Avião com 133 pessoas a bordo cai no sudoeste da China

Um avião da China Eastern Airlines que viajava entre as cidades chinesas de Kunming (sudoeste) e Cantão caiu hoje com 133 pessoas a bordo, informou a televisão estatal CCTV.

O Boeing-737 caiu perto da cidade de Wuzhou, na região de Guangxi, e “causou um incêndio” nas montanhas, informou a CCTV, acrescentando que as equipas de resgate foram enviadas para o local. Desconhece-se para já se há sobreviventes.

A China Eastern, com sede em Xangai, é uma das três principais companhias aéreas da China, operando dezenas de rotas domésticas e internacionais que abrangem 248 destinos.

De acordo com dados do site de rastreamento de voos FlightRadar24, trata-se do voo MU5735. O rastreamento revela que o Boeing 737-89P perdeu velocidade, antes de entrar numa descida acentuada. O avião parou de transmitir dados a sudoeste de Wuzhou.

O aparelho em questão foi entregue à China Eastern pela construtora norte-americana Boeing, em junho de 2015, e estava a ser utilizado há mais de seis anos. O Boeing 737 bimotor de corredor único é um dos aviões mais populares do mundo para voos de curta e média distância.

A China Eastern opera várias versões daquele modelo, incluindo o 737-800 e o 737 Max. A utilização da versão 737 Max esteve suspensa em todo o mundo, após dois acidentes fatais. O regulador de aviação civil da China voltou a permitir o seu uso no final do ano passado. O último acidente mortal com um avião civil registado na China ocorreu em 2010.

21 Mar 2022

China quer aprofundar relações com África do Sul, diz Xi Jinping

A China está disposta a trabalhar com a África do Sul para impulsionar as suas relações para um nível mais profundo, com maior qualidade e mais amplo alcance, disse o Presidente chinês, Xi Jinping, na sexta-feira.

Xi fez estas declarações durante sua conversa telefónica com o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, informa a agência estatal Xinhua.

Ao assinalar que a China e a África do Sul compartilham uma relação amistosa especial de camaradas e irmãos, Xi disse que consolidar e desenvolver as suas relações é de grande significado para guiar as relações entre a China e a África, assim como a solidariedade e a cooperação entre os países em desenvolvimento.

As duas partes devem continuar a apoiar-se firmemente em assuntos relacionados aos interesses fundamentais e às principais preocupações de cada um, intensificar os esforços para implementar os nove programas do Fórum de Cooperação China-África e o plano estratégico de cooperação de 10 anos entre os dois países, assim como esforçar-se por novos êxitos na cooperação bilateral em diversas áreas, disse Xi.

A China dá as boas-vindas a mais importações de produtos sul-africanos de alta qualidade, apoia as duas partes na expansão da cooperação em campos emergentes como novas energias e comércio electrónico, e incentiva as empresas chinesas a realizarem cooperação em investimentos na África do Sul e ajudar o país africano a obter os objectivos de desenvolvimento da nova iniciativa de investimento, disse Xi, citado pela Xinhua.

A China está disposta a discutir a cooperação na produção de vacinas com a África do Sul e a apoiar a África do Sul e outros países africanos na sua luta contra a covid-19, disse Xi.

Xi observou que a China, que preside ao BRICS este ano, está disposta a trabalhar com a África do Sul para manter o impulso de desenvolvimento do mecanismo de cooperação do BRICS, construir uma parceria de alta qualidade mais abrangente, mais próxima, mais pragmática e inclusiva, realizar o desenvolvimento dos países membros e promover um desenvolvimento global mais forte, verde e saudável.

Sentimentos recíprocos

Ramaphosa disse que gostaria de estender mais uma vez as suas felicitações pelo centenário do Partido Comunista da China e pelos bem-sucedidos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno de Pequim.

Mencionando que a China é uma confiável e verdadeira parceira e amiga da África do Sul, bem como dos países africanos, Ramaphosa agradeceu à China por manter uma posição justa e fornecer assistência valiosa para a África do Sul e os países africanos para ajudá-los a superar conjuntamente as dificuldades.

A África do Sul adere firmemente à política de Uma Só China e apoia firmemente a posição da China sobre a questão relacionada com o Tibete e outras questões importantes, disse Ramaphosa.

21 Mar 2022

Covid-19 | Bolsas isentam de taxas empresas em áreas afectadas por surtos

As três bolsas de valores da China continental isentaram de algumas taxas as empresas localizadas em áreas onde houve surtos de covid-19, para aliviar o impacto económico das medidas de confinamento aplicadas no país.

A Bolsa de Valores de Shenzhen anunciou a isenção do pagamento de três taxas a todas as empresas cotadas no mercado, estendendo assim uma medida que já era aplicada às companhias com sede nas províncias de Shaanxi, Henan e Tianjin, segundo a agência oficial chinesa Xinhua.

Esta decisão soma-se às isenções, anunciadas na quinta-feira, pelas bolsas de valores de Xangai e Pequim, para empresas de Shenzhen, Mongólia Interior, Guangdong, Jilin e Xangai, algumas das áreas mais afectadas pelos surtos das últimas semanas, que levaram o número de novas infecções a voltar a níveis só vistos no início de 2020.

Estimativas iniciais, que apenas levaram em conta as isenções das taxas da Bolsa de Valores de Pequim e da Bolsa Nacional de Acções chinesa (para pequenas e médias empresas), indicam que as empresas poderão poupar mais de 45 milhões de yuan. As empresas que se listem este ano poderão também beneficiar das mesmas isenções.

Com tranquilidade

Na quarta-feira, o Governo chinês tentou tranquilizar os investidores com a promessa de mais apoio ao sector imobiliário, empresas do sector digital e empresários em dificuldades, depois de as firmas do país registarem fortes perdas em bolsa.

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse na semana passada que o Governo espera gerar até 13 milhões de novos empregos este ano, para ajudar a reverter uma crise económica.

Analistas dizem que o Partido Comunista provavelmente terá dificuldades para cumprir a sua meta oficial de crescimento económico, de 5,5 por cento, a menor desde a década de 1990.

A Comissão Nacional de Saúde da China confirmou ontem a detecção de 1.737 novos casos de covid-19 nas 24 horas entre sábado e domingo, 1.656 deles por contágio local.

O número mantém a tendência de queda iniciada na semana passada, altura em a China registou 3.507 casos na última terça-feira, o número mais alto desde o início de 2020.

As províncias com o maior número de casos de transmissão comunitária foram Jilin (nordeste, 1.191), Fujian (sudeste, 158), Shandong (leste, 51) e Guangdong (sudeste, 51).

Duas mortes

A China registou duas mortes relacionadas com a covid-19, nos primeiros óbitos desde Janeiro do ano passado, anunciaram sábado as autoridades sanitárias. As mortes, ambas na província de Jilin, no nordeste da China, elevam o número de óbitos causados pelo SARS-CoV-2 no país para 4.638.

As autoridades locais proibiram as deslocações, sendo necessária uma autorização da polícia para atravessar as fronteiras da província.

21 Mar 2022

Hong Kong planeia relaxar medidas face a cansaço dos residentes

A Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou ontem que está a considerar aliviar algumas das medidas restritivas, em vigor na cidade, contra a covid-19, mas não avançou detalhes.

Lam foi criticada pela forma como lidou com a crise e pela comunicação pouco clara, desde que o território foi atingido por uma quinta vaga de infecções pelo novo coronavírus, provocada pela variante Ómicron.

Em menos de três meses, Hong Kong registou quase um milhão de casos e 4.600 mortes, muitas entre idosos não vacinados. Segundo diferentes estimativas, metade dos 7,4 milhões de habitantes já foram infectados.

Esta explosão de casos ocorreu mesmo depois de a região ter implementado, desde o início da pandemia, algumas das mais rigorosas restrições fronteiriças e medidas de distanciamento social do mundo.

