João Luz Manchete PolíticaImobiliário | Sugerida comissão mínima para transacções Citando queixas do sector imobiliário que relatam o abrandamento do optimismo do mercado, Song Pek Kei sugere ao Governo que estabeleça legalmente uma comissão mínima para agentes imobiliários por cada venda. A deputada pede também a diminuição dos custos para renovar licenças Apesar da excitação inicial no mercado imobiliário após a entrada em vigor das isenções fiscais introduzidas para melhorar os negócios, Song Pek Kei dá conta de relatos de agentes e mediadores imobiliários que apontam na direcção do arrefecimento do entusiasmo ao nível de transacções. Face a este cenário, a deputada ligada à comunidade de Fujian defende o lançamento de medidas adicionais para estimular o mercado e ajudar os profissionais do ramo. Numa interpelação escrita divulgada na sexta-feira, Song Pek Kei pede ao Governo um balanço relativamente à eficácia das medidas e políticas implementadas para impulsionar o sector imobiliário, em particular as isenções fiscais sobre a compra de imóveis que entraram em vigor a 20 de Abril. A deputada argumentou que como Macau não tem legalmente fixada uma comissão mínima para os mediadores imobiliários podem ocorrer situações de “concorrência pouco saudável”. “Muitos agentes imobiliários não conseguem fechar uma transacção por mês. Além disso, muitos donos de agências não só assumem o papel de agente, como também acabam por acarretar com as despesas para pagar a renovação das licenças de mediador e agente imobiliário. Os custos operativos são demais altos neste ambiente de mercado”, indica a deputada. Taxas e taxinhas Song Pek Kei indicou que é comum em muitas províncias chinesas a uniformização do sector da mediação imobiliária, em particular no que toca às comissões cobradas em transacções ou em contratos de arrendamento. Importa diferenciar as duas profissões, enquanto os agentes são angariadores de clientes, tratando do contacto com o cliente e a venda, os mediadores são os empresários que gerem o negócio. Em relação aos custos operativos, as licenças de mediador imobiliário custam 3.000 patacas para sociedades comerciais e 2.400 patacas para um mediador imobiliário, empresário comercial, pessoa singular. Já a taxa a pagar por agentes, é de 1.500 patacas. Todas as licenças têm validade de três anos. “Será possível reduzir as taxas para renovar licenças de forma a aliviar o impacto do actual ambiente de negócios que pressiona o sector”, questiona a deputada. Além destas medidas, a deputada lembrou que a lei da actividade de mediação imobiliária entrou em vigor há mais de 10 anos e que representantes do sector pediram repetidas vezes uma revisão que tenha em conta as dificuldades das pequenas e médias empresas do sector e a subsistência dos agentes. Segundo os dados do Instituto de Habitação, operaram actualmente em Macau 1.420 mediadores imobiliários e 4.623 agentes imobiliários.
João Santos Filipe Manchete PolíticaExecutivo | André Cheong lidera Governo há mais de um mês Desde a criação da RAEM, ninguém tinha desempenhado as funções de Chefe do Executivo de forma interina por mais de 16 dias consecutivos. Florinda Chan foi quem mais tempo liderou o Governo interinamente, entre substituições de férias e deslocações oficiais, somando quase um ano na posição Pela primeira vez desde o estabelecimento da RAEM, um secretário desempenhou as funções de Chefe de Executivo interinamente por um período consecutivo superior a um mês. O registo pertence ao secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, que bateu o anterior recorde, de 16 dias, que pertencia a Florinda Chan, de acordo com os cálculos do HM. Face ao mais recente anúncio de prolongamento das férias, Ho Iat Seng não irá desempenhar as funções de Chefe do Executivo até 29 de Julho, acumulando um total de 39 dias consecutivos. Até ontem tinham passado 36 desses 39 dias em que Ho Iat Seng encarregou André Cheong de assumir as funções. No entanto, antes do prolongamento mais recente das férias para tratamento do Chefe do Executivo, André Cheong já tinha desempenhado o cargo de forma interina por um maior período de tempo consecutivo. Até 2024, o recorde de dias consecutivos nas funções pertencia a Florinda Chan, anterior secretária para a Administração e Justiça dos Governos de Edmund Ho e Fernando Chui Sai On. Entre 1999 e 2014, Florinda Chan assumiu as funções de líder do Governo em várias ocasiões. No entanto, o registo consecutivo mais longo foi de 16 dias, que se verificou entre 14 e 29 de Agosto de 2004 e ainda em 16 e 31 de Agosto de 2014. Nas duas “temporadas”, as ausências dos Chefes do Executivo foram justificadas com férias. Contudo, a maior parte das substituições são apenas justificadas com a “ausência” do líder do Governo da RAEM. Segundo os cálculos do HM, com base na informação disponível no Boletim Oficial, André Cheong já mais que duplicou o tempo consecutivo no cargo de forma interina. Quase um ano em funções Apesar do registo do actual secretário, Florinda Chan ainda detém o recorde do maior número de dias a desempenhar o cargo líder do Executivo de forma interina. Florinda Chan, secretária da Administração e Justiça entre 1999 e 2014, foi chamada a ocupar o lugar cimeiro no Executivo da RAEM durante 344 dias, um registo superior a 11 meses. Foi no último ano em funções, 2014, que Florinda Chan teve mais dias no cargo, com um total de 44 dias. Quando se analisa o registo do maior número de dias num só ano a desempenhar as tarefas de líder do Governo de forma interina, o recorde pertence a Sónia Chan. A segunda secretária da Administração e Justiça de Fernando Chui Sai On esteve 45 dias, em 2017, no desempenho das tarefas. No entanto, André Cheong iguala hoje esse registo. Também neste aspecto, o actual secretário deve estabelecer um novo recorde dado que até ao fim das férias de Ho Iat Seng vai ficar 47 dias nas funções. Além disso, ainda faltam cinco meses para o final do ano. O facto de os secretários para a Administração e Justiça acumularem mais dias como Chefes do Executivo de forma interina resulta da lei, que define que em caso de ausência ou impedimento do líder do Governo, o secretário com a pasta da Administração e Justiça é chamado a assumir as funções. Se este não puder, segue-se a pasta da Economia e Finanças, Segurança, Assuntos Sociais e Cultura, e, finalmente, dos Transportes e Obras Públicas. Mais de 10 secretários Desde 1999 até ontem, as funções de Chefe do Executivo da RAEM tinham sido desempenhadas de forma interina por 13 secretários. Além dos secretários para a Administração e Justiça, a pessoas com mais tempo nas funções foi Cheong Kuok Va, ex-secretário para a Segurança, que acumulou 56 dias no exercício das funções de líder do Executivo. Cheong é o único secretário sem a tutela da Administração e Justiça a somar mais de meia centena de dias no cargo. Por sua vez, Francis Tam, ex-secretário para a Economia e Finanças, esteve 45 a desempenhar estas tarefas. O acumular deste número de dias não deixa de ser natural, dado que tanto Florinda Chan, como Cheong Kuok Va e Francis Tam foram secretários durante 15 anos. Quanto ao macaense Raimundo Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas desde 2014, até ontem tinha um total de 21 dias no exercício das funções de Chefe do Executivo de forma interina. O número é superior aos registos dos anteriores secretários para os Transportes e Obras Públicas. Tanto Ao Man Long, antes de ser condenado e caído em desgraça, e Lau Sio Io têm três dias cada como líderes temporários do Governo. Dias Como Chefe do Executivo de Forma Interina Posição Secretários Pasta Total dos Dias 1 Florinda Chan Administração e Justiça 344 2 Sónia Chan Administração e Justiça 186 3 André Cheong Administração e Justiça 131 4 Cheong Kuok Va Segurança 56 5 Francis Tam Economia e Finanças 45 6 Lionel Leong Economia e Finanças 34 7 Wong Sio Chak Segurança 27 8 Raimundo do Rosário Transportes e Obras Públicas 21 9 Alexis Tam Assuntos Sociais e Cultura 7 10 Lau Si Io Transportes e Obras Públicas 3 11 Ao Man Long Transportes e Obras Públicas 3 12 Lei Wai Nong Economia e Finanças 3 13 Cheong U Assuntos Sociais e Cultura 1
João Luz Manchete PolíticaPCC | Pequim quer Macau como hub internacional de talentos O Partido Comunista da China vai apoiar Macau na missão de se tornar num hub internacional de captação de talentos de “alto calibre”. O partido quer que a RAEM aproveite as oportunidades suscitadas pelo princípio “Um País, Dois Sistemas”. Estas foram algumas das decisões que saíram da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista da China “Aproveitando os pontos institucionais fortes do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, vamos envidar esforços para consolidar e reforçar o estatuto de Hong Kong como centro financeiro, marítimo e comercial internacional, apoiar Hong Kong e Macau na sua transformação em centros internacionais de talentos de alto calibre e melhorar os mecanismos relevantes para que as duas regiões desempenhem um papel mais importante na abertura da China ao mundo exterior.” Esta é uma das principais referências a Macau no texto integral da “Decisão do Comité Central do Partido Comunista da China sobre o aprofundamento abrangente da reforma e a promoção da modernização ao estilo chinês”, que materializa as políticas saídas da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista da China (PCC). À primeira vista, o plano do PCC parece quase contraditório à narrativa local, que voltou a ser prevalente nos dias que correm entre muitos deputados de Macau, sobre a importação de profissionais de fora da RAEM em detrimento de trabalhadores residentes. Por outro lado, o documento salienta que o partido “irá encorajar a cooperação entre Guangdong, Hong Kong e Macau na Grande Baía através da promoção do alinhamento das regras e mecanismos”. Espaço aos privados Num documento com 43 páginas, na versão em inglês, Macau é mencionada três vezes. No capítulo dedicado ao desenvolvimento da democracia, a resolução estabelece o compromisso de “continuar a trabalhar para cultivar relações limpas e cordiais entre o Governo Central e empresas em todos os domínios, e melhorar os mecanismos de trabalho para facilitar o desenvolvimento saudável do sector privado”. Neste aspecto, a resolução indica que os mecanismos de trabalho relacionados com Hong Kong, Macau, Taiwan e os assuntos dos chineses ultramarinos vão ser refinados. A outra referência à região surge no contexto do projecto da Grande Baía e na sua integração nos planos económicos, territoriais e de complementaridade. “Permitiremos que regiões como Pequim-Tianjin-Hebei, o delta do rio Yangtze e a área da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau desempenhem melhor o seu papel de motores de desenvolvimento de alta qualidade”, é indicado. A terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do PCC decorreu em Pequim entre 15 e 18 de Julho.