Aeroporto | Governo diz ter reduzido espera entre quatro a seis horas

As autoridades adiantaram ontem que as novas medidas de testagem no aeroporto levaram à redução do tempo de espera entre quatro a seis horas. Está, para já, afastada a possibilidade de a quarentena baixar de sete dias, por haver ainda riscos de contágio ao fim de cinco dias

 

Regressar a Macau continua a ser uma dor de cabeça para muitos residentes que se vêm obrigados a esperar várias horas no terminal marítimo do Pac On pelos resultados dos testes de ácido nucleico feitos à chegada. No entanto, Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, adiantou que as novas medidas, que passam pela testagem logo à saída do avião, entre outras, reduziram o tempo de espera entre quatro a seis horas.

“Nos últimos dias melhorámos os procedimentos, encurtando o tempo de espera entre quatro a seis horas. Houve uma melhoria visível comparando com a situação antiga. Claro que teremos de rever novamente os procedimentos e encurtar ainda mais a espera”, adiantou ontem na habitual conferência de imprensa.

As autoridades foram também confrontadas com relatos de pessoas que, no Pac On, testam preliminarmente positivo e negativo pouco depois. Além disso, todos os passageiros continuam a aguardar na mesma sala, misturando-se os casos negativos e positivos.

Leong Iek Hou admitiu a possibilidade de a carga viral de cada pessoa poder mudar repentinamente. “O teor do vírus pode mudar de uma hora para a outra, por isso quem está numa situação sensível pode ter primeiro um resultado positivo e depois outro negativo. Para cada teste é necessário esperar, em média, duas horas pelo resultado. Quem tiver um resultado preliminar positivo é enviado logo para o hotel, a fim de reduzir o tempo de espera, e é feito um segundo teste. Antes todos esperavam na sala”, adiantou.

Foi também referido que como a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) é a entidade responsável pela análise dos testes nos hotéis, quem sair da quarentena tenha de lá se dirigir para levantar certificados de testagem na circunstância de haver discrepância entre o código de saúde e o resultado do teste.

A questão foi levantada depois de ter sido revelado que algumas pessoas depois de cumprirem quarentena e terem testado negativo, têm no código de saúde resultado positivo. “Pode acontecer uma pessoa sair da quarentena e continuar a ter um certificado positivo, porque pode ainda ter carga viral e ainda assim satisfazer as condições para ter alta.”

Sete dias continuam

De fora da equação está a possibilidade de vir a ser reduzido o período de quarentena, actualmente de sete dias mais três de auto gestão de saúde. “O período máximo de incubação do vírus é de sete dias, e 90 por cento das pessoas apresentam sintomas durante este período. Reduzindo a quarentena para cinco dias há 20 por cento de risco de transmitir o vírus na comunidade”, disse Leong Iek Hou.

As autoridades dizem estar atentas ao regresso de um maior número de pessoas de fora, analisando sempre a capacidade de o território as acolher mantendo controlada a situação epidémica, e também tendo em conta o número de hotéis disponíveis para quarentena.

O regresso dos estudantes locais de Hong Kong para Macau está ainda a ser discutido pelas autoridades competentes, não existindo, para já, um número de alunos que poderão voltar. Uma coisa é certa: terão de cumprir os sete dias de quarentena e as restantes directrizes como as restantes pessoas.

Na conferência de imprensa de ontem foi também abordada a situação de alguns trabalhadores de grupos alvo estarem a pagar pelos testes, mesmo que tenha sido decretado que as empresas ou o Governo suportam esses custos. As autoridades referiram que os trabalhadores não têm, de facto, de pagar por isso, e que já foram emitidas orientações.

“[Se os responsáveis das empresas dizem que não sabem de nada] sugiro que comuniquem com as autoridades competentes do Governo, para que estas situações sejam relatadas.”

Neste momento, há 188 mil trabalhadores incluídos nos grupos alvo, com um aumento de 20 a 30 mil trabalhadores, devido à inclusão de novas profissões.

Relativamente à vacinação, está a ser negociada a compra de vacinas BioNTech para crianças dos seis meses aos cinco anos. Mais de 622 mil pessoas estão vacinadas com a primeira dose, enquanto cerca de 293 mil têm duas doses e 294 mil três doses da vacina, ou seja, menos de metade da população de Macau tem a vacinação completa contra a covid-19. Apenas 7,370 pessoas foram inoculadas com quatro doses da vacina.

26 Ago 2022

Orçamento | Governo só aumentou despesas com salários

Apesar de as receitas correntes da RAEM registarem uma quebra de quase 10 mil milhões de patacas, o gasto com funcionários públicos bateu recordes. Os dados até Julho da execução orçamental mostram cortes em apoios sociais

 

Até Julho as únicas despesas correntes do orçamento que cresceram foram os gastos com funcionários públicos, mesmo acima dos apoios sociais, que estão em contracção. Os dados foram revelados pela Direcção de Serviços das Finanças (DSF), com as últimas actualizações da execução orçamental.

Segundo a DSF, a Administração Pública gastou nos primeiros sete meses do ano 8,78 mil milhões de patacas com salários de funcionários públicos, o valor mais elevado desde o estabelecimento da RAEM. Este montante representa um aumento de 60 milhões de patacas, em comparação com os primeiros sete meses do ano passado.

Apesar da crise, e excluindo as despesas de capital, apenas os gastos com os funcionários públicos subiram. Numa altura em que o território atravessa a mais grave crise financeira dos últimos 10 anos, as despesas com “transferência, apoios e abonos” registaram uma redução de 1,82 mil milhões de patacas, nos primeiros sete meses. No ano passado, até Julho, o Executivo tinha distribuído 30,75 mil milhões de patacas em apoios, montante que agora foi reduzido para 28,93 mil milhões de patacas. Este número não tem em conta os apoios distribuídos recentemente, como o cheque pecuniário de 15 mil patacas para pessoas com rendimentos anuais nos últimos dois anos inferiores a 300 mil patacas.

No âmbito do corte de despesas, destaca-se também a redução com o regime de aposentação e sobrevivência, que passou de 203 milhões para 181 milhões de patacas, as despesas com prestação de serviços de utilidade pública, que caíram de 518 milhões para 491 milhões de patacas, e as despesas de funcionamento foram cortadas de 2,98 mil milhões de patacas para 2,24 mil milhões de patacas.

Receitas a caírem

Os dados da execução orçamental mostram igualmente uma redução de quase 10 mil milhões de patacas nas receitas correntes. Esta diferença tem como principal razão a crise do sector do jogo, motivada pela redução na emissão de vistos para turistas do Interior e com os surtos de covid-19 mais recentes.

Neste capítulo, importa referir que as receitas das concessionárias dos jogos de fortuna ou azar até Julho caíram de 22,2 mil milhões, no ano passado, para 14,0 mil milhões de patacas, este ano. A diferença é de 8,2 mil milhões de patacas.

Também nos impostos directos e indirectos a crise se faz reflectir. As receitas até Julho de 2021 foram de 2,97 mil milhões de patacas e 1,53 mil milhões e caíram para 3,26 mil milhões e 2,27 mil milhões de patacas, respectivamente.

Considerando todo o orçamento até ao final Julho, as receitas foram de 58,1 mil milhões de patacas e as despesas de 47,9 mil milhões de patacas, o que se traduziu num orçamento positivo de 10,2 mil milhões de patacas. No entanto, se nas receitas não tivessem sido contabilizadas as transferências de capitais da reserva financeira, cuja injecção terá rondado 37 mil milhões de patacas, o orçamento apresentaria um défice de 16,8 mil milhões de patacas.

26 Ago 2022

Tufão | Ma-on passou perto de Macau sem causar grandes estragos ou inundações

Apesar de ter levado quase 100 pessoas aos centros de acolhimento e de ter causado seis incidentes, principalmente com queda de objectos pendurados, o tufão Ma-on esteve longe de se concretizar na ameaça prevista

 

Esperavam-se inundações na sequência da passagem do tufão Ma-on, mas a madrugada e a manhã de ontem foram relativamente calmas, com as inundações longe de atingirem níveis superiores a um metro, como apontavam as previsões dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG).

Apesar de a cidade ter acordado com vestígios do vento, as rajadas registadas na Ponte da Amizade e Ponte Governador Nobre Carvalho, as mais fortes, não terão ultrapassado 80 quilómetros por hora. Nos outros pontos da cidade, segundo os dados dos SMG, à excepção do Porto Interior, os ventos não ultrapassaram a velocidade de 50 quilómetros/hora. Mesmo no local mais propício a inundações, o vento máximo foi de 61 quilómetros por hora, fazendo-se sentir entre as 10h e as 11h.

Segundo os dados do Centro de Operações de Protecção Civil, a passagem do tufão não terá causado feridos, mesmo tendo sido registados seis incidentes, até às 11h. Entre estes, quatro ocorrências foram relacionadas com queda de objectos, como janelas, anúncios publicitários ou reboco. Ao mesmo tempo, foi registada uma ocorrência de remoção de objectos em risco de queda, como árvores ou candeeiros, e também um acidente marítimo, que não foi especificado pelas autoridades.

Quase 100 acolhidos

Apesar de apenas terem sido registadas seis ocorrências, as pessoas não deixaram de se precaver. Por volta das 10h, o Instituto de Acção Social anunciou que tinha recebido 96 pessoas nos centros de acolhimentos. Algumas da quais haviam sido retiradas, ainda na noite anterior, de zonas do Porto Interior onde se esperava que a água atingisse níveis mais preocupantes.

Antes da passagem do tufão, os SMG alertaram para a possibilidade de cheias com grande impacto para a população, principalmente no Porto Interior, uma vez que havia o risco de a tempestade (storm surge) coincidir com o período de maré alta. O cenário não se concretizou, segundo os SMG, porque o Ma-on passou perto do território a uma velocidade “mais rápida do que o esperado” e a trajectória e o local onde tocou na superfície também ficaram mais a Oeste do que as previsões iniciais. “Devido a estes dois factores, a situação das inundações na manhã de ontem não foi tão grave como o esperado”, foi explicado.

O local mais afectado pelo tufão terá sido a Rua do Doutor Lourenço Pereira Marques, no Porto Interior, onde o nível da água chegou aos 20 centímetros, por volta das 07h. Contudo, às 11h, quando foi retirado o sinal número oito e içado o sinal número três, e os comerciantes começaram voltaram à rua e encontraram poucos vestígios das inundações.

