Hospital das Ilhas | Arranque gradual com exames de diagnóstico

Começou a funcionar, ainda gradualmente e de forma experimental, o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas – Centro Médico de Macau, conhecido como o Hospital das Ilhas, e operado pelo Peking Union Medical College Hospital de Pequim.

Segundo um comunicado dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), desde segunda-feira que podem ser feitas nesta unidade de saúde ecografias a doentes de consultas externas de várias especialidades médicas, transferidos pelos SSM.

No primeiro dia de funcionamento foram atendidos apenas dois doentes, residentes “que usufruem de cuidados de saúde gratuitos”. Desde o início deste mês que o hospital tem recebido doentes transferidos pelos SSM para realização de ecografias e raio-x, estando planeada a realização destes exames de diagnóstico no período da tarde todas as segundas, quartas e sextas-feiras.

“O hospital vai, depois, aumentar o número de serviços de acordo com a situação do pessoal e dos equipamentos, prevendo-se prestar gradualmente, em Maio, os serviços de consulta externa de especialidade para os pacientes transferidos pelos SSM”, aponta o mesmo comunicado.

27 Mar 2024

Festival de Artes | IC exige ver guião dos Dóci Papiaçám antes do espectáculo

O lápis azul de Deland Leong não abranda. Após o cancelamento do espectáculo Made By Beauty no Festival Fringe e o acordo para abolir a nudez do espectáculo “Três Irmãos”, o IC exigiu o visionamento antecipado do guião da peça de teatro dos Dóci Papiaçám di Macau

 

Pela primeira vez desde que os Dóci Papiaçám di Macau integram o Festival de Artes de Macau, o Instituto Cultural (IC) exigiu ver o guião da peça, antes do espectáculo. A revelação foi feita por Miguel de Senna Fernandes, fundador do grupo, em declarações ao Canal Macau.

“Está naturalmente a acontecer [o pedido do guião]. É a primeira vez que nos pedem uma coisa destas e não sei o que vão controlar”, afirmou Miguel de Senna Fernandes. “Nós vamos cumprir naturalmente. Mas, claro que se houver alguma censura sobre isto, vai haver protesto”, acrescentou.

No entanto, o dramaturgo não deixou de se sentir incomodado com o pedido, até pelas dificuldades que levanta. “Só espero que isto de submeter os guiões seja um mero pro forma, porque andar a cortar isto, a cortar aquilo não pode ser…. Nós nunca submetemos nenhum guião, aliás os guiões são sempre alterados até ao último minuto. Então vamos submeter que guião?”, questionou. “Isto não tem pés nem cabeça. Não pode ser assim”, sublinhou.

Por outro lado, Miguel de Senna Fernandes mostrou-se preocupado com o impacto da exigência do IC nas artes locais, por poderem ser uma restrição à criatividade. “Admito que o teatro patuá tem uma característica especial que é a brejeirice. Há pessoas que não toleram tanto a brejeirice, que se utilize esta ou aquela expressão. Nós compreendemos”, reconheceu. “Coisa completamente diferente é mudar o curso das coisas porque pode ferir susceptibilidades. Espero que não se leve aos extremos, porque não se protege a criatividade que está a fazer falta em Macau”, justificou. “Espero que não se exagerem as coisas e que não se leve essa coisa de ferir susceptibilidades até ao extremo. Qualquer sátira fere sempre esta ou aquele susceptibilidade, ou então não é sátira”, destacou.

A arte de cortar

Face ao desenrolar dos acontecimentos, Senna Fernandes apelou ao IC que “impere sempre a confiança mútua”, porque “só assim as artes performativas de Macau podem florescer”.

A revelação feita pelo macaense surge numa altura em que o IC assumiu publicamente ter o direito de alterar os espectáculos que acontecem na RAEM, desde que pague. As declarações foram feitas por Deland Leong, presidente do IC, e responsável por cada vez mais cancelamentos de espectáculos.

A presidente do IC garantiu ainda que há respeito mútuo entre autoridades e artistas, e que o gosto do público também é tido em conta nos conteúdos autorizados pelo Governo. Apesar desta declaração, a realidade apresenta um cenário diferente, em Janeiro o espectáculo Made By Beauty foi cancelado pelo IC do Festival Fringe devido a cenas de nudez, ao contrário do que aconteceu no Interior, onde o espectáculo foi permitido pelas autoridades. De acordo com o artigo 37.º da Lei Básica, a liberdade de criação literária e artística é protegida da RAEM.

Há dias, em declarações ao HM, também o coreógrafo Victor Hugo Pontes admitiu que o espectáculo de dança contemporânea “Os Três Irmãos”, que vai ser exibido no Festival de Artes, teve de ser alterado por exigência do IC, para esconder cenas de nudez.

27 Mar 2024

Metro Ligeiro | Ron Lam pede solução rápida para conflito laboral

O deputado Ron Lam publicou ontem uma opinião no Facebook a pedir urgência na resolução dos problemas laborais sentidos por trabalhadores que vão passar da MTR Corporation Limited para a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau (MLM), antes que termine a concessão da MTR para operação e reparação do Metro Ligeiro no dia 1 de Abril.

O deputado defende uma solução unificada e célere para os problemas suscitados pela transferência dos trabalhadores de uma empresa para a outra, sem lesar os direitos laborais.

A tomada de posição surge depois de no dia 15 de Março o deputado ter enviado uma carta ao Executivo com uma série de reivindicações de trabalhadores.

Uma das exigências passa pelo reconhecimento pela MLM do tempo de trabalho prestado à MTR, afastando a hipótese apresentada a funcionários que já assinaram o novo contrato que estabelece de novo um período experimental de três meses. Ora, como esta prática não configura a mera transferência de recursos humanos, os trabalhadores defendem que devem ser compensados por despedimento pela MTR.

Ron Lam afirmou também que os novos contratos da MLM anularam benefícios que os trabalhadores gozavam na empresa anterior como, por exemplo, o 13.º mês, ou o sistema de aumentos de salários e férias anuais por cada cinco anos de trabalho, que com os novos vínculos representam recomeçar no zero.

27 Mar 2024

China Railway Construction | Ho Iat Seng reuniu com administrador

O Chefe do Executivo reuniu na segunda-feira com o secretário do Comité do Partido Comunista e presidente do Conselho de Administração de China Railway Construction Corporation Limited, Dai Hegen, a quem agradeceu o “esforço e contributo dedicados ao aperfeiçoamento dos projectos de infra-estruturas na RAEM”.

Ho Iat Seng indicou que o seu Governo pretende continuar o investimento na melhoria do planeamento urbano e das obras públicas da cidade, da rede de trânsito.

Por sua vez, o representante da empresa estatal afirmou que “a China Railway Construction Corporation Limited é um dos participantes activos do desenvolvimento económico e social de Macau, no qual, durante 30 anos de exploração de negócios no território, finalizou uma série de obras simbólicas da cidade e de acção social”.

Segundo um comunicado publicado pelo Gabinete de Comunicação Social na noite de segunda-feira, Dai Hegen assegurou que a China Railway Construction Corporation “continuará a prestar serviços de excelência para apoiar a criação da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

27 Mar 2024

Quarta travessia Macau-Taipa irá chamar-se “Ponte Macau”

Após a realização de um evento em que se pediu aos residentes para apresentarem sugestões para o nome da quarta ligação, o Executivo tomou a decisão de chamar Ponte Macau, ou Ponte Ou Mun, à ligação entre a Península e a Taipa. A decisão final foi anunciada ontem pela Direcção de Serviços de Obras Públicas (DSOP)

 

A selecção foi feita com base nos nomes Ponte Macau, Ponte Hou Kong, Ponte Jubileu de Prata, Ponte Nova Cidade e Ponte Kiang Hoi (em português Espelho de Prata), que tinham sido escolhidos como finalistas, por uma comissão, após um concurso em que se convidou a população a apresentar propostas de nomes.

