FIMM | Cuca Roseta actua ao lado da Orquestra Chinesa de Macau

O cartaz do Festival Internacional de Música de Macau deste ano traz a fadista portuguesa Cuca Roseta, que sobe aos palcos ao lado da Orquestra Chinesa de Macau, numa fusão de sonoridades que já não é novidade em Macau. Destaque também para a ópera “Carmen”, do francês Georges Bizet

 

O Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) conta, pela terceira edição consecutiva, com uma fadista. Desta feita, a eleita é Cuca Roseta que vai actuar acompanhada pela Orquestra Chinesa de Macau (OCM), tal como Mariza em 2024, anunciou a organização na sexta-feira.

O Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, a 11 de Outubro, a lisboeta de 43 anos, descrita num comunicado como uma “diva portuguesa do fado” pelo Instituto Cultural (IC), que organiza o festival. O programa do FIMM sublinha que o concerto “materializa um intercâmbio cultural”, entre a “rica herança cultural” da OCM e as “influências de jazz, bossa nova e músicas do mundo” no estilo de Cuca Roseta.

O FIMM voltou aos palcos em 2022, após um interregno de dois anos devido à pandemia, com um programa que incluía dois espectáculos de convidados estrangeiros, um dos quais do português António Zambujo, mas apenas através de actuações gravadas.

O regresso dos artistas estrangeiros aconteceu em 2023, após o fim das restrições à entrada na região, num programa que incluiu um concerto de Gisela João. No ano passado, foi a vez de Mariza actuar com a OCM.

A orquestra foi criada ainda durante a administração portuguesa de Macau, em 1987 – ano em que decorreu também a primeira edição do FIMM – e utiliza instrumentos tradicionais chineses. Desde então já realizou concertos com músicos portugueses, incluindo os fadistas (e irmãos) Camané e Hélder Moutinho, o guitarrista Custódio Castelo e o grupo Ala dos Namorados.

Regresso de “Carmen”

O FIMM arranca em 3 de Outubro, com a ópera clássica do francês Georges Bizet (1838-1875) “Carmen”, que será levada à cena pela Ópera de Zurique e pela Opéra Comique de Paris, sob a batuta do maestro norueguês Eivind Gullberg Jensen. O espectáculo inclui ainda uma colaboração com a Orquestra de Macau, o Coro da Orquestra Sinfónica Nacional da China e o Coro Juvenil de Macau.

O programa do festival apresenta ainda dois concertos com obras de Xian Xinghai (1905-1945), um compositor nascido em Macau e conhecido por escrever músicas patrióticas durante a luta contra a invasão japonesa, a partir de 1937.

Os dois concertos, em 18 de Outubro e 7 de Novembro, irão comemorar não apenas os 120 anos do nascimento de Xian Xinghai, mas também o 80.º aniversario do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.

Em 31 de Outubro, será a vez de “Duetos nas Pontas dos Dedos”, que juntará em palco um casal russo, a bailariana Svetlana Zakharova e o violinista Vadim Repin, acompanhados de vários bailarinos principais do Ballet Bolshoi, com sede em Moscovo.

Mahler e Rachmaninoff

Destaque também para o espectáculo “Thomas Hampson Canta Mahler”, marcado para o dia 16 de Outubro, às 20h, naquela que promete ser “uma noite de enorme mestria artística pela voz de Thomas Hampson, barítono mundialmente reconhecido, num recital dedicado às evocativas canções (lieder) de Gustav Mahler”.

Segundo a programação do festival, há muito que Hampson “é saudado como um dos maiores intérpretes vocais do compositor austro-boémio”, participando agora no FIMM com um repertório “de inigualável visão emocional, elegância vocal e profundidade intelectual”.

“Neste recital, Hampson explora uma selecção das canções mais apreciadas, joias únicas na obra do compositor, a maioria delas relacionadas com a lendária ‘Des Knaben Wunderhorn’ (A Trompa Mágica do Rapaz). A interpretação de Hampson ilumina a poesia minuciosa e complexa que define a arte do grande mestre. Mergulhemos na alma da música de Mahler, usufruindo de um momento que promete ser um ponto alto deste festival, uma celebração do poder eterno das canções”, descreve-se no cartaz do evento.

Com o apoio da Melco decorre também outro concerto de música clássica, mas desta vez dedicado a um compositor russo, Rachmaninoff. O espectáculo “Mikhail Pletnev e a Orquestra Internacional Rachmaninoff” sobem ao palco do grande auditório do CCM nos dias 25 e 26 de Outubro, a partir das 20h.

No dia 8 de Novembro é a vez do mesmo palco receber a actuação “As Quatro Estações – Daniel Hope e a Orquestra do Festival de Gstaad”, a partir das 20h.

O programa é composto pelas composições de Vivaldi e Max Richter, nomeadamente com as “Quatro Estações”, originalmente composto pelo primeiro, e depois “Recomposto – As Quatro Estações de Vivaldi”, uma homenagem do segundo.

Descreve o cartaz do FIMM que “quando o primor barroco de Antonio Vivaldi se funde com a reinvenção pós-moderna de Max Richter, nasce uma intemporal celebração da beleza e da inovação”, sendo que a versão de Richter consiste numa “ousada transformação do original de Vivaldi”.

Ainda assim, Max Richter, compositor germano-britânico, usou “uma linguagem musical distinta, tendo reconstruindo a obra inspirado pelo minimalismo, nas texturas pós-clássicas e na música electrónica”. Neste trabalho de composição, “as melodias da composição de Vivaldi emergem, desaparecem e reaparecem inesperadamente, criando uma paisagem sónica que é ao mesmo tempo assombrosamente familiar e surpreendentemente nova”.

Daniel Hope é também figura central deste concerto “enquanto intérprete fluente e conhecedor da obra de Richter”, distinguido-se “pela virtuosidade expressiva e interpretações arrojadas, trazendo à peça uma intimidade e autoridade inigualáveis”.

O FIMM conta ainda com 14 actividades do Festival Extra, incluindo palestras e ‘masterclasses’. De acordo com a imprensa local, tem este ano um orçamento de 25,5 milhões de patacas, menos 22,7 por cento do que em 2024.

8 Set 2025

Música | NOYB apresenta “Improvised Live Sessions” na Taipa

É já amanhã, 6 de Setembro, que acontece o evento “None of Your Business (NOYB) Improvised Live Sessions”, que traz a Macau uma série de artistas e djs em que a música tocada de improviso e de forma experimental promete ser a palavra de ordem. A festa acontece entre as 17h e as 23h e traz à Fábrica Van Nam, na Avenida Olímpica, na Taipa, “um mundo vanguardista de actuações musicais improvisadas, instalações de vídeo e um inovador workshop de sintetizador modular”, descreve a NOYB nas redes sociais.

Juntam-se assim, na Taipa, “artistas visionários de Macau, Portugal, Espanha, Japão e outros lugares, criando-se uma tapeçaria única de sons e arte visual”, sendo que não faltarão espaços de gastronomia e a “companhia de outros entusiastas da arte” de fazer música e desfrutar dela.

O cartaz faz-se com LAGOSS, que actua no dia anterior em Beishan, Zhuhai; Dj Sniff, Larsq, Ezara Thustra e os Djs Tongrim e Fon.

Manobras experimentais

Relativamente ao percurso artístico dos participantes nesta festa de experimentações, Fon nasceu em Cantão, Guangzhou, mas foi criado em Macau. Porém, também viveu em Nova Iorque e Los Angels, onde trabalhou como músico e artista conceptual. “A sua formação diversificada inspira a exploração do som, das artes visuais, da performance e da improvisação”, destaca a NOYB. O gosto musical de Fon é ainda “fortemente influenciado pelos clubes vanguardistas de Nova Iorque, como o h0l0 e o Bossa Nova Civic Club, bem como pela cena ‘underground’ de festas em Macau e pela música trap cantonense”.

Destaque ainda para o projecto sonoro “Larsq”, de Rui Rasquinho, designer e ilustrador de Lisboa que há muito faz de Macau a sua casa. Com “Larsq” o público pode desfrutar de “pedais de efeitos, sintetizadores de ruído e uma guitarra sob a influência da improvisação, situados algures entre o abstracto e o narrativo”.

No caso do Dj Sniff, trata-se de um músico, curador e educador cujo trabalho “se faz com práticas distintas que combinam o ‘Djing, o design de instrumentos e a improvisação livre”. Dj Sniff já trabalhou em Amesterdão e foi professor assistente visitante na Universidade Cidade de Hong Kong entre 2012 e 2017. Já colaborou com nomes como Evan Parker, Otomo Yoshihide, Paul Hubweber, Tarek Atoui, Senyawa e Ken Ueno.

De Espanha, mais concretamente Tenerife, surge o projecto LAGOSS, e a sua apresentação faz-se logo com um aviso: ouvir estes sons pode “causar vagueações involuntárias por ilhas que não existem”.

LAGOSS é, portanto, um “projecto audiovisual cujo som ultrapassa o espectro daquilo a que os nossos ouvidos estão habituados”, inspirando-se em “mitologias exóticas e sonoridades espirituais”. Criam-se, desta forma, “paisagens sonoras imersivas que desafiam qualquer categorização simples”, com uma música que é “uma fusão singular de explorações cósmicas de sintetizador, ritmos instáveis de dub e gravações de campo de ilhas imaginadas, tudo sustentado por uma saudável dose de psicadelismo, improvisação e ‘live looping’ de instrumentos electrónicos e acústicos”.

Desta forma, o público poderá ver, ouvir e sentir amanhã “um universo sonoro e orgânico particular, que a própria banda descreve como folclore insular do futuro ou ciber-tropicalismo”.

5 Set 2025

Orquestra Chinesa | Peng Xiuwen e Liu Tianyi homenageados em nova temporada

A Orquestra Chinesa de Macau traz ao público uma nova temporada de concertos que pretende destacar o território como uma “Cidade de Cultura do Leste Asiático”. Os espectáculos agendados para 2025/2026 homenageiam ainda figuras da música chinesa como Liu Tianyi e Peng Xiuwen, além de celebrar datas como a transição de Macau ou o aniversário da RPC

 

Espera-se que Macau se transforme numa “Cidade da Cultura do Leste Asiático” e, por isso, a nova programação de concertos da Orquestra Chinesa de Macau (OCM) 2025/2026 está aí com muitos espectáculos de homenagem a mestres da música clássica chinesa e para celebrar datas especiais para Macau e a China.

Depois do concerto de abertura da temporada que decorreu a 30 de Agosto, o dia 29 de Novembro acolhe o espectáculo de homenagem a Liu Tianyi, tido como um grande mestre de música tradicional chinesa, sobretudo cantonense, e com foco no instrumento tradicional Gaohu.

“Em Comemoração ao 115.º Aniversário de Nascimento de Liu Tianyi – Cantonês Harmónico” é o nome do espectáculo que mostra “a brilhante carreira musical do maestro e a notável contribuição para este género musical”. Apresenta-se, assim, “um repertório cuidadosamente seleccionado”, lê-se no programa da OCM, num concerto que tem direcção artística de um discípulo de Liu Tianyi, Yu Qiwei. Em palco, estará ainda o grupo “Ensemble de Música Chinesa Windpipe”, um grupo de música de câmara de Hong Kong.

Em Março do próximo ano, dia 21, é a vez se de homenagear, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), Peng Xiuwen e os 95 anos do aniversário do seu nascimento. “Homenagem ao 95.º Aniversário de Nascimento de Peng Xiuwen – O Titã” é o nome do concerto que destaca a mestria deste conhecido nome da música chinesa.

“A dedicação dada ao longo da sua vida à inovação e desenvolvimento da música, além da adaptação e composição de mais de 400 obras clássicas, lançaram as bases para o estabelecimento da orquestra chinesa moderna”, além de abrirem “caminho à ‘sinfonia nacional'”, descreve a OCM.

