João Luz Manchete Sociedade“Mulan” | Tufão não fez estragos, depois de uma manhã com sinal 8 Depois de 6 horas com sinal n.º8 de tempestade de ciclone tropical içado, o Mulan atingiu terra em Zhanjiang, no extremo ocidental de Guangdong. Apesar de pouco ter afectado o território, a intensidade do vento a determinada altura entrou dentro dos parâmetros do sinal n.º8. O Chefe do Executivo destacou a experiência na resposta a eventos meteorológicos O ciclone tropical Mulan levou o Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) a içar o sinal n.º8, que se manteve activo por 6 horas, paralisando a cidade durante a manhã de ontem e levando o Executivo a declarar o estado de prevenção imediata, accionando os mecanismos de protecção civil. De acordo com a agência Xinhua, o tufão chegou a terra na zona costeira do condado de Xuwen, na cidade de Zhanjiang às 10h50, enfraquecendo de intensidade. Passadas pouco mais de três horas, a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) baixou o sinal para n.º3, mantendo o alerta para a possibilidade de “bandas de chuva” e ventos que podiam “atingir o nível 5 – 7 da escala de Beaufort, com rajadas, aguaceiros ocasionais e trovoadas”. Apesar de não ter provocado estragos, o Governo indicou que até às 13h de ontem, foram acolhidas quatro pessoas nos quatro Centros de Acolhimento de Emergência. Sobre a explicação científica para elevar o sinal para n.º8, os SMG esclareceram que foi registado na Ponte da Amizade, durante 10 minutos, ventos com velocidade média que atingiram o limite mínimo de sinal nº8 de tufão. Os SMG indicaram ainda que o centro do Mulan não chegou a um ponto de consolidação suficiente para provocar efeitos severos, daí os períodos de chuva espaçados. Temia-se também a combinação da passagem do ciclone tropical com a influência da maré astronómica, o que levou ao aviso de “Storm Surge” amarelo. Os SMG indicaram ontem que “se a hora da altura máxima da água se tivesse sobreposto à hora da maré astronómica, podiam esperar-se inundações entre 0,5 e 0,6 metros em zonas do Porto Interior”. Como não houve essa sobreposição de fenómenos, a inundação atingiu apenas 0,15 metros no sul do Porto Interior. Chefe no centro Para coordenar os trabalhos de resposta, Ho Iat Seng presidiu ontem à reunião de trabalho no COPC, onde chegou por volta das 07h, indicou o Gabinete de Comunicação Social. Após a apresentação dos relatórios dos membros da estrutura de protecção civil, o líder do Governo “deu mais instruções quanto à prevenção do impacto do ciclone tropical, de inundação, com vista a garantir a segurança da vida e dos bens da população de Macau”. Marcaram presença também o secretário para a Segurança e comandante de Acção Conjunta, Wong Sio Chak, o comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários e coadjuvante de Acção Conjunta, Leong Man Cheong, e o director-geral dos Serviços de Alfândega, Vong Man Chong, entre outros responsáveis. O Chefe do Executivo realçou a passagem do tufão “Chaba” no mês passado, e “as experiências acumuladas no âmbito de resposta a tufões”, e manifestou “agradecimentos a todos os trabalhadores dos serviços públicos”. Cidade adormecida Ao abrigo dos trabalhos de prevenção e do storm surge” de grau amarelo associado ao ciclone tropical “Mulan”, sob a coordenação da Direcção dos Serviços de Assuntos de Tráfego, foram encerrados nove auto-silos situados nas zonas baixas. O Instituto de Acção Social abriu quatro centros de abrigo, onde acolheu um total de quatro pessoas durante a passagem da tempestade tropical. No que respeita ao trânsito, as três pontes que fazem ligação entre Macau e Taipa e a Ponte da Flor de Lótus foram encerradas pelas 08h30, tendo o tabuleiro inferior da Ponte Sai Van sido aberto ao público pelas 08h. Quanto à migração, após a negociação com as autoridades fronteiriças de Zhuhai, o posto fronteiriço da Ilha de Hengqin suspendeu o funcionamento pelas 08h10m. O COPC registou um total de 2 incidentes relacionados com queda de rebocos e de outros objectos com risco de queda, que não provocaram ferimentos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeDesinfecção de bagagens no aeroporto danifica bens de residentes Duas residentes que regressaram a Macau nos últimos dias queixam-se de terem ficado com a roupa danificada devido ao produto usado pelas autoridades para desinfectar as bagagens à chegada ao Aeroporto Internacional de Macau, que aparenta conter lixívia. Já a realizar a quarentena obrigatória, as duas residentes não quiseram dar o nome, mas asseguram que pretendem avançar para uma queixa colectiva sobre o assunto, a apresentar junto do centro de coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus. “Estamos a pensar apresentar uma queixa, mas onde? Falei com outras pessoas e talvez possamos enviar uma queixa para o centro de coordenação de contingência, pois as normas devem vir daí. Neste momento, estamos a tentar perceber o número de pessoas com este problema para apresentarmos uma queixa conjunta, no mesmo dia. Não se trata de um caso isolado. Sabemos de três pessoas, mas o nosso voo trazia cerca de 80 a 90 pessoas”, contou uma das residentes contactada pelo HM, que ficou com parte da roupa dos filhos com manchas brancas do que aparenta ser lixívia. “Abrimos no quarto uma mala que tinha coisas já preparadas para a quarentena. Quando outras pessoas me disseram que tinham coisas estragadas, vi que a roupa que estava junto ao fecho ficou completamente inutilizada. A lixívia entrou pelo fecho. As malas com plástico não tinham nada estragado. No meu caso são as roupas já usadas, das crianças, mas mesmo assim… Como é que um vírus sobrevive a uma viagem destas? É um passo completamente ultrapassado”, apontou. Roupas novas no lixo Uma outra residente contactada pelo HM trazia na bagagem roupas completamente novas, ainda com etiqueta, que vão agora para o lixo. “A roupa que estava junto ao fecho da mala ficou estragada. Algumas peças de roupa eram novas, não muito caras, mas muitas delas usadas.” A residente abriu a mala ainda no aeroporto e quis apresentar queixa, mas foi-lhe dito para contactar as companhias aéreas que operaram os voos até Macau. “Um funcionário não sabia responder e um superior disse-me que eu tinha de falar com as companhias aéreas. Disse que não, porque todos nós vimos as malas a serem desinfectadas quando estávamos dentro do avião à espera. Não é uma prática que ocorra noutro local do mundo. Não me deram a indicação da entidade para onde deveria reclamar. Mas a ideia é reclamar, porque isto não pode ser.” A residente recorda “um cheiro intenso” quando abriu a mala, semelhante ao cheiro de “uma casa de banho que é desinfectada com lixívia e na qual se entra uns minutos depois”. Além disso, a residente não deixa de criticar um passo que considera completamente obsoleto. “Felizmente, que na mala maior não tive estragos. Não há nada que garanta que o vírus sobrevive tanto tempo numa mala despachada em Lisboa, depois de todas estas viagens. E depois a desinfecção com recurso à lixívia é obsoleto. Querem mostrar que nós é que transportamos o vírus?”, questiona. Inúmeros estudos científicos têm demonstrado a baixíssima probabilidade de um objecto reter vestígios de covid-19 com carga viral suficiente para contaminar um ser humano. O novo tipo de coronavírus “precisa de um hospedeiro animal ou humano para se multiplicar”, indica a Organização Mundial de Saúde na sua página de internet.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Autoridades anunciam caso importado de Hong Kong e fecham prédio O novo caso envolve um tripulante local de um cargueiro que faz o transporte de mercadorias entre Hong Kong e Macau e levou ao isolamento de um edifício no Porto Interior. Também ontem, as autoridades de Zhuhai anunciaram mais um caso importado com origem na RAEM O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou ontem um caso importado a circular pela comunidade, e procedeu ao encerramento do Edifício Mayfair Court, na Rua de Francisco António, perto do Porto Interior. A revelação foi feita por volta das 10h30 e implica um tripulante de um cargueiro de Hong Kong e Macau. “No dia 10 de Julho (quarta-feira), um residente de Macau, com 73 anos, tripulante de cargueiro de Hong Kong e Macau, que trabalhou entre os dias 7 a 9 de Agosto, foi detectado como caso positivo no teste de ácido nucleico”, foi revelado. “Os testes de ácido nucleico realizados entre os dias de 4 a 8 de Agosto deram resultados negativos; também foi realizado o teste na noite de 9 de Agosto, e no início da manhã de 10 de Agosto, o resultado foi confirmado como positivo, daí ter sido preliminarmente considerado como caso importado de infecção”, foi acrescentado. Após o caso ter sido detectado, as autoridades procederam ao isolamento do prédio. Ainda de acordo com as autoridades, “os coabitantes deste paciente e os seus colegas no mesmo navio foram enviados para realização de teste de ácido nucleico” e ficaram “sujeitos a observação médica em quarentena”. Casa, trabalho e testes Com a revelação do caso, as autoridades publicaram igualmente o “percurso” do trabalhador de 73 anos. A prática tinha sido interrompida durante o surto mais recente, depois de várias polémicas e suspeitas de protecção a certos indivíduos, mas com a redução do número de casos voltou a ser aplicada. Segundo a informação das autoridades, além de circular entre casa e o trabalho, no Terminal Marítimo do Porto Interior, o homem apanhou os autocarros n.º 6B, n.º 2 e ainda o autocarro n.º6, para se deslocar entre os postos de testes, no Centro Hospitalar Conde São Januário, e o cargueiro onde trabalha. Além disso, na manhã de 7 de Agosto terá ainda “tomado chá” num restaurante chinês situado na Praça de Ponte e Horta. A identidade do estabelecimento não foi revelada. Testes na zona alvo Além do isolamento, e uma vez que “existe uma probabilidade de transmissão comunitária, segundo os Serviços de Saúde, foi declarada a realização de dois testes de ácido nucleico em três dias para as pessoas que vivem ou trabalham “nos terminais marítimos do Porto Interior até às zonas periféricas da Praça de Ponte e Horta. As ruas abrangidas são: Praça de Ponte e Horta, Rua do Almirante Sérgio, Rua do Dr. Lourenço Pereira Marques, Travessa do Sal, Rua de João Lecaros, Rua dos Armazéns, Rua do Barão, Calçada da Feitoria, Rua da Prainha, Calçada de Francisco António, Rua do Seminário, Rua de Ponte e Horta. Os testes destinam-se a quem tenha estado 30 minutos, ou mais, nessas zonas a partir de 7 de Agosto. O primeiro dos dois testes foi agendado logo para ontem e tinha de ficar concluído até ao início do dia de hoje. O segundo teste tem de ser realizado durante o dia de hoje, e com um intervalo de 24 horas para o primeiro teste. Caso os testes não sejam realizados, o código de saúde é convertido na cor amarela, o que acontecerá no sábado. Caso em Zhuhai Se, por um lado, Macau revelou a existência de um caso importado de Hong Kong, por outro, também as autoridades de Zhuhai apontaram a RAEM como a origem de um caso importado. De acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde Municipais de Zhuhai, o caso importado de Macau diz respeito a uma mulher com 21 anos, que trabalha na RAEM e vive no Edifício Dingfu, na Estrada de Gongbei, Distrito de Xiangzhou, em Zhuhai. O alegado caso com origem em Macau foi detectado durante um teste, depois de testes anteriores, realizados nos dias 4, 6 e 7 de Agosto, terem acusado negativo. Contudo, o resultado da amostra de 9 de Agosto foi positivo, e a mulher foi imediatamente internada estando actualmente em isolamento, onde vai permanecer até receber tratamento. Ao contrário do caso exportado de Macau para Zhuhai no domingo, que levou à realização de testes em massa e confinamento de edifícios na Areia Preta e na Taipa, desta vez a resposta foi diferente. Até ao fecho da edição do HM, os Serviços de Saúde de Macau ainda não tinham reagido ao caso, a julgar pelos comunicados em língua portuguesa. Esta postura poderá ter em conta que desde o dia 7 de Agosto a mulher estava em Zhuhai, não tendo entrado em Macau.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGrupo que fingia facilitar créditos defraudou empresários em mais de meio milhão Quatro suspeitos foram detidos no domingo quando se preparavam para repetir uma burla que já teria rendido mais de 500 mil dólares de Hong Kong. O modus operandi do grupo passava por atrair empresários do Interior com a perspectiva de empréstimos de centenas de milhões. Os suspeitos foram encaminhados para o Ministério Público A Polícia Judiciária revelou ontem ter desmantelado uma rede criminosa que se dedicava a defraudar empresários do Interior. A investigação policial levou à detenção de quatro elementos na zona do ZAPE, na península de Macau, um residente de Hong Kong e três pessoas oriundas do Interior da China. Segundo as autoridades, foram defraudadas, pelo menos, duas vítimas num valor superior a 500 mil dólares de Hong Kong (HKD). Os suspeitos, três homens e uma mulher, com idades entre 56 anos e 63 anos, faziam-se passar por profissionais do sector da banca em Hong Kong e Macau para aliciar as vítimas. O chamariz para atrair empresários do Interior era a promessa de acesso a créditos que poderiam chegar aos 200 milhões de HKD para financiar as suas empresas. Porém, para obter crédito as vítimas teriam de abrir uma conta bancária e depositar uma quantia elevada. Segundo o jornal Ou Mun, a polícia terá apurado que foi exigido o depósito de 2.4 milhões de yuans como condição para garantir o empréstimo. O crédito acabaria por ser concedido através de um cheque sem cobertura. Rol de crimes Parte do esquema passava por convencer as vítimas de que teriam acesso a crédito na banca de Hong Kong em instituições com elevada reputação. Porém, devido à pandemia, os empréstimos seriam concedidos por bancos de Macau. O grupo de suspeitos foi detido num quarto de hotel quando se preparava para burlar outra vítima, que terá sido avisada pelas autoridades do esquema que estava a ser montado para o defraudar. Os detidos são suspeitos da prática dos crimes de burla de valor elevado (pena de prisão até 5 anos ou pena de multa até 600 dias), falsificação de documentos de especial valor (pena de prisão de 1 a 5 anos) e crime de associação criminosa (pena de prisão de 3 a 10 anos). Os suspeitos foram ontem encaminhados para o Ministério Público.