Desde Janeiro, reuniões entre mais de duas pessoas são proibidas em locais públicos. Bares e restaurantes devem fechar às 18h e as escolas retomaram o ensino à distância.

Lam disse ontem que está na altura de aliviar as restrições. “Não porque o número de casos tenha diminuído (…), mas tenho uma forte sensação de que as pessoas estão fartas”, disse. “Algumas das nossas instituições financeiras estão a perder a paciência com o isolamento [a que Hong Kong está a ser submetido]”, acrescentou.

Questionada sobre o seu roteiro para sair da crise, a governante recusou avançar com mais detalhes e acrescentou que os anúncios serão feitos “em 20 ou 21 de Março”. “A coisa mais difícil no combate ao vírus é que não podemos prever totalmente o que vai acontecer”, apontou.

Durante dois anos, Hong Kong aplicou uma política rígida de “zero casos” de covid-19. Mas há mais de um mês os hospitais estão sobrecarregados e a cidade registou um número recorde de mortes para um país desenvolvido.

Em Fevereiro passado, as autoridades anunciaram uma campanha de testes em massa para todos os habitantes de Hong Kong, uma medida que poderia ser acompanhada de confinamento. O anúncio causou pânico entre os habitantes, que acorreram aos supermercados. Cerca de 65.400 residentes e expatriados fugiram da cidade em Fevereiro. As autoridades de Hong Kong prescindiram, entretanto, do confinamento.

18 Mar 2022

Jilin | Cerca de 95% dos casos são assintomáticos ou têm sintomas leves

Cerca de 95 por cento dos casos de covid-19 detectados na província de Jilin, parte do maior surto registado na China desde 2020, são assintomáticos ou apresentam sintomas leves, informou ontem a agência noticiosa oficial Xinhua

 

A província de Jilin atravessa o pior surto de covid-19 na China desde 2020, mas perto de 95 por cento das infecções são assintomáticas ou afectam pacientes que apenas apresentam sintomas ligeiros, indicou ontem a agência Xinhua. As autoridades de saúde da província, que acumula 8.506 casos activos entre os seus 26 milhões de habitantes, garantiram que a condição da grande maioria dos infectados que apresentam sintomas de gravidade leve ou média melhorou após o tratamento.

“Muito poucos” desses pacientes viram a sua condição deteriorar para serem classificados como “graves” ou em “estado critico”, disse o especialista em doenças do sistema respiratório Yang Junling, segundo a agência.

Nas 24 horas que terminaram ontem, a província, que faz fronteira com a Coreia do Norte e a Rússia, detectou 1.157 novos positivos, incluindo doentes assintomáticos.

Desde a última segunda-feira, os habitantes de Jilin estão proibidos de sair da província. A estratégia chinesa de “tolerância zero” à covid-19 prevê o isolamento de todos os infectados e dos seus contactos próximos em hospitais e instalações destinadas para o efeito, o que aumenta a pressão sobre o sistema hospitalar nas regiões onde existem surtos.

Para lidar com o aumento de casos, Jilin concluiu a construção de oito hospitais temporários com capacidade para 11.488 camas e dois centros de quarentena com 662 quartos, informou a Xinhua.

Aqui mais perto

A cidade de Shenzhen indicou ontem que vai apoiar as empresas para que “retomem o trabalho e a produção de forma ordenada”, sob a premissa de que continuam a colaborar nas medidas de prevenção e controlo da pandemia.

Com 17 milhões de habitantes, Shenzhen decretou no último fim de semana o cancelamento dos serviços de transporte público e restrições à circulação nos bairros, devido a um surto que somou 677 casos até à data.

A cidade lançou uma campanha massiva de testes de PCR para colectar amostras de todos os seus habitantes.
A firma Foxconn, a maior montadora de iPhones do mundo, anunciou na quarta-feira que as suas fábricas em Shenzhen retomaram o trabalho, depois de anunciar na segunda-feira a suspensão das operações. As instalações da Foxconn funcionarão em sistema de circuito fechado, segundo o qual as entradas e saídas serão controladas para evitar o contágio.

De acordo com os dados oficiais do Governo chinês, desde o início da pandemia, 123.773 pessoas ficaram infectadas no país, entre as quais 4.636 morreram.

18 Mar 2022

Sismo causa três mortos e mais de 170 feridos no Japão

Pelo menos três pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas, na sequência do sismo de magnitude 7,3 ocorrido ao largo de Fukushima, no nordeste do Japão, na quarta-feira, anunciaram hoje as autoridades japonesas.

O hipocentro do sismo, registado na quarta-feira, às 23:36 (14:36 em Lisboa), situou-se a 57 quilómetros de profundidade, indicou a Agência Meteorológica do Japão.

O abalo desencadeou um alerta de tsunami, cancelado cinco horas depois, tendo sido registadas esta madrugada ondas de 20 a 30 centímetros de altura, nas cidades costeiras de Ishinomaki, Sendai e Soma.

Centenas de pessoas que viviam na costa de Fukushima e Miyagi foram retiradas, noticiou a cadeia de televisão japonesa NHK.

Após uma primeira avaliação, foram registados feridos e mortos em sete prefeituras, e extensas interrupções no fornecimento de eletricidade que afetaram 42.600 povoações em todo o país, incluindo zonas de Tóquio.

O operador da central nuclear indicou que o sismo desencadeou a ativação de um alarme de incêndio e a interrupção de um sistema de refrigeração do combustível nuclear usado e armazenado, embora sem variações nos níveis de radiação.

O serviço de comboio de alta velocidade [Shinkansen], na ligação entre a capital e o norte do país, foi suspenso esta manhã, devido ao descarrilamento, entre Fukushima e Shiroishizao, de uma destas composições na linha Tóquio-Sendai.

Nenhum dos 75 passageiros e três tripulantes sofreu ferimentos, disse a operadora ferroviária japonesa JR East.

A Agência Meteorológica do Japão pediu aos cidadãos que tomem precauções contra o risco de sismos de intensidade semelhante nas mesmas áreas nos próximos dias.

Pelo menos 18.500 pessoas morreram ou desapareceram em 11 de março de 2011, na sequência do sismo de magnitude 9,0 e do tsunami que se seguiu.

A massa de água invadiu a central nuclear de Fukushima Daiichi, construída junto à costa. Os núcleos de três reatores entraram em fusão, causando a pior catástrofe nuclear civil desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

17 Mar 2022

Coreia do Sul bate recorde de novos casos de covid-19

A Coreia do Sul quebrou hoje um novo recorde de infeções por covid-19, registando mais de 621.000 casos, num momento em que as autoridades consideram que o país está a atingir o pico da vaga causada pela variante Ómicron.

As autoridades de saúde sul-coreanas disseram que foram detetados 621.328 casos na quarta-feira, dos quais apenas 62 eram de pessoas que chegaram do exterior.

O número representa um salto de 55% em relação aos dados do dia anterior e de 120% em relação aos de há uma semana.

As autoridades anunciaram também um número recorde de mortes diárias ligadas à covid-19, 429, embora o número de pessoas com sintomas moderados a graves tenha caído para 1.159, menos 100 do que no dia anterior.

O Ministério da Saúde sul-coreano disse que considera que o pico da vaga atual, causada pela variante Ómicron, será atingido esta semana ou na próxima.

O primeiro-ministro, Kim Boo-kyum, solicitou a revisão dos protocolos para reclassificar o covid-19 como uma doença menos grave.

Isso permitiria mais agilidade aos serviços de saúde para combater um número crescente de positivos com sintomas leves ou assintomáticos. As autoridades têm vindo a flexibilizar gradualmente as restrições em vigor.

