Comércio | Volume de pagamentos electrónicos caiu mais de 10%

Nos primeiros seis meses deste ano, o volume de transacções feitas através de pagamentos electrónicos caiu 10,2 por cento, face à primeira metade do ano passado, para um total de 25,05 mil milhões de patacas, segundo dados revelados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

A maior descida verificou-se no ramo das quinquilharias e mercadorias de armazéns, com a descida das compras com uso aplicações móveis a ser de quase 18 por cento. Lojas de artigos de couro e comércio de relógios e joalharia ocuparam os restantes lugares no pódio negativo, com quebras de 11,9 e 10,3 por cento, respectivamente.

Os únicos dois ramos analisados pela DSEC que registaram subidas anuais no primeiro semestre nos pagamentos electrónicos foram os supermercados (1,5 por cento) e farmácias (7,7 por cento).

No mesmo período, o sector da restauração seguiu o percurso inverso, com a subida dos pagamentos electrónicos de 3,1 por cento, para um total de 6,75 mil milhões de patacas. Importa referir que o sector do comércio a retalho tem um volume de negócios quase quatro vez superior à restauração.

Os restaurantes que registaram maior subida de transacções através de meios electrónicos foram os de comida rápida (fast food).

11 Ago 2025

Metro | Nick Lei diz que inundações afectam confiança do público

Nick Lei acha que as inundações que se verificaram em estações do Metro Ligeiro durante as intensas chuvadas das últimas semanas afectaram a confiança da população na qualidade da construção das estruturas. O deputado pediu ao Governo e à empresa do Metro Ligeiro para esclarecerem o que se passou e resolver os problemas que originaram vídeos nas redes sociais

 

Nas últimas semanas, foram publicadas nas redes sociais vídeos que mostravam estações de Metro Ligeiro totalmente alagadas e infiltrações nas coberturas que criavam autênticos chuveiros. Nick Lei pediu ao Governo e à empresa Metro Ligeiro de Macau que clarifiquem o que se passou e resolvam os problemas que levaram às inundações o mais rapidamente possível.

Segundo o deputado ligado à comunidade de Fujian, os problemas de infiltrações e falta de impermeabilidade das coberturas afectou a confiança do público na qualidade da construção das estações. Além disso, como a rede do Metro Ligeiro está em expansão, o legislador pede que seja feita uma revisão à qualidade dos materiais. Para tal, pede a realização de testes rigorosos à capacidade de resistir a chuvadas em todas as estações novas, e às soluções para lidar com inundações e salvaguardar a segurança do público.

Em declarações ao jornal Cidadão, o deputado reiterou que esta não foi a primeira vez que estações do Metro Ligeiro inundaram. Já no ano passado, surgiram imagens e queixas de residentes sobre a entrada de água através das coberturas que deveriam proteger as plataformas de embarque. Além disso, Nick Lei realça que a empresa que gere o transporte fez reparações no passado e que, ainda assim, os problemas voltaram a surgir levantando ainda mais questões sobre a qualidade da construção e a sua manutenção. A resposta da Metro Ligeiro de Macau também não descansou o deputado, que acusa a empresa de fugir às questões afirmando apenas que foram escolhidos materiais e equipamentos à prova de água para as instalações das estações.

Metros e litros

Face às inundações e queixas do público, a empresa afirmou que iria intensificar os esforços para limpar a água acumulada nas áreas das estações durante os dias chuvosos e colocaria sinais de aviso para alertar os passageiros.

O deputado da bancada parlamentar de Fujian considera que esta resposta não é suficiente, e que se mantém o risco de quedas nas estações do Metro Ligeiro. Como tal, instou os departamentos públicos responsáveis e a empresa a “realizarem uma revisão completa, esclarecerem a causa do problema e resolvê-lo o mais rápido possível”.

O deputado salienta também que recentemente a Linha da Taipa apresentou falhas por duas vezes e em que em nenhuma das circunstâncias a empresa que gere o transporte emitiu comunicados a explicar o que se passou.

A resolução dos problemas nas estruturas deve ser solucionada o mais rapidamente possível, tendo em conta o aumento de passageiros que usam o Metro Ligeiro. Nick Lei salienta que entre Janeiro e Outubro do ano passado, aproximadamente 13.600 passageiros utilizaram o transporte diariamente e, desde que as linhas de Seac Pai Van e Hengqin abriram, esse número tem aumentado. Entre Janeiro e Julho deste ano, a média diária de passageiros subiu para 24.000.

Em relação à conectividade na rede de transportes públicos de Macau, Nick Lei sugeriu que o Governo aproveite o fim das concessões com as operadoras de autocarros, no próximo ano, para negociar medidas de transferência com o Metro Ligeiro que beneficiem os passageiros e façam com que o Metro Ligeiro seja o principal transporte, enquanto os autocarros são complementares.

11 Ago 2025

Economia | Falências batem recorde de dez anos

Na primeira metade de 2025, foram criadas menos empresas, ao mesmo tempo que se registaram mais falências nos últimos dez anos. Apesar do recorde negativo, no primeiro semestre, continuaram a ser constituídas mais empresas do que as que foram dissolvidas

 

Nos primeiros seis meses deste ano, foram constituídas 2.020 empresas e dissolvidas 469, o que representou um crescimento líquido de 1.551 empresas. Segundos dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) na quarta-feira, o capital social das empresas criadas na primeira metade de 2025 fixou-se em 303 milhões de patacas.

Apesar do saldo positivo entre empresas criadas e dissolvidas, no primeiro semestre deste ano as 469 falências registadas bateram o recorde dos últimos dez anos. Segundo dados avançados pela TDM – Rádio Macau, as falências no primeiro semestre de 2025 aumentaram 5 por cento face aos primeiros seis meses do ano passado, quando foram dissolvidas 445 empresas. O cenário fica mais negro comparando com os números de 2023, com o aumento de um quarto das falências, quando foram dissolvidas 376 empresas.

A emissora pública realça também que na última década, apenas em dois anos faliram menos de 400 empresas no primeiro semestre.

As estatísticas divulgadas pela DSEC mostram ainda que isolando o segundo trimestre deste ano foram constituídas 1.107 sociedades, “a maior parte destas pertencia ao ramo de actividade económica do comércio por grosso e a retalho (380) e ao ramo dos serviços prestados às empresas (326)”. Entre Abril e Junho, foram extintas 283 empresas, o que representou um crescimento líquido do número de sociedades de 824, mais 97 face aos primeiros três meses de 2025.

Baixa natalidade

O primeiro semestre deste ano, acumulou outro recorde dos últimos 10 anos, além das falências. Na última década, o primeiro semestre de 2025 foi aquele em que foram constituídas menos empresas. As 2.020 empresas criadas no período em análise representaram uma quebra anual de 12 por cento, uma vez que nos primeiros seis meses de 2024 foram criadas 2.296 sociedades.

Pelo menos desde 2016 que não eram registadas tão poucas empresas, com a tendência decrescente no primeiro semestre a ser a tónica dominante dos últimos três anos. Porém, o fosso é ainda maior quando a comparação é feita com os anos antes da pandemia. Nos primeiros seis meses de 2019, foram criadas 3.278 empresas, mais 1.258 do que no primeiro semestre de 2025.

Apesar do declínio do tecido empresarial de Macau, verificado nos números de falências e criação de sociedades, nos últimos dez anos o saldo positivo entre os dois factores foi uma constante, ou seja, foram sempre constituídas mais empresas do que dissolvidas.

8 Ago 2025

PJ | Pelo menos 18 vítimas burladas em quase 28 milhões de patacas

A Polícia Judiciária voltou ontem a alertar o público para se manter vigilante em relação a burlas, no mesmo comunicado em que revela ter recebido queixas de, pelo menos, 18 vítimas desfalcadas em quase 28 milhões de patacas. Promessas de amor e investimentos com ganhos avultados continuam a seduzir os residentes

 

A Polícia Judiciária (PJ) emitiu ontem um novo aviso a apelar à atenção da população para burlas, ao mesmo tempo que revelou a continuação de vítimas e de desfalques avultados.

No passado dia 8 de Junho, “a PJ emitiu um aviso alertando o público para estar atento a esquemas fraudulentos de investimento, comumente conhecidos como ‘burla do abate do porco’”, contextualizam as autoridades. “No entanto, posteriormente”, a PJ “recebeu denúncias de, pelo menos, 18 vítimas que relataram ter sido enganadas usando tácticas semelhantes, com perdas totais superiores a 27,89 milhões de patacas”.

As autoridades recordam que nestes esquemas os burlões utilizam as redes sociais para se familiarizarem com as vítimas, chegando mesmo a estabelecer relações amorosas.

Outro método frequente, é a publicação, também nas redes sociais, de anúncios falsos de investimento em acções, metais preciosos e criptomoedas, com o objectivo de atrair clientes para contactos directos em grupos de WhatsApp.

Depois de ganhar a confiança da vítima, através de conversas em que os burlões se fazem passar por especialistas em investimentos, são “oferecidas” carteiras de investimento de “elevado retorno e baixo risco” para persuadir as vítimas a investir através de plataformas fraudulentas. Segundo a PJ, alguns chegam mesmo a afirmar que as plataformas são automatizadas utilizando ferramentas de inteligência artificial, enfatizando que as vítimas só precisam de investir dinheiro para obter lucros facilmente.

A engorda do porco

Depois de cair no esquema, as vítimas seguem as instruções dos burlões e depositam dinheiro para várias contas bancárias de Hong Kong para investir. Num primeiro instante, as pessoas são iludidas com os saldos na plataforma falsas onde “verificam” os elevados retornos dos primeiros investimentos, e é aí que o golpe se efectiva, com o investimento de grandes quantias de dinheiro.

O primeiro choque com a realidade é no momento em que as vítimas pretendem levantar o dinheiro. Nessa altura, são solicitadas a pagar uma comissão para aceder aos fundos. De acordo com a PJ, é por essa altura que as vítimas acabam por apresentar queixa às autoridades.

A PJ ontem divulgou os nomes de grupos de WhatsApp, aplicações e plataformas de investimento falsas que têm desfalcado residentes. Os grupos de WhatsApp identificados pelas autoridades são INSTINET Data Think Tank, INSTINET, Advanced Strategy Sharing Classroom, INSTINET Intelligent Navigator, K5’s smart stock identification, TP-ROBOT e GC TRADE PRO.

