João Santos Filipe Manchete PolíticaAutoridades trabalham em novo plano de resposta a surtos epidémicos Após o surto de 18 de Junho, Alvis Lo revelou que o Chefe do Executivo pediu aos diferentes departamentos para melhorarem os trabalhos de resposta à pandemia. Actualmente, os SSM estão também a preparar-se para lidar com a varíola dos macacos O director dos Serviços de Saúde (SSM), Alvis Lo, anunciou que as autoridades estão a desenvolver um novo plano de resposta a emergências ligadas à covid-19, na sequência do surto de 18 de Junho. As declarações foram prestadas no sábado, no Jornal do Cidadão, em que Alvis Lo reconheceu haver alguns problemas. Segundo Lo, as autoridades estão a recolher as informações sobre o surto mais recente e a tentar perceber quais foram os principais desafios encontrados pelos diferentes departamentos. O objectivo passa por melhorar os aspectos negativos, ao mesmo tempo que se seguem as orientações mais recentes, emitidas pela Comissão Nacional de Saúde do Interior. A introdução de melhorias aos procedimentos de resposta a surtos terá sido, segundo Alvis Lo, um pedido do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que convocou reuniões com vários departamentos, a quem atribuiu a missão de melhorarem os trabalhos. Quase desde o início do surto, que as medidas adoptadas em Macau têm seguido as orientações da Comissão Nacional de Saúde, e do médico Zhong Nanshan, como é reflectido pela contagem do número de casos, em que há uma divisão dos assintomáticos e não assintomáticos. No entanto, o novo plano de resposta a surtos apenas vai ser apresentado mais tarde, quando as autoridades considerarem que está “maduro” o suficiente para ser colocado em prática. Varíola dos macacos Na ocasião, Alvis Lo abordou também os trabalhos para lidar com a varíola dos macacos, cujo primeiro caso chegou recentemente a Hong Kong. Segundo o director dos Serviços de Saúde, as autoridades estão a negociar com as empresas fornecedoras a compra de vacinas, e há a esperança de que o processo decorra dentro da normalidade, sem sobressaltos. Em relação a futuros casos da doença em Macau, Alvis Lo apontou as medidas contra a covid-19 como um exemplo, ao afirmar que o mais importante é proceder ao isolamento dos possíveis infectados. Em Junho deste ano, os Serviços de Saúde deram formação aos médicos e enfermeiros, para saberem como lidar com futuros pacientes com varíola dos macacos. Alvis Lo pediu ainda atenção à sociedade, e sublinhou que as pessoas infectadas com varíola dos macacos desenvolvem sintomas como febre, dores de cabeça, dores musculares e reacção na pele semelhantes à varíola mais comum.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteChá Gordo | ADM promove quatro sessões até ao final do ano Realiza-se já amanhã, na sede da Associação dos Macaenses, uma sessão de Chá Gordo, uma refeição volante típica da gastronomia macaense, e que será a primeira de três que a associação irá promover até final do ano. Miguel de Senna Fernandes, presidente, diz que é uma forma de revitalizar o leque de actividades Experimentar as iguarias do Chá Gordo, uma tradicional refeição da gastronomia macaense, será possível amanhã, na sede da Associação dos Macaenses (ADM), entre as 17h30 e as 20h30, sendo esta a primeira de três sessões do género que a associação pretende organizar até final do ano. O menu está a cargo de Marina de Senna Fernandes e a actividade é subsidiada pela Fundação Macau. Ao HM, Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM, disse que já ultrapassaram as 40 inscrições. “Esta é uma primeira amostra e vamos ter mais três até ao final do ano. Temos um número limitado de pessoas e parece-me que as inscrições estão no bom caminho, já temos mais de 40. Se não fizermos absolutamente nada estamos a colaborar com a estagnação [que Macau vive em termos de actividades], e esse não é o meu estilo. Vamos fazer o que for dentro do possível”, adiantou. O Chá Gordo, por tradição, “era um evento com uma refeição muito rica, feita pelas velhas famílias macaenses que tinham condições para o fazer”. “Era motivo de orgulho mostrar aos amigos e convidados em geral. O Chá Gordo era um momento pouco chique, não se esperava que os homens vestissem fraque. Mas havia uma certa indumentária, lembro-me bem das pessoas que apareciam no Chá Gordo, que se vestiam bem, porque o evento assim o justificava.” Desta forma, acrescentou Miguel de Senna Fernandes, o evento da ADM exige “dress code”, sem necessidade de vestidos de cerimónia. “Queremos que as pessoas evitem ir de calças de ganga e ténis, para que entendam o espírito do Chá Gordo.” Molhos e companhia Marina de Senna Fernandes levantou a ponta do véu sobre os pratos que poderão ser provados numa refeição cheia de diversidade e onde os convidados ficam de pé a servir os pratos. “Vou usar um prato muito antigo, o Missó Cristão, que é um molho com origem japonesa, do tempo dos missionários japoneses e jesuítas que estavam em Macau. Esse prato foi praticamente esquecido e hoje em dia já ninguém faz, mas o molho é muito versátil e pode ser usado com peixe, camarões ou entrecosto. Já o fiz várias vezes e vou fazer com bacalhau e camarões. É um molho muito especial.” Haverá ainda o “Arroz Gordo”, tido como a “dama da festa”, pois “Chá Gordo sem o Arroz Gordo não é Chá Gordo”, disse Marina de Senna Fernandes. É um arroz feito à base de guisado de várias carnes com ovos de codorniz, frutos secos e polpa de tomate. “Esta é uma mostra da arte de bem receber e de hospitalidade. Todas as carnes do Chá Gordo têm de ser cortadas para serem comidas na hora, para não deixar que as pessoas usem as mãos ou talheres”, concluiu. Marina de Senna Fernandes disse ainda que o próximo Chá Gordo na sede da ADM terá lugar no dia 15 de Outubro, onde serão desvendados os segredos do Chá Gordo para casamentos, “onde a comida é um bocadinho diferente”.
João Luz Manchete SociedadeAnálise | Trunfos e fraquezas da nova candidata a concessão de jogo A entrada na corrida por uma concessão de jogo de uma empresa ligada ao Genting Group foi a grande surpresa do dia de entrega de propostas. A maior vocação para resorts dirigidos para famílias e elementos não-jogo é vista como um trunfo. Para os analistas da Nomura, a questão está entre começar do zero um novo estilo de resort ou adaptar os existentes A entrada em cena da GGM S.A. na corrida às novas concessões de jogo em Macau marcou o dia de entrega de propostas para o concurso público. A empresa ligada ao Genting Group e ao magnata malaio Lim Kok Thay trouxe ao processo um novo fôlego, que está a gerar muitas reacções e leituras. Os analistas do banco de investimento Nomura realçam que a concorrente começa numa posição de desvantagem, uma vez que pouco se sabe ainda sobre a estrutura exacta da accionista da GGM S.A., mas que o grupo traz ao concurso novas valências que podem ser úteis face ao contexto que a indústria enfrenta actualmente. “A Genting tem como trunfo a vasta experiência em resorts integrados destinados a uma clientela familiar, rumo que o Governo da RAEM quer para a indústria, privilegiando a diversificação que desloque o actual foco excessivo no jogo das actuais concessionárias”, indicaram os analistas, numa nota divulgada na quarta-feira à noite. Os observadores realçam que apesar de as actuais concessionárias terem capacidade para se adaptar a uma nova realidade, que retire ênfase ao factor jogo, isso irá implicar alterações físicas aos seus resorts. “Como novo operador, a GGM pode conceber um resort de raiz que corresponda às novas prioridades do Executivo de Macau, ao contrário dos operadores actuais que conceberam as suas propriedades para os velhos tempos do jogo VIP. A nova concorrente pode também adaptar-se em termos orçamentais a um índice de despesas de capital mais baixo, adequando-se a volumes de receitas brutas de jogo estruturalmente inferior” ao verificado até antes da pandemia, apontam os analistas, citados pelo portal Inside Asian Gaming. Pedras no caminho A Nomura destaca como um dos principais desafios da GGM S.A. a potencial dificuldade em convencer os investidores do Genting Group sobre as potencialidades do mercado de jogo da RAEM. “Pensamos que os investidores da Genting Malaysia e da Genting Berhad podem encarar a entrada no concurso público de forma negativa por duas razões. A primeira prende-se com a incerteza em relação à recuperação da indústria do jogo de Macau, devido à política de covid zero que reduziu drasticamente as receitas brutas dos casinos. Cremos que existem poucas esperanças de que as restrições de combate à pandemia aliviem, como aconteceu no resto do mundo”, é indicado. A segunda preocupação, que os observadores consideram mais forte, é que alguns investidores da Genting Malásia (e consequentemente o grupo) podem não se sentir confortáveis com o mercado de Macau e a incerteza que isso acarreta, principalmente tendo em conta o investimento feito na área de influência da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Além disso, a perspectiva de um grande compromisso de investimento depois de dois anos de contas apertadas devido à pandemia e do aumento das dívidas pode desagradar aos investidores mais conservadores. Por sua vez, os analistas da JP Morgan destacaram a recente falência do Genting Hong Kong como um “mau presságio” para as chances de a nova candidata ganhar uma concessão em Macau. Além das hipóteses, ou falta delas, da GGM S.A., os especialistas da JP Morgan consideram improvável que alguma das seis concessionárias actuais perca a licença de jogo. “Lufada” de ar fresco Carlos Lobo, analista de jogo, considera que a entrada da GMM, ligada à Genting, no concurso público de atribuição das concessões do jogo é uma “lufada” de ar fresco no sector. As declarações foram prestadas à Rádio Macau. Apesar desta lufada, o analista não vê o interesse da Genting como uma surpresa, uma vez que esta não é a primeira vez que a empresa malaia concorre a uma licença de jogo no território. Carlos Lobo defendeu também que apesar de as seis operadoras terem um histórico de grandes investimentos no território, que irá ser frisado nas propostas, a entrada de uma nova concorrente pode ditar mudanças no panorama do jogo. As propostas apresentadas por GMM S.A.,Wynn Resorts (Macau), S.A., Venetian Macau S.A., Melco Resorts (Macau) S.A., SJM Resorts, S.A., MGM Grand Paradise S.A. e Galaxy Casino, S.A. vão ser abertas esta manhã, pelas 10h, no 21.º andar do Edifício China Plaza.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSemana dourada | Medidas de entrada serão analisadas “de forma dinâmica” As autoridades de saúde não planeiam alterar as medidas de entrada em Macau tendo em conta a chegada da Semana Dourada, mantendo-se os prazos de validade dos testes. Sobre a posição da OMS, que indicou que a pandemia poderá estar perto do fim, o Governo não dá sinais de mudar de estratégia Aproxima-se o período de feriados da Semana Dourada, em finais deste mês e princípios de Outubro, e mesmo com as expectativas de ligeira recuperação no sector do turismo, o Governo não dá mostras de relaxar as medidas de entrada no território. “Vamos manter as medidas inalteradas. Falta algum tempo para a Semana Dourada e vamos continuar a avaliar a situação de forma dinâmica”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do centro de coordenação de contingência do novo tipo de coronavírus. Desta forma, mantém-se os prazos de validade dos testes necessários para entradas e saídas entre Macau e a China. O que também se mantém inalterada é a postura das autoridades em relação à pandemia, mesmo que Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), tenha dito que o fim da pandemia poderá estar próximo. “Os Serviços de Saúde (SSM) e o Governo observam de forma estreita a avaliação da OMS em relação à pandemia. Acompanhamos de perto as orientações e medidas aplicadas no Interior da China. O que está a ser feito em Macau tem a ver com a nossa realidade”, adiantou a mesma responsável. Na quarta-feira o director-geral da OMS declarou que “na semana passada, o número de mortes semanais por covid-19 foi o mais baixo desde Março de 2020”. “Nunca estivemos em melhor posição para acabar com a pandemia. Não estamos lá ainda, mas o fim está próximo”, acrescentou. Sobre o caso de contacto próximo detectado num hotel em Zhuhai, e que levou ao fecho do edifício, os SSM dizem estar em contacto permanente com as autoridades da cidade vizinha e que se houver residentes de Macau envolvidos irão informar a população. O que é ser positivo Na conferência de imprensa de ontem as autoridades admitiram ainda ter alterado, na última sexta-feira, os valores CT, associados à carga viral, que definem se uma pessoa está infectada com covid-19 ou se está “negativa”. Se antes o valor de CT abaixo de 38 significava que a pessoa estava com covid-19, agora, para ser considerado positivo o valor de CT tem de ser inferior a 35. “Em todos os casos, locais ou importados, é usado este critério. Quem tiver um valor de CT inferior a 35 está positivo terá quarentena estendida. Com mais de 35 significa que a infecção não foi recente e a quarentena não tem de ser prolongada [fica mais dois dias para fazer testes]. Na altura, definimos o valor 38 para decidir se a pessoa infectada ia para o hotel ou isolamento médico. Mas ao longo do tempo percebemos que muitas pessoas apresentavam o valor CT de 35, que se mantinha aquando da realização dos dois testes, o que significa um caso sem grande risco de transmissão na comunidade. Na sexta-feira passada decidimos que, quando o valor CT se mantém, não é necessário prolongar a quarentena”, revelou ontem a representante dos Serviços de Saúde, Wong Weng Man.