Andreia Sofia Silva SociedadeComeçou construção de 14 projectos-chave na área da MTC Arrancou esta segunda-feira a construção de 14 projectos-chave na área da medicina tradicional chinesa (MTC) situados no Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong-Macau, localizado na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin. Estes projectos começam agora a erguer-se depois de um acordo assinado em Fevereiro deste ano entre a Macau Investimento e Desenvolvimento SA e a subsidiária do grupo de seguros China Taiping, a Taiping Capital Insurance Asset Management que, como o nome indica, versa sobre a área de gestão de activos. Os 14 projectos são o Salão Internacional para Reunião de Clientes, em Hengqin, desta seguradora; a construção do Pavilhão Digital e Inteligente de Medicina Tradicional Chinesa da Meinian, marca chinesa na área da saúde; o Complexo Experimental da Experiência do Património Cultural Imaterial da MTC da marca Pien Tze Huang; o Complexo Experimental de Experiências “Tong Ren Tang” de Pequim; o Pavilhão de Nutrição e Vida da “Dong E E Jiao”, o Hospital Geral associado às marcas “Yuanmiao”, “Yuxin Beilong”, “Tianrun Medical”, “Deya Medical”, “Qimei Medical”, “Sciarray Biologics”; o Complexo Experimental da Experiência Cultural “Gui Lu Bao”, o Centro de Gestão Precisa em Saúde do “Freely Wellness” e ainda o “Usleep Medical Center”. Trata-se de espaços focados na investigação e desenvolvimento de dispositivos médicos e disponibilização de serviços de MTC ao público. O secretário para a Economia e Finanças da RAEM, Lei Wai Nong, que esteve presente na cerimónia do arranque da construção dos projectos, declarou que o parque de MTC em Hengqin passou a ter “infra-estruturas mais completas” após “anos de esforços” por parte das autoridades no seu desenvolvimento. Hoje observa-se, segundo o governante, “uma indústria mais concentrada e um desenvolvimento mais amadurecido da área da saúde, assumindo Hengqin a importante missão de promover o desenvolvimento da indústria de MTC em Macau”. Futuro risonho Outro dos oradores presente na sessão, foi Wang Sidong, da seguradora China Taiping, que declarou que a presença no mercado de Macau, há 70 anos, fez do apoio ao desenvolvimento de Macau e Hengqin “uma responsabilidade e missão inabaláveis”. A sucursal do grupo de seguros em Macau pretende estar cada vez mais presente no parque de MTC em Hengqin, estando disposta a “partilhar recursos financeiros e de seguros, bem como clientes”, conectando-se “com empresas médicas e de saúde de alta qualidade” no referido parque. Por sua vez, Nie Xinping, vice-director da comissão executiva do parque, disse que vai continuar a promover o seu desenvolvimento providenciando “assistência política, promovendo projectos e coordenando recursos”, a fim de “aumentar a capacidade e eficiência” do parque inteiramente dedicado à área da MTC.
João Santos Filipe Manchete SociedadeHabitação | Centaline diz que mercado está em recuperação Apesar do número de transacções estar a subir face ao histórico mais recente, o mercado não espera que os preços do passado voltem tão depressa. Como parte das novas estratégias de venda, as imobiliárias viram-se cada vez mais para os clientes não-residentes A remoção das medidas de controlo do mercado imobiliário está a gerar um aumento do número de transacções. O cenário de recuperação foi traçado por um dos agentes da Agência Imobiliária Centaline. Em declarações ao jornal Exmoo, Roy Ho, director da Agência Imobiliária Centaline de Macau e Hengqin, revelou que as transacções aumentaram 900 por cento, em termos mensais. Ho explicou que entre 1 e 19 de Abril, apenas tinham sido registadas cerca de 10 transacções de imóveis novos. Todavia, desde as alterações legislativas, e até terça-feira, foram realizadas mais de 100 transacções. Sobre os aspectos que contribuíram para a recuperação, Ho indicou o facto de o mercado ter voltado a ser interessante para os não-residentes. “Porque podem ser adquiridos por não residentes sem grandes penalizações no preço final”, respondeu o director da Centaline. Segundo o agente imobiliário, este tipo de clientes engloba os estudantes que estão em Macau e têm famílias mais abastadas, o que faz com que em vez de arrendarem uma casa na RAEM, optem por comprar. Outro tipo de não-residentes que é tido como público-alvo para a venda de casa, são os trabalhadores não-residentes com grande capacidade financeira, como acontece com os homens-de-negócio. Para atraírem este tipo de clientes, Roy Ho apontou que o mercado tem oferecido descontos que variam entre 5 a 10 por cento sobre o preço da habitação a estes compradores. Outra técnica, revelou, passa por vender a fracção habitacional em conjunto com um lugar de estacionamento, sendo que este último é oferecido com desconto. Roy Ho indicou também que actualmente as habitações novas são vendidas a um preço médio de 7.000 patacas por pé quadrado. Casas em segunda mão No que diz respeito às transacções de habitações em segunda mão, Roy Ho indicou que a recuperação é na ordem dos 30 a 50 por cento. O agente imobiliário afirmou que há sinais de melhoria e que neste momento as transacções estão a subir. No entanto, os preços ainda estão longe do que era praticado anteriormente, não se esperando que a recuperação aconteça tão depressa nesta vertente. Segundo Ho, um dos factores que impede uma recuperação rápida prende-se com o facto de muitas regiões vizinhas, como Hong Kong, também terem adoptado medidas de incentivo ao mercado imobiliário. O director da Centaline explicou igualmente que outro aspecto que contribui para que o mercado não tenha uma recuperação tão rápida a nível dos preços, passa pelo facto de haver várias casas disponíveis para venda em primeira mão, tanto no Interior como em Hong Kong. Apesar destes sinais, Ho acredita que os preços vão aumentar mais depressa em Macau do que nas outras regiões porque o número de casas disponíveis é mais reduzido. “Se actualmente os promotores tiverem 100 imóveis disponíveis, acredito que podem começar a aumentar os preços e a gerar lucros maiores quando venderem cerca de 30 por cento desses imóveis”, calculou. No mês passado, após proposta do Governo, a Assembleia Legislativa aprovou as alterações à lei para cancelar o imposto do selo especial, imposto do selo adicional e imposto do selo sobre a aquisição de fracções habitacionais. Um mês depois da medida, o mercado mostra sinais de recuperação.
Hoje Macau PolíticaRendas | Defendida redução de prazos para despejos Nelson Kot, ex-candidato às eleições para a Assembleia Legislativa, defendeu a redução de cinco para três meses do prazo permitido para os inquilinos permanecerem em casas arrendadas sem pagar renda, até serem despejados. Esta opinião foi transmitida no âmbito de um fórum organizado pela associação Aliança do Povo de Instituição de Macau. O também presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau também deseja que os processos de despejo sejam mais curtos, devendo durar entre um e dois meses, para que se evitem situações prolongadas de atrasos nas rendas, prejudicando os proprietários. Por seu turno, a vice-presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau, Chan Peng Peng, sugeriu o limite máximo de três meses para atrasos no pagamento das rendas, tratando-se depois de uma situação jurídica de violação do contrato de arrendamento, permitindo aos donos das casas avançar com processos de despejo. Chan Peng Peng disse temer que os inquilinos com pagamentos em falta possam considerar normal não pagar a renda durante o máximo de três meses, um prazo inferior ao que consta na proposta do Governo, fazendo com que os proprietários estejam sem receber, não podendo agir legalmente quanto a isso. Assim, a dirigente associativa espera que a alteração à lei torne explícitas as condições de despejo. De frisar que a proposta de lei relativa à “Alteração ao regime da acção de despejo do Código de Processo Civil” foi aprovada na generalidade na terça-feira, entrando agora na fase de análise na especialidade.