Confusão de almoço

Para a maioria da população, os principais efeitos do tufão fizeram sentir-se na parte da tarde, quando muitos se deslocaram para os diferentes locais de trabalho.

Como frequentemente acontece nestas situações, o trânsito ficou congestionado em algumas partes do território, como por exemplo nas estradas junto ao Jardim da Montanha Russa, onde se formaram filas de trânsito lento.
Também nos autocarros houve maior afluência em comparação com outros dias, ainda assim muito longe do nível da situação causada pelo tufão Mulan, que passou por Macau no passado dia 10 de Agosto.

Visita da praxe

O facto de o impacto do tufão ter sido menor do que esperado, não significou que os mecanismos de protecção civil não tivessem sido activados e prontos para intervir em qualquer emergência.

Por isso, por volta das 22h30, altura em que foi içado o sinal número 8, começaram a ser fechadas as pontes, os transportes públicos foram suspensos e moradores foram retirados das zonas baixas da cidade. Uma hora e meia antes, Ho Iat Seng, de acordo com os órgãos do Governo, esteve no COPC para acompanhar e coordenar os trabalhos de resposta e ainda exigir aos seus subordinados que envidassem “esforços conjuntos na prevenção das inundações nas zonas baixas da cidade”, para que garantissem “a segurança da vida e dos bens da população”.

Antes da deslocação, Ho esteve nos locais de encontro e de permanência, ou seja, na Barra, Praia de Manduco, Porto Interior, estação de tratamento de águas na Ilha Verde e nas zonas baixas do Fai Chi Kei.

Óbito | Mulher morre durante sinal número 8

As autoridades anunciaram ontem a morte de uma mulher que terá caído de um edifício na Avenida do Conselheiro Borja, quando estava içado o sinal número 8 de tufão. As autoridades indicaram que a morte foi confirmada no Hospital Conde São Januário, onde a mulher terá chegado sem pulso e sem respirar. A morte não foi relacionada pelas autoridades com incidentes registados pelo Centro de Operações de Protecção Civil, e o caso ainda estava a ser investigado. Ao longo deste ano, Macau está a registar um recorde absoluto de suicídios, com 47 ocorrências entre Janeiro e Junho.

IAS | Creches e lares de idosos de zonas baixas abriram ontem à tarde

As creches e instalações que prestam cuidados para idosos e reabilitação localizados nas zonas baixas retomaram ontem à tarde o funcionamento normal, de acordo com o Instituto de Acção Social (IAS), excepto os que “foram afectados pela ocorrência de «Storm Surge», inundações ou outras circunstâncias”. Apesar do regresso à normalidade, as autoridades recomendam aos utentes e familiares que consultem os horários dos centros, lares e creches no website do IAS.

26 Ago 2022

Funcionário da DSEDJ indiciado por burla com subsídios

O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) anunciou ontem que um trabalhador da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) é suspeito dos crimes de abuso de poder, participação económica em negócio, falsificação praticada por funcionário, falsificação informática, do crime de obtenção, utilização ou disponibilização ilegítima de dados informáticos, falsificação de documento e burla.

O caso foi encaminhado para o Ministério Público. A investigação teve início em Setembro do ano passado, após uma denúncia.

Segundo o CCAC, o funcionário da DSEDJ “controlava, secretamente, uma associação juvenil”, e em conluio com membros desta prestava falsas declarações sobre o número de pessoas que participavam nas actividades, assim como sobre o conteúdo, para obter subsídios públicos.

No total, o homem terá conseguido subsídios num valor de cerca de 500 mil patacas, através da prestação de informações falsas.

No âmbito do esquema, e utilizando as suas funções, na DSEDJ, o indivíduo alterava ainda as propostas apresentadas, quando estas estavam no servidor informático, para que os superiores aprovassem apoios maiores.

Depois de saber que decorria uma investigação, retirou vários documentos dos servidores da DSEDJ, que entregou aos membros da associação, para que estes soubessem como responder durante os interrogatórios das autoridades.

Além do funcionário público, também cinco membros da associação foram investigados e estão indiciados pela prática dos crimes de burla e falsificação de documentos.

25 Ago 2022

Reserva Financeira da RAEM perdeu 8,67 mil milhões em Junho

A reserva financeira de Macau perdeu valor pelo sexto mês consecutivo, registando uma queda de 8,67 mil milhões de patacas em Junho, indicam dados divulgados ontem pelas autoridades. A reserva financeira da RAEM cifrou-se em 597,3 mil milhões de patacas no final de Junho, de acordo com a informação publicada no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau.

É a primeira vez que cai para menos de 600 mil milhões de patacas desde Junho de 2020, altura em que a China continental tinha imposto uma quarentena obrigatória a pessoas vindas de Macau, afectando a indústria do jogo.

O valor da reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para 2022, era de 155,8 mil milhões de patacas e a reserva extraordinária 458,9 mil milhões de patacas.

A reserva financeira é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 262,7 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 152,3 mil milhões de patacas e até 175 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados.

Reserva reservada

Mesmo no cenário de crise económica criada pela pandemia da covid-19, a reserva financeira de Macau tinha crescido em 2020 e 2021, apesar do Governo ter injectado mais de 90 mil milhões de patacas no orçamento para suportar despesas extraordinárias que resultaram de um plano de ajuda e benefícios fiscais para a população e para pequenas e médias empresas.

Em Junho, o Governo anunciou mais sete medidas de apoio a empresas e a residentes de Macau, no valor total de dez mil milhões de patacas, sustentadas pela Reserva Financeira, que vão desde benefícios fiscais a uma moratória por um ano do pagamento de empréstimos bonificados.

Em 9 de Agosto, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, avisou que a Reserva Financeira “não é abundante” e “é preciso ter cautela” na utilização para financiar apoios face à crise económica causada pela pandemia.

25 Ago 2022

Testes | Trabalhadores fora dos grupos alvo padecem com custos

Desde de 31 de Julho que quem chega do estrangeiro precisa de fazer testes de ácido nucleico com amostra individualizada. Para quem precisa de apresentar os resultados para trabalhar, e não faz parte dos grupos alvo, a medida pode chegar às 4 mil patacas

 

Após regressarem de férias no estrangeiro, os trabalhadores excluídos dos grupos de risco estão a ser surpreendidos com elevados custos dos testes de ácido nucleico. Ao HM, chegou o relato de quem tem gasto entre 150 patacas a 200 patacas, por dia, para poder trabalhar.

Desde um anúncio com a data de 31 de Julho, que o Governo passou a exigir que quem esteve no estrangeiro tem de fazer testes de ácido nucleico individualizado, durante um mês. A medida exclui o Interior e Hong Kong, mesmo para quem esteve em locais de alto risco nessas áreas, com surtos activos.

A situação não é imediatamente sentida quando se sai da quarentena, porque durante o período de autogestão os testes são gratuitos, ou seja, pagos pelo Governo. Contudo, finda a autogestão, quem não faz parte dos grupos de profissionais com testes gratuitos, se tiver de ser testado, para trabalhar ou para qualquer outra situação, como participar num banquete, sente o peso na carteira.

Actualmente, só é possível fazer os testes com amostra individualizada em quatro postos. No Auditório do Hospital Kiang Wu, Estádio da Universidade de Ciência e Tecnologia e Posto Fronteiriço Qingmao e Nam Yue. O custo é de 200 patacas por teste e é necessário fazer marcação. No Centro Hospitalar Conde de São Januário, o teste custa 150 patacas e pode ser feito sem marcação. Estes testes têm uma validade de 24 horas.

Até 4 mil patacas

Neste cenário, quem não pertence a grupos de risco, trabalhe em espaço com concentração de pessoas e a quem é exigido o teste à entrada do local de trabalho, arrisca-se a gastar entre 750 patacas e 1.000 patacas por semana. Quando considerado o mês inteiro, o valor sobe para 3.000 a 4.000 patacas.

“O valor dos testes é tão caro, que mais vale uma pessoa desistir de trabalhar e ficar de mão esticada à espera da esmola do Governo”, desabafou, ao HM, um trabalhador nesta situação, que pediu para manter o anonimato.

Regressado do estrangeiro, sem que alguma vez tivesse testado positivo, e já depois de cumprir uma quarentena, o queixoso não teve qualquer alternativa: “Se fizer a marcação para um dos postos normais, vou ao posto e eles recebem um aviso de que não posso fazer o teste ali, em que a amostra é misturada com outras cinco. Por isso, não há mesmo alternativa a não ser pagar”, acrescentou.

Ao nível dos infectados

A medida aplicada pelo Centro de Coordenação de Contingência coloca as pessoas que estiveram no estrangeiro ao nível dos infectados. A norma assume que todos foram infectados: “O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus afirma que é mais comum haver a situação de ‘recaída’ na realização do teste de ácido nucleico de Covid-19 para as pessoas infectadas com a Covid-19 com história recente de viagem no exterior e para as pessoas recuperadas da Covid-19”, foi justificado, no comunicado de 31 de Julho.

No mesmo documento, foi também defendido que as amostras colectivas com pessoas vindas do estrangeiro e recuperadas levaram frequentemente à repetição dos testes com amostras conjuntas. Para evitar as repetições, o Governo adoptou a medida de teste singular, com os custos a recaírem sobre os infectados e pessoas vindas do estrangeiro.

A medida foi implementada num Verão em que vários membros da comunidade portuguesa foram ao país para verem as famílias pela primeira vez em quase três anos.

25 Ago 2022

Casinos | Transformação do jogo VIP para massas já se previa, diz Jorge Godinho

Jorge Godinho, académico da Universidade de Macau, participa hoje num painel sobre o panorama do jogo em Macau na G2E Asia, que este ano se realiza em Singapura. Para o docente, a transformação do mercado, onde o jogo VIP deixa de ter o peso principal a favor do jogo de massas, não surpreende, pois o boom das apostas VIP foi uma surpresa

 

O mercado do jogo de Macau está a passar por uma profunda transformação, onde o jogo VIP deixa de ser rei e senhor para passar a ser bem mais secundário do que as apostas de massas. No entanto, essa transformação não surpreende Jorge Godinho, académico da Universidade de Macau (UM), que fala hoje no painel “Transforming Macau” na conferência G2E Asia, que se realiza em Singapura.