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAlvis Lo reeleito presidente da Federação de Juventide O director dos Serviços de Saúde tem a companhia de Ho Hoi Kei, filha de Ho Iat Seng, nos órgãos sociais da associação. Ho foi reeleita vice-presidente, assim como Calvin Chui, filho de José Chui Sai Peng. Arnaldo e Sabrina Ho, filhos de Ângela Leong, fazem igualmente parte da direcção Ho Hoi Kei, filha de Ho Iat Seng, foi reeleita para o cargo de vice-presidente da Federação de Juventude de Macau, que tem como presidente Alvis Lo. O acto eleitoral decorreu no passado dia 9 de Setembro, e teve como principal destaque a reeleição do director dos Serviços de Saúde para o cargo de presidente e ainda de mais 27 vice-presidentes. Os órgãos sociais da Federação de Juventude de Macau contam também com três deputados, nas posições de vice-presidentes. Song Pek Kei, da comunidade de Fujian e associada ao empresário Chan Meng Kam, Wong Kit Cheng, membro da direcção das Mulheres, e Ngan Iek Hang, ligado aos Moradores, são os legisladores presentes na direcção. Ao nível dos clãs locais, além da filha de Ho Iat Seng, destaca-se Calvin Chui, filho do deputado José Chui Sai Peng, e sobrinho do ex-Chefe do Executivo Fernando Chui Sai On, Calvin Chui foi eleito vice-presidente. Em sentido contrário, Kelvin Ho, sobrinho de Edmund Ho, era vice até às eleições de 9 de Setembro, mas sai da direcção. Com corpos sociais com cerca de 200 membros, surgem ainda como membros da direcção, mas sem uma posição clara, Arnaldo e Sabrina Ho, filhos de Stanley Ho e da relação com a deputada Ângela Leong. O clã Ma, ligado ao empresário Ma Man Kei, é representado por Frederico Ma, apresentado como “presidente permanente” da Federação de Juventude de Macau, um título que é também utilizado para Chan Meng Kam. A nível dos órgãos sociais, surge ainda Jorge Neto Valente, filho do advogado com o mesmo nome, na posição de vice-presidente do Conselho Fiscal. Influência crescente Fundada em 2006, a Federação de Juventude de Macau viu a sua influência política oficialmente reconhecida em 2010. Nesse ano, o então secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U, escolheu a associação como uma das quinze com assento permanente no Conselho de Juventude. A associação foi a 15.ª nomeada, numa lista com várias forças tradicionais, como a Associação Comercial de Macau, Federação das Associações dos Operários de Macau, Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau, Associação Geral das Mulheres de Macau, entre outras. A partir desse momento, a associação nunca mais perdeu o lugar do Conselho da Juventude. Em 2020, por decisão de Elsie Ao Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura de Ho Iat Seng, a Federação de Juventude de Macau entra para o Conselho para os Assuntos das Mulheres. Entre as 15 associações escolhidas, a federação foi a sétima. Apoiar, sempre! A inscrição na Federação de Juventude de Macau está aberta a membro individuais, desde que tenham entre 18 e 45 anos, sejam residentes em Macau e a candidatura seja aprovada pela direcção. Nos primeiros dois anos, apenas os residentes permanentes eram aceites, no entanto, em 2008, a exigência foi aligeirada, e passou a permitir-se que residentes não-permanentes também se pudessem candidatar. Quanto aos objectivos, a Federação de Juventude de Macau declara nos estatutos ter sido criada para “orientar os jovens de todos os contextos a apoiarem a governação do Governo de Macau, de acordo com a lei”, promover a participação “em vários assuntos de Macau”, “contribuir para a prática bem-sucedida de um país, dois sistemas” e “promover a reunificação completa com a mãe-pátria”. Neste momento tem mais de 1.800 membros individuais, e 150 membros colectivos, segundo o portal da associação e desde o momento da sua fundação que conta com o forte apoio do Governo de Macau, assim como do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central.
João Luz Manchete SociedadeTrabalho | Estudo indica que 70% dos jovens estão pessimistas Um estudo realizado pela Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau sobre a Gig Economy mostra que cerca de 70 por cento dos jovens entre os 14 e 18 anos encara com pessimismo a entrada no mercado de trabalho. O emprego a tempo parcial e freelance são vistos com bons olhos A Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau revelou ontem em conferência de imprensa o resultado de um estudo sobre a chamada Gig Economy, o conceito que engloba formas alternativas de emprego como prestação de serviços avulsos a apps, trabalhos freelancer e a tempo parcial. Os inquiridos foram jovens de Macau com idades compreendidas entre 14 e 18 anos. Uma das conclusões mais significativas e reveladoras prende-se com a óptica que os jovens têm da entrada no mercado de trabalho. O responsável do estudo, Leong Chon Kit, considera que o Governo devia ter em atenção os adolescentes prestes a entrar no primeiro emprego. “Cerca de 70 por cento dos entrevistados estão pessimistas sobre as perspectivas de emprego. Realço que este estudo foi realizado antes de o último surto de covid-19 atingir Macau, por isso acredito que o sentimento de pessimismo se deve ter agravado ainda mais”, indicou o responsável. Independentemente das preferências e vocações profissionais, cada vez mais jovens trabalham como freelancers, a tempo parcial ou com contratos de curto-prazo. Uma tendência que a Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau entende deixar os jovens mais desprotegidos em termos de direitos laborais por falta de actualização dos regimes legais para a nova realidade. Entre os inquiridos, apenas 26,1 por cento afirmou não querer trabalhar em empregos da chamada Gig Economy, enquanto 47 por cento disse estar disposto a aceitar a nova tendência. Prós e contras O estudo revela alguns resultados que demonstram conflitos geracionais, como, por exemplo, o facto de 48,2 por cento dos inquiridos achar que a nova realidade permite o acesso a boas oportunidades de emprego, ao mesmo tempo que 54,9 considera que as ofertas de trabalho não correspondem às expectativas da família. A associação descreve que a própria pandemia veio alterar o mercado de trabalho, injectando elementos de imprevisibilidade e precariedade. Por exemplo, aumentaram as vagas para distribuidores de take-away e de influencers e outras oportunidades de marketing e vendas através das redes sociais. Todos empregos dirigidos a mão-de-obra mais jovem e à vontade com a linguagem da internet. A associação defende que o Governo deve analisar a nova realidade laboral trazida pela Gig Economy e falar com trabalhadores destes sectores. Aliás, uma das críticas enumeradas pela Nova Juventude Chinesa é que uma fatia considerável desta economia fica de fora das estatísticas da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. O estudo foi realizado entre o fim de Maio e o início de Junho, antes do último surto de 18 de Junho. Foram recolhidas 805 respostas válidas. DSEDJ | Estudo sobre juventude esperado no próximo ano A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento de Juventude (DSEDJ) espera que os resultados da “Investigação Social dos Indicadores Sobre Juventude em Macau 2022” sejam conhecidos na primeira metade do próximo ano. A revelação foi feita ontem na segunda reunião plenária deste ano do Conselho de Juventude, presidida por Kong Chi Meng, director da DSEDJ. Este estudo é realizado a cada dois anos, está a decorrer entre este mês e Novembro, com a realização de várias entrevistas a jovens nas ruas de Macau e ainda questionários realizados online. A informação recolhida será utilizada como referência do Governo na formulação das políticas destinadas à juventude.
João Santos Filipe Manchete SociedadeOperadoras do jogo entregaram propostas dentro do prazo estabelecido Todas as actuais seis empresas com autorização para explorarem casinos em Macau apresentaram propostas de participação no concurso público de atribuição das novas concessões. O prazo para a participação no processo que vai escolher as concessionárias para os próximos 10 anos terminou ontem, pelas 17h45, com a apresentação de sete propostas. Após a Wynn Resorts (Macau), S.A. ter apresentado a proposta na terça-feira, ontem foi a vez das empresas Venetian Macau S.A., Melco Resorts (Macau) S.A., SJM Resorts, S.A., MGM Grand Paradise S.A. e Galaxy Casino, S.A. na sede da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Às actuais operadoras juntou-se uma outra proposta, identificada como GMM S.A., ligada ao empresário Lim Kok Thay. Lim é o líder do grupo Genting, da Malásia, que explora casinos e que na RAEM está ligado ao edifício Resort World Macau, em construção na Rotunda Ferreira do Amaral. Antes da entrega, uma senhora identificada como Chan, acompanhada pelo advogado Bruno Nunes, explicou que Lim Kok Thay não compareceu devido à pandemia. “Ele queria vir a Macau, mas como tem muitos negócios, não teve condições para vir”, afirmou Lim. Trabalho de 20 anos Na altura da entrega da proposta, o vice-presidente do Grupo Galaxy, Francis Lui, recordou o trabalho da subconcessionária nos últimos 20 anos. “Fizemos muito trabalho de preparação [para esta proposta]. Nos últimos 20 anos, sentimos que em todos os aspectos, económico, comunitário, em termos de investimento, treino dos jovens e responsabilidade social, cumprimos de forma satisfatória”, afirmou Lui, de acordo com o GGR Asia. “Por isso, gostávamos de ter a hipótese para continuar a contribuir para o desenvolvimento de Macau”, acrescentou. Por sua vez, Pansy Ho, co-presidente da MGM China, que esteve presente no acto da entrega, disse estar “confiante” no valor da proposta apresentada. “Começámos os trabalhos de preparação da proposta há cerca de um ano”, justificou. Também Lawrence Ho, presidente da Melco, esteve presente na entrega da proposta, mas não prestou quaisquer declarações. Antes disso, havia emitido um comunicado: “Gostava de agradecer ao Governo de Macau esta oportunidade. A nossa proposta reforça o compromisso com Macau e aprofunda a diversificação da economia”, declarou Ho. “Estamos ansiosos para assumir um papel de liderança em parceria com o Governo de Macau e executar a sua visão”, foi acrescentado. O acto de abertura das propostas está agendado para sexta-feira, pelas 10h, no 21.º andar do Edifício China Plaza.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeADM | Associação “paralisada” com novos critérios da Fundação Macau A cantina da Associação dos Macaenses deveria reabrir este mês, mas tal não será possível. Eventos como a festa de Natal vão obrigar a uma ginástica orçamental e a planos de gestão alternativos. Miguel de Senna Fernandes, presidente, diz que os novos critérios de subsídios definidos pela Fundação Macau vieram baralhar os planos da direcção Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses (ADM), diz que a entidade está “paralisada” devido, em parte, aos novos critérios de atribuição de subsídios a associações definidos pela Fundação Macau (FM). O facto de terem sido feitos cortes financeiros e de o montante ser definido consoante o número de actividades realizadas está a limitar o alcance que a ADM pode ter. A reabertura da cantina, um dos espaços mais frequentados pela comunidade macaense, mas não só, não tem data para voltar a abrir portas, desde que os funcionários rescindiram contrato em Abril deste ano e deixaram Macau. Entretanto, contratar tornou-se quase impossível devido à falta de dinheiro e de recursos humanos. “A ADM está parada por causa das restrições e há muitas limitações que se impuseram. A cantina ficou completamente estagnada e vamos procurar reabri-la. Neste momento ainda não há condições porque não tem sido fácil a contratação de pessoas porque não há dinheiro. Logo que haja condições financeiras para a contratação, obviamente que a cantina não vai parar. Talvez no início do próximo ano [possa reabrir], mas nem quero apostar numa data.” Sim às actividades A ADM está, assim, apostada na realização de diversas actividades, nomeadamente vários eventos de Chá Gordo até ao final do ano, entre outras. “Até ao fim deste ano a ADM vai apostar em várias actividades, dentro das condições mínimas que tem, para merecer este atendimento da FM. Ficamos praticamente paralisados em vários eventos do exterior, como a Festa de Natal ou de S. João, sem pessoal não vamos conseguir realizá-los. Estamos limitados em tudo o que envolva confecção de comida.” A realização da festa de Natal, algo habitual para muitas associações locais, está também em risco. “Vamos ver se conseguimos fazer a festa de Natal, porque precisamos de pessoal e mais apoio. Já não temos dinheiro para essa festa e vamos ter de arranjar uma solução minimamente comportável para os sócios e que cubra as despesas mínimas, como a própria refeição e a banda”, disse Miguel de Senna Fernandes.