João Santos Filipe Manchete PolíticaTrânsito | Distribuídas 695 quotas de circulação para a Ponte HZM As novas quotas para conduzir até Hong Kong pela ponte do Delta vão ser distribuídas pela ordem do sorteio realizado em Março deste ano. Segundo o Governo, entre as 695 quotas anunciadas ontem estão integradas as que ficaram por reclamar no concurso anterior A Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ontem que está a distribuir 595 quotas para particulares e 100 quotas para entidades comerciais circularem na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. O comunicado foi emitido na manhã de ontem, anunciando a abertura de um total de 695 quotas de circulação entre as duas regiões administrativas especiais. “O Governo prossegue com os trabalhos relativos à atribuição de quotas regulares para a circulação de veículos particulares de Macau entre Hong Kong e Macau através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Inicia-se hoje [ontem], dia 22 de Maio, uma nova fase de atribuição que inclui quotas suplentes, abrangendo 595 quotas destinadas a entidades particulares e 100 a entidade comerciais”, foi afirmado, em comunicado. Neste procedimento vão ser distribuídas quotas novas, mas também parte das quotas que ficaram por reclamar no âmbito do concurso aberto em Março deste ano. Nesse procedimento foram distribuídas 2.000 quotas para particulares e 500 quotas entidades comerciais. A DSAT não indicou no comunicado quantas pessoas não reclamaram as quotas do concurso anterior, que tinha um custo de participação de 500 patacas a fundo perdido. Também não foi indicado quantas quotas são efectivamente novas. A atribuição de 695 quotas não vai levar à realização de um novo sorteio. Ao invés, as autoridades vão utilizar a lista do sorteio de Março, como tinha sido anunciado anteriormente, quando esse concurso foi realizado. “As quotas mencionadas serão atribuídas em conformidade com a continuação da lista de ordem estabelecida pelo sorteio das quotas regulares de circulação de veículos particulares de Macau entre Hong Kong e Macau para o ano de 2024”, foi revelado. Parte burocrática Os resultados da atribuição das novas quotas foram publicados no portal da DSAT e podem ser consultados pelos interessados. Os escolhidos para as novas quotas têm até 28 de Agosto para preencher as informações exigidas e carregar os documentos necessários no portal da DSAL. Após este procedimento, os proprietários dos veículos vão ser contactados pela DSAT, para confirmar se reúnem efectivamente todas as condições necessárias. No caso de os requisitos legais estarem cumpridos, os sorteados devem ir até 12 de Setembro às instalações da DSAT para proceder ao pagamento. Caso deixem passar os prazos indicados, as autoridades consideram que os escolhidos desistiram das quotas, pelo que a DSAT deixou um apelo para que os interessados se mantenham atentos aos prazos. “Considerando o tempo necessário para aguardar o procedimento e concluir a análise dos documentos, a DSAT apela aos requerentes que tratem das formalidades com antecedência”, foi apelado. “O atraso ou a inobservância das formas exigidas para a apresentação dos documentos requeridos ou para o pagamento das taxas será interpretado como renúncia à quota”, foi acrescentado.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteBEYOND Expo | A cimeira de tecnologia que quer ser a Websummit da Ásia Arrancou ontem mais uma edição da “BEYOND Expo”, a cimeira de tecnologia e empreendedorismo que se quer afirmar como uma Websummit deste lado do mundo, chamando a Macau startups e investidores nas áreas da tecnologia, inovação e meios digitais. Para Lu Gang, co-fundador do evento, juntamente com Jason Ho, filho do Chefe do Executivo, as expectativas são elevadas A Websummit, um dos maiores eventos mundiais na área da tecnologia, startups, inovação e empreendedorismo, criada por Paddy Cosgrave, é conhecida em todo o mundo e até tem alguma presença do mercado asiático. Contudo, para Lu Gang não chega. O co-fundador da “BEYOND Expo”, cimeira tecnológica e de empreendedorismo local que arrancou ontem no Venetian, e que termina no sábado, quer transformar o evento numa espécie de Websummit, mas virada para o mercado asiático. Tudo a partir de Macau, que convenientemente assume o papel de plataforma comercial e de serviços, e uma porta de entrada para o projecto da Grande Baía. “Já estivemos na Websummit, e considero que é uma grande plataforma de tecnologia e eventos, como são outros eventos onde já estivemos, em Las Vegas e Helsínquia. A grande razão pela qual criámos a BEYOND é porque olhamos para estas grandes plataformas, como a Websummit, e vemos uma grande presença de startups de toda a Europa, mas não da Ásia”, confessou ao HM. Para Lu Gang, “nos últimos dez anos temos visto cada vez mais inovação a surgir na Ásia. Mas, na verdade, vemos poucos eventos como a Websummit a acontecer deste lado do mundo”. “É difícil, mas estamos a tentar construir algo como a Websummit, que tem reunido muitas pessoas e empresas na Europa. Mas defendemos que é necessária uma plataforma que, todos os anos, agregue pessoas e companhias ligadas à inovação tecnológica da Ásia”, acrescentou. Ao lado de Lu Gang está Jason Ho, filho do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que não se mostrou disponível para uma entrevista. Até sábado são esperados diversos painéis e eventos com dezenas de oradores, cerca de 800 expositores e muitos palcos onde se falará de liderança no feminino, alterações climáticas ou tecnologias da saúde. A BEYOND Expo tem três marcas associadas, nomeadamente a “BEYOND Healthcare”, virada para o debate em torno da inovação na saúde, a “BEYOND ClimateTech”, sobre a forma como as novas tecnologias podem ser utilizadas para dar respostas em matéria de alterações climáticas, e a “BEYOND Consumer Tech”, em prol de soluções sobre formas de consumo. Organizado desde 2021, o evento passou por várias alterações devido à pandemia, sendo esta a segunda vez que se realiza de forma presencial e com a participação de muitas entidades e personalidades de cariz mundial. “Procuramos, este ano, ter mais participantes internacionais, ao nível dos media, governos, startups, empresas. A BEYOND está a tornar-se verdadeiramente num dos grandes eventos internacionais que se realizam em Macau”, disse Lu Gang. Inspiração para as PME Mais do que ser um evento cada vez mais internacional, a BEYOND Expo quer tornar-se influente para os negócios locais, criando uma rede de contactos e de parcerias. “O nosso objectivo é fazer com que as pequenas e médias empresas (PME) locais se sintam inspiradas pelo nosso evento e se tornem cada vez mais empresas internacionais. Talvez nos próximos cinco anos vejamos mais PME internacionais ou startups a nascer localmente”, adiantou. Lu Gang, que não é de Macau, diz que a organização escolheu o território para a realização da BEYOND Expo por ter “uma localização perfeita para grandes eventos”, graças aos sectores do turismo, hotelaria, entretenimento e restauração. Apesar das vantagens geográficas, Macau ainda é um território desprovido de um sector tecnológico desenvolvido se compararmos com regiões como Xangai, Pequim ou Hong Kong. “Se olharmos para o ecossistema tecnológico, comparando com outras grandes cidades da Ásia, penso que Macau não tem grandes vantagens. Os locais precisam ainda de fazer mais tentativas e de se esforçar mais para criar projectos na área tecnológica. A nossa visão, com a BEYOND Expo, é trazer para Macau as grandes empresas e empresários para que possam encorajar os jovens empresários locais a desenvolver projectos mais inovadores.” Vozes femininas Uma das novidades deste ano é o painel “SheTech Summit”, que decorre hoje e aborda temas como a liderança feminina nas empresas de tecnologia e de como as mulheres trazem vantagens ao mundo empresarial. Entre as oradoras destaque para Ming Gao, presidente da sucursal do ICBC (Industrial and Commercial Bank of China) em Macau, Dragana Kostic, vice-presidente da área de tecnologia da BMW para a região da Ásia Pacífico, ou Maggie Liu, vice-presidente da NVIDIA Global. Lu Gang contou ao HM que o empreendedorismo feminino é uma das grandes áreas a desenvolver pela BEYOND Expo. “Queremos destacar as contribuições das mulheres nesta área, e temos uma grande diversidade na edição deste ano, desde líderes de grandes empresas, como a NVIDIA ou a BMW, a gestoras de startups.” Depois de tantas idas e vindas devido à pandemia, a BEYOND Expo parece estar pronta a arrancar. Lu Gang mostra-se optimista em relação ao futuro do evento. “Esperamos construir uma expo cada vez maior, e que seja, de facto, a versão asiática da Websummit ou de outros eventos do género na área da inovação tecnológica. Queremos construir uma plataforma na Ásia que seja também como uma festa, ou grande evento anual, para organizarmos aqui a grande festa da tecnologia da Ásia todos os anos, e ter convidados a falar das suas ideias e apresentar os seus mais recentes produtos deste lado do mundo.” O co-fundador da BEYOND Expo fala ainda das conexões crescentes não só com a Europa como com a América do Sul e o Médio Oriente. “Todos [empresas e personalidades] podem vir à Ásia mostrar o seu potencial, e esperamos, de facto, criar mais parcerias e colaborações com países tanto do oriente como do ocidente. Queremos que a BEYOND se torne, de facto, cada vez mais influente e uma valiosa plataforma de tecnologia para todo o mundo.” Apresentando a visão de alguém de fora, Lu Gang não deixou de comentar o posicionamento do jogo no evento e na economia, numa altura em que o Governo aposta cada vez mais em novos sectores de actividade para a diversificar a economia. “No futuro continuaremos a ter jogo, mas podemos também ter tecnologia. Vemos também que há cada vez mais empresas chinesas a irem para mercados internacionais, então Macau poderia ser um lugar perfeito para essas empresas, sobretudo no acesso aos mercados internacionais e de língua portuguesa”, declarou Lu Gang. “Embracing the Uncertainities” [Abraçar as Incertezas] é o mote da edição deste ano que tem também um painel dedicado ao investimento. Tem como nome “BEYOND Investment Summit” e conta com nomes como Harry Man, partner da “Maxi Partners”, na China, ou Jung-hee Ryu, CEO da FuturePlay. Na “Asia-LATAM Tech Forum”, também uma novidade este ano na BEYOND Expo, o tema é “A New Era of Business and Cultural Cooperation” [Uma Nova Era de Cooperação Cultural e de Negócios], que acontece amanhã. É aqui que se verifica o lado internacional da BEYOND, com oradores da América Latina, como é o caso de Cassio Spina, presidente da “Anjos do Brasil” (Associação de Investidores-Anjo do Brasil) ou Ingrid Barth, presidente da “Abstartups”, a Associação de Startups do Brasil. Por sua vez, no “BEYOND Founder Forum” o tema é a inovação na ásia e o diálogo com jovens fundadores de empresas. Neste painel será orador Mario Yau Kwan Ho, presidente do conselho de administração do grupo NIP e presidente da “Macau Esports Federation”, bem como David Lee, CEO e co-fundador da Nex.