“Tendo o Governo da Região Administrativa Especial de Macau tomado como referência os cinco nomes seleccionados pela Comissão de Avaliação do evento de escolha do nome a atribuir à Quarta Ponte Marítima Macau-Taipa, decidiu-se designar oficialmente a Quarta Ponte Marítima Macau-Taipa de Ponte Macau”, foi revelado na manhã de ontem.

O Governo não revelou o número concreto de sugestões, limitando-se a indicar que foram “mais de 14.000”. Contudo, foi revelado que houve um total de 5.703 residentes a sugerirem nomes, o que a DSOP considerou como uma participação “muito activa”.

Na tarde de ontem, foi ainda realizado o sorteio de atribuição de três prémios, no valor de 10 mil patacas, 8 mil patacas e 6 mil patacas, entre os responsáveis pelos cinco nomes que chegaram à fase final.

Estrutura concluída

A Ponte Macau vai ter 3,085 quilómetros de comprimento, dos quais 2,9 quilómetros ficam acima do nível do mar. A estrutura é composta por dois vãos de navegação marítima com 280 metros de extensão.

A obra foi projectada para ter oito faixas de rodagem nos dois sentidos, com duas das faixas a servirem exclusivamente motociclos. O tabuleiro da ponte será igualmente dotado de espaços para a instalação das canalizações, como cabos eléctricos de alta tensão, condutas de gás combustível, tubagens de água da torneira, de água reciclada e de água para uso de bombeiros, entre outros.

As obras de ligação da estrutura principal foram concluídas a 13 de Março deste ano, depois de terem começado a 26 de Março de 2020, e prevê-se que toda a obra esteja finalizada até ao final de Julho.

Com a nova infra-estrutura, o Executivo acredita que conseguirá “atenuar eficazmente a pressão de trânsito nas actuais três pontes”, podendo ainda “aumentar a capacidade de circulação rodoviária entre Macau, a Taipa e Coloane”. O projecto é ainda encarada como uma forma de responder às “necessidades de trânsito devido ao desenvolvimento da Zona A dos Novos Aterros Urbanos”.

27 Mar 2024

Zona Norte | Associação prevê aumento do consumo em restaurantes

O presidente da Associação Industrial e Comercial da Zona Norte de Macau, Wong Kin Chong, estima que a iniciativa “Grande prémio para o consumo na Zona Norte durante os fins-de-semana” aumente os negócios dos restaurantes da zona entre 20 e 30 por cento, adiantou ontem o representante ao jornal Ou Mun.

A associação, uma das organizadoras do evento a par do Governo e da Associação Comercial de Macau, indica que desde o primeiro fim-de-semana, o número de estabelecimentos que aderiu à iniciativa passou de 400 para 600, principalmente do sector da restauração.

O “Grande Prémio para o Consumo” arrancou no dia 18 de Março e irá decorrer todos os fins-de-semana até 4 de Agosto. Quem gastar mais de 50 patacas através de pagamento móvel pode ganhar cupões no valor entre 10 e 100 patacas através de um sorteio. Estes cupões podem ser usados durante o fim-de-semana nas lojas que aderiram à iniciativa pensada para socorrer o comércio da zona que enfrenta dificuldades graves, principalmente desde que começou o programa de circulação de veículos de Macau na província de Guangdong.

27 Mar 2024

Secretário pede a desempregados que aceitem nova realidade

O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, considerou ontem que parte dos desempregados das salas de jogo VIP tem de aceitar a nova realidade, e preparar-se para uma vida com rendimentos mais baixos. As declarações foram prestadas ontem durante uma sessão de interpelações orais na Assembleia Legislativa.

Após ter sido confrontado com o desemprego estrutural no território, Lei Wai Nong defendeu o trabalho da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais, e indicou que as pessoas precisam ter uma nova mentalidade. Os comentários visaram cerca de 500 indivíduos que ficaram desempregados, depois da campanha contra o sector da promoção do jogo.

“Com as alterações nas salas de jogo VIP, cerca de 3.900 pessoas ficaram desempregadas. Mas só 500 ainda estão desempregadas, porque esperam atingir o nível salários que auferiam naquela altura”, afirmou Lei Wai Nong. “Continuamos a falar com estas pessoas, mas é necessário alterar as mentalidades, porque quando se sai de um sector há sempre um certo período de adaptação. As pessoas numa situação de desemprego estrutural têm de elevar as suas capacidades e aceitar as inovações que estão a acontecer em todo o mundo”, acrescentou.

DSAL eficaz

Tendo em conta os dados apresentados pelo governante, entre as pessoas que perderam os empregos na sequência da campanha contra os junkets, a proporção de desempregados é de 13 por cento.

Apesar das declarações, Lei Wai Nong reconheceu que o Governo vai fazer mais para reduzir o desemprego. “Nos últimos 15 anos, a média da taxa de desemprego foi de 2,7 por cento, o que resultou dos esforços de toda sociedade e do Governo. Agora temos uma taxa de 2,8 por cento de desemprego, que podemos baixar”, vincou.

O secretário elogiou igualmente o trabalho da DSAL: “Em média, 70 por cento das pessoas desempregadas conseguem arranjar um novo emprego em cerca de 60 dias, com ajuda da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais”, revelou. “A redução do desemprego também dependente da recuperação económica”, reconheceu.

27 Mar 2024

Economia | Secretário pede a residentes para gastarem dinheiro na zona norte

Sem mencionar que os residentes estão a consumir cada vez mais no Interior, e explicando a crise económica com o rescaldo pós-pandemia, Lei Wai Nong pediu à população que consuma mais no norte do território, onde diz haver “bons produtos”

 

Lei Wai Nong apelou ontem aos residentes para consumirem na zona Norte do território, onde diz estarem disponíveis “bons produtos”. O pedido foi deixado pelo governante na Assembleia Legislativa, depois de ter sido confrontado com o impacto do programa circulação de veículos de Macau na província de Guangdong.

O secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, foi ontem a confrontado com as dificuldades económicas do território, e ouviu deputados como Lo Choi In e José Pereira Coutinho traçarem um novo cenário de dificuldades nas zonas não turísticas, devido ao programa de circulação de veículos de Macau na província de Guangdong e ao aumento do consumo no Interior, onde os preços são mais baratos.

“Não podemos olhar só para os números do Produto Interno Bruto [crescimento de 80 por cento]. A melhoria da situação económica não é uniforme em Macau, as lojas, a restauração e o sector imobiliário estão a enfrentar grandes desafios. A situação nas zonas residenciais é muito diferente do que acontece nas áreas turísticas”, afirmou a deputada Lo Choi In. “Os funcionários públicos e trabalhadores das concessionárias tiveram aumentos, mas isso não aconteceu com as outras pessoas. […] Há muitas situações em que as pessoas vão consumir nas regiões vizinhas, e o Governo tem de apoiar as empresas locais para que as pessoas voltem a consumir em Macau”, acrescentou.

Também Pereira Coutinho considerou que o Governo deve adoptar “medidas para apoiar as empresas afectadas pela diminuição da clientela”, devido à “facilitação de circulação de pessoas e viaturas para o Interior da China”.

Face a este cenário, Lei Wai Nong considerou que a crise se explica com a “economia de rescaldo” depois da pandemia e com os juros elevados. Sobre o programa de circulação de veículos de Macau na província de Guangdong não disse nem uma palavra.

O passo seguinte foi pedir ao director dos Serviços de Finanças, Tai Kin Ip que indicasse as actividades planeadas para a zona norte, de forma a aumentar o consumo no comércio e restauração.

Visitas de influencers

O director da DSF apontou que a estratégia passa por organizar festivais de consumo, com o primeiro já em curso, promoção de lojas e restaurantes nas plataformas digitais e visitas de celebridades e influencers à Zona Norte de Macau, para atrair turistas.

Tai Kin Ip explicou ainda que o Governo está a cooperar “com algumas empresas de comércio electrónico” para “fazer publicidade online aos produtos dos restaurantes e lojas locais”, com 200 empresas a aderirem à iniciativa. No futuro vão estar envolvidas na iniciativa 260 empresas.

