Poluição | Ambientalistas contra compra de veículos eléctricos

A associação Green Student Union defende que o Governo deve reduzir o número de veículos privados em vez de promover a compra de veículos eléctricos.

A posição foi tomada na sequência do relatório com o Planeamento da Protecção Ambiental de Macau, publicado pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, onde consta como objectivo a promoção da compra de veículos eléctricos.

Em declaração ao jornal All About Macau, Joe Chan, o presidente da associação, explicou que este planeamento só está a incentivar a população a trocar os carros movidos a combustíveis fósseis por carros eléctricos. Contudo, a associação quer é promover a redução dos veículos.

Segundo as explicações, mesmo um veículo eléctrico precisa de electricidade para andar, que é produzida com recurso à queima de combustíveis fósseis, o que também provoca poluição. Ainda no que diz respeito ao transporte privado, Joe Chan apelou ao Governo para pensar em como promover a substituição dos veículos antigos e mais poluidores e aplicar exigências mais restritivas sobre a emissão de gases poluentes dos veículos.

9 Fev 2022

Fundação Jorge Álvares quer mais portugueses a estudar na China

A Fundação Jorge Álvares (FJA) está a preparar o lançamento de uma plataforma digital para encorajar mais portugueses a estudar em universidades chinesas, assim como chineses a estudar em Portugal.

Fernanda Ilhéu, do Conselho de Administração da FJA, disse à Lusa que cada universidade e instituto politécnico de Portugal, da China continental e de Macau terá direito a gerir um espaço próprio no portal, onde poderá colocar a sua oferta educativa.

O objetivo é facilitar aos alunos a consulta de informação sobre cursos, programas, perfil dos professores, condições de inscrição e pagamento de propinas.

A FJA vai ainda disponibilizar informação sobre “o meio envolvente”, por exemplo sobre as cidades onde se localizam os ‘campus’ das instituições e as residências universitárias disponíveis.

A plataforma terá ainda informações úteis, nomeadamente sobre a obtenção de vistos, abertura de contas bancárias, realização de seguros e acesso a serviços de saúde para estudantes estrangeiros.

Embora a China e Macau não permitam atualmente a entrada de estudantes estrangeiros, Fernanda Ilhéu disse acreditar que o portal poderá ter um efeito positivo num futuro pós-covid-19.

“Esperamos que a pandemia seja controlada em breve e as situações de quarentena sejam levantadas”, salientou a investigadora.

A plataforma da FJA pretende também promover a cooperação entre instituições de ensino superior chinesas e portuguesas na área da investigação científica.

O portal vai ter uma área específica para ajudar investigadores a identificar potencial parceiros de pesquisa, partilhar trabalhos e publicações e organizar eventos conjuntos.

A fase de concepção de modelagem da plataforma deverá estar concluída no final de abril, seguindo-se a divulgação junto de instituições do ensino superior e investigação científica em Portugal, Macau e China.

A FJA é uma estrutura criada em dezembro de 1999, no quadro da transferência da administração portuguesa de Macau para a China, e tem como objetivo promover o diálogo intercultural entre Lisboa e a região administrativa especial chinesa.

Desde 2016 que o presidente da Fundação Jorge Álvares (nome do português e primeiro europeu a chegar à China, por via marítima, no século XVI) é o general Garcia Leandro, governador de Macau entre 1974 e 1979.

Em janeiro, Zhao Zilin, aluna da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, venceu a primeira edição dos Prémios Fundação Jorge Álvares, para trabalhos sobre as relações entre Portugal e a China.

A China continua a sentir uma forte procura por profissionais que falem português, disseram à Lusa Catarina Gaspar e Madalena Teixeira, duas das co-autoras de uma obra académica sobre os estudantes chineses da língua portuguesa apresentada a 14 de janeiro.

Cerca de 50 instituições chinesas de ensino superior têm cursos de língua portuguesa, disse à Lusa, em novembro de 2020, o coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, Gaspar Zhang Yunfeng.

8 Fev 2022

Las Vegas Sands | Terminada relação com principais junkets de Macau

A Las Vegas Sands, empresa-mãe dos casinos de Macau sob a alçada da Sands China, anunciou ter terminado as ligações e acordos de cooperação que detinha com “os três principais” promotores de jogo do território.

“Não existem garantias de que seremos capazes de manter ou desenvolver as nossas relações com os promotores de jogos ou que estes continuem a estar licenciados pelo regulador do jogo [DICJ] para operar em Macau, o que poderá ter um impacto nos nossos negócios, resultados operacionais e fluxos de caixa”, pode ler-se no relatório anual da Las Vegas Sands divulgado na sexta-feira e citado pelo portal GGR Asia.

No mesmo documento, a Las Vegas Sands sublinha ainda que a “qualidade dos promotores de jogos” com os quais se relaciona é “importante” para a reputação do grupo e a sua capacidade de “continuar a operar em conformidade com as licenças de jogo” concedidas pelo Governo de Macau.

“Embora nos esforcemos por cultivar a excelência nas ligações que estabelecemos (…) não conseguimos assegurar que os promotores de jogos com os quais estamos associados irão satisfazer os elevados padrões pelos quais nos regemos”, é acrescentado.

Recorde-se que o anúncio acontece poucos dias depois de a Macau Legend ter confirmado a detenção de Levo Chan, líder do grupo Tak Chun, que possui uma licença para operar como junket. Antes disso, a indústria do jogo em Macau já levara um duro golpe em Novembro, após a queda do grupo Suncity e a detenção de Alvin Chau, indiciado pelos crimes de participação em associação criminosa, chefia de uma associação criminosa, branqueamento de capitais e de exploração ilícita do jogo.

8 Fev 2022

Caso IPIM | Repetição do julgamento adiada para 28 de Fevereiro

Zheng Chun Mei, ex-amante de Jackson Chang, faltou ao julgamento e a sessão teve de ser adiada. Antes, houve tempo para o juiz recusar o pedido do Ministério Público de acrescentar à acusação mais um crime de abuso de poder

 

A repetição do julgamento do ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), Jackson Chang, estava prevista para ontem de manhã, mas foi adiada devido à falta da arguida Zheng Chun Mei.

“Parece que a arguida foi notificada, mas está em falta. Tem de apresentar uma justificação dentro de 10 dias. Se não o fizer vai haver uma multa”, avisou o juiz, após anunciar que a sessão seria adiada.
Zheng Chun Mei terá sido notificada e recebido a carta através de correio registado, mas não compareceu no tribunal. No primeiro julgamento, tinha sido apresentada pela acusação como a ex-amante do ex-presidente do IPIM.

Face à ausência, o juiz agendou uma nova sessão para 28 de Fevereiro pelas 9h30. Segundo as indicações dadas em tribunal, na nova data vão ser ouvidas testemunhas, mesmo que Zheng Chun Mei opter por voltar a comparecer sem justificação.

Entre os arguidos, apenas Jackson Chang, que está em liberdade, esteve no tribunal, acompanhado pela mulher, como sempre aconteceu ao longo do julgamento inicial. Miguel Ian é o único que se encontra a cumprir pena de prisão, em Coloane, mas optou por não ir a tribunal, fazendo-se representar pelo advogado.

Por sua vez, Glória Batalha que tinha sido condenada a pena de prisão efectiva na primeira decisão, foi absolvida dos crimes de que estava acusada, no âmbito do recurso.

Linhas do campo

A sessão serviu também para que ficasse totalmente definido o teor do julgamento, que se vai limitar, no caso de Jackson Chang, a quatro crimes de corrupção passiva, quatro crimes de branqueamento de capitais e três de abuso de poder. No primeiro julgamento, o ex-presidente do IPIM tinha sido absolvido destes crimes e condenado a dois anos de prisão efectiva pela prática de quatro crimes de violação de segredo e três crimes de inexactidão de elementos no preenchimento da declaração de rendimentos.

O Ministério Público pretendia que Chang fosse acusado por mais um crime de abuso de poder, mas o pedido foi recusado. “O TSI foi muito claro na decisão. Temos de fazer o julgamento com base no que foi decidido pelo TSI”, justificou. “O julgamento vai seguir as ordens do TSI e não vamos acrescentar mais crimes”, esclareceu.

Não foram só os pedidos do MP a serem negados, o tribunal recusou igualmente analisar outras questões levantadas pelos advogados de defesa dos arguidos. “Só vamos seguir a decisão do TSI. O objecto do julgamento é o definido pelo TSI”, reiterou.

Entre os 26 arguidos do processo inicial, 19 tinham sido considerados culpados e sete ilibados. Segundo a primeira decisão, o casal de empresários Ng Kuok Sao e Wu Shu Hua, marido e mulher, tinham criado uma associação criminosa para vender autorizações de fixação de residência e foram condenados, respectivamente, a penas de 18 e 12 anos de prisão. Ng Kuok Sao foi julgado à revelia por estar fora de Macau, ao contrário de Wu, que compareceu no primeiro julgamento. Porém, depois da primeira decisão Wu também terá deixado a RAEM.

Secretária Irene Iu morre na prisão

No julgamento inicial, Irene Iu, ex-secretária dos empresários Ng Kuok Sao e Wu Shu Hua, tinha sido condenada com uma pena de oito anos e seis meses, pelo crime de associação criminosa e vários de falsificação de documentos. Contudo, Irene Iu faleceu em Dezembro do ano passado na prisão de Coloane.

Era a única arguida presa, além de Miguel Ian. Segundo o HM apurou, Irene Iu foi diagnosticada com um cancro, mas recusou receber tratamento, optando por morrer, apesar de lhe terem sido disponibilizados todos os cuidados. A residente local morreu aos 48 anos, e antes de ser presa tinha declarado um rendimento mensal de 7 mil patacas. No dia da condenação, deixou a sessão em lágrimas.