Hoje Macau China / ÁsiaUm morto e vários feridos num voo da Singapore Airlines devido a turbulência Uma pessoa morreu e várias ficaram feridas quando um voo da Singapore Airlines proveniente de Londres sofreu fortes turbulências e teve de ser desviado para Banguecoque, anunciou a companhia aérea. “Podemos confirmar que há feridos e uma morte a bordo”, declarou a companhia aérea nas redes sociais, segundo a agência francesa AFP. O Boeing 777-300ER que fazia o voo SQ321 entre Londres e Singapura aterrou na capital da Tailândia durante a tarde (hora local), no aeroporto de Suvarnabhumi. O avião transportava 211 passageiros e 18 tripulantes, segundo a companhia aérea, citada pela agência norte-americana AP. As equipas de emergência locais do Hospital Samitivej Srinakarin estiveram no local para acolher os feridos. Vídeos publicados numa plataforma de mensagens pelo aeroporto de Suvarnabhumi mostravam uma fila de ambulâncias a chegar ao local. “A Singapore Airlines apresenta as mais profundas condolências à família do falecido”, disse a companhia aérea num comunicado citado pela agência espanhola Europa Press. “A nossa prioridade é prestar toda a assistência possível aos passageiros e à tripulação a bordo”, acrescentou. A companhia enviou uma equipa para a Tailândia para facilitar a assistência. Não foi divulgada a nacionalidade da vítima mortal nem dos feridos.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Barreira instalada para bloquear vista do Monte Fuji face a excesso de turistas Fujikawaguchiko, uma cidade do centro do Japão, começou ontem a instalar barreiras metálicas e uma cortina para bloquear uma vista popular do famoso Monte Fuji, devido ao fluxo excessivo de turistas. Uma cortina preta de 2,5 metros de altura e 20 metros de largura irá cobrir a vista de onde parece que a montanha mais emblemática do Japão se eleva sobre uma loja de conveniência em Fujikawaguchiko, localidade situada na província de Yamanashi. Além disso, seis barreiras de ferro com três metros de largura vão impedir que as pessoas cheguem ao local exacto onde a popular fotografia pode ser tirada, algo que implica atravessar a rua fora da passadeira, um acto alvo de censura social no Japão. Os turistas, que vêm a Fujikawaguchiko precisamente devido às vistas do Monte Fuji, começaram a tirar fotografias neste ponto específico depois de um influenciador estrangeiro ter captado a cena em 2020, que se tornou viral nas redes sociais. O excesso de visitantes causou crónicos bloqueios na circulação tanto de peões como de veículos na rua onde se localiza a loja, numa estrada estreita, incapaz de lidar com o volume de turistas. Antes de bloquear completamente a vista, a cidade japonesa tinha tentado outras medidas, como afixar avisos em inglês ou destacar funcionários para controlar as multidões, mas que se revelaram ineficazes. Respeito em falta Fujikawaguchiko depende em grande parte do turismo que atrai devido à proximidade do Monte Fuji, mas os cerca de 25.495 habitantes da cidade tinham vindo a criticar o comportamento de alguns visitantes, especialmente estrangeiros. Os residentes tinham acusado turistas de atirar lixo para o chão, fumar fora das áreas autorizadas, estacionar de forma indiscriminada e até de subir ilegalmente ao telhado de uma clínica dentária para tirar fotos. A instalação da cortina e das barreiras metálicas ocorre um dia após ter sido lançado um sistema de reservas para subir ao topo do Monte Fuji através de uma das rotas mais comuns, chamada Yoshida e localizada em Yamanashi. O sistema, que implica o pagamento de 12 euros e limitado a quatro mil pessoas por dia, tornou-se este ano obrigatório pela primeira vez, numa tentativa de lidar com o congestionamento da rota para subir ao pico da montanha, com 3.776 metros de altura.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesA dança e o sexo No meu interesse sobre Dança Movimento Terapia (DMT) tenho-me intrigado sobre a sua aplicabilidade nas questões do sexo. Uma questão que terá surgido a poucas pessoas, dado o número escasso de artigos científicos que se debruçam sobre uma questão que me parece relevante: será que a Dança Movimento Terapia pode ser uma terapia sexual? A DMT é uma forma de psicoterapia expressiva, tal como existe arte-terapia, musicoterapia ou psicodrama. Esta é uma de muitas técnicas que tenta trabalhar o sofrimento humano, nas suas muitas vertentes, mas fá-lo através da dança e do movimento. Sem recorrer à palavra, ou com um recurso mínimo, a DMT tenta aceder e trabalhar a experiência humana através do corpo. Pode parecer esotérico, mas as emoções alojam-se no veículo humano através de dores, posturas, posições e movimentos, como se o corpo se formatasse às suas experiências. Ele é mais honesto com a sua história e com as suas necessidades do que a própria consciência. Em DMT exploram-se, por isso, propostas de movimento que trazem consciência a essas narrativas de vida e de como se espelham no movimento. É um processo psicoterapêutico que oferece a oportunidade de, sem filtros nem repressões, explorar o repertório de movimentos mais natural a cada um. O que apetece ao teu corpo? Mexer os braços freneticamente, balouçar as ancas, experimentar jogo de pés com ritmo? O importante é deixar o corpo expressar-se. O sexo também é outra atividade onde o corpo, emoção e a mente se encontram, às vezes de formas mais harmoniosas que outras. E quando esse encontro não existe, as terapias verbais são úteis (e.g. psicoterapia é a forma mais eficaz de tratar disfunção erétil), mas as terapias expressivas através do movimento conseguem melhor articular um encontro entre a mente, a emoção e o corpo que tanto complica a experiência do sexo. Encarando o corpo como o espaço onde a experiência se aloja e se revive, o movimento torna-se o caminho natural para um processo de transformação. A vivência do sexo tem muitas zonas não consciencializadas, envoltas em vergonha ou repressão social. O movimento consegue ultrapassar bloqueios e formas de resistência que podem não estar presentes no domínio verbal, e assim processar medos, ansiedades e dificuldades que envolvem o sexo. A DMT, por isso, consegue trabalhar as questões mais traumáticas da experiência, mas há benefícios mais físicos também, como trazer maior consciência corporal. A dança e movimento propostos conseguem trazer mais atenção às sensações do corpo e aos seus movimentos. De acordo com alguns estudos publicados, essa consciência corporal faz aumentar a possibilidade de sentir prazer e de atingir um orgasmo. As ações aparentemente simples de trazer consciência para o nosso movimento em dança, ajuda a afinar essa capacidade de estar disponível para o corpo no aqui e agora. Um estado fundamental para um sexo mais prazeroso, para que os introjeções da mente não se atropelem na experiência do sexo. A dança está embrenhada nas questões de sexualidade, como veículo de sensualidade e da sedução. Aliás, social e evolutivamente falando, a dança é uma forma de cortejar. No momento de escolha do parceiro para a coito, os pássaros e os escorpiões dançam. E se nunca viram um pássaro a dançar para atrair a fêmea, corram para a vossa plataforma de vídeos favorita para presenciar essa beleza da natureza. O romantismo e sensualidade dos bailes nas cortes há dois séculos atrás, ou das discotecas atualmente, honram o legado dos nossos possíveis antepassados mais primitivos. A dança pode permitir autenticidade e essa, por sua vez, possibilita a conexão romântica. E esse despertar dos sentidos e da sensualidade pode ser mediada por uma terapia que tenha o corpo em primeiro plano. A dança há muito que é considerada um processo de cura em comunidade. Mas só recentemente é que tem existido mais atenção académica para esta forma de saber alojada no senso comum. A dança em contexto terapêutico (e quiçá ritualístico) pode melhorar o bem-estar, a qualidade de vida, o humor, a auto-estima, imagem, percepção corporal e a relação com os outros. Apesar de ser um processo terapêutico com eficácia comprovada em vários domínios, há poucos profissionais e pouco reconhecimento institucional que a torna numa terapia de difícil acesso. A DMT oferece uma abordagem holística e inovadora que merece mais reconhecimento e aplicação. Para quem deseja explorar novos caminhos para uma vida sexual mais saudável e satisfatória, a dança e o movimento podem ser a chave para desbloquear novas dimensões de prazer e conexão. Dancem (e mexam-se) para perceber como o movimento pode contribuir para uma vida sexual mais feliz.
Sérgio Fonseca DesportoGP Macau | Betsy está viva e procura um novo lar Chama-se “Betsy”. Foi o primeiro carro a liderar um Grande Prémio de Macau e é o único sobrevivente, que se conhece, dessa primeira edição (1954) do maior evento desportivo do seu território. O seu actual dono gostaria que voltasse um dia ao local onde foi feliz Numa época em que os carros do dia-a-dia serviam também para fazer corridas, este Morgan Plus 4 (de quatro lugares), construído em Inglaterra em 1953, foi o carro com que Gordon John “Dinger” Bell, Director do Observatório Real de Hong Kong, correu no primeiro Grande Prémio de Macau. A sua participação foi curta e terminou com um acidente na Curva R, mas ninguém lhe retira o título de ter sido o primeiro líder daquela que se tornaria a mais célebre prova de automobilismo do Sudeste Asiático. Julga-se que este será o único carro ainda existente da primeira edição do Grande Prémio de Macau, até porque o Triumph TR2 de Eduardo Carvalho que se encontra no Museu do Grande Prémio é uma réplica do carro original com que o português venceu a prova. Após o acidente em Macau, “Dinger” Bell continuou a conduzir o seu Morgan nas ruas de Hong Kong até ao final da década de 1950, tendo a viatura passado por várias mãos para, finalmente, em 1968, ser comprada – com o dinheiro do presente de casamento – por Dick e Carol Worrall, um casal inglês que tinha sido destacado para a força policial de Hong Kong. Pelas mãos de Dick Worrall, também ele um entusiasta das corridas, “Betsy” regressaria ao Circuito da Guia por mais quatro ocasiões, a última delas em 1985, para participar na Corrida de Clássicos que fez parte do programa em algumas edições do evento. Aliás, só nesta última visita a Macau é que Dick Worrall conseguiu superar a volta mais rápida de “Dinger” de 1954. Também participou no primeiro rali de carros clássicos na República Popular da China em 1986 e teve um papel fulcral na fundação do Classic Car Club de Hong Kong (CCCHK), que ainda hoje perdura. Dick Worrall recorda que “o Hong Kong Classic Car Club foi fundado porque, após a primeira corrida de sempre de carros clássicos no Circuito da Guia, realizada em 1978, para assinalar o 25.º aniversário do Grande Prémio, o ‘Clerk of the Course’, o senhor Phil Taylor, disse-me que incluiria mais eventos de automóveis clássicos se eu organizasse a grelha. Comecei então a contactar proprietários de automóveis antigos em Hong Kong e Macau, na altura tínhamos alguns membros portugueses e macaenses, e pouco tempo depois o CCCHK foi formado… tudo por causa da “Betsy”. “Betsy” regressou ao Reino Unido com os seus proprietários em 1997, onde é bem conhecida nos círculos do clube Morgan local e continua a desempenhar um papel muito activo no meio. A pensar no futuro Orgulhoso do seu carro, Dick Worrall não esconde que gostaria que a “Betsy” um dia regressasse a este ponto do globo. “Um amigo meu do CCCHK está sempre a dizer-me que, quando chegar a altura de passar a propriedade do carro para outra pessoa – não falta muito tempo, pois faço 80 anos em breve – deveria pensar em pô-lo à venda em Hong Kong ou Macau”, referiu o britânico ao HM. “É um dos poucos carros antigos que ainda sobrevive e tem certamente uma história única ligada aos dois locais, o que lhe garantiria certamente um lugar muito especial em qualquer coleção de carros antigos da região”. Apesar da afeção que sente pelo seu Morgan, Dick Worrall reconhece que “não há dúvidas que a “Betsy” estará por cá durante muito mais tempo do que eu e, por isso, considero-me apenas o seu ‘guardião atual’. Por isso, não posso deixar de pensar como seria bom se um dia ela regressasse a Hong Kong e Macau, onde passou tantos dos seus 70 anos. De facto, é lá onde ela pertence…” Rapidez comprovada Naquelas semanas que antecederam o mês de Outubro de 1954, Gordon John “Dinger” Bell preparou o seu Plus 4 para a corrida com tudo o que conseguiu arranjar para actualizar o motor, incluindo um colector de escape e carburadores duplos, que exigiram a aquisição de um novo capot para os cobrir que mandou fazer localmente em alumínio. Também removeu o pára-brisas e a estrutura do capot para poupar peso, bem como retirou a roda sobresselente. Para a primeira edição do Grande Prémio, o Morgan qualificou-se em segundo lugar. Bell estava confiante de que era o mais rápido na secção sinuosa do circuito, mas o Austin-Healey 100/4 de Roger Pennels seria capaz de o ultrapassar nas longas rectas junto ao mar. Portanto, era imperativo passar rapidamente para o primeiro lugar, objectivo que conseguiu ao chegar à então Curva da Estátua (agora Curva Lisboa) à frente do restante pelotão de 15 concorrentes. Dito e feito. A partir daí, “Dinger” imprimiu um ritmo forte, construiu uma boa vantagem e a volta mais rápida da corrida, dando-se ao luxo de acenar à sua equipa de boxes à velocidade “estonteante” de 145 km/h. Contudo, no final da quinta volta, ao contornar a Curva R, o cubo de roda dianteiro esquerdo traiu-o e a respectiva roda foi parar ao mar. Já o piloto, que foi atirado para fora do carro, e o Morgan ficaram a milímetros de terem caído à água. A “Betsy” precisou de um novo chassis mas o piloto inglês saiu miraculosamente intacto.