“Finalmente, o mercado de massas vai passar a ser o ponto central da indústria do jogo e acontece uma coisa que se previu na altura [da liberalização do sector]”, contou ao HM. “Pouco depois do concurso público julgava-se que era isso que ia acontecer [o domínio das apostas de massas], mas a história tomou um rumo diferente. Julgava-se que os operadores não se iriam envolver no mercado VIP porque havia muitos receios e medos de que o regulador do Nevada gerasse problemas. Mas aos poucos os novos operadores começaram a entrar no mercado VIP, que cresceu de forma explosiva”, recordou.

Só a história saberá dizer que, findas as restrições pandémicas, o sector VIP irá, ou não, registar os mesmos valores do passado. “Pensa-se que o mercado VIP não voltará a ser o que foi, mas cá estaremos para ver”, declarou.

Jorge Godinho também não vê os mercados bolsistas e os investidores a reagirem com medo a esta transformação. Até porque, defende, o mercado de massas poderá ser igualmente rentável.

“Só as empresas poderão responder a isso, mas diria que sim [que é rentável]. O mercado VIP é muito volátil, com outro tipo de riscos. Não vejo os mercados muito agitados com a substituição gradual pelas apostas de massas. Não vejo que isso ponha em causa a sustentabilidade da economia das empresas nem dos investimentos.”

O académico, que dá também aulas em Portugal no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, acredita que, em todo o mundo, grande parte dos mercados de jogo depende das apostas de massas. “É assim que a indústria do jogo funciona em todo o mundo, em que não há uma distinção do mercado de massas e VIP. É uma coisa que existe em Macau, Las Vegas, Singapura. Existe um tratamento preferencial a alguns jogadores de elevadas apostas, mas a indústria deverá ser sustentável nessa base.”

Nem a nova lei do jogo, e as ligeiras mudanças nos impostos cobrados às operadoras, poderá mudar esse cenário. “[O domínio das apostas de massas] tem uma ligação directa à tributação, que continuará a ser quase a mesma. Por isso não se prevê que passe a haver prejuízos onde antes havia lucros.”

Questão “delicada”

Sobre a nova lei do jogo, Jorge Godinho destaca que os casinos-satélite “nunca deveriam ter sido autorizados”. “É uma questão delicada. Os casinos-satélite começaram nos anos 90, foram surgindo debaixo do guarda chuva da concessão da STDM e depois continuaram. Estas coisas acabam por ter um impacto social, pois se a empresa fechar gera-se mais desemprego.”

O docente defende que “o Governo foi sensível” com esta questão. A nova lei apenas “corrigiu uma situação que se foi criando”, enquanto que, no caso das subconcessões, “morreram de morte natural”. Estas “não geraram nenhum problema grave” ao contrário dos casinos satélite, “que são um problema maior”.

Concorrência sem impacto

Questionado sobre o crescimento de outras indústrias do jogo na Ásia e o seu impacto em Macau, numa altura em que o mercado local sofre uma transformação, Jorge Godinho pensa que, “com o passar dos anos, [a concorrência] vai ser cada vez um factor maior”, embora não constitua “um problema estrutural ou gravíssimo que ponha em causa a sobrevivência do sector”.

E isto porque Macau continua a ter um posicionamento geográfico privilegiado, dada a proximidade com a China. “Os turistas chineses gostam muito de ir à Tailândia, mas o pressuposto essencial da indústria do jogo em Macau mantém-se de pé, que é não haver jogo em Hong Kong nem no Interior da China. Esse pilar mantém-se e é decisivo”, disse.

Jorge Godinho traça ainda um olhar sobre as indústrias do jogo que se vão formando pela Ásia. “As Filipinas estão com uma indústria do jogo grande e forte, com resorts integrados. No Japão o processo atrasou-se muito e a decisão política é complexa, e só avançaram com um resort na zona de Osaka, um projecto que vai demorar tempo devido ao risco sísmico.”

Singapura tem já dois resorts integrados, um deles o Marina Bay Sands, onde se realiza a G2E Asia, enquanto que na Tailândia “as coisas podem andar relativamente depressa”.

“Parece que o processo decisório, comparado com o Japão, não vai ser uma coisa tão complicada. Prevê-se que a legislação e a autorização para construir resorts integrados [vai ser mais rápida]. É um dos maiores destinos do mundo”, concluiu.

Empresários ligados ao sector dos eventos em total estagnação

A feira Global Gaming Expo (G2E) Asia, que está a decorrer em Singapura, é um exemplo de eventos de grande envergadura, do sector das convenções e feiras comerciais, que se afastaram de Macau devido às medidas de combate à pandemia. As restrições fronteiriças e quarentenas obrigatórias têm “secado” um sector que vive da interacção de mercados internacionais.

“Desde Fevereiro de 2020 que não temos emails ou telefonemas. É uma catástrofe para todos, guias turísticos, agentes, agências de viagens.” O cenário desolador que o sector dos eventos, convenções e exposições continua a enfrentar é descrito por Marco Duarte Rizzolio, fundador da plataforma “Follow Me Macau”. “O projecto está parado. Temos pedidos ocasionais, como o de uma escola, com 150 pessoas, mas é algo esporádico”, adiantou ao HM.

O mesmo cenário é descrito por Bruno Simões, proprietário de uma empresa que organiza eventos e presidente da associação Macau Meetings, Incentives and Special Events (MISE).

“No que diz respeito aos eventos de negócios, temos vindo a cavar um poço que está cada vez mais fundo, sem que consigamos ver a superfície”, disse. “Os efeitos da política da China contra a covid-19 são cada vez mais graves, sobretudo na área do turismo e dos eventos. Os organizadores de eventos e participantes estão mais conscientes de que é um risco [promover um evento] e não o querem assumir. Não há vontade de organizar e participar em eventos”, adiantou.

Neste momento “sobrevivência” é a palavra de ordem para a empresa de Bruno Simões. “É como se estivéssemos nos cuidados intensivos e a tentar manter-nos vivos. Já gastamos todas as poupanças e quase todos os empréstimos do Governo. É chapa ganha, chapa gasta. Estamos a dez, quinze por cento do que era a nossa facturação antes da pandemia.”

Os custos com funcionários têm sido reduzidos “ao máximo”. “Mantemos muitas relações de trabalho, mas fazemos acordos com as pessoas. Propomos licenças sem vencimento ou redução de salários”, adiantou.

O criador da “Follow Me Macau” recorda que os eventos têm limite de pessoas e o principal mercado para Macau, Hong Kong, continua restrito. “Cerca de 25 por cento dos nossos visitantes vêm de Hong Kong, que está fechado. Não vejo melhorias enquanto isso acontecer. A grande massa de visitantes vem da China, metade deles da província de Guangdong, mas as restrições continuam. Como podemos ter eventos assim?”, questionou. Macau tem alguns eventos gerados a nível interno, mas os números não são significativos tendo em conta o número de empresas e de locais disponíveis, frisou Marco Duarte Rizzolio.

Luz ao fundo do túnel?

Marco Duarte Rizzolio acredita que, no dia em que as restrições chegarem ao fim, o turismo e sector dos eventos em Macau possam voltar rapidamente a níveis pré-pandemia, tal como já acontece na Europa e, sobretudo, em Portugal. No entanto, “há competitividade e as pessoas descobriram, entretanto, outras cidades e locais para organizar eventos. Macau precisa de continuar a ser competitivo e estar em alerta, necessitando de se reinventar”.

Bruno Simões pensa que “a posição da China não pode durar para sempre”, estimando que dentro de um ano ou dois as coisas possam mudar, com uma maior taxa de vacinação da população e uma maior “tolerância” em relação à covid-19.

“A confiança vai voltar, mas ainda vai demorar um ano ou dois. Quero manter a empresa e acredito, sem dúvidas, no futuro de Macau nos eventos de negócios. Já investi 14 anos da minha vida e não vou desistir. Não tenho plano B”, concluiu.

25 Ago 2022

“Ma-on” | Sinal 8 de tempestade emitido às 22h30. Esperadas inundações a partir das 3h

Os Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG) vão emitir às 22h30 o sinal 8 de tempestade tropical, devido à passagem do “Ma-on” pelo território. Continua a ser baixa a possibilidade de ser içado o sinal 9.

O “Ma-on” passou de ciclone tropical para tufão às 21h e está a aproximar-se “rapidamente” de Macau. Os SMG prevêem que “entre esta madrugada e a manhã de amanhã o ‘Ma-on’ vai passar pelo ponto mais próximo de Macau”, podendo vir a “intensificar-se mais perto da costa e ter impacto” no território.

O tempo esta madrugada vai ser “instável” e os ventos serão fortes, atingido entre o nível 7 e 9 na escala “Beaufort” com rajadas fortes. Haverá ainda aguaceiros “que podem ser frequentes, ocasionalmente acompanhados de trovoadas”.

Esperam-se inundações “significativas” com o “Ma-on”, sobretudo entre as 3h e o meio dia desta quinta-feira, sendo que a água pode atingir a altura entre os 0,8 e 1,2 metros. Nesse sentido, às 20h foi emitido o sinal “Storm Surge” laranja.

24 Ago 2022

Associações e deputados apoiam nova lei de segurança nacional

Vários representantes de associações tradicionais de Macau e deputados ouvidos pelo jornal Ou Mun concordam com as alterações propostas pelo Governo à Lei de Segurança Nacional, apresentadas esta segunda-feira pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak.

Ho Sut Heng, presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), disse que a situação no estrangeiro e no país tem vindo a mudar, incluindo a nível económico, o que traz novos desafios à segurança nacional do país. Desta forma, a responsável entende que as autoridades locais têm a obrigação e responsabilidade de melhorar a legislação em tempo oportuno.

Ho Sut Heng destacou ainda que a FAOM vai apoiar as autoridades no processo de melhoria contínuo da legislação sobre a segurança nacional.

Chan Ka Leong, presidente da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), disse que a proposta de lei é explícita nas acções que prejudicam a segurança nacional, defendendo que, com este novo diploma, Macau consegue salvaguardar melhor estas matérias. O responsável adiantou que as alterações propostas não constituem uma restrição a direitos como a liberdade de expressão.

Já a presidente da Associação Geral das Mulheres, Lau Kam Leng, disse concordar com as cinco direcções propostas na nova legislação, que permitem que o Governo tenha mais meios para lidar com eventuais ameaças contra o país.

