Análise | Trunfos e fraquezas da nova candidata a concessão de jogo

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A entrada na corrida por uma concessão de jogo de uma empresa ligada ao Genting Group foi a grande surpresa do dia de entrega de propostas. A maior vocação para resorts dirigidos para famílias e elementos não-jogo é vista como um trunfo. Para os analistas da Nomura, a questão está entre começar do zero um novo estilo de resort ou adaptar os existentes

 

A entrada em cena da GGM S.A. na corrida às novas concessões de jogo em Macau marcou o dia de entrega de propostas para o concurso público. A empresa ligada ao Genting Group e ao magnata malaio Lim Kok Thay trouxe ao processo um novo fôlego, que está a gerar muitas reacções e leituras.

Os analistas do banco de investimento Nomura realçam que a concorrente começa numa posição de desvantagem, uma vez que pouco se sabe ainda sobre a estrutura exacta da accionista da GGM S.A., mas que o grupo traz ao concurso novas valências que podem ser úteis face ao contexto que a indústria enfrenta actualmente.

“A Genting tem como trunfo a vasta experiência em resorts integrados destinados a uma clientela familiar, rumo que o Governo da RAEM quer para a indústria, privilegiando a diversificação que desloque o actual foco excessivo no jogo das actuais concessionárias”, indicaram os analistas, numa nota divulgada na quarta-feira à noite.

Os observadores realçam que apesar de as actuais concessionárias terem capacidade para se adaptar a uma nova realidade, que retire ênfase ao factor jogo, isso irá implicar alterações físicas aos seus resorts.

“Como novo operador, a GGM pode conceber um resort de raiz que corresponda às novas prioridades do Executivo de Macau, ao contrário dos operadores actuais que conceberam as suas propriedades para os velhos tempos do jogo VIP. A nova concorrente pode também adaptar-se em termos orçamentais a um índice de despesas de capital mais baixo, adequando-se a volumes de receitas brutas de jogo estruturalmente inferior” ao verificado até antes da pandemia, apontam os analistas, citados pelo portal Inside Asian Gaming.

Pedras no caminho

A Nomura destaca como um dos principais desafios da GGM S.A. a potencial dificuldade em convencer os investidores do Genting Group sobre as potencialidades do mercado de jogo da RAEM.

“Pensamos que os investidores da Genting Malaysia e da Genting Berhad podem encarar a entrada no concurso público de forma negativa por duas razões. A primeira prende-se com a incerteza em relação à recuperação da indústria do jogo de Macau, devido à política de covid zero que reduziu drasticamente as receitas brutas dos casinos. Cremos que existem poucas esperanças de que as restrições de combate à pandemia aliviem, como aconteceu no resto do mundo”, é indicado.

A segunda preocupação, que os observadores consideram mais forte, é que alguns investidores da Genting Malásia (e consequentemente o grupo) podem não se sentir confortáveis com o mercado de Macau e a incerteza que isso acarreta, principalmente tendo em conta o investimento feito na área de influência da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Além disso, a perspectiva de um grande compromisso de investimento depois de dois anos de contas apertadas devido à pandemia e do aumento das dívidas pode desagradar aos investidores mais conservadores.

Por sua vez, os analistas da JP Morgan destacaram a recente falência do Genting Hong Kong como um “mau presságio” para as chances de a nova candidata ganhar uma concessão em Macau. Além das hipóteses, ou falta delas, da GGM S.A., os especialistas da JP Morgan consideram improvável que alguma das seis concessionárias actuais perca a licença de jogo.

“Lufada” de ar fresco

Carlos Lobo, analista de jogo, considera que a entrada da GMM, ligada à Genting, no concurso público de atribuição das concessões do jogo é uma “lufada” de ar fresco no sector. As declarações foram prestadas à Rádio Macau. Apesar desta lufada, o analista não vê o interesse da Genting como uma surpresa, uma vez que esta não é a primeira vez que a empresa malaia concorre a uma licença de jogo no território.

Carlos Lobo defendeu também que apesar de as seis operadoras terem um histórico de grandes investimentos no território, que irá ser frisado nas propostas, a entrada de uma nova concorrente pode ditar mudanças no panorama do jogo. As propostas apresentadas por GMM S.A.,Wynn Resorts (Macau), S.A., Venetian Macau S.A., Melco Resorts (Macau) S.A., SJM Resorts, S.A., MGM Grand Paradise S.A. e Galaxy Casino, S.A. vão ser abertas esta manhã, pelas 10h, no 21.º andar do Edifício China Plaza.

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