Está agendada para sexta-feira uma reunião para decidir sobre a prorrogação ou flexibilização das principais medidas, que incluem o encerramento obrigatório dos hotéis às 23:00 e um máximo de seis pessoas em reuniões privadas.

O país asiático, onde 86,6% da população tem esquema vacinal duplo completo e 62,8% uma dose de reforço, registou desde o início da pandemia cerca de 8,25 milhões de infeções e pouco mais de 11.400 mortes.

17 Mar 2022

Covid-19 | Japão prevê levantar medidas de proteção sanitária na segunda-feira

O Governo do Japão anunciou hoje que vai levantar na segunda-feira as medidas contra o contágio por covid-19 que ainda continuam vigentes nas principais regiões do país, face ao decréscimo do número de casos.

As medidas que ainda se mantêm em vigor em 18 autarquias, entre as quais Tóquio e Osaca, consistem em limitações horárias para negócios como bares e restaurantes, considerados como os principais focos de contágio.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse hoje numa conferência de imprensa que o Governo decidiu levantar estas medidas e – ao mesmo tempo – implementar outras ações para evitar uma nova vaga de casos de infeção pelo novo coronavírus, entre as quais disponibilizar mais doses de vacinas, testes e tratamentos para sintomas de covid-19.

“Temos de manter a máxima vigilância para garantirmos a segurança sanitária”, afirmou Kishida, assinalando o caráter “altamente contagioso da variante Ómicron e de outras possíveis variantes” que possam surgir.

“Deve considerar-se o período atual como uma fase de transição em direção à normalidade”, afirmou Fumio Kishida.

No passado mês de janeiro, perante uma nova onda de contágios provocada pela variante Ómicron, o executivo de Tóquio declarou medidas de emergência sanitária, mas conferindo às autoridades locais a possibilidade de aplicar ou não as normas ao setor privado e de oferecer compensações económicas.

Face ao atenuar do número de casos de covid-19 no Japão, o Governo opta agora por levantar as medidas. Na última semana contabilizaram-se no país cerca de 50 mil casos por dia. Em fevereiro os valores atingiram as 100 mil infeções por dia, o máximo desde o início da pandemia de covid-19.

A rápida propagação da variante Ómicron levou o Japão a acelerar o programa de vacinação (terceira dose do composto) tendo sido inoculada 32% da população residente no país. Cerca de 80% dos habitantes do Japão receberam as duas doses da vacina contra a covid-19.

16 Mar 2022

Confinamentos devem deixar economia chinesa aquém da meta oficial, dizem analistas

A campanha da China para suprimir surtos de covid-19 em importantes cidades costeiras, com duras medidas de confinamento, deve deixar o país aquém da meta de crescimento económico, de 5,5%, dizem analistas.

O país está a enfrentar o seu pior surto desde o de Wuhan, onde os primeiros casos de covid-19 foram diagnosticados, no final de 2019. A Comissão Nacional de Saúde relatou 1.860 casos locais, nas últimas 24 horas.

A China pratica uma política de “tolerância zero” à covid-19. O número de casos, apesar de pequeno, comparado com outras partes do mundo, tem justificado a imposição de medidas de bloqueio de cidades inteiras, com os residentes proibidos de sair de casa, e a realização de testes em massa.

“A situação da covid-19 na China deteriorou-se, a um ritmo alarmante, na semana passada (…) a economia chinesa pode voltar a sofrer um impacto severo”, escreveu Lu Ting, analista do grupo de serviços financeiros japonês Nomura, num relatório.

“Pensamos que a meta de crescimento [económico] de ‘cerca de 5,5%’ da China para este ano está a tornar-se cada vez mais irrealista”, acrescentou.

A meta de 5,5% foi fixada pelo Governo chinês durante a sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China, que decorreu este mês, em Pequim.

A Nomura manteve a sua previsão para o crescimento da economia chinesa durante 2022 em 4,3%, muito abaixo da meta oficial.

O surto do novo coronavírus coincide com a guerra na Ucrânia, que colocou Pequim numa posição sensível, face ao seu relacionamento com Moscovo, e levou a um aumento dos preços das matérias-primas, sobretudo dos combustíveis fósseis, dos quais a China é altamente dependente.

As empresas chinesas registaram, na segunda-feira, o seu pior dia na bolsa de valores de Hong Kong desde a crise financeira global de 2008.

O Hang Seng China Enterprises Index, índice composto pelas maiores empresas da China continental, fechou a cair 7,2%. O Hang Sang Tech Index, que junta os grupos tecnológicos, caiu 11%.

Nos dois primeiros meses do ano, os principais indicadores económicos da China registaram forte crescimento, em termos homólogos. As vendas a retalho cresceram 6,8%; o investimento em ativos fixos acelerou 12,2%; e a produção industrial cresceu 7,5%.

O porta-voz do Gabinete Nacional de Estatísticas, Fu Linghui, admitiu que o agravamento da situação pandémica vai afetar a recuperação das economias nas cidades e províncias onde estão a ser impostos bloqueios, mas insistiu que a economia chinesa está a recuperar.

“A China adquiriu vasta experiência no controlo da pandemia. O conjunto de medidas adotadas é capaz de conter a propagação da pandemia e minimizar o impacto económico”, previu.

Shenzhen, que é sede de vários grupos de tecnologia, incluindo a Huawei e Tencent, foi colocada esta semana sob quarentena de facto, com testes em massa e restrições nas deslocações.

Os voos internacionais para Xangai, a “capital” económica da China, também foram desviados, à medida que as autoridades locais tentam conter a propagação do vírus.

Joerg Wuttke, presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China, apontou as interrupções nas operações locais de empresas estrangeiras, alertando para o “encerramento errático de empresas, bloqueios generalizados e restrições nas viagens”. “O impacto é bastante negativo e vai de mal a pior”, disse.

O acesso a Pequim foi restringido. A capital chinesa suspendeu o ensino de acompanhamento pós-escolar, depois de pelo menos três crianças terem testado positivo ao novo coronavírus.

“O impacto dos bloqueios recentes provavelmente será maior do que durante os surtos anteriores de covid-19, desde o primeiro trimestre de 2020, com interrupções mais significativas nas exportações e nos serviços”, apontou Helen Qiao, economista do Bank of America Merrill Lynch, numa nota publicada na terça-feira.

Wang Dan, economista-chefe do Hang Seng Bank China, alertou num relatório que o abrandamento da atividade económica nas regiões costeiras pode levar o crescimento económico do país para território negativo no primeiro trimestre.

“Como visto em 2020, deve tudo voltar ao normal no espaço de um ou dois meses”, disse Wang. “Mas o impacto psicológico será maior, sobretudo para as pequenas empresas, à medida que a pandemia entra no seu terceiro ano”, acrescentou.

16 Mar 2022

Bolsa de Hong Kong sobe mais de 8% com promessa de apoio do governo

O principal índice da bolsa de Hong Kong subiu mais de 8% hoje, após as autoridades chinesas terem prometido apoiar o mercado de capitais e gerir os riscos causados pela crise no setor imobiliário.

A agência de notícias oficial Xinhua disse que o Governo chinês irá implementar medidas para estabilizar os mercados de ações, revitalizar a economia e aumentar os novos empréstimos, citando uma reunião presidida pelo vice-primeiro-ministro Liu He.

O índice Hang Seng subiu 8,74%, ou 1.609,77 pontos, para 20.024,85 pontos, com destaque para as empresas chinesas de tecnologias, cujas ações tinham caído em flecha devido a preocupações com as restrições impostas pelas autoridades chinesas e norte-americanas.

O índice que acompanha os valores tecnológicos do mercado de Hong Kong, o Hang Seng Tech Index, subiu mais de 16%.

O grupo chinês do comércio eletrónico Alibaba, a gigante tecnológica Tencent e a produtora de videojogos NetEase subiram cerca de 20%, enquanto o JD.com, outro grupo de comércio eletrónico, subiu quase 30% e a empresa de serviços digitais Meituan cerca de 25%.

