Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Pequim pede contenção após míssil ter atingido a Polónia O míssil de fabrico russo que atingiu ontem território polaco parece afinal ter sido disparado pela Ucrânia. Pequim pede tranquilidade a todas as partes envolvidas A China pediu ontem “calma” a todas as partes na sequência das informações sobre o míssil de fabrico russo que atingiram a Polónia e que colocaram o exército polaco em estado de alerta. “Na situação actual, todas as partes envolvidas devem manter a calma e a contenção para que seja evitada uma escalada”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em Pequim. Da mesma forma, o secretário-geral ONU defendeu na terça-feira à noite que é “absolutamente essencial” evitar o agravamento da guerra na Ucrânia, mostrando-se “profundamente preocupado” com a queda de um míssil de fabrico russo na Polónia. Numa breve declaração transmitida pelo porta-voz da ONU, António Guterres apelou a uma “investigação exaustiva” sobre a queda do míssil que matou duas pessoas na Polónia. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polónia confirmou na noite de terça-feira que um “projéctil de fabrico russo” atingiu o território deste país da Nato junto à fronteira com a Ucrânia, causando a morte a duas pessoas. “Na vila de Przewodów (…), um projéctil de fabrico russo caiu, matando dois cidadãos da República da Polónia”, salienta-se num comunicado do porta-voz do ministério, Lukasz Jasina. Na mesma nota, acrescenta-se que o embaixador russo na Polónia foi convocado para prestar “explicações detalhadas”. Entretanto, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que é improvável que o míssil que atingiu a Polónia e matou duas pessoas tenha sido disparado a partir da Rússia. “Há informações preliminares que contestam isso”, disse Biden aos jornalistas quando questionado se o míssil foi disparado da Rússia. “É improvável nas linhas da trajectória que tenha sido disparado da Rússia, mas veremos”, acrescentou. Por outro lado, os líderes do G7 e da Nato (Organização do Tratado do Atlântico Norte) decidiram apoiar uma investigação sobre a queda do míssil de fabrico russo, disse o Presidente dos EUA. Céu vigiado Ontem, a estação de televisão norte-americana CNN noticiou que um avião da Nato, que sobrevoava o espaço aéreo da Polónia, rastreou o míssil que explodiu no país na terça-feira e matou duas pessoas. “A informação com pistas de radar [do míssil] foi fornecida à Nato e à Polónia”, acrescentou a mesma fonte, que não foi identificada. Os aviões da Nato têm realizado vigilância regular em torno da Ucrânia desde o início da invasão russa, a 24 de Fevereiro. Mais tarde, o secretário-geral, Jens Stoltenberg, disse que a explosão que matou duas pessoas na Polónia “foi provavelmente causada” por um míssil ucraniano.
Hoje Macau China / Ásia MancheteMNE chinês revela detalhes da cimeira China-EUA O Presidente Xi Jinping acabou de realizar uma reunião com o Presidente dos EUA Joe Biden, o que é motivo de grande preocupação para a comunidade internacional. Pode apresentar brevemente as principais circunstâncias da reunião? Wang Yi: Esta tarde, por iniciativa do lado americano, o Presidente chinês Xi Jinping e o Presidente americano Joe Biden realizaram uma reunião presencial em Bali. Os dois chefes de Estado tiveram uma comunicação franca, aprofundada, construtiva e estratégica sobre as principais questões relacionadas com as relações China-EUA e o futuro da paz e do desenvolvimento mundial. A China emitiu um comunicado de imprensa sobre a reunião. Gostaria de descrever melhor a situação. Em primeiro lugar, é de grande significado. Foi a primeira reunião presencial entre os chefes de Estado chineses e americanos em três anos, a primeira reunião presencial entre os dois líderes desde que o Presidente Biden tomou posse, e a primeira interacção entre os principais líderes da China e dos EUA desde que cada um deles completou as principais agendas internas este ano. Em segundo lugar, a comunicação é profunda. Os dois líderes conhecem-se há muito tempo e tiveram muitas reuniões por telefone e vídeo durante este período, sempre com uma comunicação longa e profunda. Esta reunião é simultaneamente uma continuação do seu compromisso até à data e um prenúncio de um novo começo. A reunião durou mais de três horas, excedendo a duração pré-acordada, e foi conduzida utilizando interpretação simultânea. O intercâmbio entre os dois chefes de Estado foi abrangente, profundo, franco, construtivo e estratégico. Em terceiro lugar, foi rico em conteúdo. Na sua reunião, os dois chefes de Estado abordaram cinco tópicos, incluindo as suas respectivas políticas internas e externas, as relações EUA-China, a questão de Taiwan, o diálogo e a cooperação em vários campos, e grandes questões internacionais e regionais, que podem ser consideradas como cobrindo os aspectos mais importantes das suas relações e as questões regionais e globais mais prementes da actualidade. Quarto, liderar o futuro. A diplomacia entre os líderes é a “bússola” e o “volante” das relações sino-americanas e desempenha um papel de liderança estratégica insubstituível no desenvolvimento das relações entre os dois países. Actualmente, as relações Sino-EUA enfrentam sérias dificuldades e encontram-se num ponto crítico. O Presidente Xi Jinping apresentou os principais resultados e significado do 20º Congresso Nacional do CPC, enfatizando que as políticas internas e externas do partido chinês e do governo são abertas e transparentes, as suas intenções estratégicas são abertas e claras, e mantém um elevado grau de continuidade e estabilidade. O Presidente Xi disse que a relação entre a China e os Estados Unidos não deve ser um jogo de soma zero no qual “tu perde e eu ganho” e “tu sobes e eu caio”, e que o mundo do século XXI deve evitar a repetição dos erros da Guerra Fria. Os dois países devem ter uma visão correcta das políticas internas e externas e das intenções estratégicas um do outro, e estabelecer um tom de diálogo em vez de confrontação, e um compromisso de benefício comum em vez de soma zero. O Presidente Biden descreveu as eleições americanas intercalares e disse que os EUA respeitam as instituições da China, não procuram mudar o sistema chinês, não procuram combater uma nova Guerra Fria, não procuram reforçar alianças contra a China, e não têm a intenção de entrar em conflito ou sitiar a China. Ambos os chefes de Estado atribuíram importância ao significado global das relações EUA-China, enfatizaram a importância de estabelecer princípios orientadores para as relações EUA-China, esperaram promover a estabilização das relações bilaterais, e concordaram em reforçar a comunicação e promover a cooperação prática. Isto proporciona uma orientação clara para o desenvolvimento das relações sino-estadunidenses no próximo período e será conducente à promoção do regresso gradual das relações dos dois países a uma via saudável e estável. Todos os países estão preocupados com a direcção das relações China-EUA. Poderá este encontro alcançar estabilidade nas relações China-EUA, ou, segundo o lado americano, “estabelecer as bases” para as relações China-EUA? Wang Yi: Esta reunião de Chefes de Estado não só foi de grande orientação prática, como também terá um impacto importante e de longo alcance nas relações China-EUA na próxima fase e mesmo a longo prazo. Em primeiro lugar, esclareceu uma direcção para evitar que as relações sino-americanas descarrilem fora de controlo e para encontrar o caminho certo para que as duas grandes potências se entendam. O Presidente Xi Jinping salientou que a situação actual das relações entre os EUA e a China não é do interesse fundamental dos dois países e povos, nem corresponde às expectativas da comunidade internacional. Ambos os lados devem tomar uma atitude responsável em relação à história, ao mundo e ao povo e garantir que a relação sino-americana avança no bom caminho, sem bocejar ou perder velocidade, e muito menos colidir. Durante a reunião, o Presidente Biden disse que uma China estável e em desenvolvimento é do interesse dos Estados Unidos e do mundo. Os EUA e a China deveriam mostrar ao mundo que podem gerir as suas diferenças e evitar deslizar para o conflito e o confronto devido a um erro de cálculo ou a uma concorrência feroz. Em segundo lugar, foi estabelecido um quadro para explorar conjuntamente o estabelecimento de princípios orientadores, ou um quadro estratégico, para as relações entre os EUA e a China. O Presidente Xi Jinping disse que a China e os Estados Unidos são dois países tão grandes que não é possível sem um grande consenso sobre os princípios. Com princípios, haverá direcção, e com direcção, poderemos abordar devidamente as diferenças e expandir a cooperação. A proposta da China de que a China e os Estados Unidos devem aderir ao respeito mútuo, à coexistência pacífica e à cooperação vantajosa para ambas as partes baseia-se nesta consideração. Os dois chefes de Estado concordaram sobre a importância de estabelecer princípios orientadores para as relações EUA-China, discutiram-nos de forma construtiva, e encarregaram as equipas de trabalho de ambas as partes de acompanhar e consultar com vista a chegar a acordo o mais rapidamente possível com base no consenso alcançado até à data. Em terceiro lugar, foi iniciado um processo para pôr em prática o importante consenso entre os dois chefes de Estado para controlar e estabilizar as relações EUA-China. A diplomacia entre líderes é a forma mais elevada de diplomacia, e a liderança estratégica da cimeira EUA-China em Bali sobre as relações bilaterais reflecte-se em todos os aspectos, incluindo uma série de importantes preparativos antes da reunião, bem como o seguimento e a implementação após a reunião. A gestão e estabilização das relações EUA-China é um processo contínuo e ininterrupto que é um trabalho em curso, e não um passado ou um fim. As equipas de ambos os lados irão manter o diálogo e a comunicação, gerir conflitos e diferenças, e promover o envolvimento e a cooperação de acordo com as prioridades estabelecidas pelos dois chefes de Estado, de modo a acrescentar energia positiva e uma válvula de segurança às relações EUA-China e injectar estabilidade e certeza num mundo turbulento e em mudança. É de notar que a China tem os seus próprios princípios e resultados há muito defendidos, interesses legítimos e legais que devem ser firmemente defendidos, e não sucumbirá a qualquer intimidação hegemónica. O lado americano deve traduzir a declaração positiva do Presidente Biden em políticas e acções concretas, deixar de conter e suprimir a China, deixar de interferir nos assuntos internos da China, deixar de minar a soberania, segurança e interesses de desenvolvimento da China, avançar na mesma direcção que o lado chinês, construir conjuntamente os “quatro pilares” que são conducentes ao desenvolvimento saudável e estável das relações EUA-China, e solidificar conjuntamente os “alicerces sólidos” para a estabilidade das relações EUA-China. Trabalharemos com o lado americano para construir as “quatro vigas e os oito pilares” que são conducentes ao desenvolvimento saudável e estável das relações sino-estadunidenses, e trabalharemos em conjunto para reforçar os “alicerces sólidos” para as relações estáveis sino-estadunidenses. A questão de Taiwan é certamente um foco deste encontro. Pode falar-nos sobre a comunicação entre os dois líderes em torno da questão de Taiwan? Wang Yi: Taiwan é parte da China e a questão de Taiwan é um assunto interno da China. A razão pela qual a questão de Taiwan está a ser discutida entre a China e os Estados Unidos é porque os Estados Unidos têm interferido nos assuntos internos da China. A nossa exigência é muito clara e inequívoca: deixar de interferir nos assuntos internos da China e respeitar a soberania e a integridade territorial da China. Durante a reunião, o Presidente Xi Jinping informou o Presidente Biden sobre a história da colonização e invasão de Taiwan por forças externas ao longo dos últimos séculos, e salientou que a oposição da China à “independência de Taiwan” e à preservação da sua integridade territorial é salvaguardar a terra que pertence à China há gerações. Quem quiser separar Taiwan da China é contra a justiça nacional da China, e o povo chinês fará uma causa comum e nunca concordará com ela. O Presidente Xi salientou que a China aderirá à política básica de “reunificação pacífica e um país, dois sistemas” e lutará pela perspectiva da reunificação pacífica com a máxima sinceridade e esforço. No entanto, se as três situações graves estipuladas na Lei Anti-Secessão surgirem, a China agirá em conformidade com a lei. A China está mais interessada na paz e estabilidade no Estreito de Taiwan, e a “independência de Taiwan” é incompatível com a paz e estabilidade no Estreito de Taiwan. O Presidente Xi salientou que a questão de Taiwan é o cerne dos interesses centrais da China, o fundamento da base política das relações EUA-China, e uma linha vermelha que os Estados Unidos não podem e não devem atravessar. A China exige que o lado americano seja coerente com as suas palavras e actos, adira à política de “uma só China” e às disposições dos três comunicados conjuntos EUA-China, cumpra o seu compromisso de “não apoiar a “independência de Taiwan”, deixe de deflacionar e esvaziar a política de “uma só China”, e restrinja a “independência de Taiwan”. O Presidente Biden disse que os Estados Unidos aderem à política de uma só China e não apoia a “independência de Taiwan”, “duas Chinas” ou “uma China, uma Taiwan”, e não procura utilizar a questão de Taiwan como um instrumento para conter a China. A China e os Estados Unidos são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A comunidade internacional espera geralmente que a China e os Estados Unidos trabalhem em conjunto para enfrentar vários desafios globais. Que progressos têm sido feitos na cooperação bilateral e multilateral entre a China e os Estados Unidos? Wang Yi: A história do desenvolvimento das relações sino-americanas mostra que a China e os Estados Unidos juntos beneficiarão ambos os lados, enquanto que os combates prejudicarão ambos. Contra o pano de fundo de um século de epidemias e mudanças centenárias, e os desafios sem precedentes que a sociedade humana enfrenta, não é apenas do interesse