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteViolência doméstica | Associação organiza workshops com sobreviventes Cecília Ho, académica e conselheira da Associação de Apoio Mútuo às Vítimas de Violência Doméstica de Macau, relata ao HM o mais recente projecto da entidade: ensinar sobreviventes de violência doméstica a relatar histórias de vida e traumas vividos. Já foram realizados dois workshops Qual a importância deste projecto em Macau? Parece ser algo inovador. Em Macau, a ideia de envolver os utentes na prática e educação em torno do trabalho social é algo pouco popular. A maioria dos utentes são encarados como “beneficiários de serviços”, enquanto as vítimas de violência doméstica são tidas como “frágeis” e “vulneráveis”. Estas vítimas podem mais facilmente ser afectadas pela exposição das suas experiências publicamente. Assim, envolver os sobreviventes de violência doméstica na educação do público e dos profissionais envolvidos no combate e prevenção deste tipo de crime é uma abordagem inovadora e progressista. O lema da nossa associação é “Nada sobre nós, sem nós”, e, assim, o conceito de envolvimento dos utentes pode relacionar-se com as ideias de democracia, capacidade e desenvolvimento de serviços. Na Associação de Apoio Mútuo às Vítimas de Violência Doméstica de Macau (MDVVMS, na sigla inglesa) temos conseguido envolver diferentes voluntários e mentores de diferentes origens. Somos todos iguais e respeitamo-nos mutuamente no intuito de ouvir as vozes dos sobreviventes de violência doméstica que nos relatam as histórias pelas quais passaram. Mas também reconhecemos o conhecimento e sabedoria destes utentes durante o período de sobrevivência em contexto de relações abusivas. As suas experiências e conhecimentos são preciosos e podem constituir um grande contributo para que a nossa sociedade compreenda o problema social, com raízes profundas, que é a violência doméstica, e que ainda é um tema estigmatizado. Daí termos criado a série de workshops “Formação em Biblioteca Humana”, destinada a sobreviventes de violência doméstica. Na prática como funcionam estes workshops? Recorrendo a diferentes meios artísticos, como o desenho de auto-retratos, a dramatização interactiva com outras pessoas, a escrita de uma linha cronológica da história de vida e o diálogo conversacional, o nosso workshop visa, em primeiro lugar, permitir que as mulheres sobreviventes cuidem de si. Em segundo lugar, pretende-se que se curem do trauma, ouvindo a sua voz interior, para que possam exprimir emoções profundas como a raiva, tristeza ou tranquilidade. Depois, queremos que as vítimas explorem a sua força interior com o apoio dos nossos mentores e apoiantes. Finalmente, iremos oferecer alguns workshops públicos de formação contra a violência doméstica para que sobreviventes de violência doméstica partilhem as suas histórias, utilizando o formato de biblioteca humana. Concretamente, como pode este formato ser aplicado em Macau, tendo em conta as características da sociedade? O conceito de “Biblioteca Humana” cria um espaço seguro para o diálogo, em que diversos temas são discutidos abertamente entre os nossos “livros humanos” e os “leitores”. As sobreviventes de violência doméstica são um grupo frequentemente sujeito a preconceitos, estigmatização ou discriminação, especialmente as esposas recém-migradas da China continental para Macau. Não é fácil implementar este modelo, mas eu, como educadora de trabalho social, tenho vindo a implementar este modelo há mais de 17 anos, pelo que já faz parte da minha abordagem de ensino, especialmente no meu curso de “Trabalho social e diversidade” e “Estudos de género”. Tenho já uma rede, ou “colecções de livros humanos” relacionados com diferentes temas sensíveis e com pessoas alvo de estigma, como as minorias sexuais, toxicodependentes, trabalhadores domésticos estrangeiros e sobreviventes de violência doméstica. Essa rede participou neste projecto? Convidei-os a assistir à minha aula para partilharem a sua experiência e dialogarem cara a cara com os alunos de serviço social. Falaram brevemente sobre as regras de leitura dos “livros humanos”, como garantir o respeito, privacidade e o não julgamento, mediante a ideia de que não se deve “julgar o livro pela capa”. Assim, precisamos de mergulhar para compreender as histórias de vida. Combinando o conceito de “Biblioteca Humana” com a comunidade chinesa local, treinamos as nossas sobreviventes e deixamo-las sentir-se seguras e confortáveis para partilhar. Damos-lhes todo o apoio e respeitamos o nível de revelação e participação. As suas histórias devem ser complicadas e precisam de ser organizadas com alguns incidentes significativos, por isso, aprendemos com algumas experiências no estrangeiro, nomeadamente o Centro Nacional de Recursos sobre a Violência Doméstica, nos Estados Unidos da América, que concebeu um guia para ajudar os sobreviventes a explorar a jornada de partilha da sua história com o público. Em suma, a nossa associação tem explorado oportunidades para que sobreviventes partilhem as suas histórias, como realizar discursos para membros do Governo, dar entrevistas aos meios de comunicação, de forma anónima, ou simplesmente dar encorajamento a vítimas durante uma sessão de grupo. Também prestamos formação a assistentes sociais, e no ano passado, por exemplo, demos formação a cerca de 50 conselheiros escolares da Caritas. A resposta foi muito encorajadora e positiva, os participantes sentiram-se muito tocados e compreensivos em relação aos livros dos sobreviventes de violência doméstica, que também se sentiram fortalecidos após o diálogo presencial. A associação está também a promover um debate público com consultores jurídicos sobre violência doméstica que decorre este domingo. Quais são os principais objectivos deste evento? Queremos fazer com que o público oiça as vozes dos sobreviventes de violência doméstica, especialmente os seus pontos de vista e a sua experiência no encontro de muitos obstáculos no processo judicial, tais como a inexistência de aconselhamento jurídico adaptado para as vítimas de violência doméstica. A maioria dos casos foram arquivados, por serem tratados como ofensas à integridade física, que um crime semi-público que depende de queixa da vítima, em vez de violência doméstica. Hoje realizamos um primeiro workshop sobre a questão legislativa, e ouvimos também as opiniões dos sobreviventes. Continua a ser complexo um processo judicial para uma vítima? As vítimas de violência doméstica enfrentam muitas questões jurídicas relacionadas com divórcio, direitos parentais, pensão de alimentos. Por exemplo, os ex-maridos não pagam a pensão de alimentos regularmente, como podem as mulheres ir a tribunal? Mas os profissionais, nomeadamente os assistentes sociais, têm de ter consciência de que têm a atitude de culpabilizar as vítimas, o que os impede de mostrar empatia e compreensão para com os sobreviventes. Isso cria desconfiança entre profissionais e vítimas, o que não ajuda no processo de intervenção e cura. Esperamos, em última análise, apoiar as mulheres que são vítimas ou sobreviventes a lutarem pelos seus direitos e a ajudarem-se mutuamente, especialmente se viveram experiências de violência doméstica semelhantes. Os nossos workshops têm como missão transformar as experiências abusivas e traumáticas das vítimas em força, conhecimento, sabedoria e paixão pela área dos direitos humanos. A partilha pode, sem dúvida, ser útil para motivar mais pessoas com experiências semelhantes a ganharem coragem para acabar com o ciclo de violência. Também nos preocupamos muito em acabar com a transmissão intergeracional da violência, ou seja, cenários de exposição à violência familiar nas crianças. Para isso, colaborámos com uma organização não governamental e recrutámos adolescentes como voluntários para cuidarem e organizarem actividades para os filhos de sobreviventes de violência doméstica. Podemos testemunhar o impacto negativo sobre as crianças que testemunham a violência parental no grupo de crianças paralelo ao nosso grupo de mulheres.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAeroporto | Pista esteve encerrada durante duas horas O rebentamento de um pneu na altura da descolagem levou ao encerramento da pista do Aeroporto Internacional de Macau na sexta-feira. O acidente aconteceu na madrugada. Cinco voos foram afectados A pista do aeroporto de Macau esteve encerrada durante mais de duas horas na madrugada de sexta-feira. Na origem da situação, esteve o rebentamento de um pneu de um avião de carga estando o caso a ser investigado pela Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM). De acordo com a empresa responsável pelo aeroporto, a CAM – Sociedade Internacional de Macau, o avião afectado pelo rebentamento foi um Boeing 737, da companhia My Indo Airways. Um total de cinco voos foram afectados, entre quatro chegadas e uma partida. O voo tinha como destino o Aeroporto Internacional de Kuching, Malásia, com partida de Macau prevista para as 01h30, quando foi registado o incidente. “Na pista do aeroporto, quando estava a preparar-se para a descolagem, o piloto detectou uma anomalia que interrompeu imediatamente a descolagem e retirou o avião da pista”, explicou a AACM. “O avião de carga transportava três tripulantes e um engenheiro de aviação, mas não houve feridos”, foi acrescentado. De acordo com a mesma fonte, “após a ocorrência do acidente, a CAM reagiu de imediato”. Também a AACM “foi informada da ocorrência e accionou imediatamente as medidas de emergência”. Inspectores no local Na resposta ao incidente, “o pessoal da Prevenção e Investigação de Acidentes da AACM deslocou-se ao local e inteirou-se da situação, verificando que o pneu esquerdo do trem de aterragem do avião de carga tinha rebentado”. Na sequência destas verificações, a pista foi encerrada para uma inspecção completa e limpeza. Por sua vez, a CAM garantiu que a segurança é sempre a prioridade na empresa ao lidar com qualquer caso. Segundo a informação oficial, o avião de carga da companhia My Indo Airlines está registado na Indonésia e opera actualmente no Aeroporto Internacional de Macau voos regulares de carga entre Bali, Indonésia, Macau e Kuching, Malásia. A My Indo Airlines é uma companhia aérea Indonésia de carga com sede no Aeroporto Internacional Soekarno-Hatta, perto de Jacarta. É uma companhia que realiza transportes regulares, mas também charter. Criada em 2014, a rota inaugural da companhia aérea fez a ligação entre Jacarta, e Singapura.
Nunu Wu Manchete SociedadeCantão | Universidade de Jinan alvo de críticas O estado das instalações da Universidade de Jinan, a instituição de Cantão que alberga mais alunos de Macau, estão a ser alvo de críticas, devido à higiene das casas-de-banho, quartos sobrelotados, acumulação de mofo e concentração de químicos A Universidade de Jinan, em Cantão, está a ser criticada nas redes sociais do Interior, por falta de higiene das casas-de-banho, quartos sobrelotados e elevada concentração de químicos. O assunto tem sido alvo de cobertura dos jornais no Interior, mas, até sábado, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) afirmava não ter recebido qualquer pedido de ajuda de estudantes locais. Segundo os relatos do outro lado da fronteira, desde o início do mês que a instituição está a enfrentar várias queixas devido ao surgimento de mofo nos quartos, de uma concentração excessiva da substância química formaldeído (também conhecida como formol), que é utilizada nos contraplacados, e pelo facto de as casas-de-banho estarem longe das condições desejáveis. Surgiram também denúncias de quartos para duas pessoas serem alterados para receberem quatro camas, o que levou a uma redução significativa do espaço disponível para os alunos. Ouvido pelo jornal do Interior da China, The Paper, um aluno de pós-graduação, que pediu para não ser identificado, relatou que a 13 de Julho vários estudantes foram informados de que teriam de mudar de dormitório. Quase todos ficaram desagradados com os “novos” espaços: “Como os alunos e as bagagens foram transportados em alturas diferentes para os dormitórios, a situação sobre a falta de condições nos quartos só foi descoberta muito tarde”, relatou. “Os alunos só se aperceberam das novas condições depois da chegada, quando já não tinham outra solução que não fosse ficar nos quartos [sem condições]”, acrescentou. Segundo este aluno, os receios face à acumulação de mofo e concentração de químicos não se prendem apenas com o edifício onde está alojado. Também nos dormitórios Jardim Jianyang e Jardim Zhenru do campus houve queixas devido à utilização de pintura de exteriores no interior dos quartos. “As paredes e armários dos dormitórios estão com muito mofo, além disso usaram nas paredes interiores dos quartos tinta para as paredes do exterior”, afirmou. Saúde em cheque Segundo o The Paper, as suspeitas sobre uma concentração perigosa de químicos levaram alguns alunos a comprarem uma máquina de medição da concentração de formaldeído. Os resultados mostraram existir um nível excessivo da substância, que pode ameaçar a saúde dos estudantes. No entanto, o aparelho de medição acabou confiscado pela universidade. “Houve alunos que apresentarem a situação a um dirigente da universidade, mas o dirigente confiscou a máquina de medição e explicou que ia averiguar se a máquina era efectivamente precisa”, afirmou o aluno na sexta-feira, ouvido pelo jornal. Inicialmente, face às críticas, os estudantes foram informados de que não havia nada a fazer, porque não havia mais dormitórios disponíveis. No entanto, com o assunto a tornar-se viral, teve lugar uma nova reunião em que foram prometidas obras nos quartos. De acordo com o jornal Shenzhen Business Daily, que citou a informação oficial de Cantão, a Universidade de Jinan tem 2.875 alunos de Macau, o maior número de estudantes numa instituição do ensino superior na província vizinha. No sábado, Kong Chi Meng, director da DSEDJ, afirmou que as autoridades locais não receberam qualquer queixa ou pedido de ajuda. Kong indicou também que se houver qualquer problema, as autoridades vão entrar em contacto com a Universidade de Jinan. A Universidade de Jinan é uma das mais reconhecidas em Macau, e em 2016 esteve no seio de uma grande polémica, quando a Fundação Macau financiou a instituição com 123 milhões de patacas, alegadamente para a construção de dormitórios para os alunos de Macau. A doação levou várias pessoas a manifestarem-se na rua.
