Tufão | Primeira tempestade do ano com sinal 1 esta manhã

Uma área de baixa pressão que estava ontem na parte central do Mar do Sul da China irá intensificar-se a caminho da ilha de Hainan e da costa oeste de Guangdong no final da semana. Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos vão içar o sinal 1 de tempestade tropical, o primeiro do ano, hoje de manhã

 

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) vão içar hoje de manhã o primeiro sinal 1 de tempestade tropical de 2025. Num comunicado publicado ontem, quando a tempestade se situava a 810 quilómetros de Macau, os SMG indicavam que uma “área de baixa pressão situada na parte central do Mar do Sul da China intensificou-se para uma depressão tropical”, movendo-se lentamente “para as regiões entre a ilha de Hainan e a zona oeste de Guangdong”.

Tendo em conta que a previsão aponta para que a depressão tropical se continue a desenvolver nos próximos dias, devido à sua influência, “prevê-se que o vento se intensifique em Macau no final desta semana”, e que o território seja fustigado por aguaceiros frequentes e trovoadas.

Os SMG garantem que vão continuar a acompanhar a evolução da primeira tempestade da época de tufões, e apelaram à população que “preste atenção às informações meteorológicas mais recentes, adoptando medidas preventivas atempadamente”.

Tempos de bonança

Antes da aproximação da tempestade à costa de Guangdong, os SMG estimam que durante o dia de hoje o tempo continue muito quente, apesar da descida de três graus da temperatura máxima em relação a ontem para 32 graus. O céu estará muito nublado intervalado de períodos de pouco nublado. O cenário muda amanhã, com os aguaceiros, trovoadas e céu geralmente muito nublado.

Segundo a Agência Meteorológica da China, a depressão tropical irá deslocar-se para oeste a uma velocidade de 10 quilómetros por hora. Uma vez que as previsões apontam para o aumento de intensidade, as autoridades nacionais não afastam a possibilidade de a depressão se transformar no primeiro tufão deste ano. O ponto de contacto com a terra deverá acontecer na sexta-feira.

A agência acrescentou ainda que o tempo de formação do primeiro tufão deste ano foi mais tardio do que o habitual e que em anos anteriores, por esta altura, o número de tempestades rondaria uma média de 2,7. O Observatório de Hong Kong também anunciou ontem que iria hoje içar o sinal 1 de tempestade tropical e que amanhã iria avaliar a necessidade de aumentar a o sinal de alerta.

Em declarações à emissora RTHK, um responsável do Observatório de Hong Kong não arriscou prever o impacto da tempestade na região vizinha, devido à multitude de factores envolvidos.

“Para além da distância a que se encontra de Hong Kong, o impacto depende também da sua força na altura [em que passa pela região]. A estrutura do campo de ventos do ciclone também afectará a força do vento e a quantidade de chuva que trará”, indicou Shum Chi-tai.

11 Jun 2025

IAM / Portal | Actualização elimina cerca de 20 anos de estatísticas

Ao eliminar os dados, o IAM fez com que se perdesse o acesso a informação como a que revela que em 2023 e 2024 houve um pico de abates de animais. O HM tentou obter esclarecimentos, mas ainda não teve resposta

 

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) actualizou o portal com os dados sobre o número de animais abatidos e aproveitou para deixar de apresentar as estatísticas de cerca de 20 anos. O HM tentou obter esclarecimentos sobre o motivo da eliminação dos dados, mas apesar de um email enviado para quatro assessores a 25 de Maio, até ontem não tinha recebido qualquer resposta, nem sequer de confirmação de recepção do email.

No passado, antes da actualização recente, quem visitasse o portal do IAM sobre o número de animais abatidos conseguia não só perceber o número de mortes de cães e gatos por mês, mas também tinha acesso a um historial com mais de 20 anos.

Os dados mais antigos, entre 2003 e 2007, eram menos completos, uma vez que apenas apresentavam o total dos animais abatidos sem fazerem a discriminação se os animais eram caninos ou felinos. Contudo, todos estes dados deixaram de estar disponíveis, sem que o IAM tenha fornecido qualquer explicação sobre a decisão de deixar de disponibilizar os dados à população.

Além disso, segundo a nova apresentação, deixa de ser possível acompanhar mensalmente as tendências do abate de animais no território. Tal deve-se ao facto de o IAM ter começado a apresentar os dados por trimestre em vez de apresentar por mês.

Limpeza geral

A eliminação dos dados surge numa altura em que o Governo defende estar a implementar uma política de “captura, esterilização e adopção (TNA em inglês)” dos animais de rua, ao invés de recorrer aos abates. Esta era uma política pedida durante vários anos pelas associações de protecção dos animais, como alternativa face ao número de abates. No entanto, entre 2023 e 2024 o número de abates cresceu.

A eliminação dos dados faz também com que desapareça da estatística o pico de mortes de felinos registado na primeira metade de 2023, quando só em seis meses foram abatidos 105 gatos.

Em termos das mortes dos caninos, a eliminação da estatística mostra como o ano com maior número de abates foi 2024, o ano passado, quando o IAM eliminou um total de 311 cães. No entanto, este número é menos de metade do que acontecia em 2010, o ano com maior mortalidade canina de acordo com as estatísticas apagadas pelo IAM, quando foram registadas 718 ocorrências.

À luz da nova estatística oficial, o número de abates de gatos em 2023 e 2024 foi de 140 e 119, respectivamente. Em termos de cães, os números mostram uma subida, com 220 abates em 2023 e 311 abates em 2024. No primeiro semestre do ano, houve 32 abates de gatos e 69 de cães.

11 Jun 2025

Cultura | Wu Zhiliang quer fundo para garantir segurança nacional

O presidente da Fundação Macau considera que o Governo deve ter um mecanismo para garantir a segurança nacional e o patriotismo na cultura. Como tal, Wu Zhiliang defende a criação de um fundo para promover narrativas nacionais na literatura e nas artes em geral e o estabelecimento de equilíbrios jurídicos entre liberdade de expressão e segurança nacional

 

O presidente do Conselho de Administração da Fundação Macau, Wu Zhiliang, entende que o território está a enfrentar desafios que não podem ser negligenciados e que nem na cultura se deve baixar os braços na defesa da segurança do Estado e do nacionalismo.

Num discurso proferido na segunda-feira em Pequim, na Academia Chinesa de Ciências Sociais, Wu Zhiliang defendeu a criação de um mecanismo que assegure a segurança nacional e a promoção do nacionalismo na cultura e nas artes. Assim sendo, o líder da Fundação Macau, que financia, entre outros, projectos culturais, entende que é necessário criar um fundo especial para promover as narrativas nacionalistas na literatura e nas restantes artes.

Para garantir que não existem violações à lei e aos direitos dos residentes, Wu Zhiliang sugeriu a aposta na cooperação regional para juntar esforços entre as faculdades de Direito de Macau, Hong Kong e Interior da China. Os objectivos da parceria passariam por criar um sistema de interpretação jurídica, com análise a casos típicos para definir padrões de equilíbrio entre liberdade de expressão e segurança nacional.

A parceria poderia também ser alargada a outras áreas do ensino, por exemplo, com o estabelecimento de uma plataforma de partilha de recursos de recursos de educação destinada à segurança nacional na Grande Baía, com vista a promover um modelo da aprendizagem imersiva.

Resposta musculada

A intervenção na área cultural é encarada pelo presidente da Fundação Macau como uma forma de responder aos desafios que a RAEM enfrenta actualmente, indicou em Pequim, sem concretizar especificamente.

O responsável destacou o ambiente social e as bases culturais da população enquanto elementos que não só demonstram a eficácia da governação em Macau, como garantem a segurança nacional através da articulação profunda da estrutura social e dos valores culturais. Para tal, Wu Zhiliang realçou o papel fundamental desempenhado pelo princípio “Um País, Dois Sistemas”, cujo sucesso também depende do ambiente social único da Macau, assim como da sólida identidade cultural. Além da aplicação do princípio político, o responsável destacou a melhoria do bem-estar da população, o sistema educativo e o papel desempenhado pelo tecido associativo.

Wu Zhiliang destacou particularmente as associações patrióticas, e as suas redes de serviços sociais que cobrem toda a cidade, que promovem actividades relacionadas com segurança nacional. Neste aspecto, o dirigente deu como exemplo a mobilização que as associações conseguiram, levando cerca de três mil pessoas para participarem nas sessões de consulta pública, aquando das alterações à lei relativa à defesa da segurança do Estado em 2023.

11 Jun 2025

Portugal | Luís Montenegro visita Macau e China em Setembro

O primeiro-ministro português planeia visitar a China em Setembro, naquela que será a primeira visita do chefe do Governo de Portugal a Pequim desde 2016, altura em que António Costa esteve na capital chinesa. A novidade foi avançada por Marcelo Rebelo de Sousa, que admitiu não vir a Macau até ao final do mandato

 

O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, afastou um regresso a Macau, na segunda-feira, mas anunciou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, deverá passar pela RAEM em Setembro, durante uma visita à China.

O chefe de Estado de Portugal falava aos jornalistas em Lagos, no distrito de Faro, onde chegou na segunda-feira para as celebrações do 10 de Junho, que segundo o programa original iriam prosseguir em Macau, deslocação que foi entretanto cancelada.

“Estava previsto para Macau. Mas não se podia ir a Macau porque temos que estar dia 12 [de Junho] a comemorar a entrada na Europa. Como é que íamos a Macau? Enfim, era impossível”, justificou o Presidente da República.
Interrogado se ainda irá a Macau neste seu segundo e último mandato presidencial, que terminará em 9 de Março do próximo ano, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Não. Vai o senhor primeiro-ministro, se puder, mas lá mais para diante, em Setembro”.

“Enquanto eu vou às Nações Unidas, ele vai a Macau, à China. Porque ele tem uma visita à China que também se entroncava na ida a Macau. Vamos ver se ele consegue marcar, enquanto estou em Nova Iorque, ele aproveita para ir a Macau e à China”, acrescentou.

Celebrações canceladas

Após o cancelamento das comemorações do Dia de Portugal em Macau, na sequência da queda do Governo PSD/CDS-PP, em Março, e da convocação de eleições legislativas antecipadas para 18 de Maio, não ficou prevista qualquer celebração desta data no estrangeiro.

Contudo, o Presidente da República e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, acabaram por festejar o 10 de Junho na Alemanha, no sábado, junto da comunidade portuguesa em Estugarda, antes de assistirem à vitória de Portugal na final da Liga das Nações, no domingo à noite, diante a Espanha, em Munique.

Marcelo Rebelo de Sousa realizou uma visita de Estado à República Popular da China entre Abril e Maio de 2019, que começou em Pequim, onde foi recebido pelo Presidente Xi Jinping, passou por Xangai e terminou na Região Administrativa Especial de Macau.