8 Fev 2022

Ano Novo Lunar | Macau perde 90,6% de turistas em relação a 2019

Mais de 113 mil turistas entraram em Macau na semana dourada do Ano Novo Lunar, menos 90,6 por cento que em 2019, ou seja, antes da pandemia da covid-19. Ainda assim, o registo ficou acima dos números registados em 2021, anunciou ontem Direção dos Serviços de Turismo (DST).

De acordo com os dados divulgados pela DST, o território registou a entrada de apenas 113.699 visitantes, uma média diária de 16.242 turistas. No entanto, o balanço da semana, que este ano decorreu entre 31 de Janeiro e 06 de Fevereiro, é positivo (+25,4 por cento), quando comparado com o de 2021, entre 11 e 17 de Fevereiro.

Dois anos após o início da pandemia, e apesar do regresso das celebrações do Ano Novo Lunar, tradicionalmente um ponto alto para o turismo de Macau, o contexto pandémico voltou a afastar os turistas da capital mundial do jogo, que recebeu 7,7 milhões de visitantes em 2021, um valor muito distante dos quase 40 milhões registados em 2019.

Os visitantes são quase todos oriundos do Interior da China, que beneficiam de excepções face às restrições fronteiriças determinadas no âmbito do combate à pandemia do novo coronavírus.

Recorde-se que Macau tem promovido a cidade como um território seguro em relação à covid-19, procurando capitalizar com o facto de ter registado apenas 79 casos durante a pandemia. No entanto, apesar de se tratar de uma das festas mais importantes para as famílias, as autoridades do Interior da China pediram à população para não viajar durante os feriados.

8 Fev 2022

Escola Internacional | Pandemia leva à saída de 20 por cento dos professores

Devido aos efeitos da pandemia, a Escola Internacional de Macau chegou a temer perder metade dos professores no final do ano lectivo, mas o número afinal vai ser menor. Neste momento, trabalha-se na contratação de novos docentes

 

Apesar de ter chegado a temer perder metade dos professores no final do ano lectivo, a Escola Internacional de Macau (TIS, em inglês) acredita ter resolvido o problema. Inicialmente, havia a expectativa de que no final do ano lectivo metade dos professores pudesse deixar Macau, muitos deles motivados pelas políticas de restrições de circulação nas fronteiras, mas o número foi reduzido e deverá rondar apenas os 20 por cento. A contratação de novos profissionais está quase terminada.

“Estávamos à espera que no final deste ano lectivo um grande número dos nossos funcionários deixasse a escola. Por isso, a questão foi sempre tratada como a nossa prioridade”, começou por explicar Howard Stribbell, director da TSI, ao HM. “Felizmente através de uma estratégia em que, por um lado, fizemos tudo para lidar com as preocupações dos nossos funcionários para o próximo ano lectivo e, por outro, apresentámos planos muito concretos, fomos capazes de minimizar as saídas”, acrescentou.

Howard Stribbell explicou igualmente que em condições normais cerca de 10 por cento dos professores deixavam a escola. Neste sentido, a saída de 20 por cento dos docentes, num contexto em que as fronteiras estão praticamente fechadas há dois anos, é encarada como um número dentro do expectável.

Além das saídas, o grande desafio é a contratação de professores, porque há poucas alternativas. A contratação de docentes no Interior é assim uma das poucas alternativas, além da contratação de residentes que estejam foram da RAEM. “Fomos capazes de recrutar e preencher 80 por cento das vagas em aberto”, admitiu Stribbell. “Agora já estamos numa fase em que se não conseguirmos preencher todas as vagas, podemos sempre ter um plano B”, considerou.

Tempos difíceis

No entanto, o arrastar da pandemia tem feito com que as instituições de ensino tenham cada vez mais dificuldades para arranjar professores. O problema estende-se a todo o sector, como reconheceu Howard Stribbell. “Não podemos deixar de agradecer ao Governo todos os esforços que tem feito para nos manter seguros, mas, neste momento, há muitas dificuldades para contratar professores. É uma dificuldade comum a todas as instituições”, apontou.

O HM sabe que, por exemplo, no caso da Escola Portuguesa de Macau também há alguma incerteza sobre a saída de professores, e que, por agora, está em cima da mesa a saída de quatro a cinco docentes. No entanto, esta não é uma situação definitiva.

Pior é a situação da Alliance Français, que desde o início do ano suspendeu todos os serviços, inclusive o ensino da língua francesa. Apesar de não ter havido um esclarecimento sobre este aspecto, o jornal Ponto Final avançou que a situação tinha sido motivada pela falta de docentes.

Lorne Schmitdt novo director

A partir do próximo ano lectivo Howard Stribbell vai ser substituído por Lorne Schmitdt no cargo de director da Escola Internacional de Macau. A notícia foi transmitida no final do mês passado, através de uma carta enviada por Stribbell, à associação de pais da Escola Internacional.

8 Fev 2022

Caso Levo Chan | Maria Tam apresenta demissão da empresa Macau Legend

A influente política de Hong Kong tinha um registo perfeito de participações nas actividades do grupo, mas apresentou a demissão por “motivos pessoais”. Maria Tam estava envolvida com a Macau Legend desde 2013

 

Maria Tam, política de Hong Kong e advogada, apresentou a demissão do cargo de directora não-executiva na empresa Macau Legend, que gere os casinos-satélite Legend Palace e Babylon. A informação foi revelada pela empresa através de um comunicado à Bolsa de Hong Kong, emitido na sexta-feira à noite, após o a hora de fecho dos mercados.

Segundo a justificação, a política demitiu-se do cargo que ocupava desde 2013 devido a “motivos pessoais”. Contudo, a saída surge dias depois do maior accionista do grupo, Levo Chan, ter sido detido em Macau, por suspeitas de liderar uma associação criminosa, jogo ilegal e branqueamento de capitais.

“A senhora Tam confirma que não tem qualquer discordância com a direcção da empresa e que não há qualquer assunto relacionado com a sua saída que deva ser mencionado aos accionistas”, poder ler-se na mensagem de sexta-feira.

Além de ser directora não-executiva, Maria Tam, formada em Direito, exercia os cargos de presidente da comissão de nomeações da Macau Legend, e era ainda membro das comissões de remunerações e de auditoria.

Em 2020, Tam teve ainda um registo de assiduidade perfeito e, segundo o relatório e contas do grupo para esse ano, participou em todas as reuniões dos órgãos em que estava envolvida. Foi no âmbito dessas funções que foi paga pela empresa em 525 mil dólares de Hong Kong, o que mesmo assim significou uma redução face a 2019 quando tinha levado para casa 554 mil dólares de Hong Kong.

Supervisora do ICAC

Apesar de só agora anunciada, a saída “por motivos pessoais” acabar por não ser surpreendente. As alegadas actividades criminosas de Levo Chan, que está em prisão preventiva, deixam Tam numa posição complexa, mesmo que não tenha sido revelada qualquer ligação entre as actividades criminosas e a empresa Macau Legend.

Além de ser directora não-executiva da Macau Legend, o que implica que tinha a “obrigação” de inspeccionar a conduta dos accionistas do grupo, Tam é igualmente presidente da Comissão de Inspecção das Operações da Comissão Contra a Corrupção de Hong Kong (ICAC, em inglês), desde 2015. Contudo, era Tam que presidia à Comissão de Nomeações da Macau Legend, em 2020, quando Levo Chan foi nomeado presidente.

Ainda como consequência da saída da também membro da Comissão da Lei Básica do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Charles Wang Hongxin assume a presidência da Comissão de Nomeações da Macau Legend.

Levo Chan Weng Lin, dono da promotora Tak Chun, a segunda maior de Macau, foi detido no final do mês passado e está indiciado pela prática dos crimes de actividades de jogo ilegal, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Na apresentação do caso a Polícia Judiciária nunca mencionou o nome da empresa Macau Legend, tendo antes ligado as alegadas actividades ilegais a Alvin Chau, dono da promotora do jogo Suncity, que foi detido em Novembro do ano passado.

7 Fev 2022

Covid-19 | Macau sem planos para reduzir quarentenas e administrar quarta dose

Apesar de as quarentenas para quem chega de zonas de extremo risco terem sido encurtadas de 28 para 21 dias, o Governo não prevê encurtar a breve trecho o período de 21 dias de observação médica para quem chega de regiões de médio e alto risco. Quarta dose da vacina contra a covid-19 não está a ser equacionada para já

 

Os Serviços de Saúde de Macau reiteraram na passada sexta-feira que, de momento, não existem planos para encurtar o período de 21 dias de quarentena para quem chega das chamadas regiões de médio e alto risco, como é o caso dos países europeus. Isto, numa altura em que Hong Kong anunciou a redução das quarentenas de 21 para 14 dias e que em Macau, o período de observação médica para quem chega de zonas de extremo risco já foi encurtado de 28 para 21 dias.

“As pessoas que vêm de regiões de extremo risco passam agora a fazer uma observação médica de 21 dias em vez de 28. Com excepção de regiões como Hong Kong, Taiwan e algumas regiões do Interior da China que são consideradas de médio ou alto risco, todas as outras regiões e países da Europa também são de alto risco e [quem chega destes locais] tem de cumprir a observação médica [de 21 dias]”, disse Tai Wa Hou, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, segundo a TDM – Canal Macau.

Durante a habitual conferência de imprensa da passada sexta-feira, o responsável apontou ainda que o actual estado da pandemia a nível global é ainda “muito grave”, com mais de 380 milhões de infectados e que é urgente prosseguir eficazmente com o plano de vacinação em Macau, nomeadamente a inoculação da terceira dose de reforço e a promoção da vacinação entre as camadas mais jovens e mais velhas da população, dado que têm actualmente as mais baixas taxas de vacinação do território.