João Santos Filipe Eventos MancheteMês de Portugal | Exposições, teatro e música animam celebrações. Regressa recepção à comunidade Ao longo de 30 dias, cerca de 27 actividades vão assinalar o dia e o mês de Portugal na RAEM, que este ano distingue igualmente outras efemérides como o 500.º aniversário do nascimento do escritor Luís Vaz de Camões, os 50 anos da Revolução do 25 de Abril ou o 25.º aniversário da transferência de soberania de Macau O regresso da recepção à comunidade portuguesa na Bela Vista é um dos destaques das celebrações de Junho Mês de Portugal. No ano em que as celebrações vão também assinalar outras efemérides, como o 500.º aniversário do nascimento do escritor Luís Vaz de Camões, os 50 anos da Revolução do 25 de Abril ou o 25.º aniversário da transferência de Macau, a residência consular volta a abrir as portas para a comunidade, o que acontece pela primeira vez desde a pandemia da covid-19. “A recepção do 10 de Junho volta ao seu lugar natural e, como sempre, independentemente do envio de convites, que já está a ser feito, é também aberta a todos os portugueses, desde que tenham documento de identidade portuguesa”, afirmou o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, durante a conferência de apresentação do mês de Portugal. “Todos são bem-vindos, sem qualquer outra formalidade”, acrescentou. A recepção incluiu não só os discursos oficiais, tanto dos representantes de Portugal, e também da RAEM, como a oferta de comida e bebida. O programa com as festividades foi apresentado ontem e conta com 27 actividades, entre exposições, lançamento de livros, ‘workshops’, seminários e até um arraial, que envolve 16 associações locais. O Arraial de Santo António vai ter lugar na Escola Portuguesa de Macau e disponibiliza concertos, comes e bebes, karaoke e jogos. No dia 15 de Junho, há um concerto de música popular portuguesa a cargo de Tomás de Ramos de Deus, Miguel Andrade, Paulo Pereira, Ari Calangi, João Rato e David Rato. No dia seguinte, a animação fica a cargo do coro da Casa de Portugal, há um espectáculo de Robertos de Sérgio Rolo, e os intérpretes do dia anterior voltam a tocar. Viagem aérea Outro dos destaques do programa, passa por uma exposição sobre a primeira viagem aérea entre Portugal e Macau, uma vez que também se assinala o centenário desta aventura épica. A exposição vai ser inaugurada a 20 de Junho e manter-se-á no local até ao dia 30. Com a inauguração é realizada igualmente uma conferência sobre a viagem de Sarmento de Beires, Brito Pais e Manuel Gouveia, que começou em Vila Nova de Milfontes, concelho de Odemira, a 7 de Abril de 1924. O evento vai contar com a presença do director do Museu do Ar da Força Aérea Portuguesa, Carlos Mouta Raposo, e com o presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro. No dia seguinte, a 21 de Junho, uma conferência semelhante vai ser realizada no Club Lusitano, em Hong Kong, onde a viagem praticamente terminou, devido a uma aterragem forçada, que aconteceu a 20 de Junho de 1924. Roteiro da Gastronomia Para os apreciadores de gastronomia, o mês de Portugal oferece igualmente a possibilidade de experimentar vários restaurantes com comida portuguesa na RAEM a preço de saldos. A iniciativa Roteiro Gastronómico – Comer e Beber à Portuguesa vai ser realizada pelo segundo ano consecutivo, e os interessados vão poder usufruir de um desconto de 10 por cento nos restaurantes que aderirem à actividade. Ontem, a lista ainda estava a ser ultimada, mas o objectivo da organização passa por conseguir apresentar uma lista com 20 espaços diferentes, o que seria o dobro face ao ano passado. Além dos descontos imediatos, os participantes do Roteiro da Gastronomia podem ainda habilitar-se a participar num sorteio que vai atribuir vales para refeições grátis para duas pessoas. Por sua vez, a Casa de Portugal em Macau vai colocar na varanda da sede “um Camões de grande tamanho”, uma instalação da artista portuguesa Elisa Vilaça, de acordo com a presidente da associação, Maria Amélia António. Neste momento, ainda está a ser equacionada a possibilidade de em certos momentos haver música ao vivo com a instalação. O tempo das crianças A pensar nos mais novos também estão programadas várias actividades. No dia 1 de Junho, vai ser exibida a peça de teatro “Era Uma Vez (Outra Vez)”, a cargo da companhia ETCetera Teatro. A peça aproveita o imaginário dos irmãos Grimm e explora a relação entre dois irmãos que estão de férias numa aldeia sem acesso às novas tecnologias. Nos dias 8,9,15 e 16 de Junho vão ser realizados workshops para pais e filhos de construção de brinquedos em madeira, na Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal de Macau. As inscrições têm de ser feitas junto da Casa de Portugal, até 6 de Junho, e estão abertas a crianças com idades entre os 5 e 10 anos. Atrair novos públicos Sobre a realização do mês de Portugal, Alexandre Leitão destacou a necessidade de ser criado um programa cada vez mais apelativo, que tenha capacidade para mobilizar não só a comunidade, mas todas as comunidades em Macau. O cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong indicou também que o futuro passa por disponibilizar diferentes actividades pelas quais as diferentes comunidades considerem que vale a pena pagar. “Verificamos que muitas vezes os jovens saem da Escola Portuguesa de Macau e de outras instituições onde se ensina a língua portuguesa a falar muito bem português, mas não conhecem a cultura, literatura, música e outros aspectos culturais ligados a Portugal e à lusofonia”, afirmou. “Queremos promover uma literacia cultural, se assim quisermos dizer, que a prazo crie um público que procura, que está disposto a pagar […] É importante [criar o público] porque é muito simpático ter um apoio forte do Governo da RAEM, ter uma boa disponibilidade do Governo de Hong Kong que nos foi sinalizada há pouco tempo, ter um instituto cultural com o qual temos uma boa relação, mas estas coisas um dia podem mudar, por diversíssimas razões. E o que é sustentável é haver um gosto e um público vasto pela música, pelas artes plásticas, pelo teatro e pela dança de expressão portuguesa e com isso vir a vontade de consumir e a disponibilidade para pagar um bilhete”, justificou. Apesar da apresentação do programa ter acontecido ontem, este não está totalmente finalizado e, nos próximos dias, podem ser apresentadas mais actividades, como uma feira do livro. Em aberto Quando questionado ontem com a possibilidade de membros do Governo se deslocarem a Macau para participarem nas celebrações do 10 de Junho, Alexandre Leitão explicou aguarda uma decisão do Conselho de Ministros. De acordo com o cônsul, a representação de Portugal em Macau mostrou interesse em receber a visita de membros do Governo, mas a decisão depende de Lisboa. Também durante o mês de Junho, Macau deve receber a visita do secretário de Estado das Comunidades, José Cesário. CALENDÁRIO DE EVENTOS 1 de Junho 15h00 Teatro Infantil: Era uma Vez (outra vez) Local: IPOR 16h00 Lançamento de Produto Literário para Crianças: ‘DinisCaixapiz’; Local: IPOR 17h00 Inauguração da Exposição de Fotografia: Para os olhos dos jovens (de espírito) – Francisco Ricarte; Local: Galeria Inferior da Casa Garden, exibição até 30 de Junho Todo o Dia: Instalação – Luís de Camões 500 anos do Nascimento Local: Varanda da sede da CPM 2 de Junho 10h30 Workshop Fotografia por Francisco Ricarte 15h00 Workshop Fotografia por Francisco Ricarte 4 de Junho 18h30 Exposição de Fotografias e Lançamento de Livro “Macau Patterns”; Local Fundação Rui Cunha 6 de Junho 18h30 Exposição Individual de Diogo Muñoz – MACAU FOREVER; Local Albergue SCM Galeria 2 7 de Junho 18h30 Lançamento do livro “Vulgaridades Chinesas” (IIM); Local Auditório Dr. Stanley Ho, Consulado de Portugal 20h00 Concerto Sino- Português Capitão Fausto x David Huang; Local MGM COTAI 8 de Junho 15h00 Seminário Sobre os Projectos de Alta Tecnologia em Portugal e Macau; Local Restaurante Plaza, 1.º Andar, Salão Lótus 15h00-17h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal 17h00 Exposição de Fotografia A Presença de Matriz Portuguesa em Macau – Halftone; Local Galeria de Exposições do Bela Vista 9 de Junho 10h30-13h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal 10 de Junho 09h00 Hastear da Bandeira; Local Consulado de Portugal 10h00 Romagem à Gruta e Camões; Local Jardim de Camões 18h00 Recepção à Comunidade; Local Bela Vista 12 de Junho 18h30 Festa Gastronómica Portuguesa; Local Baccara Room, Sofitel 13 de Junho 18h30 Inauguração da Exposição das Sardinhas – Arraial de Santo António; Local Casa de Vidro 14 de Junho 18h30 Exposição Made with love by Vista Alegre BORDALLO PINHEIRO; Local Galeria Amagao Artyzen Grand Lapa Macau 15 de Junho 15h00-17h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal 18h30 Arraial de Santo António; Local Escola Portuguesa de Macau 16 de Junho 10h30-13h00 Workshop Construção de Brinquedos em Madeira – Daniel Garfo; Local Escola de Artes e Ofícios Casa de Portugal 14h30 Arraial de Santo António; Local Escola Portuguesa de Macau 17 de Junho 18h30 Apresentação da Edição e Exposição 10.6 Víctor Marreiros; Local Clube Militar 18 de Junho 18h30 Desafios Orientais Exposição de Pintura em Porcelana – Rui Calado; Galeria da Fundação Rui Cunha 20 de Junho 15h00 Conferência Centenário da Viagem Aérea Portugal-Macau; Local Auditório Dr. Stanley Ho, Consulado de Portugal 21 de Junho 18h30 Conferência Centenário da Viagem Aérea Portugal-Macau; Local Club Lusitano Hong Kong 24 de Junho 18h30 Palestra – 500 Anos da Língua de Camões e a Evolução Cultural de Portugal em Macau; Local Auditório Dr. Stanley Ho, Consulado de Portugal 25 de Junho 18h30 Palestra – Seminário Oportunidades de Comércio e Negócios em Portugal da Associação Comercial de Macau; Local Associação Comercial de Macau 27 de Junho 18h30 Clube de Leitura; Local IPOR Biblioteca Camilo Pessanha 28 de Junho Extensão do Indie Lisboa; Local Cinemateca Paixão 29 de Junho Extensão do Indie Lisboa; Local Cinemateca Paixão 30 de Junho Extensão do Indie Lisboa; Local Cinemateca Paixão