Olhos no futuro

Amélia António, presidente da Casa de Portugal, considerou que a vista de Luís Montenegro a Macau é mais importante do que a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, dado que o primeiro-ministro vai manter-se no cargo, enquanto o Presidente está de saída. “De certa maneira compreende-se, seria uma espécie de despedida de Marcelo, em fim de mandato. Mas, se calhar, é bastante mais importante, do ponto de vista diplomático e político, que venha quem esteja numa perspectiva de andar para a frente”, afirmou Amélia Antónia, em declarações à Rádio Macau.

11 Jun 2025

10 de Junho | Alexandre Leitão destaca fim das listas de espera no Consulado

Realizou-se ontem, na residência consular na Bela Vista, a habitual cerimónia de celebração do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. Alexandre Leitão, cônsul, destacou o fim das listas de espera no Consulado e a modernização de alguns serviços, referindo que Portugal está pronto para promover laços económicos mais fortes com a RAEM

 

Depois de anos em que renovar o cartão de cidadão ou o passaporte poderia constituir um pequeno grande problema para cidadãos portugueses a residir na RAEM, eis que esse assunto parece estar resolvido. Alexandre Leitão, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, mostrou ontem ser um homem satisfeito ao falar dos últimos feitos conseguidos no funcionamento do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, isto a propósito das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.

“Depois de dois anos de intensa concentração na normalização dos serviços consulares, eliminámos listas de espera no domínio da emissão de cartões de cidadão e passaportes”, referiu.

Segundo Alexandre Leitão, “os utentes voltaram a ter acesso a 90 por cento dos serviços sem obrigatoriedade de marcação prévia, introduzimos meios de pagamento electrónico, reduzimos drasticamente os tempos de resposta e de encaminhamento após a admissão dos processos, e reorganizamos os recursos humanos e procedimentos”.

O cônsul não esqueceu a equipa do Consulado, “que é constituída, quase na íntegra, por macaenses que têm reagido positivamente aos sucessivos desafios que lhes têm sido apresentados”, destacando também que “em 15 meses foram emitidos ou renovados 55 mil cartões de cidadão e passaportes, o que também demonstra a dimensão da comunidade portuguesa de Macau e de Hong Kong”.

Portugal com valor

Assim, o responsável disse poder “com segurança afirmar que o essencial, do ponto de vista estritamente consular, está feito”, mas que pretende apostar no “aprofundamento das relações diplomáticas, económicas e culturais de Portugal com as regiões administrativas especiais” de Macau e Hong Kong.

Dirigindo-se ao Chefe do Executivo em exercício, Sam Hou Fai, Alexandre Leitão lembrou que o governante “tem defendido a aceleração da abertura e da diversificação da economia” local e que, desse ponto de vista, Portugal tem um papel privilegiado a cumprir.

“Portugal tem o mesmo desígnio, o que nos torna, mais uma vez, irmanados num propósito comum: crescer e diversificar as nossas economias, internacionalizando-as para benefício dos nossos povos. As empresas portuguesas estão preparadas para aproveitar a ‘postura mais aberta e inclusiva para intensificar laços internacionais e aumentar a projecção e atractividade globais e o renome de Macau como metrópole internacional'”, citou, destacando que “todos, na RAEM, estão conscientes do contributo das empresas e dos trabalhadores portugueses para o crescimento e qualidade dos serviços da economia de Macau”.

O cônsul foi claro ainda ao dizer a Sam Hou Fai que “pode contar com a comunidade portuguesa para participar activamente no ambicioso desígnio de diversificação económica da RAEM”.

Alexandre Leitão não esqueceu o último grande investimento chinês em Portugal, nomeadamente em Sines, por parte da CALB – China Aviation Lithium Battery, sendo “o maior da década”, o que “demonstra a confiança das grandes empresas chinesas e do mundo na qualidade e capacidade de Portugal como destino preferencial de investimento”.

Camões, o grande

Tendo em conta que prosseguem inúmeras comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, Sam Hou Fai trouxe o poeta português para o seu discurso na cerimónia de ontem na Bela Vista. “Os fortes e profundos laços históricos entre Portugal e Macau já são conhecidos por todos, e encontram-se reflectidos neste dia, pois hoje celebra-se também o maior poeta português que viveu uns anos em Macau e fez parte dos primeiros momentos deste encontro histórico de dois povos.”

“Nunca é demais recordar que é por conta deste encontro centenário de culturas, nesta ‘janela para o exterior’ da China, que surge a ‘singularidade’ de Macau enquanto ‘único local do mundo que tem como línguas oficiais o português e o chinês’, como foi expressamente sublinhado pelo Presidente Xi Jinping”, destacou ainda o Chefe do Executivo.

Sam Hou Fai não esqueceu ainda o “empenho e compromisso do Governo da RAEM na concentração de esforços para a construção de uma plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado”, bem como o “reforço da abertura bilateral com a lusofonia e na promoção de uma cooperação abrangente de benefícios mútuos, que enriqueça e alargue ainda mais o papel e as funções de Macau enquanto plataforma sino-lusófona”.

As palavras do Chefe do Executivo referiram ainda a defesa “das características multiculturais de Macau” e na promoção do “desenvolvimento em todas as vertentes, procurando assegurar e melhorar continuamente o bem-estar de todos os residentes de Macau, incluindo as comunidades portuguesas em Macau”.

11 Jun 2025

G-Dragon | DSAL sublinha que contornar as leis laborais é ilegal

O Governo e a polícia negaram que os trabalhadores não-residentes sem licença apanhados no concerto de G-Dragon sejam voluntários, estatuto que apenas se aplica em situações sem fins lucrativos. A DSAL enfatiza que usar o estatuto de voluntariado para contornar as leis laborais é ilegal. Ella Lei defende penalizações mais pesadas

 

Depois da operação da conjunta do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laboral (DSAL) no Galaxy Arena no sábado, onde foram encontradas dezenas de trabalhadores sem licença na zona da venda de merchandising, várias publicações nas redes sociais argumentaram que estas funcionárias eram afinal voluntárias.

A situação, verificada no sábado durante os concertos da estrela de K-Pop G-Dragon, levou o CPSP e a DSAL a emitirem um comunicado ontem de madrugada a clarificar a situação.

“Em relação a rumores que circulam na internet, que afirmam que os voluntários não-residentes que trabalhem em concertos não infringem a lei e não estão sujeitos a regulamentação, a DSAL e o CPSP esclarecem solenemente que, de acordo com as leis em vigor, qualquer não-residente que trabalhe em Macau deve obter previamente as autorizações requeridas pela lei”, adiantaram as autoridades num comunicado em chinês.

Foi ainda acrescentado que durante a operação do passado sábado, a DSAL e o CPSP inspeccionaram a identidade de 107 trabalhadores durante os concertos no Galaxy Arena, dos quais 68 eram não-residentes que obrigaram a posterior verificação da condição legal para trabalhar, situação que está a ser investigada. As autoridades não clarificaram se foram cometidas ilegalidades, mas que vão investigar o assunto de forma séria e não vão tolerar actos ilegais.

Jogos de semântica

A DSAL sublinhou em particular que “os serviços de voluntariado só se aplicam a actividades de assistência social pública sem fins lucrativos e que os participantes não podem receber qualquer tipo de remuneração”.

Além disso, as autoridades indicam que qualquer tentativa de contornar o sistema de autorização de trabalho alegando ‘voluntariado’ é ilegal. “Os empregadores podem ser considerados culpados de trabalho ilegal e condenados a uma pena de prisão até dois anos. Os não-residentes que se envolvam em trabalho ilegal podem também cometer infracções administrativas e ser multados até 10.000 patacas”, acrescenta a DSAL.

Ella Lei considera que a legislação deve ser revista de forma a aumentar as penalizações e o efeito dissuasor e assim combater o trabalho ilegal e transfronteiriço. Em declarações ao jornal Exmoo, a deputada dos Operários referiu que no passado o trabalho ilegal era mais comum os sectores da construção e restauração, mas que nos últimos tempos se alastram à indústria dos espectáculos, exposições e guias turísticos.

9 Jun 2025

Semana Cultural | Guineenses acreditam em continuidade

Graziela Lopes, presidente da Associação dos Guineenses, confirma a proposta para levar a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa para Zhongshan, mas acredita que vai ser possível manter parte do evento em Macau

 

A presidente da Associação dos Guineenses, Naturais e Amigos da Guiné-Bissau, Graziela Lopes, acredita que a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa vai continuar a ser realizada parcialmente em Macau. O cenário foi traçado em declarações ao Canal Macau, depois de ter sido tornado público pelo jornal Plataforma que o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) pretende levar a totalidade do evento para Zhongshan.

A oposição das associações lusófonas à deslocação total para o Interior já era conhecida. Agora, Graziela Lopes fez um ponto de situação, para destacar que a entrada no Interior é vista como positiva, mas que é necessário também permanecer em Macau.

“Não estamos contra a ida à China. Só estamos a dizer que achamos que a relação que se criou, fundamentalmente à base da realização da Semana Cultural, tem a ver com Macau. Portanto, não faz muito sentido retirar completamente o núcleo da Semana Cultural de Macau e passar só para a China”, afirmou a presidente da Associação dos Guineenses, em declarações ao Canal Macau. “Uma coisa é nós podermos participar noutras ocasiões e levar uma parcela do que é a Semana Cultural de Macau para a China. Mas [o problema] é a forma como [a ida] está a ser planeada. Eles entram directamente na China, e acabou, não há passagem por Macau. Fica em Macau só a parte da gastronomia”, foi acrescentado.

Sem outros eventos em Macau além da vertente da gastronomia, as associações não acreditam que o evento vá ser atraente para as pessoas. “Se a gastronomia ficar em Macau e não houver nada que incentive as pessoas a irem também aos eventos gastronómicos, não vai haver divulgação do evento e aquilo vai estar às moscas”, justificou.

Confiança num acordo

Por outro lado, a presidente da Associação dos Guineenses, Naturais e Amigos da Guiné-Bissau mostrou-se confiante de que vai ser possível obter um acordo com o IPIM sobre os moldes do evento, para que todas as partes possam satisfazer as suas pretensões.

“Eu acho que vamos chegar a um acordo, porque todos estão interessados, mesmo o Fórum [de Macau], está interessado em que se continue a fazer a Semana Cultural”, afirmou. “Temos de ter calma na forma de ver estas questões e temos também de ter alguma paciência. Eles fizeram uma proposta, nós respondemos e estamos a aguardar”, considerou.

Ao Plataforma, o Fórum de Macau, que integra o IPIM, não desmentiu a intenção de realizar todo o evento em Zhongshan, e assumiu que tem como objectivo “garantir o êxito do evento, tanto em Macau como na Grande Baía, para todas as partes envolvidas, bem como para os participantes e o público”.

O Fórum de Macau indicou ainda estar a agir “em conformidade com a decisão tomada por todas as partes participantes do Fórum de Macau, na 20.ª Reunião Ordinária do Secretariado Permanente, de incluir elementos da Semana Cultural na Grande Baía”.