No entanto, a sessão de ontem da Assembleia Legislativa ficou marcada pelo apelo do secretário, que sem grandes argumentos para contrariar a realidade, apelou à população que consuma mais no território. Lei Wai Nong defendeu que há bons produtos à venda na zona norte e espaços de comércio de elevada qualidade.

27 Mar 2024

Fórum Boao | Relatório prevê crescimento de 4,5% da economia asiática

Arrancou ontem em Hainão mais uma edição do Fórum Boao. O relatório anual que dá início às reuniões estima um crescimento de 4,5 por cento da economia asiática este ano. O fórum, que termina na sexta-feira, tem uma agenda focada em temas económicos, financeiros e na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”

 

Começou ontem, na ilha de Hainão, no sul da China, a edição deste ano do Fórum Boao, dedicada a debater assuntos económicos a nível global, o fomento de cooperação ao nível da iniciativa criada por Pequim, “Uma Faixa, Uma Rota” ou mesmo a presença da inteligência artificial em cada vez mais áreas de actividade, nomeadamente a economia e as finanças.

No dia de arranque do Fórum Boao, tido como o “Davos asiático”, foi divulgado o relatório anual das perspectivas económicas e progressos da integração da Ásia. As conclusões apontam para o crescimento da economia do continente em 4,5 por cento este ano, fazendo com que continue a ser o “maior contribuinte para o crescimento económico mundial”.

Apontando a existência de “vários desafios externos”, o documento ressalva que a economia asiática vai manter “uma taxa de crescimento relativamente elevada” graças ao consumo e a políticas fiscais pró-activas.

A organização do evento perspectiva que o leste asiático deve registar um crescimento anual de 4,3 por cento, o sul da Ásia 5,8 por cento, a Ásia Central 4,3 por cento e a Ásia Ocidental 3,5 por cento. “Em termos de paridade de poder de compra, a quota das economias asiáticas no PIB [Produto Interno Bruto] global aumentará de 48,5 para 49 por cento em 2024”, é acrescentado no relatório que deu o pontapé de partida da iniciativa.

Problemas com o emprego

Embora seja estimado que as economias asiáticas invertam a tendência negativa em termos de comércio e investimento, graças a factores como a integração regional, também é realçada uma perspectiva “não particularmente optimista” para o emprego.

O relatório referiu que o “fraco” crescimento do emprego nas regiões do Leste e do Sul da Ásia significará que a taxa global de crescimento a nível continental será inferior à média mundial.

O crescimento do rendimento “continua a enfrentar uma pressão significativa”, especialmente devido à situação no leste asiático, onde o número de horas trabalhadas continuará a ser 1,4 por cento inferior ao de 2019.

Esta situação, aliada a factores como o fraco crescimento da produtividade, torna “difícil alcançar um crescimento significativo dos níveis de rendimento na Ásia”, com algumas áreas a registarem mesmo declínios, embora as pressões inflaccionistas “diminuam ainda mais” este ano.

Uma agenda cheia

Segundo a agência Lusa, o Fórum realiza-se numa altura em que a China regista uma quebra no investimento e de transacções comerciais com o exterior. Assim sendo, a conferência deste amo vai incluir painéis de discussão e mesas redondas com directores executivos e representantes de multinacionais, segundo a agenda divulgada na página ‘online’ oficial do evento.

O tema da conferência deste ano é “Ásia e o Mundo: Desafios Comuns, Responsabilidades Partilhadas”. Os painéis vão abranger temáticas como o investimento na Ásia, o aprofundamento da cooperação financeira asiática e os esforços para transformar a Ásia num centro de crescimento da economia mundial.

Os tópicos vão centrar-se no aumento da confiança dos investidores, a melhoria do ecossistema de investimento, o aumento da atractividade para investimento estrangeiro, o avanço da cooperação financeira na Ásia a fim de impulsionar a economia real, e o reforço da cooperação industrial e das cadeias de abastecimento entre as nações asiáticas, segundo a informação fornecida pela organização do fórum.

A agenda do evento prevê também discussões sobre inteligência artificial, o futuro dos veículos eléctricos e a cooperação no âmbito da Iniciativa Faixa e Rota, o gigantesco projecto de infraestruturas que se tornou parte central da política externa da China.

O jornal China Daily ouviu vários especialistas que apontaram que os painéis e debates do Fórum vão centrar-se sobretudo nos desafios mundiais, numa altura em que há dois conflitos na Europa e Médio Oriente, nomeadamente Ucrânia-Rússia e na Faixa de Gaza.

Zafar Uddin Mahmood, conselheiro político e secretário-geral do Fórum, declarou ao jornal estatal que “a ideia de trabalhar para ‘uma comunidade de futuro partilhado para a humanidade’ através das iniciativas de Segurança Global, Desenvolvimento e Civilização é um caminho a seguir para enfrentar os desafios que o mundo enfrenta actualmente”.

Por sua vez, Atul Dalakoti, director-executivo da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia, frisou a necessidade de paz mundial, uma vez que “no mundo existem ainda quatro a cinco mil milhões de pessoas que precisam de ter muito melhores empregos, uma vida muito melhor, fundamentos económicos muito melhores… A única forma de crescer é ter paz”. Atul acrescentou ainda que “a ideia de desenvolvimento comum apresentada pelo Presidente Xi Jinping é o caminho a seguir”.

Numa altura em que a Índia se prepara novamente para ir a eleições, Dalakoti disse ainda ao China Daily que o país “tem trabalhado em estreita colaboração com a Ucrânia e com a Rússia para ver se existe uma possível hipótese de alcançar a paz”.

Carl Fey, professor de estratégia na BI Norwegian Business School e um dos académicos que marcará presença em Hainão, falou dos dois conflitos na Ucrânia e em Gaza, que opõe israelitas e as forças do Hamas. “Existem muitas possibilidades para uma maior colaboração e isso é muito necessário”, defendeu.

A aposta nos eléctricos

A ilha de Hainão anunciou em 2022 um plano para proibir a venda de todos os veículos movidos a combustível até 2030, tornando-se a primeira província da China a anunciar uma medida deste género.

Dois em cada cinco veículos vendidos na China são eléctricos, representando estas vendas 60 por cento do total mundial. De acordo com estimativas do banco suíço UBS, até 2030, três em cada cinco veículos novos vendidos na China serão alimentados por baterias e não por combustíveis fósseis.

A dimensão do mercado chinês propiciou a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng, que ameaçam agora o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.

Ainda no evento, estão previstas palestras sobre a fragmentação no comércio global, as perspectivas geopolíticas e económicas globais, a chamada “Iniciativa de Segurança Global” na abordagem dos desafios de segurança e promoção da paz mundial, e a superação de obstáculos políticos para enfrentar a crise climática global.

Proposta pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a “Iniciativa de Segurança Global” visa construir uma “arquitectura global e regional de segurança equilibrada, eficaz e sustentável”, ao “abandonar as teorias de segurança geopolíticas ocidentais”. Em particular, a proposta chinesa opõe-se ao uso de sanções no cenário internacional.

A conferência decorre num período em que a China tenta injectar um novo ímpeto nas suas relações com o exterior, abaladas pelo encerramento das fronteiras, durante a pandemia da covid-19, e tensões regionais, incluindo com o Japão e os países do sudeste asiático. O deteriorar dos laços com os Estados Unidos e a Europa é outro aspecto que marca o momento político chinês.

A China registou no ano passado o menor volume anual de Investimento Estrangeiro Directo (IED) desde a década de 1990, numa altura em que os países ocidentais apostam numa estratégia de redução de dependências económicas e comerciais face ao país.

Apesar deste cenário menos positivo, a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, declarou, no Fórum de Desenvolvimento da China, que decorreu domingo, que a China vai continuar a ser um contribuidor central para o crescimento da economia a nível mundial, com mais de três por cento tanto este ano como no próximo, noticiou o Diário do Povo online.

