas de 1,87 mil milhões de patacas, o equivalente a 233.2 milhões de dólares americanos. O valor é um agravar da situação da empresa face ao segundo trimestre, quanto as perdas tinham sido de 1,49 mil milhões de patacas.

11 Nov 2021

Património | IC admite alterar trânsito junto à Casa de Portugal

Após o edifício que alberga a Casa de Portugal ter ficado danificado devido a um acidente de viação, o IC admite estudar o controlo do tráfego na zona. Sobre o restauro agendado para Dezembro, António José de Freitas mostra-se feliz, congratula a “acção rápida” do IC, mas lamenta não ter sido notificado pelo organismo

O Instituto Cultural (IC) revelou que, na sequência do acidente de viação que danificou parte da fachada do edifício que alberga a Casa de Portugal, está a estudar medidas de controlo de tráfego na zona, em conjunto com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).

“Relativamente aos danos a edifícios patrimoniais provocados por uma condução negligente, o IC irá apresentar a situação à DSAT para estudar a melhoria do tráfego ou medidas de controlo”, admitiu o organismo em resposta enviada ao HM.

Recorde-se, que no passado dia 11 de Setembro, ocorreu um acidente no cruzamento da Rua de Pedro Nolasco da Silva com a Travessa do Padre Soares, que danificou parte do canto do edifício no 24A. Juntamente com os lotes 26 e 28-28A, os dois imóveis germinados de interesse arquitectónico são propriedade Santa Casa da Misericórdia de Macau.

Contactado pelo HM, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, António José de Freitas, considera que, a concretizarem-se, as alterações de trânsito na zona “são boas notícias” e aponta o encerramento da Travessa do Padre Soares à circulação de veículos como uma possibilidade.

“Considero que fechar aquela rua ao trânsito não coloca qualquer problema em termos de escoamento rodoviário. Não sou perito, mas como conhecedor do ambiente e da rede rodoviária envolvente, [um eventual encerramento] não vai afectar nada. Para chegar à Rua do Campo, os carros que passam pela Rua Nolasco da Silva, ou vão em frente ou viram à direita na Travessa do Padre Soares, pois as duas vão dar ao mesmo sítio”, apontou.

O IC acrescentou ainda que, pelo facto de em Macau existirem muitos edifícios patrimoniais nas zonas antigas onde os troços são estreitos, os condutores devem “permanecer alerta e ter atenção à segurança da condução e do património cultural”.

Ao ritmo da opinião pública

Na mesma resposta, o IC confirmou que as obras de restauro no edifício que alberga a Casa de Portugal vão avançar em Dezembro. Detalhando, o IC sublinhou que “realiza periodicamente” uma avaliação do edifício e que, “neste momento, não se verificam problemas imediatos de natureza estrutural, pelo que (…) está a proceder (…) à realização dos concursos para as obras de reparação das fachadas, dos telhados, das portas e janelas e das infiltrações de água internas”.

Ao HM, António José de Freitas diz estar “feliz” por saber que as obras vão começar em breve e aponta que o caso prova que “os serviços públicos só acordam depois da questão vir a público”. “Este é mais um exemplo de que o IC considera as opiniões veiculadas pela imprensa”, começou por dizer. No entanto, o responsável lamenta não ter sido notificado por escrito sobre o início das obras. “Fico feliz por saber que as obras vão começar, mas o IC não foi capaz de enviar uma notificação por escrito à Santa Casa. Recebemos uma notificação por chamada, mas nem falaram com o provedor”, disse o próprio.

Sobre o facto de o organismo apontar que o edifício não tem “problemas imediatos de natureza estrutural”, António José de Freitas insiste que “as brechas que as imagens mostram são enormes”, mas admite não ser “perito” na matéria. “Ainda bem que nada caiu até agora e oxalá que não haja um problema estrutural. Não sou especialista para dizer se a estrutura corre ou não perigo iminente, mas, a meu ver, há perigo”, partilhou.

Contudo, o provedor fez questão de congratular a “acção rápida do IC”, esperando que o organismo comece a dar “mais atenção” aos prédios classificados pelo Governo.

Recorde-se que em Abril deste ano, a Santa Casa da Misericórdia de Macau enviou uma carta ao IC a alertar para os “graves danos estruturais na fachada” do edifício que alberga a sede da Casa de Portugal e para o “perigo iminente” que o mau estado de algumas estruturas coloca a transeuntes da via pública e utentes.

11 Nov 2021

Caso Criptomoeda | Autoridades de Hong Kong ignoraram pedidos de assistência

Um investigador da Polícia Judiciária reconheceu que não há provas de transferências bancárias que demonstrem que Frederico Rosário lucrou com o esquema da criptomoeda. A investigação admite dificuldades, uma vez que as autoridades de Hong Kong não responderam aos pedidos de assistência

A Polícia Judiciária (PJ) desconhece o destino 12 milhões de dólares de Hong Kong enviados para contas bancárias na RAEHK, no âmbito do esquema de investimento em criptomoeda, promovido por Dennis Lau e Frederico Rosário. Segundo um agente da PJ, ouvido ontem no tribunal, a polícia não recebeu qualquer auxílio de Hong Kong durante a investigação, nem depois de ter pedido assistência através de Interpol.

Chamado a depor para explicar a investigação a Dennis Lau e Frederico Rosário pela prática de burla, o agente de apelido Lok confessou que as provas sobre transferências de dinheiro foram entregues pelo próprio Frederico Rosário e as vítimas. Os documentos mostram que num total de 18 milhões de dólares de Hong Kong enviados para a RAEHK, seis regressaram a Macau para pagar “juros” e 12 milhões desapareceram.

Terá sido também através da informação disponibilizada pelo filho de Rita Santos que as autoridades perceberam que Rosário era accionista de 10 por cento da empresa Forgetech. “Nunca recebemos qualquer informação sobre as contas bancárias de Hong Kong. Foi o arguido [Rosário] que nos forneceu os dados da Forgetech e da Genesis”, explicou Lok.

Face à falta de cooperação das autoridades de Hong Kong e do banco DBS, para onde terá sido enviado o montante de 12 milhões de dólares de Hong Kong, o agente Lok reconheceu que não há provas que indiquem que Rosário tenha ficado com qualquer parte do montante. Foi também reconhecido não existirem provas que indiquem se Rosário pode, ou não, aceder às contas e às informações sobre as empresas em que estava envolvido com Dennis Lau.

Questionado pelo advogado de defesa, se isso indicava que o filho de Rita Santos podia ser uma vítima, Lok respondeu que a investigação não seguiu esse caminho, porque Rosário tinha promovido o investimento, era accionista de uma das empresas e não terá conseguido provar que o dinheiro foi efectivamente utilizado para a minerização de criptomoeda.

Por outro lado, o investigador reconheceu que os materiais da investigação indicam que Frederico Rosário terá perdido perto de 450 mil dólares de Hong Kong com o investimento na Forgetech.

Sem informação

Na parte da manhã da sessão de ontem, foram ainda ouvidas três lesadas com o esquema de investimento. Todas elas foram a Hong Kong apresentar queixa contras as empresas de Dennis Lau e Frederico Rosário, em 2018, mas nenhuma tinha recebido, até ontem, qualquer indicação das autoridades vizinhas sobre o desenrolar das investigações.