Voz dos deputados

Ma Chi Seng, deputado nomeado, disse esperar que a proposta de lei seja entregue na Assembleia Legislativa o mais depressa possível para votação e apreciação na especialidade, para que se concretize plenamente o princípio de “Um País, Dois Sistemas”. Já Chui Sai Cheong frisou que a segurança nacional é um assunto de grande importância e que só com a sua protecção a economia e o ambiente de negócios podem ficar protegidos, além de ser assegurada a estabilidade social.

Vong Hin Fai, deputado e advogado, apontou que a actual lei de segurança nacional, em vigor desde 2009, não inclui procedimentos específicos, incluindo na área penal. Para o responsável, a nova proposta de lei concede mais capacidades às autoridades para investigarem eventuais ataques à segurança nacional do país, além de melhor assegurar os direitos dos suspeitos.

24 Ago 2022

Suicídio | Apesar de semestre negro, SSM dá conta de quebra trimestral

Os Serviços de Saúde (SSM) revelaram ontem que foram cometidos 19 suicídios em Macau durante o segundo trimestre desde ano, número que representou uma diminuição de 32 por cento em comparação com os primeiros três meses do ano.

Sem referir que no registo semestral 2022 está a ser um ano negro em termos de suicídios em Macau, os SSM indicam que “o aumento ou diminuição dos casos de morte por suicídio, é facilmente influenciado por factores acidentais, sendo as principais e possíveis causas do suicídio, as doenças crónicas ou físicas, doenças mentais, jogos de fortuna e azar ou problemas financeiros”.

Os serviços liderados por Alvis Lo apontam ainda a situação pandémica e a situação instável nas regiões vizinhas que “fazem com que os cidadãos inevitavelmente manifestem diferentes níveis de problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e stress mental”.

Não mencionando os efeitos das restrições de combate à pandemia impostas pelo Governo na saúde mental, amplamente estudadas a nível internacional, os SSM recomendam “que os cidadãos insistam em manter um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, exercícios físicos adequados, sono adequado, não fumar, diminuir o consumo de álcool e relaxamento”.

Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.

24 Ago 2022

Crime caiu no 1.º semestre, abuso sexual de crianças foi excepção

A criminalidade em Macau baixou mais de 15 por cento na primeira metade do ano. A grande “nódoa” no panorama de descida de delitos foi o aumento de 70 por cento de abusos sexuais de crianças. Outro dado que salta à vista, diz respeito ao aumento para mais do dobro de suicídios, o número mais elevado de sempre nos registos estatísticos do gabinete de Wong Sio Chak

 

Durante a primeira metade deste ano, foram instaurados 4.983 inquéritos criminais pelas forças policiais, representando uma redução de 932 casos em comparação com o período homólogo de 2021, equivalente a uma redução de 15,8 por cento.

Ao longo de quase 50 páginas de dados estatísticos, é visível o reflexo na criminalidade da influência das restrições fronteiriças devido ao combate à pandemia, assim como a maior permanência das pessoas em casa e a redução de movimento nos casinos.

Porém, apesar da diminuição geral dos crimes registados na primeira metade de 2022, outra estatística fora dos delitos penais que mereceu análise das autoridades foi o aumento considerável do número de suicídios.

Entre Janeiro e final de Junho, 47 pessoas suicidaram-se na RAEM, mais do dobro dos 22 casos registados no primeiro semestre de 2021, representando um aumento de 113,6 por cento. Aliás, o primeiro semestre deste ano foi o mais negro no capítulo dos suicídios desde que a estatística é contabilizada pelo gabinete do secretário para a Segurança, em 2015.

Tendo em conta o período em análise, os anos com maior número de suicídios tinham sido 2017 e 2020, com 35 casos, bem longe dos 47 anunciados ontem.

Também as tentativas de suicídio registaram um aumento considerável face ao período homólogo de 2021, com 123 ocorrências registadas pelas autoridades, face às 99 tentativas nos primeiros seis meses do ano transacto, ultrapassando pela primeira vez a centena de casos.

Ignomínia estatística

O abuso sexual de crianças foi um dos crimes que contrariou a tendência de redução, com um total de 17 casos no primeiro semestre de 2022, face aos 10 casos registados no mesmo período do ano passado, representando um aumento de 70 por cento.

Os dados revelam a tendência de aumento do número de abusos sexuais cometidos depois de contactos em aplicações móveis de namoro, realidade que também se verificou em crimes em que as vítimas eram menores. Em resposta ao significativo aumento de abusos sexuais de crianças, o gabinete do secretário para a Segurança afirmou que na primeira metade do ano foram divulgados materiais destinados a pais e educadores para a necessidade de terem atenção ao uso da internet por crianças. Além disso, as forças de segurança destacam a organização de seminários e actividades de sensibilização em escolas sobre auto-protecção de detecção de alterações comportamentais de menores.

Menos violência

Importa referir que o abuso sexual de menores foi a excepção na categoria de criminalidade violenta, que declinou mais de 35 por cento no primeiro semestre de 2022, face ao período homólogo do ano passado, com o crime de sequestro a registar a maior redução, de 17 casos em 2021 para três este ano, representando uma descida de 82,4 por cento.

Nos primeiros seis meses do ano, diminuíram também os crimes de roubo, menos 68,8 por cento, os casos de fogo posto caíram 45,8 por cento, tráfico de droga diminuiu 28,2 por cento e o crime de violação registou menos 12,5 por cento de casos na primeira metade de 2022. Destaque também para a ocorrência de um homicídio no período em análise, face a dois no primeiro semestre de 2021.

Crimes em linha

Um dos delitos mais representativos da crise económica vivida em Macau é a “burla a pretexto de apoio na procura de emprego/pedido de documentação”, que registou nos primeiros seis meses deste ano 32 casos, um aumento de 11 por cento face ao ano anterior.

Se as burlas em casinos diminuíram 70 por cento no primeiro semestre de 2022, as praticadas por telefone aumentaram 19 por cento. Nesta categoria, o esquema mais utilizado foi “fazer-se passar por funcionário dos órgãos governamentais”, com 23 casos que representaram uma subida de 15 por cento.

Porém, o grande volume de burlas foi praticado online, delitos que totalizaram 296 casos no primeiro semestre deste ano, face a 244 no período homólogo de 2021, que se traduziu num aumento de 52 por cento. As burlas mais frequentes e com maior crescimento foram “armadilhas de serviços pornográficos (+ 20 por cento) e compras online (+ 20 por cento).

Curiosamente, apesar destes números, as burlas através de subtracção de dados de cartões de crédito foram dos crimes que mais caíram no primeiro semestre deste ano, com o registo de 55 casos, face aos 540 do ano passado, uma diminuição de 485 por cento.

Com as restrições fronteiriças e a debandada de trabalhadores não-residentes, os crimes de aliciamento, auxílio, acolhimento e emprego de imigrantes ilegais quase duplicaram (97 por cento), de 125 casos no primeiro semestre de 2021, para 222 casos nos primeiros seis meses deste ano.

Os delitos de excesso de permanência no território também registaram aumentos consideráveis durante o primeiro semestre deste ano.

24 Ago 2022

Saúde / Idosos | Cuidados ao domicílio com subida de quase 20%

Em 2021, as equipas de apoio ao domicílio do IAS serviram mais de 16 mil pessoas, entre consultas médicas e cuidados de enfermagem. Para o próximo ano, há planos para lançar uma nova equipa, na zona da Praia do Manduco

 

Há cada vez mais pessoas a receberem cuidados domiciliários, coordenados pelo Instituto de Acção Social. Os dados oficiais sobre o ano passado apontam para um crescimento de 19,3 por cento nos cuidados prestados.

Em resposta a uma interpelação da deputada Ella Lei, Hon Wai, presidente do IAS, adiantou que 16.341 pessoas receberam consultas médicas ou tratamento de enfermagem em casa.

“Em 2021, foram prestados serviços de cuidados domiciliários a 16.341 pessoas, das quais 2.009 receberam serviços de consulta médica e 14.332 serviços de cuidados de enfermagem, registando-se um aumento de 19,3 por cento em relação ao ano anterior”, pode ler-se na resposta de Hon Wai, à interpelação da deputada.

No documento, o presidente do IAS revela ainda que actualmente existem sete equipas prestadoras de serviços ao domicílio, com capacidade para tratar até 110 pessoas.

“Tomando como exemplo os serviços de cuidados domiciliários e de apoio, cada equipa proporciona serviços a 110 casos no máximo ao mesmo tempo, nos quais 90 são casos gerais e 20 são casos de idosos débeis”, foi explicado.

Por outro lado, Hon Wai explicou também que cada equipa é constituída por 16 trabalhadores, entre chefe de equipa, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas, e outros funcionários, que tratam de assuntos diversos, como o atendimento e a logística.

Nova equipa

Segundo os dados actuais, os serviços de cuidados domiciliários do IAS têm capacidade para lidar com 770. No entanto, a partir do próximo ano, a capacidade vai subir para 880, com a criação de uma nova equipa que vai ficar situada na zona da Praia do Manduco.

“Em 2023, [o IAS] irá acrescentar uma equipa de serviços de cuidados domiciliários e de apoio na zona da Praia do Manduco para responder às necessidades dos serviços para idosos na zona centro-sul”, foi prometido.

Na resposta, Ella Lei é ainda informada de que a associação a que pertence, a Federação das Associações dos Operários, trabalha em cooperação com os Serviços de Saúde, para a prestação de cuidados a idosos.

“Os Serviços de Saúde (SS) há muitos anos colaboram com equipas dos serviços de cuidados domiciliários integrados e de apoio da Federação das Associações dos Operários para a prestação de cuidados ambulatórios e de cuidados domiciliários a idosos que necessitam destes serviços”, foi comunicado.

No âmbito desta cooperação, estão incluídos serviços como avaliação do ambiente domiciliário, avaliação de saúde e elaboração de planos de cuidados de saúde personalizados, entre outros.