Mais concretamente, detalhou Tai Wa Hou, até às 16h00 de sexta-feira, a taxa de vacinação de toda a população de Macau era de 74,5 por cento, ou seja, três em cada quatro pessoas encontram-se inoculadas. Por faixas etárias, estão vacinadas 76,4 por cento das pessoas com mais de 3 anos, 5,0 por cento das pessoas com idades entre os 3 e 11 anos, 69,4 por cento das pessoas com idades entre os 12 e 19 anos, 90 por cento das pessoas com idades entre os 20 e 60 anos, 63,4 por cento das pessoas com idades entre os 60 e 69 anos, 44,3 por cento das pessoas com idades entre os 70 e 79 anos, e 17 por cento das pessoas comais de 80 anos.

Uma dose de cada vez

Questionado sobre a possibilidade de integrar uma quarta dose de reforço no plano de vacinação contra a covid-19, à semelhança do que já acontece em países como Israel e Dinamarca, Tai Wa Hou, não descartou a hipótese no futuro, mas vincou que a prioridade imediata passa por promover a inoculação da terceira dose entre a população.

“Acredito que mais tarde, volvidos seis meses ou um ano após a inoculação da terceira dose, a quarta dose será muito mais necessária. Na altura (…) iremos ponderar essa questão, mas neste ponto a quarta dose ainda não é uma necessidade”, apontou.

O responsável considera ainda que os surtos de covid-19 actualmente activos em Cantão não deverão cessar num futuro próximo, pelo que o prazo de validade de 48 horas dos testes de ácido nucleico para cruzar as fronteiras deverá ficar, para já, inalterado.

7 Fev 2022

Covid-19 | Residente vinda de Portugal infectada, mas assintomática

Além da mulher, também uma família foi colocada em quarentena, depois de ter visitado uma área em Cantão, onde nos últimos dias se registaram casos positivos. Até ao momento, o casal e os filhos continuam negativos

 

Um caso de covid-19 foi detectado numa residente que viajou no dia 31 de Janeiro de Portugal para Macau, através de Singapura. A mulher de 55 anos estava vacinada, mas como não tem sintomas foi classificada como um caso assintomático, o que significa que não entra para as estatísticas oficiais.

O caso foi detectado, depois de a residente ter saído de Portugal com um teste de ácido nucleico com resultado negativo. “No dia 30 de Janeiro de 2022, foi submetida a teste de ácido nucleico em Portugal, com resultado negativo”, foi revelado. “No dia 31 de Janeiro de 2022, apanhou o voo n.º LH1779 de Portugal para Alemanha, e no dia seguinte (dia 1 de Fevereiro), viajou de avião n.º SQ327 de Alemanha para Singapura), e quarta-feira (dia 2) apanhou o voo n.º TR904 de Singapura para Macau”, foi acrescentado.

Segundo o comunicado dos Serviços de Saúde, a mulher estava vacinada com três doses da vacina Sinopharm, que tinham sido administradas em Fevereiro, Março e Dezembro do ano passado na RAEM. Contudo, à chegada, o teste foi positivo. “Logo que entrou em Macau, foi sujeita a um teste de zaragatoa nasofaríngea, cujo resultado deu positivo fraco, tendo sido encaminhada para o Centro Clínico de Saúde Pública”, foi indicado.

Família isolada

Além do caso anunciado na madrugada de ontem, também uma família foi colocada em isolamento, depois de uma visita ao Interior a Cantão, por altura das comemorações do Ano Novo Chinês. “Uma família composta por quatro membros, residentes de Macau que moram no Bloco 5 do Edificio Polytec Garden, na Areia Preta, foram submetidas a observação médica em isolamento centralizado, por terem estado em determinados locais da Cidade de Heyuan”, foi revelado.

Segundo a informação disponibilizada, trata-se de um casal e dos filhos que, no dia 29 de Janeiro, visitaram alguns familiares na aldeia de Guankeng, perto da cidade de Heyuan, que fica na Província de Cantão.

Após o local ter sido definido como de risco, pelas autoridades locais, os quatro contactaram o Centro de Coordenação de Contingência para declararem o historial de viagem e serem colocados em isolamento. Actualmente, esta família encontra-se no hotel de quarentena e os testes realizados até ontem tinham sido todos negativos.

Também na residência da família, foram tomadas medidas: “O edifício onde residem as quatro pessoas foi limpo e desinfectado pelo porteiro”, foi anunciado.

4 Fev 2022

Turismo | Visitantes e receitas do jogo aquém do esperado

Os dados oficiais indicam as piores receitas de jogo para o mês de Janeiro, desde o início da pandemia, com uma quebra de 20 por cento, face ao período homólogo. Número de visitas no Ano Novo Lunar ficou também abaixo das expectativas

 

Apesar do Governo ter feito previsões para a visita diária de cerca de 20 mil turistas durante as festividades do Ano Novo Lunar, até ontem, às 17h, o número de visitantes estava aquém do esperado, com uma média de 12.643 nos quatro dias das festividades.

Segundo os dados revelados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), ontem registou-se o dia mais movimentado do ano novo, quando entraram 15.567 turistas, só até às 17h. Os números mostram igualmente uma entrada crescente de visitantes, uma vez a quarta-feira tinha sido o segundo melhor dia para a indústria local, com 15.140 visitantes.

Antes disso, a 1 de Fevereiro, o território tinha recebido 10.157 turistas, o que significa que 31 de Janeiro foi o pior dia, com apenas 9.707 visitantes. O facto de segunda-feira ter sido o pior dia para o turismo não é uma surpresa, uma vez que coincidiu com o dia em que tradicionalmente as famílias se reúnem para jantar.

Jogo a sofrer

Mas não só o número de visitantes ficou aquém do esperado, o mesmo aconteceu com o sector do jogo. As receitas brutas em Janeiro foram as mais baixas para o primeiro mês do ano, desde o início da pandemia da covid-19.

Segundo os dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), as receitas em Janeiro totalizaram 6,34 mil milhões de patacas, uma queda de 20,9 por cento, face ao período homólogo.

O valor apresentado pela DICJ significa uma redução de aproximadamente um quinto, face a Janeiro de 2021, quando os casinos tinham encaixado 8,02 mil milhões de patacas.

A queda é mais significativa quando a comparação é feita com Janeiro de 2020, o mês em que se registaram os primeiros casos de covid-19 na RAEM. Nessa altura, as receitas dos casinos tinham atingido 22,13 mil milhões de patacas.

Após terem sido conhecidos os números para o primeiro mês do ano, o analista Carlo Santarelli, do Deutsche Bank, fez uma revisão em baixa das estimativas para a indústria. Anteriormente, o banco de investimento previa que o primeiro trimestre iria gerar 21,79 mil milhões de patacas em receitas, agora a previsão é de 20,91 mil milhões. O valor tem igualmente impacto para o ano interior.

Até ao fim de Janeiro o Deutsche Bank apontava para receitas brutas de 146,95 mil milhões de patacas para 2022, mas, à luz dos novos dados, o valor foi reduzido para 146,10 mil milhões. A diferença é de 850 milhões de patacas, e, caso seja concretizada, representa um aumento de 67 por cento face ao ano passado, quando o total foi de 86,86 mil milhões de patacas.

4 Fev 2022

MP | Mais duas detenções e Levo Chan em prisão preventiva

A Polícia Judiciária revelou a detenção de mais duas pessoas ligadas ao empresário Levo Chan, por terem retirado da alegada “sede da associação criminosa” documentos e dinheiro

 

Levo Chan, maior accionista do grupo Tak Chun e Macau Legend, ficou em prisão preventiva, depois de ter sido detido pela Polícia Judiciária, na semana passada, no âmbito das investigações relacionadas com Alvin Chau e a Suncity.

“Tendo em consideração a gravidade da natureza dos crimes que provocaram o impacto negativo à ordem social e ao desenvolvimento estável e saudável do sector do jogo de Macau, o Juiz de Instrução Criminal, sob a promoção do Delegado do Procurador titular do respectivo inquérito, decretou ao primeiro arguido de apelido Chan, a medida de coacção de prisão preventiva”, foi revelado, num comunicado do Ministério Público (MP).

Levo Chan está a ser investigado pela prática dos crimes de chefia em associação secreta, que implica uma pena até 15 anos de prisão, branqueamento de capitais (8 anos de prisão), exploração ilícita de jogo (3 anos de prisão) e ainda crime de exploração ilícita de jogo em local autorizado (3 anos de prisão).

Por sua vez, o director financeiro, de apelido Choi, está a ser investigado pela prática do crime de desobediência, mas vai aguardar o julgamento em liberdade.

Outras detenções

Na segunda-feira foram anunciadas mais duas detenções relacionadas com o caso de Levo Chan. Segundo a polícia, tratam-se de duas pessoas que terão ido “à sede” da alegada associação criminosa para tentarem levar alguns documentos e ainda dinheiro.

Os detidos foram identificados pelos apelidos de Chow, residente de Hong Kong com 55 anos, e Chan, uma residente de Macau, com 42 anos. Ambos estão indiciados pela prática do crime de Favorecimento Pessoal, punido com pena de 3 anos de prisão ou multa.

O mesmo dia serviu também para que o grupo Macau Legend anunciasse a saída de Levo Chan dos cargos de direcção, num comunicado assinado por David Chow. Segundo a nota, a demissão de Levo teve como objectivo evitar “distracções” da empresa assim como dos diferentes accionistas.