da China e dos Estados Unidos, mas também da expectativa geral da comunidade internacional que a China e os Estados Unidos, como dois grandes países, reforcem a cooperação em campos bilaterais e multilaterais e trabalhem em conjunto com outros países para superar as dificuldades da época. Durante a reunião, o Presidente Xi Jinping afirmou que a cooperação entre a China e os Estados Unidos é boa para ambos os países e para o mundo. A China e os Estados Unidos têm diferenças e divergências, as diferenças não devem ser um obstáculo ao desenvolvimento das relações sino-americanas, e as diferenças devem ser a força motriz para os intercâmbios e a cooperação entre os dois países. A cooperação requer uma boa atmosfera e uma relação estável, não pode ser uma lista de atracção unilateral, deve cuidar das preocupações de ambas as partes, e deve haver dar e receber. Independentemente da relação entre a China e os Estados Unidos, a vontade de ambos os países de cumprir as suas grandes responsabilidades de poder nos assuntos internacionais não pode ser reduzida. O Presidente Xi Jinping observou que a China e os Estados Unidos deveriam trabalhar para tornar a lista de cooperação mais longa e não mais curta. Os dois chefes de Estado concordaram que as suas equipas podem dialogar sobre política macroeconómica, comércio e questões económicas entre os dois países, e trabalhar em conjunto para promover um resultado positivo da 27ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Coordenar a implementação dos dois documentos de cooperação formados nos domínios da saúde pública e agricultura, encorajar e apoiar o desenvolvimento do intercâmbio de humanidades EUA-China, expandir o intercâmbio de pessoas em vários domínios, e continuar as consultas do Grupo de Trabalho Conjunto EUA-China para abordar questões mais específicas. Os factos têm demonstrado repetidamente que a competição não pode ser simplesmente utilizada para definir toda a relação EUA-China, e que a cooperação é sempre a melhor opção tanto para a China como para os Estados Unidos. A cooperação EUA-China é benéfica para todas as partes e abre um futuro vantajoso tanto para a China como para os Estados Unidos, e um futuro vantajoso para o mundo. Sobre que outras preocupações importantes e comuns as duas partes trocaram opiniões? R: O Presidente Xi Jinping clarificou a posição da China sobre uma série de questões importantes que preocupam o lado americano, bem como a comunidade internacional, e deixou clara a atitude da China. Sobre a questão da democracia e dos direitos humanos. O Presidente Xi Jinping salientou que a liberdade, a democracia e os direitos humanos são a busca comum da humanidade e a busca consistente do Partido Comunista Chinês. Os Estados Unidos têm uma democracia ao estilo americano e a China tem uma democracia ao estilo chinês, ambas em conformidade com as suas respectivas condições nacionais. O processo completo de democracia popular da China baseia-se nas condições nacionais e na história e cultura da China, e reflecte a vontade do povo. As diferenças específicas que existem entre os dois lados podem ser exploradas, desde que haja um intercâmbio igualitário. Definir o próprio país como democrático e outro país como autoritário é em si mesmo um sinal de antidemocracia. A chamada “democracia contra o autoritarismo” é uma falsa proposta, não uma característica do mundo de hoje, e não está de acordo com a tendência dos tempos. Sobre a questão dos caminhos institucionais. O Presidente Xi Jinping disse que os Estados Unidos estão empenhados no capitalismo, a China está empenhada no socialismo, os dois lados estão a tomar um caminho diferente. Esta diferença existe desde o primeiro dia em que os dois lados lidaram um com o outro, e continuará a existir no futuro. É importante que a China e os Estados Unidos se dêem bem um com o outro, reconhecendo esta diferença e respeitando-a. A liderança do Partido Comunista Chinês e do sistema socialista da China, abraçada e apoiada por 1,4 mil milhões de pessoas, são a garantia fundamental do desenvolvimento e estabilidade da China. Tentativas de subverter a liderança do Partido Comunista da China e do sistema socialista chinês iriam pisar os limiktes, atravessar uma linha vermelha e abalar os alicerces da relação entre os dois países. Sobre questões económicas e comerciais. O Presidente Xi Jinping salientou que a essência das relações económicas e comerciais entre a China e os Estados Unidos é mutuamente benéfica, combatendo guerras comerciais, guerras tecnológicas, “construindo artificialmente muros e barreiras”, forçando “a dissociação e a quebra de cadeias”, completamente contrárias aos princípios da economia de mercado, minam as regras do comércio internacional, apenas em detrimento de outros. A China levará a cabo uma firme reforma e abertura, e colocará sobre si mesma a base do desenvolvimento e do progresso. A China tem uma gloriosa tradição de auto-aperfeiçoamento, e toda a repressão e contenção apenas estimulará a vontade e o entusiasmo do povo chinês. Se os EUA forem até ao fim na questão do “desacoplamento”, acabará por levantar uma pedra e esmagar os seus próprios pés. Actualmente, a comunidade internacional está altamente preocupada com a crise na Ucrânia e na Península Coreana. Como é que os dois lados interagiram sobre esta questão? Wang Yi: Os dois chefes de Estado procederam a uma troca de impressões aprofundada sobre questões internacionais e regionais, incluindo a questão da Ucrânia e a questão nuclear na Península Coreana. Sobre a questão da Ucrânia, o Presidente Xi reiterou os “quatro deveres” da China ao tratar da questão da Ucrânia e clarificou as “quatro respostas comuns” da China à mais recente evolução da situação na Ucrânia. Sublinhou que o diálogo e as negociações devem ser conduzidos para resolver a crise pacificamente, que as armas nucleares não devem ser utilizadas e que a guerra nuclear não deve acontecer, que uma crise nuclear deve ser evitada na Ásia e na Europa, e que devem ser feitos esforços conjuntos para assegurar a estabilidade da cadeia de abastecimento da cadeia industrial global e para evitar uma crise humanitária em grande escala, e que a China sempre esteve do lado da paz e continuará a insistir na paz e na negociação. Sobre a questão nuclear da Península da Coreia, o Presidente Xi Jinping elaborou a posição estabelecida da China, sublinhando que o cerne da questão na península deve ser enfrentado de forma frontal e que se deve insistir numa solução equilibrada para as suas respectivas preocupações, especialmente as legítimas preocupações da RPDC. Acaba de introduzir o significado da reunião e o consenso alcançado. Quais são os próximos acordos de seguimento para ambas as partes? Wang Yi: Durante a reunião, os dois chefes de Estado concordaram em continuar a manter contactos regulares, enquanto encarregam as equipas diplomáticas e de segurança dos dois países de prosseguir a comunicação estratégica, dar seguimento às principais questões discutidas, e implementar o consenso alcançado. O lado americano disse que o Secretário de Estado norte-americano Blinken visitará a China o mais rapidamente possível para dar seguimento à reunião. A China congratula-se com este facto. As equipas financeiras, económicas e comerciais dos dois países também comunicarão e coordenarão sobre questões como as políticas macroeconómicas e as relações económicas e comerciais EUA-China. Tudo considerado, a reunião alcançou o objectivo esperado de comunicação aprofundada, clarificando intenções, traçando linhas vermelhas, prevenindo conflitos, indicando direcções e explorando a cooperação.
Hoje Macau China / ÁsiaLíderes da Austrália e China tentam estabilizar relações O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e o presidente chinês, Xi Jinping, reuniram-se ontem à margem da cimeira do G20, numa tentativa de estabilizar as relações diplomáticas entre os dois países. “Tivemos as nossas divergências (…), mas o nosso relacionamento bilateral é importante”, disse Albanese, no início do encontro. “Presidente Xi, espero que hoje tenhamos uma troca e um diálogo construtivos”, disse Albanese, insistindo na necessidade de respeitar o direito internacional e trabalhar por uma região do Indo-Pacífico “estável, próspera e pacífica”, num momento de “grande incerteza” no mundo. No dia 13, tinha decorrido a primeira reunião frente-a-frente entre altos representantes da China e da Austrália em três anos, onde o primeiro-ministro chinês Li Keqiang disse, enquanto se reunia com Albanese, que “a China está pronta para se encontrar com a Austrália a meio caminho e trabalhar em conjunto para promover laços sustentados e saudáveis”, no meio de uma série de sinais positivos que Camberra enviou nos últimos dias. Albanese disse a Li que o seu país está disposto a reforçar os intercâmbios de alto nível com a China e a promover conjuntamente o desenvolvimento saudável das relações bilaterais. “Tive uma grande conversa com o primeiro-ministro Li. Foi muito positiva e construtiva”, disse Albanese aos repórteres no domingo após a reunião, informou a AFP. Noutro esforço para aliviar as tensões com a China, a Ministra dos Negócios Estrangeiros australiana Penny Wong, no seu primeiro grande discurso político, culpou o anterior governo de coligação pela ruptura das relações com a China, dizendo que os Trabalhistas “procurariam cooperar onde pudéssemos”, noticiou a SBS News, com sede na Austrália, no domingo. Desde que tomou posse, Wong reuniu-se duas vezes com o MNE Wang Yi para restabelecer o mecanismo de diálogo. “Nessas reuniões, expressei francamente os pontos de vista da Austrália sobre uma série de questões de comércio bilateral, consular e de direitos humanos, bem como de segurança regional e internacional”, revelou Wong. No entanto, o ministro australiano do Comércio, Don Farrell, disse que estão dispostos a discutir “fora das fronteiras” com a China, em vez de forçar uma decisão da OMC sobre as actuais disputas comerciais entre os dois países. O ministro disse que independentemente do que aconteça na OMC, as empresas australianas estão a procurar “minimizar a exposição ao risco”, diversificando a sua actividade fora do mercado chinês. “As observações de Farrell são de facto um eufemismo para a ‘dissociação’ com a China, e isso em si mesmo cai novamente numa mentalidade de Guerra Fria. Não há forma de substituir um mercado tão grande como o da China, e é apenas sensato que a Austrália mostre a sua sinceridade em seguir na mesma direcção que a China”, disse Chen Hong, presidente da Associação Chinesa de Estudos Australianos. A China é o mercado de exportação nº1 de minério de ferro australiano, com mais de 60% a ir para o mercado chinês, tornando o sector parte da espinha dorsal da economia australiana. A China é também o principal mercado para outros produtos australianos que vão desde o vinho à carne de vaca e lagostas.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping avisa Biden que Taiwan é “linha vermelha” O Presidente chinês, Xi Jinping, avisou o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, para não “cruzar a linha vermelha” em Taiwan, durante o encontro bilateral que mantiveram na Indonésia, anunciou a diplomacia chinesa. “A questão de Taiwan está no centro dos interesses centrais da China, a base da fundação política das relações sino-americanas, e é a primeira linha vermelha a não ser atravessada nas relações sino-americanas”, disse Xi a Biden, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A resolução da questão de Taiwan é da competência dos chineses”, advertiu o líder chinês, citado pela agência francesa AFP. Os dois presidentes estiveram reunidos durante mais de três horas na ilha indonésia de Bali, à margem da cimeira do G20, o grupo das economias mais desenvolvidas e emergentes. Xi disse que “é a aspiração comum do povo chinês de alcançar a reunificação nacional e salvaguardar a sua integridade territorial”. “Qualquer pessoa que procure separar Taiwan da China estará a violar os interesses fundamentais da China e o povo chinês nunca o permitirá. Esperamos ver paz e estabilidade no Estreito de Taiwan, mas a paz e a ‘independência’ de Taiwan são irreconciliáveis”, avisou. O líder chinês disse esperar que Washington “honre a sua palavra” e “respeite a política de uma só China e os três comunicados conjuntos assinados” pelas duas partes. “São a base das relações entre os nossos dois países”, insistiu. Xi recordou que Biden comentou “em numerosas ocasiões” que os Estados Unidos “não apoiam a independência da ilha” e não têm intenção de “utilizar Taiwan como instrumento para ganhar vantagem na sua concorrência com a China ou para conter a China”. “Esperamos que os Estados Unidos cumpram as suas promessas e ponham realmente tudo isto em prática”, acrescentou. A presidência norte-americana disse que, no encontro, Biden criticou as “acções coercitivas e cada vez mais agressivas” da China em relação a Taiwan. “Não creio que haja uma tentativa iminente da China de invadir Taiwan”, disse Biden, no entanto, na conferência de imprensa que deu em Bali após a reunião com Xi. As tensões entre Pequim e Washington agravaram-se em Agosto, na sequência de uma viagem provocatória à ilha pela presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. A China respondeu à visita com os maiores exercícios militares em redor da ilha em décadas e com sanções comerciais contra Taipé. Os Estados Unidos são o principal fornecedor de armas de Taiwan e têm declarado que estarão do lado de Taipé em caso de um conflito militar com a China. Ucrânia: Nuclear, não obrigado Esclarecido este assunto, Xi Jinping, reiterou ao seu homólogo norte-americano que a China está “muito preocupada” com a guerra na Ucrânia e que Kiev e Moscovo devem retomar as negociações. “Apoiamos e aguardamos com expectativa o reinício das conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia”, disse Xi. A China também espera que os Estados Unidos, a União Europeia e a NATO “conduzam diálogos abrangentes com a Rússia”. Xi disse a Biden que “conflitos e guerras não produzem nenhum vencedor” e defendeu que “não existe uma solução simples para uma questão complexa”. Xi e Biden concordaram em rejeitar a utilização de armas nucleares na guerra na Ucrânia. Xi também disse a Biden que o mundo é suficientemente