A sessão serviu ainda para analisar o papel de Manuela, mulher de Frederico Rosário, em todo o processo. Sílvia Mendonça, advogada da única assistente pediu ao Ministério Público (MP) para ponderar avançar com um procedimento criminal contra a esposa do filho de Rita Santos.

“Na queixa inicial a minha cliente tinha visado a Manuela e o Frederico”, começou por revelar Sílvia Mendonça. “O Ministério Público deve ponderar se não deve levantar um procedimento criminal contra a Manuela, e deixar o procedimento contra o Frederico, tendo em conta o que vem deste julgamento”, apelou.

A intervenção da causídica não mereceu qualquer resposta por parte do Ministério Público nem do colectivo de juízes.

No entanto, foi o papel de Manuela que marcou a parte da manhã do julgamento, uma vez que uma testemunha identificada como Violeta revelou ter tratado sempre do “investimento” com a esposa de Frederico. A ouvida somou perdas de 925 mil dólares de Hong Kong, depois de ter investido 1,4 milhões.

A desilusão

Violeta vincou também que Manuela utilizava um grupo de Whatsapp para promover os investimentos na criptomoeda e as sessões na Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau.

No depoimento, Violeta, que admitiu ter sido testemunha do casamento entre Manuela e Frederico, lamentou a forma como o casal se comportou ao longo do processo. “Acho que eles encobriram [informações relevantes]. Não digo que tenham tido a intenção de enganar os investidores, mas tiveram proveitos, como comissões. E eles nunca nos disseram bem como eram as coisas”, considerou. “Só no fim é que soubemos que eles não podiam mexer nas contas [da empresa]”, revelou.

Segundo a testemunha, Frederico terá afirmado ao longo dos seminários de investimentos realizados na Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) que era o patrão da empresa. Contudo, era apenas um accionista com uma participação de 10 por cento, que não lhe daria acesso às contas e movimentos de dinheiros da empresa. “Acho que não é no fim que vem dizer que afinal não tem responsabilidade. Não é assim que se fazem as coisas”, vincou. “Quando nos falaram no início, nunca nos disseram que não podiam gerir. Se tivessem dito não tinha investido”, lamentou.

O papel de Manuela foi reforçado por outras duas testemunhas, Choi Teng e Lei Iok Meng, que também terão tratado dos investimentos através da esposa de Frederico Rosário. Choi Teng mencionou mesmo que Manuela terá reconhecido receber comissões pela captação de investidores.

10 Nov 2021

Droga | Detidos por traficar ice no valor 45 mil patacas em powerbanks

Dois residentes de Macau foram detidos nas Portas do Cerco ao tentar entrar no território com vários pacotes de ice escondidos em powerbanks modificados. No total, foram apreendidas mais de 14 gramas do estupefaciente, avaliadas em cerca de 45 mil patacas. Os suspeitos alegaram que a droga era apenas para consumo

Há uma primeira vez para tudo. A Polícia Judiciária (PJ) deteve na segunda-feira dois residentes de Macau por suspeitas de tráfico e consumo de estupefacientes, quando estes tentavam entrar no território na posse de várias doses de ice, escondidas em powerbanks modificados.

De acordo com informações reveladas ontem em conferência de imprensa, para fazer a droga entrar em Macau, os dois homens recorriam a powerbanks, que alteravam manualmente, com o objectivo de arranjar espaço para acondicionar a substância ilícita. Mais especificamente, depois de aberto o equipamento, era retirada uma das três baterias do seu interior, que era substituída depois por pacotes de ice, deixando, ainda assim, o aparelho perfeitamente funcional.

Afirmando ser “a primeira vez que foi descoberto um crime de droga com recurso à utilização de powerbanks”, o porta-voz da PJ revelou que o caso veio a lume após as autoridades terem recebido informação relativa a dois homens que estariam a vender droga nas redondezas do posto fronteiriço das Portas do Cerco.

Identificados os suspeitos, a PJ deu início a uma operação na passada segunda-feira junto à fronteira. Por volta das 15h00, os dois suspeitos foram avistados a entrar em Macau, aparentando estar “muito nervosos” e “a olhar para todo o lado”. Pouco depois, os agentes destacados para operação interceptaram-nos e revistaram-nos. Na posse de um deles, motorista de profissão, foram encontrados três pacotes de ice acomodados dentro de um powerbank, com o peso total de 5,56 gramas.

Já na posse do outro suspeito, taxista de profissão, não foi encontrada qualquer substância ilícita. Contudo, no decurso da revista efectuada à casa do suspeito, foram apreendidos mais 8,7 gramas de ice, mais powerbanks modificados e vários instrumentos utilizados para consumir droga.

Compras no Interior

Durante o interrogatório, os dois suspeitos admitiram ser consumidores de droga, mas negaram, contudo, estar envolvidos em esquemas de tráfico. Às autoridades, o motorista revelou ainda que a droga que trazia consigo (5,56 gramas) tinha sido adquirida no Interior da China por 2.500 renminbis. Por seu turno, o taxista recusou-se a colaborar com a polícia.

Contas feitas, no total, foram apreendidos 14,26 gramas de ice, avaliados em 45 mil patacas. De acordo com as informações da PJ, os dois homens começaram a vender droga há cerca de um mês, estando ainda uma investigação em curso para descortinar a origem da droga e se há mais pessoas envolvidas.

O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde os suspeitos vão responder pela prática dos crimes de tráfico e consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. A provar-se a acusação, os suspeitos podem vir a ser punidos com pena de prisão de 5 a 15 anos, pelo primeiro crime e com pena de prisão de 3 meses a 1 ano pelo segundo crime.

10 Nov 2021

Veículos Eléctricos | Sector apela à uniformização de baterias e carregadores

O Instituto dos Engenheiros Electrotécnicos e Electrónicos de Macau acredita que o futuro da RAEM passa pelos veículos eléctricos e considera essencial que haja uma uniformização para facilitar as importações

O Instituto dos Engenheiros Electrotécnicos e Electrónicos de Macau (IEEEM) apelou ao Governo para uniformizar as normas para baterias e carregadores dos carros eléctricos, de forma a tornar mais popular este meio de transporte. A posição foi tomada por Michael Choi Tak Meng, vice-presidente do instituto, numa conferência de imprensa realizada ontem.

“Consideramos que o melhor é o Governo definir quanto mais cedo possível as normas, para que as empresas que querem importar ou vender carros electrónicos em Macau tenham uma referência e possam seguir essas normas”, explicou Choi. “Como sabemos actualmente há vários tipos de carros electrónicos no mercado, e faz sentido que os agentes do mercado saibam que tipos devem importar”, acrescentou.

O IEEEM realizou ontem uma palestra sobre as oportunidades e desafios na utilização dos carros eléctricos, assim como a utilização de internet nos veículos. À margem do evento, Michael Choi apelou ao Executivo para uniformizar as normas.

O vice-presidente do IEEEM destacou igualmente os benefícios sociais, económicos e ambientais dos carros eléctricos, e sublinhou integrarem-se nas estratégias de desenvolvimento da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau e no Plano Quinquenal de Desenvolvimento Socioeconómico da RAEM.

Michael Choi revelou ainda acreditar que os eléctricos são o futuro, dando como exemplo os veículos pesados de passageiros em Macau que adoptam a Norma Euro 4 e vão ter de ser abatidos, devido ao nível das emissões que produzem. “É uma direcção inevitável”, considerou, sobre a necessidade de haver uma redução das emissões de carbono.