As aplicações móveis para investimento referidas pela PJ são a INST-SI, INST-SIKK, AOT-SIGEMA e TOKENPOCKET, enquanto plataformas de investimento avançadas foram sites falsos da CITIC Securities, Douyin Charity e Junsheng Holdings.

8 Ago 2025

Casinos-Satélite | Sugerida adopção de novos modelos de consumo

Face à impossibilidade de evitar as mudanças, Leong Chon Kit pede ao Governo que crie uma grande zona pedonal com esplanadas e coberturas nas ruas. O objectivo do membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central passa por transformar a economia da área do ZAPE

 

Com vários casinos-satélite a fecharem as portas até ao final do ano na Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE), Leong Chon Kit, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, sugere o desenvolvimento da área numa zona pedestre com várias esplanadas. A ideia foi proposta pelo conselheiro durante a reunião de quarta-feira, como forma de promover a economia daquela zona.

De acordo com o jornal Ou Mun, Leong Chon Kit sugeriu que parte do ZAPE seja transformado numa “zona pedestre distinta”, com traços culturais de Macau e a oferta de esplanadas de café e restaurantes. Segundo o conselheiro, desta forma é possível ajudar os negócios daquela zona a adoptarem um novo modelo de comércio.

No entanto, para que o projecto possa ser uma realidade, o conselheiro ligado à Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau apelou às autoridades para transformarem a zona, com a instalações de coberturas nas ruas, para evitar a chuva, maior criação de zonas de estacionamento e uma melhor ligação com os transportes públicos.

Leong defendeu também a necessidade de se desenvolver uma campanha de promoção da nova zona pedestres, com base nas características do local, para atrair residentes e turistas.

Festa do pastel de nata

Também ligado à associação dos chineses ultramarinos, o conselheiro Lao Sio Cheok defendeu que a promoção da economia na área do ZAPE deve passar pela organização de diferentes eventos entre o Governo e as concessionárias do jogo.

Como estratégia para promover um maior consumo, Lao indicou que o Governo pode apostar em eventos como mercados nocturnos, a realização de um “Festival do Pastel de Nata” ou até eventos como o Festival S20, em que a realização de concertos é complementada com jactos de água virados para os espectadores.

Este conselheiro defendeu ainda um maior aproveitamento turístico de locais como a Praça de Lótus. Lao indicou que a Praça de Lótus pode também ser um local para mercados e feiras com o aproveitamento de produtos ligados a desenhos animados famosos, à imagem do que acontece agora com as personagens da Sanrio e Pop Mart.

O conselheiro defendeu também que durante a realização destes eventos deve haver transporte gratuito para os locais, de forma a levar os residentes e turistas a consumir no local.

8 Ago 2025

Função Pública | Sam Hou Fai quer reduzir a Administração

O Executivo vai continuar a limitar a contratação pública. Sam Hou Fai justificou a medida com a necessidade de garantir a “utilização racional dos recursos públicos” e pediu uma administração que responda “razoavelmente às necessidades reais do desenvolvimento económico e social”

 

O Chefe do Executivo pediu à Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública para simplificar e “optimizar” o número de pessoal e assegurar a “utilização racional dos recursos públicos”. A lista de tarefas foi deixada durante a segunda reunião do Grupo de Liderança da Reforma da Administração Pública, realizada em Julho, mas apenas divulgada ontem pelo Governo através do Gabinete de Comunicação Social (GCS).

Segundo a versão oficial, durante o encontro com a presença de todos os secretários, Sam Hou Fai indicou que a “Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública deve […] promover gradualmente a simplificação da estrutura dos serviços públicos e a optimização da estrutura do pessoal, tomando em consideração a realidade de cada serviço público”.

O líder do Governo afirmou também que “com base no princípio da gestão centralizada, optimizar-se-á o mecanismo de contratação e gestão dos serviços públicos, assegurando-se a utilização racional dos recursos públicos”.

O comunicado insiste na política do anterior Governo de quotas de contratação na Função Pública, de forma a limitar o número de funcionários públicos. Neste sentido, Sam apontou que “a optimização deve ser feita através” da “padronização das áreas funcionais, estudo de um mecanismo de acesso entre carreiras e estabelecimento dos critérios básicos de afectação do pessoal de todos os níveis”.

Limitar o tamanho

Sobre a “estrutura orgânica” da Administração, o governante avisou que “há que definir critérios para o limite máximo da dimensão da estrutura, rever a distribuição de funções e proceder à fusão dos serviços públicos com funções relacionadas”.

Ao mesmo tempo, que pediu ao Governo para continuar com a “racionalização das estruturas orgânicas da Administração Pública e das funções dos diversos serviços públicos” para aumentar a “eficácia do funcionamento da Administração Pública”, Sam Hou Fai insistiu na necessidade de “ser pragmático e responder razoavelmente às necessidades reais do desenvolvimento económico e social de Macau”.

A informatização da máquina administrativa foi outro dos temas abordados, e na nota de imprensa consta que Sam Hou Fai “ordenou” que “todos os serviços públicos devem aperfeiçoar gradualmente o seu sistema informático”. Este aperfeiçoamento, explicou o dirigente, visa “aumentar ainda mais a capacidade de prevenção de riscos”. Contudo, a informação não especifica os riscos a que Sam Hou Fai se referiu.

8 Ago 2025

USJ | Investigadores descobrem nova espécie de bactéria em Portugal

Uma equipa de investigadores de universidade locais identificou uma nova espécie de bactéria nas salinas de Rio Maior, em Portugal. O tipo de organismo descoberto, que vive em ambientes extremos, alarga os limites do conhecimento biológico e pode ter implicações em áreas como biomedicina, farmácia ou mesmo exploração espacial

 

Há novidades no campo da microbiologia graças à mais recente descoberta de uma equipa de investigadores ligados à Universidade de São José (USJ), liderada por André Antunes, director interino do Instituto das Ciências e Ambiente da mesma instituição de ensino.

Trata-se da descoberta de uma nova espécie de bactérias a partir de 12 amostras recolhidas nas salinas de Rio Maior, em Portugal, que levou ao estabelecimento da nova espécie “Fodinibius alkaliphilus”. Foi também reclassificada a espécie de bactérias anteriormente conhecida como “Alifodinibius salipaludis” para “Fodinibius salipaludis”.

As conclusões surgem divulgadas no artigo “Fodinibius alkaliphilus sp. nov., a moderately halophilic and alkaliphilic bacterium isolated from an inland saltern in central Portugal and reclassification of Aliifodinibius salipaludis as Fodinibius salipaludis sp. nov.”, publicado no International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology. A revista científica é uma publicação “de referência para novos dados macrobianos”, sendo a publicação oficial do Comité Internacional de Sistemática de Procariotos e da Divisão de Bacteriologia e Microbiologia Aplicada da União Internacional de Sociedades Microbiológicas, descreve uma nota da USJ.

Além de André Antunes, a equipa de autores inclui investigadores da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, coordenado por Marta Filipa Simões; investigadores da Universidade do Minho e Universidade de Sevilha.

Segundo a mesma nota da USJ, “a nova espécie [de bactérias] cresce melhor em salinidades cerca de quatro vezes superiores às da água do mar e também prefere condições alcalinas, combinando a capacidade de crescer em diferentes condições ambientais extremas”.

A importância deste tipo de estudos, incluindo as análises a “ambientes tão extremos”, verifica-se em “futuras aplicações numa ampla gama de campos, incluindo biomédico e farmacêutico, mas também se estende à descoberta de novos materiais úteis e ao fornecimento de informações úteis para esforços futuros na exploração espacial”.

A mesma equipa de investigadores não está parada, pois “outras amostras desses locais estão actualmente a ser investigadas e novas publicações descrevendo outras novas espécies são esperadas nos próximos meses”.

“Esta publicação destaca os pontos fortes de Macau na articulação com parceiros de países de língua portuguesa e espanhola, bem como a sua crescente importância nos campos da biodiversidade e da biotecnologia”, é ainda descrito.

O poder das salinas

Os investigadores explicam que “a espécie Aliifodinibius salipaludis foi descrita, mas o seu nome ainda não foi validamente publicado”. No trabalho de campo a equipa isolou estas espécies a partir de “ambientes hipersalinos, incluindo salinas, minas de sal e solos salinos”.

Antes de se proceder ao trabalho de campo propriamente dito, a equipa realizou “uma investigação à diversidade microbial dos ambientes hipersalinos no centro de Portugal”, tendo-se procedido à recolha de amostras na zona de Rio Maior em Julho de 2019. Foram isolados 12 géneros de bactérias a partir das Salinas de Rio Maior.

Localizadas na zona centro de Portugal, nestas salinas existe a “salmoura, que é cerca de sete vezes mais salgada do que a água do mar”, sendo “bombeada de um poço e gerada pelo cruzamento de um curso de água subterrâneo local com um extenso depósito de sal-gema”.

O artigo dá ainda um contexto histórico desta localização. “Embora tenham sido referidas pela primeira vez em documentos do século XII, acredita-se que estes locais estejam ligados à extração de sal desde os tempos pré-históricos. Oferecem um cenário único, pois são as únicas salinas interiores existentes em Portugal e as únicas em pleno funcionamento em toda a Europa.”

Assim, o estudo em causa “fez parte de uma campanha de bioprospecção centrada neste local”, resultando “no isolamento de uma estirpe bacteriana (N2T) e na descoberta de uma nova espécie putativa dentro do género Fodinibius”.

Neste trabalho é determinada “a posição taxonómica deste novo isolado com base nas propriedades fenotípicas, quimiotaxonómicas e moleculares”, é descrito.

Importância para a ciência

Ao HM, André Antunes explicou que esta descoberta é, em primeiro lugar, interessante para a comunidade científica, por trazer “uma informação adicional” e constituir uma descoberta “sobre a biodiversidade que existe no nosso planeta, mais concretamente a nível macrobiano”.

“Até ao momento, fomos capazes [comunidade científica geral] de estudar menos de 1 por cento de todas as espécies de micróbios que existem no planeta. Em mais de 99 por cento não fazemos ideia do que são, o que fazem e quais as suas capacidades, ou que impacto têm no ambiente e nas nossas vidas”, explicou.

O investigador adiantou ainda que “os micróbios que vêm de ambientes extremos, e sobretudo de ambientes com muito sal, que é o caso desta espécie que descobrimos agora, são muito interessantes para uma grande gama de aplicações de biotecnologia”.