9 Jun 2025

Gás Natural | Anunciada descida de preços entre 4,49% e 8,13%

A redução do custo do gás natural foi justificada com a descida do preço internacional nos últimos anos e com as flutuações da taxa de câmbio do renminbi

 

Desde ontem que o preço do gás natural ficou mais baixo, com reduções que variam entre 4,49 por cento e 8,13 por cento. A informação foi divulgada ontem de manhã em comunicado pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), o que significa que o preço vai ser reduzido pela segunda vez em dois anos.

“Em resposta à descida do preço internacional do gás natural nos últimos anos e às flutuações da taxa de câmbio do renminbi relativamente à pataca, o custo de aquisição do gás natural para abastecer Macau baixou. Por esse motivo, o Governo da RAEM ajustou […] os preços de venda do gás natural”, foi comunicado. “Os preços de venda do gás natural a praticar para os quatro grupos de clientes tiveram descidas de cerca de 4,49 por cento a 8,13 por cento”, foi acrescentado.

Em termos das mudanças, a maior redução visa o Grupo D de clientes, também denominados como “especiais”, que vão ser beneficiados com uma redução do preço de 8,13 por cento, para 3,9825 patacas por metro cúbico. Até ontem, o preço era de 4,3348 patacas por metro cúbico. O segundo grupo com o maior desconto é o Grupo A, dos operadores, com um corte no preço de 7,39 por cento, de 7,3190 patacas por metro cúbico para 6,7792 patacas por metro cúbico.

Em relação ao Grupo B, dos residentes não comerciais, o corte é de 4,68 por cento, para 6,4164 patacas por metro cúbico, quando anteriormente o preço era de 6,7314 patacas por metro cúbico. Finalmente, no Grupo C, dos grandes clientes, há um corte de 4,51 por cento, para 6,3568 patacas por metro cúbico, de 6,6556 patacas por metro cúbico.

Alterações no preço

Este é o segundo ano consecutivo com cortes no preço do abastecimento de gás. No início de 2024, o então Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, anunciou uma redução dos preços de 3,4 a 5,6 por cento.

“Nos últimos anos, o preço de mercado do gás natural registado a nível internacional tem-se mantido, ainda, a um nível elevado. No entanto, devido às variações da taxa de câmbio do renminbi relativamente à pataca, o custo de aquisição do gás natural para abastecer Macau baixou”, foi justificado, em Janeiro de 2024, também num comunicado da DSPA.

“Por esse motivo, o Governo da RAEM ajustou […] os preços de venda do gás natural […], entrando os novos preços em vigor a partir de hoje [ontem]. Os preços de venda do gás natural a praticar para os quatro grupos de clientes tiveram descidas de cerca de 3,4 por cento a 5,6 por cento”, foi adicionado.

9 Jun 2025

CAEAL | Wong Wai Man procura recolher assinaturas em falta

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) deu ao “Soldado de Mao” até sexta-feira para resolver problemas com o seu pedido de candidatura. Das 395 assinaturas entregues por Wong Wai Man, 175 não foram reconhecidas pela comissão. Ontem à tarde, o potencial candidato afirmava precisar de mais 77 assinaturas

 

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) deu um prazo de cinco dias úteis, que termina na sexta-feira, para que Wong Wai Man satisfaça os requisitos mínimos da sua lista, Ajuda Mútua Grassroots, e possa concorrer às próximas eleições legislativas.

No domingo, o residente que é conhecido como “Capitão Macau” ou “Soldado de Mao”, por se vestir de forma semelhante aos guardas vermelhos durante a Revolução Cultural, revelou a carta em que a CAEAL refere que das 395 declarações de apoio (assinaturas) entregues, apenas 222 foram aceites e 173 não passaram no crivo das autoridades. Recorde-se que os pedidos de comissão de candidaturas têm de ser acompanhados por, pelo menos, 300 assinaturas. Num vídeo partilhado ontem à tarde nas redes sociais, Wong Wai Man afirmava precisar ainda de 77 assinaturas e que estará na sede da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, na Areia Preta, 24 horas por dia até conseguir todas as assinaturas.

A CAEAL justificou que entre as razões para não aceitar 173 declarações de apoio à lista Ajuda Mútua Grassroots contam-se declarações onde não foi possível apurar quem as assinou, alterações ao boletim sem declarar as correcções feitas, dados incorrectos, eleitores que já haviam assinado outras comissões de candidatura e pessoas que não podem votar.

O caos nas ruas

Além dos problemas encontrados nas assinaturas, a CAEAL afirmou que o logotipo da lista Ajuda Mútua Grassroots é contrário à ordem pública porque contem o slogan “lutar até à morte”. A CAEAL justificou a sua posição juridicamente com nº2 do Artigo 273º do Código Civil que estabelece que “é nulo o negócio contrário à ordem pública, ou ofensivo dos bons costumes”.

Na quinta-feira passada, quando entregou à CAEAL o pedido de reconhecimento da sua lista, Wong Wai Man afirmou estar tranquilo em relação ao escrutínio das autoridades sobre as assinaturas que entregou. “Não estou preocupado, o meu objectivo é participar no processo eleitoral. Dedico-me à participação cívica e social há cerca de 18 anos. Não preciso de assumir o cargo de deputado, a minha força e energia positiva são maiores do que qualquer deputado”, afirmou na altura o potencial candidato.

9 Jun 2025

Melco e SJM anunciam encerramento de casinos-satélite

A empresa Melco Resorts and Entertainment anunciou ontem que irá encerrar até ao final deste ano um casino e três salas de máquinas de jogo em Macau, mas prometeu não despedir qualquer trabalhador. Num comunicado, a Melco indicou que o casino Grand Dragon e três das seis salas de jogos electrónicos, conhecidas como Mocha Clubs, “cessarão as suas operações antes do final de 2025”.

Os funcionários “serão destacados para trabalhar noutras propriedades da empresa em Macau, o que garantirá a continuidade do seu emprego”, sublinhou a operadora. Também as mesas de jogo do casino Grand Dragon e as máquinas de jogos electrónicos serão “transferidas e continuarão a operar noutros casinos ou áreas de jogo da empresa em Macau”, referiu a Melco.

A Melco anunciou que irá pedir ao Governo para continuar a operar as outras três salas de máquinas de jogo Mocha Clubs. O Grand Dragon e os Mocha Clubs são as únicas propriedades da Melco sob o modelo conhecido como ‘casino-satélite’, em que os espaços são geridos por outras empresas, que pagam à concessionária uma percentagem das receitas.

SJM também fecha

Nove dos 11 ‘casinos-satélite’ actualmente em operação estão sob a alçada da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), que também anunciou, em comunicado, mais encerramentos.

Na nota enviada às redacções, lê-se que vão fechar portas os casinos-satélite Casa Real, Emperor Palace, Fortuna, Grand View, Kam Pek Paradise, Landmark e Legend Palace, sendo que as operações continuam até ao término dos contratos em vigor. Em relação aos espaços de jogo da Ponte 16 e L’Arc, o conselho de administração da SJM Resorts vai “adquirir as propriedades onde se localizam o casino L’Arc e o casino Ponte 16”, tendo em conta “o alinhamento com os objectivos de longo prazo da SJM Resorts, a competitividade global do grupo

e as localizações estratégicas dos casinos satélite”. A mesma nota dá conta que “as negociações relativas às potenciais aquisições ainda não foram iniciadas e não foram celebrados acordos vinculativos”.

A operadora de jogo diz estar “empenhada em salvaguardar o emprego local em Macau”, referindo que “todos os residentes de Macau que trabalham actualmente nos casinos-satélite com encerramento previsto, independentemente de

serem empregados directamente pela SJM Resorts ou por seus parceiros terceirizados, receberão ofertas de emprego dentro do portfólio de propriedades da SJM Resorts”. Além disso, “aqueles que são funcionários da SJM Resorts irão manter os empregos e serão relocados para funções semelhantes relacionadas com o jogo em outros casinos, com base nas necessidades operacionais”, sendo que “os funcionários da SJM Resorts que sejam residentes também serão convidados a candidatar-se a cargos adequados no grupo”.

A SJM Resorts explica ainda que “não espera que a reestruturação tenha qualquer efeito adverso significativo nas operações, liquidez ou rentabilidade do grupo”.

9 Jun 2025

Casinos-satélite | Governo diz que impacto de encerramento será controlado

É oficial: os 11 casinos-satélite vão mesmo encerrar portas até 31 de Dezembro deste ano, sendo que a Melco e a Sociedade de Jogos de Macau anunciaram já os planos de reestruturação. No tocante aos trabalhadores afectados, o Governo apresenta números inferiores aos já referidos por deputados e associações: 5.600. Espera-se ainda algum impacto nas PME, mas sem grande consequência para bancos

 

Depois de muita especulação, eis que finalmente as autoridades e as operadoras de jogo anunciaram o que de facto vai acontecer com os 11 casinos-satélite operados no território. Vão todos fechar, sendo que a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) Resorts e a Melco já definiram os planos para o que se segue [ver texto secundário], que inclui aquisições do L’Arc e da Ponte 16, bem como a transferência de trabalhadores e máquinas de jogo.

O Executivo apresentou ontem, em conferência de imprensa, números de trabalhadores afectados com o fecho dos casinos-satélite abaixo dos já referidos por associações do sector. Serão, afinal, 5.600 e não mais de dez mil como disseram alguns deputados ligados a estas entidades, sendo que, deste bolo, 4.800 trabalhadores foram directamente contratados pelas operadoras de jogo, pelo que, se o casino-satélite fechar, poderão ser integrados nos seus quadros. Os restantes, 800, foram contratados directamente pelos próprios casinos-satélite. Existem ainda 400 trabalhadores não residentes (TNR) envolvidos neste processo. No que diz respeito aos Clubes Mocha, contam-se 300 trabalhadores locais e 50 TNR.

Tai Kin Ip, secretário para a Economia e Finanças, disse que “os dados foram recolhidos por diferentes meios”, mas que os cálculos do Governo “são oficiais”. “Como os outros meios chegaram a estes dados, não sei”, acrescentou.

Questionado sobre o apoio a estes 800 trabalhadores, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, explicou que “os proprietários dos casinos-satélite têm a responsabilidade de garantir a relação de trabalho destas pessoas”.

“No caso dos 4.800 contratados pelas concessionárias, como é o caso dos croupiers ou funcionários de tesouraria, podem voltar a trabalhar nos casinos destas concessionárias. Em relação aos 800, as concessionárias garantiram ao Governo que se estes tiverem problemas de emprego podem absorvê-los e fornecer postos de emprego adequados nas propriedades das concessionárias”, frisou.

A deputada Song Pek Kei chegou a falar da possibilidade de existirem cerca de 15 mil desempregados, enquanto Nick Lei, numa intervenção plenária, afirmou que, entre os casinos-satélite e lojas associadas, existiam “13.500 trabalhadores”, representando “4,6 por cento do total da força laboral de Macau”.