Desenvolvimento do 5G

Além de vice-presidente da IEEEM, Michael Choi é ainda director executivo da MTEL, empresa de telecomunicações. O responsável foi questionado sobre o lançamento da 5G e a utilização desta rede nos veículos em circulação. “Espero que Macau possa lançar em breve os serviços da rede 5G. Acredito que o prazo para alcançar o nível do Interior no fornecimento de internet aos veículos possa ser curto”, deixou como previsão.

Por acreditar numa rápida recuperação com a implementação da tecnologia 5G, Michael Choi desvalorizou, nesse campo, o atraso para o Interior.

Em Setembro de 2021, de acordo com os dados da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), havia 112.506 automóveis ligeiros, dos quais 1.505 eléctricos, ou seja, 1,3 por cento.

 

10 Nov 2021

Presidenciais filipinas | Polícia admite ter levado 16 pessoas para a esquadra

A Polícia de Segurança Pública afirma ter convidado a ir à esquadra pessoas que usavam t-shirts e exibiam faixas sobre as eleições presidenciais Filipinas. Os “convites” foram feitos no domingo e a estadia na esquadra prolongou-se até ontem. Em causa, pode estar a realização de manifestações ilegais e a utilização indevida do símbolo da RAEM

As autoridades levaram 16 pessoas da comunidade Filipina que estariam nas Ruínas de São Paulo e nas imediações da Torre de Macau para a esquadra para prestarem depoimento. Em causa, estão investigações que podem envolver a violação ao direito de reunião e manifestação e ainda a utilização do símbolo da RAEM na produção de materiais de promoção do candidato presidencial Ferdinand Romualdez Marcos Jr..

O número foi avançado pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), ao HM, depois de a autoridade ter sido questionada sobre detenções nos dois locais e ainda possíveis acusações.

Na resposta, o CPSP recusou ter havido qualquer detenção e sublinhou que as pessoas foram apenas ouvidas como “assistentes na investigação”. “Ainda estamos a trabalhar no relatório que vai ser entregue ao Ministério Público, mas não houve nenhum detido. As pessoas estão envolvidas no caso e foram constituídas assistentes para a investigação”, explicou Lei Tak Fai, o porta-voz do CPSP.

O grupo de pessoas nas Ruínas de São Paulo “convidado”, na tarde de domingo, para uma visita à esquadra era composto por 12 indivíduos. Nesse dia, várias pessoas estiveram juntas na escadaria das Ruínas com t-shirts vermelhas de apoio a Ferdinand Romualdez Marcos Jr., também conhecido como Bongbong Marcos.

O caso nas imediações das Torre de Macau está relacionado com a utilização do logótipo da RAEM em materiais de campanha. Segundo fonte ouvida pelo HM, terão sido quatro os envolvidos. “No domingo à noite houve quatro detidos. Não só as pessoas responsáveis pela elaboração da faixa com o símbolo de Macau, mas também aquelas que estavam apenas a segurar as faixas”, relatou, ao HM, uma fonte que pediu para permanecer anónima. “As detenções foram feitas apenas devido à utilização de forma indevida da faixa com o símbolo de Macau”, foi acrescentado. A polícia confirmou o número de “assistentes”.

Sentimentos difusos

A fonte ouvida pelo HM apresentou o relato dos acontecimentos ainda antes da resposta do CPSP, porém, revelou que “os assistentes” terão deixado a esquadra, já na tarde de ontem, com a sensação de que ficavam a aguardar uma decisão sobre se iriam, ou não, ser acusados.

De acordo com a Lei da Utilização e Protecção da Bandeira e do Emblema Regionais, a bandeira e o emblema regionais “não podem ser exibidos nem utilizados em marcas ou publicidade” e “outras ocasiões ou locais em que o Chefe do Executivo restrinja ou proíba a sua exibição ou uso”. As infracções relacionadas com o símbolo da RAEM são punidas com uma multa que vai das 2 mil às 20 mil patacas.

No caso das infracções à lei de manifestação, os suspeitos arriscam a uma pena que pode chegar aos dois anos de pena de prisão, ou multa.

O método de “convidar” pessoas que se suspeita estarem a infringir a lei de reunião e manifestação não é novo na RAEM. Em Março deste ano, cerca de 13 pessoas foram levadas para a esquadra, depois de se terem recusado a abandonar o Tap Siac, local para onde estava agendada uma manifestação, entretanto cancelada, sobre o cartão de consumo electrónico.  Apesar de levadas nos veículos das autoridades, por se recusarem a abandonar o local, o CPSP veio horas depois negar ter feito quaisquer detenções e tratou as pessoas como “assistentes”.

As eleições presidenciais das Filipinas estão agendadas para 9 de Maio do próximo ano.

9 Nov 2021

Património | Edifício classificado está em “perigo iminente”

A fachada do edifício que alberga a sede da Casa de Portugal foi danificada em Setembro por um veículo. Em causa, está a esquina entre a Rua de Pedro Nolasco da Silva e a Travessa do Padre Soares. IC garante recuperação do edifício, que aguarda obras de fundo desde Abril, após um alerta de “perigo iminente” emanado pela Santa Casa da Misericórdia, proprietária do imóvel
Depois da Casa do Mandarim, foi a vez de outro edifício de interesse arquitectónico sofrer as consequências de uma curva mal calculada ou da passagem de um veículo desmesurado. A parede exterior dos números 24A-26 e 28-28A da Rua de Pedro Nolasco da Silva, conjunto de edifícios classificados que albergam a sede da Casa de Portugal, encontra-se danificada. 
De acordo com o jornal Ou Mun, o acidente terá ocorrido em Setembro, com o Instituto Cultural (IC) a apontar para a possibilidade de os danos terem sido provocados pela passagem de um veículo. A averiguação das causas do acidente, que danificou a esquina adjacente ao cruzamento entre a Rua de Pedro Nolasco da Silva e a Travessa do Padre Soares, já foi entregue às autoridades policiais.
O edifício em questão, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Macau e construído em 1925, está inserido na lista de edifícios de interesse arquitectónico do IC pelo “ecletismo dos elementos que integra” e “estilo arquitectónico clássico de Macau”. Recorde-se que, no espaço de meses, este é o segundo imóvel classificado a sofrer danos provocados pela circulação de veículos, depois de, em Julho, o condutor de um camião betoneira ter sido detido por suspeitas de danificar uma parede exterior da Casa do Mandarim.