No comunicado foi ainda indicado que Levo Chan não tem qualquer diferendo com a empresa, nem que exige qualquer tipo de pagamento relacionado com a saída da direcção.

O responsável máximo da empresa Tak Chun é o segundo grande junket a ser visado por uma investigação da Polícia Judiciária e a ser detido, depois de o mesmo ter acontecido com Alvin Chau, responsável pela Suncity, em Novembro do ano passado. Também Chau, está actualmente em prisão preventiva.

4 Fev 2022

Habitação | Cerca de 7% das fracções em Macau estão desocupadas

Segundo um estudo da Universidade de Macau divulgado pela Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, no final de Junho, havia em Macau 16.655 habitações vazias. De acordo com a investigação, o problema da habitação em Macau prende-se com a “má distribuição de recursos” na construção de apartamentos cujas características “não conseguem responder às necessidades reais”

 

Cerca de 7,0 por cento das habitações em Macau, um total de 16.655, estavam vazias no final de Junho de 2021, uma percentagem “alta”, admitiu um estudo da Universidade de Macau divulgado na passada segunda-feira.

Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional citado pela agência Lusa, Macau destaca-se por ter uma taxa de desocupação mais elevada ainda em zonas nobres das ilhas de Coloane e Taipa, atingindo o máximo de 30,3 por cento na vila da Taipa.

A percentagem de habitações “de grande dimensão”, com uma área superior a 150 metros quadrados, que se encontravam vazias é também alta (17,2 por cento) devido “ao preço elevado que os residentes dificilmente conseguem comportar”, refere o estudo.

A equipa que elaborou o estudo defendeu que o Governo deve regular o mercado de arrendamento para “evitar bruscas variações nas rendas” e encorajar os proprietários a arrendar habitações desocupadas, nomeadamente através de medidas fiscais.

Os investigadores escreveram que “o problema da habitação em Macau prende-se com uma má distribuição de recursos” na construção de apartamentos cujas características “não conseguem responder às necessidades reais”.

“Uma resposta efectiva” ao problema da habitação em Macau passaria pelo Governo disponibilizar fracções a preços ao alcance dos bolsos dos residentes, referiu o documento. O estudo da Universidade de Macau prevê também que, até 2030, seja necessário construir mais 67.200 habitações no território.

A equipa sublinhou ainda que 10 por cento da população de Macau possa vir a precisar de habitação pública, sobretudo se “a situação quanto ao desemprego e rendimento piore ainda mais”.

Recorde-se que a taxa de desemprego subiu de 1,7 por cento no final de 2019, antes do início da pandemia de covid-19, para 2,9 por cento em Dezembro, o valor mais elevado desde 2009. O rendimento mediano dos trabalhadores a tempo inteiro também caiu de 17 mil para 15.600 patacas no mesmo período.

Oferta suficiente

Ainda assim, o estudo concluiu que a oferta de habitação pública, tanto para arrendamento como para compra, será “suficiente” para a procura até 2030.

O Governo sublinhou que irá disponibilizar 6.150 apartamentos de habitação social, para arrendamento de acordo com os rendimentos das famílias, sendo que 2.100 fracções estão já em construção.

Quanto à habitação económica, para venda a preços abaixo dos praticados no mercado privado, as autoridades prometeram disponibilizar 20.400 frações até 2025, sendo que apenas 3.017 estão já em construção. O número é, no entanto, inferior, às necessidades estimadas pelos investigadores da Universidade de Macau para 2030, ou seja, 23 mil habitações.

Recorde-se ainda que o Governo prometeu construir ainda 28 mil apartamentos de habitação pública só nos Novos Aterros da Areia Preta, uma ilha artificial de 1,38 quilómetros quadrados conquistada ao mar, a leste da península de Macau.

4 Fev 2022

IC | Orquestras de Macau vão cumprir temporada apesar de despedimento de Lu Jia

O Instituto Cultural garante que todas as actuações agendadas são para cumprir, apesar da reestruturação em curso. No entanto, um membro da orquestra afirmou que já foram cancelados seis espectáculos e que, para a presente temporada ser concretizada, faltam 20 músicos. Lu Jia, o maestro chinês despedido apelida a situação de “horrível” e diz que ainda não foi contactado pelo IC

O Instituto Cultural (IC) assegurou na passada sexta-feira que a Orquestra de Macau e a Orquestra Chinesa de Macau irão cumprir as actuações agendadas. Isto, apesar do despedimento do director musical, Lu Jia, e da criação de uma nova entidade.
Numa resposta enviada à agência Lusa, o IC prometeu que a temporada de concertos, que termina no final de Julho, “e os respectivos trabalhos decorrerão de acordo com o plano definido”, embora sem o maestro chinês Lu Jia. O maestro, que liderava a Orquestra de Macau desde 2008, já abandonou a região, com a secção sobre o aclamado maestro chinês a ser, entretanto, retirada da página na Internet da orquestra.
No entanto, um membro da Orquestra de Macau, que pediu para não ser identificado por temer represálias, confirmou à Lusa que esta semana foram já canceladas seis actuações, incluindo duas na passada sexta-feira.
As actuações, a cargo de um quarteto de músicos da Orquestra de Macau, faziam parte de um programa que levava a música clássica a locais como orfanatos, hospitais, lares para idosos e prisões.
De acordo com os websites das duas orquestras, a Orquestra Chinesa de Macau tinha 21 concertos marcados até ao final de Julho, ao passo que a Orquestra de Macau tinha 15 espectáculos agendados. Além disso, o principal portal de venda de bilhetes para espetáculos na cidade, o MacauTicket, não tem listado qualquer concerto para nenhuma das duas orquestras para o resto de 2022.
O membro da Orquestra de Macau disse ainda que a formação tem menos 20 músicos do que os necessários para cumprir a presente temporada. Alguns tinham sido seleccionados numa audição a nível mundial realizada em 2019, mas não foram depois autorizados a entrar na cidade, enquanto outros músicos encontravam-se fora de Macau quando começou a pandemia da covid-19 e acabaram por não ver os seus contratos renovados, explicou a mesma fonte.

Nem tido, nem achado

Em declarações à TDM – Canal Macau, o maestro chinês Lu Jia diz que soube do seu afastamento pelos amigos e que ainda está à espera de um contacto oficial do IC. Ao fim de 13 anos de ligação, o maestro considera que a forma como os músicos das orquestras estão a ser tratados é “injusta” e que o facto de todo o trabalho desenvolvido ter desaparecido de um dia para o outro é “horrível”.

“A orquestra foi construída ao longo 13 anos. Todos os recursos do Governo, todos os recursos públicos, todo o apoio do público e o trabalho dos músicos, que trabalharam ao longo de anos e
anos na construção de uma orquestra de alta qualidade desapareceram de um dia para o outro. Isto é verdadeiramente horrível”, disse.
O IC tinha anunciado na quinta-feira a criação da Sociedade Orquestra de Macau, Limitada, “detida integralmente” pelo Governo de Macau”, que a partir de amanhã vai acolher, “sem sobressaltos”, as duas orquestras.
Além de “reduzir a dependência do erário público”, o objectivo da transferência passa por “melhor corresponder (…) às necessidades de formação de quadros qualificados” na área da música, explicou o IC.
Recorde-se que os músicos locais das duas orquestras viram os contratos rescindidos e receberam uma indemnização, mas estão “a transitar, de forma ordenada,” para a Sociedade Orquestra de Macau. Já os músicos não-residentes, serão transferidos sem receber qualquer compensação, mantendo “as condições contratuais originais”, explicou o IC à Lusa.
Na quarta-feira, o Governo de Macau nomeou para a presidência do IC Leong Wai Man, que desde 2018 desempenhava as funções de vice-presidente. Leong Wai Man sucede a Mok Ian Ian, que na semana passada foi transferida para a presidência do conselho de administração do Centro de Ciência de Macau.
A Orquestra Chinesa de Macau foi fundada em 1987, ainda durante a administração portuguesa do território. A Orquestra de Macau foi oficialmente criada em 2001.

3 Fev 2022

Desemprego em Macau sobe para o valor mais alto desde 2008

A taxa de desemprego subiu 0,4 pontos percentuais para 2,9 por cento no ano passado, o valor mais alto desde 2009, quando o desemprego se fixou em 3,5 por cento e se faziam sentir os impactos da crise financeira mundial. Os números foram revelados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos.

“Em 2021, a taxa de desemprego foi de 2,9 por cento e a taxa de desemprego dos residentes correspondeu a 3,9 por cento, mais 0,4 e 0,3 pontos percentuais, respectivamente, face ao ano de 2020”, lê-se no comunicado divulgado pela DSEC.

O valor, contudo, não contabiliza os mais de 25.000 trabalhadores não residentes que abandonaram o território desde o início da pandemia.

Na segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional considerou, na análise anual à economia de Macau, que o território deverá crescer 15 por cento este ano, depois da recessão económica de 2020 causada pelos efeitos da pandemia de covid-19.

 

Razões apontadas

“Apesar do forte apoio orçamental e da solidez financeira dos grupos dos casinos, que amorteceram o impacto sobre o emprego e o consumo, o PIB agregado diminuiu 54 por cento em 2020, devido, sobretudo, ao colapso das exportações de serviços, o que evidencia a vulnerabilidade da economia da Região Autónoma de Macau às forças externas que afectam o fluxo de entrada de turistas, como as restrições de viagem relacionadas com a pandemia”, lê-se na análise anual do FMI à economia de Macau, feita ao abrigo do Artigo IV.

“Estima-se que a economia tenha crescido 17 por cento em 2021 graças à recuperação parcial do sector do jogo”, acrescenta-se no texto, que dá conta de um “crescimento do PIB para 2022 em 15 por cento, decorrente da retoma gradual do turismo estrangeiro e da recuperação da procura interna”.