Possibilidade de reconversão

Em relação às pequenas e médias empresas (PME) situadas nos bairros que vão deixar de contar com estes casinos-satélite, nomeadamente em zonas como o Porto Interior, ZAPE, NAPE ou Doca dos Pescadores, o Governo prevê algum impacto, mas controlado. São, no total, 320 lojas que funcionam nas imediações com 800 trabalhadores, sendo que “cerca de 400 trabalhadores terão outra situação de emprego segundo a reconversão das lojas”, disse o secretário Tai Kin Ip.

Essencialmente, e após realização de vistorias por parte do Governo, metade das 320 lojas “serão afectadas directamente pelo fecho dos casinos-satélite, como as casas de penhores, lojas de venda de telemóveis, restaurantes e joalharias”. Porém, Tai Kin Ip destacou que haverá outras que não sofrerão grande impacto por dependerem de vendas a residentes.

Acima de tudo, o governante destacou que este cenário até pode constituir uma oportunidade. “Vai ser um desafio e uma oportunidade para a reconversão das lojas. As lojas tradicionais que têm uma relação próxima com os clientes dos casinos satélite têm de se reconverter. Vamos preparar apoios para as lojas que têm interesse em operar de outra forma, como os restaurantes ou lojas a retalho”, explicou.

Destaque para o facto de a consultora de hotelaria Savills ter referido, em Março, que o fecho dos casinos-satélite iria desvalorizar os hotéis em 60 por cento e provocar maior incumprimento aos bancos por parte das PME, com obrigações de crédito à banca avaliadas entre 25 e 39 mil milhões de patacas.

Tai Kin Ip desvalorizou esse cenário. “Do conhecimento que temos, os empréstimos concedidos a casinos-satélite envolvem menos de 1 por cento de toda a actividade de empréstimos bancários, e verificamos que os riscos são muito limitados para o funcionamento dos bancos. Em termos de indicadores de supervisão de riscos na indústria financeira, como fluxo de capitais e outros, o comportamento dos bancos será seguro e estável.”

Quanto às PME, Tai Kin Ip disse que a Autoridade Monetária e Cambial de Macau está a “acompanhar de perto a situação junto dos bancos para atenuar a recuperação dos clientes”, tendo o secretário adiantado que, em Abril, foram injectadas “dez mil milhões de patacas para empréstimos às PME, atenuando as suas pressões”.

Questionado sobre o “timing” de apresentação destas medidas, André Cheong disse que é a altura certa. “Tudo depende das decisões das concessionárias e recebemos agora oficialmente a decisão. Este é um problema que tem a ver com vários casinos e um número considerável de trabalhadores, e não queríamos que apenas no final do ano estes soubessem da sua situação. Faltando seis meses para terminar o período de transição entendemos que esta é a fase indicada para anunciar”, rematou.

Sem impacto nas receitas

Tendo em conta a revisão orçamental para este ano com menos 12 mil milhões de patacas na previsão das receitas de jogo, André Cheong garantiu que o fecho dos casinos-satélite não terá grande impacto no panorama geral das receitas.

“Fizemos a revisão orçamental com menos 12 mil milhões de patacas devido à falta de consumo. Acreditamos que o encerramento dos casinos satélite não traz grande impacto às receitas do jogo”, disse.

O secretário frisou ainda que, quanto à intenção da SJM Resorts de adquirir os empreendimentos Ponte 16 e L’Arc, a concessionária “tem de concluir esse procedimento de aquisição até 31 de Dezembro, e se não conseguir comprar até lá esses casinos-satélite [que operam nos empreendimentos] têm de encerrar”.

9 Jun 2025

DSAL | Detectadas 96 funcionárias ilegais em concerto de G-Dragon

No sábado, a polícia e os Serviços para os Assuntos Laboral fizeram uma operação nas bancas de merchandising do cantor coreano G-Dragon no Galaxy Arena, onde foram encontradas 96 funcionárias possivelmente em situação ilegal. Dois responsáveis da organização foram levados para a esquadra para investigação

 

O fim-de-semana passado foi de grande euforia no Cotai, com três concertos do popular cantor coreano G-Dragon no Galaxy Arena. Porém, na manhã de sábado uma operação conjunta do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laboral (DSAL) detectou 96 funcionárias suspeitas de estarem em situação ilegal na zona de venda de merchandising.

Posteriormente, o CPSP divulgou um comunicado em que confirmou durante o processo de verificação da identidade das trabalhadoras a presença de 96 trabalhadoras não-residentes, cuja autorização para trabalhar teria de ser confirmada com a DSAL. Na sequência da descoberta, dois responsáveis da organização dos concertos foram levados para a esquadra da polícia para investigação.

As autoridades não acrescentaram mais informações sobre o caso, além da admissão do CPSP de que estaria a investigar a situação e que se foram encontradas infracções, o caso será tratado de acordo com a lei. Até ao fecho desta edição, a DSAL não se tinha pronunciado sobre a ocorrência, nem a empresa que organizou os concertos, a Tencent Music Entertainment Live.

A situação gerou polémica e muitas publicações nas redes sociais. Uma das teorias mais discutidas apontava para uma possível vingança de vendedores clandestinos de bilhetes, que teriam sido expulsos do recinto na sexta-feira, que terão alegadamente alertado as autoridades para a situação ilegal das funcionárias.

Rastos na rede

Além da teoria da vingança, foram também partilhadas imagens de publicações a recrutar trabalhadoras a tempo parcial durante os concertos, em especial nas redes sociais chinesas. Numa das publicações, o organizador procurava recrutar mulheres com menos de 30 anos, referindo como remuneração diária 200 renminbis, além de um bónus adicional em conformidade com as vendas. O anúncio indicava também que o empregador estava disposto a oferecer acomodação às funcionárias que precisassem.

Também ao nível da venda legítima de bilhetes para o concerto da estrela coreana houve confusão. Em Hong Kong, a plataforma da venda de bilhetes Cityline foi alvo de queixas devido à impressão de bilhetes com a data errada, número de bilhetes errados e passividade dos funcionários na resolução e tratamento de queixas.

9 Jun 2025

Semana Cultural | Governo quer mudar evento para Zhongshan

O Executivo pretende que a 17.ª Edição da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa seja totalmente realizada em Zhongshan, mas as associações lusófonas envolvidas no evento mostram-se contra a mudança do centro nevrálgico do evento, apesar de apoiarem a expansão para a Grande Baía

 

O Governo pretende que a 17.ª Edição da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa seja totalmente realizada em Zhongshan, província de Cantão, apesar de ser financiada localmente. A informação sobre o plano do Instituto para a Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) foi avançada pelo jornal Plataforma na edição de sexta-feira, mas conta com a oposição das associações locais.

Segundo a publicação, o IPIM manteve reuniões separadas com as associações lusófonas envolvidas no evento e comunicou-lhes que, pelo menos este ano, o evento vai deixar Macau para se mudar para o Interior. Após as reuniões, as associações juntaram-se para recusar que o evento seja levado na totalidade para a Zhongshan, apesar de concordarem que a penetração no Interior é positiva para todas as partes.

De acordo com a carta enviada ao IPIM, as associações lusófonas defendem “a importância de preservar a realização do evento na RAEM, mantendo-a como o centro nevrálgico desta celebração cultural”. “Macau tem sido, ao longo da História, a ponte entre as culturas lusófona e chinesa, e acreditamos que este carácter deve permanecer”, foi acrescentado.

Ao Plataforma, o Fórum de Macau não desmentiu a intenção de realizar todo o evento em Zhongshan, e assumiu que tem como objectivo “garantir o êxito do evento, tanto em Macau como na Grande Baía, para todas as partes envolvidas, bem como para os participantes e o público”.

O Fórum de Macau indicou ainda estar a agir “em conformidade com a decisão tomada por todas as partes participantes do Fórum de Macau, na 20.ª Reunião Ordinária do Secretariado Permanente, de incluir elementos da Semana Cultural na Grande Baía”.

Ainda assim, o organismo apontou que “está a colaborar com todos os seus parceiros, sejam eles governamentais ou da sociedade civil, incluindo as associações dos Países de Língua Portuguesa em Macau, com vista a acolher e integrar todas as ideias, preocupações e contributos que recebeu e continua a receber”.

“Papel de embrulho”

Além da deslocação para Zhongshan, as associações queixam-se do novo papel que estão a assumir na organização evento, desde a integração do Fórum de Macau no IPIM, que fez com que perdessem autonomia funcional.

Além deste aspecto, indica o Plataforma, a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa passou a ser adjudicada a uma empresa, que trata de todos os detalhes do evento, à margem das associações, a quem compete o papel de apenas indicarem os nomes a serem convidados. Esta nova realidade levou a que uma fonte das associações, que recusou ser identificada, desabafasse ao jornal que as associações apenas se sentem como “papéis de embrulho”, para legitimar o evento. Entre as queixas face ao novo papel, está o facto de as associações actualmente nem terem espaço de manobra para receberem ou socializarem com os artistas ou agentes económicos convidados para o evento desses países. Face a esta realidade, as associações sugerem a “limitação da intervenção de empresas que não conhecem o conceito cultural desenvolvido ao longo dos anos” para garantir “fidelidade aos valores originais do evento”.

9 Jun 2025

Comunidades | Emídio Sousa sucede a José Cesário como secretário

O novo secretário das Comunidades Portuguesas tem experiência governativa na área do ambiente e durante mais de 10 anos foi presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. Por sua vez, José Cesário vai regressar às funções de deputado

 

O Primeiro-Ministro de Portugal, Luís Montenegro, escolheu Emídio Sousa como o novo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. A substituição de José Cesário, que tinha reassumido estas funções no ano passado, e que cumpriu quatro períodos distintos no cargo, foi revelada com o anúncio dos membros que constituem o novo Executivo português.

A nomeação significa para Emídio Sousa uma mudança de pasta, dado que no anterior Governo tinha desempenhado as funções de secretário de Estado do Ambiente.

O novo responsável pela pasta das comunidades portuguesas tem uma carreira essencialmente ligada à política e à Administração Pública. De acordo com o seu perfil na rede social Linkedin, é licenciado em Administração Pública, área na qual obteve igualmente um mestrado.

Durante cerca de 20 anos trabalhou nas Águas de Gaia, onde chegou ao cargo de secretário-geral, tendo depois, em Outubro de 2013, assumido as funções de presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, onde ficou durante cerca de 10 anos. Antes de ser eleito presidente da câmara, havia desempenhado as funções de vereador.