Enquanto isso, o gigante imobiliário China Evergrande recuperou cerca de 10%, a CG Services, subsidiária de gestão de propriedades do promotor imobiliário Country Garden, subiu 22,6% e a popular cadeia de restaurantes Haidilao 20,8%.

A bolsa de Hong Kong vinha de vários dias em baixa, motivados por preocupações com a guerra na Ucrânia e a expetativa de uma série de aumentos das taxas de juros.

Temores que foram agravados pelo confinamento decretado, no domingo, na cidade vizinha de Shenzhen, o maior centro tecnológico da China, para combater a pandemia de covid-19.

“Os preços das ações estavam tão baixos que, mesmo que os investidores quisessem vender, não era um bom momento, o que abriu espaço para uma subida”, disse Linus Yip, analista da First Shanghai Securities, citado pelo jornal South China Morning Post. Mas alguns analistas acreditam que a subida de hoje será sol de pouca dura.

“Temo que a crise que o mercado está a enfrentar não seja apenas sobre a China, é um problema global, e não apenas algo que os reguladores podem consertar”, disse à Bloomberg Wang Mingxuan. “A calma que traz é apenas a calmaria antes da tempestade”, acrescentou o analista da Quant Technology Investment.

16 Mar 2022

Rússia abre novas vias com a China para transporte de mercadorias

A Rússia abriu uma nova rota ferroviária de mercadorias com a China, através do Cazaquistão, que permitirá a entrega de contentores em 18 dias, noticiou ontem a agência oficial russa TASS.

A nova linha ligará a cidade de São Petersburgo, no Mar Báltico, a Shenzhen, uma cidade do sul da China adjacente a Hong Kong, que estão separadas por mais de 7.500 quilómetros.

“Organizámos um serviço multimodal terrestre entre a China e a Rússia através do Cazaquistão. Foi aberta uma nova rota com um tempo de entrega de contentores de 18 dias entre Shenzhen e São Petersburgo”, anunciou a empresa ferroviária russa, citada pela TASS.

A agência disse que um primeiro comboio com contentores com bens de consumo partiu já este mês, sem precisar o dia, passando pelos postos fronteiriços de Khorgos-Altynkol, entre a China e o Cazaquistão, e Semiglavy Mar-Ozinki, entre este país e a Rússia.

No futuro, a empresa pretende assegurar a entrega regular de mercadorias nesta rota e enviar quatro comboios todos os meses, segundo a TASS.

A empresa ferroviária russa organizou anteriormente um novo serviço de contentores entre o terminal de Stupino, na região de Moscovo, e o porto de Vanino, no território de Khabarovsk, no extremo oriental da Rússia junto à fronteira com a província chinesa de Heilongjiang (nordeste).

As infra-estruturas existentes nesta linha permitirão a circulação mensal de até oito comboios de contentores.

A TASS não indicou a data em que este serviço começou a funcionar, nem se as novas rotas com a China vão contribuir para a Rússia enfrentar as sanções que lhe foram impostas por ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

A União Europeia (UE) e países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão ou a Austrália decretaram duras sanções contra interesses russos que afetam praticamente todos os setores da economia.

Na segunda-feira, o conselheiro de segurança nacional norte-americano, Jake Sullivan, advertiu a China de que terá um preço a pagar se ajudar a Rússia a ultrapassar as sanções.

O alerta foi transmitido por Sullivan durante uma reunião, em Roma, com uma delegação chinesa liderada pelo chefe do gabinete do Partido Comunista da China para os Assuntos Externos, Yang Jiechi.

A posição ambígua da China em relação à invasão da Ucrânia foi contestada esta semana pelo académico e analista Hu Wei, que defendeu que Pequim deve “abdicar da neutralidade e escolher a posição dominante no mundo”.

“A China só pode salvaguardar os seus próprios interesses ao escolher o menor de dois males, afastando-se da Rússia o mais rápido possível”, escreveu Hu, que é vice-presidente do Centro de Pesquisa de Políticas Públicas do Gabinete do Conselho de Estado.

A primeira ligação ferroviária para transporte de carga entre a Rússia e a China foi inaugurada em 2013, com destino final em Almati, a maior cidade do Cazaquistão.

Nos últimos anos, novas vias passaram a incluir o resto da Ásia Central, Médio Oriente e a região do Cáucaso, com paragem final na Alemanha, Polónia, Bélgica ou Espanha.

O percurso entre o centro da China e a Europa leva 12 dias a ser percorrido. É um terço do tempo necessário por via marítima, mas que também acarreta habitualmente mais custos.

Durante a pandemia de covid-19, porém, o preço do transporte por navio entre a China e a Europa quase quadruplicou, devido à escassez de contentores, atingindo valores recorde.

O comércio entre a China e a Rússia subiu 35,9%, em 2021, em termos homólogos, para um valor recorde de 146,9 mil milhões de dólares, segundo dados da Administração Geral das Alfândegas da China.

A Rússia é um importante fornecedor de petróleo, gás, carvão e bens agrícolas, beneficiando de um superavit comercial com a China.

Desde que sanções contra a Rússia foram impostas, em 2014, depois da anexação da Crimeia, o comércio bilateral entre Pequim e Moscovo cresceu mais de 50%. A China tornou-se o maior destino das exportações da Rússia.

16 Mar 2022

China diz que a sua posição sobre o conflito na Ucrânia é “imparcial”

A China disse hoje que a sua posição sobre o conflito na Ucrânia é “completamente objetiva, imparcial e construtiva” e acusou os Estados Unidos de espalharem “desinformação” sobre a possibilidade de Pequim prestar apoio militar a Moscovo.

Pequim recusou-se a criticar a Rússia pela invasão da Ucrânia, ou mesmo referir-se ao conflito como uma “guerra”.

Os comentários do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Zhao Lijian foram feitos depois de delegações de alto nível dos Estados Unidos e da China se terem reunido, em Roma, para abordar a posição da China, entre outras questões.

O embaixador da União Europeia em Pequim, Nicolas Chapuis, pediu hoje também que a China apoie a Ucrânia. “Não pode haver a chamada neutralidade”, disse.

Em conferência de imprensa, Zhao disse que os “EUA criaram e espalharam desinformação”, acrescentando: “Isso não revela apenas falta de ética, mas é também imoral e irresponsável”.

“O que os EUA deviam fazer é refletir profundamente sobre o papel que desempenharam no desenvolvimento e evolução da crise na Ucrânia, e fazer algo prático para aliviar a tensão”, apontou.

A China tem mantido uma posição ambígua em relação à Ucrânia. Por um lado, defendeu que a soberania e a integridade territorial de todas as nações devem ser respeitadas – um princípio de longa data da política externa chinesa e que pressupõe uma postura contra qualquer invasão -, mas ao mesmo tempo opôs-se às sanções impostas contra a Rússia e apontou a expansão da NATO para o leste da Europa como a raiz do problema.

Durante um encontro em Roma, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos Jake Sullivan procurou que Pequim definisse com clareza a sua posição, e alertou a delegação chinesa, novamente, que a assistência à Rússia – incluindo ajudar o país a evitar sanções impostas pelos EUA e os aliados ocidentais – terá um preço a pagar. O Kremlin negou relatos de que solicitou equipamento militar à China para uso na guerra.

Zhao repetiu as afirmações de que a China está “profundamente entristecida” com a “situação”. O país está “comprometido” em promover negociações de paz, apontou.

“A posição e as declarações da China sobre a questão da Ucrânia são completamente objetivas, imparciais e construtivas”, realçou.

Zhao também disse que um terceiro lote de ajuda humanitária enviado pela China para a Ucrânia chegou à Polónia na segunda-feira. Chapuis instou a China a apoiar a Ucrânia e a “ajudar a Europa a parar a guerra”.