João Luz Manchete SociedadeTurismo | Primeiro semestre com 16,7 milhões de visitantes Nos primeiros seis meses de 2024, Macau recebeu mais de 16,7 milhões de turistas, uma subida anual de 43,6 por cento e um fluxo de turistas que ficou a 82,4 por cento dos níveis de 2019. Os visitantes internacionais ultrapassaram 1,1 milhões, com as proveniências mais concorridas a serem os países das maiores comunidades migrantes, como Filipinas e Indonésia Os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) sobre o movimento de visitantes durante o primeiro semestre do ano reflectem a experiência de andar nas zonas de maior fluxo de turistas. Nos primeiros seis meses de 2024, o número de turistas que visitaram Macau ultrapassou 16,7 milhões, um aumento anual de 43,6 por cento, “registando-se uma recuperação de 82,4 por cento do número de entradas de visitantes do primeiro semestre de 2019”. O período de permanência médio de permanência no território foi de 1,2 dias. Destes 16,7 milhões de turistas, mais de 15,1 milhões chegaram a Macau vindos do Interior da China e Hong Kong. Aliás, o aumento dos turistas chineses quase corresponde à variação dos visitantes no geral, em especial os que chegaram das nove cidades da Grande Baía. Na primeira metade do ano, mais de 11,5 milhões de turistas vindos do Interior da China visitaram Macau, correspondendo a uma subida anual de 52,9 por cento, chegando a mais de 80 por cento dos níveis verificados nos primeiros seis meses de 2019. Das nove cidades do Delta do Rio das Pérolas da Grande Baía chegaram a Macau quase 5,6 milhões de visitantes, volume que correspondeu a uma subida anual de 48,2 por cento. Amostras residuais Das 10 novas cidades do Interior da China que passaram a emitir vistos individuais, chegaram mais de 251 mil turistas, mas apenas 21.668 eram visitantes com visto individual. De Hong Kong chegaram 3,6 milhões de turistas no primeiro semestre de 2024, correspondendo a uma subida anual de 4,5 por cento, atingindo quase o mesmo volume (97,7 por cento) de visitantes antes da pandemia. Em relação aos turistas internacionais, no primeiro semestre deste ano as entradas atingiram sensivelmente dois terços dos fluxos verificados antes da pandemia, ainda assim registaram um aumento anual de 146,3 por cento para um total de mais de 1,1 milhões de turistas. Deste universo, quase 486 mil vieram do sudeste asiático, com os países de origem das maiores comunidades migrantes nos lugares cimeiros. Das Filipinas, vieram 234,3 mil visitantes e quase 92 mil da Indonésia. Da Malásia chegaram mais de 85 mil pessoas e da Tailândia quase 74,5 mil. Quanto ao Nordeste Asiático, a Coreia do Sul continua a ser o maior mercado emissor, com quase 232 mil turistas no primeiro semestre do ano, registo que representa mais do quíntuplo em relação ao período homólogo. Do Japão entraram quase 62 mil turistas, mais 178,7 por cento em termos anuais, e dos Estados Unidos da América chegaram quase 70 mil turistas (mais 129,4 por cento face ao primeiro semestre de 2023).
João Santos Filipe Manchete PolíticaChefe do Executivo | Governo confirma que Ho recebeu “terapêutica” Após o anúncio de um segundo prolongamento das férias de Ho Iat Seng, um comunicado oficial reconheceu que o Chefe do Executivo recebeu “cuidados de diagnóstico e terapêutica”, após exames de rotina, e que “actualmente” está “em bom estado de saúde” Ho Iat Seng prolongou as férias pela segunda vez, desta feita até ao dia 29 de Julho. O anúncio foi feito no sábado, através do Boletim Oficial, dada a necessidade de se nomear o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, para desempenhar as funções de Chefe do Executivo, de forma interina. Esta é a segunda vez que as férias de Ho Iat Seng são prolongadas, sem que haja informação sobre o paradeiro do líder do Executivo. Inicialmente, as férias de Ho Iat Seng foram marcadas para o período entre 21 de Junho e 3 de Julho. No entanto, após estes dias, houve um novo prolongamento que estendeu entre 4 de Julho e 19 de Julho. Todavia, no sábado foi revelado uma nova extensão, até ao dia 29 de Julho, fazendo com que as férias se prolonguem por 39 dias. Com o anúncio o Governo fez igualmente um comunicado, em que admite que o Chefe do Executivo recebeu tratamentos de “terapêutica”, embora aponte que resultaram dos exames de “rotina”. “O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, continua de férias entre 20 e 29 de Julho. Durante as suas férias, o Chefe do Executivo realizou o exame médico de rotina e recebeu cuidados de diagnóstico e terapêutica necessários, e está actualmente em bom estado de saúde”, pode ler-se no comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social. O comunicado destaca que “actualmente” Ho está “em bom estado de saúde”, embora não indique os tratamentos recebidos. A ausência de Ho Iat Seng tem sido tema de debate nos últimos dias nas redes sociais, principalmente em reacção às notícias do prolongamento das férias. Nas páginas dos jornais em chinês, inclusive do Jornal Ou Mun, surgem vários comentários a levantar suspeitas sobre a ausência e a questionar a possibilidade de o governante sofrer de doença prolongada. Entre várias críticas e elogios ao mandato de Ho, surgem ainda comparações com a situação de Joe Biden ou recomendações para que o actual Chefe do Executivo se afaste definitivamente da política para tomar conta da sua saúde. Informações escassas Face à falta de informações sobre a condição de Ho, há semanas começaram a surgir vários rumores e artigos em jornais de Hong Kong sobre a condição física do Chefe do Executivo, colocando-a em causa. O assunto é tido pelas autoridades como sensível, dado que se aproxima o período das eleições e teme-se que a situação possa ser vista como causadora da instabilidade. No ambiente de incerteza, a Macau News Agency noticiou, com base em fontes anónimas, que Ho estava bem de saúde e que pretendia apresentar a candidatura para um segundo mandato, a partir de 11 de Agosto. No entanto, o facto deste artigo ter sido ignorado pela imprensa local em língua chinesa, levou alguma imprensa de Hong Kong, como o portal HK01, a noticiar que a candidatura de Ho Iat Seng não é dada como adquirida. Face ao clima de incerteza, a possibilidade de Ho não se candidatar a um segundo mandato é cada vez mais comentada entre a população local. A falta de explicações oficiais levou também vários rumores com nomes de potenciais candidatos. A nível público, apenas Jorge Chiang anunciou a intenção de concorrer às eleições para ser o próximo Chefe do Executivo. No entanto, o empresário de 61 anos não explicou publicamente como pretende obter as assinaturas necessárias dos membros da comissão eleitoral para se poder candidatar. O Chefe do Executivo é escolhido por uma comissão com 400 membros, cuja constituição só vai ser conhecida depois de 11 de Agosto.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteMicrosoft | China ficou praticamente ilesa. Macau com oito casos Uma falha informática provocada por uma actualização afectou os sistemas informáticos Windows de todo o mundo na sexta-feira, mas a China saiu praticamente ilesa. Em Macau, a Polícia Judiciária reportou ocorrências em oito infra-estruturas críticas, incluindo três operadoras de jogo e duas entidades públicas Na sexta-feira, aeroportos, bancos, hospitais, serviços financeiros, meios de comunicação social, empresas e particulares sofreram o maior “apagão” informático de que há memória durante algumas horas e que foi provocado por uma falha no sistema operativo da Microsoft, o Windows 10, graças à actualização de segurança da empresa CrowdStrike. Tratou-se de um “bug”, ou erro informático, no processo de actualização desse sistema, tendo sido afastada a possibilidade de ocorrência de um ataque informático. Em Macau, o impacto foi ligeiro, mas afectou oito entidades, consideradas infra-estruturas críticas, segundo uma nota divulgada pela Polícia Judiciária (PJ). “O impacto deste incidente global de segurança cibernética em Macau é relativamente limitado e controlável”, foi descrito, tendo o impacto sido verificado em sistemas informáticos internos de três operadoras de jogo, duas entidades públicas e duas empresas de seguros. Porém, “os serviços públicos externos não foram interrompidos e as suas operações permaneceram normais”, refere a mesma nota. A PJ promete “continuar a acompanhar a evolução deste incidente global e a reforçar a comunicação e coordenação com os serviços e organizações competentes, a fim de garantir que os eventuais riscos cibernéticos sejam tratados de forma atempada e eficaz”. Além disso, a PJ deixou ainda um recado dirigido às empresas e residentes de Macau, para que “aumentem a sua sensibilização em prol da cibersegurança e trabalhem em conjunto para salvaguardar a sustentabilidade e segurança do ambiente cibernético de Macau”. Na sexta-feira, a Microsoft anunciou que a falha informática afectou 8,5 milhões de computadores, o que representa “menos de um por cento de todas as máquinas Windows”, segundo um balanço divulgado no sábado pela empresa e citado pela Lusa. No caso da China, o impacto foi praticamente nulo. A interrupção do Microsoft Windows que afectou empresas estrangeiras e hotéis de luxo no país, mas deixou de fora as principais infra-estruturas, nomeadamente companhias aéreas e bancos, que saíram praticamente ilesos do “apagão”, segundo fontes chinesas e publicações nas redes sociais. Num país que tem apostado na “autossuficiência” tecnológica, os serviços públicos da China não foram afectados. O portal da Microsoft na China e os canais das redes sociais também não emitiram qualquer aviso de emergência. Os aeroportos internacionais de Pequim e Xangai estavam a funcionar normalmente, de acordo com os respectivos ‘sites’ oficiais, enquanto na sexta-feira muitos aeroportos da região Ásia – Pacífico, de Hong Kong à Austrália, foram afectados por perturbações. No caso do Aeroporto Internacional de Macau, não foi divulgada qualquer comunicado sobre eventuais falhas nos sistemas operativos. Estrangeiros afectados A falha do Windows resultou num ecrã azul nos computadores que durou algumas horas. No Xiaohongshu, a rede social chinesa semelhante ao Instagram, vários utilizadores queixaram-se da dificuldade em fazer ‘check-in’ em hotéis de marcas internacionais como Sheraton, Marriott e Hyatt em diferentes cidades do país. Na rede social Weibo, alguns internautas chineses chegaram a agradecer à Microsoft por lhes ter “dado meio dia de folga”. Outros afirmaram que como as suas empresas mudaram para o sistema HarmonyOS, do grupo chinês Huawei, não tiveram a mesma sorte. O impacto mínimo da interrupção da Microsoft na China provou que o país fez progressos no seu objectivo de ter sistemas informáticos “seguros e controláveis”, com reduzida