“De Consciência Tranquila”

Por sua vez, após ter sido tornado público que deixava de ser secretário de Estado das Comunidades, José Cesário deixou uma mensagem de despedida nas redes sociais. “Foi uma enorme honra para mim ter voltado a exercer estas funções governativas no governo liderado pelo meu amigo Luís Montenegro e ter servido os portugueses residentes no estrangeiro. Foi um ano muito difícil, cheio de obstáculos, em que, apesar de tudo, foi possível executar algumas medidas, que espero venham a traduzir-se em mais valias para quem vive fora de Portugal”, escreveu Cesário. “A opção por um novo passaporte e o alargamento do seu prazo de validade, a resolução do problema salarial dos nossos funcionários no Brasil, a normalização da actividade do Conselho das Comunidades Portuguesas e a alteração do regime dos apoios às associações e à comunicação social das Comunidades são bons exemplos dessa acção”, foi acrescentado. O prolongamento do prazo de passaporte de 5 anos para 10 anos ainda não está em vigor.

“Sinceramente, saio de consciência tranquila, mas com a certeza de que há muito para fazer para termos uma relação mais próxima e eficaz com as nossas Comunidades”, atirou. “Naturalmente, desejo ao meu sucessor toda a sorte do mundo, estando certo que, sendo um homem sensato e trabalhador, tudo fará para servir os portugueses no estrangeiro”, frisou.

No lugar de sempre

Apesar de deixar o cargo de secretário de Estado, José Cesário vai assumir as funções de deputado, depois de ter sido eleito pelo círculo fora da Europa. Este é um regresso a um parlamento que Cesário bem conhece e para o qual tem sido sucessivamente eleito desde 1983, apenas com um interregno em 2022, primeiro como representante de Aveiro e desde 2005 como representante das comunidades fora da Europa.

“A partir de hoje regresso à Assembleia da República, como Deputado eleito por Fora da Europa, cessando as minhas funções de secretário de Estado das Comunidades Portuguesas”, escreveu. “Agora é tempo de me dedicar à vida parlamentar, representando com determinação, trabalho e humildade aqueles que me elegeram, a quem tanto devo e com quem tanto tenho aprendido. Vamos ao trabalho!…”, vincou.

Rita Santos lamenta saída de “amigo”

A presidente da mesa da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) lamentou que o “amigo” José Cesário deixe de ser o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. “Foi uma surpresa […] o Dr. José Cesário, além de ser secretário de Estado, é nosso amigo”, reconheceu em declarações ao Canal Macau da TDM. “É mais pela questão humana, pela sua capacidade de comunicar com as pessoas, de resolução dos problemas, por isso temos tido uma boa relação com ele. Quer ele esteja no Governo, ou não esteja, está sempre disposto a ajudar as pessoas. Ficámos tristes, mas temos de olhar para a frente”, acrescentou.

Rita Santos destacou também que José Cesário vai continuar a defender a comunidade, agora no parlamento. “Ele é deputado e penso que com o cargo de deputado ele pode continuar a lutar pelos legítimos direitos dos portugueses a viver fora de Portugal”, atirou.

Ao mesmo tempo, deixou desejos de estabelecer uma boa relação com o novo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Emídio Sousa. “Com o novo secretário de Estado esperamos que possa haver uma colaboração e um bom contacto, como acontece com o Dr. José Cesário, e desejamos-lhes o maior sucesso, para poder resolver os problemas dos portugueses que são bastantes” afirmou.

9 Jun 2025

Eleições | Listas candidatas caem para menos de metade

A comissão eleitoral recebeu até ao final do prazo nove pedidos de candidatura por sufrágio directo ao parlamento de Macau, menos de metade do que nas anteriores eleições, em 2021. O próximo passo será a apresentação das listas de candidatos e programas políticos até 26 de Junho

 

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) recebeu nove pedidos de listas candidatas às próximas eleições legislativas, menos de metade das listas que tentaram participar no acto eleitoral de 2021. Há quatro anos, houve 19 listas de candidatos à Assembleia Legislativa (AL), embora cinco listas e 21 candidatos – 15 dos quais pró-democracia -, tenham depois sido excluídos por “não defenderem a Lei Básica” e não serem “fiéis à RAEM”.

Num comunicado divulgado na sexta-feira, a comissão eleitoral sublinhou que, após terminar o prazo para a apresentação de pedidos, as comissões de candidatura que foram reconhecidas poderão apresentar a lista de candidatos e programa político até 26 de Junho. A lista apenas será “definitivamente admitida” para as eleições “após passar a verificação” dos candidatos, sublinhou o órgão eleitoral.

A Comissão de Defesa da Segurança do Estado irá determinar “se os candidatos defendem a Lei Básica e são fiéis” à RAEM e emitir um parecer vinculativo, do qual “não cabe reclamação nem recurso contencioso”.

Esta Comissão de Defesa da Segurança do Estado irá anunciar, o mais tardar, até 15 de Julho, a decisão sobre a verificação da lista de candidatos para as legislativas, marcadas para 14 de Setembro. A comissão eleitoral prometeu aplicar “de forma rigorosa” a nova lei eleitoral, aprovada depois das exclusões de 2021, “que visa uma maior implementação do princípio ‘Macau governada por patriotas'”.

Em bom português

Na terça-feira, ao apresentar o seu pedido de candidatura, o deputado português José Pereira Coutinho garantiu estar confiante de que não será desqualificado, apesar de ser – juntamente com o deputado Ron Lam – uma das poucas vozes críticas do Governo na AL.

“O facto de ser crítico não significa que não sou patriota, eu também sou patriota”, disse o antigo candidato à Assembleia da República portuguesa, em 2015, pelo partido Nós Cidadãos.

“Nós temos aqui trabalhado sempre para o bem de Macau e para o bem dos cidadãos de Macau”, acrescentou Pereira Coutinho. Trinta e três deputados integram a AL, sendo que 14 são eleitos por sufrágio directo, 12 por sufrágio indirecto, através de associações, e sete são nomeados posteriormente pelo chefe do Governo local.

No caso do sufrágio indirecto, a comissão eleitoral disse ter recebido seis pedidos de candidatura, mais um do que em 2021, para os cinco sectores: industrial, comercial e financeiro; trabalhadores; profissionais liberais; serviços sociais e educacional; e cultural e desportivo. Há quatro anos, as 19 listas iniciais de candidatos por sufrágio directo contavam com três lusodescendentes.

Dois deles, José Pereira Coutinho e Lídia Lourenço, estavam na lista da Nova Esperança, ligada à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. O terceiro, o arquitecto Rui Leão, secretário-geral da União Internacional de Arquitectos, integrou a lista Observatório Cívico, encabeçada pela então deputada Agnes Lam.

Pereira Coutinho não revelou a composição da lista, mas garantiu a presença de Rita Santos, que pediu em Outubro a suspensão do mandato de conselheira das Comunidades Portuguesas para preparar as eleições. Pereira Coutinho renunciou em 2021 ao mandato de conselheiro das Comunidades Portuguesas, para o qual tinha sido eleito em 2015, pelo círculo da China, Macau e Hong Kong.

9 Jun 2025

Cheques pecuniários | Ex-beneficiários defendem melhores critérios de atribuição

Tendo em conta as mudanças ao plano de comparticipação pecuniária, o HM ouviu três residentes permanentes que vão deixar de receber o cheque por não residirem permanentemente em Macau, incluindo uma macaense que nasceu no território. Arnaldo Gonçalves, académico e ex-beneficiário, defende uma melhor distribuição do apoio consoante os rendimentos das famílias

 

As regras para a atribuição dos cheques pecuniários vão mudar e agora é mesmo necessário estar 183 dias por ano no território. As excepções são algumas e prendem-se com estudantes de Macau que estejam a frequentar cursos no estrangeiro ou residentes a trabalhar remotamente para Macau e que estejam inscritos no Fundo de Segurança Social, entre outras situações.

Porém, muitas pessoas vão ficar de fora, ainda que tenham residido durante várias décadas no território ou mesmo macaenses nascidos no em Macau, ou seja, muitos dos membros da diáspora macaense.

No caso de Arnaldo Gonçalves, residente permanente a residir em Lisboa, viveu várias décadas em Macau, tendo trabalhado para o Governo e sido professor universitário na área da ciência política. Há seis anos voltou a Portugal, estando reformado, e contou ao HM que já estava à espera do dia em que ia deixar de receber as dez mil patacas anuais.

“Essa medida visa, no fundo, dar uma contrapartida às pessoas, dadas as dificuldades existentes no consumo e as características de vida. Já não vivo em Macau, e acho que do ponto de vista da equidade, o Governo nunca conseguiu fazer um regime mais justo do ponto de vista distributivo, pois não há um sistema de atribuição pelos rendimentos, e no fundo há multimilionários que ganham o subsídio, tal como os pensionistas, é tudo igual”, lamentou. É isso que Arnaldo Gonçalves diz “lamentar”. “Dá trabalho fazer uma avaliação das posses económicas das pessoas, e assim todos recebem por igual e assim é mais prático em termos administrativos”, frisou.

Maria João Ferreira, macaense de gema, filha do famoso poeta Adé, também vai deixar de receber o cheque pecuniário. Diz compreender, mas também critica as posições do Executivo. “Já estava à espera e aceito com toda a tranquilidade. É justo, uma vez que não moro lá nem tenho hipótese de estar os 183 dias. Agradeço o tempo de cheques que me foi dispensado. Morei em Macau até aos meus 16 anos, mas nasci lá, estudei lá e ainda tenho lá família. Até à pandemia ia lá todos os anos de férias. Penso que sempre devia ter havido uma distinção entre os nascidos em Macau e os que apenas trabalharam lá algum tempo”, referiu.

Maria João Ferreira, actualmente na direcção da Casa de Macau em Lisboa, diz ter ficado “chocada” com um caso muito concreto. “Há uns anos, quando estava a fazer o doutoramento, soube de um funcionário público que fez duas comissões de serviço em Macau e viu-se contemplado com o dinheiro do BIR e até contou, não apenas a mim, que achava engraçado como é que ele, tendo estado lá tão pouco tempo, tinha direito a uma benesse dessas”, frisou.

“Isso é que eu acho mal. Uma coisa é alguém ir fazer uma comissão de serviço na Administração Pública, ou duas ou três, mas nunca foi, de facto, residente. É, por assim dizer, um imigrante, pois vai apenas trabalhar. É assim que vejo as coisas”, acrescentou.

Patacas amealhadas

Para Arnaldo Gonçalves, as dez mil patacas anuais serviam como “fundo de maneio” para viagens ao território, onde ainda tem família e para onde viaja com frequência. “Nunca usei esse dinheiro para fins pessoais, sabe? Mas penso que estas mudanças se tratam de uma boa medida, justificável, e até acho egoísta da minha parte, que estou há tantos anos fora, dizer que tinha direito a esse apoio. Há outras pessoas que precisam”, salientou.

No caso de Maria João Ferreira, o dinheiro do cheque pecuniário era usado também para as despesas em Macau e com as viagens para o território. “Tenho conta em Macau, e quando ia lá, se fosse preciso comprar o bilhete de avião, a minha irmã adiantava-me o dinheiro cá, ou então esse dinheiro servia para custear a minha estadia em Macau”, explicou.