Hoje Macau China / ÁsiaLíder de Taiwan acusado pela imprensa chinesa de “promover descaradamente independência” A imprensa oficial chinesa acusou ontem o novo líder de Taiwan, William Lai, de “provocar o confronto” e “promover descaradamente a independência” do território no seu discurso de tomada de posse. Em editorial, o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, acusou Lai de “incitamento ao ódio contra o povo chinês” e de “unir-se em torno da bandeira da independência de Taiwan”. Lai “promoveu vigorosamente falácias separatistas, incitou ao confronto e à hostilidade entre os dois lados do Estreito de Taiwan”, lê-se no editorial, que denunciou o discurso “repleto de retórica provocatória”. Em particular, o Diário do Povo condenou o apoio de Lai à teoria dos dois Estados e à ideia de que a ilha não está subordinada à República Popular da China. O jornal oficial das Forças Armadas chinesas, o PLA Daily, observou que as palavras de Lei “estão repletas de intenções sinistras” e acusou o novo líder em Taiwan de “procurar a independência através de meios externos e de utilizar a força militar para a conseguir, revelando mais uma vez a sua posição obstinada sobre a ‘independência de Taiwan’”. O artigo advertiu que as palavras de Lai só serviriam para dividir ainda mais a ilha do continente e aumentar as tensões entre as duas partes. William Lai afirmou no seu discurso inaugural que a República da China e a República Popular da China “não estão subordinadas uma à outra” e que a soberania da ilha cabe aos seus 23 milhões de habitantes. A agência noticiosa oficial Xinhua advertiu que “quem brinca com o fogo, queima-se”. O Diário do Povo acusou o líder de estar “há muito envolvido em actividades separatistas, mas fingir ser um defensor da paz”. “Este é o acto mais descarado e sem escrúpulos”, acusou. O jornal oficial do regime chinês escreveu que a nação chinesa partilha a convicção de que “o seu território não pode ser dividido, o seu Estado não pode ser caótico, o seu povo não pode ser disperso e a sua civilização não pode ser quebrada”. “Esta é uma necessidade histórica e uma lógica interna que conduzirá inevitavelmente à reunificação da China”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaTPI | Pequim quer objectividade em processos contra dirigentes de Israel e Hamas A China defendeu ontem que o Tribunal Penal Internacional (TPI) se mantenha objectivo, após os mandados de captura solicitados por um procurador contra dirigentes israelitas, incluindo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e do movimento islamita Hamas. “Esperamos que o TPI mantenha a sua posição objectiva e imparcial e exerça os seus poderes em conformidade com a lei”, declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, apelando ao fim da “punição colectiva do povo palestiniano”. Na segunda-feira, o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, solicitou mandados de captura para o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, o seu ministro da Defesa e três líderes do Hamas por alegados crimes cometidos na Faixa de Gaza e em Israel. Pequim afirmou que existe “um consenso esmagador no seio da comunidade internacional para parar imediatamente a guerra em Gaza e pôr fim à crise humanitária do povo palestiniano”. “A China esteve sempre do lado da justiça e do Direito internacional na questão palestiniana”, afirmou Wang, acrescentando que Pequim apoia “os esforços para promover uma solução global, justa e duradoura para a questão palestiniana”. Crimes perversos O procurador do TPI, Karim Khan, anunciou na segunda-feira que pediu mandados de captura para Netanyahu e para o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes como “matar deliberadamente civis à fome”, “homicídio intencional” e “extermínio e/ou assassínio”, relacionados com a operação israelita em Gaza. Karim Khan solicitou igualmente a emissão de mandados de captura contra três dirigentes do Hamas – Ismail Haniyeh, Mohammed Deif e Yahya Sinouar – por crimes como “extermínio”, “violação e outras formas de violência sexual” e “tomada de reféns como crime de guerra”, relacionados com o ataque de 7 de Outubro em Israel. A China há muito que apoia a causa palestiniana e uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano. O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou à realização de uma “conferência internacional de paz” para pôr fim à guerra.
José Simões Morais Via do MeioZhuge Liang, uma Pérola da Imortalidade É de lembrar pouco se saber sobre Zhuge Liang, figura para além de histórica tem a complementá-la várias lendas, assim como mitológicas narrações a erguê-lo a um ser misterioso de grande poder. A maior parte da sua vida apenas vem narrada no Registo dos Três Reinos (San Guo Zhi, 三国志) escrito por Chen Shou (陈寿) e publicado no séc III, que forneceria a Luo Guanzhong (1330-1400, 罗贯中) as fontes para o Romance dos Três Reinos (San Guo Yanyi 三国演义) publicado no século XIV e como um romance histórico narra o período de 169 a 280. Mas há outras histórias que nem aí vieram contadas. Uma delas, a mais estranha de todas, refere como Zhuge Liang se tornou um Imortal, sendo só registada após via oral ser passada de geração em geração e escrita muito tempo depois nas Histórias de Longzhong. Nessa mitológica história sobre a sua juventude explica-se a razão de Zhuge Liang se apresentar sempre com um leque de penas na mão e uma veste de mestre daoista. Acordado por um crane, a representar um ser imortal com quem conviveu e lhe transmitiu a pérola quando a Filosofia do Dao sofria uma reorientação executada pouco tempo antes por o mestre Zhang, cujo nome era Zhang Ling (34-157). Mais conhecido por Zhang Dao Ling, fundou no ano de 141 em Sichuan, Sudoeste da China, o grupo religioso daoista ‘Via dos Cinco Alqueires de Arroz’ (Wu Dou Mi) e quase ao mesmo tempo no Leste, também inspirado no livro Taiping Jing, mas na versão popular do Taiping Dongji Jing, Zhang Jiao criava em 175 uma secreta seita daoista, Taiping Tao (Doutrina da Justiça). Zhang Jiao (?-184), além de oferecer gratuitamente consultas médicas, falava das suas ideias de igualdade, em oposição à exploração dos homens por outros, preconizando um governo de camponeses. Já com milhares de adeptos, então Zhang Jiao liderou em 184 a Revolta dos Turbantes Amarelos, nome por que ficou conhecida a rebelião devido aos exércitos de camponeses os usarem. Em 181 nascia Zhuge Liang em Yangdu de Langya, hoje, vila de Yinan, pertencente ao distrito de Linyi situado na parte Sul da província de Shandong. A sua mãe morreu quando tinha três anos e devido à morte do pai, Zhuge Gui, que fora magistrado no distrito de Taishan, com oito anos ficou desde 189 à guarda do tio Zhuge Xuan. O general Yuan Shu, um senhor da guerra que mais tarde, em 197 se autoproclamou imperador da curtíssima dinastia Zhong, enviou Zhuge Xuan para ir tomar conta de Yüzhang, pequena localidade a Norte da actual província de Jiangxi, próximo de Nanchang. Como tal não ocorreu por não haver a aprovação dos oficiais Han, Zhuge Xuan foi pedir ajuda ao amigo Liu Biao (142-208), prefeito (governador) da província de Jing (Jingzhou em Hubei), que administrava grande parte das actuais províncias de Hubei, Hunan e o Sudoeste de Henan e no ano 190 mudara a capital de Hanshou para Xiangyang. Daí ir viver em Xiangyang acompanhado pelo sobrinho Zhuge Liang, tendo este estudado durante três anos numa escola, talvez na Academia fundada por Liu Biao por volta do ano de 196. Ao mesmo tempo, Liang escolheu Pang Degong como seu mestre. Zhuge Xuan morreu em 197 e após a morte do tio, Zhuge Liang com dezassete anos mudou-se para a aldeia Longzhong, próximo de Xiangyang, província de Hubei, onde se dedicou à agricultura. Passava o tempo livre a ler, assim como gostava de conversar com os mestres Pang Degong e Xü Shu, pois sendo pessoas mais velhas lhe iam ensinando coisas da vida, trocando ideias também sobre as convulsões que ocorriam pelo país. A Revolta dos Turbantes Amarelos iniciada em 184 e liderada por Zhang Jiao aconteceu quando trezentos mil camponeses em muitas partes do país se levantarem contra o Governo, mas ao fim de nove meses a maior parte dos chefes e exércitos tinham sido derrotados e mortos. A rebelião estendera-se até Shaanxi e em 186 chegou a Shanxi, Hebei e Liaoning, mas em 192 com a vitória de Cao Cao sobre os Turbantes Amarelos a revolta ficou confinada à província de Shandong, apesar das lutas continuarem até ao final da dinastia Han. Cao Cao (155-220) tornara-se em 190 um dos mais poderosos generais do período final da dinastia Han do Leste, mas apesar do exército Han conseguir debelar a rebelião, sucumbia perante os exércitos locais dos senhores feudais. Zhuge Liang a viver desde 197 em Longzhong, hoje a Oeste de Xiangyang em Hubei, aí passou mais ao menos dez anos onde fez muitos amigos entre os locais, mantendo relações de amizade com intelectuais como Sima Hui e Huang Chengyan. Este último sabendo andar Zhuge Liang à procura de esposa, propôs-lhe a filha. Avisou-o ser feiosa, apesar de dotada de muitos talentos, que bem se complementaria com os atributos dele. Concordando, casou-se com Huang YueYing, apesar de no local registo histórico Xiangyang Ji, onde vem narrado tal episódio, o nome da esposa nunca aparecer mencionado. FINAIS DA DINASTIA HAN Grande estratega militar, comparável com Sun Wu (c.544-496 a.n.E.) e Sun Bin (c.382-316 a.n.E.), Zhuge Liang (181-234) era um homem de Estado e criativo inventor a quem Liu Bei pediu ajuda para ser seu conselheiro militar e organizar o exército do que viria a ser o Reino Shu-Han no Período dos Três Reinos. A dinastia Han de Leste (25-220), cuja capital era Luoyang, tinha a família imperial debilitada e dominada como mero joguete nas mãos dos poderosos eunucos. Com a morte do Imperador Ling em 189, subia ao trono Shao Di e o Chefe dos General He Jin, percebendo ter de pôr ordem nos eunucos, convocou à corte o General Dong Zhuo para lhes fazer frente. Mas sabendo os eunucos das intenções, logo eliminaram o Chefe dos Generais, levando Yuan Shao, outro senhor da guerra, a ir a Luoyang e matar mais de dois mil eunucos. Pouco depois, Dong