“Pedimos a todos os nossos amigos chineses que identifiquem o agressor e apoiem a vítima”, disse o embaixador, durante uma mesa redonda organizada pelo Centro para a China e a Globalização, um ‘think tank’ com sede em Pequim.

15 Mar 2022

Coreia do Sul envia equipamento militar não letal e material médico para a Ucrânia

A Coreia do Sul vai enviar equipamento militar não letal, como capacetes e cobertores à prova de bala, e material médico para a Ucrânia, anunciou hoje o Governo.

O carregamento, avaliado em cerca de mil milhões de won (733 mil euros), consiste em conjuntos de primeiros socorros, rações alimentares militares prontas a comer e tendas, disso o porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano, Boo Seung-chan, em conferência de imprensa.

Os pormenores da remessa “ainda estão em discussão”, acrescentou Boo, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Na semana passada, o mesmo porta-voz tinha afirmado que o Ministério da Defesa acredita existirem “limites para o fornecimento de armas letais” à Ucrânia, numa aparente rejeição do pedido de fornecimento de armas feito por Kiev à comunidade internacional.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, solicitou ajuda humanitária e militar, incluindo armas, para tentar repelir a invasão do exército russo, iniciada há quase três semanas.

Os meios de comunicação sul-coreanos noticiaram que Kiev terá pedido a Seul mísseis antitanque, espingardas, coletes à prova de bala e o fornecimento de informações militares obtidas por satélite.

O Governo sul-coreano, que se juntou à UE e ao G7 [Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido] na imposição de sanções económicas à Rússia, comprometeu-se até agora a enviar cerca de nove milhões de euros em ajuda humanitária para a Ucrânia.

No mês passado, o embaixador ucraniano em Seul, Dmytro Ponomarenko, também pediu ajuda a Seul para reforçar a cibersegurança no seu país.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

15 Mar 2022

Ucrânia | Negociações com Rússia fazem pausa e Moscovo nega pedido de ajuda à China

As negociações entre a Ucrânia e a Rússia serão retomadas hoje, após uma “pausa técnica” na ronda de ontem, enquanto Moscovo não responde a uma proposta de mediação do Vaticano e desmente ter pedido ajuda à China.

“Estamos a fazer uma pausa técnica nas negociações até amanhã [terça-feira]” para permitir “trabalho adicional dos subgrupos de trabalho e a clarificação” de alguns termos, declarou Mykhaïlo Podoliak, negociador e conselheiro do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na rede social Twitter.

Zelensky tinha classificado como “negociações difíceis” a quarta ronda de conversações entre a Ucrânia e a Rússia, que decorreu por videoconferência, acrescentando que procurará garantir uma “paz honesta, com garantias de segurança”.

Também ontem, o secretário de Estado do Vaticano disse que a instituição está a fazer tudo para mediar o conflito na Ucrânia e que transmitiu essa oferta ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, de quem não recebeu resposta.

Numa entrevista no domingo ao canal de informação da Mediaset, “Tgcom”, e ontem divulgada pelos meios de comunicação do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin explicou “que a oferta da Santa Sé para mediar foi pessoalmente discutida nos últimos dias com Lavrov”, em conversas telefónicas.

Entretanto, a Rússia negou ter pedido ajuda militar e económica à China para invadir a Ucrânia e ultrapassar as sanções que lhe têm sido impostas pelos países ocidentais.

O jornal The New York Times (NYT) noticiou no domingo, citando fontes não identificadas, que a Rússia pediu à China que fornecesse equipamentos militares para a guerra na Ucrânia e ajuda económica para ajudar a superar as sanções internacionais.

Em sintonia com Moscovo, a China acusou ontem os Estados Unidos de “desinformação”, negando o pedido de ajuda da Rússia, difundido pelos ‘media’ ocidentais.

“É completamente falso, é pura desinformação. A China declarou clara e consistentemente a sua posição sobre a crise na Ucrânia. Desempenhamos um papel construtivo e avaliamos a situação de forma imparcial e independente”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, em conferência de imprensa.

Foi neste clima de acusações que diplomatas dos Estados Unidos e da China iniciaram ontem as negociações em Roma, Itália.

O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, reuniu com Yang Jiechi, o mais alto funcionário do Partido Comunista Chinês para questões diplomáticas.

Não se conhece, para já, o teor das conversações, mas é possível que Sullivan tenha alertado Yang para os primeiros sinais do impacto económico da aliança de Pequim com Moscovo.

As empresas chinesas registaram ontem o seu pior dia na bolsa de valores de Hong Kong desde a crise financeira global de 2008, à medida que a aproximação de Pequim a Moscovo e renovados riscos regulatórios provocaram o pânico.

O Hang Seng China Enterprises Index, índice composto por empresas da China continental, fechou a cair 7,2%, a maior queda desde novembro de 2008. O Hang Sang Tech Index, que junta os grupos tecnológicos, caiu 11% – a pior queda desde que o índice foi lançado, em julho de 2020.

Na vertente das sanções, os Estados-membros da União Europeia chegaram a um acordo sobre o alargamento da lista de oligarcas russos sancionados como represália pela agressão militar da Rússia à Ucrânia, que contempla a inclusão do multimilionário Roman Abramovich, revelaram fontes diplomáticas.

A decisão, que se enquadra do quarto pacote de sanções da UE contra Moscovo, anunciado na passada sexta-feira pela Comissão Europeia, terá que ser adoptada formalmente e deverá contemplar a inclusão na lista de sanções de mais 15 indivíduos e nove entidades, adiantaram as mesmas fontes.

Entre sanções e bloqueios, o Instagram, da gigante tecnológica norte-americana Meta, deixou hoje de estar acessível na Rússia, cujo governo acusou a rede social de espalhar apelos à violência contra os russos devido à invasão da Ucrânia.

De acordo com a agência de notícias France-Presse, não é possível atualizar a aplicação do Instagram para telemóveis, nem aceder à página da rede social na Internet.

Na frente de combate, os militares russos disseram que admitem o lançamento de ataques para assumir o controlo total das principais cidades ucranianas, algumas das quais já estão cercadas.

“O Ministério da Defesa, embora assegurando a máxima segurança para a população civil, não exclui a possibilidade de assumir o controlo total das grandes cidades, que hoje estão praticamente cercadas”, disse a diplomacia russa.

A Ucrânia acusou, entretanto, o exército da Rússia de ter cortado novamente o fornecimento de energia à central nuclear de Chernobyl, localizada a norte de Kiev e sob controlo dos russos desde os primeiros dias da guerra.

As autoridades ucranianas disseram no domingo que haviam restaurado o fornecimento de energia à antiga central nuclear, que garantiria a segurança dos resíduos radioativos armazenados no local.

No outro lado da barricada, os separatistas pró-russos responsabilizaram as forças ucranianas pela morte de 23 pessoas na cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, que dizem ter sido atingidas por fragmentos de um míssil intercetado pela sua defesa aérea.

A defesa territorial de Donetesk publicou fotografias na aplicação de mensagens Telegram em que se veem corpos ensanguentados numa rua do centro da cidade industrial.

Para compensar os prejuízos da guerra provocada por Moscovo, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, propôs que os bens do Estado e dos oligarcas russos congelados no Ocidente sejam definitivamente confiscados e destinados a um fundo para a reconstrução da Ucrânia.

“O cruel agressor que atacou um país deve pagar o preço mais elevado que possamos impor-lhe em democracia e no âmbito da coexistência pacífica das nações”, defendeu Morawiecki, após uma reunião com a primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, e o chefe do Governo ucraniano, Denys Chmygal.

No balanço de vítimas, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) anunciou que a guerra na Ucrânia já matou pelo menos 636 civis, incluindo 46 crianças, e feriu 1.125, entre os quais 62 menores, até ao final do dia de domingo.