João Santos Filipe Manchete SociedadeHabitação | Wong Kit Cheng denuncia dificuldades no pagamento de rendas Com o adensar da crise económica, o peso das rendas no orçamento familiar e a impossibilidade de comprar casas, Wong Kit Cheng afirma ter recebido várias queixas de residentes descontentes com o cancelamento do plano para construir habitação económica na Avenida Wai Long Wong Kit Cheng, deputada ligada à Associação Geral das Mulheres, está preocupada com o plano do Governo de desistir da construção de habitação económica na Avenida Wai Long, na Taipa. As dúvidas foram reveladas num comunicado, em que a legisladora fala de uma situação em que as famílias não conseguem respirar. Segundo a deputada, com a crise económica a prolongar-se há mais de dois anos e meio “cada vez mais famílias enfrentam uma enorme pressão financeira”. Motivo pelo qual, as queixas relativas ao acesso à habitação terem aumentado no gabinete de deputada. Ao mesmo tempo, face a situações de layoff intermináveis, vários meses sem terem ordenado estável, e sem expectativas de verem a situação melhorar nos próximos tempos, os preços das rendas no mercado privado são cada vez mais um problema. “O pagamento das rendas não deixa as famílias respirar”, vincou Wong Kit Cheng. “Os residentes esperam que os preços no mercado privado sejam ajustados de forma racional, criando oportunidades para as famílias com necessidades”, acrescentou. Apesar de desejar que o acesso à habitação seja um direito dos residentes, Wong admite que a situação é muito diferente. “Segundo as estatísticas oficiais, os preços das casas em Macau caíram muito pouco desde o início da pandemia, e as notícias do aumento das taxas de juros, que devem voltar a subir no terceiro trimestre deste ano, vai tornar a compra de habitação cada vez menos acessível”, sustentou. Caminho sem alternativa Após a realização de um estudo, com o custo de 16 milhões de patacas, sobre o tipo de habitação pública a ser construído na Avenida Wai Long, o Executivo suspendeu o projecto de construção económica. Este tipo de habitação é vendido ao preço do custo de construção. No ano passado, a medida do Governo colhia apoio entre alguns deputados, que consideravam ser mais importante desenvolver habitação intermédia, também conhecida como habitação para a classe sanduíche. Este é um novo tipo de habitação pública a pensar nas famílias com rendimentos superiores aos que permitem aceder à habitação económica, mas que não têm capacidade para adquirir habitação no mercado privado. Agora, Wong Kit Cheng vem pedir ao Governo que clarifique o que pretende fazer com o terreno e avisa que as classes desfavorecidas vão estar muito atentas ao destino atribuído ao terreno que inicialmente ia servir para a construção de 8 mil fracções habitacionais.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaGoverno afasta atribuição de apoios financeiros a TNR O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, afastou ontem a possibilidade de o Governo vir a disponibilizar um apoio financeiro aos trabalhadores não residentes (TNR) no contexto da pandemia. A sugestão de atribuir três mil patacas em cartão de consumo aos TNR, e também em dinheiro, com a criação de um subsídio universal, partiu da Associação Comercial de Macau, uma das mais tradicionais e influentes do território, mas nem isso faz o Executivo mudar de posição. “Quanto às opiniões das associações, essa não é a política do Governo, mas vamos continuar a analisá-las”, começou por dizer Ho Iat Seng na sessão plenária destinada a responder às questões dos deputados. “A política dos TNR difere daquela que apresentamos a 16 de Julho. Cada associação ou pessoas podem apresentar as suas opiniões. O Governo vai ouvi-las, mas não podemos aceitá-las todas.” Sem absoluta igualdade O deputado José Pereira Coutinho foi um dos que abordou a questão, ao alertar para casos em que pessoas pedem dinheiro na rua. “Há sempre grupos mais desfavorecidos. Porquê esta reacção à política das três mil patacas a atribuir aos TNR? Há idosos acamados que gastam cerca de mil patacas em fraldas, há muitas necessidades”, exemplificou. Ho Iat Seng pediu ao deputado para “não induzir as pessoas em erro ou misturar as coisas”. “O apoio de três mil patacas é sugerido pelas associações e, da nossa parte, limitamo-nos a recolher as opiniões. Mas será que há uma igualdade absoluta? Não. Este é o terceiro ano em que fazemos a mesma coisa [atribuir apoios económicos]. Sabemos as dificuldades que as camadas mais baixas da população sofrem e podem sempre deslocar-se ao Instituto de Acção Social. O deputado pode ir com esses residentes ao IAS para pedir apoios”, rematou o Chefe do Executivo. Muitos deputados questionaram ainda quando é que a segunda ronda de apoios financeiros, no valor de 10 mil milhões de patacas, vai começar a chegar aos bolsos dos residentes, tendo Ho Iat Seng pedido mais tempo, garantindo que depois do dia 17 deste mês serão conhecidos mais detalhes. “Peço que nos dêem algum tempo. O secretário [para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, disse que ia analisar o quanto antes, e só depois de autorizar a primeira verba [de 10 mil milhões de patacas] é que iremos analisar a segunda. A AL vai entrar de férias e temos de fazer isso em primeiro lugar. Só depois da aprovação do Orçamento é que poderemos aprovar os nossos trabalhos”, rematou. Ho Iat Seng deixou claro que estes apoios serão atribuídos apenas a quem tem BIR.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaDesemprego | Governo promete regular postos de trabalho com redução do jogo Ho Iat Seng foi ontem ao hemiciclo dizer que o Governo está a ser “activo” na resolução do desemprego, mas não avançou detalhes sobre a forma como serão mantidos postos de trabalho com o novo concurso para as licenças do jogo. A palavra de ordem é a transição para os elementos não jogo e para a criação de novas indústrias As autoridades querem reduzir o peso do jogo na economia, mas Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, não conseguiu ontem explicar, com detalhes, aos deputados, como é que serão garantidos os postos de trabalho nesta fase de transição, sobretudo tendo em conta o novo concurso público para a atribuição de licenças de jogo. O futuro passará, sem dúvida, pela maior aposta nos elementos não jogo e por uma diversificação de indústrias, tendo sido dados os exemplos das áreas da ciência, saúde e inteligência artificial, entre outras. “Com o novo concurso esperamos ter uma via de desenvolvimento para Macau e as novas concessionárias poderão trabalhar nas áreas não jogo. Quer em termos de lei e dos contratos vamos regular a questão dos postos de trabalho”, frisou. Ho Iat Seng fez um exercício de memória sobre os tempos áureos do sector do jogo, entre 2013 e 2014, quando os casinos registaram os melhores números de sempre em matéria de receitas, para lembrar que a linha política actual não deverá seguir esse rumo. “Esperamos que haja um equilíbrio para o desenvolvimento dos sectores económicos. Tínhamos em 2013 e 2014 [melhores resultados do jogo], mas não era uma situação saudável. Queremos que as associações do sector industrial possam ver as áreas económicas que possam ser desenvolvidas e os sectores com maior potencial, mas temos de esperar pelos estudos. O sector do jogo já é fixo, mas o essencial é que haja uma maior optimização.” Assumindo que “a pandemia é uma incógnita”, pois um novo surto “pode aparecer de repente”, há que manter “aquilo que mantemos” em termos sócio-económicos. “Estamos a trabalhar arduamente para atrair mais turistas. Este é o nosso primeiro passo, pois ainda não atingimos os objectivos da diversificação económica e temos de a manter com aquilo que temos”, apontou o Chefe do Executivo. Retirar TNR? Relativamente ao desemprego, que regista actualmente uma taxa de 4,8 por cento, o Governo “diz estar muito activo na resolução do problema”. “Cada um por cento representa três mil pessoas, portanto com quase cinco por cento temos 15 mil pessoas no desemprego. Temos oito mil desempregados registados na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e pedimos aos residentes que não tenham trabalho que se registem, para que possamos fazer os nossos trabalhos de apoio. Esperamos que as empresas possam disponibilizar cinco mil postos de trabalho para a construção de habitação pública”, exemplificou. Muitos deputados, incluindo Ella Lei e Leong Sun Iok, falaram da necessidade de garantir empregos para residentes. Ho Iat Seng disse que essa ideia está sempre em cima da mesa, mas que haverá locais que não querem fazer determinados trabalhos. “Vamos cancelar [todas as quotas] para trabalhadores não residentes (TNR) e resolver a elevada taxa de desemprego? Claro que sim, porque o número de TNR é muito maior, mas será que os desempregados podem fazer o mesmo trabalho que os TNR fazem? Teremos de pensar”, declarou. O Chefe do Executivo disse que já houve uma redução de 34 mil TNR nas áreas da hotelaria e restauração, incluindo a construção civil. Hemiciclo | Dia de todos os agradecimentos Ho Iat Seng aproveitou ontem a ida à Assembleia Legislativa para agradecer a todos os intervenientes, desde funcionários públicos, a voluntários e aos trabalhadores em circuito fechado, entre outros, sobre o trabalho desenvolvido durante o último surto de covid-19. Foram ainda deixadas condolências pelo falecimento de seis idosos por complicações de saúde originadas pela covid-19. “Agradeço a toda a população [sobre a postura] durante a última vaga pandémica, mas também aos médicos e a todos os que participaram nos trabalhos de prevenção e combate. Agradeço ainda aos trabalhadores dos lares pelo esforço feito por não poderem ir a casa. Houve seis mortes devido à pandemia e lamento esta situação”, disse. FSS | Nem tudo vem do jogo, diz CE O Chefe do Executivo comentou ainda o estado das finanças do Fundo de Segurança Social (FSS), tendo garantido que nem sempre o sector do jogo é o grande financiador do Governo. “35,5 por cento do dinheiro injectado (no FSS) vem do jogo, mas o dinheiro injectado pelo Governo representa 64,5 por cento, pelo que a fatia principal das receitas do FSS não provém do sector do jogo. Não podemos dizer que tudo vem do jogo”, adiantou. Balanço | Três anos de problemas O líder do Governo declarou ser difícil fazer previsões sobre a economia ou o evoluir da pandemia. “Estou no cargo há três anos e tenho enfrentado diversos trabalhos por causa da pandemia. Sempre pensámos que iríamos ter melhores planos para o período do Verão, mas com a pandemia não foi possível. Tivemos sempre problemas nos períodos dourados [de viagens e férias prolongadas], e em Outubro foi quando sofremos mais. A nível mundial também [há dificuldades], com a guerra [da Ucrânia]. Este ano é difícil fazemos previsões”, apontou.
