Diversificação económica | Apresentado plano com 81 projectos até 2028

Foi apresentado na quarta-feira o Plano de Desenvolvimento da Diversificação Adequada da Economia, com 81 projectos para implementar até 2028. As principais apostas passam pelo aumento do valor global do sector financeiro, trazer mais turistas internacionais e garantir a certificação de 40 empresas de tecnologia

 

O Governo anunciou na quarta-feira um plano que define 81 projectos prioritários para os próximos cinco anos com o objectivo diversificar a economia e atenuar a dependência do jogo.

Turismo, jogo e desenvolvimento de indústrias na área da saúde, finanças e tecnologia de ponta, bem como no sector de convenções, exposições e comércio constituem o foco do Plano de Desenvolvimento da Diversificação Adequada da Economia da Região Administrativa Especial de Macau (2024-2028) apresentado em conferência de imprensa.

A integração nacional foi assumida como uma via essencial para alavancar Macau, que o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, caracterizou como uma “microeconomia aberta” cujo “desenvolvimento das indústrias depende da cooperação regional” e que tem também “de servir as necessidades do país”.

Daí que se tenha colocado ênfase na importância de o território participar “na construção da Zona de Cooperação Aprofundada (…) em Hengqin e na da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, afirmou Lei Wai Nong.

“Espera-se que, através da Zona de Cooperação Aprofundada, as vantagens de Macau como porto franco, zona aduaneira autónoma, livre entrada e saída de capitais, entre outras, possam estar estreitamente ligadas ao enorme mercado de procura interna da Grande Baía, à sua cadeia industrial e às suas infra-estruturas”, concretizou.

Em termos concretos, espera-se, para 2028, a redução do grau de dependência das receitas correntes [da Administração] em relação às receitas do jogo, podendo-se atingir “uma percentagem mais baixa em comparação com o ano de 2019. Em 2022, esse peso foi de 50,4 por cento. Prevê-se ainda que o peso do valor acrescentado bruto das actividades não jogo, de 74,2 por cento em 2022, reduza para cerca de 60 por cento em 2028. Já os empregados não relacionados com o jogo deverão manter-se em cerca de 80 por cento, sendo que, no ano passado, esse peso era de 81,1 por cento.

Turismo em altas

Em matéria de turismo, para 2028 o Governo espera “um aumento gradual” tanto do número de visitantes internacionais como do número de visitantes que pernoitam em Macau, a fim de “voltar ao nível atingido no ano de 2019”. A actual média de estadia dos visitantes, de 1,5 dias, “mantém-se em crescimento” até 2028, enquanto a despesa per capita dos turistas, sem as apostas de jogo, que se situam nas 3.187 patacas, “também se mantém em crescimento”, segundo as previsões do Executivo. Espera-se ainda a criação de mais dez cursos ligados ao sector do turismo e lazer até 2028.

A medicina tradicional chinesa, outra indústria apontada como potencial pilar económico de Macau, também está na mira das políticas para os próximos anos. O objectivo passa por “aumentar gradualmente até 2028” o valor acrescentado da indústria, que é de 320 milhões de patacas.

Actualmente, existem 16 fábricas de medicamentos tradicionais chineses e produtos associados à área de “big health”, dimensão industrial que o Governo deseja aumentar. É também sublinhada a necessidade de “um aumento significativo” do número de medicamentos tradicionais chineses registados no território, dos actuais seis produtos.

O desenvolvimento da indústria financeira é um outro dos sectores fundamentais que o Governo quer desenvolver para diversificar a economia, com o plano a descrever “o alargamento contínuo da dimensão da indústria financeira moderna”.

Até finais de Junho deste ano, “os activos totais do sector bancário atingiram 2.509,77 mil milhões de patacas”, enquanto “os activos totais do sector segurador atingiram 260,70 mil milhões de patacas”, o que significa que o total de activos do sector chegou às 2.773,54 mil milhões de patacas.

No plano, o Governo indica que “os diversos indicadores de estabilidade financeira se mantêm num nível satisfatório”, sendo que as bases para o desenvolvimento “do mercado de obrigações e fundos de investimento estão a ser aperfeiçoadas gradualmente”. Espera-se “um grau de internacionalização cada vez mais elevado” do sector financeiro de Macau, foi sulinhado por Lei Wai Nong.

Até 2028, o Executivo pretende aumentar o número de instituições financeiras autorizadas, que actualmente é de 95, enquanto o número de cursos superiores nesta área deve passar de 18 para 25.