Ponta do icebergue

Contactado pelo HM, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, António José de Freitas, esclareceu que a parede danificada pertence ao imóvel desocupado e espera que o estrago seja reparado “o quanto antes”, sem que, para isso seja preciso esperar pelo final da investigação das autoridades.
“Aquilo é uma rua estreita e leva a que, muitas vezes, os veículos batam naquele canto. A investigação não impede a reparação. Uma coisa é investigar e outra é mandar reparar logo, ou num curto espaço de tempo, pois desde Setembro já se passaram uns meses”, apontou. 
Citado pelo jornal Ou Mun, o IC garantiu que dará seguimento à manutenção do edifício classificado, de acordo com a Lei de Protecção do Património Cultural.
Contudo, o problema aparenta ser mais fundo, dado que os dois imóveis germinados foram identificados em 2017 como estando a precisar de restauro. Passados mais de quatro anos sem que houvesse qualquer tipo de intervenção e após algumas vistorias técnicas, em Abril deste ano, a Santa Casa da Misericórdia de Macau enviou uma carta ao IC a alertar para os “graves danos estruturais na fachada” do edifício que alberga a sede da Casa de Portugal e para o “perigo iminente” que o mau estado de algumas estruturas coloca a transeuntes da via pública e utentes.
“Constataram-se fissuras de alguma gravidade nas paredes exteriores, sobretudo nas balaustradas e nas varandas, bem como descamação da pintura”, pode ler-se na carta enviada ao IC, a que o HM teve acesso.
Passaram-se meses e foram feitas mais vistorias por parte do IC, mas a intervenção nunca chegou a arrancar, ficando apenas a promessa de que a obra seria feita um dia. 
Para o provedor da Santa Casa da Misericórdia, os estragos provocados em Setembro na parede exterior do imóvel são um mal menor em comparação com a degradação estrutural do edifício, que pode colocar em perigo a população. 
“O canto partido é muito menos grave do que as fissuras que se podem ver nas balaustradas. É um problema menor. Se cai qualquer coisa em cima dos transeuntes aí é que a situação é muito complicada. A outra parte pode estar mais partida, mas só perturba a imagem do edifício. Não põe em causa a vida de ninguém”, explicou.

Efeitos colaterais

António José de Freitas considerou ainda que, apesar de tudo, o incidente recente pode contribuir para acelerar o início das obras de fundo necessárias.
“Em Macau há muitas situações em que os serviços públicos só acordam depois de uma situação destas vir a público. Naturalmente que isto serve para apressar a reparação do prédio”, admitiu.
Questionado sobre possíveis soluções a implementar para evitar que, no futuro, mais veículos venham a danificar a fachada do edifício, o responsável começou por sugerir a instalação de câmaras de videovigilância naquela zona e a imposição de limitações à circulação de veículos a partir de determinadas dimensões.
“Devia haver um sinal limitativo a dizer que os veículos a partir de um determinado comprimento estão impedidos de virar nessa rua [Travessa do Padre Soares]. Não é só porque os condutores são azelhas que isto acontece. Acontece porque não dá ou o carro é demasiado comprido para fazer a curva em segurança”, vincou.
Uma solução mais “radical”, aponta António José de Freitas, passaria por transformar a rua numa via exclusivamente pedonal. Isto, dado que a sua capacidade de escoar trânsito é limitada e pouco relevante.
Por seu turno, o deputado José Pereira Coutinho lamentou a repetição de estragos em edifícios classificados e considera fundamental que o IC introduza medidas de prevenção em articulação com outras entidades como o IAM e a DSAT.
“Estou a falar de interditar certas ruas à circulação de trânsito, do alargamento de vias, da eliminação de parques que obstruam a circulação segura dos veículos, de modo a proteger os altos desígnios de Macau e que distinguem esta região de qualquer outra do Interior da China”, partilhou com o HM.
O HM procurou obter uma reacção da parte do IC quanto ao incidente e aos trabalhos de reparação, mas até ao fecho da edição não obteve resposta.
9 Nov 2021

Comércio | Residentes sofrem com “boom” no mercado paralelo

Com o fim da quarentena entre Zhuhai e Macau, os moradores das Portas do Cerco queixam-se do aumento do comércio paralelo, com as ruas a ficarem congestionadas e cheias de caixas de cartão

Após o fim da exigência de quarentena entre Macau e Zhuhai, o comércio paralelo, ou seja, bens comprados na RAEM a preços mais baratos e levados para o Interior, disparou. No entanto, de acordo com o jornal Exmoo, a população da zona das Portas do Cerco está descontente com a situação e queixa-se de que quem transporta os bens para o Interior deixa as caixas de cartão espalhadas pelas ruas do Bairro Va Tai.

De acordo com o cenário traçado pela publicação, as ruas, que no início do mês passado estavam desertas, apresentam-se agora muito diferentes, com as lojas, que mais parecem armazéns, cheias de clientes e os passeios ocupados com caixas de cartão. Por todo o lado, pode ver-se pessoas a colocarem bolachas, chocolates, leite em pó e outros produtos, de marcas ocidentais, dentro das malas.

A enchente começa logo por volta das cinco da manhã, com a compra de grandes quantidades de produtos, que depois são divididos pelas malas de várias pessoas que assim ganham a vida a atravessar a fronteira entre Macau e Zhuhai.

Vendas dispararam

Segundo o empregado de uma farmácia no Bairro Va Tai, só com o fim das medidas que exigia o cumprimento de uma quarentena de 14 dias entre Macau e Zhuhai, o volume de vendas aumentou pelo menos 50 por cento.

Entre os produtos mais procurados, estão o leite em pó ou medicamentos e outros para crianças e bebés. Um outro comerciante ouvido pelo Exmoo, que pediu anonimato, também reconheceu que com o fim da quarentena o negócio recuperou quase de imediato.

Contudo, as queixas dos moradores na zona, que se dizem muito incomodados com o lixo e o congestionamento, tem levado as autoridades a apertarem o controlo às actividades de comércio paralelo.

Neste sentido, o jornal relata que na passada sexta-feira e sábado, teve lugar uma operação do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e dos Serviços de Alfândega com o objectivo de investigar as práticas das lojas naquele local e os bens transportados para o Interior.

No âmbito destas operações, na semana passada, foi desmantelada uma rede de comércio paralelo que envolvia 15 pessoas. Além disso, foram ainda apreendidas verbas no valor de 430 mil patacas. A maior parte deste montante dizia respeito a peles para o sector têxtil feitas com pêlo de animal.

9 Nov 2021

Web Summit | Grande Baía em destaque no evento em Lisboa

O projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau esteve representado na última edição da Web Summit em Lisboa, através do Governo de Hong Kong. Macau ficou de fora da edição deste ano do evento

A última edição da Web Summit em Lisboa, dedicada à tecnologia e startups, contou com uma representação do Governo de Hong Kong, e de outras entidades ligadas ao investimento na região, que levaram o projecto da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau ao evento em Portugal.

No caso do Turismo de Hong Kong (Hong Kong Tourism Board – HKTB), o foco incidiu sobre o RISE, um evento tecnológico criado em 2015 e que vai voltar a Hong Kong entre 2022 e 2026. A presença na Web Summit serviu para tentar captar participantes para os próximos anos, conforme disse Dawn Page, directora do Turismo de Hong Kong para os mercados do Reino Unido e norte da Europa.

“Procuramos aqui potenciais delegados para participarem no RISE, além de darmos informações sobre o que a cidade tem para oferecer aos visitantes, com as suas infra-estruturas de excelência e localização estratégica na zona da Grande Baía”, contou ao HM.

Citado por um comunicado, o presidente do HKTB, Yiu Kai Pang, destacou essa mesma localização estratégica [da Grande Baía] que permite que “os participantes do evento possam também capitalizar uma multitude de oportunidades na região”. No mesmo comunicado, Paddy Cosgrave, fundador da Web Summit, destacou “o crescimento tecnológico e da economia de startups” em Hong Kong desde 2015.

“Sempre tentámos regressar a Hong Kong. O RISE tem crescido para o que é hoje depois de cinco bem-sucedidos anos na cidade. O evento estabelece uma importante relação entre o Oriente e o resto do mundo”, frisou.