Zhuo chegava à corte e mostrando-se cruel com o povo e com intenções de controlar o poder, depõe Shao Di e ainda nesse ano colocava no lugar de Imperador Xian Di (189-200). A 192 foi assassinado o General Dong Zhuo, ano da vitória de Cao Cao sobre os Turbantes Amarelos. Em 196, o general Cao Cao vai a Luoyang e levou Xian Di para o seu quartel-general em Xudu (hoje Xuchang, em Henan) e em nome do Imperador passou a controlar o país. Yuan Shao, à frente de um exército de cem mil homens, no ano 200 defrontava na batalha em Guandu (Henan) o general Cao Cao que, com apenas vinte mil soldados, o derrotou. Nos três anos seguintes, após arrumar um a um os Senhores da Guerra, Cao Cao passou a deter o poder no vale do Wei, dominando os territórios do baixo e médio curso do rio Amarelo e a Planície Central, controlando todo o Norte do país e daí o início em 210 do reino de Wei (220-265). Imbuído na filosofia daoista, quando o seu exército não combatia colocava-o a cultivar as terras, promovendo para lugares de destaque as pessoas com talento sem se importar com as suas origens. Depois planeou conquistar o Sul aos seus últimos rivais. “As suas ambições tinham-no levado à conquista do vale do Yangzi, mas a célebre batalha da Falésia Vermelha (Chibi), junto às margens do grande rio no Hubei, em 208, tinha travado esta política de expansão. A grave derrota infligida a Cao Cao pelas forças aliadas de Sun Quan (185-252) e de Liu Bei (161-223) foi o prelúdio da divisão do território chinês em três reinos (sanguo): o de Wei da família Cao, o dos Han do Sichuan (Shu-Han, 221-263), fundado por Liu Bei, e o de Wu (222-280), fundado por Sun Quan”, segundo Jacques Gernet, no Mundo Chinês. Estava-se no fim da dinastia Han do Leste e três reinos, Shu a Oeste, Wei a Norte e Wu a Leste da China viviam em guerra. Com a queda da dinastia Han em 220, seguiu-se o Período dos Três Reinos (220-280). CONVITE AO ESTRATEGA Zhuge Liang (181-234) declinara ofertas de alguns senhores da guerra para ser conselheiro militar dos seus exércitos, tal como aconteceu por duas vezes a Liu Bei. Liu Bei (161-223), que se dizia representante da casa real Han, não tinha uma base e esperava o momento adequado para solicitar o patrocínio do também membro da família real Liu Biao, Prefeito de Jingzhou entre 192 a 208, que administrava grande parte do centro da China, na zona média do rio Yangtsé. Residia Liu Bei em Xinye quando percebeu precisar de um conselheiro e estratega para combater o reino dos Wei no Norte e o reino Wu a Leste. Por isso foi visitar Sima Hui que o alertou não poder encontrar nos confucionistas, pessoas habilitadas nos assuntos de Estado nem da Guerra e haver na região apenas dois transcendentes seres com essas habilidades e conhecimentos, o Dragão Adormecido e a Jovem Fénix, casal formado por Zhuge Liang e a esposa. Após Liu Bei, chefe de um pequeno exército, ter sofrido em 207 uma derrota contra as forças de Cao Cao em Wunhuan, na retirada estacionou as tropas em Jingzhou (Hubei) para tomar conhecimento do estado deste e reconheceu a necessidade de um bom estratega. Ainda em 207 ouviu Xu Shu recomendar Zhuge Liang como o maior de todos os estrategas. Liu Bei, contente por ter encontrado por fim um estratega para o seu exército, pediu a Xu Shu para o trazer à sua presença, ao qual este ripostou dever ser ele a ir convidá-lo. Na primeira recusa, Zhuge Liang pretendeu perceber quem era Liu Bei e entender os desejos e a sinceridade do herdeiro da casa real da dinastia Han. Na segunda visita, Zhuge Liang fazendo passar encontrar-se a dormir a sesta, para ver como reagia Liu Bei, este não ordenou aos criados para o acordarem, mas disse voltar mais tarde. Ainda em 207, Liu Bei foi à aldeia Longzhong, acompanhado pelos seus irmãos de armas, Guan Yu e Zhang Fei, para convidar Zhuge Liang a se juntar às suas forças e servi-lo como conselheiro militar. Só nessa terceira visita Zhuge Liang, rendido à sinceridade de Liu Bei, aceitou o convite para tomar o comando do exército Han-Shu e logo seguindo com ele lhe explanou os planos de conquista para o ajudar a criar o Reino Han-Shu. Recebeu como primeiro conselho unir o seu exército ao de Wu de Sun Quan para combater os Wei de Cao Cao. Nascia uma amizade entre os dois para toda a vida. Quem ao princípio nada gostou da presença do novo elemento foram Guan Yu e Zhang Fei, mas percebendo ganhar o seu chefe e irmão de armas um novo poder, pararam de o importunar. Assim, logo no ano de 208 a aliança de Liu Bei com Sun Quan na Batalha de Chibi trouxe uma grande e celebre vitória conseguida sobre as tropas de Cao Cao junto ao Yangtsé, na conhecida Batalha da Falésia Vermelha.
Hoje Macau SociedadeFinanças | Salários aumentam 2,2% em termos anuais A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelou ontem que os salários no sector financeiro aumentaram em Março, em termos anuais, 2,2 por cento, registando uma média salarial de 31.180 patacas. No caso da banca, os trabalhadores ganham, em média, 31.440 patacas, um aumento de 2 por cento também em termos anuais, enquanto a remuneração média na área dos seguros, de 33.390 patacas, foi a que registou a maior subida, na ordem dos seis por cento. Em relação ao número de trabalhadores, no primeiro trimestre o sector das actividades financeiras empregava 8.565 pessoas a tempo inteiro, dos quais 7.246 trabalhavam na banca, 812 em empresas de seguros e 297 em actividades de intermediação financeira, como instituições de serviços de pagamentos e sociedades de locação financeira. Só nas actividades de intermediação financeira houve um aumento, em termos anuais, de 14,2 por cento no número de trabalhadores.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Citigroup revê em alta estimativas das receitas dos casinos Os analistas do Citigroup acreditam que as receitas do jogo deste mês serão melhores do que inicialmente esperado. Como tal, acrescentaram 500 milhões de patacas às estimativas iniciais O Citigroup fez uma revisão em alta das receitas brutas do jogo e indica que em Maio os casinos deverão encaixar cerca de 20,5 mil milhões de patacas. Segundo o relatório mais recente do banco de investimento, a alteração representa uma diferença de 500 milhões de patacas, face à estimativa inicial. No caso das receitas brutas do jogo ficarem pelos 20,5 mil milhões de patacas, o analista George Choi indica que a indústria vai atingir 79 por cento dos níveis de 2019 para o mês de Maio, quando se viveu o último ano antes dos efeitos da pandemia. De acordo com os dados partilhados pelo banco de investimento, que cita fontes da indústria, nos primeiros 19 dias do mês as receitas terão ficado muito próximas dos 13,4 mil milhões de patacas. “Na semana passada, a taxa de receitas diárias implícita foi de aproximadamente 686 milhões de patacas, cerca de 19 por cento mais elevada do que na semana anterior, quando o registo foi de aproximadamente 579 milhões de patacas por dia. Acreditamos que a melhoria da taxa receita diária se deveu principalmente ao aumento do turismo”, escreveu Choi, de acordo com um relatório citado pelo portal GGR Asia. Em relação aos visitantes, o Citigroup acredita que as receitas do jogo também estão a beneficiar da organização de grandes espectáculos e ainda da oferta de um novo tipo de aposta paralela ao jogo bacará: “Os concertos do grupo de Cantopop Mirror [que teve lugar na Galaxy Arena de 16 a 19 de Maio] e a recente introdução das apostas paralelas ‘grande e pequeno 6’ pela Sands e pela Galaxy provavelmente também contribuíram [para o aumento das receitas]”, foi explicado. Novas apostas As apostas paralelas ‘grande e pequeno 6’ são uma variante das apostas ‘Sortudo 6’ que podem ser feitas nas mesas de bacará, o jogo mais popular no território e responsável pela maioria das receitas dos casinos. O lançamento deste novo tipo de variante foi noticiado no início do mês pelo portal GGR Asia, que na altura avançou que esta variante de apostas estava disponível nos casinos das duas concessionárias de jogo. Com receitas acumuladas de cerca de 13,4 mil milhões de patacas até ao dia 19, o Citigroup prevê que o montante médio diário encaixado pelos casinos até ao final do mês seja de 592 milhões de patacas. A revisão em alta das receitas para este mês foi justificada com o maior volume de apostas tanto no segmento dos grandes apostadores como no jogo de massas em comparação com Abril. Segundo as estimativas mais recentes, o volume do jogo VIP mostra um crescimento entre 15 a 18 por cento face a Abril, e no segmento de massas o crescimento é de 13 a 15 por cento.
Hoje Macau SociedadePrémios Deignan | Arrancaram candidaturas para 2ª edição A organização dos Prémios Deignan, destinados a premiar as melhores pequenas e médias empresas (PME) de Macau e Hong Kong com acções de empreendedorismo responsável, aceita desde segunda-feira candidaturas para a segunda edição dos prémios. Só em Novembro é que serão conhecidas as PME finalistas. Segundo um comunicado da organização, os prémios pretendem “apoiar e encorajar as PME que desenvolvem negócios e que abraçam valores positivos”, além de aumentar “a influência destas empresas na comunidade”. Estes prémios são organizados pela Wofoo Social Enterprise, Instituto Ricci de Macau e pela Universidade de São José. A segunda edição conta com o apoio de mais de 25 organizações industriais, comerciais e académicas de ambas as regiões, tendo como tema “Filantropia Empresarial – Partilhar Valores, Determinação e Compaixão”. A mesma nota dá conta de que as PME candidatas nesta segunda edição serão avaliadas tendo em conta seis critérios, nomeadamente “o respeito pela dignidade humana, a justiça, o ambiente, o apoio aos desfavorecidos, a ética empresarial, bem como o espírito empreendedor” de quem faz a empresa. Serão escolhidas três PME de Macau e Hong Kong que se destaquem nestes domínios, podendo concorrer as empresas que tenham menos de 100 pessoas nos seus quadros. Os finalistas escolhidos em Novembro têm de apresentar provas adicionais do trabalho empresarial realizado, sendo depois escolhido o vencedor, num prémio a entregar em Março do próximo ano.