Hoje Macau Manchete PolíticaMNE | China oferece três documentários a média dos PLP A China prendou os média de países lusófonos com documentários sobre cultura do chá, medicina tradicional chinesa e ecossistemas das quatro estações do ano no país. Os conteúdos produzidos pela televisão estatal foram traduzidos pela TDM. O comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Macau, Liu Xianfa, presidiu à cerimónia de entrega A cultura como meio de comunicação e cooperação entre meios de comunicação social chineses e dos países lusófonos. Foi com este intuito que a China ofereceu aos países lusófonos três documentários produzidos pela televisão estatal chinesa e traduzidos para português pela TDM-Teledifusão de Macau. “Seleccionámos com cuidado e traduzimos três documentários sobre a cultura chinesa e oferecemo-los aos media dos países de língua portuguesa, com o objectivo de aproveitar a cultura como um meio para desenvolver um novo caminho para a cooperação entre os media da China e dos países de língua portuguesa, fornecer novas dinâmicas a esta cooperação e elevá-la para um novo patamar”, afirmou o comissário Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) na RAEM, Liu Xianfa, na cerimónia que oficializou a oferta. Os três filmes versam sobre a cultura do chá, a medicina tradicional chinesa e a diversidade de ecossistemas durante as quatro estações. Sobre o primeiro tema, Liu Xianfa apontou que o chá é um dos “cartões de visita” da China, desde a Rota da Seda e a Antiga Rota do Chá nos tempos antigos, até ao projecto ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e à ‘Rota Marítima da Seda do Século XXI’, atravessando hoje a história e as fronteiras, transmitindo o espírito de harmonia e diferença e o conceito de abertura e cooperação”. “Macau foi o primeiro porto a partir do qual, o chá chinês foi exportado em grande escala”, acrescentou o comissário do MNE. Contra os muros Liu Xianfa demonstrou esperança de que os meios de comunicação social da lusofonia “assumam melhor as suas responsabilidades sociais”, trabalhem em conjunto para defender os valores comuns de toda a humanidade, adiram ao conceito de igualdade, apreciação mútua, diálogo e tolerância das civilizações, e promovam o respeito mútuo, a harmonia e a coexistência entre os povos. A oferta simbólica dos conteúdos multimédia representa um esforço para “eliminar barreiras culturais através de intercâmbios culturais, transcender o choque de civilizações através da apreciação mútua de civilizações, e substituir a superioridade civilizacional pela coexistência civilizacional”. O representante do Governo Central afirmou na cerimónia que “alguns países estão a contrariar a tendência da história ao ‘desligar’, construir ‘pequenos pátios e muros altos’, impor sanções extremas, e criar tensões artificiais, contradições e confrontos divisivos”. Face ao contexto de globalização económica acelerada e de partilha de informação ao segundo nas redes sociais, Liu Xianfa destacou a necessidade “ainda maior” de a China e os países de língua portuguesa aprofundarem intercâmbios, expandirem a cooperação e promoverem o desenvolvimento. Após a cerimónia de oferta, todos os presentes assistiram a um espectáculo de língua e cultura portuguesa em Macau.
João Santos Filipe Manchete PolíticaSegurança Social atribuiu em 2021 menos 8 milhões em subsídios de desemprego No ano passado, o Fundo de Segurança Social distribuiu menos 8,12 milhões de patacas em subsídios de desemprego, em comparação com 2020, num total de 44,19 milhões patacas. Os números foram revelados no Relatório Anual do Fundo de Segurança Social (FSS), e mostram uma redução de 15,5 por cento face a 2020, quando tinham sido distribuídos 36,07 milhões de patacas em apoios de desemprego. Actualmente, quem estiver desempregado pode pedir um apoio de 150 patacas por dia, num montante que pode chegar a 13.500 patacas. Atingida essa quantia, que representa 90 dias de apoio, os beneficiários só podem voltar a receber subsídio no ano seguinte. Segundo as explicações do relatório do FSS, “o número de pedidos de subsídio de desemprego diminuiu em relação ao ano de 2020”, não deixando de ser reconhecido que houve “um aumento significativo” face ao período anterior à pandemia. O crescimento dos beneficiários envolveu 4.286 pessoas. Em 2019 a taxa de desemprego foi de 1,9 por cento, tendo subido para 2,5 por cento, em 2020, e para 2,9 por cento, no ano passado. Desemprego dominou pedidos Os dados oficiais da FSS mostram também que em 2021 houve um total de 27.193 pedidos para os vários subsídios disponibilizados, que além do desemprego, incluem subsídios de nascimentos, funerais e de doença, entre outros. “Foi registado um total de 27.193 pedidos em relação aos vários subsídios do ano 2021, o que representou um decréscimo de 1.467 casos em comparação com o ano 2020”, é revelado. A redução foi de 5,1 por cento em termos anuais. Entre os 27.193 pedidos de subsídios, 13.662 foram feitos por 5.132 requerentes e diziam respeito a subsídios de desemprego, o que significa que 50,2 por cento dos requerimentos. Ao mesmo tempo, em 2021, os beneficiários de subsídios foram 24.420, o que representa uma redução de 1.054, ou seja, menos 4,1 por cento. No ano passado, foram distribuídos 94,74 milhões de patacas em subsídios, montante total que se traduz numa redução de 13,38 milhões patacas face ao ano anterior quando os subsídios totais atribuídos tinham sido de 108,12 milhões de patacas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFAOM alerta para dificuldades no acesso ao trabalho No balanço da última sessão legislativa, os deputados ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau alertaram que continua a ser difícil encontrar trabalho na RAEM, sendo esta uma das grandes preocupações registadas no gabinete de atendimento. Foi ainda exigida celeridade na apresentação da segunda ronda de medidas de apoio O Governo diz que ajuda, mas a verdade é que continua a ser “crítica” a situação do mercado laboral em Macau. Quem o diz são os deputados ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) que ontem, no balanço da última sessão legislativa, apontaram que continua a ser muito difícil encontrar trabalho em Macau. Este foi, aliás, um dos principais motivos das queixas recebidas no gabinete de atendimento dos deputados nos últimos meses. “Sabemos de casos de vagas em que são propostas condições inferiores às que se praticam no mercado, como salários mais baixos, mas ao mesmo tempo exigem critérios mais rigorosos aos candidatos. Alguns ainda não tiveram a oportunidade de irem a uma entrevista de emprego, mesmo que já tenham enviado imensos currículos”, apontou Ella Lei. A deputada deixou ainda o alerta sobre a falta de vontade dos empregadores em contratar residentes. “Nos últimos dias temos recebido queixas de candidatos que, apesar de serem recrutados, poucos dias depois são despedidos, com o empregador a justificar que afinal não tem trabalho para eles. O empregador admitiu não ter vontade de recrutar e contratou [as pessoas] apenas em coordenação com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais,” adiantou. As disputas laborais dominaram também os pedidos de ajuda feitos pela população aos deputados da FAOM na última sessão legislativa. “Aconteceram despedimentos ou situações de salários em atraso. Alguns casos já se prolongam há dois anos no tribunal e continuamos a acompanhá-los”, explicou Ella Lei. Desta forma, é necessário resolver lacunas da actual lei laboral. “Queremos que o Governo reveja a lei laboral, sobretudo no que diz respeito aos salários em atraso, situação que afecta a sobrevivência dos trabalhadores”, referiu. Zonas sem pagamento O deputado Leong Sun Iok fez ainda um apelo para que as autoridades melhorem as condições laborais dos trabalhadores que vivem nas zonas amarelas ou vermelhas e que, por esse motivo, são sujeitos a licenças sem vencimento, sem terem direito a apoios apenas atribuídos a quem testa positivo à covid-19. Quem tiver de cumprir isolamento em casa não tem direito a qualquer pagamento ou compensação, sublinhou o deputado. Relativamente à segunda ronda de apoios financeiros à população, no valor de dez mil milhões de patacas, os deputados voltaram a apelar à celeridade do Executivo, para que os desempregados possam sobreviver “neste período duro”. Ao longo da última sessão legislativa o gabinete de atendimento dos deputados recebeu ainda pedidos de ajuda sobre candidaturas à habitação económica. Leong Sun Iok adiantou que as fracções de tipologia T1 são sempre insuficientes para as famílias monoparentais, tendo em conta que têm de competir com famílias que aceitam estes apartamentos. Desta forma, Leong Sun Iok pede o aumento da oferta de fracções económicas T2 e T3. As disputas devido à compra de imóveis em Hengqin pelos residentes de Macau foi outro dos assuntos abordados pelos deputados. Leong Sun Iok pediu supervisão às vendas de edifícios em construção, para que os residentes não corram o risco de comprar um imóvel sem saberem a data da conclusão.
João Santos Filipe Manchete PolíticaCovid-19 | Edmund Ho apela à união para ultrapassar dificuldades O primeiro Chefe do Executivo da RAEM espera que a população fique unida e trabalhe em conjunto, nesta nova era, para “ultrapassar as dificuldades em conjunto”. Edmund Ho apelou à unidade numa reunião com a Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial O ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho, apelou à manutenção da unidade na sociedade de Macau, esperando que os diversos elementos da comunidade trabalhem em conjunto para ultrapassar as dificuldades causadas pela pandemia. A mensagem foi deixada pelo primeiro líder do Governo da RAEM, na Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial de Macau, que celebrou o 75.º aniversário. Na ocasião, de acordo com o Jornal do Cidadão, Edmund Ho destacou que o mundo vive uma nova era, e que, ao longo de 75 anos de existência, a associação assistiu a vários momentos históricos, através de diferentes gerações. No entanto, destacou a necessidade de os membros manterem os valores tradicionais, mesmo em tempos “mais dinâmicos”. No encalço desta ideia, apelou a toda a população que “se mantenha unida” durante o período pandémico para que seja possível “ultrapassar as dificuldades em conjunto”. Na mesma ocasião, o ex-Chefe do Executivo defendeu igualmente que a associação deve contribuir assegurar o cumprimento da Lei Básica, apoiar o princípio “Um País, Dois Sistemas”, promover o patriotismo e o amor por Macau, e unir-se para que o sector da construção civil e da indústria do imobiliário “promovam o desenvolvimento geral da sociedade”. Virados para a Baía Mok Chi Wai, presidente da Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial de Macau, defendeu que o sector precisa de ser virar para o desenvolvimento da Grande Baía, onde vão surgir oportunidades de crescimento. Segundo o Jornal do Cidadão, Mok pediu aos associados para que tomem uma postura activa, e não fiquem apenas na expectativa, criando oportunidades de expansão. Na mesma linha, o presidente da associação aconselhou os associados a apostarem na atracção de quadros qualificados do exterior, de forma a contribuírem para a formação de talentos locais, ao mesmo tempo que criam em Macau uma plataforma de intercâmbios e experiências no sector. Por sua vez, Tommy Lau Veng Seng, presidente do Conselho Fiscal, pediu aos associados esforços conjuntos para desenvolver a sociedade de Macau, de forma a que o território possa alcançar novos progressos, ao mesmo tempo que contribui para a harmonia e desenvolvimento económico do território.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTaiwan equaciona desfazer-se da Casa Comemorativa Sun Yat Sen O Governo de Taiwan está a equacionar a venda da Casa Comemorativa Sun Yat Sen por temer o confisco por parte das autoridades do Governo Central do Interior. A notícia foi avançada pelo jornal Liberty Times, de Taiwan, que cita fontes do Conselho para os Assuntos do Interior. Actualmente, há três representantes de Taiwan em Macau. No entanto, o número tem vindo a diminuir nos últimos anos, depois de as autoridades da RAEM terem começado a exigir que os representantes do corpo diplomático da Ilha Formosa assinem uma carta de compromisso com o princípio “Uma só China”. Se não assinarem, os vistos não são renovados. Com as autorizações de permanência dos três representantes a expirarem até 30 de Outubro, o Conselho para os Assuntos do Interior está a equacionar a venda do imóvel histórico, por considerar que existe a possibilidade de ficar sem ocupantes e ser confiscado pelo Governo Central. Ao jornal, foi ainda explicado que o imóvel tem cerca de 400 metros quadrados e está avaliado em aproximadamente 30 milhões de patacas. Actualmente, o custo de manutenção da infra-estrutura é de 130 mil patacas por ano, e os direitos de propriedade estão registados pela empresa APHS Serviços de Viagem de Hong Kong, que tem sede em Singapura e é detida a 100 por cento pelo Conselho para os Assuntos do Interior. Origens em 1912 A Casa Comemorativa Sun Yat Sen foi construída em 1912, como residência de Lu Muzhen, primeira mulher do homem conhecido como o “Pai da China Moderna”. Apesar de Sun se ter divorciado da mulher em 1915, para casar com Soong Ching-ling, uma das três irmãs Soong e mais tarde uma das figuras em destaque no Partido Comunista Chinês, Lu e os filhos permaneceram na residência de Macau. Foi nesta habitação que Lu Muzhen morreu, em Setembro de 1952, então com 85 anos de idade. Desde 1958 que a casa recebeu o nome Casa Comemorativa Sun Yat Sen, e actualmente está aberta ao público, como museu, tendo em exibição livros, cartas, fotografias e pertences de Sun Yat Sen que mostram o caminho revolucionário para derrubar a Dinastia Qing e estabelecer a República da China.