dependência de fornecedores de serviços estrangeiros, como a Microsoft e a empresa de antivírus “CrowdStrike”, afirmou uma fonte do Governo chinês, citada pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post. A China avançou nos últimos anos com uma campanha nos seus departamentos governamentais e nos principais operadores de infra-estruturas para substituir equipamento e sistemas estrangeiros por soluções internas. Efeitos em Hong Kong Na região vizinha de Hong Kong, no entanto, a Autoridade Aeroportuária informou que, face à falha global dos serviços de computação em nuvem da Microsoft, o mecanismo de resposta de emergência do aeroporto foi activado para garantir a continuidade dos serviços aos viajantes. Segundo explicaram as autoridades, devido a esta falha, os ‘sites’ de várias companhias aéreas que operam no aeroporto local não estavam a funcionar correctamente, obrigando as companhias aéreas a recorrer à verificação manual para continuar a servir os passageiros. Os operadores aeroportuários aconselharam os passageiros a “reservar tempo suficiente para se deslocarem ao aeroporto para os procedimentos e a manterem-se atentos às actualizações”. Os ‘sites’ de várias companhias aéreas que operam de Hong Kong deixaram de funcionar na sexta-feira, incluindo o da HK Express, que ficou inacessível. A companhia aérea pediu aos seus clientes que chegassem ao aeroporto pelo menos três horas antes da partida para dar tempo suficiente para concluir o processo de ‘check-in’ e para consultar o seu portal e os canais das redes sociais para obter as informações mais recentes sobre os voos. Pedidos de desculpa Na origem da falha informática esteve uma actualização defeituosa do software da CrowdStrike para o sistema operativo Windows, da Microsoft. Na sexta-feira, o presidente-executivo da Crowdstrike, George Kurtz, pediu publicamente desculpas “a todas as organizações, grupos e indivíduos que foram afectados”. Do lado da Microsoft, o vice-presidente do grupo empresarial, David Weston, disse que o incidente “estava fora do controlo da Microsoft” e que foram mobilizados centenas de engenheiros e especialistas para ajudar as organizações afectadas. Em França, os aeroportos Charles de Gaulle e Orly, os dois principais pontos de entrada das delegações estrangeiras para os Jogos Olímpicos de Paris, que se iniciam na próxima sexta-feira, estiveram sob particular atenção. “A situação voltou ao normal em todos os aeroportos de França”, garantiu no sábado o ministro dos Transportes francês, Patrice Vergriete, nas redes sociais. Vários especialistas em tecnologia afirmaram que este foi, provavelmente, o maior problema informático de sempre, que colocou em segundo plano todos os ataques anteriores e apagões do passado. Um dos incidentes mais próximos do que aconteceu na sexta-feira terá sido o ciberataque “WannaCry”, ocorrido em 2017, que terá afectado cerca de 300 mil computadores em 150 países. Em 2021, em plena pandemia, houve ainda uma interrupção de seis horas no sistema “Meta”, que gere as redes sociais Instagram, o Facebook e WhatsApp. Porém, este impacto foi bastante limitado, tendo sido sentido sobretudo pelos utilizadores destas redes sociais e alguns parceiros, sem efeitos em bancos, aeroportos ou outras entidades públicas e privadas. Com Lusa
João Santos Filipe Manchete SociedadeJustiça | Bens de Alvin Chau novamente colocados à venda A nova venda judicial é realizada através de um “pacote” com 34 imóveis avaliados em 308,53 milhões de patacas. Face à venda do ano passado, existem menos duas áreas para escritórios à venda, mas foi acrescentado mais um lugar de estacionamento Vários bens de Alvin Chau foram novamente colocados em venda judicial, depois da tentativa anterior não ter angariado interessados. A informação consta dos tribunais da RAEM e os bens colocados à venda estão avaliados em cerca de 308,53 milhões de patacas. Em comparação com a tentativa de venda do ano passado, os imóveis situados no edifício César Fortune, junto às instalações da Hovione Macau, estão mais baratos. Todavia, a nova venda judicial também inclui menos bens, deixando de foram os imóveis para escritórios identificados como como AC/V4 e AC/V5, o que contribui igualmente para justificar a redução do preço mínimo exigido. No sentido oposto, foi incluído mais um lugar de estacionamento, face aos 30 anteriormente disponibilizados. Na tentativa falhada, o “pacote” de imóveis tinha sido avaliado em 592 milhões de patacas. Para este valor, os imóveis AC/V4 e AC/V5 contribuíam com 124,0 milhões de patacas e 126,7 milhões de patacas respectivamente. Isto significa que sem estes dois imóveis, o pacote estava avaliado em 341,30 milhões de patacas. Agora, os tribunais avaliaram os imóveis anteriores em 307,51 milhões de patacas, uma redução de 33,79 milhões de patacas. Porém, o pacote mais recente inclui ainda um lugar de estacionamento, face aos 30 que tinham sido disponibilizados anteriormente. Com o parque de estacionamento incluído, o preço da venda sobe assim para 308,53 milhões de patacas. A venda dos imóveis para o pagamento das dívidas volta a estar relacionada com um exequente identificado como U Lai Wan, tal como no ano passado. Além de Alvin Chau, os imóveis estão igualmente ligados ao Grupo Tai Tak Lei, associado ao empresário. As propostas têm de ser apresentadas através de carta fechada até 21 de Outubro. Mercado mais difícil O facto de a primeira tentativa de venda ter falhado, tal como noticiado em Abril pelo HM, está relacionada com a situação do mercado imobiliário, que atravessa a crise mais grave desde que há registos. Desde o ano passado que o número de transacções caiu para valores próximos dos que eram praticados na década de 1980. A falta de confiança no mercado imobiliário ficou também patente no ano passado, quando se realizaram dois concursos públicos de venda de terrenos na Taipa para a construção de habitação. Na altura, apenas um dos terrenos foi vendido, e mesmo esse só recebeu uma única proposta. Face à situação, a Assembleia Legislativa aprovou, por proposta do Governo, um pacote de medidas para cancelar o imposto do selo especial, o imposto do selo adicional e do imposto do selo sobre a aquisição de fracções habitacionais.
João Luz Manchete SociedadeSMG | Alerta para possível tempestade tropical e inundações Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos alertaram ontem para a possibilidade de entre hoje e amanhã se formar uma tempestade tropical a partir de uma área de baixa pressão a sul das Filipinas. Entre domingo e quarta-feira, Macau poderá ser afectado por trovoadas, chuvadas intensas e inundações O segundo tufão da temporada poderá estar a formar-se no sul das Filipinas e a encaminhar-se para o Mar do Sul da China. Ontem, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) lançaram um alerta para o mau tempo que é expectável para os próximos dias, com particular intensidade entre domingo e quarta-feira. “Um vale depressionário activo com grandes quantidades de vapor de água quente encontra-se, actualmente, no Mar do Sul da China. No entanto, a área de baixa pressão localizada a sul das Filipinas vai entrar no Mar do Sul da China, nos próximos dois dias [hoje e amanhã] e espera-se que se desenvolva podendo transformar-se numa tempestade tropical”, indicaram ontem os SMG. As autoridades explicam que as divergências de previsões dos últimos dias se dissiparam e que é agora mais provável que a área de baixa pressão “se intensifique ainda mais para uma tempestade tropical”, após a entrada no Mar do Sul da China. A juntar a este cenário, outra área de baixa pressão situada a leste das Filipinas está em desenvolvimento, com os SMG a preverem que a” sua velocidade de intensificação seja muito rápida”, sendo “provável que os dois sistemas se influenciem mutuamente”. Para já, as autoridades salientam as grandes incertezas quanto à direcção, intensidade e desenvolvimento. Águas mil Independentemente da área de baixa pressão se transformar ou não num ciclone tropical, existe ainda um terceiro elemento: uma monção de sudoeste. Os SMG estimam que a monção se intensifique na próxima semana, quando “uma grande corrente de ar quente, húmido e instável vai concentrar-se na costa meridional da China”. O resultado será a probabilidade da ocorrência de chuvas fortes e contínuas. Outro ingrediente para o cozinhado meteorológico é a coincidência da chegada da monção com a maré astronómica a Macau entre domingo e terça-feira. “Se a área de baixa pressão no Mar do Sul da China se transformar numa tempestade tropical e se aproximar do estuário do Rio das Pérolas, podem ocorrer inundações em zonas baixas, devido à influência do storm surge associado ou à chuva forte e contínua”, é indicado.
Hoje Macau Manchete PolíticaMacau nega notícia sobre proibição de entrada de delegação de Palau O Governo rejeitou ontem as declarações do Presidente do Palau a um jornal japonês a denunciar a proibição de entrada de uma delegação do país oceânico na região chinesa por manter relações com Taiwan. “A notícia veiculada é inverídica”, disse o gabinete do secretário para a Segurança à agência Lusa, referindo-se às declarações feitas ao jornal japonês Nikkei. A assessoria de Wong Sio Chak não clarificou à Agência Lusa se considera a notícia inverídica por não ter havido recusa de vistos de entrada no território ou se considera a notícia inverídica porque a recusa foi explicada com outra razão que não as relações de Palau com Taiwan. O gabinete do secretário para a Segurança acrescentou que “os serviços competentes não têm informações a transmitir nesse âmbito”. Na entrevista, publicada na terça-feira, o Presidente da República de Palau, Surangel Whipps, citou a proibição de entrada de uma delegação do país em Macau como exemplo da crescente pressão da China sobre uma das poucas nações do Pacífico que mantém relações com Taiwan. Surangel Whipps disse que em Maio uma delegação de Palau viu recusados os vistos de entrada em Macau para participar numa conferência internacional de agentes de viagens. Novo nível As autoridades justificaram a decisão devido às relações de Palau com Taiwan, referiu o dirigente ao jornal nipónico. “Nunca vimos isto antes”, afirmou. “No que diz respeito aos laços económicos e a tudo isso, nunca houve qualquer problema no passado, mas isto é uma espécie de novo nível quando se trata de turismo ou de tentar impedir oportunidades”, relatou. Macau tem três voos semanais para Koror, no arquipélago de Palau, uma ligação realizada pela Cambodia Airways, de acordo com a página oficial do Aeroporto de Macau. Surangel Whipps fez declarações ao jornal japonês à margem da participação na Reunião de Líderes das Ilhas do Pacífico (PALM10), que arrancou na terça-feira em Tóquio e na qual participam 18 líderes de nações desta região.