Desde 2002 que o Fórum Boao se realiza em Hainão, na cidade de Bo’ao, sendo encarado como a resposta asiática ao Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, centrando-se mais no posicionamento económico chinês e de outras economias vizinhas. Paralelamente a este fórum, Pequim organiza ainda o “Invest China”, com o objectivo de atrair investimento estrangeiro.

27 Mar 2024

Israel: Autoridade Palestiniana e Hamas saúdam resolução de cessar-fogo da ONU

A Autoridade Palestiniana e o movimento islamita Hamas saudaram hoje a aprovação, no Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução de cessar-fogo na Faixa de Gaza e pediram maior pressão sobre Israel para que a aplique “imediatamente”.

Numa reação citada no diário Filastin, um dos mais importantes diários árabes no Médio Oriente, o Hamas, congratulando-se com a resolução aprovada com 14 votos a favor e uma abstenção (Estados Unidos), exigiu que Israel seja pressionado a respeitar a medida, que surge depois de mais de 32.300 pessoas terem sido mortas em ataques israelitas no enclave palestiniano.

“Congratulamo-nos com o apelo do Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo imediato em Gaza. Sublinhamos a necessidade de um cessar-fogo permanente que conduza à retirada de todas as forças sionistas e ao regresso dos deslocados”, declarou o Hamas, segundo o diário Filastin. “Apelamos ao Conselho de Segurança para que pressione a ocupação [israelita] a aderir ao cessar-fogo e a pôr termo à guerra de genocídio e de limpeza étnica contra o nosso povo”, declarou o movimento islamita.

O Hamas manifestou igualmente disponibilidade para participar num processo “imediato” de troca de “prisioneiros”, sublinhando simultaneamente a necessidade de liberdade de circulação no enclave palestiniano para a distribuição adequada da ajuda humanitária.

Por fim, o Hamas agradeceu à Argélia, país impulsionador desta última resolução, pelos seus esforços, bem como aos outros países do Conselho de Segurança que têm trabalhado para “travar a agressão sionista e o genocídio”. Em Ramallah, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana também se congratulou com a aprovação da resolução e apelou à sua aplicação imediata e à adoção de medidas práticas e “consequências” para obrigar Israel a cumpri-la.

Num comunicado, o Governo palestiniano sublinhou o “consenso internacional” alcançado, mas apelou aos Estados membros do Conselho de Segurança para que “tomem medidas” e assumam as suas “responsabilidades legais e históricas” para “implementar imediatamente a decisão” e “parar a guerra de genocídio”.

O apelo a um cessar-fogo é “um passo na direção certa”, mas exige “uma paragem completa e sustentável da agressão” e a retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza, a entrada de ajuda humanitária e o regresso das pessoas deslocadas, prosseguiram as autoridades palestinianas na mesma nota informativa.

A resolução aprovada “exige um cessar-fogo imediato para o mês do Ramadão, respeitado por todas as partes, levando a um cessar-fogo duradouro e sustentável”. O Ramadão, o mês sagrado dos muçulmanos, começou em 10 de março e termina em 09 de abril, o que significa que a exigência de cessar-fogo abrange duas semanas.

A Autoridade Palestiniana apelou também ao Conselho de Segurança da ONU para que “assuma a responsabilidade de proteger os civis e o povo palestiniano” do “crime de genocídio que Israel tem vindo a cometer deliberadamente desde 07 de outubro”. O comunicado menciona especificamente os países que pressionaram a resolução e destaca o apoio dos membros permanentes (e com poder de veto) do Conselho de Segurança, como foi o caso da Rússia, França e China.

Este é o primeiro texto a obter consenso no Conselho de Segurança, após três vetos anteriores dos Estados Unidos (também membro permanente), que se abstiveram nesta ocasião, posição fortemente contestada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que decidiu cancelar a viagem a Washington de uma delegação de alto nível do seu executivo.

Na passada sexta-feira, a Rússia e a China utilizaram os seus vetos para rejeitar uma resolução apresentada pelos Estados Unidos, considerando-a insuficiente para pôr termo às hostilidades na Faixa de Gaza.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

26 Mar 2024

Mais de 20.000 jardins-de-infância fechados na China

Mais de 20.000 jardins-de-infância fecharam na China nos últimos dois anos, ilustrando o impacto da queda na taxa de natalidade, apesar das medidas governamentais para aumentar a oferta de lugares e incentivar os nascimentos.

A China tinha 274.400 jardins-de-infância em 2023, face a 289.200, no ano anterior, e 294.800, em 2021, indicou ontem o portal de notícias económicas Yicai, com base em dados do Ministério da Educação chinês. O encerramento de jardins-de-infância está concentrado nas zonas rurais e nas regiões com baixa densidade populacional, enquanto os jardins-de-infância públicos urbanos foram menos afectados.

Os peritos citados pela imprensa local alertaram para um efeito de dominó no sistema educativo chinês devido à diminuição do número de crianças nos jardins-de-infância. Os analistas preveem uma diminuição do número de escolas primárias e secundárias necessárias no futuro.

No que respeita às escolas primárias, o número poderá descer para 92.800, em 2035, em comparação com 144.200, em 2020, enquanto a oferta de escolas secundárias também sofrerá uma redução de cerca de 3.800.

A redução do número de estudantes no país asiático vai também gerar um excedente de professores, especialmente no ensino primário, o que exigirá ajustamentos no planeamento educativo. Esta tendência contrasta com as medidas do governo central para aumentar a oferta de lugares nos jardins-de-infância.

Contra o declínio

O vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde, Li Bin, afirmou no início de Março que mais de 5 mil milhões de yuan tinham sido reservados para apoiar a abertura de jardins-de-infância a preços acessíveis, desde 2022. A China quer aumentar o número de lugares nos jardins-de-infância por cada 1.000 habitantes, que actualmente é de 3,36, para 4,5, até 2025.

As medidas para aumentar a taxa de natalidade incluem também o alargamento da licença de maternidade para, pelo menos, 158 dias em muitas regiões, o aumento do limiar das deduções fiscais para a guarda de crianças com menos de três anos para 2.000 yuan por mês e a possível inclusão de uma lei sobre serviços de guarda de crianças nos planos legislativos.

A China registou um declínio da sua população em 2022 e 2023, as primeiras contracções desde 1961, quando o número de habitantes diminuiu devido ao fracasso da política de industrialização do Grande Salto em Frente e à fome que se seguiu.

O país foi ultrapassado no ano passado pela Índia como a nação mais populosa do mundo. Durante o 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2022, o partido no poder sublinhou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da parentalidade”.

26 Mar 2024

Adopção de animais inovadora (I)

Surgiu recentemente uma notícia na imprensa de Hong Kong sobre um novo modelo de negócio que permite adoptar de forma “gratuita” animais de estimação e que se está a popularizar na China. A loja que promove o negócio pede um depósito de determinada quantia, a partir do momento da entrega do animal. Num certo intervalo de tempo após a adopção, o dono pode levar da loja tudo o que precisa para o animal. No entanto, se por um infortúnio o animal morrer antes do contrato de adopção terminar, o dono tem de continuar a fazer os pagamentos até ao final.

A adopção em si é gratuita e a loja põe à disposição animais de muitas raças, o que torna este modelo de negócio verdadeiramente atractivo. Depois de adoptar um animal, o seu dono terá necessariamente de lhe comprar tudo o que ele precisa. O depósito que fez destina-se a cobrir despesas futuras. O modelo de negócio assegura receitas vindouras, a pessoa pode escolher o animal que quer e todos ficam satisfeitos.

No entanto, se o animal morrer, o dono deixa de ter necessidade de fazer compras e, se não quiser voltar a adoptar outro animal, o que comprou deixa de ter utilidade. Mas, de acordo com o contrato, tem de continuar a comprar até à data do seu término, pelo que terá, naturalmente, objecções.