“Podemos incluir coisas como a área médica, biomedicina, a produção de novos compostos farmacêuticos ou a produção de novos biomateriais, como bioplásticos”, referiu André Antunes. O académico fala até de aplicações em áreas “mais exóticas, que começam agora a ter um bocadinho mais de visibilidade, como a potencial aplicação na construção civil, na produção de cimentos mais sustentáveis ou estruturas de betão que tenham a capacidade de autorreparação”.

Esta descoberta tem também algum impacto “para a exploração espacial, mais especificamente para conseguirmos compreender melhor quais são os limites da vida e onde procurar vida fora do nosso planeta”. Incluem-se também “implicações bastante importantes para as missões que estão a explorar Marte, nomeadamente quanto ao tipo de ambientes onde poderá ser viável encontrar sinais de vida passada ou presente ou noutras partes do sistema solar”.

Um trabalho que continua

A investigação não fica pelas Salinas de Rio Maior, tendo a equipa liderada por André Antunes feito, no ano passado, uma expedição à Antártida. “Há amostras da Antártida que estamos actualmente a estudar e temos amostras retiradas do fundo do Mar Vermelho, onde a concentração de sal também é bastante elevada.” Continua, portanto, a saga da descoberta de novas bactérias e de potenciais reclassificações naquelas que já existem.

André Antunes diz que a descoberta de uma nova espécie de micróbios “é bastante importante para a ciência, não só para a perspectiva da ciência a nível básico, mas porque podemos ter uma melhor perspectiva da diversidade que temos no planeta”.

“Ao estudarmos ambientes extremos conseguimos ter informação adicional sobre quais são os limites da vida e como a vida se adapta a condições extremas.” Assim, André Antunes defende o investimento na ciência para que haja depois “uma componente prática associada, pelo que nem sempre é fácil convencer as entidades financiadoras”, quanto a este ponto.

O investigador destaca também que o artigo e a investigação enquadra-se “muito bem nas prioridades de Macau e da própria USJ, no que diz respeito ao foco na área do ambiente, biodiversidade e biotecnologia, ancorado em ligação à Lusofonia”.

8 Ago 2025

Residências médicas | Abertas inscrições para 79 vagas

Abrem hoje inscrições para os exames de residência médica para 33 especialidades. Das 79 vagas disponíveis, 29 serão para formar quadros clínicos do Hospital Conde de São Januário e 28 para o Hospital das Ilhas. As especialidades incluem cardiologia, psiquiatria, medicina interna, medicina familiar e geriatria

 

O Governo anunciou ontem oficialmente a abertura do concurso para avaliar “competências integradas médicas, para a admissão à residência médica” de 79 profissionais que vão reforçar os quadros clínicos dos hospitais do território. Os parâmetros do concurso foram ontem divulgados no Boletim Oficial, numa publicação assinada pelo director dos Serviços de Saúde Alvis Lo.

As inscrições abrem hoje e os interessados podem candidatar-se até 18 de Agosto ao concurso da responsabilidade da Academia Médica.

Os candidatos qualificados admitidos no programa de residência vão receber seis anos de formação sistemática no local de trabalho em instituições de saúde públicas, privadas e comunitárias em Macau, consistindo em dois anos de formação básica e quatro anos de formação avançada.

As 79 vagas para residências médicas vão repartir-se em 33 especialidades, incluindo 10 cirurgiões, mas também médicos de cardiologia, psiquiatria, medicina interna, medicina familiar e geriatria. Entre as quase oito dezenas de vagas, apenas três são para médicos de psiquiatria (todos para o Hospitalar Conde de São Januário)

Os dois pólos

Entre as vagas que vão abrir para residências médicas, 29 irão reforçar o quadro clínico do Centro Hospitalar Conde de São Januário, 28 no Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, sete no Hospital Kiang Wu, duas em Saúde Pública no Centro de Prevenção e Controlo de Doenças e 13 em Medicina Familiar no Departamento de Cuidados de Saúde Comunitários.

Segundo um comunicado publicado ontem pelos Serviços de Saúde, o concurso para residências médicas resultou do trabalho do Conselho de Especialidades da Academia Médica de Macau, que tomou posse em Março.

O organismo liderado por Alvis Lo promete que continuará a desenvolver “o acesso à residência médica, a fim de preparar a reserva de talentos das diferentes especialidades e elevar o nível geral dos serviços médicos de Macau”.

O Governo compromete-se também em aprofundar a cooperação com instituições de formação, e optimizar a alocação de recursos de formação e aumentar as vagas para mais formandos, com o objectivo de criar uma “plataforma de desenvolvimento profissional mais ampla para os jovens médicos de Macau”.

6 Ago 2025

Febre de chikungunya | Fase crítica de prevenção e controlo

Com um total de oito casos registados em Macau, dois deles locais, os Serviços de Saúde destacam que o território está na fase crítica de prevenção e controlo da febre de chikungunya. O assunto foi ontem abordado no programa matinal Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau

 

Numa doença propagada por mosquitos, a prevenção é tudo. E Macau está, neste momento, na fase inicial e crítica de prevenção e controlo da febre de chikungunya, disse ontem a chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde (SS), Chan Choi Wan. As declarações foram proferidas no programa matinal do canal chinês da Rádio Macau, o Fórum Macau.

A responsável disse esperar que a população possa aplicar as medidas de limpeza de zonas de água estagnada, a fim de evitar a propagação dos mosquitos que podem causar esta doença. Estas zonas podem ser poças de água estagnada ou espaços em casa com água, tendo sido recomendado o uso de roupas compridas, para evitar picadas de mosquito, ou mesmo o uso de redes mosquiteiras.

“A febre de chikungunya e a febre da dengue são transmitidas através das picadas de mosquitos da espécie Ades, não sendo doenças transmitidas entre os seres humanos. São doenças transmissíveis, mas controláveis e cuja prevenção é possível”, apontou no programa radiofónico.

No entanto, Chan Choi Wan apontou que, apesar de não haver transmissão comunitária, o risco de transmissão em Macau mantém-se alto devido à importação de casos.

Questionada sobre os critérios científicos para o estabelecimento de zonas de eliminação de mosquitos, Chan Choi Wan disse que após a análise epidemiológica de cada caso de infecção é efectuada a eliminação dos mosquitos na zona de risco. Calcula-se ainda um raio circular tendo em conta a distância aproximada do voo dos mosquitos.

A chefe substituta da Divisão de Higiene Ambiental do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), Pang Sao Hun, recordou que desde Julho, foram realizadas mais acções de eliminação de mosquitos.

“Em relação à higiene de lugares privados ou terrenos desocupados, se se verificar tratar de uma situação urgente ou com risco para a saúde pública, e caso não consigamos contactar os proprietários, o IAM procura coordenar-se para a remoção dos espaços de água estagnada e o lixo, a fim de evitar a propagação de mosquitos e reduzir, assim, o risco de transmissão de doenças”, disse.

Sintomas leves

Macau tem actualmente oito casos de febre de chikungunya, dos quais seis são importados e dois locais. O médico de Saúde Pública do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Ieong Chon Kit, revelou que os dois doentes relativos aos casos locais ainda estão a ser tratados no hospital apresentando sintomas leves.

Esta terça-feira, a Administração para a Regulação do Mercado de Zhuhai publicou um aviso sobre o controlo da febre de chikungunya em farmácias, referindo que as farmácias precisam registar os dados dos utentes que compram medicamentos analgésicos ou que mostrem ter sintomas desta febre, ou ainda se foram picados por mosquitos. As autoridades pediram ainda às farmácias para divulgarem informações sobre as medidas de prevenção e controlo destes dois tipos de febre.

6 Ago 2025

Associação Kiang Wu | Terreno usado para estacionamento foi recuperado

Era para ser usado como parque da Escola Keang Peng, mas, pelo menos, desde 1996 deixou de ter esse fim. Passados 30 anos, o Executivo decidiu recuperar o terreno por considerar que o contrato de concessão gratuita tinha sido violado

 

O Governo recuperou um terreno que tinha sido cedido gratuitamente à Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu para funcionar como parque de uma escola. Em causa está o facto de o lote ter passado a ser utilizado como estacionamento, violando os termos estabelecidos na concessão. A informação foi divulgada ontem, através de um despacho assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam Vai Man.

Segundo a versão publicada no Boletim Oficial, o terreno tinha sido concedido gratuitamente em 23 de Outubro de 1981 à associação responsável pelo hospital privado mais popular de Macau. A concessão visava a criação de um parque para complementar as instalações da Escola Kiang Wu Peng Man Luen Hap. Anos mais tarde a denominação da instituição de ensino foi alterada para Escola Keang Peng, que actualmente ainda existe e disponibiliza aulas do ensino primário e secundário, em dois campus diferentes.

Contudo, a escola deixou de funcionar naquele local em Julho de 1996, há quase 30 anos, pelo que o terreno deixou de ter a utilidade para o qual tinha sido atribuído e passou a ser utilizado para estacionamento de viaturas.

A recuperação surge assim na sequência de uma inspecção ao lote com 147,4 metros quadrados, situado na península de Macau, junto à Rua do Barão. “Verifica-se a alteração de finalidade da concessão e o fim para o qual o terreno foi concedido não se encontra a ser prosseguido, o que constitui uma violação do dever de utilização do terreno em conformidade com os fins consignados no título da concessão”, foi considerado pelo Governo.

Em silêncio

Confrontada pelo Executivo com a possibilidade de perder a concessão do terreno, a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, liderada nos últimos anos pelo empresário Liu Chak Wan, manteve-se em silêncio: “a concessionária não se pronunciou, em sede de audiência escrita, sobre o sentido da decisão de declarar a rescisão da concessão”, foi indicado.

O despacho de Raymond Tam define também que quaisquer melhoramentos realizados no terreno durante o período da concessão passam para “a Região Administrativa Especial de Macau, sem direito a qualquer indemnização por parte da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu”.

Apesar de não ter apresentado contestação antes do despacho, o documento aponta que a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu pode tentar impugnar a decisão do secretário de recuperação do actual estacionamento junto do Tribunal de Segunda Instância.

