Saúde | Menos casos de Gripe e Escarlatina em Março

No mês de Março registaram-se 320 casos de gripe, uma redução de 74,4 por cento face às 1.252 ocorrências de Fevereiro, e uma redução de 77,9 por cento face aos 1446 casos registados em Março de 2024. Os dados foram divulgados ontem pelos Serviços de Saúde, no âmbito dos dados do mecanismo de declaração obrigatória de doenças transmissíveis.

Em relação às infecções por norovírus, foram declarados 74 casos de infecção, um aumento de 19,4 por cento em relação aos 62 casos registados de Fevereiro. Quando a comparação é feita entre Março deste ano e o período homólogo, o aumento foi de 1,4 por cento, dado que no ano passado tiveram lugar 62 ocorrências. De acordo com os SS, a infecção por norovírus é uma doença transmissível do tracto gastrointestinal, causada por norovírus, transmitida principalmente pelo consumo de alimentos ou água contaminados, pelo contacto com vómitos ou excrementos dos doentes e pelo contacto com os materiais contaminados, podendo também ser transmitidas por gotículas de saliva no ar.

Finalmente, em relação aos casos de escarlatina, em Março de 2025 foram registados 54 casos, uma redução de 10,0 por cento em relação aos 60 casos registados no mês anterior. Quando a comparação é feita com o período homólogo, a redução é mais acentuada, de 77,4 por cento, dado que em Março do ano passado registaram-se 239 casos.

Burla | PJ revela operação contra rede criminosa

A rede foi desmantelada numa operação realizada com a polícia de Zhuhai e deixa pelo menos 26 vítimas em Macau que terão perdido 1,11 milhões de patacas. As informações sobre as potenciais vítimas eram recolhida numa loja de telemóveis

 

Uma operação conjunta das polícias de Macau e Zhuhai levou ao desmantelamento de uma rede criminosa transfronteiriça que se dedicava a burlas por telefone. O caso foi revelado ontem, através de uma conferência de imprensa. Esta rede terá causado um total de 26 vítimas em Macau, que registaram perdas de 1,11 milhões de patacas.

A operação das polícias foi realizada em Macau e em Zhuhai, na manhã de terça-feira, levou à detenção de 18 pessoas. Na RAEM, foram detidas 13 pessoas, das quais nove são residentes locais, duas do Interior e outras duas do Vietname. As detenções foram realizadas em várias zonas do território, mas também no hall de chegadas do Aeroporto Internacional de Macau. Houve ainda cinco detidos no Interior.

Os detidos em Macau têm entre 24 e 61 anos, e entre estes encontram-se o gerente de uma loja de venda de telemóveis e outros produtos electrónicos, assim como outros dois empregados, tidos como os cabecilhas desta associação criminosa.

De acordo com a PJ, era através desta loja que parte da informação sobre as potenciais vítimas era recolhida, com os empregados a tirarem fotografias de documentos de identificação. De acordo com a legislação em vigor em Macau, quando uma pessoa compra um cartão de telemóvel pré-pago está obrigada a apresentar a identificação e a fazer o registo, para as autoridades saberem quem são as pessoas que utilizam os diferentes números. Era esta exigência que terá sido aproveitada por parte dos burlões para obterem informação sobre as vítimas, que depois era enviada para o Interior, onde eram realizadas as chamadas.

Várias apreensões

Na operação em Macau foram apreendidos 140 cartões pré-pagos de telemóvel, 40 mil renminbis, 10 mil dólares de Hong Kong e 10 mil patacas, assim como três computadores, 24 telemóveis e 12 routers e modems.

Segundo o modus operandi apresentado, os homens recolhiam informação sobre as vítimas e depois praticavam as burlas “quem sou eu?”. Este é um tipo de burla em que os criminosos fazem a pergunta à vítima, que depois responde assumindo que está a falar com algum familiar ou conhecido. Face à resposta, os burlões fazem-se passar por essa pessoa para pedir dinheiro, normalmente com uma justificação como dívidas à polícia ou emergentes de um qualquer negócio, ou outros problemas legais.

No caso desta rede de criminosos, o dinheiro era recebido em Macau, através de aplicações móveis ou transferências bancárias ou entregue em mão. Depois era transportado para o Interior, dentro de caixas de biscoitos, onde eram entregues a determinados motoristas de aplicação de transportes de passageiros, para ser lavado ou colocado em circulação. Segundo as contas apresentadas, cerca de 400 mil yuan foram lavados. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.

Macau quer usar moeda digital para comércio entre China e lusofonia

O secretário para a Economia e Finanças de Macau quer explorar a possibilidade de usar a pataca digital nas trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa.

Durante a apresentação do programa político para 2025 na área da economia e finanças, do novo Governo de Macau, Tai Kin Ip disse que discutiu a ideia com o banco central de Portugal durante uma recente visita ao país. Uma delegação liderada por Tai Kin Ip esteve em Lisboa entre 4 e 6 de Março, onde se encontrou com dirigentes do Banco de Portugal, incluindo o administrador Luís Morais Sarmento.

No final de Março, o gabinete do secretário disse num comunicado que os vários encontros serviram para “negociar a consolidação e o aprofundamento da cooperação entre Macau e Portugal nas áreas da ciência, tecnologia, economia e comércio”.

Tai Kin Ip disse na quarta-feira na Assembleia Legislativa que iria continuar a visitar mais países de língua portuguesa no futuro para procurar apoio para a utilização da pataca digital. O secretário prometeu aproveitar as vantagens da pataca digital como uma moeda cuja circulação será livre através das fronteiras de Macau, uma economia aberta ao fluxo de capitais.

Pelo contrário, a moeda chinesa, o renminbi, não é inteiramente convertível em outras moedas e as autoridades de Pequim impõem um rígido controlo ao fluxo de capitais, sobretudo para fora do país.

Sementes a germinar

O protótipo do sistema da pataca digital de Macau (e-Mop) foi lançado em 12 de Dezembro, oito dias antes do fim do mandato do anterior líder do Governo, Ho Iat Seng. Em Setembro, o regulador financeiro da região disse que a pataca digital poderia “servir de exemplo para os países de língua portuguesa”.

O presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), Benjamin Chan Sau San, falava durante a segunda Conferência dos Governadores dos Bancos Centrais e dos Quadros da Área Financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que decorreu em Macau.

Na abertura do evento, Ho Iat Seng disse que o desenvolvimento da e-Mop contou com o apoio do Governo e do banco central da China, que foi a primeira grande economia do mundo a lançar uma moeda digital, o renminbi digital ou e-CNY, em Agosto de 2020.

Em Setembro, a AMCM explicou que, antes do lançamento oficial da pataca digital, iria realizar testes para identificar riscos e “estabelecer leis e regulamentos”.

Hospital das Ilhas | Críticas às poucas ligações de autocarros

A legisladora ligada à comunidade de Jiangmen, Lo Choi In, considera que actualmente as deslocações para o hospital implicam um “percurso tortuoso”. Além disso, pede autocarros mais direccionados, que não coincidam com algumas das principais atracções turísticas

 

A deputada Lo Choi In critica as poucas ligações de autocarros ao Hospital das Ilhas, e pede ao Governo que apresente planos para resolver a situação. O assunto foi abordado através de uma interpelação escrita.

De acordo com a legisladora ligada à comunidade de Jiangmen, há cada vez mais pessoas que procuram utilizar o Hospital das Ilhas, porque tem menos utentes, o que faz com que as filas de espera sejam mais pequenas. “Tendo em conta a reputação do hospital Peking Union Medical College e o número relativamente baixo de utentes durante o período inicial do seu funcionamento, muitos residentes optam actualmente por se deslocar ao hospital das Ilhas”, afirmou Lo.

A deputada reconheceu que há percursos disponíveis para o hospital, através dos autocarros 35, 50, H3, MT4 e N5, mas que a cobertura é limitada e deixa muitas zonas consideradas importantes de fora.

“As carreiras de autocarros não cobrem adequadamente as zonas urbanas antigas da Península de Macau, especialmente a Areia Preta, Porto Interior ou a Rua de São Paulo, pelo que os residentes destas zonas têm de percorrer grandes distâncias, quando precisam de ir ao Hospital das Ilhas”, justifica a deputada. “Os residentes destas zonas têm de apanhar outros autocarros ou fazer um percurso tortuoso, como por exemplo, fazer a transferência dos autocarros para o metro ligeiro, para se dirigirem ao Hospital das Ilhas”, acrescentou.

Neste cenário, Lo pergunta ao Executivo se tem “planos para optimizar os percursos dos autocarros” e recorda que actualmente as deslocações para deficientes motores, os idosos ou os doentes já são suficientemente difíceis.

Além do turismo

Ao mesmo tempo, Lo Choi In aponta que muitos dos autocarros que se deslocam ao Hospital das Ilhas coincidem com autocarros utilizados pelos turistas para se deslocarem a algumas das principais atracções do território. Esta é uma situação criticada pela deputada, por considerar que torna as deslocações desnecessariamente mais difíceis para pessoas que apresentam uma condição física mais fragilizada.

A legisladora pretende assim saber se existem planos “a longo prazo” para criar “autocarros mais directos”, com “horários limitados, especializados e orientados para os locais de residência das pessoas que mais frequentam cuidados médicos”.