Se o dono do animal que morreu não aceitar estas condições, será a loja que colocará as objecções. E isto porque inicialmente a loja teve de comprar o animal para depois o colocar para adopção. A compra do animal teve custos para a loja. À partida, estes custos são deduzidos das compras mensais feitas pelo dono. Mas se o animal morrer e o dono der por terminado o contrato a loja será prejudicada.

Podemos ver que a morte do animal prejudica o dono e a loja. A questão-chave passará pela forma de ambas as partes chegarem a um consenso. Vale a pena que todas as partes contratuais possam ter em consideração os seguintes métodos.

Em primeiro lugar, pode ser incluída no contrato uma cláusula de compensação, indicando que, uma vez que o animal morra, o dono pode rescindir o contrato após garantir o lucro da loja. Por exemplo, quem adopta o animal deposita na loja $10,000. O contrato estipula que este valor tem de ser gasto no período de um ano. Quatro meses depois da adopção o animal morre. Como o dono já gastou até essa altura $4,000, ainda lhe restam $6,000 que não foram usados. Assumimos que a taxa de lucro na venda de artigos da loja é de 1 a 0.5 por cento. Ou seja, os artigos vendidos por $6,000 implicam uma despesa de $4,000 e um lucro de $2,000. Como o animal morreu e o dono não pensa adoptar mais nenhum, os artigos que iria comprar com o capital que lhe resta não terão destinatário. Ao incluir uma cláusula de compensação, estes artigos ficarão na loja e serão vendidos a quem deles necessitar. Por conseguinte, a loja tem de devolver $4,000 à pessoa que perdeu o animal, dos $6.000 que ainda sobram, porque $2,000 representam o lucro que é devido a loja. Além disso, o contrato pode ainda estipular o valor da compensação que a loja deverá receber por parte do dono do animal se ele morrer antes do final do contrato. Com estes dois termos contratuais, os conflitos entre a loja e os donos dos animais podem ser resolvidos.

Este acordo faz sentido para ambas as partes. Por um lado, quem adoptou o animal comprometeu-se as fazer as compras a partir desse momento na loja permitindo-lhe garantir a sua margem de lucro. No entanto, como deixa de precisar de comprar artigos para o animal a partir do momento em que ele morre, o custo dos artigos que já não lhe fazem falta não deve ser suportado por ele. A loja pode vendê-los a quem precise. Mas a loja deve receber os lucros que teria até ao final do contrato. A cláusula de compensação em caso de morte do animal garante que a loja irá receber a compensação adequada se a morte ocorrer no período contratual. Estes termos contratuais também permitem que quem adopta o animal saiba que responsabilidades terá de assumir se ele morrer. Na próxima semana, continuaremos com esta análise.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

26 Mar 2024

FRC | “Elementos Geográficos”, de Benson Lam inaugurada hoje

É hoje inaugurada oficialmente, a partir das 18h30, a exposição “Elementos Geométricos”, da autoria de Benson Lam, que desde o dia 19 pode ser visitada na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC). Trata-se de uma mostra de ilustração digital do artista local que já expôs na FRC, nomeadamente em nome próprio com a exposição “Divine Beasts”, em 2020, ou integrando a mostra colectiva do “10.º Aniversário da Fundação Rui Cunha” em 2022.

Desta vez, em “Elementos Geométricos”, o artista reúne um conjunto de 25 ilustrações digitais e modelagem em papel 3D [três dimensões], que representam temas como a paisagem da cidade, a cultura urbana, a remixagem intercultural, a personalidade mítica, a religião, o surrealismo e os animais de estimação.

“Esta é uma série de ilustrações inspiradas em elementos geométricos. As obras são apresentadas com diferentes estilos de combinação geométrica, seja em formas triangulares de alta ou de baixa densidade”, refere o manifesto do artista.

Frisa-se também que “padrões geométricos são usados em algumas das obras, dando uma impressão muito colorida às obras de ilustração criadas”. Além disso, uma das obras é feitas com escultura geométrica em papel, demonstrando assim que estas composições podem ser realizadas em formato 3D”, uma técnica cada vez mais utilizada na arte da decoração e em criações ornamentais, uma das especialidades do artista.

Benson Lam nasceu em Macau, mas trabalhou muitos anos no exterior, fazendo carreira por Hong Kong, Milão, Madrid, Barcelona, Lisboa, Londres, Nova York e a China Continental. Como fotógrafo e professor de design, é especializado em design de espaços comerciais e é profissional de escaparatismo criativo para reputadas marcas. A mostra estará patente até ao próximo dia 6 de Abril.

26 Mar 2024

Bruno Carnide, realizador: “O meu cinema não é tão convencional”

Nomeado duas vezes para os prémios Sophia da Academia Portuguesa de Cinema, Bruno Carnide conta já com um importante percurso na indústria cinematográfica portuguesa. Pela primeira vez em Macau, o realizador traz “Memórias de Uma Casa Vazia” para a primeira edição do festival de curtas-metragens organizado pelo Governo e Galaxy, exibido novamente amanhã. Bruno Carnide revela um pouco mais de um filme em torno de memórias familiares e as suas diferentes visões

 

Apresenta na primeira edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau a curta “Memórias de Uma Casa Vazia”, o seu mais recente filme. Fale-me deste projecto.

Esta é uma curta-metragem de 2023 que estreou em Setembro na Albânia, no festival de cinema de Tirana, onde ganhou uma menção honrosa, depois passou por Bilbao num festival bastante importante. Curiosamente ainda não teve a oportunidade de ser estreada em Portugal, mas esperamos que no decorrer de 2024 ela possa estrear no seu país de origem. “Memórias de Uma Casa Vazia” fala, no fundo, de memórias, sendo um pouco uma abordagem à ideia de que as mesmas coisas vividas por diferentes pessoas ganham perspectivas diferentes, e também importâncias diferentes. Baseio-me numas cartas escritas por uma mãe de família que abordam a relação com a filha e com o pai dela. [O filme aborda] a descoberta destas cartas, estas memórias de uma família.

Inspirou-se de facto em cartas escritas, ou quis simplesmente trabalhar o conceito de memórias?

Estas são cartas fictícias. Há alguns anos, quase desde o início do meu percurso, que me debruço bastante nesta temática familiar de pai, mãe e filha. Sendo este um filme completamente independente a nível narrativo, e também a outros níveis, ele acaba por ser o último filme de uma trilogia que tenho vindo a fazer. O primeiro filme retrata o ponto de vista do pai em relação à família, o segundo filme é o ponto de vista da filha em relação à família e este aborda o ponto de vista da mãe. Mas são filmes separados uns dos outros, não precisamos de ver os três para os entender, pois trabalham bem sozinhos. É uma temática que quis abordar, pois a relação familiar, que idealmente pensamos como um sonho ou algo pacífico, quase harmonioso, mas, de repente, por mil e uma razões, esta harmonia pode quebrar-se de forma bastante violenta, e isso é retratado no filme.

O Bruno tem alguma visibilidade no cinema feito em Portugal. Como olha para o percurso que tem traçado até aqui?

Claramente orgulho-me no que tenho feito. Curiosamente o meu trabalho já esteve presente em Macau há cerca de dois anos com uma curta-metragem de animação, “O Voo das Mantas”. Fico bastante satisfeito. Tento fazer o que me apetece, mas sempre com as condicionantes face ao que me é permitido fazer. Vou trabalhando com aquilo que posso. O meu cinema não é tão convencional no sentido clássico, como estamos mais habituados, onde podemos ter os actores que nos contam as histórias e trabalham para a câmara. Nesse sentido, os meus filmes poderão ser mais experimentais ou diferentes, digamos assim. Fico satisfeito porque, apesar de mostrar uma linguagem que não é tão comum, o cinema que tenho feito tem tido uma aceitação constante.

Até que ponto este “Memórias de Uma Casa Vazia” constitui uma mudança ou evolução como realizador?