João Luz Manchete SociedadeConvenções | Sector espera que medidas nacionais não afectem negócio Um representante do sector das exposições e convenções espera que as recomendações da Comissão Nacional de Saúde não afectem os eventos planeados para breve. As autoridades nacionais encorajaram os cidadãos a evitar viagens e aglomerações de grande dimensão durante a Semana Dourada Depois de meio ano crítico para a indústria das exposições e convenções de Macau, a época alta aproxima-se com os feriados de Outubro, mas também com o fantasma da pandemia a pairar no horizonte. O presidente da Associação dos Sectores de Convenções, Exposições e Turismo de Macau, Ho Hoi Meng, acredita que as recomendações da Comissão Nacional de Saúde para conter os múltiplos surtos que afectam o Interior não serão prejudiciais para os eventos vindouros. Na passada quinta-feira, as autoridades chinesas emitiram recomendações a desencorajar viagens, aconselhando mesmo os cidadãos a permanecer na cidade onde habitam durante a Semana Dourada. Este período costuma ser uma época alta do turismo no Interior da China e também em Macau. O responsável da Comissão Nacional de Saúde, Wu Liangyou, sublinhou que a China irá manter-se firme na estratégia dinâmica de zero covid-19 para prevenir surtos de grande escala durante os feriados nacionais. Wu indicou que as pessoas não devem sair das cidades onde habitam e que foram reforçadas exigências relativas a testes e fiscalização de código de saúde. As medidas vão ser aplicadas até ao final de Outubro. As autoridades de transportes chinesas indicaram que as viagens diárias durante o Festival Lunar caíram este ano 32 por cento em relação a 2020 e 53 por cento em comparação com 2019. Delegações reduzidas Ho Hoi Meng afirmou ao jornal Ou Mun que não teve conhecimento até agora de eventos cancelados em Macau e que, apesar das recomendações das autoridades nacionais, graças ao princípio “Um País, Dois Sistemas” as empresas de Macau não estão obrigadas a cumprir as instruções. Além disso, o dirigente associativo indicou que a emissão de vistos de negócios para expositores e clientes se mantém normal e que a RAEM pode inclusive ser beneficiada com cancelamentos na China. As medidas e recomendações da Comissão Nacional de Saúde não surpreenderam o sector em Macau, que tem assistido a várias situações deste género nas cidades da Grande Baía, incluindo uma grande convenção em Shenzhen que foi adiada para Novembro. O dirigente realçou que as exposições organizadas pelo Governo da RAEM foram bem-sucedidas e conseguiram cativar investimento chinês, uma vez que Macau é o único território que não implica o cumprimento de quarentena no regresso ao Interior da China e que a RAEM pode representar uma oportunidade para captar mercados exteriores. Porém, Ho Hoi Meng afirmou que as delegações oficiais de autoridades provinciais ou de cidades chinesas sofreram reduções ao nível da comitiva, existindo também casos em que a deslocação ficou a cargo de empresas, sem a participação de autoridades oficiais.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMacau Legend | Relatório revela falhas no pagamento de empréstimo A empresa fundada por David Chow falhou o pagamento de dois empréstimos aos bancos Luso e CMB Wing Lung. A 30 de Junho, o grupo tinha empréstimos de 2.373 milhões de dólares. Precisa de pagar 237 milhões nos próximos 12 meses A Macau Legend Development, empresa responsável pelo hotel Legend Palace e pela Doca dos Pescadores, está em situação de incumprimento face aos bancos Luso e CMB Wing Lung. A revelação foi feita pela empresa, com a apresentação dos resultados para os primeiros seis meses do ano. Segundos os dados avançados, a Macau Legend tinha à data de 30 de Junho de 2022 um total de 2.373 milhões de dólares de Hong Kong em empréstimos bancários. Deste valor, 237 milhões têm de ser pagos nos próximos 12 meses, apesar do grupo apenas ter disponíveis 66 milhões de dólares de Hong Kong. Contudo, o problema é mais profundo, e o auditor considera que a empresa se encontra em situação de incumprimento. “Ao dia 30 de Junho de 2022, o grupo quebrou algumas cláusulas de um certo contrato de empréstimo, e ao dia da aprovação do relatório e contas encontrava-se a tentar negociar uma reestruturação com o banco credor”, é indicado. “O não cumprimento do contrato constitui uma situação de incumprimento, e os bancos podem exercer os seus direitos e notificar o grupo para que devolva imediatamente todos os empréstimos bancários, incluindo o pagamento de juros”, foi acrescentado. Os bancos com os quais a empresa está em incumprimento surgem identificados como o Banco Luso e a representação de Macau do banco CMB Wing Lung. Nos primeiros seis meses do ano, com juros em empréstimos bancários e outros custos de financiamento a Macau Legend gastou 49,1 milhões de dólares de Hong Kong, um aumento de 19,5 milhões, em comparação com o ano transacto, quando tinha pago 29,5 milhões. Em negociações Num cenário em que a empresa admite existirem “dúvidas” sobre a continuidade das operações é indicado que decorrem negociações com os bancos para acertar novas formas de pagamento das dívidas. Segundo estas explicações, além de recorrer a reestruturações dos empréstimos com os bancos, o financiamento está a ser feito através da injecção de capital, na forma de empréstimos, pelos principais accionistas, que este ano já foram responsáveis por injecções de capital no valor de 200 milhões de dólares. A empresa tem ainda planos para vender títulos de dívidas que tem em sua posse e que acredita poderem gerar 200 milhões de dólares, além de terem tomado medidas para “mitigar os custos de operação em áreas não essenciais”. Ainda assim, é reconhecido que para que o grupo se mantenha vivo é necessário que os bancos aceitem negociar as dívidas, continuem a disponibilizar os créditos actuais, e que aqueles face aos quais existem situações de incumprimento se mostrem disponíveis para reestruturar as dívidas vencidas. Perdas menores Em relação aos primeiros seis do ano, a empresa declarou perdas de 485,5 milhões de dólares de Hong Kong. Estes números são uma melhoria face ao período homólogo, quando as perdas tinham sido de 688,6 milhões de dólares de Hong Kong. Os resultados não têm a aprovação do auditor, que afirma face à falta de elementos não ter base para emitir uma opinião sobre os números apresentados. Com a apresentação dos resultados, as acções da Macau Legend Development voltaram a ser negociadas na Bolsa de Hong Kong, depois de as transacções terem sido suspensa no dia 1 de Setembro. Na sessão de ontem, as acções da empresa desvalorizaram 2,46 por cento para 0,24 dólares de Hong Kong.
João Santos Filipe Manchete PolíticaLançado programa para abater veículos antigos a gasóleo Os proprietários dos veículos abrangidos pelo programa vão receber entre 25 mil e 115 mil patacas. Quanto mais pesarem, ou mais lugares tiverem, maior será o valor do subsídio, que tem como intenção tirar de circulação veículos “altamente poluidores” O Governo lançou um plano para financiar o abate de veículos antigos movidos a gasóleo. Os proprietários de veículos podem receber entre 25 mil e 115 mil patacas, por veículo. O programa foi anunciado ontem através de um comunicado, com os detalhes publicados no Boletim Oficial. O plano é destinado a veículos ligeiros e pesados, registados pela primeira vez até 31 de Dezembro de 2002, ou seja, com cerca de 20 anos, e cuja matrícula ainda está efectiva. As candidaturas para o subsídio de abate começam amanhã e prolongam-se até 15 de Março do próximo ano. De forma a evitar que veículos parados, e actualmente sem matrícula, possam receber o montante, o Executivo definiu que as viaturas com matrículas emitidas a partir ontem ficam excluídas do apoio. Segundo o comunicado da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), a iniciativa visa “incentivar os proprietários a abater os veículos antigos movidos a gasóleo altamente poluidores, melhorar a qualidade do ar e assegurar a saúde da população”. Os proprietários podem apresentar candidaturas no Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética. Quando forem notificados da aprovação do apoio, ficam com um prazo de 180 dias para mandar as viaturas para abate, fora de Macau. Depois ainda têm de fazer os pedidos de cancelamento das matrículas, e quando estes forem efectivos, recebem o apoio financeiro. Critérios para pagamento Segundo os critérios apresentados ontem, veículos de passageiros podem resultar em apoios para abate que vão de 30 mil patacas a 85 mil patacas. Quando as viaturas tiverem capacidade de nove, ou menos, lugares o pagamento será de 30 mil patacas. Na classe de 10 a 16 lugares, o subsídio sobe para 70 mil patacas. Na classe 17 a 30 lugares o pagamento é de 75 mil patacas. O pagamento mais alto, de 85 mil patacas, fica destinado para veículos com mais de 31 lugares sentados. Em relação aos “veículos de mercadorias, veículos mistos e outros veículos”, o critério adoptado é o peso, quanto mais pesarem maior é o subsídio. As viaturas com 1,9 toneladas, ou menos, recebem 25 mil patacas, entre 1,9 toneladas e 5,5 toneladas, o apoio é de 40 mil patacas. Na classe entre 5,5 toneladas e 10 toneladas, 10 toneladas e 13 toneladas, 13 toneladas e 16 toneladas, o valor do subsídio sobe para 55 mil, 65 mil e 85 mil patacas, respectivamente. Nas classes superiores, que abarcam viaturas que pesam entre 16 toneladas e 24 toneladas e ainda com um peso superior a 24 toneladas, os montantes sobem para 100 mil e 115 mil patacas, respectivamente.