João Santos Filipe Manchete SociedadeImobiliário | Junho com sinais de recuperação e casas mais caras Após a Assembleia Legislativa ter removido vários impostos que incindiam sobre a compra de habitações, Junho registou mais de 400 transacções imobiliárias. É a primeira vez que acontece desde Março do ano passado No passado mês de Junho, houve mais transacções imobiliárias e os preços ficaram mais caros, em comparação com o mês anterior e o período homólogo. A informação divulgada pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) representa a primeira vez desde Março do ano passado que o número de transacções imobiliárias ficou acima das 400 transacções. Segundo a estatística oficial, em Junho houve um total de 413 transacções de habitação, a um preço médio de 99.489 patacas por metro quadrado. A 20 de Abril a Assembleia Legislativa aprovou um pacote proposto pelo Governo para acabar com vários impostos aplicados às transacções imobiliárias. Os efeitos parecem começar a sentir-se e em comparação com Maio, o número de compras e vendas mostra um aumento de 19,4 por cento, ou de 67 transacções, com o registo a saltar de 346 compras e vendas para 413. Em termos do preço, em Maio, a média do metro quadrado tinha sido de 91.711 patacas, e em Junho subiu para 99.489 patacas, um crescimento de 8,5 por cento, que correspondeu a 7.778 patacas por metro quadrado. Se, por exemplo, for considerada uma habitação com área de 120 metros quadrados, no espaço de um mês o preço subiu de 11 milhões de patacas para 11,94 milhões, uma diferença de quase um milhão. A maior procura por habitação aconteceu na Taipa, onde houve 216 transacções. A área média útil das casas transaccionadas foi de 55 metros quadrados, ao preço de 111.825 patacas por metro quadrado. Além disso, registaram-se 177 transacções na Península, com um preço médio de 88.065 patacas por metro quadrado e 20 transacções em Coloane, ao preço médio por metro quadrado de área útil de 101.455 patacas. Melhorias evidentes O impacto das novas medidas no imobiliário é mais evidente quando a comparação é feita com Junho de 2023. Nesse mês, houve 236 transacções imobiliárias, uma diferença de 43 por cento, ou 177 transacções. Também os preços ficaram mais caros, dado que a Junho de 2023 o preço do metro quadrado estava em 96.791 patacas, e no mês mais recente subiu para 99.489 patacas por metro quadrado. Em relação à primeira metade deste ano, houve 1.556 transacções a um preço de 90.540 patacas por metro quadrado. Na primeira metade do ano passado, o número de transacções tinha sido de 1.793, a um preço médio de 93.887 patacas por metro quadrado. Na primeira metade do último ano da pandemia, em 2019, tinham sido registadas 3.920 transacções a um preço médio de 109.466 patacas por metro quadrado.
João Luz Manchete PolíticaCotai | Construção de zona ao ar livre adjudicada pelo menor preço A empreitada para construir a zona para espectáculos ao ar livre no Cotai foi adjudicada à Companhia de Construção & Engenharia Shing Lung, que apresentou a proposta mais barata (84,8 milhões de patacas). Feitas as contas, incluindo duas fases de ordenamento e elaboração do projecto, a factura do Governo chega quase a 89,9 milhões de patacas A Companhia de Construção & Engenharia Shing Lung ganhou a adjudicação relativa à empreitada “zona de espectáculos ao ar livre de Macau”, a área no Cotai destinada a espectáculos para cerca de 50 mil espectadores, depois de apresentar a proposta mais barata, no valor de 84,78 milhões de patacas. O prazo para a execução da obra será de 107 dias. Recorde-se que o preço mais elevado para a empreitada foi apresentado pela Companhia de Construção Cheong Kong, no valor de 113,4 milhões de patacas. A zona de espectáculos ficará situada num terreno do Estado, com uma área de 94 mil metros quadrados, localizada “na intersecção entre a Avenida do Aeroporto e Rua de Ténis, virada a norte para a Rua de Ténis e a nordeste para a Avenida do Aeroporto”, perto do Grand Lisboa Palace. No total, a construção do espaço para espectáculos de grande envergadura terá um custo total de quase 89,9 milhões de patacas. Uma das consequências da adjudicação da empreitada à Companhia de Construção & Engenharia Shing Lung por um preço inferior a 100 milhões de patacas é deixar o projecto de fora da lista de obras obrigadas a fazer actualizações sobre o andamento dos trabalhos, nomeadamente notificando o Governo para eventuais derrapagens orçamentais, ou atrasos no prazo de execução. Estes valores foram revistos em 2019 pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, entretanto extinto. Obras para todos Além da empreitada para construir a “zona de espectáculos ao ar livre de Macau”, a Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) adjudicou ainda duas fases de obras de nivelamento e para a elaboração do projecto. Os trabalhos de nivelamento foram atribuídos às duas empresas que haviam sido também convidadas para apresentar propostas para a empreitada geral, mas que não ganharam a adjudicação. A primeira foi adjudicada à Companhia de Decoração San Kei Ip, que apresentou o preço mais barato (menos de metade do segundo valor mais baixo), com 1,96 milhões de patacas, com um prazo de execução de 50 dias. A segunda fase foi adjudicada à Empresa de Construção e Obras de Engenharia Tak Fat Kin Ip por 875 mil patacas, mais uma vez o preço mais baixo, com prazo de execução de 20 dias. Quando à elaboração do projecto, a DSOP adjudicou os trabalhos à Sociedade de Consultadoria em Engenharia Civil por 2,3 milhões de patacas, com um prazo de execução de 45 dias.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAssédio | TSI confirma condenação de ex-docente da UM Na primeira instância, o arguido afirmou que não poderia ter assediado a mulher porque toma comprimidos para a hipertensão que lhe reduzem o desejo sexual O Tribunal de Segunda Instância (TSI) confirmou a condenação de um ex-docente da Universidade de Macau a sete meses de prisão, com pena suspensa, pelo crime de importunação sexual. A decisão foi tomada a 27 de Junho e noticiada ontem pelo jornal All About Macau. Após uma primeira condenação, no Tribunal Judicial de Base, durante o ano passado, o docente, identificado como Mao Haijian, foi condenado com uma pena de sete meses. No entanto, o homem que afirma ser inocente, optou por apelar da decisão. O crime ocorreu a 16 de Julho de 2022, durante um jantar no dormitório em que estavam presentes o agressor, a vítima, uma aluna, e uma outra estudante. Após a refeição, quando a vítima lavava a loiça com a colega, o ex-docente abordou-a por trás e tocou-lhe no traseiro e no peito. A mulher recusou os avanços, e abandonou o local. Na argumentação utilizada ao longo do caso, o condenado defendeu-se ao indicar que apenas tinha actuado daquela maneira por ter consumido meia garrafa de whisky. Contudo, o TSI recusou esta leitura e considerou que o álcool foi consumido para haver um pretexto para actuar daquela forma. Com base nos testemunhos sobre o jantar, o colectivo de juízes deu também como provado que cerca de 10 minutos antes do crime, o professor mostrava estar consciente ao discutir assuntos como a ligação entre as “potências ocidentais e a academia”, sem que mostrasse “estar a perder o controlo”. Também no decurso do julgamento, o ex-docente, actualmente com 70 anos, terá argumentado que não poderia ter agredido sexualmente a aluna, porque toma medicamentos para a hipertensão, desde os 61 anos, que lhe inibem os desejos sexuais. Este foi um argumento que também não convenceu os juízes. Caso na pandemia Esta ocorrência aconteceu durante a pandemia, numa altura em que a circulação de pessoas estava altamente restringida. O caso ganhou mediatismo, depois de ter sido coberto pelo jornal Orange Post, da Universidade de Macau, dado que a própria aluna também divulgou o incidente nas redes sociais. Sobre este aspecto, escreveu o jornal All About Macau, a defesa do condenado argumentou que a vítima não estava interessada na justiça, porque tinha violado o segredo de justiça. O professor também terá considerado não haver qualquer problema por jantar com duas alunas numa residência da universidade e afastou a possibilidade de elas se sentirem coagidas, pelo facto de haver uma relação de poder.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Analistas revêem em baixa estimativas para 2024 e 2025 O grupo de investimento CLSA reviu em baixa as previsões da indústria do jogo para 2024 e 2025. As medidas de combate à troca ilegal de dinheiro impostas por Pequim e sazonalidade dos meses de Verão colocaram alguma água na fervura do optimismo. Também os lucros EBITDA foram revistos devido à subida dos custos de promoção e salários Depois da euforia, a ponderação. O grupo de investimentos de Hong Kong CLSA reviu em baixa as perspectivas de receitas brutas da indústria do jogo de Macau, assim como os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, em inglês) das concessionárias, para este ano e o próximo. A empresa que pertence ao banco de investimento chinês CITIC Securities colocou a fasquia das receitas brutas deste ano em 232,7 mil milhões de patacas, valor que representa um aumento anual de 27 por cento. Em relação a 2025, os analistas esperam um crescimento de 3,9 por cento das receitas deste ano, elevando para 241,7 mil milhões de patacas o montante amealhado pelo sector. “Baixámos as nossas previsões para 2024 e 2025 em 3 e 5,3 por cento, respectivamente, porque ajustámos as pressuposições sobre as receitas brutas/número de visitantes, tendo em conta os dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos para o segundo trimestre do ano”, indicam os analistas. Recorde-se que as receitas brutas do jogo caíram 1,6 por cento no segundo trimestre deste ano face ao trimestre anterior, para 56,4 mil milhões de patacas. Mas os analistas Jeffrey Kiang e Leo Pan salientam o impacto “do aperto da vigilância sobre a indústria no combate às trocas ilegais de dinheiro imposto pela China”. Bola e bolos Os analistas indicam também que Julho começou fraco em termos de receitas dos casinos, que já vinham sofrendo com a normal sazonalidade, com Junho a ser o mês mais fraco do ano, e com as atenções monopolizadas pelo Campeonato da Europa de futebol “Apesar do arranque tímido das receitas brutas de Julho, e do impacto que o aperto nas actividades de troca ilegal de dinheiro tiveram na sensibilidade dos investidores, folhas de balanço estáveis e concorrência sensata devem permitir que as operadoras de casinos resistam a estes ventos contrários a curto prazo”. Também os lucros EBITDA foram revistos em baixa para 2024 e 2025, devido ao aumento “das actividades promocionais das concessionárias e a subidas das folhas salariais”. Assim sendo, a CLSA prevê que a indústria tenha lucros ajustados de 63,3 mil milhões de dólares de Hong Kong, menos 8 por cento em relação à previsão anterior, mas, ainda assim, um valor que fica a 85 por cento dos níveis verificados em 2019. Para 2025, os analistas perspectiva lucros EBITDA de 71,7 mil milhões de dólares de Hong Kong, menos 5,8 por cento face à previsão anterior.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTrabalho | Ron Lam denuncia falta de oportunidades para residentes O facto de haver actualmente mais trabalhadores não-residentes em Macau do que antes da pandemia está a gerar polémica. O deputado Ron Lam critica a política do Governo e considera a nova realidade incompreensível Um mercado de trabalho cada vez mais difícil, em que os mais jovens enfrentam desafios para encontrar empregos estáveis, com boas perspectivas futuras e bem pagos. É desta forma que o deputado Ron Lam aborda a actual situação do mercado de emprego, numa interpelação oral que vai ser colocada aos membros do Governo na Assembleia Legislativa. No documento partilhado ontem com os meios de comunicação, o legislador defende que o Executivo tem permitido um aumento, a ritmo “demasiado elevado”, de trabalhadores não-residentes, ao mesmo tempo que os residentes ficam no desemprego ou apenas são contratados a tempo parcial. “Muitas opiniões reflectem que actualmente é muito difícil para os residentes encontrarem um emprego estável, com boas perspectivas e bem pago”, afirma Ron Lam. “E a principal razão para este problema é a política permissiva de emissão quotas para trabalhadores não-residentes, que faz com que as empresas os prefiram contratar num regime estável e mal pago”, acrescenta. O deputado indica ainda que muitos residentes apenas são contratados a tempo parcial ou que são recusados nos empregos “por falta de experiência” ou “conhecimentos linguísticos”, no que diz ser um mercado de trabalho cada vez mais virado para turistas do Interior. Cenários diferentes Na interpelação oral, Ron Lam afirma também que a economia está pior do que antes da pandemia. Todavia, não entende como é possível que actualmente haja mais trabalhadores não-residentes do que antes de 2019. De acordo com os dados citados pelo deputado, em Maio o número de não-residentes ultrapassou os 210 mil. Contudo, em Novembro de 2019, quando o deputado afirma que foi o pico antes da pandemia, o número era 196 mil não-residentes. Numa análise por sectores, Lam indicou que só na construção houve um aumento de trabalhadores não-locais de 10,6 por cento, nas vendas por retalho o crescimento foi de 38,6 por cento e na hotelaria aumentou 47,1 por cento. “Se estes são os sectores onde os desempregados mais procuram oportunidades, porque o Governo permite que as quotas para não-residentes aumentem tão rapidamente?”, questiona. “Será que o Governo vai passar a defender estes postos de trabalho para os residentes?”, interrogou. Ron Lam defende também mais controlo na emissão de quotas para não-residentes e mesmo a eliminação de quotas quando se prova que as empresas evitam contratar residentes.