6 Ago 2025

Cooperação | Convidadas empresas de Hong Kong para Hengqin

O Chefe do Executivo de Hong Kong visitou Macau e “trocou impressões de forma aprofundada” com Sam Hou Fai para “reforçar ainda mais a cooperação”. O governante da RAEM reiterou a John Lee a importância de Hengqin no projecto da Grande Baía e convidou empresas de Hong Kong para a zona de cooperação aprofundada

 

Uma comitiva do Governo de Hong Kong, liderada pelo Chefe do Executivo John Lee Ka-chiu, visitou Macau e Hengqin na terça-feira à tarde e teve um encontro com uma equipa de representantes do Executivo da RAEM. Segundo o Gabinete de Comunicação Social (GCS), Sam Hou Fai e John Lee “trocaram impressões de forma aprofundada sobre reforçar ainda mais a cooperação entre as duas regiões”, em áreas como o turismo, o “desenvolvimento de alta qualidade da Grande Baía” e “novas oportunidades” em Hengqin.

O líder do Governo de Macau levou John Lee e membros do seu Executivo numa visita a Hengqin, que identificou como uma “plataforma importante da participação de Macau no desenvolvimento integrado da Grande Baía e da promoção da diversificação adequada da economia”. Nesse aspecto, Sam Hou Fai “sublinhou ser bem-vinda a participação de mais empresas de Hong Kong” em Hengqin, de modo a “agarrarem em conjunto novas oportunidades da segunda fase da Zona de Cooperação, para partilhar os benefícios do desenvolvimento de alta qualidade”.

Se tu o dizes

Em comunicados separados, ambos os governos salientaram que Hong Kong e Macau também são regiões administrativas especiais da China que, ao longo dos anos, têm aproveitado plenamente as vantagens únicas de “Um País, Dois Sistemas”, que o Executivo da RAEM refere ter “alcançado êxitos no desenvolvimento mundialmente notáveis”.

Sam Hou Fai indicou ainda que Hong Kong e Macau também são cidades centrais da Grande Baía e motores nucleares do desenvolvimento regional.

Em termos turísticos, o governante da RAEM sugeriu que as duas regiões deviam aproveitar a experiência dos Jogos Nacionais e realizar mais eventos desportivos em conjunto para “atraírem mais e diferentes turistas a visitarem Hong Kong, Macau e toda a Grande Baía”.

Nesta área, Sam Hou Fai defendeu que as duas regiões devem “continuar a reforçar a conectividade da rede de transportes para proporcionar maior facilidades aos residentes e turistas que circulam entre os dois territórios”, e apostar na promoção de itinerários “multi-destinos”.

6 Ago 2025

Hong Kong | Relatório económico destaca “recorde histórico” de startups

“As startups de Hong Kong estão em ascensão”. É desta forma que o Executivo da região vizinha descreve o ambiente de negócios na região, onde foram criadas em 2024 cerca de 4.700 startups, mais 10 por cento face a 2023. No “Report of Hong Kong’s Business Environment 2025” lê-se que o território está longe de perder competitividade económica

 

O Governo de Hong Kong divulgou no passado dia 30 de Julho o mais recente relatório sobre o panorama económico da região vizinha. E um dos destaques é dado ao cenário de crescimento do empreendedorismo.

No “Report of Hong Kong’s Business Environment 2025” [Relatório do Ambiente de Negócios de Hong Kong 2025] destaca-se que “as startups em Hong Kong estão em ascensão”, tendo em conta que, no ano passado existiam “cerca de 4.700 startups na cidade, um recorde histórico e um aumento de 10 por cento em relação ao ano anterior”.

O documento explica que “mais de um quarto dessas startups tem fundadores de fora de Hong Kong”, tratando-se de empresas que operam num “amplo espectro de sectores, incluindo ‘fintech’ [alta tecnologia], comércio electrónico e informação, informática e tecnologia”, tendo contratado mais de 17 mil pessoas. Esse número de recursos humanos representa também um aumento de sete por cento em relação a 2023. “Tudo isso é prova do forte apelo de Hong Kong para empreendedores de startups”, destacam as autoridades.

Mas não são só as startups que registam crescimento, com o relatório a apontar que o actual Governo, liderado pelo Chefe do Executivo John Lee, “alcançou resultados notáveis na atracção de empresas, investimentos e talentos”.

“Por exemplo, em 2024, o número de empresas em Hong Kong com sedes fora do território aumentou significativamente em cerca de 10 por cento, atingindo quase 10.000”. O “Gabinete para a Atracção de Empresas Estratégicas, criado há mais de dois anos, atraiu 84 empresas estratégicas para estabelecer ou expandir os seus negócios em Hong Kong, incluindo empresas com capitalização de mercado ou avaliação superior a 10 mil milhões de dólares americanos, envolvendo tecnologia de ponta”, é acrescentado.

O relatório destaca também que entre Janeiro de 2023 e o primeiro semestre deste ano, a Invest Hong Kong, ligada ao Departamento do Investimento Directo Estrangeiro do Governo da RAEHK, “ajudou mais de 1300 empresas estrangeiras e do continente a estabelecer ou expandir os seus negócios em Hong Kong, trazendo investimentos de mais de 160 mil milhões de dólares”.

Ainda no que diz respeito à Invest Hong Kong, a entidade ajudou “539 empresas do continente ou estrangeiras a estabelecer ou expandir os seus negócios em Hong Kong, o que representa um crescimento anual de mais de 40 por cento”.

No final de Junho deste ano, Hong Kong tinha registadas 1,5 milhões de empresas locais, enquanto o número total de empresas não registadas em Hong Kong atingiu 15 509. “Ambos os números representam recordes históricos”, lê-se, sendo que para o Governo do território vizinho os dados “demonstram a grande confiança que as empresas do continente e do exterior têm no futuro de Hong Kong”.

Tendo em conta que Hong Kong também possui um programa de captação de talentos, o “Hong Kong Talent Engage”, lê-se no relatório que até Junho deste ano “foram recebidas cerca de 500.000 candidaturas ao abrigo de vários programas de admissão de talentos, das quais cerca de 330.000 foram aprovadas”. Destes números, chegaram efectivamente a Hong Kong para trabalhar 220.000 quadros qualificados.

Bom cenário bolsista

Citado numa nota de imprensa oficial, um porta-voz do Governo declarou que “num ambiente externo complexo e volátil, Hong Kong está a passar por uma fase de actualização e transformação económica, mas há mais oportunidades do que desafios”.

Tendo em conta que o território sempre se posicionou como um forte mercado financeiro a nível mundial, esse cenário parece ter registado uma recuperação nos últimos anos.

“Este ano o desempenho do mercado financeiro de Hong Kong tem vindo a melhorar de forma constante. O Índice Hang Seng registou um aumento de 18 por cento no ano passado e um aumento de mais de 25 por cento neste ano até agora. O volume médio diário de negócios no mercado de acções, no primeiro semestre do ano, foi de cerca de 240 mil milhões de dólares, com um aumento de cerca de 120 por cento.”

As autoridades destacam a manutenção da competitividade económica do território, apontando que “ao longo dos anos Hong Kong tem sido constantemente classificada como líder global em liberdade económica e competitividade”.

Atenção à guerra comercial

Em jeito de conclusão, o Governo da RAEHK esclarece que o território parece manter a estabilidade económica em tempos de conflitos comerciais constantes, com Donald Trump a ameaçar e a concretizar a imposição de tarifas a uma série de países.

“Por mais volátil e turbulento que o mundo possa ser, continuamos firmemente comprometidos com o sistema comercial multilateral baseado em regras, tendo a OMC [Organização Mundial do Comércio] como núcleo, ao mesmo tempo em que participamos activamente e apoiamos a cooperação económica regional.”

São referidas as “inúmeras vantagens de Hong Kong”, com o seu “ambiente empresarial altamente internacionalizado, um sistema financeiro flexível e sólido, um regime fiscal simples e seguro com taxas de imposto baixas e um sistema jurídico robusto e independente”.

Porém, no documento é também salientado que a “guerra tarifária provocou uma realocação global de capital”, sendo que Hong Kong quer apostar na atracção de “empresas e capital estrangeiros” para a região.

O relatório dá também conta de que “as organizações internacionais e as câmaras de comércio estrangeiras em Hong Kong estão confiantes nas perspectivas futuras” do território, e que para as autoridades “não há motivo para preocupação com alguns sentimentos excessivamente pessimistas”.

“Na verdade, o Governo da RAEHK está a criar um novo impulso e a expandir a capacidade para sustentar o crescimento económico de Hong Kong, aumentando assim a sua competitividade geral e alcançando um desenvolvimento de alta qualidade”, é ainda acrescentado.

O porta-voz do Executivo estabeleceu ainda um paralelismo entre a boa situação económica e a estabilidade política. “Nos últimos anos, a implementação da Lei de Segurança Nacional restaurou um ambiente social estável em Hong Kong. Isso não só protegeu os direitos e liberdades do público em geral, mas também tornou Hong Kong um porto seguro para atrair capital e investimento internacional”, concluiu. O relatório foi apresentado pelo Secretário para as Finanças de Hong Kong, Paul Chan.

6 Ago 2025

SMG | Chuva vai prolongar-se durante o dia de hoje

Pela primeira vez, este ano, foi emitido o sinal preto de chuva intensa e está previsto que a precipitação continue a não dar tréguas durante o dia de hoje. Ontem, as chuvadas mais intensas registaram-se no Parque Municipal Dr. Sun Yat Sen e na Vila de Coloane

 

Trovoadas, aguaceiros e tempo instável. Foi esta a previsão deixada pela Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) para o dia de hoje, depois de uma manhã com aguaceiros intensos e bastante trovoada, que levou à emissão do primeiro sinal preto de chuva intensa do ano.

“Devido à influência combinada de uma corrente de ar do sudoeste e de perturbações em alta altitude, prevê-se que o tempo seja instável entre terça e o início de quarta-feira (5 a 6 de Agosto), com aguaceiros frequentes, por vezes intensos, acompanhados de trovoadas”, foi explicado no portal dos SMG. “Apela-se à população que preste atenção às informações e avisos meteorológicos, ajuste as suas deslocações de forma adequada e preste atenção à possibilidade de inundações em zonas baixas durante a chuva intensa num curto espaço de tempo”, foi acrescentado.

O dia de ontem ficou marcado pela chuva mais intensa do ano, que se fez sentir principalmente durante a manhã. Em algumas zonas do território, as maiores cargas de água sentiram-se entre as 5h e 6h da madrugada, principalmente na Zona Norte da cidade, como a Areia Preta, mas a chuva prolongou-se praticamente ao longo de todo o dia.