João Luz Manchete SociedadeIAS | Associações criticam decisão “apressada” de fechar serviços Uma associação de familiares de portadores de deficiência, e um responsável por creches geridas pelos Kaifong criticaram a forma repentina como foram encerrados ontem todos os equipamentos sociais subsidiados. Ron Lam destacou a falta de base científica da decisão e lembrou que instalações desportivas e restaurantes estiveram abertos Sem tempo para reagir. Esta foi a forma geral como a Associação dos Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau encarou a decisão anunciada na segunda-feira pelo Instituto de Acção Social de encerrar todos os equipamentos sociais subsidiados durante o dia de ontem, incluindo creches, serviços de cuidados especiais diurnos para idosos e serviços de apoio vocacional para as pessoas deficientes. O secretário-geral da Associação dos Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau, Im Ka Wai, revelou ao jornal Ou Mun que se viu obrigado a suspender os centros que prestam apoio a portadores de deficiência e que foram afectados cerca de 40 utentes. Im Ka Wai afirmou que mal soube da suspensão, informou os cuidadores e foram disponibilizados serviços online, sem especificar de que natureza. O responsável frisou que embora tenham ficado desapontados, os pais ou cuidadores mostraram compreensão perante a necessidade de encerrar. Apesar da decisão repentina, o dirigente associativo indicou que as instalações geridas pela associação estavam ontem prontas para abrir, como previsto, para o período de normalização, após desinfecção profunda e coordenação com os trabalhadores que iriam sair da gestão de circuito fechado. Face à questão se considera proporcional fechar todos os serviços quando se verificar um caso positivo, o responsável defendeu a implementação de medidas de prevenção rigorosas, devido “à imunidade fraca dos portadores de deficiência”. Porém, indicou que a descoberta de um caso não é suficiente para justificar a manutenção da gestão de circuito fechado e obrigar os funcionários a permanecerem no local de trabalho. Por seu turno, a vice-director-geral dos serviços sociais da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Cheong Un Si, apontou que as creches geridas pela associação disponibilizaram desde o período de estabilização, que começou a 2 de Agosto, apenas 50 por cento das vagas. Segundo a estimativa da responsável, 108 crianças foram afectadas pela suspensão de ontem. Devido à notificação repentina, Cheong Un Si afirmou que algumas famílias se queixaram de falta de tempo para encontrar quem tomasse conta dos filhos durante o seu horário de trabalho. Pouca ciência O encerramento dos serviços sociais levou o deputado Ron Lam a enviar ontem uma carta para o IAS a questionar os motivos científicos que justificaram a medida, assim como a apelar ao Governo para não tomar decisões precipitadas que deixem a população desprevenida. Além disso, o deputado destacou a falta de sentido nas políticas de prevenção da pandemia por se encerrarem serviços sociais e manter funcionários em regime de circuito fechado, enquanto se permite a abertura de instalações desportivas e restaurantes com serviço de mesa. O IAS anunciou ontem que entre hoje e a próxima segunda-feira “os equipamentos sociais diurnos e subsidiados retomarão gradualmente o seu funcionamento”. Porém, na fase inicial, vão continuar suspensas as actividades que envolvam aglomeração de pessoas e manter limitado “o número de participantes nos grupos de serviços essenciais”. Os trabalhadores das creches, centros de apoio, lares de idosos e demais instalações subsidiadas de serviço social vão deixar de ser obrigados a realizar testes (antigénio e ácido nucleico) antes de entrarem nas instalações. Além disso, a partir de hoje, vão ser “levantadas todas as medidas de gestão em circuito fechado aplicadas a 11 lares de reabilitação e a um lar de tratamento de desintoxicação”, indicou o IAS, acrescentando que “a partir de 15 de Agosto, serão levantadas todas as medidas de gestão em circuito fechado actualmente vigentes em 24 lares de idosos” e serão permitidas visitas.
Hoje Macau Manchete SociedadeSurtos por contacto com produtos importados altamente improvável, diz virologista O virologista Celso Cunha, do Instituto de Medicina e Higiene Tropical (IMHT), considera que a probabilidade dos surtos de covid-19 em Macau terem origem em alimentos contaminados é “extremamente baixa” e tem mais motivos políticos que científicos. “Não temos nenhuma evidência de que o vírus se possa transmitir através da ingestão de alimentos”, disse o investigador, comentando a atribuição do surto de covid-19 em Macau a “objetos ou produtos vindos do estrangeiro”, avançada pelo Governo. No passado mês de julho, Macau suspendeu, inicialmente durante uma semana, a importação de mangas de Taiwan, após ter detetado vestígios do novo coronavírus, responsável pela covid-19, no exterior de uma embalagem. “A probabilidade de ficar infetado dessa maneira é extremamente baixa. Não é zero, porque não há probabilidades zero”, afirmou o cientista. E acrescentou: “É uma questão política das autoridades de Macau, por um lado, a quererem ficar bem perante as autoridades do continente, e a quererem culpar Taiwan”. “A situação em Macau parece estar a ficar um pouco descontrolada e a população está a ficar descontente. É muito mais fácil arranjar um inimigo externo do que estar a assumir a culpa e Taiwan é, atualmente, o inimigo público número um da China”, disse. O virologista esclarece que, efetivamente, “uma ou outra [manga] poderiam estar com partículas virais infecciosas, mas a probabilidade de ter vindo daí [o surto] é extremamente baixa”. E recordou que “o cuidado que se tem que ter com a fruta é lavá-la bem e descascá-la”. Sobre a situação em Macau, reconhece que, “estando a população chinesa e a de Macau vacinada, como está, com vacinas chinesas, mas está, não há motivo para aquela quantidade de pessoas infetadas que têm agora”. Mas lembra que os chineses foram vacinados com as vacinas que eles próprios aprovaram, uma delas aprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas mesmo essa com uma proteção não tão elevada como as da Pfizer, Moderna e Astrazeneca. “Em termos práticos, o governo de Macau vai continuar a agir mediante as diretivas que recebe. Se disserem que são mangas são mangas, se são bananas, são bananas, se for peixe-galo é peixe-galo”. E concluiu: “Já temos informação mais que suficiente para dizer que isso que está a ser veiculado, muito provavelmente não corresponde à realidade”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSMG | Sinal 8 deverá ser içado entre o fim da tarde de hoje e a noite Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) consideram “moderada a relativamente alta” a possibilidade de vir a içar o sinal 8 de tempestade tropical entre a fim da tarde de hoje e o período da noite. O sinal 3 foi içado às 11h30. Segundo uma nota de imprensa, o ciclone tropical localizado na parte central do Mar do Sul da China “continua a mover-se para as regiões entre a costa oeste de Guangdong e a Ilha de Hainan”. “Se o sistema adoptar uma trajectória mais para norte e mais próximo de Macau ou se intensificar perto da costa, esta Direcção vai emitir o sinal 8 de tempestade tropical, de acordo com as condições atmosféricas”, lê-se ainda. Uma vez que o ciclone tropical traz consigo chuvas fortes, espera-se que o tempo em Macau seja instável nas próximas horas, com o vento a intensificar-se entre hoje e amanhã, podendo atingir os níveis 6 ou 7, “ocasionalmente 8”, na escala de Beaufort. Poderão ocorrer “aguaceiros fortes e trovoadas”. O aviso de “Storm Surge” azul foi emitido hoje às 14h. Devido à influência da maré astronómica combinada com o “Storm Surge” e com a chuva contínua, amanhã e quinta-feira, entre a madrugada e a manhã, espera-se que possam ocorrer inundações em zonas baixas e no Porto Interior, apontam os SMG.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteGP: Campeonato da China GT avança para o lugar da Taça do Mundo Aproveitando a ausência da Taça do Mundo de GT da FIA pelo terceiro ano consecutivo, o Campeonato da China de GT anunciou na passada quinta-feira que a sua prova de encerramento da temporada será no Circuito da Guia, dentro do programa do 69º Grande Prémio de Macau. No final de Junho, a Comissão de GT da FIA, após a reunião no Place de la Concorde, em França, deliberou que não faria a sua Taça do Mundo na RAEM, alegando os mesmos motivos da Taça do Mundo de Carros de Turismo e da Taça do Mundo de Fórmula 3. “Devido às actuais restrições de quarentenas Covid-19 e aos desafios logísticos associados na Ásia, a Taça do Mundo de GT da FIA, tradicionalmente realizada no Circuito Guia em Macau, não terá lugar este ano”, podia ler-se no comunicado. O Campeonato da China de GT visitou o Circuito da Guia em 2020, estando previsto voltar a fazê-lo em 2021, o que não aconteceu, por razões que não foram do domínio público. Contudo, a competição que arranca no próximo fim-de-semana em Ningbo, e é composta por cinco eventos, anunciou que no fim-de-semana de 19 e 20 de Novembro vai estar novamente entre nós. Numa comunicação, publicada na conta oficial do campeonato na rede social WeChat, a organização da competição para viaturas das categorias FIA GT3 e GT4 explica que “os carros do Campeonato da China de GT visitaram o Circuito Guia na época de 2020. O Grande Prémio de Macau é um evento de renome mundial que começou em 1954, com campeões mundiais como Ayrton Senna, Michael Schumacher e Lewis Hamilton a competirem no evento, e é significativo que o Campeonato da China de GT se esteja a juntar à corrida de Macau pela primeira vez como evento autónomo.” Com as suas origens anteriores à própria Taça do Mundo da FIA, que foi realizada no Circuito da Guia por cinco ocasiões, a Taça GT Macau tem sido organizada no programa do Grande Prémio de Macau desde 2008. A edição do ano passado ficou marcada pelo triunfo dramático de Darryl O’Young (Mercedes AMG GT3). De acordo com a mesma publicação, “a prova exige que apenas equipas e pilotos registados para a temporada 2022 (do Campeonato da China de GT) sejam elegíveis para participar na corrida de GT de Macau” e o fabricante de pneus francês Michelin, através da sua filial chinesa, será o fornecedor exclusivo de pneus. Apeado pelo confinamento Esperava-se que Charles Leong Hon Chio, o vencedor das duas últimas edições do Grande Prémio de Macau de Fórmula 4, fizesse a sua estreia nas provas de GT no passado fim-de-semana, algo que não veio a acontecer. Depois do teste satisfatório que tinha feito com a equipa chinesa Harmony Racing, o jovem piloto de Macau não foi chamado a conduzir o Ferrari 488 GT3 na prova do Campeonato de Endurance da China (CEC) este fim-de-semana no circuito permanente da cidade de Liampó. Segundo o que o HM apurou, devido ao confinamento de Macau, Charles Leong não conseguiu confirmar atempadamente a sua presença na corrida, tendo a Harmony Racing recorrido a outro piloto. No entanto, Charles Leong esteve presente no Ningbo SpeedPark International, junto da equipa YC Racing, ajudando um dos pilotos amadores da equipa. A formação no norte da China tem vários carros da categoria GT3, das marcas Audi e Porsche. Aproveitando a presença em Ningbo, no dia de ontem, Charles Leong testou novamente um dos Ferrari da Harmony Racing, o que deixa antevê que a equipa do empresário-piloto David Chen ainda é uma possibilidade para o jovem piloto de Macau que procura uma alternativa aos monolugares para prosseguir a sua carreira no automobilismo.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTNR | Apoio de 3.000 patacas é “alívio” para empregadas domésticas sobreviverem A União Progressista dos Trabalhadores Domésticos considera que, a concretizar-se, o apoio de 3.000 patacas em cartão de consumo sugerido pela Associação Comercial será um “alívio” para os não-residentes que estão a “sofrer para sobreviver”. Pereira Coutinho defende que deve ser dada prioridade a residentes e que cabe às grandes empresas apoiar os TNR A presidente da União Progressista dos Trabalhadores Domésticos de Macau, Jassy Santos, revelou que o apoio de 3.000 patacas sugerido ao Governo pela Associação Comercial de Macau poderá contribuir de forma decisiva para a sobrevivência das empregadas domésticas e de outros trabalhadores não-residentes (TNR), fortemente afectados pelo impacto prolongado da pandemia e do último surto de covid-19. Isto, tendo em conta que, com a imposição do confinamento parcial e outras restrições, muitos trabalhadores, incluindo empregadas domésticas, ficaram impedidas de trabalhar, tendo sido obrigadas a lutar para sobreviver, depois de perderam o salário. “[Este subsídio] é muito importante para nós. Há muitos TNR que não tiveram qualquer salário ou fonte de rendimento nos últimos meses (…) e que agora se deparam com o problema de não ter capacidade para pagar a renda ou as contas”, começou por explicar ao HM. Recorde-se que na passada sexta-feira, a Associação Comercial de Macau defendeu a atribuição de um subsídio universal em dinheiro aos residentes de Macau, mas também de cartões de consumo a trabalhadores não-residentes, no valor de 3.000 patacas. “Reconhecemos o esforço desta associação, que vai insistir com o Governo na atribuição das 3.000 patacas para os não-residentes e espero que o Governo oiça. A concretizar-se, este alívio significa que não teremos de sofrer tanto para sobreviver. Seria uma ajuda enorme para os não-residentes”, acrescentou Jassy Santos. Segundo a responsável, desde o início do último surto, a associação que lidera já recebeu cerca de 350 pedido de ajuda alimentar de TNR que estão a passar fome e receiam ser despejados pelos senhorios por não terem capacidade de pagar rendas. A resposta que tem sido dada pela associação passa pela distribuição de comida ou cupões de 400 patacas providenciados pelo Consulado Geral das Filipinas em Macau. No entanto, “esta ajuda não serve para pagar a renda e as contas”, lembra Jassy Santos. “Nos últimos tempos, temos distribuído comida diariamente. Ouvimos muitos não-residentes que nos perguntam como irão sobreviver na próxima semana, pois estamos a falar de pessoas que ficaram sem dinheiro para pagar a casa onde moram”, apontou. Debate aceso A proposta da Associação Comercial de Macau que inclui, entre outras, a atribuição de 3.000 patacas aos TNR, tem suscitado tomadas de posição provenientes de várias franjas sociais. Exemplo disso, é facto de o deputado José Pereira Coutinho se ter mostrado “muito surpreendido” com a sugestão. Sobretudo, quando o presidente da direcção da Associação Comercial de Macau, Frederico Ma, é também membro do Conselho Executivo e a taxa de desemprego dos residentes continua a subir. “Estamos a viver uma situação muito difícil em Macau e esta forma ‘ridícula’ de distribuir dinheiro só vai intensificar o surgimento de conflitos sociais”, escreveu o deputado numa publicação do Facebook. Questionado pelo HM, Pereira Coutinho diz estar “mais preocupado” com as pessoas que nasceram e viveram toda a vida em Macau e que, antes de começar a dar dinheiro, o Governo deve exigir às empresas, especialmente as de grande envergadura, que assumam a sua quota parte de responsabilidade social, colocando do seu lado a obrigação de apoiar os TNR. “Há empresas de Macau que empregam milhares de não-residentes. Essas empresas, que têm tantos lucros, devido à exploração destes