Tenda para investidores

A Grande Baía esteve também em destaque na tenda da “InvestHK”, uma plataforma governamental que promove o investimento no território. Paula Kant, directora de promoção de investimentos da “InvestHK”, explicou ao HM que foi organizada uma masterclass sobre oportunidades de negócios na Grande Baía, que comporta, além de Macau e Hong Kong, nove cidades do sul da China e que “representa um enorme mercado com 86 milhões de habitantes”, disse a responsável.

” Na Web Summit informamos empresas estrangeiras sobre o que devem fazer para se estabelecerem em Macau ou Hong Kong, com a vantagem de estas serem cidades internacionais. Através [destas regiões] podem facilmente aceder ao mercado da Grande Baía”, frisou a responsável.

Paula Kant adiantou que, em Portugal, a “InvestHK” tem parcerias com a Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Hong Kong, bem como com a Associação de Jovens Empresários Portugal-China.

A “InvestHK” criou também na WebSummit um espaço onde potenciais investidores e empresários puderam partilhar intenções de negócio e ideias, na tenda “Investor do startup meetings”, à qual o HM não teve acesso.

Depois de uma presença inédita na Web Summit em 2019, com uma delegação de 11 pequenas e médias empresas (PME), Macau ficou de fora do evento este ano. O HM confirmou que a Direcção dos Serviços de Turismo não esteve representada, além de que na lista de startups participantes no evento de tecnologia não constava o nome de nenhuma empresa local.

Fonte da Fábrica de Startups, plataforma que, em 2019, trouxe empresas de Macau à Web Summit, em conjunto com a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, adiantou ao HM “não ter nenhuma informação oficial acerca da presença de Macau” no evento.

O Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) foi também contactado, mas até ao fecho desta edição não foi obtida qualquer resposta. Esta segunda-feira o IPIM garantiu ao HM que não enviou qualquer delegação empresarial a este evento. A Web Summit decorreu entre 2 e 4 de Novembro no Parque das Nações, e regressa a Lisboa no próximo ano.

8 Nov 2021

Macau com mais de 100 cafés na “terceira vaga” da especialidade

Macau contava com mais de 100 cafés no ano passado, numa “terceira vaga”, com o consumo sempre a crescer nos últimos anos na cidade, onde noutros tempos dominava o chá.

De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), 117 cafés estavam em funcionamento em 2020, menos três que em 2019, apesar do impacto da pandemia da covid-19 e da diminuição acentuada dos turistas.

Para um responsável da Associação de especialistas de café de Macau (MSCA), esta é a “terceira vaga do interesse pelo café” na cidade. “A primeira vaga foi a do café instantâneo e a segunda a do café de multinacionais como a norte-americana Starbucks”, disse à agência Lusa.

Nos últimos anos, o café de diferentes origens tornou-se popular “numa terceira vaga, influenciada pela China”, afirmou Vong Sio Long, formador de especialistas na preparação de cafés, ou baristas, acrescentando que o interesse não fica só do lado do consumidor.

“Todos os anos, cerca de 300 pessoas de Macau frequentam o curso de barista”, apontou. Nestes “novos” cafés, os grãos mais usados chegam das origens mais tradicionais e distantes, como Etiópia, Brasil, Quénia, Costa Rica, México, Colômbia e Panamá, de acordo com a MSCA, e as máquinas profissionais mais usadas são as italianas, com preços a partir “das 70 mil patacas, disse Vong.

Candi Chu, proprietária de um café na zona antiga da cidade, afirmou que, por dia, vendia “entre 70 a 80 chávenas de café e em período de férias mais de 100”, mas que actualmente vende cerca de 50 chávenas por dia.

Neste estabelecimento, os preços rondam as 28 patacas por uma bica, localmente conhecida por ‘expresso’, e 36 patacas por um ‘cappuccino’. “Graças aos clientes habituais de Macau, podemos ‘sobreviver’ à covid-19”, afirmou Chu, que este ano estendeu o negócio à zona da Taipa, com uma filial do café existente na península.

 

Amargo de boca

O custo mensal do aluguer do espaço na zona antiga de Macau é de 30 mil patacas, disse Candi Chu, acrescentando não ter beneficiado de qualquer subsídio do Governo, apenas de um empréstimo de 500 mil, no âmbito das medidas de apoio à epidemia.

De acordo com os dados da DSEC, estes estabelecimentos perderam 14 milhões de patacas em 2020, com as receitas e despesas a diminuírem 16,9 e 5,6 por cento, respectivamente, em relação ao ano anterior.

Na mesma zona, que conta já uma dezena de pequenos cafés como o de Candi Chu, um novo espaço começou a testar a clientela e a preparar a inauguração na próxima semana.

À Lusa, Hugo Lo disse não ter pedido fundos ao Governo para iniciar o negócio. No entanto, o jovem proprietário espera que as receitas possam cobrir as despesas, prevendo que, em período de férias, a loja consiga vender mais de 100 chávenas de café ao dia.

Ao contrário das preferências dos portugueses em café, o sócio de Candi Chu, o macaense Danilo Tadeu Madeira afirmou que a proporção de pessoas de Macau que pedem um expresso é “muito baixa”. “As pessoas de Macau ou da China preferem café com leite, como ‘cappuccino’ ou ‘latte’. Na sua maioria, os chineses não gostam do sabor amargo de um expresso ou de um ‘americano'”, sublinhou.

8 Nov 2021

Droga | Sigilo médico deve ser observado de forma “escrupulosa”

Sobre o caso do paciente detido no hospital público pelo consumo ilegal de estupefacientes, Tai Wa Hou, médico da direcção do São Januário apontou que o caso ainda está a ser analisado mas que o sigilo deve ser garantido de forma “escrupulosa” e a identidade do paciente salvaguardada.

“Claro que temos de assegurar o sigilo, pois é um princípio maior que temos de observar de forma escrupulosa. No entanto, se o sigilo colide com o interesse público ou prejudica terceiros podemos tutelar outros interesses jurídicos. Ainda estamos a analisar o caso e há-que encontrar um equilíbrio, mas, o mais importante, é salvaguardar a identidade do paciente”, partilhou.

Recorde-se que o caso diz respeito a um residente de Macau na casa dos 20 anos detido no dia 19 de Outubro pela prática do crime de consumo ilegal de estupefacientes, após se ter dirigido aos serviços de urgência do Hospital Conde de São Januário, alegando que não se estava a sentir bem. Concluídas as análises, os resultados acusaram positivo para a presença de marijuana e a polícia foi chamada ao local.

5 Nov 2021

Contratação ilegal | Detido por falsificação de documentos

A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada quarta-feira um residente de Macau de 57 anos por suspeitas de falsificar documentos afectos a um caso de contratação ilegal, descoberto em 2019, numa casa de massagens na Taipa.

De acordo com informações reveladas ontem em conferência de imprensa, em causa, está uma trabalhadora não residente de 27 anos e nacionalidade estrangeira que trabalhava no espaço, apesar de ter sido contratada como empregada doméstica.

O caso, tratado numa primeira fase pelo o Ministério Público, seguiu para a PJ, tendo ficado provado durante a investigação que, patrão e funcionária, nunca se contactaram, que a mulher auferia um ordenado de 8.000 patacas mensais e que, das suas funções, nunca fez parte a prestação de serviços de massagem.