Como consequência do mau tempo, e da acumulação de água, o sinal de chuva intensa preto, o mais alto da escala, foi içado por volta das 8h18, com a previsão de cheias nas zonas baixas do território. Este sinal é emitido quando se prevê que no período de uma hora a precipitação atinja 80 milímetros de chuva, ou seja, o equivalente a 80 litros de água por metro quadrado.

Aulas suspensas

O alerta de chuva intensa levou a que eventuais aulas do ensino secundário ficassem suspensas na parte da manhã, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). No mesmo sentido, as aulas dos ensinos infantil, primário e especial foram suspensas durante todo o dia.

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) revelou que durante o período de chuva mais intensa houve necessidade de auxiliar um condutor cuja viatura sofreu uma avaria na Ponte Macau.

Por volta do meio-dia e meia, e numa altura em que os sinais de chuva tinham sido levantados, a área a registar a maior acumulação de precipitação era a Vila de Coloane, com 118,6 milímetros de chuva, desde a meia-noite. Esta zona registou as maiores chuvadas por volta das 8h, altura em que acumulou praticamente 60 milímetros de chuva.

De acordo com os dados dos SMG, o Parque Municipal Dr. Sun Yat Sen, perto das Portas do Cerco, foi outro dos locais mais afectados com 118,2 milímetros de chuva. Neste local, a chuva mais intensa ocorreu às 6h. A Fortaleza do Monte (109,2mm), a Areia Preta (104,4mm) e Ka-Hó (104,4mm) foram outras zonas onde em 12 horas a chuva acumulada ultrapassou os 100 milímetros.

6 Ago 2025

Património | Pedida acção ao Governo na gestão de edifícios

Na sequência dos estragos provocados pelo tufão Whipa, o ex-conselheiro do IAM Chan Pou Sam entende que o Governo deveria assumir uma posição forte na gestão e manutenção de edifícios antigos ou interesse histórico. O responsável defende que o modelo de Kaiping seja seguido em Macau no Pátio do Espinho

 

A passagem do primeiro tufão que levou à emissão do sinal 10 de alerta, o Whipa, levou o presidente honorário da Associação de Promoção de Vida Social e Bem-Estar da População de Macau, Chan Pou Sam, a alertar para a necessidade de mudar leis e regulamentações para garantir a integridade dos edifícios da cidade, em especial dos mais antigos e de interesse patrimonial.

Em declarações ao jornal Cidadão, o ex-membro do conselho consultivo do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) deu como exemplos os danos em fachadas de prédios, como o novo e luxuoso Nova Grand, na Taipa, mas também o colapso de uma parede numa casa antiga no Pátio do Espinho.

O responsável considera que o Governo deve melhorar os regulamentos que regem os edifícios privados, clarificar o estatuto legal dos proprietários, obrigar inspecções e reparações de edifícios e aumentar os subsídios para a manutenção dos edifícios e impulsionar uma atitude proactiva na defesa da integridade dos prédios.

Chan Pou Sam refere que muitos proprietários têm idade avançada, não possuem instrução e não compreendem as leis e regulamentos sobre a manutenção de edifícios mais antigos. A situação agrava-se em prédios em que os direitos de propriedade não são claros, e que não têm associações de condóminos ou qualquer organização que trate da manutenção do prédio. Como tal, o dirigente considera essencial que o Executivo assuma um papel mais interventivo na defesa da integridade do parque urbano da cidade.

Espinho encravado

De acordo com os dados oficiais, existem aproximadamente 4.800 edifícios em Macau com mais de 30 anos, sendo que mais de 3.500 destes edifícios têm menos de sete andares e estão localizados em bairros antigos. Desta última amostra, cerca de 1.700 têm estruturas envelhecidas, portas e janelas em mau estado, falta de protecção contra incêndios, canalização e redes eléctricas antigas e saneamento precário.

Além dos prédios que constituem um risco para a segurança pública, Chan Pou Sam salienta a degradação das casas do Pátio do Espinho (nas traseiras das Ruínas de São Paulo), um local com uma história de mais de 400 anos, que merece ser preservado por constituir uma memória física das “raízes e alma” de Macau.

Uma vez que as propriedades e gestão dos imóveis permanecem inalteradas, o responsável acha que o Governo deveria assumir a responsabilidade pela conservação e revitalização das casas no Pátio do Espinho, seguindo o exemplo do modelo adoptado nas aldeias de Kaiping e Diaolou, em Jiangmen.

Importa referir que Chan Pou Sam tem assumido cargos de direcção em associações ligadas à comunidade de Jiangmen e foi o conselheiro do IAM que sugeriu uma consulta pública para retirar os “nomes colonialistas” das ruas de Macau. Na altura, o Executivo liderado por Chui Sai On, no final do seu segundo mandato, não acedeu à sugestão.

6 Ago 2025

Economia | Académico da UM fala em fim da contracção

Henry Lei considera que a crise económica chegou ao fim e que o produto interno bruto não deve sofrer mais nenhuma contracção até ao final do ano. A nível do mercado imobiliário, Lei acredita que podem chegar boas notícias, se houver uma redução da taxa de juros

 

O chefe associado do Departamento de Finanças e Economia Empresarial da Universidade de Macau (UM), Henry Lei Chun Kwok, considera que a economia do território atravessa uma fase de recuperação e que o declínio dos primeiros três meses do ano está ultrapassado. Foi desta forma que o académico reagiu ao crescimento do produto interno bruto (PIB) de 5,1 por cento em termos reais no segundo semestre, face ao período homólogo.

Em declarações ao jornal Ou Mun, Henry Lei apontou que o crescimento se justifica principalmente com o aumento da procura externa. No entanto, e apesar das melhorias, o académico alertou para a necessidade de acompanhar os possíveis riscos para o consumo privado, investimento e o impacto da desvalorização do mercado imobiliário.

Todavia, em relação ao preço dos imóveis, Henry Lei reconheceu que existem possibilidades de no próximo mês chegarem notícias positivas, caso o Banco Federal Norte-Americano opte por reduzir as taxas de juro. Dado que a pataca está indexada indirectamente ao dólar americano, a descida dos juros nos EUA vai levar a que haja mais capital disponível em Macau para investir e comprar habitação.

Henry Lei explicou também que uma recuperação do mercado imobiliário é positiva, dado que de forma indirecta pode promover a actividade em outros sectores, como nos novos empréstimos junto dos bancos, novas obras de remodelação de casas, e maior consumo privado.

Melhor distribuição

A par da recuperação económica, Henry Lei alertou o Executivo para a necessidade de garantir uma melhor distribuição do crescimento económico. Actualmente, explicou Lei, os ganhos do crescimento estão concentrados no que afirmou serem as indústrias líderes, como acontece com as concessionárias de jogo. Todavia, Lei apontou que é necessária uma maior cooperação entre o Governo, as associações comerciais e as empresas, que levem os turistas a visitarem os bairros comunitários e gerar o crescimento de outros negócios que não estão directamente ligados ao jogo.

Por seu turno, o director do Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da UM, Davis Fong, confia que as receitas do jogo na segunda metade do ano vão ficar acima de 20 mil milhões de patacas por mês.

O ex-deputado recordou que as receitas do jogo foram sempre superiores a 20 mil milhões de patacas nos últimos três meses, pelo que o Governo deve questionar-se sobre o que “fez bem nos últimos três meses” e continuar nesse caminho.

Quanto ao encerramento dos casinos-satélites, Davis Fong prevê que o mercado vá absorver as mudanças gradualmente. Além disso, o académico desvalorizou o encerramento dos casinos-satélite porque o seu peso no mercado do jogo tem vindo a diminuir nos últimos anos, apesar das receitas estarem a crescer.

Fong defendeu ainda o encerramento dos casinos-satélite indicando que vai contribuir para consolidar a posição das concessionárias, baixando os custos operativos e aumentando os lucros.

6 Ago 2025

Zhongshan | Criadas novas equipas para aprofundar cooperação

Os novos grupos de trabalho são desenvolvimento no âmbito dos mecanismos de cooperação entre Macau e Zhongshan e vão trabalhar em áreas como “economia e comércio”, “biomedicina e saúde compreensiva”, “segurança no consumo”, “cultural e turismo”

 

Macau e Zhongshan vão criar sete novas equipas de trabalho no âmbito de um programa de cooperação regional. A revelação foi feita durante a mais recente reunião do Grupo Específico para Promoção da Cooperação Zhongshan-Macau, que decorreu no Interior na segunda-feira.

De acordo com o comunicado divulgado pelo Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças, as novas sete equipas de cooperação vão focar as áreas da “inovação”, “economia e comércio”, “biomedicina e saúde compreensiva”, “segurança no consumo”, “cultural e turismo”, “serviços governamentais transfronteiriços” e “quadros qualificados”. A criação destes grupos foi justificada com a vontade de “promover uma maior eficácia na cooperação bilateral”.

A informação oficial indica igualmente que a reunião serviu para as duas partes fazerem apresentações temáticas e trocarem ideias em assuntos como o modelo “Medicamentos de Macau Produzidos em Guangdong” ou a cooperação na formação e importação de quadros qualificados.

Além disso, a Direcção dos Serviços de Desenvolvimento e Reforma de Zhongshan, a Direcção dos Serviços de Inspecção do Mercado de Zhongshan e o Conselho de Consumidores do Governo da RAEM assinaram um acordo de cooperação que visa fomentar a confiança dos consumidores face aos produtos disponibilizados nas duas regiões. O acordo vai levar à “construção bilateral da marca ‘Loja Certificada’” e envolve “a avaliação e gestão de marcas, a divulgação junto da sociedade e o intercâmbio de informações” sobre os produtos disponibilizados.

A estrela polar

De acordo com a nota de imprensa de ontem do gabinete do secretário para a Economia e Finanças, a reunião de segunda-feira entre as duas partes teve como objectivo “implementar o espírito dos discursos importantes do Presidente Xi Jinping proferidos durante a sua visita de inspecção a Guangdong e Macau” e “promover ainda mais a cooperação bilateral em múltiplos domínios”.

O Governo de Macau foi representado pelo secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, enquanto Zhongshan se fez representar pelo secretário do Comité Municipal de Zhongshan do Partido Comunista Chinês, Guo Wenhai e o secretário-adjunto do Comité Municipal de Zhongshan do Partido Comunista Chinês e Governador Municipal interino de Zhongshan, Yin Nianhong.

Na reunião, Tai Kin Ip destacou a vontade de “aprofundar continuamente a cooperação nas áreas de economia e comércio, biomedicina, tecnologia de ponta, cultura e turismo”.