TNR e pagam salários abaixo da qualidade de vida de Macau, têm a responsabilidade social de, pelo menos, repartir um pouco dos lucros, através do pagamento de 3.000 patacas aos TNR”, começou por dizer. “O Governo de Macau tem a grande e importante responsabilidade de apoiar os residentes de Macau que, até hoje, não receberam um avo dos apoios que o Governo tem dado. Falo em nome dos desempregados há mais de três anos, dos recém-licenciados que não conseguem entrar no mercado de trabalho, das domésticas que acumulam as funções de cuidadores informais (…), idosos acamados e famílias monoparentais com empréstimos por pagar”, acrescentou. Sem fazer referência às empregadas domésticas ou funcionários não-residentes que prestam serviços em PME, o deputado considera que o Governo deve obrigar as empresas que “ganharam muito”, como os bancos, as seguradoras e as financeiras, a “assumir a sua responsabilidade social”, apoiando esses trabalhadores com subsídios. “Porque é que o Governo não implementa moratórias de um ano para aliviar a vida das pessoas? Porque é que não são os bancos, que também empregam TNR, a dar essas 3.000 patacas?”, questionou o deputado. “Como deputado de Macau, estou muito preocupado com o fosso entre ricos e pobres, com os números dos suicídios nos primeiros seis meses do ano. Estou mais preocupado com isso (…) e com as pessoas que nasceram e viveram toda a sua vida em Macau. É essa a minha responsabilidade”, rematou. Residentes primeiro Perante as ondas de choque, outro dos responsáveis da Associação Comercial de Macau, Chui Sai Cheong, defendeu o apoio aos TNR, mas lembra que o documento apresentado ao Governo aponta, ao todo, 20 sugestões, onde consta, prioritariamente, uma medida de apoio a todos os residentes locais. “A proposta de 20 tópicos que apresentámos ao Governo, resulta da recolha de opiniões de diferentes sectores e organizações empresariais. Claro que há diferentes opiniões em relação ao apoio de 3.000 patacas em cartão de consumo para os TNR. No entanto, devo frisar que o primeiro ponto do nosso documento é um subsídio universal em dinheiro destinado a todos os residentes de Macau. Este é o ponto mais crucial”, começou por apontar o também deputado, Chui Sai Cheong, segundo o canal em língua inglesa da TDM. “Desde a transferência de soberania, temos transmitido as nossas opiniões ao Governo sobre questões relacionadas com os sectores comercial e industrial, bem como outros tópicos de governação. Claro que esperamos que o Governo siga os nossos conselhos, mas, ao mesmo tempo, o Governo também tem autonomia para ouvir outras opiniões (…) para analisar e tomar uma decisão final”, acrescentou. Chui Sai Cheong frisou ainda que, tratando-se de um segundo apoio de 10 mil milhões de patacas para aliviar a crise que se vive no território, é responsabilidade da Associação Comercial de Macau dar a sua opinião, mesmo que o Governo “não aceite os conselhos” e “algumas sugestões não sejam aceites por todos”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIdentidade | Transgénero revela dificuldades para mudar de sexo Sem procedimentos definidos, alegadamente por não haver procura, são vários os desafios colocados a quem quer conformar corpo e identidade de género. Perante este cenário, um residente revela os obstáculos com que se depara na difícil jornada para mudar de sexo Jonathan nasceu com um corpo de mulher, mas sempre se sentiu um homem. No entanto, quando decidiu procurar ajuda e avançar para a operação de mudança de sexo começou a enfrentar vários desafios. Segundo um artigo publicado no Jornal All About Macau, os problemas começaram logo no início do processo. De acordo com as práticas convencionais, antes de uma pessoa com disforia de género poder ser operada para mudar de sexo, tem de ser diagnosticada por um psiquiatra. Só depois de um profissional de saúde confirmar a situação de disforia e recomendar tratamento hormonal, que dura um ano, é possível realizar a operação. Jonathan contactou as autoridades de saúde para consultar um psiquiatra e obter receita médica para iniciar o tratamento hormonal. Contudo, foi nessa altura que começou a sentir que o hospital criou várias barreiras, com um “pingue-pongue” entre vários departamentos, e a inexistência de procedimentos internos pré-definidos. “Eu tinha consultas de psiquiatria há muitos anos no hospital, devido a este assunto. Só que quando comecei a procurar receita médica para iniciar o tratamento hormonal foram criadas muitas barreiras”, contou Jonathan, ao All About Macau. “O departamento de psiquiatria encaminhou-se para o departamento de medicina interna, este enviou-me para a urologia, a urologia pediu-me para regressar à medicina interna. E depois a medicina interna ainda me pediu para voltar novamente para a psiquiatria”, relatou. “Finalmente, quando consegui obter receita médica para fazer o tratamento, já tinha passado um ano”, acrescentou. Durante o processo, Jonathan ainda ouviu a medicina interna dizer-lhe que não era possível obter tratamento hormonal porque antes tinha de fazer a operação de mudança de sexo. Também lhe foi comunicado que o tratamento hormonal nunca seria aprovado pela Comissão de Ética. Vias alternativas Segundo Jonathan, há mais pessoas nesta situação em Macau, mas que ainda não conseguiram receber o tratamento hormonal. Por esse motivo, é comum procurem meios alternativos para começar o tratamento, até porque temem que a prescrição médica demore demasiado tempo. Ao All About Macau, o residente admitiu ter igualmente procurado alternativas, principalmente quando acreditava que nunca ia obter a receita médica para o tratamento hormonal. Apesar de admitir a existência de riscos, Jonathan desvalorizou-os e indicou que os níveis hormonais podem sempre ser testados em deslocações ao Interior. Além dos vários desafios para dar início à toma de hormonas, o residente revelou vários obstáculos para fazer a operação de remoção do peito. Apesar do procedimento não ser visto como tecnicamente difícil, vários médicos recusaram avançar com a cirurgia, por não terem encontrado qualquer doença. “O médico disse-me que a operação até era simples, mas quando analisou o meu peito recusou fazer a operação”, contou Jonathan. “Respondeu-me que não encontrava nada de errado com o meu peito e que por isso não ia removê-lo”, relatou. Jonathan considera que devia ser possível remover o peito, até porque há várias pessoas com disforia de género que se odeiam porque o corpo apresenta traços de um género com o qual não se identificam. Por outro lado, o residente admite que vai recordar sempre as palavras de alguns médicos locais que lhe indicaram que em Macau, ao contrário de Hong Kong, não há procedimentos para estes casos, porque no território não existe “este tipo de doentes”. “Estranhei que me dissessem que ‘não há este tipo de doentes’. Eu conheço casos como o meu em Macau, o que acontece é que as pessoas não sabem como procurar tratamento”, considerou. Tempos de espera Com várias incertezas pela frente e a possibilidade de os Serviços de Saúde recusarem pagar a deslocação a Hong Kong para a operação de mudança de sexo, Jonathan admite estar a poupar para pagar o procedimento. “Eu sei que vou sempre querer fazer esta operação, porque só assim me vou sentir feliz”, afirmou. Com este objectivo em mente, Jonathan admite voar para Taiwan onde a cirurgia é realizada. Na Ilha Formosa, o residente pode encontrar uma alternativa a Hong Kong. Na vida de um transgénero em Macau, os obstáculos do dia-a-dia não se ficam pelo aspecto físico. Segundo Jonathan, actualmente ainda não é possível mudar o género que está no BIR, o que leva a situações caricatas na altura de atravessar a fronteira. Outra das questões levantadas é a utilização das casas-de-banho. Só com um certificado médico é possível frequentar os lavabos do género com que as pessoas se identificam. Por isso, Jonathan espera que o Governo “aperfeiçoe” as instalações a pensar nestas pessoas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCovid-19 | Governo estuda redução da espera para quem chega do estrangeiro As autoridades prometem reduzir o tempo de espera pelo resultado dos testes feitos à entrada no território exigidos a quem vem do estrangeiro. No entanto, aguardar pelo resultado no hotel de quarentena está, para já, fora de questão. A suspensão dos testes rápidos vai depender da análise de todos os resultados submetidos Quem chega a Macau vindo do estrangeiro tem de esperar mais de oito horas entre o momento em que o avião aterra no aeroporto e o momento em que entra no quarto do hotel designado para cumprir quarentena. Ao longo do penoso processo, a maior delonga está relacionada com o tempo que demoram a chegar os resultados dos testes de ácido nucleico feitos à chegada, antes de o encaminhamento para o hospital ou hotel de quarentena. Tendo em conta que nas testagens em massa, é possível verificar o resultado na aplicação do código de saúde cinco horas após a recolha da amostra, o tempo de espera à saída do aeroporto é difícil de explicar. Neste contexto, as autoridades prometem reduzir o tempo de espera e explicam que a situação se deve aos inúmeros procedimentos a cumprir antes da entrada no hotel. “Esta situação não é a ideal e sabemos que as pessoas fazem muitas horas de voo. Estamos a ver que etapas podem ser reduzidas e feitas antes da chegada a Macau para que se reduza o tempo de espera”, adiantou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do centro de coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus. As diferenças de espera foram explicadas pelas autoridades com o facto de as bagagens terem de ser desinfectadas à chegada e de o número de pessoas que chega num só voo ser elevado. Apesar de incomparável com a afluência aos testes em massa, e do risco de contágio para quem fica meio dia numa sala de espera com inevitáveis períodos em que se retira a máscara para comer e beber. “No mesmo avião chegam muitas pessoas, é necessário muito tempo para que saiam do avião e as bagagens têm de ser desinfectadas. Estão envolvidos muitos serviços públicos e leva muito tempo.” A possibilidade de esperar pelo resultado do teste de ácido nucleico no hotel de quarentena está posta de lado. “Têm havido muitas entradas em Macau oriundas de Singapura, e só no sábado tivemos 100 pessoas, com 11 casos positivos [ver caixa]. A proporção de pessoas infectadas vindas do exterior é mais alta, e é preocupante se levarem o vírus para o hotel. Achamos que é melhor aguardar pelo resultado [do teste] logo na entrada”, disse Leong Iek Hou. Reclusos ainda sem visitas A entrada plena no período de normalização vai depender dos últimos resultados dos testes rápidos. Ontem cerca de 510 mil pessoas já tinham carregado os dados no código de saúde, mas havia ainda 90 mil que não conseguiram fazê-lo, ficando com o código de saúde amarelo. “Se os testes de ácido nucleico forem todos negativos amanhã [hoje], não faremos mais testes rápidos”, frisou Leong Iek Hou. Por outro lado, espaços como creches, lares de idosos e o Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) mantêm as mesmas restrições para evitar situações de contágio. O Instituto de Acção Social declarou ontem que está “temporariamente suspenso o funcionamento das creches subsidiadas, dos serviços de cuidados especiais diurnos para idosos e dos serviços de apoio vocacional para pessoas portadoras de deficiência”, bem como a prestação do serviço aos utentes mais necessitados. Por sua vez, nos lares de idosos, de reabilitação e de desintoxicação “mantêm-se as medidas básicas de gestão em circuito fechado e os utentes continuam a permanecer nos lares sem sair”. Estão ainda suspensas as visitas, tal como acontece no EPM. “Não podemos ainda permitir as visitas aos reclusos, e será igual para as actividades ao ar livre. Tudo dependerá da situação epidemiológica”, adiantou Leong Iek Hou. A tal infecção Quanto ao caso positivo detectado em Zhuhai relativo ao trabalhador não-residente que morou no edifício Polytec Garden, as autoridades indicaram que não acarreta risco para a comunidade. “Os resultados dos testes dos colegas e pessoas que com ele coabitaram são todos negativos e o risco não é muito alto. Mas hoje, na zona das Portas do Cerco, ainda estão a ser feitos testes, por isso temos de aguardar os resultados. Só aí poderemos saber qual é o risco para Macau”, referiu Leong Iek Hou. As autoridades estão ainda a avaliar a origem desta infecção. “Zhuhai determinou que é um caso importado de Macau, mas ainda não sabemos qual a fonte da infecção. Estamos a fazer o trabalho de controlo para ver se é possível encontrar mais casos.” Por confirmar está também a informação de que o homem, de 26 anos de idade, se dedicava ao contrabando. “Creio que os serviços competentes vão analisar se a pessoa infringiu, ou não, outros diplomas legais”, foi acrescentado na conferência de imprensa. De frisar que o homem saiu de Macau na última quinta-feira, às 19h19, através da fronteira de Qingmao, tendo voltado a entrar no dia seguinte às 07h15, pelas Portas do Cerco. Depois de realizar vários percursos de ida e volta, voltou a entrar em Macau no sábado, às 15h57, através das Portas do Cerco, saiu às 16h19 e voltado a entrar e a sair do território através do posto de Qingmao. Quatro profissões com testes diários Os trabalhadores da linha da frente dos postos fronteiriços, os condutores de autocarros que fazem viagens entre Macau e Hong Kong, quem trabalha nos aviões ou no transporte de mercadorias deve realizar um teste de ácido nucleico todos os dias. Na que medida entrou ontem em vigor, os Serviços de Saúde definiram prazos diferentes conforme as profissões e o grau de risco. As despesas com os testes serão suportadas pelo Governo e empresas, sendo que apenas os testes suportados pelos empregadores servirão para passar a fronteira. Na conferência de imprensa de ontem foi dito que os trabalhadores que gozarem férias superiores a três dias “podem interromper os testes”, uma situação que deve ser fiscalizada pelas próprias empresas. Uma entrada por dia As autoridades de Zhuhai comunicaram ontem que quem entrar na cidade vindo de Macau só o poderá fazer uma vez por dia. “Todos os postos fronteiriços terão a passagem limitada. Num dia as pessoas podem sair e entrar uma vez, e os alunos transfronteiriços poderão ser acompanhados por uma pessoa. As pessoas com necessidades médicas ou os motoristas não têm limitações. Quem precisa de entrar e sair mais do que uma vez tem pedir ao Corpo de Polícia de Segurança Pública, Centro de Serviços da RAEM e terminal do Pac On, e a circulação deve ser feita usando o posto fronteiriço de Hengqin. As autoridades de Zhuhai irão depois tomar uma decisão”, foi ontem explicado. Os limites de circulação de pessoas entre Macau e Zhuhai prolongam-se até 9 de Setembro. 11 casos importados No total, 11 pessoas oriundas do exterior testaram positivo à covid-19 no sábado, à chegada a Macau. De acordo com uma nota emitida ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, os pacientes, cinco homens e seis mulheres, têm entre 19 e 59 anos, negaram qualquer histórico de infecção da doença e não apresentam sintomas, tendo sido encaminhados para isolamento médico. Da totalidade dos casos registados em Macau, apenas 791 são considerados “confirmados”, dado que os pacientes apresentaram sintomas. Os restantes 1.398 infectados são considerados casos assintomáticos, não entrando para essa contabilização.