Peng Xiuwen é chamado de “Pai da Sinfonia Nacional Moderna da China”, e no CCM serão apresentadas “algumas das obras mais emblemáticas, como a adaptação da sinfonia ‘Quadros Numa Exposição’, de Mussorgsky, e a magnífica fantasia ‘Guerreiros de Terracota de Qin’”. Em palco estará o maestro Pang Ka Pang.

Zhang Lie, director musical e maestro principal da OCM, destaca que a programação para a temporada 2025/2026 visa “cultivar a cultura local, contando a história de Macau através de obras musicais originais”. Fica ainda a promessa de um envolvimento “activo com a comunidade, promovendo a educação musical” e a adopção de “uma atitude aberta de ‘Introduzir de Fora e Sair para o Mundo'” no que às escolhas musicais diz respeito.

O responsável assume que a OCM tem feito um “grandioso percurso de preservação dos tesouros artísticos da China e de desenvolvimento da música tradicional chinesa”

Assim, Zhang Lie destaca que esta nova temporada constitui “uma oportunidade para a Orquestra Chinesa apoiar Macau na sua transformação em prol de uma ‘Cidade da Cultura do Leste Asiático'”. Sobre o concerto de Novembro, Zhang Lie destaca o foco que fará não apenas à carreira de Liu Tianyi mas também da música cantonesa como “joia da região de Lingnan”.

Depois, com o concerto “O Titã”, dedicado a Peng Xiuwen, faz-se a ligação “entre o painel poético da adaptação de ‘Quadros numa Exposição’ com os ecos históricos da fantasia ‘Guerreiros de Terracota de Qin’, numa resplandecência artística eterna”.

As celebrações prometidas

De resto, a OCM estará presente em palco para celebrar datas importantes para a RAEM, como é o caso do concerto intitulado “Lírios da Estrela da Manhã para Sempre”, de celebração dos 26 anos de instituição da RAEM, a 20 de Dezembro de 1999, e da transferência da administração portuguesa de Macau para a China, a 19 de Dezembro do mesmo ano.

Este espectáculo acontece com a colaboração da Orquestra Chinesa da Radiodifusão de Shaanxi e Orquestra Nacional de Shaanxi, incluindo outros grupos musicais.

Ainda antes desta data especial, celebra-se mais um aniversário da implantação da República Popular da China e também o Festival da Lua, pelo que a 6 de Outubro é a vez das Ruínas de São Paulo acolherem “Uma Noite de Lua Cheia nas Ruínas de S. Paulo 2025”. Aqui fica a promessa, segundo Zhang Lie, de uma evocação de “melodias emocionantes em um cenário de reencontro”. A OCM apresenta ainda o espectáculo de teatro musical, pensado para toda a família, “Varinha Mágica Musical– Família de Sopro”.

Para Zhang Lie, esta temporada “será, sem dúvida, um sucesso retumbante”, esperando-se um “festim musical vibrante a todos, transformando cada nota numa força calorosa e comovente”.

5 Set 2025

Aniversário da RPC comemorado com espectáculo “Cisne”

Nos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro, bem a tempo de celebrar o 76.º aniversário de implantação da República Popular da China (RPC), acontece em Macau o “Espectáculo de Comemoração do 76.º Aniversário da Implantação da República Popular da China e da Noite de Luar de Haojiang – Novo Espectáculo Acrobático Cisne”. O evento está marcado para o The Venetian Theatre a partir das 20h, sendo que os bilhetes já estão à venda.

“Cisne” é uma obra criada pelo premiado Teatro de Artes Acrobáticas de Guangzhou, narrando “o emocionante percurso de crescimento e formação da artista acrobática Yu Meng, desde os campos de treino encharcados de suor até ao centro do palco deslumbrante”.

Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), o público irá deambular entre o “sonho” e o “real”, experimentando “a impressionante fusão entre a excelência artística de nível nacional e um espectáculo visual fantástico”.

O espectáculo que se apresenta no The Venetian Theatre “foi seleccionado para o programa de apoio financeiro pelo Fundo Nacional das Artes e homenageado com o ‘Prémio de Produ de Excelência'”, sendo dirigido pelo coreógrafo Zhao Ming. A direcção artística está a cargo de Wu Zhengdan, actriz e fundadora do “Balé Sobre os Ombros”.

Cheirinho a “Lago dos Cisnes”

“Cisne” é uma peça que “reúne artistas prestigiados, utilizando as melodias intemporais do balé clássico ocidental ‘O Lago dos Cisnes’, ao mesmo tempo integra a acrobacia chinesa grandiosa e inédita, oferecendo ao público um espectáculo cénico que mostra a fusão entre arte oriental e ocidental”.

O “Espectáculo de Comemoração do 76.º Aniversário da Implantação da República Popular da China e da Noite de Luar de Haojiang – Novo Espetáculo Acrobático Cisne” é organizado pelo Ministério da Cultura e Turismo da China e pela Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo da RAEM, sem esquecer a organização do IC e Departamento de Publicidade e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM, entre outras entidades.

Os bilhetes estão à venda a partir de hoje na bilheteira “Enjoy Macao” a partir das 10h, sendo que a data de venda dos bilhetes na plataforma “Cotai Ticketing” será anunciada posteriormente. Os ingressos têm preços que variam entre as 200 e 400 patacas.

3 Set 2025

Coloane | Música, exercícios e workshops no final do mês

A terceira edição do “Connections – Music.Movement.Nature”, regressa a Coloane nos dias 27 e 28 de Setembro ao espaço “Urban Farm”. É lá que acontecem actividades para todos os gostos, mas sempre em conexão com a natureza, a música, as artes e até o próprio corpo, graças à prática de pilates e yoga

 

Imagem de Elói Scarva

No último fim de semana de Setembro, o espaço Urban Farm, no centro da vila de Coloane, vai acolher o evento “Connections – Music.Movement.Nature”. Trata-se de um evento de dois dias, a acontecer a 27 e 28 de Setembro, que reúne actividades artísticas, música e a prática de exercício físico, com yoga e pilates.

Esta é uma “iniciativa privada sem fins lucrativos que pretende reunir diferentes comunidades, oferecendo música, actividades para famílias, workshops corporais e holísticos, uma zona de comidas e bebidas e um mercado de artesanato com criadores locais”, destaca um comunicado da organização.

Quem está por detrás deste evento assume que o “Connections” é uma “criação colectiva que alia um modo de vida consciente com experiências únicas”, e que já existe desde 2018 e 2019, anos em que o evento se realizou junto à Barragem de Ka-Hó, também em Coloane.

Porém, o “Connections” passa agora para um espaço maior, o que irá permitir que possam decorrer diversas actividades espalhadas por sete zonas distintas. São elas o “Village”, descrita como “uma pitoresca área que se assemelha a uma aldeia tradicional chinesa, com casas de madeira num jardim oriental”, e que será a zona de refeições e bebidas e de venda de artesanato.

Aqui vão estar representados espaços de restauração de Macau, como é o caso do Larry’s Place, Concept H, Black Lotus, Cakes By Rose & Muse, Juk e Happy Stand. Haverá ainda 12 artesãos a vender os seus produtos nas várias casinhas de madeira do “Village”: Dreama, Neska, Zarja’s Selections, CeraGigi, Odoodoodo, Dollfie, Wickd, White Lodge Dreamland, Wutoyeah, Gems Awakening, Lylon Skincare e Knotme.

A “Urban Farm” contará ainda com o “Gypsy Camp”, uma “zona com almofadas e lugares de descanso à sombra que promete ser uma oferta interactiva, em que os participantes poderão explorar instrumentos musicais como o asalato, participar num círculo de tambores, ou assistir a um concerto de handpan com o duo Nàv, que faz a curadoria da área”.

“Será também aqui que se poderá assistir ao ritual da fogueira, a uma palestra sobre temáticas espirituais e participar em sessões individuais de tarot e leitura da alma”, explica ainda a organização.

As actividades para famílias irão ter lugar na “Family Tent”, oferecendo sessões de meditação para famílias, pinturas em desenhos de mandalas, crochet, construção de máscaras em cartolina e ainda momentos de leitura interactiva.

A organização pretende, com o “Connections”, levar “os mais novos a participar em qualquer actividade que esteja a decorrer no recinto, desde que acompanhados pelos pais, podendo também explorar a oferta do ‘Urban Farm’, que disponibiliza canas de pesca para pescar e actividades de agricultura”.

Árvore da meditação

Uma zona que merece destaque é a “Treetop”, uma “mezannine” construída na copa de uma árvore, e que foi o espaço escolhido para todas as actividades de exploração corporal e “momentos mais serenos”, de meditação e relaxamento. Com actividades a decorrer da manhã ao entardecer, o “Treetop” vai albergar sessões de dança, com Zumba, Bachata, Dança Consciente e “InsideFlow”, assim como de yoga, gyrokinesis [movimento que mistura princípios de yoga, dança e Tai Chi], e pilates. Estão igualmente previstas sessōes de “Sound Bath”, exploração de mantras e meditações ao pôr do sol e de ligação à natureza.

O “Urban Farm” também disponibiliza uma “yurte mongol” [tenda típica dos povos nómadas da Mongólia], decorrendo ainda uma sessão das “Noites de Quiz”, que já acontece regularmente em Macau. “Esta é a primeira vez também que a Noite de Quiz será orientada em inglês para que mais pessoas possam participar na sessão”, explicaram os organizadores.

Ao fundo da propriedade do Urban Farm, na zona “Concrete”, estão agendadas sessões de graffiti e arte urbana com os colectivos de artistas locais Outloud International Street Art Festival e Mid Age of Dawn Skateboards (M.A.O.D.).

Por último, no “Woods”, numa clareira de um pequeno bosque, situa-se o espaço de música electrónica e de dança ao ar livre, que contará com prestações de diversos djs locais e da região. A oferta musical irá também marcar presença na zona do “Village”, com uma selecção mais orgânica, lounge, e focada em músicas do mundo.

Os bilhetes para o “Connections” já estão em venda antecipada até amanhã, com preços que variam entre as 150 e as 250 patacas, para uma entrada de um ou dos dois dias do evento. O “Urban Farm” disponibiliza também espaços de estacionamento que podem ser reservados ao dia com antecedência.

3 Set 2025

Exposição de Francisco Ricarte na Casa de Portugal até final do mês

A exposição “Macau: Dias de Ontem e Dias de Hoje”, com imagens do arquitecto Francisco Ricarte, foi estendida até ao final do mês, podendo ser visitada até 30 de Setembro na sede da Casa de Portugal em Macau (CPM). Trata-se de uma iniciativa integrada na programação das celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.

A mostra contém 20 “dípticos”, ou seja, “vinte propostas visuais comparativas entre imagens antigas de Macau, como registos fotográficos e iconográficos da cidade da primeira metade do Séc. XIX, ou existentes em postais antigos dos inícios do Séc. XX, com imagens contemporâneas desses espaços ou do que resta deles, onde se possam entender não só a presença dos antigos elementos construídos ou naturais ainda existentes, mas sobretudo a continuidade do seu significado social e humano relevantes”, explicou o arquitecto e fotógrafo ao HM.

Segundo Ricarte, o que se pretende fazer nesta mostra não é apenas “o registo meramente documental ou comparativo das modificações necessariamente ocorridas nos espaços e imóveis registados, mas sim captar como o seu ‘espírito’, sob o ponto de vista da sua presença, significado urbano ou presença humana significativa, mantêm a sua identidade e significado imagético para a cidade, hoje”.

Passado e presente

Em “Macau: Dias de Ontem e Dias de Hoje” faz-se a “introdução de registos cromáticos nas fotografias contemporâneas”, convidando-se o público a “identificar uma continuidade entre o antigo e o contemporâneo, encontrando novas identidades e significados nas imagens contemporâneas apresentadas, fazendo assim uma outra leitura interpretativa desses registos fotográficos”.