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) informou que mais de 4,8 milhões de ucranianos fugiram das suas casas desde que a Rússia invadiu o país, a 24 de fevereiro, tendo 2,8 milhões deixado o país.

Dos quase três milhões de refugiados ucranianos, 60% (1,7 milhões) foram para a Polónia, 255.000 chegaram à Hungria, 204.000 à Eslováquia, 131.000 à Rússia, 106.000 à Moldova, 84.000 à Roménia e 1.200 à Bielorrússia, de acordo com a informação atualizada diariamente pelo ACNUR.

15 Mar 2022

Bruxelas teme consequências económicas de novas medidas de confinamento na China

O comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, disse ontem que se as medidas de confinamento impostas em várias cidades da China se prolongarem, devido a surtos de covid-19, haverá consequências económicas na Europa, que se somarão ao impacto da guerra na Ucrânia.

“Se for para durar, terá repercussões”, alertou em entrevista à rádio France Inter, referindo-se aos confinamentos que foram decretados em áreas urbanas chave para a produção de componentes estratégicos de exportação, como semicondutores.

Breton destacou as fortes restrições que as autoridades chinesas estão a impor na província de Guangdong, que faz fronteira com Macau, e que concentra a indústria de eletrónica do país.

Também na cidade de Changchun, no nordeste, e em Xangai, a “capital” económica do país asiático, vários bairros foram confinados. A população local foi aconselhada a não deixar as cidades, exceto por motivos essenciais. Desde o início do mês, a China passou de 119 para 3.122 casos diários.

O comissário europeu salientou que, na situação atual, só contando com o impacto da guerra na Ucrânia, a economia europeia pode perder um ponto percentual de crescimento e a inflação subirá.

Mas ressalvou que a incerteza é grande e é “muito difícil” fazer previsões. “Teremos de ser bastante flexíveis” na gestão da situação, afirmou. O comissário disse que é “melhor que as taxas [de juro] não subam demasiado”, apesar de que em 2022 ainda haverá uma inflação “muito importante”.

15 Mar 2022

Empresas chinesas afundam em bolsa face a aproximação de Pequim a Moscovo

As empresas chinesas registaram ontem o seu pior dia na bolsa de valores de Hong Kong desde a crise financeira global de 2008, à medida que a aproximação de Pequim a Moscovo e renovados riscos regulatórios provocaram o pânico.

O Hang Seng China Enterprises Index, índice composto por empresas da China continental, fechou a cair 7,2%, a maior queda desde novembro de 2008. O Hang Sang Tech Index, que junta os grupos tecnológicos, caiu 11% – a pior queda desde que o índice foi lançado, em julho de 2020.

As fortes quedas ocorreram depois de vários órgãos de imprensa norte-americanos terem informado que a Rússia pediu à China assistência militar para a guerra na Ucrânia.

Pequim negou aquela informação, mas os investidores temem que a aproximação de Pequim a Vladimir Putin possa originar uma reação global contra as empresas chinesas, e até mesmo sanções.

O sentimento foi agravado por várias medidas de confinamento nas cidades chinesas de Shenzhen, Xangai ou Changchun, devido a surtos de covid-19.

Há ainda o risco de empresas chinesas serem excluídas das praças financeiras dos EUA, à medida que os reguladores norte-americanos aumentam o escrutínio sobre a contabilidade de empresas estrangeiras.

Na sexta-feira, o Golden Dragon Index, índice que reúne empresas chinesas listadas nas bolsas norte-americanas, caiu 10%, pelo segundo dia consecutivo.

Na semana passada, o índice caiu 18% – o declínio mais acentuado desde pelo menos 2001. O índice de referência CSI 300 da China fechou a cair 3,1% hoje. A cotação da moeda chinesa, o yuan, também caiu para o seu nível mais baixo no espaço de um mês.

15 Mar 2022

Covid-19 | Especialistas insistem na política de zero casos apesar de novos surtos

Apesar do agravamento da situação, com o país a atravessar a maior crise pandémica desde o aparecimento do novo coronavírus, cientistas dizem não ser ainda o momento de alterar a estratégia

 

O epidemiologista chinês Zhang Wenhong afirmou ontem que “não é o momento” para debater a política de tolerância zero à covid-19 da China, numa altura em que o país enfrenta o maior surto da doença, desde 2020.

Numa mensagem difundida através da rede social Weibo, Zhang explicou que o país asiático deve “aproveitar este período como uma oportunidade para desenhar estratégias anti-pandemia mais sábias, completas e sustentáveis”.

Zhang admitiu que a China atravessa o momento “mais difícil” desde que a pandemia eclodiu, no início de 2020. Desde o início do mês, o país passou de 119 para 3.122 casos diários.

Apesar da extensão dos surtos, o epidemiologista salientou que a “virulência do coronavírus diminuiu”, acrescentando que as “pessoas com imunidade normal e que receberam uma dose de reforço não terão problemas”.

Zhang assegurou que se a China – que mantém as suas fronteiras praticamente fechadas a estrangeiros não residentes há dois anos, e exige uma quarentena mínima de 14 dias para quem entra no território – se abrisse aos estrangeiros, “aumentaria o número de casos num período muito curto e o sistema médico nacional ficaria sobrecarregado”, causando “danos irreparáveis” à sociedade.

Wang Guangfa, especialista no sistema respiratório que foi um dos primeiros a visitar Wuhan, durante o primeiro surto de covid-19, em Janeiro de 2020, explicou este fim de semana que a variante Ómicron, já dominante no país asiático, significa que há mais casos assintomáticos, “tornando difícil detectar os infectados a tempo”.

Wang, citado pelo jornal oficial Global Times, acrescentou que a proporção relativamente baixa de vacinados entre os idosos “ainda é um dos maiores problemas”.

O especialista disse ter esperança de que o número de casos “se reduza significativamente em duas semanas” e previu que o país volte aos zero casos no espaço de 28 dias.

A seu tempo

Cidades como Shenzhen e Changchun estão actualmente sob confinamento parcial ou total, devido ao aumento do número de infeções entre a sua população.

Nas últimas semanas, algumas vozes na China sugeriram um possível ajuste à estratégia de zero casos de covid-19, que envolve, além dos confinamentos, restrições nas viagens internas e testes em massa sempre que um caso é detetado.

O epidemiologista Zeng Guang, ex-chefe do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, afirmou recentemente que as “restrições não durarão para sempre” e que a China “vai apresentar o seu roteiro para coexistir com o vírus na altura apropriada”.

15 Mar 2022

Covid-19 | China confina 17 milhões de habitantes da cidade de Shenzhen

Os 17 milhões de habitantes da cidade chinesa de Shenzhen foram colocados em confinamento após a notificação de 66 novos casos de covid-19, anunciaram ontem as autoridades locais.

Aos habitantes desta cidade, que abriga as gigantes tecnológicas Huawei e Tencent, as autoridades ordenaram que permaneçam em casa para controlar um surto da variante Ómicron que, nos últimos dias, já levou ao encerramento de lojas não essenciais e restaurantes.

Embora seja baixo o número de casos de covid-19 comparado com o de outros países, a China enfrenta o pior surto da doença em dois anos, no nordeste do país, que hoje aumentou as infeções para o triplo, levando as autoridades chinesas a suspender o transporte de autocarro para Xangai.

A China, onde os primeiros casos de coronavírus foram detetados no final de 2019 na cidade central de Wuhan, registou um total de 4.636 mortes desde o início da pandemia, de 115.466 infeções confirmados.

14 Mar 2022

Ucrânia | Índia anuncia transferência da sua embaixada da Ucrânia para a Polónia

A Índia anunciou ontem que vai transferir temporariamente a sua embaixada na Ucrânia para a Polónia devido à “rápida deterioração da situação” naquele país, na sequência da invasão militar russa.