24 Ago 2022

Taiwan | Centenas protestaram em Lisboa contra visita de Nancy Pelosi

Elementos da comunidade chinesa a residir em Portugal, bem como simpatizantes de outras nacionalidades, manifestaram-se na segunda-feira junto à embaixada dos EUA contra a vista a Taiwan de Nancy Pelosi. Parte da estrada em frente ao edifício, nas imediações do Hospital de Santa Maria, encheu-se de bandeiras chinesas e tarjas com frases a favor do princípio “uma só China”

 

“Forças externas obstruem a reunificação completa da China e serão derrotadas”, ou “Somos uma só China, Taiwan é parte da China” foram algumas das frases, escritas em inglês e chinês, exibidas na tarde desta segunda-feira, em Lisboa, em frente à embaixada dos EUA em Lisboa. Os cartazes foram exibidos por manifestantes que fizeram parte do protesto que reuniu cerca de 200 membros da comunidade chinesa em Portugal que, empenhando também bandeiras da China, se manifestaram contra a visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a Taiwan, e a favor do princípio de “uma só China”. O protesto contou, no entanto, com simpatizantes da causa de outras nacionalidades.

De megafone na mão, vários dirigentes associativos mobilizavam os manifestantes a entoar palavras de ordem e tocavam a “Marcha dos Voluntários”, o hino chinês. Entre as 16h e as 18h, parte da estrada em frente ao edifício da embaixada foi cortada ao trânsito.

Nathan Ho, que trabalha na área do comércio, contou ao HM porque decidiu manifestar-se. “Ninguém aqui concorda com a visita de Nancy Pelosi a Taiwan. Somos contra qualquer intervenção nos assuntos internos do nosso país. Taiwan faz parte da China há muito tempo. Todos os patriotas chineses estão a expressar a sua raiva contra o comportamento de Nancy Pelosi. Esta é uma interferência brutal nos nossos assuntos.”

Uns metros mais à frente, a jovem Anting Xiang, a residir em Lisboa há muitos anos, disse estar a “apoiar o princípio de uma só China” e a lutar “contra o domínio norte-americano”. “Os EUA estão a interferir nos nossos assuntos e defendemos que só existe uma China. O movimento independentista de Taiwan faz-nos mal, porque não é possível separar o território chinês”, frisou.

O senhor Zhang, natural de Zhejiang, tal como a grande parte dos chineses que emigraram para Portugal, vive no país há 14 anos. “Estou aqui porque Taiwan faz parte da China, queremos uma China e não duas Chinas.” Apesar de nunca ter visitado Taiwan, Zhang assume que “só quer uma China”. “Os EUA sabem e todos sabem que só existe uma China. Nancy Pelosi não deveria ter ido a Taiwan.”

Outro manifestante, de apelido Pei, bastante interventivo no protesto, contou que “não concorda com a posição dos EUA e a sua hegemonia”. “Taiwan pertence à China. O povo de Taiwan é bom e a maior parte das pessoas dizem que são chineses da China. Tudo isto é uma provocação dos EUA”, adiantou.

Portugueses presentes

Nem só de chineses se fez o protesto em frente à embaixada norte-americana. Muitos portugueses marcaram presença no protesto promovido pela Liga dos Chineses em Portugal e que contou com o apoio de todas as associações representativas da comunidade no país.

Rui Lourido, historiador, presidente do Observatório da China e representante da União das Associações de Cooperação e Amizade Portugal-China, foi um dos que esteve presente. “Estou aqui na luta pela dignidade do povo chinês e da China e pela exigência do respeito pelas fronteiras da China, considerando que Taiwan é chinesa desde a antiguidade.”

Actualmente a trabalhar num livro sobre o XX Congresso do Partido Comunista Chinês, a pedido da Academia de Ciências Sociais da China, Rui Lourido está, precisamente, a investigar as origens da região de Taiwan e do estabelecimento das relações com a China.

“Desde o século III A.C. e depois já no século VI D.C., concretamente na passagem da dinastia Ming para a dinastia Ching, houve o reconhecimento de Taiwan como território sob administração chinesa, [sob alçada] da província de Fujian. Mais tarde, no século XIX, [Taiwan foi considerada] como província chinesa. Não há qualquer dúvida desse reconhecimento. Achamos abusivo do lado americano que tente provar a sua capacidade de ameaça militar e de hegemonia sobre os outros povos.”

A visita de Nancy Pelosi faz, assim, “parte da estratégia americana, independentemente de quem esteja no poder, que é manter a hegemonia sobre as várias potências ascendentes”. “Ao ver que não consegue impor essa ascendência, surgem estas atitudes de provocação ou de demonstração de músculo militar. Interessa aos EUA manter o máximo possível a estratégia da venda de armas”, acrescentou Rui Lourido.

Outro português que esteve junto à embaixada dos EUA em Lisboa foi Diogo Calado que, como português, diz que “não tem de ter uma posição sobre Taiwan”, por ser uma “questão interna da China”. Ainda assim, entende que a visita da presidente da Câmara dos Representantes “é intolerável” e constitui “uma interferência de um Estado estrangeiro noutro”.

Diogo Calado, que viveu mais de dez anos na China, recordou outros exemplos do que entende ser a interferência dos EUA. “O país está a interferir como já o fez no passado, em Portugal, por exemplo. Falo das reuniões [no pós-25 de Abril de 1974] entre Mário Soares e [Frank] Carlucci [ex-Secretário de Estado da Defesa dos EUA], aqui na embaixada. Ao interferir, o país está a humilhar-se publicamente na comunidade internacional e isso está a ficar patente nas opiniões dos países que apoiam a China e as suas posições políticas.”

A carta do dia

Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal, não segurou o megafone, mas não deixou de acompanhar as operações de perto. “Estamos muito satisfeitos [com a adesão]. Este é um dia de trabalho ou de férias para muita gente e estas pessoas sacrificaram esses dias para apoiar a iniciativa.”

Para já, as associações de chineses em Portugal não planeiam outras acções do género. “Apenas queremos mostrar aos americanos que não vale a pena querer criar a guerra na zona do Pacífico porque nós, chineses, somos um povo de paz e é assim que queremos resolver os problemas”, frisou Y Ping Chow.

Os manifestantes entregaram ainda uma carta dirigida à embaixadora dos EUA em Portugal, Randi Charno Levine, a argumentar que a visita de Pelosi “provoca insegurança e conflito no estreito de Taiwan e na região, e afronta o consenso mundial estabelecido pelas Nações Unidas de não ingerência nos assuntos internos dos países e do reconhecimento da nação chinesa”.

Na carta lê-se ainda que “a diplomacia dos EUA, em especial face à região chinesa de Taiwan, está de novo a apoiar essas forças separatistas, anti-democráticas e anti-nacionais, que temporariamente se esconderam sob o novo regime de democracia liberal, beneficiando da política belicista e de duplicidade dos últimos governos dos EUA”.

A missiva cita ainda o antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger que, a 13 de Agosto, disse ao Wall Street Journal que “estamos à beira da guerra com a Rússia e a China face a crises que nós próprios, em parte, criámos, sem nenhuma perspectiva de como vão acabar ou a que devem conduzir”.

A carta chega ao fim com a referência ao princípio “Um País, Dois Sistemas”, pensando inicialmente para Taiwan, mas que foi aplicado nas regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong. Esta política “garante, simultaneamente, a continuidade da economia e do regime de democracia liberal de Taiwan e a unificação pacífica de toda a nação chinesa”.

Taiwan | Lao Ngai Leong defende “Um País, Dois Sistemas”

Lao Ngai Leong, representante de Macau na Assembleia Popular Nacional, considera que o princípio “Um País, Dois Sistemas” corresponde às expectativas de Taiwan, tendo em conta a aplicação bem-sucedida em Macau desde a transferência de soberania. O responsável falou à margem de uma palestra sobre a publicação do Livro Branco por parte das autoridades do país, intitulado “A questão de Taiwan e a reunificação da China na Nova Era”.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o representante indicou que esta é a terceira vez que a China publica um Livro Branco sobre o assunto, com factos e a informação de que Taiwan é uma região chinesa. Além disso, Lao Ngai Leong frisou que “Um País, Dois Sistemas” é um princípio reconhecido pela comunidade internacional.

Por sua vez, Li Weihua, vice-presidente do Conselho Regional de Jiangsu para a Promoção da Reunificação Pacífica da China, disse que o Livro Branco inclui a informação de que o Partido Comunista Chinês tem impulsionado de forma firme a reunificação do país, além de definir as soluções sobre a questão de Taiwan para a Nova Era.

24 Ago 2022

Sábado com maior fluxo de visitantes desde fim de quarentena

No sábado entraram em Macau mais de 17 mil pessoas, o maior fluxo registado nas fronteiras desde que terminou a obrigação de fazer quarentena no regresso ao Interior da China. Longe, vão ainda os tempos de mais de 100 mil entradas diárias, registadas antes da pandemia

 

Macau recebeu mais de 17 mil visitantes no sábado, o número mais elevado desde que a China levantou a quarentena obrigatória a pessoas vindas da região, anunciou ontem a Direcção dos Serviços de Turismo (DST).
Num comunicado, a DST sublinhou que a média diária de visitantes ficou perto de 11.700 entre 12 e 18 de Agosto, mais 56 por cento do que na semana anterior e muito acima da média registada em Julho (315 turistas).

O número de visitantes em Macau caiu em Julho 98,8 por cento em termos anuais, devido ao surto de covid-19 que atingiu o território a partir de 18 de Junho. Durante o surto, os turistas que viessem a Macau teriam de se submeter a quarentena obrigatória no regresso à China continental, medida que foi levantada em 3 de Agosto.

Ainda assim, o fluxo de entradas diárias registado em Fevereiro deste ano foi de mais do dobro do verificado no passado sábado. No dia 25 de Fevereiro entraram em Macau 33.208 visitantes, quantidade que marcava o quarto dia do ano com maior afluência nas fronteiras do território.

A comparação com níveis anteriores à pandemia ainda é mais avassaladora. No dia de maior movimento da Semana Dourada de 2019, dia 5 de Outubro, entraram em Macau mais de 163 mil pessoas, quase dez vezes mais das entradas verificadas no sábado.

Na altura, a DST anunciava que durante toda a Semana Dourada haviam atravessado a fronteira para Macau mais de 980 mil pessoas. Deste universo, 798 mil visitantes eram oriundos do Interior da China.

Manter a chama

No final deste mês, vai ser “lançada uma caravana promocional itinerante ‘Sentir Macau, Sem Limites’” em nove cidades da província vizinha de Guangdong e, para o início de Setembro, “está prevista a realização de uma acção de grande envergadura intitulada ‘Semana de Macau em Qingdao, Shandong’”.