Sinto que a cada filme que faço há sempre alguma coisa em que sinto que amadureci e que acabei por incluir de alguma maneira. Neste filme sinto que talvez tenha conseguido, finalmente, amadurecer o ritmo em que a história é contada. Cada filme é um filme, não quero falar menos bem dos meus filmes anteriores, mas sinto que este é, talvez, um filme menos apressado, onde não tive tanta pressa de contar a história ao espectador, ela é contada no seu próprio ritmo. Isso foi uma coisa muito boa que consegui construir.

Que expectativas deposita nesta edição do festival? Acredita que pode dar uma maior visibilidade ao seu trabalho na Ásia, por exemplo?

Estou expectante, porque este festival está a arrancar com um grande apoio a nível organizacional por parte do Governo e isso é muito bom, porque se consegue juntar os realizadores e outras pessoas da área e isso é desde logo um ponto a favor para esta primeira edição. Parece-me também que juntar todas estas pessoas traz muita credibilidade ao festival, pois arranca já com uma grande expectativa.

Como olha para o cinema feito em Macau, ainda de pequena dimensão face ao mercado de Hong Kong, por exemplo?

Confesso que não estou familiarizado com o cinema que se faz em Macau, mas vou aproveitar esta viagem para o fazer. Fiz questão de estar presente e de estar uma semana para conhecer o máximo de pessoas possível e estabelecer contactos. Quero começar a perceber como funciona a indústria, se há ou não oportunidades.

Já está a pensar em algum projecto novo, ou está ainda focado na promoção desta curta?

De momento sim, mas já estou a desenvolver algumas experiências ao nível da inteligência artificial para cinema, mas no sentido exploratório, de tentar perceber o que é que esta área pode fazer pela indústria do cinema, no sentido de poder vir a facilitar algum tipo de processos. Mas estou muito focado na promoção deste filme, que tem a particularidade de ser filmado em película analógica Super 8. Acaba até por ser um pouco um contrassenso eu andar a pesquisar sobre inteligência artificial e, ao mesmo tempo, andar a promover este filme feito de uma forma ainda muito tradicional, com película analógica.

A inteligência artificial pode trazer mais benefícios do que riscos, ou o contrário?

Se nos focarmos naquilo que é inteligência artificial exclusivamente para cinema, e na ajuda do processo de criação artística, acredito que seja uma mais-valia para acelerar alguns processos, ou algumas coisas de pós-produção que até são um pouco aborrecidas de fazer. Se olharmos para a inteligência artificial de uma forma mais geral, é um tema preocupante e assustador, porque não sabemos até onde pode ir. É um misto de emoções e pensamentos, mas, ao mesmo tempo, não podemos ficar na ignorância.

26 Mar 2024

Taiwan | Antigo líder Ma Ying-jeou desloca-se a Pequim em Abril

O antigo líder de Taiwan Ma Ying-jeou (2008-2016) vai visitar novamente a China continental, no início de Abril, numa deslocação que vai incluir uma paragem em Pequim, foi ontem anunciado.

Numa declaração à imprensa, o director executivo da Fundação Ma Ying-jeou, Hsiao Hsu-tsen, disse que o antigo líder do Partido Kuomintang (KMT), agora na oposição, vai acompanhar um grupo de estudantes numa deslocação à China entre 1 e 11 de Abril, na segunda viagem ao continente desde que deixou o cargo.

O itinerário de Ma inclui actividades em Pequim e nas províncias de Cantão e Shaanxi, disse Hsiao, esclarecendo que os possíveis encontros do antigo líder de Taiwan com figuras políticas na China vão depender da vontade dos anfitriões.

O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China deu “boas-vindas” à visita de Ma. O porta-voz do Gabinete, Chen Binhua, manifestou “esperança de que os compatriotas de ambos os lados do estreito de Taiwan promovam o rico património cultural da China”, descrevendo a viagem como “uma oportunidade” para “reforçar a compreensão mútua e a ligação espiritual entre os jovens de ambos os lados do estreito” e “contribuir para o desenvolvimento pacífico das relações”.

Chen referiu que a delegação liderada por Ma vai participar no Dia do Finados, no qual os chineses prestam homenagem a entes queridos falecidos, numa cerimónia em honra do imperador Amarelo, considerado um dos pioneiros da civilização chinesa.

Ma, que se tornou o primeiro líder de Taiwan a visitar a República Popular da China em Março do ano passado, pediu um maior intercâmbio entre estudantes chineses e taiwaneses durante a anterior visita, por “partilharem a mesma cultura e identidade étnica”.

26 Mar 2024

Mar do Sul | Protestos de Pequim e Manila após novo incidente

China e Filipinas disseram ontem ter apresentado protestos em simultâneo junto dos dois Governos, depois de um novo incidente no mar do Sul da China, onde Pequim e Manila mantêm reivindicações territoriais.

As Filipinas disseram ter convocado um diplomata da embaixada chinesa em Manila, na sequência de “acções beligerantes” da guarda costeira chinesa e de um navio chinês perto de um recife no mar do Sul da China.

Manila expressou “forte protesto contra as acções agressivas levadas a cabo no sábado pela guarda costeira chinesa e pela milícia marítima” contra um navio de abastecimento filipino ao largo do atol Tomás Segundo, um recife disputado naquelas águas.

De acordo com as Filipinas, a guarda costeira chinesa bloqueou um navio de abastecimento e danificou-o com canhões de água, ferindo três soldados. A guarda costeira chinesa descreveu as manobras como “regulação, intercepção e expulsão legítimas” de um navio estrangeiro que “tentou entrar em águas chinesas pela força”.

Também a embaixada da China em Manila afirmou ter enviado também um “protesto solene” às Filipinas na sequência do incidente.

“No dia 23 de Março, as Filipinas violaram os próprios compromissos, ignoraram a firme oposição e os avisos prévios da China e insistiram em enviar um navio de abastecimento e dois navios da guarda costeira para entrar arbitrariamente nas águas perto do recife Ren’ai, nas ilhas Nansha da China”, afirmou a embaixada, em comunicado, utilizando o nome chinês para o atol.

26 Mar 2024

Israel | Pequim apoia nova proposta para cessar-fogo em Gaza

A nova proposta para um cessar-fogo humanitário imediato durante o mês do Ramadão foi elaborada por oito dos dez membros não permanentes do Conselho de Segurança, Argélia, Malta, Moçambique, Guiana, Eslovénia, Serra Leoa, Suíça e Equador

 

A China anunciou ontem o seu apoio a um novo projecto de resolução no Conselho de Segurança da ONU que apela ao cessar-fogo imediato em Gaza, alguns dias após ter vetado uma proposta dos Estados Unidos. “A China apoia este projecto de resolução e felicita a Argélia e os outros países árabes pelo seu trabalho árduo nesta matéria”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país asiático.

“Esperamos que o Conselho de Segurança o aprove o mais rapidamente possível e envie um sinal forte para a cessação das hostilidades”, acrescentou. A votação, que estava prevista para sábado, foi adiada para ontem, numa tentativa de evitar novo fracasso.

Na sexta-feira, a Rússia e a China vetaram um projecto de resolução dos Estados Unidos que sublinhava a “necessidade” de um “cessar-fogo imediato” em Gaza, no âmbito das negociações para a libertação dos reféns capturados durante o ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, a 7 de Outubro, em que morreram cerca de 1.200 pessoas e foram raptadas mais de duas centenas.

Alguns observadores viram nisto uma mudança substancial na posição de Washington, que está sob pressão para limitar o seu apoio a Israel. Até então, os Estados Unidos tinham-se oposto sistematicamente ao termo “cessar-fogo” nas resoluções da ONU, tendo bloqueado três textos desse tipo.

Mas a proposta norte-americana não apelava explicitamente a um cessar-fogo imediato, utilizando uma redação considerada ambígua pelos países árabes, pela China e pela Rússia, que denunciaram o “espetáculo hipócrita” dos Estados Unidos enquanto Gaza é “virtualmente varrida do mapa”.