6 Ago 2025

Chuva | Alertas em HK e mais de 80 mil residentes de Pequim retirados de casa

China e Hong Kong têm enfrentado nos últimos dias períodos de chuva forte que obrigaram a cuidados redobrados e deslocação de moradores. Na capital chinesa 82 mil pessoas tiveram que deixar as suas casas, enquanto que em Hong Kong ruas e um hospital sofreram inundações e algumas estações de metro foram encerradas

 

As chuvas fortes continuam a não dar tréguas, não só em Macau (ver página 7), como em Hong Kong e no interior do país. No caso da China, as autoridades de Pequim deslocaram mais de 82 mil pessoas de casa devido a chuvas torrenciais, uma semana após inundações mortais que levaram os responsáveis locais a reconhecer falhas na resposta, noticiou ontem a agência noticiosa oficial Xinhua.

Assim, dezenas de milhares de residentes foram retirados das zonas mais afectadas pelas chuvas até às 21h de segunda-feira, hora local, segundo o centro municipal de resposta a inundações. O centro alertou para o risco elevado de cheias nos distritos de Miyun (noroeste), Fangshan (sudoeste), Mentougou (oeste) e Huairou (norte).

A capital chinesa manteve em vigor o alerta vermelho – o mais elevado – até à manhã de ontem, perante previsões de chuvas intensas entre segunda-feira ao meio-dia e a manhã desta terça-feira.

Na semana passada, estes mesmos distritos rurais a norte de Pequim foram os mais afectados pelas intempéries que causaram 44 mortos e nove desaparecidos, de acordo com os dados oficiais. A maioria das vítimas mortais foi registada num lar de idosos em Miyun.

Novas medidas na agricultura

A gravidade da catástrofe levou as autoridades municipais a reconhecerem “lacunas” na preparação dos serviços de emergência. Desastres naturais são frequentes na China durante o Verão, com algumas regiões sujeitas a chuvas torrenciais e outras a secas severas.

Entretanto, as autoridades chinesas reforçaram o dispositivo de resposta aos efeitos adversos das chuvas intensas e ondas de calor sobre as culturas agrícolas em várias regiões do país, numa altura crucial para a colheita de Outono.

Desde o início da época das chuvas, zonas do leste e norte da China registaram episódios de precipitação extrema, enquanto províncias como Henan (centro) e Anhui (leste) enfrentam períodos prolongados de seca e temperaturas elevadas.

Esta combinação de fenómenos meteorológicos representa um desafio para os agricultores, sobretudo quando faltam cerca de dois meses para a colheita dos principais cereais de Outono, assinalou ontem a agência noticiosa oficial Xinhua.

Na província de Shaanxi (centro), onde a precipitação ultrapassou recentemente os 100 milímetros em menos de 24 horas, as autoridades locais adoptaram medidas preventivas, como a limpeza de canais e o reforço de diques, o que permitiu proteger grande parte das terras cultivadas.

Entretanto, cooperativas agrícolas em Henan afectadas pela seca optaram por sistemas de rega gota a gota e pela aplicação localizada de fertilizantes para conservar a humidade e minimizar as perdas.

As autoridades têm dado prioridade à reabilitação de infra-estruturas hídricas e a divulgação de técnicas de gestão eficiente da água, perante a ausência de precipitação em algumas zonas. A campanha de Outono representa uma componente fundamental da produção anual de cereais da China.

Num comunicado divulgado ontem, o Ministério da Agricultura e dos Assuntos Rurais alertou que as condições meteorológicas nas próximas semanas serão determinantes e apelou a “todos os esforços para proteger a colheita e dar um forte apoio à segurança alimentar do país”.

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou em 2023 que, apesar de “1.400 milhões de chineses comerem bem” actualmente, “a questão alimentar não deve ser descuidada”, sublinhando que o fornecimento de comida “não é um assunto insignificante”.

A China tem menos de nove por cento da terra arável do planeta, embora represente cerca de 18 por cento da população mundial. Nos últimos Verões, desastres meteorológicos causaram estragos significativos no país: os meses estivais de 2023 foram marcados por inundações em Pequim, que causaram mais de 30 mortos, enquanto em 2022 várias ondas de calor extremo e secas atingiram o centro e leste da China.

Hong Kong em alerta

No que diz respeito ao panorama das chuvas fortes no território vizinho, estas também não têm dado tréguas. Segundo a emissora pública RTHK, algumas estações de metro em Hong Kong estiveram encerradas ontem devido ao risco de inundações, tendo em conta que o Observatório de Hong Kong manteve o sinal preto de tempestade [Black Rainstorm Warning Signal] até cerca das 17 horas.

Registaram-se ventos de cerca de 110 quilómetros por hora em algumas zonas do território, tendo-se registado também trovoadas. O canal RTHK revela também que se contaram mais de 10.800 relâmpagos no território entre a meia-noite e as 10 horas de ontem, sendo que metade deles ocorreu na ilha de Lantau.

Até às 11 horas de ontem as autoridades responsáveis pelos sistemas de drenagem registaram 21 episódios de inundações, tendo sido feitas 180 respostas de emergências em 240 localizações diferentes.

Destaque para a ocorrência de um episódio no Hospital Queen Mary esta terça-feira, nomeadamente “em algumas estradas” de acesso do hospital, em Pok Fu Lam, tendo os pacientes sido deslocados pelos bombeiros para o hospital Ruttonjee, na zona de Wanchai. Em algumas zonas do hospital a água chegou aos joelhos, tendo sido colocados sacos de areia para estancar o fluxo das chuvas. Por volta das 11 horas da manhã de ontem este cenário foi resolvido, com a normalidade a voltar ao hospital Queen Mary perto do meio-dia.

As chuvas levaram também ao grande aumento do nível da água no Reservatório Lower Shing Mun, na zona de Sha Tin, o que levou à notificação dos residentes de complexos habitacionais nas proximidades, como Mei Lam Estate, May Shing Court, Mei Chung Court e Granville Garden.

Apesar das fortes chuvas, algumas pessoas deslocaram-se ao trabalho normalmente fazendo percursos alternativos. Foi o caso de Mak, uma mulher que, ao canal RTHK, disse que teve de fazer um desvio para chegar ao escritório. “Não consegui ir directamente para lá e tive de fazer um percurso mais longo. O metro [MTR] fez alguns avisos [sobre a tempestade e encerramentos], mas gostaria que os fizessem também dentro das carruagens, pois só percebi que o acesso estava encerrado quando cheguei à saída”, descreveu.

Vem aí o sol

Informações disponibilizadas pelo Observatório de Hong Kong falam na passagem de uma “monção de sudoeste activa e perturbações em alta altitude que estão a trazer chuvas fortes e trovoadas violentas para a costa sul da China e a parte norte do Mar da China Meridional”.

Ontem foi mesmo quebrado o recorde de precipitação diária mais alta para Agosto desde 1884, ao registarem-se, até às 14h, 355,7 milímetros de precipitação na sede do Observatório.

Para hoje o tempo deverá manter-se instável em Hong Kong, com “chuvas fortes no início” do dia. Porém, estas “deverão diminuir gradualmente” amanhã, esperando-se “muito calor com períodos de sol nos próximos dois dias”.

Também os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) deixam um alerta de chuva forte até hoje com “aguaceiros frequentes, por vezes intensos, acompanhados de trovoadas”. O sol deverá começar a aparecer na RAEM a partir de amanhã, ainda com algumas nuvens, prolongando-se este cenário meteorológico até à próxima segunda-feira. As temperaturas deverão chegar aos 33 graus.

6 Ago 2025

Acidente | Despiste faz quatro mortos e três feridos

O acidente aconteceu na madrugada de ontem, quando um carro de cinco lugares circulava com sete passageiros. Quatro já foram declarados mortos. Os três feridos continuam em estado grave

 

O despiste de uma viatura na Avenida da Amizade, perto do Edifício do Grande Prémio, causou ontem quatro mortos e três feridos em estado grave. O acidente aconteceu por volta das 6h, quando dentro da viatura com cinco lugares seguiam sete pessoas, todos residentes, com idade entre os 19 e 21 anos.

De acordo com a informação divulgada pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), o acidente aconteceu quando a viatura perdeu o controlo e embateu em várias grades que delimitam a estrada naquela zona, tendo igualmente atingido os degraus de pedra instalados no Reservatório e ainda alguns sinais de trânsito.

De acordo com o CPSP, a jovem, de 20 anos, que estava ao volante e os outros seis passageiros foram encontrados inconscientes no local, após o embate. A condutora e três passageiros foram transportados pelas equipas de emergência para o hospital em estado grave, onde foram declarados mortos. Os restantes feridos também se encontram hospitalizados em estado grave. Entre os acidentados, cinco são do sexo masculino e dois do feminino, incluindo a mulher que estava ao volante.

O acidente aconteceu na Avenida da Amizade, por volta das 6h depois do veículo ter arrancado da rua de Bruxelas, na ZAPE, onde inicialmente estava estacionado. O carro entrou na Avenida da Amizade depois de ter passado na Avenida Dr Sun Yat-Sen e seguia na direcção da Areia Preta.

Trânsito encerrado

Devido às operações de salvamento, e à necessidade de recolher as provas sobre o sucedido, as autoridades encerram o troço da Avenida da Amizade durante algumas horas. Quando o Corpo de Bombeiros (CB) chegou ao local, o veículo já não estava a deitar fumo. Cinco dos feridos foram enviados para o Centro Hospitalar Conde São Januário e outros dois para o Hospital Kiang Wu.

Os motivos que levaram a condutora a perder o controlo da viatura ainda não são conhecidos. Após o acidente, o veículo, Mercedes Class C, activou os airbags, inclusive os laterais, tanto dos lugares da frente como de trás.

Ao jornal Ou Mun, um idoso que se encontrava no Reservatório na altura do acidente admitiu ter ouvido um grande estrondo, embora não tivesse visto o embate. Num primeiro momento, o homem afirmou ter pensado que o barulho se devia a trovoada. Contudo, quando se aproximou do local verificou que existia um carro acidentado.

Na altura da ocorrência, contou o homem, várias pessoas faziam exercício no Reservatório, como acontece normalmente todos os dias. As autoridades apelaram a eventuais testemunhas que contactem as autoridades, para prestarem informações.