Ao mesmo tempo, as autoridades anunciaram que estão a apostar no uso de plataformas ‘online’, redes sociais, ‘sites’ de comércio electrónico e agências de viagens para manter a “marca” turística do território viva no mercado chinês. Com Lusa

22 Ago 2022

MGM China | Injecção de 4,8 mil milhões na MGM Grand Paradise

A MGM China vai transferir 4,8 mil milhões de patacas para subsidiária MGM Grand Paradise para cumprir os requisitos mínimos de capital do concurso público para renovar a concessão de jogo. Se a concessionária for uma das escolhidas, Pansy Ho será a directora executiva

 

Enquanto a corrida à renovação das licenças de jogo prossegue, as candidatas afinam detalhes corporativos para cumprir os requisitos do concurso público e as imposições da nova lei do jogo. O exemplo mais recente foi a injecção da MGM China na concessionária MGM Grand Paradise de 4,8 mil milhões de patacas para que fique habilitada a concorrer à nova licença de jogo. Desta forma, a MGM Grand Paradise cumpre o requisito de ter, pelo menos, 5 mil milhões de patacas de capital social.

De acordo com o documento submetido à Bolsa de Valores de Hong Kong que dá conta da injecção bilionária, Pansy Ho vai passar a deter 15 por cento do capital da empresa e ocupará o cargo de directora executiva na eventualidade da renovação da concessão.

A filha de Stanley Ho irá receber anualmente 730 mil acções de Classe B da empresa, assim como uma remuneração de 8 milhões de dólares norte-americanos por ano. Além disso, com base na performance financeira da empresa, Pansy Ho poderá receber como “incentivo” 95 milhões de dólares no final da concessão, indicou ontem a agência financeira Bloomberg.

O reforço da posição accionista de Pansy Ho na empresa também decorre da nova lei do jogo, que obriga o director executivo, um residente permanente da RAEM, a deter pelo menos 15 por cento do capital da empresa. Recorde-se que a lei anterior impunha 10 por cento do capital da concessionária.

Paradigma em mudança

No final da operação na Bolsa de Valores de Hong Kong, a MGM China irá deter quase 85 por cento do capital da subsidiária do grupo que opera em Macau, e a mesma percentagem nos direitos de voto. A empresa-mãe, MGM Resorts International vai passar a deter 0,4 por cento do capital da MGM China, uma considerável redução dos actuais 10 por cento, indicou a empresa em comunicado.

As alterações na estrutura accionista da empresa tiveram reflexo imediato no valor das acções que subiram ontem 1 por cento na bolsa da região vizinha.

A MGM China anunciou no início do mês um prejuízo de 382,4 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) no segundo trimestre de 2022. Em igual período de 2021, a MGM China tinha apresentado um EBITDA (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) ajustado positivo de 116 milhões de HKD, de acordo com um comunicado citado pela agência Lusa.

No primeiro trimestre de 2022, a empresa, com dois casinos em Macau, registou ainda um lucro líquido de 45,7 milhões de HKD. No segundo trimestre, a MGM China registou receitas no valor de 1,1 mil milhões de HKD, menos 53,5 por cento comparativamente com o mesmo período do ano passado. Com agências

22 Ago 2022

Segurança Nacional | Diploma segue Hong Kong. Acrescenta novos crimes e terá aplicação global

Penas mais pesadas, mais crimes e uma maior abrangência. A nova lei da segurança nacional foi apresentada ontem pelo secretário para a Segurança como a “lei básica” do sistema jurídico e do princípio “Um País, Dois Sistemas”

 

Maior abrangência, um procedimento penal especial, retenção sem estatuto de arguido, e a possibilidade de acusar qualquer pessoa, que em qualquer lugar pratique actos que as autoridades locais considerem que atentam contra a segurança nacional.

Estas são algumas das propostas da futura lei de segurança nacional, que está desde ontem em consulta pública até 5 de Outubro, e que o Governo espera que coloque a RAEM ao nível de Hong Kong e do Interior, em termos de segurança nacional.

O texto da consulta pública, que como normalmente acontece não contempla a proposta na lei nem os conceitos utilizados, foi apresentado ontem numa conferência de imprensa liderada por Wong Sio Chak, secretário para a Segurança.

Uma das grandes novidades é o facto de a lei ser aplicada em todo o mundo, independentemente da nacionalidade dos suspeitos e do conhecimento que tenham da lei. A proposta segue o conceito de “princípio da defesa de jurisdição”, que já tinha sido aplicado em Hong Kong e que agora é importado para a RAEM.

“Com o objectivo de corresponder às necessidades objectivas do combate eficiente aos crimes contra o Estado, sugere-se introduzir o ‘princípio da defesa da jurisdição’ (Protective Principle of Jurisdiction) incluindo no âmbito de punição de quem pratique actos contra a segurança do Estado da República Popular da China (RPC) fora de Macau”, pode ler-se no texto de consulta.

Durante a apresentação, Wong Sio Chak foi questionado se as declarações da eurodeputada portuguesa Isabel Santos (Partido Socialista), que acusou a China de ter cometido várias violações da Declaração Conjunta Luso-Chinesa de 1987, poderiam ser encaradas como crime à luz da proposta. O secretário afirmou desconhecer o caso, mas não afastou a possibilidade de estrangeiros serem julgados à revelia.

Restrições de saída

Com a nova legislação, o Governo pretende também dotar as autoridades do poder para reter em Macau qualquer suspeito da prática de crimes de segurança nacional, mesmo que não tenha sido constituído arguido.

É a chamada “restrição temporária de saída de fronteiras”. “Antes da intervenção de um magistrado, uma pessoa que atravesse a fronteira pode constituir um grande perigo para o país. Por isso, através desta medida de restrição temporária de saída, pode responder-se aos critérios definidos pelo país, e Hong Kong. Ao mesmo tempo, pode articular-se com os padrões internacionais, como é adoptado, por exemplo, em Singapura”, justificou Wong Sio Chak. “Só estamos a fazer uma restrição temporária”, frisou.

Segundo o governante, o objectivo é implementar uma restrição de três dias, que pode ser prolongada por mais dois dias, sem exceder cinco dias. Wong indicou também que os visados vão ter os seus direitos protegidos, como de comunicação, espaço para dormir e acesso a alimentos.

Sobre este aspecto, o documento de consulta indica que a medida será aplicada para que os “suspeitos possam cooperar com as autoridades policiais na investigação e recolha de provas num período relativamente curto”, e que o poder para a aplicação será atribuído “aos juízes competentes”.

Criação de novo crime

A nova lei também vai criar um novo crime de “instigação ou apoio à sedição”, para “criminalizar de forma independente a instigação ou a assistência relacionada” com a sedição. Esta era uma conduta punível pelo Código Penal, mas o Governo pretende aproveitar a nova lei para autonomizar o crime e reforçar as penas.

Em relação ao actual crime de “subversão contra o Governo Popular Central”, o âmbito de aplicação é alargado para abranger “o poder político do Estado” e actos de “derrube e a destruição do sistema fundamental do Estado definido pela Constituição do Estado”, além disso passam a ser criminalizados “actos de subversão por outros meio ilícitos, ainda que não violentos”.

No âmbito do alargamento do crime, Zhang Guohua, assessor de Wong Sio Chak, não referiu que as autoridades da RAEM estão protegidas, ao invés focou os exemplos na Assembleia Popular Nacional e no Partido Comunista Chinês. O assessor sublinhou também que o diploma visa actos contra o “sistema socialista”, que diz protegido em Macau pela Constituição da RPC.

O facto deste novo crime colocar em causa qualquer tipo de actividade considerada pró-democrata, e de poder levar à prisão de indivíduos que se assumam como democratas, não foi abordado durante a conferência de imprensa. Apenas foi deixado o desejo por Wong Sio Chak que também este diploma, à semelhança do aprovado em 2009, não seja necessário.

O novo diploma prevê ainda que qualquer indivíduo, organização ou associação que cometa actos “prejudiciais à segurança do Estado” em ligações com “organizações e associações estrangeiras” seja punido. Anteriormente, a lei só visava organizações ou associações políticas. Contudo, agora deixa cair o carácter político das associações, e é assumido que todas podem ter estas funções, além de dotar as autoridades do poder para punir.

Novo procedimento penal

De acordo com o texto de consulta, o Governo quer criar também um procedimento penal especial para os crimes relacionados com a segurança nacional.

O regime não foi ontem revelado, nem as suas características, mas é indicado que vai ser constituído principalmente com base na Lei da Criminalidade Organizada, Lei Orgânica do Comissariado Contra a Corrupção, Lei da Prevenção e Repressão do Crime de Branqueamento de Capitais, Proibição da Produção, do Tráfico e do Consumo Ilícito de Estupefacientes e de Substâncias Psicotrópicas.

Neste momento, não se sabe se a legislação vai permitir extradição para o Interior, o que não consta no documento de consulta, contudo Wong Sio Chak esclareceu que os julgamentos para estes crimes vão ser feitos preferencialmente à porta aberta, à excepção de questões que impliquem segredos de Estado, sem intervenção das autoridades do Interior nas investigações feitas em Macau.

O secretário para a Segurança garantiu também que a lei não vai ter efeitos retroactivos, e que irá respeitar integralmente o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, cuja aplicação local recentemente valeu críticas da comissão especializada da Organização das Nações Unidas à RAEM.

Necessidades do momento

Apesar de nunca ter havido qualquer crime relativo à segurança nacional, como previsto na versão de 2009 da lei, a necessidade de actualização foi justificada com um novo contexto mundial e as “responsabilidades constitucionais”.

“A conjuntura de segurança do Estado a nível mundial, as interferências externas e as ameaças tradicionais e não-tradicionais misturam-se e cruzam-se, o que faz com que o país tenha de enfrentar ambientes e desafios cada vez mais complexos e difíceis”, afirmou Wong Sio Chak. “Se virmos a legislação em 2009, feita atendendo ao ambiente de segurança nacional e conjuntura naquela altura, e se fizermos uma retrospectiva, já foram levantadas várias questões e problemas, que fazem com que haja a necessidade de revisão desta lei”, acrescentou.

Além disso, o secretário apontou que Macau tem de acompanhar o exemplo de Hong Kong e ainda implementar o conceito holístico de segurança nacional, que foi definido em 2015 pelo Governo Popular Central.