Após reunir provas suficientes para acusar o suspeito do crime de falsificação de documentos, a polícia interceptou e deteve o homem na zona norte da cidade, perto do seu local de residência. Durante o interrogatório o homem recusou-se a colaborar com as autoridades.

Segundo a PJ, existem suspeitas de que o homem estaria encarregado de produzir e tratar da documentação dos bluecards de trabalhadores estrangeiros interessados em trabalhar em Macau.

A provar-se a acusação, o suspeito pode vir a ser punido com uma pena de prisão entre 2 e 8 anos pelo crime de falsificação de documentos.

5 Nov 2021

Saúde | Macau precisa de mais 300 médicos até 2025

Até 2025 o território vai precisar de mais 300 médicos. As contas foram apresentadas por Lei Chong In e Pui Seng In, coordenador adjunto e membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, respectivamente, durante a reunião de quarta-feira.

Os cálculos têm por base uma população de 720 mil habitantes, de acordo com os dados do 2.º Plano Quinquenal do Desenvolvimento Sócio-económico da RAEM. Segundo Lei e Pui, citados pelo jornal Ou Mun, por cada mil pessoas são necessários três médicos, o que vai corresponder a um total de 2.100 médicos, em 2025, em comparação com os 1.700 actuais. No que diz respeito a enfermeiros, as estimativas apontam para a necessidade de se contratar mais 450 profissionais até 2025, num proporção de 4,2 enfermeiros por 1000 pessoas.

5 Nov 2021

Vacina covid-19 | Dose de reforço administrada a partir de terça-feira

A terceira dose da vacina contra a covid-19 vai começar a ser administrada em Macau na próxima terça-feira. O plano de reforço será concretizado em duas fases, a começar pelos grupos de risco e trabalhadores da linha da frente vacinados com duas doses há mais de seis meses. Vacinação entre os 3 e os 11 anos em cima da mesa

 

A partir da próxima terça-feira, a terceira dose da vacina contra a covid-19 vai começar a ser administrada em Macau a todos os indivíduos que tenham completado as duas doses do plano regular de vacinação há, pelo menos, seis meses. O plano de reforço será distribuído em duas fases e abrange, tanto a população vacinada com o fármaco da Sinopharm, como o da BioNTech.

Segundo explicou Tai Wa Hou, médico da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, na primeira fase, estão incluídos trabalhadores da linha da frente e vacinados com fraca imunidade ou com uma “supressão imunitária de grau médio ou grave”.

Na prática, detalhou, o grupo alvo dos vacinados com a Sinopharm são aqueles que já completaram “a inoculação de duas doses há seis meses, e com uma idade superior a 18 anos”. No caso dos vacinados com a BioNTech, as regras mantêm-se, mas existem cinco cenários diferentes:

“[Em primeiro lugar], maiores de 18 anos, mas expostos a alto risco no local de trabalho. Segundo, aqueles com uma baixa imunidade. Terceiro grupo, quem vive em lares ou ambientes em que muitas pessoas coabitam. Depois, os maiores de 18 anos que pretendam deslocar-se a locais de alto risco. O quinto grupo: indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos”, explicou Tai Wa Hou.

Questionado sobre o número estimado de pessoas elegíveis para receber a dose de reforço na primeira fase que arranca na terça-feira, o responsável estimou que serão abrangidos cerca de 100 mil indivíduos.

Na segunda fase, “serão bem-vindas todas as pessoas com qualificação para tomar a terceira dose da vacina”, revelou de seguida Tai Wai Hou sem, contudo, adiantar uma data para o seu início.

O também coordenador do plano de vacinação, aconselhou ainda que, na toma da terceira dose, a população opte pela mesma vacina seleccionada nas doses anteriores.

“Sugerimos que escolham uma vacina que tenha a mesma técnica de fabrico. Mas se tiverem tomado duas doses da vacina da Sinopharm, nada impede que tomem a vacina da BioNTech”, esclareceu.

Questionado se o contrário também é possível, ou seja, tomar uma terceira dose do fármaco da Sinopharm após duas tomas prévias da vacina da BioNTech, Tai Wa Hou afirmou “ser possível”, mas considerou esse cenário pouco provável, dado que vacina da BioNTech tem provado ser mais eficaz. “A vacina da Sinopharm tem uma menor taxa de protecção e dura menos tempo”, acrescentou.

Tudo incluído

Durante a conferência de imprensa, Tai Wa Hou admitiu ainda a possibilidade de, à semelhança do que acontece no Interior da China, a vacinação em Macau começar a abranger a faixa etária entre os 3 e os 11 anos.

“Estamos a ponderar (…) baixar a idade da vacinação abaixo dos 12 anos [e acima dos 3], mas ainda estamos a analisar os dados científicos referentes as estas crianças (…) e a comparar diferentes regiões para ver se a vacina é segura e eficaz”.

O responsável revelou ainda que a taxa global de vacinação da população é de 68 por cento. Por faixa etárias, há 62 por cento de população vacinada entre os 12 e os 18 anos, 90 por cento entre os 20 e os 60 anos e 70 por cento entre os 50 e 59 anos.

Sobre a campanha de vacinação nas escolas, à qual 55 estabelecimentos já aderiram, Tai revelou haver 84 por cento dos docentes e 47 por cento dos alunos do ensino não superior vacinados, ao passo que no ensino superior, o número de alunos vacinados é de 80 por cento e de docentes, 82 por cento.

Tai Wa Hou | Quarentena de 21 dias previne todas as variantes

Questionado sobre a falta de fundamento científico das quarentenas de 21 dias, apontada recentemente por um epidemiologista português, Tai Wa Hou justificou a prática com a necessidade de prevenir, não só a variante Delta, mas também outras afectas à covid-19.

“A variante Delta tem uma incubação de 14 dias (…) mas nós não queremos prevenir apenas a variante Delta, mas também outras como a Beta, a Alpha e a Gamma. Como não sabemos qual a variante que está a circular actualmente nesses países estrangeiros, queremos aplicar uma medida abrangente que garanta que, após a quarentena, a comunidade não é afectada”, explicou. “Esta medida não vai durar para sempre”, rematou.

5 Nov 2021

Pandemia | Conselheiro pede plano para reabertura ao estrangeiro

O membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, António de Jesus Monteiro, solicitou às autoridades que comecem a preparar-se para um novo normal e que assegurem uma transição “segura, harmoniosa e sem sobressaltos”

 

António de Jesus Monteiro, membro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, apelou ao Governo para formular um plano e avançar com uma data para a abertura da RAEM ao estrangeiro. A intervenção foi feita na quarta-feira, durante uma reunião do Conselho Consultivo, em que o orador alertou para os impactos económicos, sociais e psicológicos das medidas de controlo pandémico.

Segundo o relato do jornal All About Macau, António Monteiro defendeu que as autoridades têm de começar a pensar na vida após a pandemia e “traçar uma meta e data específica para que Macau regresse rapidamente ao ‘normal’ e abra as fronteiras ao estrangeiro e a toda a Grande China”. De acordo com o conselheiro, um planeamento atempado vai permitir que a região possa conviver com o vírus de forma “segura, harmoniosa e sem sobressaltos”.