Na interpelação escrita, a deputada aborda também a questão dos táxis para as pessoas que precisam de se deslocar de cadeira de rodas. Lo indica que “a oferta em Macau foi sempre inferior à procura” e pretende saber como o Governo vai responder a esta situação. A deputada sugere que haja “incentivos políticos” para que as associações locais tratem deste serviço, dado que desta forma não é necessário assegurar lucros.

Ranking | Universidade de Macau e MUST sobem no ranking asiático

A Universidade de Macau subiu dois lugares, para o 34.º lugar, ranking de universidades asiáticas da Times Higher Education. Também a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês) subiu uma posição para o 57.º lugar no ranking, foi ontem anunciado na Cimeira das Universidades Asiáticas que se realizou precisamente na MUST.

O pódio dos três melhores estabelecimentos de ensino superior na Ásia manteve-se igual ao ano passado, com a Universidade de Tsinghua a ocupar o primeiro lugar (que mantém há sete anos consecutivos), seguido da Peking University. A Universidade Nacional de Singapura ficou em terceiro lugar.

Destaque ainda para o sexto lugar ocupado pela Universidade de Hong Kong no ranking deste ano, atrás da Universidade de Tóquio, mas à frente da Universidade de Fudan, de Xangai.

Este ano, foram incluídas na lista da Times Higher Education um total de 853 universidades de 35 países ou regiões, o que representa um aumento de 15 por cento em relação ao ano passado. Os indicadores de desempenho estão divididos em 18 itens em cinco áreas: ensino, ambiente de investigação, qualidade da investigação, perspectiva internacional e rendimento industrial.

Jornalismo | Associação critica mutismo de Lisboa sobre detenções

O líder de uma associação internacional de profissionais da comunicação social disse à Lusa que Portugal deveria ter feito “um gesto discreto ou uma expressão de preocupação” face à detenção de duas jornalistas em Macau. O presidente da AIPIM alerta para precedente “constrangedor”

 

No dia 17 de Abril, a polícia deteve duas repórteres do jornal All About Macau quando tentavam entrar no salão da Assembleia Legislativa para assistir à apresentação do programa político do Governo para 2025. “Consideramos o silêncio de Portugal preocupante, dados os seus profundos laços históricos e culturais com Macau”, lamentou Josep Solano, o presidente da Sociedade de Jornalistas e Profissionais da Comunicação Europeus na Ásia (JOCPA), criada em Janeiro e sediada na Estónia.

“Acreditamos que tal silêncio não pode ser visto como neutro, especialmente num contexto em que a liberdade de imprensa está ameaçada”, sublinhou Josep Solano. “É importante lembrar a Portugal — um país democrático com ligações de longa data a Macau — que tem a responsabilidade moral de defender e promover as liberdades fundamentais”, defendeu o catalão. “Mesmo um gesto discreto ou uma expressão de preocupação reafirmaria o compromisso de Portugal com os valores democráticos e a liberdade de imprensa”, disse Solano.

Nas redes sociais, o All About Macau escreveu que a polícia foi chamada para retirar as jornalistas, “alegando serem suspeitas de ‘perturbar o funcionamento das autoridades’ de Macau e de ‘gravação ilegal de vídeo'”. “A justificação oficial (…) é profundamente preocupante. Reflecte um ambiente cada vez mais repressivo, no qual os meios de comunicação independentes enfrentam restrições arbitrárias, exclusão de eventos públicos e, agora, criminalização”, alertou a JOCPA, num comunicado divulgado na terça-feira.

Solano disse esperar “sinceramente que este lamentável incidente não marque uma nova deterioração do ambiente de liberdade de imprensa em Macau. No entanto, os acontecimentos recentes na região levantam preocupações”.

O peso e a medida

“A situação inédita ocorrida é triste e preocupa-nos, pois consideramos que abre um precedente – no mínimo – constrangedor”, disse à Lusa o presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM). José Miguel Encarnação pediu ao Ministério Público “que haja ponderação na avaliação dos factos, por forma a que não haja consequências de maior”.

A JOCPA pediu ao Governo que retire todas as acusações contra as jornalistas e que levante as restrições aos meios de comunicação social, “independentemente do formato ou da frequência de publicação”.

Também José Miguel Encarnação defendeu ser “essencial garantir que os direitos dos jornalistas sejam salvaguardados e que a liberdade de informar não seja condicionada sob pretextos pouco claros”.

Ainda assim, o presidente da AIPIM admitiu que a associação decidiu não fazer qualquer comunicado sobre o incidente. Uma posição que Josep Solano compreende: “Dadas as circunstâncias complexas e delicadas que actualmente prevalecem em Macau, (…) entendemos que a prudência é uma consideração importante”.

No entanto, o dirigente alertou que “um número significativo de jornalistas não-chineses que trabalham em Macau são europeus, e qualquer erosão das liberdades fundamentais pode ter um impacto directo na sua capacidade de operar de forma segura e eficaz”.

25 de Abril | A Revolução dos Cravos vista pela imprensa chinesa

A queda do Estado Novo a 25 de Abril de 1974 foi noticiada pela imprensa de língua chinesa em Macau. Revelaram-se preocupações da comunidade, nomeadamente quanto à permanência do Governador Nobre de Carvalho em prol da estabilidade e bom ambiente de negócios, assim como o “status quo” de Macau no contexto da descolonização

 

Os ecos da revolução do 25 de Abril de 1974 chegaram com atraso a Macau, mas isso não significou ausência de notícias nos dias seguintes, inclusivamente na imprensa chinesa local.

O HM consultou algumas das notícias dos jornais chineses da época sobre este período, traduzidas para português por funcionários da Comissão de Censura à Imprensa (CCI), o organismo público que funcionou em Macau durante o regime ditatorial português. Este material está hoje à guarda do Arquivo Histórico-Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa.

A sua leitura permite não só perceber alguns dos acontecimentos que se sucederam à revolução, mas também as percepções e preocupações que a comunidade chinesa teve face ao que se passou em Portugal.

Os chineses queriam manter a estabilidade e a continuação dos negócios. E se o Governador Nobre de Carvalho, no poder desde 1966, passava a estar, para muitos, conotado com o regime fascista, e, por isso, tinha de sair, a verdade é que muitos desejavam a sua permanência para garantir a paz social.

Conforme se lê no livro “Macau nos anos da revolução portuguesa 1974-1979”, de Garcia Leandro, ex-Governador português, “os chineses de Macau procuravam, acima de tudo, estabilidade para poder dar continuidade tranquila aos seus negócios, e não desejavam conflitos ou desentendimentos com Pequim ou com Cantão”.

A Administração era “fraca, muito mal apoiada tecnicamente e com fama de ser facilmente corrompida”, pelo que havia, no território, “fortes razões para o MFA [Movimento das Forças Armadas] local e para o CDM [Centro Democrático de Macau] quererem mudanças, principalmente pela corrupção permanente e pela sensação de excessiva fraqueza da Administração portuguesa, que parecia nada decidir sem consulta prévia aos representantes chineses”.

As explicações do MFA

Logo a seguir ao 25 de Abril, Macau recebeu a visita de dois representantes do MFA, nomeadamente o Major Rebelo Gonçalves e o próprio Garcia Leandro, para explicar a revolução e objectivos do MFA para Portugal e as colónias, não apenas à população como aos jornalistas.

Um dos encontros, com os jornalistas locais, foi descrito pelo jornal Tai Chung Pou a 6 de Maio de 1974. “Rebelo Gonçalves recebeu os repórteres e narrou-lhes pormenorizadamente o golpe de Estado. No dia (do acontecimento), a canção ‘Quem manda é o Povo’ serviu de sinal de acção”. O tradutor da CCI atribuiu à canção “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, escolhida para ser a segunda senha da revolução na rádio, o nome “Quem manda é o Povo”, numa referência ao verso da letra “O povo é quem mais ordena”. A notícia prosseguia, citando Rebelo Gonçalves: este disse “que o golpe de Estado foi desejo do povo, pelo que alcançou êxito no período de um só dia”.

Apoio a Nobre de Carvalho

Caído o regime em Lisboa, e exilado Marcelo Caetano, depressa se colocou a questão sobre a permanência do Governador à frente dos destinos de Macau. Porém, Nobre de Carvalho recebeu apoio popular para continuar, como descreve uma notícia do jornal Si Man de 4 de Outubro de 1974.

“Portugal não tenciona modificar o ‘status quo’ de Macau, disse um delegado português a comerciantes chineses. O referido delegado manifesta-se contente com a campanha pela recondução do Governador, promovida por diversos sectores sociais. No entanto, o senhor general Nobre de Carvalho já pedira a exoneração do cargo de Governador por motivos de saúde.”

Além disso, criou-se um grupo “para a recolha de assinaturas a favor da recondução do senhor general Nobre de Carvalho no cargo de Governador de Macau”, e que foram entregues a Garcia Leandro, ainda na qualidade de oficial do MFA. Este recebeu “duas caixas contendo livros-cadernos com assinaturas”. Foram transmitidos “pareceres de entidades dos círculos industrial e comercial, na esperança de o senhor Governador poder permanecer em Macau, o qual dadas as suas largas experiências e conhecimentos dos condicionalismos, possa vencer as dificuldades resultantes do declínio económico que ora se verifica em todo o mundo”.