Aqui, a cor “articula a perenidade e identidade dos locais e seu significado, patente nos ‘dias de ontem’ com a contemporaneidade desses mesmos espaços, evidenciado pela sua presença e identidade nos ‘dias hoje'”, remata Ricarte.

Francisco Ricarte é arquitecto de profissão, estando em Macau desde 2006. É um dos membros da associação Halftone, dedicada à fotografia profissional e amadora que se faz no território e fora dele, tendo ajudado a criar este projecto em 2021. A Halftone publica também uma revista de fotografia de forma regular.

2 Set 2025

Livro | Pensamento do filósofo chinês Xun Kuang editado em português

A Livros do Meio, editora local criada por Carlos Morais José, juntou esforços à Fundação Macau para a edição de “Escritos de Mestre Xun”, que pela primeira vez traduz integralmente do chinês para português o pensamento do filósofo chinês Xun Kuang, também conhecido por Xun Zi. O lançamento desta obra dedicada ao pensamento sobre Confúcio acontece dia 10 deste mês na Fundação Rui Cunha

 

No pensamento confucionista chinês da antiguidade, os grandes nomes que surgem no imediato são Confúcio e Mencius. Mas inclui-se também nesta lista um homem nascido com o nome de Xun Kuang, que ficaria mais conhecido na história como Xun Zi e que é considerado um dos grandes filósofos confucionistas chineses do período antigo da China.

A editora de Macau Livros do Meio, de Carlos Morais José, prepara agora um lançamento inédito sobre os escritos e o pensamento deste filósofo, na medida em que pela primeira vez estarão disponíveis em português. A tradução esteve a cargo de Rui Cascais, Gong Yuhong e do próprio Carlos Morais José, que também fez a parte da edição e notas.

A edição de “Escritos de Mestre Xun” contou com a co-edição da Fundação Macau e será lançada no dia 10 de Setembro em Macau, na Fundação Rui Cunha. Segundo uma nota de imprensa divulgada pela Livros do Meio, trata-se de uma “pedra angular do pensamento filosófico chinês finalmente acessível ao leitor lusófono em edição definitiva”.

Esta é a “primeira tradução para língua portuguesa de todos os 32 capítulos do filósofo confuciano Xun Zi (c. 310 – c. 235 a.E.C)”, tratando-se de uma “edição histórica que preenche uma lacuna crucial nos estudos filosóficos e sinológicos em português”.

Segundo a descrição da editora, o livro “conta com extensas notas explicativas, comentários críticos e uma introdução abrangente que situa Xun Zi no contexto do período dos Reinos Combatentes e traça sua influência ao longo da história”.

“A Livros do Meio orgulha-se, depois de ter publicado recentemente o último dos ‘Quatro Livros’, de tornar este clássico acessível aos leitores de língua portuguesa”, acrescenta ainda.

Uma longa jornada

Traduzir aquilo que Xun Zi deixou constituiu “uma jornada de vários anos”. O filósofo deixou um pensamento pautado pelo “racionalismo, a defesa da cultura como antídoto para o caos e uma análise da linguagem”, elementos que “ressoam de forma poderosa nos dias de hoje”.

Neste processo de tradução, procurou-se “capturar a precisão e a força argumentativa do seu texto, permitindo que o leitor de língua portuguesa enfrente, pela primeira vez em toda a sua extensão, um dos pensadores mais lúcidos e desafiadores da humanidade”.

Se Mencius, contemporâneo de Xun Zi, “acreditava na bondade inata do ser humano”, o “Mestre Xun” defendia, por sua vez, “que a natureza humana é originalmente má (xing er), e que a bondade é adquirida através do esforço consciente, da educação ritualizada (li) e da orientação dos sábios e de um governo justo”.

Daí a Livros do Meio entender que ler e analisar Xun Zi permite ter acesso a um “tratado profundo sobre ética, política, educação, linguagem e cosmologia, oferecendo perspectivas surpreendentemente modernas sobre a natureza da sociedade”.

“Xun Zi é um gigante intelectual, cujo pensamento é fundamental para entender não apenas o Confucianismo, mas toda a história intelectual chinesa. Publicar as suas obras completas em português é um marco editorial e um presente para estudantes, académicos e todos os leitores que buscam compreender as bases da civilização chinesa”, descreve ainda a Livros do Meio.

A obra tem 422 páginas e um custo de 200 patacas. A Livros do Meio foca-se na edição de obras clássicas chinesas traduzidas para português em áreas como a poesia, o pensamento, Arte, História ou Etnologia, entre outras.

2 Set 2025

Hong Kong | Sparks e Dave Clarke juntam-se ao cartaz do Clockenflap

A organização do festival Clockenflap revelou na sexta-feira a segunda ronda de bandas e artistas do cartaz do maior evento musical de Hong Kong. Os veteranos Sparks e Dave Clarke vão acrescentar glamour e batidas de tecno. Entre as sete novidades contam-se três projectos japoneses, da jovem estrela do J-Pop Vaundy aos veteranos rockeiros Ellegarden

 

O cartaz deste ano do Clockenflap ganhou contornos mais concretos no passado fim-de-semana com o anúncio de mais sete nomes à programação do festival que vai decorrer entre 5 e 7 de Dezembro no Central Harbourfront, em Hong Kong.

A um cartaz que já contava com o indie rock dos escoceses Franz Ferdinand, as viagens progressivas dos Godspeed You! Black Emperor e a introspecção encantatória de Beth Gibbons, a eterna vocalista de Portishead, juntam-se agora os Sparks, o “barão do techno” Dave Clarke e o cantar Jeremy Zucker.

O anúncio de sexta-feira acrescenta um naipe de bandas e projectos musicais diversificados ao Clockenflap deste ano. A começar pelos veteranos Sparks, o dueto formado pelos irmãos Ron e Russel Mael, que há mais de meio século testam os limites conceptuais do glam e do art-rock. O público pode esperar uma actuação plena de teatralidade e sonoridades nostálgicas da new wave a convidar à dança logo no primeiro dia do festival (sexta-feira 5 de Dezembro).

Outra das novidades anunciadas, é um especialista a fornecer batidas dançáveis: o dj e produtor Dave Clarke. Vulto incontornável da música electrónica britânica, Clarke produziu remisturas para artistas como The Cheminal Brothers, New Order, Underworld e Depeche Mode.

A notoriedade que foi ganhando valeu-lhe a alcunha de “O Barão do Techno” dada pelo lendário apresentador de rádio da BBC John Peel. Os adeptos da música de dança vão poder comprovar as duas credenciais no sábado, 6 de Dezembro no palco electrónico do Central Harbourfront.

Vaga nipónica

Ainda a puxar a um pé de dança, o projecto francês L’Impératrice irá apresentar-se em palco no segundo dia do festival. A sonoridades da banda formada em Paris em 2012 situa-se algures entre a pop mais dançável e a disco sound.

Jeremy Zucker foi uma das novidades anunciadas no final da semana passada, com actuação marcada para o último dia do festival, 7 de Dezembro. Com três discos na bagagem, o cantor norte-americano deverá basear a sua actuação no novo disco “Garden State” lançado na semana passada.

A completar as novidades do Clockenflap surge um trio de projectos japoneses, com destaque para o fenómeno de j-pop Vaundy, que faz a sua estreia em actuações fora do Japão em Hong Kong. Com uma carreira que arrancou em 2019 com lançamentos independentes no YouTube, Vaundy tornou-se num sucesso em plataformas musicais de streaming, como o Spotify. Passado um novo, o músico estreava-se com a edição do primeiro disco “Strobo”.

No pólo oposto da indústria musical japonesa, os Ellegarden vão chegar a Hong Kong com um estatuto de banda veterana de rock, com quase três décadas de palco. As guitarras a evocar Weezer e Blink-182 vão soar no Central Harbourfront no último dia do festival.

No sábado, a dupla que forma os Rikon actua pela primeira vez em Hong Kong no Clockenflap. O projecto composto pelo vocalista Ayumu Matsuda e o guitarrista Jun Beppu, tem o mesmo nome do título japonês do álbum de Marvin Gaye de 1978, “Here My Dear”, uma referência ao som pop soul característico da dupla.

A banda conquistou uma enorme base de fãs no Japão desde sua formação em 2022, mesmo ano em que lançaram o single de estreia “Love is More Mellow”, que se tornou viral. Passados dois anos, saía o primeiro disco da dupla “RIKONDENSETSU”.

Os bilhetes estão à venda e custam 1.990 dólares de Hong Kong para os três dias e 1.280 dólares de Hong Kong para um dia.

2 Set 2025

Arquitectura | Nuno Soares defende material em construção permanente

A estudar e trabalhar o bambu há mais de 20 anos, Nuno Soares vê futuro para as construções permanentes com este material em Macau, onde tem tradição e valor económico associado, mas onde também falta regulamentação. Empresária de andaimes conta os segredos de um negócio tradicionalmente gerido por homens

 

Para Nuno Soares, a versatilidade do bambu não se esgota na construção temporária. Nem nos habituais andaimes que revestem arranha-céus em progressão, nem em palcos de ópera cantonense erguidos em festividades, ou esculturas gigantes, pensadas por estudantes ou artistas, ou até mesmo em momentos que hoje seriam improváveis – e que não dispensaram contestação – como o que ocorreu na recta final da administração portuguesa, quando se improvisou uma praça de touros em bambu no centro de Macau.

O arquitecto e académico português distingue “um potencial que ainda não está totalmente explorado”: a utilização deste material, enraizado na tradição e no tecido económico da cidade, para dar vida a estruturas de bambu sem data de demolição. Existe regulamentação apenas para projectos temporários. “Não podemos ser fundamentalistas e defender só o que conhecemos e estamos habituados”, diz em entrevista à Lusa o arquitecto. Há uma obrigação disciplinar do campo da arquitectura e da construção de criar melhores produtos “do ponto de vista da sustentabilidade, resistência e estética”, defende.

Soares, natural de Lisboa, mas a viver em Macau desde 2003, cruzou-se pela primeira vez com o potencial deste “material lindíssimo” na construção quando visitou Macau em 1997. E o que é um elemento tão rotineiro para quem vive o dia-a-dia da região foi para o português, com visão habituada a outra paisagem urbana, o início de uma viagem.

No Centro de Arquitectura e Urbanismo (CURB), que fundou com a designer Filipa Simões em 2014, tem conduzido investigação neste campo, com trabalho feito junto de artesãos de bambu.

Também na Universidade de São José (USJ), onde está à frente do Departamento de Arquitectura e Design, o português orienta anualmente, em colaboração com a indústria, a construção de um pavilhão em bambu – com material usado na montagem de andaimes e que, no final, volta a servir esse mesmo propósito.

“Uma arquitectura que é muito inovadora, muito desafiante, que usa design paramétrico do mais sofisticado a nível mundial e depois constrói com uma técnica artesanal”, diz sobre o projecto, notando que apenas empresas e técnicos especializados estão autorizados a construir em bambu por uma questão de segurança pública.

Pernas para andar

No campo da construção permanente, a USJ está a desenvolver em parceria com a Assumption University, da Tailândia, um projecto que prevê a edificação de uma estrutura, “para depois monitorizar ao longo do período de vida” envelhecimento e desempenho do edifício e se poderem tirar conclusões. Apesar de ser um material que se degrada, existem técnicas para lidar com a construção permanente em bambu que diferem das opções para obras limitadas no tempo. “Não devemos impedir a evolução”, defende.

Além da Tailândia, onde existe um código que permite a edificação de construções permanentes em bambu, a arquitectura sem termo é comum em várias outras geografias da região, como é o caso da Indonésia, sendo a ‘Green School’, em Bali, uma escola privada, obra de destaque.