grande para que ambos os países se possam desenvolver e prosperar. “Nas actuais circunstâncias, a China e os Estados Unidos partilham mais, e não menos, interesses comuns”, disse. A China não procura desafiar os Estados Unidos ou “alterar a ordem internacional existente”, disse também, apelando para que ambas as partes se respeitem mutuamente. Não há “democracias perfeitas” Xi defendeu ainda que “nenhum país tem um sistema democrático perfeito” e que as diferenças específicas entre os dois lados podem ser discutidas, “mas apenas na condição prévia da igualdade”. “A chamada narrativa ‘democracia versus autoritarismo’ não é a característica que define o mundo de hoje, muito menos representa a tendência dos tempos”, afirmou. No seu comunicado, a Casa Branca disse que Biden falou sobre a situação dos direitos humanos na China e, em particular, as acções de Pequim na região ocidental de Xinjiang, em Hong Kong e no Tibete. Sobre a Coreia do Norte, Biden transmitiu as suas preocupações sobre o comportamento do regime de Kim Jong-un, que intensificou o lançamento de mísseis e pode estar a preparar-se para realizar o seu primeiro ensaio nuclear desde 2017. Disse “ao Presidente Xi que penso que eles têm a obrigação de deixar claro à Coreia do Norte que não devem realizar testes nucleares”, revelou Biden após a reunião. Xi avisou Biden de que iniciar uma guerra comercial e tecnológica, procurando a desvinculação económica ou o corte das cadeias de abastecimento, “não serve os interesses de ninguém”. A Casa Branca apenas aludiu às práticas chinesas que vão contra a economia de mercado e não fez qualquer menção às tarifas que o ex-presidente Donald Trump (2017-2021) impôs às importações chinesas e que Biden manteve. Também não abordou as novas restrições que Washington colocou à venda de ‘microchips’ chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente chinês quer resolver dívida soberana dos países mais pobres O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu ontem que as instituições financeiras internacionais e credores comerciais “participem” e façam “esforços” para reduzir e suspender as dívidas dos países em desenvolvimento. Durante a sua participação na cimeira do G20, Xi assegurou que essas organizações “são os principais credores dos países em desenvolvimento” e instou especificamente o Fundo Monetário Internacional (FMI) a “acelerar” os empréstimos aos países mais pobres. “A China lançou a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida do G20 (DSSI) e, no seu âmbito, suspendeu a maior quantia em empréstimos entre todos os membros”, afirmou o líder chinês. Xi Jinping disse ainda que a “China também trabalhou com alguns membros do G20, no âmbito do Quadro Comum para o Tratamento da Dívida, ajudando assim os países em desenvolvimento a ultrapassar um momento difícil”. A reestruturação da dívida dos países em desenvolvimento deve ser um dos temas na cimeira, que se realiza na ilha de Bali, na Indonésia. Os parceiros latino-americanos do G20 (Argentina, México e Brasil), em particular, estão interessados em criar as condições que lhes permitam reestruturar a sua dívida de longo prazo. Mundo frágil Xi enfatizou ainda que a economia mundial está numa posição “frágil” devido à “tensa situação geopolítica, governação global inadequada e a sobreposição de múltiplas crises em áreas como alimentos e energia”. Pediu que se “evitem divisões e políticas de confronto entre blocos”, apelando aos líderes dos vários países que “trabalhem de mãos dadas para abrir novos horizontes de cooperação”. O Presidente chinês realçou que a China propôs a Acção do G20 sobre Inovação e Cooperação Digital e que está “ansiosa para trabalhar com todas as partes para promover um ambiente aberto, equitativo e não discriminatório para o desenvolvimento da economia digital, visando reduzir o fosso digital entre os hemisférios Norte e Sul”. Xi manifestou assim o seu apoio à adesão da União Africana ao G20, e disse que o grupo deve “ter sempre em mente as dificuldades dos países em desenvolvimento e atender às suas preocupações”. “Dados os retrocessos sofridos pela globalização económica e os riscos de recessão enfrentados pela economia mundial, todos estamos a atravessar um momento difícil, sendo que os países em desenvolvimento são os mais afetados”, acrescentou. Comércio mundial mais aberto O líder chinês também pediu que se promova “activamente” a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) para avançar com a “estruturação de uma economia mundial aberta”. “O comércio global, a economia digital, a transição verde e o combate à corrupção são fatores relevantes que impulsionam o desenvolvimento global. Devemos avançar na liberalização e facilitação do comércio e do investimento”, acrescentou. Xi apontou que a sua proposta para assuntos de segurança, designada Iniciativa de Segurança Global (GSI), visa “manter o espírito da Carta da ONU, agir de acordo com o princípio da indivisibilidade da segurança e persistir no conceito de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável “. A China “advoga a neutralização de conflitos por meio de negociações, a resolução de disputas por meio de consultas e o apoio a todos os esforços que levem à resolução pacífica de crises”. Em relação às alterações climáticas, Xi indicou que é necessário fazer uma transição para o desenvolvimento verde e com baixas emissões de carbono, mas que para isso “é imperativo cumprir o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e fornecer apoio aos países em desenvolvimento em termos de fundos, tecnologias e capacitação”, disse. O líder asiático também se pronunciou sobre o que considerou o “desafio mais premente para o desenvolvimento global”: a segurança alimentar e energética, cuja crise ele atribuiu às cadeias de fornecimento e falta de cooperação internacional. “Devemos fortalecer a cooperação na supervisão e regulação do mercado, estabelecer parcerias na áreas das matérias-primas, desenvolver um mercado de matérias-primas aberto, estável e sustentável, além de trabalhar em conjunto para desbloquear cadeias de fornecimento e estabilizar os preços no mercado”, apontou.
Hoje Macau China / ÁsiaEducação | Universidades chinesas sobem no ranking mundial As instituições chinesas de ensino superior estão em ascensão nos rankings universitários globais, à medida que o país asiático se esforça para elevar o estatuto de várias das universidades. No ranking Global das Melhores Universidades de 2022-2023 publicado recentemente pelo Relatório Mundial & Notícias dos US, 338 universidades chinesas estavam entre as escolas listadas, superando as 280 listadas dos Estados Unidos, 105 do Japão e 92 do Reino Unido. Os novos rankings incluem 2.000 universidades de mais de 90 países, indica o Diário do Povo. É a primeira vez que a China tem mais universidades no ranking do que os EUA. No entanto, a maioria das universidades dos EUA aparece na metade superior do ranking, incluindo oito das 10 melhores. A classificação da Universidade Tsinghua subiu três lugares indo para o 23º, tornando-a a universidade mais bem classificada da Ásia. Já a Universidade de Pequim, subiu do 45º para o 39º lugar. Entre as 10 melhores escolas de inteligência artificial, cinco eram da China, incluindo a Universidade Tsinghua. A Universidade Carnegie Mellon ficou em 12º lugar no sector, sendo a melhor universidade dos EUA para pesquisa de IA. De acordo com o Ranking de Educação Universitária Mundial da Times de 2023, sete universidades chinesas foram classificadas entre as 100 melhores do mundo, contra seis no ano passado. A Universidade Tsinghua e a Universidade de Pequim ficaram em 16º e 17º, respectivamente. As outras cinco foram a Universidade Fudan, a Universidade Jiao Tong de Shanghai, a Universidade de Zhejiang, a Universidade de Ciência e Tecnologia da China e a Universidade de Nanjing.
Hoje Macau China / ÁsiaImobiliário | Medidas de apoio para construtoras em crise na China O plano com 16 medidas visa dar um novo estímulo ao sector atingido por uma grave crise de liquidez. O anúncio já teve efeito na bolsa de valores de Hong Kong que cresceu 3 por cento na abertura, animada com fortes ganhos das imobiliárias A China anunciou ontem medidas para impulsionar o sector imobiliário, considerado crucial para a economia chinesa, mas abalado por uma crise de liquidez, depois de as autoridades terem restringido o acesso ao crédito. As autoridades estabeleceram 16 medidas para estimular o sector, incluindo directrizes do banco central e do regulador bancário e de seguros, que visam garantir maior acesso ao crédito para ajudar os construtores mais endividados a concluir projectos inacabados. Devido à falta de liquidez, alguns grupos suspenderam os trabalhos de construção de milhares de condomínios em todo o país. Em protesto, um número crescente de proprietários que adquiriu os imóveis em regime pré-venda recusou pagar as prestações mensais, ameaçando agravar a crise. As medidas divulgadas por Pequim “garantem” a conclusão dos imóveis e direccionam os bancos a conceder “empréstimos especiais” para atingir esse fim, segundo uma directiva citada ontem pela imprensa chinesa. Essa decisão reflecte uma “viragem” na postura das autoridades, desde que em 2020 decidiram restringir o acesso das construtoras ao crédito, de acordo com o economista Ting Lu, do banco japonês Nomura. “Estas medidas mostram que Pequim está pronta para reverter a maioria das suas decisões”, afirmou Lu, num relatório. A notícia fez com que a Bolsa de Valores de Hong Kong subisse ontem mais de 3% na abertura, com destaque para os fortes ganhos das imobiliárias. Sem liquidez O país registou um ‘boom’ no sector imobiliário, desde a liberalização do mercado, em 1998, num país onde a aquisição de propriedade é um pré-requisito para casar e o principal veículo de investimento das classes abastadas do país. Mas os reguladores passaram a exigir, em 2020, um tecto de 70 por cento na relação entre passivos e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector. Desde então, o acesso ao crédito pelas construtoras encolheu consideravelmente, enquanto a procura por imóveis afundou na China, face a uma desaceleração económica e à incerteza criada pelas medidas de prevenção contra a covid-19. Várias construtoras chinesas entraram em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada. Diferentes analistas estimam existir na China propriedades vazias suficientes para abrigar mais de 90 milhões de pessoas – cerca de nove vezes a população portuguesa. Em muitos casos, as casas são mantidas vazias pelos proprietários, por serem assim mais fáceis de vender a um próximo especulador. A crise no imobiliário tem assim fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o sector concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70 por cento, segundo diferentes estimativas. Algum alívio Também na sexta-feira passada, a China anunciou o relaxamento de várias medidas de prevenção epidémica que penalizaram fortemente a economia, incluindo a redução do período de quarentena para chegadas internacionais. O país asiático é a última grande economia a manter uma política de tolerância zero ao novo coronavírus. Esta estratégia, designada ‘zero covid’, inclui o isolamento de bairros, distritos ou cidades inteiras e o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contactos directos em instalações designadas. Esta política tem implicações significativas para as cadeias de fornecimento globais e o consumo doméstico.
Hoje Macau China / Ásia MancheteG20 | Reunião entre Xi Jinping e Joe Biden antecede cimeira Xi Jinping e Joe Biden abriram ontem a sua primeira reunião presencial desde que o Presidente dos EUA assumiu o cargo, há quase dois anos, com um aperto de mão, num hotel de luxo, na Indonésia, onde vão participar na cimeira do G20, que reúne os líderes dos países mais desenvolvidos e das principais potências emergentes. O Presidente chinês disse, durante a reunião com o seu homólogo americano que, “como líderes de dois grandes países, precisam de definir o rumo certo para os laços bilaterais”. “Desde o contacto inicial e o estabelecimento de relações diplomáticas até hoje, a China e os Estados Unidos passaram por mais de 50 anos movimentados, com ganhos e perdas, assim como experiência e lições”, disse Xi. “Notando que a história é o melhor livro de texto, o presidente chinês disse que os dois lados deveriam tomá-lo como um espelho e deixá-lo guiar o futuro. Actualmente, o estado das relações China-EUA não é do interesse fundamental dos dois países e do seu povo”, afirmou Xi, acrescentando que “também não é o que a comunidade internacional espera dos dois países”. “Como líderes de dois grandes países os dois presidentes precisam de desempenhar o papel de liderança, estabelecer o rumo certo para as relações China-EUA e colocá-lo numa trajectória ascendente. Um estadista deve pensar e saber onde liderar o seu país. Deve também pensar e saber como se dar bem com outros países e com o mundo em geral”, explicou a Biden. Desafios sem precedentes Sublinhando que neste tempo e época, grandes mudanças estão a desenrolar-se de formas como nunca antes, Xi disse que “a humanidade está confrontada com desafios sem precedentes. O mundo chegou a uma encruzilhada. Para onde ir a partir daqui? Esta é uma questão que não está apenas na nossa mente, mas também na mente de todos os países. O mundo espera que a China e os Estados Unidos lidem adequadamente com a sua relação”. Notando que o seu encontro com Biden atraiu a atenção do mundo, Xi disse ainda que os dois lados deveriam trabalhar com todos os países para trazer mais esperança à paz mundial, maior confiança na estabilidade global, e um ímpeto mais forte ao desenvolvimento comum. Para isso, Xi disse que “está pronto a ter uma troca de pontos de vista franca e aprofundada com Biden sobre questões de importância estratégica nas relações China-EUA e sobre grandes questões globais e regionais, acrescentando que também espera trabalhar com Biden para trazer as relações China-EUA de volta ao caminho de um crescimento saudável e estável em benefício dos nossos dois países e do mundo como um todo”. Por seu lado, Joe Biden pediu ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, que “encontre formas de trabalharem juntos no sentido de impedir que a rivalidade entre as