“A crise tornou bastante evidente a dependência excessiva de Macau do sector do jogo; este sector – o principal motor do crescimento nas duas últimas décadas – quase cessou com a diminuição acentuada dos fluxos turísticos” decorrentes das medidas de confinamento e combate à propagação da pandemia.

3 Fev 2022

Covid-19 | Residente vinda da Suíça classificada como caso importado assintomático

O caso não entra para as estatísticas, por ser assintomático e, assim sendo, o número de ocorrências na RAEM mantém-se em 79. No fim-de-semana foi anunciado o aumento da validade dos testes para circular entre Macau e o Interior

 

Uma residente de 19 anos, que viajou para Macau vinda da Suíça, foi classificada, no sábado, como um caso importado de infecção importado assintomático. A informação foi divulgada ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, após a infecção ter sido confirmada no sábado.

A jovem estava vacinada e tinha entrado em Macau a 29 de Janeiro: “Esta residente administrou 2 doses da vacina de mRNA produzida pela empresa farmacêutica BioNTech em Julho e Agosto de 2021 e depois foi para a Suíça estudar, tendo viajado por vários países da Europa”, foi revelado. “No dia 27 de Janeiro, foi submetida a teste de ácido nucleico na Suíça, e o resultado do teste foi negativo”, foi acrescentado.

Como tinha um teste negativo, a residente foi autorizada a apanhar o voo n.º SQ345, da Singapore Airlines, de Zurique para Singapura, e no dia 29 de Janeiro, viajou de Singapura para Macau no voo n.º TR904, da companhia Scoot. “Logo que entrou em Macau, foi sujeita a um teste de zaragatoa nasofaríngea, cujo resultado foi positivo. A residente já foi encaminhada para o Centro Clínico de Saúde Pública”, foi assegurado pelas autoridades de saúde.

Como o Governo de Macau segue actualmente os padrões do Interior na contagem dos casos, deixou de contar as infecções assintomáticas, ao contrário do que acontecia no início. “Esta pessoa não apresenta sintomas suspeitos da COVID-19. Em articulação com o historial epidemiológico, os desempenhos clínicos e resultados de testes desta pessoa, foi classificada como caso importado de infecção assintomática e não foi incluída nas estatísticas de casos confirmados de Macau”, foi explicado. A RAEM conta 79 casos confirmados desde o início da pandemia, em Janeiro de 2020.

Validade aumentada

Em relação às medidas pandémicas e com a chegada do Ano Novo Lunar foi divulgado no sábado que a validade dos testes de ácido nucleico para quem quer viajar entre Macau e o Interior foi aumentada.

A partir de sábado, quem chega a Macau vindo de Zhuhai ou Shenzhen pode apresentar um teste de ácido nucleico com resultado negativo feito nas 48 horas anteriores. Antes, e na sequência dos vários casos nas cidades do Interior, a validade tinha sido estabelecida nas 24 horas.

Ao mesmo tempo, as pessoas que vêm para Macau vindas do Interior por via aérea podem viajar com um teste com a validade de sete dias. Para quem quer sair da RAEM para Zhuhai e Shenzhen também se aplica a validade de sete dias. “Aqueles que pretendam sair de Macau tendo como destino a Cidade de Zhuhai ou da Cidade de Shenzhen, por via terrestre ou via marítima, só precisam de possuir o certificado de teste de ácido nucleico para a COVID-19 com resultado negativo dentro de sete dias após a data de amostragem (ou seja, a data de amostragem mais sete dias)”, foi divulgado.

SSM | Inspecções para garantir segurança no Novo Ano Lunar

Depois de o Governo ter reduzido as restrições contra a covid-19, para que os viajantes do Interior possam vir a Macau durante o Ano Novo Lunar, os Serviços de Saúde anunciaram ter levado a cabo várias inspecções. Os locais visitados incluem “o Centro Hospitalar Conde de São Januário, Centros de Saúde, postos fronteiriços de Macau, postos de vacinação contra a COVID-19 e postos de testes de ácido nucleico”.

Estas visitas foram adoptadas, segundo o Governo, para “verificar a implementação das medidas antiepidémicas”, “elaborar e planear planos de resposta em diferentes cenários” e implementar a “estratégia antiepidémica de prevenir casos importados e evitar o ressurgimento interno”. O Governo declarou ainda ter como objectivo “garantir que os residentes possam celebrar o Ano Novo Lunar num ambiente saudável e seguro”.

Vacinas | Boletim individual ganha versão digital

O porta-voz do Conselho Executivo, André Cheong anunciou na passada sexta-feira a conclusão do debate à volta do projecto de regulamento administrativo sobre o Regime de Vacinação. Segundo o diploma, com o objectivo de promover a governação electrónica, o Boletim Individual de Vacinações vai poder ser emitido em formato digital, para além da versão em papel.

Para tal, os Serviços de Saúde (SSM) vão criar uma plataforma electrónica para registar o histórico de vacinação dos residentes, sendo que os médicos ou enfermeiros responsáveis pela inoculação ficarão também a cargo de preencher essa mesma informação na plataforma.

Para além de definir quem beneficia de isenção das taxas de vacinação entre não residentes, o regulamento estabelece ainda que a dispensa de vacinação deve ser concedida por um médico autorizado pelo director dos SSM. A dispensa de vacinação deverá igualmente ficar registada no boletim individual de vacinação das pessoas isentas.

3 Fev 2022

Crime | Levo Chan detido por suspeitas de jogo ilegal e associação criminosa

O proprietário da Tak Shun e da Macau Legend foi detido pela Polícia Judiciária na sexta-feira, na sequência das investigações ligadas a Alvin Chau, dono da Suncity. Em menos de dois meses, as autoridades prenderam os donos das duas principais empresas junkets de Macau

 

Levo Chan Weng Lin, dono da promotora de jogo Tak Chun, a segunda maior de Macau, foi detido na sexta-feira e está indiciado pela prática dos crimes de actividades de jogo ilegal, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A operação foi apresentada ontem numa conferência da Polícia Judiciária (PJ), em que as autoridades apenas referiram que o detido tem o “apelido de Chan” e 49 anos de idade.

Além do responsável pela empresa Tak Chun e também presidente da Macau Legend, foi também detido um outro executivo de apelido Choi, de 34 anos, que segundo a imprensa de Hong Kong será director financeiro da empresa junket.

Na conferência de imprensa, Chong Kam Leong, porta-voz da PJ, afirmou que as detenções dos dois suspeitos estão relacionadas com a detenção de Alvin Chau, proprietário do grupo Suncity, preso desde finais de Novembro.

De acordo com a informação apresentada, a associação criminosa era “controlada e gerida pelo suspeito de apelido Chan” que desenvolvia apostas ilegais, assim como jogo online ilegal nos casinos de Macau. Por sua vez, o detido Choi assistia Chan na gestão das operações.

As detenções resultaram das investigações em curso ao caso que envolve Alvin Chau, mas só agora foram realizadas, por ser este o tempo “mais oportuno”. No momento da detenção, os dois residentes de Macau encontravam-se num hotel, na zona do NAPE.

As buscas envolveram ainda os escritórios e as residências dos detidos, o que levou à apreensão de material informático e 4,1 milhões de dólares de Hong Kong em dinheiro vivo.

Bico calado

Interrogados pelas autoridades, os detidos optaram por ficar em silêncio, o que levou a PJ a considerar haver uma recusa de participação nas investigações. Contudo, acredita-se que as alegadas associações criminosas lideradas por Alvin Chau e Levo Chan estariam a actuar em conjunto no caso ontem apresentado.

“Apesar de as duas operações policiais terem tido como alvos duas associações criminosas diferentes, há provas suficientes, de acordo com a nossa investigação, que mostram que estavam a actuar em conjunto”, afirmou Chong Kam Leong.

A Polícia Judiciária reconheceu também que, apesar das detenções terem ocorrido na sexta-feira, a investigação teve início em 2019.

A detenção surge dias depois da Direcção de Inspecção e Coordenação do Jogo ter renovado a licença de promoção de jogo da Tak Chun.

Levo Chan Weng Lin é presidente e CEO da Macau Legend, responsável pela gestão da Doca dos Pescadores. Ontem, a empresa emitiu um comunicado onde afirma que a detenção de Levo Chan não vai afectar a actividade do grupo.

“A Direcção é de opinião que, uma vez que o Grupo é operado por uma equipa de pessoal de gestão e o incidente acima referido está relacionado com os assuntos pessoais do Sr. Chan e não relacionados com o Grupo, a Direcção não espera que o incidente acima referido tenha um impacto material adverso nas operações diárias do Grupo”, refere o documento.

A nota enviada à Bolsa de Hong Kong e assinada pelo co-presidente e director não executivo David Chow Kam Fai – o antigo proprietário da empresa – acrescenta que a Direcção irá “acompanhar de perto e rever a situação e fazer outro(s) anúncio(s) conforme e quando apropriado”. O anúncio também indica que “os accionistas e potenciais investidores da Empresa são aconselhados a ter cautela ao negociar as acções da Empresa”. Macau Legend Development é proprietária da propriedade do Macau Fisherman’s Wharf e opera os casinos Babylon e Legend Palace sob a concessão de jogo da SJM.

Cem mil para Portugal

Além de empresário, Levo Chan tem um historial de doações para instituições de caridade em Macau, e não só. Em Abril de 2020, em nome individual, o dono da Tak Chun, contribuiu com um donativo de 100 mil patacas para a luta contra a covid-19 em Portugal, recebido pelo cônsul Paulo Cunha Alves. Na altura, a campanha foi realizada no âmbito do esforço de várias associações locais para ajudar Portugal na compra de material para responder à pandemia.