5 Ago 2025

Chikungunya | Autoridades reforçam eliminação de mosquitos

Com os diagnósticos de Febre Chikungunya a aumentarem em Guangdong e os casos locais a despontarem em Macau, o Governo organizou algumas dezenas de equipas interdepartamentais para alertar a população e inspeccionar locais onde os mosquitos podem proliferar

 

Os Serviços de Saúde (SS) lançaram uma campanha para eliminar as águas estagnadas em toda a cidade, à medida que são detectados mais casos de Febre Chikungunya em Guangdong e começam a ser diagnosticados casos locais em Macau. No domingo, os SS organizaram um evento em que participaram vários departamentos do Governo que vão colaborar para realizar inspecções conjuntas nos bairros residenciais para eliminar águas estagnadas e da fonte de proliferação de mosquitos.

As entidades que participam na campanha são os SS, o Instituto para os Assuntos Municipais, a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, o Corpo de Polícia de Segurança Pública, a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água, a Direcção dos Serviços de Turismo, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, o Instituto de Acção Social, o Instituto de Habitação e o Gabinete de Comunicação Social.

As autoridades de saúde, auxiliadas por associações locais, formaram equipas para sensibilizar a população e combater a proliferação de mosquitos. A campanha incluiu a divulgação de informações nos bairros, porta a porta, sobre “métodos de limpeza de água estagnada nas casas e prevenção de mosquitos, com foco na melhoria da capacidade dos residentes de identificar e remover fontes de reprodução”.

As 33 equipas, constituídas por cerca de 140 membros associativos e dos SS, inspeccionaram no domingo mais de 2.200 residências e forneceram informação a quase 700 agregados familiares.

No período compreendido entre Janeiro e Julho, foram realizadas 8.903 inspecções às fontes de proliferação de mosquitos e, a partir de Abril, a frequência de eliminação de mosquitos nos 140 pontos negros de higiene em Macau aumentou para duas por mês. Em Julho, de acordo com a avaliação de risco mais actualizada, reforçou-se a eliminação de mosquitos, indicou o Grupo de Trabalho para a Prevenção Contra a Febre de Dengue.

Em todas as frentes

Além das acções gerais, as autoridades indicaram ontem que vão proceder a trabalhos de eliminação química de mosquitos no Toi San, em várias zonas da Areia Preta e na zona circundante da Igreja de Santo Agostinho.

Na semana passada, as autoridades de saúde de Guangdong revelaram o diagnóstico positivo de Febre de Chikungunya de três trabalhadores nas obras na Zona A. “Tendo em conta a acumulação frequente e fácil de águas em estaleiros de obras da Zona A dos Novos Aterros Urbanos, por motivos de diversas obras, o que pode provocar a proliferação de mosquitos e aumentar os riscos para a saúde”, as autoridades locais indicaram ontem que em cada estaleiro será eliminada água estagnada, no mínimo duas vezes por semana.

Segundo a televisão estatal CCTV, foram detectados 2.892 novos casos na semana terminada no sábado, sem registo de infecções graves ou fatais. A maioria, 2.770, ocorreu em Foshan, enquanto Guangzhou contabilizou 65 casos.

5 Ago 2025

Imobiliário | Mercado mostra sinais de recuperação face a Junho

Os primeiros números do mercado de habitação referentes a Julho mostram um cenário mais animado do que em Junho. No entanto, a comparação anual continua a revelar a crise do sector imobiliário

 

Na primeira metade de Julho, houve 162 vendas de imóveis para habitação, o que representou um aumento para o dobro do que tinha sido registado no início de Junho. Os dados foram revelados no portal da Direcção de Serviços de Finanças (DSF).

O número de transacções mais recente, de 162, mostra um aumento significativo face ao início de Junho, quando foram vendidos 80 imóveis para habitação no território.

Nos primeiros 15 dias de Junho foram transccionadas 122 fracções na Península de Macau, 31 na Taipa e nove em Coloane. Em comparação, na primeira metade de Junho tinham sido registadas 53 transacções da Península de Macau, 25 na Taipa e duas em Coloane.

A situação do mercado do imobiliário mostra igualmente uma valorização ao nível do preço médio do metro quadrado, que cresceu 13 por cento, para uma média de 74.310 patacas por metro quadrado. No início de Junho, a média do custo do metro quadrado tinha sido de 65.618 patacas.

No início de Julho, o preço médio do metro quadrado na Península de Macau foi de 75.338 patacas, na Taipa de 68.125 patacas e de 88.749 patacas em Coloane. Esta situação contrasta com o início de Junho, quando a média do preço do metro quadrado da habitação em Macau foi de 67.332 patacas e de 61.813 patacas na Taipa. Os preços de Coloane não foram revelados, dado que só houve duas transacções nesse início de mês, o que faz com que os números não sejam publicados, por motivos de protecção de dados pessoais.

Teoria da relatividade

Se a comparação tiver em conta a primeira metade de Julho de 2024, o mercado apresenta uma situação de quebra evidente, tanto ao nível do número das transacções como do valor do metro quadrado. Em termos do número de transacções, no espaço de um ano houve menos 42, uma quebra de 204 transacções para 162. Esta diferença representa uma diminuição de 20,5 por cento.

A maior diferença aconteceu na Taipa onde no período mais recente foram vendidas 31 habitações, mas no período homólogo tinham sido transaccionadas 63 casas. Na Península as transacções caíram de 134 para 122 e em Coloane, houve uma tendência oposta, com um crescimento de sete transacções para nove.

No entanto, a grande diferença no espaço de um ano regista-se no preço por metro quadrado. Há um ano, o preço médio por metro quadrado era de 94.905 patacas, o que resultava do preço médio na Península ser de 91.247 patacas, na Taipa 102.409 patacas e em Coloane de 94.905 patacas.

5 Ago 2025

Concessionárias | Pedido aumento de licença de maternidade

Song Pek Kei quer que o Governo incentive as concessionárias de jogo a aumentar os dias de licença de maternidade e de férias anuais. A deputada, ligada à comunidade de Fujian, vinca a boa performance financeira do sector e que a expansão dos direitos laborais é o factor mais importante para a felicidade dos cidadãos

 

Seguindo a tendência de bons resultados de receitas, as concessionárias de jogo de Macau devem tomar a dianteira no alargamento dos direitos laborais na RAEM. A ideia é defendida pela deputada Song Pek Kei, numa interpelação escrita em que pede ao Governo para incentivar as empresas que gerem casinos a aumentar os dias da licença de maternidade e de férias anuais.

A legisladora salienta que as seis concessionárias “sempre desempenharam um papel de liderança em termos de medidas amigáveis e de apoio à família dos trabalhadores” e que agora é altura ideal para aumentar a licença de maternidade e as férias anuais, políticas que estão a ser estudadas pelo Executivo de Sam Hou Fai. A recuperação económica conseguida pelas empresas do jogo é outro aspecto que torna o alargamento dos direitos laborais uma medida oportuna.

Outro aspecto que Song Pek Kei gostaria de ver consagrado contratualmente pelas concessionárias de jogo e empresas dos resorts integrados diz respeito à licença de acompanhamento de familiar em caso de doença, um direito que é salvaguardado na Função Pública.

“Se o Governo aplica o regime das faltas dadas por motivo de doença de familiares de trabalhadores da Função Pública, porque não incentiva as seis empresas integradas de turismo e lazer a adoptar a mesma licença para que os seus trabalhadores possam equilibrar de melhor forma trabalho e família”, questiona Song Pek Kei.

A busca da felicidade

Para concretizar o objectivo de construir uma “Macau feliz”, a deputada considera que a garantia e a alargamentos dos direitos laborais é essencial. Nesse sentido, uma das formas de aumentar a felicidade pode passar por flexibilizar o sistema de trabalho por turnos nas empresas de jogo, de “forma razoável e científica”.

“O Executivo deve incentivar as empresas do jogo a melhorarem as disposições de trabalho por turnos e aumentarem a flexibilidade na gestão dos turnos, seguindo uma lógica de medidas favoráveis à família e à melhoria do ambiente de trabalho”, defende a deputada.

5 Ago 2025

IAM | Gatos capturados devido a queixas da Universidade de Macau

A recolha de gatos dos terrenos da Universidade de Macau resultou de “queixas da universidade sobre a grande quantidade de gatos no seu campus”, revelou ao HM o Instituto para os Assuntos Municipais. O organismo público afasta, para já, o cenário de abate dos animais, temido pelos estudantes

 

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) esclarece que a recolha de 15 gatos entre os dias 22 e 25 de Julho do campus da Universidade de Macau (UM) surgiu em resposta a queixas da própria instituição do ensino superior relativamente aos problemas de higiene no campus gerados pela presença dos animais.

“O IAM tem recebido constantemente queixas da UM sobre a grande quantidade de gatos no seu campus e os resíduos alimentares que não são removidos atempadamente e que afectam a higiene ambiental”, foi referido na resposta enviada ao HM.

A recolha dos gatos do campus da UM levou a uma onda de indignação dos estudantes, que dizem temer o abate dos animais após o período de reclamação e adopção. O IAM afasta, para já, esse cenário.

“Relativamente aos gatos capturados, se não forem reclamados pelo dono após o prazo de reclamação, o IAM irá implementar a política de ‘Captura, Esterilização e Adopção aberta’ (TNA), priorizando encontrar adoptantes adequados para os gatos. É de salientar que o IAM não estabelece um prazo para a retenção dos animais adoptados.”

Na mesma resposta é referido que durante o período de espera por famílias de acolhimento, o IAM “irá continuar a prestar atendimento clínico e cuidados diários aos animais, nunca existindo a situação de abate dos mesmos devido ao termo do prazo de retenção”.

Neste sentido, é explicado que os veterinários do IAM “estão a realizar uma série de cuidados médicos que incluem a examinação corporal, administração de vacinas e colocação de microchips”. Além disso, “os gatos só podem estar disponíveis para adopção depois de serem esterilizados”, adiantou o IAM.

“Falta de sensibilidade”

Os alertas para a adopção destes animais prosseguem nas redes sociais, sendo que, numa nota enviada ao HM e assinada por “um membro do grupo UMers – Membros da Comunidade da UM”, é questionada a “situação preocupante” que ocorreu no período de férias de Verão e, portanto, de ausência de grande parte dos estudantes.

“Estes gatos, considerados parte integrante da comunidade universitária, sobreviveram a tufão de sinal 10, mas infelizmente não conseguiram escapar a estas operações de captura efectuadas pelo IAM nos últimos dias. Para muitos estudantes e professores, estes gatos eram como ‘veteranos’ do campus, acompanhando-os durante momentos significativos da vida académica e proporcionando conforto e alegria no ambiente universitário.”

