Canídromo | Francisco Manhão destaca oportunidade para desenvolver desporto

O ex-presidente da Associação de Veteranos de Futebol defende que o Canídromo deve ser aproveitado para lançar um novo centro desportivo que permita ao desporto de Macau internacionalizar-se e finalmente obter resultados

 

Francisco Manhão, ex-presidente da Associação de Veteranos de Futebol, apelou ao Governo para assumir as rédeas do desporto local e criar um projecto de internacionalização com resultados desportivos. Para este fim, Manhão considera que o Canídromo é fundamental e que deve ser dotado de instalações para as diferentes modalidades.

Anteriormente, o Governo tinha anunciado que pretendia utilizar o Canídromo para desenvolver espaços para as escolas. Contudo, o projecto foi abortado, numa decisão elogiada por Manhão. “Fiquei satisfeito com a decisão do Governo de manter o Canídromo. Para mim, estamos a falar do espaço desportivo mais importante de Macau e também aquele que é o mais antigo e tradicional”, reconheceu, em entrevista ao HM.

“O Canídromo é uma oportunidade para Macau desenvolver o desporto, através da criação de infra-estruturas para finalmente se conseguir competir a nível internacional. Ainda há tempos ouvi o Presidente Xi, num discurso, a dizer que o desporto tem de ser uma aposta”, afirmou Manhão. “E como é que se pode desenvolver o desporto? De certeza que não chega apenas recuperar o campo, o balneário e as bancadas. É preciso mais”, vincou.

Para Manhão, o projecto deve passar pela aposta na construção de campos para modalidades como voleibol, andebol, fustal, além do futebol de onze, assim como num centro médico feito a pensar nos atletas, com piscina para tratar lesões. “É muito importante que os atletas tenham um espaço para poderem recuperar e receber todos os cuidados necessários”, justificou.

Para expandir

Além das instalações desportivas, o ex-presidente da associação defendeu a construção de alojamentos para os atletas, à semelhança do que aconteceu com o centro de alto rendimento, no Cotai.

Questionado sobre se os dois projectos não seriam redundantes, Manhão recusou o cenário por considerar que as novas instalações não resolveram o problema da falta de espaços para as diferentes modalidades.

Quanto à gestão do projecto, o macaense considerou que o Instituto do Desporto deveria entregar a gestão às diferentes associações, que tratariam dos pedidos para a utilização das instalações. “O Instituto do Desporto ficava com o papel de supervisão, mas como eles têm tantas tarefas, e recebem tantos pedidos, era mais fácil para todos se fossem as associações a gerirem os pedidos para os seus membros. Haveria menos burocracia e seria mais eficaz”, indicou.

Cultura de exigência

Sobre o desporto local, Francisco Manhão defendeu que é essencial uma maior intervenção do Governo para criar uma cultura de exigência de resultados, que não existe actualmente.

“Não temos desporto com qualidade. Há cinquenta anos que oiço que não há problema face à ausência de resultados porque se está a ganhar experiência. É uma resposta que não resolve nada”, sublinhou. “É um discurso que impede que se evolua e que faz com que Macau nunca tenha capacidade para competir internacionalmente”, acrescentou.

Por isso, Manhão considera que tem de ser o Governo a apostar num novo modelo de desenvolvimento, criar o estatuto de atleta de alta competição, com carreiras atractivas, e enviar os jovens e técnicos para o exterior, onde podem ser formados com os melhores profissionais. “Se olharmos para Hong Kong, vemos que o que conseguiram alcançar a nível internacional, e ganham medalhas em competições a nível mundial, tudo isso se deve a muito trabalho e à aposta no desporto. Temos de seguir o exemplo”, apontou.

O ex-presidente da Associação de Veteranos de Futebol disse ainda que podem ser feitas parecerias para formação de técnicos e atletas com os países mais desenvolvidos. “Se pensarmos no futebol, Alemanha, Inglaterra ou Portugal são boas hipótese. Se quisermos ver o caso do voleibol, a China é um bom destino para se aprender”, afirmou.

Claro para Francisco Manhão, é que o projecto do Canídromo tem de ser central para o desporto em Macau poder dar um salto qualitativo e poder chegar a um nível que seja efectivamente internacional.

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