“Se os Estados Unidos estão a falar a sério sobre um cessar-fogo, então votem a favor do outro projecto”, disse o embaixador chinês na ONU, Jun Zhang.

Munição política

Oito dos dez membros não permanentes do Conselho de Segurança (Argélia, Malta, Moçambique, Guiana, Eslovénia, Serra Leoa, Suíça e Equador) elaboraram um novo projecto de resolução, cuja votação era desconhecida à hora do fecho desta edição.

A última versão, apoiada pelo grupo árabe, “exige um cessar-fogo humanitário imediato durante o mês do Ramadão (…), que conduza a um cessar-fogo duradouro”, enquanto a ofensiva israelita em Gaza já causou mais de 32.000 mortos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

No projecto de texto apela-se também à libertação incondicional dos reféns e à eliminação de “todos os obstáculos” à ajuda humanitária. “Este projecto de texto adopta uma posição clara, exigindo um cessar-fogo e a extensão da ajuda humanitária à Faixa de Gaza, o que corresponde à orientação correcta das acções do Conselho de Segurança”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa.

“Actualmente, o conflito em Gaza está a arrastar-se e a provocar uma crise humanitária, pelo que a comunidade internacional espera que o Conselho de Segurança cumpra os seus deveres na prática e de forma abrangente”, acrescentou.

26 Mar 2024

Habitação intermédia | Candidaturas de pessoas casadas são prioritárias

Foram ontem publicados os critérios de pontuação das candidaturas para a habitação intermédia, também designada como habitação para a classe sanduíche. Segundo o despacho assinado pelo Chefe do Executivo, publicado no Boletim Oficial, de um total de 100 pontos, os candidatos que incluam no seu agregado familiar uma pessoa com quem tenham casado têm 80 pontos, enquanto uniões de facto têm 20 pontos, ou seja, bastantes menos hipóteses de conseguir uma casa nesta modalidade.

Candidatos com um filho no agregado familiar também são classificados com 80 pontos, por cada filho, enquanto que o candidato que concorra com um pai ou mãe no agregado recebe 60 pontos. A proporção de residentes permanentes no agregado do candidato também tem influência na pontuação.

A lei da habitação intermédia, que entra em vigor a 1 de Abril, prevê o cancelamento da candidatura caso o candidato morra, ou desista da casa na sequência de um divórcio. Porém, se um familiar quiser tomar a posição de candidato à compra da casa, pode fazê-lo desde que cumpra os requisitos.

26 Mar 2024

PME | Pedidos subsídios e estudos sobre zonas mais afectadas

A Aliança de Sustento e Economia de Macau sugeriu ao Governo o lançamento de mais medidas de apoio às pequenas e médias empresas (PME) do território e estudos que indiquem quais os sectores económicos e zonas da cidade mais afectados.

O vice-presidente da associação Aeson Lei defende que o Governo deveria negociar a isenção do pagamento de taxas cobradas aos comerciantes no âmbito de pagamentos electrónicos, e implementar mais medidas para ajudar os negócios sediados fora das zonas de maior afluência de turistas.

Num comunicado divulgado no domingo pela associação, é indicado que as PME atravessavam uma fase complicada já antes da pandemia. “Nos últimos cinco anos, estas empresas de pequena dimensão enfrentaram dificuldades por diversos motivos, como a passagem do tufão Hato, ajustamento do sector do jogo e a pandemia.

Os empresários mantiveram a confiança e seguiram as orientações do Governo, aproveitando, por exemplo, os empréstimos bonificados de apoio à economia, durante a pandemia.” Agora, o responsável indica que muitos empresários estão numa posição complicada para conseguir pagar os empréstimos contraídos, com muitas lojas a fechar nos bairros comunitários.

“O Governo tem responsabilidade de lançar medidas para incentivar a economia, algo que já fez de forma oportuna, mas que não foram suficientes”, indicou.

26 Mar 2024

TVB | Germano Guilherme vence concurso de talentos

A noite de domingo consagrou o macaense de 36 anos como o vencedor da segunda edição do concurso “Meia-Idade, Canta e Brilha”. O momento alto da noite surgiu quando Germano interpretou o tema Feeling Good

 

O macaense Germano Guilherme Ku foi o vencedor da segunda edição do programa “Meia-Idade, Canta e Brilha”, organizado pela TVB, estação televisiva de Hong Kong. O cantor participou ontem na final do programa que tem como apresentadora a celebridade Stephanie Che, e no fim foi considerado o melhor entre mais de 100 participantes.
Na noite de domingo, o macaense de 36 anos cantou o tema “Heart is Still Cold”, em cantonês, da artista Anita Mui, considerada uma das grandes figuras do Cantopop. A primeira interpretação do macaense valeu-lhe uma pontuação alta por parte do júri constituído por algumas das principais celebridades actuais do pop de Hong Kong, como Miriam Yeung, Brian Chow Kwok Fung, Priscilla Chan Wai Han, Clayton Cheung Kai Tim, Harry Ng Chung-hang e Maria Cordero.

Contudo, o momento que levou Germano a marcar a diferença para os restantes participantes aconteceu durante a interpretação do tema “Feeling Good”, cantado pela primeira vez pelo artista Cy Grant, no musical The Roar of the Greasepaint – The Smell of the Crowd, em 1964. Com a pontuação mais alta na segunda canção, e o resultado perfeito, Germano Guilherme superiorizou-se aos restantes finalistas: Maggin Ann, Tam Fai Chi, Mic-go Ngan, Kimman Wong, Sean Sim e Itchii Chan.

Chuva de agradecimentos

Após ser declarado vencedor, Germano não escondeu a emoção: “Não acredito neste resultado. Que loucura!”, afirmou. “Quero agradecer a todos, desde o primeiro episódio até hoje [domingo] que todos cuidaram muito bem de mim, foram amáveis e compreensivos. Quero agradecer à família do programa “Meia-Idade, Canta e Brilha”, aos nossos professores, colegas de concurso e às pessoas nos bastidores. A todos quero dizer um muito obrigado”, afirmou o macaense, de acordo com o portal Ming Pao.

Germano deixou igualmente um agradecimento para Macau. “Muito obrigado por me aceitarem de novo em Hong Kong. Mas, mais importante para mim, muitas pessoas em Macau apoiaram-me sempre, por isso, também lhes quero agradecer muito por tomarem conta de mim”, vincou.

Sem ajudas

Ao longo do concurso, Germano Guilherme Ku foi acusado de ter uma relação de proximidade com a júri macaense Maria Cordero, presença assídua nos programas de televisão de Hong Kong.

No entanto, de acordo com o portal HK01, Germano Guilherme negou ter sido favorecido pela ligação. O portal de HK revelou inclusive que Maria Cordero terá recusado ajudar Germano a estabelecer contactos dentro da TVB, com vista a criar oportunidades profissionais para o talento macaense, mesmo quando lhe foi pedido.

26 Mar 2024

Imigração ilegal | Detidas 14 pessoas que queriam jogar nos casinos

As autoridades de Macau e do Interior da China detiveram no sábado 14 pessoas por suspeitas de imigração ilegal, das quais seis pertenciam a um alegado grupo criminoso e oito eram imigrantes. Segundo o jornal Ou Mun, o caso aconteceu na madrugada de sábado, tendo os suspeitos sido descobertos pelos agentes dos Serviços de Alfândega de Macau quando estes tentavam passar as cercas colocadas junto à ilha artificial do Posto Fronteiriço de Macau da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau para tentar entrar em Macau. Apesar dos agentes terem conseguido interceptar cinco pessoas que tentavam entrar no território, outras três conseguiram escapar.

A Polícia Judiciária (PJ) local conseguiu, mais tarde, identificar quatro membros do grupo que operava este esquema de imigração ilegal, tendo apanhado os fugitivos junto ao Posto Fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e na Taipa.