O plano apresenta a previsão de um número acumulado de 40 empresas de tecnologia qualificadas certificadas em Macau. Quanto ao investimento público na investigação e desenvolvimento da inovação científica e tecnológica, espera-se um valor acumulado de investimento de um mínimo de cinco mil milhões de patacas até 2028. Já os cursos superiores na área da tecnologia de ponta deverão passar dos actuais 24 para 40.

Aposta nas conferências

Entre os 81 projectos prioritários que constam do plano de Macau para diversificar a economia, destaque para a expansão de mercados de visitantes internacionais, promoção do turismo gastronómico e da medicina tradicional chinesa, alargamento e modernização da indústria financeira, apoio à inovação e ao desenvolvimento das empresas tecnológicas, bem como para o reforço de actividades ao nível do sector das convenções. Os autores do plano, de resto, estimam que o número de convenções e exposições em Macau passe do meio milhar para entre 2.000 e 2.500.

No plano lê-se que Macau se encontra “numa fase crucial de reconversão e valorização das indústrias tradicionais e de desenvolvimento das indústrias emergentes”. Impera, então, “consolidar e elevar o nível das indústrias privilegiadas e concentrar esforços no desenvolvimento das indústrias emergentes e optimizar a estrutura económica”.

O Governo promete aumentar “os terrenos destinados à economia”, sendo criadas mais “zonas comerciais e instalações complementares nas áreas adjacentes aos postos fronteiriços, em alguns bairros, nas novas zonas urbanas e no lado norte da Taipa”, fornecendo-se “mais terrenos para a construção de edifícios comerciais.

Em matéria de recursos humanos para garantir o suporte da diversificação económica, o Governo promete implementar o Regime Jurídico de Captação de Quadros Qualificados e com ele captar, “de forma faseada” e através de “programas para quadros qualificados de elevada qualidade, quadros altamente qualificados e profissionais de nível avançado”, bem como “quadros qualificados indispensáveis ao desenvolvimento das diversas indústrias-chave”.

O secretário para a Economia e Finanças prometeu também aumentar o “investimento dos recursos” e reforçar “a construção de uma plataforma de ensino superior de alta qualidade a nível internacional”. O plano inclui o “fomento de programas para o prosseguimento dos estudos em Portugal, aprofundando-se a cooperação entre as instituições do ensino superior de Macau e as de Portugal, com vista à formação de quadros em língua portuguesa”.

“Um novo patamar”

O Governo organizou 13 sessões de auscultação de opiniões, tendo também realizado uma consulta pública durante 30 dias para a elaboração do plano apresentado na quarta-feira. O secretário lembrou que os residentes “geralmente apoiaram” o documento de consulta, “com 92,1 por cento de opiniões favoráveis”.

O governante adiantou também que o Executivo, durante a preparação do plano, sentiu “a grande preocupação dos diversos sectores sociais com o desenvolvimento de Macau, bem como a firme convicção na promoção da diversificação económica”. Este irá “permitir uma maior clareza quanto ao caminho para o desenvolvimento das indústrias ‘1+4’, sendo um passo muito significativo para a reunião de consenso social e para a superação conjunta das dificuldades”, disse Lei Wai Nong.

Neste contexto, o secretário disse esperar que as indústrias “1+4”, já anunciadas pelo Chefe do Executivo “se possam promover mutuamente e atingir um desenvolvimento conjunto”. “Depois de as indústrias emergentes terem atingido gradualmente uma certa dimensão, podem ser cultivados novos pontos de crescimento económico”, frisou.

O secretário salientou que “a economia de Macau está a caminhar para um novo patamar de desenvolvimento”, e que “algumas medidas positivas adoptadas pelo Governo já produziram os primeiros resultados”. “Ao longo do corrente ano a recuperação da economia global tem superado as expectativas, marcando um bom começo para as indústrias de ‘1 + 4′”, disse Lei Wai Nong.

Acima de tudo, a nível local, “é necessário desenvolver a economia, melhorar a vida da população, resolver os conflitos e problemas profundos que surjam no desenvolvimento socioeconómico”, a fim de “alcançar a prosperidade e estabilidade a longo prazo”. É também fundamental “uma melhor integração na conjuntura do desenvolvimento nacional, a fim de desempenhar melhor o seu papel na concretização da grande revitalização da nação chinesa”. Com Lusa

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