Hoje Macau Manchete PolíticaPalau | Presidente diz que delegação foi barrada em Macau O Presidente de Palau, Surangel Whipps, citou a proibição de entrada de uma delegação do país em Macau como exemplo da crescente pressão da China sobre uma das poucas nações do Pacífico que mantém relações com Taiwan Em entrevista ao jornal japonês Nikkei, Surangel Whipps citou um caso ocorrido em Maio, quando uma delegação de Palau viu recusados os vistos de entrada em Macau para participar numa conferência internacional de agentes de viagens. As autoridades justificaram a decisão devido às relações de Palau com Taiwan. “Nunca vimos isto antes”, afirmou. “No que diz respeito aos laços económicos e a tudo isso, nunca houve qualquer problema no passado, mas isto é uma espécie de novo nível quando se trata de turismo ou de tentar impedir oportunidades”, relatou. O Presidente de Palau referiu também um ciberataque realizado este mês contra os serviços fronteiriços e aduaneiros do seu país, que se suspeita ter tido origem em Pequim, como outro exemplo de retaliação chinesa. Surangel Whipps fez declarações ao jornal japonês à margem da sua participação na Reunião de Líderes das Ilhas do Pacífico (PALM10), que arrancou na terça-feira, e termina hoje, em Tóquio e na qual participam 18 líderes de nações desta região. Para além das relações com Taiwan, Palau tem um acordo de parceria de segurança com os Estados Unidos, que fornece assistência económica e de defesa em troca do acesso das suas tropas ao território do país insular. Intromissão online No mês passado, o governo de Palau alegou ter sido alvo de um ciberataque em grande escala que resultou no roubo de milhares de documentos oficiais, um incidente que, segundo Whipps, foi atribuído por especialistas à China. Outro ciberataque recente, este mês, contra o sistema nacional de alfândegas tinha como objectivo impedir a chegada de turistas estrangeiros a Palau, acrescentou. Este ataque foi repelido porque Palau reforçou recentemente a sua segurança cibernética com a ajuda de vários países, incluindo a Austrália e o Japão, explicou. Whipps disse que, embora não pudesse “confirmar totalmente” que o ataque informático estava ligado à China, “tudo indica que sim”. A cimeira dos líderes do Pacífico abordará desafios comuns, incluindo a libertação no mar de água tratada da central nuclear de Fukushima, propensa a acidentes, e a crescente influência da China na região.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteAugusto Nogueira, presidente da ARTM: “Esperamos que a lei da droga seja revista” Depois de assinalar o Dia Mundial Contra a Droga e Tráfico Ilícito, a Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau organiza hoje e amanhã na Universidade de Macau um painel de conferências intitulado “Tratamento de perturbações relacionadas com o consumo de substâncias”. Augusto Nogueira, presidente da associação, faz uma antevisão do evento e apresenta algumas sugestões Quais os principais objectivos desta conferência na Universidade de Macau? Queremos promover o tratamento em contexto de comunidade terapêutica como a opção de maior sucesso em termos de recuperação em detrimento de medidas mais punitivas. Também queremos mostrar os bons serviços que a ARTM tem prestado em termos de tratamento e modernização terapêutica graças ao apoio do Instituto de Acção Social e ao elevado conhecimento dos nossos colaboradores. Tal vai servir para um desenvolvimento das acções de intercâmbio e evidência dos sucessos de outras comunidades terapêuticas. Um dos pontos deste painel de conferências passa pela entrega de um certificado por parte da ATCA [Australian Therapeutic Community Association] à ARTM. De que se trata e quais os principais benefícios para o vosso trabalho em Macau? Fomos alvos de uma revisão por parte da ATCA durante uma semana em termos de todos os serviços que providenciamos ao nível da comunidade terapêutica, tratamento, regras e normas adoptadas, sem esquecer as formas de comunicação. Cumprimos com os requisitos e padrões da ATCA e demonstrámos um compromisso ao nível da qualidade e segurança. Este certificado irá fazer com que estejamos mediante revisão e análise constantes dos nossos serviços, o que vai exigir mais de nós para que mais pessoas possam recuperar dos seus problemas. Além disso, o certificado que nos foi atribuído vai constituir uma prova de qualidade e de credibilidade dos nossos serviços terapêuticos. Irão participar no painel de conferências representantes de países da Ásia, incluindo a China, cujas realidades de tráfico e consumo são diferentes. A ideia é reunir consenso e aprendizagens? Pretendemos partilhar aprendizagens, métodos e observar o que os outros fazem. Por exemplo, o representante da Vila Maraine, em Itália, vai explicar a cooperação que tem com o poder judicial, em que pessoas com problemas de toxicodependência e de tráfico em pequenas quantidades, ou seja, para sustentar o consumo, tem a possibilidade de poderem ser encaminhados para uma comunidade terapêutica após a condenação a prisão efectiva. Algumas pessoas com pulseira electrónica e outros não necessitam de o fazer, o que acho interessante. A SARDA [The Society for the Aid and Rehabilitation of Drug Abusers] é uma associação com a qual a ARTM tem laços de amizade e de apoio há muitos anos. É uma associação que também segue os princípios de comunidade terapêutica, mas com outras vertentes, como serviços de metadona. A SARDA tem uma grande dimensão em Hong Kong. Teremos ainda uma mesa redonda sobre a prevenção, algo que na Europa caiu em desuso com consequências negativas bem visíveis, como podemos observar em Portugal. O maior consenso que poderá sair desta conferência é que a prevenção, tratamento e redução de danos têm de estar de mãos dadas. Nunca devemos esquecer que o grande objectivo é a recuperação da pessoa e não a continuidade na dependência. De Portugal chega a representação de “Ares do Pinhal”, uma comunidade terapêutica. Quais as grandes diferenças e semelhanças com a ARTM em termos de métodos? As duas instituições têm abordagens bastante semelhantes, embora a “Ares do Pinhal” esteja a desenvolver um trabalho de excelência e de uma maior dimensão a nível de redução de danos, bem como a prestação de apoio a pessoas em situação de sem abrigo. Trata-se de realidades diferentes em comparação com Macau e tenho a certeza que vamos todos aprender muito com eles. Muitas vezes as aprendizagens acontecem, mas as circunstâncias reais não permitem a sua aplicação. No entanto, nós, ARTM, estaremos preparados caso a situação mude com o aumento exponencial do consumo, ou o regresso ao consumo de heroína. Tanto a ARTM como a “Ares do Pinhal” têm um modelo holístico e isso é de valorizar, pois não há muitas instituições a trabalhar desta forma, em que se trabalha o problema da dependência como um todo. Juntam-se os cenários de prevenção, tratamento, reinserção e redução de danos. Nesta conferência vai ser apresentado o projecto de integração social “Hold On To Hope”. Que balanço faz do trabalho feito até aqui? Tem sido um balanço bastante positivo, pois já passaram pelo projecto 36 pessoas, sendo que 26 estão reinseridas com sucesso. O projecto “H2H” não visa apenas recolocar as pessoas no mercado de trabalho, mas sobretudo ensinar-lhes valores como a comunicação, pontualidade, responsabilidade e disciplina. Já fizemos quase 30 exposições, cerca de uma por mês. Estamos muito contentes com o projecto que tem sido alvo de grandes elogios a nível mundial na nossa área de trabalho. É pena o facto de continuarmos a ter dificuldades com a falta de estacionamento em Ka-Hó. Seria bom que o Governo resolvesse este problema para o desenvolvimento do projecto e da própria vila. Que respostas novas para a RAEM podem sair desta conferência? A resposta nova que pode sair deste evento é o começo de um maior encaminhamento de pessoas com problemas de adição para a ARTM e outras entidades equivalentes. Esperamos também que a lei da droga seja revista para exigir mais provas de tráfico, para que [as autoridades] não partam do pressuposto de que determinada quantidade de droga é para tráfico. Isso iria evitar que muitas pessoas fossem presas, podendo, em alternativa, obter um tratamento adequado. A tendência mundial é de discriminalização do consumo de droga, mas em Macau a tendência parece ser oposta, e recentemente até uma técnica da Polícia Judiciária (PJ) defendeu, num estudo académico, a possibilidade de pena de morte. Qual o seu comentário sobre este panorama no território? Não sei se a tendência mundial é mesmo essa, pois nos muitos países que antes tinham essa convicção estão neste momento a ponderar a situação de outra forma, muito devido ao consumo de Fentanyl, onde a redução de danos está a falhar redondamente. Além disso, existem muitos grupos de activistas consumidores que fazem uma comunicação muito agressiva, o que tem irritado alguns países. Estes grupos não pedem apenas descriminalização, mas sim a legalização de todas as drogas. Muita coisa está a mudar e muitas pessoas estão a morrer todos os dias. Muitos dos países estão de acordo com a necessidade de haver serviços de redução de danos com qualidade e o objectivo de incentivar essas pessoas a procurar ajuda, mas a descriminalizar como um direito é algo que está a perder força. Para se dar prioridade ao tratamento não é necessário mudar a lei na sua totalidade, mas fazer apenas alguns ajustes. Quanto ao comentário da técnica da PJ, não tem fundamento nenhum e nem merecer ser comentado. Após a pandemia, que se reflectiu nas formas de tráfico e consumo, Macau mantém a mesma situação, ou verificaram-se alterações profundas na forma de comprar e consumir? Julgava-se que iria existir um aumento exponencial após a pandemia, mas o que temos observado é o oposto. Existiu um aumento gradual, mas pouco significativo. Mesmo ao nível do tráfico tem sido pontual, o que pode ser sinal de um bom trabalho da nossa polícia e dos trabalhos de prevenção de diversas instituições, inclusive do nosso projecto “Be Cool”. No entanto, tudo isto pode mudar muito rapidamente e temos de estar atentos. É natural que exista consumo escondido, e será sempre escondido quando o consumo é criminalizado. Devemos estar contentes com a corrente situação e desejar que assim continue.