Sofia Mota, residente permanente e ex-moradora em Macau, lamenta a ausência de explicações para estas mudanças. “Depende para que serve o cheque pecuniário, se é uma forma de distribuir a riqueza ou os lucros dos casinos pelas pessoas que fazem parte do território, ou que já fizeram; ou se é uma condição para fazer parte do território. Não percebo a premissa na qual a medida do cheque pecuniário está assente, e consoante a premissa estas alterações podem ser mais ou menos aceitáveis.”

A professora considera que “não faz sentido que quem contribui para a segurança social por iniciativa própria, como é o meu caso, não esteja abrangido”. “Parece que há um sistema de segurança social de primeira e um de segunda. Pessoas que venham a Portugal para prestar cuidados familiares parecem não estar abrangidas e, no entanto, estão fora do território por motivos de força maior. O que se entende por prestar subsistência a familiares, é prestar cuidados? Não se percebe qual a função do cheque e a coerência das excepções”, adiantou.

Sofia Mota confessa que também usava o dinheiro para “um fundo de maneio para ir a Macau, ou para investir em formação”.

As primeiras reacções

As alterações ao programa de comparticipação pecuniário foram apresentadas no final de Maio e referem que três grupos vão ficar isentos da obrigatoriedade de ficar 183 dias por ano em Macau e, assim, receber o cheque. São eles os residentes com menos de 22 anos em 2024 e em que um dos pais cumpre os requisitos para receber o cheque; os beneficiários da pensão de invalidez e os beneficiários do subsídio de invalidez.

Há outras oito situações em que os residentes podem ter acesso ao cheque. É o que acontece quando os residentes frequentam o ensino superior fora do território; quando estão internados num hospital fora da RAEM, quem têm mais de 65 anos e vive no Interior da China ou, mesmo tendo menos de 65 anos, apresentam razões de saúde que justifiquem a permanência no Interior da China. Estão ainda abrangidos pelas excepções os residentes que trabalham fora de Macau para um empregador registado no Fundo de Segurança Social da RAEM e os residentes fora da RAEM que sejam responsáveis pela subsistência do agregado familiar.

A estas juntam-se ainda o exercício de funções oficiais fora de Macau; o registo do domicílio, trabalho ou estudo na Zona de Cooperação Aprofundada; e ainda o trabalho prestado nas cidades de Grande Baía, à excepção de Hong Kong que é deixada de fora.

O deputado Pereira Coutinho manifestou-se contra as alterações ao cheque pecuniário referindo que violam a Lei Básica de Macau, nomeadamente no artigo 25, que garante a igualdade dos residentes de Macau perante a lei e proíbe discriminações. O artigo determina que “os residentes de Macau são iguais perante a lei, sem discriminação em razão de nacionalidade, ascendência, raça, sexo, língua, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução e situação económica ou condição social”.

Mais recentemente, a Associação Sinergia de Macau declarou publicamente que as alterações ao Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico não estão de acordo com os anseios da população. Ron Lam ainda criticou o Executivo por ter aplicado as mudanças “à pressa” o que só veio causar mais polémica: “O Governo estava com pressa e aplicou uma medida brusca, sem fazer qualquer consulta pública, havendo apenas movimentações de bastidores o que leva a população a questionar a governação”, atirou. “As consultas com as associações locais foram simuladas, o que apenas gerou mais críticas e provocou mais polémicas desnecessárias”, acrescentou.

9 Jun 2025

Habitação | Mercado encolhe mais de 50% num ano

O mercado da habitação continua em contracção e no espaço de um ano o preço médio do metro quadrado desvalorizou 23,8 por cento. Se a comparação for feita com o período pré-pandemia, os preços caíram 39,5 por cento

 

No início de Maio, o número de transacções no mercado de habitação caiu para menos de metade, com uma redução de 57,6 por cento, em comparação com a primeira quinzena de Maio do ano passado. A informação consta das estatísticas da Direcção de Serviços de Finanças (DSF).

Segundo os dados mais recentes, na primeira metade de Maio deste ano houve um total de 78 compras e vendas de habitação, o que contrasta com as 184 transacções registadas nos primeiros quinze dias de Maio de 2024. Esta é uma diferença de 106 negócios.

As alterações no espaço de um ano não se ficaram pelo número de transacções, o mesmo aconteceu com o preço médio do metro quadrado. Na primeira metade de Maio deste ano o preço médio da habitação foi de 69.634 patacas por metro quadrado, o que significa uma redução de 23,8 por cento face ao período homólogo, quando o preço médio era de 91.361 patacas por metro quadrado.

A redução significa que se uma pessoa pagou, no ano passado, 5,80 milhões de patacas por uma habitação, a mesma casa valeria em Maio deste ano 4,42 milhões de patacas, o que implica uma desvalorização de 1,38 milhões de patacas.

No início de Maio deste ano, Coloane foi a região com as casas mais caras, onde o preço médio foi de 90.755 patacas por metro quadrado. Ao invés, na Península de Macau o preço médio por metro quadrado foi de 69.132 patacas por metro quadrado, o mais reduzido.

Outras realidades

Se a comparação for feita com a primeira metade de Abril deste ano, a redução tanto ao nível do número de transacções como do preço é mais moderada. Em termos do preço da habitação, no espaço de um mês a redução foi de 11 por cento, dado que no início de Abril deste ano o preço médio do metro quadrado foi fixado em 78.204 patacas.

Quando se analisa a tendência ao nível do número de transacções, a redução foi de 34,6 por cento, superior a um terço, dado que no início de Abril tinham sido registadas junto da DSF um total de 133 transacções. O número mais recente de transacções foi apenas de 78 compras e vendas, o que significa uma diferença de 55 transacções.

As comparações com o período pré-pandemia mostram um contraste ainda mais acentuado. Ao nível do preço do metro quadrado, a comparação com o início de Maio de 2019 mostra uma redução de 39,5 por cento, de 115.071 patacas por metro quadrado para 69.634 patacas por metro quadrado. Tendo em conta estes números, se uma pessoa tivesse comparado uma habitação no início de Maio de 2019 por 5,80 milhões de patacas, essa mesma casa estaria agora avaliada em 3,51 milhões de patacas, uma diferença de 2,29 milhões de patacas.

6 Jun 2025

Imobiliário | Dirigente associativo pede imigração para responder a crise

A Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau acredita que o território precisa de mais imigrantes qualificados para inverter a contracção do mercado imobiliário. No entanto, Ip Kun Wa ficou desiludido com as Linhas de Acção Governativa por não ter visto um compromisso com a estabilização do mercado

 

O presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, Ip Kun Wa, admite a desilusão com as primeiras Linhas de Acção Governativa do Executivo de Sam Hou Fai, por considerar que faltam medidas para apoiar o mercado imobiliário. A posição foi tomada em declarações prestadas ao jornal Ou Mun.

De acordo com o presidente da associação, o Governo precisa de facilitar os requisitos para atrair mão-de-obra qualificada de fora, dado que a imigração é tida como a tábua de salvação para o mercado imobiliário. Na visão do representante, se o território tiver mais pessoas, com forte capacidade de compra, vai aumentar a procura por habitação em Macau.

O dirigente associativo também reconheceu que o mercado imobiliário está actualmente numa fase de contracção, devido à falta de confiança dos consumidores que acreditam que se comprarem um imóvel que este vai perder valor nos tempos mais próximos.

Todavia, o presidente da associação alertou que, ao contrário de Hong Kong, em Macau não existe um mercado bolsista. Como tal, e dado que o crescimento da economia implica o aumento do consumo, o mercado de imóveis é uma das poucas vias para os residentes investirem as suas poupanças, ganharem maior confiança e ajudarem a desenvolver a economia local.

Face a esta visão, Ip Kun Wa considerou que as Linhas de Acção Governativa foram uma desilusão porque apenas contêm “algumas frases ligeiras” sobre a necessidade de permitir a entrada de mais imigrantes e de agilizar os processos de aprovação de novos imigrantes, sem que haja verdadeiramente detalhes.

Medidas de longo prazo

Em relação às Linhas de Acção Governativa e às propostas para o imobiliário, com excepção da emigração, Ip Kun Wa reconheceu estar céptico, dado que as propostas para promover o desenvolvimento da economia são de longo prazo e, por esse motivo, só se vão reflectir na procura por mais imóveis no longo prazo.

Ip Kun Wa lamentou também que o Governo de Macau não se tenha comprometido com medidas para estabilizar os mercados mais essenciais para a economia. O presidente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau deu o exemplo do Interior, onde considerou que depois dos sinais de apoio do Governo Central ao mercado bolsista, houve sinais de estabilização e recuperação, no que entendeu ser uma política acertada.

6 Jun 2025

Jogo / Receitas | Revisão em baixa não surpreende analistas

Os analistas da CreditSights não ficaram surpreendidos com a revisão em baixa da estimativa para as receitas brutas do jogo deste ano, anunciada pelo Governo na terça-feira. A meta mais “conservadora e em linha com a performance do sector” é explicada pela possível queda dos segmentos VIP e massas premium

 

Na terça-feira, o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, anunciou aquilo que parecia inevitável: a revisão em baixa das estimativas para as receitas brutas do jogo em 2025. Na proposta de revisão orçamental, o Governo cortou as expectativas em 12 mil milhões de patacas, da estimativa inicial de 240 mil milhões para 228 mil milhões de patacas.

A rectificação da performance da indústria não apanhou de surpresa os analistas da CreditSights. Numa nota divulgada ontem, os analistas Nicholas Chen e David Bussey referem que a revisão “não foi uma completa surpresa”, “tendo em conta o fraco registo de receitas brutas mensais desde o início do ano” para cumprir a meta de 240 mil milhões de patacas no fim de 2025.

Aliás, a instituição acrescenta que a nova meta prevista “é mais conservadora e em linha com a performance anual do sector até agora”.

Apesar dos números encorajadores de turistas que têm visitado Macau este ano, o crescimento do fluxo de visitantes não se tem reflectido nas receitas brutas do jogo, salientam os analistas. “Suspeitamos que isso se deva à maior prevalência de jogadores do segmento de massas, em detrimento de apostadores dos segmentos VIP e massas premium, assim como à subida dos elementos não-jogo”, refere a nota, citada pelo portal GGR Asia.

Raios de sol

Os resultados dos casinos no mês passado não passaram ao lado da análise divulgada ontem. Os casinos arrecadaram receitas brutas de 21,19 mil milhões de patacas em Maio, o valor mais elevado desde a pandemia, ou seja, desde Janeiro de 2020 quando foram apurados 22,13 mil milhões de patacas.

“O robusto registo de visitantes durante os cinco dias de feriados do 1º de Maio”, que suportaram as receitas brutas de Maio foram encarados como um sinal positivo, uma vez que graças ao mês passado a média mensal de receitas brutas subiu para 19,5 mil milhões de patacas, 500 milhões de patacas acima das receitas brutas mensais da nova estimativa do Governo.