Mas se era desejo de muitos a continuidade de Nobre de Carvalho, a saída de muitos funcionários públicos passou a ser conotada com a mudança de regime. Como é referido numa notícia do jornal Si Man de 11 de Maio de 1974. “O chefe dos Serviços de Saúde e Assistência, dr. António Joaquim Paulino, regressará no dia 27 do corrente mês a Portugal Continental, o que segundo consta, está relacionado com a queda do Governo de Marcelo Caetano. As autoridades competentes recusaram-se a fazer comentários sobre a partida do dr. Paulino.”

O jornal acrescentava ainda: “Contudo, uma notícia de fonte fidedigna informou: Crê-se que o regresso inopinado para Lisboa do dr. Paulino, cuja comissão de serviço nesta província ainda não terminou, está relacionada com o golpe de Estado ultimamente registado em Portugal (continental). Segundo se diz, o dr. Paulino tem sido um simpatizante entusiástico do deposto Governo de Marcelo Caetano.”

Ainda no início de Maio, permaneciam ainda muitas perguntas sem resposta, e o jornal Si Man associava a partida de Vasco Rocha Vieira do território, à época Chefe do Estado-Maior do Comando Militar, com a ausência de explicações para a situação política. “Já se passou uma quinzena após a ocorrência do golpe de Estado em Portugal sem que fosse completamente esclarecida a situação política daquele país. Apesar de Macau ser pouco afectada pelo referido acontecimento, o Chefe do Estado-Maior das Tropas Portuguesas estacionadas em Macau, Major Rocha Vieira, afastou-se ontem silenciosamente desta província, facto que levou muita gente a conjecturar e suspeitar que a Junta de Salvação Nacional que tomou conta do Governo português já tivesse começado a actuar em Macau.”

As explicações de Ho Yin

O jornal Tai Chung Pou noticiou, a 22 de Maio de 1974, que “alguns portugueses declararam em Hong Kong que estavam descontentes com as medidas tomadas pelo Governador e com o Governo de Macau”, tendo seguido “para a metrópole a fim de pedirem a concessão de liberdade aos portugueses de Macau”.

Ho Yin, empresário e figura marcante da comunidade chinesa local, que dialogava directamente com o Governador em representação das autoridades chinesas, deu explicações numa sessão com “repórteres estrangeiros, assim como os de Hong Kong e Macau” sobre os acontecimentos de Abril. Estes “visitaram o sr. Ho Yin, pedindo-lhe opinião”, descreve o Tai Chung Pou.

E, mais uma vez, Ho Yin apaziguou os ânimos, referindo que Nobre de Carvalho tinha toda a legitimidade para continuar como Governador. “Desde o golpe de Estado português, registado a 25 de Abril, Macau, dadas as suas circunstâncias especiais, tem-se sentido, até à presente data, muito tranquila, não sofrendo qualquer alteração. O sr. Governador, General Nobre de Carvalho, que se encontra em Macau há mais de sete anos, tem profundo conhecimento dos condicionalismos desta cidade, tendo resolvido muitos assuntos através de conversações e envidado grandes esforços para esta cidade”, disse Ho Yin aos jornalistas, segundo o relato do jornal.

No mesmo encontro, questionou-se a possibilidade de dissolução da Assembleia Legislativa, proposta do CDM. Mas Ho Yin afastou qualquer mudança política brusca.

“Sabe-se que o Centro Democrático de Macau, constituído por alguns portugueses, pediu a dissolução da Assembleia Legislativa e da Vereação Municipal [Leal Senado], assim como a remodelação de alguns serviços públicos. Alguns habitantes julgaram que as asserções do referido Centro afectariam a ordem social, mas vieram a saber que as mesmas se tratavam apenas de opiniões de um reduzido número de portugueses, quando a cidade se encontra ainda tranquila, decorridos alguns dias.”

O jornal acrescenta que Nobre de Carvalho explicou publicamente “que a AL não seria dissolvida, pelo que a população de Macau se tornou despreocupada e confiou na prosperidade desta cidade”. Além disso, “os turistas provenientes de Hong Kong, assim como do estrangeiro, também acham que Macau se encontra tranquila e não está de modo nenhum afectada”, lia-se no Tai Chung Pou.

O jornal Seng Pou noticiou também este encontro entre Ho Yin e os jornalistas, em que o líder da comunidade chinesa comentou os benefícios de um regime democrático.

“Dadas as suas circunstâncias peculiares e devido ao facto de os portugueses e chineses se respeitarem reciprocamente e viverem em paz desde há muito, Macau não sofreu nenhumas repercussões resultantes do referido golpe de Estado português”, disse Ho Yin, frisando que “quanto à liberdade da palavra, a mesma tem existido sempre em Macau”.

Porém, o empresário apelava a alguma contenção nas críticas políticas feitas. “A democracia e a liberdade que ora se verificam em Portugal Continental são felicidades para o povo português. E os portugueses e chineses têm vivido no passado em paz, esperando-se que tal continue a suceder no futuro. No então, as críticas sobre pessoas particulares ou sobre repartições públicas devem ser fundadas, visto que qualquer ataque irreflectido faria sobrevir complicações à questão, além de afectar a tranquilidade e prosperidade desta.”

Macau sem descolonização

Uma das questões emanadas do 25 de Abril de 1974 foi o processo de descolonização, mais urgente na chamada África portuguesa onde decorria a Guerra Colonial desde 1961. Desde logo, as autoridades esclareceram que Macau ficaria de fora desse processo, até porque “a República Popular da China teve o cuidado de, em 1972, no Comité de Descolonização da ONU, deixar bem claro que o futuro destas duas possessões europeias [Macau e Hong Kong] não faria parte da agenda das actividades daquele organismo, sendo o assunto tratado bilateralmente”, lê-se no livro de Garcia Leandro.

Na edição de 11 de Setembro de 1974, o jornal Tai Chung Pou escreveu que “o Chefe da Repartição do Gabinete do Governo de Macau, Tenente Coronel Henrique Manuel Lages Ribeiro, apontou que uma notícia emanada da agência noticiosa Reuters fora mal interpretada, e que Macau tem uma posição peculiar”, pois “a maneira de resolver o seu futuro é diferente em relação a outros territórios ultramarinos portugueses.”

Citam-se palavras de Almeida Santos, à data ministro português da Coordenação Interterritorial, que referiu “que seria permitido a todos os territórios ultramarinos portugueses escolher a forma de independência como meio para solucionar o seu próprio problema, com a excepção de Macau que, sendo um território muito especial, requer uma maneira também especial para solucionar o seu problema”. Na tradução desta notícia, acrescenta-se também uma nota escrita pelo próprio redactor da peça: “Isto quer dizer que não existe o problema da independência em Macau”.

As visitas de Rebelo Gonçalves e Garcia Leandro a Macau decorreram em “finais de Maio, princípios de Junho” de 1974. Almeida Santos esteve em Macau em Setembro desse ano e foi nessa fase que Garcia Leandro foi escolhido Governador de Macau, tomando posse a 13 de Novembro desse ano.

TNR | Lam U Tou exalta-se no plenário por ausência de medidas

O deputado Lam U Tou interveio ontem no debate a propósito do alegado excesso de trabalhadores não residentes (TNR) em alguns sectores de actividade, como é o caso do jogo. “Não vejo, neste relatório das LAG, nenhuma palavra sobre os TNR, e tal está desfasado da realidade de Macau. Estou muito insatisfeito, disse aqui que há vagas nas áreas da restauração e retalho, mas vemos que há mais desemprego nestes sectores e, por outro lado, há mais TNR nas operadoras de jogo”, acusou.

Lam U Tou deu o exemplo de “outros sectores, como mediadores de seguros e o sector das exposições e convenções que fazem esse truque, contratando TNR que falam mandarim”. “Porque é que não estabelecemos uma meta mais elevada para o rácio de trabalhadores, em prol dos locais? Nas LAG não vemos nada em concreto sobre isso. Porque permitimos que haja um grande número de TNR nas concessionárias? Porque é que só três ramos de actividade são exclusivas a locais, e porque não podemos alargar a mais actividades? Sim, estou emocionado, mas de facto é um problema.”

No lado oposto, o deputado Chan Chak Mo disse que o território precisa de TNR para a economia funcionar. “Se não conseguirmos preencher esses lugares, quem vai trabalhar? Vamos incentivar a natalidade para termos mais trabalhadores? Não! Se não houver trabalhadores as empresas fecham. Queremos ser um centro mundial de turismo e lazer e cidade da gastronomia, e temos de prestar um bom serviço. Também estou exaltado como o colega”, disse.

O secretário explicou que nos três anos de pandemia o número de TNR baixou, tendo crescido gradualmente, mas sempre segundo o princípio de ser um complemento ao trabalho dos locais.

Xangai | Toyota vai abrir fábrica de carros eléctricos com capital estrangeiro

A fabricante japonesa de automóveis Toyota assinou, na terça-feira, um acordo de cooperação com o governo municipal de Xangai, leste da China, para a construção de uma nova fábrica de veículos eléctricos, totalmente detida por capital estrangeiro.

O projecto de 14,2 mil milhões de yuan incluirá investigação e desenvolvimento, fabrico e vendas de veículos eléctricos e híbridos, e produzirá modelos da marca topo de gama Lexus, informou na terça-feira à noite o jornal local Yicai.