João Luz Manchete SociedadeTurismo | Quase 17 milhões visitaram Macau no primeiro semestre Durante os primeiros seis meses de 2024, 16,729 milhões de turistas escolheram Macau como destino turístico, segundos dados provisórios, total correspondente a um aumento anual de 43,6 por cento. O volume de turistas aproximou-se dos níveis de 2019. Visitantes internacionais mais que duplicaram Macau está a regressar à velha forma, retomando o lugar de um dos destinos de eleição desta parte do globo. Segundo dados provisórios adiantados ontem pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), entre Janeiro e Junho deste ano entraram em Macau cerca de 16,729 milhões de visitantes, uma média diária de perto de 92 mil (91.918). O total dos turistas que visitaram Macau no primeiro semestre de 2024 representa “um aumento de 43,6 por cento face ao período homólogo de 2023 e um regresso ao nível de 82,5 por cento registado no mesmo período de 2019”, antes da pandemia afectar severamente o sector. A DST refere que o “número que está de acordo com as expectativas”. A direcção de serviços liderada por Helena de Senna Fernandes realça ainda o “aumento significativo do número de visitantes em excursões internacionais”. Nos primeiros seis meses de 2024 entraram em Macau cerca de 1,17 milhões de visitantes internacionais, um aumento anual de 146,4 por cento, tendo sido retomado o nível de 67,2 por cento da primeira metade de 2019. Por outro lado, de acordo com os dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), nos primeiros cinco meses deste ano, 928 mil visitantes chegaram a Macau em excursões, ou seja, mais 230 por cento em termos anuais. Neste capítulo, o Governo destaca o aumento de 14 vezes do número de visitantes em excursões internacionais, que chegou a 88 mil. Segunda parte Em termos de ocupação hoteleira, a DST recorda que entre Janeiro e Maio deste ano, a taxa média de ocupação se fixou em 84,3 por cento, uma subida de 7,7 por cento face ao mesmo período de 2023 e menos 7,2 pontos percentuais do que em 2019 (quando a taxa média de ocupação foi de 91,5 por cento). “O número de hóspedes dos hotéis voltou a ser mais expressivo, com 6.135.000 entre Janeiro e Maio de 2024, mais 25 por cento do que no período homólogo de 2023 e mais 6 porcento do que no mesmo período de 2019”, indicou ontem a DST em comunicado. Em relação à segunda metade do ano, a DST começa por enaltecer as “medidas de apoio do Governo Central a Macau”, nomeadamente o alargamento dos programas de vistos individuais a mais cidades do Interior da China, e indica uma série de actividades programadas para os meses que se seguem. “No segundo semestre deste ano, uma série de actividades comemorativas do 25.º Aniversário do Estabelecimento da RAEM serão realizadas, incluindo o 32.º Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, a corrida de bandejas do Dia Mundial do Turismo 2024, o Iluminar Macau 2024 e o espectáculo de fogo-de-artifício em celebração do 25.º aniversário do estabelecimento da RAEM, entre outros”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeConcessionárias | Acções a perderem valor desde Janeiro Na primeira metade do ano, as receitas do jogo cresceram 41,9 por cento face a 2023. No entanto, as acções das concessionárias na bolsa de Hong Kong estão longe de reflectir um ambiente de optimismo Apesar de as receitas do jogo estarem a crescer desde o início do ano, nos primeiros seis meses as acções da maioria das concessionárias cotadas na Bolsa de Hong Kong desvalorizaram. As excepções à tendência de queda, foram a MGM China e a SJM, de acordo com as contas feitas pelo HM. Como tem acontecido nos últimos anos, as acções Galaxy são as mais valiosas entre as concessionárias. No início do ano, os títulos eram negociados ao preço de 44,1 dólares de Hong Kong por acção, mas até ao final de Junho sofreram uma redução para 36,4 dólares de Hong Kong. A mudança significa uma desvalorização de 17,5 por cento no espaço de seis meses. O ano até começou bem para a concessionária liderada por Francis Lui, e a 16 de Fevereiro as acções chegaram a ser negociados por 45,3 dólares por unidade. Porém, a partir dessa altura a desvalorização passou a ser a regra. Um percurso muito semelhante foi trilhado pela Sands China, a segunda concessionária mais valiosa, de acordo o mercado bolsista de Hong Kong. No dia de abertura da bolsa, a 2 de Janeiro, as acções da Sands valiam 23,8 dólares de Hong Kong. Em 14 de Fevereiro, a avaliação atinge o pico com uma cotação de 24,5 dólares por acção. Contudo, até ao final de Junho as acções foram perdendo valor até chegarem aos 16,3 dólares de Hong Kong. Esta foi uma redução de 31,5 por cento, quando se tem em conta o início de Janeiro. As outras concessionárias que também desvalorizaram foram a Wynn Macau e a Melco Resorts, medida através da empresa Melco International Development. No caso da Wynn Macau, no final do primeiro dia do mercado, cada acção custava 6,56 dólares de Hong Kong. A empresa até conseguiu ir valorizando, e a 17 de Maio, as acções estavam avaliadas em 8,3 dólares. Todavia, no final de Junho tinham caído para 6,4 dólares de Hong Kong, uma redução de 2,4 por cento. Em relação à Melco, as acções começaram o ano avaliadas em 5,6 dólares. A 17 de Maio atingem o pico do valor com 6,7 dólares por acção. Contudo, no final de Junho o preço tinha descido para 5,3 dólares de Hong Kong. Esta flutuação representa uma quebra do valor de 5,9 por cento. O outro lado No polo oposto, as acções da MGM Macau tiveram o melhor desempenho com uma valorização de 17,8 por cento de 10,3 dólares por acção no início do ano para 12,2 dólares por acção. A tendência positiva também foi sentida pela SJM, mas em menor escala. A empresa fundada por Stanley Ho viu as acções valorizem 5,2 por cento de 2,5 dólares por acção para 2,7 dólares. A tendência da maior parte das concessionárias é diferente do índice Hang Seng, que agrega as principais empresas cotadas na Bolsa de Hong Kong. Entre o primeiro dia do mercado e o último de Julho, o índice teve uma valorização de 5,5 por cento. Em relação às receitas do jogo em Macau, entre Janeiro e Junho houve um aumento de 41,9 por cento. Em 2023, a primeira metade do ano apresentou receitas de 80,1 mil milhões de patacas. Este ano, o montante foi de 113,8 mil milhões de patacas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaObras | Túnel Pedonal entre Wanzai e Barra causa polémica Apesar de não ser público o acordo entre as autoridades de Zhuhai e Macau para a construção de um túnel pedonal entre Wanzai e a Barra, as autoridades do Interior querem avançar com o projecto. Leong Sun Iok alerta para os impactos da obra em Macau No início deste mês, o Departamento de Recursos Naturais de Zhuhai publicou um relatório sobre o progresso do projecto para construir um túnel pedonal subaquático entre Wanzai, em Hengqin, e a Barra, em Macau. No entanto, o deputado Leong Sun Iok alertou para a falta de acordo conhecido com Macau. Segundo o relatório de Zhuhai, o projecto está a avançar, embora sem obras, e vai ter um posto fronteiriço para circular entre as regiões. No documento é também indicada a necessidade de “acelerar a concretização do Posto Fronteiriço” do projecto. No entanto, em 2020, o Governo da RAEM, pela voz do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, negou que houvesse intenção de seguir para a frente com o projecto. Na Assembleia Legislativa, Rosário considerou mesmo que a RAEM já tinha fronteiras suficientes. Todavia, face a estes desenvolvimentos em Zhuhai, Leong Sun Iok, deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), apelou ao Governo para avaliar bem o impacto de um eventual projecto. Em declarações ao Jornal do Cidadão, Leong alertou o Executivo para a possibilidade de o novo túnel aumentar o trânsito na Zona da Barra e ainda reduzir fortemente a procura pelos barcos que navegam entre o Porto Interior e Wanzai, região que em português é denominada Lapa. “Caso seja criada um novo posto fronteiriço na Barra, é preciso ter muita atenção ao impacto para o trânsito, dado que a zona da Barra e Central tem muitos congestionamentos, e a situação ainda pode piorar mais”, afirmou o deputado. Ouvir a população Leong Sun Iok apelou igualmente às autoridades para ouvirem a população e os comerciantes das zonas envolvidas, antes de tomarem uma decisão. O deputado defende que o Governo deve fazer uma avaliação objectiva sobre as despesas com o funcionamento de um novo posto fronteiriço, devido à necessidade de deslocar mais funcionários públicos e cobrir outras despesas, como gastos com energia e manutenção. Também face ao facto de não haver consenso público para o projecto, Leong Sun Iok entende ser necessário reforçar a coordenação entre Macau e o Interior sobre a divulgação dos projectos importantes. O deputado apontou que as autoridades de ambos lados devem ter meios de divulgação unificados, para evitar mal-entendidos ou erros nas informações que chegam à população.