“O bambu, como construção permanente entra numa classificação de materiais que são aqueles que são as estruturas leves, como algumas estruturas de metal. É importante que nós usemos os materiais que sejam adequados. Em Macau temos tanta experiência e tradição de utilização do bambu, que ele já faz parte da paisagem urbana”, reflecte.

Há que perceber onde estas estruturas em bambu podem ser úteis: “Nomeadamente nas construções em edifícios que existem, construções em terraços, porque são estruturas que são leves naturalmente, que transportam pouco peso para a estrutura existente.”

“O bambu tem pernas para andar e coisas para fazer no futuro, e já vimos que há uma indústria de ponta que está também a trabalhar com bambu, a fazer aglomerados com bambu”, concretiza, referindo-se à criação de produtos compostos produzidos a partir deste material.

Madame Bambu

Manifestação “do desenrascar” e da vontade de construir rapidamente, a tradicional técnica de montagem de andaimes de bambu ajusta-se ainda hoje à moderna Macau de densa malha urbana. A transição total para metal teria impacto socioeconómico.

A Yoyo Leong pertence um império. E para perceber isso, basta percorrer o terreno da empresária no centro da Taipa, onde está localizada a Wiyu, negócio de instalação de andaimes que herdou do pai. Assume-se como a única mulher na gestão de uma empresa do género, e não é difícil acreditar: Yoyo circula entre armazéns, andaimes de metal encavalitados pelo caminho, um mundo com homens a orbitar em torno desta empresária.

“Onde estão os de bambu?”, pergunta a um funcionário. O homem segue ao nosso lado, aponta para onde gigantescas mantas de lona protegem as canas da chuva, do sol. A exposição pode limitar o tempo de vida da planta. “No início, não estava habituada a ir para a obra. Tive de ultrapassar muitos obstáculos, a sujidade, o trabalho duro, uma ida à casa de banho, o peso dos sapatos e capacete de segurança”, lembra.

Foi em Zhuhai, do outro lado da fronteira, que o pai se lançou no negócio dos andaimes de metal. O bambu veio mais tarde, no arranque do século, quando se mudaram para Macau. Desses primeiros tempos, Yoyo recorda o acto de amarração. “É necessário ter técnica para amarrar o bambu, pois se não estiver bem apertado, fica solto e isso afecta toda a estrutura do andaime. A técnica é muito importante e é necessário usar os pés também”, explica.

Numa das extremidades do terreno, está o escritório da Wuyi, numa estrutura pré-fabricada. A fachada não denuncia o interior: está lá a tradicional mesa de servir chá, um tanque com carpas – símbolo de sorte e fortuna na cultura chinesa -, uma figueira-dos-pagodes a atravessar o tecto até ao exterior e até o modelo de um foguetão decorado com a bandeira chinesa e com mais de dois metros.

Nas paredes, fotografias do pai de Yoyo ao lado de antigos líderes do Governo local. Também imagens que testemunham alguns projectos da empresa, como o Centro de Ciência de Macau, o hotel-casino MGM e, mais recentemente, o resort integrado Londoner, da concessionária de jogo Sands China. As intervenções da empresa nestas três obras foram realizadas com andaimes de metal.

Apesar disso, diz Yoyo Leong, metal e bambu são usados em igual proporção em Macau. As seis torres residenciais que a Wuyi está agora a trabalhar na Zona A, onde vai nascer habitação pública, crescem em paralelo com andaimes de bambu.

Mudança no horizonte

O debate sobre esta antiga técnica de construção voltou à ordem do dia desde que as autoridades da vizinha Hong Kong anunciaram, em Março, que vão “promover uma adopção mais ampla de andaimes metálicos em obras públicas”. Alegaram questões de segurança, com a ocorrência de 23 mortes a envolver andaimes de bambu desde 2018.

Em Macau, quatro pessoas morreram em acidentes de trabalho graves com andaimes de bambu desde 2018, de acordo com dados facultados em Abril pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais ao Jornal Tribuna de Macau, “sendo a causa dos acidentes principalmente a queda humana”.

Mas para já, não há planos de baixar as canas na cidade, onde a montagem de andaimes com este material está inscrita desde 2017 no inventário do património intangível cultural local. Numa resposta à Lusa, as autoridades dizem estar atentas ao desenvolvimento do sector, “tendo uma atitude aberta” perante a utilização dos de metal.

Sobre esta nova directriz em Hong Kong, o arquitecto Nuno Soares avalia que, “aparentemente, é uma medida de evolução tecnológica e ao nível da segurança na construção”, embora “muito ditada pelo interesse económico das grandes empresas construtoras” daquela região.

Já no caso de Macau, nota o português, a obrigatoriedade do metal pode ter impacto socioeconómico na região: “Estamos a falar de uma economia em que temos muitas empresas que são pequenas e médias. A construção civil tem centenas de empresas e se nós tornarmos obrigatório o uso de andaimes de metal, estamos a transformar este tipo de economia.”

Ainda sobre os andaimes de metal, refere o arquitecto, estes podem ser “mais resistentes, mas também mais pesados e dispendiosos”, além de “exigirem maquinaria especializada e empresas de grande porte”.

Vergar sem quebrar

Mas a segurança é também elemento categórico da alternativa bambu, um material flexível, que cresce rápido, abunda na região e é barato. Em períodos de ventos fortes ou tempestades tropicais, explica Nuno Soares, “a estrutura de bambu é mais leve e tem mais redundância, ou seja, está ligada à estrutura dos edifícios em mais pontos, verga mais rápido do que parte”.

Além disso, numa cidade com uma malha urbana densa como Macau, com ruas estreitas, o andaime de metal vai ocupar uma base maior, podendo dificultar a circulação, ao passo que os de bambu “têm um ‘footprint’ muito pequeno, aumentando à medida que se sobe em altura”.

Apesar de as hastes desta opção serem reutilizáveis, Yoyo Leong admite que as barras de metal têm maior esperança de vida, além de serem resistentes ao fogo e exigirem menos conhecimento técnico na montagem.

E nesta discussão, claro, cabe ainda o futuro dos artesãos locais, que dificilmente encontrarão uma nova geração disposta a trepar o xadrez de bambu. “Como todos os trabalhos muito físicos, tem menos adesão da nova geração, mas há também uma oportunidade, porque, novamente, tem um valor económico que ainda é significativo”, realça Soares.

O bambu, diz ainda, não é só passado. E em Macau há que continuar a valorizar esta técnica local, ao invés de “importar só outras tradições”. “Esta técnica vernacular, esta técnica de desenrascar e de construir rapidamente está intrinsecamente ligada à construção em Macau e é regulada. O bambu fez Macau”, afirma-

1 Set 2025

Praça do CCM acolhe instalação “A Torre do Tempo”

Já está instalada na praça do Centro Cultural de Macau (CCM) a instalação “A Torre do Tempo”, integrada na iniciativa “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, que desde há vários meses vem apresentando mais de 30 exposições integradas em seis secções.

Segundo uma nota do IC, a instalação “A Torre do Tempo” visa celebrar o “vínculo cultural entre cidades da Ásia Oriental” e foi elaborada por “três artistas consagrados da China, Japão e Coreia do Sul”.

Trata-se de “figuras de referência na arte contemporânea asiática”, sendo eles Guan Huaibin, “famoso artista contemporâneo chinês e especialista em instalações artísticas e arte multimédia espacial”. Hirotoshi Sakaguchi, “famoso artista japonês e professor honorário da Universidade de Arte de Tóquio”, também deu o seu contributo. No caso deste artista, já realizou “obras que abrangem vários meios, entre eles a pintura e arte paisagística”.

Nesta instalação, colaborou ainda o artista contemporâneo sul-coreano Kim Sang-yeon, “cuja criação é profundamente influenciada pela filosofia oriental e se concentra em questões relacionadas com a coexistência entre o homem e a natureza”.

“Farol da alma”

“A Torre do Tempo” combina, segundo o IC, “a filosofia oriental sobre o tempo e o espaço com a linguagem da arte contemporânea, ultrapassando as limitações do espaço físico”. Constrói-se, assim, um “farol da alma” que “incorpora tanto a profundidade histórica como as futuras tensões”.

“Através da forma poética no fluxo de luz e sombra, a obra estimula a interacção sensorial entre o público e a instalação, para construir em conjunto memórias individuais e colectivas, inspira o sentido da vida e da eternidade, tornando-se um marco artístico que inscreve a amizade cultural entre as cidades da Ásia Oriental”, descreve ainda o IC.

Esta instalação integra-se na secção da Bienal “Exposição de Arte Pública”, sujeita ao tema “Ondas e Caminhos”. Dentro desta secção da Bienal tem vindo a ser desenvolvido outro projecto, desde Julho, intitulado “Co-Criação Comunitária e Ajuda Mútua de San Mei On”, liderado pelo artista australiano Jason Ho. Trata-se de um projecto que mistura trabalhos de oficina, técnica mista e arte comunitária.

Resta agora as apresentações do artista Zhang Xiao, que irá desenvolver as suas actividades artísticas na mesma comunidade entre este sábado e 5 de Setembro. Uma vez que o Edifício San Mei On (Bloco II) é um bloco de apartamentos privados, e como os eventos não têm um horário fixo, os interessados em participar neste evento artístico podem verificar os dados na conta oficial de WeChat “Jason Ho’s Mapping Workshop”.

29 Ago 2025

Concerto | Rapper Travis Scott chega em finais de Outubro

O rapper norte-americano Travis Scott traz a Macau a sua digressão “Circus Maximus World Tour 2025”, esperando-se um concerto agendado para o dia 29 de Outubro na zona de concertos do Cotai criada pelo Governo, “Local de Espectáculos ao Ar Livre de Macau”. Scott marcará também presença noutras cidades asiáticas

 

Há mais de um ano que o rapper norte-americano Travis Scott anda pela estrada em digressão com a “Circus Maximus World Tour 2025” e, desta vez, a paragem marcada na agenda do letrista e músico é Macau. Há dois anos, o rapper levou aos palcos a tour “UTOPIA – Circus Maximus”, apenas na América do Norte, mas agora decidiu prosseguir com os espectáculos pelo mundo, incluindo na Europa e Ásia.

O espectáculo do artista está agendado para o dia 29 de Outubro na zona do Cotai, no “Local de Espectáculos ao Ar Livre de Macau”, com os bilhetes postos à venda a partir do dia 5 de Setembro.

O sucesso tem marcado a carreira de Travis, sendo que esta digressão promete agora trazer aos fãs do género musical rap e ao público em geral uma grande experiência audiovisual.

A digressão arranca no Brasil, mais concretamente em São Paulo, a 6 de Setembro, fazendo depois um périplo pela África do Sul, Índia e Coreia do Sul, seguindo-se, depois da actuação em Macau, espectáculos em Sanya, China, Japão e Abu Dabi.

Esta digressão nasce do lançamento, em 2023, do álbum “UTOPIA”, considerado o disco de hip-hop mais vendido desse ano, tendo estado no primeiro lugar da Billboard Top 200 durante quatro semanas consecutivas. Além disso, no que diz respeito às plataformas de streaming usadas para ouvir música, “UTOPIA” registou mais de 50 mil milhões de streams em todo o mundo, sendo que a plataforma Spotify considerou o álbum de Scott o mais ouvido na primeira semana de 2023. Também a Apple Music confirmou que este álbum bateu records como álbum mais ouvido no dia de lançamento em 2023.

Sucesso desde 2013

“UTOPIA” conta com faixas como “Thank God”, “Hyaena”, “Modern Jam”, “My Eyes” ou “God’s Country”, tendo Travis Scott recebido uma nomeação para um Grammy, considerados os prémios mais importantes da indústria musical.