Trata-se da segunda fábrica de automóveis totalmente detida por capital estrangeiro a ser estabelecida na China, após a abertura, anteriormente, da “gigafábrica” da norte-americana Tesla, também em Xangai. A nova fábrica vai estar localizada na zona de Jinshan, no sul de Xangai, onde os trabalhos preparatórios já começaram. A China é o maior mercado automóvel do mundo para veículos movidos a novas energias.

Quase 11 milhões de modelos híbridos ou eléctricos foram vendidos no mercado chinês em 2024, de acordo com as estatísticas da Federação Chinesa de Fabricantes de Automóveis.

LAG 2025 | Empresa vai modificar pedras preciosas dos países lusófonos

As autoridades de Macau revelaram ontem que uma empresa vai transformar, no território, pedras preciosas vindas dos países de língua portuguesa, tendo como alvo o mercado da China continental.

O director dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) disse que o Governo conseguiu atrair a empresa para lançar operações no território. Yau Yun Wah sublinhou que a empresa poderá exportar pedras preciosas para o outro lado da fronteira, através de um acordo que estabelece um relacionamento semelhante a parceiros de comércio livre entre a China continental e Macau.

O Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau foi criado em 2003 e tem sido alvo de revisões regulares, a última das quais entrou em vigor em Março. Esta revisão alarga a abertura da China continental às empresas de Macau, em áreas como os serviços culturais e audiovisuais, de tecnologia de ponta, e financeiros, incluindo bancos e seguradoras.

Yau Yun Wah falava na Assembleia Legislativa durante a apresentação do programa político para 2025, na área da economia e finanças.

Licenças valiosas

Em 2019, o território começou a receber diamantes certificados pelo processo Kimberley, um regime que atesta a sua origem para evitar a transação dos chamados “diamantes de sangue”, oriundos de áreas de conflitos. Yau Yun Wah disse que, desde Outubro de 2019, a DSEDT já emitiu licença de operação para actividades relativas a diamantes em bruto a 17 empresas, assim como 37 certificados para importação e 26 para exportação.

O dirigente acrescentou que, entretanto, passaram por Macau diamantes em bruto com um valor total de 180 milhões de dólares. Além disso, Yau disse que a cidade tem actualmente quatro fábricas de medicina ocidental (incluindo uma da farmacêutica portuguesa Hovione) e oito fábricas de medicina tradicional chinesa, uma das prioridades do Governo para a diversificação da economia.

A Grande América (II)

“What is great about America? Slavery, Hiroshima, Nagasaki, Indian Removal, segregation, Vietnam War, Watergate.”

Anthony Galli

A primeira resposta, paradoxal, explica-se pelo instinto de compensação. O suicídio, em duas fases, de todas as antigas potências continentais entre 1914 e 1945, mergulhadas do estatuto mundial para o estatuto regional na mais vertical das catástrofes, suscita a necessidade de uma recompensa. Psicogeopolítica de massas. Se, enquanto Estado, já não é protagonista, o salto de escala (virtual) da nação para a Europa parece gratificante. Além disso, a vantagem de se apresentar como participante de uma civilização de apelo incomensurável, e não de uma estrutura política transitória e mensurável, garante contra as refutações da história. A entidade que não existe não pode morrer. O “projecto europeu” decorre desta astuta auto-representação. Seja qual for o significado deste génio, é sempre in fieri. Sol do futuro que conforta tibiamente o presente. Acto de boa fé até para os ateus.

O seu santo padroeiro, o Barão de Münchausen, sabe como se livrar de areias movediças pelos cabelos. O único problema é que nenhum actor geopolítico externo leva-o a sério. Muito menos os Estados Unidos e a Rússia. Quanto à segunda tentativa de resposta, trata-se de vestir a roupa americana. Não nos detenhamos nas razões que levaram Washington a permanecer na Europa Ocidental em 1945. A principal é indiscutível que foi impedir que os soviéticos a tomassem. Fiquemos no presente. Para facilitar a nossa tarefa, peguemos num mapa da Europa vista dos Estados Unidos e deixemo-nos guiar por um Virgílio de segura empatia trumpiana, Sumantra Maitra, director de pesquisa e divulgação do “American Ideas Institute”. O trabalho enquadra a fachada ocidental da Eurásia fotografada a partir do espaço. Perspectiva Starlink. Vai do Atlântico à profunda planície Sármata e à zona do Cáspio-Cáucaso, passando pelo Mediterrâneo, cuja vocação médio-oceânica é imediatamente apreendida pelo olhar talassocrático das estrelas e riscas.

A OTAN surge assim na sua ambiguidade estratégica. Não existindo uma potência europeia, nem satélites continentais americanos capazes de se protegerem sozinhos, para Washington este espaço estruturalmente defensivo pode tornar-se ofensivo, se necessário. Ou seja, no sacrifício de nós, europeus, para a salvação da América. Por detrás da afirmação de Trump de que todos os parceiros atlânticos gastem 5 por cento do seu PIB na defesa, esconde-se a sombra da doutrina Norstad, assim chamada em homenagem ao então vice-comandante supremo da OTAN, antigo organizador dos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki. Que, com um eterno cigarro na ponta dos lábios, interrompeu, em 1954, uma disputa académica entre colegas europeus sobre quem deveria decidir sobre a utilização da bomba dizendo “Meus Senhores, pedimos-vos que garantissem a defesa da Europa com um certo número de divisões. O senhor disse-nos que, por razões económicas, financeiras e políticas, não nos pode dar esse número de divisões. Não queremos discutir as vossas razões. Aceitamo-las. Mas não se esqueçam de que, com isso, autorizaram-nos implicitamente a utilizar a arma nuclear para a defesa da Europa”. Ou seja, da América.

Dualidade do guarda-chuva nuclear americano, animada pelo novo presidente contra o “Inimigo” ou com o “Inimigo” contra nós. Iluminados por Trump/Norstad, veja-se o mapa de perto. O desdobramento atlântico parece côncavo. Destinada a absorver um improvável assalto russo ao “Velho Continente” e uma menos improvável penetração chinesa, utilizando a Federação Russa como aríete e explorando os seus postos avançados africanos, apontados ao coração da Europa. Para nos atrair para um ecúmeno sinocêntrico com a persuasão do comércio e a ameaça da força. Esta interpretação, que prevalece actualmente na América, pode facilmente desviar-se para a ofensiva. Basta conceber as alas Escandinava e Anatólia como dedicadas ao cerco de Moscovo. Muitos nortenhos, especialmente suecos, que foram campeões atlânticos durante a Guerra Fria no gelo, ficariam encantados. Muito menos os turcos salvo uma revolução colorida em Ancara (o fantasma de Fethullah Gülen, ou um golpe americano, continua a agitar o sono dos estrategas imperiais).

O centro do mapa, dividido em flancos esquerdo e direito, é ocupado pelo triângulo estratégico Trieste-Danzig-Constança. O porto juliano, miradouro marítimo das bases de Aviano e Vicenza ligadas a Ramstein a mãe de todas as instalações americanas na Europa, é o pivot para onde convergem os portos de escala Bálticos e Eusino. Aqui, os atlantistas estão ocupados a reforçar a infra-estrutura militar por detrás do duplo véu (a separação civil/militar é para fins académicos e de camuflagem táctica). Trieste é o jogador em torno do qual gira a equipa da OTAN, com Gdansk e Constanta como alas avançadas. Alinhada com Trieste está Lviv, a capital da Galiza ucraniana, um posto avançado indispensável para Washington. Quando os russos tentaram um golpe de Estado em Kiev, a 24 de Fevereiro de 2022, foi de facto em Lviv que os americanos e os britânicos quiseram transferir Zelensky como chefe do governo legítimo.

Trieste é, finalmente, a trave-mestra defensiva da Europa Central, o baluarte extremo depois do eixo Gdansk-Constança e da linha virtual entre o Categate e os Dardanelos. O flanco esquerdo prevalece sobre o direito. O seu valor estratégico é função da contenção da Rússia e da China enquanto potências árcticas que avançam em direcção à América graças à fusão acelerada dos gelos polares. O flanco direito é muito mais fraco, exposto à convergência da guerra na Ucrânia, das tensões na Geórgia-Cáucaso e dos conflitos em torno de Israel. Estamos na falha sísmica movida pela fricção entre a Ordolândia e a Caoslândia. O Estreito da Sicília, passagem obrigatória do Sul do Oceano Médio em direcção ao Oceano Índico, está muito mais exposto do que o Canal da Mancha, reprojectado pela ala Escandinava e pelo Báltico, festivamente ligado à OTAN. Tendo traçado o pano de fundo, é de deixar a Sumantra Maitra a tarefa de aprofundar a perspectiva das estrelas e riscas a partir da lógica trumpiana. Depois de ter tido uma indigestão de países da OTAN, desde os doze fundadores até aos actuais trinta e dois, sem contar com a Ucrânia e a Geórgia que batem em vão à porta meio fechada, Washington está a traçar linhas informais no organismo do Atlântico Norte.

A começar pelo óbvio que é a pletórica OTAN atlântica não escapa à lei de qualquer aliança, que distingue cavalos de cavaleiros (muitas vezes apenas um). O que é novo em Trump é que as hierarquias não dependem tanto do valor estratégico dos parceiros individuais como da vontade do cidadão americano de pagar o que for necessário para os defender, mesmo com sangue. Uma disposição de espírito que agora é rara. Se o “Cavaleiro Estrelado” se recusar a lutar pela salvação de qualquer um dos trinta e um cavalos, é como se estivessem duplamente em perigo como membros da Aliança, considerados um “Inimigo” absoluto pela Rússia, e porque são dispensáveis pelo “Número Um”, cuidadoso em não impor uma provação insuportável na frente interna. Como explica Sumantra Maitra, nenhum patriota americano pensaria em morrer pelos Estados bálticos ou pelo Donbas, enquanto poderia sacrificar-se, “com alguma hesitação”, por Londres, Paris ou Roma.