“Devido à rápida deterioração da situação de segurança na Ucrânia, incluindo ataques nas partes ocidentais do país, foi decidido que a embaixada indiana na Ucrânia se mudará temporariamente, para a Polónia”, anunciou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia, em comunicado de imprensa, citado pela agência Efe.

A decisão da Índia acontece horas depois de o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, participar numa reunião com vários dos seus ministros para examinar o nível de segurança na Índia, em relação à escalada do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, e um dia depois o Paquistão exigir mais explicações à Índia sobre o lançamento acidental de um míssil desarmado contra o território paquistanês.

Conforme relatado pelo executivo indiano, o encontro permitiu ao primeiro-ministro indiano conhecer os últimos acontecimentos na Ucrânia, bem como mais sobre a ‘Operação Ganges’, na qual a Índia retirou cerca de 18 mil dos seus cidadãos presos na Ucrânia após a início das hostilidades.

A “Operação Ganges”, que levou à retirada de nacionais em dezenas de aviões, bem como à cooperação de outros países vizinhos da Ucrânia, começou em 26 de fevereiro, dois dias após o início da guerra.

Perante o avanço das tropas russas em direção à capital ucraniana, Kiev, a maioria dos países fechou as suas embaixadas ou transferiu-as temporariamente para outras cidades.

A Índia tem mantido uma posição de neutralidade desde o início do conflito armado entre Rússia e Ucrânia, abstendo-se de condenar a invasão perante a Assembleia da ONU.

A Índia, que tem a Rússia como seu principal fornecedor de equipamentos bélicos, optou sempre por resolver as hostilidades pelo diálogo, como transmitiu Modi aos Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodímir Zelenski, em duas reunião que aconteceram esta semana.

14 Mar 2022

Ucrânia | Conselheiro da Casa Branca vai reunir-se com responsável chinês

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca foi enviado a Roma para conversações na segunda-feira com um responsável chinês, quando aumentam as preocupações com a posição de Pequim em relação à ofensiva da Rússia na Ucrânia.

As conversações entre o conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan e o conselheiro sénior de política externa chinesa Yang Jiechi estarão centradas “nos esforços para gerir a competição entre os dois países e discutir o impacto da guerra que a Rússia trava na Ucrânia na segurança global e regional”, disse Emily Horne, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

A Casa Branca acusou Pequim de difundir falsas informações russas sobre alegadas instalações ucranianas de armas químicas e biológicas que seriam apoiadas pelos Estados Unidos.

As autoridades norte-americanas alegam que a China tenta dar cobertura a um potencial ataque russo com armas químicas e biológicas na Ucrânia.

Sullivan disse hoje no programa “Meet the Press” da NBC que quando a Rússia começa a acusar outros países de se prepararem para lançar ataques biológicos ou químicos, “é um sinal de que ela própria pode estar prestes a fazer isso”.

O conselheiro da Casa Branca disse também que a China e outros países não devem ajudar Moscovo a contornar as sanções que lhe foram impostas pelos países ocidentais na sequência da invasão russa da Ucrânia.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, classificou na quarta-feira as alegações russas como “absurdas” e observou que funcionários do Governo chinês também ecoaram as “teorias da conspiração” da Rússia.

“Agora que a Rússia fez essas falsas alegações, e a China aparentemente defendeu essa propaganda, todos nós devemos estar atentos a que Rússia possivelmente use armas químicas ou biológicas na Ucrânia ou crie uma operação de bandeira falsa para utilizá-las. É um padrão claro”, sustentou.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

14 Mar 2022

Hong Kong | Apelo a esforços conjuntos para melhorar situação pandémica

A pandemia da covid-19 ainda está a atingir Hong Kong, mas a situação melhorará com os esforços conjuntos dos departamentos e agências governamentais da Região Administrativa Especial, garantiu o chefe-executivo da Autoridade Hospitalar, Tony Ko Pat-sing.

Em entrevista exclusiva à Xinhua, o responsável disse que a principal diferença entre a actual quinta onda de infecção por coronavírus em Hong Kong e as anteriores é que a variante ómicron altamente transmissível é agora dominante.

Observando que a mais recente onda da covid-19 colocou pressão sobre o sistema de saúde da região, Ko explicou que actualmente os hospitais públicos estão com falta de pessoal e não há camas de isolamento suficientes para o número crescente de pacientes.

Apesar de enfrentar uma carga de serviço pesada, a equipa médica dos hospitais públicos está a trabalhar muito e ninguém está a descurar os seus deveres com medo de infecção, elogiou Ko. Mais de 98% dos funcionários da Autoridade Hospitalar foi vacinado contra a covid-19.

“Fomos apoiados por todo o país nos últimos dois anos e estamos mais do que adequados em termos de equipamentos de protecção, por isso sentimo-nos muito aliviados”, acrescentou. Ko disse que a Autoridade Hospitalar está a tentando ao máximo reduzir a mortalidade em pacientes, os casos graves e a transmissão do vírus.

“Primeiro recrutamos colegas aposentados, enquanto convidamos médicos que trabalham em hospitais privados para se juntarem a nós para resolver a escassez de funcionários”, ressaltou Ko, acrescentando que aumentou o número de hospitais públicos convertendo internamentos gerais em internamentos de isolamento.

Além disso, o governo de Hong Kong anunciou na quarta-feira que o Hospital Queen Elizabeth seria convertido num hospital designado para pacientes com covid-19, o que Ko disse ser muito importante. O Queen Elizabeth é o maior hospital geral de Hong Kong e está localizado no centro da região, com um grande número de camas.

14 Mar 2022

Xangai | Infecções aumentam levando a restrições no acesso

Com o número de infeccões a aumentar em diversos pontos do país, as autoridades reforçam as medidas de tolerância zero e ordenam às populações de várias cidades para que não saiam de casa

 

Um surto do coronavírus SARS-CoV-2 no nordeste da China fez ontem triplicar as infecções e as autoridades chinesas intensificam medidas de controlo da doença, como a suspensão do transporte de autocarro para Xangai.

Embora seja baixo, o número de casos de covid-19 na China comparado com o de outros países, o país enfrenta o pior surto da doença em dois anos, mantendo uma estratégia de “tolerância zero” que encerra temporariamente cidades para isolar pessoas infectadas, apesar do custo económico que acarreta.

Segundo dados do governo, 1.938 novos casos foram registados na parte continental da China nas 24 horas anteriores à meia-noite de sábado, mais do triplo do total do dia anterior.

Cerca de três quartos (1.412 casos) ocorreram na província de Jilin, no nordeste da China, onde o acesso à metrópole industrial de Changchun foi suspenso na sexta-feira e as famílias foram instruídas a ficar em casa.

Em Hong Kong, o governo do território registou 15.789 novos casos, quase metade do total de sábado.
A líder do território, a executiva-chefe Carrie Lam, alertou sábado para a possibilidade de não ter ainda passado o pico deste último surto de covid-19.

A China, onde os primeiros casos de coronavírus foram detectados no final de 2019 na cidade central de Wuhan, registou um total de 4.636 mortes desde o início da pandemia, de 115.466 infecções confirmadas.

Em combate

Ontem, 831 novos casos foram registados em Changchun, 571 na capital da província vizinha de Jilin, 150 na cidade portuária oriental de Qingdao e 60 em Shenzhen, o centro de negócios adjacente a Hong Kong.

As autoridades de Jilin estão a intensificar as medidas de combate à doença depois de concluírem que a resposta anterior estava a ser inadequada, segundo o vice-diretor da Comissão de Saúde provincial, Zhang Yan.