3 Fev 2022

Covid-19 | Macau recusa seguir HK e reduzir quarentenas

A Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou ontem que a quarentena para quem chega ao território passa de 21 para 14 dias, mas as autoridades de Macau dizem “não estar disponíveis” para adoptar semelhante medida. A partir de amanhã, os funcionários do aeroporto passam a trabalhar em circuito fechado, tendo de cumprir quarentena e auto-gestão de saúde

Macau recusa reduzir o número de dias de quarentena para quem chega ao território, que actualmente pode variar entre 14 e 28 dias consoante os países e regiões de origem. Esta decisão surge depois de Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, ter ontem anunciado a redução da quarentena de 21 para 14 dias, tendo em conta o menor período de incubação da variante Ómicron do novo coronavírus.

“Não estamos disponíveis para reduzir o prazo de quarentena. O caso de contacto próximo de Zhongshan teve vários resultados negativos e só no décimo dia de quarentena é que [a pessoa] teve um teste com resultado positivo”, exemplificou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus.

“Vamos analisar a situação epidémica de Hong Kong”, disse a mesma responsável quando questionada se a redução do número de dias de quarentena poderá afectar Macau.

“O número de turistas que vêm de Hong Kong é estável, entre 50 a 70 pessoas por dia. Estas precisam de apresentar um teste com um prazo de 24 horas”, referiu Leong Iek Hou.

Segundo o portal Hong Kong Free Press, a redução do número de dias de quarentena entra em vigor no próximo dia 5 de Fevereiro, seguindo-se um período de sete dias de auto-gestão de saúde em casa, incluindo a realização de dois testes diários.

As medidas de distanciamento social mantêm-se na região vizinha até ao dia 17 de Fevereiro, com a suspensão de grandes eventos. A realização de aulas online vai continuar.

Entretanto, Leong Iek Hou adiantou que a creche Fong Chong e o lar de idosos associado ao último surto com origem em Zhuhai podem começar a funcionar normalmente e a receber visitas, uma vez que já terminou o período de quarentenas.

Daqui não sais

Outra das medidas anunciadas ontem, prende-se com o início, a partir da meia noite de amanhã, do sistema de gestão em circuito fechado dos trabalhadores do Aeroporto Internacional de Macau. Estes devem ficar no local de trabalho durante 14 dias, seguindo-se uma quarentena num hotel de sete dias e mais sete dias de auto-gestão de saúde, incluindo a realização de vários testes de ácido nucleico.

“Todos os trabalhadores nos postos [de trabalho], mesmo as pessoas que têm contacto com outras provenientes de zonas de médio e alto risco, e ainda os que trabalham nos hotéis de quarentenas, têm de ficar sujeitos a uma gestão em circuito fechado. O aeroporto já está a implementar detalhes da execução [desta medida]”, disse Leong Iek Hou. A coordenadora disse ainda que “todos os tripulantes de regiões de médio e alto risco não entram em Macau, não saem do avião e saem no mesmo voo”.

Relativamente à aplicação de telemóvel para a leitura do código de saúde, foram já efectuados 579 mil downloads, sendo que “o número de pessoas com uma declaração de saúde [por via da aplicação] apresenta uma tendência de crescimento contínuo”.

O Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus prepara-se ainda para avançar para a segunda fase de fixação dos códigos de saúde a nível local. “Como na comunidade ainda existem alguns estabelecimentos que apresentam risco [de contágio], estamos a planear iniciar os trabalhos da segunda fase de fixação dos códigos de saúde. Esperamos que haja mais estabelecimentos que adiram à iniciativa, a fim de facilitar o registo do itinerário dos residentes”, adiantou Leong Iek Hou.

28 Jan 2022

DSAL | Trabalhadores de obra manifestam-se contra despedimentos

Despedidos de uma obra no Cotai, cerca de 300 trabalhadores estiveram na sede dos Serviços Laborais para apresentarem queixas por despedimento, mas não foram recebidos. A DSAL apela a que as queixas sejam apresentadas de forma legal

Cerca de 300 trabalhadores despedidos de uma obra que decorre no Cotai estiveram ontem de manhã, na sede da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) para apresentarem queixas contra o empregador. A concentração de um grande número de pessoas levou à intervenção do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), que colocou fitas no local, para impedir que os trabalhadores ocupassem a estrada.

Segundo as queixas, actualmente há demasiado trabalhadores não-residentes nas grandes obras, o que faz com que não se garanta os empregos dos locais. Por outro lado, ouviram-se queixas contra o subsídio de desemprego, considerado baixo. Segundo o modelo actual, cada trabalhador pode receber até 13.500 patacas por ano, como subsídio de desemprego.

Momentos depois do início da concentração, o deputado José Pereira Coutinho foi chamado ao local, para acompanhar os queixosos. “Estava na reunião da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa e tive de abandonar a sala, face à gravidade da situação”, reconheceu.

Segundo Coutinho, aos trabalhadores foi inicialmente prometido que uma comitiva de nove membros seria recebida pelas chefias da DSAL. Contudo, ao fim de meia hora, a reunião foi cancelada, porque as chefias recusaram receber os trabalhadores. “Primeiro, foi difícil conseguir um consenso sobre os nove membros que iam constituir a delegação a ser recebida, mas conseguiu-se. Depois ficámos mais de meia-hora à espera da reunião prometida. No final, disseram-nos que embora as chefias estivessem no edifício que não nos recebiam”, relatou o deputado.

“As pessoas ficaram muito desiludidas com a DSAL, porque sentem que não se está a portar de uma forma imparcial na resolução destas questões”, lamentou Coutinho. “Não é a primeira vez que a DSAL não recebe as pessoas. Acho que o secretário para a Economia e Finanças devia explicar estas situações”, adicionou.

José Pereira Coutinho falou ainda de um clima de impunidade para as construtoras do Interior, e da influência junto da Administração. “A DSAL mais parece uma entidade manietada pelas fortíssimas empresas de construção civil do Interior que fazem o que lhes apetece em Macau”, atirou.

Mais de 500 queixas

Após a concentração, a DSAL reagiu ao incidente, com Chan Un Tong, subdirector, a fazer declarações no local. De acordo com o conteúdo citado pelo canal chinês da Rádio Macau, a DSAL já tinha recolhido 506 queixas dos 521 trabalhadores despedidos da obra.

Os despedimentos foram justificados com o fim dos trabalhos, e segundo Chan todas as compensações foram pagas de acordo com as leis em vigor.

O subdirector da DSAL explicou também que nesta altura, apesar dos investimentos avultados do Governo, a construção não consegue absorver estes trabalhadores que desempenham tarefas de carpintaria, pintura e decorações. Chan explicou que as grandes obras ainda estão na fase de colocação de fundações e construção da estrutura principal, pelo que não há trabalho para eles.

Minutos depois, através de um comunicado, a DSAL afirmou ainda estar a trabalhar para acelerar os procedimentos de oferta de trabalho para desempregados e apelou que as queixas laborais sejam apresentadas de forma “legal, racional e calma”.

28 Jan 2022

Segurança | Ataques de forças externas serão “mais intensos”. Crime subiu 3,1%

As forças de segurança consideram que a interferência e os ataques de forças externas serão “inevitavelmente mais intensos” em 2022 devido ao contexto político. Criminalidade cresceu 3,1 por cento em 2021, tendo sido registados 9.583 processos criminais, com especial pendor para os casos relacionados com o jogo e crimes informáticos. Ao longo do ano passado, a situação da segurança foi “estável”, considera a Polícia Judiciária

De acordo com o relatório sobre segurança e criminalidade em 2021, divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ), os ataques e a interferência de forças externas em Macau irão ser “inevitavelmente mais intensos” ao longo deste ano. Na base do prognóstico das autoridades, está a realização de “importantes” conferências políticas no Interior da China e a implementação de políticas económicas em Macau.
“Este ano marca a realização de importantes conferências políticas do nosso país e a implementação de importantes políticas económicas da RAEM. A interferência e ataques de forças externas serão inevitavelmente mais intensos”, pode ler-se no documento.
Perante este cenário complexo de “segurança interna e externa”, a PJ assegura que irá aumentar a sua “percepção de riscos” e insistir no cumprimento da “perspectiva geral de segurança nacional”, bem como prestar atenção “ao núcleo político de persistência e promoção” e elaborar estratégias pautadas pelos chamados “três conceitos de policiamento” (policiamento Activo, Comunitário e de Proximidade).
Ao traçar o cenário da segurança nacional no território, o relatório aponta ainda que, ao longo do ano passado e com o apoio do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, a PJ colocou em pleno funcionamento a unidade de execução da defesa da segurança nacional e que “os mecanismos de recolha de informação e de investigação estão em constante aperfeiçoamento”.
“[A PJ] colaborou na consolidação do princípio fundamental ‘Macau governado por patriotas’, combatendo com veemência a infiltração e a interferência de forças externas, tomando medidas para resolver com precisão os factores de instabilidade da sociedade”, lê-se no documento.
Adicionalmente, é recordado que a PJ contribuiu para aperfeiçoar o regime jurídico complementar afecto à defesa da segurança nacional. Nomeadamente, foi concluída a proposta de lei do Regime Jurídico da Intercepção e Protecção de Comunicações, que já se encontra “em plena articulação com o trabalho de revisão da lei relativa à defesa da segurança do Estado e aperfeiçoamento do regime de combate ao terrorismo”.