“A lei de 2009 era apenas um regime penal. Mas, se quisermos implementar a visão holística de segurança do país, só um regime penal não é suficiente […] temos de garantir uma cobertura total, para que a lei de defesa de segurança do estado possa servir como uma base, um tronco e um esqueleto do regime jurídico”, atirou.

A ocasião serviu também para Wong Sio Chak garantir que existem interferências externas em Macau, embora não as tenha indicado. Sobre o novo contexto internacional, a visita a Taiwan de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, foi apontada como uma das ameaças externas.

Ucrânia como exemplo

O novo regime da segurança nacional foi apresentado como a nova “lei básica” do sistema jurídico, que permite não só o crescimento económico, como também ser base para a política “Um País, Dois Sistemas” e para as liberdades individuais, como o direito de expressão e imprensa.

“Sabemos que a lei da segurança nacional é o princípio mais alto da nossa linha orientadora e a exigência mais alta para implementar ‘Um País, Dois Sistemas’”, atirou Wong Sio Chak
Por outro lado, questionado sobre o impacto da lei nas liberdades de expressão e imprensa, o secretário deu como exemplo o caso da Ucrânia, na sequência da invasão russa. “Podemos pensar na situação de Ucrânia. É um bom exemplo […] sem a segurança do Estado não podemos garantir a liberdade dos seus cidadãos. Daí, a defesa da segurança do Estado é muito importante para a nossa garantia de liberdade de expressão e de outros direitos em Macau”, afirmou Wong.

“A protecção da defesa do Estado é um factor muito importante para garantir a estabilidade de Macau e a liberdade de expressão e de imprensa”, acrescentou. Ainda assim, Wong Sio Chak avisou que a liberdade de expressão e de imprensa, mesmo que consagradas na Lei Básica, não podem ser utilizadas para permitir crimes e que as infracções levarão a responsabilidades criminais.

A grande diferença em relação a Hong Kong é que na RAEHK não foi efectuada qualquer consulta pública. A lei foi publicada sem mais. Já em Macau, vai decorrer uma consulta pública, que permitirá aos cidadãos expressar os seus pontos de vista sobre a lei. A consulta pública decorre até 5 de Outubro, e o Governo espera que o diploma entre na Assembleia Legislativa em Novembro, para ser discutido com a maior brevidade possível. A proposta de lei sugere que a entrada em vigor aconteça no dia seguinte à publicação em Boletim Oficial.

22 Ago 2022

Fronteira | Alterada burocracia para entrada de não-residentes

A partir de amanhã os estrangeiros podem entrar em Macau, se vierem do Interior, sem terem de apresentar uma autorização das autoridades de saúde. O anúncio foi feito pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

Para poderem utilizar esta forma de entrada, os não-residentes têm de ter estado nos últimos 10 dias no Interior e precisam de ter um visto com entradas múltiplas para o Interior, ou uma autorização de residência. A medida não afecta os trabalhadores não-residentes portugueses nem os residentes do Interior, Hong Kong e Taiwan.

Como estas pessoas vêm do Interior, onde permaneceram pelo menos 10 dias, ficam igualmente dispensadas de realizar qualquer quarentena, desde que apresentem o teste de ácido nucleico com um resultado negativo. Contudo, a quarentena pode ser obrigatória, se os lugares do Interior onde estiveram forem considerados de alto risco.

Até à entrada em vigor da medida, os trabalhadores não-residentes estrangeiros só podiam entrar em Macau caso estivessem no Interior e tivessem uma autorização especial de entrada das autoridades de saúde.

Apesar das alterações, a entrada de não residentes sem passaportes do Interior, Hong Kong ou Taiwan continua a ser proibida.

21 Ago 2022

Covid-19 | Secretária nega problemas após infecção em hotel com infectados

Após a infecção de um trabalhador no hotel England Marina Club, Elsie Ao Ieong U considerou que as pessoas que vêm do exterior aumentam o risco de contágio no território e destacou que num único dia registaram-se 10 casos importados

 

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, desvalorizou a existência de problemas no hotel England Marina Club, que alberga os infectados com covid-19, após ter sido detectada uma infecção entre os trabalhadores em circuito fechado. A posição foi tomada na Assembleia Legislativa, à margem de uma sessão para responder às interpelações orais dos deputados.

Segundo Elsie Ao Ieong U, apesar de não ter sido determinada a causa de infecção, não “foram detectados problemas evidentes no mecanismo e nas medidas de prevenção e controlo de contágio” no hotel. A ocasião serviu também para a secretária elogiar o trabalho realizado nas instalações, ao frisar que “as medidas de prevenção e controlo de contágio estão a ser bem implementadas”.

A responsável indicou ainda que “o trabalhador infectado estava em circuito fechado e era responsável pela distribuição de refeições e recolha de lixo, entre outras tarefas no hotel”. A recolha de lixo e a remoção da roupa e equipamentos de protecção foram apontados como dois momentos de grande risco, durante as funções dos trabalhadores neste hotel.

Os culpados

Sobre o caso, a secretária justificou que se deve a um maior número de pessoas infectadas do exterior. Ao Ieong U apontou “que regressaram a Macau, recentemente, mais indivíduos vindos do exterior, e que num único dia 10 testaram positivo nos testes de ácido nucleico”.

Na opinião da governante, o “ideal” seria receber os infectados “em enfermarias de pressão negativa” do hospital, mas que tal não é possível devido à falta de recursos de saúde no território. No mesmo sentido, o Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane não é utilizado para casos assintomáticos porque tem um espaço limitado.

Todas estas circunstâncias fazem com que as pessoas infectadas sejam acompanhadas por trabalhadores sem formação em saúde, o que levou Elsie Ao Ieong U a prometer um reforço dos ensinamentos, a ser promovido pelas autoridades.

Mais casos importados

Entre sexta e sábado, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou a importação de mais seis casos de covid-19. Os primeiros cinco casos foram diagnosticados na quinta-feira, confirmados na sexta-feira, e dizem respeito cinco homens, com idades entre 51 e 61 anos, que voaram de Portugal, Reino Unido, Vietname e Hong Kong.

No sábado, foi confirmado mais um caso, uma mulher com 45 anos que tinha vindo de Portugal. Com esta infecção, os casos de covid-19 na RAEM subiram para 2.260, entre 793 casos confirmados de covid-19 e 1.467 infecções assintomáticas.

21 Ago 2022

Almirante Lacerda | Incêndio provoca um morto e um ferido grave

Um idoso de 72 anos morreu num incêndio que deflagrou no sábado no quarto andar do edifício Wai Oi, na Avenida Almirante Lacerda, junto ao Mercado Vermelho. Segundo a TDM – Rádio Macau, o incêndio, que ocorreu durante a manhã, deixou ainda um ferido em estado grave, um homem de 27 anos que apresentava queimaduras e que inalou fumo. Quando foi encaminhado para o hospital estava consciente. Por sua vez, o idoso, quando foi encontrado pelos bombeiros, já não respirava ou tinha batimentos cardíacos.

Em nota de imprensa, o Instituto de Acção Social (IAS) declarou ontem que realizou uma visita ao local, incluindo funcionários da Caritas Macau, tanto ao prédio como ao hospital onde está o jovem internado, a “fim de providenciar apoio necessário aos moradores afectados, nomeadamente, apoio emocional, aconselhamento e serviço de acolhimento temporário, entre outros”.

O Centro dos Sinistrados da Ilha Verde vai disponibilizar serviços de acolhimento temporário e materiais básicos de uso diário para os moradores afectados que deles necessitarem. Para isso, basta que os moradores necessitados liguem para o número 28261126 para obtenção do apoio.

21 Ago 2022

AL | Lei Wai Nong pede cautela na decisão de comprar casa

Na segunda sessão plenária de respostas a interpelações orais, o secretário para a Economia e Finanças apelou à prudência de quem pondera comprar casa. O risco de agravamento da crise económica e o impacto no mercado imobiliário foram factores enumerados por Lei Wai Nong

 

Antes de comprar casa pense duas vezes. Foi esta a mensagem que o secretário para a Economia e Finanças deixou na sessão de sexta-feira de respostas a interpelações orais na Assembleia Legislativa.

“Tendo em atenção que os bancos centrais mundiais têm vindo a tomar medidas de contracção nas políticas monetárias, as pressões de subida das taxas de juros de empréstimos hipotecários dos bancos locais estão a aumentar de forma significativa”, indicou Lei Wai Nong, em resposta à interpelação do deputado Ip Sio Kai, que também é vice-director da sucursal de Macau do Banco da China.

O governante acrescentou que na primeira metade de 2022, foram registados 3.867 pedidos de suspensão de pagamento de créditos bancários através do mecanismo de “pagamento apenas de juros, sem amortização do capital”, proporcionado pelos bancos. O cancelamento de amortizações implicou um movimento de 32,24 mil milhões de patacas.

Lei Wai Nong concluiu que esta realidade evidencia “que uma parte significativa dos clientes com empréstimos se encontra a sofrer pressões financeiras, verificando que a recessão emergente pela epidemia contribuiu a redução dos rendimentos dos residentes, sendo as pressões financeiras sentidas por parte das famílias, que necessitam de pagar as prestações de empréstimos mais salientes”.

Aliada à crise que reduziu rendimentos privados, “as medidas prudenciais no que respeita às directivas de empréstimos hipotecários” levaram à subida das prestações mensais, razões que reforçam o pedido de prudência dos residentes na decisão de comprar uma casa.

Acesso restrito

O deputado e presidente da Associação de Bancos de Macau indicou que desde o início da pandemia, “as transacções no mercado imobiliário de Macau caíram dez vezes”. Ip Sio Kai recordou ainda que segundo os dados dos Serviços de Finanças, no ano passado, foram vendidas 5970 habitações, “menos 6,6 por cento em termos anuais e o número mais baixo dos últimos anos”.

Como tal, pediu ao Governo que aligeirasse o acesso ao crédito imobiliário, tal como restrições “aos preços e à idade dos residentes para a primeira aquisição”. Proposta que Lei Wai Nong rejeitou.

O secretário sublinhou ser preciso “garantir as necessidades essenciais dos residentes em relação à aquisição de imóveis para habitação, de modo a evitar a ocorrência de quaisquer situações de não correspondência entre os preços dos bens imóveis com os rendimentos e o poder de compra dos residentes em geral”. Lei Wai Nong destacou que a cautela na altura de contrair empréstimo é uma salvaguarda para a “segurança e a estabilidade do valor dos bens dos residentes compradores de habitação e do sistema financeiro local”.