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteRui Leão, arquitecto e presidente da Docomomo Macau: “A arquitectura moderna está a desaparecer” A Docomomo Macau lança amanhã um guia sobre os principais edifícios de arquitectura moderna em Macau, intitulado “Macau Modern Architecture – Walking Guide”, que propõe oito roteiros pela cidade. O lançamento será acompanhado por uma discussão sobre arquitectura e identidade. O arquitecto Rui Leão, presidente da Docomomo Macau, defende que a população devia ser sensibilizada para a importância do património arquitectónico da cidade Este guia é o levantamento que faltava sobre os principais exemplos de arquitectura moderna em Macau? Sim. Isto era importante para a Docomomo, porque, no fundo, o nosso trabalho principal consiste em documentar o património do movimento moderno. O guia é uma peça importante que nos permite comunicar este conjunto de obras, todas notáveis, e que devem ser objecto de atenção e conhecimento da parte de todos. Tenho-me apercebido de que há um desconhecimento muito grande em relação à arquitectura moderna que existe na cidade. O guia é o instrumento que tem mais potencial para comunicar este conjunto de obras a um público alargado. Muitas obras estão maltratadas, os proprietários não têm interesse ou capacidade de reinvestir e renovar. A maior parte dos edifícios estão em risco de desaparecer, de serem demolidos ou objecto de uma intervenção que os possa desconfigurar mais, uma vez que não estão salvaguardados ou classificados. Quais os principais edifícios incluídos no guia? É uma lista de 40 edifícios, organizados em oito conjuntos que correspondem a oito áreas. O livro sugere oito passeios, que estão em grande parte distribuídos pela península de Macau, incluindo alguma selecção de edifícios em Coloane. Temos quatro passeios na zona sul da península e três passeios na zona norte. Para si, qual é o edifício mais icónico? Há uma grande diversidade, tanto em termos de autores como do tipo de edifícios. Mas é isso que também torna o património moderno de Macau muito rico. A minha selecção passa, por um lado, pelos autores que elegemos. Há um período mais remoto, em que a arquitectura era muito traçada por engenheiros ou desenhadores, macaenses e chineses, principalmente. Desse período [destaco] a obra de Canavarro Nolasco da Silva, na maioria em torno do Hotel Central. O Aureliano Guterres Jorge é outro belíssimo arquitecto. Ele era engenheiro, mas o trabalho dele como arquitecto e engenheiro é bastante notável. A obra do Aureliano foi, na sua maioria, já demolida, mas como referência temos o edifício muito bonito no princípio da Rua dos Ervanários, que tem uma varanda em cima. Destaco também o José Lei, chinês de Macau, autor do bloco de habitação Rainha D. Leonor. Porque é que estes autores são tão importantes? Eles marcam muito uma era e têm um conjunto de obras bastante internacional, apesar de serem pessoas sempre baseadas em Macau, tanto em termos de prática como de formação. Mas o facto de ser uma obra tão internacional também nos diz qualquer coisa sobre a cidade, que foi, ao longo do século XX, muito aberta, cosmopolita e multicultural, onde as coisas chegavam através de Xangai, Hong Kong e Portugal. Há ainda um segundo conjunto de obras que são da segunda metade do século XX, onde se inclui a obra de José Maneiras, do Manuel Vicente e algumas coisas do Oseo Acconci. Este é um período em que os programas são mais complexos e incluem-se edifícios mais complexos, maiores e com elementos mais sofisticados. Passaram a haver ateliers de arquitectura, o que fez uma grande diferença. Se calhar, do primeiro conjunto, o José Lei era mesmo arquitecto e teve um atelier muito importante em Hong Kong onde chegou a ser director das Obras Públicas. Como foi o processo de escolha dos edifícios? Foi um trabalho desenvolvido por um conjunto de pessoas da Docomomo e que foi objecto de vários ciclos de discussão ao longo dos anos. Num segundo momento, foi objecto de revisão de pares da parte de colegas nossos especialistas em património ou arquitectos que tenham conhecimento sobre o património modernista em Macau. O livro faz então propostas de percursos que poderiam ser turísticos. Considera que deveriam ser tidas em conta pelo Governo, como uma alternativa diferenciadora? Sem dúvida, mas não apenas o Governo, mas também os operadores de turismo e todas as pessoas envolvidas nesse tipo de projectos, porque isso tem a ver com o conhecimento da cidade. Este livro permite concluir que há mais produtos que podem ser promovidos como parte da cultura de Macau e que têm grande interesse e qualidade. Havendo conhecimento e esse tipo de oferta, consegue-se gerar um novo tipo de mercado e de movimento de pessoas que se interessam por arquitectura e modernismo. Além do lançamento do livro vão também ter duas mesas redondas onde será discutida a arquitectura moderna que resta em Macau. Esses eventos vão recair na comunicação do conteúdo do livro a outros sectores da sociedade. Não entendemos que o livro tenha de ter um lançamento e ponto final, mas queremos que seja um objecto de trabalho a partir do qual possamos ter um certo tipo de discussão com diferentes sectores da sociedade. Queremos também promover um debate sobre até que ponto o património é um elemento na construção da nossa identidade. Essa identidade tem vários pontos de vista, porque a comunidade chinesa, com uma cultura completamente diferente da portuguesa, dará outro lugar ao património, pelo que a discussão e os pontos de vista não serão os mesmos. A discussão em torno do património deveria existir de forma mais alargada e sistemática num lugar como Macau. Digo isto em tom de crítica em relação à sociedade civil. É uma discussão que está a ser atrasada, o que prejudica muito a cidade. Enquanto as pessoas não se relacionarem com o património de forma consciente, com entendimento sobre o que significa, é difícil haver políticas sérias de património. Estes debates pretendem, então, fomentar a consciencialização da população sobre este tipo de arquitectura? A nossa intenção é essa com estes primeiros debates que são ainda num campo mais alargado com pessoas que têm relação próxima com questões do património e identidade. As outras conversas que incluímos neste ciclo contarão com operadores de turismo e a esfera académica, além de que teremos uma terceira com entidades ligadas ao património. A ideia é que, com este ciclo, possamos criar uma rede de conversas e um movimento a partir do livro. Temos finalmente um plano director. Assegura a protecção deste tipo de património? Faz algumas referências muito genéricas à questão da salvaguarda do património e remete para planos de pormenor. Mas o instrumento que deveria instruir rigor nas políticas de salvaguarda do património é o plano de salvaguarda, que aparentemente existe, mas nunca foi publicado. A pandemia e a situação que se vive em Macau afectou a percepção da população em relação à importância da salvaguarda deste tipo de património? Não lhe sei responder. Acho que as pessoas ficaram mais sensíveis porque foram obrigadas a olhar mais para a cidade, mas não sei se isso terá sido suficiente para se questionarem ou terem mais apreço [pelo património]. As pessoas são muito diferentes e vejo diferenças entre mim, que sou português e tenho uma formação diferente, e para mim o lugar da arquitectura é muito claro. Para mim a arquitectura e os espaços públicos são essenciais no meu imaginário, na minha ideia de estar em Macau e na relação que existe com o passado português. Privilegio a arquitectura como algo central. Depois há pessoas na comunidade chinesa que têm pouco à vontade com o património no sentido em que ele pode ter conotações coloniais. Há diferenças que fazem desta discussão muito interessante, e que é preciso fomentar. Por isso, achamos que este ciclo de conversas era oportuno. Conversas e debates O lançamento do guia faz-se acompanhar por um debate que será o primeiro de muitos em torno da temática da arquitectura modernista. A livraria Pin-to acolhe uma mesa redonda que conta com a presença de Agnes Lam, ex-deputada e docente na Universidade de Macau, Christine Choi, presidente da Associação dos Arquitectos de Macau, e Chan Shui Wing, historiador de Macau. O tema do debate será em torno do património modernista de Macau e as questões de identidade. Um segundo debate, também centrado na arquitectura moderna que resta em Macau, acontece dia 6 de Outubro na Livraria Portuguesa. Os dois eventos inserem-se na iniciativa “Conversas sobre a Arquitectura Moderna de Macau [Talks on Macau Modern Architecture], que regressa em Dezembro e Abril do próximo ano.
João Santos Filipe Manchete SociedadeFestival da Lua | Feriados com média diária de 16 mil turistas e metas frustradas As expectativas da Direcção de Serviços de Turismo apontavam para uma média de 20 mil a 30 mil visitantes por dia, mas os números ficaram longe do pretendido Durante os dias associados ao feriado do Chong Chao o território recebeu uma média de 16 mil visitantes, de acordo os dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública. No entanto, os dados ficaram longe das melhores expectativas da Direcção de Serviços de Turismo (DST), com um total de 42.521 visitantes, até às 17 horas de ontem, quando se esperava que se atingisse pelo menos aos 60 mil habitantes, nos três dias. Antes dos feriados, a DST tinha deixado a previsão que o território recebesse uma média diária de 20 mil a 30 mil turistas durante os dias do Bolo Lunar. Este número não foi alcançado em qualquer dos dias das festividades. Sábado foi o dia com mais visitantes, quando entraram no território 16.535 turistas. O posto das Portas do Cerco foi o mais movimento, com 9.012 entradas, seguido pelo Posto Fronteiriço da Ilha da Montanha, que registou 4.640 entradas. Nesse dia, a terceira fronteira mais movimentada foi de Qingmao, com 1.456 entradas. No domingo, os dados indicam a entrada de 15.550 turistas, no que represento um decréscimo de 985 pessoas face ao dia anterior, com 8.957 a entrarem pelas Portas do Cerco, 3.997 pelo Posto Fronteiriço da Ilha da Montanha e 1.534 entradas por Qingmao. Ontem, até às 17h, o território tinha recebido mais 10.436 visitantes, no que não deixou de ser uma quebra face aos dias anteriores, uma vez que por essa hora no sábado e domingo tinha chegado 12.644 visitantes e 10.677 visitantes, respectivamente. Mudança das regras Com Macau a depender quase exclusivamente do mercado do Interior, uma vez que a quem entra de todos os outros países e regiões é exigida uma quarentena de pelo menos sete dias, o número de visitantes terá sido afectado pelas alterações mais recentes nas políticas pandémicas. Segundo as novas regras das autoridades do Interior, desde sábado e até 31 de Outubro que as pessoas que se desloquem por terra, avião ou mar no Interior precisam de apresentar um resultado negativo de teste ácido com a validade de 48 horas. A medida foi justificada com a necessidade de evitar cadeias de transmissão durante estes feriados e durante a Semana Dourada, que costumava ser uma das melhores épocas do turismo para Macau. Apesar da média deste fim-de-semana, o Governo Central prometeu estudar medidas para impulsionar o turismo na RAEM a médio e longo prazo. A promessa foi deixada por Xia Baolong, após um encontro com Ho Iat Seng, na semana passada. Também na semana passada, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, considerou que a recuperação da indústria do turismo está dependente do fim da suspensão das excursões do Interior a Macau. As excursões estão suspensas desde o início de 2020, quando surgiram os primeiros surtos de covid-19.