Sobre o encerramento das fronteiras e as exigentes medidas de quarentena para quem vem do estrangeiro, que contrastam com a bolha de viagem com o Interior, António Monteiro afirmou que a política levanta várias dúvidas entre as comunidades de Macau.

Por outro lado, o membro do conselho traçou um cenário de grande incerteza face ao isolamento a que o Governo conduziu a RAEM. “Alguns residentes questionam se Macau vai permanecer fechada ao mundo exterior até 2030 ou para sempre”, vincou. As medidas de encerramento ao exterior levaram o conselheiro a alertar para os “sérios riscos” para a economia, saúde e qualidade de vida e efeitos psicológicos sobre os residentes.

Mais coerência

Na intervenção antes da ordem do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, António Monteiro apontou igualmente à necessidade de haver uma melhor política de promoção da vacinação. De acordo com o conselheiro, a forma como as autoridades têm lidado com o vírus tem levado a um medo excessivo e também a que várias pessoas “questionem a necessidade e eficácia” da vacinação.

No âmbito destas medidas, Monteiro levantou dúvidas sobre o que disse ser “algum radicalismo” face à detecção de dois ou três casos de covid-19, porque, no seu entender, ao forçar-se o encerramento de estabelecimento comerciais há um impacto muito negativo para a economia, que conduz a um aumento do desemprego. O conselheiro considerou também que o radicalismo face a um reduzido número de casos tem gerado sentimentos de discriminação e xenofobia entre as comunidades de Macau.

Por último, o orador admitiu ter recebido várias queixas de pessoas que acusam as autoridades de terem deixado de responder às dúvidas dos cidadãos nas conferências de imprensa semanais e pediu aos responsáveis que tratem as questões da população e jornalistas de forma mais activa, objectiva e directa.

5 Nov 2021

SJM | Receitas líquidas do 3.º trimestre superam 2,2 mil milhões

A SJM Holdings acumulou no terceiro trimestre deste ano 2.276 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) em receitas líquidas, quase o triplo do valor registado no período homólogo de 2020, quando as receitas somaram 841 milhões de HKD.

Segundo uma nota divulgada ontem pelo grupo, nos primeiros nove meses deste ano as receitas líquidas foram de 7.352 milhões de HKD, perto de 50 por cento a mais em relação ao mesmo período de 2020, quando as receitas foram de 5.113 milhões de HKD.

Quanto aos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, o grupo reportou um resultado negativo de 460 milhões de HKD no terceiro trimestre de 2021, ainda assim melhor do que os 782 milhões de HKD negativos verificados no mesmo período do ano transacto. A nova jóia da coroa do grupo, o Grand Lisboa Palace, apurou 128 milhões de HKD em receitas brutas no terceiro trimestre do ano, destes, 69 milhões de HKD vieram do jogo.

5 Nov 2021

Banca | Depósitos em Setembro caíram 0,9 por cento

Com um total de 669 mil milhões de patacas depositados no mês de Setembro, os depósitos feitos por residentes cresceram 0,2 por cento em relação ao mês anterior. No sentido inverso, os depósitos feitos por não-residentes continuam em queda, menos 3,3 por cento em Setembro, para um total de 384 mil milhões de patacas. Também os depósitos do sector público seguiram tendência descendente, com queda de 0,2 por cento para um montante de 264 mil milhões de patacas.

Feitas as contas, Setembro registou quebras de 0,9 por cento no capítulo dos depósitos no cômputo da actividade bancária, para um total de 1.317 mil milhões de patacas. A maioria destes depósitos foram realizados em dólares de Hong Kong, 52,2 por cento, seguido dos dólares norte-americanos com 21,9 por cento.

Também no capítulo dos empréstimos internos ao sector privado, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) dá conta da descida de 0,7 por cento em Setembro, em relação ao mês anterior. Analisando o crédito para uso económico, ao longo do terceiro trimestre deste ano, os empréstimos bancários relacionados com “comércio por grosso e a retalho” e “construção e obras públicas” aumentaram 4,8 por cento e 4,5 por cento, respectivamente em comparação com o trimestre anterior.

Os empréstimos concedidos ao sector da “electricidade, gás e água” e a “indústrias transformadoras” registaram decréscimos de 6 por cento e 3,8 por cento, respectivamente.

5 Nov 2021

MGM | Operadora confiante na renovação da licença

MGM acredita na renovação da licença para ficar muito anos no território. Quanto às contas do terceiro trimestre, a empresa registou lucros antes de impostos de 100,5 milhões de dólares de Hong Kong

 

A MGM China está confiante na renovação da licença de jogo, no âmbito do concurso de atribuição das licenças do sector em Macau. A posição foi tomada ontem por Bill Hornbuckle, CEO e presidente da MGM Resorts International, empresa americana principal accionista da MGM China, na apresentação dos resultados financeiros.

“Macau continua a ser uma parte importante do nosso negócio, e temos uma grande convicção no sucesso futuro da região. Vamos continuar a trabalhar com o Governo e estamos muito confiantes de que vamos ter a nossa licença renovada”, afirmou Bill Hornbuckle. “Também as discussões que estão a decorrer com o Governo, dão-nos uma maior confiança de que o processo vai ser judicioso e justo”, frisou. “Estamos ansiosos para começar a promover o longo desenvolvimento da indústria do jogo de Macau e apoiar o Governo no objectivo de diversificar economicamente a região”, acrescentou.

As actuais licenças têm validade até ao Verão do próximo ano, podendo ser renovadas anualmente. Contudo, actualmente o Executivo está a compilar os resultados da consulta pública, para depois apresentar uma proposta de lei para no novo concurso de atribuição das licenças.

Com quebras

Em relação ao terceiro trimestre deste ano, a MGM China gerou um EBITDA, ou seja, lucro antes de juros, de cerca de 100,5 milhões de dólares de Hong Kong. Esta diferença representa uma quebra de cerca de 13,3 por cento, face ao segundo trimestre do ano.

Ao mesmo tempo, as receitas foram de 2,25 mil milhões de Hong Kong, no que representa uma redução de 6,8 por cento face ao trimestre anterior.

Apesar das quebras nas receitas gerais a todo o sector, Bill Hornbuckle não deixou de se mostrar confiante naquele que é o maior mercado do jogo a nível mundial. “Estamos confiantes que a região vai acabar por recuperar […] estivemos numa fase em que perdíamos dinheiro e passámos para uma nova fase, onde estamos a ganhar dinheiro outra vez, mesmo que seja só um bocadinho”, explicou. “Estamos de volta aos resultados positivos, e desde que não haja outros acontecimentos que afectem o mercado, temos a esperança que podemos começar a crescer”, sublinhou.

5 Nov 2021

MGM China com quebra de lucros de 13 por cento no 3º trimestre

A MGM China, operadora de jogo com dois casinos em Macau, anunciou hoje uma quebra de 13% dos lucros antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) no terceiro trimestre do ano.

O grupo de maioria de capital norte-americano anunciou um EBITDA ajustado de 101 milhões de dólares de Hong Kong no terceiro trimestre, comparativamente ao segundo trimestre deste ano. Também as receitas desceram 7% para 2,2 mil milhões de dólares de Hong Kong em relação ao segundo trimestre de 2021, de acordo com o comunicado da empresa.

A empresa salientou a quebra de 26% das receitas brutas dos casinos em Macau em outubro, num reflexo do aumento de casos registados no território e também na China em agosto e setembro.