É também mencionado que o crescimento do número de visitantes ajudou a compensar a redução do montante das apostas. Como tal, os analistas alertam que “o sector do jogo pode ainda correr o risco de não cumprir a nova meta para as receitas se o número de turistas mostrar sinais de enfraquecimento”.

Em termos de receita acumulada, nos primeiros cinco meses deste ano registou-se um aumento de 1,7 por cento em relação ao ano anterior, com um total de 97,71 mil milhões de patacas face aos 96,06 mil milhões de patacas registados entre Janeiro e Maio do ano passado. No entanto, o valor ainda está muito longe de 2019 e antes da campanha contra os junkets, quando as receitas entre Janeiro e Maio foram de 125,69 mil milhões de patacas.

6 Jun 2025

Eleições | “Soldado de Mao” volta a candidatar-se

Wong Wai Man entregou ontem o pedido de reconhecimento da sua lista para concorrer às eleições legislativas, depois da candidatura de 2021 ter sido recusada. O potencial candidato oficializou ontem a sua corrida eleitoral, vestido a rigor, com o emprego e o bem-estar social entre as prioridades políticas

 

O “Soldado de Mao” está de volta. Wong Wai Man foi ontem ao Edifício da Administração Pública entregar à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) o pedido de reconhecimento da propositura de candidatura às eleições legislativas de 14 de Setembro.

O presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço e rosto da lista Ajuda Mútua Grassroots surgiu com uma indumentária semelhante às fardas dos guardas vermelhos durante a Revolução Cultural e envergando uma mala a tiracolo com a imagem de Mao Tsé-Tung.

Esta é a terceira vez que procura entrar no boletim de voto e, desta feita, entregou 395 assinaturas com o pedido de reconhecimento da candidatura da lista que deverá ter seis candidatos.

Aparentando uma postura calma, Wong Wai Man afirmou estar tranquilo em relação ao escrutínio das autoridades face aos critérios a cumprir pela sua lista, nomeadamente em relação ao número mínimo de assinaturas suficientes para poder participar no sufrágio. “Não estou preocupado, o meu objectivo é participar no processo eleitoral. Dedico-me à participação cívica e social há cerca de 18 anos. Não preciso de assumir o cargo de deputado, a minha força e energia positiva são maiores do que qualquer deputado”, afirmou o potencial candidato, citado pelo All About Macau.

As muitas batalhas

“Hoje em dia, em Macau aconteceram muitos casos de suicídio, com pessoas a saltarem para o mar ou do cimo de prédios, ou por enforcamento. Os governantes têm responsabilidades perante esta realidade, assim como os 32 deputados que estão na Assembleia Legislativa”, afirmou Wong Wai Man num vídeo partilhado no WeChat.

O aumento de suicídios no território é encarado pelo potencial candidato como uma consequência das dificuldades económicas e de emprego que afecta parte da população. “Se as pessoas tiverem um bom emprego e capacidade económica para pagar as contas, as suas vidas melhoram e as preocupações desaparecem”, comentou. Como tal, o “Soldado de Mao” apontou o emprego como uma das suas prioridades políticas.

Além disso, Wong Wai Man prometeu também dar prioridade aos segmentos mais desfavorecidos da população. “Quer ganhe, ou não, o meu desejo é ajudar os mais pobres. Não quero ajudar todos os residentes. Chan Meng Kam e Sam Hou Fai também são residentes e não precisam de ajuda”, destacou.

6 Jun 2025

Ambiente | Macau regista novo máximo de temperaturas em 2024

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental lançou ontem novos dados relativos ao panorama do meio ambiente no território, no Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2024. Os dados não são animadores: registou-se no ano passado um novo recorde máximo de temperaturas, mais chuva e tufões. Gastou-se mais electricidade e água, produziu-se mais lixo e foi recolhido menos resíduos recicláveis

 

Com Lusa

O Governo de Macau, através da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) anunciou ontem que o ano de 2024 voltou a atingir um recorde máximo de temperatura no território, além de que também se registou um aumento de tufões e precipitação.

Segundo o Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2024, a temperatura média no ano passado foi de 23,6°C, precisamente o valor que tinha sido atingido em 2019, o mais elevado desde que começaram os registos, em 1952. A temperatura média de 2024 foi 0,8°C mais elevada do que a média climatérica (média de 30 anos, entre 1991 e 2020), de acordo com o documento elaborado pela DSPA.

Além disso, Macau registou 42 dias considerados como quentes no ano passado, mais 10,7 dias do que a média climatérica, 29 noites quentes, mais 17,5 do que a média, e 29 dias frios, menos 10,1 dias do que a média.

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) classificam como quentes os dias em que a temperatura máxima é igual ou superior a 33ºC e as noites em que a temperatura mínima é de, pelo menos, 28ºC. Quanto aos dias considerados frios, são aqueles em que a temperatura mínima não excede os 12ºC.

“Com o aquecimento global, a ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos é cada vez mais frequente”, sublinhou a DSPA, no relatório.

Em 2024, Macau foi afectado por sete ciclones tropicais, conhecidos como tufões, e, pela primeira vez, três ciclones tropicais afectaram Macau em Novembro, o último mês da época dos tufões, que começa em Maio.

De acordo com o relatório, a região recebeu no ano passado uma precipitação total de 2.029,2 milímetros, “ligeiramente superior à média climatérica”. A DSPA adiantou também que, desde 1970, o nível do mar em Macau tem subido a uma taxa média de cerca de 3,5 milímetros por ano.

Também a nível mundial, 2024 foi o ano mais quente de que há registos e ultrapassou pela primeira vez os 1,5°C acima do nível pré-industrial, avançou em Janeiro o serviço europeu Copernicus. Na semana passada, a Organização Meteorológica Mundial previu que as temperaturas devem continuar a atingir valores recorde até ao final da década.

Mais pessoas, mais gastos

O relatório da DSPA dá ainda conta de que com a chegada de mais turistas a Macau, houve também mais resíduos e gastos ao nível do consumo de água, por exemplo. “Com a melhoria da economia, o número de visitantes, em 2024, aumentou 23,8 por cento em termos anuais, para quase 35 milhões, tendo recuperado cerca de 90 por cento do nível pré-pandemia. A intensidade turística também registou um certo aumento, tendo o PIB [Produto Interno Bruto] local subido 8,8 por cento. Além disso, houve um ligeiro aumento da população no final do ano.”

Desta forma, acrescenta-se, “em relação aos indicadores ambientais, o crescimento económico e da população conduziu à subida das emissões locais estimadas de gases com efeito de estufa, do volume de água facturada, do consumo de electricidade e da quantidade de resíduos sólidos urbanos, comparativamente com 2023”. “Durante a pandemia, houve uma diminuição nos diversos indicadores económicos e ambientais. No entanto, com a melhoria constante da economia, a maioria desses indicadores voltou a subir”, é explicado.

No que diz respeito ao volume de água facturada, em milhares de metros cúbicos, em 2023 o registo foi de 89.164 e, no ano passado, 94.123, o que constitui um aumento de 5,6 por cento. No tocante ao consumo de electricidade, em milhões de kW/h, em 2023 foi de 5.740, enquanto que em 2024 o consumo passou para 6.030, mais 5,1 por cento. O relatório destaca também as toneladas de resíduos sólidos urbanos produzidos, que em 2023 foi de 501.512, subindo 5,1 por cento no ano passado, para 526.979 toneladas.

Outro dado preocupante ao nível dos resíduos foi a queda, pelo terceiro ano consecutivo, do volume de resíduos recicláveis recolhidos, que passou de uma taxa de 24,5 por cento em 2021 para 21,7 por cento no ano passado. Trocado por miúdos, de todos os resíduos recicláveis gerados em Macau, apenas cerca de um quinto são recolhidos para reciclagem.

No relatório, Ip Kuong Lam, director da DSPA, indica que no ano passado, “com a recuperação económica em curso, observou-se uma maior pressão sobre vários indicadores ambientais, ao mesmo tempo que as alterações climáticas se tornaram mais severas”. Apesar dos resultados, o responsável afirmou que os objectivos passam por “incentivar uma maior participação da população nas iniciativas ambientais e concretizando, em conjunto, a visão de construir uma Macau com baixas emissões de carbono”.

Uma questão de gases

O relatório divulgado ontem pela DSPA dá ainda conta do panorama da emissão dos gases com efeitos de estufa (GEE), tendo-se verificado, no ano passado, um aumento global de “cerca de dez por cento, entre os quais o dióxido de carbono (C02), que representaram 90 por cento”.

Destaca ainda a DSPA que “as emissões estimadas de GEE provenientes das diversas fontes registaram subidas face ao período homólogo (2023), exceptuando os resíduos depositados em aterros, tendo os aumentos mais significativos sido verificados nas emissões estimadas provenientes da produção local de electricidade e dos transportes aéreos”.

Além disso, é referido que, em 2024, a principal fonte de emissão de GEE e CO2 foram os transportes terrestres, seguindo-se a produção local de electricidade, a incineração de resíduos, o comércio, consumo doméstico e os serviços. “As principais fontes de emissão de CH4 [metano] foram os resíduos depositados em aterros e o tratamento de águas residuais, enquanto este último também foi a principal fonte de emissão de N2O [óxido nitroso]”, destaca-se ainda no documento.

A DSPA esclarece, relativamente à tendência da emissão de GEE, que “depois de terem atingido o pico em 2017, as emissões locais de GEE mostraram uma tendência decrescente, ano após ano, tendo alcançado o seu valor mais baixo durante a pandemia”. Porém, com a retoma das actividades económicas e do grande movimento de pessoas, sobretudo “nos últimos dois anos, o volume das emissões estimadas desses gases tem voltado a subir gradualmente”.

O ar que respiramos

Também no que diz respeito à qualidade do ar os dados não são animadores, pois em 2024 “o número de dias com a qualidade média do ar classificada de ‘bom’ ou ‘moderado’ registado nas seis estações de monitorização da qualidade do ar de Macau chegou a 88 por cento, valor ligeiramente inferior ao de 2023”.

Houve, no total do ano, 15 a 34 dias com classificação de “insalubre”, sendo que apenas dois dias obtiveram a classificação de “muito insalubre”.

Segundo a DSPA, “os poluentes detectados nas estações de monitorização do ar foram principalmente ozono (O3) e partículas finas em suspensão (PM2,5)”, enquanto “na Estação da Berma da Estrada (Ká-Hó), foi registado o índice mais alto detectado no ano inteiro, classificado de ‘muito insalubre’, sendo o O3 o poluente principal”.

No ano passado, Julho foi o mês com melhor qualidade do ar, enquanto os meses de Outubro a Dezembro obtiveram a pior qualificação segundo dados das estações de monitorização do ar de Macau.