Hoje Macau Manchete SociedadeInvestigação | UM em aliança para estudar impacto das “alterações climáticas” A Universidade de Macau está a liderar uma aliança entre 19 universidades da China e dos países de língua portuguesa para estudar o impacto das alterações climáticas para os oceanos Uma nova aliança entre 19 universidades da China e dos países de língua portuguesa quer lançar projectos conjuntos de investigação sobre os oceanos, disse na sexta-feira o vice-reitor da Universidade de Macau, Rui Martins. O principal objectivo da Aliança de Investigação Científica Oceânica entre a China e os Países de Língua Portuguesa é “reunir especialistas para definir áreas de pesquisa em que se vai tentar obter financiamento para projectos conjuntos”, explicou à Lusa o académico português. Entre a investigação prioritária estará o impacto das “alterações climáticas, que se reflectem de forma enorme nos oceanos e na vida marinha”, sublinhou o vice-reitor da Universidade de Macau. A cerimónia de estabelecimento aconteceu na sexta-feira, com mais de 70 representantes das 19 universidades e institutos que fazem parte da aliança, uma iniciativa da Universidade de Macau, disse Rui Martins. A coordenação da aliança vai ficar a cargo do Centro dos Oceanos Regionais, um instituto de investigação criado pela universidade da região administrativa especial chinesa em 2020, referiu o vice-reitor. Esforço global Do lado chinês, a iniciativa reúne dez universidades “de topo nesta área” da China continental, assim como a Universidade de Macau e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, disse o português. A aliança inclui ainda a Universidade Agostinho Neto, em Angola e a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique, o Instituto Superior Técnico e a Universidade do Algarve, em Portugal, a Universidade de São Paulo e a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal do Rio Grande, no Brasil, acrescentou Rui Martins. “Há muita alta tecnologia disponível em Portugal, no Brasil e também na China”, defendeu o vice-reitor da Universidade de Macau. O Instituto Superior Técnico “desenvolve, no âmbito de projectos europeus, por exemplo, equipamento de robótica marinha, veículos não tripulados que exploram o oceano”, lembrou. À cerimónia de lançamento da iniciativa seguiu-se, também através de videoconferência, o primeiro simpósio científico da aliança, com dez académicos da China, Portugal e Brasil a apresentarem a sua pesquisa, disse Rui Martins. De acordo com grupos ambientalistas, as mudanças climáticas são uma das grandes ameaças aos oceanos, juntamente com a poluição e novas tecnologias que abrem as portas à exploração mineira em alto mar e à pesca mais intensiva.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteFórum Macau | Think Tanks discutem desenvolvimento, segurança global e vias de cooperação Realizou-se ontem o “Fórum dos Think Tanks entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, no Fórum Macau. Sob os temas do desenvolvimento e segurança global, 18 palestrantes apontaram caminhos para a convergência entre a China e mundo lusófono, com Macau a desempenhar o papel de elo de ligação. Num contexto de convulsões geopolíticas, um naipe alargado de académicos discorreu sobre possíveis pontes, além do comércio “As portas da China não vão fechar, muito pelo contrário. Vão estar cada vez mais abertas”, indicou o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China na RAEM, Liu Xianfa, no discurso de abertura do “Fórum dos Thinks Tanks entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. O evento, que decorreu ontem no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, juntou académicos chineses e dos países de língua portuguesa (PLP) sob o tema: “Com base na plataforma de Macau, impulsiona-se uma cooperação mais estreita entre a China e os Países Lusófonos nesta Era Nova”. O responsável do Comissariado dos Negócios Estrangeiros (MNE) da China em Macau afirmou que o desenvolvimento e a segurança devem ser as duas prioridades para uma nova agenda da cooperação sino-lusófona na era pós-pandemia. O comissário lembrou que as prioridades foram definidas pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como iniciativas globais, argumentando que é necessário “aprofundar a cooperação” com os países lusófonos nestas vertentes, de forma a “aumentar a confiança mútua, política”. Liu Xianfa começou por destacar “a via acelerada de cooperação com os países de língua portuguesa” desde o início do século, para concluir: “Temos diferentes culturas e tradições, mas o desejo comum de seguir um caminho pacífico”. O comissário lembrou o percurso “de sucesso” chinês, baseado no “socialismo com características chinesas”, mas também os mais de 67 mil milhões de euros que os países lusófonos garantiram em exportações para a China no primeiro semestre deste ano, dados que, defendeu, justificam um esforço futuro em dar novo fôlego à cooperação entre as duas partes. Uma das ideias partilhadas foi a criação de “massa cinzenta” conjunta composta por think tanks dos países envolvidos, que funcionem como um sub-fórum que proporcione apoio intelectual ao Fórum Macau na concretização dos seus planos de acção. “Acreditamos que o fórum vai criar novas ideias e aprofundar o intercâmbio e aprendizagem mútua, contribuindo para o pleno desempenho do papel de Macau como plataforma e para a elevação do nível de cooperação entre a China e PALOP sobre o desenvolvimento”, referiu Liu Xianfa. Seguir seguro Depois do mote dado pelo comissário do MNE em Macau ter sublinhado alguns dos sucessos e “milagres” alcançados pela República Popular da China nas últimas décadas, Xu Yingming, da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação, do Ministério do Comércio, afirmou que o desenvolvimento da China pode servir de guião para países em via de desenvolvimento para reduzir a pobreza, aumentar a vitalidade económica. “Por razões históricas os países de língua portuguesa partilham a mesma língua e relações especiais entre si. Ao mesmo tempo, tanto a China como estes países estão em vias de desenvolvimento e enfrentam oportunidades e desafios. A China e estes países complementam-se e, nos últimos anos, o comércio entre estes países bateu recordes histórias, com diversificação das áreas de investimento”, adiantou. O académico acrescentou que a “segurança é uma garantia para a cooperação entre a China e os PLP e um pré-requisito para o desenvolvimento, prosperidade e estabilidade”. A ideia foi partilhada por Osvaldo Mboco, decano da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UTANG – Universidade Técnica de Angola, que como a maioria dos palestrantes participou na discussão através de videoconferência. O docente sustentou que a “problemática da segurança” nos países de língua portuguesa em África mina as relações entre os Estados, sobretudo a nível económico. Osvaldo Fernando Mboco ressalvou, por um lado, que “sem segurança dificilmente se pode alcançar o desenvolvimento”, mas recordou, por outro, que é necessário antes de mais definir o tipo de segurança que está em causa, assinalando, contudo, que, actualmente, “a grande preocupação é política ou de estabilidade política dos próprios Estados”. O académico destacou casos como o da Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde e Angola, que vivem casos distintos de insegurança. Se Cabo Verde é politicamente estável, “mas sem uma economia pujante”, se na Guiné-Bissau existe “instabilidade política”, Moçambique vive “a ameaça terrorista em Cabo Delgado”, já Angola carece de segurança alimentar, fruto da recessão económica que data já de 2014, assinalou. Um cenário que o leva a concluir que “a segurança é estruturante para qualquer tipo de desenvolvimento” e que esta “problemática (…) no continente africano põe em causa” a cooperação sino-lusófona. Osvaldo Mboco sustentou igualmente que China e Angola têm de mudar o modelo de relações económicas, afirmando que “é preciso alterar a configuração das relações entre a China e o Estado angolano”, de forma a permitir a criação de unidades de fabrico, mais emprego e um maior volume de negócios, bem como a transferência de know-how. Contudo, avisou que, para que isso aconteça, “o Estado angolano tem de mudar o ambiente de negócios”, mais propício ao investimento estrangeiro. Mensagem para dentro Numa tarde em que também Elsie Ao Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, discursou perante uma plateia de notáveis, o secretário-geral adjunto do secretariado permanente do Fórum Macau, Paulo Rodrigues Espírito Santo não deixou de colocar o dedo na ferida das políticas restritivas de combate à pandemia. O responsável e antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe lamentou que actualmente os cidadãos da África lusófona tenham sido excluídos da lista de países a cujos nacionais é permitida a entrada no território desde o início do mês. Paulo Espírito Santo afirmou que “a não inclusão na lista” dos países africanos lusófonos “não beneficia a cooperação”, até porque, alegou, estes Estados “têm a pandemia sob controlo”. Recorde-se que desde 1 Setembro é permitida a entrada de cidadãos de 41 países em Macau, incluindo o Brasil, ainda que obrigados a cumprir uma quarentena. O secretário-geral Adjunto do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe pediu ainda às autoridades de Macau para reverem a decisão “para se ir ao encontro da mais elementar justiça”. “Assim, rogamos bons ofícios por parte do Governo da RAEM, no sentido do alto da sua sabedoria e elevado critério, reveja tal decisão… A plataforma não pode estar fechada em si mesma, sob pena de se tornar redutora, devendo ter a agilidade e perícia de interagir de forma mais dinâmica com os demais países e regiões vizinhos”, afirmou o responsável O tom do discurso, contudo, foi marcado pelo sublinhar das oportunidades que têm sido abertas à comunidade lusófona, pelo menos desde o início do século, com a criação do Fórum Macau, e pela necessidade de se continuar a reforçar a cooperação e a potenciar o papel de Macau enquanto plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. É preciso continuar “a atrair novos negócios diferenciados de base lusófona e “atrair investidores lusófonos”, salientou. Ideias para o futuro Seguindo a linha de raciocínio do dirigente do Fórum Macau, que afirmou não ser “perceptível o cabal aproveitamento pelos empresários locais da China e dos PLP” do “enorme esforço para conceber e materializar estas estruturas” feito pelo Governo da RAEM, José Luís Sales Marques e Rui Gama sugeriram alguns caminhos. O sub-director da Academia Sino-Lusófona da Universidade de Coimbra, destacou elementos de fomento de cooperação que vão além da balança de comércio externos e dos aspectos económicos. “Diria que a importância é maior do que a simples leitura dos dados, porque está associada à diversidade e complementaridade das economias, o potencial de especialização e vantagens competitivas que decorrem da inserção regional dos países, e do capital de conhecimento existente que está associado a este longo passado comum”, apontou o académico. O docente destacou as parcerias nos domínios científico, tecnológico e empresarial, mobilizando actores de diferentes esferas nos sectores estratégicos que têm sido associados ao papel de Macau enquanto ela de ligação. Podem ser criados projectos de investigação aplicada nas áreas de ciência de fronteira. “Se pensarmos na transversalidade do sector da saúde do ponto de vista das áreas científicas e o que são projectos em curso na universidade (Universidade de Coimbra) temos uma oportunidade única no que pode ser o avanço para outras áreas de futuro. Outra da valência a explorar seria a “formação e capacitação das pessoas para responder a estas mudanças societais em curso”, no sentido de “antecipar o futuro em áreas ainda desconhecidas”. José Sales Marques começou por apontar a recessão em que Macau está desde 2019 e o “impacto negativo para Macau”, que é extremamente elevado e para o qual contribuiu o peso do sector do jogo e a dependência quase exclusiva do turismo e do mercado chinês. Face à evidência de que a diversificação da economia de Macau não tem sido alcançada, o presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau sublinhou a importância do investimento na investigação, desenvolvimento e fabrico de produtos de medicina tradicional chinesa, sobretudo através de investimentos realizados na zona de cooperação aprofundada de Hengqin. Área em que o académico entende que Macau tem condições para ser referência. Outras áreas dignas de aposta é o sector das finanças modernas e as indústrias culturais e do desporto.