duas potências se transforme em conflito”. “As nossas duas nações compartilham a responsabilidade de administrar as suas diferenças, devemos evitar que a competição se torne em conflito. Devemos encontrar formas de trabalhar juntos em questões globais urgentes, que exigem a nossa cooperação”, disse Biden. Conversas prévias Antes da reunião, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning tinha dito que a China estava empenhada na coexistência pacífica, mas que defenderia firmemente os seus interesses de soberania, segurança e desenvolvimento. “É importante que os EUA trabalhem em conjunto com a China para gerir adequadamente as diferenças, avançar na cooperação mutuamente benéfica, evitar mal-entendidos e erros de cálculo, e trazer as relações entre a China e os EUA de volta ao caminho certo de um desenvolvimento sólido e estável”, disse Mao Ning em Pequim. Os funcionários da Casa Branca e os seus homólogos chineses passaram semanas a negociar os pormenores da reunião, que se realizou no hotel de Xi com tradutores que forneceram interpretação simultânea através de auscultadores. Os funcionários norte-americanos estavam ansiosos por ver como Xi se aproximava do Biden depois de consolidar a sua posição como líder inquestionável do Estado, dizendo que esperariam para avaliar se isso o tornava mais ou menos provável para procurar áreas de cooperação com os Estados Unidos. Biden e Xi trouxeram pequenas delegações para a discussão. Os funcionários norte-americanos esperavam que Xi trouxesse novos altos funcionários governamentais e expressaram a esperança de que isso pudesse conduzir a compromissos mais substantivos ao longo da linha. As muletas de Biden A delegação de Biden incluiu dois funcionários a nível de gabinete – uma relativa raridade para reuniões bilaterais que é um reflexo da importância que a administração está a atribuir à reunião. O Secretário de Estado Antony Blinken e a Secretária do Tesouro Janet Yellen sentaram-se aos dois lados de Biden, enquanto o grupo tomava os seus lugares em frente à delegação chinesa. Blinken tem sido uma figura de proa que moldou a actual política dos EUA em relação à China, apresentando a abordagem da administração num discurso há muito esperado em Maio, que chamou a Pequim o “mais sério desafio a longo prazo para a ordem internacional”. Yellen tem repetidamente adoptado uma linha dura sobre a necessidade de reduzir a dependência dos EUA das cadeias de abastecimento chinesas, mas expressou interesse em compromissos mais concentrados – incluindo sobre o impacto das políticas dos EUA e da China na economia global – durante os comentários aos repórteres no início do dia. Também à mesa estava o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, que se encontrou com o diplomata de topo da China Yang Jiechi numa reunião chave em Junho no Luxemburgo e também se juntou à reunião notoriamente controversa entre funcionários norte-americanos e chineses no Alasca ao lado de Blinken em Março de 2021. A delegação de Biden incluiu também uma série de funcionários focados na Ásia, incluindo o Embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, e o Secretário de Estado Adjunto para os Assuntos da Ásia Oriental e Pacífico, Daniel Kritenbrink. Além disso, quatro funcionários do Conselho de Segurança Nacional centrados na Ásia e na China estiveram também presentes nas conversações, de acordo com uma lista fornecida pela Casa Branca. Os dois homens têm uma história que data do serviço de Biden como vice-presidente do seu país. O presidente dos EUA enfatizou que conhece bem Xi e quer utilizar a reunião para compreender melhor a sua posição. ASEAN | Uma noiva, dois pretendentes O Presidente dos EUA Joe Biden, durante a sua reunião no sábado com líderes dos membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), não poupou esforços para cortejar estes países, incluindo a elevação dos laços com o bloco a uma parceria estratégica abrangente e prometendo um pedido orçamental de 850 milhões de dólares em assistência aos países regionais. “Isto [a elevação dos laços] parece mais um acto simbólico. Os EUA estão a jogar o jogo da recuperação com a China”, disse Koh King Kee, presidente do Center for New Inclusive Asia, um think tank não governamental da Malásia. “Os EUA costumavam cultivar laços bilaterais com os países do sudeste asiático, a actualização dos laços com todo o bloco e a duplicação da centralidade da ASEAN revelaram que Washington deseja agora que todo o bloco possa desempenhar um papel central, para contrariar o que os EUA acreditam ser a crescente influência da China nesta região”, Chen Xiangmiao, um investigador assistente do Instituto Nacional para Estudos do Mar do Sul da China. Joe Biden tinha anunciado um pacote de desenvolvimento e segurança de 150 milhões de dólares para a ASEAN na Cimeira Especial EUA-ASEAN de 2022, realizada em Maio, tentando responder aos 1,5 mil milhões de dólares que a China prometeu aos membros da ASEAN em Novembro de 2021 para alimentar a recuperação económica e combater a pandemia da COVID-19. Já o primeiro-ministro chinês Li Keqiang participou na sexta-feira passada na 25ª Cimeira China-ASEAN, durante a qual apelou ao reforço da cooperação com os membros da ASEAN, e à manutenção conjunta da paz e estabilidade regionais, informou a Xinhua. Li disse que “a China e a ASEAN são parceiros estratégicos abrangentes com um futuro comum, e que se mantiveram unidos durante todo o processo de consolidação da paz e estabilidade regional. Tomar partido não deve ser a nossa escolha. A abertura e a cooperação são o caminho viável para enfrentar os nossos desafios comuns”. A diferença fundamental entre a cooperação da China e dos EUA com a ASEAN é que o objectivo da China é alcançar uma ASEAN verdadeiramente próspera e pacífica. Além disso, a China não interfere nos assuntos internos dos membros da ASEAN. Em contraste, as políticas para a ASEAN dos EUA, ao enfatizarem a centralidade do bloco, estão na realidade centradas em torno de si, uma vez que Washington apenas quer que o bloco sirva de peão para contrariar a China, e para cumprir o seu próprio objectivo hegemónico, disse Chen Xiangmiao. “A presença da China no Sudeste Asiático é basicamente económica, a China e as economias da ASEAN têm maiores complementaridades económicas. Para os EUA, o seu interesse na ASEAN é geopolítico e não económico”, disse Koh. O valor do comércio Chinês-ASEAN subiu 28% para 878 mil milhões de dólares em 2021. Isso é quase o dobro dos 441 mil milhões de dólares no comércio total entre os EUA e o bloco ASEAN no ano passado. Embora Biden tenha feito promessas aos membros da ASEAN, as políticas dos EUA nesta região ainda estão a ser testadas, uma vez que a melhoria dos laços comerciais EUA-ASEAN foi atrofiada pela iniciativa do antigo presidente Donald Trump de sair do agrupamento regional de comércio da Parceria Trans-Pacífico em 2017, e ele só fez uma breve aparição numa reunião da ASEAN – em 2017, ano em que tomou posse. Em toda a região, há um cepticismo crescente sobre se as eleições de 2024 poderão trazer um presidente que não quer seguir o exemplo de Biden, disse recentemente Scot Marciel, um antigo secretário adjunto principal para a Ásia Oriental e o Pacífico no Departamento de Estado norte-americano, ao Politico dos media. Chen acredita que independentemente do partido que vencer as eleições americanas em dois anos, enquanto Washington continuar a ver Pequim como o seu némesis, continuará a cortejar a ASEAN e a tentar cotovelar o bloco para a linha da frente da luta contra a China na região. “No entanto, um presidente republicano pode procurar restringir a cooperação e assistência económica dos EUA a esta região, à semelhança do que Trump fez durante o seu mandato”, disse Chen. Chen advertiu que o facto de se fixar em se opor à China na região só afastará o bloco de Washington, uma vez que esta região tem manifestado repetidamente que não quer ser apanhada no meio da rivalidade Pequim-Washington.
Hoje Macau China / ÁsiaNegada fiança a português acusado de sedição em Hong Kong Um tribunal de Hong Kong negou pela segunda vez fiança a um cidadão português de 40 anos, detido por suspeitas do crime de sedição, avançou a imprensa da região. Segundo notícias divulgadas no sábado, um juiz negou o pedido de fiança, apresentado directamente pelo suspeito, numa sessão realizada na sexta-feira. O suspeito, que já tinha visto o mesmo tribunal negar-lhe fiança a 4 de Novembro, não esteve presente na sessão, dispensou o advogado de defesa e disse ao tribunal não precisar de um advogado oficioso. O homem, professor no Royal College of Music no Reino Unido, disse ainda não ter intenção de pedir novamente fiança após oito dias, pelo que ficará detido de forma preventiva até ao julgamento, marcado para 26 de Janeiro do próximo ano. A sessão contou com a presença de representantes da Delegação da União Europeia em Hong Kong. O cidadão português foi acusado ao abrigo de uma da era colonial britânica. As autoridades de Hong Kong acusam o homem de “trazer ódio e desprezo” e “estimular o descontentamento” contra o governo, promover a “desobediência” civil e “incitar à violência” através de publicações em redes sociais feitas entre 9 de Outubro e 1 de Novembro. Em resposta enviada à Lusa a 4 de novembro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português disse ter “conhecimento da detenção de um cidadão portador de passaporte português em Hong Kong”. “De momento, o MNE, através do consulado-geral de Portugal em Macau, está a diligenciar junto das autoridades de Hong Kong para apurar mais elementos sobre este caso, bem como informar em conformidade a família, da qual foi recebido contacto”, referem as autoridades portuguesas.
Hoje Macau China / ÁsiaConfirmado encontro de Xi Jinping com Joe Biden O Presidente da China, Xi Jinping, vai participar na cimeira do G20 esta semana, em Bali, na Indonésia, onde se reunirá com o homólogo norte-americano, Joe Biden, confirmou na sexta-feira o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Xi vai reunir também, à margem da cimeira, com o Presidente francês, Emmanuel Macron, o líder argentino, Alberto Fernández, e com o senegalês Macky Sall. O também secretário-geral do Partido Comunista da China vai ainda participar na 29.ª reunião dos líderes da Cooperação Económica Ásia – Pacífico (APEC), em Banguecoque, e realizar uma visita oficial à Tailândia, entre os dias 17 e 19 de Novembro, acrescentou, em comunicado, a diplomacia chinesa. Embora a Casa Branca tenha anunciado, na quinta-feira, que os dois líderes se iam encontrar hoje, um dia antes do início da cimeira do G20, a China não tinha ainda confirmado a participação de Xi, nem o encontro com Biden. A Casa Branca garantiu que o Presidente norte-americano não fará concessões a Xi durante a reunião, reafirmando que não deseja conflitos, mas sim competir com o país asiático. As relações entre Pequim e Washington deterioraram-se rapidamente, nos últimos dois anos, marcadas por uma prolongada guerra comercial e tecnológica e divergências em questões de Direitos Humanos, soberania do Mar do Sul da China ou o estatuto de Taiwan e Hong Kong. Matéria sensível Biden garantiu que Taiwan vai ser um tema a abordar na conversa com o líder chinês. Um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse na passada quinta-feira que a “China está pronta para a coexistência pacífica com os Estados Unidos e um relacionamento baseado no respeito mútuo e na cooperação”, acrescentando que, ao mesmo tempo, defenderá a sua “soberania, segurança e interesses de desenvolvimento”. “É importante que lidemos adequadamente com as diferenças para evitar mal-entendidos e erros de cálculo”, acrescentou. Biden e Xi partilham um longo relacionamento pessoal: os dois conheceram-se há mais de uma década quando eram vice-presidentes e reuniram-se várias vezes. O encontro desta semana será, no entanto, a primeira vez que se reúnem de forma presencial na posição de chefes de Estado, embora tenham realizado duas reuniões por vídeo-conferência no ano passado.
Hoje Macau China / ÁsiaGuangzhou confina cinco milhões de pessoas após aumento de casos O aumento no número de casos de covid-19 resultou no bloqueio parcial de Guangzhou, uma das maiores cidades da China e importante centro industrial, agravando a pressão sobre as cadeias de fornecimento globais. Residentes em distritos que abrangem quase cinco milhões de pessoas devem permanecer em casa pelo menos até domingo, com um membro de cada família autorizado a sair uma vez por dia para comprar bens de primeira necessidade, disseram ontem as autoridades. A decisão surge depois de a capital da província de Guangdong, de 13 milhões de habitantes, ter registado mais de 2.500 novos casos entre quarta e quinta-feira. Muitas escolas em toda a cidade estão a dar aulas via ‘online’ e os estudantes universitários foram impedidos de entrar ou sair dos ‘campus’. O transporte público foi suspenso e as aulas foram interrompidas em grande parte da cidade. Os voos para Pequim e outras grandes cidades do país foram também cancelados, segundo a imprensa estatal. Um passo atrás No total, a China registou 8.824 novos casos entre quarta e quinta-feira, o valor mais elevado desde o final de Abril. Embora este número seja baixo, considerando que a China tem 1,4 mil milhões de habitantes, a escala geográfica do surto constitui um desafio para a estratégia dos ‘zero casos’. Todas as 31 regiões de nível provincial da China relataram novas infecções, nos últimos dias. Para além de Guangdong, no sudeste, também a província central de Henan e a região autónoma da Mongólia Interior diagnosticaram mais de mil casos entre quarta e quinta-feira. Outras áreas do país relataram várias centenas de novos casos. A Organização Mundial da Saúde disse, em Maio passado, que a abordagem extrema da China para conter a covid-19 é “insustentável”, devido à natureza altamente infecciosa da variante Ómicron. Pequim recusou, no entanto, aprovar a importação de vacinas estrangeiras de RNA mensageiro no continente, já permitida nas regiões administrativas especiais chinesas de Macau e Hong Kong desde o início da pandemia. A taxa de vacinação entre os idosos com inoculações domésticas, menos eficazes na prevenção de morte e doença grave, é de apenas 86 por cento, segundo dados oficiais.