Cinemateca Paixão | Cartaz até ao fim do mês pautado pela diversidade

O mês de Abril está quase a terminar, mas ainda há tempo para ver muito cinema na Cinemateca Paixão. A diversidade é palavra de ordem: desde um filme de Hong Kong sobre as agruras da maternidade (“Montages of a Modern Motherhood”), até à história de Divine G, o recluso que protagoniza “Sing Sing”

 

A Cinemateca Paixão tem ainda muito cinema para ver até ao final do mês, desde uma selecção de filmes asiáticos, até alguns títulos produzidos noutros continentes. As histórias são diversas, agradando a todos os espectadores que se deslocarem à Travessa da Paixão.

Um dos filmes em cartaz é a produção de Hong Kong “Montages of a Modern Motherhood”, exibido no próximo domingo e a 10 de Maio. O filme esteve em destaque na 43ª edição dos Hong Kong Film Awards, com nomeações nas categorias de “Melhor Actriz” e “Melhor Actor Secundário”. Além disso, foi seleccionado para a “Competição da Nova Vaga” no 29º Festival Internacional de Cinema de Busan, na Coreia do Sul.

Com realização de Oliver Siu Kuen Chan, “Montages of a Modern Motherhood” conta a história de Suk-jing, que se vê a braços com os desafios da maternidade, questões corporais e problemas familiares.

É ela que tem de cuidar da filha o dia inteiro, sem ajuda do marido, que está sempre afastado das responsabilidades da paternidade. Como se isso não bastasse, Suk-jing também enfrenta problemas com os sogros, assiste às mudanças do seu corpo após a maternidade e não consegue gerir tempo e vida para conciliar a maternidade com o trabalho. É então que a solidão se instala, sobretudo à noite, quando pode descansar um pouco.

Ainda no cartaz dos filmes asiáticos consta “Black Box Diaries”, do Japão, uma produção do ano passado, exibida pela última vez na próxima quarta-feira, 30, a partir das 19h30.

Com realização de Shiori Ito, esta história tem como epicentro “uma corajosa investigação da realizadora e jornalista Shiori Ito sobre a sua própria agressão sexual, numa tentativa improvável de processar o seu agressor de alto nível”, descreve-se na apresentação do filme. Trata-se de um thriller que mistura gravações secretas de investigação e vídeos emotivos filmados pela vítima, expondo as lacunas dos sistemas judicial e social japoneses neste tipo de crimes.

O preso-actor

“Sing Sing”, filme americano de 2023, é a escolha da Cinemateca Paixão para esta tarde. A única sessão, que começa às 19h30, apresenta a história do recluso Divine G, personagem interpretada por Colman Domingo, que, atrás das grades, faz teatro no âmbito de um programa de reabilitação “Rehabilitation Through the Arts”. Sendo um recluso respeitado por todos, o processo da audiência em que será decidida a sua liberdade condicional altera dia-a-dia na prisão e o relacionamento com os outros.

“Red Road, exibido amanhã, é uma produção de 2006 feita em parceria entre os EUA e a Dinamarca. A produção, a primeira do projecto “Advance Party” e da realizadora, Andrea Arnold, venceu o Prémio do Júri do Festival de Cinema de Cannes em 2006. “Jackie trabalha como operadora de CCTV. Todos os dias, vigia uma pequena parte do mundo. Um dia, um homem aparece no seu monitor, um homem que ela pensava nunca mais ver, um homem que ela nunca mais queria ver”, descreve-se na apresentação do filme.

Também amanhã, mas a partir das 21h45, apresenta-se “A Judgement in Stone (La Cérémonie)”, um filme mais antigo do que os anteriores em exibição, mais concretamente de 1995. Com a presença da actriz Isabelle Huppert, este exemplo da chamada “Nouvelle Vague” do cinema francês conta a história de uma família que tem uma empregada analfabeta, que odeia a empregada dos correios, interpretada por Huppert. Este filme é descrito como “um drama não apenas de classe, mas de culturas”, sendo considerado um grande thriller psicológico, pautado por casos de assassinato.

Comércio | MNE pede ao Reino Unido que proteja sistema multilateral

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, afirmou que Pequim e Londres “têm a responsabilidade de proteger o sistema comercial multilateral” face ao “bullying” de Washington, durante uma conversa com o homólogo britânico, David Lammy.

“Os Estados Unidos utilizam as tarifas como uma arma para lançar ataques indiscriminados contra vários países, violam flagrantemente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e prejudicam os direitos e interesses legítimos de todos os países”, afirmou na terça-feira Wang, de acordo com um comunicado difundido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O responsável explicou que “esta prática de empurrar as relações entre países para a lei da selva é um retrocesso histórico, impopular e insustentável, a que cada vez mais países estão a resistir e a opor-se”. Enquanto “país responsável”, a China tomou medidas para “proteger os próprios direitos e interesses legítimos e para defender as regras internacionais e o sistema comercial multilateral”, apontou.

“A China está disposta a trabalhar com o Reino Unido para seguir a orientação estratégica dos líderes dos dois países, eliminar todos os tipos de interferência e ruído, e manter as relações bilaterais na direção certa para um progresso constante”, afirmou.

Lammy disse que o Reino Unido “sempre foi um país aberto, que apoia firmemente o comércio livre e defende o sistema comercial multilateral com a OMC no seu núcleo”, de acordo com a declaração.

“Como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o Reino Unido e a China têm responsabilidades importantes para com o desenvolvimento sustentável da economia mundial e do comércio internacional, e estão prontos para manter a comunicação com a China a este respeito”, acrescentou.

BMW | IA DeepSeek nos próximos modelos na China

A fabricante automóvel BMW anunciou ontem que vai integrar nos serviços de inteligência artificial (IA) a chinesa DeepSeek nos seus próximos modelos destinados ao mercado da ‘gigante’ asiática. O presidente executivo (CEO) da BMW, Oliver Zipse, citado pela imprensa local, explicou no Salão Automóvel de Xangai que estão a “ser produzidos avanços cruciais em IA” na China.

“Estamos a fortalecer as nossas alianças para integrar a IA nos nossos veículos na China”, avançou o gestor. Os novos automóveis da BMW na China contarão com a inteligência artificial da DeepSeek a partir do final deste ano, adiantou.

Nos últimos anos, muitas marcas estrangeiras de automóveis na China têm registado uma queda nas vendas, à medida que as marcas locais com veículos eléctricos mais acessíveis ganham terreno tanto no mercado nacional como internacional.

O surgimento do DeepSeek, cujo modelo de linguagem se tornou o ‘download’ número um nos Estados Unidos em Janeiro passado, desencadeou uma onda de lançamentos de aplicações semelhantes por parte de grandes empresas tecnológicas chinesas, como a Baidu, Alibaba, Tencent e Bytedance, ameaçando a supremacia de líderes como a OpenAI e forçando uma reestruturação do sector.

Alguns destes serviços demonstraram capacidades semelhantes ao ChatGPT da OpenAI, de acordo com os portais especializados, mas com um preço mais baixo, o que intensificou a concorrência no sector.

As autoridades chinesas elogiaram também a abordagem de código aberto de vários destes serviços, incluindo o modelo de linguagem do DeepSeek, que não restringe a capacidade de terceiros de modificar a sua estrutura subjacente e adaptá-la a necessidades específicas.

Visita | MNE iraniano em Pequim para consultas sobre questão nuclear

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, iniciou ontem uma visita à China para consultas sobre a questão nuclear, antes da terceira ronda de conversações com os Estados Unidos, prevista para sábado.

O Irão e os Estados Unidos deverão voltar a encontrar-se no sábado, em Omã, para uma nova sessão de conversações sobre a questão nuclear iraniana entre Araghchi e o enviado dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff.

Ao mesmo tempo, peritos iranianos e norte-americanos deverão iniciar discussões técnicas sobre a questão nuclear na capital de Omã. “É necessário manter os nossos amigos na China informados sobre a evolução das negociações e consultá-los”, disse Araghchi à televisão estatal iraniana.

A China é um dos signatários do acordo nuclear internacional celebrado com o Irão em 2015, mas que caducou na sequência da decisão dos EUA de se retirarem do mesmo três anos depois, durante a primeira presidência de Donald Trump.

“A China desempenhou um papel importante e construtivo na questão nuclear no passado, e o mesmo papel é certamente necessário no futuro”, acrescentou o ministro iraniano. O acordo de 2015 previa o levantamento das sanções internacionais contra o Irão em troca da supervisão do seu programa nuclear pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).

De acordo com a AIEA, o Irão estava a honrar os seus compromissos até à retirada dos EUA, que foi acompanhada pelo restabelecimento das sanções norte-americanas.

Economia | Xi defende que guerra comercial prejudica interesses de todos os países

Enquanto Trump continua com a sua política errática de tarifas comerciais, o Presidente chinês, Xi Jinping, alerta para os danos causados à economia global e reafirma a posição da China de defesa da “equidade e a justiça internacionais”

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou ontem que as guerras comerciais minam os “interesses legítimos” de todos os países e “têm impacto na ordem económica mundial”, numa altura em que Washington se mostra optimista em relação a um acordo.