Hoje Macau Eventos MancheteA Abelha da China | Três fundadores: um cirurgião, um padre e um militar Por João Guedes O cirurgião José de Almeida, o padre António de S. Gonçalo de Amarante e o tenente-coronel Paulino Barbosa: estes, três dos personagens que assistiram em 1822 ao nascimento do primeiro jornal de Macau, que seria também o primeiro da Ásia Oriental. Paredes meias, vencidos, mas preparando desde logo a desforra, o juiz Miguel de Arriaga Brun da Silveira, o governador José Osório de Castro Cabral e Albuquerque e o barão de S. José de Porto Alegre, entre outros, que rejeitaram ab initio essa filha do escândalo que era a liberdade de imprensa dada pela revolução do Porto às colónias da Coroa. «A Abelha da China», semanário das quintas-feiras de Macau, que era também (espante-se!) a folha oficial do governo, reivindicou para si o estatuto de primeiro jornal de toda a Ásia a Leste da Índia, e para o seu redactor o de primeiro jornalista de um mundo onde, ironicamente, existia imprensa há mais de mil anos. O nascimento do jornal resultou de um «parto» difícil e dramático, provocado pelo choque inevitável do liberalismo que avassalava o mundo, contra o «status quo», antigo e aceite, do regime monárquico absoluto. Este, em matéria de palavra escrita, vinha, com ligeiras alterações (essencialmente provocadas pela expansão colonial de quinhentos), a percorrer imperturbável a história desde o primeiro Rei, envolto ainda no pó da catedral de Zamora e empunhado os códices antiquíssimos dos visigodos e os textos dos doutores da Igreja, como se fossem os únicos produtos possíveis das máquinas de Gutenberg. A imprensa Ocidental, também pioneiramente introduzida na Ásia pelos Portugueses (Jesuítas) do século XVI, vivia de facto há séculos em Macau, mas só a lei resultante da Revolução Liberal de 1820 permitiria o aparecimento de um jornal semelhante aos que desde há mais de cem anos formavam a opinião pública e influenciavam os destinos políticos das nações europeias. Antes de lei libertadora apenas obras pias saíam das prensas da Diocese de Macau. «A Abelha da China», cujo nome comportava uma clara intencionalidade política (picar o «establishment»), viu a luz do dia numa quinta-feira, dia 12 de Setembro de 1922. «Havendo o Leal Senado incumbido a redacção do presente periódico, julgamos ser uma das principais obrigações de um redactor o expor com verdade e com franqueza os motivos que aceleraram a gloriosa façanha sucedida no dia 19 do mês passado, dia memorável, em que os macaenses arvoraram o Pavilhão da Liberdade e derrocaram o horrendo colosso do Despotismo, que tantos anos haviam suportado. Confessamos, todavia, que esta tarefa é superior às nossas partes para a justificação de um facto que pôs termo à arbitrariedade e que consolidou os direitos e o deveres do Cidadão, instalando-se entre as salvas de um contentamento público, e incessantes vivas de alegria, um Governo Provisório, segundo a vontade geral de todos os moradores, o qual, no pouco tempo da sua instalação, tem dado sobejas provas do seu patriotismo, do seu zelo e da sua actividade pelos interesses nacionais». Este, um excerto do primeiro editorial da «Abelha», saído do ousado aparo de Frei António de S. Gonçalo de Amarante. A citada prosa definia com resolução e desassombro os objectivos de jornal, situando-o claramente no campo do liberalismo, não como instrumento passivo das novas ideias, mas como arma ideológica que não cessaria desde o primeiro dia de desferir contundentes estocadas sobre a «reacção» legitimista. Num terreno completamente «minado», desde logo a «Abelha» serviu os liberais como instrumento de defesa (mantendo embora sempre a ofensiva), tribuna de doutrinação política e porta-voz. O projecto foi o resultado natural de um tácito consenso, forjado e amadurecido no decorrer de um processo político que se desenvolvia em crescendo. O liberalismo chegava à cidade nos brigues e escunas da longínqua Metrópole através de oficiais e funcionários, que eram cada vez em maior número. Na colónia portuguesa, por seu turno, os portadores do novo espírito juntavam-se a americanos e ingleses, difundido as ideias e tornando mais consistentes as consciências liberais. À medida que estas hodiernas concepções germinavam, abria-se também um fosso entre dois campos. Num postava-se uma oposição heterogénea e do outro o poder localizado em torno da Ouvidoria, Leal Senado e do Governador, instituições que formavam o governo odiado. Uma história por fazer «A falta de confiança, pois, que ele ( o povo de Macau) tinha no governo e o aferro com que este pretendia entronizar-se, valendo-se para esse fim de modos não só impróprios, mas até indignos do carácter português, foi a causa principal por que, reiteradas vezes, se apresentou ao Senado a necessidade que havia de um governo que obstasse e ser visse de barreira à torrente impetuosa de males que ameaçavam o comércio; um novo governo que impedisse uma inevitável e próxima anarquia; pois que tudo lhe augurava um futuro assaz desagradável de das mais funestas consequências, uma vez que as coisas continuassem do mesmo modo que até ali continuado haviam, isto é: conservando-se no lugar uma das autoridades (o Ouvidor Miguel de Arriaga, cuja exclusão exigiam) como fonte e origem donde brotava todo o mal ao comércio e, por consequência, à cidade inteira». Isto dizia a «Abelha», resumindo as razões latentes de uma revolta que apenas esperava o pretexto para eclodir. Tal pretexto surgiu logo que chegaram as primeiras notícias da revolução de 24 de Agosto de 1820, levando-a a irromper triunfante nas ruas de Macau, arrasando oposições com tanto ímpeto quanto dura tinha sido a repressão. A história do Liberalismo em Macau continua ainda por fazer, mas pode dizer-se as forças em confronto no Território possuíam, fundamentalmente, as mesmas características das de Portugal, segundo também um percurso político semelhante. Nos anos da «Abelha» a colónia tornou-se um espelho pequenino dessas convulsões, que reflectia quase passo a passo. Como afirmava o «Abelha», Macau estava desde há muito sujeita à vontade de um reduzido número de pessoas que geriam a cidade segunda a flutuação dos seus interesses pessoais, ligados em exclusivo ao comércio do ópio, o único sustento da economia local. Capitaneava este grupo Miguel de Arriaga Brun da Silveira, o jovem e talentoso magistrado que, às suas qualidades de senhor do governo e diplomata exímio, juntava a de hábil comerciante activo e bem-sucedido. Multiplicando os lucros, ignorava a lei e pouca importância concedia à ética, dedicando-se indiferentemente – e com o mesmo entusiasmo – à magistratura, ao governo de Macau e ao comércio. Revestidos de poderes muito mais amplos do que os de um juiz dos nossos tempos, comportava-se como autêntico governador, confinando este à tarefa de referendar despachos que oficialmente deveriam sair exclusivamente da sua lavra. Manter a paz nos quartéis e o sossego nas ruas eram as únicas competências que Arriaga lhe permitia exercer. Apoiado numa rara habilidade política, Arriaga aliara a si a maior fortuna de Macau, casando com a filha do Barão de S. José de Porto Alegre. Esta figura, extravagante e perdulária, que vivia do comércio do ópio, tinha entrada fácil (segundo voz corrente) nos corredores da corte do Rio de Janeiro, o que convinha plenamente ao Ouvidor. Para além de Porto Alegre, um grupo fiel acompanhava Arriaga, apoiando-o em todas as decisões que eram, superior e invariavelmente, abençoadas pelo Visconde de Rio Preto, Governador-Geral da índia, senhor todo-poderoso do Império Colonial português, valido de El-Rei D. João VI e protector de Arriaga. Talento, visão política e probidade eram as cores com que era visto embora, à boca pequena, circulassem histórias que o enlameavam. Estes segredos não teriam tido consequências se não tivesse entrado em cena a «Abelha», transformando os sussurros em letra de forma. As revelações constituíram pedra fundamental da campanha de destruição da figura do poderoso Ouvidor, encetada logo após os primeiros golpes resultantes dos ecos da Revolução do Porto, que abalaram o seu poder. Com todo o entusiasmo, a «Abelha» demonstrou desde logo até que ponto era possível manipular palavras, transformando-as em verdadeiros projécteis de efeitos capitais. Ao mesmo tempo instituía, pode dizer-se, uma escola e tradição que nunca morreriam na imprensa de Macau: as «Cartas ao Director» (rubrica que no semanário recebia o título lacónico de «Correspondência») eram dessa faceta exemplo, ao dar abrigo à opinião alheia a fim de personalizar ataques, ficando reservado ao redactor o papel de crítico de sistemas e propagandista de ideias. Arriaga passa então a ser o alvo preferencial desta orientação, como consta da primeira carta aberta dirigida contra ele. «A experiência de uma vintena de anos que o referido senhor esteve no governo mostrou-me o quanto era meu inimigo declarado – como é público nesta cidade – quanto devia ser meu amigo, pois, se se lembrasse, eu nunca o incomodei e sempre o servi em tudo quanto me ocupou – o que posso mostrar por documentos, uns assinados por seu próprio punho e outros por alguns dos seus apaniguados – com bastante prejuízo meu; estou certo que deixaria de me perturbar», dizia Francisco José de Paiva, abastado comerciante. Na carta aberta, Paiva recusava a Arriaga o direito de lhe contabilizar os bens, dizendo que «se ele, Ministro, julga dos meus teres pelo negócio que tenho feito em Macau, quanto não deve o público julgar dos teres dele, Ministro!!!… O meu giro comercial tem sido de duzentas e cinquenta, a trezentas mil patacas; ora pode isto comparar-se com a soma de três a quatro milhões de patacas com que o público diz que ele, Ministro, negociava e em cujo tráfico deixara (segundo o mesmo público) muitos dos seus credores numa total ruína?…» Francisco de Paiva terminava a pública missiva citando Madame Deshouliers: «C’est prendre assez bien ses mesures, De venir conter ses raisons Après avoir fait des injures». Oposição heterogénea Um excerto de «Cândido», de Voltaire, ou de «O Contrato Social», de Rousseau, talvez se tivesse mostrado mais apropriado que aquela citação da poetisa pastoral do século XVI. Mas o remate erudito não deixou de fazer o desejado efeito: mostrar erudição e acentuar o protestantismo francês. Destacada marca ideológica dos progressistas de então, o francesismo militante dava azo e fundamento às acusações de «Maçons» e «Traidores à Pátria» proferidos pelos absolutistas. Em resposta, a «Abelha» inseria o epíteto «Corcunda» no prontuário das suas diatribes, oficializando a designação mais pejorativa que a burguesia revolucionária dava, em Portugal, aos absolutistas. Chegava por fim a hora da vingança e da lavagem de afrontas. Sem parte no comércio e cingidos à rígida cadeia de comando que terminava no quartel-general do Governador, grande número dos militares pendia abertamente para os círculos de Francisco de Paiva, embora por motivos muito mais políticos que pessoais. Em grande parte oriundos dos quartéis do Brasil – onde o liberalismo campeava forte – constituíam inimigos tanto mais perigosos, quanto possuíam as armas que os senhores do poder não tinham. Num campo próximo, como estes – longe dos negócios e confinados ao espartilho hierárquico da Diocese comandada com pulsos de ferro pelo Bispo D. Francisco de Nossa Senhora de Luz Chacim – muitos elementos destacados do clero macaense, cultos (e talvez por isso, liberais) e militantes, concentravam-se no Seminário de S. José onde formavam o corpo docente. Comerciantes, padres e militares todos se uniam, ainda que por razões diversas, a fim de abater Arriaga. Pura vingança, militância política, luta pela autonomia de Macau contra a supremacia administrativa de Goa, negócios embargados ou desejos incontidos de poder, constituíam razões válidas e suficientes para obter a inscrição no partido Liberal, amplo e hospitaleiro guarda-chuva da unidade contra o governo. O desencadear da ofensiva remonta à Sé, quando Frei António de S. Gonçalo exprimiu, em timbrado latim, a «satisfação dos povos pelo juramento da Constituição Portuguesa». Ressoando nas abóbadas, as modulações da sua oratória caíam como gotas de ácido sobre a mitra do Bispo Chacim que, impotente, nada pôde fazer senão as primeiras notas do «Te Deum Laudamos» (que a «Abelha» diz ter sido vibrantemente secundado pelos fiéis que enchiam a catedral). O tenente-coronel Paulino Barbosa encabeçou o ataque às instituições, conquistando o Leal Senado através de votação esmagadora do povo (exclusivamente português, entenda-se), reunido no largo fronteiro. Mas a vistosa manifestação internacional de apreço não voltaria a repetir-se face ao rumo dos acontecimentos. De facto, com a mesma alegria com que festejava a Constituição, Macau iluminava-se de novo a breve trecho para festejar a abolição da Constituição e o regresso de D. Miguel e, apenas alguns meses mais tarde, ainda para festejar de novo o ressurgimento da Constituição, que festivamente abolira pouco antes. Na confusão geral, só o «Abelha» parecia perfeitamente consciente do seu papel, publicando os textos orientados da ideologia e os inflamados artigos que se destinavam a manter vivo o entusiasmo popular. Neste âmbito, aos mesmo tempo que, fastidiosamente, explicava as novas orientações da alfândega, explorava em estilo de panfleto o choque provocado pelo assassinato de Luís Prates, um conhecido e benquisto liberal, atribuindo o acto aos «Corcundas». Em seguida, denunciava com contagioso dramatismo a tentativa de sublevação e detenção nos calabouços da fortaleza do Monte do Ouvidor Arriaga e o envio, a ferros, para Goa, do Governador Castro e Albuquerque. A Gazeta cinzenta Manter viva a chama popular em torno do novo regime era, aliás, uma tarefa vital para o «Abelha», face à presença, ao largo, da fragata «Salamandra» do coronel Garcez Palha, que procurava tenazmente a falha capaz de permitir o desembarque dos duzentos homens e artilharia que trazia da capital da Índia portuguesa, para restabelecer a ordem miguelista. Às intenções de Garcez Palha juntavam-se as manobras de Arriaga que, tendo escapado com suspeitas cumplicidades da sua cela do Monte, conspirava em Cantão. Os mandarins seus amigos mostravam-se relutantes em intervir, mas o cerco em torno de Macau constituía por si só