Hoje Macau China / ÁsiaSudeste Asiático | Líderes em maratona diplomática com agenda global O Sudeste Asiático vai acolher vários líderes mundiais a partir de hoje, numa maratona diplomática com uma agenda que engloba temas como a guerra na Ucrânia, a rivalidade EUA-China, Coreia do Norte, Myanmar ou a insegurança alimentar. A primeira etapa será na capital do Camboja, Phnom Penh, onde se realiza a cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês) e diversas reuniões bilaterais, entre esta sexta-feira e domingo. Segue-se a cimeira do grupo das economias mais desenvolvidas (G20), na ilha indonésia de Bali, na terça e na quarta-feira (15 e 16), e uma reunião da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), em Banguecoque, até 19. Em Phnom Penh, estarão, entre outros, o secretário-geral da ONU, António Guterres, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, em representação do líder Xi Jinping. A Rússia vai enviar o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, a Phnom Penh, onde já está o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba. O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deverá discursar na ASEAN por videoconferência, após ter sido convidado pelo primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, anfitrião da cimeira. Kuleba vai assinar em Phnom Penh um tratado que formalizará as relações diplomáticas de Kiev com a ASEAN e que constitui o mecanismo prévio para a Ucrânia ter um estatuto de parceiro de diálogo do bloco regional. Águas tremidas A ASEAN, fundada em 1967, integra actualmente 10 países: Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar (antiga Birmânia), Singapura, Tailândia e Vietname. A ASEAN vai também realizar encontros bilaterais com vários parceiros, incluindo ONU, China, Japão, Canadá, Coreia do Sul e Estados Unidos, motivo para a presença de Biden em Phnom Penh no fim de semana, numa altura de crescentes tensões entre Washington e Pequim. Um alto funcionário da administração norte-americana citado pela agência francesa AFP disse que Biden vai salientar a importância da paz na região, incluindo Taiwan, e o respeito pela “ordem internacional baseada em regras”. Pequim e Washington disputam a influência no mundo e o Sudeste Asiático tem tentado manter boas relações com ambos por serem indispensáveis para o desenvolvimento económico da região e dos seus mais de 660 milhões de habitantes. Acabado de garantir um histórico terceiro mandato consecutivo, Xi Jinping tem recebido uma série de líderes internacionais em Pequim, incluindo o chanceler alemão, Olaf Scholz. Xi é esperado na cimeira do G20, em Bali, onde poderá ocorrer o seu primeiro encontro presencial com Biden, depois de reuniões anteriores por videoconferência. Já o receio crescente de um teste nuclear da Coreia do Norte, deverá motivar encontros de Biden com o seu homólogo sul-coreano, Yoon Suk-yeol, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, à margem das cimeiras da ASEAN ou do G20, segundo a imprensa japonesa. Na agenda da ASEAN estará também Myanmar, que continua a embaraçar a ASEAN, que não conseguiu ainda negociar uma saída para a crise com o seu Estado-membro desde o golpe de Estado de Fevereiro de 2021. A ASEAN e Myanmar têm-se culpado mutuamente pela falta de progresso nas conversações e a única sanção significativa, até agora, é precisamente a ausência do líder da junta militar birmanesa, Min Aung Hlaing, da cimeira de Phnom Penh, por decisão dos seus pares.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão e EUA em exercícios militares conjuntos de armas O Japão e os Estados Unidos iniciaram ontem um grande exercício militar conjunto no sudoeste do Japão, uma região parcialmente reivindicada pela China, e após a Coreia da Norte ter lançado dezenas de mísseis. Os exercícios bienais “Keen Sword” começaram numa base aérea japonesa no sul do Japão e também serão realizados em vários outros locais, dentro e ao largo do Japão, até 19 de Novembro. Cerca de 26 mil soldados japoneses e 10 mil americanos, bem como 30 navios e 370 aeronaves de ambos os lados, devem participar nos exercícios, segundo o Ministério da Defesa japonês. Austrália, Grã-Bretanha e Canadá também se juntarão a partes dos exercícios, acrescentou. Exercícios de campo conjuntos, que incluem aterragem anfíbia, estão planeados em ilhas remotas do sudoeste do Japão, incluindo Tokunoshima, Amami e Tsutarajima. A China reivindica praticamente todo o mar do Sul da China, onde já construiu ilhas artificiais equipadas com instalações militares e aeródromos. Pequim também reivindica uma série de ilhas que são controladas pelo Japão no mar da China Oriental. Risco de segurança O exercício conjunto ocorre após a Coreia do Norte ter disparado pelo menos 34 mísseis desde 2 de Novembro, o último dos quais na quarta-feira, em direcção ao mar do Japão. A 3 de Novembro, o regime de Pyongyang disparou três mísseis balísticos, um dos quais activou alertas em várias regiões do Japão, apesar de aparentemente não ter sobrevoado o arquipélago devido a uma falha em pleno voo. O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, citando o agravamento da segurança na região, prometeu aumentar substancialmente a capacidade militar do país e possivelmente permitir a capacidade de ataque preventivo para atacar locais de lançamento de mísseis inimigos. Estes planos devem ser incluídos numa estratégia de segurança nacional revista e em directrizes de defesa de médio a longo prazo, cuja divulgação é esperada ainda este ano.
Andreia Sofia Silva China / Ásia“À China não interessa o conflito” O historiador e presidente do Observatório da China lança, em breve, o livro “China na Nova Era: o papel vital da China na contribuição da resolução dos desafios do século XXI em prol do restabelecimento da paz”, que analisa também os desígnios saídos do último congresso do Partido Comunista Chinês. Rui Lourido elogia a política de zero casos covid e diz que o país não está interessado em invadir militarmente Taiwan O livro “China in the New Era: China’s vital role contributing to solve the challenge of XXI Century to re-establish the peace” [China na Nova Era: o papel vital da China na contribuição da resolução dos desafios do século XXI em prol do restabelecimento da paz] sai em breve e nasce de um convite da Academia das Ciências Sociais da China. Quais os passos para dar corpo a este projecto? É um livro que tenta reflectir sobre que conquistas são válidas e com que impacto para a China e o Ocidente e qual o papel do Partido Comunista Chinês (PCC) na condução desta grande nação. É uma obra com cinco capítulos e surge no âmbito da realização do XX Congresso do PCC. A Academia convidou vários investigadores internacionais para que dessem a sua perspectiva sobre a China. O primeiro capítulo reflecte sobre o regime político democrático chinês e o seu respeito pelos direitos humanos, e o papel da China. E que papel é esse? O facto de a China ter colocado os interesses da população no centro da acção política do próprio Governo permitiu este sucesso na eliminação da pobreza que foi conseguido em Dezembro de 2020, quando se ultrapassaram os 800 milhões de pessoas retiradas da pobreza extrema. No segundo capítulo, faço uma reflexão sobre o desenvolvimento económico e social da China e as contradições para a comunidade internacional decorrentes destas conquistas do país que são a vários níveis. Em que sentido? Nós, no Ocidente, damos conta dos avanços que a China fez na sua sociedade e do facto de ter contribuído com mais de 30 por cento para o desenvolvimento económico mundial. Há também um desenvolvimento científico no país. O facto de a educação e a população terem sido colocados no centro da orientação política leva a que possamos passar a um terceiro capítulo que pretende explicar a luta contra a pandemia, que é muito mal-entendida no Ocidente. A China foi pioneira na descodificação do DNA do vírus SARS-Cov-2 e na divulgação imediata desses resultados junto da comunidade internacional. Isso permitiu que os laboratórios do Ocidente rapidamente pudessem desenvolver vacinas. Temos depois um quarto capítulo sobre a integração de minorias étnicas, como o Tibete ou o Xinjiang, e o conceito “um país, dois sistemas” que tem permitido trazer a Macau e a Hong Kong uma participação no desenvolvimento económico da China muitíssimo substancial e com grandes privilégios para todo o comércio, que se pode integrar na Grande Baía. Temos ainda o lado educativo, pois a Universidade de Macau já está também na área da Grande Baía. Esta abertura à China vai permitir estabilizar as questões de Hong Kong. Como? A juventude pode agora comprar casas a um preço muitíssimo mais barato mesmo nas tradicionais fronteiras de Hong Kong e isso é uma válvula de escape muito grande, pois sabemos que Macau e Hong Kong não têm mais espaço para uma expansão urbana. Falo também da situação de Taiwan e dessas relações antigas e históricas com Xinjiang e Tibete. Em relação ao último capítulo falo das relações internacionais da China e as propostas para a paz, sendo essa uma pré-condição para a inclusão de todos os países, sejam eles sub-desenvolvidos, em desenvolvimento ou desenvolvidos. O projecto “uma faixa, uma rota” é, também ele, de dimensão global e tem permitido o desenvolvimento dos países onde se tem inserido. Há ainda outra plataforma fundamental para a China que é os BRIC’s. [Brasil, Rússia, Índia e China]. Aborda também no livro a relação da China com Portugal e os restantes países lusófonos. Sim. A nossa parceria estratégica com a China tem de ser preservada a todo o custo. Temos mais de 500 anos de relacionamento com Macau e Portugal tem, de forma muito inteligente, de continuar com os seus aliados, como os EUA e a Grã-Bretanha, mas não pode alienar o património histórico com a China, um país que sempre tratou Portugal de forma correcta, tendo em conta os interesses em comum. Voltando atrás. Como é que o seu livro defende que existe uma democracia na China? Sem dúvida nenhuma que há uma democracia na China. Não existe um tipo único de democracia no mundo, porque a democracia que é seguida nos EUA é uma democracia tal como aquela que existe na China, que é popular com características socialistas chinesas, baseada em duas organizações principais na cúpula do Estado, que é o parlamento chinês, a Assembleia Popular Nacional, com oito partidos diferentes do PCC. Estes comprometeram-se com o PCC a encabeçar o desenvolvimento da China. São partidos que têm uma voz própria e têm cerca de 900 deputados num todo em representação das várias classes sociais e grupos económicos e sociais. Todas as regiões autónomas, bem como Macau e Hong Kong, têm a sua voz representada no parlamento. Na APN existe uma participação cívica da população com eleições directas e representativas. Terminou recentemente o XX Congresso do PCC. Tem existido alguma evolução no sistema político chinês nos últimos anos? A grande alteração é a implantação da RPC em 1949 e a capacidade que a China teve, depois com Deng Xiaoping, de se abrir ao mundo, e encetar um processo de 150 anos de tratados desiguais e de um roubo imenso ao património chinês que foi feito ao longo desses anos. Essa aceleração trouxe um enorme desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida à população chinesa, que é depois acelerada pelas propostas de Xi Jinping, em 2013, com a nova rota da seda. A China é hoje o principal cliente do Brasil e de alguns países sul-americanos e isso tem contribuído para o desenvolvimento desses países, porque existe sempre uma perspectiva win-win [de ganhos mútuos]. Para mim, Xi Jinping consegue, neste mundo em convulsão, uma grande evolução, que foi a retirada de milhões de chineses da pobreza extrema. Só em oito anos ele tirou 100 milhões de pessoas da pobreza extrema e uma evolução histórica desta dimensão não aconteceu em nenhum outro país do mundo. Essa é a primeira grande conquista da China. A segunda é a modernização do país de uma forma sustentável nas áreas científica, sócio-económica e ao nível ambiental. Há também o desenvolvimento político, pois o PCC tem-se sabido renovar com jovens. Em relação à pandemia, a China foi o país que melhor a combateu, uma vez que todos os outros países têm mais casos e mortes. Mas a política de zero casos covid tem sido contestada pela comunidade científica internacional e pela própria Organização Mundial de Saúde. Sou português e europeu. Como historiador consigo verificar os resultados de ambas as políticas. Do ponto de vista humano, prefiro que um país preserve a vida dos seus cidadãos. A China atingiu, ao longo destes anos, atingiu a fasquia de poucos milhares de mortos, enquanto nos EUA atingiu-se a fasquia de um milhão de mortos. Para a própria população é preferível estar mais atento e ter uma política contra a covid-19 mais severa. Para a China tem sido bom do ponto de vista do apoio popular. E do ponto de vista económico? Como têm tido um enorme desenvolvimento económico, eles conseguiram retirar das zonas mais ricas, como Cantão, Xangai e Pequim, as suas mais valias e financiar as regiões mais pobres. São as vantagens de um sistema planificado e centralizado. Penso que tem resultado. Em relação a Taiwan, a tensão com a China parece ter voltado a subir de tom. A questão com Taiwan é simples. A China é um dos países com maior antiguidade em matéria de navegação e desde esses tempos que a presença chinesa mercantil é imensa. Isso permitiu a ligação entre o país e as ilhas do mar do sul da China. Depois houve movimentos migratórios para países como a Indonésia ou Filipinas. Com Taiwan, essa tradição marítima vem de há muito tempo. Com a dinastia Ching, Taiwan foi invadida pelos japoneses que derrotaram o exército chinês. Tal levou a China a apoiar os aliados. Por isso se chama “o aliado esquecido à China”, porque o Ocidente nunca fala no esforço imenso que a China fez, mesmo do ponto de vista humano, na luta contra os japoneses. [Essa resposta da China] permitiu que os japoneses não se expandissem mais para o Ocidente, que prometeu a devolução à China de Taiwan e não cumpriu a sua promessa, pelo que teve de acontecer, mais tarde, essa reconquista. Ainda na dinastia Ching, o próprio território da ilha de Taiwan passou a ser considerado como estando na dependência da província de Fujian. Na dinastia Ching, 50 anos depois, ela passa a ser mesmo uma província directamente dependente do Governo Central. Taiwan é território chinês sem qualquer dúvida. Uma parte do partido Kuomitang abriga-se em Taiwan e essa guerra civil continua com este conflito. Não aceitaram a derrota e declararam-se com uma administração autónoma. É abusivo e perigoso o que os EUA estão a fazer, com a venda de armas ofensivas a Taiwan. Mas essa é uma tentativa de desestabilizar a China e impedir o seu desenvolvimento harmonioso. Que ilações tiramos deste XX Congresso? A China mostra que é necessário respeitar a soberania territorial de todos os países e defender a não ingerência nos assuntos internos, além de que se dever respeitar as escolhas dos vários países nas suas vias de desenvolvimento e os sistemas sociais, sempre mantendo os propósitos da Carta da ONU. Afasta-se a mentalidade de Guerra Fria, a oposição ao multilateralismo e dizer não à política de criação de blocos geopolíticos. Estas propostas do XX Congresso são fundamentais para a tal ideia da criação de um futuro partilhado para a humanidade, com a estabilização económica. O poder de Xi Jinping sai reforçado neste congresso. Qual será o futuro do país? O trabalho do partido e do Estado em prol do desenvolvimento económico, e o combate à pandemia, mostrou à população chinesa a capacidade de resolução de problemas que afectaram o mundo como um todo, mas de onde a China se saiu bem e melhor graças à sua organização interna. Esta organização é apoiada pelo PCC e sai reforçada. Se não houver provocações mais graves com Taiwan da parte dos EUA… pois à China não interessa o conflito. Do ponto de vista pragmático e da defesa da Carta da ONU, veremos uma China activa no mundo. A China é hoje considerada pelo Ocidente como uma ameaça, o que não tem lógica para o desenvolvimento da Europa.