Hoje Macau China / Ásia MancheteHong Kong reduz para três dias quarentenas a quem chega do estrangeiro Hong Kong vai reduzir de uma semana para três dias a duração da quarentena obrigatória nos hotéis para as chegadas do estrangeiro, anunciou hoje o chefe do Governo do território. A cidade do sul da China continua a ser um dos poucos lugares no mundo, a par de Macau e da China continental, a exigir uma quarentena aos viajantes para evitar o risco de contágio da população local com o novo coronavírus. A medida entra em vigor sexta-feira e vai passar a ser a quarentena mais curta exigida por Hong Kong às chegadas, desde que a pandemia começou. O líder de Hong Kong, John Lee, disse que os viajantes devem permanecer em quarentena durante três dias num hotel designado, e depois submeterem-se a quatro dias de vigilância médica durante os quais os seus movimentos serão restringidos através da utilização de um sistema de código de saúde. As alterações às políticas da covid-19 surgem quando se regista um aumento de infeções com o novo coronavírus, com os responsáveis de saúde da cidade a advertirem que se poderá atingir 8.000 casos nas próximas semanas. Durante a semana de quarentena e vigilância, os viajantes também terão de fazer testes regulares à covid-19, e os que estiverem infetados terão de permanecer em isolamento. Aqueles que testarem negativo podem utilizar os transportes públicos e entrar em centros comerciais e mercados, mas não podem entrar em bares e parques de diversões ou visitar lares de idosos, escolas e determinadas instalações médicas.
João Luz Eventos MancheteCinemateca Paixão | Agosto com selecção internacional, se pandemia deixar Se a pandemia der um descanso a Macau, esta semana começa com uma selecção eclética de filmes na Cinemateca Paixão, com produções do Japão, Estados Unidos, Espanha, Irão, Coreia e Taiwan. “El Buen Patrón”, com Javier Barden, “Just Remembering”, do japonês Daigo Matsui e a produção iraniana “A Hero” serão algumas das películas em exibição Poucos dias antes de Macau ter voltado a encerrar edifícios devido à pandemia, a Cinemateca Paixão anunciou o cartaz de Agosto com sessões diárias ao longo do mês e uma panóplia de filmes que vão estar em exibição, se não forem impostas novas restrições no combate à pandemia. Assim sendo, as sessões na Travessa da Paixão devem regressar amanhã com a exibição de “Just Remembering”, às 19h e “Love Talk” às 21h30. Inspirado no clássico “Night on Earth”, do cineasta Jim Jarmusch, “Just Remembering” é uma espécie de álbum de recordações de uma história de amor. O filme do japonês Matsui Daigo ganhou no ano passado o prémio do público do Festival Internacional de Tóquio. O argumento de “Just Remembering” centra-se na relação entre um bailarino, Teruo, que trabalha como assistente de iluminação numa companhia e teatro, e uma condutora de táxi, Yo, que reencarna o papel interpretado por Winona Ryder na obra de Jarmusch. Com base no eixo amoroso entre Teruo e Yo, o filme retrocede na relação amorosa entre as personagens, do fim para o princípio. “Just Remembering” tem exibições marcadas para amanhã e sexta-feira, às 19h e domingo às 21h30, e ao longo do mês nos dias 16, 17, 19, 21 e 23 de Agosto. O outro filme que inaugura amanhã o cartaz deste mês é “Love Talk”, um projecto que resultou da inspiração da realizadora de Taiwan Kuo Chen-Ti, nos contos do autor japonês Kanoko Okamoto. Com a acção a desenrolar-se em Taiwan, Yamagata (Japão) e Kuala Lumpur (Malásia), “Love Talk” apresenta uma série de “paisagens amorosas” e episódios cómicos que retratam as relações amorosas contemporâneas. “Love Talk” será exibido amanhã, quinta-feira, sábado e dia 19, sempre às 21h30. Na quarta-feira, às 19h, é exibido “El Buen Patrón”, uma comédia do realizador Fernando León de Aranoa, que conta na sua filmografia com películas marcantes como “Barrio” e “Los Lunes al Sol”. O protagonista de “El Buen Patrón”, interpretado por Javier Bardem, é um empresário carismático e manipulador que gere uma unidade fabril familiar numa pequena cidade espanhola. No meio da rotina de trabalho, o empresário imiscui-se na vida dos operários, numa tentativa desesperada de ganhar um prémio de Excelência Empresarial e apresentar a imagem do melhor patrão da história da indústria. Além de ter entrado na lista preliminar para o Óscar de melhor filme estrangeiro, “El Buen Patrón” foi o grande vencedor dos Prémios Goya. Tem exibições marcadas para quarta-feira, sábado, 16 e 18 de Agosto às 19h, e depois com sessões às 21h30 nos dias 23 e 24 de Agosto e às 18h30 no dia 28 de Agosto. Do drama ao épico “The Northman” é o filme de maior orçamento na selecção de Agosto da Cinemateca Paixão. Realizado por Robert Eggers, este thriller épico inspirado na mitologia nórdica tem um elenco de luxo com Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Claes Bang, Anya Taylor-Joy, Ethan Hawke, Björk e Willem Dafoe nos papéis principais. Partindo da premissa simples da sede de vingança de um jovem príncipe viking que procura vingar a morte do seu pai, assassinado pelo tio, “The Northman” parece catapultar a brutalidade da guerra, sangue a correr, ossos a partir e lama a invadir todos os poros para a dimensão de personagens. Um filme que convida a um duche depois de ser visto. “The Northman” será exibido na quinta-feira e domingo às 19h, e ao longo do mês, dias 18, 20, 21 e 24, em horários diversos. Finalmente, “A Hero” é a outra proposta cinematográfica do cartaz de Agosto da Cinemateca Paixão. Realizado por Asghar Farhadi, “A Hero” tem merecido o reconhecimento de festivais de cinema pelo mundo fora, como os Globos de Ouro, o Festival Internacional de Cinema de Palm Springs ou o Festival de Cinema de Cannes. A produção iraniana assenta na atribulada vida de Rahim, interpretado por Amir Jadidi, que acaba por ser preso devido a uma dívida que não consegue pagar ao seu cunhado. Durante uma saída precária de dois dias, o protagonista tenta de tudo para saldar a dívida, incluindo convencer o cunhado a retirar a queixa que apresentou. Mais uma vez, Asghar Farhadi, que realizou o aclamado “A Separation”, consegue transportar o público para ambientes intensamente dramáticos com aparente leveza, através de uma narrativa que desafia os limites da moralidade. Um exemplo da vitalidade e subtileza do cinema iraniano. “A Hero” será exibido às 21h30 de quarta-feira e sexta-feira, e nos dias 17, 20, 25 e 27 de Agosto às 19h. A selecção de Agosto conta ainda com o filme sul-coreano “Broker” que só tem uma data de projecção na Travessa da Paixão e que já está esgotada. A entrada para cada sessão custa 60 patacas.
Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | Pedido subsídio para TNR e fim da política de zero casos A Associação Comercial de Macau sugeriu o lançamento de um cartão de consumo para não-residentes, no valor de três mil patacas. Por sua vez, a Associação Industrial e Comercial da Zona Norte de Macau quer o fim da política de zero casos A Associação Comercial de Macau defende a atribuição de um cartão de consumo no valor de 3 mil patacas para os trabalhadores não-residentes. A posição da entidade foi divulgada na sexta-feira, através de um comunicado, e faz parte das sugestões apresentadas pela associação relativas a mais um pacote de apoio à economia no valor de 10 mil milhões de patacas. “Em primeiro lugar, deve-se fornecer um subsídio monetário universal único para combater a [crise provocada pela] pandemia”, pode ler-se no comunicado da associação, citado pela agência Lusa. Além da sugestão que visa não-residentes, a associação liderada por Frederico Ma considera importante a atribuição de mais um cheque para a população e ainda apoios financeiros para as Pequenas e Médias Empresas (PME), que ficaram de fora da ronda mais recente de apoios. Para o dirigente associativo, é essencial ajudar os negócios que foram impedidos de operar durante o surto mais recente. As sugestões foram apresentadas ainda antes de as autoridades bloquearem um edifício residencial na Areia Preta e um espaço de comércio na Taipa, devido a um caso positivo detectado pelas autoridades de Zhuhai. Negócios a fechar Por sua vez, a Associação Industrial e Comercial da Zona Norte de Macau disse à Lusa que espera que o Governo abandone a política de zero casos, alertando para os graves danos das medidas restritivas na economia. “Esperamos que o Governo não prossiga a operação da ‘política zero’”, disse o presidente, Raymond Wong. “E se no futuro houver novamente um surto na comunidade? Uma empresa pequena não consegue sobreviver se for obrigada a fechar outra vez (…) e muitas já fecharam os seus negócios”. O empresário defendeu ainda que Macau deve abrir a fronteira com Hong Kong. “Tenho negócios em Hong Kong, e há dois anos que não posso lá ir. Hong Kong faz parte da China, porque não podemos ir?”, questionou, sublinhando que a “população está vacinada”. Macau começou a administrar a quarta dose de vacina para toda a população na sexta-feira, com prioridade dada aos idosos e os doentes imunodeprimidos. O território que tinha registado cerca de 80 infecções de covid-19, foi atingido em Junho deste ano pelo pior surto enfrentado desde o início da pandemia, que infectou 1.821 pessoas, a maioria dos casos assintomáticos, e poderá ter estado por trás da morte de seis idosos, que tinham doenças crónicas. As fortes restrições fronteiriças, confinamentos parciais e o isolamento de partes da cidade em sintonia com a política de casos zero imposta por Pequim, a crise no turismo e na indústria do jogo tiveram um grande impacto na economia, muito dependente de turistas e dos casinos.