Dentro do universo do hip-hop Travis Scott é um nome a reter. Nascido na zona de Houston com o nome de Jacques Berman Webster II, o rapper adoptou esse nome artístico e começou a explorar as mudanças do estilo trap com uma abordagem bem mais melódica e experimental. Desta forma, o artista, que também é produtor musical, conseguiu fundir diversas sonoridades como o rap, hip-hop ou R&B.

Travis Scott é considerado um dos artistas mais influentes da nova geração do rap americano tendo em conta o uso do chamado auto-tone e uso de batudas densas, explorando também o lado de linguagem visual que a sua música pode apresentar.

A nomeação para um Grammy com “UTOPIA”, o seu quarto álbum de estúdio, não foi, porém, a única. O artista já tinha sido nomeado oito vezes ao longo de uma carreira que começou a formar-se seriamente a partir do primeiro grande lançamento, em 2013.

Primeiro, surgiu no mercado o projecto discográfico “Owl Pharaoh”, seguindo-se, em 2014, o “Days Before Rodeo”. Estes dois projectos dariam origem ao álbum de estreia produzido em estúdio, simplesmente intitulado “Rodeo”, lançado precisamente há dez anos. Aí, Travis Scott começou a conhecer algum sucesso em termos de vendas e reconhecimento da crítica.

Mas o lançamento de “Birds in the Trap Sing McKight”, em 2016, começou a consagrá-lo como artista, que pela primeira vez teve um álbum seu a entrar para a lista Billboard 200.

Além do seu trabalho na música, Travis Scott criou também a Cactus Jack Foundation. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos que tem por missão apoiar os jovens da zona onde nasceu, Houston, com campanhas de recolha de brinquedos, programas de bolsas de estudo para estudantes universitários e apoio no pagamento de despesas relacionadas com educação e projectos criativos.

29 Ago 2025

Creative Macau celebra 22.º aniversário com nova exposição

É hoje inaugurada na galeria da Creative Macau uma nova mostra que visa celebrar o 22.º aniversário da entidade, e que se intitula, simplesmente, “22”. Na mostra, que fica patente até ao dia 27 de Setembro deste ano, revelam-se trabalhos de artistas locais ou de nomes ligados a anteriores projectos da Creative Macau, como é o caso de Alice Costa (LiLi), Angel Chan, Coco Cheong Ut Man, Cristina Lu, David Chio, Denis Murrell, Elisa Vilaça, Eloi Scarva, Gigi Lee, Irene Chio, Joan Lam, Justin Chiang, Justin Ung, Ken C.I. Chau, Lei Sao I, Leong Leng, Li Li, Liesl Lee, Lúcia Lemos, m.chow, Maria João Das, mavin zin, Ng Cheok Ieng e Yaya Vai.

Nesta exposição colectiva faz-se uma referência ao conceito filosófico de tautologia, que corresponde a um vício de linguagem que leva à repetição desnecessária de termos e expressões de forma não intencional. Assim, as obras expostas na Creative Macau contêm várias formas de expressão da “linguagem do dia-a-dia”, quando são usadas “tautologias de forma não intencional”.

Neste caso, em que se recorre ao uso da tautologia no campo das artes, tal torna-se “uma técnica expressiva e inspiradora”, onde se exploram “as possibilidades” dessa repetição da linguagem no sentido de perceber se “é uma limitação ou libertação”, ou ainda “uma repetição sem sentido ou uma autoafirmação com significados ocultos”.

Segundo uma nota da Creative Macau, esta exposição “reúne artistas que utilizaram diversos meios para apresentar a ‘tautologia’, desafiando a novidade da linguagem e da imagem, e inspirando múltiplas perspectivas”. Pretende-se, com as obras expostas, “encontrar profundidade dentro da repetição” e provocar um “repensar da essência do ‘significado'”, levando o público a descobrir-se na “simplicidade”.

Conceito filosófico

Na tautologia há enunciados repetidos, os mesmos conceitos ditos de forma diferente e com palavras também elas diferentes. Há, na lógica, o símbolo “⊤” como representação “de uma proposição verdadeira que apenas depende da coerência interna e que é independente de condições externas”. Parece, à partida, que esses enunciados repetidos são vazios, mas na verdade “contêm uma ‘variante na repetição'”. No fundo, estas obras de arte pretendem responder à ideia ou possibilidade de o “significado poder transformar-se em diferentes contextos”.

Segundo os organizadores de “22”, “a apresentação repetida de elementos na arte desafia as nossas expectativas de ‘significado’, levando-nos a questionar se a compreensão é sempre construída a partir de símbolos e linguagens repetidos”. “Talvez, apenas por meio da repetição, consigamos perceber diferenças subtis”, é referido.

27 Ago 2025

Palestra | Xu Bing, artista contemporâneo chinês, protagoniza conferência

O Instituto Cultural vai realizar, no próximo mês, uma palestra em que a figura principal é o artista chinês de arte contemporânea Xu Bing. A conferência, com o nome “A era sem coordenadas já chegou!” integra-se na iniciativa “Palestra sobre Estética”, integrada no “Mês da Promoção Cultural”

 

Xu Bing, um dos mais importantes e reconhecidos artistas chineses contemporâneos, vai estar em Macau no dia 7 de Setembro para apresentar a palestra “A era sem coordenadas já chegou!”. Trata-se de uma iniciativa do Instituto Cultural (IC) intitulada “Palestra sobre Estética”, sendo “uma das principais actividades” do “Mês da Promoção Cultural”.

A conferência decorre às 15h na Sala de Conferências do Centro Cultural de Macau, onde Xu Bing irá “partilhar a evolução do seu pensamento nos últimos anos, reflectir e julgar em conjunto com o público de Macau”, nomeadamente sobre “as possibilidades da arte sob a luz das novas tecnologias, através da sua animação em stop motion ‘Lago Satélite'”, que é o primeiro projecto artístico filmado no Espaço. A obra está exposta na Bienal Internacional de Arte de Macau deste ano.

O artista é descrito como alguém que se tem dedicado, nos últimos anos, “a alargar os limites da arte com as suas obras, e é amplamente reconhecido como um dos principais artistas conceptuais nas áreas da linguística e semiótica da actualidade”.

A palestra desta vez será conduzida em mandarim, com tradução simultânea para português e inglês, sendo adequada para participantes com idade igual ou superior a 15 anos, não havendo lugares marcados. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas na plataforma da “Conta Única de Macau”.

Esta não é a primeira vez que Xu Bing vem ao território mostrar a sua arte e falar do seu trabalho. Em 2017 foi inaugurada, no Museu de Arte de Macau, a mostra “A Linguagem e a Arte de Xu Bing”, naquela que foi a primeira exposição individual do artista em Macau. Foram apresentadas 30 obras “importantes” do artista, nomeadamente “Livro do Céu” e “Livro da Terra”.

Longa carreira

Xu Bing nasceu em Chongqing, China, em 1955, mas cresceu em Pequim. A sua ligação às artes começou em 1977, quando entrou no Departamento de Gravura da Academia Central de Belas Artes de Pequim, tendo aí concluído os estudos em 1981. Depois, passou a dar aulas nesse departamento. Em 1987 Xu Bing obteve o título de mestre pela mesma instituição.

Em reconhecimento às suas realizações, foi convidado para os EUA, em 1990, como artista honorário, tendo recebido, em 1999, uma distinção, a MacArthur Fellowship, o maior prémio de talento criativo dos EUA. Em 2004, recebeu o primeiro Prémio Artes Mundi, enquanto que em 2018 foi galardoado com o Prémio Xu Bei Hong – Criação Artística da CAFA.

Xu Bing voltou à China em 2007, tendo assumido vários cargos de liderança na Academia Central de Belas Artes, incluindo os de vice-presidente, professor e orientador de doutorado. Desde 2014 que actua como presidente do Comité Académico da instituição. Actualmente, divide seu tempo entre Pequim e Nova Iorque, onde vive e trabalha, sendo professor na Academia Central de Belas-Artes de Pequim (CAFA).

É, portanto, longa a carreira de Xu Bing, que tem obras expostas em diversas instituições artísticas, incluindo o Museu Nacional de Arte da China, o Museu Metropolitano de Arte, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o Museu Solomon R. Guggenheim e o Museu Britânico, integrando ainda múltiplas colecções.

27 Ago 2025

Exposição | Susana Gaudêncio e Carla Castiajo no Albergue SCM

“Aqueles que nos querem falar”, exposição patente no Albergue da Santa Casa da Misericórdia, junta trabalhos de duas artistas portuguesas que trabalham materiais distintos com mensagens muito próprias. Carla Castiajo tem formação em joalharia e faz peças com cabelo humano, enquanto Susana Gaudêncio opta por trabalhar questões políticas e da linguagem. Um casamento artístico bem-sucedido

 

Na cabeça de Mafalda Santos, curadora da exposição “Aqueles que nos querem falar”, patente no Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) até ao dia 30 de Setembro, fez sentido casar as peças de Susana Gaudêncio com as de Carla Castiajo e formar uma espécie de unidade criativa pousada sobre algumas diferenças.

O HM conversou com ambas as artistas no sentido de perceber diferenças e semelhanças entre Susana Gaudêncio, uma artista portuguesa contemporânea com formação feita em Lisboa e Nova Iorque, e Carla Castiajo, mais virada para a joalharia, e que um dia percebeu que podia fazer arte com fios de cabelo humano.

“O que se estabelece desde logo é a ideia de que ambas fazemos objectos em que há sempre uma relação implícita com o corpo”, começa por dizer Carla Castiajo, que levou a Macau trabalhos que remetem para a ideia de uma conexão com o corpo.

“Muitos dos objectos dá para colocar no corpo, e no fundo o cabelo é sempre algo retirado de um corpo, ou que sai do corpo, e a partir do momento em que é cortado pode-se transformar em material, que depois eu trabalho. Esse objecto que construo tem sempre o potencial de ser novamente colocado no corpo, criando-se novos diálogos”, explica a artista.

Carla Castiajo apela a que o público veja de perto as peças patentes no Albergue para poder criar uma relação próxima com aquilo que é exposto, e que vai muito além das redes sociais e das fotografias desses mesmos objectos. “É muito importante ver a exposição pessoalmente porque as imagens nunca conseguem captar o cabelo como material. Cada vez há mais pessoas que vêem os objectos através das redes sociais e muitas vezes não se deslocam para ver os trabalhos, mas no caso específico do meu trabalho é importante observar aquilo que provoca.”

E as reacções face a fios de cabelo que já tiveram vida podem ser muitas, desde surpresa até a medo. “É um trabalho com muitos contrastes e é um material que tanto é atractivo como repulsivo. É um material bastante íntimo, mas que está entre a vida e a morte, porque é considerado um material morto, mas também tem uma parte viva, porque está conectada com a cabeça, sendo o cabelo muito usado em rituais de purificação, por ser considerado um material sujo. Há pessoas que têm fobia do cabelo, que querem tocar, e outras que não o conseguem fazer. Mas nunca ficam indiferentes a algo que já não pertence ao corpo de origem”, explicou.

Histórias do cabelo

Carla Castiajo fez diversas formações em joalharia e seguiu a carreira académica, tendo um doutoramento feito na Estónia em que explora, precisamente, o uso do cabelo como material para fazer arte. A tese de doutoramento intitula-se “Purity or Promiscuity? Exploring Hair as a Raw Material in Jewellery and Art”.

Tudo começou quando Carla procurava um tecido muito fino, acabando por perceber que era possível moldar o cabelo construindo outras formas.

“Estava na minha mesa de trabalho, caiu-me um fio de cabelo e decidi experimentar. Percebi que o fio era bastante resistente e resultou bastante bem. Esse foi o primeiro impulso, o descobrir a potencialidade inerente ao material.”

Carla Castiajo descreve “o simbolismo e potencial” ligados ao cabelo humano, algo que “foi bastante utilizado em joalharia no século XIX e como fio para bordar”.

“Se virmos, o cabelo é um fio, mas está cheio de significados, e mesmo na ausência percebe-se que teve alguma existência. Há algo anterior que está implícito, é um cabelo que veio de alguém com a sua própria identidade e que tem memória”, acrescentou.

Aliás, “no século XIX o cabelo era muito usado como forma de preservar a memória de alguém querido ou da pessoa amada”, frisou a artista.

Simbologia do gesto

No caso de Susana Gaudêncio, que levou duas peças para esta mostra, “Duelo-Dilema” e “Abracadabra”, houve a preocupação de “identificar gestos e formas que falem de questões políticas”, em que se “invoca e revela um potencial encantatório da linguagem e da imagem, como instrumentos de persuasão”, contou a artista ao HM.

Em “Abracadabra”, um trabalho de animação, Susana Gaudêncio trabalhou com imagens de “vídeos de políticos a discursar”. “Olhei sobretudo para os gestos das suas mãos. Depois fiz um vídeo e imprimi cada frame, pelo que foi um processo evolutivo entre o analógico e o digital. Imprimi todos os frames, voltei a desenhar e a pintar, para descobrir mais, a partir do desenho e da pintura, movimentos que nem sempre estão tão óbvios. Esse filme fala sobre isso, sobre essa encenação política do gesto quando se fala”, explicou.

Por sua vez, “Duelo-Dilema” é uma instalação com 65 esculturas em gesso, “tantas quantas as letras do poema mágico Abracadabra”, com origem hebraica, pelo que aqui há uma interconexão entre as duas peças, trabalhando-se os gestos e fazendo-se “uma espécie de acto performativo da construção do poema através de pequenos objectos”, que são ainda “formas que evocam símbolos”.

Susana Gaudêncio, também com uma carreira académica ligada à Universidade do Minho, interessa-se pelas chamadas “máquinas de imaginar”, algo que descreve como sendo “uma espécie de sinónimo da utopia”, a possibilidade de imaginar novas coisas e não “tanto a coisa concretizada”.

Há, portanto, no trabalho de Susana Gaudêncio “o impulso de olhar para as coisas como se fosse a primeira vez, ou de tentar imaginar sempre a partir do real onde vivemos, e a partir daí podermos imaginar outras coisas, a partir do nosso presente”.

Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, Susana Gaudêncio fez depois um mestrado em Belas-Artes onde teve a possibilidade de abrir os seus próprios horizontes. “O que Nova Iorque me deu foi ferramentas para olhar as coisas com uma perspectiva e pensamentos críticos. E quando falo em crítico falo da ideia de colocar as coisas em crise, o que questionar. Senti que em Portugal não conseguia obter todas as ferramentas necessárias para poder fazê-lo.”

27 Ago 2025

Porto | Projecto de Cheong Kin Man na Feira do Livro

O livro de artista “Apocalipses”, da autoria do artista e antropólogo de Macau Cheong Kin Man, em parceria com a artista Marta Stanisława Sala, vai estar disponível no stand da Greta – Livraria de Lisboa, na Feira do Livro do Porto até ao dia 7 de Setembro. Trata-se de uma versão revista e aumentada que tem o apoio da Fundação Oriente.

“Apocalipses” nasce de um projecto, com o mesmo nome, apresentado pela primeira vez na Bienal de Arte de Macau em 2023, e que “combina texto, têxteis e vídeo numa narrativa de ficção científica”, sendo que o tecido “que integra esta ficção codifica episódios do arquivo familiar polaco, incluindo a migração através das fronteiras do século XX – de Vilnius às estepes da Mongólia e, posteriormente, à Polónia actual”.

Este projecto foi exposto recentemente na mostra “As Espantosas e Curiosas Viagens”, que esteve patente no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) até 6 de Julho.

Lorena Tabares Salamanca, curadora da exposição, traz também o seu cunho pessoal para este livro de artista: “contemplo com olhar perplexo o indizível sentimento da (in)compreensão; retraio-me e retorno à primeira parte, deslizo-me para o lugar reconfortante das traduções, enquanto este Apocalipses chuvoso continua seu curso”.

Depois desta passagem pelo Porto o livro segue para Berlim, onde a dupla de artistas irá apresentar um espectáculo em Outubro.

26 Ago 2025

FRC | Pintura Gongbi em destaque na exposição “Mirra Urbana”

O trabalho de Leong Kit Man, artista de Macau, estará em exibição na Fundação Rui Cunha a partir de amanhã e até ao dia 13 de Setembro. Em “Mirra Urbana” apresenta-se uma série de trabalhos de pintura Gongbi, uma arte pautada pelo detalhe e estilo minucioso com que as obras são feitas

 

Chama-se “Mirra Urbana – Exposição de Pintura Gongbi” e é a nova mostra patente na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) entre esta quarta-feira e o dia 13 de Setembro. Trata-se também de uma nova mostra com trabalhos de Leong Kit Man, artista, curadora e professora de Belas Artes em Macau.

O evento, que conta com a curadoria da também artista Julia Lam, é co-organizado conjuntamente pela Sociedade dos Artistas de Macau e pela Associação de Jovens Artistas de Macau.

A mostra apresenta 20 peças de pintura Gongbi, arte conhecida pelo detalhe a pincel minucioso, criadas por Leong Kit Man entre 2024 e 2025. O conjunto inclui a série “Spices of Soul”, inspirada no comércio de especiarias da Rota da Seda, que dá vida a ramos, rebentos e frutos repletos de vitalidade e pintados em seda.

A série “Innermost”, que recentemente ganhou reconhecimento em diversas feiras de arte e colecções, aborda as emoções opressivas da vida urbana, com o objectivo de nutrir as almas dos citadinos através de pequenas obras de arte. Por fim, a série “Daily Apps” é uma reflexão sobre o declínio electrónico da vida urbana, retratando o scroll e a navegação habituais impulsionados pela memória muscular. Os dedos manipulam frequentemente ícones de aplicações electrónicas e simbolizam o vício tóxico que drena a contemplação pessoal, destaca uma nota da FRC.

Cunho pessoal

Segundo a artista, estas criações Gongbi reflectem desde “sentimentos pessoais a imagens complexas, além dos seus pensamentos sobre a vida e os desafios de viver num ambiente urbano agitado”. Através da arte, Leong Kit Man deseja “alcançar uma mente calma como a água e atingir um estado de serenidade”.

Leong Kit Man é doutorada em Belas Artes pela Academia Nacional de Artes da China. É actualmente professora assistente de Belas Artes (e orientadora de alunos de mestrado e doutoramento) na Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

A artista possui uma vasta experiência na criação de suportes orientais, ensino de arte, planeamento de exposições, projectos artísticos e formação de oradores, sempre dedicada à investigação e à reflexão sobre a essência e a forma da criação artística.

Ao longo de anos de prática criativa, Leong Kit Man não só herdou as técnicas da pintura Gongbi, como também desenvolveu continuamente uma linguagem visual característica. A sua obra-chave, “Embrace of Love”, foi seleccionada como um projecto financiado pelo Programa de Apoio a Jovens Talentos da Criação Artística do Fundo Nacional das Artes de 2024. Algumas conquistas notáveis incluem obras seleccionadas, três vezes consecutivas, para a Exposição Nacional de Arte da China, e a aceitação do “Prémio Dez Melhores Obras Excelentes” na Exposição Anual de Artes Visuais de Macau, em três ocasiões, entre outros galardões.

Leong Kit Man foi curadora de inúmeras exposições, tais como: “Herança sob as Ruínas de São Paulo”: uma experiência imersiva de música (2024); “Por detrás das formas”: a estética da arte contemporânea (2023); “A vontade no limite” (2022); “Significado • Intenção”: exposição de arte conceptual (2021, 2022, 2024), “Purgar a mente de alguém”: exposição de trio (2017), ou ainda “O encontro de Tong Nam” (2011).

26 Ago 2025

Orquestra chinesa | Nova temporada abre com “Brilho do Oriente”

A Orquestra Chinesa de Macau está prestes a começar uma nova temporada de espectáculos e é nesse contexto que o espectáculo “Brilho do Oriente” acontece este sábado, dia 30, marcando o arranque de uma nova temporada de sonoridades diversas e música internacional. Destaque para a estreia da suíte sinfónica da música tradicional chinesa que tem o mesmo nome do concerto

 

Já é conhecido o primeiro espectáculo que dá o mote a uma nova temporada protagonizada pela Orquestra Chinesa de Macau (OCM) e demais convidados para 2025/2026. Trata-se de “Brilho do Oriente”, nome da Suíte Sinfónica de Música Tradicional Chinesa que fará a sua estreia neste espectáculo que acontece sábado, dia 30, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), a partir das 20h.

Esta “Suíte Sinfónica” foi composta por conjunto por compositores da China, Japão e Coreia do Sul, numa criação que, segundo o Instituto Cultural (IC), celebra “a integração cultural e a sinergia artística dos três países no âmbito do programa da ‘Cidade de Cultura da Ásia Oriental 2025′”.

O espectáculo conta com Zhang Lie como director musical e maestro principal, seguindo-se, além de “Brilho do Oriente”, uma “selecção de obras encomendadas e peças clássicas de inspiração regional”.

Coube à OCM convidar “o conceituado compositor chinês Zhao Lin, o jovem compositor Luo Maishuo, o mestre de música japonês Kaoru Wada e o compositor coreano de música tradicional Park Bum-hoon para colaborarem na criação da Suíte Sinfónica de Música Tradicional Chinesa” que dá nome ao espectáculo. O público poderá ver uma interpretação por 12 músicos dos três países, “que irão tocar instrumentos musicais tradicionais como o pipa e o zhongruan chineses, o shakuhachi e o shamisen japoneses, e o haegeum e o gayageum coreanos, revelando de forma vívida as características étnicas e a essência musical das três culturas, prometendo uma actuação única e envolvente”, descreve o IC.

Mais uma encomenda

Além das sonoridades acima mencionadas, o público pode também contar com uma interpretação, por parte da OCM, da composição “Noite de Macau”, uma obra encomendada ao compositor galardoado com a Medalha Cultural de Singapura, Eric Watson, bem como outras peças regionais de destaque, com vista a partilhar com o público a vibrante identidade cultural de Macau através da música. Os bilhetes já estão à venda para este espectáculo, variando os preços entre 120 e 380 patacas.

A OCM tem diversos músicos que dominam a arte de alguns instrumentos musicais tradicionais chineses, como é o caso do Erhu, Gaohu ou Zhonghu.

O director musical e maestro principal, Zhang Lie, desempenha os mesmos papéis na Orquestra Chinesa de Nanjing e na Orquestra Chinesa de Henan. É um renomado maestro chinês, vice-presidente do Comité Profissional de Regência da China e maestro de nível nacional, tendo sido reconhecido como “Artista de Destaque” pelo Ministério da Cultura da China.

Anteriormente, foi maestro permanente da Orquestra Sinfónica da Rádio e do Filme da China e da Orquestra Nacional da Rádio, além de Director Musical e Maestro Principal da Orquestra Nacional de Zhejiang, Orquestra Chinesa de Guangdong e Orquestra Nacional da Rádio e da Televisão de Shaanxi.

25 Ago 2025

Galaxy volta a acolher a segunda edição do festival de curtas-metragens

Decorre entre os dias 14 e 21 de Setembro a segunda edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau do Galaxy Entertainment Group, numa organização conjunta entre esta operadora de jogo e o Instituto Cultural (IC). Além da exibição de diversos filmes, realizam-se ainda workshops, uma conferência sobre a indústria do cinema, masterclasses e entrega de prémios para as melhores curtas-metragens.

Segundo uma nota do IC, o festival “visa promover a produção cinematográfica e televisiva de Macau, fomentar a diversificação industrial e reforçar o intercâmbio e a cooperação entre os sectores cinematográficos e televisivos locais e internacionais”.

O festival inclui cinco secções, nomeadamente “Curtas de Macau”, “Novas Vozes do Horizonte”, “Realizador em Destaque”, “Panorama do Leste Asiático” e “Sessões Especiais”, com exibições em locais como a Cinemateca Paixão e os Cinemas Galaxy. O festival encerra a 20 de Setembro, com uma cerimónia no Auditório Galaxy do Centro Internacional de Convenções Galaxy.

Aí serão entregues prémios aos realizadores com os melhores trabalhos. Para a secção “Curtas de Macau” serão entregues o “Prémio de Unidade de Macau” e “Menção Especial do Júri”; para a secção “Novas Vozes do Horizonte” serão atribuídos os prémios de “Melhor Curta-Metragem”, “Menção Especial do Júri”, “Melhor Realizador” e “Prémio da Narrativa Inovadora”. Foi ainda criado o “Prémio Leste Asiático do Amanhã”, a fim de distinguir obras de destaque da Ásia Oriental.

Dez obras locais

Na secção “Curtas de Macau”, que revela ao público “a paisagem cultural única e a perspectiva inovadora” dos realizadores locais, apresentam-se dez obras cinematográficas, entre as quais “Chuff Chuff Chuff”, de Chao Koi Wang; “Cockroach Family”, de Ho Cheok Pan; “Fox Box”, de Ao Ka Meng; “Girl with Amen”, de Teng Kun Hou; “Granny Pirate 3: Typhoon Again”, de Ho Wai Tong; “Hand Hand”, de Jarvis Xin; “Nuptial Flight”, de Chan Chon Sin; “Purple”, de Ho Kueng Un; “The Performance”, de Keo Lou, e “Waves Under the Sea”, de Chan Si Ieong.

Em “Novas Vozes do Horizonte” apresentam-se “mais de 20 produções inovadoras de realizadores emergentes de todo o mundo, incluindo o Interior da China, Ásia Oriental, Sudeste Asiático, Europa e América”. Apresentam-se, assim, “as perspectivas da nova geração de cineastas”, e proporciona-se uma reflexão sobre “a diversidade e a riqueza das narrativas cinematográficas em todo o mundo”.

Na secção “Realizador em Destaque”, serão exibidas curtas e longas-metragens de realizadores de renome, “destacando-se as significativas contribuições para as artes cinematográficas nos seus respectivos campos”.

Este ano, o realizador em destaque será o japonês Nobuhiro Yamashita, “conhecido pelo seu estilo discreto e narrativa cheia de nuances”. Trata-se, segundo o IC, de um realizador que “capta a sagacidade da juventude e da vida quotidiana, ao mesmo tempo que se aprofunda na psicologia das personagens”, realizando “obras que exploram a sociedade e a cultura japonesas com uma mistura de realismo e humor”.

Por sua vez, na secção “Panorama do Leste Asiático” apresentam-se dez filmes “cuidadosamente seleccionados e ricos em características” do continente asiático.

22 Ago 2025

MAM | Obras de Lok Cheong em exposição no Tibete

Chama-se “Laços com o Coração do Tibete” e é uma mostra apresentada no Tibete com um total de 100 obras da autoria de Lok Cheong, fornecidas pelo Museu de Arte de Macau. Trata-se de uma “exposição que dá continuidade ao elo artístico entre o Tibete e Macau”

 

O Museu de Arte do Tibete acolhe, até ao dia 12 de Outubro, uma exposição com uma centena de obras do artista Lok Cheong fornecidas pelo Museu de Arte de Macau (MAM). Trata-se de um evento que se realiza em parceria com diversas entidades oficiais, como é o caso do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, o Instituto Cultural (IC) ou ainda a Federação dos Círculos Literários e Artísticos da Região Autónoma do Tibete, entre outras.

A mostra em questão intitula-se “Laços com o Coração do Tibete: Comemoração do 60.º Aniversário do Estabelecimento da Região Autónoma do Tibete – Exposição de Trabalhos de Lok Cheong no Tibete” e abriu ao público no último dia 13 deste mês, sendo a prova da existência “dos 30 anos de amizade artística entre as duas regiões”.

Segundo uma nota do IC, a exposição apresenta cerca de 100 obras-primas criadas ao longo de mais de meio século por Lok Cheong, nascido em 1923 e falecido em 2006, complementadas por mais de 70 esboços, materiais de arquivo, fotografias e outros materiais históricos “de valor inestimável”.

De acordo com o IC, grande parte destes itens pertencem à colecção do MAM, sendo que os restantes fazem parte dos espólios da família do artista e do Museu de Arte do Tibete.

Retratos em 1994

A exposição está organizada em três temas, como “Amor à Pátria”, “Captando o Carácter de Macau” e “Retratos”, oferecendo-se ao público “uma visão sistemática do desenvolvimento artístico de Lok Cheong”.

Podem ver-se trabalhos dentro da “temática tibetana”, como é o caso de “O Misterioso Palácio Potala” e “Uma Vereda Escondida, Shigatse”, descritas pelo IC como tendo “vibrantes explosões de cor, num tributo às paisagens sagradas do Tibete”.

Por sua vez, as aguarelas “Testemunhas da História (Árvores com Ramos Entrelaçados no Templo Kun Iam Tong)” e “Biblioteca do Pavilhão Octogonal” captam “a essência do cenário de Macau ao longo dos últimos cinquenta anos em pinceladas dinâmicas”.

Além disso, obras como “Técnicos Partindo para Servir a Pátria” e “Oferta de Arroz pela Pátria” demonstram “o sentido tributo do artista ao patriotismo dos seus compatriotas”. Apresentam-se ainda, nesta exposição e pela primeira vez, os manuscritos da viagem de Lok Cheong ao Tibete, em 1994, sendo acompanhados por documentos raros que relatam a sua exploração cultural do coração da Pátria e do Tibete.

As pinturas de Lok Cheong com temas do Tibete tornaram-se “um testemunho eterno da amizade entre as duas regiões”. Em 1991, o artista participou na “Exposição de Pinturas do Planalto Nevado”, realizada em Guangzhou, iniciando o intercâmbio artístico entre Macau e o Tibete. Posteriormente, Lok Cheong continuou, com o seu pincel, a construir uma ponte de amizade entre o Tibete e Macau, tendo organizado várias visitas de artistas de Macau ao Tibete e promovido a criação da primeira escola primária no âmbito do Projecto Esperança, em Nagqu. “O seu espírito pioneiro continua a liderar a integração cultural entre as duas regiões”, descreve-se.

Tendo em conta que este ano se assinalam os 60 anos do estabelecimento da Região Autónoma do Tibete, realiza-se esta mostra com obras que carregam “sentimentos étnicos profundos no Tibete” e que honram “os esforços pioneiros de Lok Cheong na promoção do intercâmbio cultural entre Macau e o Tibete”.

22 Ago 2025

“Oxfam TowerRun” acontece na Torre de Macau em Outubro

A 12.ª edição da “Oxfam TowerRun”, um evento solidário de corrida acontece a 19 de Outubro na Torre de Macau, desta vez com o tema “Cada Mente Conta – Cada Passo Transforma Vidas”. As inscrições para a corrida já começaram e terminam a 26 de Setembro.

Este evento visa apoiar a organização não governamental (ONG) Oxfam no combate à pobreza em todo o mundo. “Quer seja participante, patrocinador ou apoiante, está a ajudar a construir um movimento onde cada passo transforma vidas e cada mente realmente conta. O sucesso deste evento só é possível graças ao esforço conjunto de todos. Os fundos angariados neste ano apoiarão projectos de combate à pobreza e de desenvolvimento da Oxfam, incluindo o apoio ao desenvolvimento educativo e ao bem-estar das crianças deixadas para trás na China continental, trazendo mudanças reais às suas vidas”, afirmou Henry Tang, director-geral interino da Oxfam em Hong Kong.

Na conferência de imprensa que anunciou a data da 12.ª edição, a Oxfam anunciou ainda que o vencedor da corrida de 2024, Soh Wai Ching, e corredora de trilhos, também de Macau, Vivi Cheung, vão ser embaixadores do evento deste ano.

Apoio aos Jogos

Os participantes podem inscrever-se nas diversas categorias, nomeadamente o “desafio individual”, que inclui a prova completa com 61 andares, ou as “categorias elite ou aberta” para homens e mulheres. O programa contempla ainda o “desafio individual” no formato meia prova, com 31 andares, ou “desafio em equipa”, com estafeta para equipas que correm entre 4 a 61 andares. Outra categoria é a “corrida dos líderes”, com apenas 7 andares. Os participantes com 16 anos ou mais podem inscrever-se na corrida individual, pagando o valor mínimo de 525 patacas. Os estudantes pagam 350 patacas. Estes valores são cobrados para o desafio da torre completa e de meia torre.

A taxa de inscrição para a estafeta de quatro pessoas é também de 525 patacas, sendo que o “donativo sugerido por equipa” é de cinco mil patacas. Os três primeiros classificados da Prova Completa (Elite) individual (Masculino e Feminino) receberão um prémio em dinheiro no valor total de 1.200 euros (cerca de 11 mil patacas).

Além de organizar a corrida por uma causa, a Oxfam alinha-se também com os Jogos Nacionais, que este ano são organizados, pela primeira vez, na província d Guangdong, Hong Kong e Macau. “O objectivo é aproveitar esta oportunidade para atrair mais corredores da China continental e do estrangeiro, dando a conhecer e promovendo este evento desportivo com significado, bem como fomentar a cultura desportiva local”. O “Oxfam TowerRun” tem cerificação internacional, nomeadamente da Towerrunning World Association e Asia-Pacific Vertical Marathon Association.

20 Ago 2025

Fado | Grupo de Medicina do Porto faz périplo pelo Oriente

O Grupo de Fados de Medicina do Porto, criado por alunos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em 1992, vai dar um espectáculo em Macau, na Fundação Rui Cunha, na próxima segunda-feira, 25. Porém, o chamado “Fado de Coimbra” e outras canções vão fazer-se ouvir a Oriente, nomeadamente em Hong Kong e Banguecoque

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe, na próxima segunda-feira, o espectáculo do Grupo de Fados de Medicina do Porto a partir das 20h, naquele que promete ser uma noite cheia de sonoridades bem portuguesas, onde o chamado “Fado de Coimbra” e a guitarra portuguesa estarão em destaque.

Porém, o espectáculo que o grupo irá protagonizar em Macau será apenas um de três na Ásia. Isto porque os estudantes de Medicina levam as guitarras e os trajes negros para Hong Kong e Banguecoque, sem esquecer também uma passagem por Helsínquia. O primeiro destes concertos aconteceu dia 18, terminando este périplo musical no dia 29 deste mês.

Segundo a página do grupo na rede social Facebook, esta série de espectáculos será “uma ponte entre continentes, entre culturas e memórias”, tendo o grupo “um enorme entusiasmo” por poder tocar em lugares tão distantes e distintos da cidade do Porto, onde estudam.

“Com o Espírito Académico a ressoar em cada canção tocada, atravessaremos continentes a fim de partilhar o Fado-Canção Coimbrã com as Comunidades Portuguesas que nos vão acolher e que, mesmo a milhares de quilómetros de distância, continuam a comungar connosco do gosto pela Cultura e Tradição do seu país”, lê-se na mesma publicação.

O grupo promete fazer-se guiar “pelo desejo de levar um pouco de casa a quem está longe e de aproveitar tudo o que estas paragens têm para nos oferecer”. Todos os concertos prometem ser “uma aventura, onde as histórias prometem ficar gravadas na memória”.

Canções entre estudos

O Grupo de Fados de Medicina do Porto foi criado em 1992 por estudantes desse curso da Universidade do Porto, tendo a formação mantido o chamado espírito académico e espalhado este tipo de música em vários locais.