O relatório revela também que “em termos do cumprimento dos padrões das concentrações de poluentes atmosféricos, em 2024, as concentrações médias anuais de PM10 e PM2,5 registadas nas várias estações de monitorização foram inferiores aos valores padrão”, enquanto “as concentrações médias anuais de dióxido de azoto (NO2) detectadas também se situaram abaixo dos valores padrão, com excepção daquelas medidas na Estação da Berma da Estrada (Macau) e na Estação das Áreas de Alta Densidade Habitacional (Macau)”.

Dados mais optimistas revelam-se ainda “quanto às médias diárias de concentrações de dióxido de enxofre (SO2) e às médias máximas diárias de oito horas de concentrações de monóxido de carbono (CO) verificadas nas várias estações ao longo do ano”, pois “ambas ficaram abaixo dos valores padrão”.

“Em todas as estações houve registo de as médias máximas diárias de oito horas de concentrações de O3 terem excedido os valores padrão em alguns dias. Em relação às concentrações de poluentes atmosféricos registadas nas estações de monitorização, de um modo geral, as concentrações médias anuais de PM2.5 e de NO2 subiram, enquanto as concentrações de PM10 e de CO desceram”, sendo que “como na Estação da Berma da Estrada (Macau) só em 2024 é que começaram a ser monitorizados o SO2 e o O3, não foram feitas comparações”.

6 Jun 2025

Burlas | Mais de 1.800 detidos em operação asiática alargada

Mais de 1.800 pessoas foram detidas numa operação contra redes dedicadas a burlas montadas na Ásia, envolvendo autoridades da RAEM, Hong Kong, Coreia do Sul, Tailândia, Singapura, Malásia e Maldivas. Em Macau, a Polícia Judiciária revelou a detenção de nove suspeitos, que terão desfalcado 84 vítimas em cerca de 4 milhões de patacas

 

Uma operação, que atravessou sete jurisdições na Ásia, resultou na detenção de 1.858 pessoas ligadas a redes de fraudes e burlas. A operação, que envolveu autoridades de Hong Kong, Macau, Coreia do Sul, Tailândia, Singapura, Malásia e Maldivas, interceptou verbas com origem nos esquemas das redes no valor de 150 milhões de dólares de Hong Kong, disse o superintendente-chefe do departamento de crimes comerciais da polícia de Hong Kong, Wong Chun-yue.

Em Macau, de acordo com a Polícia Judiciária (PJ), foram detidas nove pessoas, incluindo três que se fizeram passar por funcionários de atendimento ao cliente da Alipay, indicou o Macau Daily Times. O responsável do Centro de Coordenação de Combate às Burlas da PJ, Cheong Um Hong, revelou que o esquema terá começado em Abril com mais de 400 mil chamadas fraudulentas todas a partir de Macau.

Localmente, 84 vítimas foram desfalcadas em cerca de 4 milhões de patacas no esquema da burla do Alipay. A operação da PJ culminou com buscas a dois locais, incluindo um quarto de hotel, onde foram encontrados 16 aparelhos que permitem ocultar a origem das chamadas.

Mas, no total, a PJ investigou 78 casos que terão resultado em perdas de cerca de 12 milhões de patacas, no congelamento de oito contas bancárias e em 67 mil patacas confiscadas por suspeitas de terem sido angariadas através de crimes.

Abrindo o ângulo

A operação conjunta envolveu 9.268 casos de fraude, incluindo compras online, burlas telefónicas, burlas de investimento e fraudes de emprego, com um prejuízo total de 225 milhões de dólares, segundo dados avançados pela polícia de Hong Kong, citada pelo Global Times. No total, foram congeladas 32.607 contas bancárias e interceptados cerca de 20 milhões de dólares em fundos fraudulentos. Os detidos têm entre 14 e 81 anos.

Em Março, um director financeiro em Singapura foi enganado através de vídeos falsos, por alguém que se fez passar pelo director executivo de uma multinacional. A vítima transferiu 499 mil dólares para Hong Kong, disse a directora assistente do comando antifraude da polícia de Singapura, Aileen Yap, acrescentando que, através da cooperação transfronteiriça, o dinheiro foi recuperado.

Um relatório das Nações Unidas de Abril constatou que os grupos transnacionais de crime organizado no leste e sudeste asiático estão a espalhar operações fraudulentas por todo o mundo.

De acordo com o relatório emitido pelo Gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, durante vários anos os grupos proliferaram no sudeste do continente asiático, especialmente nas fronteiras do Camboja, Laos e Myanmar, assim como nas Filipinas, transferindo operações de um local para outro, de forma a escaparem da polícia. Os centros dos esquemas montados em Myanmar, Camboja e Laos são conhecidos por atraírem pessoas para trabalhar, utilizando falsos argumentos.

As vítimas de burlas e fraudes ‘online’ incluem também os trabalhadores utilizados nas operações, que enfrentam ameaças, violência e más condições de trabalho. Os funcionários são frequentemente forçados a explorar financeiramente pessoas em todo o mundo, sendo que muitos se encontram presos numa escravidão virtual.

4 Jun 2025

Literatura | Projecto de Macau para a infância chega a Portugal

O objectivo da associação Sílaba – Associação Educativa e Literária (Sílaba – AEL) passa por partir de Macau e levar o projecto literário “Dinis Caixapiz” até ao universo dos países de língua portuguesa

 

A responsável pelo projecto literário “Dinis Caixapiz”, nascido em Macau para incentivar a leitura entre os mais pequenos sem esquecer a responsabilidade ambiental, disse ontem à Lusa que a segunda edição tem o mérito de chegar também a Portugal. “Conseguirmos lançar em Lisboa, esse para mim é o grande destaque”, declarou à Lusa Susana Diniz, presidente da Sílaba – Associação Educativa e Literária (Sílaba – AEL), autora da iniciativa.

Apesar do ponto de partida deste projecto literário “ser sempre Macau”, porque foi na região chinesa “que foi pensado e criado, com o objectivo de dar uma alternativa de leitura a alunos que aprendem português”, o “Dinis Caixapiz” teve logo desde o início (2024) o objectivo de alcançar o universo dos países de língua portuguesa.

Agora, o convite da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), para lançar o projecto, no próximo dia 7 de Junho, na 95.ª Feira do Livro de Lisboa, aproxima a Sílaba – AEL desse propósito.

“A ideia é transportar [a iniciativa] para Portugal e depois para as comunidades. Tem de partir de algum lado. Saindo de Lisboa, as portas abrem-se com mais facilidade”, reforçou a presidente da associação. Também a 7 de Junho, a 2.ª edição vai ser lançada em Macau, no Jardim do Consulado-Geral de Portugal, evento integrado nas comemorações de Junho – Mês de Portugal em Macau.

Despertar as mentes

O “Dinis Caixapiz”, que se propõe a despertar a “curiosidade intelectual e o conhecimento sobre a história e a cultura de Macau e Portugal, através de elementos físicos e conteúdos digitais”, contempla a assinatura trimestral de uma caixa reutilizável com um livro infantil e uma revista produzida pela associação e crianças, de acordo com um comunicado da Sílaba – AEL.

Jogos de raciocínio e trava-línguas “para estimular o pensamento crítico”, páginas plantáveis e um áudio-livro, “narrado por vozes conhecidas do mundo literário” são outros conteúdos agregados.

“Além disso, a embalagem transforma-se em jogos educativos, com elementos recortáveis, promovendo reutilização e consciência ambiental”, refere ainda o comunicado, indicando dirigir-se a crianças falantes de português ou em aprendizagem, com idades entre os 5 e os 12 anos, a escolas bilingues de Macau e professores de português.

Cada edição vai contar com o apoio de um conjunto de curadores responsáveis pela selecção dos livros apresentados, sendo que este ano, a Sílaba-AEL trabalhou com Elisabete Rosa-Machado, da editora independente Poets and Dragons, Helena Alves, gestora no Grupo Leya, e Maria Elisa Vilaça, educadora e artista plástica.

4 Jun 2025

Supermercados | Queixas de desafios sem precedentes

O encerramento de alguns supermercados em Macau são um sintoma dos problemas que o sector está a atravessar. O presidente da Supermarket and Livelihood Food Association of Macau aponta a mudança de padrões de consumo e o aumento de produtos chineses nas prateleiras das superfícies locais, devido aos preços mais caros dos bens importados

 

Depois de terem passado por entre os pingos da chuva durante a pandemia, e mesmo aumentado a facturação, as grandes superfícies de supermercados de Macau atravessam agora um período de fracos negócios e “desafios sem precedentes”. O panorama de dificuldades foi descrito pelo presidente da Supermarket and Livelihood Food Association of Macau, Wong Man Wai.

Recentemente, alguns supermercados encerraram, incluindo da cadeia Royal e Tai Fung, em locais como o Jardim Camões e na Areia Preta, com outras lojas a lançarem campanhas de descontos de liquidação total, dando a entender que podem também vir a encerrar. Na óptica de Wong Man Wai, este cenário irá obrigar as cadeias a pensar em fazer ajustes às suas operações para se adaptarem à mudança dos hábitos de consumo da população.

Em declarações ao jornal Ou Mun, o dirigente associativo explicou que os consumidores não só compram menos, como são mais selectivos na escolha dos bens face ao “custo-benefício”. “No passado, as pessoas compravam mais produtos importados do estrangeiro, que eram mais caros, mas agora optam por mais produtos diversos do Interior da China”, indicou o dirigente, acrescentando que os preços de bens comprados ao estrangeiro torna-os “invendáveis”. Por essa razão, “as cadeias de supermercado não ousam importar em grande quantidade”.

Os dois gumes

Com o desaparecimento de produtos estrangeiros e proliferação de produtos nas prateleiras dos supermercados locais, Wong Man Wai refere que os consumidores podem ver esse ajuste como um incentivo a fazer compras em Zhuhai, já que vão comprar de qualquer das formas os mesmos produtos. O responsável salientou também o facto de as grandes cadeias de supermercado terem ficado de fora da campanha Grande Prémio do Consumo.

Porém, nem só as lojas estão a sofrer o impacto da pouca confiança dos consumidores, também os fornecedores, especialmente os que operam fora das zonas mais turísticas, estão a sofrer com a redução de 30 por cento. Mas quem está a sofrer mais, segundo Wong Man Wai, são os pequenos e médios fornecedores, que enfrentam riscos de sobrevivência e quebras acentuadas de encomendas.

Os custos elevados com recursos humanos e logística dos supermercados desde que começou a corrida aos serviços de entrega ao domicílio foram outros elementos destacados por Wong Man Wai, que coloca os supermercados numa posição difícil para competirem com plataformas de comércio electrónico do Interior da China.

O dirigente mencionou também a possibilidade, que foi avançada por vários meios de comunicação, de abertura de um grande supermercado em Gongbei como a “gota d’água” para muitas superfícies em Macau, que podem fechar dentro de um ano.

4 Jun 2025