Pedro Arede Manchete PolíticaSaúde | Inspecções surpresa em escolas para combater tabagismo juvenil Para combater o consumo de tabaco entre menores, os Serviços de Saúde elaboraram uma lista de ponto negros onde os mais novos se juntam para fumar e têm realizado “inspecções surpresa” em escolas durante o intervalo do almoço. Até hoje, não foram detectados casos de venda ilegal de tabaco, revela Alvis Lo Os Serviços de Saúde elaboraram uma lista de pontos negros onde menores se reúnem para fumar e têm realizado “inspecções surpresa” em escolas durante o intervalo do almoço e fora do horário escolar. As medidas, reveladas em resposta a interpelação escrita do deputado Lei Chan U, fazem parte do plano do Governo para combater e controlar o tabagismo entre os menores. Admitindo atribuir “elevada importância” ao controlo do tabagismo dos jovens, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long, revela que o organismo optou por realizar “acções especiais”, onde se inclui a divulgação da lei junto de lojas que vendem tabaco, distribuição de folhetos promocionais sobre os seus malefícios e o “combate ao acto ilegal de fumar por jovens”, nas redondezas das escolas. “Os Serviços de Saúde também elaboram uma lista de pontos negros onde os jovens costumam passear e reunir-se para fumar, sendo que têm sido organizadas inspecções especiais direccionadas a estes locais de acordo com o plano estratégico. Têm sido realizadas inspecções surpresa aos locais mais relevantes durante o intervalo do almoço e fora do horário escolar, a fim de aumentar a eficácia de promoção e de execução da lei”, pode ler-se na resposta a Lei Chan U. Recorde-se que na interpelação, o deputado mostrou-se preocupado com as “lacunas” da lei do tabaco em vigor desde 2011, que permitiram a um menor com 13 anos, que acidentalmente provocou um incêndio num edifício habitacional com um cigarro, comprar tabaco no comércio local. Além disso, Lei Chan U questionou o Governo sobre quantos casos de venda ilegal de tabaco a menores foram registados e se estão a ser ponderadas alterações legislativas. Sempre zero Na réplica, Alvis Lo Iek Long não faz referência a uma eventual revisão do actual regime de prevenção e controlo do tabagismo, lembra que os comerciantes devem exigir o documento de identificação sempre que suspeitarem que o comprador tem menos de 18 anos e justifica o problema da venda de tabaco a menores com a “dificuldade” que existe em detectar vendas irregulares. Sobre o número de casos de venda ilegal, o responsável diz não haver registo de qualquer ocorrência. “A venda é um acto de curta duração, daí os agentes de fiscalização encontrarem dificuldades em detectar a venda irregular durante as inspecções para emissão imediata de acusação. Após a entrada em vigor da lei, até ao momento, os Serviços de Saúde não receberam queixas ou denúncias sobre a venda de produtos de tabaco a menores de 18 anos”, apontou Alvis Lo. Quanto a outras medidas, os Serviços de Saúde referem que estão a ser levadas a cabo “actividades promocionais de educação”, que incluem workshops, palestras, teatros itinerantes, jogos online e “acampamentos anti-tabagismo”. Contas feitas, entre 2012 e 2021, revela o organismo, foram organizadas 900 palestras sobre os malefícios do tabaco, que contaram com a participação de mais de 49 mil alunos. Por último, Alvis Lo aponta que os Serviços de Saúde estão a “criar directrizes relevantes” para tornar os dados sobre o tabagismo “comparáveis” com outros países e regiões. De acordo com o estudo mais recente realizado em Macau, o consumo de cigarros convencionais entre os jovens caiu de 6,1 em 2015 para 3,8 por cento em 2021. Em sentido contrário, o consumo de cigarros electrónicos subiu de 2,6 para 4,0 por cento.
João Luz Manchete SociedadePandemia | Caso detectado em Zhuhai coloca Macau em alerta e encerra edifícios As autoridades de Zhuhai notificaram ontem Macau da detecção de um caso positivo de covid-19 relativo a um trabalhador não-residente de 26 anos, que morava na Areia Preta e que trabalha na padaria do Grand Mart, na Taipa. Cerca de 60 mil pessoas de zonas alvos fizeram ontem teste de ácido nucleico e toda a população fez ontem e fará hoje testes rápidos obrigatórios Passados poucos dias do levantamento das quarentenas obrigatórias à entrada em Zhuhai, as autoridades da cidade vizinha notificaram ontem o Governo de Macau da descoberta de um caso positivo de covid-19 relativo a um indivíduo de 26 anos, trabalhador não-residente em Macau. Embora o paciente tenha testado mais de dez vezes negativo nos sucessivos testes de ácido nucleico feitos em Macau, as autoridades indicam que “não se pode excluir o eventual risco de transmissão de vírus nas áreas onde esse indivíduo vive e trabalha”. Quando Macau se preparava para relaxar medidas restritivas, a descoberta do caso levou ao restabelecimento de novas zonas alvo, obrigando à realização de testes de ácido nucleico a um universo alargado de pessoas. Assim sendo, entre as 15h30 de ontem e as 00h de hoje, foi decretada a obrigatoriedade de fazer um teste de ácido nucleico “às pessoas que morem ou trabalhem nas zonas delimitadas pela Avenida Dr. Sun Yat Sen, Estrada Almirante Marques Esparteiro, Rua de Viseu, Estrada Governador Albano de Oliveira, Avenida do Estádio, Rua do Desporto, Rua do Regedor, Rua da Ponte Negra e Avenida Olímpica, na Taipa. Os resultados devem ser conhecidos esta manhã Os testes são obrigatórios também para quem esteve nas zonas referidas por mais de meia hora no dia 3 de Agosto, ou após essa data, especialmente para quem frequentou a padaria do supermercado Grand Mart, em frente ao Jockey Club de Macau. A medida deve abranger certa de 60 mil pessoas, apesar do médico Tai Wai Hou ter frisado ontem a dificuldade em contabilizar todos os que devem fazer teste de ácido nucleico. As autoridades de saúde acrescentam que “considerando o alto risco nas áreas relevantes”, não ficaram “isentos os bebés e as crianças pequenas nascidos após o dia 1 de Julho de 2019, bem como os idosos com dificuldade de locomoção que necessitem de cuidados de acompanhamento ou, as pessoas com deficiência”. Porém, quem já tinha feito teste de ácido nucleico ontem por estar incluído num grupo-chave não precisou fazer novo teste. As pessoas que recuperaram depois de infectadas ficaram isentos. Voltam bloqueios O indivíduo em causa morou até ao dia 4 de Agosto no Edifício Polytec Garden (bloco 1), na Rua Central da Areia Preta, num apartamento com oito pessoas, seis delas ainda se encontraram em Macau, todos colegas de trabalho. As autoridades de saúde locais, confirmaram na conferência de imprensa que até ontem todos tinham testado negativo nos testes de ácido nucleico. Como resultado, o edifício em questão foi bloqueado e decretado zona vermelha, obrigando todos os moradores a fazer teste de ácido nucleico, estando previsto o fim do isolamento do prédio no próximo sábado e o levantamento do código de saúde amarelo no dia 15 de Agosto. Porém, o tempo de confinamento do edifício será determinado com base nos resultados dos testes dos moradores. Como a pessoa infectada visitou várias vezes a mesma loja no centro comercial City Plaza, perto das Portas do Cerco, “os trabalhadores do primeiro piso vão ser testados e sujeitos a medidas de controlo e serão recolhidos dados dos clientes que visitaram o centro comercial para fazerem também teste de ácido nucleico”, afirmou ontem a médica Leong Iek Hou. O edifício onde se situa o centro comercial acabou também por ser selado. As autoridades estão a averiguar a possibilidade de o indivíduo em causa estar envolvido em práticas de contrabando. E agora? Uma das consequências imediatas para a população geral foi a imposição de testes antigénio rápidos entre ontem e hoje. Mas a grande questão é saber até que ponto a descoberta deste caso em Zhuhai irá afectar a normalização de Macau. Importa referir que o fluxo de passagens transfronteiriças entre as duas cidades tem atingido grande intensidade e que a cidade vizinha detectou, pelo menos, três outros casos positivos na zona de Doumen. O director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, referiu ontem que os casos de Macau, com base na sequenciação genética e investigação epidemiológica, e que, para já, “não se justifica interromper de novo as passagens das fronteiras”. Entretanto, as autoridades de Zhuhai começaram a admitir entrada apenas a quem faça o teste já do outro lado da fronteira e montaram postos de testagem à entrada em Gongbei. Quanto ao futuro, só os resultados da testagem o dirão. “Temos de nos manter alerta, mas não precisamos ficar muito preocupados. Para já, não precisamos confinar, o essencial é fazer os testes de ácido nucleico e só os resultados podem ditar as medidas que vamos tomar. Mas não queremos tomar medidas de alta intensidade”, apontou Alvis Lo. Ficou assim, em aberto o prolongamento do chamado período de estabilização. O director dos Serviços de Saúde voltou a apelar à população para evitar ao máximo as saídas desnecessárias e cumprir as habitais directrizes, como desinfectar as mãos com frequência, evitar aglomerações e convívios e usar máscara. Braços descruzados Além da incerteza se a semana pode começar com o retorno de restrições, a tónica da conferência de imprensa de ontem foi a rapidez com que as autoridades de Macau responderam ao comunicado da cidade vizinha, ponto repetido várias vezes por Alvis Lo. Depois da notificação às 09h de ontem, ao meio-dia “já tinham sido bloqueadas zonas e identificado os grupos alvo que seriam sujeitos a testes de ácido nucleico”. “Fomos muitos rápidos a responder e pedimos aos cidadãos que façam teste antigénio hoje e amanhã [ontem e hoje] para identificar casos. Podemos ter casos esporádicos nos próximos tempo, mas precisamos fazer o nosso trabalho”, afirmou o director dos Serviços de Saúde. Segundo a médica Leong Iek Hou, até ontem às 18h e em conexão com o caso positivo, estavam a ser acompanhados 33 contactos próximos, 18 pessoas fizeram o mesmo percurso, assim como cinco contactos por via secundária. Para já, a medida de levantamento da gestão em circuito fechado em lares de idosos e instalações de reabilitação, que deveria ser descartada hoje, irá manter-se até serem apurados os resultados da testagem aos grupos-alvo.
João Santos Filipe Manchete SociedadeNúmero de mortes atinge valor mais elevado desde 2016 Entre Janeiro e Maio, antes do confinamento, morreram mais 55 pessoas do que no mesmo período do ano passado. O número de suicídios explica o aumento de mortalidade no primeiro trimestre de 2022 Desde 2016 que não se morria tanto em Macau no período entre Janeiro e Maio. Segundo os dados da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), nos primeiros cinco meses morreram 1.016 pessoas em Macau. O número de mortes até Maio, antes do mais recente confinamento, é o mais alto desde 2016, quando no período em causa foram registados 1.049 óbitos. Segundo a estatística mais recente disponibilizada pela DSEC, em comparação com o ano passado, houve um aumento da mortalidade em 55 casos, ou seja, de 5,7 por cento. Nos primeiros cinco meses de 2021 tinham morrido 961 pessoas. Nesta estatística saltam à vista duas tendências diferentes. Entre Janeiro e Fevereiro, a mortalidade estava a diminuir, com 205 e 187 óbitos, respectivamente, correspondendo a uma redução de 3,3 por cento e 3,1 por cento face ao ano anterior. No entanto, a partir de Março o número de óbitos começou a aumentar, o que fez com que o primeiro trimestre fosse mais mortal do que no ano passado. Em Março, foram registadas 218 ocorrências, o que representou um aumento de 16 por cento, face aos 188 casos de 2021, e que elevou as mortes do primeiro trimestre para 610, face às 593 do ano anterior. A tendência negativa não parou em Março, e em Abril, com 205 óbitos, e Maio, 201, agravando a situação face aos períodos homólogos de 9,6 por cento e 11 por cento, respectivamente. O peso dos suicídios Um dos motivos que contribuiu para o aumento das mortes foi o número de suicídios. Dados divulgados pelo Canal Macau da TDM, mostram que até ao final de Maio o número de suicídios se fixara em 43, mas não permitem a comparação com o mesmo período do ano passado. Também a estatística sobre as mortes em Junho ainda não foi divulgada pela DSEC. O peso dos suicídios para a mortalidade pode assim ser avaliado pelos dados do primeiro trimestre. Anteriormente, os Serviços de Saúde (SSM) divulgaram que entre Janeiro e Março 28 pessoas puseram termo à sua vida. Segundo os mesmos dados, os 28 casos correspondem a um aumento de 18 ocorrências face ao período homólogo. No primeiro trimestre o número de óbitos cresceu de 593, em 2021, para 610, este ano, no que foi um aumento de 17 ocorrências. No mesmo período o número de suicídios aumentou em 18 casos, subindo de 10 para 28 ocorrências. Apesar de representarem uma proporção de 4,6 por cento de todas as mortes, os números mostram que se o fenómeno do suicídio tivesse sido controlado através de políticas de reforço de saúde mental, e não tivesse havido um aumento das ocorrências, a mortalidade teria diminuído. Além disso, entre o primeiro trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2022, a proporção de suicídios na mortalidade geral cresceu de 1,7 por cento para 4,6 por cento. Este número significa que em cada 20 mortes houve um suicídio, numa altura em que ainda não tinham sido impostas as medidas de confinamento.