Ao ritmo da pandemia

À medida que o número de visitantes foi crescendo devido ao alívio, a espaços, de algumas restrições relacionadas com a pandemia de covid-19, o número de crimes relacionados com o jogo subiu em 2021. Adicionalmente, aponta o relatório, devido ao aumento substancial do uso da internet desde o início da pandemia, o número de crimes informáticos registou também um crescimento “assinalável” no ano passado.
Contabilizados todos os crimes de 2021, foram instaurados 9.583 processos criminais, traduzindo-se numa subida de 3,1 por cento relativamente a 2020. Entre estes, 4.915 foram inquéritos e denúncias, representando um aumento de 23,6 por cento, registo esse que se situa entre os números de 2019 e de 2020. Quanto aos indivíduos que foram presentes ao Ministério Público, a PJ divulgou terem sido entregues 1.831 pessoas em 2021, o que corresponde a uma subida de 6,5 por cento face ao ano anterior.
Em relação aos crimes relacionados com o jogo, foram instaurados 1.372 processos, representando um aumento de 23,2 por cento em relação a 2020 (1.114), mas que está ainda longe dos 5.428 crimes registados em 2019.
Entre os crimes registados no ano passado, destaque para a ocorrência de 71 casos de agiotagem e 27 sequestros resultantes de agiotagem que, ainda assim, traduzem uma tendência decrescente face a anos anteriores.
Segundo a PJ, os crimes de troca ilegal de dinheiro continuaram “a causar impactos negativos para os casinos e na segurança nos seus arredores”, vincando que os três homicídios registados em 2021 estavam de alguma forma relacionados com burlas de troca de dinheiro. No total, foram registados 196 burlas e seis roubos relacionados com troca ilegal de dinheiro, o que corresponde a um aumento de 17,4 por cento e a uma descida de dois casos, respectivamente.

Coisas da internet

A reboque do aumento do uso da internet desde o início da pandemia, foram reportados em 2021, 1.676 crimes informáticos, correspondendo a uma subida de 34,4 por cento relativamente ao ano anterior e a uma subida de cerca de 2,5 vezes em relação a 2019.
“Desde que teve início a pandemia, o número de crimes ligados à informática cresceu vertiginosamente, devido (…) ao aumento do uso da internet por parte da população, e (…) ao facto de o modus operandi do crime informático e cibernético se ter tornado cada vez mais complexo e baseado na tecnologia”, acrescenta a PJ.
O relatório aponta ainda para o registo de 800 casos de “criminalidade informática geral”, uma subida de 51,5 por cento em relação a 2020 que, segundo as autoridades, se deve ao crescimento exponencial dos casos de burlas relacionadas com o furto de dados de cartão de crédito. Isto, tendo em conta que ocorreram 663 destes casos, o que representa uma subida de 61,3 por cento e envolveu prejuízos superiores a sete milhões de patacas.
“Hoje em dia, o consumo online tornou-se muito comum, uma parte dos utilizadores de internet armazena inadequadamente os dados dos cartões de crédito, ou faz compras em sites não seguros, os criminosos empregam meios ilegais para obter os dados dos cartões de crédito e utilizam-nos para fazer compras online, depois lucram com a venda dos produtos adquiridos, isto causa prejuízos aos titulares dos cartões, às lojas ou às instituições financeiras”, explicam as autoridades no documento.

Prevaricar à distância

A PJ instaurou ainda 1.206 processos de burla, o que representa um aumento de 31 por cento em relação ao ano anterior, sendo que destes, 519 casos envolvem o uso de computadores ou da internet para a prática dos crimes. Comparativamente com 2020, houve uma subida de 20,4 por cento, não só dos crimes convencionais, como o “namoro online” ou a “armadilha de serviços pornográficos”, mas também de esquemas mais recentes, como burlas de investimento e armadilhas de compras online.
Também as burlas telefónicas (89) registaram uma subida de 187 por cento, continuando a predominar o esquema do “falso funcionário dos órgãos governamentais” e a burla “advinha quem sou eu”.
“O aumento gradual deste tipo de crimes nos últimos anos mostra a necessidade de melhorar o sentido de prevenção da população, portanto, a PJ efectuou proactivamente acções de sensibilização sobre a prevenção das burlas online, offline, com e sem contacto físico”, apontam as autoridades.
Nota ainda para o facto de a criminalidade violenta se manter “numa taxa muito baixa”, tendo sido registado três homicídios onde, quer as vítimas como os autores dos crimes, não são residentes. Além disso, registaram-se seis casos de ofensas graves à integridade física, causados por conflitos entre familiares e amigos.
Quanto aos crimes mais relevantes, nota para 50 casos de fogo posto (+5), 27 casos de roubo (+5), 98 casos de extorsão (8), 14 casos de violência doméstica (+1), um caso de tráfico de pessoas (+1) e 21 casos de associação criminosa (-10) registados no ano passado.
Apesar da criminalidade registada ao longo de 2021, a PJ considerou que “a situação da segurança manteve-se estável” e que “vários tipos de crime foram mantidos sob controlo”, assim como a vida e os bens da população foram “devidamente protegidos”.

Droga | Instaurados 61 casos de tráfico de estupefacientes

Ao longo de 2021, a Polícia Judiciária (PJ) instaurou 61 processos relacionados com o tráfico de droga, representando um aumento de quatro casos relativamente ao ano anterior. Segundo o relatório sobre a criminalidade divulgado ontem, foram ainda registados 13 casos de consumo de droga. Além disso, devido ao contexto gerado pela pandemia de covid-19, a PJ tem vindo a intensificar o controlo do tráfico de estupefacientes por encomenda, tendo sido resolvidos 11 destes casos. Nota ainda, para o facto de a PJ ter desmantelado dois abrigos de cultivo de canábis, prometendo continuar a prestar “muita atenção” às tendências deste crime. De referir que em 2021 foram apreendidos 1.869 gramas de marijuana, quando em 2020 apenas tinham sido apreendidos 210 gramas. 

Delinquência juvenil | Menores que cometeram crimes mais que duplicaram

O número de indivíduos que cometeram crimes e que não atingiam a idade de imputabilidade penal mais que duplicou em 2021. Segundo o relatório divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ), são 67 os indivíduos que se encontram nesta situação, contra os 26 registados em 2020. Segundo a PJ, nos 67 processos instaurados, os menores envolveram-se em casos de fogo posto, furto, dano e extorsão. Ao longo de 2021, houve ainda 122 vítimas menores (-12), envolvidas em casos de agressão, abuso sexual de crianças, burla e extorsão. Sobre o assunto, as autoridades prometem aprofundar a cooperação com o sector educativo e realizar actividades educativas de prevenção criminal nas escolas, com o objectivo de “melhorar os conhecimentos jurídicos dos jovens, e aumentar o seu sentido de cumprimento de lei e o de auto-protecção”.  

Cibersegurança | CARIC emitiu 145 alertas sobre incidentes

Ao longo de 2021, o Centro de Alerta e Resposta a Incidentes de Cibersegurança (CARIC) emitiu 145 alertas e recebeu 63 informações sobre incidentes relacionados com cibersegurança, um aumento de 2,8 vezes e 1,7 vezes, respectivamente, em relação ao ano anterior. Segundo o relatório divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ), entre os casos registados, foram instaurados inquéritos a 21 ataques cibernéticos. O CARIC mostra ainda particular preocupação com o facto de os operadores de infra-estruturas críticas para o normal funcionamento da sociedade estarem “na linha de frente da resposta aos incidentes de cibersegurança”, prometendo “fazer o possível” para prestar a ajuda necessária e melhorar a sua capacidade de gestão. 

 

28 Jan 2022

Número de junkets caiu para quase metade num ano

O número de licenças de promotores de jogo em Macau passou para cerca de metade no espaço de um ano, de acordo com os dados divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Para este ano, foram licenciados 46 junkets, quando no ano passado tinham sido 85 os promotores de jogo licenciados.

Os números apresentados ontem, mostram uma redução de 39 empresas, ou 45,9 por cento. Contudo, este dado é mais significativo quando a comparação é feita com 2013, altura em que se viviam os anos dourados das receitas de jogo. Nesse ano, a DICJ tinha licenciado 235 empresas ou empresários individuais para desempenharem funções de promoção de jogo.

A indústria do jogo VIP sofreu um duro golpe em Novembro do ano passado, após a queda do maior angariador de apostas VIP do mundo, a empresa Suncity.

As autoridades de Macau, decretaram a prisão preventiva ao director executivo do grupo, Alvin Chau, dias depois de o empresário ter sido acusado no Interior de liderar uma vasta rede que captava apostadores para salas de jogo e casas de aposta ‘online’ a operar além-fronteiras.

De seguida, a Suncity anunciou o fim das suas operações relacionadas com os ‘junkets’, já depois de em 30 de Novembro ter encerrado as suas salas de jogo VIP em Macau, sendo que o grupo estava presente em mais de 40 por cento dos casinos do território.

Indícios criminosos

Segundo o Ministério Público, a detenção foi feita depois de se ter verificado a existência de indícios suficientes da prática dos crimes de participação em associação criminosa, chefia de uma associação criminosa, branqueamento de capitais e de exploração ilícita do jogo.

A somar a todas dificuldades vividas pelos ‘junkets’, o Governo anunciou que para os próximos cinco anos quer aumentar a proporção do jogo de massas nos casinos do território.

Por fim, na proposta de revisão da lei do jogo, aprovada já na generalidade na Assembleia Legislativa, estabelece-se ainda que “cada promotor de jogo só pode exercer a actividade de promoção de jogos em uma concessionária”.