Andreia Sofia Silva SociedadeHengqin | Turismo espera 200 mil pessoas em excursões Andy Wu, presidente da Associação da Indústria Turística de Macau, acredita que o plano financeiro de apoio à realização de excursões em Hengqin poderá atrair cerca de 200 mil pessoas. O responsável diz que os roteiros devem arrancar em meados do próximo mês, esperando-se uma dezena de passeios diários As expectativas do sector turístico são muitas com o anúncio do plano de apoios financeiros para a realização de excursões a Hengqin. Segundo o jornal Ou Mun, Andy Wu, presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, disse esperar uma adesão de cerca de 200 mil pessoas. As excursões a arrancar já em meados de Junho. Espera-se a realização de cerca de dez passeios diários, frisou. O plano de apoio financeiro, anunciado pela Fundação Macau (FM) e destinado apenas aos residentes, destina-se, segundo Andy Wu, a que os locais possam conhecer os modos de vida, cultura e desenvolvimento da ilha de Hengqin, sendo também uma forma de incentivar a criação de negócios na área do turismo entre os dois territórios. Tendo em conta que as excursões são desenhadas por nove agências de viagem recomendadas pelas associações do sector, Andy Wu disse esperar que os roteiros possam corresponder à procura por residentes de diferentes faixas etárias e com diferentes formas de fazer turismo. O responsável frisou que cada excursão pode ter até 40 pessoas, a fim de garantir a qualidade da viagem sem excesso de participantes. Contudo, Andy Wu confessou estar preocupado com a capacidade do sector da restauração de Hengqin, por não existirem ainda restaurantes de grande dimensão para acolher muitos turistas. Não basta ter licença Perante o anúncio do plano de apoio financeiro, Andy Wu declarou que o sector do turismo tem vindo a comunicar com a FM sobre a logística com os guias turísticos nas excursões. “Não basta simplesmente levar os guias de Macau para o outro lado”, destacou. Isto porque, segundo explicou o dirigente associativo, os guias turísticos devem estar agenciados por empresas de Hengqin para coordenar viagens, não sendo suficiente a licença que já possuem para trabalhar do outro lado da fronteira. Numa altura em que os guias com licença para trabalhar em Hengqin estão a renovar os documentos, Andy Wu lembrou a facilidade do processo, com a possibilidade de os profissionais realizarem exames online. Assim, este acredita que a maioria dos guias vai optar por renovar a autorização de trabalho em Hengqin. Actualmente, existem cerca de 450 guias turísticos em Macau com condições para trabalhar em Hengqin.
Hoje Macau SociedadePonte HKZM | Mais de dez milhões fizeram travessia desde Janeiro Dados oficiais revelam que a circulação na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau tem vindo a crescer, apesar das burocracias para se conseguir viajar de carro. Desde Janeiro deste ano que já passaram pela travessia mais de dez milhões de pessoas, um número 1,2 vezes superior em termos anuais. Deste número, seis milhões de pessoas, ou seja, 60 por cento, foram visitantes de Macau e Hong Kong que usaram o posto fronteiriço da ponte. Os visitantes do interior da China atingiram a fasquia de quase dois milhões, um aumento de 1,3 vezes face a igual período do ano passado. Pelo contrário, a ponte continua a não atrair muitos estrangeiros, embora se tenha registado o maior crescimento neste segmento: 4,1 vezes. No total, passaram na ponte 158 mil estrangeiros. Os turistas que passaram na ponte foram 600, mais três vezes do que no ano passado.
Hoje Macau SociedadeTalentos | Académico fala do pouco impacto do programa de quadros Wang Chunming, director do Gabinete de Apoio à Investigação e de Transferência de Conhecimento da Universidade de Macau (UM), defendeu que o programa de captação de quadros qualificados para os novos sectores económicos que o Governo pretende desenvolver terá pouco ou nenhum impacto no mercado laboral das chamadas indústrias mais tradicionais, como é o caso do jogo, turismo, restauração, retalho ou hotelaria. Num artigo de opinião publicado no jornal Ou Mun, o académico defendeu que Macau já tem legislação de base para trazer quadros qualificados para Macau, o que é necessário é fazer com que os licenciados pelo ensino superior local permaneçam no território. Wang Chunming disse que nos últimos anos tanto a UM como a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau têm formado quadros nas áreas da biomedicina, finanças digitais, tradução e interpretação de chinês-português e português-chinês ou medicina tradicional chinesa, com graus de ensino que vão desde a licenciatura ao doutoramento. Tal implica uma formação que pode ir dos quatro aos dez anos, porém, Wang Chunming lamenta que estes alunos tenham de sair de Macau por serem não residentes, numa altura em que as autoridades pretendem desenvolver novos sectores de actividade económica.
João Luz Manchete SociedadePJ | Morte de criança em creche sem indícios de crime A Polícia Judiciária anunciou ontem que não foram encontrados indícios de crime no caso da bebé que foi encontrada morta na Creche Fong Chong, na Taipa. As autoridades garantem que após análises forenses e investigações não foram reunidas provas que apontassem sequer para negligência. O caso seguiu para o Ministério Público No passado dia 19 de Outubro, a tragédia bateu à porta de uma família de Macau, quando a sua filha de quatro meses foi encontrada sem vida enquanto estava na Creche Fong Chong, na Taipa. Quase sete meses depois, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou ontem que não foram encontrados indícios da prática de qualquer crime que tenha levado ao óbito da bebé quando estava à guarda da creche subordinada à Associação de Moradores. No dia em que as autoridades anunciaram a conclusão da investigação, foi indicado não terem sido encontradas evidências que apontassem para actos intencionais ou negligentes que pudessem colocar em causa a vida ou a integridade física da criança. As autoridades policiais garantiram ter levado a cabo uma investigação aprofundada, que incluiu análises ao local, entrevistas ao pessoal que trabalhava na creche que, entretanto, fechou portas, e análises forenses. Foram inclusive enviadas para análise laboratorial em Hong Kong amostras de sangue da criança. Os resultados não acusaram qualquer situação anómala ou ingestão de substâncias tóxicas. Também não foram encontrados sinais de asfixia. O passo seguinte Durante a conferência de imprensa de ontem, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau, quando questionado sobre a causa de morte da criança, a PJ afirmou não pode revelar detalhes que envolvam análises médicas. Porém, a polícia elaborou um relatório forense que acompanhou o envio do caso para o Ministério Público. Recorde-se que a criança foi encontrada sem sinais de vida, quando deveria estar a dormir a sesta. A Creche Fong Chong da Taipa, subordinada à Associação dos Moradores, uma das principais forças políticas do território, teve como directora Tang Iao Kio e foi estabelecida em Fevereiro de 1962. Disponibilizava o serviço para crianças dos três meses aos três anos, até ter encerrado portas no fim do ano passado. “Estamos profundamente tristes e lamentamos profundamente o ocorrido. Após fazer uma revisão cuidadosa e profunda [do incidente], e ter em conta múltiplas considerações, a creche decidiu que vai deixar de operar no final de 31 de Dezembro de 2023. Esta foi uma decisão difícil de tomar e não tem como objectivo fugir às responsabilidades ou colocar um fim neste incidente. Pelo contrário, as responsabilidades pelo incidente e os envolvidos devem ser responsabilizados”, indicou o Instituto de Acção Social após a tragédia ter acontecido.
João Luz PolíticaFicção Científica | Deputados propõem realização de Festival Internacional “Propomos a realização regular do Festival Internacional da Cultura de Ficção Científica, que reúna escritores, investigadores, editoras e entusiastas da ficção científica de diferentes regiões, e, através de debates, filmes, e feiras criativas”, sugeriram os deputados Iau Teng Pio e Kou Kam Fai numa intervenção conjunta antes da ordem do dia. Além do festival, os legisladores defendem medidas para promover o intercâmbio e a cultura de ficção científica e fornecer apoio financeiro e plataformas de publicação aos escritores e artistas locais. Foi defendido que o género literário e audiovisual são formas de promover a inovação científica e tecnológica, a generalização científica e a educação para a ficção científica, enquanto “rodas que impulsionam o progresso social e a civilização”. Iau Teng Pio e Kou Kam Fai consideram ser importante despertar a curiosidade, imaginação e a literacia científica dos jovens. Para tal, “as escolas do ensino básico devem ser o centro da formação em literacia científica e tecnológica”, e o Governo deveria incentivar reformas curriculares para incluir a ficção científica e a educação científica.