João Luz Manchete PolíticaSaúde | Governo apresenta esboço de “Macau Saudável em 2030” O Governo apresentou ontem as linhas-mestras do plano de saúde para os próximos anos com foco na prevenção e mudança de mentalidades para comportamentos sadios. Durante a apresentação, Alvis Lo afirmou que o “Macau Saudável em 2030” tem como referências o plano China Saudável 2020/2030 e as orientações da Organização Mundial de Saúde Vinte anos depois da implementação do projecto “Cidade Saudável”, o Governo apresentou ontem as linhas gerais do plano “Macau Saudável em 2030”, que tem como principais objectivos combater o envelhecimento da população e as doenças crónicas. O director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, indicou que o plano que irá vigorar até 2030 tem em referência “as linhas gerais do planeamento ‘China Saudável 2020/2030’, assim como as estratégias globais definidas pela Organização Mundial de Saúde, adaptadas à realidade de Macau. Em comunicado, os SS garantem que vão “seguir as políticas nacionais de saúde, centrando-se na saúde dos residentes e integrando a saúde em todas as políticas públicas, combinando os recursos das áreas de saúde, educação, cultura e desporto, e através da participação dos diversos serviços públicos”. Sem relevar muitos detalhes sobre o plano, Alvis Lo apontou como factores que contribuem para doenças o “desenvolvimento urbano de Macau, envelhecimento da população e a mudança do estilo de vida”. Este contexto, indicou, é propício ao surgimento de hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, cancros entre outras doenças crónicas, que “constituem os principais desafios para a saúde de Macau, levam ao aumento da procura de serviços de saúde e são as principais causas de morte dos residentes”. Mais vale prevenir O director dos SS sublinhou que a maioria das doenças crónicas pode ser evitada. Mas, para tal, são necessárias políticas de promoção da saúde, reunir condições para criar um ambiente saudável e potencial comportamentos sadios. Para tal, será necessária a mobilização da sociedade, passando por associações, escolas e toda a população, apontou o responsável. O Governo pretender consolidar e optimizar os serviços médicos existentes, elevar a literacia de saúde da população sobre, por exemplo doenças crónicas e infectocontagiosas e saúde mental. Além disso, a aposta irá incidir na prevenção e detecção precoce de problemas de saúde. Outro ponto focado por Alvis Lo foi a mudança de mentalidades. “Encorajamos os residentes a deixar de receber passivamente cuidados de saúde e, em vez disso, tomar por sua iniciativa medidas para prevenir a doença e realizar bem o trabalho de auto-gestão de saúde” Em relação à saúde mental, Alvis Lo indicou que alguns serviços vão ser integrados nos centros de saúde, e será dada formação sobre esta área a médicos e pessoal de saúde que trabalha nos centros. SSM | Recrutamento de portugueses bem-sucedido À margem da apresentação do “Plano de Acção para Macau Saudável”, o director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), Alvis Lo, afirmou que dois médicos portugueses que demonstraram interesse para trabalhar em Macau reúnem os requisitos para trabalhar no Centro Hospitalar Conde de São Januário. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, Alvis Lo disse que o processo foi bem-sucedido e que no início deste ano foram recebidas 12 candidaturas. O responsável disse ainda que os 16 médicos psiquiatras que actualmente fazem parte dos SSM serão colocados em centros de saúde para fomentar a formação e aumentar a capacidade para lidar com os casos de saúde mental na população.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteEstética | Antropóloga estuda evolução de procura de cuidados por chinesas Isabel Pires, doutoranda em antropologia, está a investigar a relação entre chinesas residentes em Lisboa e os cuidados de beleza e estética, concluindo que já não existe a influência exclusiva da cultura tradicional chinesa na procura de tratamentos como o branqueamento da pele. A investigadora encontrou um “balanço e negociação constantes entre o que se espera delas e o que podem, ou não, fazer” Que tipo de cuidados de beleza são escolhidos pelas mulheres chinesas a residir em Lisboa e porque o fazem? Isabel Pires tem procurado responder a este tipo de questões nos últimos meses. A antropóloga na área da saúde está a terminar a tese de doutoramento “Being mei mei is being rich»: A procura da beleza e da modernidade entre mulheres chinesas em Lisboa”, através da Universidade de Lisboa. Ao HM, Isabel Pires disse notar uma maior fluidez nos padrões de beleza das mulheres chinesas emigradas, tendo em conta que se deparam com o embate com outra cultura: a ocidental, de mulheres que gostam de se bronzear e apanhar sol e que encaram a pele morena de outra forma. Na China, ter pele extremamente branca é ainda sinónimo de um certo estatuto, de uma mulher que “não precisa de trabalhar para ganhar o seu sustento”, denota a investigadora. Isabel Pires explica que, em Lisboa, onde realizou trabalho de campo em diversos espaços de estética e clínicas de beleza, as mulheres chinesas fazem tratamentos não só para responder aos critérios definidos pela sua cultura, mas por tantos outros factores, como ir de encontro a expectativas das famílias e da própria sociedade no que à beleza feminina diz respeito. “Quis saber mais sobre esta comunidade através das práticas de beleza e fui descobrindo outras coisas que se sobrepõem aos cuidados estéticos. Um dos viés que vejo em muitos estudos de críticos de beleza é a ideia constante de se fazer uma comparação, que acaba por ser sempre muito ocidentalizada. Há a ideia de que as mulheres ‘fazem isto porque querem’, por exemplo, e eu tento desmistificar um pouco isso.” Essa perspectiva ocidental tem a ver com o facto de se considerar que as mulheres chinesas fazem, em Portugal, determinados tratamentos estéticos para serem iguais às ocidentais, e Isabel Pires procura desconstruir isso. “Tenho respostas desse tipo da parte de médicos com quem trabalhei. São muito taxativos nas respostas que dão. Não concordo com essa visão. As mulheres não fazem [determinados tratamentos] ‘porque querem ser’, pois cada vez mais os padrões de beleza são fluídos e globais, e isso acontece de forma muito rápida e transformadora da sociedade. No caso das jovens chinesas em Portugal, pelo menos as interlocutoras com quem trabalhei, fazem um balanço e negociação constantes entre o que se espera delas e o que podem ou não fazer. E isso de forma consciente, ou não.” Pelas zonas do Martim Moniz, Olivais, Alvalade, Estoril e Parque das Nações, locais onde a investigadora falou com clientes e donas de espaços comerciais, proliferam negócios de pequenas intervenções estéticas, branqueamento de pele ou cuidados de sobrancelhas, entre outros. E o branqueamento de pele já não é regra absoluta para as chinesas que vivem em Portugal, muito menos uma pressão social, embora muitas das entrevistadas para esta investigação continuem a proteger-se do sol. “A questão do estatuto na China estava ancestralmente ligada a uma pele branca. Tradicionalmente ainda é isso que se assiste. O meu trabalho de campo na China revelou um pouco isso. No caso de Portugal, um país com sol, muitas das minhas interlocutoras vão percepcionando as próprias noções de beleza. A estética de uma pele bronzeada adquire uma outra configuração. Nos moldes tradicionais chineses uma pele bronzeada era a de uma mulher que tinha de trabalhar para ter um sustento, isso representava um determinado estatuto social. Actualmente, em Portugal, já não se verifica isso.” Há, assim, a manutenção de ideias de beleza mais tradicionais, mas já influenciados pelas práticas de beleza do ocidente. “Mais do que uma influência, há uma actualização, no sentido de haver uma constante renovação. Estamos a falar de mulheres jovens, com um máximo de 35 anos, mas todas elas bastante dinâmicas. Isso significa que um padrão de beleza que existe hoje pode ser diferente daqui a um ano. Pode ser uma mudança muito rápida e isso pode também ser um desafio à minha investigação. Além de estar circunscrita ao tempo em que fiz a pesquisa, há cerca de dois anos, também acabo por expandir para outras áreas, como a manutenção do género, da tradição, da maneira como ainda há muita racionalização do corpo não ocidental na medicina.” Isabel Pires procurou combater uma visão “muito imperialista” de que as mulheres chinesas tentam imitar outros padrões de beleza. “Procuro desmistificar um pouco a ideia de exotismo colocada pela própria sociedade a estas mulheres, sem as conhecer. Grande parte da história das mulheres chineses é ainda muito pouco conhecida. Esse desconhecimento é ainda maior em mulheres chinesas em contexto migratório.” “Sempre que o Ocidente fala da China, fala como sendo os grandes imitadores, e não é verdade. Gostava que se percebesse que não há uma imitação, mas sim uma adaptação, uma actualização, como há em todo o lado, e a beleza é apenas mais uma área. Envolve processos migratórios, família e muita tradição, de uma base cultural ainda muito substancial, mas não é uma coisa fechada e irredutível”, acrescentou a investigadora. Processos com custos Isabel Pires, formada em enfermagem, denota que branquear a pele acarreta custos financeiros e de saúde para as mulheres. “Quando falamos de processos de branqueamento de pele falamos de processos que também são implicativos para a vida da mulher. Evitar a exposição ao sol [tem custos], sem esquecer toda a parafernália de produtos e o investimento que é feito para um objectivo, que é atingir um determinado estatuto através de um conceito de beleza.” Isabel Pires diz acreditar que, apesar das mudanças já verificadas nesta área, há ainda “muitas chinesas em Portugal que evitam totalmente o sol”. “Tudo isso é uma questão fluída, e é isso que gosto de frisar neste trabalho. É algo que se vai moldando, e é válido para as mulheres chinesas como para qualquer mulher. Há uma modelagem naquilo que a sociedade espera de nós. Talvez na China seja mais visível, porque há muita política envolvida nisto.” A política de que a investigadora fala prende-se com o desenvolvimento de um mercado de consumo em que as mulheres são consumidoras e também produtoras, com a abertura de espaços de beleza e clínicas. São as mulheres que compram maquilhagem ou serviços, mas são também elas que fazem os tratamentos a outras. Homens chineses de fora Questionada sobre se os homens chineses em Portugal também fazem tratamentos de beleza, Isabel Pires denota que não encontrou clientes do sexo masculino nos locais onde realizou a pesquisa. “Pelo contrário, até tive muitas interlocutoras a queixarem-se de que os maridos não cuidam de si. Uma delas até me disse algo que achei interessante, que é a ideia de que os homens chineses podem ser tudo, feios, maus, gordos, mas as mulheres não, têm de se tratar mais. No entanto, na China, vi mais homens a cuidarem-se. É uma tendência crescente que ainda não se verifica em Portugal, mas se calhar daqui a dez anos poderá verificar-se e ocorrer um boom.” Em Portugal, a comunidade chinesa não é pautada apenas pelas grandes famílias que foram abrir lojas e restaurantes, ou pelos grandes empresários que, mais tarde, levam mulher e filhos. Já existe uma maior “heterogeneidade”. “A comunidade está a abrir-se ao país e a outras culturas e falamos de pessoas que estão aqui há dezenas de anos, têm filhos nas universidades que vão casando fora das comunidades. Há também uma comunidade internacional [chinesa] que vem para Portugal. Uma das minhas interlocutoras mais recentes era uma jovem que nasceu em Itália de pais chineses, o pai voltou para a China quando a mãe faleceu, ela não quis voltar porque já não se identificava e foi para o Reino Unido. Casou com um inglês e hoje vive em Lisboa como qualquer expatriada que acha Portugal incrível e cheio de sol. Já não é aquela emigração chinesa típica”, exemplifica. A tese de doutoramento baseou-se numa população “muito heterogénea em termos de origem”. “Trabalhei com jovens mulheres que nasceram em Portugal e outras que efectuaram um processo migratório em diferentes etapas, ou em crianças no acompanhamento dos pais ou então já mulheres adultas. Algo interessante nesta nova migração chinesa é uma quantidade muito considerável de jovens mulheres independentes, que estudam e trabalham, deslocando-se globalmente. Temos hoje um grande fluxo de jovens mulheres de 20 a 30 anos. Todas vão trazendo e adaptando uma nova estética”, frisou. O acesso a cuidados de saúde Isabel Pires tem dedicado parte dos seus estudos à comunidade chinesa na área da saúde, procurando saber, na fase do mestrado, como era o acesso destas pessoas aos hospitais e clínicas em Portugal. “O que concluí vai na direcção de outros estudos já feitos noutros países. O acesso [a cuidados de saúde por parte de chineses a residir em Portugal] é feito maioritariamente através do serviço público para casos de emergência e sistema privado para casos de seguimento. As pessoas mais velhas procuram cuidados que lhes são mais familiares. Numa situação em que precisem de cuidados recorrentes, procuram tratar-se na China.” A língua constitui uma barreira acrescida, tendo em conta que o Serviço Nacional de Saúde (SNS), com as condicionantes de falta de médicos, pode constituir um problema de acesso até para portugueses. “Uma das coisas que identifiquei foi uma grande barreira institucional aos cuidados de saúde, ou seja, uma pessoa chinesa que está no país e que não tenha um tradutor ou alguém que fale português, imediatamente há uma barreira no acesso que, já por si, é difícil. Os cuidados de saúde em Portugal não são ‘friendly’. [acessíveis], nem sequer para os portugueses. Estou em Lisboa há 15 anos e continuo sem médico de família. Não é difícil ficar perdido durante anos no sistema de saúde.”