“O mecanismo de resposta de emergência em algumas áreas não é suficientemente sólido”, afirmou Zhang em conferência de imprensa, de acordo com uma transcrição divulgada pelo governo chinês. Em Xangai, uma das cidades mais populosa da China, com 24 milhões de habitantes, o aumento do número de casos no último surto de covid-19 foi de 15, para 432.

O governo da cidade ordenou que ninguém saia de casa a menos que seja necessário e o serviço de autocarro intermunicipal foi ontem suspenso.

“Aqueles que vêm ou retornam a Xangai devem ter um relatório negativo de teste de ácido nucleico dentro de 48 horas antes da chegada”, lê-se num comunicado das autoridades de saúde da cidade, citado pela Associated Press.

Também ontem, alguns moradores de Cangzhou, no sul de Pequim, receberam ordem para ficar em casa após terem sido registados nove casos de infecção por covid-19, segundo um aviso do governo chinês.

14 Mar 2022

Ucrânia | China insta Pentágono a revelar existência de laboratórios biológicos

Pequim afirma que o departamento de defesa dos EUA controla 336 laboratórios em todo o mundo

 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu aos EUA que revelassem informações sobre os alegados laboratórios biológicos do Pentágono na Ucrânia “o mais depressa possível”.

Na segunda-feira, os militares russos afirmaram que as autoridades ucranianas tinham estado a destruir os agentes patogénicos estudados nos seus laboratórios. Moscovo alegou que 30 laboratórios ucranianos, financiados pelos EUA, têm vindo a cooperar activamente com os militares americanos.

Kiev negou o desenvolvimento de armas biológicas. De acordo com o website da embaixada dos EUA em Kiev, o Programa de Redução de Ameaças Biológicas do Departamento de Defesa dos EUA apenas “colabora com países parceiros para combater a ameaça de surtos” de doenças infecciosas. Em 2020, a embaixada chamou a tais teorias sobre laboratórios biológicos financiados pelos EUA na Ucrânia de “desinformação”.

Falando numa conferência de imprensa na terça-feira, contudo, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Zhao Lijian afirmou que, segundo informações do seu país, os laboratórios na Ucrânia são apenas “uma ponta do iceberg” e que o Departamento de Defesa dos EUA “controla 336 laboratórios biológicos em 30 países em todo o mundo”. Isto é feito sob o pretexto de “cooperar para reduzir os riscos de bio-segurança” e “reforçar a saúde pública global”, disse Zhao.

Segurança em causa

Zhao disse que, de acordo com dados “divulgados pelos próprios Estados Unidos”, existem 26 laboratórios dos EUA na Ucrânia. À luz da ofensiva militar russa no país, Zhao exortou “todas as partes envolvidas” a garantir a segurança dos laboratórios.

“Em particular, os Estados Unidos, como a parte que melhor conhece estes laboratórios, deveriam publicar os detalhes relevantes o mais rapidamente possível, incluindo quais os vírus armazenados e quais as investigações que foram realizadas”, disse ele.

“Os EUA têm estado a obstruir exclusivamente o estabelecimento de um mecanismo de verificação independente. Tal comportamento”, disse Zhao, “agrava ainda mais as preocupações da comunidade internacional”.

De acordo com um relatório publicado no jornal brasileiro The Rio Times, a embaixada dos EUA na Ucrânia apagou todas as informações sobre laboratórios biológicos financiados pelo Pentágono no seu website a 26 de Fevereiro. No entanto, a jornalista Dilyana Gaytandzhieva alegou que o pessoal da embaixada se esqueceu de retirar um documento que mostrava que o Pentágono está a financiar dois novos laboratórios em Kiev e Odessa.

“A Ucrânia não tem qualquer controlo sobre os laboratórios militares. O governo ucraniano não está autorizado a divulgar informações sensíveis sobre o programa”, afirmou o órgão noticioso brasileiro.

Nos últimos 20 anos, o Centro de Ciência e Tecnologia da Ucrânia, estabelecido em conjunto com os Estados Unidos, investiu mais de 285 milhões de dólares em cerca de 1850 projectos realizados por cientistas que, segundo Gaytandzhieva, trabalharam anteriormente no desenvolvimento de armas de destruição maciça. As autoridades norte-americanas ainda não comentaram as últimas alegações.

11 Mar 2022

Novo Presidente sul-coreano preparado para dialogar com Pyongyang

O Presidente eleito sul-coreano, o conservador Yoon Suk-yeol, afirmou hoje que vai manter a janela de diálogo com Pyongyang “sempre aberta” e prometeu reforçar a cooperação militar com Washington, depois de vencer as eleições presidenciais.

Yoon apresentou-se hoje como o Presidente eleito da Coreia do Sul, com um apelo à “unidade” e ao “senso comum”, depois de obter uma vitória muito apertada nas eleições, realizadas na quarta-feira após uma campanha eleitoral marcada por diversos escândalos.

O líder do Partido do Poder Popular (PPP) conquistou a vitória eleitoral contra o liberal Lee Jae-myung, do partido no poder, por menos de 250 mil votos (0,73%), a menor margem registada em escrutínios livres nos últimos 35 anos na Coreia do Sul.

Yoon chegou ao poder depois de adotar um tom mais duro com o regime da Coreia do Norte do que o do presidente cessante, Moon Jae-in, que promoveu o degelo na relação entre os dois países vizinhos e facilitou as negociações com os Estados Unidos da América (EUA), para a desnuclearização da península coreana.

O Presidente eleito afirmou hoje que procurará fortalecer as defesas nacionais para dissuadir o regime de Pyongyang de qualquer “provocação”, além de reforçar a cooperação na área da Defesa com os EUA.

Yoon, que durante a campanha falou de “ataques preventivos” contra o Norte, alertou hoje que “responderá severamente” se Pyongyang tomar “ações ilegais ou irracionais”, embora tenha acrescentado que “sempre deixará a porta aberta para o diálogo”.

A sua vitória eleitoral ocorre após o regime de Kim Jong-un testar várias armas, incluindo mísseis hipersónicos e projéteis balísticos de alcance intermédio.

A imprensa oficial norte-coreana, que ainda não comentou o resultado eleitoral no Sul, noticiou hoje uma visita de Kim às instalações aeroespaciais nacionais para supervisionar um programa de desenvolvimento de satélites destinados a espionar os EUA e os seus aliados.

O desenvolvimento de satélites de vigilância e de recolha de informações foi uma das medidas aprovadas no congresso norte-coreano de partido único, em janeiro de 2021, junto com outras, para ampliar o arsenal do país, o que sugere uma estratégia de longo prazo para tentar forçar o regresso das negociações com Washington, independentemente de quem governa em Seul.

Horas depois de se proclamar vencedor das eleições, Yoon Suk-yeol conversou por telefone com o Presidente dos EUA, Joe Biden, que o congratulou pela vitória e expressou o desejo de aprofundar uma aliança bilateral, que definiu como o “eixo da paz, segurança e prosperidade no Indo-Pacífico”.

Ambos também se comprometeram a “manter estreita a coordenação na resposta às ameaças representadas pelos programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte”, segundo a Casa Branca.

Um dos aspetos específicos em que os aliados podem reforçar as suas capacidades conjuntas é a implantação de sistemas de mísseis THAAD adicionais em território sul-coreano, mas que pode aumentar as tensões com China, que considera esses escudos como uma ameaça à sua segurança nacional.

O líder conservador, que deve assumir o cargo em 10 de maio, disse hoje que aspira construir uma relação de “respeito mútuo” com Pequim.

Em relação ao Japão, um país com o qual os laços se deterioraram nos últimos anos devido a disputas relacionadas à ocupação japonesa da Coreia antes da Segunda Guerra Mundial, Yoon disse que trabalhará para alcançar um “relacionamento que olha para o futuro”.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, felicitou hoje Yoon e defendeu relações “saudáveis” entre Tóquio e Seul.

10 Mar 2022