Hoje Macau China / ÁsiaPresidente da Fosun desce 35 lugares no ranking dos milionários Com uma fortuna agora avaliada em cerca de 5,5 mil milhões de euros, Guo Guangchang, patrão de várias empresas em Portugal teve um ano desastroso, à semelhança de muitos dos seus “colegas” multimilionários O presidente do grupo Fosun, Guo Guangchang, que detém várias empresas em Portugal, caiu 35 lugares na lista dos mais ricos da China, para a 126.ª posição, no pior ano para os multimilionários do país desde 1998. A fortuna pessoal de Guo, 55 anos, fixou-se, em 2022, no equivalente a cerca de 5,5 mil milhões de euros, de acordo com a lista elaborada pela Hurun Report Inc, unidade de investigação sediada em Xangai e considerada a Forbes chinesa. A Fosun, que soma uma dívida equivalente a cerca de 38 mil milhões de euros, desfez-se já de milhares de milhões de euros em activos este ano, à medida que enfrenta crescentes dificuldades de financiamento nos mercados chinês e internacional. As acções da Fosun International Limited, a principal unidade do grupo cotada na Bolsa de Valores de Hong Kong, afundaram mais de 40 por cento, nos últimos 12 meses. A Fosun realizou, nos últimos dez anos, uma série de aquisições além-fronteiras, adquirindo em Portugal a seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30 por cento no banco Millennium BCP e mais de 5 por cento da REN – Redes Energéticas Nacionais. Segundo a lista da Hurun, difundida ontem, o número de multimilionários na China registou, em 2022, a maior queda em 24 anos, reflectindo o impacto da política de ‘zero casos’ de covid-19 e a crise no sector imobiliário. De acordo com este ‘ranking’, 1.305 pessoas na China têm agora uma fortuna estimada em pelo menos 5 mil milhões de yuans, uma queda de 11 por cento, em relação ao ano passado. A fortuna acumulada dos multimilionários chineses é equivalente a cerca de 3,5 biliões de euros, uma queda homóloga de 18 por cento, o que representa também a maior descida homóloga dos últimos 24 anos. O preço a pagar A China é um dos últimos países do mundo a manter rigorosas medidas de prevenção epidémica. Os repetidos bloqueios de bairros, distritos e cidades inteiras implicam uma interrupção das cadeias de produção e abastecimento e do comércio, travando a actividade económica. Os multimilionários chineses também sofreram no mercado de acções, face a uma campanha regulatória lançada por Pequim no sector da tecnologia, as incertezas ligadas à guerra na Ucrânia e a subida das taxas de juro pela Reserva Federal dos Estados Unidos. A fortuna pessoal de Yang Huiyan, que dirige o grupo imobiliário Country Garden Holding, registou a maior perda, no valor equivalente a 15,7 mil milhões de euros. O chinês mais rico continua a ser Zhong Shanshan, fundador da empresa de água engarrafada Nongfu Spring, que viu a sua fortuna aumentar em 17 por cento, para 65 mil milhões de euros. Quase 300 chineses que, no ano passado, estavam nesta lista, deixaram de estar. A maioria pertence ao sector imobiliário, que enfrenta uma crise de liquidez. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia chinesa cresça 3,2 por cento, este ano, o que seria o ritmo mais fraco das últimas quatro décadas, excluindo 2020, o ano em que a pandemia da covid-19 começou.
Hoje Macau China / Ásia MancheteChina reafirma o seu compromisso na luta contra as alterações climáticas A China reafirmou ontem o compromisso na luta contra as alterações climáticas. Mas há quem não esteja a cumprir, quer as metas, quer as promessas feitas aos países em vias de desenvolvimento, sobretudo no toca à protecção das florestas tropicais, parte fundamental da descarbonização do planeta. “A determinação da China em participar activamente no governo do clima mundial não vai recuar nem muito menos mudar”, declarou o enviado chinês, Xie Zhenhua, após a cimeira de líderes, realizada na 27.ª Conferência das Partes (COP27) da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), que decorre em Sharm el-Sheikh. O aumento da tensão entre EUA e China, os dois primeiros poluidores mundiais, criou receios quanto à dinâmica da luta contra o aquecimento global. Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, tinha-lhes apelado a que assumissem a sua “responsabilidade particular”. Xie referiu ainda as acções da China contra o aquecimento global, evocando a baixa contínua dos preços dos painéis solares, o seu lugar de primeiro construtor de veículos eléctricos ou a baixa de metade, desde 2005, da intensidade das emissões relacionadas com o produto interno bruto. Promessas por cumprir Mas Xie Zhenhua foi mais longe. “Os países desenvolvidos devem cumprir a sua promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares em financiamento climático o mais rapidamente possível e desenhar um roteiro para duplicar o fundo de adaptação”. “Face aos graves desafios colocados pelos frequentes acontecimentos climáticos extremos que têm causado grandes perdas em todos os continentes e pela emergência de crises energéticas e alimentares este ano, o multilateralismo, a solidariedade e a cooperação continuam a ser a única saída para a situação difícil, disse Xie. Para ele, o princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas e o mecanismo das contribuições determinadas a nível nacional continuam a ser a “escolha inevitável” para ultrapassar os desafios climáticos. Como o Acordo de Paris entrou na fase de plena implementação, “a COP27 tem a importante missão de manter o consenso sobre os princípios da UNFCCC e promover acções pragmáticas por todas as partes”, disse o enviado chinês. Notando que a China tem vindo a combater activamente as alterações climáticas com acções persistentes e pragmáticas, Xie disse que, após 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, “a determinação do país em seguir o caminho do desenvolvimento verde foi ainda mais reforçada”. “A firme determinação e posição da China em implementar os objectivos de atingir o pico do carbono e de conseguir a neutralização do carbono, e de participar activamente na governação climática global nunca mudará”, prometeu Xie. O enviado chinês manifestou a esperança de que a COP27 se concentre na implementação das promessas, ao mesmo tempo que exorta os países desenvolvidos a assumirem a liderança no exercício de esforços mais eficazes para reduzir as emissões de modo a alcançar a neutralização de carbono significativamente antes do prazo previsto, e alcançar resultados substanciais nas questões de adaptação e financiamento. Florestas em risco No pavilhão da Papua Nova Guiné, um enorme cartaz na parede dizia: “Precisamos de 100 mil milhões [de dólares americanos] anualmente para salvar as nossas florestas tropicais”. Kevin Conrad, director executivo da Coligação das Nações com Floresta Tropical, também director do pavilhão, disse que o slogan visa “escarnecer do fracasso dos países desenvolvidos em entregar os 100 mil milhões de dólares em financiamento climático prometidos aos países em desenvolvimento em 2009”. “Em 2022, ainda não entregaram”, disse Conrad. “O que estamos a tentar dizer é que 100 mil milhões de dólares não são suficientes apenas para proteger as florestas tropicais”. Precisamos de mais do que isso”. Conrad enfatizou a importância de proteger as florestas tropicais na batalha global contra o aquecimento global iminente. “Se perdermos as florestas tropicais, mesmo que paremos todas as emissões de carbono, continuamos a perder (a batalha climática)”, disse ele. “A China para nós é um bom exemplo dos tipos de investimento que precisam de ser feitos. A China está a mostrar esperança ao mundo”, disse Conrad, salientando a utilidade da China para a Coligação das Nações com Floresta Tropical, com o envio de peritos para a ajudar a proteger as florestas tropicais. A China espera que “os países desenvolvidos cumpram a sua promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares o mais rapidamente possível e desenhem um roteiro para duplicar o financiamento da adaptação a fim de reforçar a confiança mútua e a acção conjunta entre o Norte e o Sul”, disse Xie. Xie disse, para concluir, que “estamos dispostos a trabalhar com todas as partes para aderir ao multilateralismo, construir um sistema de governação climática global justo e razoável com uma cooperação vantajosa para todos, e dar um maior contributo para enfrentar os desafios colocados pelas alterações climáticas globais”. MNE traça quadro geral Também o Conselheiro de Estado Chinês e Ministro dos Negócios Estrangeiros Wang Yi afirmou que “China continuará a participar na cooperação internacional sobre alterações climáticas e dará contribuições positivas para o sucesso da 27ª sessão da Conferência das Partes (COP27) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC)”, quando se reuniu através de uma ligação vídeo com Csaba Korosi, presidente da 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU). Wang disse que a China iria prestar apoio e ajuda aos países em desenvolvimento dentro das suas maiores capacidades e dar contribuições positivas para o sucesso da COP27 que começou no domingo no Egipto. Como a China detém a presidência da 15ª reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre a Diversidade Biológica, conhecida como COP15, que tem início a 7 de Dezembro, Wang disse que a China iria trabalhar com as partes para organizar bem a segunda parte da COP15 e dela fazer um sucesso. O MNE chinês disse ainda que “a modernização chinesa procura a harmonia entre o homem e a natureza, e que a China continua empenhada em seguir um caminho verde, de baixo carbono e sustentável. A China está também pronta a reforçar o intercâmbio e a cooperação em matéria de recursos hídricos com outros países através da implementação da Iniciativa de Desenvolvimento Global”. Além disso, Wang disse que “tomaremos uma parte mais activa na reforma e desenvolvimento do sistema de governação global, praticaremos o conceito de governação global de consulta alargada, contribuição conjunta e benefícios partilhados, aderiremos ao verdadeiro multilateralismo, e aprofundaremos continuamente a cooperação com a ONU, e daremos maiores contribuições para a resposta da comunidade internacional aos desafios comuns”. Apoio total à ONU Sublinhando que a China apoia sempre a causa da ONU e o importante papel da AGNU, Wang disse que “face ao caos no mundo, a China defenderá firmemente o sistema internacional com a ONU no seu núcleo, a ordem internacional baseada no direito internacional, e as normas básicas das relações internacionais baseadas nos objectivos e princípios da Carta da ONU”. Face à corrente adversa da anti-globalização, a China defende a adesão à direcção certa da globalização económica, opõe-se à “construção de barreiras” e à “dissociação e quebra de cadeias”, salientou Wang. “A China está empenhada na construção de uma economia mundial aberta, e na promoção de um desenvolvimento global comum”, adiantou. “Face ao conflito da teoria das civilizações e da política de poder, a China apela à promoção dos valores comuns de toda a humanidade, respeitando a diversidade das civilizações mundiais, e transcendendo as barreiras civilizacionais através do intercâmbio entre civilizações, e transcendendo os conflitos civilizacionais através da aprendizagem mútua”. Por seu lado, Korosi expressou a expectativa de reforçar a cooperação com a China para fazer da COP27 um sucesso e ajudar os países vulneráveis a enfrentar os desafios no que diz respeito à utilização e gestão da água, além de reforçar a sua vontade de apoiar os esforços da China e de promover a segunda vaga de reuniões da COP15 para a obtenção de resultados positivos.
Hoje Macau China / ÁsiaGuterres criticado na Coreia do Norte por condenar lançamento de mísseis A Coreia do Norte lamentou ontem a condenação por parte do secretário-geral da ONU, António Guterres, dos recentes lançamentos de mísseis norte-coreanos e o pedido a Pyongyang que acabe com provocações e regresse ao diálogo. “Lamentamos profundamente que o secretário-geral da ONU tenha emitido uma declaração a criticar sem fundamento a RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do Norte] pela sua justa reacção de autodefesa ao lidar com as provocações militares dos EUA”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano. Guterres está a agir como um “porta-voz de Washington”, o que considera “deplorável”, uma vez que “a ONU é um órgão mundial baseado na justiça e na objectividade, portanto, não deve ser enviesada pelos interesses e visões de uma grande potência”, disse o ministério, num comunicado citado pela agência noticiosa oficial KCNA. Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU reiterou “os seus apelos à Coreia do Norte para que desista imediatamente de novos actos de provocação e cumpra integralmente as suas obrigações internacionais ao abrigo de todas as resoluções relevantes do Conselho de Segurança”, sublinhou Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres. De acordo com a declaração, o secretário-geral está “profundamente preocupado com a tensão na península coreana e inquieto com o aumento da retórica de confronto” e instou Pyongyang a dar “passos imediatos para retomar as negociações”. Todas as partes envolvidas, adiantou, devem promover um ambiente propício ao diálogo. Alerta máximo As declarações de Guterres surgiram um dia depois da Coreia do Norte ter lançado três mísseis balísticos, um dos quais activou alertas em várias regiões do Japão, apesar de aparentemente não ter sobrevoado o arquipélago devido a uma falha em pleno voo. A Coreia do Norte lançou mais de 20 mísseis em apenas dois dias, em resposta a exercícios militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, que deveriam terminar na sexta-feira, mas foram prolongados. Depois do anúncio da extensão dos exercícios por parte dos aliados, a Coreia do Norte disparou na quinta-feira cerca de 80 tiros de artilharia em direcção a uma “zona tampão” marítima da área de Kumkang, na província de Kangwon, na costa leste do país. Os disparos são “uma clara violação” do acordo inter-coreano de 2018, que estabeleceu essas “zonas tampão” para reduzir as tensões entre os dois lados, disse o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul. Na sexta-feira, o Japão anunciou que irá melhorar o sistema ‘J-Alert’, de alerta à população sobre emergências como mísseis ou sismos, após os últimos lançamentos de mísseis da Coreia do Norte. O porta-voz do governo japonês, Hirokazu Matsuno, fez o anúncio, na sequência de críticas recentes contra o sistema de alerta civil, alegadamente lento a responder ao lançamento da Coreia do Norte.
Hoje Macau China / ÁsiaInvestimentos chineses viram-se para agricultura e infraestrutura digital A Fitch Solutions considera que a China vai continuar a ser o maior parceiro comercial da África subsaariana, mas a aposta será feita em projectos mais pequenos, nas áreas da agricultura e das infraestruturas digitais. “Acreditamos que o investimento da China continental na África subsaariana vai continuar significativo nos próximos anos”, escrevem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, salientando que “apesar de a China continuar a ser um parceiro fundamental para a maior parte dos países africanos, a natureza do investimento no continente vai mudar”. Numa análise ao investimento da China no continente, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Solutions escreve que “as recentes promessas dos líderes do G7 mostram promessas de investimento de 200 mil milhões de dólares dos Estados Unidos e 300 mil milhões de euros da União Europeia contrastam com os 709 mil milhões de dólares já em utilização ao abrigo da iniciativa chinesa da nova Rota da Seda”. Citando dados do Centro Global para o Desenvolvimento, um instituto de pesquisa norte-americano, a Fitch Solutions lembra que as instituições financeiras chinesas representaram 71,9 por cento do total de financiamento às infraestruturas da região entre 2007 e 2020, o que compara com um financiamento de 5,9 por cento dos Estados Unidos de 7,5 por cento do Japão no mesmo período. “O financiamento chinês tem sido canalizado para grandes projectos desde a construção da linha férrea entre a Tanzânia e a Zâmbia, em 1950”, lê-se no relatório, que aponta também como exemplo a construção da fábrica de carvão de Nacala, em Moçambique, no valor de 1,4 mil milhões de dólares e completada em 2018 Conselho a seguir Desde o princípio da década que os empresários chineses se têm afastado destas grandes obras, sinalizando a “crescente precaução” da China no financiamento de grandes projectos e a aposta em projectos “pequenos e bonitos” e de grande qualidade, como disse o Presidente chinês, Xi Jinping, em Novembro do ano passado. De acordo com a Fitch Solutions, uma das novas áreas prioritárias será a agricultura: “A África subsaariana, onde a agricultura, florestas e pescas representa quase 20 por cento do PIB, é um destino atractivo para o investimento da China, um país fortemente dependente de importação de alimentos e que procura aumentar a segurança alimentar através da diversificação”, lê-se no relatório. O documento dá ainda conta da aposta na infraestrutura digital, não só na própria construção dos cabos de ligação à Ásia e Europa, mas também através de investimentos no capital de empresas tecnológicas africanas.