“As guerras tarifárias e comerciais minam os direitos e interesses legítimos de todos os países, prejudicam o sistema de comércio multilateral e têm impacto na ordem económica mundial”, disse Xi durante uma reunião com o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, em Pequim, de acordo com a agência noticiosa oficial Xinhua.

Segundo Xi, a China continuará a esforçar-se para “salvaguardar o sistema internacional” e “defender a equidade e a justiça internacionais”, tendo as Nações Unidas como “pilar”. Estas são as primeiras declarações de Xi depois de Trump ter manifestado na terça-feira optimismo quanto à possibilidade de os Estados Unidos e a China chegarem a um acordo comercial.

Para além de Trump, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, responsável pelas negociações comerciais, também manifestou esperança num desanuviamento da guerra comercial com a China. Analistas chineses afirmaram ontem, porém, que as declarações de Trump não representam qualquer “progresso substancial” ou mudanças nas negociações.

“Quanto mais ele fala, mais ansiosos os EUA parecem ficar. Trump e a sua equipa estão sob pressão, mas a China não está a mostrar sinais de impaciência”, disse Chen Zhiwu, especialista da Universidade de Hong Kong, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

A administração Trump espera fechar acordos comerciais no próximo mês com a maioria dos países aos quais impôs taxas, mas a guerra comercial desencadeada pela sua política tarifária agressiva está centrada numa disputa com a China.

Na semana passada, Trump afirmou estar a falar com representantes chineses para chegar a um acordo com Pequim, mas, do outro lado, o seu homólogo Xi mantém tarifas de 125 por cento sobre os EUA e tomou outras medidas, como vetar a entrega de aviões Boeing.

Sem medo

A China insistiu que não quer uma guerra comercial, mas “não tem medo de a enfrentar se necessário”. Pequim também instou Washington a cancelar completamente todas as tarifas impostas e a iniciar um diálogo “com base no respeito mútuo”, reiterando que o proteccionismo é um beco sem saída.

Pequim advertiu ainda que não aceitará acordos internacionais que sejam alcançados “à custa dos seus interesses”, depois de a imprensa internacional ter noticiado que Trump planeia pressionar outros países durante as suas negociações comerciais para limitar o seu comércio com a China.

Algum respeito

O Governo chinês pediu ontem aos Estados Unidos para “deixar de exercer pressão” e mostrar respeito se quiserem realmente resolver os seus diferendos comerciais com a China através de negociações e do diálogo. “Se os Estados Unidos continuarem a querer esta guerra tarifária, a China continuará a responder até ao fim. Se quiserem negociar, a porta está aberta. Mas se eles realmente querem negociar, devem parar de exercer a máxima pressão e ir para o diálogo com base na igualdade, respeito e benefício mútuo”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

A Rota das Especiarias na história do Oriente e do Ocidente (Parte 2)

Imagens e texto: Ritchie Lek Chi, Chan

(Artigo publicado no Macau Daily News em 28 de Maio de 2023)

Existem muitas histórias interessantes dos nossos antepassados e do uso das especiarias. Na Idade Média, as especiarias tornaram-se um tema quente, à medida que os europeus perseguiam freneticamente estes “tesouros” e iniciavam uma corrida por eles. Esta procura deixou uma marca profunda na história e tornou-se uma importante fonte de informação para estudar e explorar a história da Rota das Especiarias.

Qual é o grande poder mágico das especiarias, que levou os europeus a arriscar as suas vidas e a precipitar-se no mar agitado para o leste desconhecido em busca destes produtos considerados extremamente preciosos. Por terem vindo de longe, não só as culturas completamente diferentes do Oriente e do Ocidente colidiram, como também surgiram colónias em grande número em África, na Indochina, no Sudeste Asiático e na América do Sul nesta época.

Opiniões diferentes sobre a definição de especiarias

Antes de abrir o tópico, vamos falar sobre o que são “especiarias”. Algumas pessoas podem questionar-se que as especiarias estão na sociedade humana há milhares de anos, mas ainda não compreendem o que elas são. Na verdade, o conceito tem sido explicado de forma diferente por pessoas de diferentes profissões, e não existe uma definição única e satisfatória: se perguntar a um químico, a um botânico, a um chef ou a um historiador, o que é uma especiaria, obterá uma resposta completamente diferente. Pergunte a diferentes botânicos e obterá definições diferentes” (Nota 1). Por exemplo, Stuart Farrimond, um médico britânico, publicou um livro que apresentava o conceito de especiarias “As especiarias são partes de plantas e o seu sabor é melhor do que a maioria das outras matérias-primas utilizadas na culinária.” A baunilha é geralmente recolhida das folhas da planta, de sementes, frutos, raízes, caules, flores ou cascas, e é normalmente utilizada após a secagem. Ainda assim, algumas folhas de sabor forte, como a folha de louro (louro) e as folhas de caril, podem ser consideradas especiarias porque são mais frequentemente utilizadas como tempero de apoio do que como tempero fresco (Nota 2). Em conjunto com o livro sobre culinária publicado por Stuart Farrimond, os usos das especiarias são apenas enfatizados na culinária.

Como todos sabemos, as especiarias não são apenas utilizadas na culinária, mas também na medicina, na religião, na cosmética e noutras matérias-primas químicas. A Wikipédia explica em palavras concisas: “As fragrâncias são um termo geral para substâncias aromáticas que são voláteis e podem ser utilizadas para preparar aromas. Dividem-se em aromas naturais e aromas artificiais, que são utilizados no fabrico de cosméticos, alimentos, etc., os sabores incluem sabores animais e as especiarias botânicas são geralmente misturas contendo uma variedade de ingredientes aromáticos. As especiarias naturais são derivadas das secreções das gónadas ou secreções patológicas de certos animais, como o almíscar, a civeta, o castóreo e o âmbar cinzento.”

O boom do comércio de especiarias que começou entre os séculos XV e XVII foi dominado pelas especiarias botânicas entre as especiarias naturais. As fontes de especiarias botânicas vieram principalmente de países ou regiões tropicais e subtropicais. Para competir pelos recursos de especiarias que eram considerados preciosos na época, as rotas de navegação para a busca foram divididas em leste e oeste. Partindo da Península Ibérica na Europa, Portugal dirigiu-se para leste contornando a África, entrou no Oceano Índico e estendeu-se até à Indochina, ao Sudeste Asiático e às zonas costeiras da China. A Espanha partiu da Península Ibérica para oeste, através do Atlântico, até à América Central e do Sul, e depois atravessou as ondas do Pacífico até às Filipinas e às Ilhas das Especiarias

Memória do aroma das especiarias

Por falar em especiarias, lembrei-me sem querer que quando andava na escola primária em Jacarta, na Indonésia, só tinha de ir às aulas à tarde e tinha muito tempo livre de manhã para fazer compras no mercado com os empregados.

Lembro-me que o mercado com instalações simples estava cheio de frutas tropicais, legumes e especiarias. Várias especiarias pareciam ser catalisadas pela temperatura elevada e o ar enchia-se de um rico aroma. Este cheiro especial ainda está fresco na minha memória e nunca será esquecido. Esta experiência tornou-se mais tarde um “hobby”. Sempre que viajo para outros países, principalmente os que produzem especiarias, gosto muito de visitar os mercados locais e as lojas de especiarias.

Mercados de especiarias em Macau e Zhuhai

O autor chegou a Macau na década de 1960. Os habitantes de Macau viviam uma vida simples, a comida não era tão diversificada como é hoje, as refeições diárias eram mais simples e eram utilizados temperos menos complicados, pelo que a venda de especiarias naquela época não era tão popular e conveniente como é hoje. No final da década de 1960, muitos chineses do exterior do Sudeste Asiático que migravam para Macau continuaram a aumentar, e os pratos que preparavam eram influenciados pelo hábito do Sudeste Asiático de utilizar especiarias.

Por conseguinte, as lojas que vendiam especiarias surgiram gradualmente nos locais onde viviam chineses do exterior. No entanto, estas lojas tornaram-se mais populares durante estas duas décadas. Após o regresso de Macau à China, os direitos de jogo foram liberalizados e o número de empregados estrangeiros aumentou, especialmente o grande número de trabalhadores domésticos do Sudeste Asiático, o que impulsionou a cultura alimentar de Macau e levou a um desenvolvimento mais diversificado. Lojas que vendem comida e especiarias do Sudeste Asiático surgiram como cogumelos em zonas onde vivem, como na Rotunda de Carlos da Maia, Rua da Emenda, Rua de Brás da Rosa e até mesmo perto da Rua dos Ervanários. As lojas indonésias estão espalhadas por todas estas áreas.

O aparecimento destas lojas e restaurantes permite aos trabalhadores do Sudeste Asiático comerem alimentos das suas cidades natais, enquanto os residentes de Macau podem desfrutar de iguarias estrangeiras, tal como em outros locais com um grande número de trabalhadores estrangeiros.