João Luz Manchete PolíticaOrçamento | Pedidos incentivos ao consumo e apoios sociais A deputada Lo Choi In quer o próximo Orçamento da RAEM contemple o aumento dos subsídios de desemprego, para cuidadores, pensão de velhice e do apoio às instituições de solidariedade social. Além disso, pede atenção para a ligação entre as dificuldades financeiras e o aumento dos suicídios A deputada Lo Choi In apelou ontem ao Governo para “reservar recursos e espaço de manobra suficientes para a elaboração de uma proposta de orçamento flexível para o próximo ano” de forma a promover o consumo local e resgatar a economia comunitário da “onda de encerramentos” de empresas e espaços comerciais. Numa intervenção antes da ordem do dia, lida ontem na sessão plenária da Assembleia Legislativa, a deputada defendeu que, “face ao constante superavit verificado nas receitas financeiras”, o Executivo deve também acudir às classes mais desfavorecidas da população. Como tal, Lo Choi In pede que o próximo Orçamento da RAEM contemple o aumento do “subsídio de desemprego e a prorrogação do seu prazo de atribuição, para proporcionar uma melhor protecção aos desempregados face à reconversão da estrutura económica”, assim como o “aumento do valor da pensão de velhice e a sua indexação ao valor do risco social”. Com o objectivo de melhorar a qualidade de vida e dignidade dos idosos, a deputada pediu também que o regime de garantia para a aposentação seja aperfeiçoado. A legisladora ligada à comunidade de Jiangmen pediu também “o aumento, quanto antes, do montante do subsídio para cuidadores e a atribuição aos mesmos de um apoio pecuniário substancial como um amortecedor poderoso para evitar a ocorrência de tragédias”. Ainda com as franjas mais fragilizadas da população em mente, Lo Choi In pediu mais apoio financeiro às instituições de solidariedade social, para contratar mais pessoal, e alargar a rede de apoio aos serviços sociais, “a fim de aliviar a actual atmosfera negativa na sociedade”. A razão das coisas A irregular recuperação económica foi ilustrada por Lo Choi In com os dados da Autoridade Monetária de Macau relativos aos rácios de créditos que não foram pagos por empresas, que duplicaram este ano, face ao segundo semestre de 2023. Em contrapartida, os novos créditos concedidos caíram cerca de 20 por cento, “o que demonstra que a confiança e a situação do mercado não são satisfatórias”, e que será previsível a continuação da onda de encerramentos de empresas e espaços comerciais. Em relação às causas para o panorama de depressão económica, a deputada referiu a transferência de consumo para o Interior da China, a subida contínua dos preços dos produtos, mas também as obras públicas que estão “por todo o lado” e o trânsito que tornam “difícil atrair turistas para as zonas comunitárias”. Seguindo a onda de referências à visita de Xia Baolong Macau, mencionadas por uma larga maioria dos deputados que participaram ontem no plenário, Lo Choi In pediu apoio ao Governo para que os “serviços sociais possam também ser um ‘cartão-de-visita dourado’ de Macau”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteDroga | Técnica da PJ defende penas mais pesadas e menciona pena de morte Uma técnica superior da Polícia Judiciária defende num estudo que Macau deve aumentar as penas por consumo e tráfico de droga, destacando os exemplos do Interior da China, Taiwan e Singapura onde vigora a pena de morte. Para a autora, a actual legislação é “clemente” e deveria consagrar a reabilitação obrigatória Consumir droga em Macau é um crime punido com uma pena de prisão que pode ir de três meses a um ano ou aplicação de multa no valor máximo equivalente a 240 dias. No caso do tráfico, a pena de prisão pode ir dos cinco aos 15 anos. Porém, Connie Lok Cheng, técnica superior da Polícia Judiciária (PJ), defende que a moldura penal deve ser agravada, considerando que Macau tem penas baixas quando comparado com a China ou Hong Kong. A conclusão consta do estudo “Research on Optimization of Adolescent Drug Abuse Prevention Policies in Macao” [Investigação sobre a Optimização das Políticas de Prevenção da Toxicodependência na Adolescência em Macau], publicado recentemente no Asian Journal of Addictions (AJA). “Na perspectiva da prevenção da toxicodependência entre adolescentes, é necessário reforçar as penas para o tráfico, transporte e fabrico de drogas, de forma a reduzir a oferta de drogas no mercado e, assim, diminuir o risco de os adolescentes entrarem em contacto com as drogas”, lê-se. A autora vai mais longe e chega mesmo a comparar Macau com jurisdições onde se aplica a pena de morte para este tipo de crimes. “Em comparação com as regiões vizinhas, as penas para os crimes de droga são mais leves”, é referido, apresentando-se os exemplos do Interior da China, Taiwan ou Singapura onde “a pena máxima para o tráfico de droga é a pena de morte”. Pelo contrário, destaca a autora, “em Macau há apenas uma pena de prisão de duração determinada”. Para Connie Lok Cheng, “Macau implementa a reabilitação voluntária de toxicodependentes, o que reduz a severidade e a gravidade das penas”. A autora fala dos casos de Hong Kong e da China, onde se aplica “um modelo obrigatório de reabilitação de toxicodependentes para aumentar a severidade das penas”. A responsável acredita que “devido ao facto de os custos de cometer crimes serem mais baixos, Macau tornou-se num paraíso para os grupos internacionais de tráfico de droga”. Desta forma, “a sociedade deve discutir de forma colectiva e chegar a um consenso, reavaliando a necessidade da reabilitação compulsória”. A técnica da PJ sugere “um modelo de reabilitação faseada se a reabilitação voluntária não mostrar eficácia dentro de um determinado período, e depois fazer a transição para a reabilitação obrigatória para reforçar os efeitos do tratamento e da dissuasão”. Realidade escondida A moldura penal do consumo e tráfico de droga não é alterada desde 2009, embora as autoridades tenham vindo a acrescentar, em diplomas avulsos, novas drogas cujo consumo, tráfico e fabrico é criminalizado. A autora, que analisou dados oficiais do Sistema de Registo Central de Toxicodependentes do Instituto de Acção Social (IAS), bem como da PJ, descreve um decréscimo no número de consumidores notificados entre 2018 e 2022, nomeadamente de 424 para 85, sendo que os adolescentes representaram, em 2018, 5,7 por cento, enquanto em 2022 essa fasquia passou a 4,7 por cento. “De um modo geral, o número de toxicodependentes notificados e a percentagem de toxicodependentes notificados com menos de 21 anos de idade diminuíram nos últimos anos”, destaca Connie Lok Cheng, que alerta, contudo, para um cenário de consumo escondido. “É importante não esquecer a questão da natureza clandestina dos crimes de droga, que levou à redução no total do número de casos e detenções. Apesar de o número de adolescentes toxicodependentes registar uma tendência decrescente, isso não significa que o problema do consumo de drogas na adolescência tenha melhorado.” Quanto aos dados da PJ, “o número de pessoas enviadas ao Ministério Público por tráfico e consumo de droga também diminuiu nos últimos anos”, devido “à eficácia dos esforços antidroga”, mas também “ao facto de a pandemia ter impedido os departamentos antidroga conexos de aceder a novos casos entre 2020 e 2022”. A autora destaca que hoje a droga vende-se de várias formas, com novos tipos de embalagens, num fluxo de negócio cada vez mais digital. “Os adolescentes consomem mais frequentemente novos tipos de drogas, como cocaína, marijuana, metanfetamina (ice) e a ketamina. Estes novos tipos de drogas, em comparação com as drogas tradicionais como a heroína, têm uma natureza mais ‘dissimulada’, podendo ser simplesmente snifadas ou engolidas directamente, em vez de serem injectadas com uma seringa.” Quanto aos locais de consumo, continuam a ser sítios escondidos. Em 2022, 25 por cento dos adolescentes consumiam em casa de amigos, um ligeiro aumento face aos 24,3 por cento dos jovens que cometiam esses actos em 2018. Se em 2018 21,6 por cento consumia em casa, o valor baixou para zero em 2022, enquanto o consumo em discotecas ou bares de karaoke, que em 2018 representava 24,3 por cento, aumentou exponencialmente para 50 por cento em 2022, depois de baixar para zero no ano anterior, devido ao encerramento destes espaços por causa da pandemia. Nota-se ainda um grande aumento nos consumos em parques, na rua ou casas de banho públicas, pois a percentagem passou de 2,7 por cento em 2018 para 25 por cento em 2022. Os dados citados pela técnica da PJ são provenientes do Sistema de Registo Central de Toxicodependentes do IAS. Alerta nas fronteiras Segundo a visão de Connie Lok Cheng, o panorama tem tendência a piorar se pensarmos que Macau caminha a passos largos para a integração regional, graças aos projectos da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, Zona de Cooperação Aprofundada de Guangdong e Macau em Hengqin ou ainda devido ao aumento de fluxo na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. “Em resposta ao aumento contínuo da população de jovens que atravessa as fronteiras, é possível que a tendência para a toxicodependência ou o comportamento criminoso entre os adolescentes se torne ‘transfronteiriço'”, é descrito, sendo classificado como “proeminente” o “problema dos adolescentes que atravessam as fronteiras para consumir drogas”. Connie Lok Cheng volta a citar dados oficiais que mostram que “antes da pandemia a situação dos adolescentes que atravessavam as fronteiras para consumir drogas era comum”, pois, segundo as estatísticas de 2018 e 2019, “de entre os toxicodependentes notificados com menos de 21 anos de idade, 33,3 e 58,3 por cento, respectivamente, foram para a China e Hong Kong para consumir drogas”. O estudo fala ainda na existência de cinco grandes desafios no combate ao consumo e tráfico de droga, nomeadamente “o enfraquecimento das funções familiares”, devido ao elevado número de trabalhos por turnos que os encarregados de educação têm na indústria do jogo e do turismo, “a distribuição de droga na Internet, a descentralização do quadro anti-droga” e ainda aquilo que a autora diz ser “a clemência das sanções penais para os crimes relacionados com a droga”. É também acrescentado o factor “dissimulação do consumo e do tráfico de droga”. Serviços confusos Quanto à “descentralização do quadro anti-droga”, Connie Lok Cheng refere-se ao modelo dentro da Administração para a fiscalização e o combate, dada a existência de um “mecanismo descentralizado na luta contra a droga que não favorece a eficácia da aplicação das políticas”, por ser do tipo “guarda-chuva, operado sob coordenação de vários departamentos governamentais”, nomeadamente a PJ, IAS e Direção dos Serviços de Assuntos Jurídicos. “A polícia, enquanto órgão de aplicação da lei, trata os crimes de droga como infracções públicas. Quando a polícia toma conhecimento de crimes de droga, intervém proactivamente e dá seguimento às investigações. Como resultado, a propaganda de prevenção do crime de droga conduzida pela polícia tende a inclinar-se para a aplicação da lei e a responsabilidade criminal. Por outro lado, para os assistentes sociais, o principal objectivo da sua acção é orientar os jovens no sentido de estabelecerem bons padrões de vida, procurarem ajuda atempadamente quando enfrentam problemas com drogas e aceitarem tratamento profissional. As diferentes orientações promocionais podem causar confusão aos jovens quando recebem mensagens de diferentes perspectivas”, ressalva. Isto porque “quando os jovens toxicodependentes tomam conhecimento das consequências legais dos crimes de droga, o receio de serem responsabilizados criminalmente pode diminuir a sua vontade de procurar ajuda de forma proactiva”. A autora dá ainda o exemplo da existência de “diferentes serviços de luta contra a droga, que criaram várias linhas directas para os serviços”, o que também pode confundir o consumidor que procura ajuda, remata.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Pequim impõe sanções a empresas dos EUA que vendem armas A China impôs novas sanções contra três empresas dos EUA que vendem armas a Taiwan, avançou ontem a agência de notícias oficial chinesa Xinhua, no dia em que o novo líder da ilha, William Lai Ching-te, tomou posse. As empresas General Atomics Aeronautical Systems, General Dynamics Land Systems e Boeing Defense, Space & Security foram colocadas na lista de “entidades não confiáveis”, informou a agência, citando o Ministério do Comércio chinês. As empresas “serão proibidas de qualquer actividade de importação-exportação ligada à China e de qualquer novo investimento na China”, de acordo com a Xinhua. “Os principais executivos destas empresas estão proibidos de entrar na China e as suas autorizações de trabalho serão revogadas”, acrescentou a agência. O anúncio surgiu no dia em que William Lai assumiu o cargo de líder de Taiwan, substituindo Tsai Ing-wen (2016-2024). Lai, de 64 anos, tomou posse ao lado da vice-líder, Hsiao Bi-khim, durante uma cerimónia na capital, Taipé. Pequim defende que qualquer contacto oficial com Taipei deve ser realizado com base no “consenso de 1992” e no “princípio de Uma Só China”, que define o Partido Comunista Chinês como o único representante legítimo da China no mundo.