Hoje Macau China / ÁsiaVitória de Lula traz política externa “mais alinhada” com China O analista chinês Zhou Zhiwei considera que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva vai contribuir para “melhorar significativamente” os laços entre Brasil e China e alinhar a política externa dos dois países. Zhou Zhiwei, director do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um grupo de reflexão (‘think tank’) sob tutela do Governo chinês, previu relações políticas mais “calorosas”, depois de estas terem “arrefecido”, durante a presidência “ideologicamente” anti-China de Jair Bolsonaro. “Depois de Lula assumir o cargo, com base na sua identidade de esquerda e uma atitude amigável em relação à China no passado, as relações políticas vão melhorar muito”, afirmou. O analista destacou o “multilateralismo”, a “cooperação Sul – Sul” e a “promoção da reforma do sistema de governação internacional” como prioridades diplomáticas de Lula que convergem com os objectivos de Pequim. “Estes [objectivos] têm muito em comum com a visão externa da China”, realçou. “A cooperação China – Brasil é crucial para manter uma ordem multipolar e unir os países em desenvolvimento”. Lula venceu as eleições de domingo por pouco mais de dois milhões de votos sobre o governante de extrema-direita Jair Bolsonaro. Durante os primeiros dois mandatos de Lula, entre 2003 e 2011, a relação comercial e política entre Brasil e China intensificou-se, marcada, em particular, pela constituição do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul. Aliança reforçada O líder chinês, Xi Jinping, deu os parabéns a Lula pela vitória nas eleições presidenciais. A “amizade de longa data entre China e Brasil conduz à manutenção da paz e estabilidade regional e mundial e à promoção do desenvolvimento e da prosperidade comuns”, apontou Xi, numa mensagem enviada ao presidente eleito. A relação entre Pequim e Brasília arrefeceu, no entanto, durante o mandato de Bolsonaro, que assumiu o poder com a promessa de reformular a política externa brasileira, com uma reaproximação aos Estados Unidos, e pondo em causa décadas de aliança com o mundo emergente. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Ernesto Araújo, que foi entretanto substituído, adoptou mesmo uma retórica hostil face à China. O governo de Lula vai, porém, coincidir com um Congresso dominado por forças de direita. Zhou desvalorizou a importância da composição do Congresso para a política externa do Brasil, lembrando que quem tem tomada de decisão na diplomacia chinesa é o chefe de Estado e o Itaramaty, o ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro. “Do ponto de vista do mecanismo de tomada de decisões políticas, o Congresso tem uma influência directa limitada nas relações externas”, observou. O analista lembrou ainda que, apesar da posição ideológica assumidamente anti-China de algumas forças políticas conservadoras, “muitos grupos de direita no Brasil são os reais beneficiários da cooperação” entre os dois países. “Por exemplo, os grupos agrícolas e pecuários, representados pelos partidos de direita brasileiros, obtêm lucros significativos nas trocas económicas e comerciais China – Brasil”, realçou. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a passar de 9 mil milhões de dólares, em 2004, para 135 mil milhões, em 2021. Nos últimos anos, a participação da China nas exportações do Brasil superou os 30 por cento, à boleia do apetite do país asiático por matérias-primas, sobretudo soja e minério de ferro.
Hoje Macau China / ÁsiaCompras da China à Rússia mais do que duplicam Embora o comércio externo chinês tenha contraído, em Outubro, face ao enfraquecimento da procura global e ao peso das medidas de prevenção epidémica sobre o consumo doméstico, as trocas com a Rússia mais do que duplicaram, num claro aproveitamento sínico dos descontos russos As exportações chinesas caíram, no mês passado, 0,3 por cento, em relação ao período homólogo, para 298,4 mil milhões de dólares, abaixo do crescimento de 5,7 por cento registado em Setembro, segundo dados oficiais divulgados ontem pela Administração Geral das Alfândegas do país. A mesma fonte informou que as importações registaram uma queda homóloga de 0,7 por cento, para 213,4 mil milhões de dólares, em comparação com a expansão de 0,3 por cento alcançada no mês anterior. O excedente comercial da China subiu 0,9 por cento, para 85,2 mil milhões de dólares, no mês passado. As importações oriundas da Rússia, sobretudo petróleo e gás, mais do que duplicaram, aumentando 110,5 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, para 10,2 mil milhões de dólares. A China pode comprar energia à Rússia sem entrar em conflito com as sanções impostas pelos Estados Unidos, Europa e Japão. Pequim está a intensificar as compras, para aproveitar os descontos russos. Isto causa fricções com Washington e países aliados, ao aumentar o fluxo de caixa de Moscovo e limitar o impacto das sanções. Os analistas esperavam já que o comércio chinês enfraquecesse, à medida que a procura global diminui, face ao aumento das taxas de juro na Europa e Estados Unidos. Medidas sem fim A nível doméstico, a procura continua a ser afectada pelas medidas de prevenção epidémica, que incluem o bloqueio, parcial ou total, de várias cidades, o que interrompe a actividade económica e confina milhões de pessoas nas suas casas durante semanas a fio. O PIB chinês aumentou 3,9 por cento, no terceiro trimestre, em relação ao ano anterior, depois de ter crescido 2,2 por cento, nos primeiros seis meses de 2022. Mas os analistas dizem que a actividade está a enfraquecer, à medida que as medidas de confinamento se tornam mais frequentes, em resposta ao aumento do número de casos em dezenas de cidades do país. “A economia voltou a desacelerar, em Outubro, devido a medidas mais rígidas de prevenção contra a covid-19, bem como à queda da procura externa”, afirmou Larry Hu, da empresa de serviços financeiros australiana Macquarie Group, num relatório. As exportações para os Estados Unidos aumentaram 35,3 por cento, em Outubro, em relação ao ano anterior, para 47 mil milhões de dólares, apesar da prolongada guerra comercial e tecnológica entre os dois países, que resultou na imposição de taxas alfandegárias punitivas por ambos os lados. As importações de bens norte-americanos aumentaram 52,4 por cento, para 12,8 mil milhões de dólares. O excedente comercial da China com os Estados Unidos, que é politicamente sensível, aumentou 29,9 por cento, para 34,2 mil milhões de dólares. As exportações para os 27 países da União Europeia aumentaram 5,5 por cento, para 44,1 mil milhões de dólares, enquanto as importações de produtos europeus encolheram 15,5 por cento, para 21,4 mil milhões de dólares. O excedente comercial da China com a UE aumentou 38,1 por cento, para 22,7 mil milhões de dólares.
Hoje Macau China / ÁsiaMaior feira de importações chinesa com produtos lusófonos A maior feira de importações chinesa arrancou no sábado em Xangai com a presença de dezenas de produtos dos países lusófonos. O Pavilhão de Produtos Alimentares e Bebidas dos Países de Língua Portuguesa na quinta Exposição Internacional de Importação da China (CIIE), com uma área de 600 metros quadrados, vai expor mais de 70 produtos lusófonos, anunciou o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). O IPIM vai ainda montar o Pavilhão de Serviços Profissionais de Países de Língua Portuguesa, para promover serviços financeiros, logísticos, tecnológicos e de organização de convenções e exposições, indicou, em comunicado. Uma delegação com mais de 50 pessoas, incluindo representantes de 35 empresas de Macau, vai participar na CIIE, que decorre até quinta-feira. Governo de Macau e o Ministro do Comércio da China coorganizaram ontem um fórum para promover a região como plataforma de cooperação com os países lusófonos. Já fui ao Brasil Também o Brasil terá 14 empresas a expor, em stands individuais, na área da CIIE dedicada a produtos alimentares e bebidas, indicou a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos brasileira (ApexBrasil), em comunicado. A ApexBrasil disse que vai ainda organizar, em conjunto com o consulado-geral do Brasil em Xangai, o dia do café brasileiro e uma demonstração de culinária brasileira, para promover o café e a gastronomia do país. O Brasil vai também apresentar um pavilhão de tecnologia, com 19 ‘startups’ tecnológicas brasileiras, incluindo oito seleccionadas durante a terceira edição da Semana de Inovação China-Brasil, em Agosto. Moçambique será um dos oito países a participar pela primeira vez na CIIE, juntamente com Nicarágua, Djibuti, Mauritânia, Comores, República Democrática do Congo, Iraque e Islândia, de acordo com a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Segundo a televisão chinesa CCTV, Timor-Leste, que nas edições anteriores teve apenas um stand na CIIE, vai ter este ano, pela primeira vez, dois espaços, com um total de 30 metros quadrados, em duas áreas da feira. O destaque da participação timorense será o café “kopi luwak”, produzido com grãos extraídos das fezes da civeta, uma espécie de felino. No mês passado, a Associação de Amizade da Província de Yunnan, no sudoeste da China, entregou um apoio de 70 mil dólares à Associação Café Timor, que reúne produtores em todo o país.
Hoje Macau China / Ásia ManchetePortuguês detido em Hong Kong por suspeitas do crime de sedição Em causa estão publicações e partilhas online realizadas através do Facebook, portais da Internet, Twitter, Instagram e Telegram, que a polícia de Hong Kong considerou promover a violência e o ódio contra as autoridades centrais e da RAEHK Um cidadão português de 40 anos está detido por suspeitas do crime de sedição, por ter publicado conteúdos ‘online’ que as autoridades de Hong Kong consideram “incitar à violência” ou “trazer ódio” ao território. A notícia foi avançada na sexta-feira pelo jornal Hong Kong Free Press. O cidadão identificado como Joseph John Wong Kin Chung é acusado pelas autoridades da RAEHK de alegadamente “publicar e tornar disponível/partilhar comentários e fotografias no Facebook, portais da Internet, Twitter, Instagram e Telegram” com intenções de sedição. Ainda de acordo com a acusação, o homem tinha alegadamente a intenção de “trazer ódio ou desprezo ou despertar descontentamento” contra as autoridades centrais e o governo de Hong Kong, e por meios não legais “incitar as pessoas à violência” e/ou “aconselhar a desobediência contra lei ou qualquer outra ordem legal”. A acusação é feita com recurso à lei colonial britânica, aplicada em Hong Kong durante vários anos, e, neste caso concreto, não está relacionada com a Lei de Segurança de Nacional, imposta pelo Governo Central à RAEHK. Relacionados com a Lei de Segurança Nacional, explicou o Hong Kong Free Press, estão os critérios utilizados pelo juiz Peter Law, para evitar que Joseph John pudesse sair em liberdade, através do pagamento de uma fiança. Como Law considerou não haver motivos suficientes para acreditar que John não voltasse a “praticar actos que ameaçam a segurança nacional”, recusou a fiança, pelo que o português vai aguardar julgamento na prisão. Em acompanhamento Face à detenção de um cidadão português, e em resposta a vários órgãos de comunicação social em Portugal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português disse ter “conhecimento da detenção de um cidadão portador de passaporte português em Hong Kong”. “De momento, o MNE, através do consulado-geral de Portugal em Macau, está a diligenciar junto das autoridades de Hong Kong para apurar mais elementos sobre este caso, bem como informar em conformidade a família, da qual foi recebido contacto”, foi acrescentado pelas autoridades. Joseph John Wong Kin Chung é professor no Royal College of Music no Reino Unido e foi detido durante uma deslocação a Hong Kong. As notícias disponíveis não esclarecem se os comentários partilhados e publicados nas redes sociais foram feitos quando se encontrava no Reino Unido ou em Hong Kong. Joseph John tem o direito de pedir uma revisão da fiança a 11 de Novembro, e o caso será julgado a 26 de Janeiro do próximo ano. Esta data foi definida depois de as autoridades de Hong Kong terem pedido mais tempo para conduzir a investigação.