Durante as férias, indonésios, filipinos, malaios, tailandeses e outras pessoas de diferentes cores de pele e línguas reúnem-se de forma ruidosa, como se estivessem num canto movimentado da cidade tropical. De facto, esta situação também existe noutros locais com um grande número de trabalhadores estrangeiros. A Causeway Bay em Hong Kong e a ASEAN Plaza em Taichung estão repletas de restaurantes e lojas do Sudeste Asiático que vendem produtos do Sudeste Asiático. Ao percorrer estas ruas, pode-se sentir o aroma rico de comidas e especiarias tropicais no ar, o que é de fazer crescer água na boca.

Além disso, Zhuhai, que fica ao lado de Macau, é também um local que vale a pena mencionar. Desde que a cidade foi fundada em 1979 e a Zona Económica Especial foi criada em 1980, tem atraído pessoas de várias províncias do continente para trabalhar ou imigrar. As mudanças no ambiente de Zhuhai trouxeram uma cultura alimentar diferente e a procura por especiarias também aumentou. Hoje em dia, são vendidos temperos baratos e de alta qualidade em todos os mercados e supermercados de Zhuhai, o que oferece uma maior variedade de mercados de temperos para os residentes de Macau que se deslocam frequentemente a Zhuhai para fazer compras.

As especiarias são itens consumíveis. Explorar a história das especiarias não é como explorar a porcelana. Para além de encontrar informações relevantes na literatura, também pode utilizar objectos físicos como fragmentos, porcelana de coleccionadores ou grandes quantidades de produtos de porcelana obtidos de naufrágios para fins de investigação. De um modo geral, a compreensão da história das especiarias depende sobretudo de materiais documentais.

No entanto, depois de o autor ter vindo a recolher informações sobre este tema há algum tempo, isso pode ser uma ilusão. Descubra autores que escrevem sobre temas como as especiarias ou a história. Embora existam algumas obras escritas por autores chineses, são relativamente raras. É possível que o prólogo da história das especiarias tenha sido aberto pelos europeus. A maior parte da história das especiarias é escrita por estudiosos ocidentais ou do Sudeste Asiático que se concentram nas origens das especiarias. Felizmente, existem muitos tradutores na China continental e em Taiwan que traduziram estes livros e periódicos para chinês, proporcionando grandes benefícios aos investigadores e leitores.

As especiarias são de facto um tema complexo, desempenhando um papel vital no comércio marítimo na Idade Média, mas que depois desapareceu subitamente. Tal como diz o livro “Especiarias: A História de uma tentação”, “A história das especiarias é um emaranhado histórico perfumado, complicado e difícil de desvendar”.

Assim sendo, para obter uma compreensão preliminar da história das especiarias, para além de obter informações sobre factos históricos em livros chineses, é também possível utilizar materiais em língua estrangeira para explorar alguns dos acontecimentos que ocorreram durante a história do comércio, bem como o papel desempenhado na Rota das Especiarias desde o início da cidade portuária aberta. Discutiremos estas questões na próxima vez. (continua)

Observação:

” Especiarias : A História de uma tentação” Jack Turner (Austrália), traduzido por Zhou Ziping. Pequim, Vida.Leitura.Novo Conhecimento Livraria Sanlian, 2007. Página 29, segundo parágrafo, terceira linha.

“A Ciência das Especiarias”, Stuart Farrimond (Reino Unido), traduzido por Song Longyan. Pequim, China Light Industry Press, 2021. Página 10.

CAM | Lucro de 338,8 milhões de patacas em 2024

Apesar do aumento dos lucros, o Aeroporto Internacional de Macau ainda não recuperou totalmente face ao período pré-pandemia. O ano passado ficou marcado por um aumento do capital da empresa, no valor de 850 milhões de patacas, que tem em vista a expansão do aeroporto

 

A CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau teve um lucro de 338,8 milhões de patacas no ano passado, um aumento de 54,3 por cento em comparação com 2023. Os números constam do relatório anual da empresa que foi publicado no início da semana.

O ano passado significou um aumento dos lucros da entidade que gere o Aeroporto Internacional de Macau na ordem dos 119,3 milhões de patacas, face aos ganhos de 219,5 milhões de patacas registados em 2023. O documento mostra que a diferença é justificada com um aumento das receitas que cresceram 24 por cento, para 1,48 mil milhões de patacas, em comparação com as receitas de 1,19 mil de patacas de 2023.

“Em 2024 o mercado de transportes de passageiros evoluiu de forma satisfatória, e as receitas do aeroporto atingiram um novo ponto alto, no período pós-pandemia”, afirmou Ma Iao Hang, presidente do Conselho de Administração, no relatório. “As receitas anuais com a aviação foram de 684 milhões de patacas, um crescimento anual de 40,7 por cento, enquanto as receitas não relacionadas com a aeronáutica foram de 794 milhões de patacas, um crescimento de 12,5 por cento”, acrescentou.

No entanto, os valores gerados pela empresa ainda estão longe do que acontecia em 2019, antes da pandemia. Nesse ano, a empresa obteve um lucro de 616,6 milhões de patacas, devido a receitas na ordem dos 1,82 mil milhões de patacas.

Este foi um resultado que contrastou muito com a situação durante a pandemia da covid-19, quando a empresa registou, em três anos, perdas conjuntas de 1,74 mil milhões de patacas.

Mais passageiros e voos

No ano passado a CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau declara ter recebido 7,64 milhões de passageiros, um aumento de 48,3 por cento, face aos 5,15 milhões transportados no ano anterior. A empresa afirma que em comparação face a 2019, houve uma recuperação de 80 por cento.

A CAM indicou também que actualmente o aeroporto serve 42 destinos, a maioria no Interior, através de 27 companhias aéreas. A maioria dos passageiros, cerca de 46 por cento, viajava de e para o Interior, enquanto 17 por cento viajava de ou para Taiwan. Além disso 37 por cento tinham como origem, ou destino, outros destinos no Nordeste ou Sudeste Asiático.

Ao nível do transporte de mercadorias, excluindo o transporte de correio, houve igualmente um crescimento, neste caso na ordem dos 69,4 por cento para 109.105 toneladas, que contrastam com as 63.809 toneladas no ano anterior.

Em relação ao número de jactos particulares a utilizar o Aeroporto Internacional de Macau, registou-se igualmente um aumento, de 3,7 por cento para 957 jactos particulares.

Além disso, foi ainda explicado que no ano passado houve um aumento do capital da empresa no valor de 850 milhões de patacas que foi suportado pela RAEM e pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), os dois maiores accionistas da empresa com participações de 67,3 por cento e 28,3 por cento, respectivamente. Este aumento visa financiar as obras de expansão do aeroporto.

Crime | Suspeito de violação sujeito a prisão preventiva

O homem suspeito de violar uma mulher, que era sua empregada, vai ficar em prisão preventiva, de acordo com um comunicado divulgado ontem pelo Ministério Público. As autoridades indicam que durante o interrogatório, o depoimento do suspeito foi inconsistente.

A investigação inicial revelou que, em meados deste mês, o indivíduo terá pedido à vítima, que estava embriagada, que o acompanhasse ao escritório para o ajudar no trabalho, acabando por a violar.

Tendo em conta a ilegalidade, a gravidade, o grau de intenção, o risco de fuga e a possibilidade de continuar a cometer crimes da mesma natureza, o juiz do Tribunal de Instrução Criminal decidiu aplicar a medida de coacção de prisão preventiva, ou seja, o arguido irá aguardar julgamento na prisão.

Foi também concluído que existem fortes indícios de que o suspeito terá cometido o crime de “violação”, que tem uma moldura penal entre 3 a 12 anos de prisão. O Ministério Público aproveitou a oportunidade para apelar à população para denunciar crimes de natureza sexual às autoridades policiais ou
à Procuradoria, por constituírem “uma séria ameaça à ordem pública e à tranquilidade social”.

Espaço | Astronauta local pode ter primeira missão em 2026

Os astronautas de Macau e Hong podem fazer a primeira viagem espacial no próximo ano. Depois de terem sido seleccionados em Julho do ano passado, a Agência Espacial Tripulada da China afirma que os astronautas se integraram rapidamente na equipa e trabalharam com afinco

 

Na véspera do lançamento da nave espacial Shenzhou-20, que irá transportar três astronautas para a Lua, o porta-voz da Agência Espacial Tripulada da China, Lin Xiqiang, confirmou que dois astronautas de Macau e Hong Kong estão em vias de fazer o seu primeiro voo espacial já no próximo ano. A missão irá marcar a estreia de residentes das duas regiões no espaço.

O porta-voz da agência disse no Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no deserto de Gobi, no nordeste do país, que os astronautas das regiões administrativas especiais (RAE) realizaram uma série de estudos e treinos físicos e psicológicos de acordo com os planos.

“Desde que se juntaram ao grupo, os astronautas de Hong Kong e Macau adaptaram-se rapidamente ao ambiente de trabalho e de vida, integraram-se rapidamente na equipa de astronautas, treinaram arduamente e todo o seu progresso de trabalho tem sido tranquilo”, disse, citado pela agência Xinhua.

“Actualmente, estão a realizar estudos e formação em tecnologia aeroespacial profissional. Como especialistas em carga útil, espera-se que os astronautas de Hong Kong e Macau realizem a sua primeira missão de voo em 2026, na melhor das hipóteses”, acrescentou Lin Xiqiang.

Viagem ao fim da noite

Os residentes de Macau e Hong Kong foram seleccionados no quarto lote de astronautas, uma equipa de 10 elementos, oito deles pilotos espaciais e os dois especialistas de carga útil.