eficaz guerra de nervos, que abria irreparáveis brechas no moral da cidade. No dia 18 de Setembro de 1822, o estado de descrença atingiu o seu ponto mais baixo, permitindo o desembarque dos homens da «Salamandra» que, sem um tiro, ocuparam em poucas horas todos os quartéis da cidade. Depois de ter sobrevivido ao auto-de-fé de 21 de Agosto, quando os «Corcundas» já levantavam a cabeça a ponto de se reunirem para queimar, simbolicamente à porta da Ouvidoria, um exemplar do último número do jornal, a «Abelha», extenuada, já não possuía forças que lhe permitissem continuar a fazer fogo sobre a «reacção». Impresso o número 67, num sábado 27 de Dezembro, chegou com ele o fim do sonho. Frei António cobriu nesse dia as máquinas e saiu da Tipografia do Governo, dando a última volta à chave da pesada porta antes de abalar para Calcutá, escapando à repressão que se seguiria. À mesma hora, o cirurgião José de Almeida fugia para Singapura, trocando ali a política pela horticultura científica, opção que levou o seu nome a uma das principais avenidas da cidade-estado do Sudeste Asiático, que ainda hoje se mantém: «D’Almeida Street». O tenente-coronel Paulino Barbosa, chefe da revolução ou «do destempero» (como afirmava Garcez Palha), arrancado (segundo este) pelos soldados do quarto de um amigo, onde se escondia debaixo de uma cama, partia no porão da «Salamandra» para Goa, a fim de ser submetido ao julgamento de Rio Preto que, destituído e reintegrado no governo da Índia por uma vertiginosa sucessão de golpes e contra-golpes, se encontrava de novo no poder. Os corredores do Seminário de S. José esvaziam-se de professores (presos ou em fuga), enquanto os calabouços do Monte e da Guia se enchiam em resultado das depurações nas fileiras, e dos julgamentos políticos civis. As vagas abertas não eram preenchidas: ao absolutismo escasseavam os quadros capazes de as ocupar. José Osório de Castro de Cabral e Albuquerque tinha perdido a face, de um modo que não permitiria a sua readmissão no governo de Macau. Entretanto, Arriaga voltava, reocupando o gabinete da Ouvidoria de onde tinha sido expulso. Afectado pelo reumatismo gotoso, já não adoptava a mesma postura soberana de antigamente, atrás do mogno resplandecente da vasta secretária em que despachava. Mas antes da doença lhe pôr ponto final na carreira e na vida aos 47 anos de idade, ainda disfrutaria por alguns anos da faculdade de mandar só que, ao contrário dos tempos de glória, tinha agora de partilhar o poder de que havia sido único senhor ao longo de duas décadas. Ainda que fisicamente debilitado, o arguto Arriaga não deixou de retirar lições das «desgraças» de um ano. Por isso, foi sem hesitações que se apossou da chave que Frei António, disciplinadamente, devolvera antes da fuga, reabrindo a Tipografia do Governo. O «Abelha» tinha constituído para os Liberais uma surpreendente arma que ainda poderia continuar a produzir resultados para os outros, pensava Arriaga. Nesta linha de pensamento, as máquinas de Frei António recomeçaram a laborar, mas a fábrica de ideias de outrora, produtora de opinião e divulgadora do progresso, havia sido mortalmente liquidada. Das prensas, agora controladas por Arriaga, saía regularmente apenas uma publicação cinzenta e sem chama, denominada «Gazeta de Macau». Finalmente, fiel à sua vocação de Boletim Oficial rigorosamente depurado à lupa de suspeitos descuidos ou equívocas imprecisões, de acordo com os mais estritos regulamentos da censura, divulgava rotineiramente o ponto de vista do poder constituído. Caminhando para a inutilidade à medida que a normalização política se apossava da cidade, tornava-se cada vez mais um dispêndio orçamental desinteressante, que se extinguiria naturalmente em Dezembro de 1826. O destino da «Gazeta» do governo seguia e culminava, aliás, a tendência irreversível do processo histórico, que não admitia a repetição de cenários. Assim, Arriaga desapareceu e, com ele, a poderosa Ouvidoria de Macau, que se desvaneceria pouco depois.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Testagem em massa e testes rápido custaram cerca de 600 milhões As autoridades de saúde informaram ontem que os contactos próximos em quarentena só têm alta sete dias depois de o infectado ter alta. Os esclarecimentos foram feitos ontem na conferência sobre a evolução da pandemia A organização de 14 rondas de testes em massa à população, a distribuição de testes rápidos e de máscaras do tipo KN95 custaram cerca de 600 milhões de patacas. A revelação foi feita ontem por Leong Iek Hou, médica do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis. “A despesa total com as 14 rondas de testes em massa foi de 600 milhões de patacas”, afirmou Leong Iek Hou. “Este custo inclui a testagem em massa, a distribuição de testes rápidos a todas a população e também a distribuição das máscaras KN95”, acrescentou. A médica explicou também que durante o processo de testagem foi necessário pagar às instituições responsáveis pelos procedimentos, o que implicou “um elevado custo”, que foi contabilizado nos números apresentados. Em relação aos testes rápidos, cada cidadão recebeu 55 unidades, com um custo de cinco patacas, assim como 60 máscaras KN95, que tiveram um custo unitário de cerca de uma pataca. As autoridades foram igualmente questionadas sobre o montante gasto com quarentenas nos hotéis designados, mas Liz Lam, representante dos Serviços de Turismo, afirmou que as contas ainda estão a ser feitas, pelo que não é possível apresentá-las. Quarentenas prolongadas Na conferência de ontem, Leong Iek Hou explicou também os casos das famílias que fazem quarentenas juntas, mas que precisam de cumprir diferentes dias de isolamento, quando um dos membros testa positivo. De acordo com a médica, se um membro da família testar positivo todos os outros ficam classificados como casos de contacto próximo. Para que as pessoas deixem de ser consideradas contacto próximo, precisam ficar sete dias em isolamento, após o infectado ter recuperado e estar em condições de alta. Por exemplo, se mãe e filha estão a fazer quarentena juntas e a menor é identificada como um caso de infecção, a mãe só tem alta sete dias depois da filha, se testar negativo. “De acordo com o nosso critério o familiar é classificado como contacto próximo, e tem de permanecer mais sete dias em observação”, foi explicado “Se este acompanhante tivesse alta ao mesmo tempo que o infectado, isso criaria um risco para a comunidade”, acrescentou. Segundo os dados apresentados, até ontem havia 793 casos confirmados de covid-19 e 1.551 casos assintomáticos, num total de 2.344 ocorrências. SSM e a varíola dos macacos Leong Iek Hou garantiu ontem que os Serviços de Saúde estão preparados para o surgimento de casos de varíola dos macacos e que o pessoal médico teve formação em Junho deste ano para lidar com a doença. Leong Iek Hou afastou o cenário da vacinação geral da população contra a doença, mas apelou à sociedade para tomar as devidas precauções e se manter atenta a sintomas. Hong Kong registou esta semana o primeiro caso da doença. Ontem também se ficou a saber que as autoridades estão no mercado à procura de vacinas contra a doença.
João Luz Manchete SociedadeEscolas vão ter equipas para acompanhar alunos com problemas psicológicos As escolas de Macau vão ter neste ano lectivo equipas dedicadas ao acompanhamento de alunos com problemas psicológicos. Foram destacados quase 400 “agentes de aconselhamento” para prestar apoio psicológico a alunos cujas rotinas foram afectadas pela pandemia. Participação no deporto escolar vai exigir vacinação e testes As escolas do ensino não superior de Macau vão contar a partir deste ano com grupos dedicados ao acompanhamento da saúde mental e física dos alunos, depois de dois anos lectivos fortemente condicionados pela pandemia e as restrições para a conter. Esta foi uma das novidades anunciadas no final da reunião do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior, que se realizou ontem. O responsável da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) pelo Ensino Não Superior, Luís Gomes, destacou a importância de reforçar o apoio à saúde mental e física dos alunos depois de sucessivos anos lectivos fortemente afectados pela pandemia, que forçaram ao cancelamento de actividades escolares e desportivas, assim como às aulas em forma online e ao fim abrupto do ano lectivo. Assim sendo, o Governo criou o “Grupo de trabalho de acompanhamento da saúde mental e física dos jovens – Transportar o amor”, cujo início de actividade está previsto para este ano. “No total, temos 373 agentes de aconselhamento nessa equipa. Estes agentes têm de ter formação em psicologia ou serviço social. Os psicólogos experientes têm de receber formação, além de lhes ser exigidos determinados anos de experiência para poderem prestar este tipo de serviços de aconselhamento”, revelou ontem Luís Gomes. O Chefe de Departamento do Ensino Superior adiantou que o grupo de trabalho é o culminar de esforços de várias entidades, como instituições sociais, associações de estudantes, escolas e instituições de aconselhamento. Os “agentes de aconselhamento” são também docentes e pessoal destacado por associações. Uma das questões fundamentais será detectar alunos de alto risco. Neste capítulo, Luís Gomes afirmou que irá caber aos docentes e pessoal escolar ter atenção à como forma como os alunos agem, assim como identificar comportamentos que podem resultar de “emoções negativas”. Luís Gomes revelou ainda que a constituição deste grupo de trabalho estava prevista para o ano passado, mas a evolução da pandemia ditou o seu atraso. Preparados para tudo Com o novo ano lectivo, recomeçam também as actividades recreativas e de desporto escolar, e com elas um plano de prevenção epidémica. “Como sabem, tivemos um surto em Junho. Por isso, elaborámos um plano. Felizmente estamos numa fase de abrandamento, mas não podemos baixar a guarda. A taxa de transmissão da covid-19 é muito alta e temos um plano de contingência preparado”, afirmou o responsável da DSEDJ. De resto, as competições de desporto escolar vão ter medidas adaptadas consoante o número de estudantes envolvidos. Uma mensagem acabou por ser transversal durante a conferência de imprensa de ontem: o apelo à vacinação dos estudantes. Para os alunos que tenham tomado duas doses da vacina, é-lhe exigido um teste de ácido nucleico feito 48 horas antes do primeiro dia de competição, com o Governo a assumir os custos. No cômputo geral, todos os alunos que participem em competições têm de fazer teste rápido antes das competições (os kits são fornecidos pela DSEDJ). Os estudantes que não tiverem vacinação completa, duas ou mais doses, têm de pagar o teste de ácido nucleico. Nesse aspecto, Luís Gomes referiu que apenas tem os números do ano passado quanto à taxa de vacinação. “Até Fevereiro, a taxa de vacinação na faixa etária entre 3 e 11 anos de idade era de 85 por cento e 90 por cento para alunos entre 12 e 18 anos. Só vamos ter dados mais recentes quando analisarmos as matrículas deste ano lectivo, na segunda metade de Outubro.” Os dados sobre a taxa de vacinação não contemplam a inoculação completa, ou seja, de duas ou mais doses administradas, incluindo alunos que apenas receberam uma dose da vacina. Porém, Luís Gomes acrescentou que depois de Maio muitas crianças entre 3 e 11 anos tomaram a segunda dose da vacina contra a covid-19, elevando a proporção dos alunos com a vacinação completa. Ainda assim, o chefe de departamento referiu que as medidas anti-pandémicas para participar nas competições escolares e frequentar aulas são mais flexíveis em Macau do que em Hong Kong.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCrise | Quase 40% sentem que apoios económicos são insuficientes Um inquérito conduzido pela Associação das Mulheres mostra que uma parte da população considera os apoios insuficientes e que cerca de 65 por cento foi afectada com a perda de rendimentos Cerca de 40 por cento da população considera que a ronda de 10 mil milhões de patacas em apoios financeiros não contribuiu para aliviar a pressão económica. A conclusão faz parte de um estudo elaborado pela Associação Geral das Mulheres de Macau, com base num inquérito electrónico feito a 3.098 residentes, com mais de 18 anos. Segundo os dados indicados pelo Jornal do Cidadão, numa escala até 10, os apoios económicos foram avaliados pelos 3.098 participantes no inquérito com uma média de 5,8 pontos. Entre os participantes, 40 por cento acha que os apoios não foram suficientes, atribuindo uma classificação inferior a 5 pontos. Ao mesmo tempo, 65 por cento dos participantes reconheceram que durante o período da pandemia os seus rendimentos foram seriamente afectados, com uma “grande redução”, que faz com que sintam que actualmente não ganham o suficiente. Um segmento particularmente afectado pela situação económica do território implica os agregados familiares com pessoas dependentes, como idosos, ou outros que não conseguem ser autónomos. Enquanto que, antes da pandemia, as famílias conseguiam trabalhar e ter rendimentos para pagar cuidadores, agora têm de optar por se despedir e tomar conta dos familiares dependentes. Estas situações contribuem para aumentar a pressão no seio das famílias. Controlo pandémico aprovado Porém, quanto à avaliação das medidas de controlo da pandemia, os inquiridos mostram-se muito satisfeitos com os procedimentos adoptados, pelo Governo de Ho Iat Seng. Numa escala até 10, os inquiridos avaliaram com 8,04 pontos as medidas adoptadas para controlar a pandemia. Numa sessão de apresentação dos resultados do estudo da Associação Geral das Mulheres de Macau, que contou com a participação da deputada Wong Kit Cheng, foi lançado o apelo ao Governo para fazer um balanço dos trabalhos até agora e melhorar onde for possível, além de criar mais meios de comunicação com a população e ser mais eficaz. Quanto aos apoios económicos, foi pedido ao Executivo que distribua mais dinheiro, num novo apoio ao consumo de 10 mil milhões de patacas, mas também com o pagamento das contas de primeira necessidade, como gás, electricidade ou internet. No mesmo sentido foi ainda pedido que seja criado um subsídio para atribuir às famílias com pessoas que não são autónomas, de forma a fazer face às despesas e permitir que os elementos do agregado possam trabalhar.