Caso Levo Chan | Maria Tam apresenta demissão da empresa Macau Legend

A influente política de Hong Kong tinha um registo perfeito de participações nas actividades do grupo, mas apresentou a demissão por “motivos pessoais”. Maria Tam estava envolvida com a Macau Legend desde 2013

 

Maria Tam, política de Hong Kong e advogada, apresentou a demissão do cargo de directora não-executiva na empresa Macau Legend, que gere os casinos-satélite Legend Palace e Babylon. A informação foi revelada pela empresa através de um comunicado à Bolsa de Hong Kong, emitido na sexta-feira à noite, após o a hora de fecho dos mercados.

Segundo a justificação, a política demitiu-se do cargo que ocupava desde 2013 devido a “motivos pessoais”. Contudo, a saída surge dias depois do maior accionista do grupo, Levo Chan, ter sido detido em Macau, por suspeitas de liderar uma associação criminosa, jogo ilegal e branqueamento de capitais.

“A senhora Tam confirma que não tem qualquer discordância com a direcção da empresa e que não há qualquer assunto relacionado com a sua saída que deva ser mencionado aos accionistas”, poder ler-se na mensagem de sexta-feira.

Além de ser directora não-executiva, Maria Tam, formada em Direito, exercia os cargos de presidente da comissão de nomeações da Macau Legend, e era ainda membro das comissões de remunerações e de auditoria.

Em 2020, Tam teve ainda um registo de assiduidade perfeito e, segundo o relatório e contas do grupo para esse ano, participou em todas as reuniões dos órgãos em que estava envolvida. Foi no âmbito dessas funções que foi paga pela empresa em 525 mil dólares de Hong Kong, o que mesmo assim significou uma redução face a 2019 quando tinha levado para casa 554 mil dólares de Hong Kong.

Supervisora do ICAC

Apesar de só agora anunciada, a saída “por motivos pessoais” acabar por não ser surpreendente. As alegadas actividades criminosas de Levo Chan, que está em prisão preventiva, deixam Tam numa posição complexa, mesmo que não tenha sido revelada qualquer ligação entre as actividades criminosas e a empresa Macau Legend.

Além de ser directora não-executiva da Macau Legend, o que implica que tinha a “obrigação” de inspeccionar a conduta dos accionistas do grupo, Tam é igualmente presidente da Comissão de Inspecção das Operações da Comissão Contra a Corrupção de Hong Kong (ICAC, em inglês), desde 2015. Contudo, era Tam que presidia à Comissão de Nomeações da Macau Legend, em 2020, quando Levo Chan foi nomeado presidente.

Ainda como consequência da saída da também membro da Comissão da Lei Básica do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Charles Wang Hongxin assume a presidência da Comissão de Nomeações da Macau Legend.

Levo Chan Weng Lin, dono da promotora Tak Chun, a segunda maior de Macau, foi detido no final do mês passado e está indiciado pela prática dos crimes de actividades de jogo ilegal, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Na apresentação do caso a Polícia Judiciária nunca mencionou o nome da empresa Macau Legend, tendo antes ligado as alegadas actividades ilegais a Alvin Chau, dono da promotora do jogo Suncity, que foi detido em Novembro do ano passado.

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