Num processo que começou há quase um ano, os primeiros residentes das RAE que irão além da orbita terrestre foram escolhidos em Julho do ano passado para integrarem a equipa do quarto lote. Porém, as inscrições arrancaram em Outubro de 2022. Lin referiu ontem que os 10 astronautas vão continuar a receber formação no Centro de Treino e Pesquisa Espacial e que, após completarem a instrução, vão ficar aptos a integrar tripulações de voo.

Os especialistas em carga útil são investigadores científicos profissionais responsáveis pela realização de experiências e investigação científica. As suas tarefas incluem também a supervisão de operações diárias nas estações espaciais com outros astronautas.

Primeiro trimestre foi segundo melhor de sempre em número de turistas

Macau recebeu até Março 9,86 milhões de visitantes, mais 11,1 por cento do que no mesmo período de 2024 e o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano, foi ontem anunciado. De acordo com dados oficiais, o número de turistas que passou pelo território só foi superado no primeiro trimestre de 2019, quando registou quase 10,4 milhões de visitantes.

No entanto, segundo a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), cerca de 59 por cento dos visitantes (5,82 milhões) chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia na cidade.

Em 2024, o Governo Central divulgou uma série de medidas de apoio a Macau, como o aumento do limite de isenção fiscal de bens para uso pessoal adquiridos por visitantes da China. Ao mesmo tempo, as autoridades chinesas alargaram a mais 10 cidades da China a lista de locais com “vistos individuais” para visitar Hong Kong e Macau. Além disso, desde 1 de Janeiro passado que os residentes da vizinha cidade de Zhuhai podem visitar Macau uma vez por semana e ficar até sete dias.

Em resultado, a esmagadora maioria (90,8 por cento) dos turistas que chegaram a Macau nos três primeiros meses do ano vieram do Interior da China ou Hong Kong.

Ainda assim, o número de visitantes internacionais cresceu mais depressa, 16,9 por cento em comparação com o primeiro trimestre de 2024, para mais de 682 mil. No entanto, este valor representa uma queda de 20,3 por cento em comparação com o mesmo período de 2019, antes do início da pandemia de covid-19.

Grupos alvo

Em 10 de Abril, a directora dos Serviços de Turismo de Macau (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, disse que em 2025 a prioridade vai continuar a ser “captar turistas internacionais”, participando em feiras no estrangeiro e organizando actividades no território.

A directora da DST recordou que Macau vai receber em Junho a reunião semianual da Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos e, em Dezembro, o congresso anual da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).

Em Agosto, Senna Fernandes apontou como meta mais de três milhões de visitantes internacionais em 2025. Macau recebeu no ano passado 34,9 milhões de visitantes, mais 23,8 por cento do que no ano anterior, mas ainda longe do recorde de 39,4 milhões fixado em 2019, antes da pandemia.

Reserva financeira | Melhor arranque desde 2021

Até ao final de Fevereiro, a reserva financeira cresceu 7,17 mil milhões de patacas. No final do segundo mês do ano, o valor total da reserva atingiu 623,4 mil milhões de patacas, ainda longe do pico de 2021, quando era de 663,6 mil milhões de patacas

 

O valor dos activos da reserva financeira de Macau registou até ao final de Fevereiro o maior aumento dos últimos quatro anos, segundo dados oficiais divulgados ontem. A reserva começou 2025 em alta, com o valor dos activos a subir 7,17 mil milhões de patacas nos dois primeiros meses, de acordo com um balanço publicado no Boletim Oficial de Macau.

Segundo a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), este é o melhor arranque de ano desde Janeiro e Fevereiro de 2021, período em que a reserva se valorizou em 47,4 mil milhões de patacas.

Foi precisamente no final de Fevereiro de 2021 que a reserva atingiu um recorde histórico de 663,6 mil milhões de patacas, apesar do território estar em plena pandemia de covid-19. O valor da reserva financeira cifrou-se em 623,4 mil milhões de patacas no final de Fevereiro passado, ainda longe do pico.

Recuperação gradual

De acordo com a AMCM, a reserva tinha registado em 2024 o melhor ano desde a pandemia, ao ganhar 35,7 mil milhões de patacas. Este foi o aumento anual mais elevado desde 2019, quando o valor da reserva aumentou em 70,6 mil milhões de patacas.

O valor da reserva extraordinária no final de Fevereiro era de 452 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau, era de 164,2 mil milhões de patacas. O orçamento do território para 2025 prevê uma subida de 7 por cento nas despesas totais, para 109,4 mil milhões de patacas.

A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 246,5 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 121 mil milhões de patacas e até 249 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados.

Em 2024, os investimentos renderam à reserva financeira quase 31 mil milhões de patacas, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,3 por cento, disse a AMCM no final de Fevereiro.

FMI | Previsão de crescimento económico cortada para metade

O novo relatório do FMI aponta que o PIB de Macau vai crescer 3,6 por cento em 2025, quando a estimativa inicial indicava um crescimento de 7,3 por cento. As tarifas de Donald Trump são apontadas como a principal razão para as novas previsões

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou para metade a estimativa sobre o crescimento da economia de Macau ao longo deste ano, que deverá ser de 3,6 por cento. A revisão consta no relatório mais recente sobre as expectativas económicas, que foi publicado na terça-feira.

Anteriormente, as estimativas do FMI apontavam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Macau de 7,3 por cento. Contudo. De acordo com a mesma instituição, o cenário para 2026 não é muito melhor, e a estimativa é que o crescimento do PIB da RAEM seja ainda mais lento, de 3,5 por cento.

No ano passado, o FMI indica que o território teve um crescimento da economia de 8,8 por cento.

A nível de preços, o FMI espera um crescimento no território de 0,9 por cento ao longo deste ano e de 1,3 por cento em 2026. Quanto ao desemprego a expectativa é que tanto neste ano como no próximo a taxa seja de 1,7 por cento, abaixo da taxa de 1,8 por cento de 2024, ainda assim em “terreno” de pleno emprego.

Apesar da revisão em baixa, a economia de Macau deverá registar o maior crescimento entre as “economias avançadas” da Ásia, onde se incluem países e regiões como Coreia do Sul, Hong Kong, Japão, Nova Zelândia, Singapura, Taiwan e ainda a Austrália. A média de crescimento nesta zona é de 1,2 por cento para este ano e 1,4 por cento para o próximo.

Em relação à economia do Interior da China, que está integrada no âmbito das economias emergentes e em desenvolvimento da Ásia, a estimativa é que o crescimento seja de 4 por cento neste ano, e também 4 por cento em 2026. A zona das economias emergentes e em desenvolvimento da Ásia tem previsto um crescimento médio de 4,5 por cento neste ano e 4 por cento no próximo.

Um problema de tarifas

Não é só na Ásia que houve uma revisão em baixa das estimativas de crescimento, o mesmo aconteceu para a economia global, em que o crescimento esperado é agora de 2,8 por cento. Anteriormente, em Janeiro, era de 3,3 por cento. Face a 2026, a expectativa é que a economia mundial cresça 3 por cento, quando em Janeiro era de 3,3 por cento.

No relatório publicado na terça-feira, o FMI justifica a revisão em baixa das estimativas com as tarifas de Donald Trump e a vontade de redesenhar o comércio global: “Grandes mudanças políticas estão a reiniciar o sistema de comércio global e a dar origem a incertezas que estão, mais uma vez, a testar a resistência da economia global”, é indicado.

“Desde Fevereiro, os Estados Unidos anunciaram várias vagas de implementação de tarifas contra parceiros comerciais, alguns dos quais invocaram contra-medidas. Os mercados começaram por aceitar os anúncios com naturalidade, até à aplicação quase universal de tarifas pelos Estados Unidos, a 2 de Abril, o que desencadeou quedas históricas nos principais índices de acções e subidas nas taxas de rendibilidade das obrigações”, foi acrescentado.

Creche Smart | Tribunal aceita providência cautelar

Os tribunais aceitaram uma providência cautelar da Creche Smart para impedir o Governo de suspender o financiamento e recuperar as instalações onde está instalada a instituição. A informação foi divulgada pela Creche Smart, através de um comunicado nas redes sociais.

“Caros pais, fiquem tranquilos. O tribunal aprovou o procedimento cautelar da Smart, e suspendeu a decisão do Instituto de Acção Social”, pode ler-se na mensagem. “Obrigado por todo o apoio”, foi acrescentado.

O anúncio do IAS sobre o fim do financiamento e a recuperação das instalações exploradas pela associação Zonta Club de Macau foi tornado público em Março. Nessa altura, as autoridades apontaram o final de Agosto como a data prevista para o encerramento da creche e a recuperação das instalações, ao mesmo tempo que garantiam que havia lugares na Taipa para todas as crianças afectadas pelo encerramento.

Contudo, os motivos desta decisão nunca foram esclarecidos publicamente. O IAS limitou-se a indicar que não foi possível chegar a um acordo com a associação Zonta Club de Macau sobre os moldes em que iria continuar a funcionar a parceria de financiamento. O Governo terá ainda indicado que a falta de acordo visou “princípios básicos” e “importantes aspectos de organização”.

Ontem Hon Wai, presidente do IAS, voltou a ser questionado sobre este assunto e reconheceu a decisão de aceitar a providência cautelar. Todavia, para assegurar o normal funcionamento da justiça, recusou fazer comentários sobre a decisão.