Hoje Macau China / ÁsiaEncontro Xi-Scholz cria ondas na Europa. Macron também queria vir a Pequim A visita do chanceler alemão a Pequim foi encarada como tendo um “significado especial, tanto para a China como para a Europa. Em causa, está a autonomia estratégica do Velho Continente. O Presidente chinês Xi Jinping encontrou-se com o chanceler alemão Olaf Scholz na sua visita oficial à China em Pequim na sexta-feira, tornando-o o primeiro líder europeu a visitar a China após o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China. Os dois líderes concordaram em reforçar a cooperação e manter o diálogo, prometendo expandir ainda mais a cooperação para além das áreas tradicionais em novos sectores, tais como novas energias e digitalização e aumentar a confiança política mútua para uma relação estável China-Alemanha. A visita de Scholz – uma visita curta mas considerada pela imprensa chinesa como “frutuosa e de grande significado” – é amplamente vista como importante para “injectar uma nova dinâmica não só nos laços China-Alemanha mas também nas relações China-Europa em geral, dando o exemplo a outros países europeus para equilibrar as suas políticas em relação à China”. Esta relação, ainda segundo a imprensa chinesa, “também serve como pedra de toque para a autonomia estratégica europeia”. O Presidente francês Emmanuel Macron tinha sugerido a Olaf Scholz que fossem juntos a Pequim e enviassem um sinal de unidade da UE, relatou a Reuters. Trabalho em tempos de cólera Durante a reunião, Xi sublinhou a necessidade da China e da Alemanha, “dois países com grande influência”, trabalharem em conjunto em tempos de mudança e instabilidade e contribuírem mais para a paz e desenvolvimento mundiais. A China trabalhará com a Alemanha para uma parceria estratégica global orientada para o futuro e para novos progressos nas relações China-Alemanha e China-Europa”, disse Xi. O presidente chinês salientou que “a confiança política é fácil de destruir, mas difícil de reconstruir e que deve ser alimentada e protegida por ambas as partes”. Notando o elevado grau de estabilidade e consistência na política da China em relação à Alemanha, Xi apelou à Alemanha para seguir uma política positiva da China para benefício mútuo de ambos os países. O dia mais longo No que diz respeito às relações China-Europa, Xi disse que “a China considera sempre a Europa como um parceiro estratégico abrangente e apoia a autonomia estratégica da UE, desejando a estabilidade e prosperidade da Europa. A China sustenta que as suas relações com a Europa não são visadas, dependentes ou sujeitas a terceiros”. O encontro entre os dois líderes foi mais longo do que o previsto e isso “transmite um significado especial e os consensos alcançados sobre globalização, liberalização do comércio e um mundo multipolar também indicaram a direcção futura para as relações China-Alemanha, laços China-UE e assuntos globais”, refere a citada imprensa. A visita de Scholz incluiu uma delegação empresarial de alto nível, incluindo os fabricantes de automóveis Mercedes-Benz e Volkswagen, e o gigante químico BASF, mostrando como a cooperação empresarial China-Alemanha continua a ser estimulada pelos dois governos. Durante o encontro com Xi, Scholz disse que “a China é um parceiro comercial importante para a Alemanha e para a Europa como um todo”. Segundo o chanceler, “a Alemanha apoia firmemente a liberalização do comércio, apoia a globalização económica, e opõe-se à dissociação, está pronta para uma cooperação comercial e económica mais estreita com a China e apoia mais investimento mútuo entre empresas chinesas e alemãs”. “É necessário um mundo multipolar no qual o papel e a influência dos países emergentes possam ser levados a sério. A Alemanha opõe-se ao confronto de blocos, pelo qual os políticos devem ser considerados responsáveis. A Alemanha desempenhará o seu papel na promoção das relações Europa-China”, disse Scholz. “Os dois líderes manifestaram uma clara oposição, o que envia um sinal importante para a estabilidade mundial e o desenvolvimento sustentável”, disse Jiang Feng, um investigador da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai. “Depois de uma consideração completa, tal como os EUA têm vindo a intensificar os esforços para criar um clima para um certo grau de politicamente correcto na Europa, a Alemanha veio com esta rejeição da dissociação, que deveria ser um consenso moldado entre as diferentes forças políticas do país”, disse Jiang Feng. Alguns funcionários ocidentais e políticos alemães têm estado “cautelosamente” a assistir à visita de Scholz, e alguns meios de comunicação social norte-americanos salientaram que Scholz está “sob pressão de Washington, que quer que a Alemanha saia da China”, disse. Interesses divididos A Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã Annalena Baerbock afirmou na quinta-feira, durante uma reunião em curso dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 em Muenster, na Alemanha, que o G7 está pronto a reconhecer a China como “concorrente” e “rival”, uma vez que o Japão se prepara para assumir a presidência do grupo de nações, de acordo com relatos dos meios de comunicação social. O partido dos Verdes de Baerbock adopta geralmente uma retórica dura sobre a China e temas de direitos humanos. “Os interesses nacionais da Alemanha correm agora o risco de serem tomados como reféns por certos partidos políticos e interesses individuais, uma vez que tem sido anormal nas presidências anteriores que os departamentos de política externa falem com uma voz diferente da do chefe do governo”, disse Cui Hongjian, director do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China. “A Alemanha precisa de um período de tempo para se auto-ajustar. Como Chanceler, Scholz tem a última palavra e se as suas ideias obtiverem uma resposta positiva do lado chinês, então a China-Alemanha está a avançar na direcção correcta, o que irá melhorar a sua política dentro do governo”, disse Cui. Além disso, os peritos chineses acreditam que haverá um “efeito de onda” na Europa após a visita de Scholz, uma vez que uma relação estável e em desenvolvimento China-Alemanha desempenhará um papel positivo nas relações globais China-UE. Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, disse que não tinha informações disponíveis para partilhar quando questionado sobre o assunto na sexta-feira. “Agora a UE está a ponto de ajustar as suas políticas em relação à China. A que direcção se vão ajustar? Depende do quanto os efeitos da cooperação China-Alemanha possam expandir-se para outros países e acelerar a cooperação a nível China-UE”, disse Cui. Ucrânia na mesa Xi e Scholz também falaram sobre a crise da Ucrânia durante a reunião, e Xi reafirmou o apoio da China à Alemanha e à Europa para desempenharem um papel importante na facilitação das conversações de paz e na construção de uma arquitectura de segurança equilibrada, eficaz e sustentável na Europa. “Nas actuais circunstâncias, a comunidade internacional deve apoiar todos os esforços conducentes à resolução pacífica da crise da Ucrânia e apelar às partes relevantes para que se mantenham racionais e exerçam contenção, iniciem o envolvimento directo o mais rapidamente possível e criem condições para o reinício das conversações”, disse Xi. Xi disse também que a China se opõe à ameaça ou utilização de armas nucleares, e defende que as armas nucleares não podem ser utilizadas e que as guerras nucleares devem ser travadas, para evitar uma crise nuclear na Eurásia. Cooperação prática O Presidente da Câmara de Comércio da UE na China Joerg Wuttke disse que “a Câmara acredita que a Alemanha deve adoptar uma abordagem à medida e procurar aprofundar o seu envolvimento com a China onde os interesses se complementam – tal como em relação à luta contra as alterações climáticas, à promoção da normalização internacional e à manutenção do sistema comercial multilateral – ao mesmo tempo que aborda também áreas onde existem dependências críticas. “A visita de Scholz será um exemplo para outros países europeus”, disse Wang Yiwei, director do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade de Renmin da China. “Quanto à crise na Ucrânia, a Alemanha não é apenas importante economicamente na Europa, mas também em termos de segurança”, referiu Wang. “É importante ter cooperação prática e encontrar novas complementaridades, dado o aumento dos preços da energia e dos custos de produção. A Europa enfrentará maiores problemas se desistir de cooperar com a China”, concluiu. Pragmatismo e cooperação O primeiro-ministro chinês Li Keqiang também se encontrou com Scholz e descreveu a cooperação económica e comercial como um lastro para o desenvolvimento das relações bilaterais. “A China está disposta a reforçar a cooperação com a Alemanha em matéria de comércio e investimento, fabrico, vacinas e outros campos importantes, impulsionar a criação de um mecanismo de colaboração para lidar com as alterações climáticas e aumentar os voos directos entre os dois países para facilitar o intercâmbio de pessoas”, disse Li, de acordo com a emissora estatal chinesa CCTV. Nas últimas cinco décadas, a cooperação bilateral entre os dois países continuou a aprofundar-se, com o comércio bilateral a crescer quase 1000 vezes. Xi disse a Scholz que os dois lados deveriam tornar o conjunto de interesses comuns ainda maior. Segundo o presidente chinês, embora explorando mais potencial de cooperação em áreas tradicionais, deviam ser feitos esforços para energizar a cooperação em campos emergentes como as novas energias, inteligência artificial e digitalização. “A China é um parceiro importante para a Alemanha, uma vez que o seu desenvolvimento futuro é previsível, por mais dividida que a Alemanha esteja sobre ideologia ou reconhecimento do nosso sistema”, referiu Jiang. “Eles vêem claramente a estabilidade, continuidade e sustentabilidade do desenvolvimento da China, pois sabem que não podem livrar-se do papel da China no crescimento económico, alterações climáticas e outras questões globais”. No entanto, peritos chineses acreditam que os EUA continuarão a exercer influência sobre a Europa. Por exemplo, apontaram recentemente o dedo a uma empresa chinesa por ter assumido uma participação de controlo no terminal portuário alemão do porto de Hamburgo. “A política da Europa em relação à China será uma pedra de toque para a sua autonomia estratégica”, disse Jiang, “pois a forma de definir a sua política em relação à China, de modo a reflectir os interesses reais do continente, continua a ser um desafio”.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA rotulam China como a “maior ameaça” à defesa nacional. Pequim responde “China nunca procurará hegemonia”. A nova Estratégia de Defesa Nacional de Washington de rotular a China como a maior ameaça para os EUA mereceu uma resposta contundente da parte de Pequim. Quem ameça quem, é o que o mundo tem de avaliar à luz do que ocorre no palco internacional A China condenou a nova Estratégia de Defesa Nacional (NDS) dos EUA, afirmando que a política americana é conduzida pela “lógica da dominação”, ao mesmo tempo que insiste que Pequim nunca procurará “hegemonia” sobre outras nações. Questionado sobre a NDS de 2022 do Pentágono divulgada em finais de Outubro – que declara que a China coloca o “desafio mais consequente e sistémico” à segurança nacional dos EUA – o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, disse que o documento “joga com a concorrência dos principais países e deliberadamente deturpa as políticas externa e de defesa da China”. O documento “é conduzido ostensivamente por uma mentalidade de Guerra Fria de soma zero e pela lógica de dominação e hegemonia e diz tudo sobre as más intenções dos EUA de conter e suprimir a China sob vários pretextos falsos”, continuou o porta-voz, acrescentando que o seu país rejeitará todas as “tentativas de chantagear, conter, bloquear e exercer a pressão máxima”. Enquanto a nova NDS afirma que a China tem utilizado o seu crescente poder militar e económico para minar as alianças dos EUA na Ásia, Zhao insistiu que a política externa de Pequim visa “manter a paz mundial e promover o desenvolvimento comum” entre as nações. “Não importa o estádio de desenvolvimento a que cheguemos, nunca procuraremos a hegemonia ou o expansionismo”, disse, exortando Washington a “seguir a tendência da paz e do desenvolvimento, abandonar a mentalidade de soma zero da Guerra Fria, deixar de ver o mundo e as relações China-EUA numa perspectiva de confronto, e deixar de distorcer as intenções estratégicas da China”. A administração do Presidente dos EUA Joe Biden tem repetidamente declarado a China como o principal concorrente da América e a principal preocupação, colocando um forte enfoque no país na sua nova NDS, bem como numa Revisão da Postura Nuclear e Revisão da Defesa Anti-Mísseis. As tensões entre Washington e Pequim aumentaram significativamente desde Agosto, quando a Presidente da Câmara dos EUA Nancy Pelosi visitou Taiwan, apesar das fortes objecções de Pequim, que vê a ilha como parte do seu próprio território. Embora a viagem tenha provocado uma ronda sem precedentes de exercícios militares chineses no ar e nas águas em torno de Taiwan, as delegações ocidentais continuaram a visitar Taipé nos meses que se seguiram. A provocação de Nancy Pelosi levou a China a responder, cortando os laços militares e climáticos com Washington. Mas os EUA insistem que “a China continua a ser a principal ameaça de segurança nacional para os EUA”, mesmo quando o conflito da Ucrânia aumenta as tensões entre Washington e Moscovo, refere o Pentágono informou na sua última avaliação anual da defesa. “O mais abrangente e sério desafio à segurança nacional dos EUA é o esforço coercivo e cada vez mais agressivo da RPC (República Popular da China) para remodelar a região Indo-Pacífico e o sistema internacional de acordo com os seus interesses e preferências autoritárias”, escreve o Pentágono no seu relatório de 2022 sobre a Estratégia de Defesa Nacional (NDS). O Pentágono afirmou que Pequim procurou minar as alianças dos EUA na Ásia e alavancar o seu crescente poder económico e militar para “coagir os seus vizinhos e ameaçar os seus interesses”. Em particular, a China tem alegadamente utilizado retórica e coerção cada vez mais provocatórias contra Taiwan, ameaçando a paz e a estabilidade na região. “Isto faz parte de um padrão mais amplo de comportamento desestabilizador e coercivo da RPC que se estende através do Mar da China Oriental, do Mar do Sul da China e ao longo da Linha de Controlo Real” na fronteira sino-indiana, afirma o relatório. Entretanto, a China expandiu e modernizou quase todos os aspectos do seu Exército de Libertação do Povo, “com um enfoque na compensação das vantagens militares dos EUA”. Mesmo ao liderar os esforços ocidentais para sancionar a Rússia e fornecer à Ucrânia milhares de milhões de dólares em ajuda militar, os EUA têm vindo a aumentar as tensões sobre Taiwan, que Pequim reivindica como parte do seu território soberano. Devido aos investimentos de Pequim na modernização do seu armamento nuclear, os EUA enfrentam o desafio de dissuadir duas grandes potências que possuem capacidades nucleares avançadas e diversificadas – China e Rússia – “criando assim novas tensões na estabilidade estratégica”, disse o Pentágono. O relatório rotulava a Rússia como uma “ameaça aguda (acute threat)”, um passo abaixo do “desafio contínuo (pacing challenge)” apresentado pela China. “A invasão sem provocação, injusta e imprudente da Rússia à Ucrânia sublinha o seu comportamento irresponsável”, disse o Secretário da Defesa Lloyd Austin numa nota que acompanha a NDS. “Os esforços para responder ao ataque da Rússia à Ucrânia também realçam dramaticamente a importância de uma estratégia que aproveite o poder dos nossos valores e o nosso poder militar com o dos nossos aliados e parceiros”. Austin disse que, ao contrário da China, a Rússia não pode “desafiar” sistematicamente os EUA a longo prazo. Pequim é “o único concorrente com a intenção de reformular a ordem internacional e, cada vez mais, com o poder de o fazer”, acrescentou ele. A China já se viu anteriormente ameaçada de ser classificada como uma ameaça à segurança dos EUA. “Opomo-nos à antiquada mentalidade da Guerra Fria e à mentalidade de soma zero”, insistiu no início deste mês a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning.