Sérgio Fonseca DesportoPilotos do WTCC interessados em voltar à Corrida da Guia Tiago Monteiro, Rob Huff, Tom Coronel e Yvan Muller são alguns dos nomes que nos habituamos a ouvir nas notícias no mês de Novembro. Por dez anos consecutivos, o Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC) visitou Macau e alguns destes senhores, todos eles conceituados pilotos de carros de turismo, fizeram parte do quotidiano da semana do Grande Prémio. Contudo, o WTCC despediu-se no final de 2014 do Circuito da Guia e este ano a principal corrida de turismo, cujos regulamentos abrem a porta ao novo conceito de carros de turismo TCR, terá outros intervenientes. A boa notícia é que o WTCC viu-se obrigado a mudar de data da sua última corrida no Qatar, que coincidia com o Grande Prémio do território, permitindo agora aos pilotos do mundial de carros de turismo participarem na “Corrida da Guia de Macau 2.0T – Suncity Grupo”. E o interesse existe. “Mesmo que o WTCC não volte, não quer dizer que eu não venha cá! Tenho de arranjar alguma coisa para vir a Macau. Há muitas corridas por aí…”, disse Tiago Monteiro ao HM no passado mês de Novembro, enquanto acrescentava que esta decisão vai depender da Honda. “Só tenho 38 anos e vencer em Macau é sempre uma esperança”, relembrou o português. Monteiro é piloto oficial da Honda no WTCC e foi a sua equipa, a italiana JAS Motorsport, quem construiu e é responsável pelo desenvolvimento dos Honda Civic do novo campeonato TCR International Series. Ambição de vencer Esta semana, ao saber das alterações do calendário do WTCC, também Rob Huff mostrou interesse em regressar à RAEM. “Sou o piloto de carros de turismo com mais vitórias [no Circuito da Guia] e gostaria de tentar estender esse recorde” disse Huff ao portal TouringCarTimes.com. O vencedor de sete corridas do WTCC no Circuito da Guia lembra que há “obviamente mais oportunidades” de voltar agora em carros de turismo e disse acreditar nesta hipótese para regressar à sua “pista favorita”. O piloto britânico está confiante que terá ofertas para voltar à prova, porém terá ainda que ter a autorização do construtor automóvel russo Lada, com quem tem contrato no WTCC e que não está envolvido no TCR. O regulamento da “Corrida da Guia de Macau 2.0T – Suncity Grupo” ainda não está acessível, no entanto, de acordo com Chong Coc Veng, Coordenador da Subcomissão Desportiva da Comissão do Grande Prémio de Macau, este ano, “a Corrida da Guia será realizada sob os regulamentos de carros 2.0T. Muitas marcas e modelos estarão aptas a competir, incluindo as que participam no TCR”. O responsável acredita que se pode esperar “esperar uma competição acérrima, o que já é habitual na Corrida da Guia”.
Hoje Macau Desporto MancheteLiga de Elite | Benfica festeja bi-campeonato. Dia negro para Casa de Portugal Chega ao fim mais uma edição da Liga de Elite de Macau. Benfica sagra-se novamente campeão depois de golear o Chuac Lun. Casa de Portugal não aproveita ajuda alheia, perde com Lai Chi e despede-se do convívio entre os grandes Aúltima jornada da Liga de Elite, edição de 2015, acabou por não trazer grandes surpresas: Benfica de Macau renova o título de campeão, com Ka I a tentar chegar à frente até ao último instante. Monte Carlo perde a medalha de bronze para o Chao Pak Kei, apesar da igualdade pontual. Lai Chi “quis ajudar” o Chuac Lun e não permitiu que a Casa de Portugal pudesse fazer a festa da permanência, acompanhando o lanterna vermelha Sub-23 na descida à 2.ª Divisão. O Benfica teve de esperar até domingo para golear o Chuac Lun por 7-0 e se sagrar campeão de futebol do escalão máximo da RAEM. Num jogo fácil para os encarnados, a equipa de matriz chinesa nunca conseguiu impor qualquer perigo. Aliás, não fosse a vitória do Lai Chi ante a Casa de Portugal e poderiam neste momento estar a chorar a despromoção. Os encarnados, muito entrosados e apostados em ajudar William a subir mais na tabela de melhores marcadores, chegaram ao intervalo a vencer por 4-0 com um hat-trick do avançado brasileiro aos 24, 31 e 37 minutos. Iuri Capelo, abriu a contenda logo aos sete minutos de jogo. A segunda metade, mais descansada, trouxe mais golos aos comandados por Bruno Álvares. William voltou a fazer o gosto ao pé, aos 61 minutos, completando um poker. O lateral-direito Chan Man marcou aos 76 e Fabrício, entrado aos 58 minutos para o lugar de Juary, fechou o marcador com um golo já nos descontos. Sensação de dever cumprido Fabrício, que com o golo marcado este fim-de-semana chegou ao top10 dos melhores marcadores, fala em “grande alegria” por mais uma conquista numa época em que, ao nível pessoal e devido a lesões, as coisas não correram como esperava. “Estou muito satisfeito. Este bi-campeonato traz uma grande felicidade. Todos temos o sentimento de dever cumprido uma vez que trabalhámos muito para conseguir mais este título. A nível pessoal, as coisas podiam ter corrido melhor. Esperava ter jogado mais vezes, mas ter partido um dedo da mão direita acabou por me afastar um pouco.” Agora segue-se a tão falada e almejada Liga Asiática, assim como, internamente, a Taça de Macau. “São duas competições muito importantes para o Benfica. A Taça de Macau está aí, a decorrer. Em relação à Liga Asiática, vamos ter de aguardar. Qualquer jogador do clube quer ter a chance, que a meu ver é única, de participar nessa competição. Vamos ver o que acontece durante esta próxima semana”, disse. O estreante Marco Meireles também conversou com o HM. Para o médio português, as coisas não podiam ter corrido melhor. “Um título de campeão na minha estreia? Quero dizer que me sinto concretizado. Vim mesmo com esse objectivo e as coisas correram bem. Penso que, pessoalmente, gostaram e gostam do meu trabalho. A equipa também se mostrou muito unida nos momentos cruciais.” William, goleador encarnado e melhor marcador da Liga de Elite, também se manifestou muito feliz pelo desfecho final. “Sinto-me muito bem. Estou, acima de tudo, muito feliz. Ser campeão é muito bom e melhor marcador é fantástico, ainda mais depois de uma fase difícil que tive. Valeu a pena todo esforço. Graças a Deus!” E a Deus, o futuro pertence. Depois da boa época, William despertou a cobiça de alguns clubes portugueses a evoluir na II Liga e Campeonato Nacional de Seniores. “Tenho sido abordado, informalmente, por alguns empresários no sentido de perceberem a minha disponibilidade para jogar em Portugal. Tenho 28 anos e isso seria um sonho enorme, um passo de gigante mesmo, fosse na II Liga ou no Campeonato Nacional de Seniores. Contudo, tudo depende da proposta. Não posso largar tudo e ir, assim, de repente. Preciso de sentir que do outro lado sou aposta segura e que existem condições para poder desenvolver o meu futebol. Ao mesmo tempo, estar no Benfica e poder jogar a Liga Asiática é algo de muito interessante também. Vamos ver o que acontece nas próximas semanas.” Casa de Portugal sem hipóteses Com grandes probabilidades de sorrir no final do campeonato, muito por culpa do cenário que o calendário apresentava, a Casa de Portugal, acabou por não aproveitar as oportunidades e acabou derrotada por 3-1 pelo Lai Chi. A equipa lusa cedo se viu correr atrás do prejuízo, uma vez que aos 28 minutos de jogo já perdia por 2-0 com golos marcados por Cheok Ka Fai, aos 17, e por Lai Ka Him, aos 28, ambos do Lai Chi. A Casa de Portugal ainda esboçou um pequeno sorriso de alento quando o mexicano Leonel Velasco reduziu a vantagem do adversário aos 36 minutos. Mas nada mais que isso. O que se viu foi o costume. Muitas ocasiões de golo perdidas e ninguém que quisesse agarrar no jogo. Os lusos acabaram por permitir mais um golo do adversário que, através de Sio Ka Un, aos 75 minutos, sentenciou a partida e mostrou o caminho da 2.ª divisão aos comandados por Pelé, que viu assim ruir um sonho. “Estou muito triste e ainda nem consegui dormir. Assumo toda a responsabilidade porque fui eu quem fez as escolhas apesar que sempre acreditei até ao último jogo que podíamos ficar na Liga de Elite. Agradeço, obviamente, aos meus atletas pois tudo fizeram com muita dedicação.” O treinador lembra que as entradas do “salvador” Rodrigo Quaresma e do “mágico” Velasco, trouxeram futebol de qualidade à equipa, mas salienta também que a lesão de Jean Peres, “referência de ataque e líder no campo”, foi algo muito difícil de superar. “Perder o Jean foi algo que não estava a contar. Ele era o líder da equipa no rectângulo de jogo. Nesse dia, perdemos 75% da equipa. O Jean Peres era mais que um jogador. Era um grande líder como outros já o foram – lembro o meu irmão Cuco e o José Costa. Sem o Jean, só ganhámos aos Sub-23. Empatámos com a Polícia e com o Chuac Lun, jogos que deveríamos ter vencido tais foram os golos que desperdiçámos. Ontem, sem um líder, seria ainda mais difícil vencer pois, naquelas circunstâncias, o nervosismo era muito grande e não houve um jogador que tivesse a coragem de pegar no jogo.” Pelé relembrou que “os jogadores tudo fizeram para dignificar a instituição Casa de Portugal” e que, para o ano, o projecto passa por garantir a subida de volta à Liga de Elite. Chao Pak Kei apanha Monte Carlo Com o terceiro lugar isolado à sua mercê, o Monte Carlo não conseguiu levar de vencida a única equipa que, ainda assim, poderia roubar a tão desejada medalha de bronze. Algo nervosos, os canarinhos viram-se chegados ao intervalo a perder por 1-0. Numa primeira parte equilibrada, coube ao Chao Pak Kei a única oportunidade de se adiantar no marcador com um golo marcado pelo brasileiro Diego patriota, aos 24 minutos. Na segunda parte, mais do mesmo, mas com o CPK a mostrar maior ascendente. O Monte Carlo tinha os seus melhores jogadores em campo mas nem isso chegou para inverter o decurso dos acontecimentos. Aos 62, através da marcação de uma grande penalidade, e aos 76 minutos, o CPK voltaria a marcar por intermédio de Patriota que acabou a fazer um ‘hat-trick’. O Monte Carlo apenas conseguiu reduzir a vantagem aos 57 minutos, através do inevitável Thiago Silva, mas o golo mostrou-se insuficiente para, sequer, empatar o jogo, resultado que já permitiria ao Monte Carlo ficar no terceiro lugar destacado. No final sorriu o Chao Pak Kei, que acabou por ver premiado um campeonato interessante e que promete, no futuro, outros voos. Ka I e Sporting a cumprir Se houve dois jogos que apenas permitiram cumprir calendário, eles foram o embate entre Polícia e Ka I, bem como o Sub-23 vs. Sporting. No primeiro jogo, venceu o Ka I sem grandes dificuldades. Ainda com a ténue esperança de chegar ao primeiro lugar, os comandados por Josecler Filho mostram-se competentes e, sem grandes hipóteses para a Polícia, marcaram três golos aos 4, 6 e 62 minutos por, respectivamente, Ricardo Torrão, Roni e Milton. A Polícia fez o gosto ao pé, já no final, através de Leong Chan Pong. No outro jogo para cumprir calendário, o Sporting, já em ritmo de férias e sem Bruno Brito, venceu por 2-0 os condenados Sub-23. Os golos surgiram em ambas as partes do encontro, aos 22 minutos através de Alex Sampaio – médio defensivo que se tem demonstrado goleador – e, aos 67 minutos, por intermédio de Ieong Ka Hong.
Hoje Macau DesportoEntrevista | Rodrigo Quaresma, guarda-redes da Casa de Portugal Aos 23 anos, e a grande referência do plantel da Casa de Portugal. Com as suas seguras exibições, a equipa de matriz portuguesa conseguiu, pelo menos, o feito de chegar á última jornada da Liga de Elite e poder continuar a sonhar com a permanência. Rodrigo Quaresma acredita que a sorte está com os lusos. O guarda-redes português, nascido nos Açores, dá prioridade à vida académica mas não descarta o sonho da sua vida: chegar à I Liga portuguesa. Ao HM, revelou ser fã de Michel Preud’homme e acusa os dirigentes de acabarem com o futebol português Quem é o Rodrigo Quaresma? Sou um açoriano apaixonado pelo futebol. Considero-me uma pessoa humilde, mesmo almejando dar um passo gigante neste desporto. Seja como for, a prioridade está nos estudos e pretendo terminar o curso universitário. Sou tímido, um pouco introvertido mas, quando ganho confiança, torno-me mais amigo. Com que idade começou a jogar futebol federado? Com seis anos, no Santa Clara [dos Açores]. A minha família esteve sempre ligada ao clube. Aliás, um dos meus avôs chegou mesmo a ser presidente do clube. Ao longo da minha vida, foi com grande prazer que joguei pelo Santa Clara. Lá fiz toda a minha formação, desde os seis até aos 18 anos, ou seja, desde as escolinhas até aos juniores. E depois? No meu primeiro ano de faculdade, que correspondeu ao meu último ano de júnior no futebol, fui para Coimbra estudar. Parei dos 18 aos 19 anos, mas o bichinho estava sempre presente. Depois desse ano, fui jogar para o Tabuense, depois joguei no Arganil, onde tive um ano muito bom, até que cheguei ao Febres onde fiquei duas épocas até vir para Macau. Todo esse percurso que fez nesses clubes do distrito de Coimbra foi nos Distritais? Sim, certo. Basicamente, na Divisão de Honra de Coimbra que é a ‘pole’ de acesso ao Campeonato Nacional de Seniores, coisa que quase aconteceu quando estava no Febres, o ano passado. Acabámos o campeonato na segunda posição e vencemos a Taça de Coimbra. Ao termos vencido esse troféu, carimbámos a nossa presença na Taça de Portugal. Foi, até hoje, o momento mais alto da minha carreira como futebolista sénior. Falou em terminar o curso universitário. Como consegue conciliar os estudos com o futebol? Para ser honesto, sempre sonhei ser jogador de futebol. Contudo, tive a sorte de ter uns pais que sempre me encaminharam para os estudos. O futebol, sempre paralelo, é um hobbie. Repare, por mais que queira singrar no mundo do futebol, sei que esse mundo é muito instável, ingrato e injusto. Nem todos serão jogadores de topo e, mesmo que o sejam, têm apenas 14/15 anos para ganhar dinheiro. Depois há ainda as lesões. Enfim, tendo estudos, as coisas podem tornar-se mais fáceis. É sempre mais uma muleta que possuo. Este é o meu plano B. Tentando perceber melhor o seu percurso. Quando chega aos juniores do Santa Clara, era titular? Porque não ficou e apostou ficar no clube, já que se trata de um emblema de II Liga? Na altura, tanto eu como o meu companheiro éramos os melhores guarda-redes da ilha de São Miguel. Ora jogava ele, ora jogava eu. Pessoalmente, as coisas começaram a correr melhor para ele, mas depois correram melhor a mim e acabei por ter directa influência na conquista da Taça de São Miguel, onde defendi três penáltis. Contudo, ele não tinha estudos e estava mais vocacionado para seguir o futebol. Os dirigentes sabiam que a minha prioridade era a escola. Naturalmente, que tenho desgosto de nunca ter representado a equipa sénior do Santa Clara mas julgo ter a porta aberta para um dia, quem sabe, regressar. Que curso é que está a frequentar? Ciências do Desporto. Parei agora, este semestre, para poder abraçar esta oportunidade que a Casa de Portugal me deu, mas tenho estado a estudar e vou fazer os exames de recurso assim que regressar a Portugal, no final do campeonato. FOTO: Gonçalo Lobo Pinheiro Sendo que os seus pais sempre o fizeram ver que os estudos estavam primeiro, como é que reagiram a esta decisão de vir para Macau? A minha mãe, ao início, ficou em choque [risos]. Não estava à espera deste cenário. Contudo, depois de ter falado com ela a sério, deu-me todo o apoio. Já o meu pai, mostrou-se sempre mais à vontade desde o primeiro instante. Ele entendeu que tinha uma oportunidade que não deveria ser deitada fora. Posto isso, não pensei duas vezes e vim para Macau, muito por culpa do Leonel [Carlos Leonel, jogador do Benfica de Macau, que jogou com Rodrigo no Febres na época 2013/2014]. Chegou a Macau com a época em andamento, numa altura em que a Casa de Portugal estava muito mal na classificação e as coisas têm corrido bem A grande maioria do plantel é composta por jogadores amadores, que têm outras profissões e outras preocupações. Por isso, nem sempre levam a sério esta coisa de ser jogador de futebol. O mister Pelé pediu-me o máximo de trabalho e concentração na luta pela manutenção na Liga de Elite. Pessoalmente, penso que tenho correspondido. O Rodrigo tem sido uma das boas surpresas do campeonato. Lá atrás sente o desequilíbrio que é notório no plantel da Casa de Portugal? É fácil ser guarda-redes nesta equipa? Vim para ajudar a equipa mas não é fácil, confesso. Há jogos em que me sinto incapaz e desamparado. Os meus companheiros da frente de ataque também falham muitas ocasiões de golo o que torna ainda mais difícil a luta contra os adversários. Mas o pior mesmo são as condições de trabalho. Em Portugal, mesmo que um clube seja minúsculo, tem sempre o seu terreno de jogo próprio. No Febres, treinava várias vezes por semana. Aqui, as coisas são bem diferentes. Para piorar esse cenário, é quase impossível fazer um treino em que esteja o plantel todo reunido. Enfim, são situações que fazem parte deste futebol de Macau, às quais não estava habituado, mas que temos de saber encarar com a naturalidade possível. Macau é o que se pode chamar do reverso da moeda no futebol. Mas sente-se bem aqui. Muito bem. Quero, desde já, agradecer à Casa de Portugal por tudo o que tem feito por mim. Ao mister Pelé, ao Vilar, a todos os meus companheiros. Nada tenho a apontar, sempre me acolheram muito bem. Quando chegou, qual foi a primeira impressão do território? Em Portugal toda a gente sabe o que é Macau. Aliás, mesmo nos Açores, esta parte do mundo não é desconhecida. Sabia, mais ou menos, ao que vinha. Apesar disso, é sempre um choque quando se chega muito por culpa do clima. Penso que isso é o maior ponto negativo de Macau. Quando ao património, à comida, às pessoas só tenho a dizer bem. Apesar de ter chegado há pouco tempo, penso que me adaptei facilmente. Tem sido uma experiência muito boa. E é uma experiência para repetir? Não descarto. Vejo-me, perfeitamente, para o ano a vir jogar novamente a Liga de Elite. A Bolinha não me atrai. Sou jogador de futebol de 11, mas regressarei com todo o gosto para o ano, se surgirem convites. Penso que o campeonato de Macau tem potencial para ser muito melhor mas é preciso que a Associação de Futebol de Macau crie, urgentemente, condições para isso. Esse regresso a acontecer será para a Casa de Portugal ou almeja algo melhor? Tudo depende. Voltar a Macau só se me convidarem, naturalmente. Se os clubes daqui acreditarem em mim e no meu trabalho, oferecerem boas condições, terei todo o gosto em regressar. E nesse particular, tanto a Casa de Portugal como o Benfica ou o Ka I estão em igualdade. O futuro é uma incógnita. Tudo é possível. Mas agora que o guarda-redes do Benfica, Rui Nibra, assumiu que pretende regressar ao futebol português, o lugar dele não é tentador? [Risos]. Sou uma pessoa humilde. Não quero estar aqui a entrar por esse caminho e dizer que sou a pessoa ideal para substituir quem quer que seja. Vou esperar que as pessoas venham ter comigo e apresentem as suas condições. Mas, é óbvio, que Benfica, Ka I, Sporting, Monte Carlo ou Chao Pak Kei são equipas que despertam outro tipo de ilusão aos jogadores. Quem é que não gosta de jogar para ficar entre os primeiros? Neste momento, quais são os seus horizontes no mundo do futebol? Gostava de chegar à I Liga portuguesa mas sei que não é fácil. Em Portugal, há muitos jogadores de qualidade mas existe um grande problema. Os dirigentes têm medo de apostar em jogadores portugueses e isso, a meu ver, é incompreensível. Assim, não vejo que seja fácil chegar alto no futebol. No entanto, sou novo, tenho 23 anos, e penso que, com trabalho e paciência, posso chegar mais alto. Veja isto que lhe vou dizer. O Rui Nibra é, claramente, o melhor guarda-redes a actuar em Macau e não é preciso perceber muito de futebol para ver que ele tem valor para jogar em melhores campeonatos, quem sabe chegar à I Liga portuguesa. Macau é pequeno demais para ele. Este ano, o futebol de Macau revelou bons guarda-redes. Destaque para o segundo bom ano de Rui Nibra mas também para as boas exibições de Batista, do Ka I, e as suas. Estes são os melhores de Macau na baliza? Pergunta difícil e ingrata [risos]. É muito complicado para mim falar sobre o meu trabalho. Penso que não o devo fazer. Deixo isso para outros, como por exemplo, para vocês jornalistas que gostam de fazer esse tipo de apreciações. Contudo, sei que tenho valor e os outros dois nomes que falou são excelentes profissionais. Vejo no Nibra e no Batista grandes guarda-redes, contudo o Rui é o melhor de todos. Falta uma jornada para o fim do campeonato. A Casa de Portugal está em posição de descida mas o calendário apresenta-se muito interessante para vocês. Sentem-se motivados? Temos tudo para ficar na Liga de Elite. Teoricamente, não dependemos apenas de nós, mas, se olharmos para o calendário, penso que dependemos exclusivamente de nós. Repare, o Benfica para ser campeão tem de vencer. Não há outra possibilidade, uma vez que o Ka I está apenas a um ponto. O Chuac Lun, ao perder com o Benfica – como esperamos -, fica à nossa mercê. O nosso jogo será último a ser realizado, no domingo. Vamos jogar contra o Lai Chi, equipa do nosso campeonato e a quem já vencemos na primeira volta. Eles estão descansados e penso que vão jogar tranquilamente. Nós só pensamos na vitória. E, como se costuma, dizer meio-a-zero chega. Estamos muito motivados e convictos de que vamos deixar a Casa de Portugal entre os maiores de Macau. Vai ser um jogo de matar ou morrer. Quem é o seu ídolo? Gosto de vários jogadores. Admiro o Iker Casillas, o Oliver Kahn e o Gianluigi Buffon. Contudo, e muito por culpa do meu pai que sempre me chamou esse nome, o guarda-redes mais importante da minha vida foi o Michel Preud’homme. A eterna discussão dos últimos anos. Quem é melhor: Ronaldo ou Messi? Penso que é o Cristiano Ronaldo. É o jogador mais completo. E, acima de tudo, temos de acreditar no que é nosso. Ronaldo é um trabalhador incansável. E está em alto nível em diversas situações, até mesmo nas suas acções da vida privada. É um jogador completo e, por isso, é o melhor do mundo. O Rodrigo é açoriano. O Pauleta é a maior referência do futebol do arquipélago? Com toda a certeza. O Pauleta é uma referência nacional e não regional. Aliás, até mesmo em França, é uma grande referência e um ídolo. Trata-se de uma pessoa muito humilde que chegou longe no futebol mundial. Até bem há pouco tempo, era o melhor marcador da Selecção de Portugal, já ultrapassado pelo Cristiano Ronaldo. É com muito orgulho que vejo um açoriano tornar-se num dos grandes nomes da história do futebol português.
Joana Freitas DesportoLuta regressa à Arena O espectáculo do boxe está de volta à Arena do Venetian, com o chinês “Ik” Yang Lian Hui a tentar pela primeira vez vencer um título mundial. Natural de Dalian, na China continental, Ik combate contra César “El Distinto” Cuenca, da Argentina, pelo cinto da International Boxing Federation (IBF) na categoria de juniores/peso médio. Yang soma 19 combates e é treinado por Freddie Roach, treinador de Manny Pacquiao e Zou Shiming, e estreou-se no boxe em 2007, tendo vencido sete dos seus últimos oito combates por KO. Cuenca, que soma 46 vitórias, e estreou-se no boxe em 2002, sendo esta a primeira vez que luta fora da Argentina. “Yang construiu uma sólida base de fãs na China graças ao seu entusiasmante estilo de lutar”, explica a organização em comunicado. “Cuenca está a três lutas de igualar a marca mítica de Rocky Marciano e conseguiu inúmeros títulos nos seus 13 anos de carreira.” O evento “Victory at The Venetian” acontece a 18 de Julho, pelas 17h30, e traz ao território atletas que já pisaram o ringue do Cotai anteriormente. É o caso de Nonito “Filipino Flash” Donaire, da Filipinas. Vencedor de cinco categorias a nível mundial, Donaire foi ainda considerado lutador do ano em 2012. Em Macau, luta contra Anthony Settoul, de França. Na lista dos lutadores incluem-se ainda o norte-americano Mickey “The Spirit” Bey Jr., campeão mundial de pesos leves da IBF, que defende o título contra Denis “Genghis Khan” Shafikov, da Rússia. Rex “The Wonder Kid” Tso, de Hong Kong, e o “Macau Kid” Kuok Kun Ng combatem também, bem como José Ramirez, ainda que os oponentes destes três atletas não tenham sido anunciados. Os bilhetes para o evento, organizado em parceria com a Top Rank, promotora mundial de boxe, custam entre as 180 e as 1680 patacas.