A nota explica que os membros do “UMers” não podem adoptar os gatos “devido a várias circunstâncias”, como alergias na família, posse de outros animais ou “restrições adicionais” para os estudantes do Interior da China.

Os alertas nas redes sociais visam “sensibilizar o público para esta situação e incentivar pessoas com condições adequadas a adoptarem estes gatos no canil municipal de Macau.

Na plataforma Red Note existe mesmo o grupo “UM catstories”, onde se partilham as histórias dos gatos capturados pelo IAM, sendo que só uma publicação gerou 460 gostos e 160 comentários. Foi também criado um grupo no Facebook, o “Macao Cats II”, existindo ainda publicações no Threads, já com um total de 500 gostos e 500 partilhas, incluindo as dez mil visualizações.

Um dos perfis das “UM catstories” diz respeito a um “pequeno gato tigrado”, descrito como “um ficheiro ‘sem nome’, acabado de criar no computador: ainda em branco, explorando o mundo aos poucos e tentando digitar fragmentos soltos para escrever” a sua própria história.

“Encolhido a um canto, observo as pessoas que passam, avaliando quem poderá tornar-se uma personagem importante do meu enredo. Até agora, poucas pessoas foram escritas na minha história, e também deixei poucas marcas na vida de alguém. Antes de sair do campus talvez este meu ficheiro ‘sem nome’ tenha apenas 5KB, registando algumas tímidas explorações e um suave desejo por calor humano”, lê-se no apelo feito à adopção.

O HM questionou a UM sobre este assunto, tendo em conta que os animais vinham sendo acarinhados pelos estudantes, mas até ao fecho da edição não recebeu uma resposta. Os membros do “UMers” também questionam como pode a UM, “uma instituição que procura a excelência académica e melhores classificações nos rankings mundiais, demonstrar tal falta de sensibilidade, permitindo a captura destes animais sem qualquer solução alternativa”.

Associação abortada

Na mesma nota é referido que os estudantes ponderaram criar uma associação para “organizar a esterilização dos gatos do campus, mas a universidade não aprovou a criação de tal associação estudantil”.

Os membros do “UMers” realçam o “contraste com universidades de renome no Interior da China, como a Universidade de Pequim, onde existe uma associação estudantil dedicada ao cuidado de gatos do campus universitário, e na Universidade de Zhejiang, onde o actual reitor da UM, Song Yonghua, trabalhou anteriormente, que estabeleceu uma associação para proteger animais de campus universitário desde 2005”.

Relativamente às acções de recolha e tratamento dos animais, o IAM diz que “as políticas TNA correspondem aos princípios orientadores da Organização Mundial de Sanidade Animal (WOAH), que contribuem para reduzir a possibilidade de animais vadios serem expostos a doenças e enfrentarem factores ambientais desfavoráveis”.

Tais políticas também contribuem para a redução do número de animais “e a sua reprodução excessiva a longo prazo”. É também referido que “as políticas TNA ainda levam em conta o estado de sobrevivência e bem-estar dos animais, com o intuito de arranjar famílias adequadas adoptantes para os animais com condições, dedicando-se a ajudá-los a obter cuidados apropriados permanentes e estáveis”.

O IAM diz ainda ter optimizado “constantemente os canis municipais”, sendo que, nos últimos anos, “foram aperfeiçoadas as instalações e equipamentos complementares”. Além disso, existe também cooperação “com associações de protecção de animais”, realizando-se projectos conjuntos nas escolas e bairros comunitários em prol da adopção e do cuidado animal.

Dados oficiais disponíveis no website do IAM indicam que no primeiro trimestre deste ano foram capturados 264 animais sem microchip, número que aumentou para 280 no segundo trimestre. Os números são semelhantes aos primeiros dois trimestres de 2024: no primeiro foram apanhados 266 animais sem microchip, seguindo-se 327 animais no segundo trimestre. No terceiro e quarto trimestres do ano passado foram apanhados 258 e 203 animais, respectivamente.

Relativamente às acções de esterilização, no primeiro trimestre deste ano foram feitas 289, seguindo-se 211 acções deste género no segundo trimestre. No primeiro trimestre deste ano foram reclamados, ou adoptados, 102 gatos e 29 cães, sendo que, no trimestre seguinte, foram reclamados ou adoptados 93 gatos e 49 cães.

Quanto ao número de animais abatidos, só no primeiro trimestre deste ano foram mortos 32 gatos e 69 cães. Se nos gatos esse número reduziu no segundo trimestre, para 11, o mesmo não aconteceu com os cães: foram abatidos 101.

5 Ago 2025

Jogo | Receitas atingem em Julho o valor mais alto desde pandemia

Após o início do ano em que as receitas desiludiram e obrigaram à revisão do orçamento, o cenário parece estar agora a mudar. As receitas de Julho atingiram 22,125 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde o início da pandemia

 

As receitas do jogo registaram em Julho um aumento anual de 19 por cento e mensal de 5 por cento, alcançando o valor mais elevado do ano e também desde Janeiro de 2020, de acordo com os dados anunciados na sexta-feira.

Os casinos arrecadaram 22,125 mil milhões de patacas em Julho, contra 18,595 mil milhões de patacas no mesmo mês de 2024, de acordo com dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Em Junho deste ano, os casinos tinham registado receitas de 21,064 mil milhões de patacas, sendo que Maio era até agora o mês com o valor mais elevado de 2025: 21,193 mil milhões de patacas.

Julho apresenta-se ainda como o melhor mês desde Janeiro de 2020, quando as receitas dos casinos alcançaram um valor muito próximo: 22,126 mil milhões de patacas. Desde final de Janeiro de 2020, a pandemia da covid-19 teve um impacto sem precedentes no jogo, motor da economia de Macau, com os impostos sobre as receitas desta indústria a financiarem a esmagadora maioria do orçamento governamental.

Em termos de receita bruta acumulada, os primeiros sete meses deste ano registaram um aumento de 6,5 por cento em relação ao ano anterior, com um total de 140,896 mil milhões de patacas contra 132,348 mil milhões de patacas entre Janeiro e Julho de 2024.

Macau fechou o ano passado com receitas totais de 226,782 mil milhões de patacas, mais 23,9 por cento do que no ano anterior.

Revisão orçamental

O Governo previu, no orçamento inicial para 2025, que o ano iria fechar com receitas totais de 240 mil milhões de patacas, o que representaria um aumento de 6 por cento em comparação com o ano passado.

Mas, em 11 de Junho, a Assembleia Legislativa aprovou um novo orçamento, proposto pelo Executivo, que reduz em 4,56 mil milhões de patacas a previsão para as receitas públicas. O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, admitiu aos deputados que o corte se deve ao facto de as receitas brutas do jogo no primeiro trimestre de 2025 terem “ficado ligeiramente abaixo do previsto”.

Desde Maio deste ano que as receitas mensais nunca ficaram abaixo de 20 mil milhões e patacas, uma séria de três meses consecutivos. No entanto, até Abril, inclusive na altura do Ano Novo Lunar, um dos picos altos da indústria, as receitas nunca tinham atingido 20 mil milhões de patacas.

4 Ago 2025

Imigração | Menos portugueses a chegar. Peso acima de 6%

O mais recente relatório sobre a emigração portuguesa indica que em 2023 vieram viver para Macau 53 cidadãos portugueses, fazendo com que este seja o destino com menos imigração portuguesa

 

Macau foi o destino para onde os portugueses menos emigraram em 2023, de acordo com o mais recente relatório elaborado pelo Observatório da Emigração e Rede Migra, Centro de Investigação e Estudos de Sociologia e pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Os dados do estudo foram divulgados pela Lusa na sexta-feira.

Segundo a mesma fonte, em 2023 passaram a viver em Macau mais 53 cidadãos portugueses. Este é um registo que equivale a praticamente metade dos portugueses que começaram a viver na Austrália, o segundo destino com menor emigração de Portugal em 2023, que registou 91 entradas.

Em 2022, o número de novas entradas em Macau vindas de Portugal, de acordo com o relatório anterior, era de 20, o que significa que o número subiu para mais do dobro. O relatório não aponta o número de imigrantes portugueses que deixaram a RAEM.

Apesar das alterações, o relatório indica que a imigração portuguesa em Macau continua a assumir alguma expressão: “Embora a imigração portuguesa tenha perdido relativa importância ao longo dos anos, o impacto desses fluxos nos países de destino continua a ser expressivo. No Luxemburgo, por exemplo, os portugueses representaram cerca de 13,5 por cento do total de entradas de imigrantes, enquanto em Macau o número foi de 6 por cento e na Suíça 5,2 por cento”, é apontado pelos autores.

Saídas estabilizadas

Em relação à tendência geral da imigração, o estudo aponta que em 2023 deixaram o país cerca de 70 mil portugueses, um número que se manteve estável relativamente ao passado recente. O principal destino foi a Suíça.

“Estima-se que terão saído 70.000 portugueses em 2023, o mesmo número de 2022, continuando assim a recuperação da emigração portuguesa para valores próximos dos anos anteriores à pandemia do covid-19”, lê-se no relatório da Emigração Portuguesa 2024, com dados referentes ao ano anterior.

Segundo o documento, apenas não se verificou uma recuperação total uma vez que a emigração para o Reino Unido caiu mais de 40 por cento, mantendo a trajectória descendente iniciada com o ‘Brexit’ e para França desceu 25 por cento.

Ainda assim, a emigração portuguesa é superior aos níveis pré-covid na maioria dos seus principais destinos. Em 2023, a Suíça voltou a ser o principal país de destino para os portugueses, contabilizando-se 12.652 entradas, seguida por Espanha, com 11.554.

Destacam-se ainda países como França (7.426), Alemanha (6.375), Holanda – agora Países Baixos (4.892), Reino Unido (4.414), Bélgica (3.857) e Luxemburgo (3.638). Seguem-se a Dinamarca (1.818), Moçambique (1.439) e Canadá (1.005).

Com menos de 1.000 entradas aparecem destinos como EUA (890), Áustria (778), Noruega (709), Itália (702), Suécia (688), Brasil (547), Venezuela (532), Irlanda (426) e Angola (381). No fundo da tabela estão a Austrália (91) e Macau (53). Lusa / JSF

4 Ago 2025