Por sua vez, a polícia do Interior da China deteve ainda mais dois membros do grupo em Zhuhai, que tinham a responsabilidade de guiar as pessoas que tentavam entrar em Macau ilegalmente. Os detidos acabaram por confessar que pretendiam entrar no território apenas para jogar nos casinos. As autoridades procuram ainda o líder do grupo.

26 Mar 2024

Cultura | IC diz ser normal Governo alterar conteúdos de espectáculos

Como o Governo convida artistas para actuar em Macau, pode negociar o conteúdo e alterar os espectáculos para os adequar ao público local. Foi desta forma que a presidente do Instituto Cultural respondeu a acusações de censura na programação de festivais artísticos, depois de vários casos terem vindo a público

 

A presidente do Instituto Cultural (IC), Deland Leong Wai Man, considera que o Governo pode negociar o conteúdo de obras apresentadas nos festivais artísticos de Macau, enquanto entidade organizadora que convida artistas e companhias para actuar no território. Foi desta forma que a responsável máxima do IC respondeu a acusações de censura na programação de Festival de Artes de Macau.

Em declarações à margem da Parada Internacional de Macau, que se realizou no domingo, Deland Leong Wai Man disse acreditar que o conteúdo das obras interpretadas nos festivais pode ser negociado, uma vez que os artistas são convidados pelas autoridades. Nestas negociações para alterar o conteúdo dos espectáculos, a presidente do IC garante que o respeito mútuo entre autoridades e artistas, assim como o gosto do público, são factores essenciais.

As declarações da responsável, citadas pelo canal chinês da Rádio Macau, surgiram na sequência da publicação no All About Macau de um artigo em que Jenny Mok, directora da Associação de Arte e Cultura Comuna de Pedra, afirma que um espectáculo da companhia que dirige foi retirado do programa do ano passado do Festival de Artes de Macau sem uma explicação clara das autoridades para tal.

Sensibilidade local

Como o HM noticiou, um dos espectáculos que consta da programação do Festival de Artes de Macau deste ano foi alterado a pedido do IC. “Os Três Irmãos”, um espectáculo de dança contemporânea, com coreografia de Victor Hugo Pontes e texto de Gonçalo M. Tavares, foi “adaptado” para caber nos critérios do IC.

“Uma das cenas de intimidade é quando tomam banho juntos e se lavam uns aos outros. Nesta versão de Macau não existe nudez integral. Essa parte terá de ser adaptada”, indicou o coreógrafo ao HM.

“Penso que existe uma quota para nudez nos espectáculos e, no nosso caso, essa quota já tinha sido ultrapassada. Parece que tem de ser feita uma certa gestão em todos os espectáculos em que há nudez. Acredito que tenha a ver com a questão cultural, extremamente forte, em que a nudez não é ainda um lugar-comum e que, para não criar demasiados constrangimentos entre a plateia e a programação, tenham de fazer uma certa selecção”, acrescentou.

No início do ano, o espectáculo “Feito pela Beleza”, da companhia Utopia da Miss Bondy, foi cancelado pelo IC e retirado da programação do último Festival Fringe. Por essa ocasião, Deland Leong Wai Man afirmou que o cancelamento se ficou a dever ao facto de o conteúdo do espectáculo ser “divergente” face ao que foi apresentado na fase de candidatura ao festival.

O espectáculo burlesco foi cancelado depois de ter sido exibido um vídeo com “drag queens” nas redes sociais, apesar de ter a classificação para maiores de 18 anos e de apresentar a advertência de conter “linguagem obscena e nudez que poderia ofender a sensibilidade de alguns espectadores”. A mesma peça entrou no cartaz do Festival de Teatro de Shekou, que se realizou entre Outubro e Novembro do ano passado na cidade vizinha de Shenzhen.

26 Mar 2024

MIECF | “Dia Verde do Público” com autocarros eléctricos

Com o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau 2024 (MIECF), a começar na próxima quinta-feira, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental anunciou ontem que o “Dia Verde do Público”, marcado para o último dia do evento (sábado) terá novamente entrada grátis.

O Governo sugere a visita à “exposição verde e para conhecer os produtos ambientais e as informações mais recentes sobre a protecção ambiental, provenientes de diferentes indústrias do Interior da China e do exterior, inspirando ideias inovadoras sobre a protecção ambiental”.

Serão também disponibilizadas quatro carreiras de autocarros eléctricos para transporte entre a zona central, zona norte, Taipa e o recinto do MIECF, no Cotai Expo Hall A do Venetian. Apesar de o tema da sustentabilidade e ambiente, o evento decorre no resort de uma concessionária de jogo, indústria que queima todos os dias mais de cinco toneladas de cartas de jogo usadas nas mesas dos casinos, segundo a Associação para a Protecção Ambiental Industrial.

26 Mar 2024

Coloane | Governo quer aterrar área que estudo sugeriu proteger

O plano do Governo de construção da chamada “Ilha Ecológica” contraria as conclusões de um estudo de 2016, da Universidade Sun Yat-Sen, e vai permitir aterrar uma área marítima tida como crucial para a sobrevivência dos golfinhos chineses

 

O estudo que tem sido utilizado pelo Governo para justificar a construção de um aterro-lixeira a sul das praias de Coloane defende que a área marítima a aterrar deve ser protegida, para preservar os golfinhos chineses. As conclusões do trabalho elaborado pela Universidade Sun Yat-Sen, em 2016, a pedido do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), foram reveladas pelo Canal Macau da TDM, no domingo à noite.

De acordo com a informação divulgada pela emissora, a área do aterro-lixeira de materiais de construção, que o Governo denominou de “Ilha Ecológica”, vai sobrepor-se à área que a instituição do Interior tinha considerado importante proteger.

“A zona marítima sob gestão da RAEM é a única zona de sobreposição entre dois habitats cruciais das comunidades [de golfinhos] que residem no canal Lingding e na Zona Madaomen. […] Por isso, é a zona marítima mais importante para garantir a integridade dos golfinhos brancos chineses no estuário do Rio das Pérolas”, consta nas conclusões do trabalho citado pelo Canal Macau.

No documento é explicado que ao longo dos anos o espaço para os golfinhos no estuário do Rio das Pérolas foi diminuindo, o que à sua migração para a zona costeira de Macau. Face a este desenvolvimento, as conclusões sublinham que “todas as águas administradas por Macau são cruciais para a sobrevivência dos golfinhos”.

As águas locais são igualmente um ponto onde os golfinhos tendem a surgir, mesmo que tal aconteça em menor número do que aquilo que acontecia no passado. “As águas administradas por Macau são um habitat muito importante para os golfinhos. Mesmo que a taxa de utilização desta zona tenha diminuído nos últimos anos, há um padrão regular de surgimento dos golfinhos. Por isso, podemos ver que a área marítima administrada por Macau tem um valor ecológico importante para estes animais”, é vincado.

O estudo ressalva que a zona marítima de Macau é crucial para a sobrevivência dos golfinhos chineses e sugere que a área protegida das águas territoriais da RAEM atinja mais de 30 quilómetros quadrados.

Apesar desta recomendação, feita em 2016, as áreas consideras protegidas pelo Executivo de Ho Iat Seng são apenas 3 por cento dos 85 quilómetros quadrados das águas marítimas, o que representa cerca de 2,55 quilómetros quadrados.

A versão oficial

Apesar das conclusões do estudo, o Governo tem considerado que o aterro-lixeira não vai ter impacto na vida e no ambiente marítimo local, e que os golfinhos chineses que habitam as águas de Macau não serão afectados.

Anteriormente, a DSPA justificou a posição de construir o aterro-lixeira à frente das praias com o facto de os golfinhos se reunirem sobretudo a sul do aeroporto.

Segundo as conclusões do estudo, os animais concentram-se mais a sul do aeroporto, como indicado pelas autoridades, porque procuram alimentação. A DSPA defende também que a futura lixeira ocupa apenas 0,2 por cento das áreas usadas pelos golfinhos chineses.

26 Mar 2024