Pedro Arede Manchete SociedadeMacau anuncia quarta dose da vacina para toda a população A partir de hoje, está disponível a quarta dose da vacina contra a covid-19. Para grupos de risco, o reforço deve ser administrado três meses depois da última inoculação e seis meses depois para a população geral. Após o período de estabilização, que termina domingo, vão continuar a existir grupos-chave obrigados a testes regulares O Governo anunciou que vai disponibilizar, a partir de hoje, a quarta dose da vacina contra a covid-19 a toda a população, com prioridade para as pessoas mais vulneráveis, nomeadamente idosos e doentes imunodeprimidos. Num comunicado divulgado na noite de quarta-feira, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus revelou que, desde ontem, passou a ser possível agendar a toma da segunda dose de reforço da vacina contra a covid-19. Para os grupos de maior risco, o centro decidiu reduzir o intervalo mínimo entre a terceira e a quarta doses da vacina de seis meses para três meses. Mais tarde, durante a conferência de actualização sobre a pandemia, a médica Leong Iek Hou detalhou que estes grupos de risco incluem idosos com mais de 59 anos, portadores de doença autoimune moderada ou grave com mais de 11 anos, incluindo cancro, pessoas que realizaram transplantes, doentes com SIDA e indivíduos que vivam em lares de idosos ou instituições de reabilitação. Para a população em geral, o intervalo mínimo entre a terceira e a quarta doses da vacina continua a ser de meio ano. Lançando um novo apelo à vacinação, Leong Iek Hou sublinhou ainda que o nível de anticorpos daqueles que optam por levar doses de reforço é crucial para evitar “infecções galopantes” e casos mortais em grupos frágeis e entre os idosos. Misturar é bom Macau tem administrado vacinas de mRNA da BioNTech-Pfizer e vacinas inactivadas da chinesa Sinopharm. Ao anunciar a possibilidade de tomar a quarta dose, as autoridades de saúde recomendaram ainda aos que receberam duas doses da vacina da Sinopharm, que escolham a vacina mRNA como dose de reforço, uma vez que a “vacinação mista” pode resultar numa imunização mais eficaz. “De acordo com a Comissão Nacional de Saúde, caso tenham optado pela vacina inactivada, devem, na segunda dose de reforço, escolher uma vacina com outras especificações técnicas. Portanto, se a primeira dose for a inactivada, a dose de reforço pode ser a vacina mRNA. Com vacinas mistas é possível criar um maior efeito protector. Apelo à população para que se vacine porque, por enquanto, esta é a ferramenta mais importante e útil para prevenir a covid-19”, explicou Leong Iek Hou. Foi ainda recordado que, todas as seis mortes registadas durante o mais recente surto de em Macau, dizem respeito a idosos com doenças crónicas, alguns dos quais não vacinados, sendo que o objectivo de disponibilizar a quarta dose da vacina contra a covid-19 passa por “minimizar o risco de outro surto de grande escala em Macau”. Testes para alguns Apesar de ter sido confirmado que, a partir de domingo, terminado o chamado período de estabilização, quem sai de casa para ir trabalhar deixa de estar obrigado a fazer testes à covid-19 a cada três dias, Leong Iek Hou admitiu que alguns grupos-alvo vão continuar a ter de fazer testes regularmente. Contudo, a responsável reservou para o futuro a identificação dos grupos-alvo. “Se conseguirmos manter esta estabilização até ao fim-da-semana, na próxima podemos entrar numa fase de maior normalidade. Os trabalhadores que precisam sair de casa (…) já não têm de fazer o teste de ácido nucleico. Quanto aos grupos-alvo (…), ou seja, profissionais que nós entendemos que têm maior risco de ser infectados, vamos ter que pedir a estas pessoas para continuar a fazer testes regularmente”, começou por explicar a responsável. “Vamos reavaliar os sectores para termos uma ponderação final em relação aos riscos (…) e ter como referência a experiência do Interior da China para fazer a nossa nova avaliação de risco. Depois anunciaremos ao público”, acrescentou. Aeroporto | Reforço de pessoal pode atenuar esperas à chegada A médica Leong Iek Hou admitiu haver “longos períodos de espera” para aqueles que chegam a Macau do exterior e precisam de aguardar por resultados dos testes de ácido nucleico antes de seguir para os hotéis de quarentena. Está em cima da mesa a contratação de funcionários para trabalhar em circuito fechado, face ao aumento de passageiros e à falta de recursos humanos. “Ultimamente, os residentes que vêm dos voos de Singapura (…) têm de esperar um período de tempo mais longo. Ontem, regressaram a Macau 78 pessoas no mesmo voo, o que é um número muito elevado”, começou por dizer. “Como temos três turnos, não conseguimos ter o número de trabalhadores suficientes para responder ao [maior] número de voos de Singapura (…) durante o Verão. Não queremos uma medida mais ágil que possa comprometer a segurança da comunidade (…), pelo que estamos a ver se é possível aumentar o número de trabalhadores no aeroporto (…) e introduzir tratamento informático”, acrescentou.
Hoje Macau Manchete SociedadeAssociação Industrial | Impossível que importação de alimentos seja origem de surto A Associação Industrial de Macau disse à Lusa ser impossível que a importação de alimentos infectados com o novo coronavírus tenha originado o recente surto de covid-19 na cidade. “É completamente impossível que os alimentos sejam infectados e entrem no mercado”, disse Lei Kit Hing. “Em termos de alimentos, a estrutura municipal [Instituto para os Assuntos Municipais] e a alfândega são muito rigorosos. Todas as importações de alimentos têm de ser esterilizadas uma a uma por uma máquina, e este processo está a decorrer há um ano sem quaisquer problemas”, sublinhou o dirigente associativo e proprietário da Tak Sang Meat Industries Limited. “Por exemplo, se for encontrado um teste positivo para o leite, este é destruído imediatamente e não será permitido vendê-lo”, salientou, acrescentando que, tal como na cadeia de frio, cada produto é esterilizado e “as pessoas que o transportam usam vestuário de protecção e deitam-no fora logo após a sua utilização”. Um importador de alimentos, Ronald Lau, que compra principalmente produtos de Portugal, sublinhou também que tal é improvável. “Cada peça de mercadoria importada para Macau é pulverizada (…) para desinfectar”, esclareceu, para acrescentar: “E nós, normalmente, importamos mercadoria seca, mercadoria à temperatura ambiente que não é demasiado ‘perigosa’ (…), mercadoria sobretudo oriunda de Portugal, que precisa de alguns meses para chegar a Macau, pelo que o vírus é ‘morto’ no caminho”, explicou o empresário. Às escuras As autoridades de saúde de Macau admitem não saber a fonte do pior surto de covid-19 em Macau desde o início da pandemia, mas reiteraram na terça-feira que provavelmente foi causado por “objectos ou produtos vindos do estrangeiro”. Na segunda-feira, o director dos Serviços de Saúde (SSM) da região administrativa especial chinesa, Alvis Lo Iek Long, disse que o surto se deveu à “importação de produtos” e reconheceu que, “no futuro, pode surgir novo surto”. Segundo o portal da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Internet, “não há provas até ao momento de vírus que causam doenças respiratórias serem transmitidos através de comida ou embalagens de comida”. “Os coronavírus não conseguem multiplicar-se em alimentos; precisam de um hospedeiro animal ou humano para se multiplicar”, referiu a OMS. “É verdade que a maior parte dos surtos são devido a contaminação entre pessoas”, admitiu Leong Iek Hou. Mas, “de acordo com a experiência da China e do exterior, muitas vezes a infecção humana é através de objectos”, acrescentou. Em 12 de julho, a Comissão Nacional de Saúde chinesa anunciou que iria deixar de fazer testes à presença de covid-19 em produtos importados, excepto congelados. Desde o início da pandemia, a China suspendeu por diversas ocasiões as importações de produtos de alguns países por associarem as suas mercadorias congeladas a surtos de covid-19 em cidades chinesas. Em 2 de Julho, Macau suspendeu, inicialmente durante uma semana, a importação de mangas de Taiwan, após ter detectado vestígios do novo coronavírus, responsável pela covid-19, no exterior de uma embalagem. Em resposta, o Conselho de Agricultura, que faz parte do Governo de Taiwan, defendeu não haver provas científicas de que a doença pode ser transmitida através de produtos embalados.