21 Ago 2022

SMG | Macau poderá ter tempestade tropical na próxima semana

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) estimam que o território possa registar, na próxima semana, mais uma tempestade tropical.

Segundo uma nota de imprensa, “uma depressão tropical localizada a Leste das Filipinas está a desenvolver-se gradualmente”, esperando-se que a mesma “entre na parte norte do mar da China meridional a meio desta semana”. Os SMG apontam, no entanto, “que a sua trajectória e intensidade são ainda incertas”.

21 Ago 2022

Organização LGBTQ+ defende serviços de saúde especializados em questões de género

A organização LGBTQ+ Arco-íris de Macau defendeu, em declarações à Lusa, o estabelecimento no território de serviços de saúde especializados em questões de género.

“Como uma economia globalmente desenvolvida, Macau deve estar em linha com o mundo, estabelecendo serviços de saúde especializados relacionados com questões de género”, disse a organização LGBTQ+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero +).

O diretor-geral e fundador da Arco-Íris, Anthony Lam, explicou que, desta forma, as pessoas com disforia de género podem ter acesso a serviços especializados e a pessoal médico que possa fornecer o aconselhamento, diagnóstico e tratamento mais apropriado.

“Ao mesmo tempo, o pessoal médico pode também concentrar-se nas áreas relevantes para lidar com diferentes tipos ou condições de casos na mesma área”, acrescentou.

A organização afirmou existirem dezenas de pessoas em Macau que pretendem submeter-se a cirurgia de mudança de sexo, operações a que a comunidade transgénero é submetida normalmente na Europa e na Tailândia.

“Com base nas informações e pedidos de ajuda recebidos pela organização nos últimos anos, mais casos irão certamente surgir no futuro. Para além da atualização da lista de doenças infeciosas, as autoridades sanitárias devem também atualizar os tipos e âmbito dos seus serviços”, sustentou Anthony Lam.

O dirigente lembrou que um dos principais problemas da comunidade transgénero na sociedade de Macau é que os seus membros não podem alterar a identidade de género nos documentos, “o que pode causar dificuldades na utilização de sanitários públicos e na entrada e saída do território”.

Em julho, o Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas questionou Macau sobre que que medidas é que a região está a tomar para o “reconhecimento legal de pessoas transgénero” e para que este grupo possa alterar a identificação de género nos registos de nascimento ou documentos de identidade.

O secretário para a Administração e Justiça da região administrativa especial referiu que estes são temas “controversos em sociedades orientais, profundamente influenciadas por valores e culturas tradicionais” e que “Macau não é exceção”.

“Sem a formação de um consenso social, será difícil conseguir o apoio do corpo legislativo para alterar leis. Por isso, é necessário levar a cabo um diálogo inclusivo”, considerou André Cheong.

21 Ago 2022

Trabalhador do Hotel Tesouro pode ter sido infectado por caso importado

As autoridades de saúde consideram que o caso de covid-19 detectado num trabalhador do Hotel Tesouro, e que obrigou várias pessoas a prolongar a quarentena por mais cinco dias, terá tido origem num caso importado e que não foram encontradas falhas ou problemas na gestão do circuito-fechado.

“Estamos ainda a investigar o caso. O hotel em causa recebe pessoas que regressam do estrangeiro ou de Taiwan, e verificámos que nas últimas semanas há uma elevada taxa de casos positivos. Por isso, não excluímos a possibilidade de esta infecção ter origem num caso importado”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.

O trabalhador, cujo caso foi detectado na segunda-feira, é responsável pela entrega de objectos, refeições e pela recolha do lixo num piso do hotel. No entanto, todos os residentes que estavam a fazer quarentena tiveram de adiar a saída, tendo sido informados da alteração minutos antes da hora prevista para o check-out.

“Não verificamos qualquer falha ou problema e iremos acompanhar o caso”, adiantou a responsável, alertando para a ocorrência de vários casos positivos importados tendo em conta o período de férias de verão e o aumento das viagens para o exterior.

“Os trabalhadores dos hotéis têm de se testar a cada dois dias, mas desde segunda-feira os Serviços de Saúde comunicaram aos trabalhadores para reforçar a frequência dos testes. Há cada vez mais pessoas a voltar a Macau, muito deles apresentam um período de incubação mais longo, e há cada vez mais casos importados. Os trabalhadores devem usar a máscara KN95 ou até usar mais uma máscara para sua protecção”, foi referido.

Testes para um novo ano

Na mesma conferência, o subdirector da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) Wong Ka Ki explicou que os alunos das instituições de ensino superior e não superior devem apresentar um teste de ácido nucleico negativo com prazo de validade de 72 horas para o regresso às aulas. Os alunos transfronteiriços podem, a partir do dia 29, registar-se nos seis hospitais disponíveis para o efeito através dos dados do cartão de estudante. O resultado deste teste não serve para passar a fronteira mas apenas para o regresso às aulas.

Relativamente ao facto de já não ser exigido certificado de vacinação para entrar em Macau, as autoridades explicaram que tal se deve ao facto de a maioria das pessoas já estar vacinada contra a covid-19.

“Estas pessoas precisam ainda de apresentar um teste negativo e tal não significa que não damos importância à vacinação. Hoje em dia, a maior parte das pessoas tem duas doses da vacina e queremos facilitar o seu regresso”, disse Leong Iek Hou.

19 Ago 2022

Covid-19 | Residentes continuam a esperar muitas horas à chegada

Mesmo realizando o teste logo à saída do avião, quem chega a Macau vindo do estrangeiro continua a ter de esperar mais de dez horas até ser levado para o hotel de quarentena. Testemunhos ouvidos pelo HM dizem que as novas medidas em nada aceleraram o processo. Permanecem as más condições para quem espera, assim como a falta de comunicação

 

Quem chega ao aeroporto de Macau vindo do estrangeiro continua a ter de esperar muitas horas até ver concluído o processo de testagem e a ida para o hotel para cumprir a quarentena obrigatória. Na quarta-feira, no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, Lam Chong, responsável do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, anunciou a entrada em vigor de novas medidas para reduzir o tempo de espera dos que chegam, tal como a criação de um posto móvel num autocarro para fazer os testes à saída do avião.

Foi também dito que as pessoas iriam para os hotéis à medida que os resultados fossem ficando concluídos, ao contrário do que acontecia antes, com os passageiros a terem de esperar por todos os resultados.

No entanto, testemunhos ouvidos pelo HM de pessoas que chegaram a Macau na quarta-feira, revelam que as mudanças foram, na prática, muito poucas. Rui Barbosa viajou com a filha e teve de esperar mais de dez horas após a aterragem até entrar no quarto onde vão cumprir isolamento.

“Fui dos mais rápidos, pois o meu autocarro foi dos primeiros a sair do Pac On, mas cheguei ao hotel pouco mais de dez horas depois de termos aterrado. Tenho um colega que chegou na semana passada e passadas sete horas estava no hotel, por isso não sei em que medida é que o tempo de espera foi reduzido ou se não terá ficado exactamente tudo na mesma.”

O residente descreve ainda as parcas condições em que são feitos os testes. “Fomos encaminhados para um autocarro que estava à saída do avião consoante o lugar em que estávamos sentados no voo. Fizemos o teste no autocarro, do género dos autocarros públicos, com péssimas condições. Era semelhante a um autocarro público, o veículo parecia ter 30 anos, e não nos podíamos sequer sentar.”

Também Isabel Silva esperou mais de dez horas até ver concluído todo o processo. “No avião anunciaram que iam fazer as coisas de forma diferente, e à saída estavam dois autocarros para fazer a testagem. Começaram a chamar 16 pessoas de cada vez. O teste foi feito dentro do autocarro, e todos pensaram que seria mais rápido, mas esperámos bastante tempo. Fizemos o percurso praticamente igual ao que tem sido feito, a única diferença foi fazer o teste logo à saída do avião”, contou.

A residente fala de um cenário de espera no Pac On onde “a comunicação é difícil”. “É difícil perceber o que se passa, os funcionários tentam despachar. Têm de seguir as regras e é assim”, acrescentou.

Tudo ao molho

Rui Barbosa diz que é “desumana” a situação em que colocam as pessoas no terminal do Pac On. “Parece que é para nos darem as boas-vindas pelo facto de termos decidido viajar”, ironiza.

“Ficámos sentados com a distância entre bancos, mas depois as pessoas andam por ali durante seis e sete horas e contactam umas com as outras.”

O residente realça também as dificuldades de comunicação e muita desorganização ao longo da penosa espera após uma viagem longa. “Depois de oito horas de espera, apareceu um senhor com um papel escrito à mão, que presumimos ter o número de pessoas que estavam negativas. As pessoas foram depois encaminhadas para outro sítio. Ficámos por ali e fomos chamados, uma hora depois, para o autocarro. Só aí presumimos que estávamos negativos, pois íamos para o hotel. Os funcionários fazem o trabalho com a maior das vontades, mas não há ninguém a gerir a situação”, confessou.

Esta é a segunda vez que Isabel Silva faz quarentena com os dois filhos e diz não ter notado melhorias no processo. “No ano passado, chegámos ao hotel às 2h30. Desta vez o processo seria mais rápido, mas cheguei às 4h. É exigido o preenchimento de muita papelada, que poderia ser feito online, com confirmação no local.”

Para quem tem crianças, o local de espera está longe de ser ideal. “As instalações onde esperamos pelos resultados nem sequer têm uma casa de banho limpa, ou com condições para mudar as fraldas dos bebés. As pessoas têm contacto entre si e as crianças acabam por brincar umas com as outras, pois não há espaço e o tempo de espera é longo”, rematou.

Na conferência de imprensa de ontem do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, foi referido que os procedimentos precisam de ser melhorados. “Na verdade o processo implica vários serviços públicos, como os Serviços de Saúde e Corpo de Polícia de Segurança Pública. Fizemos várias reuniões conjuntas para melhorar os procedimentos. Foi o primeiro dia, era uma novidade e ainda estamos a tentar acertar os procedimentos com todos os colaboradores. Haverá uma optimização para reduzir ainda mais o tempo de espera”, disse Leong Iek Hou, médica coordenadora do centro.

19 Ago 2022