27 Jan 2022

Economia | UM prevê crescimento entre 3,6 e 37,9 por cento 

A Universidade de Macau estima que a economia do território cresça em 2022 entre 3,6 e 37,9 por cento, consoante o número de visitantes e a evolução da pandemia. Desta forma, são traçados quatro cenários possíveis. Os analistas sugerem ainda uma aceleração do processo de vacinação

 

Os analistas do Centro de Estudos de Macau e do departamento de Economia da Universidade de Macau (UM) estimam que a economia local cresça este ano entre 3,6 e 37,9 por cento. A diferença dos valores de previsão tem como base quatro cenários macroeconómicos que variam consoante o número de visitantes que Macau receber nos próximos meses.

Assim, o Modelo Estrutural Macroeconómico de Macau considerou estes quatro cenários que traçam uma recuperação económica a “várias velocidades”. Caso Macau receba este ano 9,9 milhões de turistas, a economia pode crescer apenas 3,6 por cento, se receber 13,8 milhões turistas anualmente, pode registar-se um crescimento de 15,3 por cento.

O terceiro cenário tem em conta a entrada de 17,7 milhões de passageiros, que poderá traduzir-se num crescimento económico de 26,2 por cento. Por fim, o quarto cenário aponta para um crescimento de 37,9 por cento caso Macau receba 21,7 milhões de pessoas.

Relativamente às exportações, podem crescer entre 5,8 por cento e 64,7 por cento, também com base nestes quatro cenários. Face ao consumo interno o crescimento pode ser de apenas um por cento com base nas quatro previsões.

As previsões da UM face ao desemprego apontam uma taxa variável entre 2,6 e 3 por cento. Sem incluir os trabalhadores não residentes, a taxa de desemprego dos residentes poderá variar entre os 3,5 e os 3,9 por cento.
Sobre as receitas da Administração, com a exclusão das transferências da Reserva Financeira, os responsáveis da UM falam em valores que variam entre as 51,2 mil milhões e as 65,9 mil milhões de patacas.

Vacinas precisam-se

Depois da contracção económica “severa” em 2020, e de uma breve recuperação no ano passado, os analistas consideram que as empresas locais têm de enfrentar ainda muitos desafios.

“O Governo da RAEM implementou várias políticas, especialmente para as pequenas e médias empresas, para as ajudar a combater a crise. Contudo, estas empresas enfrentam ainda uma falta de procura, e sem uma base estável de visitantes, não serão capazes de gerar ganhos estáveis.”

Desta forma, o Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da Universidade de Macau concluem que as autoridades têm ainda de pensar como “acelerar o processo de vacinação em Macau”, para que as restrições transfronteiriças reduzam, possibilitando o regresso dos turistas a números pré-pandemia.

O Modelo Estrutural Macroeconómico de Macau foi fundado por James Mirrlees, prémio Nobel em ciências económicas e doutor honorário em ciências sociais da UM. Académicos como Chan Chi Shing, Ho Wai Hong e Kwan Fung também colaboraram na elaboração destas previsões.

27 Jan 2022

Justiça | Adiado julgamento do caso conexo ao de Ho Chio Meng

Quase cinco anos depois da primeira decisão, a maior parte dos arguidos faltou ontem à audiência da repetição de parte do julgamento ligado ao ex-Procurador da RAEM. A audiência foi marcada para o fim de Março

 

A repetição de parte do julgamento do caso conexo ao de Ho Chio Meng foi adiada porque maior parte dos arguidos não compareceu ontem no Tribunal Judicial de Base (TJB). A sessão estava agendada para as 14h45, começou por volta das 15h40 e 15 minutos depois já tinha terminado. A audiência foi adiada para 30 de Março, “para assegurar o direito de defesa” e dar tempo para o envio de novas notificações.

Entre os arguidos, os empresários Wong Kuok Wai, Mak Im Tai, Ho Chio Sun, irmão de Ho Chio Meng, e Alex Lam faltaram à sessão. Ao contrário António Lai, antigo chefe de gabinete de Ho Chio Meng, foi um dos presentes.

Apesar das ausências, os arguidos terão sido notificados. Segundo a informação transmitida pela juíza, Ho Chio Sun, irmão do ex-Procurador da RAEM, terá sido notificado através de correio registado para Taiwan. A carta foi recebida.

No primeiro julgamento, concluído em Agosto de 2017, o irmão de Ho Chio Meng foi condenado a 13 anos de prisão, mas também não compareceu a qualquer sessão.

Ausentes estiveram igualmente os empresários Wong Kuok Wai e Mak Im Tai. À juíza, Pedro Leal, advogado dos dois arguidos, admitiu desconhecer o paradeiro dos clientes. “Acredito que os dois arguidos se tenham ausentado de Macau. Estive reunido com eles há cerca de 20 dias, e presumo que se tenham ausentado”, respondeu, quando questionado pelo tribunal. “Não tenho qualquer justificação para as ausências”, acrescentou.

Wong Kuok Wai e Mak Im Tai tinham sido condenados a 14 anos e 12 anos de prisão, respectivamente, mas foram colocadas em liberdade, após cumprirem dois anos de prisão preventiva.

Por sua vez, Alex Lam foi ilibado de todas as acusações no primeiro julgamento, e a notificação para comparecer em tribunal terá sido enviada para o Interior da China.

Segunda tentativa

Sobre a repetição de parte do julgamento, e como este apenas visa os “contratos de serviços” atribuídos pelo Ministério Público, a juíza pediu que os requerimentos dos advogados fossem feitos por escrito. “Os doutores podem fazer requerimentos orais, mas se por escrito há mais tempo para o tribunal fazer a análise e responder”, foi justificado.

O tribunal solicitou ainda a Paulino Comandante, advogado de António Lai, que fosse mais selecto nas testemunhas que pretende ouvir, uma vez que a causa da nova acção em tribunal apenas visa contratos de serviços atribuídos pelo MP, durante o período liderado por Ho Chio Meng. Na primeira decisão, António Lai foi absolvido de todas as acusações.

27 Jan 2022

Desmantelamento de rede de agiotagem resulta na detenção de 60 pessoas

A Polícia Judiciária (PJ) e as autoridades do Interior desmantelaram uma associação de agiotagem e prenderam mais de 60 membros do grupo criminoso. Segundo o jornal Ou Mun, os resultados de ontem foram obtidos com base na informação recolhida durante outra operação, feita no ano passado, e que na altura levou à detenção de 16 pessoas, cinco das quais condenadas com penas de prisão.

No âmbito da primeira operação, a PJ detectou outros 14 crimes de agiotagem praticados em Macau. Através das práticas ilegais e empréstimos de valores até 4,2 milhões de dólares de Hong Kong, os alegados criminosos geraram ganhos ilegais de um milhão de dólares de Hong Kong. Esta informação levou a PJ a formar uma equipa de investigação, em coordenação com as autoridades do Interior, para aprofundar investigações.

No dia 26 de Dezembro do ano passado foi desencadeada uma nova operação, tanto no Interior como em Macau. Na RAEM, a PJ deteve quatro suspeitos do Interior, que se encontravam em hotéis. Além destes, mais dois residentes de Macau foram detidos no posto fronteiriço das Portas do Cerco. Os seis indivíduos foram encaminhados para o Ministério Público e estão indiciados pelos crimes de usura, de branqueamento de capitais e de associação criminosa.

No lado de lá

Ao mesmo tempo, mas no outro lado da fronteira, as autoridades do Interior desencadearam buscas e detenções em onze províncias, entre as quais Guangdong, Guangxi, Fujian, Pequim, Sichuan e Hubei. No total, foram detidos 40 membros, incluindo o cabecilha.

Segundo a PJ, a associação criminosa desmantelada ontem actuava desde Janeiro do ano passado nos casinos da RAEM, a fazer empréstimos a jogadores que variavam de 80 mil a 300 mil dólares de Hong Kong. Em troca cobravam juros entre cinco a dez por cento. No entanto, se o jogador ganhasse uma mão com dinheiro emprestado pelos agiotas recebiam outra comissão de 10 a 20 por cento. O dinheiro era movimentado através de dez contas em duas salas VIP em casinos locais.

Quando os jogadores eram incapazes de pagar os empréstimos, o grupo raptava e colocava-os em um dos cinco apartamentos no centro da cidade que tinha para o efeito. Os membros da associação guardavam por turnos os espaços e bloqueavam as janelas e porta para impedir a fuga dos devedores.

Além disso, faziam vídeos dos devedores a serem agredidos, fotografados nus e a serem torturados, ao beberem água suja, para enviarem aos familiares as imagens e conseguirem cobrar as dívidas.

27 Jan 2022

Porto Exterior | Au Kam San e Ng Kuok Cheong querem desenvolvimento de zona comercial

A associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitária, fundada pelos ex-deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, entregou ontem uma carta ao Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, onde pede o desenvolvimento da zona comercial central, que segundo o projecto do Plano Director, irá ficar situada no Porto Exterior.

Na carta, a associação entende que o desenvolvimento desta zona irá destacar o caminho que deve ser seguido pela economia do território, mas alerta para o facto de o Governo ainda não ter tomado decisões sobre a concretização deste projecto, o que pode atrasar os planos de desenvolvimento económico apresentados pelo Chefe do Executivo em 2020. Estes planos prevêem a atracção de empresas, tendo Ho Iat Seng referido que faltam edifícios de escritórios, pelo que se prevê a delimitação de uma zona comercial central para este fim.

A associação lamenta que tenham passado dois anos sem que o Governo tenha definido um calendário para este projecto, sendo que a sua concepção e trabalhos no terreno ainda podem demorar vários anos. Segundo o Plano Director, pretende-se também, na zona do Porto Exterior, “aproveitar as características da extensa linha costeira de Macau, no sentido de proporcionar ao público uma zona de lazer com qualidade e boas condições”.

26 Jan 2022