Hoje Macau China / Ásia MancheteSegurança | Visita de Pelosi altera regras do jogo na região Nada voltará a ser como era antes da visita da líder do Congresso dos EUA a Taiwan. Para Pequim, é muito claro o apoio às forças independentistas e de modo nenhum tolerará passos nesse sentido, sentindo-se no direito e no dever de intervir para garantir a integridade nacional, ainda que tenha de recorrer à força. O status quo, que garantiu a paz durante sete décadas, não voltará Analistas chineses, publicados nos media oficiais da China, disseram que “a luta entre a China e os EUA neste momento é sobre dignidade e interesses estratégicos concretos, mas estes últimos são muito mais importantes”. Para a China, o caso Pelosi servirá, sobretudo, para mudar o status quo, porque “mudar toda a situação da região é muito mais significativo e valioso”. Lü Xiang, um investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que a reacção da China não será apenas uma acção momentânea, mas considerará todo o mecanismo de segurança de Taiwan. “Com base nas informações divulgadas sobre os exercícios do Exército Popular de Libertação (EPL) de 4 a 7 de Agosto, os seis locais designados cercam a ilha de Taiwan de todas as direcções, e podem ser uma série de exercícios militares sem precedentes destinados a realizar a reunificação pela força e também a lutar contra as forças externas que podem interromper o processo de reunificação”, disse Lü. “Devido à chegada de Pelosi ao aeroporto de Taipé, que ignorou totalmente o aviso da China, é certo que o status quo da situação do Estreito de Taiwan foi quebrado, e a China fará com que entre num novo status quo”, salientou Lü. Armas no mar Com efeito, o EPL, na noite em que Nancy Pelosi aterrou em Taiwan, lançou enormes exercícios militares em redor da ilha, incluindo um exercício de fogo vivo de longo alcance no Estreito de Taiwan e um exercício de fogo vivo de mísseis convencionais a leste da ilha, com os analistas a dizerem que “a China não está apenas a visar um político americano de 82 anos de idade, mas está de olho na campanha anti-secessão, contra as autoridades secessionistas de Taiwan e está a acelerar concretamente o processo de reunificação”. Imediatamente após o avião de Pelosi ter aterrado em Taipé na terça-feira à noite, o Comando do Teatro Oriental do EPL anunciou que dará início a uma série de operações militares conjuntas em torno da ilha de Taiwan a partir da terça-feira à noite. “Serão realizados exercícios marítimos e aéreos conjuntos em espaços marítimos e aéreos a norte, sudoeste e sudeste da ilha de Taiwan, serão realizados tiroteios de longo alcance no Estreito de Taiwan, e serão realizados lançamentos de testes de mísseis convencionais a leste da ilha de Taiwan”, disse o Coronel Shi Yi, porta-voz do Comando do Teatro Oriental do PLA, numa declaração na terça-feira. Os exercícios conjuntos marítimos e aéreos no norte, sudoeste e sudeste irão provavelmente aperfeiçoar as capacidades dos aviões de guerra e navios de guerra para apreender a superioridade aérea e o controlo do mar; os disparos de longo alcance no Estreito de Taiwan terão provavelmente múltiplos lança-foguetes de longo alcance que podem atingir alvos na ilha directamente a partir do continente; os lançamentos convencionais de mísseis para o leste da ilha significam que, se os mísseis fossem lançados a partir do continente, sobrevoariam a ilha de Taiwan, explicam os analistas. É também possível que os mísseis sejam lançados a partir dos navios que navegam a leste da ilha, disseram peritos militares, observando que o movimento terá como alvo as forças externas que tentam intervir no processo a partir do leste. Gu Zhong, chefe de pessoal adjunto do Comando do Teatro Oriental do EPL, disse que os exercícios envolvem percursos como bloqueio conjunto, ataque marítimo, ataque terrestre e apreensão de superioridade aérea mais disparos de armas de precisão ao vivo. “Os exercícios irão testar exaustivamente o desempenho de armas e equipamento, bem como as capacidades operacionais conjuntas das tropas, a fim de estarem prontas para todas as crises. As tropas do Comando do Teatro Oriental do PLA estão plenamente confiantes e capazes de reagir a qualquer provocação e salvaguardar resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial”, disse Gu. Também porta-aviões Liaoning embarcou no domingo numa viagem a partir do seu porto de origem em Qingdao, província de Shandong na China Oriental, e o porta-aviões Shandong na segunda-feira partiu do seu porto de origem em Sanya, província de Hainan, no sul da China, acompanhado por um navio de assalto anfíbio do tipo 075, informou na terça-feira a imprensa na ilha de Taiwan. Uma reportagem da emissora estatal China Central Television no sábado revelou pela primeira vez uma cena em que o que parece ser um míssil hipersónico DF-17 foi disparado. O míssil, apesar das suas características hipersónicas, é uma arma convencional. Protestos gerais Por seu lado, o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Xie Feng convocou o Embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, no início da manhã de quarta-feira, para protestar contra a visita de Pelosi à ilha de Taiwan. “A natureza da visita de Pelosi é extremamente viciosa e as consequências são muito graves. O lado chinês não vai ficar parado”, disse Xie a Burns. Pouco depois da chegada de Pelosi ao aeroporto Songshan de Taipé, cinco autoridades chinesas, incluindo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, o Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo, o Gabinete dos Assuntos de Taiwan do Comité Central do Partido Comunista da China, o Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e o Ministério da Defesa Nacional emitiram declarações condenando a visita, afirmando que “prejudicou gravemente a base política das relações China-EUA e envia uma mensagem seriamente errada às forças da ‘independência de Taiwan’”. “A China tomará definitivamente todas as medidas necessárias para salvaguardar resolutamente a sua soberania e integridade territorial, em resposta à visita da representante dos EUA. Todas as consequências devem ser suportadas pelas forças separatistas dos EUA e da ‘independência de Taiwan’”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês na declaração. “A autoridade secessionista do DPP conspirou com as forças externas e insistiu em convidar Pelosi para Taiwan, o que é extremamente perigoso e irá desencadear consequências graves. O Ministério da Defesa Nacional disse que o PLA conduzirá uma série de operações militares direccionadas para tomar contra-medidas na salvaguarda da soberania e integridade territorial e reprimir a interferência externa e as tentativas secessionistas”. Pelosi garante que “os EUA não vão abandonar Taiwan” O avião, que transportou a presidente do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi, descolou às 18:01 locais do aeroporto de Songshan, Taipé, depois duma visita em que prometeu que os “Estados Unidos não vão abandonar Taiwan”. Pelosi permaneceu menos de 24 horas em Taiwan, visitando o Parlamento de Taipé antes de uma reunião com Tsai Ing-wen, líder do governo local. “Hoje, a nossa delegação (…) veio a Taiwan para dizer inequivocamente que não vamos abandonar o nosso compromisso com Taiwan e que estamos orgulhosos da nossa amizade duradoura”, acrescentou, num evento com a Presidente da ilha, Tsai Ing-wen. No seu discurso, a líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos garantiu que Washington não vai abandonar Taipé, enquanto Tsai assegurava que a ilha vai manter-se firme face à ameaça militar chinesa. “Não vamos abandonar o nosso compromisso com Taiwan”, afirmou Nancy Pelosi. Taiwan “não desistirá” face à ameaça das armas, disse por sua vez Tsai Ing-wen, quando Pequim anunciou uma série de exercícios militares junto à ilha em retaliação à visita da responsável norte-americana. “Face ao aumento deliberado das ameaças militares, Taiwan não recuará. Vamos (…) continuar a defender a democracia”, reiterou. Republicanos com ela Um grupo de 26 republicanos do Senado dos Estados Unidos, incluindo o líder Mitch McConnell, manifestaram apoio à visita da presidente da Câmara os Representantes a Taiwan. “Apoiamos a viagem da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi”, referiu, em comunicado, um grupo de 26 republicados do Senado. Na nota, assinada também pelo líder da minoria no Senado, Mitch McConnell, os republicanos salientaram que “durante décadas, membros do Congresso dos Estados Unidos, incluindo ex-presidentes da Câmara, viajaram para Taiwan”. “Esta viagem é consistente com a política de ‘Uma China’ dos Estados Unidos com a qual estamos comprometidos”, realçaram. “Também estamos comprometidos neste momento, mais do que nunca, com todos os constituintes da Lei de Relações com Taiwan”, acrescentaram. A Lei de Relações com Taiwan, de 1979, comprometeu em parte os EUA a manterem as capacidades defensivas da ilha, mas não garantiu que Washington interviria militarmente se a China atacasse ou invadisse Taiwan. Por outro lado, a Casa Branca considerou hoje “não existir qualquer violação ou problemas de soberania” com a visita da presidente da Câmara dos Representantes, com o coordenador de comunicações do Conselho de segurança nacional, John Kirby, a referir que o seu país não apoia a independência de Taiwan e que a visita de Pelosi apenas “reafirma a política de uma única China”, defendida por Pequim. O chefe da diplomacia de Pequim, Wang Yi, disse que “aqueles que ofendem a China devem ser punidos de forma inelutável” referindo-se à visita de Nancy Pelosi. “Trata-se de uma farsa pura e simples. A coberto da democracia, os Estados Unidos violam a soberania da [República Popular da] China”, acrescentou o ministro à margem de uma reunião da Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN) na capital do Cambodja. Moscovo, Havana, Caracas e Pyongyang condenam “provocação” A Rússia defendeu que a China tem o direito de tomar as “medidas necessárias para proteger a sua soberania”, classificando como “evidente provocação” a visita a Taiwan da presidente da câmara baixa do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi. “A parte chinesa tem o direito de tomar as medidas necessárias para proteger a sua soberania e a sua integridade territorial em relação ao problema de Taiwan”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) russo em comunicado. “Consideramos que as relações entre as partes no estreito de Taiwan são um assunto exclusivamente interno da China”, acrescentou, sublinhando que, para Moscovo, “existe só uma China e o Governo chinês é o único Governo legítimo que representa toda a China, e Taiwan é parte inalienável da China”. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, tinha declarado que esta visita provocava um “aumento da tensão” na região e acusou Washington de escolher “a via do confronto”. “Queremos sublinhar mais uma vez que estamos absolutamente solidários com a China, a sua atitude perante o problema é compreensível e absolutamente justificada”, declarou Peskov. Por sua vez, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, declarou: “Washington traz desestabilização ao mundo. Nenhum conflito resolvido nas últimas décadas, mas muitos conflitos provocados”. Também a Coreia do Norte, Cuba e Venezuela repudiaram a visita da líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos a Taiwan e expressaram apoio total à China. A Coreia do Norte apelidou a visita de Nancy Pelosi de “interferência descarada” nos assuntos internos da China. Cuba manifestou preocupação pelo agravamento da tensão e criticou a ação norte-americana que visa “lesar a integridade territorial e a soberania” da China. Já o Governo venezuelano considerou que se trata de uma “provocação directa” da administração do Presidente norte-americano, Joe Biden, à China. PCP pede “fim das provocações” contra a China O PCP pediu o “fim das provocações” dos Estados Unidos com a visita da presidente da Câmara dos Representantes a Taiwan e apelou ao Governo português para se demarcar da “ingerência do imperialismo” contra a China. Em comunicado, os comunistas exigiram o “fim das provocações” dos Estados Unidos da América (EUA) na região da Ásia e do Pacífico, “das quais o Governo português se deve demarcar, o respeito pela soberania e não ingerência do imperialismo na República Popular da China”. O PCP expressou “profunda preocupação com os últimos desenvolvimentos da situação” em Taiwan, que na óptica do partido é resultado da “provocação montada” por Washington. “Não deixando de estar relacionada com a situação interna dos EUA e as eleições em curso, esta provocação (…) insere-se na estratégia de confrontação crescente do imperialismo contra a República Popular da China, instrumentalizando Taiwan e fomentando o separatismo para pôr em causa o “princípio de uma só China”, que os EUA têm vindo a seguir”, completou o partido. A estratégia dos Estados Unidos, na ótica do partido, é indissociável “da perigosa estratégia agressiva e belicista” de Washington, a Aliança do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e da União Europeia (UE), e representam uma “séria ameaça à paz”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCCAC | Eleições geraram 167 queixas que resultaram em dois casos no MP O Comissariado contra a Corrupção apresentou ontem o relatório de actividades de 2021, com especial enfoque nas últimas eleições para a Assembleia Legislativa. Casos que visaram “uma associação de conterrâneos” resultaram na aplicação de multas de 10 mil patacas e arquivamentos O período das eleições para a Assembleia Legislativa em 2021 levou à apresentação no Comissariado contra a Corrupção (CCAC) de 167 queixas por suspeitas de violação da lei eleitoral. A revelação foi feita ontem através do relatório de actividades de 2021, entregue ao Chefe do Executivo. Num documento em que a entidade admite que a fiscalização das eleições foi uma das suas principais missões, é revelado que foram realizadas 13.089 acções de fiscalização desde Março até ao fim das eleições. Em conjunto, as queixas e as acções de fiscalização resultaram no desenrolar de 28 investigações, que na maioria foram arquivadas. Ainda assim foram instaurados 4 processos de inquérito, dos quais dois foram entregues ao Ministério Público (MP), resultando na aplicação de multas. Um dos casos encaminhados para o MP diz respeito a um dirigente de uma concessionária, não identificada, que “distribuiu aos trabalhadores (…) durante reuniões de trabalho, boletins de propositura de uma lista de candidatura, apelando e mobilizando para a respectiva assinatura”. “O dirigente deu ainda instruções a um departamento sob a direcção dele para recolher os boletins de propositura assinados pelos trabalhadores”, é revelado pelo relatório. No entender do CCAC, constatou-se haver indícios da prática “do dever de neutralidade” e do crime de desobediência qualificada. O outro caso referido diz respeito a um familiar de um dos candidatos que ofereceu dinheiro a amigos em troca de votos. A oferta foi feita num grupo da aplicação móvel WeChat e rapidamente removida, nunca tendo sido concretizada. No entanto, o CCAC afirma que o “seu acto foi considerado suspeito da prática do crime de corrupção eleitoral”, pelo que encaminhou o processo para o MP. Multas e arquivamentos Em outros dois casos investigados é mencionada “uma associação de conterrâneos” que não é identificada. No entanto, em 2021, nas semanas que antecederam as eleições e durante o período da campanha eleitoral, a Associação de Conterrâneos de Jiangmen esteve envolvida em duas polémicas devido a ofertas aos associados. Na altura, a própria comissão eleitoral admitiu ter reencaminhado denúncias sobre os dois casos para o CCAC. Sobre o primeiro caso relacionado com a “associação de conterrâneos”, esta “pagou voluntariamente” uma multa de 10 mil patacas por ter realizado uma actividade eleitoral com entrega “benefícios”, que podem ter sido simples sacos ou camisolas, que devia ter sido declarada. No mesmo caso, também o mandatário de uma das candidaturas e membro da associação pagou uma multa 10 mil patacas, por ter pedido ajuda da associação para distribuir materiais de campanha, sem ter declarado o acto à comissão eleitoral. A segunda denúncia contra a associação dizia respeito a mais uma actividade de campanha que não terá sido comunicada e com a distribuição de “materiais” que implicavam um valor levantando suspeitas de corrupção. Contudo, a investigação do CCAC considerou que a actividade foi comunicada à comissão eleitoral e que “não houve indícios suficientes de que o sentido de voto dos eleitores tenha sido influenciado pelos materiais de propaganda”. Aumento das queixas Eleições à parte, em 2021 o Comissariado contra a Corrupção recebeu um total de 712 queixas e denúncias por corrupção, o que representa o número mais alto desde 2018, quando foram apresentadas 733 queixas. Em relação a 2020, houve um aumento de 45 por cento de queixas e denúncias, uma vez que nesse ano o número de queixas e denúncias totalizou 479. O ano de 2021 ficou ainda marcado pela redução no número de processos concluídos, para 294, aos quais se somaram processos pendentes de 2020. No ano anterior tinham sido concluídos 387 casos. Sobre a diminuição verificada, o CCAC explicou que se deveu ao facto de os esforços estarem concentrados nas eleições.