A ideia original por detrás da formação do grupo foi “enriquecer a experiência académica e perpetuar essa tradição através da performance da mais bonita música portuguesa, o Fado Académico”.

Ao formar este grupo de fados, marcado por “melodias cantadas e acordes tocados”, acabaram por se reunir “os valores da vida académica”, bem como “celebrar não apenas o Fado de Coimbra e a música portuguesa em geral, mas também o espírito que une todos aqueles que encontram nela uma expressão da sua identidade”.

Num país onde os estudantes universitários habitualmente andam com um traje negro e formam grupos musicais em contexto académico, em cidades como Coimbra, Lisboa, Porto ou Braga, o Grupo de Fados de Medicina do Porto é hoje “um dos grupos de Fados com a mais longa história na Academia do Porto”.

“Ao longo dos anos e através das gerações, o grupo tem orgulhosamente mantido vivo o legado da Canção de Estudante, expresso pela sua participação em Serenatas Monumentais, Noites de Fado, Galas de Aniversário e muitos outros eventos que reflectem a nossa paixão e dedicação à arte musical. Para além disso, temos visitado comunidades portuguesas no estrangeiro, com o objetivo de interagir em momentos de partilha mútua”, é referido numa nota oficial sobre a digressão do grupo, que já passou por locais como os EUA, a Suíça, Luxemburgo, Alemanha ou França, entre outros destinos.

20 Ago 2025

Cinema | Filme de Tracy Choi seleccionado para Festival de Busan

Tracy Choi, aclamada realizadora local desde a sua estreia com “Sisterhood”, conseguiu agora, pela primeira vez, colocar um filme seu num festival de cinema asiático de maior dimensão, nomeadamente na secção de competição “Vision Section” do Festival Internacional de Cinema de Busan. “Girlfriends”, um regresso ao elenco de “Sisterhood”, foi o filme escolhido

 

A carreira da realizadora local Tracy Choi soma e segue. Desta vez, acaba de ser anunciado que o seu mais recente filme, “Girlfriends”, foi pela primeira vez seleccionado para a prestigiada competição “Vision Section” na 30.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Busan, na Coreia do Sul, que decorre em Setembro. Além da selecção para competição, a exibição do filme em Busan constitui a sua estreia mundial, sendo que “Girlfriends” estreia em Macau, Hong Kong e Taiwan apenas no próximo ano.

“Girlfriends” é uma co-produção entre estas três regiões e retrata “a jornada de uma mulher desde a adolescência até à fase adulta através de três histórias de amor que se entrelaçam”, contando com actrizes como Jennifer Yu, Fish Liew, Natalie Hsu, Eliz Lau, Han Ning e Elizabeth Tang, todas elas nomeadas e premiadas pela indústria do cinema.

Citada por um comunicado oficial, Tracy Choi mostrou-se honrada pelo facto de o seu trabalho ter sido escolhido para integrar esta competição. “Girlfriends é um filme repleto de amor, e tanto o elenco como a equipa técnica dedicaram-se com total sinceridade a este projecto. Esperamos que esta história sobre três mulheres urbanas chegue a públicos de diferentes culturas”, disse.

Já Jennifer Yu disse estar muito contente por ter voltado a trabalhar com Fish Liew e com Tracy Choi oito anos depois. A actriz afirmou que a escolha de “Girlfriends” para o Festival de Cinema de Busan é “profundamente significativa”.

“Esta colaboração permite-nos transmitir mensagens importantes através do cinema, e esperamos que o público se conecte com o nosso trabalho”, revelou. Por sua vez, Fish Liew disse que este filme “representa mais do que um simples reencontro da equipa de ‘Sisterhood’, sendo um testemunho da nossa evolução como artistas”.

“O filme reflecte três etapas transformadoras da vida, e cada mulher envolvida, tanto em frente como atrás das câmaras, trouxe a sua própria jornada pessoal para este projecto”, destacou.

Nomes do cartaz

Segundo informação oficial do Festival de Cinema de Busan, Tracy Choi é descrita como sendo uma realizadora “activa tanto no documentário como no cinema narrativo”, estreando-se ao lado de nomes como Natalia Uvarova, nova realizadora oriunda do Cazaquistão que estreia “Malika”, e Tribeny Rai, vencedora do “NFDC Film Bazaar Work-In-Progress Lab”, que apresenta o filme “Shape of Momo”.

“Girlfriends” vai ser exibido ainda ao lado de “If On a Winter’s Night”, de Sanju Surendran, “aclamado [realizador] entre o documentário e a ficção”, e ainda Takashi Koyama, que deixou as produções mais comerciais para “depositar todo o seu espírito” num segundo projecto pessoal, intitulado “ALL GREENS”.

“Girlfriends” foi financiado na quarta edição do Programa de Apoio à Produção de Longas-Metragens coordenado pelo Instituto Cultural, tendo sido seleccionado para outros programas de financiamento de cinema asiáticos, como o “Taipei Golden Horse Film Project Promotion”, em 2023, e o “Hong Kong-Asia Film Financing Forum WIP Program”, no ano passado.

O Festival Internacional de Cinema de Busan foi criado em 1996 e desde então que se tem firmado como um dos mais importantes a nível mundial. No que diz respeito à secção “Vision Section” pretende reconhecer obras originais, constituindo uma “plataforma vital para o cinema independente coreano”. O evento decorre entre os dias 17 e 26 de Setembro.

20 Ago 2025

CCCM apresenta novos cursos em Setembro

Apesar da anunciada fusão do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) com a Fundação para a Ciência e Tecnologia e a Agência Nacional de Inovação, a agenda de cursos e actividades prossegue nesta entidade ligada a Macau.

Prova disso, é a realização, a partir de Setembro, de cursos de patuá, tradução criativa e de língua chinesa, cujas inscrições já estão abertas.

No caso do curso “Iniciação à Língua Patuá” esta será a terceira edição, realizando-se entre 15 de Setembro e 27 de Novembro. As 22 sessões serão ministradas por duas figuras que mais têm lutado pela preservação e manutenção deste crioulo macaense, nomeadamente Joaquim Ng Pereira e Raúl Leal Gaião. O primeiro é macaense, licenciado em Ciências da Comunicação e Cultura e mestre em Programação e Gestão Cultural, enquanto o segundo é investigador na área da linguística, sendo autor do Dicionário de Crioulo de Macau – Escrita de Adé em Patuá, publicado em 2019.

Segundo a descrição do curso, o patuá é “um crioulo macaense cuja matriz oral provém fundamentalmente do português”, mantendo “influências africanas, malaias e chinesas”. Assim, “pretende-se que o curso seja um conjunto de aulas vivas e que estimule pontes entre o Oriente e o Ocidente”.

Segue-se, a partir do dia 23 de Setembro, o curso de música “Cítara Chinesa (Gujin), com um programa constituído por oito sessões “onde serão estudadas a cultura inerente ao Gujin, a sua apreciação e prática do instrumento, desde as origens ao desenvolvimento, incluindo timbres, pautas e exercícios musicais”. Pretende ainda abordar-se “o contributo desta arte para a saúde e equilíbrio físico e mental, que os letrados souberam manter desde os tempos antigos, criando uma cultural oriental que chegou aos nossos dias”. A formação estará a cargo de Du Wanzhen, professora aposentada de chinês e estudiosa do Gujin, e ainda Ana Cristina Alves, responsável pelo sector educativo e de tradução no CCCM.

Contar de outra forma

A terceira oferta lectiva que começa em Setembro no CCCM é o curso de Tradução Criativa, ministrado por Ana Cristina Alves e António Graça de Abreu, tradutor de poesia chinesa já com várias obras editadas. O curso livre, que decorre entre 17 de Setembro e 5 de Novembro, visa “ensinar a traduzir do chinês para o português, e de português para chinês, com base em materiais literários e filosóficos já traduzidos ou a traduzir durante as várias sessões”.

Desta forma, os alunos “irão traduzir a analisar poemas e pequenos contos, como as colectâneas poéticas de António Graça de Abreu e textos clássicos de grandes sinólogos como Matteo Ricci”, que viveu entre os anos de 1552 e 1610.

19 Ago 2025

Concerto | Setembro traz Dear Jane a Macau

“Dearest Dear Jane Live 2025” é o nome do espectáculo da banda de Hong Kong que sobe ao palco do Galaxy Arena a 13 de Setembro. Eis a oportunidade para ouvir a batida rock de uma das bandas mais conhecidas do território vizinho, e que marca o 20.º aniversário do grupo na estrada

 

Há 20 anos que os Dear Jane espalham o rock de Hong Kong para o mundo. Chegou a vez de Macau sentir o resultado de anos de palcos e música. Isto porque 13 de Setembro é a data apontada para o concerto “Dearest Dear Jane Live 2025”, que decorre na Galaxy Arena, tratando-se de um espectáculo com o tema “Dearest”, como prova “das profundas conexões entre a banda e os fãs ao longo de duas décadas desde a estreia do grupo”.

A banda, composta por Tim, vocalista, Howie, guitarrista, Jackal, baixista e Nice, baterista, promete trazer a Macau todos os clássicos do grupo, nomeadamente “Never Be Alone”, “You&Me” e “Days Gone By”. Promete-se, por isso, “uma noite cheia de nostalgia e energia”.

A banda nasceu em 2003, sendo que Adam Diaz e Howie Yung já tinham pertencido antes a um outro projecto musical, chamado “Fuse”. Primeiro assinaram com a editora discográfica See Music Ltd, mas em 2011 conseguiram um contrato com a prestigiada Warner Music. O primeiro álbum foi lançado em 2006, intitulando-se “100”.

“Limerence” é o mais recente álbum dos Dear Jane, lançado em plena pandemia, 2020. Composto por faixas como “Last Record Store”, “Galactic Repairman”, “Can’t Keep Going On” ou ainda “Masked Love”, constitui mais uma prova da energia da banda ao fim de tantos anos de espectáculos e num panorama cada vez mais dominado pelo cantopop.

Vida longa

A permanência dos Dear Jane na cena musical de Hong Kong durante tantos anos motivou uma entrevista ao baixista Jackal Ng em 2022, que ao jornal South China Morning Post (SCMP) explicou alguns segredos para o sucesso e a continuidade do grupo.

“Depois de 20 anos juntos continuo a desfrutar do facto de me sentar com os meus colegas de banda, interagir com eles e podermos criar algo juntos. Tens de fazer música e tomar decisões com base naquilo que te faz feliz, e há que ser honesto como grupo”, disse.

A verdade é que desde que lançaram o primeiro disco, em 2006, que a banda se tem mantido no activo, e com sucesso. Outros trabalhos discográficos intitulam-se “XOXO”, lançado em 2009, “GAMMA”, de 2011, “Yellow Fever”, lançado em 2012, e depois uma edição especial “Dear Jane Special Edition” em 2014. Foram ainda lançados “Unavoidable”, em 2013 e, três anos depois, “101”.

Na mesma entrevista ao SCMP, Jackal Ng falou também na união que caracteriza o grupo desde o início. “E se apenas duas pessoas quiserem ser famosas? Será que todos querem o mesmo tipo de ganhos da música? Este é o tipo de coisas que tem de se saber desde o início. Temos sido abençoados pelo facto de estarmos alinhados naquilo que queremos fazer e isso salvou-nos de uma série de sofrimentos.”

Jackal Ng assumiu-se mesmo como o elemento agregador dos Dear Jane. “Toda a banda necessita de alguém que faça as coisas mais pequenas. Desde o primeiro dia que todos desempenharam o seu papel e isso não mudou. Eu sou um faz-tudo, e além de compor, sou aquele que executa os detalhes e as tarefas”, assumiu.

Esperemos para ver esta união e lição de longevidade musical em Setembro, no palco local da Galaxy Arena. Os bilhetes têm estado à venda nos últimos meses e custam entre 588 e 1288 dólares de Hong Kong.

19 Ago 2025