“O grupo acredita que o ritmo da recuperação de Macau vai continuar a depender de um sentimento mais amplo, bem como do ritmo da vacinação em toda a região, o que, em última análise, conduzirá a uma flexibilização sustentável das restrições de viagem. Macau viu a sua taxa de vacinação aumentar para 67% em outubro, enquanto a taxa de vacinação do MGM atingiu mais de 90%”, indicou o diretor financeiro, Kenneth Fang, no mesmo comunicado.

4 Nov 2021

Mangais | Equipa da USJ estuda impacto na redução dos efeitos de tufões

Uma equipa da Universidade de São José encontra-se a estudar o papel que os mangais podem ter na diminuição do impacto de ondas fortes em caso de tufões e na erosão de zonas costeiras. As autoras do estudo defendem a importância de uma maior reflorestação com mangais em Macau

 

O Instituto da Ciência e Ambiente da Universidade de São José (USJ) está a investigar o papel dos mangais na contenção dos efeitos de fortes ondas em caso de tufões no território e numa menor erosão das zonas costeiras. Este não é o primeiro estudo sobre a matéria, mas é a primeira vez que é desenvolvido em Macau, graças ao trabalho de uma equipa composta por Karen Tagulao e Cristina Calheiros, entre outros investigadores.

Ao HM, Karen Tagulao referiu que a investigação sobre o papel positivo dos mangais em caso de tempestade está ainda na sua fase inicial. “Os mangais não ajudam apenas a limpar a água mas também acumulam dióxido de carbono. São muito importantes na mitigação [dos impactos] das alterações climáticas. No ano passado o projecto continuou a desenvolver-se e agora o nosso foco é [analisar] como é que os mangais podem reduzir o impacto das ondas em caso de tempestade, por exemplo durante os tufões.”

Isto porque, segundo Karen Tagulao, as alterações climáticas levam ao aumento não só do número de tempestades como da sua força. “No caso dos tufões queremos perceber como é que os mangais podem ajudar a reduzir o impacto de fortes ondas em cidades como Macau”, frisou.

Cristina Calheiros, professora adjunta na USJ, adiantou que esta perspectiva ligada aos tufões não é o foco principal deste estudo, mas que a investigação “ajuda a perceber a dinâmica dos mangais”. “Está inerente ao valor dos mangais a protecção da erosão costeira, que agora com as alterações climáticas se está a intensificar. Com esta intensificação, precisamos de soluções que nos ajudem a evitar que haja mais erosão. A nível económico é mais interessante ter mais mangais do que fazer paredões, porque são organismos vivos e adaptam-se às necessidades. Não reduzem os tufões, mas sim os efeitos destrutivos que eles têm sobre a costa.”

Águas mais limpas

A académica Cristina Calheiros explicou também que este estudo está a ser desenvolvido no âmbito do projecto intitulado “Nature-based solutions for a cleaner and safer Macao”, que tem vindo a ser desenvolvido desde 2020.
Além de avaliar o impacto na ocorrência de tufões, este estudo “tem como principal objectivo avaliar a capacidade dos manguezais para remediar a poluição por azoto e fósforo nas águas costeiras de Macau. Os resultados das investigações de campo trarão novos dados sobre a poluição por nutrientes em várias áreas, com e sem mangal, nas águas costeiras de Macau”. A investigação tem sempre um ponto comparativo entre zonas com mangais e sem eles.

Cristina Calheiros explica que “os resultados, até agora, são bastante promissores”, e que os dados preliminares revelam que “a concentração de nutrientes na água é menor em áreas com mangais em comparação com áreas sem manguezais”.

Desta forma, a académica faz um apelo para a preservação do mangal existente, no Cotai, mas também para a necessidade de se “plantar mais mangais ao longo da costa de Macau”.

Karen Tagulao não tem dúvidas de que existe vontade por parte do Governo de apostar nesta preservação. “Pela minha observação a área tem-se mantido estável. Nos últimos dez anos não foi feita nenhuma construção na zona. A eco-zona no Cotai tem vindo a expandir-se, comparando com 10 ou 20 anos atrás, então é um bom sinal. A melhor forma de manter um ecossistema é deixá-lo existir e não fazer nada. E até agora nada foi feito de significativo”, concluiu.

4 Nov 2021

Burla | Desfalcou colega depois de o seduzir com milhões do Governo

Um residente de 30 anos perdeu 74.500 patacas depois de ter sido convencido a criar uma associação de teor educativo que seria elegível para receber 80 milhões de patacas em subsídios do Governo. O suspeito de 20 anos, entretanto detido, falsificou dados informaticamente e burlou ainda outras três vítimas

 

A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada segunda-feira, um residente de Macau de 20 anos por suspeitas da prática dos crimes de burla e falsificação informática. Em causa, está um desfalque de 74.500 patacas, referente à cedência de verbas para criar e equipar uma suposta associação de teor educativo, em troca da promessa de lucros provenientes de um alegado apoio governamental de 80 milhões de patacas.

De acordo com informações divulgadas ontem em conferência de imprensa, tudo começou em Outubro de 2020, altura em que a vítima, um residente de Macau de 30 anos, foi abordado pelo suspeito com a proposta de criação da dita associação, reforçando que o empreendimento seria elegível para receber um subsídio do Governo, no valor de 80 milhões de patacas e que, desse montante, seria possível retirar parte das verbas para as suas contas particulares.

Adicionalmente, alegando que, para materializar a criação da associação seria preciso dinheiro para comprar equipamento, o suspeito solicitou à vítima o adiantamento de 74.500 patacas. A vítima acedeu ao pedido e, entre Outubro de 2020 e Abril de 2021, transferiu, parcelarmente, o dinheiro para o amigo.

Partindo da sua iniciativa, em Abril de 2021, o suspeito enviou fotografias de documentos, a comprovar que o pedido de subsídio da alegada associação tinha sido aprovado e, adicionalmente, um comprovativo de transferência de 200 mil patacas para a conta da vítima.

Ao verificar a conta bancária, contudo, a vítima descobriu que não tinha recebido o montante anunciado e tentou entrar em contacto com o amigo, sem sucesso, para pedir o comprovativo de criação da associação.

Deixando de ser possível estabelecer qualquer contacto e apercebendo-se que os documentos recebidos eram falsos, a vítima decidiu apresentar queixa na PJ. De acordo com a investigação, as autoridades concluíram que o suspeito é comum a outros três casos de burla que aconteceram nos últimos seis meses e que tinha saída de Macau. Porém, acabaria por ser detido na passada segunda-feira, ao tentar voltar a Macau pelo posto fronteiriço das Portas do Cerco.

Quatro em linha

Os três casos relacionados aconteceram em Dezembro de 2020, Março e Maio de 2021. Entre pedidos para criar empresas fictícias, trocas e depósitos de dinheiro, o suspeito burlou três mulheres em 20 mil renminbis, 34.289 patacas e 9.500 patacas.
Contas feitas, os quatro casos renderam 138.289 patacas ao suspeito, que admitiu a prática de todos os crimes.

O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde o suspeito irá responder pelos crimes de burla e falsificação informática, pelos quais pode ser punido, respectivamente, com pena de prisão até 3 ou 5 anos ou pena de multa e com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa.

4 Nov 2021