Coloane | Governo quer aterrar área que estudo sugeriu proteger

O plano do Governo de construção da chamada “Ilha Ecológica” contraria as conclusões de um estudo de 2016, da Universidade Sun Yat-Sen, e vai permitir aterrar uma área marítima tida como crucial para a sobrevivência dos golfinhos chineses

 

O estudo que tem sido utilizado pelo Governo para justificar a construção de um aterro-lixeira a sul das praias de Coloane defende que a área marítima a aterrar deve ser protegida, para preservar os golfinhos chineses. As conclusões do trabalho elaborado pela Universidade Sun Yat-Sen, em 2016, a pedido do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), foram reveladas pelo Canal Macau da TDM, no domingo à noite.

De acordo com a informação divulgada pela emissora, a área do aterro-lixeira de materiais de construção, que o Governo denominou de “Ilha Ecológica”, vai sobrepor-se à área que a instituição do Interior tinha considerado importante proteger.

“A zona marítima sob gestão da RAEM é a única zona de sobreposição entre dois habitats cruciais das comunidades [de golfinhos] que residem no canal Lingding e na Zona Madaomen. […] Por isso, é a zona marítima mais importante para garantir a integridade dos golfinhos brancos chineses no estuário do Rio das Pérolas”, consta nas conclusões do trabalho citado pelo Canal Macau.

No documento é explicado que ao longo dos anos o espaço para os golfinhos no estuário do Rio das Pérolas foi diminuindo, o que à sua migração para a zona costeira de Macau. Face a este desenvolvimento, as conclusões sublinham que “todas as águas administradas por Macau são cruciais para a sobrevivência dos golfinhos”.

As águas locais são igualmente um ponto onde os golfinhos tendem a surgir, mesmo que tal aconteça em menor número do que aquilo que acontecia no passado. “As águas administradas por Macau são um habitat muito importante para os golfinhos. Mesmo que a taxa de utilização desta zona tenha diminuído nos últimos anos, há um padrão regular de surgimento dos golfinhos. Por isso, podemos ver que a área marítima administrada por Macau tem um valor ecológico importante para estes animais”, é vincado.

O estudo ressalva que a zona marítima de Macau é crucial para a sobrevivência dos golfinhos chineses e sugere que a área protegida das águas territoriais da RAEM atinja mais de 30 quilómetros quadrados.

Apesar desta recomendação, feita em 2016, as áreas consideras protegidas pelo Executivo de Ho Iat Seng são apenas 3 por cento dos 85 quilómetros quadrados das águas marítimas, o que representa cerca de 2,55 quilómetros quadrados.

A versão oficial

Apesar das conclusões do estudo, o Governo tem considerado que o aterro-lixeira não vai ter impacto na vida e no ambiente marítimo local, e que os golfinhos chineses que habitam as águas de Macau não serão afectados.

Anteriormente, a DSPA justificou a posição de construir o aterro-lixeira à frente das praias com o facto de os golfinhos se reunirem sobretudo a sul do aeroporto.

Segundo as conclusões do estudo, os animais concentram-se mais a sul do aeroporto, como indicado pelas autoridades, porque procuram alimentação. A DSPA defende também que a futura lixeira ocupa apenas 0,2 por cento das áreas usadas pelos golfinhos chineses.

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